Upload
others
View
4
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MATHEUS MARCOS MORAIS DE QUEIROZ
GERENCIAMENTO DE RESULTADOS: Uma Análise Setorial do Nível nas Empresas Auditadas por Big Four e Não Big Four Listadas na BM&FBovespa.
NATAL/RN 2016
MATHEUS MARCOS MORAIS DE QUEIROZ
GERENCIAMENTO DE RESULTADOS: Uma Análise Setorial do Nível nas Empresas
Auditadas por Big Four e Não Big Four Listadas na BM&FBovespa.
Monografia apresentada à banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Contábeis, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof.º M.º José Emerson Firmino Co-Orientador: Prof.º M.º Marcelo Daniel Araújo Ermel
NATAL/RN 2016
MATHEUS MARCOS MORAIS DE QUEIROZ
GERENCIAMENTO DE RESULTADOS: Uma Análise Setorial do Nível nas Empresas Auditadas por Big Four e Não Big Four Listadas na BM&FBovespa.
Monografia apresentada à banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Contábeis, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovado em: 14 de dezembro de 2016
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________ Prof.º Me. José Emerson Firmino
Orientador
__________________________________________________ Prof. Felipe da Silva Moreira
Membro
________________________________________________ Prof.º Me. Josué Lins e Silva
Membro
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Queiroz, Matheus Marcos Morais de.
Gerenciamento de resultados: uma análise setorial do nível nas empresas auditadas por big four e não big four listadas na BM&FBovespa/ Matheus Marcos Morais de Queiroz. -‐ Natal, RN, 2016.
42f. : il.
Orientador: Prof. Me. José Emerson Firmino.
Co-‐Orientador: Prof. Me. Marcelo Daniel Araújo Ermel.
Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) -‐ Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Contábeis.
1. Contabilidade -‐ Monografia. 2. Auditoria -‐ Monografia. 3. Gerenciamento de Resultados -‐ Monografia. 4. Qualidade da Informação Contábil -‐ Monografia. I. Firmino, José Emerson. II. Ermel, Marcelo Daniel Araújo. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/BS/CCSA CDU 657.6
“Inteligência é a capacidade de se adaptar às
mudanças. ” (Stephen Hawking)
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Universo e à sua constante expansão que nos permite, cada vez mais, nos tornarmos menores ante a sua astronômica amplitude. Agradeço à família pelo equilíbrio e sustentação. A base de tudo. Aos mestres, que permitiram o acesso ao conhecimento e facilitaram os processos do saber. Agradeço aos amigos que surgiram no decorrer da jornada e que, até aqui, mantiveram o senso de irmandade. Agradeço aos bons entendedores das liberdades econômicas e individuais. A evolução continua. Sigamos!
RESUMO O objetivo geral deste estudo foi verificar, nos setores da economia, a relação entre os níveis de gerenciamento de resultados adotados por companhias abertas brasileiras com as firmas de auditoria Big Four e não Big Four, contribuindo, dessa forma, com o debate em torno deste assunto que é de vital importância para gestores e stakeholders. Foi utilizado o modelo Jones Modificado de Dechow et al (1995) para estimar o nível de gerenciamento por meio de accruals discricionários. A pesquisa está baseada em uma amostra composta por 903 observações caracterizadas em um painel desbalanceado que compreende o período de 2011 a 2014. Fez-se uma análise de regressão linear múltipla e dados em painel que apontam os efeitos fixos nos setores e no tempo. Os resultados obtidos apontam que não há diferença estatisticamente significante entre as firmas de auditoria, permitindo afirmar que o tipo de firma (Big Four ou não Big Four) não impacta no nível dos accruals discricionários. Palavras-chave: Gerenciamento de Resultados; Auditoria; Qualidade da Informação
Contábil.
ABSTRACT
The general objective of this study was to verify, in the sectors of the economy, the relationship between the levels of management of results adopted by brazilian publicly-traded companies with the auditing firms Big Four and not Big Four, thus contributing to the debate around this Which is of vital importance to managers and stakeholders. The Jones Modified model of Dechow et al (1995) was used to estimate the level of management through discretionary accruals. The research is based on a sample composed of 903 observations characterized in an unbalanced panel that comprises the period from 2011 to 2014. A multiple linear regression analysis and panel data were obtained that point out the fixed effects in the sectors and in the time. The results show that there is no statistically significant difference between audit firms, allowing to assert that the type of firm (Big Four or not Big Four) does not impact the level of discretionary accruals. Keywords: Earnings Management; Audit; Quality of Accounting Information.
LISTA DE QUADROS
Tabela 1 - Estatísticas descritivas das variáveis do modelo ..................................................... 30
Tabela 2 - Regressão linear múltipla para cada setor ............................................................... 31
Tabela 3 - Efeitos Fixos nas Empresas e no Tempo ................................................................. 33
Tabela 4 - Efeitos Fixos no Setor e no Tempo .......................................................................... 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BM&FBovespa Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CVM Comissão de Valores Mobiliários
IASB Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade
IFRS Normas Internacionais de Relatórios Financeiros
GR Gerenciamento de Resultados
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 1.1 Problemática ............................................................................................................... 11 1.2 Objetivos ...................................................................................................................... 12 1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 13 1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 13 1.3 Justificativa ................................................................................................................. 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15 2.1 Gerenciamento de Resultados ................................................................................... 15 2.2 Assimetria da Informação Contábil .......................................................................... 17 2.3 A Importância da Auditoria em Gerenciamento de Resultados ............................ 19 2.4 ACCRUALS ................................................................................................................ 22 2.4.1 Accruals e Accruals Discricionárias (Discretionary Accruals) ................................... 22 2.4.2 O Modelo de Jones Modificado na Literatura ............................................................. 24 3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 26 3.1 Tipo de Pesquisa ......................................................................................................... 26 3.2 Seleção e Composição Amostra ................................................................................. 26 3.3 Definição e Desenvolvimento do Modelo Empregado ............................................. 26 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ..................................................... 30 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37
10
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade tem como função principal suprir a necessidade da informação por
parte dos usuários internos e externos à entidade (IUDÍCIBUS, 2005). Tal aspecto
informacional é transmitido por meio de Demonstrações Contábeis elaboradas com o objetivo
de apresentar a posição patrimonial e financeira da empresa em um dado período.
As informações contábeis, conforme Souza et al (2008), vêm, cumulativamente, sendo
reconhecidas como um recurso de alta importância aos vários tipos de usuários e a sua
apresentação, quando tornadas públicas, tem promovido todo um processo de evolução e
aprimoramento no que se refere à qualidade, quantidade, profundidade e abrangência. Esse
conjunto de exigências impõe à alta Governança da companhia uma extrema responsabilidade
sobre a qualidade do conteúdo financeiro prestado ao público (COHEN;
KRISHNAMURTHY; WRIGHT, 2004).
A literatura recente, como explica Dechow et al (2010), apresenta situações em que a
qualidade das informações contábeis pode sofrer influências diretas e indiretas do ambiente
institucional e empresarial. Em alguns casos a maior influência pode estar atrelada aos
interesses dos gestores, ocasionando a intervenção arbitrária destes na estruturação dos
números contábeis. É então, nesse aspecto, que surge um dos temas mais discutidos e
investigados nas pesquisas contábeis internacionais e nacionais nos últimos anos:
Gerenciamento de Resultados (earnings management).
O Gerenciamento de Resultados, de acordo com Gioielli et al (2013), pode ser
definido como uma espécie de intervenção voluntária nos relatórios financeiros externos, com
a intenção de não representarem a situação real intrínseca ao negócio. O conteúdo informativo
pode sofrer distorções devido ao uso de práticas de gerenciamento, alterando a informação
contábil e prejudicando seus usuários, principalmente os investidores nas Bolsas de Valores.
Joia (2012) complementa apresentando a ideia de que os gestores podem usar a
discricionariedade, por meio do Gerenciamento de Resultados, para atender interesses
próprios, auferindo ganhos e aumentos de valor para a empresa.
A auditoria independente, por sua vez, conforme Paulo (2007), está entre um dos
principais agentes intermediários da informação, já que estes fomentam a confiança e
credibilidade por parte dos investidores. A presença da auditoria externa, dentro do processo
de comunicação do desempenho das atividades empresariais, contribui para a avaliação e
11
tomada de decisão dos stakeholders, pois, assim como os demais intermediários da
informação, ela auxilia na redução da assimetria informacional, desempenhando condições
mais sustentáveis à governança coorporativa e à eficiência do mercado de capitais.
No contexto contábil moderno, o aumento da subjetividade dá margem, em alguns
casos, a interpretações que, por vezes, podem ser influenciadas ou, de maneira arbitrária,
gerenciadas para atender interesses. No regime de competência, onde o registro das
movimentações contábeis da entidade deve ser feito no período em que estas são realizáveis
Martinez (2001), o campo para as discussões sobre critérios de reconhecimento é amplo e
também promove, sempre que necessário, novas leituras e modificações nas práticas vigentes
por parte dos órgãos internacionais responsáveis pelas divulgações dos pronunciamentos
contábeis.
O ambiente dos negócios e o seu processo de expansão nos mercados do mundo
inteiro aumentaram de forma considerável os níveis de complexidade teórica e técnica, o que
implica tanto nos planejamentos quanto em decisões. Na contabilidade, esse processo
influencia mais ainda no campo da subjetividade envolvida nas transações e nos eventos que
norteiam os dias atuais através da predominância da essência sobre a forma. Os gestores
tornaram-se altos dependentes e necessitados na busca pela compressão das informações
contábeis. Tal fato levou o profissional contábil a níveis mais altos nas organizações, uma vez
que a sua opinião possui, agora, uma carga de valor indispensável para o entendimento dos
negócios.
1.1 Problemática
As empresas de capital aberto, no Brasil, após o processo de convergência e
harmonização, passaram a divulgar seus resultados conforme o padrão internacional de
demonstração contábil. Esse processo promove um alinhamento mundial, inserindo as
companhias nacionais e estrangeiras em uma espécie de produção de informações contábeis e
financeiras com uma linguagem universal.
O novo conjunto de normas contábeis a ser seguido, possibilita algumas escolhas
dentro do processo produtivo da informação contábil. É nesse momento em que a realidade da
empresa pode ser afetada por altos níveis de gerenciamento de resultados. O gestor do
12
negócio, frente a tal situação, pode impor seu poder discricionário sobre os números,
distorcendo e comprometendo a representação fidedigna das demonstrações.
As demonstrações financeiras são o principal meio de comunicação com o público
externo. A auditoria independente tem a função de atestar a veracidade de tais informações,
mostrando, dessa forma, a importância de sua participação no processo. Sabe-se que a sua
contratação é feita, na maioria das vezes, pelos gestores da empresa. Tal processo envolve os
contratos de prestação de serviços mais bem avaliados do mercado, principalmente quando se
trata de uma Big Four como a prestadora. Acredita-se que o porte da firma de auditoria, pode
vir a influenciar comportamentos e decisões; nos negócios, de índices e pessoas. Um estudo
sobre o nível gerenciamento de resultados pode ser um mecanismo apto para quantificar até
que ponto a postura de gestores pode ser afetada em virtude de um processo de auditoria e se
a firma a prestar o serviço possui alguma relação com os níveis de gerenciamento adotados
pelas empresas nos setores da economia.
Os contratos mais caros do mundo, no que se refere à prestação de serviços de
auditoria, são firmados com empresas Big Four. O trabalho realizado por firmas que carregam
esta patente é de alto reconhecimento e credibilidade no mercado e não apenas pela sua
qualidade, mas também pelo nível de independência que elas têm, pois, de acordo com
Martinez (2008), uma grande firma possui maior independência para questionar as
demonstrações contábeis do que a pequena firma. Para Boynton et al (2002), a independência
é a base da profissão de auditoria, pois a neutralidade do profissional em relação à entidade
auditada, resulta em um trabalho objetivo. Isso gera confiança e reconhecimento uma vez que
a imparcialidade impede trabalhos tendenciosos.
Busca-se, portanto, evidências que expliquem o comportamento do gerenciamento de
resultados através das firmas de auditoria das empresas.
Pode-se, dessa maneira, formular a seguinte questão-problema: a firma de auditoria,
Big Four ou não Big Four, pode estar relacionada com o nível de gerenciamento de
resultados em empresas listadas na BM&FBovespa?
1.2 Objetivos
Com a pretensão de buscar evidências em respostas ao projeto levantado, o estudo
apresenta os seguintes objetivos:
13
1.2.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo geral analisar se há interferência nos níveis de
gerenciamento de resultados de empresas listadas na BM&FBovespa, auditadas por Big Four
e Não Big Four. O estudo utilizará o nível de accruals discricionários estimados e se estes
possuem relação com as firmas de auditoria, possibilitando uma análise das empresas através
de seus respectivos setores.
1.2.2 Objetivos Específicos
Para atender o objetivo geral, foram fixados os seguintes objetivos específicos:
a) Avaliar o nível de gerenciamento de resultados de empresas dos setores da economia
através do Modelo Jones Modificado (1995);
b) Verificar o nível de discricionariedade (accruals discricionários) praticado pelos gestores
nos últimos anos nas empresas dos setores analisados;
c) Analisar, através de métodos quantitativos, se as firmas de auditoria, Big Four e não Big
Four, explicam os níveis de accruals discricionários nas maiores empresas listas na
BM&FBovespa.
1.3 Justificativa
A presente pesquisa contribui com os estudos até aqui já desenvolvidos ao redor deste
tema (SINCERRE ET AL, 2016; AZEVEDO E COSTA, 2012; MARTINS, 1999;
MCCULLOCH, 1998). As análises realizadas irão propor uma leitura atual do
posicionamento das grandes empresas e de seus respectivos setores no que se refere ao
gerenciamento de resultados, estruturando, consequentemente, uma leitura sobre negócios
quando auditados por firmas de auditoria Big Four e Não Big Four. A proposta aborda os
efeitos negativos e de risco nas informações quando possuem accruals discricionários
(discretionary accruals).
A necessidade dos usuários da informação contábil portarem uma informação cada vez
mais próxima da realidade atende ao pressuposto da ideia de representação fidedigna. A
conformidade das demonstrações contábeis nunca foi tão cobrada, pelas firmas de auditoria,
como nos últimos anos em virtude da convergência internacional às IFRS.
14
As empresas que operam em Bolsa de Valores representam os setores essenciais da
economia de um país. Assim, é importante que estudos busquem mensurar até que ponto os
setores possuem informações condizentes com a realidade dos fatos econômicos. O estudo no
campo de gerenciamento de resultados é uma forma sólida e objetiva de construir uma
investigação sobre isso.
Por sua vez, a presença obrigatória da auditoria em empresas atuantes em Bolsa de
Valores aproxima o auditor de uma realidade que o torna como um dos controladores da
assimetria informacional. Então, além de se obter os níveis de gerenciamento de resultados
praticados nos setores de uma economia, para este estudo, é interessante e viável que seja
analisado, paralelamente, as firmas de auditoria mais atuantes neles também.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Gerenciamento de Resultados
Diversas são as razões pelas quais a informação contábil empresarial é divulgada. No
entanto, sua divulgação não é realizada apenas pelo fato da garantia da confiabilidade e
fidedignidade do conteúdo apresentado. Outras questões referentes aos interesses particulares
de quem produz as demonstrações contábeis, podem influenciar sobre o que deve ser
divulgado, vindo, dessa forma, a falhar por comprometer a neutralidade da divulgação
(GOULART, 2008).
A possibilidade de os administradores utilizarem, de forma arbitrária, critérios para
alterar as informações contábeis, refere-se a prática de Gerenciamento de Resultados (GR).
Para Healy e Wahlen (1999) o Gerenciamento de Resultados acontece em casos onde há
intervenção da Administração nos relatórios financeiros com base nas suas conclusões
próprias para enganar os stakeholders quanto ao desempenho econômico da empresa.
A prática de Gerenciamento de Resultados, Segundo Schipper (1989), pode ocorrer
sob a perspectiva informacional onde o gerenciamento pretende revelar informações sobre o
valor da empresa ou sob a perspectiva do lucro econômico o qual considera que o
gerenciamento é resultado do comportamento oportunístico dos administradores. Tal
preocupação, quanto a apresentação de melhores desempenhos econômicos, menciona Silva e
Bezerra (2010), se dá pelo objetivo que as empresas têm em atingir seus propósitos estimando
resultados futuros que podem ser manipulados, gerando, desta forma, accruals.
Khamoussi (2016) classifica como Gerenciamento de Resultados os atos praticados
pela administração de forma pessoal com a finalidade de projetar efeitos que ampliem o
resultado para criar boas expectativas nos usurários. A ideia de Schipper (1989) traz uma
abordagem que define o GR como uma espécie de ajuste dos relatórios da empresa para
refletir uma melhor postura econômica, seja para enganar um número de stakeholders ou para
controlar situações contratuais no intuito de obter vantagens.
Para Moreira e Pope (2007) diversos fatores, como notícias externas, custos ou
benefícios, podem influenciar no GR, pois a sua prática, em alguns casos, está ligada ao
histórico de perdas da empresa no mercado. Defond e Park (1997), por outro lado, concluíram
que algumas empresas gerenciam resultados no período corrente visando ganhar vantagens
futuras, ou seja, sem influências de situações passadas.
16
Outras razões que podem motivar a prática do GR, explicam Paulo e Leme (2007),
ocorrem pelo fato de que os gestores evitam a divulgação de resultados negativos, assim
também como se utiliza de tal prática para reduzir a variabilidade dos resultados. Divulgar
resultados negativos pode trazer efeitos indesejáveis, geralmente atrelados à confiança dos
investidores, além de considerar que em diversas empresas, as avaliações de desempenho dos
administradores estão embasadas em informações contábeis, principalmente na sua
remuneração. Situações como estas, onde é possível gerenciar resultados para que não se
apresente resultados contábeis negativos, motivam os administradores a agirem com
discricionariedade.
Outros pesquisadores, como Cardoso e Martinez (2006), Baptista (2009) e Liu (2014),
argumentam sobre o Gerenciamento de Resultados visando o aspecto operacional, ou seja, as
práticas que possuem efeito sobre o fluxo de caixa da entidade, por exemplo: implementar
programas que aqueçam as vendas, conceder descontos, aumentar prazos de recebimentos de
vendas, etc. Tais situações impactam, consequentemente, as receitas e despesas ligadas a
essas atividades.
Para Santos e Corrêa (2011), existem dificuldades para se diferenciar, na prática, o
gerenciamento de resultados da fraude contábil, já que na própria literatura existem opiniões
diversas. O conselho Federal de Contabilidade (CFC) enfatiza, por meio da Resolução nº
1.203/2009, que a fraude consiste em esquemas sofisticados e organizados de maneira
cuidadosa para realizar omissões. Na visão de Santos e Grateron (2003), qualquer ação que
distorça a condição correta da informação deve ser entendida como um tipo de fraude.
A presença de discricionariedade contábil em estruturas de Governança Coorporativa é
tema em diversas pesquisas (TORRES et al., 2009; LARCKER et al., 2007; BARROS et al.,
2013). Acredita-se que a implementação de bons mecanismos de governança diminua a
propensão de a empresa se envolver em situações de Gerenciamento de Resultado, já que
melhores estruturas resultariam em menores possibilidades de manipulação em virtude da
amplificação e melhoria de processos de gestão.
Oliveira et al (2008) esclarece sobre a importância do objetivo principal da
contabilidade quanto a prestação de uma informação útil, clara e fidedigna, uma vez que, ao
ser ignorado, promove aberturas para manipulações. Dessa forma, alertam Matsumoto e
Parreira (2007), os aspectos de transparência e clareza das demonstrações contábeis são
altamente afetados.
17
É importante evidenciar que o avanço do processo de convergência às normas
internacionais, argumenta Klann e Beuren (2011), tem resultado em uma redução dos níveis
de Gerenciamento de Resultados com a adoção das IFRS, em virtude do padrão do IASB
oferecer mais qualidade frente às normas locais de inúmeros países. Isso se deve ao fato de
que os princípios de reconhecimento e evidenciação das IFRS retratam, de maneira mais
próxima à realidade, os eventos e transações contábeis ocorridos. Os efeitos positivos
advindos das inúmeras alterações que trouxeram às empresas a possibilidade de apresentar
uma maior realidade aos investidores, já podem ser notados no mercado.
2.2 Assimetria da Informação Contábil
A contabilidade é a via onde ocorre a publicidade das informações econômico-
financeiras para os usuários da informação. Nesse processo, conforme a ideia de Cardoso e
Martinez (2006), um dos objetivos principais é a redução da assimetria informacional.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis em seu Pronunciamento Conceitual Básico
(2008) elenca os principais usuários da informação, sendo eles: investidores, credores por
empréstimo, fornecedores, clientes, governo e suas agências e o público. Estes irão utilizar as
demonstrações contábeis para satisfazer suas exigências informacionais conforme
necessidades particulares.
Uma vez que a administração da entidade tem total responsabilidade sobre a produção
das demonstrações contábeis, observa Cunha et al (2013) que, nesse contexto, em virtude de
conflitos de interesses, surge o risco de assimetria da informação financeira que nasce da
geração de dados a partir de um agente intencionado em atender causas particulares. Para
Healy e Papelu (2000), a inexistência de regulamentações que proponham aos gestores a
divulgação de informações privadas, impede que um ambiente mais transparente e real seja
criado. Assim, regras mais sólidas possibilitariam soluções nesse sentido.
O uso de Gerenciamento de Resultados implica a perda do valor da informação,
aumentando, assim, a assimetria entre o gestor e investidor quanto a veracidade dos dados,
além de impedir este último de mapear perspectivas futuras (DYE, 1988). No mercado, por
sua vez, as práticas de governança corporativa são mecanismos importantes que buscam,
também, proteger os investidores da discricionariedade dos acionistas controladores ou dos
gestores, seja ela intencional ou não. Além disso, completa Marques (2014), tais práticas de
governança corporativa são vistas pelos investidores e pelo mercado, geralmente, como um
18
meio de atenuar a assimetria informacional e de promover a qualidade das informações
financeiras.
Outro raciocínio a ser levado em conta é o de que uma informação dificilmente será
transmitida totalmente ou estará disponível em sua plenitude. Sabendo disto, considera
Mendes (2001, p.35), que é importante conhecer o grau de assimetria informacional, já que a
possibilidade de se observar o ambiente não é total. Uma vez sendo conhecedor dessa
realidade, o investidor poderá adotar uma postura mais resiliente e utilizar dos seus
conhecimentos ao avaliar as informações do mercado.
As informações diferem dependendo de onde se encontram, pois, de acordo com
Rezende e Nakao (2010), se o gestor empresarial mantém informações importantes ao
negócio diferentes das utilizadas pelo investidor, é possível que haja uma mudança nos
números contábeis, já que as informações poderão ser selecionadas de acordo com a sua
conveniência. Com isso, segundo Nardi e Nakao (2009), as escolhas discricionárias são ações
que potencializam conflitos entre gestores e investidores e que acentuam os níveis de
assimetria informacional.
O mercado, por sua vez, dadas as circunstâncias, impõe aos gestores situações
adversas e altamente subjetivas que acabam por influenciar o seu julgamento. De acordo com
Denis e Sarin (2001), no circuito internacional, em períodos próximos de emissões de ações,
por exemplo, as empresas fazem uso da assimetria existente entre as informações disponíveis
aos gestores e aquelas disponíveis aos usuários externos para gerenciar seus resultados. Para
Bispo (2010), o Brasil uma vez inserido no rol de países comprometidos com a adoção das
IFRS, espera-se maior transparência e solidez das informações financeiras, tornando-se estas
mais seguras e comparáveis para suportar a diversidade de transações e operações do mercado
de capitais brasileiro.
Ao analisar o comportamento entre o mercado do Brasil e dos Estados Unidos,
Machado et. al. (2012) constatou que os accruals discricionários nos Estados Unidos
apresentam padrões já esperados para a assimetria em períodos de recessão e expansão
econômica, mas no Brasil o efeito é ainda mais significativo, principalmente em épocas de
recessão onde as empresas buscavam, possivelmente, aproveitar a oportunidade do mercado
em baixa para contornar os efeitos gerenciando resultados.
19
A Teoria da Agência, desenvolvida por Jensen e Meckling (1976), passou a ser tema
central no que se refere aos assuntos que envolvem a relação entre agente e principal, cujos os
interesses divergem. Para Nardi e Nakao (2009), essa teoria está fundamentada na
inexistência de agente perfeito ou livre de erro e na existência de assimetria informacional.
Assim, a contabilidade tem a capacidade de promover a simetria entre a empresa e os usuários
da informação.
Uma empresa com alto nível de gerenciamento de resultados pode perder,
razoavelmente, a lógica conjuntural nas transações dos negócios, pois, como observa Cardoso
e Martinez (2006), a entidade é vista como um nexo de contratos e pode sofrer fragilidades
nesse sentido quando o oportunismo de seus gestores influenciar no objetivo de seus contratos
e na sua completude legal. Nesse contexto, o equilíbrio entre gestores e usuários deve ser
considerado desde o início das transações até a conclusão delas, pois denota um processo de
segurança informacional contínuo e livre de instabilidades.
Analisando o comportamento histórico com relação a ganhos e perdas de determinadas
organizações, Moreira e Pope (2007) notaram que dependendo do sinal de seus retornos no
mercado, do aumento ou redução das suas dívidas e de sua credibilidade frente aos
investidores, a empresa pode sentir influência do meio e seguir vias de gerenciamento de
resultados, criando, dessa forma, um ambiente assimétrico e desapropriado para aqueles que
acreditam estar diante de uma informação fidedigna.
2.3 A importância da Auditoria em Gerenciamento de Resultados
A auditoria independente assume, entre empresa e stakeholders, uma posição de
intermediação das informações quanto à confirmação da veracidade dos dados, tendo, dessa
forma, um papel crucial no processo de redução da assimetria informacional entre gestores e
investidores (MARQUES et al, 2012). A realização dos trabalhos de auditoria consiste na
seleção e execução de procedimentos para a obtenção de evidências a respeito dos valores e
divulgações apresentados nas demonstrações financeiras, onde, posteriormente, com base nos
resultados, uma opinião será emitida.
Para Firmino et al. (2010), melhores decisões são tomadas quando se tem informações
de qualidade, pois estas elevam a probabilidade de maior eficiência econômica já que, uma
vez auditadas, as demonstrações financeiras tendem a expressar maior confiança.
20
Existe uma série de fatores que pode influenciar no estilo da auditoria, por exemplo, o
tipo ou porte do cliente, as ambientações de determinados setores e etc. Para alguns
pesquisadores (FRANCIS et al., 2014; GIRÃO et al., 2015), em virtude destes fatores, o
aprimoramento do estilo de auditoria (auditor style), caracterizado por alguns conjuntos de
regras de trabalho e implementação de padrões, é essencial para a melhoria dos
procedimentos utilizados e, consequentemente, dos resultados a serem obtidos.
Uma auditoria, quando bem-sucedida, observa Cunha et al. (2013), levará em conta a
efetividade da independência profissional sempre que identificar rupturas nas informações no
sentido de notificá-las e submetê-las aos devidos testes. É a partir de situações como esta que
a autonomia da profissão é percebida no mercado e sentida pela empresa, pois a postura
profissional diz muito sobre até que ponto o trabalho realizado irá assegurar o negócio,
livrando-o, por exemplo, de potenciais riscos de gerenciamento de resultados.
A alternância das empresas de auditoria, decorrente da IN. N. 308/99 da CVM que
instituiu a obrigatoriedade de rotatividade nas firmas que auditam empresas de capital aberto
trouxe diversos benefícios para o mercado. Uma das intenções com a rotatividade é que ela
assegure uma maior independência, pois se acredita que quanto mais tempo a mesma firma de
auditoria permanecer com o cliente, menores serão suas chances de manter a objetividade do
trabalho livre de influências e interesses. No entanto, de acordo com Martinez (2008), os
oponentes à nova regra argumentam que o processo de mudança de firma é de alta
onerosidade para a empresa, além de que se perde uma grande parte do conhecimento prévio
quanto à situação histórica do negócio que seria um componente importante à crítica e
detecção de riscos de continuidade.
Nas empresas de auditoria, o crescente turnover, termo em inglês caracterizado pela
movimentação de admissão e desligamento de profissionais de uma determinada firma,
sinaliza a existência de um mercado altamente competitivo no que se refere a essa mão de
obra especializada. Para Beuren et al. (2014), a percepção de justiça organizacional destes
profissionais influencia, de maneira significativa, a satisfação do trabalho, o
comprometimento organizacional e a intenção de saída do auditor da organização. Assim, foi
observado que decisões tendenciosas dos gestores de firmas de auditoria, por colocarem em
risco o produto final a ser desenvolvido, reduzem a satisfação e o comprometimento dos
auditores com o trabalho, além de ampliar as chances de o profissional deixar a organização.
21
Para Silva e Silva (2014), os eventos extraordinários que marcaram o início do milênio
exemplificados pelo colapso da Enron em 2001 e da Arthur Andersen em 2002, fizeram surgir
uma série de críticas em relação à qualidade e aos trabalhos de auditoria realizados pelas
maiores firmas do segmento. Tais questionamentos potencializam a ideia de que algumas
empresas de grande porte gerenciam resultados mesmo quando auditadas por Big Four e que
as demonstrações financeiras vão a público com níveis acentuados de assimetria
informacional.
Com a adoção obrigatória das IFRS, alguns estudos (FLOROU e POPE, 2012; HONG,
2013) constataram efeitos positivos no mercado de capitais, havendo melhoria na qualidade
da informação nas demonstrações financeiras. O processo de modernização da contabilidade,
a partir das alterações nas normas, trouxe um maior grau de complexidade no
reconhecimento, mensuração e evidenciação dos elementos a serem registrados. Isso reflete
diretamente no trabalho de quem prepara a informação contábil e no exercício de quem as
audita, uma vez que os critérios de julgamento são de alta subjetividade (MUNHOZ et. al,
2014). Nesse sentido, a auditoria atua de maneira relevante e colabora de diversas formas com
a sociedade, os negócios, o governo e a economia.
Segundo Almutairi et al. (2009), campos de trabalho com menor assimetria
informacional estão ligados a auditores mais competentes. Nesse sentido, alguns estudos
realizados focam em investigar os níveis de gerenciamento entre empresas auditadas por Big
Four e Não Big Four. Os resultados obtidos por Cunha et al (2013), mostram que a qualidade
da informação contábil de empresas auditadas por Big Four não possui níveis de
gerenciamento de resultados significativamente diverso das empresas auditadas por Não Big
Four. O presente estudo traz como aspecto de diferencial, uma análise setorial que possibilita
uma visualização detalhada e individual em cada setor da economia. Para Martinez e Reis
(2010), o nível de gerenciamento de resultados de empresas auditadas por Big Four é
significativamente menor, porém havendo ou não rodízio dos auditores independentes, a
proxy de gerenciamento de resultados não apresenta diferenças significativas.
No mercado financeiro, especificamente, a qualidade da auditoria também é um
aspecto de alta relevância, tanto para os usuários da informação contábil quanto para a
literatura. Após um estudo desenvolvido por Chen et al. (2005), foi constatado que o nível de
gerenciamento de resultados em empresas em processos de IPO é menor quando elas são
auditadas por Big Four, inferindo, assim, que o porte da firma de auditoria está ligado com
22
um engajamento maior ou menor da empresa em gerenciamento de resultados. Colaborando
com essa ideia, Gioielli et al (2013), concluíram que os investidores de capital de risco, em
processos de IPO, valorizam, principalmente, a reputação como aspecto relevante ao se fazer
a escolha do auditor, uma vez que ela indica compromisso para não gerenciar os resultados.
Nesse sentido, o auditor tem o propósito não somente de evitar situações de fraude contábil,
mas de evitar posturas conservadoras e agressivas que potencializem o gerenciamento de
resultados.
2.4 ACCRUALS
2.4.1 Accruals e Accruals Discricionárias (Discretionary Accruals)
A princípio, explica Martinez (2001), que o regime de competência (Accrual Basis)
estabelece que o registro das movimentações contábeis da entidade deve ser feito no período
em que estas são realizáveis. De acordo com esse princípio, a receita é reconhecida de acordo
com sua realização, e no mesmo período devem ser confrontadas as despesas necessárias para
a efetivação daquela receita. No regime de caixa (Cash Basis), por outro lado, este
procedimento é diferente, já que se focaliza, exclusivamente, nos registros das entradas e
saídas de disponibilidade. Com base nesse entendimento, percebe-se que o lucro líquido do
negócio não será igual ao fluxo de caixa líquido, o que resultará em uma diferença conhecida,
na literatura internacional, como accruals. Assim, em função do princípio da competência,
espera-se que, com certa frequência, sejam realizados lançamentos que terão a natureza de
accruals.
O estudo dos accruals é muito importante, pois, como descrevem Lopes e Martins
(2005), é neles que reside um alto conteúdo informativo para a contabilidade, além de
trazerem a perspectiva para a análise da qualidade da informação contábil para o mercado de
capitais. Sendo os accruals um componente do lucro contábil, uma vez que se referem a
ajustes provenientes do regime de competência o quais permitem informações adicionais ao
fluxo de caixa, a sua natureza subjetiva torna maior ainda a chance de assimetria entre a firma
e o mercado.
Para reforço teórico, conforme explana Swaelen (2008), o resultado contábil é
composto por dois componentes: fluxo de caixa e accruals. Define-se fluxo de caixa como o
total de entradas e saídas de recursos financeiros em um determinado período que obedece ao
regime de caixa (cash basis). Os accruals seriam as contas 'não-caixa' do Balanço Patrimonial
23
que seguem o regime de competência (accruals basis), ou seja, diferem o momento do
reconhecimento de um evento econômico do momento da sua liquidação (caixa), de fato. Por
essa razão, além de um componente ‘caixa’, o Balanço Patrimonial possui um componente
‘não-caixa’ (accruals), resultante de estimativas dos gestores e passível de manipulação.
Cunha et al (2015), ao abordarem sobre accruals, conceituam que esta pode ser
definida como a diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa operacional, pois referem-se
a todas as contas de resultados que influenciam no lucro da empresa, e que não implicam na
movimentação dos fluxos de caixa. Neste caso, independente de movimentação financeira, o
lucro é mensurado no sentido econômico de aditar riqueza patrimonial na empresa.
No contexto histórico, Healy (1985) foi o precursor a utilizar a metodologia que
estudava os accruals, na época, definidos entre accruals agregados ou totais. Os accruals
totais foram divididos em: discricionários e não-discricionários. A parte discricionária é
aquela onde o gestor pode, de maneira arbitrária e intencional, gerenciar os resultados no
intuito de atender interesses próprios, e a não discricionária é a não gerenciável, pois esta
surge de forma natural no processo das movimentações contábeis.
Martinez (2008), explica que em virtude do fato de que o gestor possa, eventualmente,
tomar a decisão de aumentar ou diminuir os accruals por razões alheias à realidade do
negócio, faz-se necessário subdividir os accruals em discricionárias (discretionary accruals) e
não discricionárias (non discretionary accruals). A literatura acadêmica considera que os
accruals discricionários seriam uma proxy do gerenciamento de resultado e que uma vez
reconhecidos de forma errônea em determinado período, não se está alterando apenas o
resultado corrente, mas também resultados futuros.
Questionamentos sobre relação entre os accruals discricionários e não discricionários
mostram a importância dos estudos que buscam entender a forma como os gestores se
preocupam com as variações dos resultados da empresa. Nesse sentido, McCulloch (1998),
evidencia que haverá uma correlação negativa entre accruals discricionários e os não
discricionários se os gestores alterarem os resultados em resposta às flutuações em accruals
não discricionários se estas estiverem atingindo as receitas mais estáveis da empresa.
Portanto, a contabilização dos accruals é indispensável para que o registro ocorra de
forma adequada, mediante o princípio da competência. A determinante para a sua existência
24
se trata de uma questão temporal que pode ser notada pela diferença entre o Cash Basis e o
Acrrual Basis (MARTINS, 1999).
2.4.2 O Modelo de Jones Modificado na Literatura
Após o modelo inaugural de Jones (1991) que estimava os accruals não
discricionários a partir de regressão com base na variação da receita e dos investimentos em
ativo imobilizado, Dechow et. all (1995) aperfeiçoaram o modelo de Jones, implementando a
premissa de que o gerenciamento de resultados, também, envolveria o contas a receber.
Para Paulo e Leme (2007), o modelo de Jones modificado, que estima os accruals
discricionários, tem o intuito de controlar o efeito das mudanças nas situações econômicas da
empresa sobre os accruals, além de diminuir o incremento nas contas a receber das variações
de vendas, pois considera relativamente grande as chances de manipulação das vendas a
prazo.
Moura et all. (2015), definem o modelo de Jones modificado como um dos mais
utilizados na literatura, bem como favorece uma maior praticidade na execução, gerando
accruals sólidos ao desempenho e oportunismo, destacando os accruals discricionários que
são capazes de estimar a extensão da ocorrência de gerenciamento nos resultados.
A detecção de gerenciamento de resultados, através da abordagem do modelo de Jones
modificado, se mostra eficiente em várias pesquisas que buscam constatar a possibilidade de
manipulação em operações no capital de giro, emissão de debêntures, crescimento de vendas e
outros. Sincerre et al (2016), utilizaram como proxy os accruals discricionárias correntes e
constataram que as empresas inflam seus resultados financeiros no período de emissão de
títulos de dívidas (debêntures), com a intenção de influenciar positivamente seus investidores.
A forte relação com o crescimento de vendas mostrou que era através dessa variável que se
gerenciavam os resultados.
Para entender o possível efeito da troca de firma de auditoria no gerenciamento de
resultados, Azevedo e Costa (2012), através do modelo de Jones modificado, encontraram
evidências de que não há necessariamente redução do nível de gerenciamento de resultado
sempre que existe troca da firma de auditoria, seja ela Big Four ou não.
25
Chan et al (2014), utilizaram o modelo de Jones modificado para medir o
conservadorismo do auditor nas políticas de alguns tipos auditorias realizadas na China, onde
foi estimado que o nível de accruals discricionários é menos positivo quando o
conservadorismo do auditor é maior. Assim, o modelo se mostra útil para estudos ligados aos
aspectos de qualidade do trabalho prestador pelo profissional de auditoria.
26
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Pesquisa
Com a finalidade de atingir o objetivo deste trabalho, foi realizada uma pesquisa
exploratória de abordagem quantitativa que organizou conhecimentos mais amplos,
agregando características não claramente explícitas, assim como procurando dimensões ainda
desconhecidas de uma temática que necessita de melhor compreensão na área do
conhecimento (BEUREN, 2003). Em linhas gerais, a pesquisa busca ampliar os
conhecimentos sobre o gerenciamento de resultados nas empresas listadas na BM&FBovespa,
identificando se a firma de auditoria, seja ela Big Four ou não, possui relação com os níveis
de gerenciamento das companhias. O método caracteriza-se como quantitativo com a
utilização de modelos operacionais através de regressão linear múltipla e dados em painel. Foi
utilizado o software STATA® no processo produtivo das estatísticas deste estudo.
3.2 Seleção e Composição da Amostra
A amostra deste estudo foi composta por meio de uma seleção entre companhias
listadas na BM&FBovespa, coletando-se informações das empresas no período compreendido
entre 2011 a 2014. Após coleta de informações, foram excluídas da amostra empresas que
não apresentam dados insuficientes para a análise do comportamento do nível de
gerenciamento de resultados. A amostra final foi composta por 903 observações, tratando-se
de um painel desbalanceado, ou seja, uma análise que não possui um número exato de
empresas/ano. As informações úteis à elaboração dos dados foram extraídas da plataforma
Bloomberg e do site da BM&FBovespa através dos Formulários de Referência, Formulários
Cadastrais e Demonstrações Financeiras. Cabe ressaltar que as empresas estão dispostas nos
setores conforme a classificação listada na plataforma Bloomberg.
3.3 Definição e Desenvolvimento do Modelo Empregado
Conforme abordado anteriormente, os números contábeis podem ser gerenciados com
o intuito de influenciar a forma como os usuários externos visualizam a posição do
desempenho da empresa. Tal postura discricionária dos gestores pode ter relação,
principalmente, com as firmas de auditoria, assim como com outras variáveis. Dessa forma,
com o emprego de métodos estatísticos, buscaram-se evidências para comprovar se
27
determinada firma de auditoria, Big Four ou não, possui relação com o nível de
discricionariedade encontrado no nível de gerenciamento de resultados estimados com base
nos acrruals discricionários das empresas listadas.
Os procedimentos para estimar os accruals discricionários (proxy) serão realizados
através do modelo de Jones Modificado (DECHOW et al, 1995). Este modelo serve para
controlar o efeito das oscilações nos eventos econômicos da empresa sobre os accruals, além
de diminuir o incremento nas contas a receber das variações de venda, uma vez que ele
considera a alta possibilidade de manipulação das vendas a prazo. Este é descrito da seguinte
maneira:
𝑁𝐷𝐴𝑖𝑡 = α !!it - 1
+ β!∆!"#!∆!"#$
!it - 1+ β!
!!"!"!it - 1
(1)
Em que:
NDAit = accruals não-discricionários da empresa i no período t;
∆Rit = variação das receitas líquidas da empresa i do período t-1 para o ano t, ponderada pelos
ativos totais no final do período t-1;
∆CRit = variação da conta duplicatas a receber (clientes) da empresa i do período t-1 para o t,
ponderada pelos ativos totais no final do período t-1;
PPEit = saldo final da conta Ativo Imobilizado e Ativo Diferido da empresa i no período t,
ponderada pelos ativos totais no final do período t-1;
Ait-1 = ativo total da empresa i no período t-1;
α, β1 e β2 = coeficientes estimados pelo modelo original de Jones (1991), equação 2.
O modelo original de Jones (1991), utilizado para estimar os parâmetros da
equação 1, é descrito a seguir:
!"!"!!"!!
= α! !
!it - 1+ β!!
∆!"#!it - 1
+ β!!!!"!"!it - 1
+ 𝜀! (2)
Em que:
TAit = total das accruals da empresa i no período t, ponderada pelos ativos totais no final do
período t-1;
28
∆Rit = variação das receitas líquidas da empresa i do período t-1 para o ano t, ponderada pelos
ativos totais no final do período t-1;
PPEit = saldo final da conta Ativo Imobilizado e Ativo Diferido da empresa i no período t,
ponderada pelos ativos totais no final do período t-1;
Ait-1 = Ativo total da empresa i no período t-1;
εit = termo de erro.
Sendo que para se obter os accruals totais procede-se da seguinte forma:
𝐴𝑐! =∆𝐴𝐶! − 𝐷𝑖𝑠𝑝! − ∆𝑃𝐶! − ∆𝐷𝑖𝑣! − 𝐷𝑒𝑝𝑟!
𝐴!!! (3)
Em que:
Act = accruals (operacionais) totais da empresa no período t;
∆ACt = variação do ativo corrente (circulante) da empresa no final do período t-1 para o final
do período t;
∆PCt = variação do passivo corrente (circulante) da empresa no final do período t-1 para o
final do período t;
∆Dispt = variação das disponibilidades da empresa no final do período t-1 para o final do
período t;
∆Divt = variação dos financiamentos e empréstimos de curto prazo da empresa no final do
período t-1 para o final do período t;
Deprt= montante das despesas com depreciação da empresa durante o período t;
At-1= ativos totais da empresa no final do período t-1.
Por fim, os accruals discricionários da empresa i no período t são calculados da
seguinte maneira (DECHOW et al, 1995):
𝐷𝐴! = 𝑇𝐴! − 𝑁𝐷𝐴! (4)
Em que:
DAt= accruals discricionários da empresa no período t;
29
TAt= accruals totais da empresa no período t (equação 3);
NDAt= accruals não-discricionários da empresa no período t (equação 1).
Após a estimação dos accruals discricionários das empresas, para analisar se os níveis
destes possuem alguma associação com a firma que prestou o serviço de auditoria, realizou-se
uma regressão linear múltipla entre as firmas de auditoria e os níveis de gerenciamento de
resultados adotados nas empresas, com o intuito de observar o grau de associação entre estas
variáveis. Os resultados estão dispostos em painel (Tabela 2). Uma análise de dados em painel
com os efeitos fixos no indivíduo, no setor e no tempo também foi realizada neste estudo para
ampliar entendimento quanto ao comportamento dos dados no tempo (Tabele 4 e 5).
Utilizou-se o software STATA® nos procedimentos estatísticos.
As variáveis utilizadas nesta pesquisa foram:
• Os accruals discricionários obtidos pelo modelo de Jones Modificado (DECHOW et
al, 1995);
• As firmas de auditoria do grupo das Big Four na seguinte ordem: Ernst & Young,
KPMG e PwC. Todas estas estão sendo comparadas com a Deloitte (intercepto). As
demais firmas de auditoria, as não Big Four, foram incluídas na análise dos dados em
painel.
• A existência de um Comitê de Auditoria na empresa;
• O tamanho da empresa. A proxy utilizada foi o logaritmo do ativo total (Lnativo);
• Alavancagem. Este foi obtido através do total de dívida sobre o total do ativo;
Os modelos empregados para a regressão múltipla e para a análise de dados em painel,
são descritos a seguir:
𝑌 = 𝛽! + 𝛽!𝑋! +⋯+ 𝛽!𝑋! + 𝐸
Em que:
𝑌 = Accruals discricionários;
𝑋!…𝑋! = auditoria, comitê de auditoria, lnativo e alavancagem, respectivamente;
𝛽!…𝛽!= parâmetros desconhecidos do modelo (a estimar);
30
E= variável aleatória residual na qual procuram incluir todas as influências no
comportamento da variável Y que não podem ser explicadas linearmente pelo comportamento
das variáveis explicativas e os possíveis erros de medição.
O modelo de dados em painel possui algumas vantagens, como: controle da
heterogeneidade individual, ou seja, possibilita medir de forma separada os efeitos gerados
em virtude das diferenças existentes entre as observações; avalia a evolução das variáveis ao
longo do tempo para um dado indivíduo; investiga o efeito do tempo nos dados e etc. Este é
descrito a seguir:
𝑌!,! = 𝛽! + 𝛽! !,! +⋯+ 𝛽! !,! + 𝐸!"
Em que:
𝑌!,!= Accruals discricionários no indivíduo e no tempo;
𝛽!= Efeitos aleatórios específicos de indivíduo;
𝛽! !,! …𝛽! !,!= vetor de auditoria, comitê de auditoria, lnativo e alavancagem, respectivamente;
𝐸!"= erro.
31
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Inicialmente, é apresentada a análise descritiva das companhias brasileiras listadas na
BM&FBovespa (Tabela 1). Realizaram-se 903 observações com as empresas integrantes da
amostra, sendo estas posicionadas no agrupamento de dados conforme setor de atuação que
obteve uma média de 90,3 no total de observações. Além das variáveis principais deste
trabalho, gerenciamento de resultados (GR) e firma de auditoria (Big Four), adicionalmente,
tem-se: comitê de auditoria, lnativo, alavancagem e análise nos anos.
Além da média, como medida de tendência central, estão descritas as medidas de
dispersão para as variáveis através do desvio padrão, mínimo e máximo. Sabe-se que o desvio
padrão é o valor que quantifica a dispersão das respostas em relação à média. Quanto maior o
desvio padrão, maior o nível de dispersão dos dados em relação a média. Assim, com base na
análise, as variáveis GR, Comitê de Auditoria e Alavancagem, apresentaram dispersões altas
pelo nível do desvio padrão; o lnativo, proxy para o tamanho da empresa, não apresentou uma
dispersão alta em relação à média.
A tabela 2 evidencia os resultados da regressão linear múltipla das empresas para cada
setor, onde as variáveis das empresas de auditoria tentam explicar os níveis de accruals
discricionários (DECHOW et al, 1995) do modelo de gerenciamento de resultado (GR)
adotado. Nenhuma das regressões a seguir apresentaram problema de multicolinearidade (de
acordo com o teste VIF), os erros foram estimados de forma robusta, para minimizar algum
problema de heterocedasticidade que possa existir.
Variável Média Desvio Padrão Mínimo MáximoGR .0028142 .0503107 - .2446 1.3396Big Four .8604651 .3466958 0 1Comitê de Auditoria .1738649 .3792033 0 1lnativo 7.408135 1.623971 2.03732 12.7094Alavancagem 27.80759 17.75981 0 79.48
Ano2011 .200443 .4005537 0 12012 .2115172 .4086105 0 12013 .2081949 .406242 0 12014 .1827243 .3866544 0 1
Número de OBS= 903Número de setores= 10Obs por Setor: 90,3 21 171Fonte: dados da pesquisa
Tabela 1 - Estatísticas descritivas das variáveis do modelo
32
As principais variáveis deste estudo, conforme descrito na regressão, são as empresas
Big Four que estão descritas na seguinte ordem: Ernst Young (EY), KPMG e PwC. Todas
elas estão sendo comparadas com a Deloitte. Utilizaram-se as empresas de auditoria nos anos
de 2011 a 2014 para verificar se existia relação significativa com o nível de gerenciamento de
resultados adotados nas empresas por meio de accruals discricionários.
Os resultados da tabela 2 indicam que no setor das Holdings existe uma relação
significativa, a um nível de 5% de significância, entre um maior gerenciamento de resultados
e empresas auditadas pela EY. O mesmo pode ser observado, neste mesmo setor, com a PwC
e KPMG, respectivamente, mas com um nível de significância de 10%. Tais relações possuem
sinal positivo para os resultados de que existe associação entre um maior nível de accruals
discricionários para empresas auditadas por esta firma. A capacidade explicativa do modelo,
considerando o R² de 0.718, indicando que aproximadamente 72% do comportamento dos
níveis de gerenciamento (accruals discricionários) é explicado pelas firmas de auditoria.
Variáveis GR GR GR GR GR GR GR GR GR GREY -0.00360 0.0122 0.00254 0.00239 0.0657** 0.00427 -0.00657 0.0104 0.00832 -0.0124**
(0.00852) (0.0143) (0.00519) (0.00443) (0.0249) (0.00637) (0.00748) (0.0114) (0.00519) (0.00618)KPMG -0.0116 0.0132 2.82e-06 -0.000556 0.0624* 0.0172 0.00801 0.00548 0.00956 -0.00677
(0.00804) (0.0198) (0.00556) (0.00446) (0.0281) (0.0122) (0.00486) (0.0199) (0.00656) (0.00581)PWC -0.000545 -0.000286 0.000331 0.00453 0.0786* 0.0100 0.00501 0.00785 0.0114** -0.00107
(0.00493) (0.0189) (0.00498) (0.00419) (0.0367) (0.00923) (0.00480) (0.0181) (0.00553) (0.00618)Comitê de Aud. 0.0173 -0.00688 -0.00256 0.00231 0.00444 0.000366 -0.00177 -0.000243 -0.000965
(0.0115) (0.0125) (0.00304) (0.00307) (0.00837) (0.00462) (0.0119) (0.00495) (0.00310)Lnativo -0.000620 -0.00148 -0.00249 -0.00139 0.00185 -0.000959 0.00355** 0.0432 0.000535 -0.00619***
(0.00157) (0.00260) (0.00298) (0.00134) (0.00565) (0.00176) (0.00173) (0.0287) (0.00210) (0.00180)Alavancagem 8.97e-05 0.000163 0.000137 0.000117 0.00115 0.000254 9.66e-05 -0.00157 -0.000149 -0.000144
(0.000158) (0.000289) (0.000180) (9.08e-05) (0.000673) (0.000178) (0.000142) (0.00103) (0.000126) (0.000157)2011 0.00213 -0.000376 0.00343 -0.00271 -0.00611 -0.00225 -0.00647 0.0115 -0.00660 -0.00415
(0.00491) (0.0118) (0.00528) (0.00368) (0.00846) (0.00803) (0.00440) (0.0108) (0.00565) (0.00464)2012 0.00530 -0.0103 -0.000344 -0.00723** -0.0139* 0.0121 -0.00995** -0.00944 0.00121 -0.00458
(0.00743) (0.0129) (0.00539) (0.00356) (0.00654) (0.00917) (0.00436) (0.0160) (0.00571) (0.00452)2013 0.00273 -0.0115 0.00257 0.00258 -0.00221 0.0104 -0.0130 0.0132 0.00575 -0.00371
(0.00654) (0.0159) (0.00478) (0.00458) (0.00987) (0.00898) (0.0105) (0.0215) (0.00553) (0.00398)2014 0.0136** 0.00243 0.0111 0.00413 -0.00935 0.00732 -0.00534 0.00907 0.0158* 0.00754
(0.00676) (0.0119) (0.00675) (0.00528) (0.00938) (0.0110) (0.00413) (0.0179) (0.00813) (0.00833)Constante 0.00117 0.0109 0.0140 0.00544 -0.101 -0.00983 -0.0238 -0.255 -0.0101 0.0682***
(0.0156) (0.0238) (0.0200) (0.00980) (0.0815) (0.0146) (0.0145) (0.165) (0.0143) (0.0207)Observações 79 28 139 142 15 29 147 21 80 97R² 0.116 0.332 0.060 0.077 0.718 0.337 0.098 0.483 0.178 0.225Legenda: *significativo a 0,1 (90%); **significativo a 0,05 (95%); ***significativo a 0,01 (99%).*** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 2 - Regressão linear múltipla para cada setor.
Materiais Básicos
Consumo Cíclico
Consumo não-Ciclico
Petróleo, Gás e Bioc. Industrial
Energia e Saneam.
Telecomuni-cação
Diversos (Holdings) TecnologiaFinanceiro
33
O setor Industrial apresentou um coeficiente de 0.0114**, ou seja, a um nível de
significância de 5%, mostrando relação entre um maior nível de gerenciamento e empresas
auditadas pela PwC para este setor. No entanto, ao observarmos o coeficiente de determinação
(R²) obtido pelo modelo, vimos que ele demonstrou um valor de 0.178 - aproximadamente
18%. Tal resultado indica que o poder de explicação do modelo é pouco significativo.
As empresas do setor de Energia e Saneamento, por sua vez, apresentaram um
resultado negativo -0.0124**. Neste caso, vemos que não existe uma relação forte entre um
maior nível de discricionariedade nos resultados das empresas deste setor e empresas
auditadas pela EY. Para este caso o modelo também se mostrou pouco significativo, trazendo
um R² de aproximadamente 23%.
De modo geral, os resultados nesta regressão foram consideráveis para as empresas do
setor de Holding, mas para os demais setores o modelo mostrou baixo poder de explicação na
relação das variáveis independentes (firmas de auditoria) com a variável dependente de
gerenciamento (accruals discricionários). Assim, não se obteve diferença estatisticamente
significante. Esse resultado corrobora com pesquisas realizadas por Cunha et al (2013), Azevedo e Da Costa (2012) e Martinez e Reis (2011).
Adicionalmente, a variável Lnativo, proxy utilizada para classificar o tamanho da
empresa com base no ativo total, apresentou um resultado interessante para o setor de Energia
e Saneamento, onde a um nível de significância alto, no caso, de 1%, trouxe um resultado
negativo de -0.00619***, mostrando que não existe relação entre um maior nível de
gerenciamento de resultados e o ativo total da empresa, neste setor. Para as empresas dos
demais setores, quanto ao tamanho do ativo, não foi obtido um resultado significante que
confirmasse um grau de associação maior entre o accruals discricionários e as firmas de
auditoria.
Como modelo de robustez, foram estimadas regressões com os dados dispostos em
forma de painel, com efeitos fixos nas empresas e no tempo, conforme tabela 3. Observa-se,
ainda, que a disposição dos dados em painel e a ideia de proceder um método que analise os
resultados pelos setores, proporciona um maior entendimento sobre como o gerenciamento de
resultados de apresenta nos setores, ao mesmo tempo que gera um grau maior de
detalhamento do comportamento e dos efeitos entre os setores.
34
Os resultados obtidos com base nos efeitos fixos nas empresas e no tempo, também
não apontaram diferença estatisticamente significante. Entretanto, o setor de
Telecomunicação, pode ser destacado nesta análise. Nele, o nível de discricionariedade nos
resultados da empresa mostrou uma relação significativa entre um maior nível de
gerenciamento e empresas auditadas pela KPMG. O coeficiente obtido, de 0.0365***, possui
o coeficiente de determinação mais alto quando comparado com os demais, já que a um nível
de 64% a variável X está explicando Y. Contudo, a capacidade preditiva das variáveis
manteve-se baixa para a maior parte dos setores e o coeficiente de determinação (R²) foi
pouco explicativo tomando como base uma análise geral para os efeitos gerados nas empresas
e no tempo.
Por último, foi realizada outra análise de dados em painel com os efeitos fixos no setor
e no tempo, dessa vez, incluindo as demais firmas de auditoria - as não Big Four – e, também,
uma análise adicional na 3ª coluna para as empresas que possuem o profissional analista de
investimentos.
Variáveis GR GR GR GR GR GR GR GR GR GR
EY 0.00141 -0.00185 0.00504 0.00140 0.0438* -0.00464 0.0320 0.00306 0.000615(0.0107) (0.0150) (0.00694) (0.00500) (0.0197) (0.00468) (0.0466) (0.00722) (0.00543)
KPMG -0.0142 0.0365*** -0.00131 -0.00144 0.00726 0.0238 0.00669 -0.00533 0.00766 -0.00760(0.0112) (0.00644) (0.00635) (0.00325) (0.0188) (0.0139) (0.00494) (0.0213) (0.00917) (0.00750)
PWC 5.56e-05 0.0267 0.00559 0.00539 0.0225 0.00446 0.00533 0.00988** -0.00152(0.00659) (0.0168) (0.00486) (0.00387) (0.0182) (0.00600) (0.0172) (0.00464) (0.0104)
Comitê de Aud. 0.0298 -0.00152 0.00560 0.00131 0.0252 -0.00118 -0.0197 0.00606 -0.0141*(0.0192) (0.00901) (0.00572) (0.00695) (0.0186) (0.00690) (0.0351) (0.00668) (0.00773)
Lnativo 0.0457** 0.0242** -0.00173 -0.00136 0.000392 -0.00639 0.00306 0.106 -0.0115 -0.0183**(0.0205) (0.00858) (0.00997) (0.00815) (0.00261) (0.00730) (0.00471) (0.114) (0.0154) (0.00734)
Alavancagem 0.000716 0.000231 -9.11e-05 5.15e-05 0.00185 0.000256 -0.000174 -0.00299 0.000345 0.000396
(0.000561) (0.000346) (0.000237) (0.000201) (0.00120) (0.000264) (0.000182) (0.00341) (0.000326) (0.000302)
2011 0.00279 -0.0171 0.00472 -0.00200 -0.00642 -0.00588 -0.00212 0.0182 -0.00926 -0.00874*(0.00533) (0.0182) (0.00606) (0.00417) (0.00789) (0.00967) (0.00522) (0.00920) (0.00603) (0.00435)
2012 0.00615 -0.0383 -0.00144 -0.00662* -0.0216** 0.00420 -0.00587 0.00660 -0.00331 -0.00710*(0.00634) (0.0210) (0.00525) (0.00390) (0.00633) (0.00701) (0.00588) (0.0254) (0.00534) (0.00350)
2013 0.00424 -0.0441 0.00237 0.00357 -0.0105 0.0114 -0.00701 0.0326 0.00126 -0.00793(0.00543) (0.0251) (0.00499) (0.00489) (0.00574) (0.00669) (0.00850) (0.0434) (0.00681) (0.00479)
2014 0.0185** -0.0280 0.00905 0.00527 -0.0168** 0.00812 -0.00134 0.0301 0.0100 -0.00350(0.00849) (0.0161) (0.00727) (0.00570) (0.00422) (0.0182) (0.00488) (0.0427) (0.00855) (0.00573)
Constante -0.429** -0.194** 0.0131 0.00664 -0.0390 0.0113 -0.0177 -0.630 0.0655 0.159**(0.191) (0.0655) (0.0682) (0.0579) (0.0502) (0.0678) (0.0353) (0.671) (0.114) (0.0665)
Observações 79 28 139 142 15 29 147 21 80 97R² 0.250 0.638 0.063 0.080 0.564 0.550 0.036 0.368 0.191 0.237Nº de empresas 17 7 37 34 5 9 36 5 18 24Legenda: *significativo a 0,1 (90%); **significativo a 0,05 (95%); ***significativo a 0,01 (99%).*** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 3 - Efeitos Fixos nas Empresas e no Tempo
Tecnologia Industrial Energia e Saneamento
FinanceiroMateriais Básicos
Consumo Cíclico
Consumo não-Ciclico
Petróleo, Gás e Bioc.
Telecomuni-cação
Diversos (Holdings)
35
Na primeira coluna, a variável “não Big Four”, trata-se de uma variável dummy, onde
é adotado 1 para se é Big Four e 0 para quem não o é. O resultado de -0.00692 mostrou que
ela não é significante para a determinação de gerenciamento de resultados. Assim, pode-se
dizer que firmas Big Four não têm diferença estatisticamente significante quando comparadas
com não Big Four diante os níveis de accruals discricionários identificados no gerenciamento
de resultados.
A segunda e terceira coluna trazem uma análise da relação entre as variáveis com o
nível de gerenciamento de resultados, no espectro de efeitos fixos no setor e no tempo, para
empresas auditadas por Big Four, onde a significância dos coeficientes não se mostra
determinante para os níveis de gerenciamento. Essa realidade também pode ser observada nas
-1 -2 -3Variáveis GR GR GREY 0.000635 0.000635
(0.00195) (0.00195)KPMG 0.00225 0.00225
(0.00208) (0.00208)PwC 0.00201 0.00200
(0.00157) (0.00157)Comitê de Auditoria 0.00103 0.00170 0.00170
(0.00161) (0.00155) (0.00155)lnativo -0.00194 -0.000196 -0.000196
(0.00201) (0.000886) (0.000886)Alavancagem 5.04e-06 7.45e-05** 7.44e-05**
(7.51e-05) (2.64e-05) (2.64e-05)2011 -0.00362 -0.00271 -0.00271
(0.00206) (0.00185) (0.00185)2012 0.00326 -0.00360* -0.00361*
(0.00530) (0.00169) (0.00168)2013 -0.000758 -0.000581 -0.000581
(0.00323) (0.00237) (0.00237)2014 0.00625 0.00603** 0.00603**
(0.00354) (0.00248) (0.00248)Não Big Four -0.00692
(0.0112)Constante 0.0219 -0.000264 -0.000258
(0.0266) (0.00692) (0.00692)Observações 903 777 775R² 0.012 0.030 0.030Número de Setores 10 10 10Legenda: *significativo a 0,1 (90%); **significativo a 0,05 (95%); ***significativo a 0,01 (99%).*** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 4 - Efeitos Fixos no Setor e no Tempo
36
empresas de capital listadas na Bolsa que possuem a figura do Analista de Investimentos na
empresa. Esse grupo está recrutado na terceira coluna, especificamente. De modo geral, todas
as empresas listadas que possuem este profissional - que é responsável pela elaboração de
relatórios estratégicos, análises de viabilidade econômica etc. - também, não apresentaram
coeficientes determinantes para o gerenciamento de resultados que se alteraram durante o
tempo nos setores.
37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
O objetivo deste estudo foi encontrar evidências que pudessem contribuir para o
debate em torno da qualidade da informação contábil das empresas listadas na
BM&FBovespa em virtude da possibilidade de influências no processo de mensuração dos
números contábeis. A literatura internacional, conforme apresentado anteriormente, traz
conclusões de que posturas adotadas por gestores nos mais variados negócios, podem
influenciar resultados a ponto de causar distorção na informação contábil que, por regra e
princípio, deve ser de caráter fidedigno.
A população desta pesquisa compreendeu as empresas listadas na BM&FBovespa. A
amostra selecionada abrangeu o período de 2011 a 2014, totalizando 903 observações. Na
análise dos resultados foi utilizada uma regressão múltipla e um modelo de dados em painel
apresentando, ora efeitos fixos nos indivíduos e no tempo, ora efeitos fixos nos setores e no
tempo.
A análise dos dados permitiu concluir que não existe diferença significativa entre
comportamento dos accruals discricionários e as firmas de auditoria ao longo dos anos
analisados nos setores da economia. Os resultados não apontam que maiores níveis de
gerenciamento de resultados possuem associação com firmas Big Four e não Big Four. Isso,
também, sugere a ideia de que não existe uma relação significativa com a expertise dos
auditores de firmas de auditoria padrão Big Four. Os resultados corroboram com os achados
de Cunha et al (2013), Azevedo e Da Costa (2012) e Martinez e Reis (2011). Estes fizeram uso do modelo de Jones Modificado para estimar accruals discricionários e, em seguida, analisaram aspectos das firmas de auditoria e a significância de possíveis relações.
Para futuras pesquisas sugere-se que novos estudos que verifiquem a veracidade das informações contábeis sejam desenvolvidos em torno deste tema, analisando setores e segmentos da economia no intuito de estabelecer um debate econômico com viés contábil. Além disso, a amostra pode ser alterada de forma que permita estabelecer um comparativo com os níveis de gerenciamento de resultados de empresas que operam nas Bolsas de outros países.
38
REFERÊNCIAS
ALMUTAIRI, A. R.; DUNN, K. A.; SKANTZ, T. Auditor tenure, auditor specialization and information asymmetry. Managerial Auditing Journal. v.24, n.07, p.600-623. 2009.
AZEVEDO, Filipe; COSTA, Fábio Moraes. Efeito da Troca da Firma de Auditoria no Gerenciamento de Resultados das Companhias Abertas Brasileiras. Revista de Administração Mackenzie, v.13, n.5. São Paulo, 2012.
BAPTISTA, Evelyn Maria Boia. Teoria em Gerenciamento de Resultados. R. Cont. Ufba, v. 3, n. 2, p. 05-20, maio/agosto. Salvador--BA, 2009.
BARROS, Claudio M. E; SOARES, Rodrigo O.; LIMA, Gerlando A. S.F. A relação entre governança corporativa e gerenciamento de resultados em empresas brasileiras. Revista de Contabilidade e Organizações, vol. 7, núm. 19, 2013, pp. 27-39 Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013.
BEUREN, Ilse Maria (org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003.
BEUREN, Ilse Maria; RIBEIRO, Flavio; SILVA, Oscar Lopes. Percepção de Justiça Organizacional de Auditores Independentes de Empresas de Auditoria. Congresso USP, 14º, 2014, São Paulo.
BISPO, Oscar N. de Almeida. Gerenciamento de Resultados Contábeis e o Desempenho das Ofertas Públicas Subsequentes de Ações de Empresas Brasileiras. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil, 2010.
BOYNTON, Willian C; JOHNSON, Raymond N; KELL, WalterG. Auditoria. São Paulo; Ed. Atlas, 2002.
CARDOSO, R. L.; MARTINEZ, A. L. Gerenciamento de resultados contábeis no Brasil mediante decisões operacionais. In: ENANPAD, 30°, 2006, Salvador. Anais.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 1203, de 03 de dezembro de 2009. Dos Objetivos Gerais do Auditor Independente, 2009.
CHAN, Jane Lin; HSIAO, Lun Lin; AI, Ru Yen. Dual audit, audit firm independence, and auditor conservatism. Review of Accounting and Finance, Vol. 13 Iss 1 pp. 65-87. China, 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1108/RAF-06-2012-0053. Acesso em: 04 de abril de 2016.
CHEN, K. Y.; LIN, Kuen-Lin; ZHOU, J. Audit quality and earnings management for Taiwan IPO firms. Managerial Auditing Journal vol. 20, nº 1, 2005.
COHEN, J.; KRISHNAMURTHY, G. WRIGHT, A. M. Corporate Mosaic and Financial Reporting. Journal of Accounting Literature, v. 23, p.87-152, 2004.
COMITE DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Pronunciamento Conceitual Básico. – disponível em www.cpc.org.br. 2008. Acesso em 02 de julho de 2016.
CUNHA, Paulo Roberto; MORÁS, Vania Regina; LEITE, Maurício. Efeito da Troca da Firma de Auditoria no Gerenciamento de Resultados das Companhias Abertas
39
Brasileiras. Congresso de Contabilidade. Universidade Federal de Santa Caratina. Santa Catarina, 2015.
CUNHA, Paulo Roberto; Teixeira, Silvio A; Santana, André Gobette. Auditoria independente e a qualidade da informação na divulgação das demonstrações contábeis: estudo comparativo entre empresas brasileiras auditadas pelas Big Four e Não Big Four. XX Congresso Brasileiro de Custos - Uberlândia, MG. novembro, 2013.
CUPERTINO, C. M.; MARTINEZ, A. L. Procedimentos de Revisão Analítica para Seleção de Empresas para Auditoria: Abordagem pelo Nível dos Accruals Discricionários. In: CONGRESSO USP, 7°, 2007, São Paulo. Anais eletrônicos. Cód. 421.
DECHOW, P. M; SLOAN, R. G.; SWEENEY, A. P. Detecting earnings management. The Accounting Review, [S.l.], v. 70, n. 2, p. 193-225, Apr. 1995.
DECHOW, Patricia M.; GE, Weili; SCHRAND, Catherine M. Understanding earnings quality: A review of the proxies, their determinants and their consequences. Journal of Accounting and Economics, New York: v.50, n. 2-3, p.344-401, dec. 2010.
DENIS, David J.; SARIN, Atulya. Is the market surprised by poor earnings realizations following seasoned equity offerings? The Journal of Financial and Quantitative Analysis, Washington, v. 36, n. 2, p. 169-193, June 2001. Special Issue on International Corporate Governance.
DYE, R. A. Earnings management in an overlapping generations model. Journal of Accounting Research, n. 26, p. 195-235, 1988.
FIRMINO, J.E.; DAMASCENA, L.G.; PAULO, E. Qualidade da Auditoria no Brasil: um estudo sobre a atuação das auditorias independentes denominadas Big Four. Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 5, n. Especial, p. 40-50, 2010.
Florou, A. & Pope, P. F. (2012). Mandatory IFRS Adoption and Institutional Investment Decisions. The Accounting Review, 87(6), 1993-2025.
FRANCIS, J.R.; PINNUCK, M.L.; WATANABE, O. Auditor style and financial statement comparability. The Accounting Review, 89(2), p.605-633. 2014.
GIOIELLI, S. O.; CARVALHO, A. G.; SAMPAIO, J. O. Capital de risco e gerenciamento de resultados em IPOs. Brazilian Business Review, v. 10, n. 4, p. 32-68, 2013.
GIOIELLI, Sabrina P. Ozawa; CARVALHO, Antônio Gledson de; SAMPAIO; Joelson Oliveira. Capital de risco e gerenciamento de resultados em IPOs. Brazilian Business Review. v.10, n.4. Out-Dez. Vitória-ES, 2013.
GIRÃO, Luiz F. D. A. Pontes; MARTINS, Vinícius Gomes; PAULO, Edilson. O Estilo da Auditoria Afeta a Qualidade da Informação Contábil no Brasil? Congresso USP, 15º, 2015, São Paulo.
GOULART, A. M. C. Gerenciamento de resultados contábeis em instituições financeiras no Brasil. 2008. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Programada de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, 2008.
40
HEALY, P. M. The effect of bonus schemes on accounting decisions. Journal of Accounting and Economics, Cambridge, v.7, p. 85-107, Apr. 1985
HEALY, P. M.; PAPELU, K. G. Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital market: a review of the empirical disclosure literature. Journal of Accounting and Economics, v.31, p.405-440, 2000
HEALY, Paul M; WAHLEN, James M. A review of the earnings management literature and its implications for standard setting. Accounting Horizons, v.13, n.4, 1999.
HONG, H. Does Mandatory Adoption of International Financial Reporting Standards Decrease the Voting Premium for Dual-Class Shares. Accounting Review, 88, 1289- 1325, 2013.
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2005.
JENSEN, M.; MECKLING, W. H. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, Amsterdã, v. 3, n. 4, p. 305-360, oct. 1976.
JOIA, Roberto Midoguti. Adoção de IFRS e gerenciamento de resultados nas empresas brasileiras de capital aberto. Ribeirão Preto, 2012.
JONES, J. J. Earnings management during import relief investigations. Journal of Accounting Research, [S.l.], v. 29, n. 2, p. 193-227, 1991.
KHAMOUSSI, Zgarni Inaam Halioui. Audit committee effectiveness, audit quality and earnings management: a meta-analysis. International Journal of Law and Management, Vol. 58 Iss 2 pp. 179-196. 2016.
KLANN, Roberto Carlos; BEUREN, Ilse Maria. Efeito da Convergência Contábil às IFRS no Gerenciamento de Resultados de Empresas Europeias. V Congresso AnpCONT, 2011.
LARCKER, David; RICHARDSON, Scott; TUNA, Irem. Corporate Governance, Accounting Outcomes and Organizational Performance. The Accounting Review, v.82, n.84, p. 963-1008, 2007.
LIU, Jerry S. G. L. Guoping. Independent audit committee characteristics and real earnings management. Managerial Auditing Journal, Vol. 29 Iss 2 pp. 153 - 172. 2014.
LOPES, A; MARTINS, E. Teoria da Contabilidade: uma nova abordagem. São Paulo: Atlas,2005.
MACHADO, Sérgio Jurandyr; MARTINS, Sérgio Ricardo; MIRANDA, Victor Kortenhaus. Acumulações Discricionárias Extremas em Ambientes de Recessão: Uma Análise Comparativa Entre Brasil e Estados Unidos. Revista de Contabilidade, Gestão e Governança. v.15 n.3 p. 129-136. set/dez. Brasilia, 2012.
MARQUES, Anne E. Cintra; CORREIO, Allan P. Holanda; CORREIO, Antonio Carlos Dias. Qualidade Informacional dos Lucros e Firmas de Auditoria: Evidências no Brasil. Congresso USP, 12º, São Paulo, 2012.
MARQUES, Marcelo Maia. O Gerenciamento de Resultados nas Empresas Brasileiras após a Adoção do IFRS. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) - Programa
41
de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração e Economia, Faculdade de Administração e Finanças IBMEC, Rio de Janeiro, 2014.
MARTINEZ, A.L. Quando o conselho de administração e a auditoria evitam earnings management? Evidências empíricas para empresas brasileiras. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 8, 2008, São Paulo. Anais. São Paulo: USP, 2008.
MARTINEZ, Antonio Lopo. Detectando Earning Management no Brasil: Estimando os Accruals Discricionários. Revista de Contabilidade e Finanças - USP, São Paulo, v. 19, n. 46, p. 7 - 17, janeiro/abril, 2008.
MARTINEZ, Antonio Lopo. Gerenciamento dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. Tese de Doutorado em Ciências Contábeis, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo: 2001.
MARTINEZ, Antonio Lopo; REIS, Graciela Mendes Ribeiro. Rodízio das Firmas de Auditoria e o gerenciamento de resultados no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações. v.4, n.10. São Paulo, 2010.
MARTINS, E. Contabilidade versus fluxo de caixa. Caderno de Estudos da Fipecafi, São Paulo, n. 20, p. 1-10, 1999.
MATSUMOTO, Alberto Shigueru; PARREIRA, Enéias Medeiros. Uma pesquisa sobre o Gerenciamento de Resultados Contábeis: causas e consequências. Revista Contabilidade, Gestão e Governança - UnB Contábil, Brasília, v. 10, n. 1, p. 141-157, jan./jun. 2007.
MCCULLOCH, Brian W. Relations Among Components of Accruals Under Earnings Management. New Zealand Treasury. Nova Zelândia, 1998.
MENDES, A.P.S. Teoria de Agencia Aplicada a Análise de Relações entre Participantes dos Processos de Cooperação Tecnológica Universidade-Empresa. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, 2001.
MOREIRA, José A. C.; POPE, Peter F. Earnings Management to Avoid Losses: A Cost of Debt Explanation. Centro de Estudos de Economia Industrial, do Trabalho e da Empresa. Universidade do Porto. 2007.
MOURA, Geovanne Dias de; MACÊDO, Francisca F. R. Ribeiro; MAZZIONI, Sady; KRUGER, Silvana Dalmutt. Análise da Relação Entre Gerenciamento de Resultados e Custo de Capital em Empresas Brasileiras Listas na BM&FBovespa. IX Congresso Anpcont. Curitiba, 2015.
MUNHOZ, Tayrine Rodrigues; MURRO, Eduardo V. Bassi; TEIXEIRA, Guilherme Bittencourt; LOURENÇO, Isabel. O Impacto da Adoção Obrigatória das IFRS nos Honorários de Auditoria em Empresas da Bovespa. Congresso USP, 14º, 2014, São Paulo.
NARDI, Paula Carolina Ciampaglia ; NAKAO, S. H. . Gerenciamento de resultados e a relação com o custo da dívida das empresas brasileiras de capital aberto. Revista Contabilidade & Finanças, v. 20, p. 77-100, 2009.
42
OLIVEIRA, V. A.; LEMES, S.; ALMEIDA, L. C. F.; FERREIRA, L. S. Gerenciamento de resultados contábeis por meio de ativos fiscais diferidos. Revista Contabilidade, Gestão e Governança - UnB Contábil, Brasília, v. 11, n. 1-2, p.153-169, jan./dez. 2008.
PAULO, Edilson. Manipulação das informações contábeis: uma análise teórica e empírica sobre os modelos operacionais de detecção de gerenciamento de resultados. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, 2007.
PAULO, Edilson; LEME, Jessica. Gerenciamento de Resultados Contábeis e o Anúncio dos Resultados Contábeis pelas Companhias Abertas Brasileiras. XXXI Encontro da ANPAD - 22 A 26 de setembro. Rio de Janeiro, 2007.
REZENDE, Guilherme Pinto; NAKAO, Sílvio Hiroshi. Gerenciamento de resultados e a relação com o lucro tributável das empresas brasileiras de capital aberto. Congresso USP, 10º, 2010, São Paulo.
SANTOS, Alexandre Corrêa; SCARPIN, Jorge Eduardo. Gerenciamento de Resultados: análise de sua incidência em empresas mais admiradas do Brasil. Revista de Estudos Contábeis, v.2, n.3, p. 14-33, Jul/Dez, Londrina, 2011.
SANTOS, Ariovaldo dos; GRATERON, Ivan Ricardo Guevera. Contabilidade Criativa e Responsabilidade dos Auditores. Contabilidade & Finanças, USP, São Paulo, n. 32, p. 7-22, mai./ago. 2003.
SCHIPPER, K. Commentary on earnings management. Accounting Horizons, Vol. 3 No. 4, pp. 91-102. 1989.
SILVA, Franklin C. C; SILVA, Maria V. D. de Carvalho. O que não foi revelado? Um estudo sobre a qualidade dos relatórios de auditoria em relação à exposição das empresas a riscos com instrumentos financeiros derivativos. Congresso USP, 14º, São Paulo, 2014.
SILVA, Júlio Orestes da; BEZERRA, Francisco Antonio. Análise do Gerenciamento de Resultados e o Rodízio de Firmas de Auditoria nas Empresas de Capital Aberto. Revista Brasileira de Gestão de Negócios.v.12, n.36, p.304-321, São Paulo, 2010.
SINCERRE, Bianca Piloto; SAMPAIO, Joelson Oliveira; FAMÁ, Rubens; SANTOS, José Odálio dos. Emissão de Dívida e Gerenciamento de Resultados. Revista Contabilidade e Finanças - USP. v.27, n. 72. São Paulo, 2016.
SOUZA, M. A.; CRUZ, A. P. C.; MACHADO, D. G.; MENDES, R. C. Evidenciação Voluntária de Informações Contábeis Por Companhas Abertas do Sul Brasileiro. Revista Universo Contábil, Blumenau, v.4, n.4, p. 39-56, out/dez. 2008.
SWAELEN, Carlos Albert Amadeo. Porte da Auditoria e Manipulação da Informação Contábil: Uma Revisão Sistemática da Literatura. Dissertação de Mestrado (Curso Mestrado Executivo em Gestão Empresarial). Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2008.
TORRES, Damiana; BRUNI, Adriano Leal; RIVERACASTRO, Miguel Angel; MARTINEZ, Antônio Lopo. Estrutura de Propriedade e Controle, Governança Corporativa e o Alisamento de Resultados no Brasil. In: XXXIII ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONALDOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 2009, São Paulo. Anais do ENANPAD, 2009.