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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Montes ClarosMG
2018
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Mestrado
Profissional em Letras (ProfLetras) da
Universidade Estadual de Montes Claros como
requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Letras
Aacuterea de concentraccedilatildeo Linguagens e letramentos
Linha Leitura e Produccedilatildeo Textual diversidade
textual e praacuteticas docentes
Sublinha C ndash Praacuteticas de Letramento e
Multimodalidade
Orientadora Prof Dra Faacutebia Magali Santos
Vieira
Liberado em 04042018
__________________________
Assinatura da Orientadora
Montes Claros ndash MG
2018
A553g
Andrade Florecircncia Vieira Pacheco
Gecircneros digitais e multiletramentos [manuscrito] novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula Florecircncia Vieira Pacheco Andrade ndash Montes
Claros 2018
206 f il
Bibliografia f 163-167 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Mestrado Profissional em Letras
Profletras 2018
Orientadora Profa Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
1 Gecircneros digitais 2 Letramento 3 Multiletramentos 4 Produccedilatildeo
escrita 5 Blog I Vieira Faacutebia Magali Santos II Universidade Estadual de
Montes Claros III Tiacutetulo IV Tiacutetulo Novas praacuteticas pedagoacutegicas em sala
de aula
Catalogaccedilatildeo Biblioteca Central Professor Antocircnio Jorge
Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017
Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e
contemporaneamente diferentes letramentos ao longo
do tempo diferentes letramentos no nosso tempo
(SOARES 2002 p156)
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia
Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional
Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio
Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final
Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade
Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia
Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela
alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento
desta minha formaccedilatildeo
Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e
competecircncia dada em cada disciplina
Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf
Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis
contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e
dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto
Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem
pelas conversas trocas de saberes e amizade
Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de
Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal
do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash
ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo
a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa
regiatildeo
Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa
Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo
Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha
A todos muito obrigada
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos
niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de
ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais
promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero
digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos
envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como
explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo
e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento
sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003
2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001
2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise
quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash
AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz
que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David
Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1
Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)
e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE
revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm
ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por
Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa
evoluiacuteram na escrita
Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog
ABSTRACT
The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and
analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola
Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in
the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of
teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres
promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog
can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this
research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The
technical procedures used were bibliographic research the action research and participant
research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts
and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin
(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)
and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the
data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in
Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity
(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the
guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David
Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2
Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The
analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to
raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school
committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not
yet considered literate the subjects of this research evolved in writing
Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Nuvem de palavras 03
Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39
Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50
Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76
Figura 05 - Texto 1 - AIE 85
Figura 06 - Texto 2 - AIE 85
Figura 07 - Texto 3 - AIE 86
Figura 08 - Texto 4 - AIE 86
Figura 09 - Texto 5 - AIE 87
Figura 10 - Texto 6 - AIE 88
Figura 11 - Texto 7 - AIE 88
Figura 12 - Texto 8 - AIE 89
Figura 13 - Texto 9 - AIE 90
Figura 14 - Texto 10 - AIE 90
Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102
Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102
Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103
Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105
Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106
Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107
Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108
Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110
Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112
Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115
Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116
Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118
Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118
Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119
Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119
Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121
Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122
Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124
Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126
Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127
Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128
Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129
Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131
Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132
Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137
Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139
Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141
Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142
Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144
Figura 57 - Texto 1 - AFE 145
Figura 58 - Texto 2 - AFE 148
Figura 59 - Texto 3 - AFE 148
Figura 60 - Texto 4 - AFE 149
Figura 61 - Texto 5 - AFE 149
Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150
Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152
Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154
LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS
Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31
Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37
Quadro 03 - Falhas de escrita 40
Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42
Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48
Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes 58
Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59
Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61
Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68
Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72
Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84
Quadro 12 - Falhas de escrita 97
Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127
Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari
(1995) (2017) 138
Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147
Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154
Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155
GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15
Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78
Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78
Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79
Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79
Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80
TABELAS
Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69
Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91
Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96
Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101
Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150
Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151
Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152
Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156
LISTA DE SIGLAS
AIE - Atividade Inicial de Escrita
AFE - Atividade Final de Escrita
EEPXII - Escola Estadual Pio XII
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia
PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo
PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo
TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 13
CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19
11 Concepccedilatildeo de linguagem 19
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27
12111 Faceta psicoloacutegica 28
12112 Faceta psicolinguiacutestica 32
121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33
121122 Niacutevel silaacutebico 34
121123 Niacutevel alfabeacutetico 35
12113 Faceta linguiacutestica 36
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41
12114 Faceta sociolinguiacutestica 43
CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45
21 Letramento 45
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47
23 Texto (multimodal) e ensino 52
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56
25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61
CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66
31 Contexto da pesquisa 66
32 Sujeitos 68
33 Procedimentos da pesquisa 70
34 Teacutecnica de coleta de dados 73
CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS
intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77
41 Questionaacuterio 77
42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100
431 Moacutedulo I - Conhecendo 101
432 Moacutedulo II - Dialogando 107
433 Moacutedulo III - Refletindo 121
434 Moacutedulo IV - Praticando 145
4341 Atividade Final de Escrita 146
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158
REFEREcircNCIAS 162
APEcircNDICES 167
13
INTRODUCcedilAtildeO
Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as
perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as
perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)
O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao
conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos
especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que
pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para
poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita
Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas
praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula
para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola
Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de
Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto
sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente
da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo
Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam
na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de
educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na
linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo
sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo
Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado
ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo
Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora
ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica
a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo
(SOARES 2014 p 40)
Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento
construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo
(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea
cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as
praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo
dos multiletramentos
14
Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora
com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas
pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam
niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam
conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e
compreensatildeo de textos
Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola
Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que
pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de
programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash
SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola
Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta
pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves
turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-
se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano
preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da
1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as
diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais
em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como
objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades
pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno
domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em
lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria
de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento
das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar
pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em
lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-
formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017
3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a
valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de
licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a
inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que
desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da
escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017
15
aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho
em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e
em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano
em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o
resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida
escola em diferentes periacuteodos letivos
Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e
padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016
Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)
De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de
Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do
Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que
eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22
dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e
letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para
continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo
com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados
ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades
Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma
intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar
4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm
Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das
seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a
PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo
Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel
Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt
httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de
jan de 2017
0 20 40 60 80
2013
2014
2015
2016
Recomendado
Intermediaacuterio
Baixo
16
possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da
Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica
Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades
de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de
intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das
dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu
para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho
com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e
letramento dos alunos envolvidos na pesquisa
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que
desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico
de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a
aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos
de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo
que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da
turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas
por meio de recursos impressos e digitais
Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada
como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na
realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi
classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados
a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos
a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade
considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de
escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano
III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo
com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO
DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
17
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu
para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional
vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa
pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa
participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a
investigaccedilatildeo cientiacutefica
Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho
de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e
dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido
pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e
classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos
postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira
segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo
compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari
(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e
relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm
ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como
recurso didaacutetico
Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em
praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo
comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo
Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos
matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise
dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir
do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e
selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8
(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas
Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas
falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm
ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda
ordens
18
Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado
ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi
(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado
ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)
Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no
capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos
metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e
(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados
constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog
utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do
nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices
6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser
facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto
(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato
um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR
Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt
Acesso em 30 de jan de 2018
19
CAPIacuteTULO I
ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA
Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios
teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se
afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento
teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES
2003 p 40)
As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao
cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de
comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu
cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio
do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns
fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento
multiletramentos e gecircneros digitais
Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)
e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino
da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e
quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC
Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de
Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos
elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa
perspectiva interacionista da linguagem
11 Concepccedilatildeo de linguagem
Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e
linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de
atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm
de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema
organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute
principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de
admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto
20
de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa
desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p
61)
Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute
o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem
sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo
a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm
10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas
liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em
territoacuterio nacional
De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se
que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais
crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo
Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos
satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil
existe uma uacutenica liacutengua
Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em
nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos
histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa
forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave
identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam
Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se
como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente
7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em
lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017
8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso
em 30 jan 2017
9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-
20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017
10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo
documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017
11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt
httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7
C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017
21
fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se
pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos
compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito
Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel
dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez
que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo
Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre
os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas
de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas
Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna
consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente
somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a
linguagem acontece conforme define o autor
A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado
no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual
a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da
consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo
social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra
nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo
Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia
desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)
Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a
utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e
evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que
se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo
Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza
a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos
indiviacuteduos
Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa
estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto
textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto
de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin
[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de
formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato
psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal
realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui
assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)
22
A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui
historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas
da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo
que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo
Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista
sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme
contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata
natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos
os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa
Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na
perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de
reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora
essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo
levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa
forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que
necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que
[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as
pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem
eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima
fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e
relevante (ANTUNES 2003 p 41)
Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre
os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas
principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da
escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo
e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo
da cidadania dos seus alunos
Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de
atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial
dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez
mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem
discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem
23
explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem
uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do
princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes
[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo
as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar
nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas
conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda
liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio
social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute
falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)
Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com
clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua
existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a
escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente
escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa
Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG
2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de
Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica
social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade
linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso
Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso
da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas
assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos
compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e
usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa
perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo
de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as
atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a
atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de
textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio
da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo
de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia
discursiva (BRASIL 1998 p 27)
Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio
do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz
24
exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees
diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que
estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da
liacutengua
Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o
movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento
metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades
linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas
de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta
leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de
aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender
esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)
sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento
Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo
utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o
entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos
ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem
natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode
exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade
marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e
mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de
analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e
corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)
Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da
nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da
cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo
aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a
indiferenccedila e o consequente fracasso escolar
Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural
por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a
25
falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada
e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso
escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica
agraves ideologias que o atribuem ao aluno
Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que
o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou
seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas
quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com
Soares
[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na
aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino
fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de
ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)
Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na
ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o
desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento
como praacutetica social
No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e
letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos
interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de
praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem
a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a
certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do
sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento
Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em
alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima
Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer
uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um
natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que
compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis
Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam
interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo
conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de
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aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo
Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados
tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo
As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as
habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e
reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da
escrita
Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de
experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos
e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)
ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem
da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade
de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na
vida moderna como praacutetica social
Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e
letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo
De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar
alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e
escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e
familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos
muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar
Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem
acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou
por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era
alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler
e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples
Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e
anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da
populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples
Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as
letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso
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demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais
habilidades
Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de
letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo
interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos
que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e
discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita
em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo
Nessa perspectiva
A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita
alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque
este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia
perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)
Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da
alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura
e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a
alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o
letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo
Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do
conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da
leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar
Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como
processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais
facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica
Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da
escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de
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ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas
tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos
E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre
esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais
complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as
implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua
escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais
12111 Faceta psicoloacutegica
Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do
comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse
modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores
psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana
Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas
teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias
do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem
e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os
mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o
Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget
O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural
segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute
12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual
o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados
como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade
1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo
Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo
de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril
2018
13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e
dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem
interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que
permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo
aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as
aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01
abril 2018
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pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)
Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua
capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo
das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social
e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da
maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela
linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte
integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente
constituiacutedas
Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock
(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute
essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a
realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das
interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e
cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho
que o homem se torna ativo e social
Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo
intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde
o primeiro dia de vida da crianccedila
A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a
perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de
desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita
Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes
de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de
aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento
proximal foi formulada por Vygotsky e representa
[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar
atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento
potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto
ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)
Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento
proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo
de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o
desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e
30
tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute
foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo
Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento
mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o
proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento
Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da
linguagem escrita
Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao
papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila
Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se
ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute
escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991
p 70)
De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola
preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria
significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo
especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso
significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons
e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades
reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas
se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o
domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do
letramento como praacutetica social
Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo
reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado
de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada
como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser
desenvolvida
Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget
estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento
orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo
particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo
reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida
31
Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza
pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico
De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras
de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento
humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades
e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do
princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global
pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do
desenvolvimento intelectual
Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock
(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do
pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos
observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-
operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais
Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget
Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo
1deg periacuteodo
Sensoacuterio-motor
(0 a 2 anos)
Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo
que a cerca
2deg periacuteodo
Preacute-operatoacuterio
(2 a 7 anos)
Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo
aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual
afetivo e social da crianccedila
3deg periacuteodo Operaccedilotildees
concretas
(7 a 11 ou 12 anos)
A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo
loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou
seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos
de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar
em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da
capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e
mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar
antes de agir
4deg periacuteodo Operaccedilotildees
formais (11 ou 12 anos
em diante)
Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal
abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute
capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo
de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e
mutaacuteveis
Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)
Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os
indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos
passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de
fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma
riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor
procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do
32
desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo
construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento
Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas
influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um
conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a
organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas
Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo
das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o
meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo
os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo
(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a
construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem
Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da
construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo
Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a
evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em
todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar
possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem
construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios
conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com
o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel
ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa
reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos
12112 Faceta psicolinguiacutestica
A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de
uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos
psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da
aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de
ensino-aprendizagem acontece
Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock
(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino
aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por
33
Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o
construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o
conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual
o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila
Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas
experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da
crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino
mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e
de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas
psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma
interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma
situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)
Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita
tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os
propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma
construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo
ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita
Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a
crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso
trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo
121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico
De acordo com Ferreiro
A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute
atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O
progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais
proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-
se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de
grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)
Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees
diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa
que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a
34
representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem
disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da
folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma
ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas
as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas
apenas por ela mesma
Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a
ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo
agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que
falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e
sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou
de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)
121122 Niacutevel Silaacutebico
O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada
uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da
maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com
isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto
qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia
global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra
para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe
os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa
vogal outras vezes consoante e vogal
Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender
a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da
mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem
Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz
por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que
a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez
que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a
aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)
35
121123 Niacutevel Alfabeacutetico
No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber
unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees
entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro
Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu
que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a
siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que
vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)
Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem
conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um
sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim
esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da
constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que
[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse
momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas
natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa
distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as
dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)
Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da
leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico
haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir
expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos
mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)
Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico
que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa
a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel
anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para
que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de
atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de
construccedilatildeo do que eacute ler e escrever
36
12113 Faceta linguiacutestica
A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia
foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via
como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem
Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da
linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou
natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como
ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica
utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que
se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de
aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos
desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja
ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia
Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos
de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre
esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram
baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um
processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O
aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um
som da fala
Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever
ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca
cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo
A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o
que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo
A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que
cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma
a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante
semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a
percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta
capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito
de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender
como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema
37
de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa
das linhas eacute de cima para baixo
Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que
existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio
tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute
complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs
pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo
ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa
regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras
Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras
Letras Fonemas
P
b
t
d
f
v
a
p
b
t
d
f
v
a
Fonte Lemle 1991 p 17
Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos
distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer
uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras
Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse
correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero
restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som
em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma
para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os
processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias
entre sons e letras
Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as
unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de
pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns
dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som
de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]
em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as
38
crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em
que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas
letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z
Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma
rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de
descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao
dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela
memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria
Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas
quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente
acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme
exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma
unidade fonecircmica
Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de
poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som
em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo
fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura
0214
Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo
Fonte Lemle 1991 p 21
Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para
a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial
na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo
14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo
nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)
39
Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras
na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia
artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O
aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo
foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a
primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e
letras
Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no
mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse
caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo
(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela
memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas
sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da
vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por
meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a
construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas
Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender
que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do
sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como
falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme
veremos no Quadro 03 a seguir
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Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem
Leitura Escrita
Leitura lenta com soletraccedilatildeo
de cada siacutelaba
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)
Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)
Troca na ordem das letras parto (prato) sadia
(saiacuteda)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada
letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo
do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)
Falhas de escrita de 2ordf ordem
Leitura Escrita
Retenccedilatildeo na etapa
monogacircmica Na leitura
pronuncia cada letra
escandindo-a no seu valor
central Uma leitura silabada
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
matu em vez de mato
bodi em vez de bode
tenpo em vez de tempo
azma em vez de asma
genrro em vez de genro
eles falatildeo em vez de eles falam
Falhas de escrita de 3ordf ordem
Leitura Escrita
O aluno eacute capaz de pronunciar
as palavras de forma natural
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e
na escrita faz troca
entre letras
concorrentes
accedilado em vez de assado
trese em vez de treze
acim em vez de assim
jigante em vez de gigante
xinelo em vez de chinelo
chingou em vez de xingou
puresa em vez de pureza
sau em vez de sal
craro em vez de claro
operaro em vez de operaacuterio
Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41
Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de
aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se
depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que
ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute
considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo
superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)
Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo
da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de
escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o
professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da
41
sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada
dificuldade encontrada
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita
O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre
como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo
(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo
Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita
representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos
fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam
para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas
dificuldades
Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento
das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o
conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo
fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades
no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-
fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de
acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos
como veremos no Quadro 04 a seguir
42
Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita
1 Transcriccedilatildeo
Foneacutetica
Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar
i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)
2 Uso indevido de
letras
O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a
ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo
consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees
foneacuteticas
3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra
como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo
4 Modificaccedilatildeo da
estrutura segmental
das palavras
Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de
aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n
v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e
ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno
e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas
5 Juntura
intervocabular e
segmentaccedilatildeo
Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da
continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)
6 Forma morfoloacutegica
diferente
Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm
caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo
(ldquodepoisrdquo)
7 Forma estranha de
traccedilar as palavras
Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia
8 Uso indevido de
letras maiuacutesculas e
minuacutesculas
Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com
letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como
pronomes pessoais
9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns
alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e
sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til
10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte
de textos de produccedilatildeo espontacircnea
11 Problemas
sintaacuteticos
Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos
textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita
como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo
Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)
Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo
com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos
desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido
de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa
outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras
representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas
letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa
para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma
estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras
43
maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos
ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas
sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e
apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)
Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no
Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos
para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento
das competecircncias comunicativas dos alunos
12114 Faceta sociolinguiacutestica
Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma
a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja
no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais
Segundo Bagno (2014 p 13)
A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo
em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)
de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de
representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo
social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso
sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais
dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)
Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute
intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade
De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila
linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para
a sociolinguiacutestica
Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora
de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta
o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a
gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa
forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala
Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a
fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa
As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam
44
tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos
falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social
cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da
liacutengua
Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser
padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na
sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante
disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente
do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua
Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica
Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a
liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a
liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando
ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade
de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa
45
CAPIacuteTULO II
GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS
Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e
tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais
variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais
21 Letramento
Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de
quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo
(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo
globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas
transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve
e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]
aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o
indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social
cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo
Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo
social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada
Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de
ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees
(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que
ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas
sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo
alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se
alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute
na Educaccedilatildeo Infantil
Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita
como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma
de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever
Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a
praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman
(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o
46
coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas
em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao
conceito de letramento
Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de
alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica
habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social
Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito
mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc
Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos
quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a
cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco
dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer
e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que
estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas
habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a
falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse
processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de
letramento A esse respeito Soares indaga
Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades
e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos
de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar
adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem
ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em
contextos escolares (SOARES 2014 p 83)
Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de
letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato
de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades
que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda
que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois
exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros
para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de
avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos
47
Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem
como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo
e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as
definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes
ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a
justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo
imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no
campo educacional e social
Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)
ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de
leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das
necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo
Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma
definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e
medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila
entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo
Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem
satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem
profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os
usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p
104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional
ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas
habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso
de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de
habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de
natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas
sociais
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa
Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um
promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que
participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a
importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros
textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente
48
relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a
grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos
entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo
Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem
mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das
competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e
gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de
informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo
existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de
aprender
Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo
mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute
especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave
circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo
Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma
ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de
teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a
multimodalidade e os multiletramentos
Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees
Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos
contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas
linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de
compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar
(ROJO 2012 p 19)
Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas
de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber
analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e
linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar
seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como
eacute utilizada
Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais
exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca
que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da
informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)
49
implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os
letramentos como podemos observar no Quadro 05
Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos
Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos
1ordf
A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios
analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais
morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e
de fazer circular textos na sociedade
2ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes
raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica
desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades
3ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade
sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais
das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento
4ordf
A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades
multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta
mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de
outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que
o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites
dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)
Fonte Rojo 2009 p 105
Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas
mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em
diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens
cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo
requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos
letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a
perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo
Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o
nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses
recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos
da contemporaneidade
Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e
hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes
permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de
comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que
[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos
possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita
(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo
eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e
democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos
multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)
50
Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos
multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia
pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes
mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas
propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia
Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo
apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e
ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como
organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar
Quais textos e como abordaacute-los
Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que
dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de
circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008
p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais
podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou
especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo
Bakhtin defende que
[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre
relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos
dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o
que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se
em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos
integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)
Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de
atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar
acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar
de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade
humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia
Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes
posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a
inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras
da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo
Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas
ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo
51
Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos
Fonte Rojo 2009 p 110
A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita
impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da
liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em
uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em
e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua
Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos
das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos
que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees
e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as
condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos
polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais
com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em
sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)
Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura
global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees
que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com
isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos
criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens
com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade
social
Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-
lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de
expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente
52
porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso
das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes
compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler
23 Texto (multimodal) e ensino
No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento
de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua
vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de
estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos
Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de
Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma
praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente
sejam orais ou escritos impressos ou digitais
A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da
compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica
textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e
cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais
e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do
princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras
ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos
De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a
orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)
adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo
em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo
Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras
escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da
liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das
pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de
palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita
Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de
nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar
na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo
Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a
concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas
53
propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de
multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes
consideraccedilotildees
1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como
sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc
2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto
aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)
e o texto se torna em geral multimodal
3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e
solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)
4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais
como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser
processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)
Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente
linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados
principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente
multimodal
Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto
multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos
semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos
(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se
integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de
acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos
constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas
muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo
Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos
cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam
pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo
demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam
as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo
Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em
imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de
leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e
de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma
54
linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no
discurso
Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se
compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o
desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a
Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen
Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por
Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs
metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a
experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por
meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes
interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da
composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida
entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados
tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de
demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo
composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os
elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a
relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo
dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo
de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados
representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do
texto
Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos
processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental
importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido
e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-
sujeitos
Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e
que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da
linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e
envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob
essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as
seguintes consideraccedilotildees
55
Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria
envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das
informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem
selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir
em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)
Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a
necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos
que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da
vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo
a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta
estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora
dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram
insatisfaccedilatildeo em produzir textos
Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua
percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere
nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha
contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir
um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta
Bakhtin
[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de
que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui
justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma
espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa
extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio
comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)
Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e
que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos
uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar
propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa
competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de
leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que
privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso
56
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar
Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem
transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica
pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de
conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no
contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode
desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de
letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem
contextualizadas e significativas
Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos
principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada
vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta
transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo
dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas
transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e
transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar
de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com
a educaccedilatildeo
A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva
das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que
foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico
deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a
internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas
instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma
vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito
Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393
milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de
rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet
Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um
salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade
socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees
financeiras
57
Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no
nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de
microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No
entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros
equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel
celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet
(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos
percentuais)
Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com
exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a
pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo
mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira
Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria
constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet
em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-
se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir
desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo
indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015
todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do
grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52
em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute
sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas
com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de
instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente
ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois
para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021
milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e
as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a
mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do
contexto escolar
15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt
httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018
58
Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados
pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de
sentido para o aluno e para a sociedade
Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves
necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como
ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa
maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo
em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo
presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola
A esse respeito Coscarelli afirma que
[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com
competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso
Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura
tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online
viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)
Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para
viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a
tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade
de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de
gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente
quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante
competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais
Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que
ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos
caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos
concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo
Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo
presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou
seja da internet para se materializarem
Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma
de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta
como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um
gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de
59
fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes
no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim
compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo
com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a
ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua
essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo
Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por
ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes
Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes
1 E-mail Carta pessoal bilhete correio
2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)
3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)
4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)
5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)
6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada
7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia
8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais
9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate
10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()
11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal
12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas
Fonte Marcuschi 2010 p 37
Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas
particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos
reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses
gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o
estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as
experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas
No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute
existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam
caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece
de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa
anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07
60
Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo
Participantes Tempo
Siacutencrono Assiacutencrono
Bilateral Chat reservado E-mail
Multilateral Chat em salas abertas
Aula chat
Informaccedilotildees listas de
discussatildeo blogs
Fonte Marcuschi 2010 p 38
Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que
ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees
discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os
gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem
produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e
participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como
o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto
permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos
textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)
Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute
a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes
da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos
comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam
dinamismo ao que eacute lido ou escrito
Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da
multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)
estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso
e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir
discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos
aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido
devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo
ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave
congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da
multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de
recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de
ampliar horizontes e natildeo restringi-los
61
Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero
escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que
definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que
ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador
de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar
os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)
25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino
Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso
pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre
linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010
p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo
Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a
definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet
representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura
uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com
que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo
definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi
(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e
processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios
sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros
digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no
processo de escrita
A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente
empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados
frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e
popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash
rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as
posiccedilotildees do dia)
O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos
gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de
levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades
desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat
62
agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat
videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte
do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como
ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI
Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo
para definiccedilatildeo de
gecircnero
Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono
Duraccedilatildeo Indefinida
Extensatildeo do texto Indefinida
Formato textual Texto corrido
Participantes Muacuteltiplos
Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos
Anocircnimos
Troca de falantes Inexistente
Funccedilatildeo
Interpessoal
Luacutedica
Tema Livre
Estilo Informal
Canal semioses Texto com imagens
Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo
Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41
Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal
assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por
isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de
produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende
da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute
um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos
e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo
visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de
interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a
atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou
natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro
natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de
falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um
63
caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees
entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e
a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de
significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a
possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas
traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o
gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer
que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e
mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo
Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute
confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site
eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos
[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees
diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede
Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus
gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios
textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos
usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast
on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre
usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um
recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)
acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e
opinativosrdquo
Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a
internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem
opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no
blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos
links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em
forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista
As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em
evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de
16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em
lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016
64
habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela
interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica
conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que
[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das
tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os
dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e
compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado
em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web
navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais
apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de
competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p
21)
Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros
nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas
no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a
possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que
[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das
possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas
potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os
discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos
textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros
aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)
Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as
competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece
atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso
Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em
linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo
Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre
vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades
entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir
textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso
que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p
81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da
esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade
enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto
como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as
formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos
65
estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas
quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo
Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e
tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica
a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar
faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais
mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre
esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre
noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes
para Bakhtin eacute
[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os
outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu
nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes
quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo
simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave
reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha
vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a
mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a
narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas
tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade
biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)
Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos
constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre
si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as
accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado
Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem
eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria
vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo
Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo
sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento
vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a
vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato
comunicativo
66
CAPIacuteTULO III
PERCURSO METODOLOacuteGICO
Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no
desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem
metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como
procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A
coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita
e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e
ortograacutefica
31 Contexto da pesquisa
O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na
Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo
eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde
acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade
A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo
Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem
celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares
os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as
danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio
Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees
culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo
a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular
De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende
a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos
Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos
desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de
esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes
familiares
No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo
para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo
67
acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem
diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e
conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica
para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de
vida
A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda
comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca
da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura
empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e
participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a
integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e
transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio
Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas
tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes
nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo
necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas
pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios
miacutenimos
Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta
com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso
agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria
cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de
informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados
necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com
um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o
desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos
nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas
para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem
pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico
Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino
Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)
turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede
(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)
turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio
68
Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito
alunos
32 Sujeitos da pesquisa
O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de
Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na
escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute
composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por
coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir
Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF
Fonte Dados da Pesquisa 2017
Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados
mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute
Coacutedigo Nordm informante
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
EL 8
FA 9
FR 10
IR 11
JP 12
JR 13
KA 14
LV 15
MS 16
MC 17
ND 18
PC 18
PE 20
RR 21
RG 22
RC 23
TM 24
YM 25
69
extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas
de dados
De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e
esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com
procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o
criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que
quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de
intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os
indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos
pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza
qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo
Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos
selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a
trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso
escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram
devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos
negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo
repetentes conforme podemos ver na Tabela 01
Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI
Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm
ano pela 1ordf vez
Cursando o 6ordmano
1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez
EA Masc 11 anos 2016 2017
FA Masc 11 anos 2016 2017
IR Masc 12 anos 2015 2016 2017
JP Masc 11 anos 2016 2017
JR Fem 13 anos 2015 2016 2017
LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017
ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017
TM Masc 12 anos 2015 2016 2017
Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017
Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino
Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da
70
tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda
vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo
acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os
outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo
Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de
alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de
certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de
primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta
que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e
experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras
textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades
necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto
Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos
Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e
compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees
de escrita para compor o PEI
33 Procedimentos da pesquisa
O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como
premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois
o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de
sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia
humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente
para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias
vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma
metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico
De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento
provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da
experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa
cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional
e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a
realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola
Estadual Pio XII
71
Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e
sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo
Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica
pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o
direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa
eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos
teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo
Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre
ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL
2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar
analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir
disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados
Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos
fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade
Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a
pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento
teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem
alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita
Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se
caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo
com Thiollent
Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e
realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou
problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT
2005 p 16)
Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica
aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo
professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica
que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem
Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que
ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre
72
pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora
esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases
Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das
seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10
Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico
1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino
Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de
aprendizagem em leitura e escrita
2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico
3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita
4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de
escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico
5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para
o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental
Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017
Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do
problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com
os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem
terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de
acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora
Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade
linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante
dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8
(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII
A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito
anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre
alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman
(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na
escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados
na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer
ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo
teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de
escrita dos sujeitos da pesquisa
73
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da
pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura
e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A
escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo
de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog
funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional
pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade
animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam
mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem
como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio
de recursos impressos e digitais
Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo
Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada
a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o
autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende
atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados
para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados
34 Teacutecnica de Coleta de Dados
Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante
questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de
Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE
(APEcircNDICE D)
De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta
de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados
aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou
fenocircmenos que se desejam estudarrdquo
A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma
daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos
aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e
escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse
contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente
real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida
preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse
74
instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos
haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar
Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos
e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos
Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada
de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do
entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo
correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo
modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)
Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e
Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se
maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla
economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de
respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel
Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por
cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano
e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico
O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula
com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de
maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo
para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial
de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que
necessitavam de atendimento especiacutefico
Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)
objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle
(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira
ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as
arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)
segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos
elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso
didaacutetico
75
Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de
Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a
importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender
O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de
aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI
ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem
coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente
daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a
desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos
explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema
baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de
ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada
e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de
conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas
as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-
aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em
momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a
perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao
espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da
escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)
representando o processo educacional atual
76
Figura 04 Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses
quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em
torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver
atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o
gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva
auditoacuterio sala de multimeios
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
77
CAPIacuteTULO IV
GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas
em sala de aula
Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De
acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que
implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou
estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a
interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar
pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees
teoacutericas torna-se muito relevante
Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis
de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle
(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo
ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a
retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo
41 Questionaacuterio
O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017
em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula
A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais
acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de
acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam
a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para
fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter
informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas
Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam
presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta
constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na
escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam
responder
78
Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares
diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que
nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso
Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)
observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas
horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de
uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos
dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online
Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2
Fonte Dados pesquisa 2017
Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os
alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o
13
30
2 2 10
2
4
6
8
10
12
14
Em casa Em Lan
House
Na escola Outros
lugares
Natildeo uso Natildeo soube
responder
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
0
8
3
7
3
0
2
4
6
8
10
Menos de
uma hora
Uma hora Duas horas Mais de
duas horas
Nunca
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
79
celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e
142 afirmaram natildeo utilizar a internet
Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que
o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na
atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir
do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo
prevalece mais
Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou
laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194
responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No
graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que
sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou
o acesso agrave internet na escola
Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4
Fonte Dados da pesquisa 2017
58
41 0
30
2
4
6
8
10
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
0
5
10
15
Sim Natildeo Natildeo souberam
responder
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o
computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para
realizar atividades escolares
80
Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19
computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso
Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com
as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno
Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins
pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas
preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e
habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir
linguagem por meio de diferentes miacutedias
A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os
assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que
4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo
souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o
graacutefico abaixo
Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5
Fonte Dados da pesquisa 2017
Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de
conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de
pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem
que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter
contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar
uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam
o letramento digital
Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a
maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da
teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo
Redessociais como
Jogoseletrocircnicosna internet
BlogsSites depesquisa
Natildeosouberamresponder
5ordm 10 6 0 0 5
10 6 0 0 5
5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo
81
de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta
saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de
conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere
Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25)
Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental
no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua
Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por
meio de novas experiecircncias
Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o
acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que
eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto
de inserccedilatildeo social e digital
Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para
as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto
para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo
e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e
de promover o letramento digital
42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20
(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos
dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas
horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos
matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes
Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos
presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as
caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia
narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se
conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim
82
o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo
procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser
Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da
comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica
de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos
motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)
leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu
registro)
O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo
ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam
como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana
A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de
cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo
construindo a nossa histoacuteria particular
Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em
apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da
obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante
justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a
histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar
de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de
maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como
a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita
No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos
ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a
leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura
individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com
a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade
de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada
paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc
personagens protagonistas do livro
O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor
a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano
escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita
Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave
construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave
83
construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo
introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse
sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da
leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada
leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que
motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave
ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo
da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas
analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de
sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo
Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de
sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram
muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de
inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem
alfabetizados
Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno
deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos
comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida
futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista
de informantes para essa anaacutelise
84
Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF
Fonte Dados da pesquisa 2017
A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)
textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de
categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita
espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os
quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por
Cagliari (1995)
Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)
textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez
textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e
exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle
(1991)
Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis
e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento
Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem
INFORMANTE
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
FA 8
FR 9
IR 10
JP 11
JR 12
LV 13
MS 14
MC 15
ND 16
PC 17
PE 18
RR 19
RG 20
TM 21
85
disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute
escrito
TEXTO 1 (1ordf ordem)
Eu masine januaria
eu vivo coanilha natildee neu Pai
Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 2 (1ordf ordem)
Eu naci
januaria
e cogo muto de sai tasia
natildeo gosta de Batatina
A mina vida e asai
FIM
Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE
86
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 3 (1ordf ordem)
O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou
nuito felis com milha familha
Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 4 (1ordf ordem)
Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta
Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE
87
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)
Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo
natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando
mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo
Taeubofesorra
Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 6 (2ordf ordem)
88
meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de
brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu
natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa
89
Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)
Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu
moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de
susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles
fica zombavam de mim em tam essa e minha vida
Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 8 (3ordf ordem)
Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique
Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer
ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em
Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente
das outras pessoas
Fim
90
Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 9 (3ordf ordem)
Eu sou
Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto
de jogar no computador
Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto
Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula
Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar
entatildeo eacute isso so eu
91
Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 10 (3ordf ordem)
Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria
Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar
sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco
timido
Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
92
Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para
levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais
foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari
(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores
alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores
envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa
Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado
nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre
93
Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
T
ran
scri
ccedilatildeo
fo
neacutet
ica
Uso
in
dev
ido
de
letr
as
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Fo
rma
mo
rfo
loacuteg
ica
dif
eren
te
Fo
rma
est
ran
ha
de
tra
ccedilar
as
letr
as
Uso
in
dev
ido
de
ma
iuacutesc
ula
s e
min
uacutesc
ula
s
Ace
nto
s g
raacutefi
cos
Sin
ais
de
po
ntu
accedilatilde
o
Pro
ble
ma
s si
ntaacute
tico
s
I1 2 4 1 1 1
I2 6 7 5
I3 8 2 3 3
I4 1 3 4 3
I5 4 3 5 2
I6 1 1 1 1 4
I7 1 1 7 5 1 4 5 3
I8 2 2 4 2 4
I9 2 1 7 3 3 9
I10 2 2 3 2 2 1 1 3
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5 4
I13 2 4 2 2 2 3
I14 1 2 2 7 5 11
I15 3 1 1 8 2
I16 2 2 2 3 1 1
I17 3 2 1 1
I18 5 1 1 10 1
I19 9 6 3 12 11
I20 2 3 3 4
I21
Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que
maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias
94
seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas
sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias
Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa
pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos
apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor
vai depender de cada texto
Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que
revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte
das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute
o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo
precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no
TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo
Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para
representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar
no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha
Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita
e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento
linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita
desde os primeiros anos escolares
Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois
grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica
que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica
traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita
fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para
poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um
compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o
tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim
Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do
leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica
Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno
natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo
consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)
Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto
aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros
e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a
95
escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras
Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base
a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base
A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito
comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno
natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois
de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para
todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso
sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar
Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua
escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e
escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar
preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem
um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno
descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que
ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma
em letra em palavra em texto
Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai
construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso
aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo
precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou
seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de
formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida
no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a
competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o
uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem
comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de
maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio
Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira
espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe
parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos
brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-
se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita
a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a
96
escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a
ortografia
Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma
espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O
primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita
fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente
Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para
correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o
que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para
que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o
Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem
cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis
de escrita dos alunos
Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas
ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e
anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se
gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs
Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos
dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel
ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos
livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram
as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita
Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial
de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo
com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e
decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta
psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua
De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir
o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou
etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o
niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle
na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a
usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante
e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de
escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo
97
estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel
alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim
constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram
consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica
Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o
conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora
ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave
alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que
1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e
siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas
situaccedilotildees
2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5
(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3
A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras
bastante semelhantes
3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos
natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas
aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na
escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em
Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como
de conceito de palavra respectivamente
4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso
sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute
equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos
que devem ser ensinados gradativamente
Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute
a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de
palavra
Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de
escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela
poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com
as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de
aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as
arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora
como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem
98
De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita
fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para
essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir
Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira
ordem
Falhas de segunda
ordem
Falhas de terceira
ordem
I1 X
I2 X
I3 X
I4 X
I5 X
I6 X
I7 X X
I8 X
I9 X
I10 X
I11 X
I12 X X
I13 X
I14 X
I15 X
I16 X
I17 X
I18 X
I19 X
I20 X
I2117 X
TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100
Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem
falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem
Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas
de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos
que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por
entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos
poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de
escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens
considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina
Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf
ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para
a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira
17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi
selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano
99
ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE
1991 p 41-42)
Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da
amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para
melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de
aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos
natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois
escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos
Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos
selecionados
Falhas de escrita de
1ordf ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos
selecionados
TEXTO 1
TEXTO 2
TEXTO 3
TEXTO 4
TEXTO 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequencias dos sons e
as sequencias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto
(gosto)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
tasia (passear)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som
gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai
(assim) voma (forma)
Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)
nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)
dodiabo em vez de do diabo
Falhas de escrita de
2ordf ordem
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
O aluno faz a
transcriccedilatildeo foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
bejo em vez de beijo
cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu
pofessora em vez de professora
Falhas de escrita de
3ordf ordem
TEXTO 7
TEXTO 8
TEXTO 9
TEXTO 10
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e na
escrita faz troca entre
letras concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade
profesora em vez de professora
o em vez de ou
Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa
Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque
os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as
100
sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina
(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo
distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)
asai (assim) voma (forma)
Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como
quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar
em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha
(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do
diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O
uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)
Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a
transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com
a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa
vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora
Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita
ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez
de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo
Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute
produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as
letras
Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos
alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante
21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta
Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da
abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de
desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do
diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar
as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita
Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor
sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando
apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da
101
fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de
aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter
conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a
superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo
Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios
por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar
as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo
Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo
seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem
alfabetizados
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas
6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle
(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido
reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o
informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por
parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do
6ordm ano JF
Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com
a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio
XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos
especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis
de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver
habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para
blog
A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro
moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash
Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando
Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas
semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras
disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio
definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na
102
segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da
turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica
e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees
estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o
falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola
foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral
Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao
teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro
moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga
horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir
Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI
MOacuteDULOS Meses Datas Carga
horaacuteria
Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha
Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha
Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha
26 27 30 31 ----
Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha
Total 42
aulas
Fonte Dados da pesquisa 2017
431 Moacutedulo I ndash Conhecendo
Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC
Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as
caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais
da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de
imagens e de movimentos
18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto
103
Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente
digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades
de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva
dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de
conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de
exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta
de trabalho
Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as
contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode
ser visualizado na figura abaixo
Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens
entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa
diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo
dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power
point
104
Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto
de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por
outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de
familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se
realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da
inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute
em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo
105
Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a
leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e
concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque
estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal
Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto
compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma
palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta
multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van
Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza
por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo
dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos
cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos
semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um
recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de
pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na
figura 18
Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O
primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs
106
literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro
ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas
ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de
Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos
na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs
Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas
abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc
tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome
teria
Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o
tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil
apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo
abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12
Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo
Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da
escola tem muitas fotos dos alunosrdquo
Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo
Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos
a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a
escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi
esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas
atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar
diversos assuntos
Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas
possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs
como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica
Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus
gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno
grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita
Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo
Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo
ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute
107
httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do
acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo
A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e
conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos
surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a
proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante
orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura
das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo
Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-
vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
108
Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em
10 nov de 2017
432 Moacutedulo II ndash Dialogando
Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem
Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das
atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as
discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa
e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas
dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois
com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que
eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar
Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos
textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o
contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da
leitura multimodal
O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo
sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral
e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
109
Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as
especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas
sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica
como podemos visualizar logo abaixo
Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-
dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees
sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo
(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p
346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees
procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar
dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles
foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que
[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um
discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa
ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para
executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o
processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas
primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)
110
Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no
laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais
Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos
selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees
pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram
instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que
tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que
sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura
dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os
traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras
Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma
charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a
quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento
algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos
visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e
traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as
cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a
palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria
111
Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida19
Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a
situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa
forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e
leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ
a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a
produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da
situaccedilatildeo comunicativa
De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo
vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o
processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na
memoacuteriardquo
19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela
professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016
112
Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos
conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento
enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e
experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes
perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute
saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm
quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais
fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens
das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da
narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos
Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na
sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de
natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa
discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do
estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera
ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade
Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico
da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)
Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram
significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no
capiacutetulo I deste trabalho
Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que
os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar
linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e
importacircncia social nas praacuteticas de letramento
Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van
Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios
modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados
representacionais interativos e composicionais
113
Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila
Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-
justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017
A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao
centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros
diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob
anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa
Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR
Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida
de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na
composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a
crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short
preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas
Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos
tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2
no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de
accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os
braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores
114
funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e
coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede
de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o
significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado
representacional da realidade da desigualdade social
Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os
elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes
interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo
haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os
cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de
oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao
PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma
relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI
Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados
todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia
maior dos observadores
Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos
diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do
texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar
subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz
um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo
PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima
de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em
desvantagem em desigualdade
Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo
superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que
tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a
possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
primeiro
Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo
relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e
a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge
que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder
pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees
115
desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas
em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo
O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo
na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do
PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao
jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas
relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a
desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O
que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade
natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual
ou injusta
Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os
informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas
Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida
provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise
Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes
no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e
natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os
sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo
e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em
resposta agrave questatildeo 3
Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade
com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir
do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo
com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma
sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma
que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos
indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna
o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)
De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na
atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa
leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical
imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)
Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de
textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo
116
tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais
Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute
e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos
primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas
questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm
dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos
Vocecircs gostariam de produzir textos como esses
Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos
organograma mapa e infograacutefico
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo
os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24
Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017)
O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise
Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns
alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a
estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem
disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem
conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita
117
como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes
da correccedilatildeo ortograacutefica
Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto
acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De
acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras
Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem
trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais
letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)
Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro
[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o
constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel
agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula
amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees
de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias
etc (RIBEIRO 2016 p 31)
118
Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV
materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total
estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o
proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na
escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees
tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo
Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo
Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas
receitas Ficou divertidordquo
Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para
pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site
de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico
Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros
e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos
foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo
Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do
blog sugerido na pesquisa online
Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate
tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam
escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um
debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma
diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre
concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos
pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas
sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de
bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram
digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica
20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em
lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017
119
Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas
Fonte Acervo da pesquisadora 2017
Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate
Fonte Dados da pesquisa 2017
120
Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao
separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as
121
informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos
infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico
deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p
32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras
isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo
Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do
infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por
muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto
de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo
exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda
concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos
Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e
talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo
multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e
expressar nossas ideias e gostos
Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre
letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos
construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo
(RIBEIRO 2016 p 35)
Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima
produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em
relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas
menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra
122
Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da
escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da
ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)
constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo
comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo
com esserdquo
433 Moacutedulo III ndash Refletindo
Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno
pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico
tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder
observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os
diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos
fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do
seu proacuteprio aprendizado
Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com
o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o
desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as
especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
123
Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre
os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico
e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a
respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento
e da interaccedilatildeo
A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no
laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu
9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar
nas fotos abaixo
Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca
Fonte Dados da pesquisa 2017
Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram
aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade
2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de
falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo
Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para
essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8
124
A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de
Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para
melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute
a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa
forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de
conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo
Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas
dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de
sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo
ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente
reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo
Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto
de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade
pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar
o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever
pintar entre outros
No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou
natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas
orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada
um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A
exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser
visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32
125
Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
126
Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio
de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por
representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz
parte dessa faixa etaacuteria
A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo
com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam
assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio
Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao
aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica
Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples
salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade
Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da
tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as
redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno
Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a
analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e
situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto
crocircnica etc)
Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e
o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria
passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que
determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo
com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias
textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com
subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados
caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos
127
Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de
sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial
Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral
Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)
apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da
mesma maneira as respectivas produccedilotildees
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham
uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se
chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em
perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental
n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca
entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que
estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo
sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha
128
ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda
apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia
Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num
quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir
seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo
Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas
caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo
Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia
narrativa
Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo
Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir
Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e
conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles
deram de cara com um gato faminto
Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome
pois as comidas ficaram no chatildeo
Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos
Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram
asfixiados
Fonte Dados da pesquisa 2017
129
O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo
aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor
desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de
ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a
exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita
ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica
Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a
escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de
terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se
da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim
escolher a letra certa para simbolizar cada som
b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para
as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica
sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se
safar d) Joana arruma outro namorado
Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com
uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a
situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto
registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na
escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos
comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita
inadequada un
130
Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao
compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle
[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a
pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que
o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um
som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)
Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita
ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos
exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao
pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros
problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v
transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como
podemos ver logo abaixo
Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala
pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
131
Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas
situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a
leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google
Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
132
Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela
verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a
histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo
na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme
Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos
carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias
de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da
cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa
(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo
de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com
comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da
133
produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com
o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)
azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras
Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a
importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees
linguiacutesticas para captar o conceito de palavra
Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um
sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca
e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado
mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo
paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em
momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo
abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos
Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
134
Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem
medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens
leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros
problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras
intervenccedilotildees
A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa
atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo
Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda
[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio
interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a
propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido
de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos
ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)
Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as
orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da
propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes
e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as
ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e
postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees
arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos
populares proveacuterbios giacuterias etc
Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e
classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a
seguir
135
Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
136
Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
137
Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
138
Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica
Fonte Dados da pesquisa 2017
139
Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo
momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No
quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados
pelos autores
Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e
Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias
TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende
Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo
Acentos graacuteficos suite suiacutete
TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc
Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela
TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela
anor amor
Troca de letra concorrentes pas paz
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha
cozinha solho sonho
TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde
vende omde onde vend vende veloso veloz
Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho
Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser
Troca de letras viaza viajar
TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado
TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi
catado encantado sei sem espelasa esperanccedila
Omissatildeo de letras barro bairro
Troca de letras rumeros nuacutemeros
Fonte Dados da pesquisa 2017
Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se
identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno
perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma
intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados
primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua
proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que
escreve
A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI
1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se
representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome
A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e
avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou
escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria
retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo
140
conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o
jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra
inicial
De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute
uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda
acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita
diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a
aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira
que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre
talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute
tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias
Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima
atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar
das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar
mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia
Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos
esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a
escrita conforme a montagem de fotos abaixo
141
Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7
Fonte Dados da pesquisa 2017
Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores
afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que
[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma
componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as
perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama
indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute
ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI
1990 p 49)
Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-
relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos
ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo
incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar
Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade
exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo
uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia
das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo
dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes
21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de
palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico
wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em
lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017
142
cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como
esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud
Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas
versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem
tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis
de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas
pessoais ou sobre a tela de Portinari
Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de
informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site
que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso
ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa
forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a
seguir
Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8
Fonte Dados da pesquisa 2017
143
Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para
conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso
deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para
exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados
Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma
1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma
vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn
em
011117
2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -
Atividade Final Anocircnimo
em
011117
3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio
do aluno Lucas Aquino sala CM
4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5
LUCAS
AQUINO
em
011117
5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim
em
011117
6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ
em
011117
7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo
coletiva Lais e Paulo C
em
011117
8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade
Final Maria Helena
em
011117
9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo
divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo
Amanda
Kathleen
em
011117
10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -
HQs Sherazade Santos
em
011117
11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da
atividade 8 Nathalia e Laura
em
011117
12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo
em
011117
13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan
em
011117
14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo
em
011117
15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento
em Hoje eacute dia de diversatildeo
PAULA ANA
CLARA
em
011117
16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA
DAHORA PARABEacuteNS
17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio
em
011117
144
18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo
em
011117
19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos
em Atividade 7 Florecircncia Vieira
em
301017
20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane
em
301017
21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da
Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues
em
301017
22 Ficou muito bonita em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves
em
301017
24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues
em
301017
25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro
em
301017
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev
2018
Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam
aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de
aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos
de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo
Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura
e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu
consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos
digitais possibilitando o letramento digital
Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que
[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25-26)
Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia
no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino
para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras
145
atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais
Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de
pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador
Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas
em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade
Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que
em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo
eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que
eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos
fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo
inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno
perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele
vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades
Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os
participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo
haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo
ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos
ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados
Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas
de tela abaixo
Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral
Fonte Dados da pesquisa 2017
146
Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico
Fonte Dados da pesquisa 2017
De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como
um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito
mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de
praacuteticas de leitura e de escrita
434 Moacutedulo IV ndash Praticando
Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica
dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da
tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em
colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI
Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor
e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na
publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a
pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute
que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos
Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas
destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade
Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do
147
blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e
diversatildeo
4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE
A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo
as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma
conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia
narrativa conforme Cavalcante (2013)
Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia
da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola
nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha
impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens
Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de
Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo
A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica
estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso
era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias
Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais
e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]
os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou
em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010
p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto
Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um
banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem
principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais
uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem
narra de maneira divertida em seu dia-a-dia
O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo
para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos
da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira
paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo
chama de livro de memoacuterias
A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve
a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos
148
foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita
ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica
Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os
informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas
de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento
Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final
Fonte Dados da pesquisa 2017
Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente
com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles
apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e
da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos
com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os
problemas de escrita foram minimizados
Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e
digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis
Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
INFORMANTES
1 EA 7
2 FA 8
3 IR 10
4 JP 11
5 JR 12
6 LV 13
149
Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
150
Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos
da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e
caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos
fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos
utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo
da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05
registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos
em anaacutelise
151
Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
T
ran
scri
ccedilatildeo f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e
maiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 10 1 1 4
I10 1 4 1 1
I11 1 4 1
I12 1 2 1 1
I13 10 1 1 2
Total 2 26 4 4 7 3 46
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados
principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias
Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas
sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de
aprendizagem da escrita
Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as
ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e
assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos
152
Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tra
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scu
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scu
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Ace
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s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 2 2 4 2
I9 2 1 7 3 3
I10 2 2 3 2 2 1 1
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5
I13 2 4 2 2 2
Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila
significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao
constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo
ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e
minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo
Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE
Categorizaccedilatildeo AIE AFE
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26
Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4
Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por
Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais
da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo
com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios
com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais
153
houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas
apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido
Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as
ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias
precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao
compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir
Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como
no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra
provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de
novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no
TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez
de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3
fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda
em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de
porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram
encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas
de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas
154
palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi
por desde
Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute
superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la
na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso
sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que
promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das
ideias e organizaccedilatildeo espacial
Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute
comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas
linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por
Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os
alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por
cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos
distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute
que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim
que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)
Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela
uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora
quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os
alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de
sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo
(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao
utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus
textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante
8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo
155
Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas
eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno
precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele
compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees
entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir
e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias
Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras
considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle
(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que
satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo
relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16
Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA
Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com
uma letra
Biuniacutevoca
Relaccedilotildees de um para mais
de um determinadas a
partir da posiccedilatildeo
Cada letra com um som numa dada
posiccedilatildeo cada som com uma letra numa
dada posiccedilatildeo
Natildeo biuniacutevoca
Relaccedilotildees de
concorrecircncia
Mais de uma letra para o mesmo som
na mesma posiccedilatildeo
Concorrente
Fonte Lemle 1991 p 10
Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai
evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a
autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em
156
nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes
da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias
Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de
escrita de 1ordf
ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AIE
Textos 1 2 3 6 e 7
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AFE
Textos 1 a 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha)
batatina (batatinha) goto (gosto)
Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa
(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)
poque (porque) fera (feira) fiqei
(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda
(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)
poque (porque) esto (estou) novenbo
(novembro)
Conhecimento ainda inseguro do
formato de cada letra tasia
(passear)
Natildeo haacute registros
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som gogo
(gosto) natu (moto) natildee (matildee)
fanilha (famiacutelia) asai (assim)
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som nuto (muito)
temo (tenho) traqulo (tranquilo)
provesola (professora)
Natildeo formou conceito de palavra
coanilha (com a minha) nasine
(nasci em) a mina (a minha)
Natildeo formou conceito de palavra
pramim (para mim) e fomatica
(informaacutetica) prici palmente
(principalmente)
Falhas de
escrita de 2ordf
ordem
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
susu em vez de chuchu
imbora em vez de embora
desdi em vez de desde
Falhas de
escrita de 3ordf
ordem
O aluno
avanccedilou no
saber
ortograacutefico e na
escrita faz troca
entre letras
concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
felis em vez de feliz
uzei em vez de usei
Oje em vez de Hoje
Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017
Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como
em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos
tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute
falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro
lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do
formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras
Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar
157
algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de
escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios
definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo
Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos
cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na
AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf
ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na
aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma
transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem
escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e
2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica
Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a
um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber
ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram
determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por
fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de
letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os
autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico
tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura
intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por
Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12
na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e
utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao
Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X
I10 X
I11 X X
I12 X X
I13 X TOTAL 3 2 2
Porcentagem 60 40
Atividade Final de Escrita ndash AFE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X X
I10 X X
I11 X
I12 X
I13 X X TOTAL 3 3 2
Porcentagem 60 40
158
escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo
foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus
textos
Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os
conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico
na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico
para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos
159
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo
e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano
da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a
oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)
Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com
as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento
multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo
presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e
tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo
do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados
Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as
dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades
que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades
identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo
em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a
pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash
AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE
Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para
elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi
confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e
conseguirem elevar o niacutevel de escrita
160
A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo
estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar
recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido
destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente
disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse
impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico
Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que
conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas
de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os
alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de
1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos
que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem
entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados
entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos
os textos iniciais e finais
Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital
Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da
digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de
habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem
escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e
organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos
disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras
maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas
habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita
Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram
desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o
outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao
afirmar que
[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no
digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos
histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante
transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)
Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de
escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em
161
nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem
afirma que
[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os
recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as
possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e
mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)
Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas
em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas
fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados
(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias
de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente
colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino
mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo
Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave
produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso
didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando
respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo
das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para
promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado
Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o
aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19
anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos
Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim
de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees
e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila
a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula
Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de
atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar
o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia
Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados
totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo
inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver
capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons
162
da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber
ortograacutefico
Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC
dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica
pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho
percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem
163
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FRANCcedilA Juacutenia Lessa Manual Para Normalizaccedilatildeo de publicaccedilotildees teacutecnico-cientiacuteficas 9 ed
Belo Horizonte Editora UFMG 2013
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
FRADE Isabel Cristina Meacutetodos e didaacuteticas de alfabetizaccedilatildeo ndash histoacuteria caracteriacutesticas e
modos de fazer de professores Caderno do formador Coleccedilatildeo Alfabetizaccedilatildeo e Letramento
Belo Horizonte CealeFaEUFMG 2005
GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2002
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol1 Didaacutetica do Niacutevel Preacute-silaacutebico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 2 Didaacutetica do Niacutevel Silaacutebico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 3 Didaacutetica do Niacutevel Alfabeacutetico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE Disponiacutevel em
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Contexto 2012
KRESS G R e van LEEUWEN T Reading Images a Grammar of Visual Design Londres
Routledge 2006
LABOV William Padrotildees sociolinguiacutesticos Trad Marcos Bagno Maria Marta Pereira
Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2008
LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologia
cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
MAGNABOSCO Gislaine Gracia Hipertexto e gecircneros digitais modificaccedilotildees no ler e
escrever Conjectura v 14 n 2 p 49-63 maioago 2009
MARCUSCHI Luiz Antocircnio Da fala para a escrita atividades de retextualizaccedilatildeo Satildeo Paulo
Cortez 2001
MARCUSCHI Luiz Antocircnio Produccedilatildeo textual anaacutelise de gecircneros e compreensatildeo Satildeo Paulo
Paraacutebola Editorial 2008
MARCUSCHI Luiz Antocircnio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais
novas formas de construccedilatildeo do sentido 3 ed Satildeo Paulo Cortez 2010
MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Proposta Curricular de Liacutengua
Portuguesa para o Ensino Fundamental e Meacutedio Belo Horizonte Secretaria de Estado da
Educaccedilatildeo 2008
166
MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Liacutengua Portuguesa CBC ndash Curriacuteculo
Baacutesico Comum do Ensino Fundamental Anos Finais Ciclos Intermediaacuterio e da Consolidaccedilatildeo
2014
OLIVEIRA Maria do Socorro TINOCO Gliacutecia Azevedo SANTOS Ivoneide Bezerra de
Arauacutejo Projetos de Letramento e formaccedilatildeo de professores de liacutengua materna Natal
EDUFRN 2014
PERINI Maacuterio Alberto Gramaacutetica do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
2010
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Paraacutebola Editorial 2012
ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola editorial
2009
SAUSSURE Ferdinand de Curso de Linguiacutestica Geral Organizado por Charles Bally Albert
Sechehae com a colaboraccedilatildeo de Albert Riedlinger Trad Antocircnio Chelini Joseacute Paulo Paes
Izidoro Blikstein 27 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006
SEARA Izabel Christine Foneacutetica e fonologia do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Contexto
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168
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII
Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017
Aluno (a)_______________________________________________________________
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
A ( ) Em casa
B ( ) Em lan house(s)
C ( ) Na escola
D ( ) Outros lugares Qual ______________________________
E ( ) Natildeo uso
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
A ( ) Menos de uma hora
B ( ) Uma hora
C ( ) Duas horas
D ( ) Mais de duas horas
E ( ) Nunca
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
A ( ) Computador
B ( ) Celular
C ( ) Tablet
D ( ) Outros equipamentos
E ( ) Natildeo uso
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica
para realizar atividades escolares
Sim Natildeo
169
5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo
A ( ) redes sociais como Facebook
B ( ) jogos eletrocircnicos na internet
C ( ) blogs
D ( ) sites de pesquisa
170
APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Felpo Filva
Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e
engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um
problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo
rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos
Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar
para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou
a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou
171
Curtir ndash Comentar
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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos
Comece entatildeo
Florecircncia
Florecircncia
172
APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Montes Claros ndash MG
2017
173
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
apresentado como requisito parcial do
Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash
PROFLETRAS da Universidade Estadual de
Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora
Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira
Montes Claros ndash MG
2017
174
IDENTIFICACcedilAtildeO
Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG
Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade
Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017
1 Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos
do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog
como recurso didaacutetico
Objetivos especiacuteficos
Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita
que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog
Produzir texto multimodal para blog
2 Metodologia
Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de
accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no
seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto
verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente
bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os
alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que
estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em
175
um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim
chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros
meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo
de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre
um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo
conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de
estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio
conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas
no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)
representando o processo educacional atual
176
Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do
processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de
moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e
praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver
atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero
digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA
MOacuteDULO 1 Conhecendo
Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva auditoacuterio palestras
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
177
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de
sons palavras imagens e movimentos
Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO
Accedilatildeo
Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos
multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons
palavras imagens e movimentos
Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o
ambiente digital
Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital
Conhecer diferentes textos multimodais
Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola
Atividades
1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de
slides sobre a proposta de trabalho
Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem
Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides
2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e
assim familiarizar com o ambiente digital
3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos
Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo
httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr
Blog Open Page httpwwwopenpagecombr
Blog Galerinha on line
httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml
Blog escolar httpec19tagblogspotcombr
Questotildees propostas
Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de
cada um
De qual vocecirc gostou mais Por quecirc
Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria
Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria
4- Criar o blog da turma
178
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet caixa de som
Duraccedilatildeo 8ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo
Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem
Fonte Dados da pesquisa 2017
MOacuteDULO 2 Dialogando
Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O
aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades
apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer
com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade
promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno
ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua
proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal
A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio
mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas
atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita
Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando
PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO
Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
Objetivo Ler textos multimodais
Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais
Produzir textos multimodais
Metodologia
Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos
linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
1- Leitura de textos multimodais
2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos
selecionados
179
Atividades
HQ da Turma da Mocircnica
HQ do Gaturro e Aacutegatha
Charge
Propaganda
3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados
Organograma
Infograacutefico
Mapa
Recursos
didaacuteticos
Data show Computador Internet folhas A4
Duraccedilatildeo 10 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Fonte Dados da pesquisa 2017
LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS
Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo
Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)
180
Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida
Observe a HQ para responder ao que se pede
1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo
2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo
3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos
4- Por que Cascatildeo saiu correndo
5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos
6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
181
Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha
Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista
Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)
Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha
Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso
em 07 jun 2017
- Observe a tirinha para responder ao que se pede
1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito
2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira
Onde encontramos essas palavras com frequecircncia
3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro
4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando
5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado
6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido
182
Em relaccedilatildeo agrave charge
Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila
Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt
Acesso em 07 jun 2017
- Observe a charge para responder ao que se pede
1- O que eacute igualdade
2- O que eacute justiccedila
3- O que vocecirc vecirc na imagem
4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo
5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila
6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta
183
Em relaccedilatildeo agrave propaganda
Figura 05 ndash Propaganda
Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07
jun 2017
- Observe a propaganda para responder ao que se pede
1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado
2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada
3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo
4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta
184
Em relaccedilatildeo ao Organograma
Figura 06 ndash Organograma
Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso
em 09 ago 2017
1 Criar um organograma
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc
Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar
185
Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico
Figura 07 ndash Infograacutefico
Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago
2017
2 Criar um infograacutefico
Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras
e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas
impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de
causa e efeito (RIBEIRO 2016)
Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla
186
Em relaccedilatildeo ao Mapa
Figura 08 ndash Mapa escolar
Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017
3 Criar um mapa
Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios
ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola
MOacuteDULO 3 Refletindo
Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa
analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no
que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar
questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao
resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba
intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado
187
Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3
REFLETINDO
Accedilatildeo
Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de
atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em
situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos
multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos
Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam
a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as
habilidades de letramento em contexto digital
Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc
Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da
escola e em sala de aula
Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro
2- Vamos de carona nesta viagem
3- Agrave maneira dos antigos
4- Tempo de falar
5- Vamos vender o fedex
6- Pausa para criar
7- Jogo Corrida das letras
8- Nuvem de palavras
Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas
laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais
escolares
Duraccedilatildeo 21 ha
Avaliaccedilatildeo
A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave
melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo
aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo
atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada
um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir
sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir
Fonte Dados da pesquisa 2017
188
ATIVIDADES SELECIONADAS
1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o
momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis
de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a
amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo
companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas
natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler
sem a sua autorizaccedilatildeo
2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras
satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse
do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O
palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra
do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira
com as palavras vamos brincar com as frases abaixo
a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V
b- A+ J pois T+ D
c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T
3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e
as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de
frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse
Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre
CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito
esquisito natildeo eacute R
CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar
FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo
MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal
OUTRAS
- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria
- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D
+ P + e sonho com G
4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por
etapas
1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO
189
a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo
Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem
vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois
b Leia em voz alta o texto
c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou
inverter a ordem Exemplo
Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes
Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois
Ou
Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e
ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois
d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica
e Passe-o a limpo e guarde-o
1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras
Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe
Figura 09 ndash Palavras desenhadas
Fonte Claver 1994 p 33
2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM
190
Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada
telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las
2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com
as palavras
Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo
coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes
Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato
marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa
3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua
significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas
potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida
Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras
satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute
enorme em sua significaccedilatildeo
A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos
relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves
alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas
4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente
O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure
escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com
as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo
Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens
morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem
Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas
feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia
de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada
3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS
191
Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas
anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma
(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio
Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado
Situaccedilotildees
Acham uma saiacuteda
Aparece um super-rato para salvaacute-los
Se devoram
(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se
descobre nu
Situaccedilotildees
Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo
Ningueacutem repara em sua atitude
Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV
c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome
Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca
Situaccedilotildees
Ele morre
Joana fica sabendo do acontecido e se suicida
Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar
Joana arruma outro namorado
d) A histoacuteria de Romeu e Julieta
Situaccedilotildees
Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo
Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um
deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio
Situaccedilotildees
Os gatos resolvem comer os peixes
Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos
192
Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e
morrem
O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos
f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento
enorme Quando o sinal abre o burro empaca
Situaccedilotildees
Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo
O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros
Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida
um texto pelo menos inusitado
Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que
natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA
POR QUEcirc COMO QUANDO
Ainda
Agente ndash ator ou atores
O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita
O tempo ndash eacutepoca
O lugar ndash meio ambiente
As causas ndash origem motivo
As consequecircncias ndash os resultados
Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo
O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo
Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o
redator Vamos laacute
1- Escolha o tem (ou temas)
2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE
TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc
3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o
193
Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que
colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou
que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum
se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o
que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados
as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo
Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas
da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta
Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro
Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida
A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da
liberdade
O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo
Malandro prevenido dorme de botina
As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do
vizinho e croquete do botequim
Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho
Mulher e livro emprestou volta estragado
Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue
As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo
de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga
Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois
Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por
exemplo
Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em
puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo
O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora
O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro
Queridinho eacute o nome de solteiro do marido
Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo
4 ATIVIDADE Tempo de falar
194
Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos
oprimidos
Amor com amor se pega
Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica
Pensar ndash eis um verbo reflexivo
Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar
a verdade numa sentenccedila iluminada
Amai-vos uns agraves outras
Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo
Sereia ndash mulher de ex-cama
Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida
Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus
anda de creacutedito baixo
2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles
mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono
o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da
Telefocircnica
a) Quem cala consente
b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei
c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando
d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura
e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco
f) Catildeo que ladra natildeo morde
3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os
As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem
status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc
Ronald Claver
5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX
195
A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza
Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas
comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees
Pag Pouco
Se eacute Bayer eacute bom
Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal
Tomou Doril a dor sumiu
Pense Forte pense Ford
Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do
consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e
fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade
Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc
Ao sucesso com Hollywood
No Brasil toda mulher tem Charm
Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado
Mulher pelada com automoacutevel
Status social com cigarro
Vigor fiacutesico com remeacutedio
A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc
Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja
Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica
Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha
O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual
das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as
zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em
196
certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela
durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho
do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena
comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo
Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante
1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-
doors televisatildeo etc Selecione-as
2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja
a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc
3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use
todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto
desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol
4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem
5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto
5- Passe a limpo e guarde-a
1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere
2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o
traccedilo
3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe
redesenhe reescreva mostre ao colega
6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR
197
Figura 10 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 58
198
Figura 11 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 59
199
Figura 12 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 61
200
Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O
primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado
Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que
aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta
nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo
aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial
Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras
Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142
ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS
201
MOacuteDULO 4 Praticando
Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos
conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras
a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos
multimodais)
Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO
Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita
Objetivos
Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao
suporte de circulaccedilatildeo
Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma
Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou
coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros
materiais escolares
Duraccedilatildeo 14 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017
202
APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Sinopse
Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que
Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde
fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo
mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo
o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel
Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido
diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo
Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-
banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017
O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno
natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em
casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)
Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso
em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola
Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um
Banana
203
Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar
suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros
pensamentos Vamos laacute
204
Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas
sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica
entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)
Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF
Fonte Dados da pesquisa
205
206
3 CRONOGRAMA
Agosto
Setembro Outubro Novembro
MOacuteDULO I
X
MOacuteDULO II
X
MOacuteDULO III
X
MOacuteDULO IV
X X
REFEREcircNCIAS
CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995
CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG
1992
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba
Editoras 2008
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
2016
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Mestrado
Profissional em Letras (ProfLetras) da
Universidade Estadual de Montes Claros como
requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Letras
Aacuterea de concentraccedilatildeo Linguagens e letramentos
Linha Leitura e Produccedilatildeo Textual diversidade
textual e praacuteticas docentes
Sublinha C ndash Praacuteticas de Letramento e
Multimodalidade
Orientadora Prof Dra Faacutebia Magali Santos
Vieira
Liberado em 04042018
__________________________
Assinatura da Orientadora
Montes Claros ndash MG
2018
A553g
Andrade Florecircncia Vieira Pacheco
Gecircneros digitais e multiletramentos [manuscrito] novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula Florecircncia Vieira Pacheco Andrade ndash Montes
Claros 2018
206 f il
Bibliografia f 163-167 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Mestrado Profissional em Letras
Profletras 2018
Orientadora Profa Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
1 Gecircneros digitais 2 Letramento 3 Multiletramentos 4 Produccedilatildeo
escrita 5 Blog I Vieira Faacutebia Magali Santos II Universidade Estadual de
Montes Claros III Tiacutetulo IV Tiacutetulo Novas praacuteticas pedagoacutegicas em sala
de aula
Catalogaccedilatildeo Biblioteca Central Professor Antocircnio Jorge
Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017
Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e
contemporaneamente diferentes letramentos ao longo
do tempo diferentes letramentos no nosso tempo
(SOARES 2002 p156)
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia
Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional
Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio
Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final
Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade
Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia
Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela
alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento
desta minha formaccedilatildeo
Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e
competecircncia dada em cada disciplina
Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf
Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis
contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e
dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto
Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem
pelas conversas trocas de saberes e amizade
Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de
Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal
do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash
ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo
a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa
regiatildeo
Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa
Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo
Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha
A todos muito obrigada
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos
niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de
ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais
promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero
digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos
envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como
explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo
e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento
sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003
2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001
2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise
quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash
AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz
que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David
Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1
Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)
e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE
revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm
ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por
Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa
evoluiacuteram na escrita
Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog
ABSTRACT
The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and
analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola
Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in
the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of
teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres
promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog
can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this
research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The
technical procedures used were bibliographic research the action research and participant
research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts
and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin
(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)
and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the
data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in
Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity
(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the
guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David
Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2
Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The
analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to
raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school
committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not
yet considered literate the subjects of this research evolved in writing
Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Nuvem de palavras 03
Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39
Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50
Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76
Figura 05 - Texto 1 - AIE 85
Figura 06 - Texto 2 - AIE 85
Figura 07 - Texto 3 - AIE 86
Figura 08 - Texto 4 - AIE 86
Figura 09 - Texto 5 - AIE 87
Figura 10 - Texto 6 - AIE 88
Figura 11 - Texto 7 - AIE 88
Figura 12 - Texto 8 - AIE 89
Figura 13 - Texto 9 - AIE 90
Figura 14 - Texto 10 - AIE 90
Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102
Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102
Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103
Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105
Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106
Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107
Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108
Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110
Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112
Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115
Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116
Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118
Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118
Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119
Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119
Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121
Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122
Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124
Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126
Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127
Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128
Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129
Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131
Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132
Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137
Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139
Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141
Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142
Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144
Figura 57 - Texto 1 - AFE 145
Figura 58 - Texto 2 - AFE 148
Figura 59 - Texto 3 - AFE 148
Figura 60 - Texto 4 - AFE 149
Figura 61 - Texto 5 - AFE 149
Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150
Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152
Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154
LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS
Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31
Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37
Quadro 03 - Falhas de escrita 40
Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42
Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48
Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes 58
Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59
Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61
Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68
Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72
Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84
Quadro 12 - Falhas de escrita 97
Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127
Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari
(1995) (2017) 138
Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147
Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154
Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155
GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15
Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78
Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78
Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79
Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79
Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80
TABELAS
Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69
Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91
Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96
Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101
Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150
Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151
Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152
Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156
LISTA DE SIGLAS
AIE - Atividade Inicial de Escrita
AFE - Atividade Final de Escrita
EEPXII - Escola Estadual Pio XII
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia
PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo
PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo
TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 13
CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19
11 Concepccedilatildeo de linguagem 19
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27
12111 Faceta psicoloacutegica 28
12112 Faceta psicolinguiacutestica 32
121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33
121122 Niacutevel silaacutebico 34
121123 Niacutevel alfabeacutetico 35
12113 Faceta linguiacutestica 36
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41
12114 Faceta sociolinguiacutestica 43
CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45
21 Letramento 45
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47
23 Texto (multimodal) e ensino 52
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56
25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61
CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66
31 Contexto da pesquisa 66
32 Sujeitos 68
33 Procedimentos da pesquisa 70
34 Teacutecnica de coleta de dados 73
CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS
intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77
41 Questionaacuterio 77
42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100
431 Moacutedulo I - Conhecendo 101
432 Moacutedulo II - Dialogando 107
433 Moacutedulo III - Refletindo 121
434 Moacutedulo IV - Praticando 145
4341 Atividade Final de Escrita 146
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158
REFEREcircNCIAS 162
APEcircNDICES 167
13
INTRODUCcedilAtildeO
Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as
perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as
perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)
O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao
conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos
especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que
pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para
poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita
Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas
praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula
para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola
Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de
Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto
sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente
da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo
Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam
na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de
educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na
linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo
sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo
Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado
ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo
Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora
ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica
a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo
(SOARES 2014 p 40)
Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento
construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo
(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea
cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as
praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo
dos multiletramentos
14
Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora
com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas
pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam
niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam
conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e
compreensatildeo de textos
Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola
Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que
pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de
programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash
SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola
Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta
pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves
turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-
se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano
preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da
1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as
diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais
em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como
objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades
pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno
domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em
lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria
de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento
das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar
pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em
lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-
formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017
3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a
valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de
licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a
inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que
desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da
escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017
15
aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho
em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e
em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano
em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o
resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida
escola em diferentes periacuteodos letivos
Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e
padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016
Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)
De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de
Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do
Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que
eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22
dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e
letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para
continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo
com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados
ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades
Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma
intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar
4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm
Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das
seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a
PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo
Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel
Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt
httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de
jan de 2017
0 20 40 60 80
2013
2014
2015
2016
Recomendado
Intermediaacuterio
Baixo
16
possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da
Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica
Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades
de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de
intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das
dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu
para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho
com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e
letramento dos alunos envolvidos na pesquisa
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que
desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico
de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a
aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos
de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo
que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da
turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas
por meio de recursos impressos e digitais
Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada
como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na
realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi
classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados
a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos
a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade
considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de
escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano
III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo
com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO
DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
17
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu
para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional
vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa
pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa
participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a
investigaccedilatildeo cientiacutefica
Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho
de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e
dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido
pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e
classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos
postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira
segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo
compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari
(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e
relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm
ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como
recurso didaacutetico
Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em
praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo
comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo
Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos
matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise
dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir
do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e
selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8
(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas
Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas
falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm
ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda
ordens
18
Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado
ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi
(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado
ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)
Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no
capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos
metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e
(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados
constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog
utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do
nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices
6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser
facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto
(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato
um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR
Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt
Acesso em 30 de jan de 2018
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CAPIacuteTULO I
ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA
Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios
teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se
afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento
teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES
2003 p 40)
As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao
cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de
comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu
cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio
do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns
fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento
multiletramentos e gecircneros digitais
Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)
e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino
da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e
quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC
Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de
Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos
elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa
perspectiva interacionista da linguagem
11 Concepccedilatildeo de linguagem
Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e
linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de
atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm
de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema
organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute
principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de
admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto
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de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa
desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p
61)
Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute
o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem
sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo
a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm
10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas
liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em
territoacuterio nacional
De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se
que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais
crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo
Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos
satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil
existe uma uacutenica liacutengua
Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em
nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos
histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa
forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave
identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam
Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se
como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente
7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em
lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017
8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso
em 30 jan 2017
9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-
20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017
10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo
documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017
11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt
httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7
C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017
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fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se
pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos
compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito
Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel
dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez
que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo
Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre
os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas
de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas
Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna
consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente
somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a
linguagem acontece conforme define o autor
A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado
no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual
a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da
consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo
social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra
nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo
Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia
desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)
Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a
utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e
evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que
se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo
Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza
a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos
indiviacuteduos
Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa
estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto
textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto
de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin
[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de
formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato
psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal
realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui
assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)
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A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui
historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas
da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo
que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo
Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista
sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme
contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata
natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos
os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa
Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na
perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de
reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora
essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo
levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa
forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que
necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que
[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as
pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem
eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima
fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e
relevante (ANTUNES 2003 p 41)
Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre
os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas
principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da
escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo
e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo
da cidadania dos seus alunos
Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de
atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial
dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez
mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem
discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem
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explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem
uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do
princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes
[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo
as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar
nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas
conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda
liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio
social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute
falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)
Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com
clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua
existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a
escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente
escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa
Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG
2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de
Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica
social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade
linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso
Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso
da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas
assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos
compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e
usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa
perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo
de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as
atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a
atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de
textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio
da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo
de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia
discursiva (BRASIL 1998 p 27)
Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio
do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz
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exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees
diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que
estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da
liacutengua
Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o
movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento
metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades
linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas
de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta
leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de
aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender
esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)
sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento
Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo
utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o
entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos
ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem
natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode
exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade
marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e
mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de
analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e
corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)
Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da
nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da
cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo
aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a
indiferenccedila e o consequente fracasso escolar
Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural
por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a
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falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada
e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso
escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica
agraves ideologias que o atribuem ao aluno
Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que
o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou
seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas
quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com
Soares
[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na
aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino
fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de
ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)
Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na
ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o
desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento
como praacutetica social
No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e
letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos
interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de
praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem
a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a
certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do
sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento
Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em
alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima
Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer
uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um
natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que
compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis
Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam
interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo
conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de
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aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo
Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados
tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo
As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as
habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e
reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da
escrita
Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de
experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos
e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)
ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem
da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade
de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na
vida moderna como praacutetica social
Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e
letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo
De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar
alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e
escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e
familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos
muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar
Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem
acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou
por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era
alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler
e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples
Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e
anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da
populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples
Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as
letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso
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demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais
habilidades
Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de
letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo
interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos
que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e
discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita
em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo
Nessa perspectiva
A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita
alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque
este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia
perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)
Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da
alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura
e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a
alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o
letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo
Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do
conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da
leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar
Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como
processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais
facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica
Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da
escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de
28
ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas
tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos
E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre
esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais
complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as
implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua
escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais
12111 Faceta psicoloacutegica
Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do
comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse
modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores
psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana
Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas
teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias
do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem
e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os
mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o
Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget
O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural
segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute
12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual
o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados
como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade
1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo
Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo
de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril
2018
13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e
dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem
interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que
permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo
aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as
aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01
abril 2018
29
pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)
Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua
capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo
das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social
e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da
maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela
linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte
integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente
constituiacutedas
Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock
(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute
essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a
realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das
interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e
cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho
que o homem se torna ativo e social
Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo
intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde
o primeiro dia de vida da crianccedila
A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a
perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de
desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita
Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes
de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de
aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento
proximal foi formulada por Vygotsky e representa
[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar
atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento
potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto
ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)
Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento
proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo
de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o
desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e
30
tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute
foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo
Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento
mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o
proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento
Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da
linguagem escrita
Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao
papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila
Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se
ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute
escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991
p 70)
De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola
preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria
significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo
especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso
significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons
e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades
reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas
se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o
domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do
letramento como praacutetica social
Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo
reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado
de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada
como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser
desenvolvida
Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget
estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento
orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo
particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo
reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida
31
Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza
pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico
De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras
de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento
humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades
e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do
princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global
pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do
desenvolvimento intelectual
Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock
(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do
pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos
observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-
operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais
Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget
Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo
1deg periacuteodo
Sensoacuterio-motor
(0 a 2 anos)
Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo
que a cerca
2deg periacuteodo
Preacute-operatoacuterio
(2 a 7 anos)
Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo
aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual
afetivo e social da crianccedila
3deg periacuteodo Operaccedilotildees
concretas
(7 a 11 ou 12 anos)
A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo
loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou
seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos
de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar
em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da
capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e
mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar
antes de agir
4deg periacuteodo Operaccedilotildees
formais (11 ou 12 anos
em diante)
Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal
abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute
capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo
de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e
mutaacuteveis
Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)
Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os
indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos
passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de
fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma
riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor
procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do
32
desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo
construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento
Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas
influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um
conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a
organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas
Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo
das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o
meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo
os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo
(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a
construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem
Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da
construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo
Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a
evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em
todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar
possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem
construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios
conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com
o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel
ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa
reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos
12112 Faceta psicolinguiacutestica
A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de
uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos
psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da
aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de
ensino-aprendizagem acontece
Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock
(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino
aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por
33
Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o
construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o
conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual
o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila
Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas
experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da
crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino
mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e
de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas
psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma
interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma
situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)
Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita
tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os
propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma
construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo
ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita
Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a
crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso
trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo
121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico
De acordo com Ferreiro
A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute
atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O
progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais
proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-
se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de
grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)
Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees
diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa
que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a
34
representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem
disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da
folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma
ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas
as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas
apenas por ela mesma
Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a
ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo
agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que
falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e
sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou
de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)
121122 Niacutevel Silaacutebico
O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada
uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da
maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com
isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto
qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia
global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra
para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe
os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa
vogal outras vezes consoante e vogal
Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender
a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da
mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem
Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz
por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que
a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez
que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a
aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)
35
121123 Niacutevel Alfabeacutetico
No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber
unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees
entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro
Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu
que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a
siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que
vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)
Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem
conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um
sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim
esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da
constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que
[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse
momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas
natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa
distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as
dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)
Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da
leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico
haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir
expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos
mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)
Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico
que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa
a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel
anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para
que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de
atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de
construccedilatildeo do que eacute ler e escrever
36
12113 Faceta linguiacutestica
A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia
foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via
como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem
Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da
linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou
natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como
ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica
utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que
se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de
aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos
desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja
ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia
Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos
de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre
esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram
baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um
processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O
aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um
som da fala
Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever
ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca
cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo
A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o
que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo
A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que
cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma
a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante
semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a
percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta
capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito
de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender
como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema
37
de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa
das linhas eacute de cima para baixo
Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que
existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio
tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute
complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs
pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo
ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa
regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras
Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras
Letras Fonemas
P
b
t
d
f
v
a
p
b
t
d
f
v
a
Fonte Lemle 1991 p 17
Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos
distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer
uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras
Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse
correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero
restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som
em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma
para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os
processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias
entre sons e letras
Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as
unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de
pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns
dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som
de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]
em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as
38
crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em
que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas
letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z
Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma
rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de
descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao
dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela
memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria
Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas
quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente
acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme
exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma
unidade fonecircmica
Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de
poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som
em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo
fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura
0214
Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo
Fonte Lemle 1991 p 21
Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para
a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial
na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo
14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo
nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)
39
Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras
na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia
artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O
aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo
foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a
primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e
letras
Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no
mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse
caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo
(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela
memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas
sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da
vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por
meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a
construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas
Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender
que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do
sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como
falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme
veremos no Quadro 03 a seguir
40
Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem
Leitura Escrita
Leitura lenta com soletraccedilatildeo
de cada siacutelaba
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)
Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)
Troca na ordem das letras parto (prato) sadia
(saiacuteda)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada
letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo
do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)
Falhas de escrita de 2ordf ordem
Leitura Escrita
Retenccedilatildeo na etapa
monogacircmica Na leitura
pronuncia cada letra
escandindo-a no seu valor
central Uma leitura silabada
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
matu em vez de mato
bodi em vez de bode
tenpo em vez de tempo
azma em vez de asma
genrro em vez de genro
eles falatildeo em vez de eles falam
Falhas de escrita de 3ordf ordem
Leitura Escrita
O aluno eacute capaz de pronunciar
as palavras de forma natural
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e
na escrita faz troca
entre letras
concorrentes
accedilado em vez de assado
trese em vez de treze
acim em vez de assim
jigante em vez de gigante
xinelo em vez de chinelo
chingou em vez de xingou
puresa em vez de pureza
sau em vez de sal
craro em vez de claro
operaro em vez de operaacuterio
Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41
Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de
aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se
depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que
ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute
considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo
superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)
Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo
da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de
escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o
professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da
41
sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada
dificuldade encontrada
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita
O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre
como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo
(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo
Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita
representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos
fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam
para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas
dificuldades
Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento
das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o
conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo
fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades
no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-
fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de
acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos
como veremos no Quadro 04 a seguir
42
Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita
1 Transcriccedilatildeo
Foneacutetica
Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar
i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)
2 Uso indevido de
letras
O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a
ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo
consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees
foneacuteticas
3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra
como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo
4 Modificaccedilatildeo da
estrutura segmental
das palavras
Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de
aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n
v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e
ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno
e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas
5 Juntura
intervocabular e
segmentaccedilatildeo
Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da
continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)
6 Forma morfoloacutegica
diferente
Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm
caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo
(ldquodepoisrdquo)
7 Forma estranha de
traccedilar as palavras
Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia
8 Uso indevido de
letras maiuacutesculas e
minuacutesculas
Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com
letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como
pronomes pessoais
9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns
alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e
sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til
10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte
de textos de produccedilatildeo espontacircnea
11 Problemas
sintaacuteticos
Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos
textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita
como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo
Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)
Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo
com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos
desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido
de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa
outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras
representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas
letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa
para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma
estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras
43
maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos
ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas
sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e
apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)
Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no
Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos
para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento
das competecircncias comunicativas dos alunos
12114 Faceta sociolinguiacutestica
Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma
a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja
no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais
Segundo Bagno (2014 p 13)
A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo
em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)
de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de
representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo
social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso
sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais
dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)
Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute
intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade
De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila
linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para
a sociolinguiacutestica
Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora
de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta
o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a
gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa
forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala
Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a
fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa
As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam
44
tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos
falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social
cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da
liacutengua
Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser
padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na
sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante
disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente
do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua
Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica
Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a
liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a
liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando
ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade
de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa
45
CAPIacuteTULO II
GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS
Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e
tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais
variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais
21 Letramento
Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de
quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo
(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo
globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas
transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve
e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]
aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o
indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social
cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo
Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo
social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada
Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de
ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees
(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que
ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas
sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo
alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se
alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute
na Educaccedilatildeo Infantil
Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita
como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma
de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever
Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a
praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman
(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o
46
coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas
em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao
conceito de letramento
Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de
alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica
habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social
Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito
mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc
Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos
quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a
cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco
dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer
e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que
estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas
habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a
falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse
processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de
letramento A esse respeito Soares indaga
Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades
e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos
de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar
adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem
ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em
contextos escolares (SOARES 2014 p 83)
Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de
letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato
de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades
que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda
que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois
exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros
para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de
avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos
47
Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem
como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo
e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as
definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes
ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a
justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo
imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no
campo educacional e social
Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)
ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de
leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das
necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo
Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma
definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e
medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila
entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo
Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem
satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem
profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os
usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p
104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional
ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas
habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso
de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de
habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de
natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas
sociais
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa
Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um
promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que
participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a
importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros
textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente
48
relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a
grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos
entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo
Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem
mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das
competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e
gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de
informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo
existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de
aprender
Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo
mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute
especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave
circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo
Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma
ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de
teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a
multimodalidade e os multiletramentos
Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees
Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos
contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas
linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de
compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar
(ROJO 2012 p 19)
Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas
de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber
analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e
linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar
seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como
eacute utilizada
Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais
exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca
que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da
informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)
49
implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os
letramentos como podemos observar no Quadro 05
Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos
Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos
1ordf
A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios
analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais
morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e
de fazer circular textos na sociedade
2ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes
raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica
desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades
3ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade
sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais
das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento
4ordf
A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades
multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta
mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de
outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que
o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites
dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)
Fonte Rojo 2009 p 105
Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas
mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em
diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens
cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo
requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos
letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a
perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo
Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o
nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses
recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos
da contemporaneidade
Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e
hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes
permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de
comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que
[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos
possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita
(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo
eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e
democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos
multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)
50
Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos
multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia
pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes
mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas
propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia
Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo
apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e
ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como
organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar
Quais textos e como abordaacute-los
Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que
dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de
circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008
p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais
podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou
especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo
Bakhtin defende que
[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre
relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos
dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o
que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se
em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos
integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)
Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de
atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar
acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar
de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade
humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia
Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes
posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a
inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras
da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo
Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas
ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo
51
Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos
Fonte Rojo 2009 p 110
A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita
impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da
liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em
uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em
e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua
Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos
das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos
que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees
e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as
condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos
polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais
com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em
sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)
Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura
global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees
que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com
isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos
criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens
com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade
social
Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-
lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de
expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente
52
porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso
das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes
compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler
23 Texto (multimodal) e ensino
No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento
de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua
vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de
estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos
Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de
Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma
praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente
sejam orais ou escritos impressos ou digitais
A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da
compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica
textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e
cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais
e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do
princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras
ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos
De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a
orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)
adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo
em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo
Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras
escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da
liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das
pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de
palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita
Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de
nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar
na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo
Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a
concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas
53
propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de
multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes
consideraccedilotildees
1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como
sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc
2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto
aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)
e o texto se torna em geral multimodal
3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e
solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)
4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais
como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser
processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)
Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente
linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados
principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente
multimodal
Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto
multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos
semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos
(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se
integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de
acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos
constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas
muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo
Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos
cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam
pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo
demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam
as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo
Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em
imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de
leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e
de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma
54
linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no
discurso
Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se
compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o
desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a
Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen
Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por
Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs
metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a
experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por
meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes
interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da
composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida
entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados
tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de
demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo
composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os
elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a
relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo
dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo
de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados
representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do
texto
Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos
processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental
importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido
e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-
sujeitos
Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e
que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da
linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e
envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob
essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as
seguintes consideraccedilotildees
55
Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria
envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das
informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem
selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir
em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)
Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a
necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos
que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da
vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo
a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta
estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora
dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram
insatisfaccedilatildeo em produzir textos
Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua
percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere
nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha
contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir
um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta
Bakhtin
[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de
que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui
justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma
espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa
extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio
comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)
Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e
que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos
uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar
propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa
competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de
leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que
privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso
56
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar
Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem
transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica
pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de
conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no
contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode
desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de
letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem
contextualizadas e significativas
Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos
principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada
vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta
transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo
dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas
transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e
transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar
de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com
a educaccedilatildeo
A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva
das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que
foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico
deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a
internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas
instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma
vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito
Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393
milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de
rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet
Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um
salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade
socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees
financeiras
57
Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no
nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de
microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No
entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros
equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel
celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet
(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos
percentuais)
Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com
exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a
pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo
mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira
Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria
constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet
em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-
se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir
desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo
indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015
todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do
grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52
em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute
sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas
com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de
instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente
ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois
para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021
milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e
as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a
mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do
contexto escolar
15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt
httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018
58
Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados
pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de
sentido para o aluno e para a sociedade
Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves
necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como
ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa
maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo
em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo
presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola
A esse respeito Coscarelli afirma que
[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com
competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso
Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura
tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online
viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)
Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para
viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a
tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade
de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de
gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente
quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante
competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais
Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que
ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos
caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos
concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo
Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo
presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou
seja da internet para se materializarem
Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma
de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta
como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um
gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de
59
fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes
no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim
compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo
com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a
ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua
essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo
Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por
ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes
Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes
1 E-mail Carta pessoal bilhete correio
2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)
3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)
4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)
5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)
6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada
7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia
8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais
9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate
10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()
11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal
12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas
Fonte Marcuschi 2010 p 37
Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas
particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos
reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses
gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o
estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as
experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas
No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute
existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam
caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece
de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa
anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07
60
Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo
Participantes Tempo
Siacutencrono Assiacutencrono
Bilateral Chat reservado E-mail
Multilateral Chat em salas abertas
Aula chat
Informaccedilotildees listas de
discussatildeo blogs
Fonte Marcuschi 2010 p 38
Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que
ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees
discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os
gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem
produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e
participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como
o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto
permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos
textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)
Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute
a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes
da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos
comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam
dinamismo ao que eacute lido ou escrito
Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da
multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)
estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso
e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir
discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos
aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido
devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo
ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave
congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da
multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de
recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de
ampliar horizontes e natildeo restringi-los
61
Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero
escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que
definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que
ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador
de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar
os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)
25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino
Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso
pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre
linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010
p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo
Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a
definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet
representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura
uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com
que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo
definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi
(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e
processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios
sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros
digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no
processo de escrita
A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente
empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados
frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e
popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash
rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as
posiccedilotildees do dia)
O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos
gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de
levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades
desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat
62
agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat
videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte
do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como
ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI
Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo
para definiccedilatildeo de
gecircnero
Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono
Duraccedilatildeo Indefinida
Extensatildeo do texto Indefinida
Formato textual Texto corrido
Participantes Muacuteltiplos
Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos
Anocircnimos
Troca de falantes Inexistente
Funccedilatildeo
Interpessoal
Luacutedica
Tema Livre
Estilo Informal
Canal semioses Texto com imagens
Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo
Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41
Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal
assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por
isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de
produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende
da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute
um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos
e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo
visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de
interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a
atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou
natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro
natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de
falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um
63
caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees
entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e
a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de
significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a
possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas
traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o
gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer
que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e
mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo
Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute
confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site
eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos
[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees
diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede
Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus
gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios
textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos
usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast
on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre
usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um
recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)
acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e
opinativosrdquo
Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a
internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem
opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no
blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos
links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em
forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista
As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em
evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de
16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em
lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016
64
habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela
interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica
conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que
[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das
tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os
dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e
compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado
em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web
navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais
apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de
competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p
21)
Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros
nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas
no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a
possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que
[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das
possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas
potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os
discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos
textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros
aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)
Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as
competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece
atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso
Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em
linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo
Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre
vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades
entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir
textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso
que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p
81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da
esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade
enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto
como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as
formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos
65
estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas
quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo
Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e
tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica
a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar
faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais
mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre
esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre
noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes
para Bakhtin eacute
[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os
outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu
nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes
quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo
simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave
reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha
vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a
mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a
narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas
tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade
biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)
Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos
constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre
si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as
accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado
Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem
eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria
vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo
Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo
sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento
vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a
vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato
comunicativo
66
CAPIacuteTULO III
PERCURSO METODOLOacuteGICO
Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no
desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem
metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como
procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A
coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita
e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e
ortograacutefica
31 Contexto da pesquisa
O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na
Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo
eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde
acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade
A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo
Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem
celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares
os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as
danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio
Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees
culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo
a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular
De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende
a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos
Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos
desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de
esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes
familiares
No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo
para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo
67
acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem
diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e
conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica
para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de
vida
A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda
comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca
da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura
empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e
participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a
integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e
transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio
Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas
tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes
nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo
necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas
pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios
miacutenimos
Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta
com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso
agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria
cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de
informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados
necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com
um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o
desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos
nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas
para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem
pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico
Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino
Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)
turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede
(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)
turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio
68
Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito
alunos
32 Sujeitos da pesquisa
O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de
Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na
escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute
composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por
coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir
Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF
Fonte Dados da Pesquisa 2017
Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados
mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute
Coacutedigo Nordm informante
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
EL 8
FA 9
FR 10
IR 11
JP 12
JR 13
KA 14
LV 15
MS 16
MC 17
ND 18
PC 18
PE 20
RR 21
RG 22
RC 23
TM 24
YM 25
69
extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas
de dados
De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e
esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com
procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o
criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que
quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de
intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os
indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos
pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza
qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo
Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos
selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a
trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso
escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram
devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos
negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo
repetentes conforme podemos ver na Tabela 01
Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI
Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm
ano pela 1ordf vez
Cursando o 6ordmano
1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez
EA Masc 11 anos 2016 2017
FA Masc 11 anos 2016 2017
IR Masc 12 anos 2015 2016 2017
JP Masc 11 anos 2016 2017
JR Fem 13 anos 2015 2016 2017
LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017
ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017
TM Masc 12 anos 2015 2016 2017
Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017
Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino
Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da
70
tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda
vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo
acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os
outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo
Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de
alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de
certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de
primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta
que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e
experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras
textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades
necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto
Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos
Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e
compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees
de escrita para compor o PEI
33 Procedimentos da pesquisa
O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como
premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois
o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de
sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia
humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente
para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias
vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma
metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico
De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento
provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da
experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa
cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional
e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a
realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola
Estadual Pio XII
71
Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e
sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo
Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica
pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o
direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa
eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos
teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo
Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre
ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL
2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar
analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir
disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados
Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos
fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade
Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a
pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento
teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem
alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita
Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se
caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo
com Thiollent
Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e
realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou
problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT
2005 p 16)
Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica
aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo
professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica
que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem
Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que
ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre
72
pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora
esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases
Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das
seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10
Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico
1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino
Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de
aprendizagem em leitura e escrita
2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico
3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita
4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de
escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico
5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para
o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental
Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017
Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do
problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com
os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem
terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de
acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora
Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade
linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante
dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8
(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII
A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito
anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre
alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman
(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na
escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados
na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer
ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo
teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de
escrita dos sujeitos da pesquisa
73
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da
pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura
e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A
escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo
de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog
funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional
pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade
animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam
mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem
como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio
de recursos impressos e digitais
Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo
Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada
a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o
autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende
atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados
para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados
34 Teacutecnica de Coleta de Dados
Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante
questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de
Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE
(APEcircNDICE D)
De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta
de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados
aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou
fenocircmenos que se desejam estudarrdquo
A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma
daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos
aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e
escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse
contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente
real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida
preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse
74
instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos
haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar
Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos
e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos
Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada
de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do
entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo
correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo
modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)
Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e
Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se
maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla
economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de
respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel
Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por
cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano
e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico
O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula
com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de
maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo
para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial
de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que
necessitavam de atendimento especiacutefico
Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)
objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle
(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira
ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as
arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)
segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos
elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso
didaacutetico
75
Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de
Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a
importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender
O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de
aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI
ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem
coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente
daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a
desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos
explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema
baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de
ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada
e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de
conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas
as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-
aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em
momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a
perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao
espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da
escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)
representando o processo educacional atual
76
Figura 04 Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses
quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em
torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver
atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o
gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva
auditoacuterio sala de multimeios
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
77
CAPIacuteTULO IV
GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas
em sala de aula
Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De
acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que
implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou
estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a
interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar
pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees
teoacutericas torna-se muito relevante
Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis
de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle
(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo
ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a
retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo
41 Questionaacuterio
O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017
em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula
A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais
acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de
acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam
a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para
fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter
informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas
Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam
presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta
constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na
escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam
responder
78
Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares
diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que
nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso
Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)
observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas
horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de
uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos
dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online
Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2
Fonte Dados pesquisa 2017
Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os
alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o
13
30
2 2 10
2
4
6
8
10
12
14
Em casa Em Lan
House
Na escola Outros
lugares
Natildeo uso Natildeo soube
responder
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
0
8
3
7
3
0
2
4
6
8
10
Menos de
uma hora
Uma hora Duas horas Mais de
duas horas
Nunca
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
79
celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e
142 afirmaram natildeo utilizar a internet
Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que
o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na
atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir
do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo
prevalece mais
Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou
laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194
responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No
graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que
sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou
o acesso agrave internet na escola
Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4
Fonte Dados da pesquisa 2017
58
41 0
30
2
4
6
8
10
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
0
5
10
15
Sim Natildeo Natildeo souberam
responder
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o
computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para
realizar atividades escolares
80
Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19
computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso
Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com
as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno
Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins
pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas
preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e
habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir
linguagem por meio de diferentes miacutedias
A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os
assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que
4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo
souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o
graacutefico abaixo
Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5
Fonte Dados da pesquisa 2017
Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de
conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de
pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem
que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter
contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar
uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam
o letramento digital
Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a
maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da
teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo
Redessociais como
Jogoseletrocircnicosna internet
BlogsSites depesquisa
Natildeosouberamresponder
5ordm 10 6 0 0 5
10 6 0 0 5
5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo
81
de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta
saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de
conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere
Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25)
Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental
no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua
Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por
meio de novas experiecircncias
Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o
acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que
eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto
de inserccedilatildeo social e digital
Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para
as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto
para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo
e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e
de promover o letramento digital
42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20
(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos
dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas
horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos
matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes
Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos
presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as
caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia
narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se
conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim
82
o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo
procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser
Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da
comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica
de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos
motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)
leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu
registro)
O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo
ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam
como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana
A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de
cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo
construindo a nossa histoacuteria particular
Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em
apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da
obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante
justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a
histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar
de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de
maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como
a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita
No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos
ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a
leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura
individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com
a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade
de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada
paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc
personagens protagonistas do livro
O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor
a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano
escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita
Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave
construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave
83
construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo
introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse
sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da
leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada
leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que
motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave
ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo
da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas
analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de
sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo
Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de
sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram
muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de
inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem
alfabetizados
Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno
deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos
comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida
futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista
de informantes para essa anaacutelise
84
Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF
Fonte Dados da pesquisa 2017
A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)
textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de
categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita
espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os
quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por
Cagliari (1995)
Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)
textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez
textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e
exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle
(1991)
Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis
e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento
Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem
INFORMANTE
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
FA 8
FR 9
IR 10
JP 11
JR 12
LV 13
MS 14
MC 15
ND 16
PC 17
PE 18
RR 19
RG 20
TM 21
85
disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute
escrito
TEXTO 1 (1ordf ordem)
Eu masine januaria
eu vivo coanilha natildee neu Pai
Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 2 (1ordf ordem)
Eu naci
januaria
e cogo muto de sai tasia
natildeo gosta de Batatina
A mina vida e asai
FIM
Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE
86
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 3 (1ordf ordem)
O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou
nuito felis com milha familha
Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 4 (1ordf ordem)
Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta
Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE
87
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)
Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo
natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando
mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo
Taeubofesorra
Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 6 (2ordf ordem)
88
meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de
brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu
natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa
89
Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)
Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu
moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de
susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles
fica zombavam de mim em tam essa e minha vida
Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 8 (3ordf ordem)
Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique
Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer
ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em
Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente
das outras pessoas
Fim
90
Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 9 (3ordf ordem)
Eu sou
Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto
de jogar no computador
Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto
Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula
Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar
entatildeo eacute isso so eu
91
Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 10 (3ordf ordem)
Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria
Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar
sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco
timido
Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
92
Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para
levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais
foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari
(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores
alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores
envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa
Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado
nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre
93
Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
T
ran
scri
ccedilatildeo
fo
neacutet
ica
Uso
in
dev
ido
de
letr
as
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
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ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Fo
rma
mo
rfo
loacuteg
ica
dif
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te
Fo
rma
est
ran
ha
de
tra
ccedilar
as
letr
as
Uso
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iuacutesc
ula
s e
min
uacutesc
ula
s
Ace
nto
s g
raacutefi
cos
Sin
ais
de
po
ntu
accedilatilde
o
Pro
ble
ma
s si
ntaacute
tico
s
I1 2 4 1 1 1
I2 6 7 5
I3 8 2 3 3
I4 1 3 4 3
I5 4 3 5 2
I6 1 1 1 1 4
I7 1 1 7 5 1 4 5 3
I8 2 2 4 2 4
I9 2 1 7 3 3 9
I10 2 2 3 2 2 1 1 3
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5 4
I13 2 4 2 2 2 3
I14 1 2 2 7 5 11
I15 3 1 1 8 2
I16 2 2 2 3 1 1
I17 3 2 1 1
I18 5 1 1 10 1
I19 9 6 3 12 11
I20 2 3 3 4
I21
Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que
maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias
94
seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas
sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias
Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa
pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos
apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor
vai depender de cada texto
Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que
revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte
das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute
o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo
precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no
TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo
Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para
representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar
no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha
Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita
e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento
linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita
desde os primeiros anos escolares
Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois
grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica
que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica
traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita
fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para
poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um
compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o
tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim
Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do
leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica
Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno
natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo
consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)
Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto
aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros
e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a
95
escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras
Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base
a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base
A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito
comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno
natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois
de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para
todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso
sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar
Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua
escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e
escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar
preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem
um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno
descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que
ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma
em letra em palavra em texto
Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai
construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso
aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo
precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou
seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de
formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida
no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a
competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o
uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem
comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de
maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio
Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira
espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe
parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos
brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-
se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita
a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a
96
escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a
ortografia
Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma
espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O
primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita
fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente
Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para
correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o
que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para
que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o
Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem
cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis
de escrita dos alunos
Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas
ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e
anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se
gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs
Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos
dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel
ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos
livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram
as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita
Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial
de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo
com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e
decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta
psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua
De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir
o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou
etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o
niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle
na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a
usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante
e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de
escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo
97
estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel
alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim
constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram
consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica
Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o
conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora
ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave
alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que
1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e
siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas
situaccedilotildees
2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5
(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3
A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras
bastante semelhantes
3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos
natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas
aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na
escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em
Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como
de conceito de palavra respectivamente
4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso
sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute
equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos
que devem ser ensinados gradativamente
Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute
a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de
palavra
Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de
escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela
poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com
as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de
aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as
arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora
como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem
98
De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita
fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para
essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir
Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira
ordem
Falhas de segunda
ordem
Falhas de terceira
ordem
I1 X
I2 X
I3 X
I4 X
I5 X
I6 X
I7 X X
I8 X
I9 X
I10 X
I11 X
I12 X X
I13 X
I14 X
I15 X
I16 X
I17 X
I18 X
I19 X
I20 X
I2117 X
TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100
Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem
falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem
Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas
de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos
que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por
entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos
poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de
escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens
considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina
Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf
ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para
a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira
17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi
selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano
99
ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE
1991 p 41-42)
Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da
amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para
melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de
aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos
natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois
escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos
Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos
selecionados
Falhas de escrita de
1ordf ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos
selecionados
TEXTO 1
TEXTO 2
TEXTO 3
TEXTO 4
TEXTO 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequencias dos sons e
as sequencias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto
(gosto)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
tasia (passear)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som
gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai
(assim) voma (forma)
Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)
nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)
dodiabo em vez de do diabo
Falhas de escrita de
2ordf ordem
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
O aluno faz a
transcriccedilatildeo foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
bejo em vez de beijo
cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu
pofessora em vez de professora
Falhas de escrita de
3ordf ordem
TEXTO 7
TEXTO 8
TEXTO 9
TEXTO 10
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e na
escrita faz troca entre
letras concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade
profesora em vez de professora
o em vez de ou
Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa
Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque
os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as
100
sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina
(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo
distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)
asai (assim) voma (forma)
Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como
quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar
em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha
(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do
diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O
uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)
Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a
transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com
a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa
vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora
Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita
ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez
de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo
Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute
produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as
letras
Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos
alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante
21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta
Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da
abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de
desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do
diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar
as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita
Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor
sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando
apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da
101
fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de
aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter
conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a
superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo
Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios
por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar
as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo
Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo
seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem
alfabetizados
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas
6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle
(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido
reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o
informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por
parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do
6ordm ano JF
Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com
a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio
XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos
especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis
de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver
habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para
blog
A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro
moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash
Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando
Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas
semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras
disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio
definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na
102
segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da
turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica
e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees
estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o
falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola
foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral
Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao
teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro
moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga
horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir
Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI
MOacuteDULOS Meses Datas Carga
horaacuteria
Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha
Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha
Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha
26 27 30 31 ----
Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha
Total 42
aulas
Fonte Dados da pesquisa 2017
431 Moacutedulo I ndash Conhecendo
Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC
Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as
caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais
da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de
imagens e de movimentos
18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto
103
Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente
digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades
de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva
dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de
conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de
exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta
de trabalho
Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as
contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode
ser visualizado na figura abaixo
Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens
entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa
diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo
dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power
point
104
Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto
de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por
outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de
familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se
realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da
inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute
em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo
105
Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a
leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e
concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque
estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal
Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto
compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma
palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta
multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van
Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza
por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo
dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos
cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos
semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um
recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de
pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na
figura 18
Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O
primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs
106
literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro
ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas
ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de
Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos
na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs
Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas
abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc
tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome
teria
Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o
tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil
apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo
abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12
Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo
Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da
escola tem muitas fotos dos alunosrdquo
Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo
Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos
a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a
escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi
esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas
atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar
diversos assuntos
Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas
possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs
como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica
Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus
gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno
grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita
Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo
Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo
ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute
107
httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do
acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo
A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e
conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos
surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a
proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante
orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura
das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo
Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-
vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
108
Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em
10 nov de 2017
432 Moacutedulo II ndash Dialogando
Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem
Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das
atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as
discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa
e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas
dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois
com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que
eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar
Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos
textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o
contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da
leitura multimodal
O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo
sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral
e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
109
Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as
especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas
sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica
como podemos visualizar logo abaixo
Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-
dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees
sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo
(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p
346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees
procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar
dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles
foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que
[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um
discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa
ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para
executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o
processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas
primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)
110
Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no
laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais
Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos
selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees
pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram
instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que
tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que
sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura
dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os
traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras
Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma
charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a
quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento
algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos
visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e
traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as
cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a
palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria
111
Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida19
Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a
situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa
forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e
leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ
a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a
produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da
situaccedilatildeo comunicativa
De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo
vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o
processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na
memoacuteriardquo
19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela
professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016
112
Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos
conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento
enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e
experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes
perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute
saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm
quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais
fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens
das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da
narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos
Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na
sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de
natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa
discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do
estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera
ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade
Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico
da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)
Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram
significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no
capiacutetulo I deste trabalho
Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que
os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar
linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e
importacircncia social nas praacuteticas de letramento
Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van
Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios
modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados
representacionais interativos e composicionais
113
Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila
Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-
justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017
A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao
centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros
diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob
anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa
Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR
Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida
de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na
composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a
crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short
preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas
Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos
tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2
no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de
accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os
braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores
114
funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e
coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede
de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o
significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado
representacional da realidade da desigualdade social
Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os
elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes
interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo
haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os
cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de
oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao
PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma
relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI
Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados
todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia
maior dos observadores
Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos
diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do
texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar
subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz
um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo
PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima
de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em
desvantagem em desigualdade
Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo
superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que
tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a
possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
primeiro
Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo
relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e
a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge
que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder
pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees
115
desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas
em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo
O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo
na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do
PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao
jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas
relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a
desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O
que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade
natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual
ou injusta
Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os
informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas
Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida
provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise
Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes
no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e
natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os
sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo
e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em
resposta agrave questatildeo 3
Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade
com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir
do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo
com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma
sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma
que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos
indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna
o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)
De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na
atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa
leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical
imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)
Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de
textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo
116
tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais
Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute
e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos
primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas
questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm
dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos
Vocecircs gostariam de produzir textos como esses
Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos
organograma mapa e infograacutefico
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo
os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24
Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017)
O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise
Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns
alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a
estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem
disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem
conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita
117
como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes
da correccedilatildeo ortograacutefica
Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto
acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De
acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras
Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem
trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais
letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)
Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro
[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o
constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel
agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula
amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees
de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias
etc (RIBEIRO 2016 p 31)
118
Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV
materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total
estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o
proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na
escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees
tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo
Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo
Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas
receitas Ficou divertidordquo
Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para
pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site
de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico
Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros
e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos
foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo
Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do
blog sugerido na pesquisa online
Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate
tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam
escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um
debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma
diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre
concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos
pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas
sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de
bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram
digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica
20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em
lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017
119
Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas
Fonte Acervo da pesquisadora 2017
Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate
Fonte Dados da pesquisa 2017
120
Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao
separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as
121
informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos
infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico
deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p
32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras
isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo
Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do
infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por
muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto
de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo
exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda
concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos
Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e
talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo
multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e
expressar nossas ideias e gostos
Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre
letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos
construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo
(RIBEIRO 2016 p 35)
Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima
produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em
relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas
menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra
122
Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da
escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da
ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)
constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo
comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo
com esserdquo
433 Moacutedulo III ndash Refletindo
Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno
pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico
tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder
observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os
diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos
fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do
seu proacuteprio aprendizado
Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com
o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o
desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as
especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
123
Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre
os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico
e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a
respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento
e da interaccedilatildeo
A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no
laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu
9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar
nas fotos abaixo
Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca
Fonte Dados da pesquisa 2017
Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram
aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade
2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de
falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo
Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para
essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8
124
A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de
Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para
melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute
a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa
forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de
conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo
Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas
dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de
sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo
ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente
reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo
Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto
de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade
pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar
o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever
pintar entre outros
No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou
natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas
orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada
um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A
exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser
visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32
125
Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
126
Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio
de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por
representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz
parte dessa faixa etaacuteria
A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo
com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam
assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio
Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao
aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica
Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples
salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade
Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da
tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as
redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno
Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a
analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e
situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto
crocircnica etc)
Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e
o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria
passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que
determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo
com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias
textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com
subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados
caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos
127
Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de
sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial
Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral
Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)
apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da
mesma maneira as respectivas produccedilotildees
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham
uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se
chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em
perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental
n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca
entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que
estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo
sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha
128
ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda
apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia
Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num
quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir
seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo
Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas
caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo
Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia
narrativa
Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo
Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir
Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e
conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles
deram de cara com um gato faminto
Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome
pois as comidas ficaram no chatildeo
Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos
Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram
asfixiados
Fonte Dados da pesquisa 2017
129
O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo
aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor
desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de
ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a
exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita
ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica
Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a
escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de
terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se
da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim
escolher a letra certa para simbolizar cada som
b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para
as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica
sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se
safar d) Joana arruma outro namorado
Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com
uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a
situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto
registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na
escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos
comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita
inadequada un
130
Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao
compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle
[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a
pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que
o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um
som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)
Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita
ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos
exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao
pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros
problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v
transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como
podemos ver logo abaixo
Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala
pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
131
Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas
situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a
leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google
Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
132
Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela
verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a
histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo
na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme
Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos
carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias
de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da
cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa
(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo
de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com
comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da
133
produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com
o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)
azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras
Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a
importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees
linguiacutesticas para captar o conceito de palavra
Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um
sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca
e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado
mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo
paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em
momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo
abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos
Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
134
Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem
medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens
leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros
problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras
intervenccedilotildees
A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa
atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo
Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda
[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio
interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a
propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido
de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos
ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)
Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as
orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da
propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes
e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as
ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e
postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees
arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos
populares proveacuterbios giacuterias etc
Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e
classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a
seguir
135
Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
136
Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
137
Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
138
Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica
Fonte Dados da pesquisa 2017
139
Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo
momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No
quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados
pelos autores
Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e
Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias
TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende
Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo
Acentos graacuteficos suite suiacutete
TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc
Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela
TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela
anor amor
Troca de letra concorrentes pas paz
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha
cozinha solho sonho
TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde
vende omde onde vend vende veloso veloz
Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho
Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser
Troca de letras viaza viajar
TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado
TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi
catado encantado sei sem espelasa esperanccedila
Omissatildeo de letras barro bairro
Troca de letras rumeros nuacutemeros
Fonte Dados da pesquisa 2017
Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se
identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno
perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma
intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados
primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua
proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que
escreve
A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI
1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se
representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome
A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e
avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou
escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria
retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo
140
conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o
jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra
inicial
De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute
uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda
acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita
diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a
aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira
que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre
talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute
tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias
Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima
atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar
das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar
mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia
Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos
esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a
escrita conforme a montagem de fotos abaixo
141
Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7
Fonte Dados da pesquisa 2017
Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores
afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que
[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma
componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as
perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama
indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute
ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI
1990 p 49)
Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-
relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos
ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo
incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar
Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade
exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo
uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia
das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo
dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes
21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de
palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico
wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em
lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017
142
cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como
esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud
Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas
versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem
tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis
de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas
pessoais ou sobre a tela de Portinari
Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de
informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site
que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso
ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa
forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a
seguir
Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8
Fonte Dados da pesquisa 2017
143
Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para
conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso
deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para
exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados
Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma
1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma
vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn
em
011117
2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -
Atividade Final Anocircnimo
em
011117
3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio
do aluno Lucas Aquino sala CM
4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5
LUCAS
AQUINO
em
011117
5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim
em
011117
6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ
em
011117
7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo
coletiva Lais e Paulo C
em
011117
8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade
Final Maria Helena
em
011117
9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo
divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo
Amanda
Kathleen
em
011117
10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -
HQs Sherazade Santos
em
011117
11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da
atividade 8 Nathalia e Laura
em
011117
12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo
em
011117
13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan
em
011117
14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo
em
011117
15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento
em Hoje eacute dia de diversatildeo
PAULA ANA
CLARA
em
011117
16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA
DAHORA PARABEacuteNS
17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio
em
011117
144
18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo
em
011117
19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos
em Atividade 7 Florecircncia Vieira
em
301017
20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane
em
301017
21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da
Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues
em
301017
22 Ficou muito bonita em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves
em
301017
24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues
em
301017
25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro
em
301017
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev
2018
Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam
aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de
aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos
de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo
Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura
e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu
consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos
digitais possibilitando o letramento digital
Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que
[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25-26)
Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia
no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino
para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras
145
atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais
Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de
pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador
Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas
em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade
Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que
em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo
eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que
eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos
fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo
inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno
perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele
vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades
Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os
participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo
haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo
ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos
ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados
Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas
de tela abaixo
Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral
Fonte Dados da pesquisa 2017
146
Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico
Fonte Dados da pesquisa 2017
De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como
um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito
mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de
praacuteticas de leitura e de escrita
434 Moacutedulo IV ndash Praticando
Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica
dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da
tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em
colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI
Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor
e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na
publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a
pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute
que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos
Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas
destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade
Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do
147
blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e
diversatildeo
4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE
A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo
as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma
conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia
narrativa conforme Cavalcante (2013)
Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia
da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola
nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha
impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens
Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de
Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo
A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica
estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso
era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias
Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais
e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]
os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou
em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010
p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto
Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um
banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem
principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais
uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem
narra de maneira divertida em seu dia-a-dia
O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo
para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos
da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira
paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo
chama de livro de memoacuterias
A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve
a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos
148
foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita
ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica
Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os
informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas
de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento
Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final
Fonte Dados da pesquisa 2017
Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente
com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles
apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e
da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos
com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os
problemas de escrita foram minimizados
Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e
digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis
Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
INFORMANTES
1 EA 7
2 FA 8
3 IR 10
4 JP 11
5 JR 12
6 LV 13
149
Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
150
Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos
da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e
caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos
fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos
utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo
da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05
registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos
em anaacutelise
151
Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
T
ran
scri
ccedilatildeo f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
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tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e
maiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 10 1 1 4
I10 1 4 1 1
I11 1 4 1
I12 1 2 1 1
I13 10 1 1 2
Total 2 26 4 4 7 3 46
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados
principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias
Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas
sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de
aprendizagem da escrita
Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as
ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e
assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos
152
Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tra
nsc
riccedilatilde
o f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e m
aiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 2 2 4 2
I9 2 1 7 3 3
I10 2 2 3 2 2 1 1
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5
I13 2 4 2 2 2
Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila
significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao
constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo
ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e
minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo
Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE
Categorizaccedilatildeo AIE AFE
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26
Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4
Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por
Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais
da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo
com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios
com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais
153
houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas
apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido
Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as
ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias
precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao
compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir
Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como
no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra
provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de
novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no
TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez
de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3
fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda
em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de
porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram
encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas
de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas
154
palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi
por desde
Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute
superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la
na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso
sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que
promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das
ideias e organizaccedilatildeo espacial
Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute
comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas
linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por
Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os
alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por
cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos
distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute
que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim
que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)
Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela
uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora
quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os
alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de
sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo
(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao
utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus
textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante
8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo
155
Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas
eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno
precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele
compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees
entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir
e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias
Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras
considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle
(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que
satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo
relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16
Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA
Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com
uma letra
Biuniacutevoca
Relaccedilotildees de um para mais
de um determinadas a
partir da posiccedilatildeo
Cada letra com um som numa dada
posiccedilatildeo cada som com uma letra numa
dada posiccedilatildeo
Natildeo biuniacutevoca
Relaccedilotildees de
concorrecircncia
Mais de uma letra para o mesmo som
na mesma posiccedilatildeo
Concorrente
Fonte Lemle 1991 p 10
Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai
evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a
autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em
156
nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes
da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias
Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de
escrita de 1ordf
ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AIE
Textos 1 2 3 6 e 7
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AFE
Textos 1 a 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha)
batatina (batatinha) goto (gosto)
Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa
(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)
poque (porque) fera (feira) fiqei
(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda
(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)
poque (porque) esto (estou) novenbo
(novembro)
Conhecimento ainda inseguro do
formato de cada letra tasia
(passear)
Natildeo haacute registros
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som gogo
(gosto) natu (moto) natildee (matildee)
fanilha (famiacutelia) asai (assim)
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som nuto (muito)
temo (tenho) traqulo (tranquilo)
provesola (professora)
Natildeo formou conceito de palavra
coanilha (com a minha) nasine
(nasci em) a mina (a minha)
Natildeo formou conceito de palavra
pramim (para mim) e fomatica
(informaacutetica) prici palmente
(principalmente)
Falhas de
escrita de 2ordf
ordem
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
susu em vez de chuchu
imbora em vez de embora
desdi em vez de desde
Falhas de
escrita de 3ordf
ordem
O aluno
avanccedilou no
saber
ortograacutefico e na
escrita faz troca
entre letras
concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
felis em vez de feliz
uzei em vez de usei
Oje em vez de Hoje
Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017
Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como
em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos
tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute
falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro
lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do
formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras
Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar
157
algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de
escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios
definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo
Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos
cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na
AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf
ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na
aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma
transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem
escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e
2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica
Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a
um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber
ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram
determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por
fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de
letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os
autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico
tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura
intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por
Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12
na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e
utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao
Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X
I10 X
I11 X X
I12 X X
I13 X TOTAL 3 2 2
Porcentagem 60 40
Atividade Final de Escrita ndash AFE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X X
I10 X X
I11 X
I12 X
I13 X X TOTAL 3 3 2
Porcentagem 60 40
158
escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo
foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus
textos
Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os
conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico
na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico
para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos
159
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo
e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano
da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a
oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)
Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com
as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento
multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo
presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e
tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo
do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados
Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as
dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades
que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades
identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo
em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a
pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash
AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE
Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para
elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi
confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e
conseguirem elevar o niacutevel de escrita
160
A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo
estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar
recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido
destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente
disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse
impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico
Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que
conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas
de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os
alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de
1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos
que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem
entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados
entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos
os textos iniciais e finais
Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital
Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da
digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de
habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem
escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e
organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos
disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras
maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas
habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita
Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram
desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o
outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao
afirmar que
[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no
digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos
histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante
transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)
Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de
escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em
161
nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem
afirma que
[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os
recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as
possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e
mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)
Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas
em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas
fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados
(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias
de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente
colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino
mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo
Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave
produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso
didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando
respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo
das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para
promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado
Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o
aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19
anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos
Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim
de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees
e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila
a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula
Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de
atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar
o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia
Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados
totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo
inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver
capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons
162
da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber
ortograacutefico
Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC
dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica
pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho
percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem
163
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CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
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PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII
Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017
Aluno (a)_______________________________________________________________
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
A ( ) Em casa
B ( ) Em lan house(s)
C ( ) Na escola
D ( ) Outros lugares Qual ______________________________
E ( ) Natildeo uso
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
A ( ) Menos de uma hora
B ( ) Uma hora
C ( ) Duas horas
D ( ) Mais de duas horas
E ( ) Nunca
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
A ( ) Computador
B ( ) Celular
C ( ) Tablet
D ( ) Outros equipamentos
E ( ) Natildeo uso
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica
para realizar atividades escolares
Sim Natildeo
169
5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo
A ( ) redes sociais como Facebook
B ( ) jogos eletrocircnicos na internet
C ( ) blogs
D ( ) sites de pesquisa
170
APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Felpo Filva
Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e
engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um
problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo
rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos
Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar
para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou
a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou
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Curtir ndash Comentar
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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos
Comece entatildeo
Florecircncia
Florecircncia
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APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Montes Claros ndash MG
2017
173
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
apresentado como requisito parcial do
Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash
PROFLETRAS da Universidade Estadual de
Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora
Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira
Montes Claros ndash MG
2017
174
IDENTIFICACcedilAtildeO
Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG
Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade
Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017
1 Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos
do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog
como recurso didaacutetico
Objetivos especiacuteficos
Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita
que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog
Produzir texto multimodal para blog
2 Metodologia
Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de
accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no
seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto
verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente
bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os
alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que
estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em
175
um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim
chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros
meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo
de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre
um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo
conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de
estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio
conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas
no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)
representando o processo educacional atual
176
Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do
processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de
moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e
praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver
atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero
digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA
MOacuteDULO 1 Conhecendo
Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva auditoacuterio palestras
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
177
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de
sons palavras imagens e movimentos
Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO
Accedilatildeo
Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos
multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons
palavras imagens e movimentos
Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o
ambiente digital
Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital
Conhecer diferentes textos multimodais
Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola
Atividades
1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de
slides sobre a proposta de trabalho
Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem
Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides
2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e
assim familiarizar com o ambiente digital
3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos
Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo
httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr
Blog Open Page httpwwwopenpagecombr
Blog Galerinha on line
httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml
Blog escolar httpec19tagblogspotcombr
Questotildees propostas
Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de
cada um
De qual vocecirc gostou mais Por quecirc
Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria
Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria
4- Criar o blog da turma
178
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet caixa de som
Duraccedilatildeo 8ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo
Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem
Fonte Dados da pesquisa 2017
MOacuteDULO 2 Dialogando
Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O
aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades
apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer
com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade
promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno
ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua
proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal
A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio
mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas
atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita
Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando
PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO
Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
Objetivo Ler textos multimodais
Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais
Produzir textos multimodais
Metodologia
Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos
linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
1- Leitura de textos multimodais
2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos
selecionados
179
Atividades
HQ da Turma da Mocircnica
HQ do Gaturro e Aacutegatha
Charge
Propaganda
3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados
Organograma
Infograacutefico
Mapa
Recursos
didaacuteticos
Data show Computador Internet folhas A4
Duraccedilatildeo 10 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Fonte Dados da pesquisa 2017
LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS
Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo
Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)
180
Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida
Observe a HQ para responder ao que se pede
1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo
2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo
3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos
4- Por que Cascatildeo saiu correndo
5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos
6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
181
Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha
Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista
Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)
Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha
Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso
em 07 jun 2017
- Observe a tirinha para responder ao que se pede
1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito
2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira
Onde encontramos essas palavras com frequecircncia
3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro
4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando
5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado
6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido
182
Em relaccedilatildeo agrave charge
Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila
Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt
Acesso em 07 jun 2017
- Observe a charge para responder ao que se pede
1- O que eacute igualdade
2- O que eacute justiccedila
3- O que vocecirc vecirc na imagem
4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo
5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila
6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta
183
Em relaccedilatildeo agrave propaganda
Figura 05 ndash Propaganda
Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07
jun 2017
- Observe a propaganda para responder ao que se pede
1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado
2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada
3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo
4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta
184
Em relaccedilatildeo ao Organograma
Figura 06 ndash Organograma
Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso
em 09 ago 2017
1 Criar um organograma
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc
Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar
185
Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico
Figura 07 ndash Infograacutefico
Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago
2017
2 Criar um infograacutefico
Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras
e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas
impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de
causa e efeito (RIBEIRO 2016)
Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla
186
Em relaccedilatildeo ao Mapa
Figura 08 ndash Mapa escolar
Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017
3 Criar um mapa
Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios
ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola
MOacuteDULO 3 Refletindo
Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa
analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no
que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar
questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao
resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba
intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado
187
Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3
REFLETINDO
Accedilatildeo
Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de
atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em
situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos
multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos
Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam
a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as
habilidades de letramento em contexto digital
Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc
Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da
escola e em sala de aula
Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro
2- Vamos de carona nesta viagem
3- Agrave maneira dos antigos
4- Tempo de falar
5- Vamos vender o fedex
6- Pausa para criar
7- Jogo Corrida das letras
8- Nuvem de palavras
Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas
laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais
escolares
Duraccedilatildeo 21 ha
Avaliaccedilatildeo
A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave
melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo
aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo
atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada
um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir
sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir
Fonte Dados da pesquisa 2017
188
ATIVIDADES SELECIONADAS
1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o
momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis
de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a
amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo
companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas
natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler
sem a sua autorizaccedilatildeo
2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras
satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse
do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O
palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra
do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira
com as palavras vamos brincar com as frases abaixo
a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V
b- A+ J pois T+ D
c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T
3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e
as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de
frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse
Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre
CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito
esquisito natildeo eacute R
CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar
FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo
MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal
OUTRAS
- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria
- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D
+ P + e sonho com G
4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por
etapas
1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO
189
a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo
Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem
vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois
b Leia em voz alta o texto
c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou
inverter a ordem Exemplo
Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes
Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois
Ou
Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e
ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois
d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica
e Passe-o a limpo e guarde-o
1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras
Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe
Figura 09 ndash Palavras desenhadas
Fonte Claver 1994 p 33
2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM
190
Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada
telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las
2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com
as palavras
Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo
coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes
Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato
marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa
3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua
significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas
potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida
Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras
satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute
enorme em sua significaccedilatildeo
A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos
relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves
alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas
4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente
O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure
escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com
as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo
Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens
morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem
Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas
feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia
de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada
3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS
191
Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas
anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma
(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio
Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado
Situaccedilotildees
Acham uma saiacuteda
Aparece um super-rato para salvaacute-los
Se devoram
(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se
descobre nu
Situaccedilotildees
Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo
Ningueacutem repara em sua atitude
Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV
c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome
Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca
Situaccedilotildees
Ele morre
Joana fica sabendo do acontecido e se suicida
Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar
Joana arruma outro namorado
d) A histoacuteria de Romeu e Julieta
Situaccedilotildees
Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo
Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um
deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio
Situaccedilotildees
Os gatos resolvem comer os peixes
Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos
192
Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e
morrem
O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos
f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento
enorme Quando o sinal abre o burro empaca
Situaccedilotildees
Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo
O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros
Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida
um texto pelo menos inusitado
Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que
natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA
POR QUEcirc COMO QUANDO
Ainda
Agente ndash ator ou atores
O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita
O tempo ndash eacutepoca
O lugar ndash meio ambiente
As causas ndash origem motivo
As consequecircncias ndash os resultados
Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo
O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo
Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o
redator Vamos laacute
1- Escolha o tem (ou temas)
2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE
TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc
3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o
193
Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que
colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou
que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum
se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o
que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados
as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo
Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas
da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta
Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro
Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida
A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da
liberdade
O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo
Malandro prevenido dorme de botina
As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do
vizinho e croquete do botequim
Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho
Mulher e livro emprestou volta estragado
Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue
As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo
de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga
Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois
Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por
exemplo
Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em
puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo
O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora
O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro
Queridinho eacute o nome de solteiro do marido
Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo
4 ATIVIDADE Tempo de falar
194
Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos
oprimidos
Amor com amor se pega
Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica
Pensar ndash eis um verbo reflexivo
Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar
a verdade numa sentenccedila iluminada
Amai-vos uns agraves outras
Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo
Sereia ndash mulher de ex-cama
Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida
Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus
anda de creacutedito baixo
2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles
mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono
o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da
Telefocircnica
a) Quem cala consente
b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei
c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando
d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura
e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco
f) Catildeo que ladra natildeo morde
3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os
As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem
status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc
Ronald Claver
5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX
195
A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza
Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas
comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees
Pag Pouco
Se eacute Bayer eacute bom
Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal
Tomou Doril a dor sumiu
Pense Forte pense Ford
Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do
consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e
fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade
Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc
Ao sucesso com Hollywood
No Brasil toda mulher tem Charm
Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado
Mulher pelada com automoacutevel
Status social com cigarro
Vigor fiacutesico com remeacutedio
A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc
Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja
Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica
Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha
O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual
das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as
zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em
196
certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela
durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho
do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena
comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo
Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante
1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-
doors televisatildeo etc Selecione-as
2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja
a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc
3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use
todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto
desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol
4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem
5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto
5- Passe a limpo e guarde-a
1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere
2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o
traccedilo
3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe
redesenhe reescreva mostre ao colega
6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR
197
Figura 10 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 58
198
Figura 11 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 59
199
Figura 12 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 61
200
Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O
primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado
Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que
aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta
nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo
aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial
Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras
Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142
ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS
201
MOacuteDULO 4 Praticando
Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos
conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras
a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos
multimodais)
Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO
Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita
Objetivos
Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao
suporte de circulaccedilatildeo
Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma
Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou
coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros
materiais escolares
Duraccedilatildeo 14 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017
202
APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Sinopse
Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que
Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde
fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo
mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo
o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel
Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido
diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo
Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-
banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017
O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno
natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em
casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)
Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso
em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola
Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um
Banana
203
Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar
suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros
pensamentos Vamos laacute
204
Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas
sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica
entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)
Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF
Fonte Dados da pesquisa
205
206
3 CRONOGRAMA
Agosto
Setembro Outubro Novembro
MOacuteDULO I
X
MOacuteDULO II
X
MOacuteDULO III
X
MOacuteDULO IV
X X
REFEREcircNCIAS
CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995
CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG
1992
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba
Editoras 2008
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
2016
A553g
Andrade Florecircncia Vieira Pacheco
Gecircneros digitais e multiletramentos [manuscrito] novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula Florecircncia Vieira Pacheco Andrade ndash Montes
Claros 2018
206 f il
Bibliografia f 163-167 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Mestrado Profissional em Letras
Profletras 2018
Orientadora Profa Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
1 Gecircneros digitais 2 Letramento 3 Multiletramentos 4 Produccedilatildeo
escrita 5 Blog I Vieira Faacutebia Magali Santos II Universidade Estadual de
Montes Claros III Tiacutetulo IV Tiacutetulo Novas praacuteticas pedagoacutegicas em sala
de aula
Catalogaccedilatildeo Biblioteca Central Professor Antocircnio Jorge
Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017
Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e
contemporaneamente diferentes letramentos ao longo
do tempo diferentes letramentos no nosso tempo
(SOARES 2002 p156)
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia
Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional
Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio
Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final
Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade
Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia
Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela
alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento
desta minha formaccedilatildeo
Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e
competecircncia dada em cada disciplina
Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf
Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis
contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e
dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto
Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem
pelas conversas trocas de saberes e amizade
Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de
Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal
do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash
ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo
a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa
regiatildeo
Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa
Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo
Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha
A todos muito obrigada
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos
niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de
ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais
promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero
digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos
envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como
explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo
e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento
sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003
2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001
2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise
quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash
AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz
que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David
Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1
Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)
e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE
revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm
ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por
Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa
evoluiacuteram na escrita
Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog
ABSTRACT
The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and
analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola
Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in
the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of
teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres
promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog
can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this
research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The
technical procedures used were bibliographic research the action research and participant
research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts
and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin
(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)
and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the
data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in
Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity
(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the
guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David
Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2
Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The
analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to
raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school
committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not
yet considered literate the subjects of this research evolved in writing
Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Nuvem de palavras 03
Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39
Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50
Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76
Figura 05 - Texto 1 - AIE 85
Figura 06 - Texto 2 - AIE 85
Figura 07 - Texto 3 - AIE 86
Figura 08 - Texto 4 - AIE 86
Figura 09 - Texto 5 - AIE 87
Figura 10 - Texto 6 - AIE 88
Figura 11 - Texto 7 - AIE 88
Figura 12 - Texto 8 - AIE 89
Figura 13 - Texto 9 - AIE 90
Figura 14 - Texto 10 - AIE 90
Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102
Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102
Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103
Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105
Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106
Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107
Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108
Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110
Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112
Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115
Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116
Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118
Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118
Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119
Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119
Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121
Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122
Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124
Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126
Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127
Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128
Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129
Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131
Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132
Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137
Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139
Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141
Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142
Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144
Figura 57 - Texto 1 - AFE 145
Figura 58 - Texto 2 - AFE 148
Figura 59 - Texto 3 - AFE 148
Figura 60 - Texto 4 - AFE 149
Figura 61 - Texto 5 - AFE 149
Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150
Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152
Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154
LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS
Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31
Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37
Quadro 03 - Falhas de escrita 40
Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42
Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48
Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes 58
Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59
Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61
Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68
Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72
Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84
Quadro 12 - Falhas de escrita 97
Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127
Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari
(1995) (2017) 138
Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147
Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154
Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155
GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15
Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78
Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78
Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79
Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79
Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80
TABELAS
Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69
Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91
Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96
Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101
Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150
Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151
Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152
Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156
LISTA DE SIGLAS
AIE - Atividade Inicial de Escrita
AFE - Atividade Final de Escrita
EEPXII - Escola Estadual Pio XII
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia
PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo
PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo
TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 13
CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19
11 Concepccedilatildeo de linguagem 19
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27
12111 Faceta psicoloacutegica 28
12112 Faceta psicolinguiacutestica 32
121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33
121122 Niacutevel silaacutebico 34
121123 Niacutevel alfabeacutetico 35
12113 Faceta linguiacutestica 36
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41
12114 Faceta sociolinguiacutestica 43
CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45
21 Letramento 45
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47
23 Texto (multimodal) e ensino 52
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56
25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61
CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66
31 Contexto da pesquisa 66
32 Sujeitos 68
33 Procedimentos da pesquisa 70
34 Teacutecnica de coleta de dados 73
CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS
intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77
41 Questionaacuterio 77
42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100
431 Moacutedulo I - Conhecendo 101
432 Moacutedulo II - Dialogando 107
433 Moacutedulo III - Refletindo 121
434 Moacutedulo IV - Praticando 145
4341 Atividade Final de Escrita 146
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158
REFEREcircNCIAS 162
APEcircNDICES 167
13
INTRODUCcedilAtildeO
Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as
perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as
perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)
O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao
conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos
especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que
pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para
poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita
Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas
praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula
para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola
Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de
Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto
sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente
da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo
Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam
na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de
educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na
linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo
sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo
Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado
ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo
Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora
ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica
a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo
(SOARES 2014 p 40)
Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento
construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo
(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea
cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as
praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo
dos multiletramentos
14
Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora
com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas
pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam
niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam
conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e
compreensatildeo de textos
Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola
Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que
pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de
programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash
SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola
Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta
pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves
turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-
se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano
preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da
1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as
diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais
em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como
objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades
pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno
domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em
lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria
de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento
das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar
pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em
lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-
formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017
3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a
valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de
licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a
inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que
desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da
escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017
15
aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho
em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e
em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano
em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o
resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida
escola em diferentes periacuteodos letivos
Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e
padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016
Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)
De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de
Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do
Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que
eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22
dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e
letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para
continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo
com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados
ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades
Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma
intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar
4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm
Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das
seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a
PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo
Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel
Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt
httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de
jan de 2017
0 20 40 60 80
2013
2014
2015
2016
Recomendado
Intermediaacuterio
Baixo
16
possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da
Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica
Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades
de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de
intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das
dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu
para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho
com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e
letramento dos alunos envolvidos na pesquisa
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que
desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico
de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a
aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos
de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo
que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da
turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas
por meio de recursos impressos e digitais
Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada
como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na
realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi
classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados
a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos
a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade
considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de
escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano
III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo
com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO
DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
17
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu
para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional
vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa
pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa
participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a
investigaccedilatildeo cientiacutefica
Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho
de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e
dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido
pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e
classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos
postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira
segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo
compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari
(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e
relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm
ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como
recurso didaacutetico
Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em
praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo
comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo
Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos
matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise
dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir
do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e
selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8
(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas
Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas
falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm
ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda
ordens
18
Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado
ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi
(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado
ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)
Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no
capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos
metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e
(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados
constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog
utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do
nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices
6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser
facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto
(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato
um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR
Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt
Acesso em 30 de jan de 2018
19
CAPIacuteTULO I
ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA
Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios
teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se
afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento
teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES
2003 p 40)
As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao
cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de
comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu
cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio
do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns
fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento
multiletramentos e gecircneros digitais
Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)
e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino
da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e
quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC
Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de
Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos
elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa
perspectiva interacionista da linguagem
11 Concepccedilatildeo de linguagem
Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e
linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de
atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm
de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema
organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute
principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de
admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto
20
de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa
desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p
61)
Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute
o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem
sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo
a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm
10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas
liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em
territoacuterio nacional
De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se
que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais
crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo
Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos
satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil
existe uma uacutenica liacutengua
Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em
nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos
histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa
forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave
identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam
Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se
como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente
7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em
lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017
8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso
em 30 jan 2017
9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-
20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017
10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo
documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017
11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt
httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7
C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017
21
fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se
pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos
compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito
Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel
dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez
que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo
Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre
os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas
de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas
Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna
consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente
somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a
linguagem acontece conforme define o autor
A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado
no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual
a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da
consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo
social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra
nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo
Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia
desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)
Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a
utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e
evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que
se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo
Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza
a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos
indiviacuteduos
Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa
estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto
textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto
de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin
[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de
formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato
psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal
realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui
assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)
22
A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui
historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas
da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo
que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo
Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista
sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme
contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata
natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos
os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa
Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na
perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de
reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora
essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo
levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa
forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que
necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que
[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as
pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem
eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima
fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e
relevante (ANTUNES 2003 p 41)
Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre
os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas
principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da
escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo
e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo
da cidadania dos seus alunos
Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de
atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial
dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez
mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem
discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem
23
explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem
uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do
princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes
[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo
as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar
nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas
conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda
liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio
social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute
falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)
Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com
clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua
existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a
escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente
escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa
Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG
2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de
Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica
social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade
linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso
Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso
da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas
assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos
compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e
usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa
perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo
de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as
atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a
atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de
textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio
da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo
de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia
discursiva (BRASIL 1998 p 27)
Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio
do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz
24
exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees
diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que
estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da
liacutengua
Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o
movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento
metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades
linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas
de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta
leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de
aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender
esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)
sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento
Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo
utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o
entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos
ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem
natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode
exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade
marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e
mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de
analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e
corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)
Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da
nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da
cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo
aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a
indiferenccedila e o consequente fracasso escolar
Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural
por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a
25
falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada
e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso
escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica
agraves ideologias que o atribuem ao aluno
Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que
o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou
seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas
quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com
Soares
[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na
aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino
fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de
ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)
Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na
ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o
desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento
como praacutetica social
No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e
letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos
interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de
praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem
a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a
certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do
sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento
Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em
alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima
Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer
uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um
natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que
compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis
Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam
interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo
conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de
26
aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo
Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados
tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo
As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as
habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e
reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da
escrita
Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de
experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos
e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)
ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem
da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade
de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na
vida moderna como praacutetica social
Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e
letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo
De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar
alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e
escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e
familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos
muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar
Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem
acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou
por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era
alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler
e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples
Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e
anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da
populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples
Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as
letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso
27
demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais
habilidades
Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de
letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo
interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos
que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e
discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita
em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo
Nessa perspectiva
A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita
alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque
este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia
perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)
Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da
alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura
e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a
alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o
letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo
Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do
conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da
leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar
Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como
processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais
facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica
Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da
escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de
28
ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas
tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos
E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre
esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais
complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as
implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua
escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais
12111 Faceta psicoloacutegica
Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do
comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse
modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores
psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana
Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas
teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias
do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem
e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os
mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o
Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget
O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural
segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute
12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual
o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados
como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade
1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo
Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo
de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril
2018
13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e
dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem
interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que
permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo
aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as
aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01
abril 2018
29
pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)
Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua
capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo
das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social
e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da
maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela
linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte
integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente
constituiacutedas
Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock
(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute
essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a
realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das
interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e
cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho
que o homem se torna ativo e social
Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo
intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde
o primeiro dia de vida da crianccedila
A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a
perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de
desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita
Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes
de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de
aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento
proximal foi formulada por Vygotsky e representa
[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar
atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento
potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto
ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)
Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento
proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo
de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o
desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e
30
tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute
foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo
Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento
mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o
proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento
Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da
linguagem escrita
Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao
papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila
Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se
ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute
escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991
p 70)
De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola
preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria
significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo
especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso
significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons
e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades
reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas
se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o
domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do
letramento como praacutetica social
Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo
reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado
de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada
como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser
desenvolvida
Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget
estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento
orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo
particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo
reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida
31
Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza
pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico
De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras
de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento
humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades
e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do
princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global
pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do
desenvolvimento intelectual
Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock
(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do
pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos
observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-
operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais
Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget
Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo
1deg periacuteodo
Sensoacuterio-motor
(0 a 2 anos)
Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo
que a cerca
2deg periacuteodo
Preacute-operatoacuterio
(2 a 7 anos)
Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo
aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual
afetivo e social da crianccedila
3deg periacuteodo Operaccedilotildees
concretas
(7 a 11 ou 12 anos)
A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo
loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou
seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos
de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar
em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da
capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e
mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar
antes de agir
4deg periacuteodo Operaccedilotildees
formais (11 ou 12 anos
em diante)
Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal
abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute
capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo
de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e
mutaacuteveis
Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)
Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os
indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos
passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de
fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma
riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor
procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do
32
desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo
construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento
Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas
influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um
conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a
organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas
Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo
das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o
meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo
os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo
(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a
construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem
Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da
construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo
Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a
evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em
todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar
possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem
construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios
conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com
o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel
ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa
reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos
12112 Faceta psicolinguiacutestica
A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de
uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos
psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da
aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de
ensino-aprendizagem acontece
Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock
(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino
aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por
33
Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o
construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o
conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual
o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila
Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas
experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da
crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino
mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e
de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas
psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma
interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma
situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)
Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita
tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os
propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma
construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo
ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita
Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a
crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso
trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo
121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico
De acordo com Ferreiro
A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute
atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O
progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais
proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-
se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de
grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)
Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees
diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa
que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a
34
representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem
disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da
folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma
ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas
as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas
apenas por ela mesma
Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a
ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo
agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que
falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e
sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou
de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)
121122 Niacutevel Silaacutebico
O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada
uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da
maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com
isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto
qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia
global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra
para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe
os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa
vogal outras vezes consoante e vogal
Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender
a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da
mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem
Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz
por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que
a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez
que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a
aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)
35
121123 Niacutevel Alfabeacutetico
No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber
unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees
entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro
Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu
que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a
siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que
vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)
Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem
conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um
sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim
esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da
constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que
[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse
momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas
natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa
distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as
dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)
Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da
leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico
haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir
expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos
mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)
Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico
que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa
a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel
anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para
que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de
atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de
construccedilatildeo do que eacute ler e escrever
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12113 Faceta linguiacutestica
A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia
foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via
como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem
Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da
linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou
natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como
ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica
utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que
se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de
aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos
desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja
ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia
Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos
de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre
esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram
baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um
processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O
aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um
som da fala
Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever
ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca
cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo
A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o
que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo
A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que
cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma
a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante
semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a
percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta
capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito
de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender
como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema
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de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa
das linhas eacute de cima para baixo
Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que
existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio
tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute
complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs
pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo
ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa
regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras
Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras
Letras Fonemas
P
b
t
d
f
v
a
p
b
t
d
f
v
a
Fonte Lemle 1991 p 17
Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos
distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer
uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras
Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse
correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero
restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som
em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma
para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os
processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias
entre sons e letras
Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as
unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de
pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns
dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som
de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]
em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as
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crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em
que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas
letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z
Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma
rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de
descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao
dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela
memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria
Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas
quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente
acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme
exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma
unidade fonecircmica
Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de
poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som
em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo
fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura
0214
Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo
Fonte Lemle 1991 p 21
Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para
a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial
na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo
14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo
nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)
39
Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras
na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia
artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O
aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo
foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a
primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e
letras
Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no
mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse
caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo
(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela
memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas
sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da
vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por
meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a
construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas
Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender
que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do
sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como
falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme
veremos no Quadro 03 a seguir
40
Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem
Leitura Escrita
Leitura lenta com soletraccedilatildeo
de cada siacutelaba
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)
Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)
Troca na ordem das letras parto (prato) sadia
(saiacuteda)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada
letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo
do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)
Falhas de escrita de 2ordf ordem
Leitura Escrita
Retenccedilatildeo na etapa
monogacircmica Na leitura
pronuncia cada letra
escandindo-a no seu valor
central Uma leitura silabada
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
matu em vez de mato
bodi em vez de bode
tenpo em vez de tempo
azma em vez de asma
genrro em vez de genro
eles falatildeo em vez de eles falam
Falhas de escrita de 3ordf ordem
Leitura Escrita
O aluno eacute capaz de pronunciar
as palavras de forma natural
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e
na escrita faz troca
entre letras
concorrentes
accedilado em vez de assado
trese em vez de treze
acim em vez de assim
jigante em vez de gigante
xinelo em vez de chinelo
chingou em vez de xingou
puresa em vez de pureza
sau em vez de sal
craro em vez de claro
operaro em vez de operaacuterio
Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41
Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de
aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se
depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que
ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute
considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo
superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)
Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo
da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de
escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o
professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da
41
sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada
dificuldade encontrada
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita
O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre
como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo
(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo
Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita
representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos
fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam
para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas
dificuldades
Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento
das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o
conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo
fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades
no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-
fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de
acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos
como veremos no Quadro 04 a seguir
42
Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita
1 Transcriccedilatildeo
Foneacutetica
Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar
i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)
2 Uso indevido de
letras
O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a
ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo
consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees
foneacuteticas
3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra
como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo
4 Modificaccedilatildeo da
estrutura segmental
das palavras
Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de
aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n
v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e
ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno
e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas
5 Juntura
intervocabular e
segmentaccedilatildeo
Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da
continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)
6 Forma morfoloacutegica
diferente
Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm
caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo
(ldquodepoisrdquo)
7 Forma estranha de
traccedilar as palavras
Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia
8 Uso indevido de
letras maiuacutesculas e
minuacutesculas
Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com
letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como
pronomes pessoais
9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns
alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e
sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til
10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte
de textos de produccedilatildeo espontacircnea
11 Problemas
sintaacuteticos
Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos
textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita
como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo
Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)
Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo
com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos
desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido
de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa
outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras
representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas
letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa
para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma
estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras
43
maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos
ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas
sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e
apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)
Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no
Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos
para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento
das competecircncias comunicativas dos alunos
12114 Faceta sociolinguiacutestica
Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma
a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja
no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais
Segundo Bagno (2014 p 13)
A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo
em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)
de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de
representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo
social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso
sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais
dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)
Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute
intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade
De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila
linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para
a sociolinguiacutestica
Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora
de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta
o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a
gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa
forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala
Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a
fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa
As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam
44
tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos
falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social
cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da
liacutengua
Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser
padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na
sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante
disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente
do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua
Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica
Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a
liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a
liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando
ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade
de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa
45
CAPIacuteTULO II
GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS
Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e
tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais
variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais
21 Letramento
Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de
quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo
(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo
globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas
transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve
e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]
aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o
indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social
cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo
Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo
social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada
Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de
ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees
(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que
ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas
sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo
alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se
alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute
na Educaccedilatildeo Infantil
Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita
como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma
de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever
Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a
praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman
(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o
46
coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas
em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao
conceito de letramento
Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de
alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica
habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social
Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito
mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc
Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos
quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a
cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco
dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer
e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que
estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas
habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a
falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse
processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de
letramento A esse respeito Soares indaga
Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades
e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos
de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar
adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem
ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em
contextos escolares (SOARES 2014 p 83)
Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de
letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato
de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades
que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda
que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois
exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros
para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de
avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos
47
Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem
como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo
e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as
definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes
ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a
justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo
imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no
campo educacional e social
Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)
ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de
leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das
necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo
Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma
definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e
medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila
entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo
Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem
satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem
profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os
usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p
104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional
ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas
habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso
de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de
habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de
natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas
sociais
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa
Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um
promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que
participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a
importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros
textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente
48
relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a
grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos
entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo
Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem
mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das
competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e
gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de
informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo
existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de
aprender
Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo
mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute
especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave
circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo
Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma
ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de
teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a
multimodalidade e os multiletramentos
Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees
Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos
contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas
linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de
compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar
(ROJO 2012 p 19)
Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas
de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber
analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e
linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar
seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como
eacute utilizada
Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais
exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca
que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da
informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)
49
implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os
letramentos como podemos observar no Quadro 05
Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos
Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos
1ordf
A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios
analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais
morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e
de fazer circular textos na sociedade
2ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes
raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica
desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades
3ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade
sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais
das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento
4ordf
A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades
multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta
mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de
outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que
o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites
dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)
Fonte Rojo 2009 p 105
Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas
mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em
diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens
cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo
requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos
letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a
perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo
Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o
nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses
recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos
da contemporaneidade
Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e
hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes
permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de
comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que
[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos
possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita
(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo
eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e
democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos
multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)
50
Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos
multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia
pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes
mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas
propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia
Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo
apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e
ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como
organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar
Quais textos e como abordaacute-los
Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que
dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de
circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008
p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais
podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou
especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo
Bakhtin defende que
[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre
relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos
dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o
que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se
em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos
integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)
Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de
atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar
acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar
de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade
humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia
Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes
posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a
inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras
da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo
Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas
ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo
51
Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos
Fonte Rojo 2009 p 110
A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita
impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da
liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em
uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em
e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua
Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos
das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos
que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees
e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as
condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos
polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais
com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em
sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)
Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura
global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees
que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com
isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos
criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens
com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade
social
Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-
lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de
expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente
52
porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso
das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes
compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler
23 Texto (multimodal) e ensino
No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento
de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua
vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de
estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos
Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de
Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma
praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente
sejam orais ou escritos impressos ou digitais
A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da
compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica
textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e
cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais
e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do
princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras
ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos
De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a
orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)
adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo
em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo
Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras
escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da
liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das
pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de
palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita
Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de
nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar
na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo
Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a
concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas
53
propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de
multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes
consideraccedilotildees
1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como
sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc
2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto
aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)
e o texto se torna em geral multimodal
3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e
solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)
4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais
como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser
processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)
Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente
linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados
principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente
multimodal
Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto
multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos
semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos
(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se
integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de
acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos
constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas
muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo
Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos
cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam
pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo
demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam
as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo
Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em
imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de
leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e
de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma
54
linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no
discurso
Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se
compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o
desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a
Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen
Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por
Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs
metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a
experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por
meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes
interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da
composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida
entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados
tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de
demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo
composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os
elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a
relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo
dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo
de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados
representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do
texto
Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos
processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental
importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido
e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-
sujeitos
Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e
que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da
linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e
envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob
essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as
seguintes consideraccedilotildees
55
Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria
envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das
informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem
selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir
em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)
Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a
necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos
que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da
vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo
a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta
estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora
dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram
insatisfaccedilatildeo em produzir textos
Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua
percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere
nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha
contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir
um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta
Bakhtin
[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de
que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui
justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma
espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa
extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio
comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)
Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e
que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos
uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar
propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa
competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de
leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que
privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso
56
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar
Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem
transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica
pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de
conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no
contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode
desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de
letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem
contextualizadas e significativas
Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos
principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada
vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta
transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo
dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas
transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e
transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar
de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com
a educaccedilatildeo
A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva
das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que
foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico
deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a
internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas
instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma
vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito
Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393
milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de
rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet
Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um
salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade
socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees
financeiras
57
Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no
nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de
microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No
entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros
equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel
celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet
(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos
percentuais)
Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com
exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a
pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo
mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira
Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria
constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet
em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-
se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir
desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo
indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015
todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do
grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52
em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute
sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas
com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de
instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente
ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois
para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021
milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e
as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a
mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do
contexto escolar
15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt
httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018
58
Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados
pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de
sentido para o aluno e para a sociedade
Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves
necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como
ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa
maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo
em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo
presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola
A esse respeito Coscarelli afirma que
[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com
competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso
Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura
tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online
viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)
Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para
viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a
tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade
de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de
gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente
quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante
competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais
Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que
ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos
caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos
concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo
Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo
presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou
seja da internet para se materializarem
Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma
de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta
como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um
gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de
59
fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes
no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim
compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo
com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a
ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua
essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo
Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por
ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes
Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes
1 E-mail Carta pessoal bilhete correio
2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)
3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)
4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)
5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)
6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada
7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia
8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais
9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate
10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()
11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal
12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas
Fonte Marcuschi 2010 p 37
Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas
particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos
reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses
gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o
estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as
experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas
No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute
existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam
caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece
de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa
anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07
60
Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo
Participantes Tempo
Siacutencrono Assiacutencrono
Bilateral Chat reservado E-mail
Multilateral Chat em salas abertas
Aula chat
Informaccedilotildees listas de
discussatildeo blogs
Fonte Marcuschi 2010 p 38
Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que
ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees
discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os
gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem
produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e
participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como
o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto
permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos
textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)
Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute
a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes
da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos
comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam
dinamismo ao que eacute lido ou escrito
Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da
multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)
estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso
e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir
discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos
aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido
devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo
ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave
congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da
multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de
recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de
ampliar horizontes e natildeo restringi-los
61
Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero
escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que
definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que
ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador
de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar
os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)
25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino
Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso
pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre
linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010
p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo
Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a
definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet
representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura
uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com
que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo
definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi
(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e
processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios
sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros
digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no
processo de escrita
A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente
empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados
frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e
popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash
rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as
posiccedilotildees do dia)
O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos
gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de
levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades
desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat
62
agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat
videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte
do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como
ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI
Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo
para definiccedilatildeo de
gecircnero
Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono
Duraccedilatildeo Indefinida
Extensatildeo do texto Indefinida
Formato textual Texto corrido
Participantes Muacuteltiplos
Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos
Anocircnimos
Troca de falantes Inexistente
Funccedilatildeo
Interpessoal
Luacutedica
Tema Livre
Estilo Informal
Canal semioses Texto com imagens
Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo
Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41
Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal
assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por
isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de
produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende
da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute
um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos
e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo
visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de
interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a
atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou
natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro
natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de
falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um
63
caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees
entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e
a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de
significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a
possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas
traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o
gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer
que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e
mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo
Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute
confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site
eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos
[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees
diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede
Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus
gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios
textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos
usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast
on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre
usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um
recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)
acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e
opinativosrdquo
Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a
internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem
opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no
blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos
links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em
forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista
As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em
evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de
16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em
lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016
64
habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela
interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica
conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que
[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das
tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os
dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e
compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado
em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web
navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais
apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de
competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p
21)
Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros
nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas
no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a
possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que
[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das
possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas
potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os
discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos
textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros
aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)
Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as
competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece
atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso
Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em
linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo
Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre
vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades
entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir
textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso
que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p
81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da
esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade
enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto
como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as
formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos
65
estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas
quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo
Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e
tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica
a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar
faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais
mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre
esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre
noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes
para Bakhtin eacute
[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os
outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu
nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes
quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo
simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave
reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha
vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a
mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a
narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas
tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade
biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)
Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos
constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre
si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as
accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado
Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem
eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria
vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo
Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo
sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento
vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a
vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato
comunicativo
66
CAPIacuteTULO III
PERCURSO METODOLOacuteGICO
Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no
desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem
metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como
procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A
coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita
e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e
ortograacutefica
31 Contexto da pesquisa
O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na
Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo
eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde
acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade
A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo
Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem
celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares
os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as
danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio
Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees
culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo
a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular
De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende
a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos
Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos
desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de
esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes
familiares
No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo
para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo
67
acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem
diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e
conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica
para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de
vida
A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda
comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca
da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura
empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e
participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a
integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e
transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio
Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas
tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes
nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo
necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas
pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios
miacutenimos
Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta
com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso
agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria
cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de
informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados
necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com
um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o
desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos
nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas
para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem
pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico
Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino
Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)
turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede
(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)
turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio
68
Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito
alunos
32 Sujeitos da pesquisa
O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de
Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na
escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute
composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por
coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir
Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF
Fonte Dados da Pesquisa 2017
Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados
mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute
Coacutedigo Nordm informante
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
EL 8
FA 9
FR 10
IR 11
JP 12
JR 13
KA 14
LV 15
MS 16
MC 17
ND 18
PC 18
PE 20
RR 21
RG 22
RC 23
TM 24
YM 25
69
extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas
de dados
De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e
esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com
procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o
criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que
quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de
intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os
indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos
pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza
qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo
Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos
selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a
trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso
escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram
devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos
negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo
repetentes conforme podemos ver na Tabela 01
Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI
Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm
ano pela 1ordf vez
Cursando o 6ordmano
1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez
EA Masc 11 anos 2016 2017
FA Masc 11 anos 2016 2017
IR Masc 12 anos 2015 2016 2017
JP Masc 11 anos 2016 2017
JR Fem 13 anos 2015 2016 2017
LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017
ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017
TM Masc 12 anos 2015 2016 2017
Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017
Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino
Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da
70
tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda
vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo
acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os
outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo
Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de
alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de
certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de
primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta
que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e
experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras
textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades
necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto
Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos
Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e
compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees
de escrita para compor o PEI
33 Procedimentos da pesquisa
O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como
premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois
o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de
sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia
humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente
para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias
vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma
metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico
De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento
provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da
experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa
cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional
e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a
realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola
Estadual Pio XII
71
Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e
sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo
Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica
pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o
direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa
eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos
teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo
Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre
ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL
2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar
analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir
disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados
Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos
fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade
Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a
pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento
teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem
alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita
Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se
caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo
com Thiollent
Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e
realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou
problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT
2005 p 16)
Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica
aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo
professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica
que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem
Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que
ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre
72
pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora
esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases
Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das
seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10
Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico
1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino
Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de
aprendizagem em leitura e escrita
2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico
3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita
4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de
escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico
5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para
o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental
Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017
Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do
problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com
os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem
terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de
acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora
Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade
linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante
dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8
(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII
A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito
anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre
alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman
(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na
escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados
na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer
ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo
teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de
escrita dos sujeitos da pesquisa
73
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da
pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura
e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A
escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo
de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog
funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional
pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade
animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam
mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem
como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio
de recursos impressos e digitais
Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo
Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada
a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o
autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende
atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados
para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados
34 Teacutecnica de Coleta de Dados
Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante
questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de
Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE
(APEcircNDICE D)
De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta
de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados
aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou
fenocircmenos que se desejam estudarrdquo
A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma
daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos
aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e
escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse
contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente
real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida
preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse
74
instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos
haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar
Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos
e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos
Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada
de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do
entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo
correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo
modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)
Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e
Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se
maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla
economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de
respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel
Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por
cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano
e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico
O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula
com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de
maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo
para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial
de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que
necessitavam de atendimento especiacutefico
Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)
objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle
(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira
ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as
arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)
segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos
elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso
didaacutetico
75
Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de
Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a
importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender
O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de
aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI
ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem
coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente
daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a
desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos
explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema
baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de
ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada
e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de
conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas
as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-
aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em
momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a
perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao
espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da
escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)
representando o processo educacional atual
76
Figura 04 Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses
quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em
torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver
atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o
gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva
auditoacuterio sala de multimeios
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
77
CAPIacuteTULO IV
GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas
em sala de aula
Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De
acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que
implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou
estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a
interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar
pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees
teoacutericas torna-se muito relevante
Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis
de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle
(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo
ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a
retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo
41 Questionaacuterio
O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017
em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula
A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais
acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de
acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam
a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para
fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter
informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas
Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam
presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta
constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na
escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam
responder
78
Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares
diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que
nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso
Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)
observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas
horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de
uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos
dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online
Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2
Fonte Dados pesquisa 2017
Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os
alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o
13
30
2 2 10
2
4
6
8
10
12
14
Em casa Em Lan
House
Na escola Outros
lugares
Natildeo uso Natildeo soube
responder
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
0
8
3
7
3
0
2
4
6
8
10
Menos de
uma hora
Uma hora Duas horas Mais de
duas horas
Nunca
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
79
celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e
142 afirmaram natildeo utilizar a internet
Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que
o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na
atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir
do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo
prevalece mais
Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou
laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194
responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No
graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que
sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou
o acesso agrave internet na escola
Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4
Fonte Dados da pesquisa 2017
58
41 0
30
2
4
6
8
10
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
0
5
10
15
Sim Natildeo Natildeo souberam
responder
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o
computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para
realizar atividades escolares
80
Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19
computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso
Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com
as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno
Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins
pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas
preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e
habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir
linguagem por meio de diferentes miacutedias
A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os
assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que
4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo
souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o
graacutefico abaixo
Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5
Fonte Dados da pesquisa 2017
Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de
conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de
pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem
que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter
contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar
uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam
o letramento digital
Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a
maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da
teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo
Redessociais como
Jogoseletrocircnicosna internet
BlogsSites depesquisa
Natildeosouberamresponder
5ordm 10 6 0 0 5
10 6 0 0 5
5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo
81
de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta
saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de
conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere
Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25)
Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental
no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua
Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por
meio de novas experiecircncias
Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o
acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que
eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto
de inserccedilatildeo social e digital
Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para
as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto
para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo
e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e
de promover o letramento digital
42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20
(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos
dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas
horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos
matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes
Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos
presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as
caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia
narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se
conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim
82
o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo
procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser
Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da
comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica
de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos
motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)
leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu
registro)
O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo
ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam
como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana
A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de
cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo
construindo a nossa histoacuteria particular
Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em
apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da
obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante
justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a
histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar
de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de
maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como
a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita
No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos
ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a
leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura
individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com
a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade
de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada
paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc
personagens protagonistas do livro
O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor
a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano
escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita
Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave
construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave
83
construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo
introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse
sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da
leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada
leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que
motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave
ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo
da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas
analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de
sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo
Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de
sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram
muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de
inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem
alfabetizados
Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno
deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos
comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida
futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista
de informantes para essa anaacutelise
84
Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF
Fonte Dados da pesquisa 2017
A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)
textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de
categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita
espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os
quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por
Cagliari (1995)
Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)
textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez
textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e
exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle
(1991)
Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis
e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento
Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem
INFORMANTE
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
FA 8
FR 9
IR 10
JP 11
JR 12
LV 13
MS 14
MC 15
ND 16
PC 17
PE 18
RR 19
RG 20
TM 21
85
disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute
escrito
TEXTO 1 (1ordf ordem)
Eu masine januaria
eu vivo coanilha natildee neu Pai
Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 2 (1ordf ordem)
Eu naci
januaria
e cogo muto de sai tasia
natildeo gosta de Batatina
A mina vida e asai
FIM
Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE
86
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 3 (1ordf ordem)
O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou
nuito felis com milha familha
Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 4 (1ordf ordem)
Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta
Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE
87
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)
Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo
natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando
mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo
Taeubofesorra
Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 6 (2ordf ordem)
88
meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de
brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu
natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa
89
Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)
Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu
moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de
susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles
fica zombavam de mim em tam essa e minha vida
Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 8 (3ordf ordem)
Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique
Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer
ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em
Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente
das outras pessoas
Fim
90
Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 9 (3ordf ordem)
Eu sou
Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto
de jogar no computador
Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto
Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula
Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar
entatildeo eacute isso so eu
91
Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 10 (3ordf ordem)
Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria
Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar
sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco
timido
Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
92
Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para
levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais
foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari
(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores
alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores
envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa
Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado
nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre
93
Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
T
ran
scri
ccedilatildeo
fo
neacutet
ica
Uso
in
dev
ido
de
letr
as
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
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accedilatilde
o d
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tura
segm
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l d
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Ju
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lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Fo
rma
mo
rfo
loacuteg
ica
dif
eren
te
Fo
rma
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ran
ha
de
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ccedilar
as
letr
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raacutefi
cos
Sin
ais
de
po
ntu
accedilatilde
o
Pro
ble
ma
s si
ntaacute
tico
s
I1 2 4 1 1 1
I2 6 7 5
I3 8 2 3 3
I4 1 3 4 3
I5 4 3 5 2
I6 1 1 1 1 4
I7 1 1 7 5 1 4 5 3
I8 2 2 4 2 4
I9 2 1 7 3 3 9
I10 2 2 3 2 2 1 1 3
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5 4
I13 2 4 2 2 2 3
I14 1 2 2 7 5 11
I15 3 1 1 8 2
I16 2 2 2 3 1 1
I17 3 2 1 1
I18 5 1 1 10 1
I19 9 6 3 12 11
I20 2 3 3 4
I21
Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que
maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias
94
seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas
sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias
Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa
pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos
apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor
vai depender de cada texto
Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que
revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte
das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute
o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo
precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no
TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo
Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para
representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar
no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha
Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita
e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento
linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita
desde os primeiros anos escolares
Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois
grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica
que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica
traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita
fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para
poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um
compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o
tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim
Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do
leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica
Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno
natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo
consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)
Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto
aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros
e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a
95
escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras
Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base
a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base
A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito
comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno
natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois
de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para
todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso
sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar
Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua
escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e
escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar
preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem
um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno
descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que
ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma
em letra em palavra em texto
Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai
construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso
aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo
precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou
seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de
formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida
no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a
competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o
uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem
comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de
maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio
Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira
espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe
parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos
brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-
se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita
a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a
96
escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a
ortografia
Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma
espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O
primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita
fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente
Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para
correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o
que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para
que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o
Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem
cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis
de escrita dos alunos
Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas
ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e
anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se
gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs
Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos
dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel
ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos
livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram
as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita
Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial
de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo
com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e
decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta
psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua
De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir
o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou
etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o
niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle
na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a
usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante
e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de
escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo
97
estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel
alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim
constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram
consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica
Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o
conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora
ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave
alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que
1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e
siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas
situaccedilotildees
2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5
(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3
A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras
bastante semelhantes
3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos
natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas
aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na
escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em
Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como
de conceito de palavra respectivamente
4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso
sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute
equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos
que devem ser ensinados gradativamente
Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute
a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de
palavra
Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de
escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela
poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com
as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de
aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as
arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora
como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem
98
De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita
fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para
essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir
Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira
ordem
Falhas de segunda
ordem
Falhas de terceira
ordem
I1 X
I2 X
I3 X
I4 X
I5 X
I6 X
I7 X X
I8 X
I9 X
I10 X
I11 X
I12 X X
I13 X
I14 X
I15 X
I16 X
I17 X
I18 X
I19 X
I20 X
I2117 X
TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100
Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem
falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem
Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas
de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos
que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por
entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos
poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de
escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens
considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina
Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf
ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para
a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira
17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi
selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano
99
ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE
1991 p 41-42)
Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da
amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para
melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de
aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos
natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois
escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos
Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos
selecionados
Falhas de escrita de
1ordf ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos
selecionados
TEXTO 1
TEXTO 2
TEXTO 3
TEXTO 4
TEXTO 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequencias dos sons e
as sequencias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto
(gosto)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
tasia (passear)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som
gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai
(assim) voma (forma)
Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)
nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)
dodiabo em vez de do diabo
Falhas de escrita de
2ordf ordem
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
O aluno faz a
transcriccedilatildeo foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
bejo em vez de beijo
cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu
pofessora em vez de professora
Falhas de escrita de
3ordf ordem
TEXTO 7
TEXTO 8
TEXTO 9
TEXTO 10
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e na
escrita faz troca entre
letras concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade
profesora em vez de professora
o em vez de ou
Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa
Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque
os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as
100
sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina
(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo
distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)
asai (assim) voma (forma)
Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como
quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar
em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha
(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do
diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O
uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)
Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a
transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com
a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa
vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora
Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita
ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez
de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo
Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute
produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as
letras
Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos
alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante
21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta
Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da
abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de
desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do
diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar
as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita
Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor
sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando
apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da
101
fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de
aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter
conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a
superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo
Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios
por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar
as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo
Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo
seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem
alfabetizados
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas
6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle
(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido
reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o
informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por
parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do
6ordm ano JF
Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com
a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio
XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos
especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis
de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver
habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para
blog
A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro
moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash
Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando
Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas
semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras
disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio
definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na
102
segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da
turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica
e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees
estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o
falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola
foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral
Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao
teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro
moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga
horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir
Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI
MOacuteDULOS Meses Datas Carga
horaacuteria
Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha
Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha
Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha
26 27 30 31 ----
Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha
Total 42
aulas
Fonte Dados da pesquisa 2017
431 Moacutedulo I ndash Conhecendo
Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC
Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as
caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais
da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de
imagens e de movimentos
18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto
103
Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente
digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades
de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva
dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de
conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de
exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta
de trabalho
Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as
contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode
ser visualizado na figura abaixo
Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens
entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa
diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo
dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power
point
104
Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto
de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por
outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de
familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se
realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da
inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute
em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo
105
Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a
leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e
concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque
estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal
Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto
compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma
palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta
multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van
Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza
por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo
dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos
cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos
semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um
recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de
pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na
figura 18
Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O
primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs
106
literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro
ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas
ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de
Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos
na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs
Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas
abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc
tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome
teria
Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o
tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil
apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo
abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12
Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo
Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da
escola tem muitas fotos dos alunosrdquo
Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo
Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos
a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a
escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi
esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas
atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar
diversos assuntos
Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas
possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs
como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica
Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus
gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno
grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita
Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo
Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo
ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute
107
httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do
acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo
A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e
conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos
surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a
proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante
orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura
das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo
Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-
vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
108
Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em
10 nov de 2017
432 Moacutedulo II ndash Dialogando
Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem
Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das
atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as
discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa
e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas
dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois
com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que
eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar
Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos
textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o
contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da
leitura multimodal
O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo
sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral
e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
109
Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as
especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas
sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica
como podemos visualizar logo abaixo
Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-
dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees
sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo
(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p
346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees
procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar
dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles
foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que
[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um
discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa
ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para
executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o
processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas
primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)
110
Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no
laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais
Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos
selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees
pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram
instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que
tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que
sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura
dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os
traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras
Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma
charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a
quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento
algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos
visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e
traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as
cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a
palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria
111
Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida19
Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a
situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa
forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e
leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ
a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a
produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da
situaccedilatildeo comunicativa
De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo
vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o
processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na
memoacuteriardquo
19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela
professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016
112
Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos
conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento
enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e
experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes
perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute
saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm
quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais
fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens
das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da
narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos
Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na
sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de
natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa
discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do
estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera
ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade
Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico
da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)
Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram
significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no
capiacutetulo I deste trabalho
Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que
os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar
linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e
importacircncia social nas praacuteticas de letramento
Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van
Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios
modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados
representacionais interativos e composicionais
113
Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila
Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-
justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017
A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao
centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros
diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob
anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa
Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR
Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida
de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na
composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a
crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short
preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas
Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos
tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2
no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de
accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os
braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores
114
funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e
coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede
de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o
significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado
representacional da realidade da desigualdade social
Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os
elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes
interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo
haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os
cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de
oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao
PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma
relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI
Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados
todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia
maior dos observadores
Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos
diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do
texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar
subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz
um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo
PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima
de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em
desvantagem em desigualdade
Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo
superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que
tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a
possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
primeiro
Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo
relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e
a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge
que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder
pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees
115
desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas
em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo
O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo
na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do
PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao
jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas
relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a
desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O
que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade
natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual
ou injusta
Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os
informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas
Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida
provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise
Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes
no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e
natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os
sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo
e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em
resposta agrave questatildeo 3
Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade
com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir
do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo
com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma
sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma
que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos
indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna
o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)
De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na
atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa
leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical
imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)
Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de
textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo
116
tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais
Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute
e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos
primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas
questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm
dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos
Vocecircs gostariam de produzir textos como esses
Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos
organograma mapa e infograacutefico
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo
os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24
Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017)
O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise
Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns
alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a
estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem
disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem
conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita
117
como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes
da correccedilatildeo ortograacutefica
Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto
acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De
acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras
Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem
trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais
letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)
Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro
[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o
constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel
agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula
amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees
de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias
etc (RIBEIRO 2016 p 31)
118
Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV
materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total
estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o
proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na
escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees
tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo
Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo
Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas
receitas Ficou divertidordquo
Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para
pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site
de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico
Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros
e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos
foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo
Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do
blog sugerido na pesquisa online
Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate
tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam
escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um
debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma
diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre
concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos
pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas
sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de
bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram
digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica
20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em
lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017
119
Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas
Fonte Acervo da pesquisadora 2017
Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate
Fonte Dados da pesquisa 2017
120
Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao
separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as
121
informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos
infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico
deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p
32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras
isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo
Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do
infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por
muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto
de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo
exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda
concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos
Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e
talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo
multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e
expressar nossas ideias e gostos
Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre
letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos
construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo
(RIBEIRO 2016 p 35)
Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima
produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em
relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas
menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra
122
Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da
escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da
ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)
constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo
comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo
com esserdquo
433 Moacutedulo III ndash Refletindo
Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno
pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico
tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder
observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os
diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos
fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do
seu proacuteprio aprendizado
Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com
o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o
desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as
especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
123
Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre
os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico
e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a
respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento
e da interaccedilatildeo
A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no
laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu
9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar
nas fotos abaixo
Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca
Fonte Dados da pesquisa 2017
Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram
aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade
2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de
falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo
Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para
essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8
124
A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de
Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para
melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute
a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa
forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de
conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo
Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas
dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de
sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo
ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente
reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo
Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto
de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade
pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar
o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever
pintar entre outros
No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou
natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas
orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada
um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A
exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser
visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32
125
Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
126
Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio
de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por
representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz
parte dessa faixa etaacuteria
A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo
com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam
assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio
Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao
aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica
Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples
salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade
Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da
tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as
redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno
Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a
analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e
situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto
crocircnica etc)
Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e
o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria
passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que
determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo
com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias
textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com
subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados
caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos
127
Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de
sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial
Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral
Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)
apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da
mesma maneira as respectivas produccedilotildees
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham
uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se
chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em
perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental
n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca
entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que
estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo
sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha
128
ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda
apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia
Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num
quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir
seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo
Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas
caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo
Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia
narrativa
Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo
Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir
Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e
conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles
deram de cara com um gato faminto
Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome
pois as comidas ficaram no chatildeo
Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos
Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram
asfixiados
Fonte Dados da pesquisa 2017
129
O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo
aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor
desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de
ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a
exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita
ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica
Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a
escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de
terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se
da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim
escolher a letra certa para simbolizar cada som
b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para
as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica
sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se
safar d) Joana arruma outro namorado
Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com
uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a
situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto
registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na
escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos
comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita
inadequada un
130
Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao
compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle
[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a
pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que
o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um
som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)
Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita
ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos
exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao
pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros
problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v
transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como
podemos ver logo abaixo
Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala
pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
131
Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas
situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a
leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google
Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
132
Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela
verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a
histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo
na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme
Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos
carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias
de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da
cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa
(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo
de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com
comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da
133
produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com
o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)
azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras
Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a
importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees
linguiacutesticas para captar o conceito de palavra
Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um
sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca
e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado
mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo
paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em
momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo
abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos
Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
134
Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem
medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens
leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros
problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras
intervenccedilotildees
A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa
atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo
Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda
[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio
interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a
propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido
de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos
ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)
Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as
orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da
propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes
e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as
ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e
postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees
arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos
populares proveacuterbios giacuterias etc
Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e
classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a
seguir
135
Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
136
Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
137
Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
138
Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica
Fonte Dados da pesquisa 2017
139
Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo
momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No
quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados
pelos autores
Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e
Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias
TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende
Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo
Acentos graacuteficos suite suiacutete
TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc
Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela
TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela
anor amor
Troca de letra concorrentes pas paz
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha
cozinha solho sonho
TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde
vende omde onde vend vende veloso veloz
Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho
Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser
Troca de letras viaza viajar
TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado
TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi
catado encantado sei sem espelasa esperanccedila
Omissatildeo de letras barro bairro
Troca de letras rumeros nuacutemeros
Fonte Dados da pesquisa 2017
Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se
identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno
perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma
intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados
primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua
proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que
escreve
A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI
1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se
representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome
A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e
avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou
escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria
retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo
140
conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o
jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra
inicial
De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute
uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda
acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita
diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a
aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira
que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre
talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute
tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias
Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima
atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar
das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar
mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia
Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos
esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a
escrita conforme a montagem de fotos abaixo
141
Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7
Fonte Dados da pesquisa 2017
Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores
afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que
[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma
componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as
perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama
indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute
ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI
1990 p 49)
Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-
relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos
ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo
incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar
Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade
exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo
uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia
das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo
dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes
21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de
palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico
wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em
lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017
142
cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como
esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud
Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas
versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem
tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis
de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas
pessoais ou sobre a tela de Portinari
Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de
informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site
que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso
ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa
forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a
seguir
Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8
Fonte Dados da pesquisa 2017
143
Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para
conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso
deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para
exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados
Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma
1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma
vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn
em
011117
2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -
Atividade Final Anocircnimo
em
011117
3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio
do aluno Lucas Aquino sala CM
4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5
LUCAS
AQUINO
em
011117
5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim
em
011117
6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ
em
011117
7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo
coletiva Lais e Paulo C
em
011117
8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade
Final Maria Helena
em
011117
9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo
divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo
Amanda
Kathleen
em
011117
10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -
HQs Sherazade Santos
em
011117
11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da
atividade 8 Nathalia e Laura
em
011117
12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo
em
011117
13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan
em
011117
14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo
em
011117
15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento
em Hoje eacute dia de diversatildeo
PAULA ANA
CLARA
em
011117
16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA
DAHORA PARABEacuteNS
17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio
em
011117
144
18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo
em
011117
19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos
em Atividade 7 Florecircncia Vieira
em
301017
20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane
em
301017
21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da
Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues
em
301017
22 Ficou muito bonita em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves
em
301017
24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues
em
301017
25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro
em
301017
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev
2018
Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam
aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de
aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos
de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo
Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura
e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu
consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos
digitais possibilitando o letramento digital
Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que
[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25-26)
Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia
no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino
para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras
145
atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais
Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de
pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador
Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas
em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade
Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que
em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo
eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que
eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos
fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo
inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno
perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele
vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades
Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os
participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo
haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo
ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos
ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados
Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas
de tela abaixo
Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral
Fonte Dados da pesquisa 2017
146
Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico
Fonte Dados da pesquisa 2017
De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como
um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito
mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de
praacuteticas de leitura e de escrita
434 Moacutedulo IV ndash Praticando
Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica
dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da
tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em
colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI
Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor
e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na
publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a
pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute
que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos
Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas
destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade
Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do
147
blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e
diversatildeo
4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE
A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo
as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma
conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia
narrativa conforme Cavalcante (2013)
Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia
da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola
nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha
impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens
Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de
Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo
A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica
estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso
era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias
Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais
e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]
os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou
em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010
p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto
Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um
banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem
principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais
uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem
narra de maneira divertida em seu dia-a-dia
O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo
para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos
da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira
paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo
chama de livro de memoacuterias
A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve
a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos
148
foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita
ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica
Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os
informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas
de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento
Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final
Fonte Dados da pesquisa 2017
Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente
com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles
apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e
da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos
com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os
problemas de escrita foram minimizados
Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e
digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis
Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
INFORMANTES
1 EA 7
2 FA 8
3 IR 10
4 JP 11
5 JR 12
6 LV 13
149
Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
150
Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos
da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e
caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos
fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos
utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo
da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05
registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos
em anaacutelise
151
Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
T
ran
scri
ccedilatildeo f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
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segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
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Uso
in
dev
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maiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 10 1 1 4
I10 1 4 1 1
I11 1 4 1
I12 1 2 1 1
I13 10 1 1 2
Total 2 26 4 4 7 3 46
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados
principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias
Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas
sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de
aprendizagem da escrita
Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as
ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e
assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos
152
Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tra
nsc
riccedilatilde
o f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e m
aiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 2 2 4 2
I9 2 1 7 3 3
I10 2 2 3 2 2 1 1
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5
I13 2 4 2 2 2
Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila
significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao
constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo
ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e
minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo
Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE
Categorizaccedilatildeo AIE AFE
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26
Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4
Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por
Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais
da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo
com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios
com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais
153
houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas
apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido
Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as
ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias
precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao
compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir
Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como
no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra
provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de
novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no
TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez
de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3
fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda
em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de
porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram
encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas
de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas
154
palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi
por desde
Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute
superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la
na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso
sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que
promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das
ideias e organizaccedilatildeo espacial
Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute
comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas
linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por
Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os
alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por
cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos
distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute
que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim
que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)
Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela
uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora
quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os
alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de
sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo
(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao
utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus
textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante
8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo
155
Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas
eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno
precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele
compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees
entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir
e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias
Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras
considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle
(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que
satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo
relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16
Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA
Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com
uma letra
Biuniacutevoca
Relaccedilotildees de um para mais
de um determinadas a
partir da posiccedilatildeo
Cada letra com um som numa dada
posiccedilatildeo cada som com uma letra numa
dada posiccedilatildeo
Natildeo biuniacutevoca
Relaccedilotildees de
concorrecircncia
Mais de uma letra para o mesmo som
na mesma posiccedilatildeo
Concorrente
Fonte Lemle 1991 p 10
Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai
evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a
autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em
156
nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes
da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias
Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de
escrita de 1ordf
ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AIE
Textos 1 2 3 6 e 7
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AFE
Textos 1 a 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha)
batatina (batatinha) goto (gosto)
Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa
(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)
poque (porque) fera (feira) fiqei
(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda
(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)
poque (porque) esto (estou) novenbo
(novembro)
Conhecimento ainda inseguro do
formato de cada letra tasia
(passear)
Natildeo haacute registros
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som gogo
(gosto) natu (moto) natildee (matildee)
fanilha (famiacutelia) asai (assim)
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som nuto (muito)
temo (tenho) traqulo (tranquilo)
provesola (professora)
Natildeo formou conceito de palavra
coanilha (com a minha) nasine
(nasci em) a mina (a minha)
Natildeo formou conceito de palavra
pramim (para mim) e fomatica
(informaacutetica) prici palmente
(principalmente)
Falhas de
escrita de 2ordf
ordem
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
susu em vez de chuchu
imbora em vez de embora
desdi em vez de desde
Falhas de
escrita de 3ordf
ordem
O aluno
avanccedilou no
saber
ortograacutefico e na
escrita faz troca
entre letras
concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
felis em vez de feliz
uzei em vez de usei
Oje em vez de Hoje
Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017
Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como
em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos
tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute
falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro
lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do
formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras
Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar
157
algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de
escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios
definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo
Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos
cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na
AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf
ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na
aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma
transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem
escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e
2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica
Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a
um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber
ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram
determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por
fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de
letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os
autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico
tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura
intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por
Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12
na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e
utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao
Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X
I10 X
I11 X X
I12 X X
I13 X TOTAL 3 2 2
Porcentagem 60 40
Atividade Final de Escrita ndash AFE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X X
I10 X X
I11 X
I12 X
I13 X X TOTAL 3 3 2
Porcentagem 60 40
158
escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo
foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus
textos
Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os
conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico
na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico
para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos
159
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo
e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano
da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a
oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)
Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com
as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento
multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo
presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e
tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo
do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados
Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as
dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades
que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades
identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo
em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a
pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash
AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE
Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para
elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi
confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e
conseguirem elevar o niacutevel de escrita
160
A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo
estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar
recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido
destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente
disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse
impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico
Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que
conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas
de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os
alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de
1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos
que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem
entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados
entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos
os textos iniciais e finais
Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital
Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da
digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de
habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem
escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e
organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos
disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras
maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas
habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita
Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram
desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o
outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao
afirmar que
[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no
digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos
histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante
transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)
Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de
escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em
161
nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem
afirma que
[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os
recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as
possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e
mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)
Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas
em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas
fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados
(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias
de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente
colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino
mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo
Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave
produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso
didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando
respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo
das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para
promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado
Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o
aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19
anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos
Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim
de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees
e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila
a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula
Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de
atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar
o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia
Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados
totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo
inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver
capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons
162
da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber
ortograacutefico
Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC
dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica
pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho
percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem
163
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GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 2 Didaacutetica do Niacutevel Silaacutebico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
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Izidoro Blikstein 27 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006
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168
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII
Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017
Aluno (a)_______________________________________________________________
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
A ( ) Em casa
B ( ) Em lan house(s)
C ( ) Na escola
D ( ) Outros lugares Qual ______________________________
E ( ) Natildeo uso
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
A ( ) Menos de uma hora
B ( ) Uma hora
C ( ) Duas horas
D ( ) Mais de duas horas
E ( ) Nunca
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
A ( ) Computador
B ( ) Celular
C ( ) Tablet
D ( ) Outros equipamentos
E ( ) Natildeo uso
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica
para realizar atividades escolares
Sim Natildeo
169
5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo
A ( ) redes sociais como Facebook
B ( ) jogos eletrocircnicos na internet
C ( ) blogs
D ( ) sites de pesquisa
170
APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Felpo Filva
Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e
engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um
problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo
rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos
Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar
para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou
a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou
171
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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos
Comece entatildeo
Florecircncia
Florecircncia
172
APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Montes Claros ndash MG
2017
173
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
apresentado como requisito parcial do
Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash
PROFLETRAS da Universidade Estadual de
Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora
Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira
Montes Claros ndash MG
2017
174
IDENTIFICACcedilAtildeO
Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG
Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade
Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017
1 Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos
do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog
como recurso didaacutetico
Objetivos especiacuteficos
Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita
que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog
Produzir texto multimodal para blog
2 Metodologia
Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de
accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no
seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto
verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente
bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os
alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que
estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em
175
um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim
chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros
meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo
de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre
um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo
conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de
estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio
conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas
no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)
representando o processo educacional atual
176
Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do
processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de
moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e
praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver
atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero
digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA
MOacuteDULO 1 Conhecendo
Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva auditoacuterio palestras
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
177
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de
sons palavras imagens e movimentos
Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO
Accedilatildeo
Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos
multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons
palavras imagens e movimentos
Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o
ambiente digital
Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital
Conhecer diferentes textos multimodais
Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola
Atividades
1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de
slides sobre a proposta de trabalho
Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem
Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides
2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e
assim familiarizar com o ambiente digital
3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos
Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo
httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr
Blog Open Page httpwwwopenpagecombr
Blog Galerinha on line
httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml
Blog escolar httpec19tagblogspotcombr
Questotildees propostas
Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de
cada um
De qual vocecirc gostou mais Por quecirc
Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria
Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria
4- Criar o blog da turma
178
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet caixa de som
Duraccedilatildeo 8ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo
Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem
Fonte Dados da pesquisa 2017
MOacuteDULO 2 Dialogando
Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O
aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades
apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer
com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade
promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno
ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua
proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal
A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio
mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas
atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita
Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando
PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO
Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
Objetivo Ler textos multimodais
Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais
Produzir textos multimodais
Metodologia
Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos
linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
1- Leitura de textos multimodais
2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos
selecionados
179
Atividades
HQ da Turma da Mocircnica
HQ do Gaturro e Aacutegatha
Charge
Propaganda
3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados
Organograma
Infograacutefico
Mapa
Recursos
didaacuteticos
Data show Computador Internet folhas A4
Duraccedilatildeo 10 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Fonte Dados da pesquisa 2017
LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS
Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo
Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)
180
Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida
Observe a HQ para responder ao que se pede
1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo
2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo
3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos
4- Por que Cascatildeo saiu correndo
5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos
6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
181
Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha
Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista
Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)
Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha
Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso
em 07 jun 2017
- Observe a tirinha para responder ao que se pede
1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito
2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira
Onde encontramos essas palavras com frequecircncia
3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro
4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando
5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado
6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido
182
Em relaccedilatildeo agrave charge
Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila
Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt
Acesso em 07 jun 2017
- Observe a charge para responder ao que se pede
1- O que eacute igualdade
2- O que eacute justiccedila
3- O que vocecirc vecirc na imagem
4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo
5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila
6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta
183
Em relaccedilatildeo agrave propaganda
Figura 05 ndash Propaganda
Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07
jun 2017
- Observe a propaganda para responder ao que se pede
1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado
2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada
3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo
4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta
184
Em relaccedilatildeo ao Organograma
Figura 06 ndash Organograma
Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso
em 09 ago 2017
1 Criar um organograma
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc
Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar
185
Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico
Figura 07 ndash Infograacutefico
Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago
2017
2 Criar um infograacutefico
Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras
e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas
impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de
causa e efeito (RIBEIRO 2016)
Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla
186
Em relaccedilatildeo ao Mapa
Figura 08 ndash Mapa escolar
Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017
3 Criar um mapa
Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios
ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola
MOacuteDULO 3 Refletindo
Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa
analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no
que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar
questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao
resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba
intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado
187
Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3
REFLETINDO
Accedilatildeo
Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de
atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em
situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos
multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos
Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam
a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as
habilidades de letramento em contexto digital
Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc
Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da
escola e em sala de aula
Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro
2- Vamos de carona nesta viagem
3- Agrave maneira dos antigos
4- Tempo de falar
5- Vamos vender o fedex
6- Pausa para criar
7- Jogo Corrida das letras
8- Nuvem de palavras
Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas
laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais
escolares
Duraccedilatildeo 21 ha
Avaliaccedilatildeo
A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave
melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo
aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo
atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada
um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir
sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir
Fonte Dados da pesquisa 2017
188
ATIVIDADES SELECIONADAS
1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o
momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis
de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a
amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo
companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas
natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler
sem a sua autorizaccedilatildeo
2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras
satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse
do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O
palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra
do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira
com as palavras vamos brincar com as frases abaixo
a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V
b- A+ J pois T+ D
c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T
3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e
as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de
frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse
Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre
CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito
esquisito natildeo eacute R
CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar
FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo
MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal
OUTRAS
- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria
- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D
+ P + e sonho com G
4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por
etapas
1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO
189
a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo
Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem
vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois
b Leia em voz alta o texto
c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou
inverter a ordem Exemplo
Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes
Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois
Ou
Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e
ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois
d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica
e Passe-o a limpo e guarde-o
1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras
Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe
Figura 09 ndash Palavras desenhadas
Fonte Claver 1994 p 33
2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM
190
Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada
telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las
2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com
as palavras
Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo
coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes
Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato
marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa
3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua
significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas
potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida
Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras
satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute
enorme em sua significaccedilatildeo
A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos
relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves
alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas
4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente
O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure
escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com
as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo
Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens
morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem
Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas
feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia
de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada
3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS
191
Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas
anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma
(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio
Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado
Situaccedilotildees
Acham uma saiacuteda
Aparece um super-rato para salvaacute-los
Se devoram
(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se
descobre nu
Situaccedilotildees
Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo
Ningueacutem repara em sua atitude
Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV
c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome
Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca
Situaccedilotildees
Ele morre
Joana fica sabendo do acontecido e se suicida
Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar
Joana arruma outro namorado
d) A histoacuteria de Romeu e Julieta
Situaccedilotildees
Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo
Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um
deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio
Situaccedilotildees
Os gatos resolvem comer os peixes
Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos
192
Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e
morrem
O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos
f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento
enorme Quando o sinal abre o burro empaca
Situaccedilotildees
Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo
O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros
Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida
um texto pelo menos inusitado
Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que
natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA
POR QUEcirc COMO QUANDO
Ainda
Agente ndash ator ou atores
O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita
O tempo ndash eacutepoca
O lugar ndash meio ambiente
As causas ndash origem motivo
As consequecircncias ndash os resultados
Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo
O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo
Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o
redator Vamos laacute
1- Escolha o tem (ou temas)
2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE
TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc
3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o
193
Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que
colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou
que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum
se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o
que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados
as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo
Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas
da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta
Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro
Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida
A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da
liberdade
O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo
Malandro prevenido dorme de botina
As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do
vizinho e croquete do botequim
Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho
Mulher e livro emprestou volta estragado
Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue
As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo
de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga
Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois
Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por
exemplo
Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em
puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo
O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora
O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro
Queridinho eacute o nome de solteiro do marido
Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo
4 ATIVIDADE Tempo de falar
194
Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos
oprimidos
Amor com amor se pega
Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica
Pensar ndash eis um verbo reflexivo
Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar
a verdade numa sentenccedila iluminada
Amai-vos uns agraves outras
Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo
Sereia ndash mulher de ex-cama
Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida
Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus
anda de creacutedito baixo
2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles
mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono
o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da
Telefocircnica
a) Quem cala consente
b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei
c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando
d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura
e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco
f) Catildeo que ladra natildeo morde
3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os
As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem
status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc
Ronald Claver
5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX
195
A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza
Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas
comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees
Pag Pouco
Se eacute Bayer eacute bom
Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal
Tomou Doril a dor sumiu
Pense Forte pense Ford
Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do
consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e
fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade
Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc
Ao sucesso com Hollywood
No Brasil toda mulher tem Charm
Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado
Mulher pelada com automoacutevel
Status social com cigarro
Vigor fiacutesico com remeacutedio
A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc
Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja
Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica
Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha
O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual
das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as
zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em
196
certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela
durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho
do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena
comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo
Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante
1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-
doors televisatildeo etc Selecione-as
2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja
a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc
3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use
todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto
desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol
4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem
5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto
5- Passe a limpo e guarde-a
1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere
2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o
traccedilo
3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe
redesenhe reescreva mostre ao colega
6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR
197
Figura 10 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 58
198
Figura 11 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 59
199
Figura 12 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 61
200
Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O
primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado
Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que
aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta
nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo
aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial
Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras
Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142
ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS
201
MOacuteDULO 4 Praticando
Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos
conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras
a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos
multimodais)
Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO
Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita
Objetivos
Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao
suporte de circulaccedilatildeo
Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma
Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou
coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros
materiais escolares
Duraccedilatildeo 14 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017
202
APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Sinopse
Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que
Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde
fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo
mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo
o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel
Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido
diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo
Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-
banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017
O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno
natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em
casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)
Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso
em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola
Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um
Banana
203
Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar
suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros
pensamentos Vamos laacute
204
Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas
sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica
entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)
Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF
Fonte Dados da pesquisa
205
206
3 CRONOGRAMA
Agosto
Setembro Outubro Novembro
MOacuteDULO I
X
MOacuteDULO II
X
MOacuteDULO III
X
MOacuteDULO IV
X X
REFEREcircNCIAS
CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995
CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG
1992
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba
Editoras 2008
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
2016
Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017
Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e
contemporaneamente diferentes letramentos ao longo
do tempo diferentes letramentos no nosso tempo
(SOARES 2002 p156)
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia
Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional
Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio
Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final
Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade
Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia
Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela
alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento
desta minha formaccedilatildeo
Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e
competecircncia dada em cada disciplina
Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf
Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis
contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e
dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto
Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem
pelas conversas trocas de saberes e amizade
Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de
Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal
do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash
ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo
a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa
regiatildeo
Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa
Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo
Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha
A todos muito obrigada
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos
niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de
ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais
promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero
digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos
envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como
explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo
e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento
sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003
2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001
2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise
quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash
AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz
que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David
Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1
Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)
e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE
revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm
ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por
Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa
evoluiacuteram na escrita
Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog
ABSTRACT
The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and
analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola
Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in
the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of
teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres
promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog
can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this
research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The
technical procedures used were bibliographic research the action research and participant
research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts
and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin
(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)
and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the
data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in
Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity
(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the
guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David
Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2
Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The
analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to
raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school
committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not
yet considered literate the subjects of this research evolved in writing
Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Nuvem de palavras 03
Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39
Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50
Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76
Figura 05 - Texto 1 - AIE 85
Figura 06 - Texto 2 - AIE 85
Figura 07 - Texto 3 - AIE 86
Figura 08 - Texto 4 - AIE 86
Figura 09 - Texto 5 - AIE 87
Figura 10 - Texto 6 - AIE 88
Figura 11 - Texto 7 - AIE 88
Figura 12 - Texto 8 - AIE 89
Figura 13 - Texto 9 - AIE 90
Figura 14 - Texto 10 - AIE 90
Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102
Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102
Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103
Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105
Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106
Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107
Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108
Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110
Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112
Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115
Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116
Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118
Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118
Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119
Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119
Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121
Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122
Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124
Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126
Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127
Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128
Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129
Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131
Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132
Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137
Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139
Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141
Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142
Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144
Figura 57 - Texto 1 - AFE 145
Figura 58 - Texto 2 - AFE 148
Figura 59 - Texto 3 - AFE 148
Figura 60 - Texto 4 - AFE 149
Figura 61 - Texto 5 - AFE 149
Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150
Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152
Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154
LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS
Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31
Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37
Quadro 03 - Falhas de escrita 40
Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42
Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48
Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes 58
Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59
Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61
Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68
Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72
Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84
Quadro 12 - Falhas de escrita 97
Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127
Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari
(1995) (2017) 138
Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147
Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154
Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155
GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15
Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78
Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78
Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79
Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79
Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80
TABELAS
Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69
Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91
Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96
Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101
Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150
Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151
Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152
Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156
LISTA DE SIGLAS
AIE - Atividade Inicial de Escrita
AFE - Atividade Final de Escrita
EEPXII - Escola Estadual Pio XII
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia
PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo
PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo
TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 13
CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19
11 Concepccedilatildeo de linguagem 19
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27
12111 Faceta psicoloacutegica 28
12112 Faceta psicolinguiacutestica 32
121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33
121122 Niacutevel silaacutebico 34
121123 Niacutevel alfabeacutetico 35
12113 Faceta linguiacutestica 36
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41
12114 Faceta sociolinguiacutestica 43
CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45
21 Letramento 45
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47
23 Texto (multimodal) e ensino 52
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56
25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61
CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66
31 Contexto da pesquisa 66
32 Sujeitos 68
33 Procedimentos da pesquisa 70
34 Teacutecnica de coleta de dados 73
CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS
intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77
41 Questionaacuterio 77
42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100
431 Moacutedulo I - Conhecendo 101
432 Moacutedulo II - Dialogando 107
433 Moacutedulo III - Refletindo 121
434 Moacutedulo IV - Praticando 145
4341 Atividade Final de Escrita 146
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158
REFEREcircNCIAS 162
APEcircNDICES 167
13
INTRODUCcedilAtildeO
Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as
perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as
perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)
O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao
conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos
especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que
pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para
poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita
Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas
praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula
para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola
Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de
Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto
sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente
da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo
Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam
na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de
educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na
linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo
sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo
Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado
ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo
Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora
ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica
a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo
(SOARES 2014 p 40)
Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento
construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo
(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea
cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as
praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo
dos multiletramentos
14
Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora
com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas
pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam
niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam
conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e
compreensatildeo de textos
Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola
Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que
pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de
programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash
SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola
Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta
pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves
turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-
se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano
preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da
1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as
diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais
em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como
objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades
pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno
domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em
lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria
de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento
das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar
pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em
lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-
formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017
3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a
valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de
licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a
inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que
desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da
escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017
15
aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho
em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e
em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano
em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o
resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida
escola em diferentes periacuteodos letivos
Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e
padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016
Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)
De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de
Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do
Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que
eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22
dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e
letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para
continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo
com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados
ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades
Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma
intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar
4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm
Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das
seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a
PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo
Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel
Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt
httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de
jan de 2017
0 20 40 60 80
2013
2014
2015
2016
Recomendado
Intermediaacuterio
Baixo
16
possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da
Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica
Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades
de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de
intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das
dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu
para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho
com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e
letramento dos alunos envolvidos na pesquisa
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que
desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico
de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a
aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos
de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo
que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da
turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas
por meio de recursos impressos e digitais
Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada
como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na
realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi
classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados
a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos
a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade
considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de
escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano
III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo
com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO
DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
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termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu
para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional
vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa
pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa
participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a
investigaccedilatildeo cientiacutefica
Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho
de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e
dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido
pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e
classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos
postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira
segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo
compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari
(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e
relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm
ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como
recurso didaacutetico
Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em
praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo
comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo
Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos
matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise
dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir
do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e
selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8
(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas
Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas
falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm
ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda
ordens
18
Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado
ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi
(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado
ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)
Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no
capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos
metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e
(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados
constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog
utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do
nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices
6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser
facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto
(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato
um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR
Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt
Acesso em 30 de jan de 2018
19
CAPIacuteTULO I
ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA
Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios
teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se
afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento
teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES
2003 p 40)
As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao
cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de
comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu
cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio
do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns
fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento
multiletramentos e gecircneros digitais
Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)
e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino
da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e
quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC
Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de
Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos
elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa
perspectiva interacionista da linguagem
11 Concepccedilatildeo de linguagem
Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e
linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de
atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm
de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema
organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute
principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de
admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto
20
de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa
desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p
61)
Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute
o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem
sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo
a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm
10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas
liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em
territoacuterio nacional
De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se
que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais
crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo
Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos
satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil
existe uma uacutenica liacutengua
Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em
nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos
histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa
forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave
identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam
Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se
como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente
7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em
lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017
8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso
em 30 jan 2017
9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-
20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017
10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo
documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017
11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt
httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7
C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017
21
fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se
pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos
compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito
Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel
dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez
que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo
Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre
os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas
de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas
Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna
consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente
somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a
linguagem acontece conforme define o autor
A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado
no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual
a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da
consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo
social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra
nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo
Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia
desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)
Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a
utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e
evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que
se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo
Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza
a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos
indiviacuteduos
Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa
estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto
textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto
de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin
[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de
formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato
psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal
realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui
assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)
22
A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui
historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas
da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo
que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo
Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista
sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme
contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata
natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos
os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa
Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na
perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de
reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora
essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo
levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa
forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que
necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que
[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as
pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem
eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima
fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e
relevante (ANTUNES 2003 p 41)
Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre
os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas
principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da
escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo
e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo
da cidadania dos seus alunos
Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de
atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial
dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez
mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem
discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem
23
explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem
uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do
princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes
[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo
as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar
nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas
conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda
liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio
social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute
falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)
Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com
clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua
existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a
escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente
escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa
Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG
2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de
Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica
social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade
linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso
Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso
da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas
assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos
compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e
usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa
perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo
de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as
atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a
atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de
textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio
da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo
de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia
discursiva (BRASIL 1998 p 27)
Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio
do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz
24
exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees
diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que
estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da
liacutengua
Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o
movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento
metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades
linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas
de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta
leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de
aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender
esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)
sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento
Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo
utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o
entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos
ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem
natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode
exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade
marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e
mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de
analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e
corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)
Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da
nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da
cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo
aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a
indiferenccedila e o consequente fracasso escolar
Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural
por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a
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falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada
e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso
escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica
agraves ideologias que o atribuem ao aluno
Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que
o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou
seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas
quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com
Soares
[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na
aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino
fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de
ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)
Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na
ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o
desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento
como praacutetica social
No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e
letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos
interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de
praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem
a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a
certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do
sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento
Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em
alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima
Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer
uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um
natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que
compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis
Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam
interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo
conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de
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aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo
Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados
tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo
As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as
habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e
reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da
escrita
Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de
experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos
e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)
ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem
da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade
de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na
vida moderna como praacutetica social
Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e
letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo
De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar
alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e
escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e
familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos
muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar
Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem
acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou
por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era
alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler
e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples
Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e
anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da
populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples
Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as
letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso
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demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais
habilidades
Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de
letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo
interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos
que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e
discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita
em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo
Nessa perspectiva
A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita
alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque
este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia
perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)
Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da
alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura
e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a
alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o
letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo
Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do
conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da
leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar
Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como
processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais
facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica
Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da
escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de
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ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas
tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos
E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre
esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais
complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as
implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua
escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais
12111 Faceta psicoloacutegica
Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do
comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse
modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores
psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana
Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas
teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias
do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem
e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os
mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o
Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget
O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural
segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute
12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual
o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados
como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade
1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo
Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo
de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril
2018
13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e
dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem
interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que
permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo
aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as
aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01
abril 2018
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pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)
Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua
capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo
das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social
e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da
maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela
linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte
integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente
constituiacutedas
Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock
(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute
essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a
realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das
interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e
cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho
que o homem se torna ativo e social
Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo
intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde
o primeiro dia de vida da crianccedila
A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a
perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de
desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita
Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes
de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de
aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento
proximal foi formulada por Vygotsky e representa
[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar
atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento
potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto
ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)
Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento
proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo
de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o
desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e
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tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute
foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo
Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento
mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o
proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento
Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da
linguagem escrita
Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao
papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila
Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se
ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute
escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991
p 70)
De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola
preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria
significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo
especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso
significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons
e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades
reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas
se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o
domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do
letramento como praacutetica social
Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo
reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado
de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada
como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser
desenvolvida
Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget
estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento
orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo
particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo
reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida
31
Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza
pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico
De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras
de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento
humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades
e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do
princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global
pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do
desenvolvimento intelectual
Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock
(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do
pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos
observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-
operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais
Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget
Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo
1deg periacuteodo
Sensoacuterio-motor
(0 a 2 anos)
Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo
que a cerca
2deg periacuteodo
Preacute-operatoacuterio
(2 a 7 anos)
Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo
aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual
afetivo e social da crianccedila
3deg periacuteodo Operaccedilotildees
concretas
(7 a 11 ou 12 anos)
A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo
loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou
seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos
de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar
em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da
capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e
mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar
antes de agir
4deg periacuteodo Operaccedilotildees
formais (11 ou 12 anos
em diante)
Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal
abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute
capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo
de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e
mutaacuteveis
Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)
Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os
indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos
passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de
fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma
riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor
procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do
32
desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo
construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento
Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas
influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um
conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a
organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas
Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo
das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o
meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo
os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo
(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a
construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem
Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da
construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo
Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a
evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em
todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar
possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem
construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios
conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com
o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel
ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa
reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos
12112 Faceta psicolinguiacutestica
A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de
uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos
psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da
aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de
ensino-aprendizagem acontece
Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock
(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino
aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por
33
Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o
construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o
conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual
o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila
Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas
experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da
crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino
mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e
de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas
psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma
interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma
situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)
Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita
tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os
propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma
construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo
ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita
Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a
crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso
trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo
121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico
De acordo com Ferreiro
A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute
atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O
progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais
proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-
se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de
grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)
Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees
diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa
que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a
34
representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem
disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da
folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma
ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas
as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas
apenas por ela mesma
Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a
ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo
agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que
falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e
sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou
de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)
121122 Niacutevel Silaacutebico
O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada
uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da
maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com
isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto
qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia
global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra
para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe
os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa
vogal outras vezes consoante e vogal
Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender
a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da
mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem
Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz
por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que
a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez
que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a
aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)
35
121123 Niacutevel Alfabeacutetico
No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber
unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees
entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro
Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu
que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a
siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que
vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)
Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem
conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um
sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim
esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da
constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que
[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse
momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas
natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa
distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as
dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)
Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da
leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico
haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir
expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos
mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)
Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico
que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa
a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel
anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para
que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de
atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de
construccedilatildeo do que eacute ler e escrever
36
12113 Faceta linguiacutestica
A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia
foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via
como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem
Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da
linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou
natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como
ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica
utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que
se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de
aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos
desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja
ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia
Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos
de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre
esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram
baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um
processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O
aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um
som da fala
Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever
ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca
cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo
A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o
que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo
A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que
cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma
a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante
semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a
percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta
capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito
de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender
como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema
37
de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa
das linhas eacute de cima para baixo
Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que
existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio
tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute
complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs
pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo
ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa
regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras
Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras
Letras Fonemas
P
b
t
d
f
v
a
p
b
t
d
f
v
a
Fonte Lemle 1991 p 17
Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos
distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer
uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras
Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse
correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero
restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som
em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma
para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os
processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias
entre sons e letras
Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as
unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de
pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns
dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som
de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]
em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as
38
crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em
que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas
letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z
Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma
rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de
descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao
dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela
memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria
Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas
quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente
acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme
exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma
unidade fonecircmica
Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de
poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som
em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo
fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura
0214
Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo
Fonte Lemle 1991 p 21
Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para
a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial
na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo
14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo
nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)
39
Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras
na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia
artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O
aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo
foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a
primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e
letras
Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no
mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse
caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo
(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela
memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas
sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da
vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por
meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a
construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas
Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender
que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do
sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como
falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme
veremos no Quadro 03 a seguir
40
Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem
Leitura Escrita
Leitura lenta com soletraccedilatildeo
de cada siacutelaba
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)
Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)
Troca na ordem das letras parto (prato) sadia
(saiacuteda)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada
letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo
do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)
Falhas de escrita de 2ordf ordem
Leitura Escrita
Retenccedilatildeo na etapa
monogacircmica Na leitura
pronuncia cada letra
escandindo-a no seu valor
central Uma leitura silabada
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
matu em vez de mato
bodi em vez de bode
tenpo em vez de tempo
azma em vez de asma
genrro em vez de genro
eles falatildeo em vez de eles falam
Falhas de escrita de 3ordf ordem
Leitura Escrita
O aluno eacute capaz de pronunciar
as palavras de forma natural
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e
na escrita faz troca
entre letras
concorrentes
accedilado em vez de assado
trese em vez de treze
acim em vez de assim
jigante em vez de gigante
xinelo em vez de chinelo
chingou em vez de xingou
puresa em vez de pureza
sau em vez de sal
craro em vez de claro
operaro em vez de operaacuterio
Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41
Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de
aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se
depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que
ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute
considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo
superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)
Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo
da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de
escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o
professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da
41
sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada
dificuldade encontrada
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita
O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre
como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo
(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo
Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita
representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos
fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam
para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas
dificuldades
Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento
das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o
conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo
fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades
no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-
fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de
acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos
como veremos no Quadro 04 a seguir
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Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita
1 Transcriccedilatildeo
Foneacutetica
Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar
i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)
2 Uso indevido de
letras
O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a
ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo
consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees
foneacuteticas
3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra
como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo
4 Modificaccedilatildeo da
estrutura segmental
das palavras
Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de
aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n
v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e
ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno
e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas
5 Juntura
intervocabular e
segmentaccedilatildeo
Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da
continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)
6 Forma morfoloacutegica
diferente
Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm
caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo
(ldquodepoisrdquo)
7 Forma estranha de
traccedilar as palavras
Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia
8 Uso indevido de
letras maiuacutesculas e
minuacutesculas
Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com
letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como
pronomes pessoais
9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns
alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e
sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til
10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte
de textos de produccedilatildeo espontacircnea
11 Problemas
sintaacuteticos
Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos
textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita
como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo
Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)
Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo
com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos
desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido
de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa
outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras
representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas
letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa
para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma
estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras
43
maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos
ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas
sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e
apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)
Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no
Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos
para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento
das competecircncias comunicativas dos alunos
12114 Faceta sociolinguiacutestica
Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma
a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja
no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais
Segundo Bagno (2014 p 13)
A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo
em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)
de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de
representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo
social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso
sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais
dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)
Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute
intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade
De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila
linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para
a sociolinguiacutestica
Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora
de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta
o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a
gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa
forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala
Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a
fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa
As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam
44
tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos
falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social
cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da
liacutengua
Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser
padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na
sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante
disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente
do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua
Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica
Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a
liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a
liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando
ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade
de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa
45
CAPIacuteTULO II
GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS
Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e
tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais
variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais
21 Letramento
Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de
quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo
(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo
globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas
transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve
e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]
aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o
indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social
cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo
Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo
social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada
Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de
ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees
(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que
ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas
sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo
alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se
alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute
na Educaccedilatildeo Infantil
Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita
como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma
de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever
Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a
praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman
(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o
46
coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas
em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao
conceito de letramento
Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de
alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica
habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social
Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito
mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc
Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos
quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a
cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco
dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer
e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que
estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas
habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a
falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse
processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de
letramento A esse respeito Soares indaga
Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades
e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos
de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar
adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem
ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em
contextos escolares (SOARES 2014 p 83)
Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de
letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato
de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades
que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda
que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois
exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros
para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de
avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos
47
Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem
como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo
e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as
definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes
ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a
justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo
imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no
campo educacional e social
Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)
ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de
leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das
necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo
Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma
definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e
medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila
entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo
Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem
satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem
profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os
usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p
104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional
ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas
habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso
de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de
habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de
natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas
sociais
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa
Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um
promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que
participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a
importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros
textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente
48
relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a
grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos
entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo
Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem
mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das
competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e
gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de
informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo
existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de
aprender
Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo
mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute
especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave
circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo
Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma
ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de
teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a
multimodalidade e os multiletramentos
Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees
Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos
contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas
linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de
compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar
(ROJO 2012 p 19)
Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas
de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber
analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e
linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar
seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como
eacute utilizada
Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais
exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca
que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da
informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)
49
implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os
letramentos como podemos observar no Quadro 05
Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos
Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos
1ordf
A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios
analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais
morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e
de fazer circular textos na sociedade
2ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes
raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica
desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades
3ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade
sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais
das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento
4ordf
A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades
multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta
mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de
outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que
o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites
dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)
Fonte Rojo 2009 p 105
Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas
mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em
diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens
cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo
requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos
letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a
perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo
Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o
nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses
recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos
da contemporaneidade
Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e
hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes
permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de
comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que
[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos
possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita
(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo
eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e
democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos
multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)
50
Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos
multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia
pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes
mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas
propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia
Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo
apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e
ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como
organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar
Quais textos e como abordaacute-los
Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que
dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de
circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008
p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais
podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou
especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo
Bakhtin defende que
[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre
relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos
dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o
que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se
em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos
integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)
Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de
atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar
acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar
de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade
humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia
Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes
posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a
inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras
da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo
Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas
ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo
51
Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos
Fonte Rojo 2009 p 110
A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita
impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da
liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em
uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em
e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua
Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos
das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos
que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees
e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as
condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos
polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais
com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em
sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)
Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura
global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees
que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com
isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos
criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens
com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade
social
Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-
lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de
expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente
52
porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso
das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes
compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler
23 Texto (multimodal) e ensino
No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento
de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua
vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de
estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos
Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de
Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma
praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente
sejam orais ou escritos impressos ou digitais
A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da
compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica
textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e
cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais
e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do
princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras
ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos
De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a
orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)
adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo
em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo
Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras
escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da
liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das
pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de
palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita
Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de
nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar
na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo
Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a
concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas
53
propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de
multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes
consideraccedilotildees
1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como
sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc
2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto
aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)
e o texto se torna em geral multimodal
3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e
solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)
4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais
como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser
processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)
Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente
linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados
principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente
multimodal
Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto
multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos
semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos
(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se
integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de
acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos
constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas
muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo
Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos
cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam
pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo
demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam
as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo
Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em
imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de
leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e
de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma
54
linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no
discurso
Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se
compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o
desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a
Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen
Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por
Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs
metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a
experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por
meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes
interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da
composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida
entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados
tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de
demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo
composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os
elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a
relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo
dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo
de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados
representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do
texto
Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos
processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental
importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido
e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-
sujeitos
Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e
que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da
linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e
envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob
essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as
seguintes consideraccedilotildees
55
Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria
envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das
informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem
selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir
em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)
Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a
necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos
que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da
vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo
a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta
estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora
dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram
insatisfaccedilatildeo em produzir textos
Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua
percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere
nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha
contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir
um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta
Bakhtin
[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de
que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui
justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma
espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa
extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio
comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)
Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e
que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos
uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar
propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa
competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de
leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que
privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso
56
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar
Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem
transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica
pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de
conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no
contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode
desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de
letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem
contextualizadas e significativas
Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos
principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada
vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta
transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo
dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas
transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e
transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar
de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com
a educaccedilatildeo
A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva
das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que
foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico
deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a
internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas
instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma
vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito
Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393
milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de
rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet
Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um
salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade
socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees
financeiras
57
Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no
nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de
microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No
entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros
equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel
celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet
(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos
percentuais)
Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com
exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a
pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo
mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira
Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria
constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet
em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-
se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir
desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo
indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015
todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do
grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52
em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute
sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas
com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de
instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente
ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois
para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021
milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e
as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a
mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do
contexto escolar
15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt
httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018
58
Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados
pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de
sentido para o aluno e para a sociedade
Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves
necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como
ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa
maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo
em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo
presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola
A esse respeito Coscarelli afirma que
[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com
competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso
Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura
tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online
viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)
Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para
viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a
tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade
de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de
gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente
quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante
competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais
Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que
ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos
caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos
concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo
Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo
presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou
seja da internet para se materializarem
Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma
de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta
como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um
gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de
59
fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes
no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim
compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo
com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a
ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua
essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo
Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por
ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes
Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes
1 E-mail Carta pessoal bilhete correio
2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)
3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)
4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)
5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)
6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada
7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia
8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais
9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate
10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()
11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal
12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas
Fonte Marcuschi 2010 p 37
Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas
particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos
reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses
gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o
estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as
experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas
No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute
existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam
caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece
de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa
anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07
60
Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo
Participantes Tempo
Siacutencrono Assiacutencrono
Bilateral Chat reservado E-mail
Multilateral Chat em salas abertas
Aula chat
Informaccedilotildees listas de
discussatildeo blogs
Fonte Marcuschi 2010 p 38
Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que
ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees
discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os
gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem
produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e
participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como
o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto
permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos
textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)
Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute
a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes
da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos
comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam
dinamismo ao que eacute lido ou escrito
Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da
multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)
estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso
e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir
discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos
aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido
devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo
ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave
congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da
multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de
recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de
ampliar horizontes e natildeo restringi-los
61
Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero
escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que
definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que
ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador
de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar
os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)
25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino
Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso
pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre
linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010
p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo
Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a
definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet
representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura
uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com
que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo
definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi
(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e
processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios
sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros
digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no
processo de escrita
A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente
empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados
frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e
popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash
rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as
posiccedilotildees do dia)
O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos
gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de
levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades
desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat
62
agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat
videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte
do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como
ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI
Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo
para definiccedilatildeo de
gecircnero
Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono
Duraccedilatildeo Indefinida
Extensatildeo do texto Indefinida
Formato textual Texto corrido
Participantes Muacuteltiplos
Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos
Anocircnimos
Troca de falantes Inexistente
Funccedilatildeo
Interpessoal
Luacutedica
Tema Livre
Estilo Informal
Canal semioses Texto com imagens
Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo
Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41
Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal
assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por
isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de
produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende
da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute
um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos
e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo
visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de
interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a
atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou
natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro
natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de
falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um
63
caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees
entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e
a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de
significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a
possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas
traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o
gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer
que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e
mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo
Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute
confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site
eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos
[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees
diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede
Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus
gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios
textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos
usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast
on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre
usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um
recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)
acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e
opinativosrdquo
Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a
internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem
opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no
blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos
links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em
forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista
As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em
evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de
16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em
lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016
64
habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela
interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica
conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que
[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das
tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os
dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e
compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado
em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web
navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais
apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de
competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p
21)
Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros
nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas
no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a
possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que
[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das
possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas
potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os
discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos
textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros
aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)
Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as
competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece
atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso
Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em
linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo
Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre
vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades
entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir
textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso
que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p
81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da
esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade
enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto
como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as
formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos
65
estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas
quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo
Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e
tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica
a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar
faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais
mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre
esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre
noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes
para Bakhtin eacute
[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os
outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu
nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes
quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo
simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave
reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha
vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a
mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a
narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas
tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade
biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)
Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos
constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre
si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as
accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado
Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem
eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria
vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo
Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo
sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento
vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a
vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato
comunicativo
66
CAPIacuteTULO III
PERCURSO METODOLOacuteGICO
Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no
desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem
metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como
procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A
coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita
e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e
ortograacutefica
31 Contexto da pesquisa
O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na
Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo
eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde
acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade
A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo
Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem
celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares
os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as
danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio
Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees
culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo
a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular
De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende
a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos
Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos
desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de
esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes
familiares
No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo
para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo
67
acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem
diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e
conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica
para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de
vida
A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda
comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca
da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura
empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e
participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a
integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e
transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio
Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas
tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes
nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo
necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas
pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios
miacutenimos
Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta
com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso
agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria
cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de
informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados
necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com
um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o
desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos
nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas
para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem
pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico
Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino
Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)
turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede
(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)
turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio
68
Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito
alunos
32 Sujeitos da pesquisa
O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de
Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na
escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute
composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por
coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir
Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF
Fonte Dados da Pesquisa 2017
Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados
mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute
Coacutedigo Nordm informante
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
EL 8
FA 9
FR 10
IR 11
JP 12
JR 13
KA 14
LV 15
MS 16
MC 17
ND 18
PC 18
PE 20
RR 21
RG 22
RC 23
TM 24
YM 25
69
extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas
de dados
De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e
esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com
procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o
criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que
quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de
intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os
indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos
pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza
qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo
Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos
selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a
trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso
escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram
devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos
negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo
repetentes conforme podemos ver na Tabela 01
Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI
Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm
ano pela 1ordf vez
Cursando o 6ordmano
1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez
EA Masc 11 anos 2016 2017
FA Masc 11 anos 2016 2017
IR Masc 12 anos 2015 2016 2017
JP Masc 11 anos 2016 2017
JR Fem 13 anos 2015 2016 2017
LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017
ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017
TM Masc 12 anos 2015 2016 2017
Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017
Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino
Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da
70
tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda
vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo
acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os
outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo
Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de
alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de
certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de
primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta
que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e
experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras
textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades
necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto
Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos
Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e
compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees
de escrita para compor o PEI
33 Procedimentos da pesquisa
O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como
premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois
o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de
sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia
humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente
para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias
vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma
metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico
De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento
provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da
experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa
cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional
e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a
realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola
Estadual Pio XII
71
Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e
sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo
Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica
pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o
direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa
eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos
teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo
Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre
ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL
2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar
analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir
disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados
Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos
fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade
Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a
pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento
teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem
alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita
Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se
caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo
com Thiollent
Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e
realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou
problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT
2005 p 16)
Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica
aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo
professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica
que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem
Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que
ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre
72
pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora
esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases
Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das
seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10
Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico
1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino
Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de
aprendizagem em leitura e escrita
2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico
3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita
4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de
escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico
5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para
o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental
Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017
Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do
problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com
os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem
terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de
acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora
Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade
linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante
dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8
(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII
A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito
anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre
alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman
(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na
escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados
na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer
ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo
teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de
escrita dos sujeitos da pesquisa
73
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da
pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura
e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A
escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo
de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog
funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional
pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade
animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam
mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem
como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio
de recursos impressos e digitais
Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo
Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada
a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o
autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende
atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados
para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados
34 Teacutecnica de Coleta de Dados
Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante
questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de
Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE
(APEcircNDICE D)
De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta
de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados
aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou
fenocircmenos que se desejam estudarrdquo
A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma
daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos
aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e
escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse
contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente
real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida
preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse
74
instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos
haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar
Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos
e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos
Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada
de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do
entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo
correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo
modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)
Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e
Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se
maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla
economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de
respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel
Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por
cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano
e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico
O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula
com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de
maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo
para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial
de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que
necessitavam de atendimento especiacutefico
Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)
objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle
(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira
ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as
arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)
segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos
elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso
didaacutetico
75
Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de
Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a
importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender
O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de
aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI
ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem
coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente
daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a
desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos
explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema
baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de
ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada
e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de
conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas
as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-
aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em
momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a
perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao
espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da
escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)
representando o processo educacional atual
76
Figura 04 Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses
quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em
torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver
atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o
gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva
auditoacuterio sala de multimeios
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
77
CAPIacuteTULO IV
GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas
em sala de aula
Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De
acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que
implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou
estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a
interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar
pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees
teoacutericas torna-se muito relevante
Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis
de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle
(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo
ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a
retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo
41 Questionaacuterio
O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017
em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula
A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais
acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de
acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam
a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para
fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter
informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas
Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam
presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta
constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na
escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam
responder
78
Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares
diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que
nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso
Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)
observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas
horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de
uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos
dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online
Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2
Fonte Dados pesquisa 2017
Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os
alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o
13
30
2 2 10
2
4
6
8
10
12
14
Em casa Em Lan
House
Na escola Outros
lugares
Natildeo uso Natildeo soube
responder
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
0
8
3
7
3
0
2
4
6
8
10
Menos de
uma hora
Uma hora Duas horas Mais de
duas horas
Nunca
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
79
celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e
142 afirmaram natildeo utilizar a internet
Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que
o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na
atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir
do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo
prevalece mais
Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou
laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194
responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No
graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que
sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou
o acesso agrave internet na escola
Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4
Fonte Dados da pesquisa 2017
58
41 0
30
2
4
6
8
10
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
0
5
10
15
Sim Natildeo Natildeo souberam
responder
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o
computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para
realizar atividades escolares
80
Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19
computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso
Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com
as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno
Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins
pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas
preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e
habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir
linguagem por meio de diferentes miacutedias
A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os
assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que
4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo
souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o
graacutefico abaixo
Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5
Fonte Dados da pesquisa 2017
Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de
conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de
pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem
que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter
contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar
uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam
o letramento digital
Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a
maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da
teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo
Redessociais como
Jogoseletrocircnicosna internet
BlogsSites depesquisa
Natildeosouberamresponder
5ordm 10 6 0 0 5
10 6 0 0 5
5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo
81
de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta
saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de
conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere
Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25)
Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental
no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua
Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por
meio de novas experiecircncias
Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o
acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que
eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto
de inserccedilatildeo social e digital
Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para
as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto
para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo
e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e
de promover o letramento digital
42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20
(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos
dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas
horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos
matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes
Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos
presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as
caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia
narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se
conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim
82
o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo
procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser
Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da
comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica
de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos
motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)
leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu
registro)
O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo
ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam
como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana
A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de
cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo
construindo a nossa histoacuteria particular
Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em
apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da
obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante
justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a
histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar
de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de
maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como
a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita
No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos
ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a
leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura
individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com
a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade
de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada
paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc
personagens protagonistas do livro
O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor
a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano
escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita
Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave
construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave
83
construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo
introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse
sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da
leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada
leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que
motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave
ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo
da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas
analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de
sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo
Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de
sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram
muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de
inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem
alfabetizados
Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno
deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos
comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida
futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista
de informantes para essa anaacutelise
84
Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF
Fonte Dados da pesquisa 2017
A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)
textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de
categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita
espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os
quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por
Cagliari (1995)
Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)
textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez
textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e
exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle
(1991)
Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis
e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento
Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem
INFORMANTE
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
FA 8
FR 9
IR 10
JP 11
JR 12
LV 13
MS 14
MC 15
ND 16
PC 17
PE 18
RR 19
RG 20
TM 21
85
disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute
escrito
TEXTO 1 (1ordf ordem)
Eu masine januaria
eu vivo coanilha natildee neu Pai
Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 2 (1ordf ordem)
Eu naci
januaria
e cogo muto de sai tasia
natildeo gosta de Batatina
A mina vida e asai
FIM
Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE
86
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 3 (1ordf ordem)
O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou
nuito felis com milha familha
Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 4 (1ordf ordem)
Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta
Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE
87
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)
Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo
natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando
mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo
Taeubofesorra
Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 6 (2ordf ordem)
88
meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de
brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu
natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa
89
Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)
Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu
moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de
susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles
fica zombavam de mim em tam essa e minha vida
Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 8 (3ordf ordem)
Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique
Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer
ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em
Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente
das outras pessoas
Fim
90
Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 9 (3ordf ordem)
Eu sou
Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto
de jogar no computador
Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto
Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula
Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar
entatildeo eacute isso so eu
91
Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 10 (3ordf ordem)
Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria
Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar
sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco
timido
Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
92
Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para
levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais
foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari
(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores
alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores
envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa
Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado
nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre
93
Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
T
ran
scri
ccedilatildeo
fo
neacutet
ica
Uso
in
dev
ido
de
letr
as
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
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a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
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s
Ju
ntu
ra I
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lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Fo
rma
mo
rfo
loacuteg
ica
dif
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te
Fo
rma
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ran
ha
de
tra
ccedilar
as
letr
as
Uso
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de
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iuacutesc
ula
s e
min
uacutesc
ula
s
Ace
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s g
raacutefi
cos
Sin
ais
de
po
ntu
accedilatilde
o
Pro
ble
ma
s si
ntaacute
tico
s
I1 2 4 1 1 1
I2 6 7 5
I3 8 2 3 3
I4 1 3 4 3
I5 4 3 5 2
I6 1 1 1 1 4
I7 1 1 7 5 1 4 5 3
I8 2 2 4 2 4
I9 2 1 7 3 3 9
I10 2 2 3 2 2 1 1 3
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5 4
I13 2 4 2 2 2 3
I14 1 2 2 7 5 11
I15 3 1 1 8 2
I16 2 2 2 3 1 1
I17 3 2 1 1
I18 5 1 1 10 1
I19 9 6 3 12 11
I20 2 3 3 4
I21
Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que
maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias
94
seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas
sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias
Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa
pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos
apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor
vai depender de cada texto
Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que
revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte
das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute
o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo
precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no
TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo
Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para
representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar
no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha
Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita
e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento
linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita
desde os primeiros anos escolares
Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois
grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica
que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica
traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita
fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para
poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um
compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o
tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim
Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do
leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica
Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno
natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo
consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)
Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto
aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros
e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a
95
escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras
Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base
a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base
A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito
comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno
natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois
de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para
todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso
sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar
Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua
escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e
escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar
preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem
um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno
descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que
ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma
em letra em palavra em texto
Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai
construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso
aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo
precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou
seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de
formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida
no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a
competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o
uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem
comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de
maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio
Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira
espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe
parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos
brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-
se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita
a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a
96
escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a
ortografia
Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma
espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O
primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita
fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente
Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para
correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o
que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para
que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o
Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem
cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis
de escrita dos alunos
Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas
ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e
anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se
gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs
Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos
dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel
ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos
livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram
as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita
Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial
de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo
com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e
decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta
psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua
De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir
o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou
etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o
niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle
na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a
usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante
e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de
escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo
97
estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel
alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim
constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram
consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica
Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o
conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora
ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave
alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que
1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e
siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas
situaccedilotildees
2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5
(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3
A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras
bastante semelhantes
3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos
natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas
aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na
escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em
Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como
de conceito de palavra respectivamente
4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso
sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute
equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos
que devem ser ensinados gradativamente
Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute
a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de
palavra
Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de
escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela
poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com
as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de
aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as
arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora
como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem
98
De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita
fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para
essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir
Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira
ordem
Falhas de segunda
ordem
Falhas de terceira
ordem
I1 X
I2 X
I3 X
I4 X
I5 X
I6 X
I7 X X
I8 X
I9 X
I10 X
I11 X
I12 X X
I13 X
I14 X
I15 X
I16 X
I17 X
I18 X
I19 X
I20 X
I2117 X
TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100
Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem
falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem
Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas
de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos
que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por
entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos
poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de
escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens
considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina
Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf
ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para
a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira
17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi
selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano
99
ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE
1991 p 41-42)
Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da
amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para
melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de
aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos
natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois
escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos
Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos
selecionados
Falhas de escrita de
1ordf ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos
selecionados
TEXTO 1
TEXTO 2
TEXTO 3
TEXTO 4
TEXTO 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequencias dos sons e
as sequencias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto
(gosto)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
tasia (passear)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som
gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai
(assim) voma (forma)
Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)
nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)
dodiabo em vez de do diabo
Falhas de escrita de
2ordf ordem
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
O aluno faz a
transcriccedilatildeo foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
bejo em vez de beijo
cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu
pofessora em vez de professora
Falhas de escrita de
3ordf ordem
TEXTO 7
TEXTO 8
TEXTO 9
TEXTO 10
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e na
escrita faz troca entre
letras concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade
profesora em vez de professora
o em vez de ou
Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa
Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque
os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as
100
sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina
(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo
distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)
asai (assim) voma (forma)
Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como
quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar
em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha
(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do
diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O
uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)
Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a
transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com
a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa
vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora
Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita
ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez
de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo
Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute
produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as
letras
Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos
alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante
21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta
Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da
abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de
desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do
diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar
as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita
Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor
sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando
apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da
101
fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de
aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter
conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a
superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo
Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios
por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar
as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo
Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo
seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem
alfabetizados
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas
6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle
(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido
reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o
informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por
parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do
6ordm ano JF
Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com
a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio
XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos
especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis
de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver
habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para
blog
A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro
moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash
Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando
Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas
semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras
disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio
definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na
102
segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da
turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica
e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees
estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o
falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola
foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral
Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao
teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro
moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga
horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir
Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI
MOacuteDULOS Meses Datas Carga
horaacuteria
Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha
Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha
Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha
26 27 30 31 ----
Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha
Total 42
aulas
Fonte Dados da pesquisa 2017
431 Moacutedulo I ndash Conhecendo
Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC
Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as
caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais
da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de
imagens e de movimentos
18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto
103
Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente
digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades
de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva
dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de
conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de
exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta
de trabalho
Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as
contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode
ser visualizado na figura abaixo
Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens
entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa
diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo
dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power
point
104
Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto
de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por
outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de
familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se
realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da
inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute
em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo
105
Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a
leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e
concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque
estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal
Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto
compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma
palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta
multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van
Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza
por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo
dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos
cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos
semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um
recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de
pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na
figura 18
Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O
primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs
106
literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro
ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas
ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de
Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos
na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs
Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas
abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc
tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome
teria
Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o
tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil
apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo
abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12
Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo
Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da
escola tem muitas fotos dos alunosrdquo
Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo
Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos
a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a
escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi
esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas
atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar
diversos assuntos
Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas
possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs
como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica
Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus
gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno
grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita
Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo
Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo
ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute
107
httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do
acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo
A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e
conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos
surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a
proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante
orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura
das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo
Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-
vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
108
Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em
10 nov de 2017
432 Moacutedulo II ndash Dialogando
Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem
Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das
atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as
discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa
e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas
dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois
com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que
eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar
Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos
textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o
contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da
leitura multimodal
O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo
sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral
e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
109
Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as
especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas
sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica
como podemos visualizar logo abaixo
Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-
dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees
sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo
(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p
346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees
procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar
dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles
foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que
[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um
discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa
ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para
executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o
processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas
primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)
110
Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no
laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais
Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos
selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees
pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram
instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que
tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que
sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura
dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os
traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras
Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma
charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a
quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento
algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos
visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e
traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as
cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a
palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria
111
Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida19
Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a
situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa
forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e
leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ
a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a
produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da
situaccedilatildeo comunicativa
De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo
vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o
processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na
memoacuteriardquo
19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela
professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016
112
Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos
conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento
enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e
experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes
perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute
saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm
quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais
fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens
das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da
narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos
Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na
sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de
natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa
discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do
estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera
ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade
Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico
da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)
Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram
significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no
capiacutetulo I deste trabalho
Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que
os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar
linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e
importacircncia social nas praacuteticas de letramento
Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van
Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios
modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados
representacionais interativos e composicionais
113
Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila
Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-
justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017
A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao
centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros
diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob
anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa
Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR
Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida
de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na
composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a
crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short
preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas
Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos
tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2
no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de
accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os
braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores
114
funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e
coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede
de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o
significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado
representacional da realidade da desigualdade social
Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os
elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes
interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo
haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os
cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de
oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao
PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma
relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI
Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados
todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia
maior dos observadores
Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos
diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do
texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar
subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz
um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo
PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima
de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em
desvantagem em desigualdade
Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo
superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que
tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a
possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
primeiro
Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo
relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e
a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge
que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder
pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees
115
desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas
em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo
O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo
na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do
PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao
jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas
relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a
desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O
que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade
natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual
ou injusta
Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os
informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas
Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida
provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise
Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes
no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e
natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os
sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo
e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em
resposta agrave questatildeo 3
Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade
com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir
do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo
com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma
sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma
que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos
indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna
o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)
De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na
atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa
leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical
imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)
Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de
textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo
116
tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais
Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute
e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos
primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas
questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm
dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos
Vocecircs gostariam de produzir textos como esses
Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos
organograma mapa e infograacutefico
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo
os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24
Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017)
O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise
Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns
alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a
estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem
disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem
conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita
117
como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes
da correccedilatildeo ortograacutefica
Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto
acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De
acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras
Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem
trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais
letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)
Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro
[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o
constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel
agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula
amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees
de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias
etc (RIBEIRO 2016 p 31)
118
Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV
materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total
estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o
proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na
escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees
tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo
Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo
Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas
receitas Ficou divertidordquo
Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para
pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site
de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico
Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros
e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos
foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo
Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do
blog sugerido na pesquisa online
Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate
tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam
escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um
debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma
diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre
concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos
pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas
sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de
bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram
digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica
20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em
lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017
119
Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas
Fonte Acervo da pesquisadora 2017
Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate
Fonte Dados da pesquisa 2017
120
Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao
separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as
121
informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos
infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico
deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p
32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras
isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo
Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do
infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por
muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto
de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo
exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda
concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos
Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e
talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo
multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e
expressar nossas ideias e gostos
Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre
letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos
construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo
(RIBEIRO 2016 p 35)
Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima
produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em
relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas
menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra
122
Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da
escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da
ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)
constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo
comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo
com esserdquo
433 Moacutedulo III ndash Refletindo
Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno
pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico
tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder
observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os
diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos
fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do
seu proacuteprio aprendizado
Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com
o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o
desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as
especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
123
Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre
os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico
e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a
respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento
e da interaccedilatildeo
A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no
laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu
9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar
nas fotos abaixo
Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca
Fonte Dados da pesquisa 2017
Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram
aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade
2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de
falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo
Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para
essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8
124
A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de
Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para
melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute
a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa
forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de
conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo
Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas
dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de
sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo
ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente
reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo
Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto
de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade
pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar
o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever
pintar entre outros
No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou
natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas
orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada
um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A
exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser
visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32
125
Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
126
Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio
de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por
representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz
parte dessa faixa etaacuteria
A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo
com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam
assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio
Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao
aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica
Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples
salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade
Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da
tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as
redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno
Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a
analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e
situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto
crocircnica etc)
Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e
o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria
passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que
determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo
com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias
textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com
subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados
caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos
127
Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de
sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial
Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral
Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)
apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da
mesma maneira as respectivas produccedilotildees
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham
uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se
chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em
perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental
n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca
entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que
estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo
sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha
128
ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda
apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia
Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num
quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir
seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo
Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas
caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo
Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia
narrativa
Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo
Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir
Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e
conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles
deram de cara com um gato faminto
Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome
pois as comidas ficaram no chatildeo
Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos
Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram
asfixiados
Fonte Dados da pesquisa 2017
129
O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo
aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor
desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de
ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a
exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita
ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica
Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a
escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de
terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se
da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim
escolher a letra certa para simbolizar cada som
b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para
as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica
sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se
safar d) Joana arruma outro namorado
Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com
uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a
situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto
registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na
escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos
comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita
inadequada un
130
Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao
compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle
[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a
pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que
o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um
som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)
Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita
ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos
exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao
pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros
problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v
transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como
podemos ver logo abaixo
Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala
pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
131
Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas
situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a
leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google
Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
132
Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela
verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a
histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo
na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme
Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos
carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias
de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da
cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa
(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo
de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com
comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da
133
produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com
o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)
azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras
Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a
importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees
linguiacutesticas para captar o conceito de palavra
Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um
sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca
e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado
mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo
paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em
momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo
abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos
Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
134
Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem
medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens
leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros
problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras
intervenccedilotildees
A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa
atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo
Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda
[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio
interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a
propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido
de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos
ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)
Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as
orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da
propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes
e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as
ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e
postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees
arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos
populares proveacuterbios giacuterias etc
Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e
classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a
seguir
135
Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
136
Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
137
Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
138
Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica
Fonte Dados da pesquisa 2017
139
Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo
momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No
quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados
pelos autores
Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e
Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias
TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende
Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo
Acentos graacuteficos suite suiacutete
TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc
Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela
TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela
anor amor
Troca de letra concorrentes pas paz
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha
cozinha solho sonho
TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde
vende omde onde vend vende veloso veloz
Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho
Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser
Troca de letras viaza viajar
TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado
TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi
catado encantado sei sem espelasa esperanccedila
Omissatildeo de letras barro bairro
Troca de letras rumeros nuacutemeros
Fonte Dados da pesquisa 2017
Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se
identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno
perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma
intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados
primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua
proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que
escreve
A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI
1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se
representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome
A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e
avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou
escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria
retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo
140
conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o
jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra
inicial
De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute
uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda
acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita
diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a
aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira
que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre
talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute
tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias
Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima
atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar
das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar
mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia
Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos
esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a
escrita conforme a montagem de fotos abaixo
141
Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7
Fonte Dados da pesquisa 2017
Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores
afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que
[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma
componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as
perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama
indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute
ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI
1990 p 49)
Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-
relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos
ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo
incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar
Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade
exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo
uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia
das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo
dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes
21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de
palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico
wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em
lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017
142
cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como
esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud
Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas
versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem
tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis
de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas
pessoais ou sobre a tela de Portinari
Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de
informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site
que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso
ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa
forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a
seguir
Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8
Fonte Dados da pesquisa 2017
143
Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para
conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso
deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para
exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados
Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma
1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma
vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn
em
011117
2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -
Atividade Final Anocircnimo
em
011117
3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio
do aluno Lucas Aquino sala CM
4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5
LUCAS
AQUINO
em
011117
5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim
em
011117
6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ
em
011117
7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo
coletiva Lais e Paulo C
em
011117
8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade
Final Maria Helena
em
011117
9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo
divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo
Amanda
Kathleen
em
011117
10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -
HQs Sherazade Santos
em
011117
11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da
atividade 8 Nathalia e Laura
em
011117
12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo
em
011117
13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan
em
011117
14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo
em
011117
15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento
em Hoje eacute dia de diversatildeo
PAULA ANA
CLARA
em
011117
16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA
DAHORA PARABEacuteNS
17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio
em
011117
144
18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo
em
011117
19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos
em Atividade 7 Florecircncia Vieira
em
301017
20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane
em
301017
21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da
Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues
em
301017
22 Ficou muito bonita em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves
em
301017
24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues
em
301017
25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro
em
301017
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev
2018
Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam
aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de
aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos
de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo
Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura
e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu
consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos
digitais possibilitando o letramento digital
Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que
[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25-26)
Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia
no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino
para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras
145
atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais
Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de
pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador
Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas
em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade
Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que
em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo
eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que
eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos
fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo
inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno
perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele
vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades
Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os
participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo
haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo
ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos
ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados
Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas
de tela abaixo
Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral
Fonte Dados da pesquisa 2017
146
Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico
Fonte Dados da pesquisa 2017
De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como
um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito
mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de
praacuteticas de leitura e de escrita
434 Moacutedulo IV ndash Praticando
Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica
dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da
tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em
colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI
Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor
e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na
publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a
pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute
que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos
Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas
destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade
Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do
147
blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e
diversatildeo
4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE
A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo
as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma
conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia
narrativa conforme Cavalcante (2013)
Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia
da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola
nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha
impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens
Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de
Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo
A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica
estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso
era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias
Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais
e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]
os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou
em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010
p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto
Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um
banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem
principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais
uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem
narra de maneira divertida em seu dia-a-dia
O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo
para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos
da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira
paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo
chama de livro de memoacuterias
A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve
a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos
148
foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita
ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica
Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os
informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas
de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento
Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final
Fonte Dados da pesquisa 2017
Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente
com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles
apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e
da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos
com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os
problemas de escrita foram minimizados
Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e
digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis
Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
INFORMANTES
1 EA 7
2 FA 8
3 IR 10
4 JP 11
5 JR 12
6 LV 13
149
Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
150
Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos
da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e
caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos
fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos
utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo
da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05
registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos
em anaacutelise
151
Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
T
ran
scri
ccedilatildeo f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
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segm
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l d
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pala
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s
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nte
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bu
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segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
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maiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 10 1 1 4
I10 1 4 1 1
I11 1 4 1
I12 1 2 1 1
I13 10 1 1 2
Total 2 26 4 4 7 3 46
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados
principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias
Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas
sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de
aprendizagem da escrita
Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as
ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e
assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos
152
Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tra
nsc
riccedilatilde
o f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e m
aiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 2 2 4 2
I9 2 1 7 3 3
I10 2 2 3 2 2 1 1
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5
I13 2 4 2 2 2
Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila
significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao
constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo
ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e
minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo
Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE
Categorizaccedilatildeo AIE AFE
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26
Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4
Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por
Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais
da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo
com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios
com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais
153
houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas
apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido
Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as
ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias
precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao
compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir
Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como
no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra
provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de
novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no
TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez
de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3
fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda
em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de
porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram
encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas
de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas
154
palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi
por desde
Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute
superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la
na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso
sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que
promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das
ideias e organizaccedilatildeo espacial
Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute
comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas
linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por
Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os
alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por
cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos
distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute
que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim
que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)
Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela
uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora
quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os
alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de
sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo
(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao
utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus
textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante
8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo
155
Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas
eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno
precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele
compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees
entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir
e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias
Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras
considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle
(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que
satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo
relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16
Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA
Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com
uma letra
Biuniacutevoca
Relaccedilotildees de um para mais
de um determinadas a
partir da posiccedilatildeo
Cada letra com um som numa dada
posiccedilatildeo cada som com uma letra numa
dada posiccedilatildeo
Natildeo biuniacutevoca
Relaccedilotildees de
concorrecircncia
Mais de uma letra para o mesmo som
na mesma posiccedilatildeo
Concorrente
Fonte Lemle 1991 p 10
Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai
evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a
autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em
156
nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes
da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias
Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de
escrita de 1ordf
ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AIE
Textos 1 2 3 6 e 7
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AFE
Textos 1 a 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha)
batatina (batatinha) goto (gosto)
Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa
(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)
poque (porque) fera (feira) fiqei
(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda
(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)
poque (porque) esto (estou) novenbo
(novembro)
Conhecimento ainda inseguro do
formato de cada letra tasia
(passear)
Natildeo haacute registros
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som gogo
(gosto) natu (moto) natildee (matildee)
fanilha (famiacutelia) asai (assim)
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som nuto (muito)
temo (tenho) traqulo (tranquilo)
provesola (professora)
Natildeo formou conceito de palavra
coanilha (com a minha) nasine
(nasci em) a mina (a minha)
Natildeo formou conceito de palavra
pramim (para mim) e fomatica
(informaacutetica) prici palmente
(principalmente)
Falhas de
escrita de 2ordf
ordem
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
susu em vez de chuchu
imbora em vez de embora
desdi em vez de desde
Falhas de
escrita de 3ordf
ordem
O aluno
avanccedilou no
saber
ortograacutefico e na
escrita faz troca
entre letras
concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
felis em vez de feliz
uzei em vez de usei
Oje em vez de Hoje
Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017
Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como
em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos
tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute
falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro
lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do
formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras
Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar
157
algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de
escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios
definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo
Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos
cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na
AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf
ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na
aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma
transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem
escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e
2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica
Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a
um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber
ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram
determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por
fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de
letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os
autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico
tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura
intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por
Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12
na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e
utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao
Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X
I10 X
I11 X X
I12 X X
I13 X TOTAL 3 2 2
Porcentagem 60 40
Atividade Final de Escrita ndash AFE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X X
I10 X X
I11 X
I12 X
I13 X X TOTAL 3 3 2
Porcentagem 60 40
158
escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo
foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus
textos
Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os
conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico
na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico
para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos
159
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo
e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano
da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a
oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)
Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com
as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento
multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo
presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e
tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo
do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados
Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as
dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades
que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades
identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo
em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a
pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash
AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE
Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para
elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi
confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e
conseguirem elevar o niacutevel de escrita
160
A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo
estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar
recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido
destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente
disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse
impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico
Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que
conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas
de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os
alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de
1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos
que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem
entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados
entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos
os textos iniciais e finais
Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital
Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da
digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de
habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem
escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e
organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos
disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras
maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas
habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita
Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram
desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o
outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao
afirmar que
[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no
digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos
histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante
transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)
Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de
escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em
161
nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem
afirma que
[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os
recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as
possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e
mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)
Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas
em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas
fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados
(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias
de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente
colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino
mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo
Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave
produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso
didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando
respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo
das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para
promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado
Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o
aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19
anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos
Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim
de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees
e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila
a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula
Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de
atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar
o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia
Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados
totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo
inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver
capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons
162
da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber
ortograacutefico
Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC
dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica
pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho
percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem
163
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nacional Diaacuterio Oficial [da Repuacuteblica Federativa do Brasil] Brasiacutelia DF v 134 nordm 248 23
dez 1996
BRASIL Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Paracircmetros curriculares nacionais terceiro e
quarto ciclos do ensino fundamental introduccedilatildeo aos paracircmetros curriculares nacionais
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Brasiacutelia MECSEF 1998
CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995
CAVALCANTE Mocircnica Magalhatildees Os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2013
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CENTRO DE ALFABETIZACcedilAtildeO LEITURA E ESCRITA ndash CEALE Disponiacutevel em
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CHALMERS Alan Francis O que eacute ciecircncia afinal Trad Raul Filker Editora Brasiliense
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CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG
1992 reimp 1994
COSCARELLI Carla Viana (Org) Tecnologias para aprender Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
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FERREIRA Aureacutelio Buarque de Holanda Miniaureacutelio o minidicionaacuterio da Liacutengua
Portuguesa 7 ed Curitiba Ed Positivo 2008
FERREIRO Emiacutelia amp TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Trad Diana
Myriam Lichtenstein Liana Di Marco e Maacuterio Corso Porto Alegre Artes Meacutedicas 1985
FRANCcedilA Juacutenia Lessa Manual Para Normalizaccedilatildeo de publicaccedilotildees teacutecnico-cientiacuteficas 9 ed
Belo Horizonte Editora UFMG 2013
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
FRADE Isabel Cristina Meacutetodos e didaacuteticas de alfabetizaccedilatildeo ndash histoacuteria caracteriacutesticas e
modos de fazer de professores Caderno do formador Coleccedilatildeo Alfabetizaccedilatildeo e Letramento
Belo Horizonte CealeFaEUFMG 2005
GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2002
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol1 Didaacutetica do Niacutevel Preacute-silaacutebico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 2 Didaacutetica do Niacutevel Silaacutebico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 3 Didaacutetica do Niacutevel Alfabeacutetico 3 ed
Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
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Contexto 2012
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Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2008
LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologia
cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
MAGNABOSCO Gislaine Gracia Hipertexto e gecircneros digitais modificaccedilotildees no ler e
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MARCUSCHI Luiz Antocircnio Da fala para a escrita atividades de retextualizaccedilatildeo Satildeo Paulo
Cortez 2001
MARCUSCHI Luiz Antocircnio Produccedilatildeo textual anaacutelise de gecircneros e compreensatildeo Satildeo Paulo
Paraacutebola Editorial 2008
MARCUSCHI Luiz Antocircnio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais
novas formas de construccedilatildeo do sentido 3 ed Satildeo Paulo Cortez 2010
MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Proposta Curricular de Liacutengua
Portuguesa para o Ensino Fundamental e Meacutedio Belo Horizonte Secretaria de Estado da
Educaccedilatildeo 2008
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MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Liacutengua Portuguesa CBC ndash Curriacuteculo
Baacutesico Comum do Ensino Fundamental Anos Finais Ciclos Intermediaacuterio e da Consolidaccedilatildeo
2014
OLIVEIRA Maria do Socorro TINOCO Gliacutecia Azevedo SANTOS Ivoneide Bezerra de
Arauacutejo Projetos de Letramento e formaccedilatildeo de professores de liacutengua materna Natal
EDUFRN 2014
PERINI Maacuterio Alberto Gramaacutetica do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
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SAUSSURE Ferdinand de Curso de Linguiacutestica Geral Organizado por Charles Bally Albert
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Izidoro Blikstein 27 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006
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168
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII
Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017
Aluno (a)_______________________________________________________________
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
A ( ) Em casa
B ( ) Em lan house(s)
C ( ) Na escola
D ( ) Outros lugares Qual ______________________________
E ( ) Natildeo uso
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
A ( ) Menos de uma hora
B ( ) Uma hora
C ( ) Duas horas
D ( ) Mais de duas horas
E ( ) Nunca
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
A ( ) Computador
B ( ) Celular
C ( ) Tablet
D ( ) Outros equipamentos
E ( ) Natildeo uso
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica
para realizar atividades escolares
Sim Natildeo
169
5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo
A ( ) redes sociais como Facebook
B ( ) jogos eletrocircnicos na internet
C ( ) blogs
D ( ) sites de pesquisa
170
APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Felpo Filva
Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e
engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um
problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo
rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos
Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar
para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou
a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou
171
Curtir ndash Comentar
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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos
Comece entatildeo
Florecircncia
Florecircncia
172
APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Montes Claros ndash MG
2017
173
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
apresentado como requisito parcial do
Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash
PROFLETRAS da Universidade Estadual de
Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora
Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira
Montes Claros ndash MG
2017
174
IDENTIFICACcedilAtildeO
Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG
Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade
Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017
1 Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos
do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog
como recurso didaacutetico
Objetivos especiacuteficos
Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita
que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog
Produzir texto multimodal para blog
2 Metodologia
Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de
accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no
seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto
verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente
bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os
alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que
estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em
175
um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim
chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros
meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo
de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre
um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo
conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de
estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio
conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas
no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)
representando o processo educacional atual
176
Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do
processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de
moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e
praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver
atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero
digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA
MOacuteDULO 1 Conhecendo
Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva auditoacuterio palestras
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
177
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de
sons palavras imagens e movimentos
Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO
Accedilatildeo
Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos
multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons
palavras imagens e movimentos
Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o
ambiente digital
Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital
Conhecer diferentes textos multimodais
Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola
Atividades
1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de
slides sobre a proposta de trabalho
Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem
Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides
2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e
assim familiarizar com o ambiente digital
3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos
Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo
httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr
Blog Open Page httpwwwopenpagecombr
Blog Galerinha on line
httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml
Blog escolar httpec19tagblogspotcombr
Questotildees propostas
Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de
cada um
De qual vocecirc gostou mais Por quecirc
Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria
Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria
4- Criar o blog da turma
178
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet caixa de som
Duraccedilatildeo 8ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo
Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem
Fonte Dados da pesquisa 2017
MOacuteDULO 2 Dialogando
Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O
aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades
apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer
com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade
promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno
ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua
proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal
A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio
mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas
atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita
Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando
PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO
Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
Objetivo Ler textos multimodais
Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais
Produzir textos multimodais
Metodologia
Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos
linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
1- Leitura de textos multimodais
2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos
selecionados
179
Atividades
HQ da Turma da Mocircnica
HQ do Gaturro e Aacutegatha
Charge
Propaganda
3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados
Organograma
Infograacutefico
Mapa
Recursos
didaacuteticos
Data show Computador Internet folhas A4
Duraccedilatildeo 10 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Fonte Dados da pesquisa 2017
LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS
Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo
Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)
180
Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida
Observe a HQ para responder ao que se pede
1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo
2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo
3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos
4- Por que Cascatildeo saiu correndo
5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos
6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
181
Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha
Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista
Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)
Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha
Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso
em 07 jun 2017
- Observe a tirinha para responder ao que se pede
1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito
2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira
Onde encontramos essas palavras com frequecircncia
3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro
4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando
5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado
6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido
182
Em relaccedilatildeo agrave charge
Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila
Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt
Acesso em 07 jun 2017
- Observe a charge para responder ao que se pede
1- O que eacute igualdade
2- O que eacute justiccedila
3- O que vocecirc vecirc na imagem
4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo
5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila
6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta
183
Em relaccedilatildeo agrave propaganda
Figura 05 ndash Propaganda
Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07
jun 2017
- Observe a propaganda para responder ao que se pede
1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado
2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada
3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo
4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta
184
Em relaccedilatildeo ao Organograma
Figura 06 ndash Organograma
Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso
em 09 ago 2017
1 Criar um organograma
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc
Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar
185
Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico
Figura 07 ndash Infograacutefico
Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago
2017
2 Criar um infograacutefico
Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras
e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas
impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de
causa e efeito (RIBEIRO 2016)
Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla
186
Em relaccedilatildeo ao Mapa
Figura 08 ndash Mapa escolar
Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017
3 Criar um mapa
Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios
ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola
MOacuteDULO 3 Refletindo
Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa
analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no
que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar
questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao
resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba
intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado
187
Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3
REFLETINDO
Accedilatildeo
Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de
atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em
situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos
multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos
Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam
a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as
habilidades de letramento em contexto digital
Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc
Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da
escola e em sala de aula
Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro
2- Vamos de carona nesta viagem
3- Agrave maneira dos antigos
4- Tempo de falar
5- Vamos vender o fedex
6- Pausa para criar
7- Jogo Corrida das letras
8- Nuvem de palavras
Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas
laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais
escolares
Duraccedilatildeo 21 ha
Avaliaccedilatildeo
A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave
melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo
aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo
atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada
um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir
sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir
Fonte Dados da pesquisa 2017
188
ATIVIDADES SELECIONADAS
1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o
momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis
de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a
amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo
companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas
natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler
sem a sua autorizaccedilatildeo
2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras
satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse
do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O
palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra
do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira
com as palavras vamos brincar com as frases abaixo
a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V
b- A+ J pois T+ D
c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T
3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e
as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de
frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse
Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre
CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito
esquisito natildeo eacute R
CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar
FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo
MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal
OUTRAS
- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria
- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D
+ P + e sonho com G
4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por
etapas
1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO
189
a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo
Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem
vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois
b Leia em voz alta o texto
c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou
inverter a ordem Exemplo
Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes
Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois
Ou
Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e
ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois
d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica
e Passe-o a limpo e guarde-o
1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras
Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe
Figura 09 ndash Palavras desenhadas
Fonte Claver 1994 p 33
2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM
190
Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada
telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las
2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com
as palavras
Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo
coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes
Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato
marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa
3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua
significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas
potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida
Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras
satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute
enorme em sua significaccedilatildeo
A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos
relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves
alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas
4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente
O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure
escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com
as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo
Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens
morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem
Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas
feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia
de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada
3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS
191
Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas
anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma
(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio
Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado
Situaccedilotildees
Acham uma saiacuteda
Aparece um super-rato para salvaacute-los
Se devoram
(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se
descobre nu
Situaccedilotildees
Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo
Ningueacutem repara em sua atitude
Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV
c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome
Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca
Situaccedilotildees
Ele morre
Joana fica sabendo do acontecido e se suicida
Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar
Joana arruma outro namorado
d) A histoacuteria de Romeu e Julieta
Situaccedilotildees
Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo
Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um
deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio
Situaccedilotildees
Os gatos resolvem comer os peixes
Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos
192
Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e
morrem
O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos
f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento
enorme Quando o sinal abre o burro empaca
Situaccedilotildees
Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo
O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros
Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida
um texto pelo menos inusitado
Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que
natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA
POR QUEcirc COMO QUANDO
Ainda
Agente ndash ator ou atores
O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita
O tempo ndash eacutepoca
O lugar ndash meio ambiente
As causas ndash origem motivo
As consequecircncias ndash os resultados
Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo
O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo
Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o
redator Vamos laacute
1- Escolha o tem (ou temas)
2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE
TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc
3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o
193
Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que
colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou
que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum
se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o
que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados
as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo
Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas
da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta
Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro
Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida
A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da
liberdade
O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo
Malandro prevenido dorme de botina
As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do
vizinho e croquete do botequim
Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho
Mulher e livro emprestou volta estragado
Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue
As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo
de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga
Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois
Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por
exemplo
Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em
puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo
O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora
O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro
Queridinho eacute o nome de solteiro do marido
Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo
4 ATIVIDADE Tempo de falar
194
Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos
oprimidos
Amor com amor se pega
Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica
Pensar ndash eis um verbo reflexivo
Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar
a verdade numa sentenccedila iluminada
Amai-vos uns agraves outras
Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo
Sereia ndash mulher de ex-cama
Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida
Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus
anda de creacutedito baixo
2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles
mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono
o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da
Telefocircnica
a) Quem cala consente
b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei
c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando
d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura
e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco
f) Catildeo que ladra natildeo morde
3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os
As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem
status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc
Ronald Claver
5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX
195
A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza
Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas
comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees
Pag Pouco
Se eacute Bayer eacute bom
Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal
Tomou Doril a dor sumiu
Pense Forte pense Ford
Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do
consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e
fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade
Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc
Ao sucesso com Hollywood
No Brasil toda mulher tem Charm
Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado
Mulher pelada com automoacutevel
Status social com cigarro
Vigor fiacutesico com remeacutedio
A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc
Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja
Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica
Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha
O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual
das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as
zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em
196
certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela
durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho
do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena
comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo
Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante
1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-
doors televisatildeo etc Selecione-as
2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja
a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc
3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use
todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto
desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol
4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem
5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto
5- Passe a limpo e guarde-a
1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere
2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o
traccedilo
3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe
redesenhe reescreva mostre ao colega
6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR
197
Figura 10 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 58
198
Figura 11 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 59
199
Figura 12 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 61
200
Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O
primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado
Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que
aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta
nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo
aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial
Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras
Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142
ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS
201
MOacuteDULO 4 Praticando
Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos
conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras
a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos
multimodais)
Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO
Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita
Objetivos
Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao
suporte de circulaccedilatildeo
Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma
Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou
coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros
materiais escolares
Duraccedilatildeo 14 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017
202
APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Sinopse
Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que
Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde
fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo
mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo
o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel
Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido
diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo
Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-
banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017
O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno
natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em
casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)
Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso
em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola
Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um
Banana
203
Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar
suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros
pensamentos Vamos laacute
204
Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas
sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica
entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)
Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF
Fonte Dados da pesquisa
205
206
3 CRONOGRAMA
Agosto
Setembro Outubro Novembro
MOacuteDULO I
X
MOacuteDULO II
X
MOacuteDULO III
X
MOacuteDULO IV
X X
REFEREcircNCIAS
CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995
CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG
1992
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba
Editoras 2008
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
2016
Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e
contemporaneamente diferentes letramentos ao longo
do tempo diferentes letramentos no nosso tempo
(SOARES 2002 p156)
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia
Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional
Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio
Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final
Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade
Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia
Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela
alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento
desta minha formaccedilatildeo
Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e
competecircncia dada em cada disciplina
Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf
Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis
contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e
dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto
Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem
pelas conversas trocas de saberes e amizade
Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de
Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal
do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash
ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo
a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa
regiatildeo
Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa
Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo
Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha
A todos muito obrigada
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos
niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de
ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais
promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero
digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos
envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como
explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo
e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento
sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003
2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001
2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise
quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash
AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz
que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David
Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1
Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)
e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE
revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm
ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por
Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa
evoluiacuteram na escrita
Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog
ABSTRACT
The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and
analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola
Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in
the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of
teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres
promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog
can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this
research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The
technical procedures used were bibliographic research the action research and participant
research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts
and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin
(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)
and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the
data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in
Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity
(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the
guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David
Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2
Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The
analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to
raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school
committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not
yet considered literate the subjects of this research evolved in writing
Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Nuvem de palavras 03
Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39
Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50
Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76
Figura 05 - Texto 1 - AIE 85
Figura 06 - Texto 2 - AIE 85
Figura 07 - Texto 3 - AIE 86
Figura 08 - Texto 4 - AIE 86
Figura 09 - Texto 5 - AIE 87
Figura 10 - Texto 6 - AIE 88
Figura 11 - Texto 7 - AIE 88
Figura 12 - Texto 8 - AIE 89
Figura 13 - Texto 9 - AIE 90
Figura 14 - Texto 10 - AIE 90
Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102
Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102
Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103
Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105
Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106
Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107
Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108
Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110
Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112
Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115
Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116
Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118
Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118
Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119
Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119
Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121
Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122
Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124
Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126
Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127
Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128
Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129
Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130
Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131
Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132
Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134
Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135
Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136
Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137
Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137
Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139
Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141
Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142
Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144
Figura 57 - Texto 1 - AFE 145
Figura 58 - Texto 2 - AFE 148
Figura 59 - Texto 3 - AFE 148
Figura 60 - Texto 4 - AFE 149
Figura 61 - Texto 5 - AFE 149
Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150
Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152
Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154
LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS
Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31
Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37
Quadro 03 - Falhas de escrita 40
Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42
Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48
Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes 58
Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59
Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61
Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68
Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72
Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84
Quadro 12 - Falhas de escrita 97
Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127
Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari
(1995) (2017) 138
Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147
Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154
Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155
GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15
Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78
Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78
Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79
Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79
Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80
TABELAS
Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69
Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91
Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96
Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101
Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150
Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151
Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152
Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156
LISTA DE SIGLAS
AIE - Atividade Inicial de Escrita
AFE - Atividade Final de Escrita
EEPXII - Escola Estadual Pio XII
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia
PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo
PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo
TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 13
CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19
11 Concepccedilatildeo de linguagem 19
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27
12111 Faceta psicoloacutegica 28
12112 Faceta psicolinguiacutestica 32
121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33
121122 Niacutevel silaacutebico 34
121123 Niacutevel alfabeacutetico 35
12113 Faceta linguiacutestica 36
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41
12114 Faceta sociolinguiacutestica 43
CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45
21 Letramento 45
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47
23 Texto (multimodal) e ensino 52
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56
25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61
CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66
31 Contexto da pesquisa 66
32 Sujeitos 68
33 Procedimentos da pesquisa 70
34 Teacutecnica de coleta de dados 73
CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS
intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77
41 Questionaacuterio 77
42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100
431 Moacutedulo I - Conhecendo 101
432 Moacutedulo II - Dialogando 107
433 Moacutedulo III - Refletindo 121
434 Moacutedulo IV - Praticando 145
4341 Atividade Final de Escrita 146
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158
REFEREcircNCIAS 162
APEcircNDICES 167
13
INTRODUCcedilAtildeO
Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as
perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as
perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)
O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao
conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos
especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que
pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para
poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita
Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas
praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula
para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola
Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de
Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto
sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente
da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo
Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam
na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de
educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na
linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo
sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo
Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado
ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo
Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora
ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica
a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo
(SOARES 2014 p 40)
Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento
construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo
(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea
cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as
praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo
dos multiletramentos
14
Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora
com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas
pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam
niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam
conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e
compreensatildeo de textos
Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola
Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que
pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de
programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash
SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola
Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta
pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves
turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-
se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano
preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de
outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da
1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as
diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais
em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como
objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades
pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno
domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em
lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria
de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento
das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar
pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em
lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-
formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017
3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a
valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de
licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a
inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que
desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da
escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017
15
aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho
em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e
em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano
em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o
resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida
escola em diferentes periacuteodos letivos
Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e
padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016
Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)
De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de
Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do
Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que
eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22
dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e
letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para
continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo
com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados
ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades
Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma
intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar
4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm
Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das
seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a
PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo
Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel
Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt
httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de
jan de 2017
0 20 40 60 80
2013
2014
2015
2016
Recomendado
Intermediaacuterio
Baixo
16
possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da
Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica
Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades
de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de
intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das
dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu
para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho
com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e
letramento dos alunos envolvidos na pesquisa
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que
desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico
de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a
aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos
de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo
que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da
turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas
por meio de recursos impressos e digitais
Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada
como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na
realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi
classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados
a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos
a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade
considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de
escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano
III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo
com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO
DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017
17
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu
para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional
vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa
pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa
participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a
investigaccedilatildeo cientiacutefica
Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho
de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e
dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido
pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e
classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos
postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira
segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo
compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari
(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e
relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm
ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como
recurso didaacutetico
Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em
praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo
comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo
Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos
matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise
dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir
do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e
selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8
(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas
Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas
falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm
ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda
ordens
18
Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado
ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi
(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado
ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)
Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no
capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos
metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e
(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados
constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog
utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do
nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices
6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser
facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto
(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato
um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR
Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt
Acesso em 30 de jan de 2018
19
CAPIacuteTULO I
ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA
Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios
teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se
afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento
teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES
2003 p 40)
As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao
cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de
comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu
cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio
do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns
fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento
multiletramentos e gecircneros digitais
Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004
2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)
e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino
da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e
quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC
Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de
Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos
elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa
perspectiva interacionista da linguagem
11 Concepccedilatildeo de linguagem
Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e
linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de
atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm
de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema
organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute
principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de
admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto
20
de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa
desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p
61)
Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute
o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem
sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo
a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm
10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas
liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em
territoacuterio nacional
De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se
que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais
crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo
Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos
satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil
existe uma uacutenica liacutengua
Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em
nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos
histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa
forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave
identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam
Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se
como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente
7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em
lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017
8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso
em 30 jan 2017
9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-
20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017
10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo
documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017
11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt
httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7
C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017
21
fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se
pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos
compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito
Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel
dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez
que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo
Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre
os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas
de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas
Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna
consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente
somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a
linguagem acontece conforme define o autor
A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado
no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual
a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da
consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo
social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra
nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo
Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia
desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)
Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a
utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e
evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que
se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo
Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza
a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos
indiviacuteduos
Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa
estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto
textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto
de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin
[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de
formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato
psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal
realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui
assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)
22
A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui
historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas
da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo
que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo
Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista
sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme
contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata
natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos
os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa
Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na
perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de
reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora
essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo
levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa
forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que
necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que
[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as
pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem
eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima
fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e
relevante (ANTUNES 2003 p 41)
Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre
os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas
principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da
escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo
e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo
da cidadania dos seus alunos
Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de
atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial
dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez
mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem
discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem
23
explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem
uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do
princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes
[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo
as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar
nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas
conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda
liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio
social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute
falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)
Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com
clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua
existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a
escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente
escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa
Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG
2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de
Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica
social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade
linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso
Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso
da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas
assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos
compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e
usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa
perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN
[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo
de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as
atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a
atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de
textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio
da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo
de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia
discursiva (BRASIL 1998 p 27)
Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio
do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz
24
exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees
diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que
estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da
liacutengua
Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o
movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares
Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento
metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades
linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas
de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)
12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta
leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de
aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender
esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)
sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento
Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo
utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o
entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos
ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem
natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode
exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade
marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e
mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de
analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e
corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)
Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da
nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da
cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo
aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a
indiferenccedila e o consequente fracasso escolar
Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural
por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a
25
falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada
e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso
escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica
agraves ideologias que o atribuem ao aluno
Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que
o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou
seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas
quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com
Soares
[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na
aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino
fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de
ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)
Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na
ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o
desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento
como praacutetica social
No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e
letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos
interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de
praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem
a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a
certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do
sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento
Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em
alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima
Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer
uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um
natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que
compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis
Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam
interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo
conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de
26
aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo
Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados
tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo
As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as
habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e
reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da
escrita
Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de
experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos
e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)
ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem
da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade
de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na
vida moderna como praacutetica social
Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e
letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade
121 O processo de alfabetizaccedilatildeo
De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar
alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e
escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e
familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos
muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar
Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem
acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou
por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era
alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler
e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples
Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e
anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da
populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples
Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as
letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso
27
demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais
habilidades
Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de
letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo
interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos
que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e
discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita
em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo
Nessa perspectiva
A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita
alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque
este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia
perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)
Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da
alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura
e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a
alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o
letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis
1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo
Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do
conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da
leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar
Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como
processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais
facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica
Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da
escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de
28
ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas
tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos
E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre
esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais
complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as
implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua
escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais
12111 Faceta psicoloacutegica
Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do
comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse
modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores
psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana
Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas
teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias
do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem
e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os
mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o
Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget
O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural
segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute
12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual
o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados
como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade
1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo
Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo
de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril
2018
13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e
dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem
interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que
permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo
aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as
aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt
httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-
98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01
abril 2018
29
pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)
Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua
capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo
das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social
e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da
maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela
linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte
integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente
constituiacutedas
Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock
(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute
essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a
realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das
interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e
cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho
que o homem se torna ativo e social
Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo
intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde
o primeiro dia de vida da crianccedila
A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a
perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de
desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita
Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes
de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de
aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento
proximal foi formulada por Vygotsky e representa
[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar
atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento
potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto
ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)
Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento
proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo
de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o
desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e
30
tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute
foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo
Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento
mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o
proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento
Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da
linguagem escrita
Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao
papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila
Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se
ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute
escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991
p 70)
De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola
preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria
significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo
especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso
significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons
e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades
reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas
se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o
domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do
letramento como praacutetica social
Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo
reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado
de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada
como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser
desenvolvida
Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget
estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento
orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo
particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo
reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida
31
Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza
pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico
De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras
de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento
humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades
e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do
princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global
pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do
desenvolvimento intelectual
Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock
(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do
pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos
observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-
operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais
Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget
Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo
1deg periacuteodo
Sensoacuterio-motor
(0 a 2 anos)
Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo
que a cerca
2deg periacuteodo
Preacute-operatoacuterio
(2 a 7 anos)
Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo
aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual
afetivo e social da crianccedila
3deg periacuteodo Operaccedilotildees
concretas
(7 a 11 ou 12 anos)
A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo
loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou
seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos
de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar
em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da
capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e
mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar
antes de agir
4deg periacuteodo Operaccedilotildees
formais (11 ou 12 anos
em diante)
Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal
abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute
capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo
de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e
mutaacuteveis
Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)
Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os
indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos
passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de
fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma
riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor
procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do
32
desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo
construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento
Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas
influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um
conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a
organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas
Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo
das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o
meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo
os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo
(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a
construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem
Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da
construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo
Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a
evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em
todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar
possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem
construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios
conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com
o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel
ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa
reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos
12112 Faceta psicolinguiacutestica
A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de
uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos
psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da
aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de
ensino-aprendizagem acontece
Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock
(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino
aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por
33
Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o
construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o
conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual
o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila
Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas
experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da
crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino
mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e
de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas
psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma
interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma
situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)
Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita
tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os
propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma
construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo
ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a
psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita
Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a
crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso
trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo
121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico
De acordo com Ferreiro
A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute
atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O
progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais
proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-
se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de
grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)
Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees
diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa
que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a
34
representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem
disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da
folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma
ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas
as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas
apenas por ela mesma
Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a
ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo
agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que
falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e
sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou
de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)
121122 Niacutevel Silaacutebico
O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada
uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da
maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com
isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto
qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia
global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra
para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe
os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa
vogal outras vezes consoante e vogal
Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender
a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da
mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem
Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz
por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que
a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez
que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a
aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)
35
121123 Niacutevel Alfabeacutetico
No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber
unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees
entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro
Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu
que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a
siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que
vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)
Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem
conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um
sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim
esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da
constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que
[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse
momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas
natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa
distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as
dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)
Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da
leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico
haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir
expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos
mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)
Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico
que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa
a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel
anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para
que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de
atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de
construccedilatildeo do que eacute ler e escrever
36
12113 Faceta linguiacutestica
A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia
foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via
como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem
Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da
linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou
natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como
ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica
utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que
se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de
aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos
desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja
ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia
Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos
de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre
esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram
baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um
processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O
aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um
som da fala
Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever
ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca
cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo
A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o
que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo
A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que
cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma
a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante
semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a
percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta
capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito
de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender
como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema
37
de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa
das linhas eacute de cima para baixo
Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que
existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio
tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute
complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs
pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo
ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa
regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras
Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras
Letras Fonemas
P
b
t
d
f
v
a
p
b
t
d
f
v
a
Fonte Lemle 1991 p 17
Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos
distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer
uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras
Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse
correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero
restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som
em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma
para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os
processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias
entre sons e letras
Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as
unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de
pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns
dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som
de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]
em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as
38
crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em
que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas
letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z
Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma
rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de
descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao
dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela
memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria
Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas
quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente
acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme
exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma
unidade fonecircmica
Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de
poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som
em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo
fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura
0214
Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo
Fonte Lemle 1991 p 21
Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para
a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial
na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo
14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo
nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)
39
Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras
na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia
artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O
aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo
foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a
primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e
letras
Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no
mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse
caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo
(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela
memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas
sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da
vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por
meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a
construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas
Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender
que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do
sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como
falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme
veremos no Quadro 03 a seguir
40
Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem
Leitura Escrita
Leitura lenta com soletraccedilatildeo
de cada siacutelaba
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)
Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)
Troca na ordem das letras parto (prato) sadia
(saiacuteda)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada
letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo
do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)
Falhas de escrita de 2ordf ordem
Leitura Escrita
Retenccedilatildeo na etapa
monogacircmica Na leitura
pronuncia cada letra
escandindo-a no seu valor
central Uma leitura silabada
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
matu em vez de mato
bodi em vez de bode
tenpo em vez de tempo
azma em vez de asma
genrro em vez de genro
eles falatildeo em vez de eles falam
Falhas de escrita de 3ordf ordem
Leitura Escrita
O aluno eacute capaz de pronunciar
as palavras de forma natural
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e
na escrita faz troca
entre letras
concorrentes
accedilado em vez de assado
trese em vez de treze
acim em vez de assim
jigante em vez de gigante
xinelo em vez de chinelo
chingou em vez de xingou
puresa em vez de pureza
sau em vez de sal
craro em vez de claro
operaro em vez de operaacuterio
Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41
Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de
aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se
depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que
ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute
considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo
superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)
Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo
da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de
escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o
professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da
41
sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada
dificuldade encontrada
121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita
O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre
como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo
(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo
Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita
representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos
fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam
para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas
dificuldades
Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento
das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o
conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo
fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades
no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-
fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita
Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de
acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos
como veremos no Quadro 04 a seguir
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Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita
1 Transcriccedilatildeo
Foneacutetica
Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar
i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)
2 Uso indevido de
letras
O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a
ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo
consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees
foneacuteticas
3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra
como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo
4 Modificaccedilatildeo da
estrutura segmental
das palavras
Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de
aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n
v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e
ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno
e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas
5 Juntura
intervocabular e
segmentaccedilatildeo
Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da
continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)
6 Forma morfoloacutegica
diferente
Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm
caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo
(ldquodepoisrdquo)
7 Forma estranha de
traccedilar as palavras
Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia
8 Uso indevido de
letras maiuacutesculas e
minuacutesculas
Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com
letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como
pronomes pessoais
9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns
alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e
sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til
10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte
de textos de produccedilatildeo espontacircnea
11 Problemas
sintaacuteticos
Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos
textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita
como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo
Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)
Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo
com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos
desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido
de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa
outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras
sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras
representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas
letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa
para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma
estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras
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maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos
ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas
sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e
apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)
Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no
Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos
para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento
das competecircncias comunicativas dos alunos
12114 Faceta sociolinguiacutestica
Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma
a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja
no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais
Segundo Bagno (2014 p 13)
A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo
em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)
de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de
representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo
social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso
sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais
dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)
Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute
intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade
De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila
linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para
a sociolinguiacutestica
Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora
de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta
o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a
gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa
forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala
Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a
fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa
As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam
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tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos
falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social
cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da
liacutengua
Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser
padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na
sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante
disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente
do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua
Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica
Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a
liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a
liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando
ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade
de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa
45
CAPIacuteTULO II
GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS
Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e
tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais
variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais
21 Letramento
Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de
quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo
(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo
globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas
transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve
e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]
aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o
indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social
cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo
Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo
social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada
Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de
ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees
(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que
ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas
sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo
alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se
alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute
na Educaccedilatildeo Infantil
Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita
como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma
de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever
Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a
praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman
(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o
46
coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas
em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao
conceito de letramento
Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de
alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica
habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social
Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito
mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc
Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos
quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a
cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco
dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer
e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que
estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas
habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a
falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse
processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de
letramento A esse respeito Soares indaga
Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades
e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos
de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar
adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem
ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em
contextos escolares (SOARES 2014 p 83)
Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de
letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato
de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades
que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda
que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois
exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros
para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de
avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos
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Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem
como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo
e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as
definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes
ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a
justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo
imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no
campo educacional e social
Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)
ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de
leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das
necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo
Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma
definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e
medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila
entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo
Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem
satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem
profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os
usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p
104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional
ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas
habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso
de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de
habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de
natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas
sociais
22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa
Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um
promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que
participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a
importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros
textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente
48
relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a
grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos
entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo
Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem
mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das
competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e
gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de
informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo
existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de
aprender
Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo
mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute
especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave
circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo
Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma
ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de
teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a
multimodalidade e os multiletramentos
Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees
Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos
contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas
linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de
compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar
(ROJO 2012 p 19)
Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas
de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber
analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e
linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar
seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como
eacute utilizada
Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais
exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca
que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da
informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)
49
implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os
letramentos como podemos observar no Quadro 05
Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos
Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos
1ordf
A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios
analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais
morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e
de fazer circular textos na sociedade
2ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes
raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica
desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades
3ordf
A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade
sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais
das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento
4ordf
A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades
multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta
mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de
outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que
o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites
dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)
Fonte Rojo 2009 p 105
Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas
mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em
diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens
cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo
requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos
letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a
perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo
Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o
nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses
recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos
da contemporaneidade
Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e
hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes
permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de
comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que
[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos
possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita
(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo
eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e
democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos
multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)
50
Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos
multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia
pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes
mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas
propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia
Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo
apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e
ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como
organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar
Quais textos e como abordaacute-los
Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que
dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de
circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008
p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais
podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou
especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo
Bakhtin defende que
[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre
relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos
dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o
que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se
em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos
integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)
Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de
atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar
acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar
de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade
humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia
Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes
posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a
inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras
da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo
Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas
ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo
51
Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos
Fonte Rojo 2009 p 110
A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita
impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da
liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em
uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em
e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua
Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos
das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos
que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees
e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as
condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos
polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais
com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em
sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)
Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura
global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees
que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com
isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos
criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens
com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade
social
Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-
lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de
expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente
52
porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso
das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes
compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler
23 Texto (multimodal) e ensino
No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento
de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua
vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de
estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos
Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de
Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma
praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente
sejam orais ou escritos impressos ou digitais
A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da
compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica
textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e
cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais
e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do
princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras
ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos
De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a
orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)
adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo
em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo
Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras
escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da
liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das
pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de
palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita
Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de
nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar
na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo
Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a
concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas
53
propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de
multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes
consideraccedilotildees
1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como
sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc
2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto
aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)
e o texto se torna em geral multimodal
3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e
solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)
4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais
como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser
processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)
Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente
linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados
principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente
multimodal
Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto
multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos
semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos
(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se
integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de
acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos
constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas
muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo
Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos
cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam
pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo
demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam
as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo
Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em
imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de
leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e
de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma
54
linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no
discurso
Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se
compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o
desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a
Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen
Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por
Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs
metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a
experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por
meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes
interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da
composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida
entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados
tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de
demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo
composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os
elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a
relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo
dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo
de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados
representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do
texto
Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos
processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental
importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido
e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-
sujeitos
Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e
que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da
linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e
envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob
essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as
seguintes consideraccedilotildees
55
Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria
envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das
informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem
selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir
em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)
Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a
necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos
que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da
vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo
a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta
estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora
dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram
insatisfaccedilatildeo em produzir textos
Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua
percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere
nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha
contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir
um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta
Bakhtin
[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de
que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui
justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma
espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa
extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio
comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)
Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e
que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos
uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar
propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa
competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de
leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que
privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso
56
24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar
Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem
transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica
pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de
conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no
contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode
desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de
letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem
contextualizadas e significativas
Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos
principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada
vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta
transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo
dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas
transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e
transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar
de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com
a educaccedilatildeo
A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva
das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que
foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico
deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a
internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas
instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma
vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito
Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393
milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de
rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet
Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um
salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade
socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees
financeiras
57
Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no
nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de
microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No
entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros
equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel
celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet
(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos
percentuais)
Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com
exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a
pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo
mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira
Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria
constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet
em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-
se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir
desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo
indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015
todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do
grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52
em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute
sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas
com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de
instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente
ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois
para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021
milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e
as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a
mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do
contexto escolar
15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt
httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018
58
Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados
pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de
sentido para o aluno e para a sociedade
Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves
necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como
ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa
maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo
em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo
presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola
A esse respeito Coscarelli afirma que
[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com
competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso
Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura
tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online
viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)
Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para
viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a
tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade
de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de
gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente
quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante
competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais
Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que
ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos
caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos
concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo
Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo
presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou
seja da internet para se materializarem
Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma
de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta
como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um
gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de
59
fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes
no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim
compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo
com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a
ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua
essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo
Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por
ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes
Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros
preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes
1 E-mail Carta pessoal bilhete correio
2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)
3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)
4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)
5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)
6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada
7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia
8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais
9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate
10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()
11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal
12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas
Fonte Marcuschi 2010 p 37
Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas
particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos
reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses
gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o
estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as
experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas
No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute
existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam
caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece
de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa
anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07
60
Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo
Participantes Tempo
Siacutencrono Assiacutencrono
Bilateral Chat reservado E-mail
Multilateral Chat em salas abertas
Aula chat
Informaccedilotildees listas de
discussatildeo blogs
Fonte Marcuschi 2010 p 38
Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que
ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees
discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os
gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem
produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e
participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como
o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto
permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos
textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)
Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute
a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes
da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos
comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam
dinamismo ao que eacute lido ou escrito
Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da
multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)
estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso
e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir
discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos
aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido
devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo
ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave
congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da
multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de
recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de
ampliar horizontes e natildeo restringi-los
61
Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero
escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que
definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que
ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador
de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar
os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)
25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino
Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso
pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre
linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010
p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo
Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a
definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet
representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura
uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com
que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo
definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi
(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e
processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios
sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros
digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no
processo de escrita
A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente
empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados
frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e
popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash
rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as
posiccedilotildees do dia)
O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos
gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de
levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades
desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat
62
agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat
videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte
do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como
ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI
Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo
para definiccedilatildeo de
gecircnero
Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono
Duraccedilatildeo Indefinida
Extensatildeo do texto Indefinida
Formato textual Texto corrido
Participantes Muacuteltiplos
Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos
Anocircnimos
Troca de falantes Inexistente
Funccedilatildeo
Interpessoal
Luacutedica
Tema Livre
Estilo Informal
Canal semioses Texto com imagens
Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo
Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41
Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal
assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por
isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de
produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende
da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute
um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos
e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo
visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de
interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a
atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou
natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro
natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de
falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um
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caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees
entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e
a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de
significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a
possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas
traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o
gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer
que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e
mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo
Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute
confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site
eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos
[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees
diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede
Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus
gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios
textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos
usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast
on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre
usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um
recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)
acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e
opinativosrdquo
Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a
internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem
opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no
blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos
links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em
forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista
As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em
evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de
16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em
lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016
64
habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela
interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica
conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que
[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das
tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os
dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e
compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado
em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web
navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais
apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de
competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p
21)
Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros
nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas
no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a
possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que
[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das
possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas
potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os
discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos
textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros
aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)
Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as
competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece
atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso
Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em
linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo
Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre
vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades
entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir
textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso
que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p
81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da
esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade
enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto
como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as
formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos
65
estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas
quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo
Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e
tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica
a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar
faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais
mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre
esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre
noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes
para Bakhtin eacute
[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os
outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu
nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes
quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo
simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave
reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha
vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a
mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a
narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas
tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade
biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)
Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos
constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre
si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as
accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado
Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem
eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria
vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo
Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo
sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento
vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a
vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato
comunicativo
66
CAPIacuteTULO III
PERCURSO METODOLOacuteGICO
Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no
desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem
metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como
procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A
coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita
e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica
ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e
ortograacutefica
31 Contexto da pesquisa
O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na
Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo
eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde
acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade
A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo
Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem
celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares
os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as
danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio
Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees
culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo
a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular
De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende
a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos
Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos
desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de
esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes
familiares
No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo
para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo
67
acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem
diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e
conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica
para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de
vida
A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda
comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca
da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura
empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e
participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a
integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e
transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio
Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas
tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes
nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo
necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas
pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios
miacutenimos
Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta
com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso
agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria
cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de
informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados
necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com
um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o
desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos
nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas
para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem
pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico
Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino
Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)
turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede
(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)
turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio
68
Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito
alunos
32 Sujeitos da pesquisa
O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de
Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na
escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute
composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por
coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir
Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF
Fonte Dados da Pesquisa 2017
Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados
mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute
Coacutedigo Nordm informante
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
EL 8
FA 9
FR 10
IR 11
JP 12
JR 13
KA 14
LV 15
MS 16
MC 17
ND 18
PC 18
PE 20
RR 21
RG 22
RC 23
TM 24
YM 25
69
extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas
de dados
De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e
esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com
procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o
criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que
quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de
intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os
indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos
pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza
qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo
Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos
selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a
trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso
escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram
devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos
negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo
repetentes conforme podemos ver na Tabela 01
Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI
Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm
ano pela 1ordf vez
Cursando o 6ordmano
1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez
EA Masc 11 anos 2016 2017
FA Masc 11 anos 2016 2017
IR Masc 12 anos 2015 2016 2017
JP Masc 11 anos 2016 2017
JR Fem 13 anos 2015 2016 2017
LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017
ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017
TM Masc 12 anos 2015 2016 2017
Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017
Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino
Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da
70
tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda
vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo
acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os
outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo
Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de
alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de
certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de
primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta
que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e
experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras
textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades
necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto
Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos
Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade
Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e
compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees
de escrita para compor o PEI
33 Procedimentos da pesquisa
O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como
premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois
o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de
sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia
humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente
para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias
vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma
metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico
De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento
provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da
experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa
cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional
e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a
realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola
Estadual Pio XII
71
Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e
sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo
Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica
pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o
direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa
eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos
teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo
Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre
ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL
2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar
analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir
disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados
Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos
fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade
Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a
pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos
termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento
teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem
alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita
Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se
caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo
com Thiollent
Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e
realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou
problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT
2005 p 16)
Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica
aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo
professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica
que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem
Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que
ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre
72
pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora
esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases
Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das
seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10
Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico
1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino
Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de
aprendizagem em leitura e escrita
2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico
3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita
4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de
escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico
5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para
o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental
Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017
Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do
problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com
os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem
terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de
acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora
Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade
linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante
dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8
(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII
A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito
anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre
alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman
(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na
escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados
na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer
ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo
teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de
escrita dos sujeitos da pesquisa
73
O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da
pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura
e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A
escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo
de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog
funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional
pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade
animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam
mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem
como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio
de recursos impressos e digitais
Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo
Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada
a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o
autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende
atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados
para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados
34 Teacutecnica de Coleta de Dados
Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante
questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de
Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE
(APEcircNDICE D)
De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta
de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados
aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou
fenocircmenos que se desejam estudarrdquo
A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma
daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos
aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e
escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse
contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente
real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida
preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse
74
instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos
haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar
Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos
e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos
Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada
de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do
entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo
correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo
modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)
Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e
Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se
maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla
economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de
respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel
Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por
cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano
e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico
O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula
com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de
maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo
para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial
de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que
necessitavam de atendimento especiacutefico
Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)
objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle
(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira
ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as
arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)
segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos
elementos graacuteficos da escrita
Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash
PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do
Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso
didaacutetico
75
Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de
Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a
importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender
O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de
aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI
ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem
coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente
daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a
desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos
explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema
baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de
ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada
e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de
conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas
as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-
aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em
momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a
perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao
espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da
escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)
representando o processo educacional atual
76
Figura 04 Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses
quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em
torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver
atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o
gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva
auditoacuterio sala de multimeios
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
77
CAPIacuteTULO IV
GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas
em sala de aula
Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De
acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que
implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou
estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a
interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar
pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees
teoacutericas torna-se muito relevante
Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis
de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle
(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo
ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a
retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo
41 Questionaacuterio
O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017
em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula
A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais
acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de
acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam
a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para
fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter
informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas
Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam
presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta
constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na
escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam
responder
78
Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares
diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que
nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso
Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)
observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas
horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de
uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos
dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online
Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2
Fonte Dados pesquisa 2017
Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os
alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o
13
30
2 2 10
2
4
6
8
10
12
14
Em casa Em Lan
House
Na escola Outros
lugares
Natildeo uso Natildeo soube
responder
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
0
8
3
7
3
0
2
4
6
8
10
Menos de
uma hora
Uma hora Duas horas Mais de
duas horas
Nunca
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
79
celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e
142 afirmaram natildeo utilizar a internet
Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que
o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na
atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir
do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo
prevalece mais
Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou
laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194
responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No
graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que
sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou
o acesso agrave internet na escola
Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4
Fonte Dados da pesquisa 2017
58
41 0
30
2
4
6
8
10
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
0
5
10
15
Sim Natildeo Natildeo souberam
responder
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o
computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para
realizar atividades escolares
80
Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19
computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso
Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com
as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno
Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins
pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas
preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e
habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir
linguagem por meio de diferentes miacutedias
A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os
assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que
4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo
souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o
graacutefico abaixo
Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5
Fonte Dados da pesquisa 2017
Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de
conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de
pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem
que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter
contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar
uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam
o letramento digital
Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a
maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da
teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo
Redessociais como
Jogoseletrocircnicosna internet
BlogsSites depesquisa
Natildeosouberamresponder
5ordm 10 6 0 0 5
10 6 0 0 5
5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo
81
de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta
saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de
conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere
Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25)
Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental
no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua
Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por
meio de novas experiecircncias
Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o
acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que
eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto
de inserccedilatildeo social e digital
Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para
as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto
para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo
e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e
de promover o letramento digital
42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20
(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos
dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas
horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos
matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes
Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos
presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as
caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia
narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se
conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim
82
o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo
procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser
Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da
comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica
de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos
motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)
leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu
registro)
O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo
ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam
como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana
A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de
cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo
construindo a nossa histoacuteria particular
Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em
apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da
obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante
justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a
histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar
de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de
maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como
a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita
No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos
ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a
leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura
individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com
a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade
de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada
paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc
personagens protagonistas do livro
O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor
a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano
escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita
Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave
construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave
83
construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo
introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse
sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da
leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada
leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que
motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave
ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo
da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas
analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de
sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo
Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de
sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram
muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de
inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem
alfabetizados
Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno
deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos
comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida
futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista
de informantes para essa anaacutelise
84
Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF
Fonte Dados da pesquisa 2017
A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)
textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de
categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita
espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os
quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por
Cagliari (1995)
Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)
textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez
textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e
exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle
(1991)
Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis
e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento
Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem
INFORMANTE
AB 1
AF 2
AK 3
CI 4
DR 5
DV 6
EA 7
FA 8
FR 9
IR 10
JP 11
JR 12
LV 13
MS 14
MC 15
ND 16
PC 17
PE 18
RR 19
RG 20
TM 21
85
disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute
escrito
TEXTO 1 (1ordf ordem)
Eu masine januaria
eu vivo coanilha natildee neu Pai
Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 2 (1ordf ordem)
Eu naci
januaria
e cogo muto de sai tasia
natildeo gosta de Batatina
A mina vida e asai
FIM
Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE
86
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 3 (1ordf ordem)
O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou
nuito felis com milha familha
Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 4 (1ordf ordem)
Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta
Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE
87
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)
Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo
natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando
mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo
Taeubofesorra
Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 6 (2ordf ordem)
88
meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de
brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu
natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa
89
Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)
Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu
moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de
susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles
fica zombavam de mim em tam essa e minha vida
Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 8 (3ordf ordem)
Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique
Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer
ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em
Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente
das outras pessoas
Fim
90
Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 9 (3ordf ordem)
Eu sou
Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto
de jogar no computador
Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto
Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula
Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar
entatildeo eacute isso so eu
91
Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
TEXTO 10 (3ordf ordem)
Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria
Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar
sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco
timido
Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE
Fonte Dados da pesquisa 2017
92
Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para
levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais
foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari
(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores
alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores
envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa
Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado
nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre
93
Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
T
ran
scri
ccedilatildeo
fo
neacutet
ica
Uso
in
dev
ido
de
letr
as
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
ific
accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Fo
rma
mo
rfo
loacuteg
ica
dif
eren
te
Fo
rma
est
ran
ha
de
tra
ccedilar
as
letr
as
Uso
in
dev
ido
de
ma
iuacutesc
ula
s e
min
uacutesc
ula
s
Ace
nto
s g
raacutefi
cos
Sin
ais
de
po
ntu
accedilatilde
o
Pro
ble
ma
s si
ntaacute
tico
s
I1 2 4 1 1 1
I2 6 7 5
I3 8 2 3 3
I4 1 3 4 3
I5 4 3 5 2
I6 1 1 1 1 4
I7 1 1 7 5 1 4 5 3
I8 2 2 4 2 4
I9 2 1 7 3 3 9
I10 2 2 3 2 2 1 1 3
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5 4
I13 2 4 2 2 2 3
I14 1 2 2 7 5 11
I15 3 1 1 8 2
I16 2 2 2 3 1 1
I17 3 2 1 1
I18 5 1 1 10 1
I19 9 6 3 12 11
I20 2 3 3 4
I21
Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que
maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias
94
seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas
sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias
Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa
pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos
apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor
vai depender de cada texto
Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que
revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte
das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute
o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo
precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no
TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo
Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para
representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar
no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha
Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita
e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento
linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita
desde os primeiros anos escolares
Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois
grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica
que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica
traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita
fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para
poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um
compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o
tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim
Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do
leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica
Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno
natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo
consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)
Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto
aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros
e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a
95
escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras
Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base
a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base
A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito
comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno
natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois
de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para
todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso
sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar
Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua
escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e
escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar
preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem
um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno
descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que
ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma
em letra em palavra em texto
Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai
construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso
aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo
precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou
seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de
formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida
no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a
competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o
uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem
comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de
maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio
Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira
espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe
parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos
brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-
se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita
a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a
96
escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a
ortografia
Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma
espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O
primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita
fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente
Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para
correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o
que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para
que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o
Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem
cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis
de escrita dos alunos
Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas
ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e
anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se
gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs
Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos
dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel
ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos
livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram
as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita
Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial
de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo
com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e
decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta
psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua
De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir
o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou
etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o
niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle
na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a
usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante
e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de
escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo
97
estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel
alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim
constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram
consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica
Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o
conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora
ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave
alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que
1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e
siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas
situaccedilotildees
2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5
(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3
A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras
bastante semelhantes
3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos
natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas
aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na
escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em
Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como
de conceito de palavra respectivamente
4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso
sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute
equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos
que devem ser ensinados gradativamente
Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute
a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de
palavra
Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de
escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela
poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com
as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de
aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as
arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora
como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem
98
De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita
fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para
essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir
Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira
ordem
Falhas de segunda
ordem
Falhas de terceira
ordem
I1 X
I2 X
I3 X
I4 X
I5 X
I6 X
I7 X X
I8 X
I9 X
I10 X
I11 X
I12 X X
I13 X
I14 X
I15 X
I16 X
I17 X
I18 X
I19 X
I20 X
I2117 X
TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100
Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem
falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem
Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas
de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos
que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por
entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos
poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de
escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens
considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina
Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf
ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para
a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira
17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi
selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano
99
ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE
1991 p 41-42)
Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da
amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para
melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de
aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos
natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois
escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos
Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos
selecionados
Falhas de escrita de
1ordf ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos
selecionados
TEXTO 1
TEXTO 2
TEXTO 3
TEXTO 4
TEXTO 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequencias dos sons e
as sequencias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto
(gosto)
Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
tasia (passear)
Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som
gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai
(assim) voma (forma)
Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)
nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)
dodiabo em vez de do diabo
Falhas de escrita de
2ordf ordem
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
O aluno faz a
transcriccedilatildeo foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
bejo em vez de beijo
cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu
pofessora em vez de professora
Falhas de escrita de
3ordf ordem
TEXTO 7
TEXTO 8
TEXTO 9
TEXTO 10
O aluno avanccedilou no
saber ortograacutefico e na
escrita faz troca entre
letras concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade
profesora em vez de professora
o em vez de ou
Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa
Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque
os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as
100
sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina
(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra
como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo
distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)
asai (assim) voma (forma)
Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como
quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar
em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha
(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do
diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O
uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)
Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a
transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com
a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa
vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo
susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora
Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita
ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez
de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto
dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo
Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute
produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as
letras
Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos
alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante
21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta
Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da
abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de
desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do
diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar
as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita
Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor
sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando
apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da
101
fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de
aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter
conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a
superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo
Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios
por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar
as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo
Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo
seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem
alfabetizados
43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo
e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas
6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle
(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido
reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o
informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por
parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do
6ordm ano JF
Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com
a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio
XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos
especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis
de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver
habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para
blog
A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro
moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash
Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando
Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas
semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras
disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio
definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na
102
segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da
turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica
e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees
estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o
falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola
foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral
Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao
teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro
moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga
horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir
Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI
MOacuteDULOS Meses Datas Carga
horaacuteria
Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha
Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha
Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha
26 27 30 31 ----
Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha
Total 42
aulas
Fonte Dados da pesquisa 2017
431 Moacutedulo I ndash Conhecendo
Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC
Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as
caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais
da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de
imagens e de movimentos
18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto
103
Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente
digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades
de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva
dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de
conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de
exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta
de trabalho
Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as
contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode
ser visualizado na figura abaixo
Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens
entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa
diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo
dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power
point
104
Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point
Fonte Dados da pesquisa 2017
Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto
de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por
outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de
familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se
realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da
inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute
em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo
105
Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a
leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e
concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque
estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal
Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto
compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma
palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta
multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van
Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza
por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo
dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos
cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos
semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um
recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees
Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de
pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na
figura 18
Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O
primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs
106
literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro
ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas
ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de
Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos
na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs
Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas
abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc
tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome
teria
Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o
tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil
apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo
abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12
Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo
Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da
escola tem muitas fotos dos alunosrdquo
Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo
Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos
a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a
escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi
esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas
atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar
diversos assuntos
Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas
possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs
como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica
Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus
gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel
(MARCUSCHI 2010 p 72)
Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno
grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita
Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo
Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo
ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute
107
httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do
acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo
A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e
conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos
surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a
proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante
orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura
das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo
Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-
vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
108
Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em
10 nov de 2017
432 Moacutedulo II ndash Dialogando
Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem
Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das
atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as
discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa
e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas
dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois
com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que
eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar
Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos
textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o
contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da
leitura multimodal
O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo
sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral
e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
109
Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as
especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas
sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica
como podemos visualizar logo abaixo
Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-
dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017
Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees
sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo
(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p
346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees
procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar
dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles
foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que
[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um
discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa
ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para
executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o
processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas
primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)
110
Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no
laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais
Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos
selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees
pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram
instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que
tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que
sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura
dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os
traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras
Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma
charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a
quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento
algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos
visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e
traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as
cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a
palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria
111
Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida19
Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a
situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa
forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e
leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ
a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a
produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da
situaccedilatildeo comunicativa
De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo
vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o
processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na
memoacuteriardquo
19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela
professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016
112
Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos
conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento
enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e
experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes
perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute
saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm
quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais
fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens
das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da
narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos
Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na
sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de
natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa
discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do
estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera
ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade
Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico
da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)
Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram
significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no
capiacutetulo I deste trabalho
Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que
os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar
linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e
importacircncia social nas praacuteticas de letramento
Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van
Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios
modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados
representacionais interativos e composicionais
113
Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila
Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-
justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017
A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao
centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros
diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob
anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa
Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR
Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida
de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na
composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a
crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short
preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas
Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos
tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2
no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de
accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os
braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores
114
funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e
coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede
de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o
significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado
representacional da realidade da desigualdade social
Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os
elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes
interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo
haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os
cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de
oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao
PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma
relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI
Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados
todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia
maior dos observadores
Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos
diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do
texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar
subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz
um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo
PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima
de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em
desvantagem em desigualdade
Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo
superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que
tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a
possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
primeiro
Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo
relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e
a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge
que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder
pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees
115
desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas
em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo
O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo
na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do
PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao
jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas
relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a
desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O
que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade
natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual
ou injusta
Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os
informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas
Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida
provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise
Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes
no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e
natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os
sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo
e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em
resposta agrave questatildeo 3
Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade
com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir
do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo
com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma
sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma
que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos
indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna
o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)
De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na
atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa
leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical
imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)
Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de
textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo
116
tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais
Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute
e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos
primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas
questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm
dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos
Vocecircs gostariam de produzir textos como esses
Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos
organograma mapa e infograacutefico
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo
os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24
Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017)
O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise
Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns
alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a
estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem
disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem
conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita
117
como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes
da correccedilatildeo ortograacutefica
Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da
estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto
acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De
acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras
Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem
trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais
letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)
Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro
[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o
constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel
agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula
amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees
de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias
etc (RIBEIRO 2016 p 31)
118
Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV
materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total
estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o
proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na
escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees
tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo
Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo
Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas
receitas Ficou divertidordquo
Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para
pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site
de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico
Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros
e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos
foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo
Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do
blog sugerido na pesquisa online
Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate
tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam
escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um
debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma
diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre
concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos
pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas
sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de
bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram
digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica
20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em
lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017
119
Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas
Fonte Acervo da pesquisadora 2017
Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate
Fonte Dados da pesquisa 2017
120
Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao
separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as
121
informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos
infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico
deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p
32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras
isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo
Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do
infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por
muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto
de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo
exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda
concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos
Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e
talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo
multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e
expressar nossas ideias e gostos
Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre
letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos
construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo
(RIBEIRO 2016 p 35)
Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima
produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em
relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas
menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra
122
Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da
escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da
ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)
constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo
comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo
com esserdquo
433 Moacutedulo III ndash Refletindo
Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno
pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico
tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder
observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os
diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos
fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do
seu proacuteprio aprendizado
Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com
o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o
desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as
especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
123
Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre
os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita
ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico
e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a
respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento
e da interaccedilatildeo
A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no
laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu
9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar
nas fotos abaixo
Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca
Fonte Dados da pesquisa 2017
Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram
aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade
2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de
falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo
Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para
essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8
124
A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de
Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para
melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute
a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa
forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de
conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo
Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas
dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de
sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo
ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente
reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo
Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto
de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade
pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar
o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever
pintar entre outros
No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou
natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas
orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada
um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A
exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser
visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32
125
Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1
Fonte Dados da pesquisa 2017
126
Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio
de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por
representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz
parte dessa faixa etaacuteria
A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo
com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam
assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio
Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao
aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica
Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples
salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade
Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da
tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as
redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno
Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a
analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e
situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto
crocircnica etc)
Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e
o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria
passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que
determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo
com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias
textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com
subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados
caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos
127
Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de
sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial
Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral
Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)
apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da
mesma maneira as respectivas produccedilotildees
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham
uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se
chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em
perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental
n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca
entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que
estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo
sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha
128
ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda
apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia
Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num
quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir
seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo
Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas
caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo
Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia
narrativa
Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo
Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir
Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e
conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles
deram de cara com um gato faminto
Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome
pois as comidas ficaram no chatildeo
Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos
Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram
asfixiados
Fonte Dados da pesquisa 2017
129
O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo
aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor
desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de
ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a
exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita
ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica
Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a
escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de
terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se
da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim
escolher a letra certa para simbolizar cada som
b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para
as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica
sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se
safar d) Joana arruma outro namorado
Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com
uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a
situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto
registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na
escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos
comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita
inadequada un
130
Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao
compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle
[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a
pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que
o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um
som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)
Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita
ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos
exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao
pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros
problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v
transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como
podemos ver logo abaixo
Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala
pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
131
Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas
situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a
leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google
Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
132
Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela
verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a
histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo
na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme
Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos
carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias
de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da
cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa
(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo
de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com
comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da
133
produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com
o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)
azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras
Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a
importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees
linguiacutesticas para captar o conceito de palavra
Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um
sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca
e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado
mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo
paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em
momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo
abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos
Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido
Fonte Dados da pesquisa 2017
134
Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem
medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens
leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros
problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras
intervenccedilotildees
A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa
atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo
Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda
[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio
interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a
propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido
de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos
ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)
Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as
orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da
propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes
e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as
ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e
postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees
arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos
populares proveacuterbios giacuterias etc
Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e
classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a
seguir
135
Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
136
Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
137
Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
138
Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica
Fonte Dados da pesquisa 2017
139
Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo
momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No
quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados
pelos autores
Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e
Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias
TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende
Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo
Acentos graacuteficos suite suiacutete
TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc
Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela
TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela
anor amor
Troca de letra concorrentes pas paz
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha
cozinha solho sonho
TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde
vende omde onde vend vende veloso veloz
Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho
Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser
Troca de letras viaza viajar
TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado
TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi
catado encantado sei sem espelasa esperanccedila
Omissatildeo de letras barro bairro
Troca de letras rumeros nuacutemeros
Fonte Dados da pesquisa 2017
Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se
identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno
perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma
intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados
primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua
proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que
escreve
A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI
1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se
representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome
A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e
avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou
escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria
retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo
140
conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o
jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra
inicial
De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute
uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda
acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita
diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a
aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira
que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre
talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute
tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias
Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima
atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar
das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar
mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia
Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos
esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a
escrita conforme a montagem de fotos abaixo
141
Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7
Fonte Dados da pesquisa 2017
Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores
afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que
[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma
componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as
perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama
indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute
ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI
1990 p 49)
Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-
relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos
ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo
incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar
Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade
exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo
uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia
das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo
dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes
21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de
palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico
wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em
lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017
142
cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como
esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud
Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas
versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem
tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis
de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas
pessoais ou sobre a tela de Portinari
Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de
informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site
que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso
ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa
forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a
seguir
Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8
Fonte Dados da pesquisa 2017
143
Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para
conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso
deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para
exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados
Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma
1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma
vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn
em
011117
2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -
Atividade Final Anocircnimo
em
011117
3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio
do aluno Lucas Aquino sala CM
4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5
LUCAS
AQUINO
em
011117
5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim
em
011117
6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ
em
011117
7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo
coletiva Lais e Paulo C
em
011117
8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade
Final Maria Helena
em
011117
9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo
divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo
Amanda
Kathleen
em
011117
10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -
HQs Sherazade Santos
em
011117
11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da
atividade 8 Nathalia e Laura
em
011117
12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo
em
011117
13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan
em
011117
14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo
em
011117
15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento
em Hoje eacute dia de diversatildeo
PAULA ANA
CLARA
em
011117
16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA
DAHORA PARABEacuteNS
17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio
em
011117
144
18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo
em
011117
19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos
em Atividade 7 Florecircncia Vieira
em
301017
20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane
em
301017
21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da
Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues
em
301017
22 Ficou muito bonita em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves
em
301017
24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues
em
301017
25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6
Felipe Alves
Lima
em
301017
26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro
em
301017
Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev
2018
Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam
aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de
aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos
de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo
Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura
e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu
consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos
digitais possibilitando o letramento digital
Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que
[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das
interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e
sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de
mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI
2016 p 25-26)
Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia
no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino
para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras
145
atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais
Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de
pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador
Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas
em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade
Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que
em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo
eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que
eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos
fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo
inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno
perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele
vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades
Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os
participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo
haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo
ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos
ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados
Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas
de tela abaixo
Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral
Fonte Dados da pesquisa 2017
146
Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico
Fonte Dados da pesquisa 2017
De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como
um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito
mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de
praacuteticas de leitura e de escrita
434 Moacutedulo IV ndash Praticando
Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica
dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da
tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em
colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos
moacutedulos de aprendizagem do PEI
Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor
e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na
publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a
pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute
que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos
Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas
destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade
Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do
147
blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e
diversatildeo
4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE
A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo
as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma
conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia
narrativa conforme Cavalcante (2013)
Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia
da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola
nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha
impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens
Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de
Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo
A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica
estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso
era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias
Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais
e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]
os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou
em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010
p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto
Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um
banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem
principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais
uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem
narra de maneira divertida em seu dia-a-dia
O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo
para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos
da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira
paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo
chama de livro de memoacuterias
A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve
a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos
148
foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita
ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica
Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os
informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas
de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento
Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final
Fonte Dados da pesquisa 2017
Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente
com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles
apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e
da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos
com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os
problemas de escrita foram minimizados
Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e
digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis
Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
INFORMANTES
1 EA 7
2 FA 8
3 IR 10
4 JP 11
5 JR 12
6 LV 13
149
Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
150
Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos
da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e
caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos
fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos
utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo
da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05
registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos
em anaacutelise
151
Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
T
ran
scri
ccedilatildeo f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
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tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e
maiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 10 1 1 4
I10 1 4 1 1
I11 1 4 1
I12 1 2 1 1
I13 10 1 1 2
Total 2 26 4 4 7 3 46
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados
principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias
Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas
sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de
aprendizagem da escrita
Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as
ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e
assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos
152
Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tra
nsc
riccedilatilde
o f
on
eacutetic
a
Uso
in
dev
ido d
e le
tras
Hip
erco
rreccedil
atildeo
Mod
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accedilatilde
o d
a e
stru
tura
segm
enta
l d
as
pala
vra
s
Ju
ntu
ra I
nte
rvoca
bu
lar
e
segm
enta
ccedilatildeo
Form
a m
orf
oloacute
gic
a
dif
eren
te
Form
a e
stra
nh
a d
e tr
accedila
r
as
letr
as
Uso
in
dev
ido d
e m
aiuacute
scu
las
e m
inuacute
scu
las
Ace
nto
s graacute
fico
s
Sin
ais
de
pon
tuaccedilatilde
o
I8 2 2 4 2
I9 2 1 7 3 3
I10 2 2 3 2 2 1 1
I11 3 1 2 8 11
I12 1 2 2 1 4 1 5
I13 2 4 2 2 2
Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92
Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017
Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila
significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao
constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo
ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das
palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e
minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo
Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE
Categorizaccedilatildeo AIE AFE
Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26
Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4
Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3
Fonte Dados da pesquisa 2017
Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por
Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais
da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo
com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios
com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais
153
houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas
apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido
Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as
ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias
precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao
compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir
Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como
no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra
provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de
novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no
TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez
de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3
fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda
em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de
porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram
encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas
de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas
154
palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi
por desde
Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute
superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la
na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso
sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que
promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das
ideias e organizaccedilatildeo espacial
Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute
comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas
linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por
Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os
alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por
cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos
distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute
que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim
que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)
Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela
uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora
quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os
alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de
sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo
(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao
utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus
textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante
8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo
155
Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas
eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno
precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele
compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees
entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir
e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias
Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras
considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle
(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que
satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo
relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16
Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA
Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com
uma letra
Biuniacutevoca
Relaccedilotildees de um para mais
de um determinadas a
partir da posiccedilatildeo
Cada letra com um som numa dada
posiccedilatildeo cada som com uma letra numa
dada posiccedilatildeo
Natildeo biuniacutevoca
Relaccedilotildees de
concorrecircncia
Mais de uma letra para o mesmo som
na mesma posiccedilatildeo
Concorrente
Fonte Lemle 1991 p 10
Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai
evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a
autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em
156
nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes
da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias
Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de
escrita de 1ordf
ordem
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AIE
Textos 1 2 3 6 e 7
Ocorrecircncias de falhas de escrita
catalogadas nos textos da AFE
Textos 1 a 5
Falhas na
correspondecircncia
linear entre as
sequecircncias dos
sons e as
sequecircncias das
letras
Omissatildeo de letras miha (minha)
batatina (batatinha) goto (gosto)
Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa
(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)
poque (porque) fera (feira) fiqei
(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda
(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)
poque (porque) esto (estou) novenbo
(novembro)
Conhecimento ainda inseguro do
formato de cada letra tasia
(passear)
Natildeo haacute registros
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som gogo
(gosto) natu (moto) natildee (matildee)
fanilha (famiacutelia) asai (assim)
Incapacidade de classificar algum
traccedilo distintivo do som nuto (muito)
temo (tenho) traqulo (tranquilo)
provesola (professora)
Natildeo formou conceito de palavra
coanilha (com a minha) nasine
(nasci em) a mina (a minha)
Natildeo formou conceito de palavra
pramim (para mim) e fomatica
(informaacutetica) prici palmente
(principalmente)
Falhas de
escrita de 2ordf
ordem
O aluno faz a
transcriccedilatildeo
foneacutetica
petequa em vez de peteca
escunde em vez de esconde
kiabo em vez de quiabo
susu em vez de chuchu
imbora em vez de embora
desdi em vez de desde
Falhas de
escrita de 3ordf
ordem
O aluno
avanccedilou no
saber
ortograacutefico e na
escrita faz troca
entre letras
concorrentes
dansa em vez de danccedila
diferensa em vez de diferenccedila
soutar em vez de soltar
felis em vez de feliz
uzei em vez de usei
Oje em vez de Hoje
Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017
Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como
em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos
tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute
falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro
lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do
formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras
Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar
157
algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de
escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios
definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo
Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE
Fonte Dados da pesquisa 2017
De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos
cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na
AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf
ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na
aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma
transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem
escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e
2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica
Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a
um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber
ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram
determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por
fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de
letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os
autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico
tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura
intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por
Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12
na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e
utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao
Atividade Inicial de Escrita ndash AIE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X
I10 X
I11 X X
I12 X X
I13 X TOTAL 3 2 2
Porcentagem 60 40
Atividade Final de Escrita ndash AFE
Informantes Falhas
de 1ordf
ordem
Falhas
de 2ordf
ordem
Falhas
de 3ordf
ordem
I8 X X
I10 X X
I11 X
I12 X
I13 X X TOTAL 3 3 2
Porcentagem 60 40
158
escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo
foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus
textos
Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os
conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico
na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico
para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos
159
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo
e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano
da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a
oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e
letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)
Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com
as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)
Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento
multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo
presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e
tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas
praacuteticas sociais de leitura e escrita
Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo
do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados
Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as
dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades
que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais
Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades
identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento
multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as
habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades
identificadas
Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo
em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a
pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash
AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE
Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para
elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi
confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e
conseguirem elevar o niacutevel de escrita
160
A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo
estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar
recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido
destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente
disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse
impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico
Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que
conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas
de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os
alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de
1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos
que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem
entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados
entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos
os textos iniciais e finais
Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital
Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da
digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de
habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem
escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e
organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos
disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras
maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas
habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita
Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram
desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o
outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao
afirmar que
[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no
digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos
histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante
transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)
Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de
escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em
161
nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem
afirma que
[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os
recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as
possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e
mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)
Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas
em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas
fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados
(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias
de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente
colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino
mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo
Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave
produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso
didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando
respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo
das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para
promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos
Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado
Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o
aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19
anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos
Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim
de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees
e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila
a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula
Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de
atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar
o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia
Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados
totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo
inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver
capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons
162
da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber
ortograacutefico
Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC
dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica
pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho
percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem
163
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processos psicoloacutegicos superiores Texto proveniente de Seccedilatildeo Braille da Biblioteca Puacuteblica
do Paranaacute Livraria Martins Fontes Editora Ltda 4ordf ediccedilatildeo brasileira Satildeo Paulo 1991
Disponiacutevel em lthttpwwwprgovbrbppgt Acesso em 06 mai 2017
168
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII
Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017
Aluno (a)_______________________________________________________________
1- Onde vocecirc mais acessa a internet
A ( ) Em casa
B ( ) Em lan house(s)
C ( ) Na escola
D ( ) Outros lugares Qual ______________________________
E ( ) Natildeo uso
2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet
A ( ) Menos de uma hora
B ( ) Uma hora
C ( ) Duas horas
D ( ) Mais de duas horas
E ( ) Nunca
3- Vocecirc utiliza a internet por meio de
A ( ) Computador
B ( ) Celular
C ( ) Tablet
D ( ) Outros equipamentos
E ( ) Natildeo uso
4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica
para realizar atividades escolares
Sim Natildeo
169
5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo
A ( ) redes sociais como Facebook
B ( ) jogos eletrocircnicos na internet
C ( ) blogs
D ( ) sites de pesquisa
170
APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Felpo Filva
Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e
engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um
problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo
rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos
Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar
para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou
a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou
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Curtir ndash Comentar
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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos
Comece entatildeo
Florecircncia
Florecircncia
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APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Montes Claros ndash MG
2017
173
FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE
GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas
pedagoacutegicas em sala de aula
Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI
apresentado como requisito parcial do
Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash
PROFLETRAS da Universidade Estadual de
Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora
Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira
Montes Claros ndash MG
2017
174
IDENTIFICACcedilAtildeO
Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento
Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG
Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade
Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017
1 Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos
do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog
como recurso didaacutetico
Objetivos especiacuteficos
Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita
que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog
Produzir texto multimodal para blog
2 Metodologia
Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de
accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no
seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto
verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos
projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente
bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os
alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que
estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em
175
um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim
chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo
Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros
meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo
de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre
um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo
conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de
estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio
conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas
no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola
Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a
exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)
representando o processo educacional atual
176
Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo
Fonte Dados da pesquisa 2017
Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do
processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de
moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e
praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades
educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver
atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero
digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e
produccedilatildeo textual
INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA
MOacuteDULO 1 Conhecendo
Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos
textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das
PROCESSO EDUCATIVO
FOGUEIRA sala de aula
aula expositiva auditoacuterio palestras
POCcedilO DAacuteGUA
discussotildeesem grupo
CAVERNA biblioteca salas de estudo
laboratoacuterio de informaacutetica
A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita
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Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de
sons palavras imagens e movimentos
Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO
Accedilatildeo
Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos
multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da
Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons
palavras imagens e movimentos
Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o
ambiente digital
Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital
Conhecer diferentes textos multimodais
Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital
Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola
Atividades
1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de
slides sobre a proposta de trabalho
Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem
Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides
2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e
assim familiarizar com o ambiente digital
3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos
Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo
httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr
Blog Open Page httpwwwopenpagecombr
Blog Galerinha on line
httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml
Blog escolar httpec19tagblogspotcombr
Questotildees propostas
Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de
cada um
De qual vocecirc gostou mais Por quecirc
Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria
Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria
4- Criar o blog da turma
178
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet caixa de som
Duraccedilatildeo 8ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo
Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem
Fonte Dados da pesquisa 2017
MOacuteDULO 2 Dialogando
Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o
comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O
aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades
apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer
com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade
promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno
ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua
proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal
A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio
mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas
atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita
Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando
PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO
Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de
debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o
argumento contraacuterio
Objetivo Ler textos multimodais
Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais
Produzir textos multimodais
Metodologia
Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos
linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente
selecionados para o trabalho em grupo
1- Leitura de textos multimodais
2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos
selecionados
179
Atividades
HQ da Turma da Mocircnica
HQ do Gaturro e Aacutegatha
Charge
Propaganda
3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados
Organograma
Infograacutefico
Mapa
Recursos
didaacuteticos
Data show Computador Internet folhas A4
Duraccedilatildeo 10 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a
exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Fonte Dados da pesquisa 2017
LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS
Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo
Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)
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Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica
Fonte Desconhecida
Observe a HQ para responder ao que se pede
1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo
2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo
3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos
4- Por que Cascatildeo saiu correndo
5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos
6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc
181
Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha
Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista
Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)
Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha
Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso
em 07 jun 2017
- Observe a tirinha para responder ao que se pede
1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito
2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira
Onde encontramos essas palavras com frequecircncia
3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro
4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando
5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado
6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido
182
Em relaccedilatildeo agrave charge
Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila
Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt
Acesso em 07 jun 2017
- Observe a charge para responder ao que se pede
1- O que eacute igualdade
2- O que eacute justiccedila
3- O que vocecirc vecirc na imagem
4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo
5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila
6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta
183
Em relaccedilatildeo agrave propaganda
Figura 05 ndash Propaganda
Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07
jun 2017
- Observe a propaganda para responder ao que se pede
1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado
2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada
3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo
4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta
184
Em relaccedilatildeo ao Organograma
Figura 06 ndash Organograma
Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso
em 09 ago 2017
1 Criar um organograma
Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa
sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc
Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar
185
Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico
Figura 07 ndash Infograacutefico
Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago
2017
2 Criar um infograacutefico
Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras
e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas
impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de
causa e efeito (RIBEIRO 2016)
Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla
186
Em relaccedilatildeo ao Mapa
Figura 08 ndash Mapa escolar
Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017
3 Criar um mapa
Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios
ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola
MOacuteDULO 3 Refletindo
Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa
analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no
que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar
questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao
resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba
intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado
187
Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3
REFLETINDO
Accedilatildeo
Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de
atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em
situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos
multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos
Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam
a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica
Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as
habilidades de letramento em contexto digital
Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc
Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da
escola e em sala de aula
Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro
2- Vamos de carona nesta viagem
3- Agrave maneira dos antigos
4- Tempo de falar
5- Vamos vender o fedex
6- Pausa para criar
7- Jogo Corrida das letras
8- Nuvem de palavras
Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas
laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais
escolares
Duraccedilatildeo 21 ha
Avaliaccedilatildeo
A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave
melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo
aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo
atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada
um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir
sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir
Fonte Dados da pesquisa 2017
188
ATIVIDADES SELECIONADAS
1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o
momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis
de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a
amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo
companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas
natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler
sem a sua autorizaccedilatildeo
2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras
satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse
do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O
palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra
do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira
com as palavras vamos brincar com as frases abaixo
a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V
b- A+ J pois T+ D
c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T
3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e
as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de
frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse
Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre
CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito
esquisito natildeo eacute R
CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar
FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo
MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal
OUTRAS
- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria
- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D
+ P + e sonho com G
4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por
etapas
1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO
189
a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo
Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem
vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois
b Leia em voz alta o texto
c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou
inverter a ordem Exemplo
Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes
Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois
Ou
Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e
ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois
d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica
e Passe-o a limpo e guarde-o
1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras
Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe
Figura 09 ndash Palavras desenhadas
Fonte Claver 1994 p 33
2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM
190
Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada
telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las
2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com
as palavras
Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo
coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes
Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato
marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa
3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua
significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas
potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida
Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras
satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute
enorme em sua significaccedilatildeo
A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos
relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves
alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas
4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente
O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure
escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com
as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo
Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens
morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem
Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas
feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia
de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada
3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS
191
Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas
anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma
(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio
Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo
a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado
Situaccedilotildees
Acham uma saiacuteda
Aparece um super-rato para salvaacute-los
Se devoram
(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)
b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se
descobre nu
Situaccedilotildees
Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo
Ningueacutem repara em sua atitude
Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV
c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome
Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca
Situaccedilotildees
Ele morre
Joana fica sabendo do acontecido e se suicida
Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar
Joana arruma outro namorado
d) A histoacuteria de Romeu e Julieta
Situaccedilotildees
Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo
Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira
Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu
e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um
deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio
Situaccedilotildees
Os gatos resolvem comer os peixes
Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos
192
Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e
morrem
O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos
f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento
enorme Quando o sinal abre o burro empaca
Situaccedilotildees
Todos os carros buzinam ao mesmo tempo
O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo
O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros
Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho
Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida
um texto pelo menos inusitado
Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que
natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA
POR QUEcirc COMO QUANDO
Ainda
Agente ndash ator ou atores
O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita
O tempo ndash eacutepoca
O lugar ndash meio ambiente
As causas ndash origem motivo
As consequecircncias ndash os resultados
Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo
O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo
Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o
redator Vamos laacute
1- Escolha o tem (ou temas)
2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE
TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc
3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o
193
Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que
colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou
que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum
se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o
que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados
as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo
Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas
da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta
Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro
Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida
A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da
liberdade
O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo
Malandro prevenido dorme de botina
As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do
vizinho e croquete do botequim
Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho
Mulher e livro emprestou volta estragado
Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue
As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo
de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga
Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois
Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por
exemplo
Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em
puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo
O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora
O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro
Queridinho eacute o nome de solteiro do marido
Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo
4 ATIVIDADE Tempo de falar
194
Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos
oprimidos
Amor com amor se pega
Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica
Pensar ndash eis um verbo reflexivo
Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar
a verdade numa sentenccedila iluminada
Amai-vos uns agraves outras
Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo
Sereia ndash mulher de ex-cama
Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida
Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus
anda de creacutedito baixo
2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles
mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono
o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da
Telefocircnica
a) Quem cala consente
b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei
c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando
d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura
e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco
f) Catildeo que ladra natildeo morde
3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os
As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem
status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc
Ronald Claver
5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX
195
A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza
Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas
comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees
Pag Pouco
Se eacute Bayer eacute bom
Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal
Tomou Doril a dor sumiu
Pense Forte pense Ford
Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do
consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e
fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade
Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc
Ao sucesso com Hollywood
No Brasil toda mulher tem Charm
Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado
Mulher pelada com automoacutevel
Status social com cigarro
Vigor fiacutesico com remeacutedio
A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc
Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja
Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica
Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha
O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual
das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as
zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em
196
certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela
durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho
do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena
comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo
Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante
1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-
doors televisatildeo etc Selecione-as
2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja
a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc
3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use
todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto
desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol
4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem
5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto
5- Passe a limpo e guarde-a
1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere
2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o
traccedilo
3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe
redesenhe reescreva mostre ao colega
6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR
197
Figura 10 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 58
198
Figura 11 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 59
199
Figura 12 ndash Quadrinhos
Fonte Claver 1994 p 61
200
Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O
primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado
Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que
aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta
nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo
aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial
Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras
Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142
ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS
201
MOacuteDULO 4 Praticando
Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos
conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras
a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos
multimodais)
Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando
PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO
Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita
Objetivos
Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao
suporte de circulaccedilatildeo
Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma
Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada
Recursos
didaacuteticos
Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou
coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros
materiais escolares
Duraccedilatildeo 14 ha
Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas
Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017
202
APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula
Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira
Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade
Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa
Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017
Aluno (a)_____________________________________________________________
Sinopse
Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que
Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde
fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo
mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo
o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel
Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido
diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo
Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-
banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017
O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno
natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em
casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)
Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso
em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola
Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um
Banana
203
Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana
Fonte Kinney 2008 p 1
Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar
suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros
pensamentos Vamos laacute
204
Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas
sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica
entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)
Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF
Fonte Dados da pesquisa
205
206
3 CRONOGRAMA
Agosto
Setembro Outubro Novembro
MOacuteDULO I
X
MOacuteDULO II
X
MOacuteDULO III
X
MOacuteDULO IV
X X
REFEREcircNCIAS
CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995
CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG
1992
FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)
GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990
KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba
Editoras 2008
LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991
RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial
2016