Upload
francisco-branco
View
193
Download
7
Embed Size (px)
Citation preview
Gilwell e a Insígnia de Madeira
Na história do Escutismo, o Parque de Gilwell e a Insígnia de Madeira têm um lugar de destaque pela sua longevidade e importância no Movimento. O parque é
um local mítico que todos os Escuteiros procuram visitar quando vão a Inglaterra, sempre repleto de
jovens e adultos nas mais diversas actividades. Foi aqui que surgiu a Insígnia de Madeira, no curso de formação de dirigentes que, entretanto, se espalhou pelo mundo.
Gilwell… um nome
O mais antigo registo de terras pertencentes ao Parque de Gilwell (ou Gillwell, como se escrevia
antigamente) remonta a 1407, quando faziam parte da Paróquia de Waltham Abbey. O seu proprietário era John Crow, que chamava às
suas terras “Gyldiefords”. As terras mudaram de dono poucos anos mais tarde e, como era hábito na época, o novo dono (Richard Rolfe) alterou o nome das terras para “Gillrolfes”, usando o seu
próprio apelido.
Gilwell… um nome
O prefixo “Gill” vem de uma palavra do inglês
antigo que significava vale ou depressão. Pouco
depois da morte de Richard Rolfe, em 1422, as
terras foram separadas em dois campos,
conhecidos como Great Gilwell e Little Gilwell.
O sufixo “well” vem do inglês antigo “wella”, que
significava nascente ou ribeiro. Assim, Gilwell
seria um vale com uma nascente ou ribeiro.
Gilwell… um parque com história
Ao longo dos vários séculos, as terras que hoje constituem o Parque de Gilwell mudaram de
proprietário diversas vezes, tendo sido agregadas e divididas várias vezes. Na década de 1730, as terras de Gilwell foram guarida para um
mítico salteador inglês, Dick Turpin.
Gilwell… um parque com história
Em 1793, a família Chinnery mudou-se para Gilwell, tendo sido os mais importantes
ocupantes do parque. Esta família era um modelo da alta sociedade londrina, dinâmicos, enérgicos e ligados às artes. William Chinnery, um jovem
ambicioso com um rápido sucesso profissional, foi agregando à propriedade outros terrenos ao
redor que iam aparecendo para venda.
Gilwell… um parque com história
Margaret Chinnery transformou os terrenos em magníficos jardins e decorou o edifício
principal a rigor, organizando frequentemente serões,
chamando, assim, as atenções da alta sociedade. Até os membros
da família real eram frequentadores de Gilwell, como
o Rei Jorge III, o Príncipe Regente e o Duque de Cambridge.
Margaret Chinnery
Em 1812, foram descobertos os
estratagemas fraudulentos que William Chinnery usava
para desviar enormes quantias de dinheiro dos cofres do reino e assim
alimentar a glamorosa vida social da família, tendo-lhe sido confiscado o Parque
de Gilwell.
Gilwell… um parque com história
Margaret Chinnery
Gilwell… um parque com história
Gilwell foi posto à venda através de um leilão, mas, por causa do escândalo com os anteriores donos, só foi comprado em 1815, por Gilpin Gorst, pelo preço de 4940 libras.
Cartaz anunciando o leilão de várias
propriedades
Gilwell… um parque com história
Cartaz anunciando o leilão da propriedade em
quatro lotes
Gilwell… um parque com história
A propriedade voltou a mudar de dono várias vezes. Em 1858, foi
comprada por William Gibbs, um industrial excêntrico, poeta e inventor. A sua invenção de maior sucesso foi a pasta
dentífrica “Gibbs”, produzida na sua própria fábrica.
Após a sua morte, em 1900, mulher e filhos viram-se incapazes de manter a propriedade em boas condições, dados os elevados custos de
manutenção, acabando por vendê-la.
Escuteiros compram Gilwell
William Frederick de Bois Maclaren era um generoso
empresário escocês e também escuteiro, sendo Comissário Distrital (dos
escuteiros) de Roseneath, em Dumbartonshire. Foi director de uma empresa ligada às plantações de
borracha, café e cacau, nas colónias britânicas.
Escuteiros compram Gilwell
William Pertencia ao clã escocês dos Maclaren, que remonta ao século XIII, cujo tartan
encontramos no Lenço de Gilwell. Faleceu em Junho de 1921.
Tartan dos Maclaren Brasão dos Maclaren
Escuteiros compram Gilwell
Numa visita que fez a Londres, Maclaren impressionou-se ao ver os escuteiros londrinos fazerem as suas actividades em ruelas e terrenos baldios. Em Novembro
de 1918, Maclaren contactou B-P, manifestando-lhe o seu desejo de
comprar um campo escutista para a associação, que ficasse
perto de Londres e acessível aos escuteiros da parte oriental da
cidade.
Escuteiros compram Gilwell
B-P falou nesta ideia a Percy Bantock Nevill, na altura Comissário para Londres
Oriental. Ainda em Novembro, Maclaren e Nevill juntaram-se
para discutir o assunto e, após estudar várias opções,
acordaram em procurar uma propriedade em Hainault
Forest ou em Epping Forest, tendo Maclaren oferecido 7 mil
libras para a compra. Percy Nevill
Vários grupos de Caminheiros procuraram propriedades em ambas as áreas durante algum tempo, sem sucesso, até que, um dia, o dirigente John Gayfer sugeriu a Nevill o Parque de Gilwell,
perto da vila de Chingford, onde costumava ir observar aves, e que estava à venda. Nevill
visitou o local e ficou bem impressionado, apesar do aspecto deplorável em que se encontrava o
parque. A propriedade, com um total de 53 acres, estava à venda por exactamente 7 mil libras. B-P
visitou o local a 22 de Novembro.
Escuteiros compram Gilwell
Feita a compra, Nevill levou para Gilwell os seus Caminheiros, na Quinta-feira Santa de
1919, para começarem uma operação de limpeza e recuperação durante as
férias da Páscoa. Os edifícios estavam degradados e a
vegetação desgovernada cobria os terrenos.
Escuteiros compram Gilwell
Escuteiros compram Gilwell
Na primeira noite, descobriram que os
terrenos eram demasiado húmidos para montar tendas,
por isso ficaram numa velha cabana de jardinagem que
baptizaram de “The Pigsty” (a pocilga),
que ainda hoje existe.
As despesas com a recuperação do edifício principal foram subestimadas, mas Maclaren,
entusiasmadíssimo com os trabalhos, doou mais 3 mil libras. Durante vários fins-de-semana, Escuteiros e Caminheiros deslocaram-se ao
Parque de Gilwell para participar nos trabalhos.
Escuteiros compram Gilwell
Em Maio de 1919, Francis Gidney
foi nomeado Chefe de Campo,
orientando de forma mais
consistente e direccionada os
trabalhos de recuperação.
Escuteiros compram Gilwell
A inauguração oficial do Parque de Gilwell
deu-se a 26 de Julho de 1919. A esposa de
Maclaren cortou as fitas e o próprio Maclaren
foi condecorado por B-P com o Lobo de Prata.
Escuteiros compram Gilwell
O parque evoluiu muito desde 1919 até hoje,
com novas construções, reconstruções e marcos
importantes.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o parque foi requisitado pelo Ministério da Guerra para centro de treino de armas anti-aéreas e quartel-general para a defesa de instalações militares próximas.
Por causa disto, o parque foi alvo de bombardeamentos inimigos, tendo, num dos
ataques, caído três bombas.
Escuteiros compram Gilwell
Uma delas deu origem ao lago conhecido por “Bomb Hole”, o qual foi alargado posteriormente para se poder fazer canoagem.
B-P deu os primeiros passos na formação de dirigentes, organizando palestras no
início da década de 1910. Era evidente que esta formação era demasiado teórica e era
necessária uma vertente mais prática, só possível com um
local adequado.
Formação de Dirigentes
B-P convenceu Maclaren de que o Parque de Gilwell era suficiente para albergar também um
centro de formação de dirigentes.
Seguindo as linhas orientadoras definidas por B-P, Gidney dirigiu o primeiro curso de formação de
dirigentes em Gilwell, de 8 a 19 de Setembro de 1919, com 18 formandos.
Formação de Dirigentes
Formação de Dirigentes
Fizeram parte dos conteúdos temas como organização de patrulhas, pioneirismo, faca e
machado, formaturas, marcha, bandeiras, higiene e saúde em campo, latrinas, fogueiras,
tendas, campismo, pontes, fauna e flora, morse e homógrafo, pistas, jogos, medição de
distâncias, mapas, etc.
O curso foi um sucesso, ficando conhecido como curso da “Insígnia de Madeira”, devido à
certificação que era dada a quem o concluísse.
Formação de Dirigentes
Nos primeiros cursos, os formandos eram divididos em patrulhas e aprendiam como treinar os seus rapazes através de jogos. As actividades
práticas, ao ar livre, eram a tónica principal.
Formação de Dirigentes
Francis Gidney começou um dos primeiros grupos
de Escuteiros em Inglaterra, em 1908, aos 16 anos. Terminou os
estudos na Universidade de Cambridge em 1914, tendo-se voluntariado para a Guerra Mundial que, entretanto, tinha
começado.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
Gidney foi enviado para França, onde foi promovido ao posto de capitão, mas foi ferido
com gravidade em combate e regressou a Inglaterra antes do Armistício.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
Interior da “Gidney Cabin”, no Parque de Gilwell
A sua escolha para Chefe de Campo em Gilwell deveu-se muito
à sua personalidade jovem e divertida, e ao seu transbordante
entusiasmo pelo Escutismo, enfim, um autêntico “homem-
rapaz”, como B-P o descrevia.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
O seu fascínio por trepar às árvores, construir cabanas de madeira, fazer representações
teatrais e truques com facas e machados nos fogos de conselho, dava a Gilwell o ambiente de “escutismo em acção” com que B-P sonhava.
Todos os que passavam em Gilwell sentiam
uma adoração por Gidney. Colaborou ainda
com James West, nos Estados Unidos, na
elaboração dos cursos de Insígnia de Madeira
dos Boy Scouts of America. Algumas
desavenças com a direcção da associação
escutista levaram-no a abandonar Gilwell, em
1923, e, passados cinco anos, acabou por
falecer devido ao agravamento dos ferimentos
de guerra, aos 38 anos.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
Gidney não foi “apenas” o primeiro a dirigir um curso de Insígnia de Madeira. Foi ele que criou
o 1º Grupo de Gilwell para os portadores da Insígnia de Madeira, bem como o lenço de
Gilwell e o modelo das Reuniões de Gilwell que ainda hoje se realizam.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
Usando o pseudónimo “Gilcraft”, ele e outros dirigentes escreveram uma longa série de
artigos nas publicações escutistas oficiais, tendo posteriormente editado vários livros na famosa “Série Gilcraft”, começando com um
primeiro da sua autoria, “Spare Time Activities”.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
Foi ele que popularizou o termo “woggle” para a anilha de Gilwell, que hoje é usado no mundo inteiro para as
anilhas que usamos no lenço.
Francis Gidney, o “homem-rapaz”
O machado cravado num tronco, símbolo do Parque de Gilwell, foi escolha sua. Em sua
honra, foi construída uma cabana no parque, com o seu nome, ainda hoje usada.
“Gidney Cabin”, no Parque de Gilwell
O Parque de Gilwell e o Curso da O Parque de Gilwell e o Curso da Insígnia de Madeira trouxeram ao Insígnia de Madeira trouxeram ao
Escutismo uma série de Escutismo uma série de símbolossímbolos que que nos são, ainda hoje, bastante familiares: nos são, ainda hoje, bastante familiares:
o lenço, a anilha, o colar de contas, o o lenço, a anilha, o colar de contas, o portão dos leopardos e o machado portão dos leopardos e o machado
enterrado no tronco. enterrado no tronco.
Gidney criou o chamado 1º Grupo de Gilwell e o respectivo lenço, em 1921. Fazem parte deste
grupo, por tradição, todos os dirigentes, de todo o mundo, portadores da Insígnia de Madeira. Aos
primeiros formandos dos cursos era entregue um lenço, de cor exterior cinzenta (cor da
humildade) e interior rosa-vermelho, pertença do parque, passando a usar todos um lenço igual, independentemente da posição que ocupassem no escutismo. No final do curso, os lenços eram
devolvidos ao parque.
O lenço
Posteriormente, o cinzento exterior foi substituído por um tom bege-areia, não havendo registo de quando passou a ser usada esta cor. Chegou a ser usado um lenço feito totalmente
com o tartan do clã Maclaren, em homenagem ao homem que doou o dinheiro necessário para a
compra do parque, mas, devido ao custo excessivo do tecido, o tartan passou a figurar apenas num rectângulo no vértice do lenço.
O lenço
Inicialmente, o lenço do 1º Grupo era também usado pelo staff do parque, mas, a partir de
1924, passou a ser restrito aos portadores da Insígnia de Madeira. O tartan é propriedade
registada do clã Maclaren. O seu uso é permitido apenas no lenço de Gilwell e não
pode ser usado para outro fim.
O lenço
Originalmente, B-P tinha pensado em oferecer aos formandos do curso dois pendões para o
chapéu, à semelhança do que os oficiais americanos usavam.
O colar
Entretanto, enquanto vasculhava nas recordações que tinha trazido de África e da
Índia, encontrou um colar com contas de madeira, tendo optado por estas. Ainda assim, as suas primeiras ideias para o uso das contas foram
para o chapéu, a imitar os pendões, ou na casa de um dos botões do casaco.
O colar
Desenhos de B-P sugerindo o uso das contas
Em breve, B-P decidiu alterar estas ideias, provavelmente pelo facto de que os portadores da Insígnia de Madeira só poderiam usar as
contas quando estivessem com o chapéu (ao ar livre) ou de casaco.
O colar
O uso das contas num colar, usando um atilho de couro, permitiria aos seus portadores usá-
las em todas as circunstâncias. A ideia do atilho e do colar poderá ter tido origem noutra
recordação que B-P trouxe de África.
Durante o Cerco de Mafeking, numa das rondas que B-P fazia frequentemente pela cidade, um
idoso indígena interpelou-o, admirado por ele não andar a assobiar e sorrindo, como era costume.
Numa breve troca de palavras, em que B-P se mostrou menos esperançado quanto ao futuro, dadas as condições adversas e dramáticas do cerco, o idoso ofereceu-lhe um atilho de couro, que lhe tinha sido dado pela mãe à nascença,
para dar sorte e afastar os maus espíritos.
O colar
Nesse mesmo dia, a cidade recebeu a notícia de que o Coronel Plumer e as suas tropas iriam
chegar a Mafeking nos próximos dias, libertando a cidade do penoso cerco dos Boéres.
O colar
De 1922 a 1925, aos
formandos do curso para
Chefes de Alcateia que
terminassem com sucesso,
era oferecido um dente
canino de lobo - A Insígnia
de Aquelá -, em vez das
contas de madeira. Os
formadores destes cursos
recebiam dois dentes.
A Insígnia de Aquelá
O padre Jacques Sevin, fundador dos Scouts de France, foi um dos recebeu a Insígnia de Aquelá.
A Insígnia de Aquelá
Em 1925, a mesma comissão que decidiu acabar com o uso
do dente, instituiu o uso de uma pequena conta colorida,
imediatamente acima do nó do colar, para identificar a secção a
que respeitava o curso tirado: amarela para lobitos, verde para
escuteiros e vermelha para caminheiros. Em 1927, a mesma
comissão decidiu-se por cancelar o uso da conta.
A Insígnia de Aquelá
Exemplar de Insígnia de Madeira de um curso
para Chefes de Clã
Quando os primeiros países estrangeiros começaram a ministrar os seus próprios
cursos de Insígnia de Madeira, os directores desses cursos
eram nomeados representantes do Parque de Gilwell nos seus países, usando um colar com
cinco contas, uma suposta tradição lançada por B-P. O
próprio B-P usava um colar com seis contas.
Colares com mais de 4 contas
Colar de 6 contas de B-P
O outro colar de seis contas que surgiu foi oferecido por B-P a Sir
Percy Everett, que o auxiliou desde os primeiros dias do
escutismo e esteve directamente ligado à formação de dirigentes.
Colares com mais de 4 contas
Em 1949, Everett entregou o seu colar de seis contas ao Chefe de Campo do Parque de Gilwell,
John Thurman, para ser usado pela pessoa responsável pela formação de adultos em
Inglaterra, tradição que se mantém ainda hoje.
A anilha
No início da década de 1920, B-P terá sugerido ao staff do
parque a criação de uma anilha especial para ser usada com o
lenço de Gilwell.
William Shankley, um australiano de 18 anos, membro do staff do parque, terá usado um
atilho de couro (muito usados para fazer fogo por fricção, uma prática comum nos primeiros
cursos) para produzir um Nó de Cabeça de Turco com duas voltas, que foi adoptado como
anilha oficial de Gilwell.
A anilha
O termo “woggle”, que não é usado fora do escutismo, pode ter sido ideia do próprio
Shankley, mas Gidney tornou-o popular, ao publicar um artigo sobre o assunto na revista
“The Scout”, em 1923.
Em 1943, o Chefe de Campo, John Thurman, instituiu a atribuição da anilha aos dirigentes que completassem a primeira parte (formação básica)
do curso, sendo o lenço e o colar de contas atribuídos no final da segunda parte do curso
(formação avançada).
O machado no tronco
Francis Gidney, o primeiro Chefe de Campo em Gilwell, procurava um símbolo especial para o parque, que marcasse uma grande diferença entre este e a sede nacional, apesar de ser,
também, propriedade da associação.
Gidney queria que o símbolo representasse bem as actividades ao ar livre e a técnica
escutista, que eram vividas em Gilwell, em contraste com o ambiente administrativo e
comercial dos serviços centrais.
O machado no tronco
Os cursos ministrados no parque eram muito práticos e o uso do machado era frequente,
sendo dada muita importância a questões de segurança com estes e outras ferramentas.
Sempre que não estavam a uso, os machados deviam ser cravados num tronco, para evitar
acidentes, pelo que havia bastantes machados em troncos espalhados pelo parque.
Foi neles que Gidney se inspirou ao criar o símbolo
de Gilwell.
Portão dos Leopardos
Construído por Don Potter, membro do
staff do parque, em
1928, é, ainda hoje, um elemento
simbólico do Parque de Gilwell.
As cancelas têm cerca de 1,70 m de altura.
Portão dos Leopardos
O portão marca a entrada do Parque de Gilwell,
embora não seja usado. Tem este nome por causa
de dois pequenos leopardos, esculpidos em madeira, no topo de cada
uma das cancelas. Don Potter ao lado de B-P
Os dois leopardos
Portão dos Leopardos
Um dos leopardos desapareceu, há muitos anos atrás, tendo sido substituído, mas voltou a
desaparecer, tendo Potter feito outro, em 1997, quase aos cem anos de idade. Potter fez parte do
staff de Gilwell durante vários anos, tendo-se especializado no trabalho com madeiras.
A A origem das pequenas contas de madeiraorigem das pequenas contas de madeira está envolta num misto de história e lenda, está envolta num misto de história e lenda,
romantizada por estórias passadas de romantizada por estórias passadas de década para década. Embora haja dúvidas década para década. Embora haja dúvidas
quanto à veracidade de alguns quanto à veracidade de alguns acontecimentos frequentemente relatados, acontecimentos frequentemente relatados, o certo é que estas contas não são umas o certo é que estas contas não são umas
contas quaisquer. contas quaisquer.
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Os relatos mais antigos remontam ao tempo de Shaka
kaSenzangakhona (1787-1828), o famoso rei que
transformou várias tribos dispersas da África do Sul na
imponente nação Zulu.
Shaka, rei dos Zulus
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Zululândia (1885)
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
As tácticas militares inovadoras e a alteração que fez no armamento dos seus guerreiros,
permitiram-lhe criar um exército impressionante, organizado, disciplinado e eficiente.
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Os mais bravos, tendo protagonizado
feitos em batalha merecedores de destaque, eram
“condecorados” pelo rei Shaka, em
cerimónias públicas, com colares feitos de contas de madeira -
os “isiqu”.
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
A madeira destas contas, amarelada,
provinha de um salgueiro selvagem
(Salix mucronata), a que os indígenas chamavam
“um-Nyezane”, considerada “real” e
para uso exclusivo do rei Zulu. Após a morte
de Shaka, a tradição ter-se-á mantido.
Salgueiro Salix mucronata
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Alguns historiadores sugerem que as contas seriam confeccionadas pelos próprios
guerreiros distinguidos, originando colares “isiqu” de aspecto diferente, mas com um
traço comum: encaixadas umas nas outras, perpendicularmente.
Sistema de encaixe das contas do “isiqu”(ilustração de uma revista militar)
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Os colares de contas são muito utilizados na cultura Zulu, ainda
hoje, sendo usados materiais naturais tais como madeira, sementes, marfim ou osso.
Isiqu, a “medalha” dos ZulusGuerreiro Zulu, fotografado nos finais do século XIX, com dois “isiqu” cruzados no tronco
Pintura retratando Maphelu, um guerreiro fiel a Dinizulu, com
um colar “isiqu”
Isiqu, a “medalha” dos Zulus
Em 1999, foi construído um monumento em bronze, em
Isandlwana, na África do Sul, em memória dos Zulus que tombaram numa sangrenta batalha naquele local, em
1879, contra o exército britânico. O monumento
representa, precisamente, um “isiqu”.
Salgueiro Salix mucronata
“Isiqu” do Monumento de
Isandlwana
Dinizulu
Dinizulu kaCetshwayo (1868-1913) era sobrinho-neto de
Shaka e filho de Cetshwayo (o último rei Zulu reconhecido
pelos britânicos).
Dinizulu, entre 1883 e 1884, com um colar “isiqu” enrolado no tronco
Dinizulu
Depois da Guerra Anglo-Zulu de 1878-79, os
britânicos acabaram com o reino Zulu e dividiram a
Zululândia em 13 distritos, cabendo um destes a
Dinizulu, herdeiro do trono, que não tardou começar a
“conquistar” pela força das armas outros distritos,
pretendendo assumir-se como rei dos Zulus.
Dinizulu
Desavenças com mercenários Bóeres que ele próprio contratou
e com os britânicos a quem, entretanto, pediu ajuda, levaram
a que fosse procurado por tropas britânicas enviadas pelo
Governador da Província do Natal, em 1888. Baden-Powell foi escolhido para oficial do estado-
maior das tropas comandadas pelo Major McKean, que perseguiriam Dinizulu.
Baden-Powell em 1888
A lenda do colar de Dinizulu
Quando B-P chegou a uma zona de penhascos,
bastante arborizada e com cavernas, chamada
“Ceza Bush”, identificada como baluarte de Dinizulu
e dos seus homens, já estes tinham escapado
para a República do Transvaal.
Ilustração feita por B-P, representando o avanço sobre um refúgio de Dinizulu
A lenda do colar de Dinizulu
Os britânicos só encontraram cavernas
abandonadas e cabanas queimadas, numa das
quais B-P terá - segundo contou ele próprio em 1925 -
encontrado o colar “isiqu” de onde
provieram as primeiras contas da Insígnia de
Madeira.
“Just before attacking I went
into position with my Scouts at
early dawn and found that the
enemy had just hurriedly
evacuated it, leaving most of
their food and kit behind, and
had crossed the border into the
Transvaal, where of course we
could not follow them. In the hut
which had been put up for
Dinizulu to live in, I found
among other things his
necklace of wooden beads.”
A lenda do colar de Dinizulu
Dinizulu entregou-se 3 meses mais tarde ao Governador do
Natal, em casa da família Colenso, que apoiava a causa Zulu.
Harriette Colenso
Dinizulu em 1908 e durante o exílio, na Ilha de Santa Helena
A lenda do colar de Dinizulu
Diz a “lenda” que foi o próprio Dinizulu quem ofereceu o colar a B-P. Esta versão foi passada
pela associação escutista inglesa, a partir da década de
50, devido ao embaraço causado pela versão anterior, segundo a qual B-P ter-se-ia
apoderado do colar, abandonado por Dinizulu
numa cabana especialmente preparada para ele.
Réplica do suposto colar “isiqu” de
Dinizulu, existente no Museu de Gilwell
A lenda do colar de Dinizulu
No seu livro “Lessons from the Varsity of Life” (1933, capítulo V
- Zululândia), B-P relata o incidente em “Ceza Bush”, mas não faz qualquer referência ao colar “isiqu”. Curiosamente,
nesse mesmo texto, conta como se apoderou de um colar de contas de uma rapariga Zulu que foi atingida por uma bala perdida e faleceu durante a
noite, mesmo ao lado de B-P.
Capa do livro “Lessons from the
Varsity of Life”
A lenda do colar de Dinizulu
Nos diários onde Baden-Powell descrevia
detalhadamente todos os pormenores da sua vida,
também não foi feita nenhuma referência ao colar.
Certo é, que B-P nunca conheceu Dinizulu. Se o colar
“isiqu” que B-P levou para Inglaterra era mesmo de
Dinizulu, fica à imaginação de cada um.
A lenda do colar de Dinizulu
Vitrina no Museu de Gilwell, sobre o tema da Insígnia de Madeira, com uma réplica gigantesca do colar de contas original
Formato das contas
As contas que hoje ostentamos nos nossos colares da Insígnia de Madeira, são um pouco
diferentes das primeiras. Estas, tinham um formado mais delgado na zona onde passa o fio
de couro, para o encaixe entre elas.
Formato das primeiras contas
Formato das contas actualmente
Formato das contas
A “falha” nas extremidades é natural. Ao fazer os cortes em “V” nas extremidades,
que seriam queimados, o interior do cerne da madeira de salgueiro desfazia-se, dando
origem às pequenas “falhas”, características, também em “V”.
Formato das contas
Algumas das contas que são produzidas hoje em dia, não trazem estas pequenas “falhas”, sendo
os cortes apenas pintados, e não queimados, excepto na zona da “falha”, que fica da cor da
madeira.
Exemplos de contas actuais, com tonalidades diferentes, algumas das quais sem a “falha” nas extremidades
Volto a Gilwell
A canção “Volto a
Gilwell” é o conhecido
hino dos cursos da
Insígnia de Madeira.
O Nó de Cabeça de Turco
11
22
O Nó de Cabeça de Turco
33
44
O Nó de Cabeça de Turco
55
66
O Nó de Cabeça de Turco
77 88
A marca (+) sinaliza o centro do nó. A partir do passo 8, a espia volta ao início, seguindo lado
a lado com as voltas iniciais, até fazer o percurso todo novamente.
O Nó de Cabeça de Turco
99Podes fazer o percurso
várias vezes, para conseguires uma anilha
com mais voltas.
Nós para o Colar
Nós para o Colar
O nó simples no colar por ser substituído por outro, mais elaborado. O próprio B-P usava, no seu colar, um nó de pinha de saco ou nó de diamante.
A imaginação é o limite, desde que não se exceda a discrição. Ficam algumas sugestões.
Nós para o Colar
Os nós aqui apresentados foram criados por marinheiros para
ornamentar as cordas que usavam ao pescoço das quais pendiam canivetes ou apitos. Todos têm em comum a entrada e saída
de dois chicotes - dois para o pescoço e os outros dois para as
contas.
Nós para o Colar
1
42
3
Nós para o Colar
1 2
3
Nós para o Colar
12
3
Nós para o Colar
1
4
2
3
Nós para o Colar
12
3
Nós para o Colar
12
Nós para o Colar
1
2
Localização geográfica
Gilwell Park fica a 1,5 Km da
Estação de Comboios de
Chingford, perto de Londres
Localização geográficaVista aérea do Parque de Gilwell
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Gilwell em imagens…
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
Museu de Gilwell
http://inkwebane.cne-escutismo.pthttp://inkwebane.cne-escutismo.pt