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GESTÃO DE PORTFÓLIO DE
PROJETOS: UM ESTUDO
BIBLIOMÉTRICO PARA EXPLORAÇÃO
DOS AVANÇOS E TENDÊNCIAS NA
PESQUISA ACADÊMICA
Claudio Luis Carvalho Larieira (FGV)
O objetivo desta pesquisa é identificar os avanços e tendências sobre
gestão de portfólio de projetos a partir de uma visão das publicações
realizadas desde a proposta seminal de Markowitz, tendo como
resultados principais obter uma maior ccompreensão sobre o tema e
sistematizar de maneira sucinta sobre o que já foi publicado (tanto no
exterior quanto no Brasil), em qual tempo, sob quais perspectivas e
com qual nível de detalhe.Este estudo possui uma abordagem
qualitativa, de caráter exploratório e foi realizado utilizando como
método de pesquisa a técnica de Análise Bibliométrica. Os principais
resultados alcançados com esta pesquisa demonstram que: (i) o
segmento de Tecnologia da Informação tem parcela significativa nos
estudos sobre gestão de portfolio de projetos; (ii) o tema gestão de
portfolio de projetos ainda não é correntemente utilizado nas pesquisas
acadêmicas, sendo encontrados poucos trabalhos acadêmicos que
abordam especificamente esta nomenclatura; (iii) ainda que a
abordagem de portfólio seja conhecida desde a década de 1950,
apenas nos últimos 10 anos foram publicados trabalhos sobre gestão
de portfolio de projetos com maior intensidade; (iv) o Brasil possui
papel de destaque em pesquisas sobre pesquisas neste tema, dado que
quase 1/3 dos trabalhos encontrados foram publicados por
pesquisadores brasileiros; (v) a predominância dos trabalhos
qualitativos sobre os trabalhos quantitativos é notória; (vi) a grande
maioria dos trabalhos encontrados ainda tem como foco explorar as
atividades iniciais do processo de gestão de portfolio de projetos.
Conclui-se que o tema gestão de portfolio de projetos ainda carece
de pesquisas acadêmicas solidas que proponham modelos robustos e
integrados, testados com bases empíricas e adequados à realidade da
dinâmica de investimentos em projetos praticados pelas organizações.
Palavras-chaves: GESTAO DE PORTFOLIO DE PROJETOS
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1.1.
1. Introdução
Projetos representam investimentos empresariais e, portanto, podem ser gerenciadas sob
a forma de portfólios de investimentos dadas a importância, a criticidade em termos de risco e
retorno e a capacidade que eles possuem em viabilizar as estratégias de uma organização.
A partir do trabalho seminal de Markowitz sobre portfólios (1952), vários outros autores
procuraram responder à necessidade de gerenciar projetos sob o enfoque de investimentos,
propondo assim a abordagem atualmente denominada de gestão de portfólio de projetos
(WEINGARTNER, 1966) (LOCKETT, 1970) (WHEELWRIGHT e CLARK, 1993)
(COOPER, EDGETT e KLEINSCHIMIDT, 1998) (ARCHER e GHASEMZADEH, 1999).
O objetivo desta pesquisa é identificar os avanços e tendências sobre gestão de portfólio
de projetos a partir de uma visão das publicações realizadas desde a proposta seminal de
Markowitz, tendo como resultados principais obter uma maior compreensão sobre o tema e
sistematizar de maneira sucinta sobre o que já foi publicado (tanto no exterior quanto no
Brasil), em qual tempo, sob quais perspectivas e com qual nível de detalhe.
Este estudo possui uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório e foi realizado
utilizando como método de pesquisa a técnica de Análise Bibliométrica. O estudo identificou
um total de 392 trabalhos de diversos segmentos de negócio e abordagens de pesquisa, sendo
avaliados 372 destes trabalhos.
Trabalhos sobre o tema gestão de portfólio de projetos foram publicados em anos
anteriores no ENEGEP apresentando ensaios teóricos e aspectos práticos de aplicação de
campo (SCHELP, 2005) (MELO, 2006) (FERNANDES, 2010), sendo esta pesquisa
bibliométrica uma forma de contribuição aos conceitos antes discutidos, porém no que tange
ao estágio atual de publicações.
Os principais resultados alcançados com esta pesquisa demonstram que: (i) o segmento
de Tecnologia da Informação tem parcela significativa nos estudos sobre gestão de portfolio
de projetos; (ii) o tema gestão de portfolio de projetos ainda não é correntemente utilizado nas
pesquisas acadêmicas, sendo encontrados poucos trabalhos acadêmicos que abordam
especificamente esta nomenclatura; (iii) ainda que a abordagem de portfólio seja conhecida
desde a década de 1950, apenas nos últimos 10 anos foram publicados trabalhos sobre gestão
de portfolio de projetos com maior intensidade; (iv) o Brasil possui papel de destaque em
pesquisas sobre pesquisas neste tema, dado que quase 1/3 dos trabalhos encontrados foram
publicados por pesquisadores brasileiros; (v) a predominância dos trabalhos qualitativos sobre
os trabalhos quantitativos é notória; (vi) a grande maioria dos trabalhos encontrados ainda tem
como foco explorar as atividades iniciais do processo de gestão de portfolio de projetos.
Conclui-se que o tema gestão de portfolio de projetos ainda carece de pesquisas
acadêmicas solidas que proponham modelos robustos e integrados, testados com bases
empíricas e adequados à realidade da dinâmica de investimentos em projetos praticados pelas
organizações.
A seguir, são abordados os fundamentos sobre gestão de portfolio de projetos, em
seguida é apresentada a metodologia de pesquisa realizada na pesquisa, são apresentados os
resultados com as consolidações das informações bibliométricas e respectivas análises e por
fim a conclusão do trabalho.
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2. Fundamentos
São utilizados como quadro referencial teórico os fundamentos propostos nos trabalhos
sobre (i) Seleção de Portfólio (MARKOWITZ, 1952), (ii) Dinâmica de Gestão de Portfólio
(COOPER, EDGETT e KLEINSCHIMIDT, 1998), (iii) Etapas de Gestão de Portfólio
(ARCHER e GHASEMZADEH, 1999) e (iv) Gestão de Portfólio de Projetos (PMI, 2008).
Nos idos de 1952 foi publicado um artigo intitulado Portfólio Selection, da autoria de
Markowitz, onde era proposta a idéia de se gerenciar investimentos financeiros em um
formato de portfólio (ou uma carteira de investimentos). Este foi o trabalho seminal que
lançou luz à necessidade dos gestores de empresas gerenciarem seus investimentos de
maneira organizada e controlada, realizando a diversificação dos investimentos em carteiras
diferentes para garantir ao mesmo tempo o máximo de retorno com o mínimo de risco.
Esta abordagem originalmente se referia somente aos investimentos financeiros, mas a
partir desta analogia outros autores propuseram utilizar os conceitos de portfolio (e,
consequentemente, gestão de portfólio) para o gerenciamento de investimentos nos mais
diversos segmentos, como saúde, automobilístico, inovação, pesquisa e desenvolvimento de
novos produtos, marketing, entre outros.
Anos mais tarde, Cooper, Edgett e Kleinschmidt (1998) estenderam as discussões sobre
a gestão de portfolio de projetos para o segmento de R&D e sugeriram que o processo de
composição das carteiras de projetos fosse realizado através de um processo formal, cíclico e
continuo, no qual os projetos fossem avaliados individualmente, segundo critérios pré-
estabelecidos. A percepção à época era de que a carteiras nem sempre traduziam corretamente
as estratégias da organização, isto decorrente de projetos desalinhados ou com pouca
contribuição aos negócios, sendo necessária então a criação de um “funil” para garantir que
apenas os melhores projetos seriam de fato selecionados e priorizados.
Uma visão complementar a esta questão da composição do portfolio de projetos foi o
trabalho publicado por Archer e Ghasemzadeh (1999) que fizeram a proposta de criação de
um modelo para seleção de projetos a partir de um conjunto de potenciais projetos, definindo
assim a seleção de portfolio como “a atividade periódica envolvida na seleção de uma
carteira, a partir de propostas de projetos disponíveis e de projetos em andamento, que visam
cumprir objetivos estabelecidos na organização, numa forma desejável e sem exceder as
limitações de recursos ou ultrapassar as outras restrições”. Archer e Ghasemzadeh também
propuseram o estabelecimento de etapas claras e definidas para a seleção de projetos,
separados por “gates” (portais) de aprovação intermediária.
Desta forma, pode-se definir que o processo de gestão de portfólio de projetos de
maneira geral funciona como “funil” no qual vários projetos são submetidos, tendo como
objetivo escolher os “melhores projetos” do ponto de vista do alinhamento estratégico, do
retorno esperado e do risco mitigado.
Outros autores tiveram relevância na construção dos fundamentos sobre gestão de
portfolio de projetos. Wheelwright e Clark (1993) contribuíram também com a gestão de
portfolio de projetos propondo modelos e critérios para a categorização de projetos, gerando
assim aos gestores um maior entendimento sobre a composição de seus portfólios de projetos.
Em 1999 Dye e Pennypacker contribuíram também com as atividades de seleção e priorização
de projetos. Mais recentemente, em 2006, o PMI (Project Management Institute) lançou um
manual de boas práticas em gestão de portfolio de projetos consolidando varias das
proposições realizadas pelos autores seminais que até então estavam dispersas, criando assim
um modelo mais estruturado e sistematizado.
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3. Metodologia de Pesquisa
Esta pesquisa foi realizada segundo a abordagem qualitativa e possui um caráter
exploratório. Foi utilizado o método de pesquisa conhecido como Análise Bibliométrica (ou
Bibliometria) para a coleta, consolidação, classificação e análise das informações sobre os
trabalhos publicados abordando o tema de interesse deste artigo.
Segundo Guedes e Borschiver (2005), “a bibliometria é um conjunto de leis e princípios
empíricos que contribuem para estabelecer os fundamentos teóricos da Ciência da
Informação”, sendo realizado através de pesquisas em publicações e busca de autores,
palavras-chave, usuários e citações. Figueiredo define a Bibliometria como a "análise
estatística dos processos de comunicação escrita, tratamento quantitativo (matemático e
estatístico) das propriedades e do comportamento da informação registrada”. Um dos estudos
seminais neste campo foi realizado por Bradford (apud Figueiredo) que buscou estabelecer
uma relação entre artigos de interesse e os periódicos em que podiam ocorrer estes artigos.
Nesta pesquisa, a escolha pela técnica da Bibliometria se deve à necessidade de buscar
identificar e compreender o atual estágio das publicações acadêmicas a respeito do tema da
gestão de portfolio de projetos, tendo como resultado um maior entendimento sobre o que já
foi publicado (tanto no exterior quanto no Brasil), em que tempo, por quais autores, sob quais
perspectivas e com qual nível de detalhe.
A coleta de dados para a realização desta pesquisa foi realizada entre os meses de
Setembro de 2010 a Março de 2011 em sites de busca (como Jstore, Ebsco e Google
Acadêmico) e no catálogo virtual da biblioteca da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.
Foi utilizada a palavra-chave “portfolio de projeto” nas línguas portuguesa, inglesa e
espanhola, não sendo limitada a busca em termos de período das publicações ou classificações
de periódicos (Qualis). O critério utilizado para a seleção dos trabalhos foi a ocorrência das
palavras-chave no título e/ou no resumo dos artigos.
Após a busca inicial pela palavra-chave, realizou-se um trabalho de consulta aos
periódicos encontrados na amostra inicial utilizando-se novamente a palavra-chave,
acrescidos neste momento dos autores e eventos identificados, sendo o mesmo trabalho
realizado nas bases de dados das escolas e instituições identificadas para a busca de
dissertações e teses. Por ultimo, foram analisadas as referencias bibliográficas de todos os
trabalhos até então encontrados como uma forma de identificação de mais títulos para a
amostra. Como resultado final das buscas, foram encontrados 392 títulos (entre artigos, livros,
dissertações e teses), dos quais 20 foram retirados da amostra por não possuírem informações
adequadas ao trabalho de análise bibliométrica.
Para a consolidação dos dados das publicações foi criada uma planilha em formato MS-
Excel, contendo as seguintes informações: (i) tipo de publicação, (ii) relação direta com
gestão de portfólio de projetos; (iii) título, (iv) ano de publicação, (v) periódico/instituição,
(vi) país de publicação, (vii) nível de análise, (viii) método de pesquisa, (ix) abordagem de
pesquisa, (x) segmento de negócio, (xi) sub-processo de gestão de portfólio de projeto, (xii)
aspecto abordado, (xiii) nome do autor/co-autor, (xiv) palavras-chave e (xv) teorias citadas.
Os dados dos trabalhos foram examinados através de uma primeira análise diagonal (para
extração das principais informações) e posteriormente através de uma análise mais profunda
(para a identificação das teorias citadas). Os dados obtidos foram classificados e
categorizados em tabelas e gráficos para a sistematização das informações.
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4. Desenvolvimento
Conforme mencionado anteriormente na seção de Metodologia de Pesquisa, foram
encontrados 392 trabalhos relacionados ao tema Gestão de Portfólio de Projetos. Deste total,
20 foram descartados porque apresentaram algumas informações que não permitiam a
respectiva classificação e análise bibliométrica, restando assim uma base de dados com 372
trabalhos.
4.1. Análise dos Resultados do Levantamento Bibliométrico
Este artigo tem como foco levantar e analisar em uma perspectiva bibliométrica os
trabalhos sobre o tema Gestão de Portfólio de Projetos tenham eles mencionado de maneira
direta ou indireta este tema. Uma primeira análise que se pode fazer sobre os trabalhos
encontrados se refere ao segmento de negócio aos quais estes trabalhos pertencem (conforme
figura abaixo).
Os trabalhos que tratam do tema e que não se referem a um segmento de negócio
específico foram classificados neste artigo na categoria de Geral, representando 45,7% de
participação na somatória dos trabalhos. O segmento de TI, em termos de participação na base
é o segundo maior segmento representado em termos de trabalhos, ficando muito à frente do
segmento de R&D (Research and Development), que é o terceiro segmento em termos de
participação (possuindo 5,1% dos trabalhos). O percentual de trabalhos encontrados
especificamente para TI revela que este segmento tem uma importante participação e
significância em termos de pesquisa no tema gestão de portfólio de projetos. Isto se deve
provavelmente ao fato de que a TI é reconhecida como uma área que utiliza de maneira
massiva a abordagem de projetos na realização de seus empreendimentos e, por consequência,
desfruta dos avanços realizados nas pesquisas relativas à gestão de projetos.
Figura 1 – Trabalhos por Segmento de Negócio
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Em relação aos tipos de publicação, identificou-se que há uma predominância de artigos
sobre os livros e trabalhos de mestrado e doutorado (conforme figura 2). Das 26 dissertações e
9 teses encontradas (que representam apenas 10% dos trabalhos), observou-se que 23 destes
trabalhos citam explicitamente a palavra-chave “portfólio”. No Brasil, foram encontrados 26
trabalhos entre dissertações e teses (ou seja, 74,2% dos 35 trabalhos acadêmicos), porém esta
informação sobre a concentração de trabalhos produzidos nas universidades brasileiras pode
ser enganosa se considerarmos que apenas 5 destes são teses de doutorado (portanto, apesar
de o Brasil concentrar a maior parte das produções acadêmicas, elas não podem ser
consideradas de alto nível de pesquisa, pois são dissertações). Dos 49 livros encontrados,
apenas 11 deles tratam do tema diretamente. Também é curioso notar que, destes 11 livros,
nenhum deles tem autores ou co-autores brasileiros (o que leva a crer que o tema é difundido
na academia brasileira, mas faltam aplicações de mercado). Da somatória das informações ora
apresentadas, pode-se inferir que “gestão de portfólio de projetos” é uma palavra-chave pouca
usada em trabalhos acadêmicos ou livros profissionais e, portanto, este é um tema ainda em
consolidação, em que há grande espaço para pesquisas acadêmicas. Do total dos trabalhos
encontrados, 51% deles tem alguma citação sobre gestão de portfólio de projetos e 49% não
tem qualquer citação ao tema (apesar de possuírem relação com o tema).
Figura 2 – Trabalhos por Tipo de Publicação
O primeiro trabalho publicado sobre portfólio (que é o conceito seminal que dá
sustentação a gestão de portfólio de projetos) foi escrito por Markowitz, em 1952 (com a
abordagem financeira). Em termos de evolução (conforme figura 3), da década de 1950 até o
fim da década de 1970 foram publicados apenas 10 trabalhos, havendo um crescimento
gradual de produção até o ano de 2000 (com mais 76 trabalhos) e um salto considerável na
década anterior (com 296 trabalhos). Assim, podemos concluir que este tema teve de fato sua
explosão em termos de publicação apenas a partir do ano 2000, a uma media nos últimos 5
anos de 38 trabalhos por ano. Não se pode afirmar que há uma tendência de crescimento nas
publicações sobre o tema, pelo contrário, pois em 2008 houve 59 trabalhos, em 2009 houve
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44 trabalhos e em 2010 houve 34 trabalhos, o que revela uma queda nos últimos 3 anos
apresentados.
Figura 3 – Trabalhos por Ano de Publicação
A figura 4 apresenta a distribuição dos trabalhos pelos países de origem de publicação.
Pode-se afirmar que há certa polarização dos trabalhos entre Estados Unidos (em primeiro
lugar), seguido do Brasil (em segundo) e do Reino Unido – UK – United Kingdom (em
terceiro). O Brasil tem assumido uma posição de destaque neste tema, representando quase
1/3 da base dos trabalhos encontrados (mais especificamente, 28,5%). Vale ressaltar que
durante o processo de pesquisa em busca dos artigos foram empregados palavras-chave nas
línguas portuguesa, inglesa e espanhola, o que evidencia que foram usadas línguas
correntemente utilizadas em termos de pesquisa acadêmica.
Figura 4 – Trabalhos por País
Sobre o nível de análise que os trabalhos utilizaram para observações dos fenômenos
em campo foi identificado que apenas uma das publicações se refere ao nível de Processo,
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sendo todas as demais publicações relativas ao nível da Organização (nenhum trabalho foi
encontrado sobre os níveis de Individuo, Grupo ou Sociedade). Por ser a gestão de portfólio
de projetos um processo tipicamente organizacional, esta constatação era de certa forma
esperada desde o inicio da pesquisa, o que ora se confirma. Porém, se considerarmos que no
processo de gestão de portfólio de projetos há a participação e influência direta de pessoas
para a seleção, avaliação e priorização de projetos (e claramente por vezes a percepção e
interesses pessoais se sobrepõem e até mesmo conflitam com os interesses da organização),
pesquisas sobre aspectos comportamentais e subjetivos da decisão em termos de indivíduos
podem ser realizados tomando como base as pessoas, suas formações, experiências e
interesses quando da realização da gestão de portfólio de projetos.
Foram analisados os trabalhos do ponto de vista da abordagem empregada e constatou-
se que há uma alta predominância de pesquisas qualitativas sobre as pesquisas quantitativas
(73,6% contra 26,4%, respectivamente). Os métodos de pesquisa mais empregados tem sido o
de Estudo de Caso e o de Análise Exploratória (conforme figura 5), o que pode significar que
o tema ainda carece de maior consolidação em termos de fundamentação teórica e por isto
estas abordagens exploratórias são as mais utilizadas (neste artigo, o termo Análise
Exploratória foi usado para designar os trabalhos em que foi realizada uma revisão
bibliográfica e alguma proposição sem comprovação empírica). As pesquisas envolvendo
questionários (Survey) representam apenas 15% da base, o que pode indicar que a maturidade
do assunto ainda não permite que sejam construídos instrumentos de coleta de dados a partir
de conhecimento consolidado (o que corrobora o uso de Estudos de Caso e Análise
Exploratória). Em alguns trabalhos (principalmente no caso dos livros) não foi possível
identificar o uso de um método de pesquisa especifico, sendo classificados como Indefinido.
Os Experimentos são os trabalhos relacionados com pesquisas que envolvem o uso de
modelos matemáticos (para seleção de projetos, por exemplo), sendo apresentado nestes
trabalhos uma breve revisão bibliográfica e uma aplicação baseada em cenários hipotéticos.
As pesquisas que usaram Grounded Theory, Pesquisa-Ação e Painel são poucas (não mais que
3% no total) e se referem a trabalhos mais recentes (após o ano de 1999).
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Figura 5 – Trabalhos por Método de Pesquisa
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Uma vez que o processo de gestão de portfólio de projetos possa ser composto de um
conjunto de várias atividades, um dos objetivos deste artigo é identificar quais destas
atividades são abordadas nos trabalhos de pesquisa e com qual grau de detalhe. Como não há
um consenso único sobre os nomes destas atividades, foi utilizada como taxonomia a
proposição feita pelo PMI (2008), anteriormente citada. Assim, a figura 6 apresenta as
atividades tratadas nos trabalhos com as respectivas distribuições. Como se pode observar, os
trabalhos encontrados dão maior foco nas questões relacionadas à avaliação e seleção dos
projetos (75% dos trabalhos), seguido da atividade de priorização de projetos. Atividades
importantes como categorização, balanceamento e monitoramento são pouco citadas ainda em
pesquisas acadêmicas. Considerando que as atividades de avaliação e seleção são as primeiras
atividades realizadas no fluxo de execução da gestão de portfolio de projetos e as atividades
de categorização, balanceamento e monitoramento são atividades executadas do meio para o
fim neste processo, pode-se inferir que as pesquisas ainda estão focadas em atividades mais
elementares do processo citado. Esta constatação nos leva a inferir que as atividades mais
“avançadas” ainda não foram plenamente abordadas, seja por falta de amadurecimento do
tema, seja por falta de casos empíricos para a realização de estudos.
Figura 6 – Trabalhos por Atividades de Gestão de Portfólio de Projetos
Outro objetivo a ser respondido por esta pesquisa bibliométrica diz respeito aos aspectos
abordados sobre gestão de portfolio de projetos nos trabalhos avaliados (conforme figura 7),
sendo identificado que maior parte das publicações trata sobre fundamentos, seguido de
alinhamento estratégico entre projetos e o negócio e de modelos de processos/atividades. O
ponto relevante a ser denotado é que, apesar de haver vários trabalhos com proposição de
atividades, poucos deles abordam o tema de uma forma holística, abrangente em termos de
processo, sendo na maioria dos casos propostas atividades pontuais, sem a integração do todo.
É notória também a falta de trabalhos abordando aspectos questões comportamentais e de
ferramentas de suporte ao processo ora avaliado, representando assim uma lacuna importante
em termos de conhecimento e prática sobre o tema.
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Figura 7 – Trabalhos por Aspectos abordados em Gestão de Portfólio de Projetos
Ainda que tenham sido encontrados ao todo 140 conceitos/definições nos trabalhos
sobre o tema, é perceptível como há poucos trabalhos empregando teorias sólidas. Na
verdade, a grande maioria dos trabalhos cita um conjunto de definições sobre gestão de
portfólio, de maneira esparsa, pouco integrada, sem às vezes utilizar teorias seminais ou
teorias comprovadas empiricamente. Este fato revela a necessidade premente de se
estabelecer com maior rigor cientifico bases teóricas sólidas para o suporte de pesquisas em
gestão de portfólio de projetos.
TEORIAS/AUTORES QTD. DE VEZES
IT Portfolio Management Maturity Model (JEFFERY e LELIVELD, 2004) 13
Dinâmica de Gestão de Portfólio (COOPER, EDGETT e KLEINSCHIMIDT, 1998) 10
Teoria de Portfólio (MARKOWITZ, 1952) 9
Definição e etapas de Gestão de Portfólio (ARCHER e GHASEMZADEH, 1999) 7
Teoria do Portfolio de TI (MCFARLAN, 1981) 7
Gestão de Portfólio de Projetos (PMI, 2008) 6
Tabela 1 – Fundamentos e Teorias mais citadas
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5. Conclusão
Esta pesquisa tinha por objetivo explorar a produção científica sobre o tema Gestão de
Portfólio de Projetos e pode-se concluir que este objetivo foi plenamente atingido, sendo
identificados e avaliados 372 trabalhos. Após a consolidação e análise das informações
obtidas foi possível obter uma visão mais aprofundada sobre os trabalhos já publicados sobre
o tema, em quais momentos da história, evidenciando os autores mais influentes e as teorias
mais utilizadas neste tipo de trabalho.
A primeira constatação importante é de que o segmento de Tecnologia da Informação
tem parcela bastante significativa nos estudos sobre gestão de portfolio de projetos,
representado mais de 38% dos estudos identificados. Neste sentido, podemos inferir que as
práticas propostas pelo segmento de TI para este problema possa em certo grau suportar
outros segmentos de atividades, fazendo da TI um benchmarking.
De fato a gestão de portfolio de projetos não é universalmente abordada, de maneira
direta, o que é corroborado pelo fato de haver pouca pesquisa acadêmica sobre o tema, o que
pode-se traduzir em oportunidade de pesquisa em trabalhos futuros.
Um fato importante a ser denotado é a participação dos pesquisadores do Brasil neste
tema, revelando que a gestão de portfolio de projetos praticada no Brasil já alcança patamares
de excelência quando comparada a outros países.
A predominância dos trabalhos qualitativos sobre os trabalhos quantitativos (seja no
Brasil ou no exterior) revela que há ainda um grande espaço a ser explorado em termos de
pesquisa, principalmente pelos programas de pós-graduação. Esta percepção é corroborada
pelo fato de a maior parte dos trabalhos encontrados ainda terem como foco as atividades
iniciais do processo de gestão de portfolio de projetos.
Por fim, conclui-se que a gestão de portfolio de projetos ainda carece de pesquisas
acadêmicas sólidas que proponham modelos robustos e integrados, testados com bases
empíricas e adequados à realidade da dinâmica de investimentos em projetos praticados pelas
organizações.
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6. Referencias Bibliográficas
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Journal of Project Management, Reino Unido, 1999, p. 207–216.
BRADFORD, S.C. O caos documentário. In: DOCUMENTAÇÃO. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1961. p.
196-216.
COOPER, R.; EDGETT, S. & KLEINSCHIMIDT, E. J. Best practices for managing R&D portfolios.
Research Technology Management, Ontário, 1998.
DYE, L. D. & PENNYPACKER, J. S. Project portfolio management, selecting and prioritizing projects for
competitive advantage. International Journal of Project Management, Reino Unido, 1999.
FERNANDES, M. M.; SILVA, M. B. & TURRIONI, J.B. Modelo Teórico-Conceitual para Gestão de
Portfólio de Projetos Seis-Sigma. In: 30º. ENEGEP, São Carlos, 2010.
FIGUEIREDO, N. M. Biblioteconomia e Bibliometria. In: TÓPICOS MODERNOS EM
BIBLIOTECONOMIA. Brasília, ABDF, 1977. p. 17-25.
GUEDES, V. L. S. & BORSCHIVER, S. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da
informação e do conhecimento em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e
tecnologia. Dez./2005. Disponível em: http://www.cinform.ufba.br/vi_anais/docs/VaniaLSGuedes.pdf, acesso
em: 20/04/2011.
JEFFERY, M. & LELIVELD, I. Best Practices in IT Portfolio Management. MIT Sloan Management Review,
Boston, 2004.
LOCKETT, A. G. & FREEMAN, P. Probabilistic Networks and R & D Portfolio Selection. Operational
Research Quarterly, Vol. 21, No. 3, Sep./1970), p. 353-359.
MCFARLAN, F. W. Portfolio approach to information systems. Boston: Harvard Business Review, 1981.
MARKOWITZ, H. M. Portfolio Selection. Cowles Foundation for Research in Economics at Yale University,
1952.
MELO, S. F. A. Modelo de priorização de projetos e atividades em ambientes de múltiplos projetos. In: 26º.
ENEGEP, Fortaleza, 2006.
PMI (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE). Standard for Portfolio Management. Estados Unidos da
América: PMI Bookstore, 2008.
SCHELP, M. X. Gestão Estratégica de Projetos através de Gerenciamento de Portfólios de Projetos – Estudo
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