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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA – PROACAD PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA ANA NERI DA PAZ JUSTINO GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil. NATAL 2012

GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA – PROACAD

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA

ANA NERI DA PAZ JUSTINO

GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil.

NATAL 2012

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ANA NERI DA PAZ JUSTINO

GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Potiguar - UnP, Mestrado Profissional em Administração como parte dos requisitos necessários para obtenção da titulação de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Fernandes Gurgel Linha de pesquisa: Gestão Estratégica de Pessoas

NATAL 2012

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J96g Justino, Ana Neri da Paz. Gestão ambiental: estudo da norma ISO 14001 em um

empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil / Ana Neri da Paz Justino. – Natal, 2012.

108f.

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.

Referências: f. 91 - 98. 1. Administração – Dissertação. 2. Gestão Ambiental.

3. Sistemas de Gestão Ambiental. 4. ISO 14001. 5. Equipamentos de Hospedagem. I. Título.

RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3)

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ANA NERI DA PAZ JUSTINO

GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Potiguar - UnP, Mestrado Profissional em Administração como parte dos requisitos necessários para obtenção da titulação de Mestre.

Aprovado em:____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Profa. Dra. Fernanda Fernandes Gurgel

Orientadora Universidade Potiguar – UnP

____________________________________ Profa. Dra. Lydia Maria Pinto Brito

Examinadora Universidade Potiguar – UnP

____________________________________ Profa. Dra. Maria Valéria Pereira de Araújo

Examinadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

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Dedico este trabalho a Deus pela sua infinita misericórdia dando-me a saúde e a paz necessária ao processo de escrita e a todos que de forma direta ou indireta me

ajudaram em sua conclusão. De forma especial a minha família pela compreensão, apoio e sabedoria para aceitar

os momentos de ausência para que esse projeto fosse concretizado.

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Agradeço primeiramente a DEUS por dar-me a coragem que preciso para vencer os

desafios diários. Aos meus pais Damião Soares Justino e Frassinete da Paz Justino,

ambos foram e serão responsáveis por cada sucesso obtido e cada degrau

avançado por toda minha vida. A minha filha Sara da Paz Justino Rodrigues, hoje

meu estímulo para alçar novos voos. A minhas primas/irmãs Maria da Conceição da

Paz Silva e Maria de Fátima Jeronimo da Costa e a minha tia Lúcia pelo apoio

incondicional.

À Universidade Potiguar pela oportunidade de contruir incomsuráveis conhecimentos

a partir concessão de 50% para participar como discente neste curso de

especialização Stricto Senso, em especial a equipe de coordenação pelo apoio

constante no decorrer do curso. Gostaria de agradecer de modo particular às

assitentes Nadja e Glícia.

À Professora Dra. Fernanda Fernandes Gurgel por sempre demonstrar que o

trabalho poderia ser mais simples do que eu pensava, entretanto, sem perder a

qualidade necessária. E por confiar em minha capacidade intelectual e de escrita.

Ao corpo docente que conduziu o curso, pois, suas práticas pedagógicas

proporcionaram momentos lúdicos e enriquecedores.

Agradeço a todos (as) que fazem o Hotel Ocean Palace. Agradeço de maneira

especial ao Senhor Sérgio Gaspar por permitir a realização do estudo, bem como, à

Fabrício Gaspar por intermediar às negociações de permissão. Agradeço fortemente

à Cláudia Peixoto (responsável pelo setor de qualidade), pois, suas intervenções

foram fundamentais para que fosse possível que eu conhecesse a fundo a

organização.

Agradeço aos meus colegas de trabalho por acreditarem em mim e sempre

apresentarem palavras de incentivo nos momentos de desânimo. Em especial a

Tatiana Gehlen Marodin (pelas orientações ao longo do curso) e a Laís Barreto (pela

utilização de competências profissionais na leitura deste estudo e pelo carinho na

reta final), bem como, aos meus alunos da graduação que contribuíram de forma

significativa para aplicação dos formulários: Éder, Márcia, Rayssa, Tiago e Wedlley.

Aos todos (as) os colegas de turma que tornaram os momentos coletivos tão ricos

que me faziam esquecer todas as concessões feitas para estar ali, em especial a

Cacau, Ericka, Jusselle, Leonardo, Karen (colegas dos trabalhos em grupo).

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“Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso contrário,

levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o que

acontece com a maioria das pessoas.”

Steve Jobs

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RESUMO

Atuar pautado nos princípios e dimensões da sustentabilidade se faz premente a todos os segmentos produtivos, dentre os atrelados a atividade turística, como é o caso dos equipamentos de hospedagem. Implantar um Sistema de Gestão Ambiental traz à hotelaria um novo olhar para com a qualidade do planeta e a promoção do desenvolvimento sustentável. Aderir à norma ISO 14001 demonstra o compromisso de um equipamento hoteleiro para com as melhorias contínuas quando estabelece sua política ambiental. Este estudo buscou examinar a percepção dos gestores e colaboradores acerca das características do sistema de gestão ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil. A pesquisa fundamentou-se em um estudo de caso com abordagem quantitativa pautado na pesquisa documental e de campo de natureza descritiva. Para tanto os dados foram coletados com em dois grupos distintos, no primeiro momento com os gestores da organização a partir da aplicação de roteiro de entrevista e no segundo momento com os demais colaboradores a partir amostragem não-probabilística por conveniência contemplando a aplicação de um formulário contendo questões de múltipla escolha. O instrumento de pesquisa sustentou-se no aporte teórico de Ba (2003) sustentado na teoria institucional e no conceito da cultura organizacional. Os dados foram analisados inicialmente a partir da descrição da fala dos gestores seguida da comparação com a tabulação das respostas apresentadas pelos colaboradores. Como principais resultados deste estudo percebe-se que gestores e colaboradores visualizam o Sistema de Gestão Ambiental sob as categorias ambiental e mercadológica; quando se pensa na prática operacional do mesmo o indicador lixo aparece em destaque. Apesar de executarem os pressupostos descritos nos Procedimentos Ocean de Qualidade/Ambiental (POQ); Programa de Gestão Ambiental (PGA); Instruções de Trabalho (IT) e/ou Ficha Técnica, os colaboradores não conseguem visualizar o significado dos mesmos. Assim conclui-se com este estudo que implantar a norma ISO 14001 é um processo contínuo e requer planejamento constante sobre as estratégias de sensibilização para o envolvimento cotidiano de todos os membros de uma organização. Para aprofundar a temática em questão propõe-se como estudos futuros a realização de investigações multicasos no setor de hospedagem certificado pela ISO 14001; a observação sistemática dos processos e procedimentos organizacionais; a verificação das ações de conscientização/treinamento; a forma como ocorrem as relações hotel x fornecedores e/ou hotel x clientes; e o estudo da imagem do hotel perante a sociedade, clientes e fornecedores. Palavras-chave: Gestão Ambiental. Sistemas de Gestão Ambiental (SGA). ISO 14001. Equipamentos de hospedagem.

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ABSTRACT

Acting delineated by the principles and dimensions of sustainability is a pressing all production segments, among linked to tourism, such as equipment hosting.Deploy an Environmental Management System brings a new look to hotels for the quality of the planet and promoting sustainable development. Adhere to ISO 14001 demonstrates the commitment of a hotel equipment towards continuous improvement when it establishes its environmental policy. This study sought to examine the perceptions of managers and employees about the characteristics of the environmental management system from the ISO 14001 on a hotel project in northeastern Brazil. The research was based on a case study with quantitative approach founded on the desk research and field descriptive in nature. Therefore the data were collected in two separate groups, the first time with the managers of the organization from the application of Interview and the second time with other employees from non-probability sampling by convenience contemplating the application of a form containing multiple choice questions. The survey instrument was sustained on the theoretical Ba (2003) Sustained institutional theory and the concept of organizational culture. Data were initially analyzed from the description of the speech of managers followed by comparison with the tabulation of the responses submitted by employees. The main results of this study it is clear that managers and employees visualize the Environmental Management System under the environmental category and market, when considering the operational practice of the same garbage the indicator highlighted. While executing the assumptions described in the Proceedings of Ocean Quality / Environmental (POQ); Environmental Management Program (EMP), Work Instructions (IT) and / or Crew, employees can not visualize the meaning thereof. Thus it is concluded from this study that implement ISO 14001 is an ongoing process and requires constant planning on strategies to raise awareness of the daily involvement of all members of an organization. To deepen the theme in question is proposed as future studies to conduct investigations multicase in the hosting industry certified ISO 14001, the systematic observation of organizational processes and procedures, the verification of the actions of awareness / training, how relationships occur hotel suppliers and x / x or hotel customers, and the study of the image of the hotel towards the company, customers and suppliers. Keywords: Environmental Management. Environmental Management Systems (EMS). ISO 14001. Equipment hosting.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Treinamentos recomendados (sugestões e exemplos) .......................... 29

Quadro 2 – Quantitativo de colaboradores e respondentes da pesquisa .............. Erro! Indicador não definido.

Quadro 3 – Variáveis do estudo. ............................................................................... 48

Quadro 4 – Operações organizacionais advindas da ISO 14001 citadas pelos gestores .................................................................................................................... 70

Quadro 5 – Operações organizacionais advindas da ISO 14001 citadas pelos colaboradores ............................................................................................................ 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Motivo da adoção da certificação ISO 14001 ........................................... 62

Tabela 2 - Representatividade do certificado para os colaboradores e para a empresa .................................................................................................................... 63

Tabela 3 – Recepção da certificação e/ou a auditoria da ISO 14001 ........................ 64

Tabela 4 - Facilidades encontradas para implantação/auditoria da ISO 14001 ........ 65

Tabela 5 - Dificuldades encontradas para implantação/auditoria da ISO 14001 ....... 65

Tabela 6 - Princípios da ISO 14001 mais difíceis de serem colocados em prática ... 66

Tabela 7 - Participação na implantação e/ou de auditoria da ISO 14001 na empresa... ................................................................................................................. 74

Tabela 8 – Mudanças na rotina diária decorrentes da certificação e/ou auditoria ..... 75

Tabela 9 – Razões para não existir mudanças na rotina diária após a certificação e/ou auditoria ............................................................................................................. 75

Tabela 10 – Treinamentos ofertados pela organização ............................................ 76

Tabela 11 – Mudanças nas relações entre as pessoas no hotel após a certificação 77

Tabela 12 – Tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente 77

Tabela 13 - Ações ambientais pró-ativas fora da organização .................................. 83

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIH Associação Brasileira da Indústria de Hotéis

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA Área de Proteção Ambiental

CBF Confederação Brasileira de Futebol

CEE Comunidade Econômica Européia

CERES Coalision for Environmentally Responsible Economies

CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

EA Educação Ambiental

EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

FIFA Federação Internacional de Futebol

FNNP Federação de Parques Nacionais e Naturais Européia

IBM International Business Machines

ICC International Chamber of Commerce

ISO International Organization for Standardization

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IT Instruções de Trabalho

NBR Norma Brasileira

OMT Organização Mundial do Turismo

ONU Organização das Nações Unidas

PGA Programa de Gestão Ambiental

POQ Procedimentos Ocean de Qualidade/Ambiental

SBP Sistema Brasileiro de Certificação

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

STEP Strategies for Today’s Environmental Partnership

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................... 12

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................... 15

1.3 QUESTÕES DE PESQUISA ............................................................................... 16

1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16

1.5 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 17

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 20

2.1 A GESTÃO AMBIENTAL COMO REFLEXO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS .... 20

2.1.1 As definições de gestão ambiental ............................................................... 22

2.1.2 Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA´s) ................................................. 24

2.1.3 A norma ISO 14001 e a responsabilidade dos atores envolvidos em sua

implantação ..................................................................................................... 26

2.2 MUDANÇA E GESTÃO PARTICIPATIVA NO CONTEXTO DA ISO 14001 ......... 30

2.3 A ATIVIDADE TURÍSTICA .................................................................................. 35

2.4 O SETOR HOTELEIRO ....................................................................................... 38

2.4.1 Histórico da hotelaria ..................................................................................... 39

2.4.2 A gestão ambiental em organizações hoteleiras e a norma ISO 14001 ..... 41

2.5 O MODELO DE BA (2003) COMO APORTE TEÓRICO DO ESTUDO ................ 43

3 METODOLOGIA ............................................................................................. 46

3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 46

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA ....................................................................... 47

3.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO ................................................................................... 48

3.5 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 49

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................. 49

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................... 51

4.1 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DO OCEAN PALACE BEACH RESORT &

BUNGALOWS ..................................................................................................... 51

4.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES DA

PESQUISA .......................................................................................................... 53

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4.2.1 Caracterização sociodemográfica dos gestores ............................................... 53

4.2.2 Caracterização sociodemográfica dos colaboradores ...................................... 55

4.2.3 Semelhanças e diferenças entre a caracterização sociodemográfica dos

gestores e colaboradores ................................................................................. 56

4.3 A PERCEPÇÃO DOS GESTORES E COLABORADORES A RESPEITO DA ISO

14001 NA ORGANIZAÇÃO ................................................................................. 57

4.3.1 Percepção dos gestores a respeito da ISO 14001 na organização ............ 57

4.3.2 Percepção dos colaboradores a respeito da ISO 14001 na organização .. 61

4.3.3 Semelhanças e diferenças entre a percepção dos gestores e

colaboradores a respeito da ISO 14001 na organização ............................. 68

4.4 OPERAÇÕES ORGANIZACIONAIS ADVINDAS DA IMPLANTAÇÃO DO

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .................................................................. 69

4.4.1 Operações organizacionais apresentadas pelos gestores ......................... 69

4.4.2 Operações organizacionais apresentadas pelos colaboradores ............... 72

4.4.3 Semelhanças e diferenças entre as informações apresentadas pelos

gestores e colaboradores a respeito das operações advindas da ISO

14001 na organização ..................................................................................... 78

4.5 POSTURA DOS COLABORADORES EM RELAÇÃO ÀS QUESTÕES

AMBIENTAIS APÓS A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

80

4.5.1 Postura dos Gestores .................................................................................... 80

4.5.2 Postura dos colaboradores ........................................................................... 82

4.5.3 Semelhanças e diferenças na postura dos gestores e colaboradores após

a implantação do sistema de gestão ambiental ........................................... 85

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 87

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 90

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................. 98

ANEXO B – CERTIFICADO DE CONFORMIDADE ISO 14001:2004 ...................... 99

APÊNDICE A – INSTRUMENTO APLICADO COM OS GESTORES .................... 100

APÊNDICE B – INSTRUMENTO APLICADO COM OS COLABORADORES ....... 102

APÊNDICE C – PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS GESTORES .................... 107

APÊNDICE D – PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS COLABORADORES ....... 108

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12

1 INTRODUÇÃO

A gestão ambiental tem sido um dos temas mais discutidos da história

contemporânea, notadamente a partir da segunda metade do século XX. Isso se

deve ao fato da emergência do movimento ambientalista no final da década de 1950,

cujos desdobramentos originaram vários eventos mundiais, nacionais e regionais em

torno da temática ao longo dos últimos cinquenta anos.

Essas discussões têm repercutido na forma como a sociedade intervém

no ambiente, incluindo-se nesse aspecto a maneira como se faz a gestão

empresarial. Dessa forma, a adesão empresarial a esse contexto implica em

implantar práticas de gestão ambiental pautadas na mudança de postura para com a

utilização dos recursos naturais.

Sendo o turismo uma das atividades produtivas com maior ascensão na

economia mundial, atuar pautado nos princípios e dimensões da sustentabilidade se

faz premente a todos os setores inseridos na oferta de produtos e serviços atrelados

a atividade, dentre estes estão os equipamentos de hospedagem, local que se

transforma em residência temporária para aqueles que visitam determinada

localidade. A esse respeito é relevante considerar que o hotel Ocean Palace Beach

Resort & Bungalows, campo de investigação deste estudo é o primeiro equipamento

do setor de hospedagem a integrar o grupo das organizações certificadas pela ISO

14001 no Brasil.

Neste sentido, a presente pesquisa se fundamentou na necessidade de

examinar a percepção dos gestores e colaboradores acerca das características do

sistema de gestão ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento

hoteleiro do Nordeste do Brasil.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Falar em gestão sustentável remete a necessidade de novas posturas de

sobrevivência, implicando em atitudes de cuidado, tendo por princípio a atenção, o

zelo e o desvelo (BOFF, 2004). Em linhas gerais esse novo paradigma apresenta

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13

reflexos nos mais variados contextos organizacionais, conforme explica Toffler apud

Robbins (2000) quando afirma que o século XX traz uma nova “onda” para o âmbito

organizacional, baseada na informação, onde surge a necessidade do

posicionamento das organizações diante de inúmeras questões, dentre elas as

socioambientais que são percebidas e acompanhadas pelos clientes podendo ser

consideradas como fator positivo ou negativo.

No Brasil esse posicionamento surge atrelado ao Sistema Brasileiro de

Certificação (SBP) instituído pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (CONMETRO) em 1992. A esse respeito pode-se considerar

que a certificação se constitui em um indicador de que o produto, processo ou

serviço atende a padrões mínimos de qualidade. A certificação pode ser de

conformidade, compulsória ou voluntária. No caso deste estudo dar-se-á ênfase a

certificação voluntária ISO 14001 como uma decisão exclusiva do solicitante e tem

como objetivo garantir a conformidade de processos, produtos e serviços às normas

elaboradas por entidades reconhecidas no âmbito do Sistema Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) (INMETRO, 2011a).

Segundo o citado órgão existem no Brasil 286 empresas com certificação ISO

14001, sendo 02 delas em Natal/RN (INMETRO, 2011b e c).

Em momento anterior se ressaltou que o posicionamento diante da

problemática ambiental se insere no contexto das mais diversas organizações, neste

aspecto pode-se afirmar que as empresas que constituem a cadeia produtiva do

turismo estão inseridas nessa realidade. Esse contexto tem significativa relevância

ao se observar os números que o setor representa para a economia mundial, pois,

de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT) apud Brasil (2010) este

mercado representa 30% das exportações mundiais de serviços e 6% das totais,

ocupando o 4º lugar em tal categoria.

O Documento Referencial Turismo no Brasil 2011-2014 apresenta como o

setor é dinâmico com reflexos na economia nacional e internacional, sendo esta

atividade um produto de consumo do brasileiro. Desse modo, o estudo apresenta

prospectos animadores para o setor no contexto brasileiro. Neste cenário pode-se

considerar que a captação de mega eventos esportivos como os jogos Pan-

Americanos realizados em 2007 e outros que estão por vir como a Copa das

Confederações em 2013, o mundial de futebol da Federação Internacional de

Futebol (FIFA) em 2014, a Copa América em 2015 e os Jogos Olímpicos em 2016,

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14

entre outros podem ser um divisor de águas para o incremento do setor que já tem

significativa contribuição para a balança comercial do país (BRASIL, 2010).

Por ser uma das cidades-sede do mundial de futebol, Natal também entra

neste cenário de expansão, uma vez que turismo, junto com o comércio e serviços,

já ocupam acentuado destaque na economia local, sendo responsável por 72,5% do

PIB municipal, correspondendo à 102.094 postos de trabalho formais e a tendência

é que com a copa do mundo esses números possam ser incrementados (NATAL,

2010). A expressividade dos números pode ser comprovada ao se comparar o dado

à população total do município divulgado de 803.739 habitantes (IBGE, 2011).

Ainda a respeito dos impactos positivos da Copa do Mundo FIFA 2014

destaca-se a fala do então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Ricardo Texeira, na ocasião da realização do evento Seminário Natal Copa 2014

realizado em 17 de junho de 2011, quando afirma que “mais do que uma competição

esportiva, a copa possibilita o avanço da infraestrutura nos países que realizam a

copa, nos seus mais diversos segmentos, sejam públicos ou privados” (NATAL,

2011).

Neste aspecto se incluem os negócios associados aos meios de

hospedagem, uma vez que Natal conta com aproximadamente 24.000 leitos a

disposição dos turistas. São 54 hotéis associados à Associação Brasileira da

Indústria de Hotéis (ABIH) local, esse número gera um quantitativo superior ao de

10.000 leitos solicitados pela FIFA para o evento de 2014. Tal fator demanda além

de oportunidades, as responsabilidades para o setor, uma vez que constantemente

a excelência na prestação de serviços tem sido alvo das reivindicações dos clientes

cada vez mais exigentes (ABIH, 2011). Neste item incluem-se as necessidades

associadas à qualificação dos processos operacionais de tais empreendimentos,

entre elas está à implantação de sistemas de gestão ambiental. Sendo, portanto,

este um fator considerável para a mensuração das perspectivas positivas para o

turismo em Natal, bem como, aos setores agregados a sua cadeia produtiva.

Page 18: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

15

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O turismo contemporâneo vai além da simples relação de consumo

estabelecida pela natureza econômica que a atividade mantém, apresentando, antes

de qualquer coisa, relações sociais e ambientais entre o visitante e a comunidade

receptora, por meio do consumo dos mais variados produtos e serviços, dentre eles

os meios de hospedagem. Vale considerar ainda que esta relação também inclui

todos os prestadores de serviço que a atividade demanda (MOESCH, 2000).

Isso significa que assim como qualquer atividade produtiva o turismo e

por consequência os vários setores a ele atrelados, como é o caso da hotelaria, tem

a capacidade de impactar o meio ambiente, cujos desdobramentos vão além da

questão da geração de renda e do fator empregabilidade, sendo necessário que seu

planejamento esteja atrelado às práticas de gestão sustentável.

Neste contexto se inserem as novas alternativas de gestão ambiental

para organizações, dentre elas, a norma International Organization for

Standardization (ISO) 14001 integrante da família ISO 14000. O pressuposto

principal da ISO 14001 concentra-se na proposta de: planejar, executar, verificar e

agir a fim de estabelecer processos, implementá-los, monitorá-los e medi-los para

garantir a melhoria continua de um sistema de gestão (ABNT, 2004).

Para tanto não se pode deixar de mencionar que implantar um sistema de

gestão ambiental desta natureza reflete na forma como os indivíduos que compõem

a organização estão implicados no processo. Isso significa dizer que a

conscientização e o comprometimento dos sujeitos são fundamentais. A esse

respeito Oliveira; Pinheiro (2010) afirmam que os sistemas de gestão ambiental

baseados nesta norma constituem um dos modelos mais utilizados em todo o

Planeta.

Portanto, de acordo com os elementos abordados constituiu-se como

problema central desta pesquisa qual a percepção dos sujeitos sobre a gestão

ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do

Nordeste do Brasil?

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16

1.3 QUESTÕES DE PESQUISA

Quais as características sociodemográficas dos participantes da pesquisa?

Como os sujeitos percebem e avaliam a gestão ambiental?

Qual o conhecimento sobre a ISO 14001?

Qual o conhecimento sobre a política de gestão ambiental

As pessoas foram capacitadas e conscientizadas?

Houve participação dos sujeitos na implantação/auditoria da ISO 14001?

Qual a mudança nas práticas dos sujeitos após a implantação/auditoria da ISO 14001?

1.4 OBJETIVOS

GERAL

Examinar a percepção dos gestores e colaboradores acerca das

características do sistema de gestão ambiental a partir da norma ISO 14001 em um

empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil.

ESPECÍFICOS

Identificar o perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa;

Analisar como os sujeitos percebem e avaliam a gestão ambiental;

Identificar o conhecimento sobre a ISO 14001;

Verificar o conhecimento sobre a política de gestão ambiental;

Avaliar a capacitação e conscientização dos sujeitos;

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17

Identificar a participação dos sujeitos na implantação/auditoria da ISO

14001;

Verificar as mudanças nas práticas dos sujeitos após a

implantação/auditoria da ISO 14001.

1.5 JUSTIFICATIVA

O mundo globalizado traz consigo um ambiente de incertezas e

mudanças nunca visto na história da humanidade impulsionado pelas constantes

inovações na tecnologia, ocasionando efeitos na construção e disseminação de

dados, informações e conhecimentos. Embaladas nesse movimento as

organizações necessitam constantemente atualizarem seus processos de gestão.

Assim, adequar os sistemas produtivos as realidades globais configuram-se como

uma estratégia de competitividade organizacional no complexo mercado global.

Neste cenário a questão ambiental na atualidade é uma preocupação

constante da sociedade, poder público e iniciativa privada. Para atender aos padrões

de excelência e qualidade as organizações têm cada vez mais procurado ajustar

seus procedimentos e condutas as normas de certificação, dentre elas as

ambientais, como é o caso da ISO 14001.

Desse modo, implantar qualquer processo de mudança em uma

organização só é possível a partir da adesão dos seus colaboradores. Quando se

fala em mudança organizacional no contexto empresarial contemporâneo é possível

incluir a preocupação com o futuro do planeta Terra como um dos assuntos na pauta

das discussões sobre gestão, uma vez que o momento histórico em que a

humanidade está inserida não permite mais excluir a problemática ambiental como

uma das necessidades do planejamento e gestão organizacional.

Quando se fala em gestão ambiental do ponto de vista da adesão a um

sistema de certificação específico como é o caso da ISO 14001, fala-se também na

implicação que esta tem para os procedimentos e operações de um

empreendimento hoteleiro, leia-se também, a construção de novos paradigmas

organizacionais. Isso significa inferir que a aplicação prática desses novos conceitos

Page 21: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

18

de gestão perpassa por processo de mudança de postura dos ativos envolvidos

neste processo, os indivíduos que compõem a organização.

Outro aspecto a ser considerado ao se destacar a relevância do estudo é

o fato do mesmo ter gerado resultados práticos e operacionais no que diz respeito à

mensuração de alguns impactos negativos da implantação de um sistema de gestão

ambiental na organização, bem como, o apontamento das medidas de mitigação

para os mesmos. Uma vez que o hotel objeto desta pesquisa é pioneiro na

perspectiva da implantação da norma ISO 14001 na área de hospedagem.

Além disso, por Natal ser uma localidade indutora para turismo brasileiro

e este sendo um dos principais componentes da balança comercial do país,

discorrer uma produção científica desta natureza trouxe elementos de relevante

significância para as áreas de planejamento e gestão ambiental tanto no universo

acadêmico quanto empresarial.

Enfim, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo inédito no Rio

Grande do Norte, uma vez que o hotel investigado é o único a possuir essa

certificação. Por ser um hotel de administração familiar este estudo se fez viável a

partir da adesão dos proprietários e dos funcionários do setor responsável pela

implantação do sistema de gestão ambiental.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente dissertação se encontra dividida em cinco capítulos. No

primeiro capítulo foram tratados conteúdos inerentes a introdução do mesmo

abordando os aspectos relacionados à contextualização, ao problema, as questões,

aos objetivos, a justificativa e a estrutura da proposição de pesquisa.

Em seu segundo capítulo é realizado o levantamento das principais

referências acadêmicas, acerca dos constructos gestão ambiental, mudança

organizacional, turismo e hotelaria. Além disso, também se considerou informações

constantes em estudos recentes acerca da gestão ambiental no Brasil.

O capítulo três traz os elementos da metodologia utilizada para realização

do estudo, a citar: tipo, participantes, plano de coleta de dados, instrumentos de

Page 22: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

19

pesquisa, variáveis, tratamento dos dados e caracterização do ambienta da

pesquisa.

No quarto capítulo é apresentado o resultado da pesquisa, bem como,

sua análise a partir da retomada do referencial teórico de acordo com os objetivos

previamente definidos para condução do estudo. Para finalizar o estudo apresentam-

se as considerações finais como quinto capítulo onde há destaque para os

elementos relacionados ao cumprimento dos objetivos propostos, bem como, as

limitações do estudo e proposição de análises futuras.

Page 23: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

20

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A construção do conhecimento é algo inerente à natureza humana, não

se pode conceber uma investigação científica sem considerar os antecedentes da

temática a ser estudada. Partindo desta afirmativa esse capítulo da dissertação em

questão foi construído a partir da análise e discussão da produção acadêmica em

torno das questões associadas aos seguintes temas: gestão ambiental, Sistemas de

Gestão Ambiental, ISO 14001, mudança organizacional, atividade turística, hotelaria

e gestão ambiental na hotelaria.

2.1 A GESTÃO AMBIENTAL COMO REFLEXO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS

A história da humanidade se dá em prol da utilização dos elementos da

natureza para saciar suas necessidades. Nos tempos mais remotos essa

apropriação ocorre de forma nômade, por meio apenas do consumo do que ela

produzia, depois, de maneira fixa, impulsionada por técnicas de cultivo. Esse cenário

apresenta significativa mudança, com o advento da Revolução Industrial que traz

consigo consideráveis mudanças na face da natureza, bem como na forma como o

homem se insere na mesma (JUSTINO, 2010).

A Revolução Industrial surge como um divisor de águas na História da

Humanidade, com ela nasce um modelo de crescimento econômico pautado no

consumo. Tal modelo traz consigo desdobramentos que promovem o esgotamento

das reservas do planeta, uma vez que à medida que se extrai do ambiente mais do

que o necessário para a sobrevivência humana, não se dá o devido tempo para sua

renovação (INGLEHART, 1991).

Apesar disso, o despertar para essa realidade ainda é muito recente a

partir da década de 1950, com o surgimento do movimento ambientalista que trouxe

consigo discussões pautadas em temáticas como: mudanças climáticas,

aquecimento global, escassez de recursos naturais, crise energética, desertificação,

reciclagem, entre outros. Estes temas ganharam força com a constatação do fim, ou

a modificação de determinados ciclos da natureza, uma vez que independente do

Page 24: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

21

nível a sociedade começa a sentir os efeitos da problemática ambiental vigente

(DIAS, 2004).

Considerar os conteúdos tratados neste momento é reconhecer o quanto

as intervenções do homem têm impactado os elementos naturais do ambiente.

Acredita-se que tais impactos, especialmente no Ocidente se originam na cultura

voltada para o consumo sem limites. Entretanto, conforme demonstrado, esse

modelo de desenvolvimento não atende mais a oferta de recursos do planeta.

Essas informações se tornam necessárias em prol de um

desenvolvimento que considere a capacidade de carga da natureza usufruindo seus

recursos sem comprometer sua utilização futura. Neste aspecto em 1987 as

Organizações das Nações Unidas (ONU) apresentam um conceito que se aplica a

esta questão, o desenvolvimento sustentável, um processo que permite satisfazer as

necessidades da população atual sem comprometer a capacidade de atender as

gerações futuras (ONU,1987). A partir deste ponto de vista, iniciam-se as discussões

na comunidade internacional para a divisão dos custos desse processo, que prevê

nada menos que a revisão do modelo econômico vigente (JUSTINO, 2010). Assim,

são realizados vários encontros, seminários, congressos e acordos com esta

premissa.

Nesta linha de raciocínio entra a gestão ambiental como estratégia capaz

de minimizar os impactos das intervenções do homem na natureza. Isso se dá por

meio do controle de todas as operações que acarretam algum tipo de impacto na

natureza, bem como, do descarte de resíduos. Assim, por meio da gestão ambiental

é possível controlar consumo de água e energia e monitorar a destinação final dos

resíduos sólidos, por exemplo.

A esse respeito se faz mister trazer a discussão o raciocínio de Ávila

(2005) quando destaca que é crescente o interesse das organizações pelas

questões ambientais como um aspecto inerente a competitividade em longo prazo.

Entretanto, também é considerado pelo autor que dominar ferramentas tecnológicas

não é suficiente para a adoção de posturas organizacionais ambientalmente

sustentáveis. Uma vez que pela interpretação apresentada ao vocábulo environment

(ambiente) se faz necessário que a implantação da gestão ambiental em âmbito

empresarial esteja articulada a uma lógica sistêmica de processos e operações, ou

seja, que se tenha uma visão holística do ambiente organizacional.

Page 25: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

22

2.1.1 As definições de gestão ambiental

Falar em gestão ambiental leva a necessidade de (re) descobrimento de

maneiras para usufruir dos recursos disponíveis na natureza de maneira equilibrada

garantindo assim a prática do conceito de desenvolvimento sustentável apresentado

pela ONU na década de 1980. Isso significa que os gestores contemporâneos têm

em suas mãos o desafio de considerar que as operações por eles gerenciadas

necessitam considerar a capacidade de carga dos ecossistemas impactados por

suas ações, bem como, a necessidade de manutenção deste para o usufruto das

gerações futuras.

Esse é o foco da gestão ambiental, tema que vem ganhando considerável

destaque por parte dos administradores, especialmente, como reflexo das pressões

da sociedade advindas do movimento ambientalista que cresce a cada dia. Vários

são os autores que tratam desta temática, inclusive no contexto das teorias

administrativas. Um deles é Tachizawa (2010) cuja defesa parte desta mesma linha

de raciocínio, ou seja, a gestão ambiental nas organizações é uma resposta natural

aos anseios do consumidor contemporâneo.

O autor também destaca que para a operacionalização coerente da

gestão ambiental é preciso que os gestores considerem que não é possível o

consumo ilimitado dos recursos do planeta, ou seja, pensar a gestão ambiental no

ambiente organizacional requer o exame e a revisão das operações empresariais de

um modo profundo. Isso significa considerar que tal pressuposto traz consigo a

necessidade de alteração nos valores da cultura das empresas, bem como, na

implantação da administração sistêmica.

Diante destas afirmativas, Barbieri (2007, p. 25) coloca que a gestão

ambiental nada mais é que “as diretrizes e as atividades administrativas e

operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e

outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente”.

Ele considera ainda que a maneira de praticar essa premissa seria reduzir ou

eliminar os efeitos negativos provenientes das intervenções humanas no meio

ambiente por ocasião da realização da atividade fim de uma determinada

organização.

Page 26: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

23

Ainda segundo o olhar de Barbiere (2007) dada à complexidade que o

tema apresenta, a gestão ambiental apresenta três dimensões: espacial, iniciativa e

temática ambiental. A primeira está relacionada com o foco de concentração onde

se espera a gestão. A segunda está associada ao tipo de organização que será alvo

das intervenções. E a terceira se refere à forma ao tema das abordagens

intervencionistas.

Figura 1: Dimensões da gestão ambiental

Fonte: Barbieri (2007, p. 25)

Shigunov Neto; Campos; Shigunov (2009) também corroboram com o

pressuposto de Barbieri (2007) definindo ainda que a gestão ambiental corresponde

a todas as operações e ações da administração de uma organização com a

finalidade de proporcionar uma gestão eficaz dos recursos naturais necessários para

as mesmas. O desdobramento de tais intervenções aparece refletido na política

ambiental, nos objetivos e responsabilidades assumidas por todos que compõem a

organização a partir da prática de um sistema que contemple o planejamento, o

monitoramento e o controle contínuo, promovendo uma convivência harmônica da

organização com o meio ambiente.

Sob este prisma pode-se considerar à luz da explanação dos autores

supracitados que a busca permanente pela qualidade ambiental deve ser a principal

Page 27: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

24

motivação das organizações que implantam sistemas de gestão ambiental. Dessa

forma, um dos fundamentos principais de uma organização que busca gerir seus

processos e operações de forma equitativa com a natureza seria a adoção de

procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, onde neste contexto se insere a

implantações de um SGA. Estes por sua vez não podem ser encarados como

apêndices no processo de gestão e operacionalização dos processos devendo

aparecer inerentes ao conjunto das atividades empresariais.

O discurso de Dias (2011) apresenta de forma prática como seria a

aplicação dos pressupostos até o momento apresentados, uma vez que o mesmo

apresenta a gestão ambiental como uma variável indutora de competitividade para a

organização, em função dos aspectos positivos que esta traz a organização como

um todo. O autor ainda destaca aspectos relacionados às vantagens competitivas da

implantação de um sistema de gestão ambiental, como: cumprimento das exigências

normativas; design; redução de consumo; utilização de materiais renováveis;

otimização das técnicas de produção, uso do espaço e meios de transporte.

É pertinente considerar que tais pressupostos só podem ser visualizados

na prática se estes forem incluídos no processo de planejamento como ressalta

Philippi Jr et al (2004). Na obra Curso de Gestão Ambiental os autores destacam

que o processo de planejamento envolvido a gestão ambiental deve contemplar as

funções relacionadas aos grupos de interesse nas intervenções. Eles apresentam

três elementos fundamentais a serem considerados: o ambiente natural; o ambiente

construído; e as intervenções fruto das necessidades antrópicas. Diante de tamanha

complexidade o pressuposto da gestão ambiental se configura como um dos

principais desafios da contemporaneidade. Portanto, cabe às organizações que

manifestam interesse em torná-la uma variável competitiva a busca pela implantação

de SGA atrelado ao seu planejamento estratégico.

2.1.2 Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA´s)

A necessidade da implantação dos SGA´s nas organizações surge como

um reflexo do movimento ambientalista iniciado na segunda metade de século XX,

pois, conforme já mencionado neste texto os desdobramentos destas reflexões

Page 28: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

25

surgem em função das pressões da sociedade sobre as organizações. Dias (2011)

defende que no atual contexto as empresas se constituem como principais agentes

responsáveis para o alcance do desenvolvimento sustentável, sendo, portanto, a

gestão ambiental um instrumento de fomento a esta premissa.

A esse respeito Barbieri (2007) assinala que a gestão ambiental

empresarial é a forma como as empresas lidam com seus problemas de maneira

mitigadora e compensatória de modo a evitar grandes danos como fruto de sua

intervenção no ambiente. Para tanto, a operacionalização da gestão ambiental se dá

a partir da implantação de um sistema de gestão ambiental que segundo o mesmo

autor é “um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas

para abordar os problemas ambientais atuais ou evitar o seu surgimento”

(BARBIERI, 2007, p. 153).

Face ao exposto Dias (2011) destaca que o SGA pode partir de uma

política ambiental reativa ou proativa por parte da organização. No primeiro caso, o

autor se refere à reação da empresa frente às circunstâncias que o contexto

apresenta, como por exemplo, às críticas da sociedade e às adequações impostas

pela legislação vigente, neste caso são utilizados métodos corretivos. Já na segunda

categoria a estratégia é a prevenção com parte de uma política proativa, ou seja, o

planejamento prévio, seguido das ações antecipadas frente a um possível dano

ambiental.

Quando se fala em SGA no cenário mundial a literatura consultada a esse

respeito remete seu surgimento à década de 1980. Assim, são apresentadas várias

normas e entidades certificadoras. O sistema proposto pela International Chamber of

Commerce (ICC) em 1992; o sistema comunitário de ecogestão e auditoria (1993)

proposta pela Comunidade Econômica Européia (CEE); a partir de 1992 surgem as

normas voluntárias sobre sistemas de gestão ambiental (BS 7750 e família ISO)

(BARBIERI, 2007). Além destes o estudo de Shigunov Neto; Campos; Shigunov

(2009) apresenta os seguintes sistemas: Responsible Care® Program (1984); o

modelo Winter (1989); a Coalision for Environmentally Responsible Economies

(CERES) em 1989; o Strategies for Today’s Environmental Partnership (STEP) em

1990.

De acordo com Andrade; Tachizawa; Carvalho (2002) o despertar destas

questões no Brasil começa a partir dos efeitos negativos da industrialização nas

regiões metropolitanas em especial nas cidades de Cubatão, Volta Redonda e no

Page 29: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

26

ABC paulista. Atrelado às questões dos sistemas de gestão ambiental, onde alguns

apresentam parâmetros para certificações Philippi Jr et al (2004) apresentam a

auditoria como um elemento constituinte dos SGA’s. Tais autores destacam que a

auditoria ambiental está associada às questões ambientais e se classifica de várias

formas.

De acordo com a parte auditora (primeira, segunda ou terceira parte),

onde os auditores podem ser membros da organização, de organizações

interessadas no processo ou por instituição isenta. De acordo com os critérios da

auditoria (conformidade legal, desempenho ambiental ou sistema de gestão

ambiental). As auditorias ainda podem se classificar de acordo com os objetivos (de

certificação, de acompanhamento, de verificação de correções, de responsabilidade,

de sítio ou compulsória).

No caso do presente estudo deu-se ênfase as auditorias de certificação,

em especial a norma ISO 14001 da International Organization for Standardization

(ISO) organização não governamental criada em 1947, sediada na Suíça com o

objetivo de desenvolver a normalização para facilitar as trocas de bens e serviços,

bem como, a cooperação entre os países que a constituem (BARBIERI, 2007).

2.1.3 A norma ISO 14001 e a responsabilidade dos atores envolvidos em sua

implantação

A ISO 14001 faz parte de um conjunto de normas relacionadas à

implantação de sistemas de gestão ambiental pela ISO. Esta foi publicada em 1996

e revisada entre 1999 e 2004. No Brasil a norma possui tradução pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), um fórum nacional de normalização. A ISO

14001 faz parte da família ISO 14000. No entanto, apenas a ISO 14001 que no

Brasil é a NBR ISO 14001 é passível de certificação, pois, contém requisitos que

podem ser auditados (BARBIERI, 2007).

Philippi Jr et al (2004) argumentam que tal norma fundamenta-se no

estabelecimento dos requisitos necessários para um sistema de gestão ambiental.

Pelo caráter não governamental da ISO a adesão às suas normas é voluntária,

Page 30: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

27

ocorrendo o mesmo com a família 14000 (SHIGUNOV NETO; CAMPOS;

SHIGUNOV, 2009). Dias (2011) ainda considera que elas buscam fixar instrumentos

e sistemas para administração ambiental de uma organização.

No tocante a NBR ISO 14001 pode-se considerar esta possui como

característica intrínseca a implantação de sistemas de gestão ambiental apoiados na

abordagem processual de administração, a exemplo da normalização da família ISO

9000. Assim, a metodologia de execução da ISO 14001 está apoiada na

metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act, ou seja, planejar, executar,

verificar e agir (ABNT, 2004).

Ainda acerca deste raciocínio pode-se comentar que a ABNT (2004)

destaca que a norma não se constitui na criação de sistemas rígidos de implantação,

uma vez que, ela pode ser adotada por instituição dos mais diversos segmentos e

porte. Sendo, portanto, necessário à consideração das peculiaridades de cada

organização que deseja e/ou a implanta. Entretanto, fica destacado que o simples

fato de se implantar este tipo de normalização não garantirá o seu êxito. A esse

respeito Oliveira; Pinheiro (2010) defendem que é preciso o envolvimento de todos

os membros da organização.

Dias (2011) sustenta esta afirmativa ao apresentar de maneira sintética

alguns elementos a serem cumpridos para a implantação de um sistema de gestão

ambiental. Assim o autor apresenta os seguintes aspectos constituintes da

implantação de um SGA: a política ambiental; o planejamento; a implementação e

operação; a verificação e correção; e a revisão pela gerência. Diante destas

características esta a efetivação de um sistema desta natureza nem sempre ocorre

de maneira facilitada e harmoniosa, pois aspectos como o baixo envolvimento da

alta direção e a dificuldade de interpretação dos manuais por parte do corpo

operacional são apontados como elementos complicadores (OLIVEIRA; PINHEIRO,

2010).

Isso porque de acordo com a ABNT (2004) qualquer organização pode

implantar um SGA que esteja alinhado com a Norma Brasileira (NBR) ISO 14001.

Para tanto é necessário que:

a) estabelecer, implementar, manter e aprimorar um sistema da gestão

ambiental,

b) assegurar-se da conformidade com sua política ambiental definida,

c) demonstrar conformidade com esta Norma ao

Page 31: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

28

1) fazer uma auto-avaliação ou autodeclaração, ou

2) buscar confirmação de sua conformidade por partes que tenham

interesse na organização, tais como clientes, ou

3) buscar confirmação de sua autodeclaração por meio de uma

organização externa, ou

4) buscar certificação/registro de seu sistema da gestão ambiental por

uma organização externa.1

A preocupação com o envolvimento de todos os componentes da

organização na implementação de um SGA também é visível no discurso de Barbieri

(2007) quando destaca que as responsabilidades para o êxito do mesmo não fique

restrita ao setor de qualidade ambiental. Isto significa que todos os stakeholders

envolvidos com a organização devem ter consciência de que:

a) da importância de se estar em conformidade com a política ambiental e

com os requisitos do sistema da gestão ambiental,

b) dos aspectos ambientais significativos e respectivos impactos reais ou

potenciais associados com seu trabalho e dos benefícios ambientais proveniente da

melhoria do desempenho pessoal,

c) de suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com os

requisitos do sistema da gestão ambiental, e

d) das potenciais conseqüências da inobservância de procedimento(s)

especificado(s). 2

Nesta linha de raciocino Dias (2011) defende que para se adotar um SGA

é necessário uma cultura ambiental na organização, onde as pessoas devem

implicar-se com tal perspectiva. Ainda segundo o autor esta cultura corresponde à

união de “comportamentos sociais, fundamentados no valor “meio ambiente”, que se

constitui em um sistema de significados e símbolos coletivos” (DIAS, 2011, p. 111).

Desse modo quanto mais o valor meio ambiente for internalizado na cultura de uma

1 ABNT, 2004, p.09 2 ABNT, 2004, cláusula 4.4.2

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29

organização, mais firme e enfática será a cultura ambiental. Andrade; Tachizawa;

Carvalho (2002) ressaltam que é necessário que os recursos humanos dêem o

suporte necessário á implantação das estratégias de um SGA. O quadro 1 a seguir

traz um panorama de como seria esse envolvimento do pessoal sob a perspectiva

treinamento:

Nível Funcional Treinamento Objetivos do TreinamentoDireção da empresa - Importância estratégica da gestão ambiental

- Análise das vantagens para a empresa - Custos envolvidos Nota: preferível realizar um treinamento “by the book”, com sumário de papers, ou palestras rápidas, e não um curso formal

- Determinação da Política Ambiental da empresa - Obter o comprometimento da Alta Direção (quebrar o ceticismo, originário de experiências anteriores desfavoráveis) - Aumentar o conhecimento do problema com vistas à atribuição de propriedades e de recursos

Nível Funcional Treinamento Objetivos do TreinamentoFuncionários da área de gestão ambiental

- Sistemas de Gestão Ambiental - Ciência Ambiental e sistemas de planta (associados a aspectos ambientais) - Conhecimentos de requisitos legais e normas ambientais - Auditoria Ambiental - Análises de riscos - FMEA e análises de risco dos sistemas da empresa

- Implantação e operacionalização do SGA - Solução de problemas ambientais da empresa - Preparação de procedimentos e instruções de trabalho - Formação de auditores ambientais internos - Melhoramento contínuo de métodos

Gerentes, Executivos e Encarregados de Processos, Engenharia, Planejamento, Compras, etc.

- Conhecimentos básicos sobre a questão ambiental - Sistema de Gestão Ambiental - Identificação dos aspectos e impactos ambientais - Qualidade total e gestão ambiental - Inventários de poluentes e resíduos - Análise dos sistemas da planta industrial e seus impactos sobre o meio ambiente - Legislação ambiental e seus impactos para a empresa - Ações em emergências com riscos ambientais

- Implantação e operacionalização do SGA - Conhecimento da Política - Definição (em Grupos de Trabalho designados) os objetivos e metas - Solução de problemas ambientais da empresa - Preparação de procedimentos e instruções de trabalho - Melhoramento contínuo de métodos - Formação de auditores ambientais internos - Orientação ao pessoal sob sua responsabilidade

Pessoal operacional (sobretudo os que têm relação com o cumprimento de conformidades)

- Conscientização no assunto (conhecimentos básicos sobre a questão ambiental) - Treinamento específico em processos (relacionados a aspectos ambientais) - Inventários de poluentes e resíduos - Técnicas de medição de variáveis ambientais - Solução para economia de energia e de matéria prima Treinamento específico quanto ao cumprimento de normas e leis - Aferição e calibração de instrumentos - Treinamentos específicos em sistemas de emergência - Manuseio de produtos perigosos

- Ampliação da conscientização e do senso de responsabilidade - Conhecimento e compreensão da Política Ambiental - Cooperação na identificação dos aspectos e impactos ambientais relacionados aos processos industriais - Conhecimentos com vistas a cumprir objetivos e metas

Quadro 1 – Treinamentos recomendados (sugestões e exemplos) Fonte: Moura (2004, p. 174-175)

Olhando por este prisma pode considerar que a sensibilização e a

consciência ambiental devem ser estimuladas no âmbito organizacional para que o

SGA não fique isolado a um setor específico. Desta forma elementos associados à

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30

Educação Ambiental (EA) devem constituir o conhecimento tácito e explícito de uma

organização. Sendo, o treinamento se constituindo como um elemento relevante

para o alcance do desempenho ambiental pretendido pela organização (OLIVEIRA;

PINHEIRO, 2010).

Como mencionado em momento anterior, a implantação de um SGA

pautado na norma ISO 14001 a fim da obtenção de certificação é passível de

acontecer em qualquer organização, independente de porte e/ou tipo. Neste

contexto se incluem as empresas do ramo de serviços que segundo Andrade;

Tachizawa; Carvalho (2002) é um setor que produz baixo impacto em suas

intervenções. Neste estudo foi dado ênfase ao setor hoteleiro como um segmento

chave para a operação de uma das atividades que mais crescem no mundo

contemporâneo, a atividade turística.

2.2 MUDANÇA E GESTÃO PARTICIPATIVA NO CONTEXTO DA ISO 14001

O contexto contemporâneo trouxe consigo a sociedade da informação e

do conhecimento, onde tudo acontece de maneira veloz. Essa realidade não é muito

diferente no ambiente organizacional. A esse respeito Stewart (1998) diz que em um

cenário onde a informação apresenta vida própria, a empresa deve decidir à

velocidade da luz. Isso implica em trazer para a discussão a temática mudança, uma

vez, que é esta a realidade do ambiente organizacional do século XXI. Quando trata

a organização como fluxo e transformação Morgan (2010, p. 264-265) revela cinco

pontos principais para a mudança organizacional:

Repensar o que queremos dizer com a organização, especialmente a natureza da hierarquia e controle; aprender a arte de administrar contextos; aprender como usar pequenas mudanças para criar grandes efeitos; viver com a transformação com a transformação contínua e a ordem emergente como um estado natural; e estar aberto para novas metáforas que posam facilitar os processos de auto-organização.

Falar em mudança organizacional implica em trazer para discussão o

tema cultura organizacional que dentre as teorias administrativas ocupa um dos

lugares mais recentes ao se abordar seus aspectos sócio-históricos, uma vez que

ganhou força nos escritos acadêmicos a pouco mais de trinta anos no final da

Page 34: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

31

década de 1970 e início década de 1980. Alguns autores argumentam inclusive que

sua origem se deve ao fato de se tentar explicar o sucesso japonês e a

apresentação de medidas para o enfrentamento da crise norte-americana naquele

período (FREITAS, 2007). Entretanto, tais discussões não ficaram restritas a esse

recorte histórico, pois, os processos organizacionais que sucederam esta fase

deixaram mais evidentes ainda a força que tal matéria exerce no contexto

organizacional, especialmente quando se inclui neste cenário as mudanças e

transformações ocasionadas por uma economia globalizada como o da

contemporaneidade.

Considerado o caráter subjetivo que apresenta, a cultura traz consigo

uma série de significados e interpretações de maneira que seu estudo nem sempre

é organizado de maneira ampla por parte dos pesquisadores, uma vez que sua

investigação se dá a partir de recortes ou de fenômenos específicos de

determinadas organizações. Vários são os pesquisadores que dedicam seus

esforços científicos a esta busca conforme mencionado em momento anterior. Fleury

et al. (2010) destaca neste aspecto a existência de duas correntes: há aqueles que

adotam o gênero diagnóstico de clima com caráter mais simplista, bem como, os

pesquisadores que investigam o universo simbólico das organizações.

Em seu livro Imagens da Organização Morgan (2010) apresenta a

metáfora da cultura e associa a mesma a nuances como: valores, crenças,

pressupostos, ritos, rituais, cerimônias, estórias, mitos, heróis, tabus, normas entre

tanto outros, como constituintes dos elementos que a compõem. Schein (2009)

defende que a cultura é um fenômeno dinâmico, uma vez que está por todos os

lados em uma organização e traz consigo um conjunto de estruturas, rotinas, regras

e normas orientando e limitando as ações dos indivíduos.

Diante destes aspectos Naves e Dela Coleta (2003) definem cultura

organizacional como uma força que estimula os membros de uma organização a agir

por meio de um significado e direção às tarefas desenvolvidas, criando assim

mecanismos de monitoramento e controle destas dando-lhes direcionamentos para

o que é correto ou errado no âmbito organizacional.

Em sua obra Freitas (2006) destaca a cultura organizacional como um

instrumento de poder e como um conjunto de representações imaginárias

construídas e reconstruídas no dia a dia do ambiente corporativo a partir dos

valores, normas, significados e interpretações com o propósito de direcionar e unir,

Page 35: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

32

apresentando assim uma identidade para a organização onde seus membros

possam se reconhecer na mesma. Ainda no contexto dos autores nacionais pode-se

citar Motta e Caldas (2010) quando apontam em seus estudos que a cultura

organizacional como um complexo material-imaterial interdependente onde todos os

traços sociais, históricos, a legislação e moral que compõem o povo são

constituintes da cultura.

A partir dos pressupostos de Fleury (2010) têm-se ciência da significância

da cultura em um ambiente organizacional, cujo reflexo apresenta repercussão

direta nos caminhos trilhados pelas organizações. Entretanto, a autora afirma que a

situação não é tão simples quando se trata de mudança organizacional. Essa defesa

da autora se alicerça no estudo de Pettigrew (2010) que discute a profundidade da

cultura como sendo um conjunto complexo de valores, crenças e pressupostos

básicos. Assim, de acordo com tal complexidade seria de maior facilidade o ajuste

das situações do que a modificação completa da cultura, ou seja, dada a influência

da cultura no processo administrativo de uma organização não seria interessante

nem inteligente uma mudança radical em seus sistemas operacionais, mesmo que

essa premissa de uma suposição de melhoria significativa nos resultados finais das

operações de uma empresa.

Isso explica porque mesmo o autor defendendo que é possível gerenciar

a cultura apresenta sete dificuldades para tal: os níveis, a infiltração, o implícito, o

impresso, a política, a pluralidade, a interdependência. Tais problemas surgem em

função do caráter subjetivo existente na cultura, cujas representações apresentam

olhares diferenciados no todo da organização, desde a base a mais alta

administração. Esses preceitos tornam-se mais evidentes quando se cita, por

exemplo, o caráter subjetivo de “controle do outro”, ou seja, a capacidade de um

agente levar um terceiro a fazer o que quer (ROULEAU, 2008).

Freitas (2010) corrobora com esse raciocínio quando afirma que a cultura

organizacional é capaz de repassar aos membros de uma organização quais são os

projetos que nascem a partir de uma missão pré-estabelecida. Entretanto, o sucesso

de tais projetos está condicionado à adesão aos mesmos. Nesta linha de raciocínio

pode-se ainda inferir que “a cultura organizacional, enquanto do simbólico, da

representação, da construção de imagens e significados, atua diretamente no

imaginário dos indivíduos” (FREITAS, 2010, p. 301).

Page 36: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

33

A esse respeito pode-se citar como exemplo as inovações tecnológicas

como um dos nos novos desafios da gestão empresarial incidindo diretamente em

mudanças nos sistemas de gestão o que implica em efeitos significativos na cultura

das organizações, uma vez que tais inovações repercutem diretamente tanto no

ambiente interno quanto externo gerando a necessidade de readequações nas

estruturas empresariais a fim que estas além de competir e capitalizar-se

sobrevivam em um ambiente de constantes incertezas.

Convém com isso afirmar que as organizações devem ser um terreno de

constante aprendizado, uma vez que a mudança caracteriza-se como qualquer

alteração no ambiente organizacional que afetem a maneira como os funcionários se

comportam no mesmo (NEWSTROM, 2008). Diante desses elementos não se pode

pensar em uma organização sem considerar as pessoas que a constituem e as

formas como elas estão implicadas com qualquer processo de mudança.

Implantar mudanças na cultura de uma organização perpassa por um

terreno cheio de incertezas, onde Oliveira (2010) chama atenção em sua discussão

para aspectos que podem relegar as mudanças ao insucesso como:

desconhecimento das metas por parte dos colaboradores; desconhecimento de “o

quê” deve ser feito para atingir as metas; falta de acompanhamento e mensuração

das metas através de placares; falta de responsabilização dos colaboradores

responsáveis pelas atividades que conduzem ao atendimento das metas. Por isso é

importante focar o que é crucial, empregar medidas de direção na realização das

ações, ter um placar de engajamento e gerar um ritmo de responsabilização. Esses

fatores demonstram o quanto é relevante que os mecanismos de comunicação

interna proporcionem o diálogo entre líderes e liderados.

A esse respeito Stewart (1998) considera que dentro de uma organização

contemporânea sentir, julgar, criar e desenvolver relacionamentos são atividades

eminentemente humanas. Newstrom (2008) ajuda a compreender essa discussão

quando coloca que uma forma inteligente de administrar as mudanças

organizacionais é proporcionar autonomia para os funcionários a fim de maximizar

seu desempenho profissional, ou seja, o empowerment.

Sugere-se neste sentido, pensar o papel da participação na gestão

organizacional, pois, esta quando é real e presente na realidade de uma

organização assume um papel fundamental. Com referência a questão da

participação cabe trazer à discussão o pensamento de Brito; Freire; Gurgel (2011)

Page 37: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

34

quando discutem que participar faz parte da natureza humana, sendo este um

processo social existente desde os tempos mais remotos. As autoras ainda

destacam que esse é processo que permite a reflexão e o prazer de criar e recriar

coisas, sendo, portanto, inerente à valorização das pessoas. Diante desta fala pode-

se aferir que o papel da participação em uma organização se associa a minimização

de custos, a maximização do serviço prestado aos clientes, ao aumento da

criatividade e a diminuição das faltas ao serviço, bem como, a rotatividade de

pessoal (VALLADARES; LEAL FILHO, 2003).

Isso porque de acordo com Newstrom (2008) a participação relaciona-se

com o envolvimento mental e emocional dos indivíduos para assumir a

responsabilidade de contribuir com as metas organizacionais. Dessa maneira,

pensar em uma organização onde existe a cultura da participação é refletir que

neste ambiente as pessoas estarão motivadas à contribuir e para isso utilizam sua

própria criatividade. Acrescente-se também a existência do trabalho em equipe

como mais um aspecto positivo em uma organização que adota o processo

participativo.

Convém, entretanto, chamar a atenção para o que Limongi-França;

Arellano (2002) falam a respeito da necessidade de que a participação

necessariamente não é um processo nato nas pessoas. Isso significa afirmar que

para o alcance dos resultados positivos esperados no ambiente organizacional

através participação se faz necessário que as pessoas envolvidas neste processo

estejam preparadas, ou seja, tenham maturidade para a tomada de decisão.

Limongi-França; Arellano (202, p. 267) ainda colocam este aspecto como “a

capacidade de compreensão do universo de cada um e seu modo de perceber a

realidade em que vive, o valores que possui, o grau de motivação que o impulsiona

e o tipo de comportamento estabelecido com o trabalho e a organização”.

Quando se associa as temáticas mudança e gestão participativa ao

contexto da ISO 14001 pode-se discutir à luz do estudo de Correia (2006) quando

destaca que não é possível a implantação de tal mecanismo sem que haja qualquer

tipo de mudança em um ambiente organizacional dando ênfase as questões

relacionadas aos objetivos, fatores, formas de planejamento. Já Ba (2003) reflete

que a mudança decorrente do processo de certificação ISO 14001 deve ser vista

como complexa e multifacetada, cuja interpretação assume diversos contornos,

incluindo aí imaginários específicos para cada categoria de trabalhadores na

Page 38: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

35

hierarquia organizacional. O autor ainda coloca que a realidade cultural socialmente

construída inclui divergências e dicotomias nas representações simbólicas

(imaginários gerencial e operário) elaboradas em torno do processo estudado.

Neste estudo se deu ênfase ao setor hoteleiro como um segmento chave

para a operação de uma das atividades que mais crescem no mundo

contemporâneo, a atividade turística. Tal segmento já traz consigo uma dinâmica

muito complexa em função do universo de setores que chega a impactar tanto direta

quanto indiretamente.

2.3 A ATIVIDADE TURÍSTICA

Explicar e entender turismo se assemelha a história da humanidade no

momento em que se colocam como paradigmas de entendimento os deslocamentos

e suas principais motivações. No contexto contemporâneo frequentemente se

associa as viagens ao turismo. Entretanto nem sempre o ato de viajar implica em

realizar turismo, embora este se associe a ação de deslocar-se de um lugar para

outro.

Desse modo ao se associar os deslocamentos ao contexto histórico da

humanidade percebe-se que suas características aparecem com bastante distinção.

Assim, no período das sociedades ágrafas os deslocamentos humanos ocorriam

constantemente na procura por espaços para a supressão de suas necessidades

básicas alimentação, moradia e/ou proteção (JUSTINO; FERNANDES; SILVA,

2010). Neste caso conforme as próprias autoras afirmam pelo seu caráter nômade

os homens de deslocavam sem a intenção de retorno ao local de origem, sendo,

portanto, necessário considerar que tais deslocamentos não podem ser

considerados viagens, uma vez, que uma das características destas é o retorno.

Com a descoberta do fogo e das técnicas da agricultura o homem perde

essa característica de nômade ao fixar-se em um lugar para dele retirar seu

sustento. Assim o homem torna-se sedentário deixando de deslocar-se

constantemente e constituindo as grandes civilizações da antiguidade. Nesta época

sob o domínio do Império Romano a humanidade vivenciou períodos de paz o que

Page 39: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

36

favoreceu o incremento das viagens, ou seja, com a intenção de retorno

(REJOWSKI, 2002).

Ainda de acordo com os escritos da autora este cenário se redefine

novamente na Idade Média a partir da queda do Império Romano, uma vez, que

neste período os deslocamentos tornaram-se perigosos e difíceis em função da

insegurança. Assim, neste período as viagens ficaram restritas aos deslocamentos

com finalidade religiosa especialmente pelas atividades da Igreja Católica no

Ocidente.

Passado esse período surge a abordagem mais aproximada do que se

conhece como a viagem com finalidades turísticas na contemporaneidade. Esta se

associa a procura pelo novo e desconhecido em outros lugares, outras culturas e

outros conhecimentos, por meio de uma expansão intelectual. Entretanto, nem

sempre essa busca era objetiva, pois o desconhecido muitas vezes era inusitado e

pitoresco (BARRETO, 2003).

O período em questão compreende os séculos XVI a XVIII, uma vez que

no século XIX as viagens assumem um caráter massificado a partir da intervenção

de um inglês chamado Thomas Cook que percebe a possibilidade de ampliação das

viagens a partir do incremento dos transportes, sendo considerado, inclusive, o

primeiro agente de viagens da história do turismo (IGNARRA, 2003). O autor ainda

evidencia que outros fatores como motivadores deste cenário como o surgimento do

trabalho assalariado e os benefícios a ele associados.

Pode-se perceber que estas características permanecem na

contemporaneidade, especialmente após o contexto que se tem vivenciado no pós-

guerras, onde o turismo se configura como a principal atividade de lazer do período

em questão. Pelas características apresentadas até o momento pode-se considerar

que o turismo nasceu e cresceu com o capitalismo, pois a cada avanço capitalista

percebe-se um avanço no turismo, tendo o mesmo se transformado em um

fenômeno econômico com espaço conquistado no cenário financeiro internacional

(MOESCH, 2000).

Durante o século XX especialmente várias foram às definições para esta

atividade em função das peculiaridades a ela associadas. Em função de sempre os

autores considerarem o retorno como uma das características principais das

definições, a OMT define o turismo como “atividades que realizam as pessoas

durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por

Page 40: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

37

um período consecutivo inferior a um ano com finalidade de lazer, negócios ou

outras” (OMT, 2001, p. 38).

Pelo discurso até agora apresentado pode-se perceber o quanto o turismo

pode ser um fator gerador de status e vaidade para quem o pratica, especialmente

quando este se associa aos ditames da indústria cultural. Isso faz com que em

alguns momentos se perca a efetividade da busca pelo novo, que em momento

anterior fora mencionado como algo inerente as viagens com essa finalidade desde

a Idade Moderna.

Isso se apresenta como um grande desafio, pois, de acordo com as

palavras de MOESCH (2002) não se pode conceber a atividade desvinculada de

alguns aspectos, dentre eles, às questões relacionadas à sustentabilidade, uma vez

que a produção/consumo do turismo acontece associada aos olhares econômico,

ecológico, social, cultural e espacial.

Na seção 2.1 deste estudo foi discutido o quanto a gestão contemporânea

aparece associada às questões ambientais, especialmente em função do crescente

movimento ambientalista advindo da segunda metade do século XX. Neste contexto

também se insere o turismo. Como exemplo dessa preocupação pode-se citar a

Federação de Parques Nacionais e Naturais Europeia (FNNP), que apresenta a

definição de turismo sustentável como uma prática que contribui para manter a

integridade ambiental, social e econômica e o bem-estar dos recursos naturais e

construídos. Da mesma forma, a OMT estabelece, de forma implícita, a concepção

de turismo sustentável no Código Mundial de Ética para o Turismo (OMT, 1999).

Isso fica evidente em seu artigo terceiro quando estabelece a atividade

como um fator de desenvolvimento sustentável, determinando que o conjunto dos

atores do desenvolvimento turístico tem o dever de salvaguardar o ambiente e os

recursos naturais, na perspectiva do crescimento econômico contínuo e sustentável,

capaz de satisfazer equitativamente as necessidades e as aspirações das gerações

presentes e futuras (OMT, 1999).

Assim, percebe-se a necessidade de que todas as intervenções e

operações de organizações que atuem nos mais diversos setores da cadeia

produtiva do turismo tragam consigo o compromisso ético para como a salvaguarda

dos recursos naturais. E como afirma Dias (2011) citado em momento anterior

nestes escritos, sendo as empresas um local ideal para a prática do

Page 41: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

38

desenvolvimento sustentável no âmbito da atividade turística não poderia ser

diferente a citar o setor hoteleiro.

2.4 O SETOR HOTELEIRO

Neste trabalho já foi mencionado que o turismo é uma das atividades

econômicas mais promissoras do mundo contemporâneo. Este é um setor que pela

dinâmica de operações e atividades envolve várias áreas de intervenções. Pode-se

citar como exemplo de elementos constituintes da cadeia produtiva do turismo o

transporte, a alimentação, a oferta de lazer e entretenimento e a hospedagem.

Estes elementos e muitos outros constituem o ramo da prestação de

serviços da atividade turística. SENAC (1998) afirma que normalmente estes

serviços são ofertados em locais chamados de equipamentos turísticos. Neste

aspecto se incluem os equipamentos hoteleiros, considerado um elemento

estratégico da cadeia produtiva do turismo, uma vez que sua a ausência pode

significar o não desenvolvimento de uma região com significativo potencial turístico

(Ibdi, 1998).

De acordo com Castelli (2003) a organização hoteleira é aquela que

mediante pagamento de diárias oferece alojamento à clientela indiscriminada. Os

serviços oferecidos neste tipo de estabelecimento contemplam a comercialização de

aposentos mobiliados, com banheiro privativo, para ocupação imediata e transitória

incluindo-se neste equipamento serviços como alimentação e lazer, bem como,

outros atrelados à atividade hoteleira.

O artigo Art. 23 da Lei 11771/2008 define este tipo de equipamento como

os empreendimentos ou estabelecimentos, independentemente de sua forma de

constituição, destinados a prestar serviços de alojamento temporário, ofertados em

Page 42: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

39

unidades de freqüência individual e de uso exclusivo do hóspede, bem como outros

serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de hospedagem,

mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança de

diária.3

Os aspectos ora ressaltados corroboram com a afirmativa de que o hotel

é realmente uma peça chave na estruturação do sistema turístico. Para entender

como este funciona se faz pertinente neste momento elencar elementos

característicos da história da hotelaria, conforme será retratado na próxima seção.

2.4.1 Histórico da hotelaria

Assim como o turismo a hospedagem tem sua origem nos tempos mais

remotos dos deslocamentos humanos e sua busca por abrigo, apoio e alimentação

durante as viagens (SENAC, 1998). Ainda segundo o SENAC (1998, p. 72) “a

palavra hospedagem vem do latim e, originalmente significava hospitalidade, dada

ou recebida, e também aposento destinado a um hóspede”. Powers; Barrows (2004)

afirmam já havia menção aos meios de hospedagem desde 1.800 a.C no Código de

Hammurabi.

Barreto (2003) também afirma que entre os séculos II a.C e II d.C já

existiam resorts de inverno e verão por ocasião do auge do Império Romano, uma

vez que nesta época as viagens eram facilitadas pelas boas condições das estradas

pavimentadas que inseriam pontos de parada e de descanso ao longo do percurso.

Isso significa que o hotel teve seu surgimento atrelado ao

desenvolvimento do comércio entre as cidades. Nesta época já existia uma

classificação para as acomodações, porém, os serviços eram oferecidos de modo

3 Lei Geral do Turismo n.º 11.771/08, de 17 de setembro de 2008

Page 43: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

40

muito rudimentar, uma vez que mesmo nas hospedarias que ofereciam melhores

condições de conforto havia apenas uma cama e um candelabro (REJOWSKI,

2002). Estas hospedarias têm origem nas rotas comerciais da Ásia, Europa e África,

na Antiguidade (BRASIL, 2007).

Na Idade Média estes estabelecimentos perdem um pouco sua utilidade,

pois, a ordem socioeconômica vigente e a fixação do homem à terra faz com que os

hábitos deste sejam modificados, faltando-lhes o recursos excedentes que

proporcionavam as viagens e o lazer (REJOWSKI, 2002). Assim a utilização de

hospedarias quase ficou restrita àqueles que viajavam por motivações religiosas

(POWERS; BARROWS, 2004). Neste período os mosteiros também serviram como

local de abrigo para os viajantes, uma vez que hospedar era uma virtude espiritual e

moral (BRASIL, 2007).

Já na Idade Moderna fatores como a transformação de cidades

européias em centros de comércio e cultura, juntamente com o incremento dos

transportes de massa se intensifica a construção de abrigos para os viajantes ao

longo das rotas estabelecidas (POWERS; BARROWS, 2004). É neste cenário que a

palavra qualidade entra no contexto da hotelaria em função de os hóspedes se

tornarem mais exigentes (SENAC, 1998).

É diante deste paradigma que surge a hotelaria contemporânea

constituindo novas ideias e novos valores, notadamente após a II Guerra Mundial,

onde o crescimento econômico, e a consequente ampliação das rendas das pessoas

nos países desenvolvidos fazem ocorre o incremento das viagens (BRASIL, 2007).

Neste momento mais do que nunca se vê uma mudança dos padrões de

hospedagem e o fator qualidade começa a ser um fator de excelência a ser

buscados pelos hóspedes. Assim grandes cadeias começam a surgir e se espalhar

pelo mundo inteiro (SENAC, 1998).

No Brasil, os primeiros registros da existência de meios de hospedagem

remontam ao período colonial com os viajantes abrigando-se nas casas-grande dos

engenhos e fazendas, nos casarões das cidades, nos conventos, nas grandes

fazendas e, principalmente, nos ranchos às margens das estradas. A Igreja Católica

também pode ser considerada um referencial da hospedagem no século XVIII ao

receber nos conventos personalidades ilustres a outros hóspedes. Ainda no século

XVIII percebe-se um considerável incremento na oferta deste serviço a partir do

surgimento das estalagens ou casa de pasto (ANDRADE, 2004).

Page 44: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

41

Com a chegada da corte real portuguesa em 1808 e a posterior abertura

dos portos ocasionaram o aumento do fluxo de pessoas, levando ao surgimento de

casas de pensão, hospedarias e tavernas (BRASIL, 2007). Em pouco tempo estes

estabelecimentos passam a utilizar a denominação hotel, em função da necessidade

do anuncio deste tipo de estabelecimento aos estrangeiros que chegavam ao Brasil,

em especial ao Rio de Janeiro, para o exercício de profissões ligadas a diplomacia,

ciência e comércio (ANDRADE, 2004).

O século XX marca a expansão do setor hoteleiro no Brasil a partir do

acompanhamento das transformações econômicas ocorridas em todo o mundo.

Assim, inicia-se o surgimento dos grandes hotéis marcando a maioridade deste

segmento no país, especialmente após os incentivos financeiros dados ao setor por

parte da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) criada em 1966 (Ibid, 2004).

Assim como o que ocorre no mundo neste século XXI a hotelaria do Brasil

tem acompanhado os níveis e padrões de excelência na oferta de serviços. Nesta

linha de raciocínio se insere a constante busca de atendimento aos anseios da

sociedade como é o caso da adesão a propostas de gestão que estejam alinhadas a

uma busca pela melhoria da qualidade ambiental do planeta, como é o caso da

implantação de SGA’s em seus procedimentos administrativos. Um exemplo disso é

a adesão de muitos hotéis a norma ISO 14001 como maneira equitativa ao

movimento ambientalista contemporâneo.

2.4.2 A gestão ambiental em organizações hoteleiras e a norma ISO 14001

A gestão ambiental nas organizações é um tema recente do ponto de

vista da história da humanidade, surge em função das pressões sociais iniciadas a

partir da segunda metade do século XX. Pelas informações apresentadas neste

estudo pode-se perceber que a implantação de SGA no âmbito da norma ISO 14001

é mais recente ainda, haja vista, que tal norma tem sua primeira versão editada em

1996 com revisão entre 1999 e 2004 (BARBIERI, 2007).

Nas organizações hoteleiras o conteúdo gestão ambiental surge atrelado

á necessidade constante de melhoria na qualidade da oferta de serviços, uma vez

que, conforme já citado os clientes estão ficando cada vez mais exigentes. Além

Page 45: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

42

disso, implantar um sistema de gestão ambiental traz para a hotelaria um novo olhar

para com a qualidade do planeta e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Mullins (2004) afirma que a busca por oportunidades para melhoria dos seus

produtos, serviços e processos, deve ser uma constante nas organizações de

hotelaria.

Nesta perspectiva o estudo de Ávila (2005) revelou que a gestão

ambiental associada aos processos de operação das organizações pode ser

considerada como um aspecto positivo. O autor ainda pondera que um expressivo

percentual das empresas certificadas com ISO 14000 está no setor de serviços,

incluindo-se neste o segmento hoteleiro.

Entretanto, este movimento ainda pode ser considerado como tímido ao

se tomar como referência a investigação de Santos (2005) quando apresenta que a

adoção de sistemas de gestão ambiental é uma postura recente nas organizações

nacionais e quando se delimita a área de hospedagem a restrição é ainda maior. O

estudo de Corrêa (2009) também considera que apesar da ciência das necessidades

de implantação dos SGA’s os investimentos advindos dos segmentos hoteleiros

ainda são tímidos. Ainda neste contexto, Novaes (2007) em seu recorte sobre as

práticas ambientais em equipamentos de hospedagem no Estado de Santa Catarina

evidencia as ações como tímidas não ultrapassando o caráter pontual. O destaque

fica a cargo da falta de conhecimento dos gestores dos equipamentos hoteleiros

para com as práticas de gestão ambiental.

Apesar disso pode-se afirmar que no momento em que investem

processos e operações apoiados no principio da qualidade ambiental, as

organizações hoteleiras têm a possibilidade de contribuir para a sustentabilidade.

Além de gerar economia, a cultura da responsabilidade ambiental agrega valor à

marca e traz diferencial competitivo para as empresas (SEBRAE, 2011).

Neste aspecto se inclui a adoção dos SGA’s com ênfase nos normas ISO.

Como tais normas são implantadas de maneira voluntária por parte das

organizações, nenhum empreendimento hoteleiro é obrigado a adotá-las. Por não

apresentar caráter obrigatório, aderir as normas ISO torna-se um compromisso para

estabelecer a política ambiental do hotel, cujo significado é traduzido no

cumprimento da legislação e dos regulamentos aplicáveis, bem como, a realização

de melhorias contínuas (LAMPRECHT; RICCI, 1997).

Page 46: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

43

Um SGA baseado na norma ISO 14001 deverá ser simples e prático e

não deverá trazer um investimento oneroso para ser aplicado. Este deve ser

desenvolvido de modo a adicionar valor ambiental à cultura da organização e,

portanto, deve ser praticado e não ficar restrito a uma séria de manuais inexeqüíveis

(Ibid, 1997).

Contudo mesmo com a significativa relevância que o tema Gestão

Ambiental apresenta para as organizações na contemporaneidade, por ser um

assunto relativamente recente sua prática e estudo ainda aparece de maneira muito

discreta. Sendo, portanto, o estudo em questão mais uma oportunidade de

discussão a esse respeito.

2.5 O MODELO DE BA (2003) COMO APORTE TEÓRICO DO ESTUDO

Ba (2003) tornou-se aporte teórico para estudo em função das

características adotadas pelo mesmo a fim de compreender a relação entre a cultura

organizacional e o processo de certificação ISO 14001. Neste propósito o autor

sustenta sua investigação na teoria institucional e no conceito da cultura

organizacional como um processo simbólico de construção de uma nova realidade

social. Assim, se constrói um estudo de caso em uma empresa de setor de

autopeças localizada no estado de Minas Gerais.

O autor sustenta seu instrumento de pesquisa na vertente sociológica da

teoria e da sociologia do conhecimento com foco na investigação da natureza ou

origem da ordem social. Assim, o estudo em questão traz como pano de fundo a

discussão de como a ordem social está fundamentada pela interação dos indivíduos

com o ambiente externo. O contexto em que o autor desenvolveu sua investigação

foi a gestão ambiental com ênfase na norma ISO 14001.

Segundo Ba (2003, p. 23)

O processo de certificação ISO 14001 poderia perfeitamente se adequar nesse aspecto, pois reúne um conjunto de normas verificadas por auditores externos e que, na maioria das vezes, não é compreendido e nem lido pela grande maioria dos membros organizacionais.

Page 47: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

44

Neste sentido, a fundamentação do estudo perpassa por uma linha de

raciocínio que discute a compreensão do contexto em que se situam as

organizações para poder entender suas estruturas e processos. Dentro desta

perspectiva se traz a teoria institucional para caracterizar a concepção de um

ambiente organizacional que destaque a presença de elementos culturais - valores,

símbolos, mitos, sistema de crenças e programas profissionais. Sendo, portanto, o

processo de institucionalização a criação de uma realidade social entre atores por

meio da externalização, objetivação e internalização (BA, 2003).

Diante desse ponto de vista o autor sustenta estes pressupostos a partir

da linha macrossociológica da teoria institucional, onde as formas organizacionais

são reflexos das pressões que as organizações sofrem para mudarem sua

estruturação de acordo com as características do marcoambiente em que estão

inseridas, ou seja, o isomorfismo. No caso da implantação da ISO 14001 este se

particulariza na perspectiva normativa que segundo o autor advém da

profissionalização, cujo desdobramento envolve o compartilhamento de um conjunto

de normas e rotinas de trabalho pelos membros de uma determinada ocupação.

Pensar o isomorfismo diante deste raciocínio perpassa pela consideração

da cultura organizacional, bem como, as maneiras como as mudanças interferem na

mesma, uma vez que estas criam posturas de recepção, podendo se diferenciar ou

se dividir em resistências ou adesões às novas ideias (Idem, 2003).

No estudo o autor adota os postulados do paradigma interpretativo de

análise organizacional de Burrel & Morgan (1979) onde a organização é descrita

como sendo o resultado das interpretações que os seres humanos fazem dos fatos

que ocorrem no seu ambiente e dos cursos de ação que eles escolhem seguir após

as interpretações realizadas acerca desta realidade (BA, 2003). O autor ainda

reforça essa perspectiva na fala de Brito (2000) ao afirmar que “Os estudos

organizacionais baseados nos postulados do paradigma interpretativos buscam

produzir descrições e explicações de eventos e práticas de gestão, conforme a

experiência de vida de seus membros” (BA, 2003, p. 47).

Conforme mencionado, o estudo em questão se trata de um estudo caso

apoiado na triangulação entre análise documental, entrevistas em profundidade e

observação não-participante. Desta forma, o estudo conduziu aos seguintes

resultados:

Page 48: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

45

O ambiente técnico e institucional e uma breve história da

TECNICO;

Processo de certificação ISO 14001 na TECNICO: uma análise de

seus significados;

Movimentos de adesão e resistência ao processo de certificação

na TECNICO.

Como consideração acerca do estudo ou autor afirma que a questão da

mudança em função da inserção da temática ambiental no contexto organizacional

pode fazer com que o ser humano tanto se amolde quanto adapte aos novos

padrões estabelecidos desenvolvendo inclusive uma cultura neste sentido. Além

disso, o estudo mostrou que, “é apenas compreendendo a verdadeira natureza da

resistência com referência à cultura organizacional vigente que os gestores podem

tomar as devidas providências para remediá-la” (Idem, 2003, p. 47).

Portanto, em função da temática, dos procedimentos metodológicos e dos

resultados discutidos por Ba (2003) fez-se premente sua utilização como aporte

teórico para construção da pesquisa ora em discussão em função do seu propósito

que foi examinar a percepção dos gestores e colaboradores acerca das

características do sistema de gestão ambiental a partir da norma ISO 14001 em um

empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil.

Page 49: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

46

3 METODOLOGIA

Para validar toda e qualquer investigação científica se faz necessário

conhecer os caminhos trilhados pelo pesquisador para o alcance dos objetivos

propostos para a realização do estudo. Neste sentido, o propósito deste capítulo

será apresentar quais foram as estratégias para a realização da pesquisa em

questão.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso classificado por

Vergara (2007, p. 49) como sendo “circunscrito a uma ou poucas unidades,

entendidas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou

mesmo país”. O estudo também contempla a pesquisa documental referente à ISO

14001 na organização, Gil (2009) destaca que este tipo de pesquisa baseia-se em

documentos, podendo sua análise ser quantitativa ou de conteúdo.

Esta investigação também se caracteriza como uma pesquisa de campo

de natureza descritiva, Vergara (2007) destaca que a pesquisa de campo condiz

com uma investigação empírica no local onde ocorrem ou ocorreram os fatos. Com

relação à característica descritiva do estudo é possível mensurar que se fez

necessário caracterizar a organização, os pressupostos oriundos da implantação do

sistema de gestão ambiental ISO 14001, bem como, a atuação dos colaboradores

da organização.

Assim para o melhor dimensionamento dos resultados foi adotado o

critério quantitativo na coleta e análise de dados. De acordo com Severino (2007)

embora se utilize a liberdade metodológica para tratar pesquisa ou metodologia é

recomendável o uso do termo abordagem quantitativa ou qualitativa, pelo fato de

estas nomenclaturas serem referentes a conjuntos de metodologias, envolvendo

diversas referências epistemológicas.

Partindo desse raciocínio a abordagem quantitativa deste estudo se

realizou a partir da descrição das respostas apresentadas às entrevistas

Page 50: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

47

estruturadas (apêndice A) realizadas com os gestores, bem como, a estatística

descritiva e tabulação realizada a partir das respostas apresentadas pelos

colaboradores aos formulários (apêndice B) com eles aplicados.

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

O quadro de colaboradores é composto por 310 pessoas, sendo 19

destas ocupando cargo de chefia e 291 nas demais funções organizacionais. Este,

portanto, foi o universo da pesquisa, cuja amostra por não probabilística por

conveniência foi de 111 respondentes, divididos entre 13 gestores e 98

colaboradores.

A esse respeito Mattar (1996, p. 132) afirma que “amostragem

probabilística é aquela em que cada elemento da população tem uma chance

conhecida e diferente de zero de ser selecionado para compor a amostra”. Enquanto

que a “amostragem não probabilística é aquela em que a seleção dos elementos da

população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do

pesquisador ou do entrevistador no campo” (MATTAR, 1996, p. 132). Conforme

mencionado neste estudo optou-se pela amostragem por conveniência considerando

a taxa de ocupação do hotel.

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

Em função do perfil dos respondentes foram utilizados dois instrumentos

de pesquisa. Quando fala de instrumento de pesquisa Gil (2009) coloca sua

elaboração como a terceira etapa dentre as oito fases do levantamento de dados. O

autor considera que os instrumentos mais utilizados são o questionário, a entrevista

e o formulário.

No primeiro momento os dados foram coletados a partir de um roteiro de

entrevista adaptado do modelo de Ba (2003). Desse modo, as respostas

Page 51: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

48

apresentadas pelos gestores serviram de base para a elaboração das opções de

resposta aos questionamentos apresentados no formulário também adaptado do

aporte teórico de Ba (2003). Gil (2009) cita que o formulário é fruto da mescla entre

as características da entrevista e do questionário, sendo o mais indicado em

pesquisas de opinião, entretanto, este apresenta a limitação a impossibilidade na

obtenção de dados mais aprofundados. Neste estudo, as opções de escolha foram

pré-definidas, porém, os colaboradores tinham a possibilidade de escolher mais de

uma opção de resposta.

Assim o instrumento foi dividido em duas partes tanto para gestores

quanto para colaboradores, onde a parte “A” composta por dez questões

corresponde ao perfil sociodemográfico dos colaboradores. Já a parte “B” se refere

às questões relacionadas com a investigação acerca das caraterísticas do SGA da

organização a partir da visão de gestores e colaboradores. Na parte “B” foi

apresentado 18 questionamentos aos gestores e 15 aos colaboradores.

3.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO

Questões Objetivos específicos Variáveis

Quais as características sociodemográficas dos participantes da pesquisa?

Identificar o perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa

Perfil dos participantes da pesquisa

Como os sujeitos percebem e avaliam a gestão ambiental?

Analisar como os sujeitos percebem e avaliam a gestão ambiental

Gestão ambiental

Qual o conhecimento sobre a ISO 14001?

Identificar o conhecimento sobre a ISO 14001

Norma ISO 14001

Qual o conhecimento sobre a política de gestão ambiental

Verificar o conhecimento sobre a política de gestão ambiental

Política de gestão ambiental

As pessoas foram capacitadas e conscientizadas?

Avaliar a capacitação e conscientização dos sujeitos

Capacitação/Conscientização

Houve participação dos sujeitos na implantação/auditoria da ISO 14001?

Identificar a participação dos sujeitos na implantação/auditoria da ISO 14001

Participação

Qual a mudança nas práticas dos sujeitos após a implantação/auditoria da ISO 14001?

Verificar as mudanças nas práticas dos sujeitos após a implantação/auditoria da ISO 14001

Mudança

Quadro 3 – Variáveis do estudo. Fonte: dados da pesquisa.

Page 52: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

49

3.5 COLETA DE DADOS

Esta subseção visa esclarecer como foi conduzido o estudo em todas as

suas fases de realização. Andrade (2010) destaca que “a coleta de dados constitui

uma fase importantíssima da pesquisa de campo, mas não deve ser confundida com

a pesquisa propriamente dita”. Em outras palavras pode-se dizer que esta fase

serviu de subsídio para o posterior tratamento, análise, interpretação e

representação dos dados a fim de serem discutidos à luz de um referencial teórico.

Neste sentido, por se tratar de um estudo de natureza descritiva os

primeiros dados a que foram coletados são referentes à caracterização da

organização e a uma visão geral do sistema de gestão ambiental implantado à luz

da norma ISO 14001.

A partir de junho de 2011, período da autorização por parte da

organização para a realização do estudo iniciou-se a coleta documental

contemplando: número total de colaboradores da organização, número de gestores,

documentos que caracterização a estrutura de prestação de serviços do hotel, bem

como de documentos internos e externos que caracterizam o SGA do mesmo. Na

etapa seguinte foram realizadas as entrevistas estruturadas com 13 colaboradores

ocupantes de cargos de gestão na organização, nesta pesquisa, denominados

“gestores”. Com relação aos colaboradores foi aplicado um formulário com 98

participantes.

As entrevistas com os gestores foram realizadas no mês de maio pela

pesquisadora, de acordo com o agendamento pela funcionária do setor de qualidade

(elo entre a pesquisadora e a organização investigada). Já a aplicação dos

formulários com os demais trabalhadores ocorreu nos meses de junho a agosto pela

pesquisadora e por cinco estudantes de graduação treinados pela mesma.

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

Andrade (2010) também coloca a fase tratamento dos dados como a

elaboração dos dados, compreendendo a seleção, categorização e tabulação.

Page 53: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

50

Assim, esta parte do estudo dividiu-se em três etapas: etapa 1 – análise documental;

etapa 2 – análise descritiva e categorização; e etapa 3 – estatística descritiva e

tabulação.

Desse modo a análise documental relacionou-se com os documentos

pertinentes documentação normativa do sistema de gestão ambiental e do sistema

de gestão da qualidade do hotel.

Na sequencia foram criadas categorias descritivas a partir da fala dos nas

respostas apresentadas ao roteiro da entrevista estruturada. Estas surgiram a partir

das semelhanças das respostas apresentadas. Esses dados são demonstrados no

capítulo apresentação e análise dos resultados a partir da adoção da nomenclatura

“R” atrelada à ordem crescente de aplicação do roteiro de entrevista com os

gestores, ou seja, o primeiro gestor a responder é o “R” 1 e assim sucessivamente.

3.7 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Ocean Palace Beach Resort & Bungalows. O

equipamento turístico surgiu originalmente da ideologia do empresário Arnaldo

Gaspar o desejo de construir um hotel de grande porte, uma vez que em Natal não

havia nenhum hotel na categoria cinco estrelas. Assim, Em 1º de Janeiro de 1996,

foi inaugurado o primeiro hotel cinco estrelas de Natal, com 152 apartamentos, uma

área de lazer, restaurantes internacionais, salão de jogos, sauna e com uma equipe

de colaboradores treinada para proporcionar serviços de qualidade aos clientes,

marcando uma nova fase na história da hotelaria e do turismo no Rio grande do

Norte.

O empreendimento foi o primeiro hotel a ter certificado ISO 9001 no

Brasil como também tem o certificado da ISO 14001, passando por várias reformas

estruturais, ampliando para 315 apartamentos, modernizando seu parque aquático,

sendo referência da hotelaria no Brasil. Os regulamentos seguidos no hotel referem-

se à qualidade e excelência na prestação de serviços.

Page 54: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

51

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo se constitui na apresentação dos dados obtidos a partir da

realização da investigação proposta com esta pesquisa. Além disso, tais

informações serão analisadas e discutidas à luz do referencial teórico construído no

capítulo 2 deste estudo.

4.1 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DO OCEAN PALACE BEACH RESORT

& BUNGALOWS

Para falar sobre qualquer questão associada ao SGA de uma organização

se faz necessário entender os pressupostos que o norteiam. Assim, é como este

propósito que esta parte do estudo trata da discussão acerca do SGA do hotel

Ocean Palace.

De acordo com os elementos apresentados no Manual do SGA do hotel, o

mesmo encontra-se em conformidade com NBR ISO 14001:2004 (OCEAN PALACE,

2008). Deste modo pode-se considerar que de acordo com a ABNT (2004) a

organização estabelece, implementa, mantêm e aprimora seu SGA a partir de uma

política ambiental definida.

Assim, de acordo com manual do SGA a política ambiental do hotel é a

seguinte:

O Ocean Palace tem o compromisso de integrar o bem estar de clientes e hóspedes e a proteção do meio ambiente. Buscamos administrar nossos processos de forma sustentável, atendendo a legislação aplicável, promovendo ações de prevenção à poluição e preservação dos recursos naturais, garantindo a melhoria continua do nosso Sistema de Gestão Ambiental (OCEAN PALACE, 2008).

Deste modo ainda de acordo com o documento norteador do SGA do

Ocean Palace, este se divide em: requisitos gerais; política ambiental; planejamento;

aspectos ambientais; requisitos legais e outros; objetivos, metas e programas;

implementação e operação; recursos, funções, responsabilidades e autoridades;

competência, treinamento e conscientização; comunicação; documentação; controle

de documentos; controle operacional; preparação e respostas a emergências;

Page 55: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

52

verificação; monitoramento e medição; avaliação do atendimento a requisitos legais

e outros; não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva; controle de registros;

auditoria interna; análise pela administração.

Considerando a significância estratégica desta decisão para a

organização Seiffert (2010) afirma que a partir do momento em que há uma

deficiência do Estado com relação à fiscalização dos impactos ambientais gerados

pelos processos organizacionais a implantação de um SGA à luz da norma ISO

14001 traz ao empreendedor a redução do ônus da fiscalização do governo, uma

vez que, a empresa atua como seu próprio fiscal. A autora ainda destaca que assim

é possível assumir o efeito potencializador da conservação ambiental através da

acumulatividade.

Assim, as diretrizes gerais dos manuais do SGA se articulam com os

Procedimentos Ocean de Qualidade/Ambiental (POQ); Programa de Gestão

Ambiental (PGA); Instruções de Trabalho (IT) e/ou Ficha Técnica. Ainda de acordo

com o manual do SGA as atividades sujeitas ao sistema são as seguintes:

fornecimento de serviços de hospedagem; fornecimento de serviços de alimentos e

bebidas; desenvolvimento e realização de eventos; realização de atividades de lazer

e recreação (OCEAN PALACE, 2008).

De acordo com a afirmativa de Ávila (2005) o hotel está inserido no

expressivo número de empresas do setor de serviços certificadas pela NBR 14001.

Ainda segundo o autor é relevante que as organizações considerem seus SGA’s

como estratégia para a melhoria das operações internas, da cadeia de suprimentos

e das intervenções no meio ambiente. A esse respeito Seiffert (2010) também

considera como fatores positivos da implantação de um SGA por empresas de

pequeno a médio porte: o aprimoramento no desempenho ambiental associado ao

cumprimento da legislação e ao aumento da competitividade no mercado

globalizado.

Na sequencia será apresentado o perfil sociodemográfico dos

colaboradores da organização, uma vez que, segundo Barbieri (2007) é necessário

o envolvimento de todos os componentes da organização na implementação de um

SGA, pois, as responsabilidades para o êxito do mesmo não podem ficar restrita ao

setor de qualidade ambiental.

Page 56: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

53

4.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES DA

PESQUISA

Como o objetivo geral deste estudo consiste em examinar a percepção

dos gestores e colaboradores acerca das características do sistema de gestão

ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do

Nordeste do Brasil, conhecer as características sociodemográficas dos participantes

da pesquisa se faz pertinente para dá o suporte necessário à análise dos demais

resultados. Neste sentido tais características foram analisadas por meio da

estatística descritiva por frequência absoluta.

De acordo com Andrade (2010, p. 133) “muitos estudos de campo

possibilitam a análise estatística de dados, sobretudo quando se valem de

questionários ou formulários para a coleta de dados”. Assim, para melhor

compreensão dos resultados alcançados na caracterização sociodemográfica deste

estudo este foram subdivididos entre gestores e colaboradores.

4.2.1 Caracterização sociodemográfica dos gestores

Para Identificar o perfil sociodemográfico dos gestores teve-se o suporte

das seguintes variáveis: sexo, tipo de cargo que ocupa, função exercida, área em

que trabalho, nível de escolaridade; idade, estado civil, tempo de experiência no

setor, tempo de serviço na empresa, tempo de serviço no setor que atua (os dados

provenientes desta coleta podem ser verificados no Apêndice C deste estudo).

Neste sentido, a caracterização sociodemográfica dos gestores

demonstra que a maioria dos funcionários é do gênero masculino (77%), esta

porcentagem de gênero vai de encontro ao perfil nacional apresentado no estudo de

Silva e Miyashiro (2007) que traz a afirmativa de que 55% no conjunto dos

empregados na área da hotelaria é do gênero feminino.

Com relação à faixa etária pode-se considerar que parte dos gestores da

organização já está na fase adulta da vida uma vez que 62% dos respondentes se

encontra entre 31 e 40 anos. Neste aspecto pode-se considerar que há uma

Page 57: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

54

maturidade das pessoas que ocupam cargos de gestão na organização. Essa

maturidade dos gestores também pode ser observada nos aspectos escolaridade,

estado civil e tempo de experiência no setor, cujos resultados trazem os seguintes

dados respectivamente: 31% dos entrevistados concluíram o ensino superior e 23%

estão cursando; 54% são casados (as); e 69% têm mais de cinco anos de

experiência no setor.

Esses dados revelam a possibilidade da existência de relação com a

tendência contemporânea no setor da prestação de serviços: a exigência por

profissionais qualificados. Agnol (2008, p. 6) destaca em sua pesquisa que:

A competitividade tornou-se intensa e complexa entre as organizações. O conhecimento tornou-se fundamental e o desafio passou a ser a produtividade do conhecimento através das informações recebidas. A maior responsabilidade dos gerentes atuais é de tornar o conhecimento criado por seus funcionários, útil e produtivo, capaz de desencadear produtos e serviços diferenciados. Eles precisam ser inteligentes e criativos. Para isso, tornou-se necessário identificar as habilidades e dispor o trabalhador em ambientes que este possa provocar as mudanças necessárias.

Ainda a respeito do perfil dos gestores pode-se considerar que o tempo

de serviço destes na organização, bem como, no setor que atuam corresponde em

linhas gerais entre 1 ano e 1 mês e 5 anos, sendo estes dados compreendendo 38%

das respostas para o tempo de serviço e 54% tempo de serviço no setor que atua

respectivamente.

Estes dados trazem consigo o olhar para a forma como os indivíduos

conhecem e se apropriam dos procedimentos da organização. Neste sentido,

Oliveira; Pereira (2008) destacam que a aprendizagem organizacional é parte do

todo institucional, sendo esta a referência para um processo de (re) construção

organizacional ligado à interpretação do ambiente, (re) construção esta referente às

mudanças estratégicas nos processos da organização realizadas de acordo com a

leitura do ambiente no qual esta se insere, bem como fruto do conhecimento

absorvido no próprio processo de aprendizagem.

Page 58: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

55

4.2.2 Caracterização sociodemográfica dos colaboradores

Ratificando o objetivo geral deste estudo que prevê a análise de dados a

partir da percepção dos sujeitos que mantêm vínculo empregatício com o hotel, se

faz premente que perfil sociodemográfico dos colaboradores também seja

caracterizado (este dados podem ser vistos de forma detalhada no Apêndice D).

Assim, da mesma forma que no perfil dos gestores os dados dos colaboradores

também contrariam a estatística nacional da ocupação na hotelaria, pois, 62% fazem

parte do gênero masculino.

Com relação à idade é possível perceber que os colaboradores são

jovens, pois 47% dos entrevistados têm entre 21 e 30 anos. Este dado abre a

possibilidade de se considerar que a idade pode ser relevante ao considerar a

escolaridade dos colaboradores, pois, 47% possuem ensino médio completo e 19%

ensino médio incompleto. Pode-se ainda considerar que as características

mencionadas podem relacionar-se com questões como falta de qualificação das

pessoas que compõem o operacional das organizações hoteleiras, conforme

afirmado na revista Hotéis edição 91 de agosto de 2010.

Na região Nordeste, onde estão localizados os grandes resorts e complexos hoteleiros, a falta de mão de obra qualificada é crônica há muitos anos. A maioria dos empreendimentos sem muita opção de mão-de-obra qualificada ou para atender a cláusulas contratuais firmadas com governos locais, adotam políticas de inclusão social e focam suas ações na capacitação dos moradores do entorno. Assim, pescadores, apanhadores de coco acabam tornando-se garçons, barmens ou mesmo lavadeiras tornam-se camareiras nestes hotéis e resorts que possuem padrões internacionais de qualidade de serviços prestados. Estes trabalhadores em sua quase totalidade apresentam baixo grau de instrução, o processo de aprendizagem de determinadas funções, por vezes complexas, acaba interferindo em toda a operação do hotel. É comum que alguns empreendimentos hoteleiros ensinem a estes trabalhadores, por exemplo, como utilizar os sanitários ou mesmo o hábito de calçar sapatos.

Um dado que também pode contribuir para a análise dos resultados dos

demais objetivos específicos deste estudo é o tempo de experiência dos

colaboradores, pois, a pesquisa revelou que 40% deles têm menos de um ano de

experiência, alguns inclusive relatando que aprenderam a função na execução

cotidiana do trabalho no hotel.

Um dado no perfil dos colaboradores que também pode ser associado à

outra característica da hotelaria do Nordeste é a rotatividade. Essa associação pode

Page 59: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

56

ser visualizada nos dados acerca do tempo de serviço na empresa e o tempo de

serviço no setor que atua informado pelos colaboradores: 52% com até um ano de

serviço na empresa e 62% com até um ano de serviço no setor que atua.

4.2.3 Semelhanças e diferenças entre a caracterização sociodemográfica dos

gestores e colaboradores

Conforme comentado em momento anterior os apêndice C e D são

elementos que demonstram as semelhanças e diferenças nas características destes

dois públicos participantes da pesquisa. Assim como semelhança, conforme também

mencionado na seção anterior pode-se destacar o perfil predominantemente

masculino 77% dos gestores e 62% dos colaboradores.

Outra característica semelhante percebida neste estudo é a atuação de

gestores e colaboradores na área de operações do hotel, ou seja, 62% dos gestores

são do operacional e 77% dos colaboradores estão nesta área de atuação. Esse

dado pode ser observado como um sinalizador de que considerável número de

atividades desenvolvidas pelo hotel se encontra na operação para o atendimento às

necessidades e desejos dos clientes, os hóspedes.

Este dois aspectos podem ser encarados como exceção na

caracterização sociodemográfica dos gestores e colaboradores da organização, uma

vez, que nos demais indicadores utilizados para atender a este objetivo de pesquisa

há diferença nas características entre os mesmos.

Isso fica evidente quando se analisa faixa etária dos gestores com

predominância entre 31 e 40 anos, colaboradores predominando 21 a 30 anos. A

escolaridade também apresenta diferenças, pois, os gestores tem nível superior

completo 31% ou cursando 23% sendo, portanto, a maioria dos entrevistados. Já os

colaboradores têm ensino médio completo 47% e incompleto 19% do total dos

entrevistados.

Ainda como diferença nas respostas de gestores e colaboradores cita-se

o tempo de experiência no setor que atua, pois 69% dos gestores afirmaram ter mais

de cinco anos, enquanto 40% dos colaboradores têm menos de um ano. O tempo de

serviço na empresa é outro fator extremamente contrário entre o perfil dos dois

Page 60: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

57

grupos entrevistados. Enquanto 38% dos gestores declararam ter entre um ano e

um mês e cinco anos, 52% dos colaboradores têm até um ano de serviço na

organização.

Com relação ao tempo de serviço no setor os resultados apontam as

seguintes diferenças: 54% dos gestores têm entre um ano um mês e cinco anos no

empreendimento enquanto 62% dos colabores ouvidos têm até um ano na empresa.

As informações discutidas nesta seção podem ser mais um indicador da

rotatividade na hotelaria, bem como, da baixa qualificação que os empregados neste

setor apresentam. Na próxima seção será analisado à ótica dos gestores e dos

colaboradores acerca da percepção da ISO 14001 na organização.

4.3 A PERCEPÇÃO DOS GESTORES E COLABORADORES A RESPEITO DA ISO

14001 NA ORGANIZAÇÃO

4.3.1 Percepção dos gestores a respeito da ISO 14001 na organização

Na perspectiva de analisar como os sujeitos percebem e avaliam a gestão

ambiental os gestores responderam as questões 1, 2, 3, 6, 7, 8, 9, 10, 17 e 18 da

parte B do formulário a eles direcionado (Apêndice A).

A partir da análise das falas dos gestores pode-se perceber que a adoção

da ISO 14001 pela empresa se dá por dois aspectos fundamentais: o prisma

ambiental e o prisma mercadológico. Esta constatação pode ser percebida ao

apresentarem-se as seguintes falas dos gestores:

“Na minha visão a ISO 14001 foi adotada pela empresa com o objetivo de

ser um hotel inovador que se preocupa com as causas ambientais” (R13). Já para o

R12 esta se deu “para melhorar a divulgação do hotel e se sobressair perante a

concorrência”.

Sobre o questionamento acerca da representatividade do certificado, as

duas categorias (mercadológica e ambiental) ainda se mantiveram presentes. Assim,

podem-se ser destaque deste aspecto as seguintes falas: R11 afirma que

“representa a certeza de que todas as suas metas e procedimentos estão de acordo

Page 61: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

58

com a preocupação mundial com o meio ambiente” e o R4 diz que o certificado

representa “competitividade além de um diferencial de mercado. Adequar-se a uma

nova tendência”.

Neste contexto Seiffert (2010) ressalta a importância estratégica da

gestão ambiental nas organizações, uma vez que estas sofrem cotidianamente as

pressões dos agentes externos a respeito de suas posturas com relação aos

processos advindos de sua operação, indo desde a obtenção de matéria prima ao

descarte dos resíduos. Barbieri (2007) corrobora com este raciocínio quando

sustenta que a gestão ambiental empresarial é a forma encontrada pelas

organizações para conviver com seus problemas ambientais de maneira mitigadora

e compensatória. Além disso, em seu estudo Ba (2003, p. 88) já destacava que “ao

incorporar uma nova idéia, é normal que os atores nela envolvidos atribuam, cada

uma de sua maneira, um significado para tal”.

Conforme já mencionado nem todos os entrevistados fizeram parte da

implantação de norma de gestão ambiental. Entretanto, todos passaram pelas

auditorias de renovação do certificado. Assim, no que diz respeito à recepção da

notícia da certificação/auditoria percebe-se que apenas um demonstrou algum tipo

de insatisfação em função da estrutura do seu setor à época. Destaca-se como fala

de satisfação a colocação do R11 “Recebi com grande satisfação por saber que a

empresa tem preocupação com o meio ambiente”

De acordo com o estudo de Correia (2006) essa recepção positiva pode

se associar ao papel da empresa contemporânea, pois, para sair do paradigma da

degradação ambiental civilização humana as organizações devem redefinir seus

objetivos, estratégias e formas de gestão dentro de um novo paradigma: o cuidado

ambiental.

Entretanto, ainda segundo a autora mudar não é um processo fácil.

Porém ao associar essa afirmativa à organização investigada neste estudo pode-se

considerar que a percepção dos gestores difere um pouco do estudo de Correia

(2006) e pode-se creditar a esta divergência o fato de parte dos gestores ter

participado apenas das auditorias no processo do Ocean Palace, o que torna as

intervenções mais simples do ponto de vista de parte dos gestores. A esse respeito

retoma-se o fato que somente um gestor participou da implantação da norma na

organização.

Page 62: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

59

Ainda como forma de fortalecer os aspectos mencionados no parágrafo

anterior acerca da percepção dos gestores pode-se considerar o discurso de Santos;

Souza; Barbosa (2006, p. 1) quando afirmam que “setor de hospedagem, em geral,

não está associado a imagens de poluição e degradação ambiental”.

Entretanto esse cenário de ausência de percepção de dificuldades

também pode ser contrastado com um aspecto percebido na fala dos gestores: a

rotatividade de funcionários. Esta foi citada nas respostas dos entrevistados R6 e

R10 como um fator limitador ao avanço dos treinamentos. Embora sem apresentar

relação com a rotatividade os entrevistados 7, 8 e 12 ressaltaram dificuldades com a

orientação dos colabores para a política ambiental da organização. Essa percepção

pode ser comprovada ao se retomar o perfil dos colabores na seção 4.2.2, pois, 52%

destes têm até um ano de serviço na organização.

Um fato curioso a respeito das dificuldades apresentadas pelos gestores

é que embora as informações contidas nos aspectos ambientais associados a cada

setor e suas atividades de operação descritas no Programa de Gestão Ambiental do

hotel, considerarem lixo, água e energia; a fala dos gestores dá uma ênfase maior

aos aspectos associados ao lixo. A ênfase maior das respostas concentrou-se na

dificuldade de operacionalização por parte dos colaboradores na separação dos

resíduos seco e úmido e a forma correta de descarte, sobretudo quando este está

associado à redução do consumo.

Essa dificuldade vai de encontro ao que fala Barbieri (2007) quando

destaca que apesar de alguns setores terem mais envolvimento que outros nas

questões associadas ao SGA, às responsabilidades ambientais não devem ficar

restritas aos mesmos, uma vez que a manutenção positiva do SGA repercute no

bom desempenho de toda a organização. O autor ainda cita que na própria norma

ISO 14001 seu anexo deixa isso muito claro. Muito embora o estudo de Santos;

Souza; Barbosa (2006) destaque como uma das principais barreiras para a

implantação da gestão ambiental nos empreendimentos por ele investigados seja a

resistência dos funcionários em colaborar com as ações ambientais. O que traz a

reflexão de que esta não é uma realidade apenas do objeto desta investigação.

Um fato que denota a atenção por parte da organização é o

desconhecimento por parte dos gestores da política ambiental da mesma. Todos

afirmam conhecer, porém nenhum soube explicá-la, uma vez que as respostas

dadas associam a política ambiental aos procedimentos organizacionais advindos do

Page 63: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

60

SGA. Um exemplo disso é a fala do R8 quando afirma que a política ambiental do

hotel é a: “economia de energia, racionalidade da água, separação e destino do

lixo”. A política por sua vez foi visível em murais expostos em vários setores da

organização no período de realização da pesquisa, bem como, na página do hotel

na internet.

Percebe-se, portanto, que a organização se utiliza de recursos para a

comunicação interna e externa. Entretanto de acordo com Seiffert (2010) esta não

deve ficar restrita aos métodos tradicionais, pois, a comunicação é um fator

determinante para o sucesso da implantação do SGA, uma vez que a mesma

favorece a conscientização dos colaboradores. A autora ainda destaca que “o limite,

neste caso, é a criatividade e escolha de alternativa mais adequada a cultura,

necessidades específicas da organização, bem como limitações orçamentárias”

(SEIFFERT, 2010, p. 154).

Ainda acerca da percepção dos gestores cita-se que semelhante ao que

ocorreu com relação ao conhecimento da política ambiental, quando questionados a

respeito dos manuais de gestão ambiental, grande parte afirmou serem a mesma

coisa da política. Desse modo, muitas respostas foram repetidas, pois, o

questionamento foi considerando redundante. O R11 foi o único que reconheceu o

desconhecimento atribuiu o fato a falta de tempo.

Quando questionados a respeito do desenvolvimento e/ou financiamento

de pesquisas para o desenvolvimento de tecnologia ambiental apenas o R9 afirmou

“energia e água”. Em relação ao demais cita-se que 6 respondentes afirmaram

desconhecer, 3 afirmaram que não há este tipo de ação, 2 não responderam e o

R10 afirmou ser uma “questão mais gerencial/diretor”.

Ainda como reflexo desta falta de conhecimento dez dos treze

respondentes apresentaram como sugestão para melhoria do sistema de gestão

ambiental na empresa o incremento do número de ações voltadas à sensibilização,

conscientização e treinamentos. Quanto aos demais (três respondentes), dois

disseram que nada precisa ser incrementado e um falou da possibilidade de

investimentos em tecnologias ambientais como é o caso da energia eólica e uso das

águas da chuva.

Vale mencionar neste aspecto que as reuniões periódicas nos setores

citadas pelos gestores, também podem contribuir com a melhoria de comunicação

interna acerca do SGA. A fala do R7 para responder ao questionamento “existe

Page 64: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

61

algum tipo de treinamento para operacionalização da política e dos manuais de

gestão ambiental da empresa” confirma este entendimento, pois, o citado R7 afirma

existir “reuniões gerenciais. Diálogo do gestor com a equipe”.

Assim, finaliza-se esta seção chamando a atenção que ouvir apenas os

gestores não se fez suficiente para atender ao terceiro objetivo específico deste

estudo, sendo, portanto, necessário ouvir a fala dos colaboradores que será

detalhada na próxima seção.

4.3.2 Percepção dos colaboradores a respeito da ISO 14001 na organização

Quando se tratou da percepção dos colaboradores a respeito da ISO

14001 na organização foi necessário analisar as respostas das questões 1, 2, 3, 4,

7, 8, 9, 10 e 15 da parte B do instrumento com eles aplicado, num total de 98

entrevistas. Considera-se ainda a esse respeito que a possibilidade de os

respondentes assinalarem mais de uma resposta levou a soma das percentagens a

ultrapassar os 100% em alguns momentos.

A tabela 1 demonstra os percentuais de resposta para o motivo adoção

da certificação ISO 14001 por parte do hotel.

Page 65: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

62

Tabela 1 - Motivo da adoção da certificação ISO 14001

a) Para proteger o meio ambiente. 29 30%

b) Para controlar seus impactos sobre o meio ambiente em busca da qualidade ambiental.

33 34%

c) Para usufruir dos recursos disponíveis na natureza de maneira equilibrada.

12 12%

d) Para melhorar continuamente as operações e os negócios. 10 10%

e) Para se destacar no mercado e se sobressair perante a concorrência.

11 11%

f) Para se adequar ao mercado. 12 12%

g) Para ter mais qualidade nos procedimentos e operações. 5 5%

h) Para melhorar a imagem do hotel. 17 17%

j) Não sei. 9 9%

Outra 6 6%

Fonte: Dados da pesquisa

Assim, quando questionados a respeito do motivo para adoção da

certificação ISO 14001 por parte do hotel 76% das respostas foi direcionada as

alternativas de resposta A, B, C atreladas ao prisma ambiental. As alternativas D a H

trouxeram opções de resposta associada ao aspecto mercadológico e quando

somados os percentuais assinalados nas mesmas chegou-se a 55% das respostas

marcadas.

Ba (2003) afirma que são vários os significados atribuídos para a

percepção dos fatos que ocorrem em uma organização. O autor ainda pondera a

possibilidade de esses significados serem agrupados de acordo com a posição

ocupada por cada um dentro da organização. Essa afirmativa pode ser utilizada para

validar, por exemplo, o fato de 9% das respostas dadas pelos colaboradores terem

ficado na opção não sei, uma vez que o fato de 68 dos 98 respondentes atuarem na

área operacional da organização pode influenciar as percepções sobre o todo da

organização. Entretanto, ainda de acordo com o estudo de Ba (2003, p. 105) há

“aqueles que assimilam mais rápido e mais facilmente de que outros”.

Ainda nesta perspectiva se perguntou aos colaboradores a respeito da

representatividade do certificado para eles e para a empresa. Essa percepção pode

ser verificada a partir da tabela 2 que segue:

Page 66: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

63

Tabela 2 - Representatividade do certificado para os colaboradores e para a empresa

a) Cuidado com o meio ambiente. 38 39%

b) Diferencial competitivo no mercado. 17 17%

c) Ter um selo internacional. 14 14%

d) A certeza de que todas as suas metas e procedimentos estão de acordo com a preocupação mundial com o meio ambiente.

22 22%

e) A certeza que existe um sistema de gestão ambiental eficiente. 8 8%

f) Imagem positiva perante sociedade, fornecedores, colaboradores e clientes.

23 23%

g) Qualificação profissional a partir dos treinamentos para a implantação/gestão da ISO 14001.

9 9%

i) Não sei. 7 7%

Outra 1 1%

Fonte: Dados da pesquisa

Pela análise dos dados pôde-se constatar uma proximidade paritária da

escolha entre as alternativas associadas às categorias ambiental e mercadológica.

Isso pode ser observado quando se soma os percentuais de respostas que

assinalaram as alternativas A, D e E (categoria ambiental) 69%, enquanto que as

respostas que assinalaram as alternativas B, C, F e G (categoria mercadológica)

contemplaram 63%.

Esse dado sinaliza o discurso de Cerqueira (2006) ao informar que as

pressões ambientais impõem às organizações a necessidade de atender aos mais

diversos interesses. Sendo este um fato que esclarece as repostas apresentadas

para essa questão. Novamente houve sinalizações para a opção não sei (7%) que

também pode estar relacionada à rotatividade de colaboradores na organização.

Ainda pode ser considerado a esse respeito à retomada da discussão de que 52%

dos colaboradores entrevistados têm até um ano de atuação na organização.

Tal afirmativa também pode ser verificada quando se visualiza a tabela 3

que traz os dados correspondentes à pergunta: Para você como foi saber que o

hotel iria receber a certificação e/ou a auditoria da ISO 14001?

Page 67: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

64

Tabela 3 – Recepção da certificação e/ou a auditoria da ISO 14001

a) A necessidade do cumprimento das exigências normativas. 18 18%

b) Que iria acontecer a redução de consumo e a utilização de materiais renováveis.

15 15%

c) Admirado e feliz por saber que a empresa tem preocupação com o meio ambiente.

33 34%

d) Satisfeito por poder ajudar o meio ambiente. 22 22%

e) Incomodado por causa da estrutura do setor. 5 5%

f) Sensação normal, pois, os processos que precisavam ser feitos já faziam parte do trabalho.

20 20%

h) Não sei. 14 14%

Outra 7 7%

Fonte: Dados da pesquisa

Novamente o aspecto “não sei” fica evidente, desta vez com 14% das

respostas assinaladas. Outro fato que pode ser associado à premissa da

rotatividade é a não percepção de alteração na rotina de trabalho em decorrência do

certificado detectada em 20% das respostas assinaladas. Apesar destes dois

aspectos, ainda quando se observa a tabela 5 também se percebe 56% dos

respondentes assinalaram as alternativas C e D desta deixando perceptível sua

preocupação com conservação ambiental.

Cabe neste momento trazer a fala de Seiffert (2010, p. 17) quando afirma

que:

A relação do ser humano com o seu meio ambiente apresenta imediatamente a questão de como ele constrói as suas condições de vida, as quais são reflexos das opções econômicas adotadas. Cabe salientar aqui que a qualidade de vida do homem é uma consequência direta da qualidade ambiental. Ambas são interdependentes e relacionam-se diretamente com a questão econômica.

Tal discussão entra em conformidade com as respostas assinaladas para

representar as facilidades do processo de implantação/auditoria da ISO 14001 na

empresa visualizadas na tabela 4.

Page 68: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

65

Tabela 4 - Facilidades encontradas para implantação/auditoria da ISO 14001

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com a quantidade de respostas assinaladas nas opções A, D,

e E pode-se considerar que a implantação/auditoria da ISO 14001 na organização

pode ser vista pelos colaboradores como um processo fácil, embora, 20

respondentes tenham afirmado não saber do que se trata. O pressuposto da

facilidade também pode ser confirmado quando se confronta com os dados das

dificuldades encontradas para a implantação/auditoria da ISO 14001 apresentados

na tabela 5.

Tabela 5 - Dificuldades encontradas para implantação/auditoria da ISO 14001

a) Não houve. 40 41%

b) Identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção).

10 10%

c) A rotatividade dos funcionários. 7 7%

d) Entender e que todas as mudanças eram necessárias. 12 12%

e) Conhecer e aprender a política ambiental. 13 13%

f) Conhecer e aprender sobre os manuais de gestão ambiental. 5 5%

g) Realizar as atividades de acordo com as normas. 9 9%

h) O fato de envolver muitas pessoas. 3 3%

j) Não sei. 15 15%

Outra 1 1%

Fonte: Dados da pesquisa (elaboração da autora)

O fato de 41% das respostas dadas demonstrarem não haver dificuldade

para implantação/auditoria traz a necessidade de retomar a discussão a respeito do

tempo de permanência dos respondentes na organização, uma vez que isso implica

a) Conhecer a política ambiental. 31 32%

b) Conhecer os manuais de gestão ambiental. 8 8%

c) Dominar os procedimentos e operações. 15 15%

d) O apoio do setor de qualidade para orientar o processo. 22 22%

e) Colocar os procedimentos em prática após a implantação. 22 22%

g) Não sei. 20 20%

Outra 4 4%

Page 69: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

66

em considerar que suas tarefas poderiam estar adaptadas a realidade pós-

implantação/auditoria na empresa. Ao tempo de permanência também pode ser

atribuído os 15% das respostas direcionadas a opção não sei.

Quando se consulta a literatura existente acerca da operacionalização de

SGA’s percebe-se, por exemplo, na discussão de Moura (2004) que embora o

pessoal envolvido na operação de uma organização tenha ciência do que tem que

ser feito de forma prática na execução cotidiana das tarefas é baixo o conhecimento

acerca do significado das mesmas, bem como, a forma como estas foram

concebidas em âmbito organizacional.

Com referência a operacionalização cotidiana do SGA no hotel os

colaboradores foram questionados a respeito dos princípios da ISO 14001 mais

difíceis de serem colocados em prática. Os dados correspondentes às respostas

apresentadas a esta questão podem ser visualizados na tabela 8.

Tabela 6 - Princípios da ISO 14001 mais difíceis de serem colocados em prática

Fonte: Dados da pesquisa

A variável lixo aparece em destaque quando se pensa na prática

operacional do SGA Ainda a esse respeito surgem respostas associadas ao

desconhecimento. Neste questionamento 14 respondentes escolheram essa opção.

Esse fato tem relevância ao se considerar às respostas dadas as

questões sobre o conhecimento acerca da política e dos manuais de gestão

ambiental. Quando questionados acerca do conhecimento da política de gestão

ambiental 43 respondentes afirmou conhecer e 55 afirmou desconhecer.

Entretanto, quando demandados a respeito de qual é o política de gestão

ambiental da organização obteve-se as seguintes respostas: 14 dos 43

a) O descarte de papel, pois, muita gente ainda amassa papéis. 23 23%

b) Separação do lixo seco e lixo úmido. 36 37%

c) Redução no uso de materiais e descarte, como por exemplo, utilização de papel e produtos descartáveis como copos plásticos e etc.

23 23%

d) As pessoas da operação atuarem de acordo com os manuais/política de gestão ambiental.

6 6%

e) Identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção). 7 7%

f) O entendimento dos funcionários da necessidade de cumprir as operações padrão.

15 15%

h) Não sei. 14 14%

Outra 3 3%

Page 70: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

67

respondentes afirmou não saber/lembrar; 12 apresentaram respostas associando a

política ambiental com a separação e descarte do lixo; 11 responderam de maneira

coerente com a política ambiental apresentada na seção 4.2 deste estudo; 5 deram

respostas associando-a como a proteção do meio ambiente e 1 respondente afirmou

que não foi informado formalmente.

Este dado traz implícita a reflexão acerca do conflito existente entre o fato

de 31 das respostas apontadas como facilidades encontradas para

implantação/auditoria da ISO 14001 ser conhecer a política ambiental. Além deste

conflito entre os que afirmaram conhecer a política ambiental há ainda os que

negaram ciência sobre a mesma. Estes apresentaram como justificativas as

seguintes respostas: 19 não soube/lembra; 13 não foi informado; 13 não justificou; 3

não teve interesse; 3 não estava na empresa; 2 não pôde se afastar do trabalho

para participar das reuniões/treinamentos.

Quando a questão foi sobre os manuais de gestão ambiental a diferença

entre os que conhecem e os que desconhecem foi ainda maior, pois, 40 dos

respondentes afirmaram conhecer e 58 desconhecer. Novamente não se percebe na

fala da maioria dos colaboradores entrevistados os aspectos relacionados a

Procedimentos Ocean de Qualidade/Ambiental (POQ); Programa de Gestão

Ambiental (PGA); Instruções de Trabalho (IT) e/ou Ficha Técnica mencionados na

seção 4.2 desta pesquisa.

O estudo evidenciou que os entrevistados apresentaram as seguintes

respostas para associar aos manuais do SGA: 15 separar o lixo; 15 não sabe/quis

responder; 2 não estavam na implantação; 2 fardamento completo; 2 adote um copo;

1 panfletos e cartazes; 1 hospitalidade; 1 proteção ao meio ambiente e preservação

dos recursos naturais. Novamente analisa-se o dado a partir da fala de Moura

(2004), pois, apesar de executar os pressupostos descritos nos Procedimentos

Ocean de Qualidade/Ambiental (POQ); Programa de Gestão Ambiental (PGA);

Instruções de Trabalho (IT) e/ou Ficha Técnica, os colaboradores não conseguem

visualizar o significado dos mesmos.

Estes últimos dados vem atestar um fato chamado atenção ao longo

desta seção 4.3.2: os percentuais atribuídos as respostas “não sei” em todos os

questionamentos. Como desdobramento deste fato finaliza-se esta seção

apresentando-se as principais sugestões elencadas pelos colaborares para a

melhoria do SGA. Assemelhando-se aos gestores, 32 dos 98 colaboradores

Page 71: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

68

respondentes do questionário apresentaram como sugestão para melhoria do SGA

da empresa o incremento do número ações voltadas as sensibilização,

conscientização e treinamentos, ou seja, multiplicação de informações dentro da

organização.

4.3.3 Semelhanças e diferenças entre a percepção dos gestores e

colaboradores a respeito da ISO 14001 na organização

As categorias ambiental e mercadológica foram visíveis nas respostas

apresentadas pelos dois grupos respondentes sendo, portanto, as duas

caracterizadas como uma das percepções destes a respeito da ISO 14001 na

organização.

Convém destacar que tanto gestores quanto colaboradores

demonstraram-se cientes das preocupações globais para com as questões

ambientais. Um fato destacado pelos gestores e confirmado pelos colaboradores diz

respeito às dificuldades de operacionalização do SGA na organização atribuídas de

modo considerável ao desconhecimento das informações motivado principalmente

pelo pouco tempo de serviço na empresa ocasionado pela rotatividade existente

(fato comum na hotelaria) o que de certo modo inviabiliza os treinamentos de acordo

com os respondentes.

Tal falta de conhecimento chama a atenção para as respostas

apresentadas tanto pelos gestores quanto pelos colaboradores, pois, percebe-se

elementos de relevante significância como a política e os manuais de gestão

ambiental são imperceptíveis para considerável parcela dos entrevistados. Neste

aspecto destaca-se que enquanto os gestores demonstram comprometimento ao

afirmar que realizam reuniões diárias e/ou semanais de esclarecimento muitos

colaboradores demonstraram-se indiferentes a estas questões na organização, cujos

motivos já foram discutidos ao longo desta seção 4.3.

A esse respeito retoma-se a fala de Moura (2004) quando destaca que

para o sucesso e, às vezes, sobrevivência do negócio é necessário amplo

conhecimento e cumprimento da política ambiental e do SGA. Neste sentido convém

Page 72: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

69

citar que é necessário que todos em uma organização tenham ciência de suas

funções e responsabilidades; dos aspectos e impactos ambientais; das penalidades

e riscos em decorrência do não cumprimento dos procedimentos corretos; dos

benefícios para empresa e para os colaboradores.

Para alcançar o objetivo geral deste estudo que foi examinar a percepção

dos gestores e colaboradores acerca das características do sistema de gestão

ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do

Nordeste do Brasil se faz necessário que além de analisar a percepção da ISO

14001 na organização por parte dos colaboradores que se verifique quais são as

operações organizacionais advindas da implantação do SGA. Esta será a temática

da próxima seção.

4.4 OPERAÇÕES ORGANIZACIONAIS ADVINDAS DA IMPLANTAÇÃO DO

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

4.4.1 Operações organizacionais apresentadas pelos gestores

Na perspectiva de entender com os gestores percebem as operações

advindas da ISO 14001 os entrevistados responderam às questões 4, 5, 9, 10, 11,

12, 13, 14 e 16 da parte B do questionário a eles destinado. A partir da análise do

conteúdo das respostas apresentadas pelos gestores podem-se categorizar as

operações advindas da implantação da ISO 14001 como administrativas e

operacionais. Estas estão descritas no quadro 4 a seguir:

Page 73: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

70

Administrativas Operacionais Competência, treinamento e conscientização: treinamentos de colabores e fornecedores para seguir os processos dos manuais da ISO 14001 por meio de folheto, apostilas e vídeos demonstrando a importância com os cuidados com o meio ambiente. Comunicação: reuniões com colaboradores Documentação: relatórios gerenciais Controle de documentos: reuniões com a gerência e auditores. Controle operacional: revisão e ajuste dos setores para processos mais precisos. Monitoramento e medição: reuniões com a gerência e auditores. Análise pela administração: reuniões com a gerência e auditores. Relação com a ISO 9001: articulação com os procedimentos da gestão da qualidade.

Intervenções de percepção ambiental ao longo dos processos.

Economia de energia. Racionalidade no consumo de água. Redução no consumo de insumos. Seleção e destinação final dos resíduos:

sólidos, seco, úmido. Aquisição de produtos biodegradáveis, com

menos embalagens ou embalagens ecológicas.

Prioridade para fornecedores que também tem a ISO 14001.

Quadro 4 – Operações organizacionais advindas da ISO 14001 citadas pelos gestores Fonte: Dados da pesquisa (elaboração da autora à luz de Barbiere (2007))

A partir da observação do quadro 4 percebe-se que embora 7 dos 13

gestores não tenham participado da implantação do SGA na organização, suas falas

demonstram o conhecimento das operações advindas do mesmo. Isso se deve ao

fato de que 11 gestores participaram das auditorias de conformidade realizadas

constantemente no hotel. Para os 2 gestores que não participaram nem da

implantação nem da auditoria a diferença entre o Ocean Palace e outras empresas

em que trabalharam que não tinham ISO 14001 é R3 “o cuidado com o meio

ambiente” e R11 “a preocupação com o destino de dejetos e materiais descartáveis

assim como a economia de uso de água e energia”.

Ainda nesta perspectiva os gestores foram questionados acerca das

mudanças provenientes da implantação/auditoria do SGA. Como reflexo da

participação de parte dos gestores somente nas auditorias do SGA percebe-se que

6 entrevistados apontaram mudanças enquanto 7 não as observaram no

desenvolvimento das operações cotidianas. Cita-se como exemplo a fala do R5

“novas rotinas operacionais e com mais responsabilidade para manter o padrão”

como demonstração das mudanças, enquanto que para o R1 não houve dificuldade,

pois, “a empresa já tinha uma rotina a ser seguida”. Isso significa que não ter

participado da implantação da ISO faz com que não se perceba as mudanças dela

resultantes.

Page 74: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

71

Em função do tipo de resposta apresentada para as questões

relacionadas à política e aos manuais do SGA da empresa discutidas na seção 4.3

pode-se também verificar como a empresa operacionaliza o mesmo. Estes

elementos juntamente com a questão sobre a existência de treinamento para

operacionalização da política e dos manuais de gestão ambiental contribuiu para a

montagem do quadro 4. Cita-se como exemplo a fala do R10 “fluxo de processos;

objetivos, metas e programas da política ambiental; maior direcionamento para o

operacional e gerência em reunião”.

Com a questão 12 do instrumento de pesquisa aplicado com os gestores

percebe-se, por exemplo, na fala do R13 as operações organizacionais advindas da

implantação do SGA “os gestores tiveram que aumentar suas supervisões e

informarem de forma contínua como trabalhar cumprindo e aperfeiçoando cada

norma da ISO 14001”. A fala do R13 responde sobre as mudanças nas relações

entre gestores/operacional após a certificação e/ou auditoria. Já a questão 13 traz

elementos que aproximam a ISO 14001 da ISO 9001, cita-se neste caso a fala do

R11 quando diz que “a interatividade com o setor de qualidade” representa uma

mudança nas relações entre as pessoas/setores após a certificação e/ou auditoria.

Convém ressaltar que as respostas às questões sobre as ações de

conscientização contínua para com o meio ambiente (questão 14) e a relação da

empresa com os fornecedores (questão 16) também contribuiu para a verificação

das operações advindas do SGA a partir do olhar dos gestores. Isso se deve ao fato

de que a partir de tais questões foi possível perceber as falas: R11 “separação de

lixo orgânico, economia de água e energia”; R3 “cuidado com o lixo, materiais de

limpeza só com selo ambiental”; R11 “anualmente é feito treinamento e distribuído

manuais com procedimentos e normas”; R4 “em particular no meu setor a campanha

para redução de descarte de copos plásticos”; R13 “a empresa conscientiza os seus

fornecedores também sobre a importância de se preocupar com o meio ambiente e

prioriza aqueles que investem na mesma linha de pensamento”.

Estas informações demonstram que a partir da visão dos gestores é

possível compreender as seguintes ações que compõem um SGA: implementação e

operação; verificação e correção; e revisão pela gerência de acordo com o que foi

discutido por Oliveira; Pinheiro (2010). Além disso, cita-se a Instrução de Trabalho -

Recursos Humanos (IT-RH-001) descrição dos cargos e funções do hotel que prevê

Page 75: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

72

entre outras coisas as seguintes atribuições para os colaboradores que podem ser

convertidas em operação organizacionais:

Cada integrante da organização deve sentir-se responsável por alcançar os objetivos do SGQ / SGA e envidar esforços para, através do cumprimento de suas responsabilidades, implementar a Política da Qualidade, descrita no Manual da Qualidade do Ocean Palace, bem como a Política Ambiental, descrita no Manual Ambiental do Ocean Palace. (OCEAN PALACE, 2008, p.02).

Para contribuir com o olhar acerca das operações organizacionais

advindas do SGA foi necessário além de escutar os gestores elencar a visão dos

colaboradores do hotel. Esta pode ser verificada na próxima seção.

4.4.2 Operações organizacionais apresentadas pelos colaboradores

Para verificar as operações organizacionais a partir da fala dos

colaboradores se utilizou as questões 4, 5, 9, 10, 11, 12 e 13 da parte B do

formulário com eles aplicado. Apesar de estas terem sido a questões eleitas no

instrumento para chegar as operações existentes no hotel devido ao tempo de

permanência dos colaboradores no mesmo gerando como consequência a não

participação nos processos de implantação/auditoria da ISO 14001 em alguns

momentos não se percebeu as operações organizacionais advindas do SGA nas

opções assinaladas pelos colaboradores para algumas das questões mencionadas.

Esse fato já começa a ficar evidente a partir da questão 4, pois, quando

perguntados acerca da participação na implantação e/ou de auditoria da ISO 14001

na empresa 40 colaboradores responderam de maneira afirmativa enquanto 58

respondentes deste estudo negaram participação nestes eventos. Além da

possibilidade de responder sim ou não esta questão ainda trouxe os

questionamentos: Se sim, como; e se não, quais diferenças há entre esta empresa e

outras que você trabalhou que não tinham ISO 14001. Deste modo, assim como na

seção anterior a opção não sei também foi recorrente nas marcações dos

colaboradores. A esse respeito 14 dos respondentes que afirmaram ter participado

da implantação/auditoria da ISO 14001, 14 não afirmou como isso ocorreu. Já os 27

Page 76: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

73

respondentes que não participaram não conseguem perceber nenhuma diferença

entre o hotel e outras empresas que trabalhou que não tinham ISO 14001.

Vale ainda considerar que embora não fique demonstrado no perfil

sociodemográfico dos respondentes, alguns afirmaram que o hotel é sua primeira

ocupação profissional, motivo que também merece atenção na análise desta

impercepção. Neste contexto, cabe mencionar a fala de Agnol (2008) quando afirma

que na área da hotelaria há um déficit considerável de qualificação, onde muitos

trabalhadores nela atuantes adquirem suas habilidades ao longo dos anos de prática

no setor.

Os aspectos descritos nesta seção direcionam a análise destes dados

sob o prisma do treinamento, que é definido por Moura (2004) como o preparo das

pessoas para o bom desempenho de suas funções dentro de uma organização. É

pertinente dizer neste momento que o manual do SGA da organização prevê a oferta

de treinamento aos colaboradores no mínimo uma vez por ano, inclusive, estes

devem considerar as ações pertinentes aos impactos ambientais causados pelos

processos de realização do produto/serviço (OCEAN PALACE 2008).

Para efeito de contextualização deste cenário se faz necessário retomar a

discussão da rotatividade dos funcionários característica da hotelaria, pois, esse

fator pode gerar ao hotel a necessidade de treinamentos constantes. Essa

particularidade segundo Moura (2004) torna-se de considerável relevância no que

diz respeito aos novos colaboradores, uma vez que, além de treinados estes devem

ser avaliados com relação aos conhecimentos necessários para realização de seu

trabalho em consonância com as diretrizes do SGA. Pode-se ainda destacar as

sugestões e exemplos apresentados no quadro 1 deste estudo de acordo com a

obra de tal autor.

Ainda a respeito da questão 4 que tratou da participação na implantação

e/ou de auditoria da ISO 14001 na empresa, a tabela 7 demonstra como foi tal

participação dos respondentes que assinalaram a opção sim.

Page 77: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

74

Tabela 7 - Participação na implantação e/ou de auditoria da ISO 14001 na empresa

a) Através de reunião junto com a gerência e o auditor. 13 14%

b) Divulgação junto aos colaboradores. 13 14%

c) Realizando os procedimentos e operacionais necessários. 15 16%

d) Separando os resíduos (lixo) e utilizando água e energia com mais cuidado (consumo racional)

14 15%

e) Descartando de forma correta os resíduos gerados pela tarefa que executo.

6 7%

f) Apresentando ideias para redução de consumo, reutilização e reciclagem de materiais facilitando a identificação do risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

3 3%

h) Não sei. 14 15%

Fonte: Dados da pesquisa

Além da resposta “não sei” percebe-se a existência de um equilíbrio nas

opções de resposta A, B, C, D para a participação na implantação e/ou auditoria,

fato que deixa perceptível as categorias administrativa e operacional, mencionadas

na subseção anterior.

Dentre os que afirmaram não ter participado desse processo, além da

resposta “não sei” (29% das marcações mencionadas anteriormente) a opção “a

forma como os resíduos (lixo) são separados e descartados (jogado fora) e a

utilização de água e energia com mais cuidado (consumo racional)” obteve 16% de

preferência para representar a diferença entre o hotel e outras empresas que os

respondentes trabalharam.

A partir dessas constatações é pertinente dizer que a implantação e/ou

auditoria do SGA em uma organização só é possível por meio da adesão das

pessoas que a compõe, pois elas são responsáveis por praticar as premissas nele

descritas. Em linhas gerais pode-se considerar que haverá implementação eficiente

das operações SGA na medida em que as pessoas visualizem sua importância,

comprometendo-se assim com sua execução (CERQUEIRA, 2006).

Um dado interessante revelado pela pesquisa demonstra que apesar de

59% dos respondentes afirmar não ter participado dos processos de

implantação/auditoria do SGA no hotel 53% afirma ter havido mudança na sua rotina

diária após a certificação e/ou auditoria. Entretanto os dados apresentados nas

tabelas 8 e 9 demonstram certa contradição dos respondentes quando questionados

acerca de como foi a mudança para os que afirmaram sua existência; e no caso

negativo porque esta não aconteceu.

Page 78: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

75

Tabela 8 – Mudanças na rotina diária decorrentes da certificação e/ou auditoria

a) A atenção com os detalhes das normas para o cuidado com o meio ambiente.

34 37%

b) Novas rotinas operacionais e com mais responsabilidade para manter o padrão.

1 1%

c) Maior atenção por parte dos superiores para a orientação com relação aos procedimentos e operações corretos para identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

2 2%

e) Não sei. 18 20%

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 9 – Razões para não existir mudanças na rotina diária após a certificação e/ou

auditoria

a) A empresa já tinha uma rotina a ser seguida. 9 10%

b) Já atuava em conformidade com os manuais. 11 12%

c) Eu já tinha preocupação com o meio ambiente e sempre adotei uma postura de identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção).

5 5%

e) Não sei. 31 34%

Fonte: Dados da pesquisa

Percebe-se assim que a questão 5 também não explicita com clareza as

operações, pois um percentual considerável dos entrevistados não soube responder

quais foram as mudanças (20%), tampouco quais as razões dela não existir (34%).

Assim para melhor compreender as operações organizacionais a partir das

respostas dos colaboradores foi necessário retornar às questões 25 e 26 discutidas

na seção 4.3, aliando-as as questões 11, 12 e 13.

A análise de das respostas apresentadas para tais questões possibilitou a

montagem do quadro 5 considerando as categorias administrativas e operacionais

também reveladas na fala dos gestores.

Page 79: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

76

Administrativas Operacionais Competência, treinamento e conscientização: treinamentos e palestras gincanas, visitas e sessões de cinema promovido pelo setor de qualidade. Comunicação: reunião com os colaboradores diariamente sobre procedimentos e operações corretos, panfletos e cartazes, intervenções de percepção ambiental ao longo dos processos. Documentação: organização e controle de informações.

Separação, descarte e coleta seletiva dos resíduos (lixo orgânico e seco). Ex: lixo seco (saco azul), lixo úmido (saco preto)

Economia de energia e água. Uso de equipamentos de segurança e higiene.

Ex: a toca e fardamento completo. Reciclagem de resíduos descartáveis através

das organizações ASCAMAR e Molok (esta recicla o óleo já utilizado para fazer sabão).

Troca de toalhas para economizar água menos vezes ao dia pelos hospedes.

Adotar um copo. Limpeza da praia. Reutilizar impressões com rascunho. Dar preferência a equipamentos e produtos

eco-eficientes, reciclados ou biodegradáveis. Quadro 5 – Operações organizacionais advindas da ISO 14001 citadas pelos colaboradores

Fonte: Dados da pesquisa (elaboração da autora à luz de Barbiere (2007))

A questão 11 revela uma controvérsia na fala dos colaboradores discutida

na seção 4.3.2, pois, apesar 56% dos respondentes ter afirmado desconhecer a

política ambiental e 59% os manuais, quando perguntados se existe algum tipo de

treinamento para operacionalização da política e dos manuais do SGA da empresa

77%, ou seja, 75 dos respondentes disseram que sim. A tabela 10 apresenta os

principais treinamentos ofertados pela organização.

Tabela 10 – Treinamentos ofertados pela organização

a) Esclarecimentos sobre a política e os manuais ambientais e o seusignificado para a empresa.

38 39%

b) Como separar o lixo, economia de energia e água. 42 43%

c) Normas e procedimentos da ISO 14001. 11 11%

d) Risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção). 9 9%

e) Palestras. 24 25%

f) Gincanas. 1 1%

g) Visitas técnicas. 6 6%

h) Sessões de cinema. 4 4%

Fonte: Dados da pesquisa

Esse conflito de informações pode demonstrar a necessidade de

treinamentos constantes na organização. Estes poderiam inclusive fazer parte do

processo de recrutamento e seleção dos colaboradores e/ou acontecer

trimestralmente a partir do ingresso dos colaboradores na organização. Além disso,

ainda percebe-se a vertente comprometimento quando se analisa a questão 12 que

Page 80: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

77

trata das mudanças nas relações entre as pessoas no hotel após a certificação e/ou

auditoria. As respostas desta podem ser visualizadas na tabela 11 a seguir:

Tabela 11 – Mudanças nas relações entre as pessoas no hotel após a certificação

e/ou auditoria

a) O compromisso de todos para a manutenção do certificado. 24 24%

b) A organização e controle de informações. 15 15%

c) O processo de manuseio e manutenção deprodutos/equipamentos.

23 23%

d) O diálogo ficou mais próximo. 12 12%

e) A interatividade com o setor de qualidade. 13 13%

f) Orientação permanente dos colaboradores por meio detreinamentos e cursos.

15 15%

g) A conscientização do destino adequado dos resíduos. 17 17%

h) Aproximação entre os setores. 4 4%

i) Não houve. 21 21%

Outros 2 2%

Fonte: Dados da pesquisa

Percebe-se a citação de apenas 24 vezes para a opção (A) que trata do

compromisso com a manutenção do certificado. Chama-se essa atenção pelo fato

de que os 98 respondentes tiveram a possibilidade de escolher mais de uma opção

de resposta para esta questão e mesmo assim grande parte não assinalou “o

compromisso de todos para a manutenção do certificado”. E mais uma vez pode-se

perceber a necessidade de diversificação de comunicação das informações na

organização a fim de sensibilizar os colaboradores para estar a maior parte do

tempo focada no compromisso para a manutenção do certificado.

Tabela 12 – Tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente

a) Treinamentos e palestras ministradas pelo setor de qualidade. 66 68%

b) Gincanas, visitas e sessões de cinema promovidas pelo setor dequalidade.

10 10%

c) Reunião com os colaboradores diariamente sobre procedimentos eoperações corretos.

20 21%

d) Intervenções de percepção ambiental ao longo dos processos. 17 18%

Fonte: Dados da pesquisa (elaboração da autora)

A quantidade de respostas direcionadas para opção (A) 68% contradiz as

afirmativas apresentadas para justificar o desconhecimento da política ambiental

(não soube/lembra; não foi informado; não justificou) discutidas na questão 9 da

seção 4.3.2 e reforça as constantes afirmativas neste estudo para a existência de

indiferença dos colaboradores para com o SGA.

Page 81: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

78

Os dados apresentados nesta seção ainda oferecem a possibilidade de

analisar de modo comparativo às operações desempenhadas por gestores e

colaboradores, pois, maioria das respostas dadas pelos gestores caracterizam

operações administrativas enquanto às dos colaboradores dão ênfase ao aspecto

operacional. Essa discussão pode ser observada na próxima seção.

4.4.3 Semelhanças e diferenças entre as informações apresentadas pelos

gestores e colaboradores a respeito das operações advindas da ISO 14001 na

organização

A análise das operações organizacionais advindas da fala dos gestores e

colaboradores não apresenta muitas semelhanças entre as duas categorias de

funcionários entrevistadas durante a execução desta pesquisa. Em linhas gerais a

principal semelhança consiste no fato de que 51% dos gestores e 59% dos

colaboradores não participaram da implantação do SGA na organização, gerando

respostas de impercepção de mudanças nas operações da organização.

Apesar das operações advindas da implantação da ISO 14001 ficarem

perceptíveis na fala dos gestores, na dos colabores houve muita imprecisão. Isso se

deve, por exemplo, às diferenças no tempo de permanência na organização entre

gestores e colaboradores na organização, uma vez que a permanência daqueles é

bem superior a destes.

Assim, as respostas dos gestores para as questões utilizadas para

verificar este objetivo foram muito mais precisas e coerentes com as demais

perguntas do instrumento utilizado nesta pesquisa do que as respostas dos

colaboradores. Pode-se considerar pelas características das respostas

apresentadas que os gestores conseguem visualizar a importância do SGA,

comprometendo-se assim com sua execução enquanto que os colaboradores

demonstram-se indiferentes a este processo. É possível atribuir a indiferença dos

colabores a necessidade de redimensionamento dos treinamentos para este público,

com diferentes formas de intervenção, inclusive com a presença destes no

recrutamento e seleção.

Page 82: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

79

Agnol (2008) considera que o sucesso de uma organização não depende

apenas das informações que elas constroem para o seu planejamento estratégico e

sim da maneira como essas informações são socializadas e internalizadas pelas

pessoas constituintes do seu quadro de colaborares. Ainda segundo a autora pensar

de acordo com essa premissa torna-se estratégico, pois, são as pessoas que irão

converter as informações em conhecimento. Referindo-se ao objeto deste estudo

pode-se pressupor que pensar/agir de acordo com a afirmação seria uma garantia

na qualidade da execução das operações necessárias para a implementação

coerente do SGA.

Analisando esta questão sob o prisma do treinamento verifica-se ainda

uma situação mais complexa quando se considera os estudos que trazem dados

acerca da qualificação na área da hotelaria no Brasil, como é caso de Silva e

Miyashiro (2007) que analisaram 35 convenções coletivas de trabalho da categoria e

perceberam que qualificação ainda é pouco negociada, onde poucas apresentam

garantias para os trabalhadores. Isso significa discutir que a forma com são tratadas

as horas empregadas nos treinamentos; os investimentos em programas de

qualificação; e o adicional por qualificação profissional ainda são temas muito

incipientes na área da hotelaria brasileira.

A pesquisa do DIEESE (2008) reforça essa premissa quando destaca que

o fato da qualificação profissional ainda ser de responsabilidade dos trabalhadores,

notadamente após a sua jornada de trabalho, contribui para o desestímulo dos

mesmos. Especialmente quando estes percebem que tal fato será mais uma razão

para o aumento do tempo longe de suas famílias, bem como, o aumento do nível do

cansaço e stress pela redução do tempo de descanso.

Page 83: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

80

4.5 POSTURA DOS COLABORADORES EM RELAÇÃO ÀS QUESTÕES

AMBIENTAIS APÓS A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

4.5.1 Postura dos Gestores

Para detectar os aspectos relacionados à postura dos gestores em

relação às questões ambientais foram analisadas as questões 12, 13, 15 da parte B

do roteiro de entrevista: o que mudou nas relações entre gestores/operacional após

a certificação e/ou auditoria; o que mudou nas relações entre as pessoas/setores

após a certificação e/ou auditoria; caso haja algum tipo de ação de conscientização

contínua para com o meio ambiente você põe em prática fora da empresa.

A partir da fala dos gestores pode-se perceber a atuação do setor de

qualidade como referência para a atuação diante das questões do SGA. Ao

responder a questão 12 o R11 afirma que “A interatividade com o setor de

qualidade” é um aspecto a ser considerado quando se considera as mudanças

ocorridas nas relações entre gestores/operacional da organização.

Esse fato pode ser um dos motivos para se observar na fala dos gestores

posturas associadas ao comprometimento para a manutenção do certificado, através

de treinamentos e organização/controle de informações de forma sistemática e

cotidiana. De acordo com o R13 “os gestores tiveram que aumentar suas

supervisões e informarem de forma contínua como trabalhar cumprindo e

aperfeiçoando cada norma da ISO 14001”.

É possível analisar estes dados à luz da discussão de Correia (2006),

pois, no contexto contemporâneo não se concebe gerir uma organização sem

gerenciar mudanças. Ávila (2005) corrobora com esse raciocínio quando considera

que o simples fato de se implantar qualquer sistema de gestão já traz mudanças

internas em uma organização, uma vez que, se faz necessário o envolvimento dos

empregados aliado ao desenvolvimento de conhecimentos específicos pertinentes a

implantação.

Observando-se por esse lado, é pertinente a evidência constatada nas

respostas dos gestores quando se percebe, por exemplo, a troca de informações

entre os setores e a orientação diária dos colaboradores. Neste sentido, o R3 afirma

Page 84: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

81

que há “troca de informações” e R12 que há “a aproximação entre os setores”.

Entretanto, estas não podem ser vistas como unanimidade, uma vez que o R7

afirma que “ainda existe ruído na informação, especialmente com o Guest” e o R13

afirma que “a única coisa que mudou foi o conhecimento que cada um obteve e

podendo executar até em sua casa algumas medidas ecológicas. Houve mudança

no comprometimento ambiental que antes não existia”. Estas falas denotam, embora

se perceba o comprometimento (pró-ativo ou reativo) dos gestores para como a

manutenção do SGA e por consequência da ISO 14001 ainda não existe um

discurso linear na organização acerca do mesmo.

Como base no estudo de Ávila (2005) estes fatos podem ser minimizados

com o amadurecimento do SGA, pois, na medida em que as operações vão se

tornando rotineiras, especialmente após vários momentos de auditoria, os membros

da organização conseguem interagir de maneira positiva com o impacto das

mudanças necessárias à implantação do SGA. Ainda a respeito deste

amadurecimento consideram-se as seguintes falas: R9 “Pelo fato de já não ser algo

novo na organização” e R10 “porque o setor estava em conformidade” para explicar

que nada mudou nas relações entre as pessoas/setores após a certificação e/ou

auditoria. As várias falas apresentadas nesta subseção rementem ao raciocínio de

Pettigrew (2010, p. 147) quando destaca que:

O processo de mudança refere-se às ações, reações e interações das várias partes interessadas, na medida em que procuram alterar a empresa em seu estágio presente tendo em vista o futuro. Portanto, o quê da mudança está contido no item conteúdo, muito do porquê da mudança deriva de uma análise do contexto interno e externo, o como da mudança pode ser compreendido pela análise do processo.

Na questão caso haja algum tipo de ação de conscientização contínua

para com o meio ambiente você põe em prática fora da empresa 12 dos 13

entrevistados trouxeram respostas associadas à separação e descarte do lixo. Essa

afirmativa pode ser confirmada nas falas dos R4 “a separação adequada do lixo” e

R5 “atividades com relação ao descarte de resíduos”. Além do lixo também se pôde

observar nas respostas apresentadas que os gestores também praticam fora da

organização a redução do consumo de água (6 respostas) e de energia (5

respostas), a fala do R11 “separação de lixo, economia de água e energia e

armazenamento de óleo utilizado em frituras, etc.” pode exemplificar essa afirmativa.

Page 85: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

82

Convém neste momento destacar o estudo de Frasson (2011) que

embora não trate de gestão ambiental, traz um aspecto relevante para sua

implantação, à percepção ambiental. Neste sentido, a autora considera percepção

ambiental a maneira individual que cada um tem de entender o meio e isso depende

de sua história, sua experiência e sua vivência, ou seja, sua cultura. Essa afirmativa

contribui para esclarecer, por exemplo, que o motivo de os gestores apresentarem

respostas associadas à geração e descarte do lixo associam-se as Instruções de

Trabalho (IT) previstas para cada setor, pois, esta traz em sua última seção os

seguintes encaminhamentos: procedimento para coleta seletiva de lixo, destinação e

definição dos tipos de lixo (lixo seco: lixo úmido e lixo tóxico). (OCEAN PALACE,

2008).

Além de ouvir os gestores foi necessário escutar os colaboradores para

detectar aspectos relacionados às suas posturas em relação às questões ambientais

após a implantação do SGA. Essa será a discussão tratada na próxima seção.

4.5.2 Postura dos colaboradores

Com relação à postura dos colaboradores em relação às questões

ambientais após a implantação do SGA foram analisadas as questões 12 e 14 da

parte B do instrumento. Estas trouxeram os questionamentos: o que mudou nas

relações entre as pessoas no hotel após a certificação e/ou auditoria e caso haja

algum tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente você

põe em prática fora da empresa, respectivamente.

Neste sentido, pode-se prosseguir a discussão retomando os resultados

demonstrados na tabela 11 apresentada na seção 4.4.2. Assim, podem-se

considerar como principais posturas após a implantação do SGA: o compromisso de

todos para a manutenção do certificado assinalado por 24 respondentes e o

processo de manuseio e manutenção de produtos/equipamentos apontado por 23

colaboradores. Ainda cita-se as 21 respostas direcionadas a opção não houve, fato

recorrente e discutido em vários momentos nesta dissertação.

Entretanto, apesar do desconhecimento constante dos colaboradores

para com o SGA, considera-se que 87% desempenham ações ambientais pró-

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83

ativas, pois esse percentual de respondentes afirma que pratica fora da empresa as

principais atitudes estimuladas pelas operações do SGA do hotel. Percebe-se na

tabela 13 quais são as principais ações dos colaboradores fora da organização:

Tabela 13 - Ações ambientais pró-ativas fora da organização

a) Separação e descarte dos resíduos (lixo – seco e úmido). 52 53%

b) Redução do uso de água e energia. 52 53%

c) Reuso de materiais. 12 12%

d) Novas posturas pensando no risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção): Ex. Adotar um copo, armazenamento de óleo utilizado em frituras, plantação de árvores, não queimar vegetação e outros materiais etc.

15 15%

e) Respeito diário pelo meio ambiente (seres vivos e não vivos).

12 12%

f) Influencia às outras pessoas para adoção de posturas e atitudes sustentáveis.

16 16%

g) Utilizar produtos que não atacam o meio ambiente e adquiri-los de empresas responsáveis.

13 13%

Outra 13 13%

Fonte: Dados da pesquisa

Neste aspecto o destaque vai para a separação e descarte dos resíduos

(lixo – seco e úmido) e redução do uso de água e energia com 53% das respostas

assinaladas respectivamente. Considera-se esse número como também com reflexo

das IT’s de cada cargo. Sendo assim, ainda sob o olhar do discurso de Frasson

(2011) cabe discutir que para um número considerável de respondentes a percepção

ambiental ainda limita-se a ações voltadas para as variáveis ambientais lixo, água e

energia, sendo, portanto, necessário refletir acerca da necessidade de ampliar esse

olhar dos colaboradores nas ações de conscientização realizadas no hotel.

Tal afirmativa se sustenta, por exemplo, no estudo de Correia (2006)

quando discute que dentre as perspectivas de mudança organizacional estão as

dimensões humana, cultural, Política. A autora destaca que do ponto de vista

humano a mudança vincula-se a renovação do contrato psicológico entre o indivíduo

e a organização alterando atitudes, comportamentos e a forma de participação; sob

o olhar político estaria a melhoria da comunicação interna, a gestão participativa e

redefinição da concentração e distribuição de poder; já de acordo com o prisma

cultural seria mobilizar as pessoas da organização para alterar seus valores,

crenças, hábitos, ritos, mitos, símbolos, linguagem e interesses comuns.

Page 87: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

84

Ainda para ilustrar a discussão acerca da postura dos colaboradores Ba

(2003) considera que a introdução da variável ambiental no dia a dia de uma

organização faz com que os indivíduos além de moldarem-se a ela adaptem-se e

desenvolvam uma nova cultura de acordo com padrões estabelecidos. Ainda

segundo o autor essa premissa pode ir além do ambiente organizacional

influenciando pessoas que não fazem parte do seu cotidiano. Isso significa dizer que

“pessoas que anteriormente sequer se davam conta da importância das questões

ambientais para a vida no planeta, passam a funcionar como multiplicadores na

preservação da humanidade” (BA, 2003, p. 128-129).

Neste caso convém destacar o olhar de Oliveira (2010) ainda para

analisar a postura dos colaboradores diante questões ambientais após a

implantação do SGA. Neste sentido, a autora chama atenção em sua discussão para

aspectos que podem relegar as mudanças ao insucesso como: desconhecimento

das metas por parte dos colaboradores; desconhecimento de “o quê” deve ser feito

para atingir as metas; falta de acompanhamento e mensuração das metas através

de placares; falta de responsabilização dos colaboradores responsáveis pelas

atividades que conduzem ao atendimento das metas.

Por isso é importante focar o que é crucial, empregar medidas de direção

na realização das ações, ter um placar de engajamento e gerar um ritmo de

responsabilização. Esses fatores demonstram o quanto é relevante que os

mecanismos de comunicação interna proporcionem o diálogo entre líderes e

liderados. Por fim, pode-se evidenciar novamente que as ações de conscientização

precisam destacar o “quê”, “porquê” e “como” será a postura necessária para o

sucesso da implementação do SGA na organização, sendo, portanto, indispensável

considerar esses elementos para celebração de posturas positivas e pró-ativas às

questões ambientais no cotidiano dos indivíduos em uma organização. Ainda a esse

respeito será possível visualizar as semelhanças e diferenças na postura de

gestores e colaboradores na próxima seção.

Page 88: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

85

4.5.3 Semelhanças e diferenças na postura dos gestores e colaboradores após

a implantação do sistema de gestão ambiental

Diferindo das demais discussões acerca das semelhanças e diferenças

entre as respostas dos gestores e colaboradores percebe-se neste momento a

existência de um número maior de semelhanças na discussão acerca dos aspectos

relacionados à postura dos colaboradores em relação às questões ambientais após

a implantação do sistema de gestão ambiental.

Deste modo cita-se o compromisso de todos para a manutenção do

certificado (embora citado apenas por 24 colaboradores) como um fator semelhante

encontrado nas respostas dos dois grupos respondentes. Outro aspecto que merece

destaque foi a percepção ambiental limitada à ações voltadas para as variáveis

ambientais lixo, água e energia, com ênfase maior ao aspecto lixo tanto por parte

dos gestores quanto dos colaboradores.

Um critério que merece destaque nesta discussão é o fato de não existir

um discurso linear acerca das mudanças pós SGA entre os gestores. Isso pode ser

contribuinte, por exemplo, da constante impercepção dos colaboradores, em

especial quando afirmam desconhecer determinadas temáticas que foram

investigadas durante o estudo. Essa característica deixa implícita a necessidade de

ampliação dos mecanismos de comunicação interna a fim de proporcionar o

incremento do diálogo entre líderes e liderados.

A presença do setor de qualidade percebida fortemente pelos gestores e

não percebida com tanta ênfase pelos colaboradores pode ser um exemplo da

inexistência de um discurso linear, fato que pode demandar maior alinhamento

interno entre os setores e entre os gestores/colaboradores, em especial para com a

ampliação do olhar ambiental destes nas ações de conscientização realizadas no

hotel.

Essa colocação traz fundamento no discurso de Ba (2003) quando

defende que pela sua dinamicidade ao sofrer alterações a cultura necessitará

sempre “de uma forma cuidadosa a institucionalização de um novo ethos, cujos

valores ao serem internalizados, auxiliarão na construção de uma nova realidade

social” (BA 2003, p.130). Pettigrew (2010) corrobora com essa afirmativa quando

Page 89: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

86

destaca que é melhor fazer ajustes paulatinos do que modificações drásticas no

processo administrativo.

Page 90: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

87

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão do estudo em questão teve seu objetivo geral de examinar a

percepção dos gestores e colaboradores acerca das características do sistema de

gestão ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do

Nordeste do Brasil. Também se pode considerar que os objetivos específicos foram

alcançados a partir dos resultados obtidos.

Para atender ao primeiro objetivo foi necessária a identificação

sociodemográfica dos trabalhadores da organização. Assim, se pôde conferir que

entre os gestores há predominância masculina, com idade entre 31 e 40 anos, com

ensino superior e/ou cursando, casado (a), com mais de cinco anos de experiência

no setor, com tempo de serviço e no setor que atuam correspondente entre 1 ano e

1 mês e 5 anos. Já com relação aos colaboradores cita-se a predominância

masculina, com idade entre 21 e 30 anos, com ensino médio e/ou cursando, solteiro

(a), entre zero e cinco anos de experiência no setor, com tempo de serviço e no

setor que atuam correspondente de até um ano.

Já para alcançar o segundo objetivo específico que foi analisar como os

sujeitos percebem e avaliam a gestão ambiental, foi necessário conhecer o SGA da

organização onde se percebeu que as diretrizes gerais dos manuais do SGA se

articulam com os Procedimentos Ocean de Qualidade/Ambiental (POQ); Programa

de Gestão Ambiental (PGA); Instruções de Trabalho (IT) e/ou Ficha Técnica. Ainda

de acordo com o manual do SGA as atividades sujeitas ao sistema são as seguintes:

fornecimento de serviços de hospedagem; fornecimento de serviços de alimentos e

bebidas; desenvolvimento e realização de eventos; realização de atividades de lazer

e recreação.

Com relação ao terceiro, quarto e quinto objetivos que foram: identificar o

conhecimento sobre a ISO 14001; verificar o conhecimento sobre a política de

gestão ambiental; e avaliar a capacitação e conscientização dos sujeitos; verificou-

se que para os gestores o SGA sustenta-se sob dois aspectos fundamentais: o

prisma ambiental e o prisma mercadológico. Somente um gestor participou da

implantação da norma na organização fato que traz uma percepção positiva da

maioria acerca da implantação/auditoria. A separação de resíduos (seco e úmido) e

a forma correta de descarte como sendo a política ambiental e as questões

Page 91: GESTÃO AMBIENTAL: estudo da norma ISO 14001 em um

88

relacionadas à comunicação interna denotam o desconhecimento da política e

manuais do SGA. Também foi diagnosticado entre os gestores o pouco tempo

destinado para conhecimento do SGA. Os gestores afirmam existir reuniões

periódicas nos setores e como sugestão para melhoria do SGA surge o incremento

do número de ações voltadas à sensibilização, conscientização e treinamentos.

Ainda acerca destes três objetivos demonstra-se que os colaboradores

também percebem o SGA sob as categorias ambiental e mercadológica. A variável

lixo aparece em destaque quando se pensa na prática operacional do SGA. Apesar

de executar os pressupostos descritos nos POQ, PGA e IT/Ficha Técnica, os

colaboradores não conseguem visualizar o significado dos mesmos, denotando a

necessidade do incremento do número ações voltadas a sensibilização,

conscientização e treinamentos, ou seja, multiplicação de informações dentro da

organização. Isso ainda pode se comentado à luz do considerável número de

respostas direcionadas a opção não sei/houve que demonstrou certo

desconhecimento de alguns colaboradores acerca do SGA.

Quando se trata dos objetivos seis e sete: Identificar a participação dos

sujeitos na implantação/auditoria da ISO 14001 e verificar as mudanças nas práticas

dos sujeitos após a implantação/auditoria da ISO 14001, respectivamente pode-se

comentar que gestores realizam mais atividades associadas à gestão do SGA,

enquanto que os colaboradores apresentam mais atividades operacionais.

Ainda a esse respeito pode-se considerar que para os gestores a

interatividade com o setor de qualidade; o comprometimento para a manutenção do

certificado, através de treinamentos e organização/controle de informações de forma

sistemática e cotidiana; a orientação diária dos colaboradores; a separação e

descarte do lixo junto com redução do consumo de água e de energia são aspectos

pós-SGA. Enquanto que para os colaboradores o compromisso de todos para a

manutenção do certificado; a separação e descarte dos resíduos (lixo – seco e

úmido) e redução do uso de água e energia foram aspectos pós-SGA.

De maneira paralela ao atendimento aos sete objetivos deste estudo

ainda foi apresentar as semelhanças e diferenças entre as respostas de gestores e

colaboradores, uma vez que até sua análise se deu na forma de fechamento de

cada seção secundária do item 4 apresentação e análise dos resultados.

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89

Podem-se considerar como principal limitação deste estudo o fato de ser

um caso único, não possibilitando a comparação das variáveis aplicadas ao mesmo

em outros equipamentos hoteleiros certificados pela ISO 14001.

Entretanto, os fatores mencionados não diminuíram a relevância deste

estudo que traz como principais conclusões e recomendações os aspectos

mencionados nos próximos parágrafos deste capítulo.

Os aspectos até aqui destacados levam a concluir implantar a norma ISO

14001 é um processo contínuo e requer planejamento constante sobre as

estratégias de sensibilização para o envolvimento cotidiano de todos os membros de

uma organização. Neste planejamento devem estar implícitos desde as formas mais

simples de comunicação às mais elaboradas de modo que cotidianamente a

temática do SGA esteja presente na vivência organizacional dos colaboradores.

Como proposição de estudos futuros recomenda-se a realização de

investigações multicasos a fim de detectar se os resultados alcançados neste estudo

caracterizam uma situação pontual ou corresponde a realidade do setor de

hospedagem certificado pela ISO 14001.

Outra possibilidade de pesquisa que esse estudo pode revelar trata-se do

aprofundamento do mesmo a partir da observação sistemática dos processos e

procedimentos organizacionais advindos do SGA, bem como, da verificação das

ações de conscientização/treinamento juntamente com o processo de recrutamento

e seleção de colaboradores.

Além disso, também se sugere como elemento de investigação a forma

como ocorrem as relações hotel x fornecedores e/ou hotel x clientes a partir da

implantação do SGA. Por fim, sugere-se ainda a partir desta pesquisa o estudo da

imagem do hotel perante a sociedade, clientes e fornecedores a partir da

implantação de um SGA certificado pela ISO 14001.

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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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ANEXO B – CERTIFICADO DE CONFORMIDADE ISO 14001:2004

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APÊNDICE A – INSTRUMENTO APLICADO COM OS GESTORES

UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA

Você está sendo convidado a participar dessa pesquisa, que tem como objetivo Examinar a

percepção dos gestores e colaboradores acerca das características do sistema de gestão

ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil.

Todas as informações coletadas, tanto no questionário quanto na entrevista, serão utilizadas

somente pela pesquisadora a fim de atender os objetivos da pesquisa e mantidas em absoluto

sigilo, assegurando assim sua confidencialidade e privacidade dos que tomarem parte na

pesquisa. Os dados poderão ser utilizados durante encontros e debates científicos e publicados,

preservando o anonimato dos participantes.

Obrigada pela atenção!

Pesquisadora Ana Neri da Paz Justino

[email protected]

A) Perfil sociodemográfico

1. Sexo: ( ) MAS ( ) FEM

2. Tipo de cargo que ocupa

( ) Direção ( ) Gerencia ( ) Supervisor ( ) Fiscal ( ) Assistente

( ) Outros __________________

3. Função exercida:

4. Área em que trabalho

( ) Administração ( ) Operação ( ) Comercial ( ) Outros_______________

5. Nível de escolaridade

( ) Doutor ( ) Mestre ( ) Especialista ( ) Superior ( ) Superior Incompleto ( )

2º grau completo ( )1º grau completo ( ) Alfabetizado ( ) Semi-

analfabeto

6. Idade

( ) de 18 a 20 anos ( ) de 21 a 30 anos ( ) de 31 a 40 anos

( ) de 41 a 50 anos ( ) mais de 50 anos

7. Estado civil:

8. Tempo de experiência no setor:

9. Tempo de serviço na empresa:

10. Tempo de serviço no setor que atua:

B) Gestão ambiental

1. Por que na sua visão, a empresa adotou a ISO 14001?

2. O que o certificado ISO 14001 representa para você e para a empresa?

3. Como você recebeu a notícia da certificação e/ou de auditoria da ISO 14001 da empresa?

4. Você participou da implantação e/ou de auditoria da ISO 14001 na empresa?

Se Sim. Como?...........................................................................................

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Se Não. Quais diferenças há entre esta empresa e outras que você trabalhou que não tinham

ISO 14001? .......................................................................................

5. Houve alguma mudança na sua rotina diária após a certificação e/ou de auditoria?

Se Sim. Como?...........................................................................................

Se Não. Por que? .......................................................................................

6. Na sua visão, quais foram às dificuldades e as facilidades encontradas por você durante o

processo de certificação e/ou de auditoria?

7. Quais foram as principais dificuldades encontradas pela organização para efetivar as

mudanças relativas à certificação e/ou auditoria?

8. Quais foram (ou continuam sendo) os princípios da ISO 14001 mais difíceis de serem

colocados em prática? Por que?

9. Você conhece a Política de Gestão Ambiental da Empresa?

Se Sim, responda quais são as normas recomendados pela política você utiliza no seu cotidiano

de trabalho? ...............................................................................................................................

Se Não, por que?........................................................................................

10. Você conhece os manuais de Gestão Ambiental da Empresa?

Se Sim, responda quais são as procedimentos recomendados pelos manuais que você utiliza no

seu cotidiano de trabalho? ........................................................................................................

Se Não, por que?........................................................................................

11. Existe algum tipo de treinamento para operacionalização da política e dos manuais de gestão

ambiental da empresa

Se Sim, quais?............................................................................................

Se Não, por que?........................................................................................

12. O que mudou nas relações entre gestores/operaconal após a certificação e/ou auditoria?

13. O que mudou nas relações entre as pessoas/setores após a certificação e/ou auditoria?

Se Sim, quais?............................................................................................

Se Não, por que?........................................................................................

14. Existe algum tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente?

Se Sim, quais?............................................................................................

Se Não, por que?........................................................................................

15. Caso haja algum tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente você

põe em prática fora da empresa?

Se Sim, quais?............................................................................................

Se Não, por que?........................................................................................

16. Como é a relação da empresa com os fornecedores para a aquisição de insumos, materiais e

equipamentos em conformidade com a política ambiental da empresa?

17. A empresa desenvolve e/ou financia pesquisas para o desenvolvimento de tecnologia

ambiental?

18. Que sugestões você daria para a melhoria da gestão do meio ambiente na empresa de

acordo com a ISO 14001?

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APÊNDICE B – INSTRUMENTO APLICADO COM OS COLABORADORES

UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA

Você está sendo convidado a participar dessa pesquisa, que tem como objetivo Examinar a percepção dos gestores e colaboradores acerca das características do sistema de gestão ambiental a partir da norma ISO 14001 em um empreendimento hoteleiro do Nordeste do Brasil. Todas as informações coletadas, tanto no questionário quanto na entrevista, serão utilizadas somente pela pesquisadora a fim de atender os objetivos da pesquisa e mantidas em absoluto sigilo, assegurando assim sua confidencialidade e privacidade dos que tomarem parte na pesquisa. Os dados poderão ser utilizados durante encontros e debates científicos e publicados, preservando o anonimato dos participantes.

Obrigada pela atenção! Pesquisadora Ana Neri da Paz Justino

[email protected] A) Perfil sociodemográfico 1. Sexo: ( ) MASC ( ) FEM 2. Tipo de cargo que ocupa ( ) Direção ( ) Gerencia ( ) Supervisor ( ) Fiscal ( ) Assistente ( ) Operacional ( ) Outros __________________ 3. Função exercida: ____________________ 4. Área em que trabalho: ( ) Administração ( ) Operação ( ) Comercial ( ) Outros_______________ 5. Nível de escolaridade: ( ) Doutor ( ) Mestre ( ) Especialista ( ) Superior completo ( ) Superior incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Fundamental completo ( ) Fundamental incompleto ( ) Alfabetizado ( ) Semi-analfabeto 6. Idade ( ) de 18 a 20 anos ( ) de 21 a 30 anos ( ) de 31 a 40 anos ( ) de 41 a 50 anos ( ) mais de 50 anos 7. Estado civil: ______________________ 8. Tempo de experiência no setor: _______________________ 9. Tempo de serviço na empresa: ________________________ 10. Tempo de serviço no setor que atua: ___________________ B) Gestão ambiental (nesta parte do formulário você pode escolher mais de uma opção de resposta) 1. Para você porque o hotel adotou a ISO 14001?

a) Para proteger o meio ambiente. b) Para controlar seus impactos sobre o meio ambiente em busca da qualidade

ambiental.

c) Para usufruir dos recursos disponíveis na natureza de maneira equilibrada. d) Para melhorar continuamente as operações e os negócios. e) Para se destacar no mercado e se sobressair perante a concorrência. f) Para se adequar ao mercado. g) Para ter mais qualidade nos procedimentos e operações. h) Para melhorar a imagem do hotel. i) Outra. Qual ___________? j) Não sei.

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2. O que o certificado ISO 14001 representa para você e para a empresa?

3. Para você como foi saber que o hotel iria receber a certificação e/ou a auditoria da ISO 14001?

4. Você participou da implantação e/ou de auditoria da ISO 14001 na empresa? Se Sim. Como?

Se Não. Quais diferenças há entre esta empresa e outras que você trabalhou que não tinham ISO 14001?

a) Cuidado com o meio ambiente. b) Diferencial competitivo no mercado. c) Ter um selo internacional. d) A certeza de que todas as suas metas e procedimentos estão de acordo com a

preocupação mundial com o meio ambiente.

e) A certeza que existe um sistema de gestão ambiental eficiente. f) Imagem positiva perante sociedade, fornecedores, colaboradores e clientes. g) Qualificação profissional a partir dos treinamentos para a implantação/gestão da

ISO 14001.

h) Outra. Qual ___________? i) Não sei.

a) A necessidade do cumprimento das exigências normativas. b) Que iria acontecer a redução de consumo e a utilização de materiais

renováveis.

c) Admirado e feliz por saber que a empresa tem preocupação com o meio ambiente.

d) Satisfeito por poder ajudar o meio ambiente. e) Incomodado por causa da estrutura do setor. f) Sensação normal, pois, os processos que precisavam ser feitos já faziam parte

do trabalho.

g) Outra. Qual ___________? h) Não sei.

a) Através de reunião junto com a gerência e o auditor. b) Divulgação junto aos colaboradores. c) Realizando os procedimentos e operacionais necessários. d) Separando os resíduos (lixo) e utilizando água e energia com mais cuidado

(consumo racional)

e) Descartando de forma correta os resíduos gerados pela tarefa que executo. f) Apresentando ideias para redução de consumo, reutilização e reciclagem de

materiais facilitando a identificação do risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

g) Outra. Qual ___________?

h) Não sei.

a) O cuidado com o meio ambiente a partir da identificação do risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção).

b) A forma como os resíduos (lixo) são separados e descartados (jogado fora) e a utilização de água e energia com mais cuidado (consumo racional)

c) Os treinamentos para o cuidado com o meio ambiente. d) O tratamento dos colaboradores para que tenham cuidado com o meio ambiente. e) Outra. Qual ___________?

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5. Houve alguma mudança na sua rotina diária após a certificação e/ou de auditoria? Se Sim. Como?

Se Não. Por que?

6. Na sua visão, quais foram as facilidades encontradas por você durante o processo de certificação e/ou de auditoria?

7. Na sua visão, quais foram as dificuldades encontradas por você durante o processo de certificação e/ou de auditoria?

f) Não sei.

a) A atenção com os detalhes das normas para o cuidado com o meio ambiente. b) Novas rotinas operacionais e com mais responsabilidade para manter o padrão. c) Maior atenção por parte dos superiores para a orientação com relação aos

procedimentos e operações corretos para identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

d) Outra. Qual ___________? e) Não sei.

a) A empresa já tinha uma rotina a ser seguida. b) Já atuava em conformidade com os manuais. c) Eu já tinha preocupação com o meio ambiente e sempre adotei uma

postura de identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

d) Outra. Qual ___________? e) Não sei.

a) Conhecer a política ambiental. b) Conhecer os manuais de gestão ambiental. c) Dominar os procedimentos e operações. d) O apoio do setor de qualidade para orientar o processo. e) Colocar os procedimentos em prática após a implantação. f) Outra. Qual ___________? g) Não sei.

a) Não houve. b) Identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

c) A rotatividade dos funcionários. d) Entender e que todas as mudanças eram necessárias e) Conhecer e aprender a política ambiental. f) Conhecer e aprender sobre os manuais de gestão ambiental. g) Realizar as atividades de acordo com as normas. h) O fato de envolver muitas pessoas.

i) Outra. Qual ___________? j) Não sei.

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8. Quais foram (ou continuam sendo) os princípios da ISO 14001 mais difíceis de serem colocados em prática?

9. Você conhece a Política de Gestão Ambiental da Empresa?

10. Você conhece os manuais de Gestão Ambiental da Empresa?

11. Existe algum tipo de treinamento para operacionalização da política e dos manuais de gestão ambiental da empresa?

Se Sim, quais?

a) O descarte de papel, pois, muita gente ainda amassa papéis. b) Separação do lixo seco e lixo úmido. c) Redução no uso de materiais e descarte, como por exemplo, utilização de

papel e produtos descartáveis como copos plásticos e etc.

d) As pessoas da operação atuarem de acordo com os manuais/política de gestão ambiental.

e) Identificar o risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção)

f) O entendimento dos funcionários da necessidade de cumprir as operações padrão.

g) Outra. Qual ___________? h) Não sei.

a) Sim. b) Não.

Se Sim, responda qual é? Se não, responda por quê?

a) Sim. b) Não. Se Sim, responda quais são as procedimentos recomendados pelos manuais

que você utiliza no seu cotidiano de trabalho?

Se não, responda porque?

a) Sim. b) Não.

a) Esclarecimentos sobre a política e os manuais ambientais e o seu significado para a empresa.

b) Como separar o lixo, economia de energia e água. c) Normas e procedimentos da ISO 14001. d) Risco ambiental (avaliação, diminuição e prevenção). e) Palestras. f) Gincanas. g) Visitas técnicas. h) Sessões de cinema. i) Outro qual?

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12. O que mudou nas relações entre as pessoas no hotel após a certificação e/ou auditoria?

13. Existe algum tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente?

Se Sim, quais?

14. Caso haja algum tipo de ação de conscientização contínua para com o meio ambiente você põe em prática fora da empresa?

Se Sim, quais?

15. Que sugestões você daria para a melhoria da gestão do meio ambiente na empresa de acordo com a ISO 14001?

a) O compromisso de todos para a manutenção do certificado. b) A organização e controle de informações. c) O processo de manuseio e manutenção de produtos/equipamentos.

d) O diálogo ficou mais próximo. e) A interatividade com o setor de qualidade. f) Orientação permanente dos colaboradores por meio de treinamentos e

cursos.

g) A conscientização do destino adequado dos resíduos. h) Aproximação entre os setores. i) Não houve. j) Outra. Qual ___________?

a) Sim. b) Não.

a) Treinamentos e palestras ministradas pelo setor de qualidade. b) Gincanas, visitas e sessões de cinema promovidas pelo setor de qualidade. c) Reunião com os colaboradores diariamente sobre procedimentos e

operações corretos.

d) Intervenções de percepção ambiental ao longo dos processos. e) Outra qual?

a) Sim. b) Não.

a) Separação e descarte dos resíduos (lixo – seco e úmido) b) Redução do uso de água e energia. c) Reuso de materiais. e) Novas posturas pensando no risco ambiental (avaliação, diminuição e

prevenção): Ex. Adotar um copo, armazenamento de óleo utilizado em frituras, plantação de árvores, não queimar vegetação e outros materiais etc.

f) Respeito diário pelo meio ambiente (seres vivos e não vivos). g) Influencia às outras pessoas para adoção de posturas e atitudes

sustentáveis.

h) Utilizar produtos que não atacam o meio ambiente e adquiri-los de empresas responsáveis.

i) Outra qual?

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APÊNDICE C – PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS GESTORES

Perfil sociodemográfico gestores Núm. de respostas Gênero Masculino 10 Feminino 3 Total 13Idade 21 a 30 anos 3

31 a 40 anos 841 a 50 anos 1Mais de 50 anos 1Total 13

Nível de escolaridade Especialista 1Superior completo 4Superior incompleto 3Ensino médio completo 5Total 13

Estado civil Solteiro 5

Casado 7Divorciado 1Total 13

Tempo de experiência no setor Até 1 ano 1

Entre 1 ano e 1 mês e 5 anos 3A partir de 5 anos e 1 mês 9Total 13

Cargo que ocupa Gerencia 8

Supervisor 3Outras 2Total 13

Área em que trabalha Administração 5

Operação 8Total 13

Função exercida Gerente de TI 1

Supervisor de segurança 1Governanta 1Gerente de recepção 1Almoxarife 1Departamento de Pessoal 1Manutenção 1Nutricionista/A&B 1Controler/Operacional 1Gerente de eventos 1Gerente noturno 1Chefe de conzinha 1Comprador 1Total 13

Tempo de serviço na empresa Até 1 ano 4

Entre 1 ano e 1 mês e 5 anos 5A partir de 5 anos e 1 mês 4Total 13

Tempo de serviço no setor que atua Até 1 ano 5

Entre 1 ano e 1 mês e 5 anos 7A partir de 5 anos e 1 mês 1Total 13

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APÊNDICE D – PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS COLABORADORES

Perfil sociodemográfico colaboradores Núm. de respostas Gênero Masculino 61

Feminino 37Total 98

Idade 18 A 20 anos 13

21 a 30 anos 4631 a 40 anos 3041 a 50 anos 9Total 98

Nível de escolaridade Superior completo 11Superior incompleto 12Ensino médio completo 46Ensino médio incompleto 19Fundamental completo 5Fundamental incompleto 5Total 98

Estado civil Solteiro 55

Casado 36Divorciado 3União estável 4Total 98

Tempo de experiência no setor Até 1 ano 39

Entre 1 ano e 1 mês e 5 anos 39A partir de 5 anos e 1 mês 20Total 98

Cargo que ocupa Gerencia 1

Supervisor 5Fiscal 6Assistente 5Operacional 68Outras 13Total 98

Área em que trabalha Administração 4

Operação 75Comercial 6Outros 13Total 98

Função exercida Recreador 8Mensageiro 9Garçom 11Camareira 7Atendimento 4Cozinha 3Recepcionista 8ASG 7Portaria/Segurança 7Barman 6Lavanderia/Passadeira 5Auditor 2Piscineiro 2Assistente 2

Diversos 17Total 98

Tempo de serviço na empresa Até 1 ano 51

Entre 1 ano e 1 mês e 5 anos 44A partir de 5 anos e 1 mês 3Total 98

Tempo de serviço no setor que atua Até 1 ano 61

Entre 1 ano e 1 mês e 5 anos 34A partir de 5 anos e 1 mês 3Total 98

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