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Análise de uma situação social na Zululândia Moderna. Max Gluckman [1958] In. Feldman-Bianco (org). Antropologia das Sociedades Contemporâneas – Método, 1987. Prof. Gabriel O. Alvarez Método Etnográfico

Gluckman – Análise de uma situação social

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Apresentação de texto de Max Gluckman em sala e aula

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Análise de uma situação social na Zululândia Moderna.

Max Gluckman [1958]

In. Feldman-Bianco (org). Antropologia das Sociedades

Contemporâneas – Método, 1987.

Prof. Gabriel O. AlvarezMétodo Etnográfico

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• África do Sul. 2 milhões de brancos, 6,5 milhões de africanos.

• O sistema social do país consiste de relações interdependentes em cada grupo e entre vários grupos enquanto grupos raciais.

• Trabalho de campo 1936-1938• 2/5 dos africanos moram em reservas.• Apenas alguns europeus (administradores, técnicos do

governo, missionários, comerciantes e recrutadores)• Africanos realizam migração laboral (fazenda,

industria, criados)

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• Situação social como uma série de eventos.• A partir das situações sociais e de suas inter-

relações numa sociedade particular, podem-se abstrair a estrutura social, as relações sociais, etc.

• Validar e verificar as generalizações.

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• 1938- morando no sítio de Matolana– Plano, inauguração da ponte e encontro distrital na

magistratura Nongoma– Richard (filho) e Matolana, vestimentas– Episódio do policial– Carona ao velho líder de seita cristã separatista– Separação no hotel em Nongoma e encontro com

veterinário do governo.– Reclamações de Matolana para o veterinário– Distribuição no carro, brancos na frente, africanos

detrás.

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• Inauguração da ponte– Construída pelo Departamento de Assuntos

Nativos– Magistrado colocou guerreiro Zulu na bifurcação;– Carro di regente da Casa Real Zulu, saudações,

uniformes– Ponte e cênario• Zulus em ambas margens (A e B no mapa)• Europeus na barraca (C no mapa)

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• Brancos presentes: equipe administrativa; magistrado, assistente, mensageiro; cirurgião, missionários, funcionários do Hospital; comerciantes e recrutadores; policiais e técnicos; leiloeiro nas vendas de gado. Comissário Chefe dos nativos, representante de Departamento de Estradas da Província.

• Zulus presentes: Chefes locais, líderes e seus representantes; os que construíram a ponte; policiais do governo; funcionários nativos da magistratura; zulus residentes nas proximidades

• 24 Europeus e 400 zulus

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• Arco na extremidade sul da ponte, com guerreiro Zulu.• Construtores, com lanças e escudos. Altos dignitários Zulus com roupas

de montaria européias; resto dos zulus combinavam roupas européias e tradicionais

• Tropa de guerreiros zulus marcha pela ponte e saúda o comissário chefe dos nativos.

• Inauguração. Hino inglês conduzido por missionário, zulus em pé e tiraram o chapéu.

• Magistrado, discurso em inglês traduzido pelo funcionário zulu; fala do comissário-chefe dos Nativos (primeiro em inglês depois em zulu); representante do Departamento de Estradas; Adams, velho zulu; último discurso do Regente Mshiyeni (Mkhize em inglês), agradece ponte para hospital e demanda ponte na estrada principal. Anuncia doação de uma cabeça de gado e cerimônia tradicional disposta por comissãrio-chefe.

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• Comissário-chefe atravessou a ponte ao som de cantos zulus, seguido de outros carros com europeus e do regente.

• Europeus na barraca, chá com bolo• Outra margem zulus matam três animais para

festa. Regente organiza e toma cerveja com súbditos (D no mapa). Envio de cerveja ao comissário-chefe.

• Comissário chefe e europeus foram embora.

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• Zulus dividiram-se em três grupos. Regente e idunas; mais longe os plebeus. Cerveja e conversa à espera da carne. Rio acima (A no mapa), homens cortando os animais. A maior distância missionário sueco com cristãos zulus cantando hinos religiosos.

• Ida para a reunião em Nongoma.• Hotel, almoço separado.• Reunião na magistratura, 200 a 300 zulus

presentes.

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• Três tribos– Usuthu , linhagem real, sequito e clientes do rei

zulu (hoje o regente)– Amateni, tribo real governada pelo pai

classificatorio do rei– Mandlakazi governados por um principe de um

ramo colateral da flia real (separados em guerras civis depois de 1880).

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• Guerras entre facções Mandlakazi• Permaneceu chefe Amateni (sem plebeus).• Chegada de Mshiney levantaram-se para

saudá-lo• Pronunciamento do chefe Mandlakazi

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Análise da situação social

• Vários eventos, ocorridos em diferentes partes, envolvendo diferentes grupos, interligados pela presencia do antropólogo como observador. Através destas situações e de seu contraste com outras situações não descritas, delineia a estrutura social da Zululândia moderna. Análise envolve contexto e outras situações no sistema social da Zululândia.

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• Uma situação social é o comportamento, em algumas ocasiões, de individuo como membros de uma comunidade, analisado e comparado com seu comportamento em outras ocasiões. Desta forma, a análise revela o sistema de relações subjacentes entre a estrutura social da comunidade, as partes da estrutura social, o meio ambiente e a vida fisiológica dos membros da comunidade.

• Nota de rodapé 21. Cita Fortes, Evans- Pritchard e Malinowski como referência sobre o significado sociológico de situações sociais.

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• Zulus e Europeus cooperaram na inauguração da ponte. Mostra que formam uma única comunidade com modos específicos de relacionamento. Ponto de partida deve ser uma única comunidade branco-africana e não o contato cultural.

• Ponte: Engenheiros europeus, trabalhadores zulus, usada por magistrado europeu governando os zulus e por mulheres zulus rumo ao hospital. Inaugurada por funcionarios europeus e pelo regente zulu, numa cerimônia híbrida (européia com componentes zulus).

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• Motivos e interesses diferentes que causaram a presença dos diversos atores– Magistrado local– Comissário chefe dos nativos– Europeus– Veterinário do governo e antropólogo– Esposas dos europeus (poucas esposas dos Zulus

cristãos).

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• Zulus– Regente– Escrivão zulu e polícia guvernamental– Chefe e idunas locais– Trabalhadores zulus– Público em geral

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• Para zulus era um evento local, europeios mobilidade maior.

• Magistrado local – prestígio e cerimônia– Cerimônia com padrões europeus e elementos zulus.– Representante do governo com formação europeia e

contato com cultura zulu– Fez como representante do governo.– Teve o poder para organizá-la dentro dos limites de certas

tradições sociais e pôde fazer inovações de acordo a condições locais.

– Ações não planejadas.

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• Os presentes na cerimônia divididos em dois grupos raciais. Relação marcada por por separação e reserva. Não se confrontam em situação de igualdade. Separação é também forma indireta de associação.

• Na zululândia um africano nunca poderá transformar-se em um branco. Para os brancos esta separação é um valor dominante.

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• Zulus separados em dois grupos, Unidos na celebração de um assunto de interesse comum.

• Relações freqüentemente marcadas por hostilidade e conflito.

• Grupos com status diferentes (brancos e zulus)– Posição dominante dos europeus– Inter-relação

• Separação• Conflito• Cooperação

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• Governo detém a autoridade suprema da força, da penalidade, do aprisionamento.

• Governo funções judiciais, administrativas e ambientais.

• Zulus que ocupam posições governamentais– Dever em relação ao governo, manter a ordem.

Comissário chefe/regente

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• Zulus interligados com brancos no aspecto econômico, como trabalhadores não qualificados.

• Zulus dependem do dinheiro• Integração econômico num sistema industrial e agrícola.– Fluxo dos trabalhadores (1/3 ausente). – Organizados pelos empregadores– Agrupamentos por parentesco e identidade tribal

• Zulus / Bantus

– Autoridade no trabalho separada de autoridade tradicional (no trabalho autoridades brancas)

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• Chefe zulu não tem palavra em assuntos que envolvam zulus e brancos.

• Governo, manter e controlar o fluxo de mão de obra ( e evitar que se fixem nas cidades).

• Desenvolvimento da reserva como secundário• Contradição com êxito de leilões de gado.• Contradições da estrutura.• Sindicatos (pouca colaboração entre Africanos e brancos)• A oposição africana à dominação européia, liderada por capitalistas

e trabalhadores qualificados, está começando a se expressar na Indústria

• Lealdade tribal vs lealdade sindical

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• Oposição zulu ao domínio europeu se expressa também em organizações religiosas.

• Estratificação da organização do trabalho (capitalistas, trabalhadores qualificados/ camponeses, trabalhadores não qualificados; corte racial).

• Línguas diferentes• Modos de vida e costumes diferentes, valores e

organização social.• Situações de cooperação (cerimônia).• Base material de diferenciação e cooperação

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• Ambientes sociais especiais: missão, hospital, centros de treinamento.

• Separação sexual• Relações pessoais no trabalho (castigos e

exploração, memória seletiva). • Divisão entre pagãos e cristãos entre os Zulus,

cisão não é absoluta, laços de parentesco, cor, aliança política e cultura.

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• Divisões sociais entre os zulus• Trabalho asalariado/subsistência• Trabalho para o governo• Cristãos (escolas e hospitais)• Zulus associados a brancos• Divisões em tribos• Regente• Tribos hostis entre sim, mesma nação frente a outros.

Relação com Bantu em oposição ais brancos.• Apoio ao governo na Guerra

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• Sítios habitados por um grupo de agnatas com suas esposas e filhos.

• Grande parte da vida dispendida nos agrupamentos com parentes e vizinhos. Tensões, acusações de bruxaria

• Laços de parentesco• Novos costumes cristãos estão enfraquecendo o

parentesco. • Contraste entre inauguração (cooperação), com

fazendas e cidades (conflito)

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• Relações entre europeios funcionarios da reserva e zulus (ligados pela rutina da admnistração)– A favor dos zulus frente a outros brancos, contudo

unem-se contra o grupo africano quando agem como membros do grupo branco em oposição aos africanos

• Missionários “protegem” os zulus dos brancos e ao mesmo tempo os tornam mais dispostos a aceitarem valores europeus.

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• Funcionamento da estrutura social em termos de relações entre grupos, indicando algumas complexidades que permeiam essas relações.

• Pessoas podem pertencer a inúmeros grupos, em oposição ou unidos em diferentes situações.

• Comportamento dos indivíduos• Grupos principais, divididos em grupos subsidiarios,

formalizados e não formalizados, sendo que de acordo com interesses, valores e motivos determinam seu comportamento em situações diferentes, o individuo modifica sua participação nesses grupos.

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• Através da comparação de inúmeras situações seremos capazes de delinear o equilibro da estrutura social de Zululândia em um certo período de tempo. A hegemonia do grupo branco é o fator social principal na manutenção deste equilibro.

• As mudanças de participação nos grupos em situações diferentes revela o funcionamento da estrutura, pois a a participação do indivíduo e determinada pelos motivos e valores. Os mesmos podem ser contraditórios.

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• As contradições transformam-se em conflitos na medida em que a freqüência e importancia relativa das diferentes situações aumentam no funcionamento das organizações.

• Relações que envolvem africanos e brancos estão tornando-se dominantes

• Um número cada vez menor de zulus está se comportando como membro do grupo africano em oposição ao grupo branco. Esta situação afeta as relações entre africanos.

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• Influências de valores e grupos diferentes produzem conflitos na personalidade do indivíduo zulu e ba estrutura social de Zululândia. Estes conflitos fazem parte da estrutura social.

• Estes conflitos imanentes no interior da estrutura de Zululândia irão a desencadear seu futuro desenvolvimento.

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