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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA FABIO SEIZO KAWASE LUCIANO LEIROZ DE PAULA A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DO ESTOQUE NO SETOR SUPERMERCADISTA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE LINS - SP LINS/SP 2º SEMESTRE/2012

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  • CENTRO ESTADUAL DE EDUCAO TECNOLGICA PAULA SOUZA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGSTICA

    FABIO SEIZO KAWASE LUCIANO LEIROZ DE PAULA

    A IMPORTNCIA DO GERENCIAMENTO DO ESTOQUE NO SETOR SUPERMERCADISTA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE LINS -

    SP

    LINS/SP 2 SEMESTRE/2012

  • CENTRO ESTADUAL DE EDUCAO TECNOLGICA PAULA SOUZA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGSTICA

    FABIO SEIZO KAWASE LUCIANO LEIROZ DE PAULA

    A IMPORTNCIA DO GERENCIAMENTO DO ESTOQUE NO SETOR SUPERMERCADISTA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE LINS -

    SP

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado a Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antnio Seabra, para obteno do Ttulo de Tecnlogo em Logstica.

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo Teraoka Tfoli

    LINS/SP 2 SEMESTRE/2012

  • FABIO SEIZO KAWASE LUCIANO LEIROZ DE PAULA

    A IMPORTNCIA DO GERENCIAMENTO DO ESTOQUE NO SETOR SUPERMERCADISTA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE LINS -

    SP

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado a Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antnio Seabra, como parte dos requisitos necessrios para obteno do Ttulo de Tecnlogo em Logstica sob orientao do Prof. Dr. Eduardo Teraoka Tfoli.

    Data de aprovao: ____ / _____/ ______

    Orientador Prof. Dr. Eduardo Teraoka Tfoli

    Prof. Ms. Egiane Carla Camilo Alexandre

    Prof. Ms. Sandro da Silva Pinto

  • O conhecimento algo que est sempre se renovando, portanto, dedicamos o esforo aplicado neste trabalho primeiramente aos professores que nos ensinaram, mesmo quando achamos que o nosso conhecimento j est bem profundo sempre buscaram algo para melhorar ainda mais a nossa formao.

    E aos nossos familiares,

    A minha esposa Viviam, pelo apoio. Fabio Seizo Kawase

    A minha esposa Dani e aos meus filhos Mateus e Murilo pelo apoio e incentivo.

    Luciano Leiroz de Paula

  • AGRADECIMENTOS

    Faculdade de Tecnologia de Lins, Prof. Antonio Seabra, pela oportunidade de graduao.

    Ao professor Dr. Eduardo Teraoka Tfoli, pela pacincia e orientao. Ao proprietrio do Supermercado Bom Viver Paulo Cesar Lopes e sua esposa

    Solange Maria de Alencar Lopes, pela permisso de pesquisa. Ao Willian e ao Fernando, responsveis pelo Departamento de Estoques e

    Administrativo do Supermercado Bom Viver respectivamente, que com boa vontade e dedicao, tornaram possvel a realizao dessa pesquisa.

    todos os que direta ou indiretamente contriburam para a realizao desta pesquisa e consequentemente da nossa formao.

  • RESUMO

    Com o aumento da competitividade do setor supermercadista devido globalizao e a mudanas econmicas, percebeu-se que haveria um equilbrio entre o volume de vendas e a receita obtida, diferentemente do crescimento contnuo de vendas registradas anteriormente no setor. Neste sentido, as empresas buscam tcnicas de controle em setores de risco como os estoques, pois a utilizao correta dessas ferramentas poder contribuir com as empresas do setor a permanecerem no mercado. O sucesso de uma organizao pode ser resultado de um controle eficaz dos estoques frente aos desafios e obstculos encontrados em seu caminho, pois normalmente pensa-se que a finalidade do estoque de apenas suprir a demanda durante o tempo de ressuprimento, mas, se bem controlado, parte do dinheiro que seria imobilizado nos estoques se torna capital para investimentos em equipamentos ou em melhoria de outros setores. Com isso, o objetivo desse trabalho foi de verificar a importncia do controle de estoque para o desenvolvimento de uma empresa do setor supermercadista de pequeno porte. Para atingir o objetivo, foi realizado um levantamento bibliogrfico, atravs de livros, artigos e revistas especializadas e um estudo de caso no supermercado Bom Viver, localizado na cidade de Lins, interior do estado de So Paulo. A empresa pesquisada de pequeno porte, mas que traz um valor significativo para a economia regional. Considerando o resultado da pesquisa, pode-se concluir que o correto controle de estoque influi completamente nas estratgias logsticas das empresas do setor. Se ferramentas mais especficas como, por exemplo, as ferramentas de controle como o ERP, classificao ABC, curva de Pareto e histogramas fossem utilizadas, alguns itens como do setor hortifruti poderiam ser controlados com maior eficcia, contribuindo com o crescimento do supermercado.

    Palavras-chave: Controle. Estoque. ERP. ABC. Pareto. Histograma.

  • ABSTRACT

    With increased competition in the supermarket sector due to globalization and economic change, it was realized that there would be a balance between sales volume and revenue from, unlike the continued growth of sales recorded earlier in the sector. In this sense, companies seek control techniques in risk sectors like stocks because the correct use of these tools can help with business sector to remain on the market. The success of an organization can be the result of effective control of inventories in the face of challenges and obstacles in his way, because usually it is thought that the purpose of the inventory is to just meet the demand during the replenishment time, but if well controlled part of the money that would be immobilized in stocks becomes capital for investments in equipment or improvement of other sectors. Thus, the aim of this work was to verify the importance of inventory control for the company's development of a small supermarket sector. To achieve the goal, we conducted a literature review, through books, articles and magazines and a case study in supermarket Bom Viver, located in the city of Lins, in the state of So Paulo. The company studied is small, but that brings significant value to the regional economy. Considering the search result, one can conclude that the correct inventory control in completely influences logistics strategies of companies. If more specific tools such as the control tools such as ERP, ABC classification, Pareto curves and histograms were used, some items like hortifruti sector could be managed more effectively, contributing to the growth of the supermarket.

    Keywords: Control. Inventory. ERP. ABC. Pareto. Histogram.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 2.1 Relao das trs atividades bsicas da logstica .................................. 24 Figura 2.2 Tpico abordado neste trabalho ............................................................ 26 Figura 2.3 Estoque: alinhamento do fornecimento e demanda de gua numa residncia .................................................................................................................. 30 Figura 2.4 Curva de Pareto para itens em estoque ................................................ 39 Figura 4.1 Fachada da mercearia Bom Viver em 1993 .......................................... 46 Figura 4.2 Fachada da mercearia Bom Viver em 1996 .......................................... 47 Figura 4.3 Fachada em construo de rea adquirida ao redor do mercado Bom Viver em 1997 ........................................................................................................... 48 Figura 4.4 Fachada principal pronta ....................................................................... 48 Figura 4.5 Fachada principal atual ......................................................................... 49 Figura 4.6 Organograma do Supermercado Bom Viver ......................................... 52 Figura 4.7 Itens armazenado de forma improvisada .............................................. 60 Figura 4.8 Aplicao da curva de Pareto nos resultados da tabela 4.2 .................. 63

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 2.1 Exemplo de histograma de frequncia. ............................................... 38 Grfico 4.1 Evoluo do quadro de funcionrios. .................................................. 50 Grfico 4.2 Evoluo da rea de vendas. ............................................................. 51 Grfico 4.3 Quantidade de itens armazenados. .................................................... 59 Grfico 4.4 Quantidade de itens perdidos. ............................................................ 61 Grfico 4.5 Comparativo dos itens mais perdidos. ................................................ 62

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Itens de armazm classificados pelo valor de uso. ............................. 35 Tabela 4.1 Produtos mais perdidos (R$) ................................................................ 62 Tabela 4.2 Organizao dos itens mais perdidos utilizando a tcnica de classificao ABC ...................................................................................................... 63

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 2.1 Exemplos de tipos de estoques em operaes ................................... 28 Quadro 4.1 Evoluo do quadro de funcionrios ................................................... 50 Quadro 4.2 Princpios bsicos de elborao .......................................................... 52

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABRAS Associao Brasileira de Supermercados ERP - Enterprise Resource Planning Planejamento de Recursos da Empresa IPCA ndice de Preos ao Consumidor Ampliado m2 metro quadrado MPM Mdia Mvel Ponderada PEPS Primeiro que Entra Primeiro que Sai R$ - Real, moeda corrente no Brasil UEPS ltimo que Entra Primeiro que Sai

  • LISTA DE SMBOLOS

    % - Porcentagem @ - Arroba

    - Marca registrada

  • SUMRIO

    INTRODUO ...................................................................................................... 15 1 VAREJO ........................................................................................................ 18 1.1 CONCEITO DE VAREJO ................................................................................ 18 1.2 PAPEL DO VAREJO ....................................................................................... 19 1.3 TIPOS DE VAREJO CLASSIFICAO E FORMATOS VAREJISTAS ........ 19 1.4 SETOR SUPERMERCADISTA ....................................................................... 21 1.5 GESTO DE ESTOQUES EM SUPERMERCADOS ...................................... 21 2 GESTO DE ESTOQUES ........................................................................ 24 2.1 GERENCIAMENTO DOS ESTOQUES ........................................................... 25 2.2 CONCEITO DE ESTOQUES ........................................................................... 27 2.3 CONTROLE..................................................................................................... 29 2.3.1 Controle de estoques ...................................................................................... 29 2.3.2 Objetivos do controle de estoque .................................................................... 31 2.3.3 Funes do controle de estoque ..................................................................... 32 2.4 FERRAMENTAS ............................................................................................. 33 2.4.1 Classificao de itens seguindo a curva ABC ................................................. 34 2.4.2 Histogramas .................................................................................................... 37 2.4.3 Diagrama de Pareto ........................................................................................ 38 2.4.4 Enterprise Resource Planning- ERP ............................................................... 39 2.5 A IMPORTNCIA DOS INVENTRIOS NA GESTO DE ESTOQUES .......... 40 2.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ESTOQUES ................................... 41 3 METODOLOGIA ......................................................................................... 43 3.1 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ........................................................ 44 4 ESTUDO DE CASO ................................................................................... 46 4.1 CARACTERIZAO DA EMPRESA: SUPERMERCADO BOM VIVER .......... 46 4.1.1 Evoluo do quadro de funcionrios ............................................................... 49 4.1.2 Organograma .................................................................................................. 51 4.2 COLETA DE DADOS DA EMPRESA .............................................................. 52 4.3 DADOS COLETADOS ..................................................................................... 53 4.3.1 Informaes sobre controle de estoques no Supermercado Bom Viver .......... 53

  • 4.3.2 Uso da ferramenta: Classificao ABC ........................................................... 55 4.3.3 Uso da ferramenta: Histogramas ..................................................................... 56 4.3.4 Uso da ferramenta: Diagrama de Pareto ......................................................... 56 4.3.5 Uso da ferramenta: ERP ................................................................................. 57 4.3.6 Uso da ferramenta: Inventrios ....................................................................... 57 4.4 ANLISE DE DADOS ...................................................................................... 58 4.4.1 Quantidade de itens armazenados do Supermercado Bom Viver ................... 59 4.4.2 Relatrio de ajuste de estoque Custo total de produtos faltantes................. 60 4.4.3 Relatrio de ajuste de estoque Produtos que geraram a maior parcela das perdas ....................................................................................................................... 61

    5 CONSIDERAES FINAIS ..................................................................... 65 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 67 APNDICE A - Diagnstico do uso das ferramentas de controle de estoques do supermercado Bom Viver ........................................................... 69 ANEXO A CARTA DE APRESENTAO DA PESQUISA ..................... 74 ANEXO B AUTORIZAO DA PESQUISA................................................ 75

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    INTRODUO

    O cenrio mercadolgico de transformaes, impulsionadas, principalmente pelos avanos tecnolgicos, com a economia mundial em plena expanso. Este fenmeno tem gerado significativas mudanas nas formas de produo de bens e servios. Em contrapartida, as exigncias dos clientes somadas dinmica provocada pela evoluo tecnolgica tm forado as empresas a assumirem novas posturas de competio.

    Devido grande competitividade entre as empresas vive-se a necessidade de implantao de controles e gerenciamentos mais eficazes. Mudanas econmicas, culturais e sociais do pas exigem alteraes no perfil das empresas.

    A globalizao, no setor supermercadista, tem aumentado a competitividade devido s alteraes no comportamento dos consumidores, e a instalao de redes internacionais, que a cada dia, aumentam a concorrncia. Neste sentido algumas empresas buscam explorar tcnicas inovadoras implantando controles em diversos setores onde, pode-se considerar de maior risco, como por exemplo: estoques, armazenagem, compras, faturamento, contas a pagar. Em virtude da crescente competitividade, o controle de estoque, poder contribuir para as empresas do setor de supermercadistas permanecerem no mercado (ABRAS, 2010).

    O controle de estoque a expresso usada para descrever todas as medidas tomadas pela administrao e gerncia, para dirigir, planejar, organizar e controlar seu estoque. Sem um controle eficaz, possvel que o administrador no consiga alcanar os objetivos pretendidos frente aos desafios e obstculos encontrados na conquista de seu espao na sociedade.

    Com isso, o sucesso de muitas organizaes encontra-se atravs da gesto de estoque, que constituda por administrao de materiais, recursos humanos e financeiros. A gesto de estoques constitui uma srie de aes que permitem ao administrador verificar se os estoques esto sendo bem utilizados, bem localizados em relaes aos setores que deles utilizam, bem manuseados e bem controlados (MARTINS e ALT, 2006). A finalidade principal do estoque a de compensar os erros de previso de demanda e do tempo de ressuprimento. Eventualmente pode ser utilizado para compensar, tambm, a ocorrncia de erros de produo.

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    A gesto de estoque permite importantes ganhos, com eficincia, reduo de falhas e custos, rapidez, confiabilidade e capacidade de rastreamento. Devido complexidade dos processos que envolvem uma srie de procedimentos e afeta dois aspectos do negcio, a disponibilidade do produto e o custo, ambos com impacto direto no resultado ou na rentabilidade.

    Para garantir que uma empresa possua o produto certo, na hora certa e na quantidade certa a disposio de seus clientes, necessrio que este produto esteja armazenado em seu estoque na quantidade estipulada pela empresa. Porm, manter produtos armazenados requer grandes investimentos de ativos, podendo ocasionar rupturas no caixa da empresa. Assim, gerenciar corretamente os estoques pode gerar vantagem competitiva e consequente crescimento num mercado competitivo como o atual.

    Sabendo disso, o objetivo geral do trabalho foi de verificar a importncia do controle de estoque para o desenvolvimento de uma empresa do setor supermercadista de pequeno porte. Atravs dessas informaes surgiu a seguinte pergunta-problema: O controle de estoque proporciona crescimento e desenvolvimento em empresas do setor supermercadista de pequeno porte?

    Quando se fala em empresas de pequeno porte, muitos pesquisadores ainda torcem o nariz. Acreditam que estas entidades so verdadeiras desorganizaes onde o sucesso uma funo exclusiva da habilidade administrativa inerente a alguns empreendedores. Sendo assim, as paredes das pequenas empresas so frequentemente vistas como impermeveis a qualquer estudo que vise trazer eficincia ou racionalizao (PERIN, 2002).

    Por outro lado, existem aqueles que acreditam ser as pequenas empresas, miniaturas de uma empresa de grande porte. Aplicam metodologias e ferramentas amplamente discutidas nos livros de Administrao e Engenharia sem levar em conta que elas foram construdas especificamente para as grandes empresas. Logo, os resultados obtidos so na maioria das vezes diferentes do que se era esperado e a pequena empresa persiste como uma incgnita na cabea daqueles que tentam compreend-la e/ou melhor-la. Atualmente as pequenas empresas so responsveis em grande parte pela movimentao da economia brasileira (PERIN, 2002). Para responder a essa pergunta e atingir o objetivo, foi realizada uma profunda pesquisa bibliogrfica e uma pesquisa de campo na empresa

  • 17

    Supermercado Bom Viver na cidade de Lins - SP, que atua no ramo varejista de pequeno porte e busca obter um bom controle de seu estoque. Para a realizao da pesquisa, o trabalho ficou estruturado da seguinte forma: no captulo 1 foi abordado o referencial terico sobre o varejo, seus conceitos, tipos de varejo, entre outros. No captulo 2 foi abordado o referencial terico sobre a gesto de estoque, seus conceitos, suas ferramentas entre outros. No captulo 3 a metodologia utilizada para a realizao da pesquisa e no captulo 4 a pesquisa de campo no Supermercado Bom Viver.

    Por fim, as consideraes finais.

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    1 VAREJO

    O varejo, como o servio de revenda de produtos, vem assumindo um importante crescimento empresarial e econmico no Brasil e no mundo atendendo de forma conveniente os desejos e necessidades do consumidor final. O varejo tem sido objeto constante das principais notcias da economia do pas devido ao crescimento consolidado de empresas comerciais no Brasil. Com um volume anual de vendas superior a R$ 100 bilhes, vendidos por meio de cerca de um milho de lojas, representando mais de 10% do PIB brasileiro, as atividades varejistas desempenham um papel de relevante importncia no cenrio econmico do Brasil (PARENTE, 2000).

    O varejo vem assumindo uma importncia crescente no panorama empresarial no Brasil e no mundo. Ao longo das ltimas dcadas, as instituies varejistas vm atravessando um intenso ritmo de transformao. Ao comparar os formatos das lojas do incio da dcada de 60 com os formatos atuais, poucas seriam as semelhanas. Ao longo dessas dcadas, os modelos de lojas foram cedendo lugar aos novos formatos, mais diversificados, mais eficientes e mais adequados s novas necessidades do mercado consumidor (PARENTE, 2000).

    Segundo Parente (2000), varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de revenda de produtos e servios para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final. Kotler (1998, p. 540) acrescenta que o varejo caracteriza-se por um conjunto de atividades relacionadas comercializao de produtos e servios diretamente ao consumidor final.

    Ainda segundo Kotler (1998) define a atividade varejista como sendo um conjunto de operaes de negcios que adiciona valor a produtos e servios vendidos para consumidores para seu uso pessoal ou familiar. Essa viso j bem mais atual, pois inclui na definio a ideia do valor agregado, ou adicionado.

    1.1 CONCEITO DE VAREJO

    Parente (2000) diz que varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e servios para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final.

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    De acordo com Kotler (1998) o varejo inclui todas as atividades relativas venda de produtos ou servios diretamente ao consumidor final, para uso pessoal e no comercial.

    Dessa forma, qualquer instituio cuja atividade principal seja a venda de produtos e servios para o consumidor final e para uso no comercial, ser enquadrada no nvel de varejo. Atualmente, h algumas variaes em tipos e classificao do varejo. Portanto, necessrio entender e localizar o enquadramento das instituies. No cenrio competitivo, onde confrontam-se as redes de varejo, o formato das lojas se transformou em elementos estratgicos. Tanto as grandes lojas, como aquelas de menor porte, empreendem seus potenciais competitivos baseados no formato que adotaram. O fato que, independentemente do tamanho, todos esto competindo entre si e tem seu papel de importncia.

    1.2 PAPEL DO VAREJO

    O varejista faz parte dos sistemas de distribuio entre o produtor e o consumidor, desempenhando o papel de intermedirio, funcionando como um elo entre o nvel do consumo e o nvel do atacado ou da produo. Os varejistas compram, recebem e estocam produtos de fabricantes ou atacadistas para oferecer aos consumidores a convenincia de tempo e lugar para a aquisio de produtos. Apesar de exercerem uma funo de intermedirios, assumem cada vez mais um papel pr-ativo na identificao das necessidades do consumidor e na definio do que dever ser produzido para atender s expectativas do cliente (PARENTE, 2000).

    Atravs da competitividade o varejo se divide em alguns tipos, como visto abaixo.

    1.3 TIPOS DE VAREJO CLASSIFICAO E FORMATOS VAREJISTAS

    As instituies varejistas podem ser classificadas de acordo com vrios critrios, conforme a figura 1.1 (PARENTE, 2000).

  • 20

    Figura 1.1 Tipos e classificao das instituies varejistas. Fonte: Parente (2000, p. 25)

    De acordo com Parente (2000), dependendo do tipo de propriedade, as empresas podem ser classificadas em independentes, cadeias, franquias, alugadas, ou de propriedade de um fabricante ou atacadista e as instituies sem loja, muitas vezes chamadas de marketing direto, ou seja, existe possibilidade de comprar produtos e servios sem ter que deixar suas casas, pois a acelerao da tecnologia permite este estilo de vida dos consumidores.

    O tipo de instituio mais adequado a este trabalho, conforme a figura 1.1, na coluna em destaque a Instituio com loja. classificada como alimentcia, e este grupo se adqua a empresas como Bares, Mercearias, Padarias, Minimercados, Lojas de convenincia, Supermercados convencionais, SuperLojas, Hipermercados e a empresa do estudo de caso deste trabalho: supermercados compactos.

    Para Parente (2000), os supermercados compactos caracterizam-se pelo sistema auto-servio, checkouts (caixas registradoras sobre balco na sada da loja) e produtos dispostos de maneira acessvel, que permitem aos clientes se auto servirem, utilizando cestas e carrinhos. Os supermercados compactos tm de dois a seis checkouts e apresentam uma linha completa, porm compacta, de produtos alimentcios, representam a maioria das unidades de auto-servio do Brasil e em geral, pertencem a operadores independentes.

  • 21

    1.4 SETOR SUPERMERCADISTA

    Os consumidores esto mais atentos e com parmetros mais claros de preos, e em virtude disso, os supermercadistas que antes se preocupavam com o produto, passam a preocupar-se com a melhor estratgia para satisfazer com qualidade e eficincia o gosto do cliente, colocando inclusive sua disposio instrumentos que lhe permitam comprar sem sair de casa. No Estado de So Paulo, o setor supermercadista tem sido uma referncia na incorporao de novas tecnologias e tcnicas comerciais e administrativas, sempre visando aprimorar o atendimento ao consumidor. Por exemplo, a abertura aos domingos uma prtica de 76,4% das lojas e 90% das empresas praticam a entrega em domiclio (TOFOLI, 2004). Segundo ngelo e Silveira (1997), os supermercados respondem por 85% de participao de mercado, de todo o abastecimento de gnero alimentcios e afins. O supermercado o formato do varejo que mais se destaca no sistema de auto-servio, principalmente, por ser de maior visibilidade e frequncia de visitas. Por isso, ele chama tanto a ateno dos consumidores, assim como dos fornecedores das mais variadas linhas e tipos de produtos. A loja do supermercado almejada por alimentos, vesturio, calados, artesanatos, eletrodomstico, peas para automveis, ferramentas, utilidades domsticas, frios, embutidos, bebidas, editores, informticas, e muitos outros. Isso mostra a importncia dos supermercados no mundo modernos. Segundo a definio de Kotler (1998, p. 541), o supermercado o auto-servio que desenvolve operaes relativamente grandes, de baixo custo, baixa margem e alto volume, projetado para atender a todas as necessidades de alimentao, higiene e limpeza domstica.

    Dentro do setor supermercadista uma das reas que se destaca a gesto de estoque, pois esse segmento trabalha com mais de 9.000 itens em mercadoria.

    1.5 GESTO DE ESTOQUES EM SUPERMERCADOS

    O Estoque uma das reas mais tradicionais de suporte ao processo logstico, que so as que do apoio ao desempenho das atividades primrias propiciando s empresas sucesso, mantendo e conquistando clientes com pleno

  • 22

    atendimento do mercado e com remunerao satisfatria para o acionista. Envolve a administrao dos espaos necessrios para manter os materiais estocados que podem ser na prpria empresa, como tambm em locais externos (centros de distribuio).

    Essa atividade envolve localizao, dimensionamento, arranjo fsico, equipamentos e pessoal especializado, recuperao de estoque, projeto de docas ou baas de atracao, embalagens, manuseio,necessidade de recursos financeiros e humanos, entre outros (HARB, 2005).

    O estoque tem passado por profundas transformaes nos ltimos anos. Essas mudanas se refletem na adoo de novos sistemas de informao aplicados gesto da armazenagem, em sistemas automticos de movimentao e separao de produtos e at mesmo na reviso do conceito de armazm como uma instalao com a principal finalidade de estocar produtos.

    Para os supermercados a utilizao do controle dos estoques traz procedimentos rpidos e captura instantnea de informaes sobre o que o consumidor adquire e deseja. O supermercadista pode ainda, com base nos dados fornecidos, atravs do controle e gerenciamento, utiliz-los para compor o perfil do consumidor na hora de estabelecer o mix de marcas e produtos que iro compor o estoque do estabelecimento.

    Sobre isso Harb (2005, p. 110) comenta que na ltima dcada, o setor supermercadista implantou uma srie de inovaes tecnolgicas para melhor atender seu cliente, especialmente com a automao dos check-out dos estoques. O formato de layout de estrutura e o tipo de tecnologia empregados pelos supermercados de hoje baseiam-se na organizao de mercadorias e prateleiras dispostas por autosservio.

    Este tipo de formato de atendimento representa uma modernizao no setor, resultante da forma prtica de distribuir itens para os clientes, de modo que os mesmos possam peg-los, escolh-los e se dirigirem aos terminais de pagamento, sem que para isso tenham que recorrer a funcionrios da empresa.

    Portanto, o supermercadista deve assegurar que o produto esteja disponvel no tempo e nas quantidades desejadas, nivelando sua disponibilidade com os custos de manuteno, fazendo uso do estoque como o diferencial competitivo de sua empresa.

  • 23

    O gerenciamento de estoque supermercadista proporciona controle dos produtos, administrando seu giro, evitando que os clientes fiquem insatisfeitos por motivos relacionados falta de mercadorias ou produtos em inconformidade com o uso, fazendo com que os supermercados no deixem de atender seus clientes.

  • 24

    2 GESTO DE ESTOQUES

    Segundo Pozo (2010), uma empresa pode alcanar uma posio de superioridade duradoura sobre os concorrentes atravs da logstica, principalmente no quesito operar com custos baixos, pois consegue gerenciar estrategicamente a armazenagem de materiais, peas, produtos e tambm a aquisio desses, incluindo o fluxo das informaes geradas. Dessa forma, a logstica pode contribuir significativamente na maximizao dos lucros.

    Atualmente as reas denominadas primrias da logstica segundo o autor Pozo (2010) so: transportes, processamento de pedidos e manuteno de estoques. Essas trs atividades bsicas devem se relacionar entre si para cumprir os objetivos de uma organizao, conforme mostra a figura 2.1.

    Figura 2.1: Relao das trs atividades bsicas da logstica Fonte: Pozo, (2010, p. 11)

    A rea de transportes necessria, pois nenhuma organizao moderna pode operar sem providenciar a movimentao dos seus produtos, j a atividade processamento de pedidos crtico no quesito tempo necessrio para levar os produtos ou servios at o cliente e a manuteno de estoques responsvel por garantir disponibilidade do produto em face a sua demanda, gerencia o estoque necessrio entre a oferta e a demanda, regula a quantidade necessria para manter

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    os nveis o mais baixo possvel, e ao mesmo tempo disponibilizar a quantidade necessria desejada pelos clientes.

    A administrao de estoques na empresa um conjunto de atividades com a finalidade de assegurar o suprimento de materiais necessrios ao funcionamento da organizao, no tempo correto, na quantidade necessria, na qualidade requerida e pelo melhor preo (MARTINS e ALT, 2006).

    O principal objetivo de uma empresa , sem dvida, maximizar o lucro sobre o capital investido em: fbrica, equipamentos, financiamentos, reserva de caixa e estoques. Assim visando este objetivo, ela deve utilizar este capital para que ele no permanea inativo. Caso haja necessidade de capital para expanso, e no exista possibilidade de tom-lo emprestado, o dinheiro ser obtido mobilizando-se parte do dinheiro investido em estoques ou equipamentos ou na prpria fbrica (BALLOU, 1993). Pode-se ento esperar que o dinheiro que est investido em estoques seja o lubrificante necessrio para a produo e bom atendimento das vendas. Para que isso acontea necessrio que haja um bom gerenciamento dos estoques.

    2.1 GERENCIAMENTO DOS ESTOQUES

    A gesto de estoques influncia diretamente na sobrevivncia de uma empresa, e para que o gestor de estoques realize suas tarefas com eficincia necessrio que o mesmo, possua informaes com qualidade de todas as atividades de valor da qual faz parte, essas informaes so adquiridas no decorrer do processo de compras, recebimento, armazenagem e distribuio (SLACK; CHAMBER; JONHSTON, 2009).

    Alm disso, o gestor classifica, calcula custos com pedidos e de manuteno dos estoques para encontrar o planejamento ideal que minimize o custo total dessas atividades. Outros atributos do gestor para a minimizao de custos so: conhecer o fornecedor, o tempo de atendimento do pedido e se os prazos de entrega so cumpridos (SLACK; CHAMBER; JOHSTON, 2009).

    Normalmente, os gestores de estoques tm atitude ambivalente quando analisam os estoques, pois so custosos, empatam considervel quantidade de ativos e mant-los representa risco porque itens armazenados podem se deteriorar,

  • 26

    tornarem-se obsoletos e ocupam espao valioso. Entretanto, proporcionam certo nvel de segurana quando no h plena confiana nos fornecedores ou a demanda incerta.

    Deste modo o estoque necessrio para suprir a demanda de consumidores ou programas de produo, pois so uma garantia contra o inesperado. Este um dos grandes dilemas do gestor de estoques, por um lado h um alto investimento de ativos e outras desvantagens ligadas diretamente ao controle e manuteno, por outro, eles facilitam o controle aproximado entre o fornecimento e a demanda, conforme demonstra afigura 2.2 (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Figura 2.2: Tpico abordado neste trabalho Fonte: Adaptado de Slack; Chamber; Johnston, (2009, p.382)

    Segundo os autores Martins e Alt (2006), os estoques representam uma parcela substancial dos ativos de uma empresa e devem ser analisados como fator potencial para gerao de lucros, propiciando desenvolvimento e crescimento se gerenciado corretamente. Para a anlise e controle dos estoques, os autores citam os mais usuais, como por exemplo:

    a) Inventrio fsico: consiste na contagem fsica dos itens de estoque. Caso haja diferenas entre o inventrio fsico e os registros do controle de estoques, devem ser feitos os ajustes conforme recomendaes contbeis e tributrias.

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    b) Acurcia dos controles: aps terminar o inventrio, possvel calcular a acurcia dos controles, que mede a porcentagem de itens corretos, tanto em quantidade quanto em valor.

    c) Nvel de servio (ou nvel de atendimento): o indicador de quo eficaz foi o estoque para atender s solicitaes dos usurios. Assim, quanto mais requisies forem atendidas, nas quantidades e especificaes solicitadas, tanto maior ser o nvel de servio.

    d) Giro dos estoques: mede quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou e girou.

    Giro dos estoques = x * y -1

    x = valor consumido no perodo y = valor do estoque mdio no perodo

    e) Cobertura de estoques: Indica o nmero de unidades de tempo; por exemplo, dias que o estoque mdio ser suficiente para cobrir a demanda mdia.

    Cobertura de dias = d * g -1

    d = nmero de dias do perodo em estudo g = giro

    possvel concluir que, os estoques possuem grande importncia nas atividades de uma empresa, mas para o estoque seja bem cuidado e controlado necessrio conhecer melhor sua definio.

    2.2 CONCEITO DE ESTOQUES

    Segundo Moreira (2002, p. 463) estoques so [...] quaisquer quantidades de bens fsicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo; constituem estoques tanto os produtos acabados que aguardam venda ou despacho, como matrias-primas [...]. Portanto, todo material armazenado por um

  • 28

    momento ou por vrias semanas, meses ou anos em algum ponto especifico da empresa como: almoxarifado, depsito, prateleira ou armrio, inclusive materiais de suprimento para a rea administrativa constitui o estoque da empresa.

    Segundo Slack; Chamber; Johnston (2009), todas as operaes mantm estoques, se o funcionrio andar por qualquer operao, ver diversos tipos de materiais armazenados. O quadro 2.1 d alguns exemplos para diversas operaes, porm, h diferenas entre os exemplos de estoque listados no quadro. Alguns so totalmente necessrios para a produo.

    Por exemplo, os materiais de limpeza que so armazenados em uma fbrica de televisores so muito menos importantes do que os estoques de ao, plstico e componentes, que tambm so mantidos. O mais importante a considerar que a fbrica de televisores no ficaria ociosa se ficasse sem materiais de limpeza, enquanto que, se ficasse sem peas e componentes sua atividade principal seria interrompida.

    Quadro 2.1 - Exemplos de tipos de estoques em operaes.

    Operao Exemplos de estoques mantidos em operaes

    Hotel Itens de alimentao, itens de toalete, materiais de limpeza Hospital Gaze, instrumentos, sangue, alimentos

    Loja de varejo Coisas a serem vendidas, materiais de embalagem Armazm Coisas armazenadas, materiais de embalagem

    Distribuidor de autopeas Autopeas em depsito principal, autopeas e, pontos locais de distribuio. Manufatura de televisor Componentes, matria-prima, produtos semi-acabados, televisores acabados, materiais de limpeza Metais preciosos Materiais (ouro, platina etc.) que esperam ser processados,

    materiais completamente beneficiados Fonte: Slack; Chamber; Johnston, 2009, p.382.

    Portanto, todo material ocioso que possui valor econmico, que aguarda transformao, processamento, utilizao ou venda no futuro so considerados estoques. O controle desses materiais inevitvel para facilitar o consumo futuro, processamento, venda ou agregao de valor.

    Todos os materiais de estoque possuem valor econmico, e podem ser considerados ativos numa organizao.

  • 29

    2.3 CONTROLE

    Controle concilia entre o que o mercado requer e o que as operaes podem fornecer, ou seja, trata dos vrios aspectos do suprimento e da demanda que precisam ser conciliados com um nico propsito: fazer a ligao entre o suprimento e a demanda. Essa ligao proporcionar aos processos ou servios eficcia e eficincia (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009). O autor Maximiano (2009, p. 319), diz que: controle o processo de produzir e usar informaes para tomar decises, sobre a execuo de atividades e sobre os objetivos, e ao exercer a funo de controle, voc trabalha como o piloto de um veculo, monitorando constantemente o aparelho (sua organizao), para que ele se mantenha na rota, desvie-se de acidentes e chegue ao destino.

    Os proprietrios no podem estar presentes em todas as atividades de sua organizao. Ento, segundo Lopes de S (1989), diz que a finalidade do controle a fidelidade da informao, obtida atravs de instrumentos e sistemas de controle, que substituem o olho do dono.

    Sabendo que o estoque um fator muito importante para o sucesso ou o fracasso de uma empresa, passa a ser imprescindvel a criao de um controle de estoques por parte das empresas.

    2.3.1 Controle de estoques

    O controle de estoques s existe porque existem estoques. Conforme os autores Slack; Chamber e Johnston (2009, p. 358) citam: no importa o que armazenado como estoque, ou onde posicionado na operao, ele existir porque existe uma diferena de ritmo (ou taxa) entre fornecimento e demanda.

    Se o fornecimento ocorresse no momento da demanda, no seria necessrio manter estoque deste. Uma analogia comum pode ser feito com o tanque de gua mostrado na figura 2.3.

    Se a taxa de demanda e fornecimento de gua numa residncia diferente, um tanque de gua necessrio para que o atendimento ao usurio no seja interrompido. Quando a taxa de fornecimento excede a taxa de demanda, o estoque aumenta e quanto a taxa de demanda excede a taxa de fornecimento, o estoque diminui (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

  • 30

    Figura 2.3 Estoque: alinhamento do fornecimento e demanda de gua numa residncia. Fonte: Slack; Chamber; Johston, (2009, p.382)

    Segundo Moreira (2002) o controle de estoques pode ser considerado um conjunto de regras e procedimentos que permitir responder algumas perguntas e tomar decises sobre os estoques.

    As perguntas e decises mais importantes de acordo com Moreira (2002) so: a) quanto existe em estoque, a cada momento, de cada item sob

    controle? b) qual o investimento em estoque? c) para cada item, existe alguma quantidade j encomendada para

    compra ou fabricao? Quanto? d) para cada um dos itens em estoque, quanto deve ser encomendado? e) quando deve ser feita a encomenda de um dado item?

    A demanda real do material a ser adquirido e a previso calculada a partir das informaes colhidas nas atividades do processo de gesto dificilmente esto 100% corretas, pois existem variaes de demanda. imprescindvel que haja acompanhamento da margem de erro para que ajustes sejam realizados nas prximas aquisies, elevando assim a margem de acerto da demanda (MOREIRA, 2002).

  • 31

    O termo controle de estoques, dentro da logstica, em funo da necessidade de estipular os diversos nveis de materiais e produtos que a organizao deve manter, dentro dos parmetros econmicos. O controle dos diversos tipos de produtos armazenados a razo pela qual necessrio decidir acerca das quantidades dos materiais a serem mantidos em estoques, correlacionado ao custo de estocar, portanto necessrio se preocupar e determinar quais os nveis de cada item pode-se manter economicamente. (POZO, 2008, p.38)

    Entre outras informaes, portanto, um sistema de controle de estoque deve responder quando e quanto se deve adquirir de cada mercadoria, por compra ou fabricao.

    Com isso, o controle s se torna eficaz quando comea a gerar resultados positivos para a empresa, e para que isso ocorra o mais rpido possvel, necessrio que se entenda seu objetivo.

    2.3.2 Objetivos do controle de estoque

    De acordo com Pozo (2008, p.39): o objetivo maior da administrao de materiais prover o material certo, no local certo, no momento certo e em condio utilizvel ao custo mnimo para a plena satisfao do cliente e dos acionistas.

    Sabendo disso, Dias (1993), diz que o objetivo principal de uma empresa o de maximizar o lucro sobre o capital investido e para atingir o lucro mximo, a empresa deve usar o capital para que ele no fique inativo. Os ativos investidos em estoques devem ser facilmente convertidos em dinheiro em caso de necessidade de mais capital. Deste modo, espera-se que o dinheiro que est sendo investido em estoques seja o lubrificante necessrio para novas aquisies de materiais e o atendimento das vendas.

    Deste modo, dependendo da eficincia da gesto, o capital investido nos estoques poder ser liberado quando necessrio ou ficar preso em estoques desnecessrios.

    Alguns exemplos simples do papel dos estoques nas vidas das pessoas so mencionados pelos autores Slack; Chamber e Johnston (2009). Os autores dizem que a maioria das famlias possui estoques de comida e bebida em suas residncias para suprimento de alguns dias ou semanas, dependendo da demanda de cada famlia. Dessa forma, evita-se que algum tenha que sair para comprar produtos e ingredientes a cada refeio.

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    Por isso, manter uma variedade de produtos e ingredientes armazenados no armrio da cozinha, ou no congelador proporciona uma flexibilidade necessria para preparar uma refeio sempre que uma visita chegue inesperadamente, sem que seja necessrio sair e comprar os ingredientes.

    Muitas pessoas compram pacotes mltiplos para obter preos melhores de vrios produtos, desde papel higinico at cerveja, frascos grandes de xampu e pasta de dente so mais baratos, por volume, que os frascos menores. E sempre que for necessrio repor os estoques, primeiro verifica-se o nvel dos produtos estocados, e se um item usado frequentemente est abaixo de uma certa quantidade, ou acabou, lista-se esse item para compra (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Normalmente, os estudantes no possuem muito dinheiro ou espao para armazenamento de grandes quantidades de estoque de produtos, portanto, fazem compras em quantidades menores perdendo os benefcios de custos de compras maiores, porm no precisam transportar grandes quantidades que so volumosas ou pesadas. Fazendo desta forma, correm menos risco de esquecer os produtos no armrio e deixar o prazo de validade passar. O mtodo utilizado pelos estudantes essencialmente comprar a partir de exigncias especificas como a prxima refeio (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    2.3.3 Funes do controle de estoque

    A importncia dos estoques deve ser delimitada, seu planejamento deve estar o mais prximo possvel da demanda prevista. Dessa forma, h um consumo menor de recursos financeiros e a quantidade de mercadorias armazenadas reduzida, facilitando o controle, organizao e consequente diminuio do espao necessrio para guardar os produtos.

    Um sistema de estoque deve manter o gestor informado sobre a quantidade de cada item armazenado.

    A funo principal do controle de estoques justamente maximizar o uso de recursos para gerenciamento dos estoques, porm, o gestor depara-se com um dilema que causador da inadequada gesto de materiais, percebida em inmeras empresas, e que cria problemas quanto s necessidades de capital de giro da empresa, bem como seu custo. necessrio encontrar o ponto ideal entre manter um

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    grande volume de materiais e produtos em estoque para atender plenamente a demanda, o que gera uso elevado de ativos da organizao e, manter volumes muito baixos de estoques para minimizao dos custos, porm com atrasos em entregas, insatisfao de clientes pela falta de produtos e, principalmente, a perda do cliente (POZO, 2008, p. 38).

    Uma das razes por que muitas empresas do ramo varejista mantm estoques elevados de produtos, aos padres modernos, que essa atitude permite que ela compre em lotes econmicos, aproveitando promoes. Essa viso est ultrapassada, pois se uma deciso deste porte tomada pelo gestor possvel que o lote adquirido tome muito espao na rea de armazenamento e impossibilite a compra de outros materiais que a organizao demande (POZO, 2008).

    A anlise dos estoques deve ser detalhada e constante para se obter o controle dos ativos aplicados, isso contribui com o controle da compatibilidade entre novas compras para reposio de estoques e demanda esperada, alm de contribuir com sua organizao podendo levar a vantagem competitiva e consequente continuidade da organizao no mercado.

    Segundo Pozo (2008 p. 87) muitas empresas imobilizam elevados valores monetrios em estoques, faltando recursos financeiros para capital de giro, devido a este mau gerenciamento algumas empresas chegam a falncia. O autor mostra fatores que justificam a avaliao de estoque:

    a) Assegurar que o capital imobilizado em estoques seja o mnimo possvel; b) Assegurar que estejam de acordo com a poltica da empresa; c) Garantir que a valorizao do estoque reflita exatamente seu contedo; d) O valor desse capital seja uma ferramenta de tomada de deciso; e) Evitar desperdcios como obsolescncia, roubos, extravios etc.

    Para obter a mxima eficincia no uso dos recursos estocados possvel obter contribuio de ferramentas de controle de estoques que facilitam a anlise e identificao de problemas, causas e ordem de importncia dos produtos armazenados.

    2.4 FERRAMENTAS

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    A gesto de estoques dispe de ferramentas variadas. Porm, na maioria dos casos apenas uma ferramenta no atende a necessidade de gerenciamento plenamente, para isso necessrio realizar a juno de duas ou mais ferramentas, dessa forma, o objetivo de controle adequado alcanado com maior facilidade (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Dentre as vrias ferramentas que podem ser utilizados para o controle de estoques encontram-se a curva ABC, histograma, diagrama de Pareto, ERP.

    2.4.1 Classificao de itens seguindo a curva ABC

    Nas empresas, muitas vezes no necessrio manter um controle extremamente preciso de todos os itens do estoque. Por exemplo: certos itens podem ter um valor relativamente baixo, estes itens, em alguns casos podem ser monitorados com menor frequncia. Por outro lado, os materiais de valor elevado dever ser monitorados cuidadosamente e continuamente (DIAS, 1993).

    De acordo com Dias (1993), a curva ABC um importante instrumento para o administrador, pois permite que o gestor identifique aqueles itens que justificam ateno especial e tratamento adequados quanto a sua administrao. Obtm-se a curva ABC atravs da ordenao dos itens conforme a sua importncia relativa escolhida para a classificao que pode ser a quantidade ou valor do produto.

    Para os autores Slack; Chamber e Johnston (2009), qualquer estoque que contenha mais de um item armazenado, alguns itens sero mais importantes para a organizao do que outros. Por exemplo, podem ter uma taxa de uso muito alta, de modo que, se faltassem, muitos consumidores ficariam desapontados.

    Outros produtos podem ter valores altos, de modo que nveis excessivos seriam particularmente caros. A forma mais comum de controle utilizando a classificao ABC a realizao de uma listagem dos produtos estocados de acordo com suas movimentaes de valor, ou seja, discriminar diferentes itens multiplicando sua taxa de uso pelo seu valor individual, conforme tabela 2.1 (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Os itens com movimentao de valor elevado demandam controle cuidadoso, enquanto, aqueles que apresentarem valores baixos no precisam ser controlados to rigorosamente. Normalmente, aps a discriminao, a listagem dos itens

  • 35

    estocados apresenta uma pequena quantidade de itens com valor elevado (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Esse fenmeno tem incio com a lei de Pareto ou s vezes referido como regra 80/20 porque, em torno de 80% das vendas de uma operao so responsveis por somente 20% de todos os tipos de itens selecionados.

    Tabela 2.1 Itens de armazm classificados pelo valor de uso.

    Item de estoque

    Uso (itens/ano)

    Custo ($/item)

    Valor de uso ($ 000/ano)

    % do valor total

    % cumulativa do valor total

    A/703 700 20,00 1400 25,14 25,14 D/012 450 2,75 1238 22,23 47,37 A/135 1000 0,90 900 16,16 63,53 C/732 95 8,50 808 14,51 78,04 C/375 520 0,54 281 5,05 83,08 A/500 73 2,30 168 3,02 86,10 D/111 520 0,22 114 2,05 88,15 D/231 170 0,65 111 1,99 90,14 E/781 250 0,34 85 1,53 91,67 A/138 250 0,30 75 1,35 93,01 D/175 400 0,14 56 1,01 94,02 E/001 80 0,63 50 0,90 94,92 C/150 230 0,21 48 0,86 95,78 F/030 400 0,12 48 0,86 96,64 D/703 500 0,09 45 0,81 97,45 D/535 50 0,88 44 0,79 98,24 C/545 70 0,57 40 0,72 98,96 A/260 50 0,64 32 0,57 99,53 B/141 50 0,32 16 0,29 99,82 D/021 20 0,50 10 0,18 100,00 Total 5569 100,00

    Fonte: Adaptado de Slack; Chamber; Johston, (2009, p.378).

    Os autores Slack; Chamber e Johnston (2009), dizem que a relao pode ser usada para classificar diferentes tipos de itens mantidos em estoque por sua movimentao de valor. O controle de estoque ABC permite que os gerentes de estoque concentrem seus esforos em controlar os itens mais significativos do estoque, conforme a descrio abaixo:

    a) Itens classe A: so aqueles 20% de itens de alto valor que representam cerca de 80% do valor total do estoque;

    b) Itens classe B: so aqueles de valor mdio, usualmente os seguintes 30% de itens que representam cerca de 10% do valor total;

  • 36

    c) Itens classe C: so aqueles itens de baixo valor que, apesar de compreender cerca de 50% do total de tipos de itens estocados, provavelmente representam somente cerca de 10% do valor total de itens estocados.

    A tabela 2.1 mostra exemplos de peas armazenadas por um atacadista de material eltrico. Os 20 diferentes itens armazenados variam tanto em termos do seu uso anual como do custo por item, como mostrado. Todavia, o atacadista classificou os itens em estoque pelo seu valor movimentado anual. O valor movimentado total por ano de $5.569.000,00 (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Com base nisso, possvel calcular o valor movimentado anual de cada item como uma porcentagem do valor movimentado total, e a partir da o valor de movimentao acumulado, como mostrado. O atacadista pode ento colocar em um grfico a porcentagem cumulativa de seu valor. Assim, por exemplo, a pea com nmero de estoque A/703 a de maior valor e representa 25,14% do valor de estoque total (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Como uma pea, todavia, apenas 1/20, ou 5% do nmero total de itens estocados, esse item, junto com o prximo item de maior valor (D/012), representa somente 10% no nmero total de itens estocados, mas representa 47,37% do valor do estoque, e assim por diante. Isso mostrado graficamente na figura 2.4. Nela o atacadista classificou os nmeros das primeiras quatro peas como itens classe A, e vai monitorar o uso e os pedidos desses itens muito de perto (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Alguns melhoramentos em qualidade de pedidos ou estoques de segurana para esses itens podem trazer economias significativas. As seis prximas peas, nmeros C/375 at A/138 (30% da gama) devem ser tratadas como itens classe B, com um pouco menos de esforo dedicado a seu controle. Todos os outros itens classificados como itens classe C, cuja poltica de estoque s revista ocasionalmente (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Normalmente os critrios mais utilizados so o uso anual e o valor para determinar o sistema de classificao do estoque, os autores citam outros critrios que tambm podem ser usados para a classificao de um item, como por exemplo: (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

  • 37

    a) Consequncia da falta de estoque: Alta prioridade deve ser dada aos itens que atrasariam mais seriamente ou interromperiam outras operaes, ou a relao com o cliente, se faltassem no estoque;

    b) Incerteza de fornecimento: Alguns itens, mesmo de baixo valor, podem demandar mais ateno se seu fornecimento incerto;

    c) Alta obsolncia ou risco de deteriorao: Os itens que perdem o seu valor por obsolncia ou deteriorao podem merecer ateno e monitorao extra.

    Tabelas so teis, porm se no forem analisadas por pessoas instrudas se tornaro apenas dados armazenados. Para simplificar a visualizao dos dados da tabela, ser utilizado o histograma e posteriormente o diagrama de Pareto.

    2.4.2 Histogramas

    Os histogramas podem se definidos como:

    Grficos no qual as classes so marcadas no eixo horizontal, e as frequncias relativas ou as percentagens so marcadas no eixo vertical. As frequncias relativas ou as percentagens so representadas por meio das alturas das barras. Em um histograma, as barras so desenhadas de forma adjacente uma em relao outra (MANN, 2006, p. 39).

    Portanto, para desenhar um histograma, primeiramente marcam-se as classes no eixo horizontal e as frequncias no eixo vertical. Aps esse procedimento desenha-se uma barra para cada classe sem espaos entre si, conforme exemplo do grfico 2.1.

    Os histogramas possuem um design simples e de fcil compreenso contribuindo na simplificao da anlise de dados para uma tomada de decises mais acertada.

  • 38

    Grfico 2.1 Exemplo de histograma de frequncia. Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da tabela 2.1 (2012).

    Outra ferramenta que d sequncia ao histograma o diagrama de Pareto.

    2.4.3 Diagrama de Pareto

    Em qualquer processo de melhoramento, necessrio distinguir entre o que importante e o que menos importante, esse o propsito do diagrama de Pareto. uma tcnica direta, que envolve classificar itens, problemas ou causas conforme a ordem de importncia destacando reas onde investigaes adicionais podero ser teis. A figura 2.4 demonstra graficamente os dados da tabela 2.1, simplificando a anlise (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    Uso

    (it

    ens/

    ano

    )

    Item de estoque

  • 39

    Figura 2.4 Curva de Pareto para itens em estoque. Fonte: Adaptado de Slack; Chamber; Johston, (2009, p.379).

    Dados confiveis para elaborao do diagrama de Pareto so extremamente necessrios, portanto, pode-se utilizar como base de dados o sistema ERP, pois este composto por informaes variadas.

    2.4.4 Enterprise Resource Planning- ERP

    Todas as informaes relevantes de uma empresa devem ser agrupadas, assim, pode-se informar s decises de planejamento e controle, e quando as atividades devem ocorrer, quem deve execut-las e assim por diante. Esse o ERP (Enterprise Resource Planning), ou seja, Planejamento de Recursos da Empresa (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009). Uma forma simples de pensar a respeito do ERP imaginar a organizao de uma festa, com data para daqui a duas semanas e para 40 convidados, fica decidido servir sanduches e aperitivos. Com essas informaes possvel fazer clculos simples para estimar as preferncias dos convidados e quantas pessoas iro comer e beber (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120%

    cu

    mu

    lativ

    a do

    v

    alo

    r to

    tal

    Item de estoque

    20% dos itens.

    Classe A 30% dos itens.

    Classe B 50% dos itens.

    Classe C

  • 40

    Talvez j tenha algum estoque de comida e bebida em casa, e essa informao dever ser levada em considerao no momento da preparao da lista de compras, e se, alguma comida tiver que ser preparada a partir de alguma receita, ser necessrio multiplicar os ingredientes para atender as 40 pessoas. Portanto, ser necessrio decidir quando cada item ser necessrio para fazer as compras a tempo (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009).

    Na verdade, planejar uma festa exige uma srie de decises inter-relacionadas sobre volume e sobre o momento em que os produtos so necessrios. Essa a base do planejamento de necessidade de materiais, que ajuda as empresas a fazer clculos de quantidades e tempos (similares festa, mas numa escala de grau e complexidade superior) (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009). Assim, mesmo para uma atividade relativamente simples, a chave para o planejamento bem sucedido como gerar, integrar e organizar todas as informaes de que depende o planejamento e controle. Pequenas empresas, como o supermercado estudado, possuem sistemas ERP alimentados manualmente no momento da chegada dos produtos. Para que esses dados sejam confiveis necessrio que a quantidade e descrio dos produtos armazenados estejam corretos. Dessa forma, necessria a realizao de contagens fsicas dos produtos em estoque, ou seja, os inventrios.

    2.5 A IMPORTNCIA DOS INVENTRIOS NA GESTO DE ESTOQUES

    Segundo Pozo (2008), necessrio que sejam realizados inventrios fsicos periodicamente, ou seja, deve ser realizada uma contagem fsica dos itens estocados para realizar a comparao da quantidade fsica com os dados contabilizados nos registros da empresa. Desta forma, as diferenas entre o estoque real e o estoque registrado podem ser reduzidas contribuindo diretamente na apurao do valor total do estoque para efeito de balano do ano fiscal e declarao de imposto de renda da empresa. O autor cita que existem dois tipos de inventrio: o geral e o rotativo.

    O inventrio geral realizado ao fim de cada ano fiscal, com parada total dos processos produtivos da empresa, pois necessria a contagem fsica dos itens de todos os setores. Neste perodo, no deve ser dada entrada nem sada de nenhum produto armazenado em qualquer setor da empresa (POZO, 2008).

  • 41

    O inventrio rotativo realizado no decorrer do ano fiscal, sem a necessidade de paralisao do processo produtivo. O inventrio pode ser realizado em cada setor individualmente (POZO, 2008).

    Pozo (2008) diz que este procedimento mais vantajoso e mais econmico, pois no h necessidade de paralisao do processo e por este motivo haver melhores condies e tempo para analise de problemas ou causas de ajustes.

    A elaborao e execuo devem ser realizadas sob orientao e controle da rea financeira utilizando duas equipes diferentes para cada contagem. Se as contagens das duas equipes coincidirem o inventrio do item analisado est encerrado, mas, quando for constatada alguma diferena h a necessidade de uma terceira equipe entrar em ao para constatao final. Os itens que apresentarem diferenas entre o controle documentado e a contagem fsica passaro por ajustes e reconciliao de acordo com as polticas da empresa (POZO, 2008). Manter os estoques em conformidade entre o que est registrado e o que realmente existe estocado proporciona vantagens ao armazen-lo. Mas ao mesmo tempo, todo estoque armazenado proporciona vrios aspectos negativos.

    2.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ESTOQUES

    Dentro de uma empresa o estoque possui suas vantagens e suas desvantagens. O autor Ballou (1993) cita as seguintes vantagens em manter os estoques:

    a) Melhoria do nvel de servio; b) O departamento de vendas e marketing podem vender mais seguramente

    os produtos da empresa; c) Disponibiliza imediatamente o produto aos clientes; d) Diminui o custo por falta de produto; e) Pode diminuir os custos de produo por adquirir grandes lotes de

    matria-prima; f) Economia nas compras e no transporte.

    Alm dos itens citados, possvel obter proteo contra oscilaes de demanda ou tempo de ressuprimento. Dessa forma, a empresa deve manter estoques de segurana para atender a necessidade do mercado.

  • 42

    Mas, existem desvantagens que devem ser analisadas, pois extremamente necessrio encontrar um ponto de equilbrio adequado.

    Como visto anteriormente, o estoque necessrio em muitas operaes, visto que, incomum existir um produto que tenha seu fornecimento e consumo totalmente alinhados, portanto, embora o estoque seja importante para o desempenho de muitas operaes, os autores Slack; Chamber; Johnston (2009) dizem que existem vrios aspectos negativos em relao a ele:

    a) Estoque congela dinheiro, na forma de capital de giro, que fica indisponvel para outros usos, como reduo de emprstimos ou investimentos em bens fixos produtivos;

    b) Estoque acarreta custos de armazenamento (espao, manuteno de condies apropriadas, etc);

    c) Estoque pode tornar-se obsoleto medida que novas alternativas de produtos apaream;

    d) Estoque pode danifica-se ou deteriorar-se; e) Estoque pode ser perdido ou caro para recuperar, quando escondido no

    meio de outros itens; f) Estoque pode ser perigoso para armazenar (por exemplo, solventes

    inflamveis, explosivos, qumicos e drogas), exigindo instalaes especiais e sistemas para manuseio seguro;

    g) Estoque consome espao que poderia ser usado para agregar valor; h) Estoque envolve custos administrativos e securitrios.

    Percebe-se que o estoque pode ter suas vantagens e desvantagens, por isso, o papel do administrador se torna importante para que haja uma poltica bem definida de estoque e seu controle.

  • 43

    3 METODOLOGIA

    O propsito da pesquisa utilizar conceitos desenvolvidos por outros autores e verific-los no ambiente empresarial, por meio da discusso com os especialistas do processo sobre os problemas a serem resolvidos. A investigao se baseou na observao da realidade, experincias das pessoas da situao investigada e consulta literatura existente sobre o assunto. O trabalho se desenvolveu a partir da reviso bibliogrfica sobre gesto de estoques utilizada pela empresa varejista.

    Segundo Yin (2005), a importncia da utilizao da metodologia cientfica para responder as questes de uma pesquisa consiste no fato de ela aumentar a chance das respostas encontradas serem precisas e no viesadas.

    Portanto, para que a integrao proposta no modelo seja desenvolvida com confiabilidade e capacidade de repasse da pesquisa no ambiente analisado, apoia-se nas abordagens da metodologia cientfica (TOFOLI, 2011).

    Gil (2002) ressalta que a metodologia cientfica consiste em uma srie de atividades sistemticas e racionais para se buscar, de maneira confivel, solues para determinado problema. Ressaltam, ainda, que no h cincia sem o emprego deste tipo de modelo.

    Para entendimento da aplicao dos conceitos da metodologia cientfica necessrio que sejam abordados os aspectos dos mtodos e das tcnicas de pesquisa como elementos essenciais para qualquer aplicao no desenvolvimento do modelo estudado (TOFOLI, 2011).

    Segundo Fleury et al (2009) em um trabalho, a metodologia de pesquisa possui grande importncia devido necessidade de embasamento cientfico adequado que o trabalho exige. Portanto, constantemente necessrio procurar pela melhor abordagem de pesquisa a ser utilizada para o correto direcionamento das questes da pesquisa, assim como os mtodos e tcnicas utilizados para o planejamento e conduo. Utilizando-se dessas informaes, o trabalho de pesquisa deve proporcionar direta ou indiretamente a gerao de conhecimento.

    Neste trabalho, a forma de abordagem do problema atravs de pesquisa qualitativa que para Mattar (1996), definida como um vnculo indispensvel entre a objetividade e a subjetividade e que difcil ser traduzida em nmeros.

  • 44

    A fonte de coleta de dados o ambiente natural, o pesquisador o elemento chave, a pesquisa descritiva, pois o objetivo o de descrever as caractersticas de determinado estabelecimento envolvendo tcnicas padronizadas de coleta de dados como o uso de questionrios assumindo de forma geral, o levantamento de dados.

    Utilizandose dados informados atravs de entrevistas e reunies com os proprietrios e funcionrios responsveis pelo ERP e pela manuteno dos estoques da empresa pesquisada, foram definidas as etapas do trabalho.

    3.1 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Para a realizao da pesquisa os autores decidiram criar etapas para que o levantamento de dados e sua interpretao fossem mais eficientes.

    1 etapa: O tema foi definido de comum acordo entre os autores, por ser um assunto de extrema importncia para as empresas, principalmente para as empresas do setor varejista.

    2 etapa: Foi realizada uma profunda reviso bibliogrfica sobre gesto de estoques, mais precisamente, sobre as ferramentas de controle de estoque: classificao ABC, histogramas, diagrama de Pareto e ERP.

    3 etapa: A empresa Supermercado Bom Viver foi definida. O contato inicial foi realizado em fevereiro de 2012, atravs de visita e solicitao de autorizao para realizao do estudo de caso. A escolha do local para o estudo de caso foi feito devido ao grande crescimento fsico apresentado pelo estabelecimento em curtos espaos de tempo e, para consequente verificao de um item imprescindvel, se os estoques esto sendo acompanhados.

    4 etapa: Foi feito um levantamento de dados da empresa atravs de entrevistas, reunies e visitas alm de solicitao ao Departamento de Manuteno de Estoques, dados sobre a quantificao dos produtos armazenados no perodo de 2005 a 2011, bem como a quantificao de produtos classificados como perdas.

    Nesta etapa, os responsveis forneceram dados do ms de julho de 2011 ao ms de julho de 2012, referentes aos seguintes itens:

    a) Relatrios de ajuste de estoque; b) Relatrios de perdas; c) Relatrio de itens armazenados (loja e depsito); d) Custo de reposio unitrio;

  • 45

    e) Custo de reposio total.

    5 etapa: Anlise dos dados, procurando identificar o estado atual do controle de estoques da empresa. 6 etapa: Apresentao de algumas concluses com base nos resultados obtidos atravs da coleta de dados e reviso bibliogrfica.

    3.2 Coleta dos dados

    A orientao da coleta de dados pela realizao de entrevistas em profundidade indica o carter qualitativo do estudo, em que as variveis relevantes ainda no esto estabelecidas.

    Da mesma forma, conforme Aaker & Day (1982), o objetivo de maior interao com o entrevistado, de tal forma que as informaes apresentem maior profundidade e riqueza de explanaes, e o nmero relativamente pequeno de respondentes, s parcialmente representativo da populao, justificam a caracterizao da pesquisa como qualitativa.

    Aaker & Day (1982); Gil (2002) enfatizam a escolha por pesquisa qualitativa como entrevista em profundidade, comentando que, na prtica, este procedimento analtico tem aplicao til com executivos, especialistas e outros agentes com pequena disponibilidade de tempo para atendimento a entrevistadores.

  • 46

    4 ESTUDO DE CASO

    4.1 CARACTERIZAO DA EMPRESA: SUPERMERCADO BOM VIVER

    O Supermercado Bom Viver atende seus clientes na cidade de Lins, interior do Estado de So Paulo, no logradouro Professor Joaquim Borges Rodrigues, 82 Bairro Bom Viver II.

    Est devidamente registrado no Ministrio da Fazenda, no Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas 67.673.087/0001-39 e Inscrio Municipal 5172.

    Figura 4.1 Fachada da Mercearia Bom Viver em 1993. Fonte: Supermercado Bom Viver (1993).

    O senhor Paulo Cesar Lopes e sua esposa Solange Maria de Alencar Lopes detectaram a necessidade de uma nova instalao para o atendimento de uma demanda crescente de pessoas que precisavam consumir produtos do dia-a-dia. Em maro de 1992 inauguraram um estabelecimento, com o nome fantasia Bar e Mercearia Bom Viver, com 46 m2, conforme a figura 4.1 do ano de 1993 ainda com as mesmas caractersticas da inaugurao, com recursos prprios para o atendimento das pessoas que precisavam se deslocar por grandes distncias para obter um servio similar.

  • 47

    Em pouco tempo, os clientes de bairros vizinhos foram conquistados, esses bairros foram crescendo gradativamente e como consequncia houve aumento em mesma proporo do nmero de clientes. Por este motivo, em 1996 houve a necessidade da ampliao do espao fsico da rea de vendas passando ento a atender seus clientes numa rea de 96 m2, conforme a figura 4.2, ou seja, em apenas 4 anos a rea de atendimento foi duplicada utilizando-se de recursos prprios adquiridos atravs do faturamento da empresa, a partir da o nome foi alterado para Mercado Bom Viver.

    Figura 4.2 Fachada do Mercado Bom Viver em 1996. Fonte: Supermercado Bom Viver (1996).

    Durante o perodo de ampliao surgiram dificuldades financeiras a serem contornadas, pois houve um grande direcionamento de recursos destinados a ampliao, porm, a dificuldade maior foi a de manter o atendimento aos clientes, pois durante a ampliao o atendimento aos clientes no foram interrompidos, conforme figura 4.3.

  • 48

    Figura 4.3 Fachada em construo da rea adquirida ao redor do Mercado Bom Viver em 1997. Fonte: Supermercado Bom Viver (1997).

    Ainda colhendo os frutos dos esforos dos proprietrios, no ano 2000, houve uma nova reestruturao fsica. Com a aquisio de reas ao redor do estabelecimento e, desta vez, a rea de atendimento aumentou quase 3 vezes, passando dos modestos 96 m2 para 220 m2 melhorando o atendimento em todos os setores do supermercado, conforme figura 4.4.

    Figura 4.4 Fachada principal pronta Fonte: Supermercado Bom Viver (2004).

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    O esprito empreendedor dos proprietrios no parou e, constata-se que, a cada 4 anos houve novos investimentos, com recursos prprios da empresa na melhoria das instalaes e aumento da capacidade para o atendimento da crescente demanda, desde a inaugurao at o ano de 2004, ano em que houve a ltima e maior de todas as alteraes da planta da empresa. Com esta ltima alterao os clientes tm disponvel uma rea de 520 m2, conforme a figura 4.5, e desde ento conhecido como Supermercado Bom Viver, entre os moradores do bairro e arredores.

    Figura 4.5 Fachada principal atual Fonte: Supermercado Bom Viver (2012).

    4.1.1 Evoluo do quadro de funcionrios

    Com a evoluo constante e investimentos no espao fsico, o nmero de funcionrios cresceu proporcionalmente, conforme o quadro 4.1:

  • 50

    Quadro 4.1 - Evoluo do quadro de funcionrios Ano rea de vendas (m2) Quantidade de funcionrios 1992 46 1 1996 96 3 2000 220 8 2004 520 30

    05/2012 520 47 Fonte: Elaborado pelos autores (2012)

    A percepo do crescimento do nmero de funcionrios vista com maior facilidade no grfico 4.1 e da evoluo da rea de vendas no grfico 4.2.

    Grfico 4.1 Evoluo do quadro de funcionrios Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da tabela 4.1 (2012).

    1 38

    30

    47

    0

    10

    20

    30

    40

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    1992 1996 2000 2004 2012

    n de

    fu

    nci

    on

    rio

    s

    ano

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    Grfico 4.2 Evoluo da rea de vendas. Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da tabela 4.1 (2012).

    4.1.2 Organograma

    Organograma uma representao grfica simplificada da estrutura organizacional de uma instituio, especificando os seus rgos, seus nveis hierrquicos e as principais relaes formais entre eles. o instrumento mais usado para representar a formalizao da estrutura. O fato de uma empresa possuir organogramas no significa necessariamente que seja bem organizada. Ele no um fim em si mesmo, mas um meio para ajudar administradores a visualizar o posicionamento e as relaes entre os subsistemas de um sistema organizacional. Como disse Peter Druker, uma organizao como msica, no constituda de sons individuais, mas das relaes entre eles (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 103).

    A principal finalidade da representao grfica permitir a visualizao rpida da forma como uma empresa se organiza e devem representar a organizao real da empresa, caso contrrio, poder haver distores e gerar compreenses erradas que podero gerar decises e atitudes errneas por parte dos que confiam na sua exatido (LACOMBE; HEILBORN, 2008).

    4696

    220

    520 520

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    1992 1996 2000 2004 2012

    m2

    ano

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    Figura 4.6 - Organograma do Supermercado Bom Viver Fonte: Elaborado pelos autores (2012).

    At o momento da finalizao deste trabalho a estrutura organizacional do Supermercado Bom Viver abrange as descries das funes e as delegaes de poderes que a empresa julga teis para a compreenso da estrutura e segue a estrutura do organograma clssico (conforme figura 4.1) e utiliza os princpios bsicos de elaborao, conforme mostra o quadro 4.2 dos autores (LACOMBE; HEILBORN, 2008).

    Quadro 4.2 - Princpios bsicos de elaborao Princpios Conceituaes Simplicidade Apresentar apenas os elementos essenciais

    compreenso da estrutura organizacional Padronizao Uniformidade e coerncia Atualizao Retratar a realidade da organizao em determinado

    momento Fonte: Adaptado de LACOMBE; HEILBORN, 2008, p 103.

    4.2 COLETA DE DADOS DA EMPRESA

    A coleta de dados partiu da solicitao verbal aos proprietrios que disponibilizaram prontamente os funcionrios Fernando e Willian, auxiliares

  • 53

    administrativos, conhecedores por experincia de quase todas as funes do supermercado.

    Para este estudo, aplicou-se um questionrio que foi elaborado utilizando as referncias estudadas abordando os seguintes assuntos:

    a) Ferramentas de controle de estoques; b) Uso das ferramentas de controle de estoques;

    a. Classificao ABC; b. Histogramas; c. Diagrama de Pareto; d. Enterprise Resource Planning ERP; e. Inventrios.

    4.3 DADOS COLETADOS

    4.3.1 Informaes sobre controle de estoques no Supermercado Bom Viver

    Iniciando o estudo de caso, foi verificado se as ferramentas de controle de estoques so utilizadas por um setor especfico, bem como, a quantidade de funcionrios que se dedicam a utiliz-las, as formaes acadmicas dos funcionrios, se receberam treinamento para atuar na funo e se h uma programao de treinamento em controle de estoques.

    Diante da pesquisa, percebeu-se que no h um setor especfico que se dedica exclusivamente ao controle dos estoques, pois somente dois funcionrios que ocupam cargo de auxiliar administrativo atuam no controle geral dos produtos armazenados prejudicando o nvel de controle e acerto das informaes geradas nos momentos de reposio e ressuprimento. Dessa forma, o tempo disponibilizado para a funo de controlar fica reduzida a algumas horas dirias, pois no restante do tempo h outras funes que os funcionrios devem cumprir. Os dois funcionrios, com nvel mdio de formao, receberam treinamento para executar as funes de controle dos estoques no dia-a-dia, conforme surgem novas situaes e problemas que necessitam de solues, ou seja, no h uma programao de treinamento, impossibilitando a previso de situaes que podem colocar o setor em apuros.

    Atravs da pesquisa, foi verificado se questes relacionadas ao controle dos estoques so consideradas nos planejamentos de mdio e longo prazo. Atravs da

  • 54

    pesquisa, percebeu-se que sim, e que so realizadas reunies separadas por setores. Nessas reunies, so tratados assuntos como falta de mercadorias disponibilizadas ao consumidor, perdas de mercadorias por vencimento do prazo de validade e discusso sobre os locais adequados de armazenamento dos diversos produtos comercializados pelo supermercado. Continuando no tema ferramentas de controle de estoques, questes relacionadas utilizao de recursos de tecnologia (hardware / software) para incluir, organizar, localizar e retirar produtos dos estoques e se as ferramentas em questo so adequadas. Para responder a essas questes, h instalado nos computadores do supermercado um sistema ERP chamado Solidus, que foi adquirido pelo estabelecimento apenas os mdulos necessrios ao funcionamento da operao, excluindo os mdulos de controle de recursos humanos e contabilidade.

    Como equipamento auxiliar ao software, utiliza-se leitores de cdigos de barras e coletor de dados porttil para contagem fsica. Esses equipamentos auxiliam na realizao de inventrios e aumentam as margens de acerto da quantidade fsica de cada produto. As ferramentas utilizadas so adequadas conforme informao do supermercado, pois atendem, facilitam e proporcionam agilidade no trabalho dirio. Nas questes sobre poltica definida para o suprimento e reposio dos estoques e se h preocupao com o prazo de validade, primeiramente verifica-se o produto analisado no sistema ERP Solidus e tambm leva-se em considerao a necessidade de venda de acordo com a sazonalidade do produto (a sazonalidade definida pela experincia do funcionrio).Os preos de aquisio no atacado quando aliados a um lote grande, faz-se um estudo do espao disponvel para estocagem antes do fechamento do negcio.

    Quanto ao prazo de validade, h uma preocupao constante, o sistema ERP apresenta um campo de insero da data de validade do produto adquirido no momento do seu lanamento no sistema ERP, mas, por se tratar de grande variedade e quantidade de produtos praticamente impossvel controlar 100% dos prazos de validade. H contribuio dos repositores na verificao fsica da validade dos produtos que esto sendo repostos. Dessa forma, o sistema adotado teoricamente o PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai).

  • 55

    Com isso, alguns mtodos so usados para que se tenha um bom controle de estoque, so mtodos que funcionam como uma grande ferramenta para indicar o momento certo de ressuprimento de estoque no qual se pode citar:

    4.3.2 Uso da ferramenta: Classificao ABC

    Em qualquer estoque que contenha mais de um item em estoque, alguns itens sero mais importantes para a organizao do que outros. Alguns itens, por exemplo, podem ter uma taxa de uso muito mais alta, de modo que, se faltassem, muitos consumidores ficariam desapontados. Outros itens podem ter valores particularmente altos, de modo que nveis de estoque excessivos seriam particularmente caros.

    Uma forma comum de discriminar diferentes itens de estoque fazer uma lista deles, de acordo com suas movimentaes de valor (sua taxa de uso multiplicada por seu valor individual).

    Os itens com movimentao de valor particularmente alto demandam controle cuidadoso, enquanto os com baixas movimentaes de valor no precisam ser controlados to rigorosamente. Geralmente, uma pequena proporo dos itens totais contidos em estoque vai representar uma grande proporo do valor total em estoque.

    Sabendo disso, foi verificado o uso das ferramentas de controle de estoques comeando com a ferramenta de Classificao ABC. A ferramenta no utilizada para identificar itens que justifiquem ateno especial quanto a sua administrao.

    Um controle similar realizado da seguinte forma: produtos que justificam ateno especial so definidos por experincia de um dos funcionrios responsveis e como no utilizada, a classificao ABC no contribui com o controle dos estoques, e que este, feito manualmente de acordo com a sazonalidade dos produtos.

    Importante informao cedida pelo supermercado que com relao ao estoque 80% dos produtos so controlados pelas empresas fornecedoras, no sendo necessrio dispensar ateno a estes, ou seja, quando uma empresa que fornece produtos ao supermercado percebe que os produtos em estoque no supermercado esto acabando, o mesmo, entra em negociao com o

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    supermercado para reposio dos produtos e apenas 20% dos produtos em estoque controlado pelo supermercado.

    4.3.3 Uso da ferramenta: Histogramas

    Na sequncia, foi verificado o uso de histogramas, se h dificuldades na elaborao, se as ferramentas facilitam o controle dos estoques. De acordo os dados analisados o supermercado no utiliza essa ferramenta para controlar os estoques e desconhece tal procedimento.

    Como sabido, a utilizao de recursos visuais na criao de grficos deve ser feita cuidadosamente; um grfico desproporcional em suas medidas pode dar falsa impresso de desempenho e conduzir a concluses equivocadas.

    Obviamente, questes de manipulao incorreta da informao podem ocorrer em qualquer rea. O uso e a divulgao tica e criteriosa de dados devem ser pr-requisitos indispensveis e inegociveis.

    4.3.4 Uso da ferramenta: Diagrama de Pareto

    Com a realizao da pesquisa foi discutido o uso do Diagrama de Pareto, se h dificuldades na elaborao, se as ferramentas facilitam o controle dos estoques, mas, como na ferramenta anterior, os gestores no utilizam o diagrama como auxlio no controle dos estoques, nem para facilitar a interpretao dos participantes em reunies.

    O Diagrama de Pareto usado na gesto de qualidade e pode ser usado como ferramenta de controle, pois busca estabelecer a ordem em que as causas das perdas ou de outros tipos de fracasso devem ser sanadas.

    O Diagrama de Pareto apresenta fracassos e insucessos em ordem de frequncia. Tem-se, ento, a ordem em que devem ser sanados os erros, resolvidos os problemas, atendidas as reclamaes, diminuindo o desperdcio. Diz-se, por isso, que o Diagrama de Pareto estabelece prioridades. Mas o Diagrama de Pareto tambm pode ser usado para identificar causas de sucesso como, por exemplo, as causas do aumento de venda de um produto.

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    4.3.5 Uso da ferramenta: ERP

    J nas questes relacionadas ao uso do ERP, todas as informaes sobre produtos armazenados esto agrupadas no sistema ERP do supermercado Solidus - estas informaes, contribuem na tomada de decises sobre os nveis de estoque, porm os dados informados pelo ERP esto sujeitos a insero dos dados pelos funcionrios no momento da chegada dos produtos ou no momento de modificaes, onde esto sujeitas a erros de digitao.

    As informaes agrupadas no ERP contribuem tambm nas decises para o planejamento e controle dos estoques, pois, os dados registrados mostram o que foi vendido de cada produto, mas necessrio interpretar certos dados informados pelo sistema, principalmente quando h uma demanda excepcional, pois podem ocorrer vendas fora do planejado, como a venda de produtos para atendimento de algum evento social.

    Na questo sobre quando as atividades devem ocorrer e quem deve execut-las, o sistema ERP contribui ativamente, pois informa quantos dias determinado produto poder ser disponibilizado ao consumidor antes de reabastec-lo.

    4.3.6 Uso da ferramenta: Inventrios

    O inventrio responsabiliza-se pela proporo de informao da quantidade fsica de materiais, atuando principalmente como ferramenta na contagem dos itens constantes em estoque. A empresa dever atuar com a mxima exatido possvel, buscando clareza e adequao nos registros gerados, contando-se com o inventrio fsico capaz de gerar s informaes consistentes e cabveis para cada deciso.

    Seguindo os padres estabelecidos num primeiro momento, torna-se possvel a organizao e a previso dos estoques nos perodos posteriores e a adequao de novos limites na rea de materiais. Na busca pela obteno de uma estrutura adequada e bem definida a empresa dever registrar os estoques de materiais em softwares ou documentos seguros e adequados. Com esta base, cada registro proporcionar ao usurio sua finalidade na tomada de deciso.

    O inventrio fsico geralmente efetuado de dois mtodos: peridico ou rotativo.

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    No inventrio peridico, tem-se que todo o fechamento se realizar ao trmino do perodo estabelecido pela empresa, seja num prazo de doze meses.

    No inventrio rotativo, realizado num perodo menor de tempo, determinado no decurso de aproximadamente trs meses, sua formao mais esmiuada e a segurana na tomada de deciso maior.

    Este inventrio indica cada produto em um grupo ou conjunto de peso para a empresa, sendo que conforme a necessidade e seu valor financeiro, to maior ser a dedicao quanto formao do inventrio, portanto pode-se afirmar que cada categoria receber um valor percentual afetando diretamente na adoo do grau de ateno.

    Na empresa pesquisada os inventrios so realizados, utilizando-se como referncia o inventrio rotativo que ocorrem no decorrer do ano fiscal para evitar o fechamento da loja ao consumidor.

    So realizados durante todo o ano, confrontando a quantidade emitida pelo ERP e a quantidade fsica. Quando o inventrio realizado, raramente h similaridade entre a contagem e o que h registrado no sistema, ou seja, a quantidade de produtos registrados no ERP difere da quantidade fsica obtida ps-inventrio.

    A contagem fsica realizada primeiramente pela necessidade de declarao de imposto de renda. Quando h erros, realizado uma recontagem, at o limite de 3, por equipes diferentes para obter os valores mais reais possveis.

    4.4 ANLISE DE DADOS

    A seguir, com as informaes obtidas pela empresa e como parte dos resultados desta pesquisa, esto as informaes sobre os relatrios obtidos junto a empresa estudada sobre a quantidade de itens armazenados, o valor em moeda nacional de produtos perdidos que geram prejuzos a empresa.

    Apesar da improvisao na organizao e controle dos estoques de produtos em geral e de no utilizar todas as ferramentas de controle da reviso bibliogrfica a utilizao do sistema ERP tem contribudo positivamente no gerenciamento dos estoques, com ressalvas, pois os relatrios disponveis gerados pelo ERP poderiam ser mais aproveitados durante as anlises e reunies.

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    4.4.1 Quantidade de itens armazenados do Supermercado Bom Viver

    O grfico 4.3 compreende a quantidade de itens armazenados pelo Supermercado Bom Viver durante o perodo de setembro de 2011 e agosto de 2012. Durante o perodo analisado o Supermercado passou por uma fase de estabilidade, sem investimentos desnecessrios em itens estocados. Mas, mesmo no perodo de recesso, houve ascenso de 2404 itens disponibilizados ao pblico no Supermercado Bom Viver do incio ao final do perodo compreendido.

    Houve tentativa de armazenamento dos itens excedentes de forma otimizada, porm, prevaleceu a improvisao, conforme mostra a figura 4.7, pois o espao continuou com os mesmos 520 m2, disponveis para loja e armazenamento.

    Grfico 4.3 Quantidade de itens armazenados Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados informados pela empresa (2012).

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

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    setembro de 2011 agosto de 2012

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    Figura 4.7 Itens armazenados de forma improvisada Fonte: Supermercado Bom Viver (2012).

    Em decorrncia do grande nmero de itens armazenados no Supermercado Bom Viver, quando realizado o inventrio do setor e o nmero de itens armazenados diferente do nmero de itens registrados no ERP gerado um relatrio de ajuste de estoque.

    4.4.2 Relatrio de ajuste de estoque Custo total de produtos faltantes

    Para igualar a quantidade de itens armazenados e a quantidade de itens registrados no ERP aps a realizao do inventrio, h um campo no sistema ERP preenchido manualmente pelo operador do sistema para a retirada dos produtos registrados como excedente, mas que na realidade so caracterizados como faltantes (furtos, erros de entrada, etc), conforme grfico 4.4.

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    Grfico 4.4 Quantidade de itens perdidos Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados informados pela empresa (2012).

    Os produtos faltantes so lanados no sistema, e so contabilizadas as perdas monetrias e em quantidade, gerando o relatrio de ajuste de estoque.

    4.4.3 Relatrio de ajuste de estoque Produtos q