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gonzo DIÁRIO gonzo DIÁRIO “O ne toke over the line, Sweet Jesus... One toke over the line...�. �. n� d� h�s�ó�, lo�o no �ní�o do l�v�o, � mús� d� B�w�� & Sh�l�y é �d� �l�m� v�z � D�n�l P�ll�zz�, o ��du�o� dMedo e delírio em Las Vegas – Uma jornada selvagem ao co- ração do Sonho Americano, d� Hunom�son, �on�, �m no�, qu�dução l�l �l� s�: “Um� �d� sob� l�nh� do �m, m�u do�� J�sus...um�d� sob� lnh� do �m... �. M�s ��s�n� quh� um du�lo s�n�do n�ss� �so, �o�s one toke over the line�od� s�n�fi�, �oloqu�lm�n�, �l�o �omo “fu� lond�m�s �. Ess� f�s�sum� � h�s�ó�, �o�s s�us �son�ns ul�ss�m �odos os l�m��s. �o �ní�o do l�v�o, o l�o�on�m um �onv�sív�l v��m�lho d� Ch�v�ol�, �l�d�do G�nd� Tub��ão V �m�lho, qu� �s�m�nho d� L�s V �s, l�v�ndo R�oul Duk� (�l�o d� om�son), Dou�o� Gonzo (s�u �dvo�do) � qu�s� 300 dól�s �m d�o�s � b�b�d�s �l�oól�s. A �dà ��d�d� é mo�v�d� �lo Mint 400, um� f�mos� �o���d� d� mo�os � bu���s �lo d�s��o d�ão, qu� o jo�n�l�s� d�v� �ob� � �v�s� d�ov� Yo�k Sports Illustrated. O ��x�o d� om�son �ns�o� qu�lquum �� d�n�o do l�v�o, �o�n�ndo o l��o� o �o �n� d�qu�llou�� v�m. om�son é mu�o d�lh�s�, �n�o no qu� �l� �onh� � �s�n�, qu�n�o no qu� �l� �m�n�. Ass�m, é f��l s�d�n�fi�om �s s�u�çõ�s � s� s�n�s�n� n�qu�l�s lu�s, jun�o �os �son�ns. Os �n�os dos �ss�nos, d�s �u�s � os �os d�o�ulção d� L�s V �s são �ss�dos d� umm�n� fi�l, o qu� f�z qu�lqu� um ss�n�onh�do� do lo�l. G��nd� d� h�s�ó� fo�s� sob �nfluên�� d� d�o�s �l�ool, �lm�n� m�s�u�dos, o qu� �od�o�no l�v�o b�m �onfuso �m �l�um�s �n�s. Al�uns �hos d�l� �s�m s� ��l�dos. Além d�sso, d�sd� o �om�ço o l��o� é �v�s�do qu� � v�m L�s V �s ��on�u � quo jo�n�l�s�ud�ss� �ob�o���d�, m�s o fo�o é �squ��do � mod�fi�do, h�s�ó�ss� � s�� um ��l�o d�d�d�, s�us hb��n�s, � bus�lo Sonho Am��no � um �o dos �f��os d�s d�o�s no �o�o hum�no. Isso �o�nMedo e delírio um l�v�o d�f�n� do usu�l. �ão é �x�m�nb�o�fi�o, m�s �mbém não é ��n�s fi�ção, n�m �om�n�. M�s�u� um �ou�o d�d� um� d�ss�s �o�s. om�son d�x� d�ob� o �v�n�o �ss� � � d�o�m, mos�ndo o �s�lo l��o �do �o�l� m�smo d�n�o do novo jo�n�l�smo: o �s�lo �onzo, qu� fi�ou m�s �onhdo n�ss� l�v�o. M�s n�d� d�sso d�xo l�v�o �u�m. P�lo �on�o. M�smo qu� �m �l�uns mom�n�os o l�ofiqu� �onfuso, �om ��z�l� s� d�v�om �s f�s�s �ôn�s d� om�son, su� ��d�z qu�n�o �o mundo, � L�s V �s � às �sso�s qu� h�b�m �ss�s lu�s �, �m� d�udo, s� �s�n�om �s s�u�çõ�s n�s qu��s o �u�os�u �dvo�do s� �n�on�m, �om �s m�n�s qu� �l�s �ons�u�m �sd�l�s. A �nfluênd�s d�o�s �m om�son � no s�u �dvo�do é �x�lí�. El�h� � d�s�v��lu�n�çõ�s � s� �olo��m s��u�çõ�s n�s qu��s não �ons�u�o�n� n�m s� m�x��, �lh�ndo o �on�o �om ou�s �sso�s. O �u�omu��s v�z�s �mbém s� mos� b�vo �m�n�om s�u �dvo�do, qué m��s sus�ív�l � �l�um�s subs�ân�s, �jud�ndo s�u bom s�nso. Em �l�um�s �s, o l�v�o �od� f�z� o l��o� qu�x�m�n�s s�u�çõ�s, �l� m�n�n�ss�n�om � qu�l são �d�s. J�m ou�s �s, su�s �ons�quên�s �m�d�on�m �ssus�m, � o l�v�o s�o�n� um� �f��v�o�nd� �n�d�o�. O l�v�o flu� mu��o �do. Su� l�u� é f��l��d� �lo j��o qu� omson �s�v� � d�fi�lm�n� o l��o� fi�n�d�do. A h�s�ó�, ��s� d�s �s �onfus�s, é b�m �ons�uíd�, l�n�om� f�qu�n�m�n�ssun�os, lu��s � �sso�s qu� j� fo�m �dos, �omo s� o l��o� foss�ão ín��mo d�l�s qu�n�o o �s�o�. om�son �s�v� l�v�m�n�, u�l�z�ndo �l�v�õ�s � �ên��s. Além d�sso, �l� �s�v� d� m�n�nfo�m�l, m�nos f��h�d� m��s �oloqu�l, f��l��ndo � l�u�. Como �om�l�m�n�o, o l�v�o é �lus�do �o� R�l�h S�dm�n, �nd�m�o d� om�son. As �lus�çõ�s �omb�n�m �om o l�v�o � são �onfus�s � d�s�o�d�s �omo um� �lu�n�ção �d� �l�s d�o�s. Um dos �on�os �l�os do l�v�o são �s v�s �f��ên�s �d�s �oom�son. El� f�l� d� mús�os �omo os B��l�s, J�ff��son A�l�n�, Bb�� S�s�nd, S�mon & G�funk�l � Bob Dyl�n. C� �u�o�s �omo Ho�o Al�son�l�d�d�s �omo o �s�d�n�xon. E, �nd�, �l� f�l� sob�� n�z�smo, �olí�, mov�m�n�os �s�ud�n�s, s�l k�ll�s �ul�u�m �l, s�ndo um� ob�om�lqu�lqu� um qu�ons�n�nd�su�o� s�u �s�lo �do �n�omum. Ralph Steadman conheceu Hunter Thompson em 1970, em sua primeira viagem aos Es- tados Unidos, feita a mando da revista Scalan’s para cobrir, jun- to ao escritor, a Kentucky Derby, famosa corrida de cavalos da cidade. Thompson queria es- crever sobre a perversidade dos que assistem à corrida, e preci- sava de ilustrações que conse- guissem capturar a humanidade em seu momento mais feio e assustador. Para isso, ele preci- sava do estilo de Steadman. Na época, o ilustrador nascido na Inglaterra, em 1936, traba- lhava como cartunista para duas publicações britânicase já tinha lançado um livro. As imagens da reportagem de Thompson, The Kentucky Derby is Decadent & Depraved, eram um deboche que pretendia acabar com a farsa do Sonho Americano. O resultado foi o primeiro sinal do que seria o jornalismo gonzo. Steadman afirma que esse es- tilo já fazia parte dele e não foi criado com Thompson. O ilus- trador estava apenas esperando o momento certo para que to- das as coisas estranhas que pas- savam pela sua cabeça fossem divulgadas. Ele havia notado os traços esquizofrênicos do gon- zo em seus desenhos e sabia que um dia eles seriam menos discretos. Tudo o que ele fa- zia vinha de seu subconscien- te, mas com uma aparência de conformidade, escondendo o espírito gonzo que já estava ali. A cobertura da corrida foi o primeiro resultado da parceria Steadman-Thompson, que du- rou 35 anos. Grande parte de seus trabalhos foram artigos para revistas, que, como Medo e delírio em Las Vegas, viraram livro. Steadman ficou muito co- nhecido após sua participação nas publicações de Thompson, mas é famoso por muito mais. Steadman ilustrou várias edi- ções das revistas Rolling Stone e Vanity Fair e livros como A revolução dos bichos, de George Orwell, Alice no País das Mara- vilhas, de Lewis Carrol e A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Ste- venson, além dos livros de sua autoria, como The Joke’s Over, memórias de sua relação com Thompson, após sua morte. Na capa, amostra do desenho de Steadman Steadman e a caricatura dele mesmo Florianópolis, quinta-feira, 16 de junho de 2011 • Ano I • Edição I 1 - A Curso de Jornalismo da UFSC Atividade da disciplina Edição Professor: Ricardo Barreto Edição, textos, planejamento e editoração eletrônica: Rafaella Coury Serviços editoriais: A turma que não escrevia direito, de Marc Weingarten, Kotori Magazine, Gonzo - O filho bastardo do new journalism, de André Czarnobai Colaboração: Lucas Pasqual, Rodolfo Conceição, Rafael Canoba e Thiago Moreno Impressão: In Press Junho de 2011 Textos e drogas em Las Vegas Adaptação é menor, mas tem seu mérito A reportagem esquecida e a busca pelo Sonho Americano, nas palavras de Hunter Thompson As mãos por trás de monstros e desenhos famosos E x�s�m l�v�os qu� não d�v��m s��d��dos � o �n�m�. Medo e delírio em Las Vegas �lv�z s�j� um d�ss�s. O film� d� T���y G�ll��m, l�nç�do �m 1998, é mu�o fi�l à h�s�ó�on�d� �o� om�son, �om �s m�sm�s �n�s � f�l�s �dên�s. O film� s��u� m�sm� l�nh� do l�v�o � é b�m f��o à su� m�n�, �nd�ndo �o d�o�nd��ção à P�lm� dOu�o do F�s�v�l d� C�nn�s d� 1998. O ��obl�m� do film�lv�z s�j�x�m�n� �ss� fid�l�d�d�. O l�v�o é mu��o d�f�n�, �l�um�s �n�s são �onfus�s � d�s�o�d�s, m�s, �o� sl��u�, não fi�u�m. �o �so do film�, �ss�s �n�s são �x�d�s � dfi��lm�n�d��ão �odos. P�sso�s m��s �ons�v�do�s, �o�x�m�lo, l�ão o l�v�o � não s� �m�o�ão �om b��unç�, �o�s é o j�o do om�son d� s�� �s�v��. O film� é �x�do, �omo s� qu�s�ss� s��n�ç�do �l�n�vo d�m�s � fo�ç�ss� b����. M�smo qu� s�j� um �obl�m�, � s�m�lh�nç� �om o l�v�o é l�l �qu�l�s qu� l��m � não �ons�u�m �m�n�l�um�s �n�s. Em um� � d� h�s�ó�, Duk� � s�u �dvo�do vão � um �ss�no �h�m�do Circus-Cir- cus, qu� o �u�o� d�s�v� b�m. �slo��l, �l�s vão � um b���oss�l qu�, m�smo �om �s �x�l�çõ�s do �u�o�, é d�fí�l d� s�� v�su�l�z�do; j� no film�, qu�m �onh� � �n�ons�u� fin�lm�n� �n�nd�� ond� �l�s �s�v�m o qu� �x�m�n� �s�v� ��on�ndo. A d�s�ção d�lh�d� d� om�son no l�v�o �jud� o d�o� do film�s �n�s � os lo�s, f�z�ndo o �mb�n� fi�u�l �o qu� fo� v�s�o (ou �m�n�do) �lo �u�o�. O film� �n�o fo�v�do d� mn�� � �oduz�s s�ns�çõ�s �us�d�s �l�s d�o�s. Mu�s �o�s � �âm��s �onfus�s, �o�s � s�m s�n�do f�z�m o �s�do� s�ox�m� do qu� o �u�o� s�n� qu�ndo �s�v�u o l�v�o. H� um�vo�d� d� mo�os �m �l�no d�s��o, o �� d� um b� o �o�on�s�, � os �l�n�s d�s� m�smo b� s�o�n�m �é�s qub�b�m �oqu�é�s. Al�um�s �n�s são �s�nh�s, � fi�m m�lho�s n�mn�ção do l�o�. Ass�s�l�s, �omo d��o �n�o�m�n�, � �x�o. Ass�m �omo o l�v�o, o film� é n�do, �o�n�ndo �s �n�s m��s �s �om��nsív��s, n� m�d�d� do �ossív�l, m�s �mbém é fi�l �o o�n�l, �om �s m�sm�s f�l�s. Johnny D�� �n� R�oul Duk� � �z � � �l�odos os ��qu�s � �s�nh�z�s quo �u�o� mos� no l�v�o. O �o� f�z �sso �ão b�m qu� �mbém � �x�o � não fi� bom �m um film�. S�u �n�os�m�n�o �om B�ní�o D�l To�o, qu� f�z s�u �dvo�do, é �f�o, �ndo v�s �n�s �n�ç�d�s, �n�lm�n�s qu� D�l To�o f�l� “ �omo s�u �dvo�do, �ons�lho... �, �om�l�ndo �om �l�um� f�s� �s�nh�. O �l�n�o é o �on�o �l�o do film�. P��son�l�d�d�s do �n�m� �mno �êm �çõ�s �qu�n�s, m�s m�mo�v�s, �omo Tob�y M�u�, qu� f�z o �o�o qu�on� no Tub��ão V �m�lho no �ní�o do film�. T��s �u�çõ�s d�s�m ��nd� m��s o �b�lho dos �n�é�s d� Duk� � s�u �dvo�do, qu� s� mos�m v�dd��os �m�l�õ�s d�n� d�s �l�s. O film� só é �lm�n� bom qu�m j� l�u o l�v�o. El�s�n� um �ou�o m�s dos �son�ns � mosb�m su�s �ís�s, �lém d�on��n�s �m�ossív�s �s, �jud�ndo o l��o�n�nd��n�os � s�u�çõ�s. A�nd� �ss�m, � qu�m qu��nno mundo d� om�son, o �om�nd�v�l é qu� s� �om�lo l�v�o qu�, �om ��z�, é mu�o m�lho�. Joanne O’Brien Ralph Steadman/L&PM Editores Divulgação: Rhino Films Personagens de Depp (à frente) e Del Toro, a caminho de Vegas no Grande Tubarão Vermelho “Numa cidade repleta de loucos de pedra, ninguém percebe quando alguém está louco de ácido”

Gonzo Diário

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Jornal Mural produzido para a disciplina de Edição, em 2011.1 Baseado no livro de Hunter Thompson, Medo e Delírio em Las Vegas

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Page 1: Gonzo Diário

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“One toke over the line, Sweet Jesus... One toke over the line...�. �� �������� ������. �� �������� �����

n� d� h�s�ó���, lo�o no �ní��o do l�v�o, � mús��� d� B��w�� & Sh��l�y é ����d� ��l� ���m���� v�z � D�n��l P�ll�zz���, o ���du�o� d� Medo e delírio em Las Vegas – Uma jornada selvagem ao co-ração do Sonho Americano, d� Hun��� Thom�son, �on��, �m no��, qu� � ���dução l�����l ���� �l� s����: “Um� �����d� sob�� � l�nh� do ���m, m�u do�� J�sus...um� �����d� sob�� � l��nh� do ���m...�. M�s ����s��n�� qu� h� um du�lo s�n��do n�ss� ��so, �o�s “one toke over the line� �od� s��n�fi���, �oloqu��lm�n��, �l�o �omo “fu� lon�� d�m��s�. Ess� f��s� ��sum� � h�s�ó���, �o�s s�us ���son���ns ul�����ss�m �o�dos os l�m���s.

�o �ní��o do l�v�o, o l���o� ���� ���on� �m um �onv��sív�l v��m�lho d� Ch�v�ol��, ���l�d�do G��nd� Tu�b��ão V��m�lho, qu� �s�� � ��m�nho d� L�s V���s, l�v�ndo R�oul Duk� (�l������o d� Thom�son), Dou�o� Gonzo (s�u �dvo��do) � qu�s� 300 dól���s �m d�o��s � b�b�d�s �l�oól���s. A �d� à ��d�d� é mo��v�d� ��lo Mint 400, um� f�mos� �o���d� d� mo�os � bu�����s ��lo d�s���o d� ����ão, qu� o jo�n�l�s�� d�v� �ob��� ���� � ��v�s�� d� �ov� Yo�k Sports Illustrated. O ��x�o d� Thom�son ���ns�o��� qu�lqu�� um ���� d�n��o do l�v�o, �o�n�ndo o l���o� o �������o ���������n�� d�qu�l� lou�� v����m.

Thom�son é mu��o d���lh�s��, ��n�o no qu� �l� �onh��� � ���s�n���, qu�n�o no qu� �l� �m���n�. Ass�m, é f���l s� �d�n��fi��� �om �s s��u�çõ�s � s�

s�n��� ���s�n�� n�qu�l�s lu����s, jun�o �os ���son���ns. Os ��n���os dos ��s�s�nos, d�s �u�s � os ������os d� �o�ul��ção d� L�s V���s são ��ss�dos d� um� m�n���� fi�l, o qu� f�z qu�lqu�� um s� s�n��� �onh���do� do lo��l.

G��nd� ������ d� h�s�ó��� fo� �s����� sob �nflu�ên��� d� d�o��s � �l�ool, ����lm�n��� m�s�u��dos, o qu� �od� �o�n�� o l�v�o b�m �on�fuso �m �l�um�s ����n�s. Al�uns ����hos d�l� ������s�m s�� ��l�dos. Além d�sso, d�s�d� o �om�ço o l���o� é �v�s�do qu� � v����m � L�s V���s ��on�����u ���� qu� o jo�n�l�s�� �u�d�ss� �ob��� � �o���d�, m�s o fo�o é �squ���do � mod�fi��do, � � h�s�ó��� ��ss� � s�� um ��l��o d� ��d�d�, s�us h��b���n��s, � bus��� ��lo Sonho Am�����no � um ������o dos �f���os d�s d�o��s no �o��o hum�no.

Isso �o�n� Medo e delírio um l�v�o d�f���n�� do usu�l. �ão é �x���m�n�� b�o���fi�o, m�s ��mbém não é ���n�s fi�ção, n�m �om�n��. M�s�u�� um �ou�o d� ��d� um� d�ss�s �����o���s.

Thom�son d��x� d� �ob��� o �v�n�o � ��ss� � ���������� d� ���o�����m, mos����ndo o �s��lo l�������o ����do �o� �l� m�smo d�n��o do novo jo�n�l�smo: o �s��lo �onzo, qu� fi�ou m��s �onh����do n�ss� l�v�o. M�s n�d� d�sso d��x�

o l�v�o �u�m. P�lo �on�����o.

M�smo qu� �m �l�uns mo�m�n�os o l���o� fiqu� �onfuso, �om �����z� �l� s� d�v������ �om �s f��s�s ��ôn���s d� Thom�son, su� ���d�z qu�n��o �o mundo, � L�s V���s � às ��sso�s qu� h�b����m �ss�s lu����s �, ���m� d� �udo, s� �s��n���� �om �s s��u�çõ�s n�s qu��s o �u�o� � s�u �dvo��do s� �n�on���m, � �om �s m�n����s qu� �l�s �ons���u�m �s����� d�l�s.

A �nfluên��� d�s d�o��s �m Thom�son � no

s�u �dvo��do é �x�lí����. El� �h��� � d�s���v�� �lu��n�çõ�s � s� �olo�� �m s��u�çõ�s n�s qu��s não �ons��u� �����o��n�� n�m s� m�x��, ������lh�ndo o �on���o �om ou���s ��sso�s. O �u�o� mu���s v�z�s ��mbém s� mos��� b��vo � �m�����n�� �om s�u �dvo��do, qu�

é m��s sus���ív�l � �l�um�s subs�ân����s, ���jud���ndo s�u bom s�nso. Em �l�um�s �����s, o l�v�o �od� f�z�� o l���o� qu���� �x����m�n��� �����s s��u��çõ�s, ��l� m�n���� �n����ss�n�� �om � qu�l são �������d�s. J� �m ou���s �����s, su�s �ons�quên���s �m�d�on���m � �ssus��m, � o l�v�o s� �o�n� um� �f���v� ��o����nd� �n��d�o��.

O l�v�o flu� mu��o ����do. Su� l����u�� é f���l���d� ��lo j���o qu� Thom��son �s���v� � d�fi��lm�n�� o l���o� fi�� �n��d��do. A h�s�ó���, ���s�� d�s ������s �onfus�s, é b�m �ons��uíd�, l�n��� � ���om� f��qu�n��m�n�� �ssun�os, lu����s � ��sso�s qu� j� fo��m ����dos, �omo s� o l���o� foss� �ão ín��mo d�l�s qu�n�o o �s����o�. Thom�son �s���v� l�v��m�n��, u��l�z�ndo ��l�v�õ�s � ������ên���s. Além d�sso, �l� �s���v� d� m�n���� �nfo�m�l, m�nos f��h�d� � m��s �oloqu��l, f���l���ndo � l���u��.

Como �om�l�m�n�o, o l�v�o é �lus���do �o� R�l�h S���dm�n, ���nd� �m��o d� Thom�son. As �lus���çõ�s �omb�n�m �om o l�v�o � são �onfus�s � d�s�o���d�s �omo um� �lu��n�ção ����d� ��l�s d�o��s.

Um dos �on�os �l�os do l�v�o são �s v����s ��f��ên���s ����d�s �o� Thom�son. El� f�l� d� mús��os �omo os B���l�s, J�ff��son A���l�n�, B���b�� S����s�nd, S�mon & G��funk�l � Bob Dyl�n. C��� �u�o��s �omo Ho�����o Al��� � ���son�l�d�d�s �omo o ���s�d�n�� ��xon. E, ��nd�, �l� f�l� sob�� n�z�smo, �olí����, mov�m�n�os �s�ud�n��s, s����l k�ll��s � �ul�u�� �m ����l, s�ndo um� ob�� �om�l��� ���� qu�lqu�� um qu� �ons��� �n��nd�� � su�o���� s�u �s��lo ���do � �n�omum.

Ralph Steadman conheceu Hunter Thompson em 1970, em sua primeira viagem aos Es-tados Unidos, feita a mando da revista Scalan’s para cobrir, jun-to ao escritor, a Kentucky Derby, famosa corrida de cavalos da cidade. Thompson queria es-crever sobre a perversidade dos que assistem à corrida, e preci-sava de ilustrações que conse-guissem capturar a humanidade em seu momento mais feio e assustador. Para isso, ele preci-sava do estilo de Steadman.Na época, o ilustrador nascido

na Inglaterra, em 1936, traba-lhava como cartunista para duas publicações britânicase já tinha lançado um livro. As imagens da reportagem de Thompson, The Kentucky Derby is Decadent & Depraved, eram um deboche que pretendia acabar com a farsa do Sonho Americano. O resultado foi o primeiro sinal do que seria o jornalismo gonzo.Steadman afirma que esse es-

tilo já fazia parte dele e não foi criado com Thompson. O ilus-trador estava apenas esperando o momento certo para que to-das as coisas estranhas que pas-savam pela sua cabeça fossem divulgadas. Ele havia notado os traços esquizofrênicos do gon-zo em seus desenhos e sabia que um dia eles seriam menos discretos. Tudo o que ele fa-zia vinha de seu subconscien-te, mas com uma aparência de conformidade, escondendo o espírito gonzo que já estava ali.A cobertura da corrida foi o

primeiro resultado da parceria Steadman-Thompson, que du-rou 35 anos. Grande parte de seus trabalhos foram artigos para revistas, que, como Medo e delírio em Las Vegas, viraram livro. Steadman ficou muito co-nhecido após sua participação nas publicações de Thompson, mas é famoso por muito mais.Steadman ilustrou várias edi-

ções das revistas Rolling Stone e Vanity Fair e livros como A revolução dos bichos, de George Orwell, Alice no País das Mara-vilhas, de Lewis Carrol e A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Ste-venson, além dos livros de sua autoria, como The Joke’s Over, memórias de sua relação com Thompson, após sua morte.

Na capa, amostra do desenho de Steadman

Steadman e a caricatura dele mesmo

Florianópolis, quinta-feira, 16 de junho de 2011 • Ano I • Edição I 1 - A

Curso de Jornalismo da UFSCAtividade da disciplina Edição

Professor: Ricardo BarretoEdição, textos, planejamento e

editoração eletrônica: Rafaella CouryServiços editoriais: A turma que não

escrevia direito, de Marc Weingarten, Kotori Magazine, Gonzo - O filho bastardo

do new journalism, de André CzarnobaiColaboração: Lucas Pasqual, Rodolfo

Conceição, Rafael Canoba e ThiagoMoreno

Impressão: In PressJunho de 2011

Textos e drogas em Las Vegas

Adaptação é menor, mas tem seu mérito

A reportagem esquecida e a busca pelo Sonho Americano, nas palavras de Hunter Thompson

As mãos por trás de monstros e desenhos famosos

Ex�s��m l�v�os qu� não d�v����m s�� �d����dos ���� o ��n�m�. Medo e delírio em Las Vegas ��l�

v�z s�j� um d�ss�s. O film� d� T���y G�ll��m, l�nç�do �m 1998, é mu��o fi�l à h�s�ó��� �on��d� �o� Thom�son, �om �s m�sm�s ��n�s � f�l�s �dên����s. O film� s��u� � m�sm� l�nh� do l�v�o � é b�m f���o à su� m�n����, ��nd�n�do �o d����o� � �nd���ção à P�lm� d� Ou�o do F�s��v�l d� C�nn�s d� 1998.

O ��obl�m� do film� ��lv�z s�j� �x���m�n�� �ss� fid�l�d�d�. O l�v�o é mu��o d�f���n��, �l�um�s ��n�s são �onfus�s � d�s�o���d�s, m�s, �o� s�� l������u��, não fi�� �u�m. �o ��so do film�, �ss�s ��n�s são �x�����d�s � d��fi��lm�n�� ����d��ão � �odos. P�sso�s m��s �ons��v�do��s, �o� �x�m�lo, l���ão o l�v�o � não s� �m�o����ão �om � b��unç�, �o�s é o j���o do Thom�son d� s�� � �s���v��. O film� é �x�����do, �omo s� qu�s�ss� s�� �n���ç�do � �l����n���vo d�m��s � fo�ç�ss� � b����.

M�smo qu� s�j� um ��obl�m�, � s�m�lh�nç� �om o l�v�o é l���l ���� �qu�l�s qu� l���m � não �ons��u���m �m���n�� �l�um�s ��n�s. Em um� ������ d� h�s�ó���, Duk� � s�u �dvo��do vão � um ��ss�no �h�m�do Circus-Cir-cus, qu� o �u�o� d�s���v� b�m. ��s�� lo��l, �l�s vão � um b�������oss�l qu�, m�smo �om �s �x�l���çõ�s do �u�o�, é d�fí��l d� s�� v�su�l�z�do; j� no film�,

qu�m �onh���� � ��n� �ons��u� fin�l�m�n�� �n��nd�� ond� �l�s �s��v�m � o qu� �x���m�n�� �s��v� ��on����ndo. A d�s���ção d���lh�d� d� Thom�son no l�v�o �jud� o d����o� do film� � ������� �s ��n�s � os lo���s, f�z�ndo o �mb��n�� fi��� ��u�l �o qu� fo� v�s�o (ou �m���n�do) ��lo �u�o�.

O film� �n����o fo� ���v�do d� m��n���� � ����oduz�� �s s�ns�çõ�s ��us��d�s ��l�s d�o��s. Mu���s �o��s � �â�m���s �onfus�s, �o���s � s�m s�n��do

f�z�m o �s�����do� s� ���ox�m�� do qu� o �u�o� s�n��� qu�ndo �s���v�u o l�v�o. H� um� ��vo�d� d� mo����os �m �l�no d�s���o, o ������ d� um b�� ����� o ��o���on�s��, � os �l��n��s d�s��� m�smo b�� s� �o�n�m �é����s qu� b�b�m �oqu��é�s. Al�um�s ��n�s são �s���nh�s, � fi��m m�lho��s n� �m����n�ção do l���o�. Ass�s��� � �l�s, �omo d��o �n����o�m�n��, ������ �x����o.

Ass�m �omo o l�v�o, o film� é n�����do, �o�n�ndo �s ��n�s m��s ����s �

�om����nsív��s, n� m�d�d� do �os�sív�l, m�s ��mbém é fi�l �o o����n�l, �om �s m�sm�s f�l�s. Johnny D��� �n�������� R�oul Duk� � ���z ���� � ��l� �odos os ��qu�s � �s���nh�z�s qu� o �u�o� mos��� no l�v�o. O ��o� f�z �sso �ão b�m qu� ��mbém ������ �x�����o � não fi�� bom �m um film�. S�u �n��os�m�n�o �om B�ní��o D�l To�o, qu� f�z s�u �dvo��do, é ���f���o, �����ndo v����s ��n�s �n���ç�d�s, ���n�����lm�n�� �s qu� D�l To�o f�l� “�omo s�u �dvo��do, �� ��ons�lho...�, �om��l���ndo �om �l�um� f��s� �s���nh�.

O �l�n�o é o �on�o �l�o do film�. P��son�l�d�d�s do ��n�m� �m������no �êm ���������çõ�s ��qu�n�s, m�s m�mo��v��s, �omo Tob�y M��u���, qu� f�z o ���o�o qu� ���� ���on� no Tub��ão V��m�lho no �ní��o do film�. T��s ��u�çõ�s d�s����m ��nd� m��s o ���b�lho dos �n�é������s d� Duk� � s�u �dvo��do, qu� s� mos���m v��d��d���os ��m�l�õ�s d��n�� d�s ��l�s.

O film� só é ���lm�n�� bom ���� qu�m j� l�u o l�v�o. El� ����s�n�� um �ou�o m��s dos ���son���ns � mos��� b�m su�s ��������ís����s, �lém d� �o��n�� ��n�s �m�ossív��s ����s, �jud�ndo o l���o� � �n��nd�� ��n���os � s��u�çõ�s. A�nd� �ss�m, ���� qu�m qu�� �n���� no mundo d� Thom�son, o ���om�n�d�v�l é qu� s� �om��� ��lo l�v�o qu�, �om �����z�, é mu��o m�lho�.

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Personagens de Depp (à frente) e Del Toro, a caminho de Vegas no Grande Tubarão Vermelho

“Numa cidade repleta de loucos de pedra, ninguém percebe quando alguém está louco de ácido”

Page 2: Gonzo Diário

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gonzoDIÁRIO

Florianópolis, quinta-feira, 16 de junho de 2011 • Ano I • Edição I 1 - B

Curso de Jornalismo da UFSCAtividade da disciplina EdiçãoProfessor: Ricardo BarretoEdição, textos, planejamento e editoração eletrônica: Rafaella CouryServiços editoriais: A turma que não escrevia direito, de Marc Weingarten, Kotori Magazine, Gonzo - O filho bastardo do new journalism, de André CzarnobaiColaboração: Lucas PAsqual, Rodolfo Conceição, Rafael Canoba e Thiago MorenoImpressão: In PressJunho de 2011

O início e o fim da temporada de futebol

O lado mais extremo e diferente do novo jornalismo

Escritor que revolucionou a maneira de se fazer jornalismo leva a paixão pelo esporte até seu último momento

Estilos de Hunter ThompsonA pesquisadora Christine Othitis, no livro The Beginnings and Concept of Gonzo Journalism, lista as características do jornalismo gonzo que sempre aparecem na obra de Thompson, o único representante do estilo para ela.Uma delas é a abordagem de assuntos como sexo, violência, drogas, esporte e política. Nem todo texto gonzo é relacionado a esses temas, mas os de Thompson são. Ele escreve sobre assuntos nos quais se envolve e faz questão de conhecê-los bem. Estes temas são frequentes pois representam as principais obsessões de grande parte dos norte-americanos.Outra característica é o uso de citações de pessoas em destaque, além dele mesmo, como epígrafe. Thompson utiliza esse recurso para situar o leitor no clima da narrativa e oferecer uma prévia do livro. No começo de Medo e delírio em Las Vegas há uma frase do Dr. Johnson: “Aquele que faz uma besta de si, livra-se da dor de ser um homem”. No livro, dois homens consomem grandes quantidades de substâncias entorpecentes e depois vandalizam e mentem. Ou seja, brutalizam-se, como previa a frase.A terceira característica são as referências que Thompson faz a jornalistas, músicos e políticos, mostrando sua atenção ao que está acontecendo ao seu redor e dando sua opinião sobre cada assunto.A quarta é a tendência de se distanciar do assunto principal ou do assunto por onde o texto começou. Em Medo e delírio, Thompson deixa de cobrir a Mint 400 e passa a falar dos personagens de Las Vegas. Ele prefere escrever sobre aquilo que acredita que seu público quer ler.Thompson também utiliza sarcasmo e vulgaridade como forma de humor. Esse traço está marcado na relação dele com seu advogado em Medo e delírio, principalmente nos diálogos e nas descrições de lugares e cenas.Outra tendência é o uso criativo do inglês. Mesmo na versão traduzida de Medo e delírio notam-se palavras rebuscadas e incomuns, como em “o garçom de serviço do quarto tinha feições vagamente reptilianas”, usada no lugar de “o camareiro parecia um pouco um réptil”, que é mais simples.A última é a descrição extrema das situações. Thompson é um observador rigoroso e detalhista, e dá grande dimensão a detalhes sem importância. Além disso, ele analisa e interpreta a situação em que se encontra através de longos trechos de monólogo interno, em uma reflexão detalhada.

“Ch��� d� jo�os. Ch��� d� bomb�s. Ch��� d� ��m��nh��. Ch��� d� d�v��são.

Ch��� d� n�d��. S�ss�n�� � s���. São 17 �nos �lém dos 50. D�z�ss��� � m��s do qu� �u �����s�v� ou d�s�j�v�. Ch���o. Sou s�m��� v�d�o. S�m d�v��são � ���� n�n�uém. S�ss�n�� � s���. Vo�ê �s�� s� �o�n�ndo m�squ�nho. Assum� su� �d�d� �v�nç�d�. R�l�x� � �sso não v�� do��.� Ess� fo� o úl��mo ��x�o �s�����o �o� Hun��� Thom�son �n��s d� s� m����. In���ul�d� A temporada de fute-bol acabou, �omo ��f��ên��� �o Super Bowl, � ����� mos��� qu� o �u�o� não ��u�n��v� m��s o qu� h�v�� s� �o�n��do, d��o�s d� �udo qu� ��nh� f���o.

Hun��� S�o�k�on Thom�son n�s���u �m 18 d� julho d� 1937, n� ���d�d� d� Lou�sv�ll�, no K�n�u�ky. El� ��v� �on���o �om � �s����� d�sd� ���qu�no, �o �on���bu�� �om �ubl���çõ�s d� b����o �os 10 �nos �, no �ns�no méd�o, �om �����os ���� o �nu���o d� �ns���u�ção. Em um d�l�s, o Security, Thom�son �x�l��ou su� filosofi� d� o���� �o� um� v�d� m��s �n�m�d�: “R���o��d� �s ����n�s d� h�s�ó��� � v�j� os hom�ns qu� mold���m o d�s���no do mundo. S��u��nç� nun�� ��� �om �l�s, m�s �l�s v�v���m, �m v�z d� �x�s����m. É dos �s�����do��s qu� ����b�mos � ��o����nd� d� qu� não v�l� � ��n� v�v��, d� qu� � v�d� é um ���b�lho ��noso, d� qu� �s �mb�çõ�s d� juv�n�ud� �����s�m s�� d��x�d�s d� l�do �m nom� d� um� v�d� qu�

não ��ss� d� um� dolo�os� �s���� d� mo���.� P��� ��� �ss� v�d�, Thom�son nun�� ��s����ou �����s � ��� v�ol�n�o, �m���v�sív�l � �n��m��s��vo.

Aos 17 �nos, Thom�son fo� ���so � �ond�n�do � um� ��n� d� s��s m�s�s, ��duz�d� �o� �n���ss�� n� ���on�u���� �m�����n�. D��o�s, fo� ����u��do ���� � b�s� d� E�l�n, ond� ���b�lhou �om o qu� �os��v�, �omo �d��o� d� �s�o���s, no jo�n�l lo��l. Thom�son ��mbém f�z�� �ul�s d� d�s�u�so � filosofi� n� Florida State University.

D��o�s d� �nos d� freelance ���� ��qu�nos jo�n��s � �m����os d� m�s�s �m �ubl���çõ�s, �m 1961 Thom�son �om�çou � �s���v�� o l�v�o Rum: di-ário de um jornalista bêbado, b�s��do �m su�s �x����ên���s �m Po��o R��o, qu� só �h��ou � s�� �ubl���do �m 1998. T�mbém ���b�lhou �omo �o����s�ond�n�� n� Amé���� do Sul ���� o National Observer �o� um �no � m��o, �om ��x�os ond� s�u �s��lo s����s���o �om�çou � ��������, ��é s� d�m���� �o� não qu���� �s���v�� sob�� o qu� o ��u�����m. M�s ���b�lh�� ���� um� ��v�s�� n���on�l �judou�o � fi��� �onh���do.

Ass�m, o �d��o� d� ��v�s�� The Nation �onv�dou�o ���� �s���v�� um� ���o�����m sob�� � ��n�u� d� mo�o����l�s��s Hell’s Angels, qu� Thom�son �ubl��ou d� m�n���� �on��d�, subm����ndo�s� �o �s��lo d� ��v�s��. Pou�o d���o�s, ����b�u of����s ���� ���nsfo�m�� o �����o �m l�v�o �, ���� �sso, o �u�o� v�v�u �o� 18 m�s�s �om o b�ndo, ����

������ndo d� su�s ���v�d�d�s ��é �n���� �m um� b���� � s�������s� d�l�s. “S�u mé�odo d� ��squ�s� é s� �m����� nos ���lhos d� um� f���ov��, s�b�ndo qu� o ���m �s�� �h���ndo, ���� v�� o qu� ��on�����, d�ss� s�u �d��o� d� Random House, ��ós s�b�� do o�o���do. Hell’s Angels: medo e delírio sobre duas rodas fo� �ubl���do �m 1967, � ����d�m�n��� �h��ou à l�s�� d� best-sellers.

Com o su��sso do l�v�o, Thom��son ��ssou � ��no��� �s �����s d� �m���ns� � � �s���v�� �omo qu����, l�nç�ndo f����s à von��d�. A ��í���� ���d� ��ss� � f�z�� ����� d� �odos s�us ��x�os. Po� �sso, Thom�son ���f���� �ubl���çõ�s m��s �l���n���v�s, ond� �od���� �s���v�� �om s�u �s��lo �onzo s�m ��obl�m�s.

Em 1971, Thom�son �ubl��ou Medo e delírio em Las Vegas, �d���do � ������ d� ���v�çõ�s � �no��çõ�s s�m s�n��do, �omo ���nd� ����� d� s�u ���b�lho. �o l�v�o, o �u�o� mos��� � su� m��o� f�us���ção: � mo��� do Sonho Am�����no. El� qu�s �s���v�� um� ��ôn��� sob�� �sso � não �ons���u�u, �o� m��s d� ��ês �nos. O l�v�o fo� � s�íd�. Em L�s V���s, �l� �n�on���ou o Sonho Am�����no �ão �o��om���do qu� não �od�� s�� ���onh���do. O sonho ��nh� ���b�do d� v�z. P��� o l�v�o, Thom�son ���ou s�u �l��� ��o, R�oul Duk�, qu� �od���� “d�z�� � f��z�� �o�s�s qu� não fun��on����m n� ���m���� ��sso��, � ��ssou � ���� �omo �l�. S�u j���o d� s� v�s���, d� f�l��, su�

m�n�� d� s�m��� �s��� d� ó�ulos �s�u��os � fum�ndo �m um� �������: �udo fo� �m���s��do d� Duk� � s� �o�nou ����� do ���son���m qu� o �u�o� ���.

�o ��s�o d� su� v�d�, �l� s��u�u �om s�u �s��lo ����o � ���do, �s����v�ndo ���� Playboy, Rolling Stone, Esquire, Vanity Fair, �n��� ou���s. T���m�nou su� v�d� �s���v�ndo um� �olu�n� ���� o s��� do ��n�l ESPN.

Thom�son, qu� s�m��� ��v� f�s�í�

n�o �o� ��m�s, s� m��ou �om um ���o n� ��b�ç� �m 20 d� f�v�����o d� 2005. El� �s��v� f�l�ndo �om su� �s�os� �o ��l�fon� qu�ndo d�s���ou su� M���nun .44, d��x�ndo � ����� d� d�s��d��d�. Am��o ��sso�l � ��o� ���f���do do �u�o�, Johnny D��� ��ov�d�n��ou s�u fun���l, ond� um ��nhão no fo�m��o do símbolo do �onzo d�s���ou �s ��n�z�s do �u�o� jun�o � fo�os d� ����fí��o, d� ��o�do �om s�u úl��mo d�s�jo.

�o �n�o dos �nos 60, jo�n��l�s��s �omo Tom Wolf�, G�y T�l�s� � T�um�n C��o��

�����������m d� ����ção d� um novo �ên��o jo�n�lís���o, qu� os ���ox�m��v� d� l������u�� � do sonho �x�s��n�� n�s ��d�çõ�s: �s���v�� um �om�n��. Em um� h�����qu�� l��������, n� qu�l Wolf� ����d���v�, o �om�n��s�� o�u�� o �on�o m��s �l�o, �nqu�n�o o jo��n�l�s�� o�u�� o m��s b��xo. O sonho �x�s��� �o� �sso, ��lo d�s�jo d� m��o� d�s��qu�, do ���onh���m�n�o.

Ass�m, um novo �on����o d� ���o������m su���u, ����s�n��ndo mud�nç�s n� m�n���� d� �s���v��, �om � u��l�z��ção d� ���u�sos �omo � ���������z�ção d� ���son���ns, � ���s�nç� d� d��lo��os � nov�s funçõ�s ���� o n����do�, � mud�nç�s n� ��u��ção, qu� s� �o�nou m��s d���lh�d�, m��s �n��ns� �, �ons��qu�n��m�n��, m��s d�mo��d�, �o�s os ���ó�����s ��ss�v�m s�m�n�s �om �s fon��s d� m��é���. P��� Wolf�, o novo jo�n�l�smo ��� o �qu�líb��o �n��� jo��n�l�smo � l������u��, � fo� �on��b�do d� m�n���� d�s�����ns�os�, �om ��sul���dos ���d�n���s � su�����nd�n��s.

T�n�o T�l�s� qu�ndo Wolf� d�f�n�d�m qu� � v�n����m do ���ofund��m�n�o n� ��u��ção �s�� �m of������ um� d�s���ção m��s obj���v� � �om��l���, �om m��o� d�s��qu� nos ���so�n���ns. Ou��� ��������ís���� do �ên��o é � �on�u�ção �ou�o �onv�n��on�l no jo�n�l�smo, �omo �����ên���s � �x�l��m�çõ�s, �lém d� �n���j��çõ�s, onom���o�é��s � ��l�v��s s�m s�n��do.

A �x���ssão novo jo�n�l�smo é ����d���d� � Tom Wolf�, qu� �fi�m� não ��� �d��� d� ond� n�m qu�ndo su���u o ���mo. G��nd� ����� dos �u�o��s d�ss� �s��lo não ���onh��� su� �nflu�ên���. C��o��, �o� �x�m�lo, d�z qu� �nv�n�ou um novo �ên��o, o �om�n�� d� não fi�ção. O novo jo�n�l�smo não é um �ên��o �néd��o, é ����� d� �volu�ção d� l������u��, qu� ��ss� � s�� m��s vol��d� ���� o ���l�smo so���l, �om ������� f���u�l � �nfo�m���vo, ou s�j�, jo�n�lís���o, � é ���������z�do ��lo uso d� �é�n���s l��������s n� �����ção, ���d�ção � �d�ção d� ���o�����ns.

Em 1966, su���m �s ���m����s m��n�f�s��çõ�s do l�do m��s �x���mo do novo jo�n�l�smo, no qu�l o ���ó���� não ���n�s ��l��� �omo ��mbém ���������� ���v�m�n�� d� �ção. Hun��� Thom�son, ��ós s�u �����o The Ken-tucky Derby is Decadent and Depraved, �ubl���do �m 1970, ���ou � ��ssou � s�� o ���n����l �����s�n��n�� do novo �ên��o, �h�m�do jo�n�l�smo �onzo. O �u�o� ul�����ssou � ���n����l b�������� �n��� fi�ção � jo�n�l�smo: o �om���om�sso �om � v��d�d�. T�mbém �h�m�do d� jo�n�l�smo fo���d��l�� ou �l���n���vo, o �ên��o s� b�s��� n� d�sob�d�ên��� d� ��d�õ�s � no�m�s, �lém d� �ns�s�ên��� �m ��m�s �omo s�xo, d�o��s, �s�o��� � �olí����.

Um� d�fin�ção d� Thom�son ���� jo�n�l�smo �onzo é: “Um �s��lo d� ����o�����m b�s��d� n� �d��� do �s����o� W�ll��m F�ulkn�� s��undo � qu�l � m�lho� fi�ção é mu��o �nfin���m�n��

m��s v��d�d���� qu� qu�lqu�� ���o d� jo�n�l�smo – � os m�lho��s jo�n�l�s��s s�m��� soub���m d�sso.� Ass�m, �l� d�f�nd� qu� ��n�o � fi�ção qu�n�o o jo�n�l�smo são �����o���s ����fi����s, um� não é m�lho� qu� � ou���, � qu� �s du�s, qu�ndo f����s d� m�lho� fo��m� �ossív�l, são ��m�nhos d�f���n��s ���� um m�smo fim: �nfo�m�� �l�uém sob�� �l�um� �o�s�.

Es�� �on����o �s�� mu��o l���do à m�n���� qu� é f���� � �ol��� d� �nfo��m�çõ�s. Thom�son d�z�� qu� o bom jo�n�l�s�� �onzo d�v���� ��� o ��l�n�o d� um ���nd� jo�n�l�s��, o olho d� um fo�ó���fo, � os �olhõ�s d� um ��o�, ���� v�v�� � �ção � ���o����l� �n�qu�n�o � � �omo � �s��v�ss� s� d�s�n��ol�ndo. El� u��l�z� � ���m���� ��sso�, �om um ������� �onf�ss�on�l, � um� l�n�u���m d�����, f�z�ndo �om qu� o l���o� ����d��� n� h�s�ó���, m�smo qu� ����� d�l� �oss� ��� s�do �nv�n��d�.

As ���n�����s ��������ís����s do jo��n�l�smo �onzo são: �����ção ������������v�, �o�s o jo�n�l�s�� não ���n�s obs��v� o f��o, �omo o v�v�n���, mu����s v�z�s, �n���f���ndo n� h�s�ó���; d��fi�uld�d� d� d�s���n�� fi�ção d� ���l��d�d�, ����ndo ���son���ns � s��u�çõ�s �n�x�s��n��s; �onsumo d� d�o��s � �l�ool; � uso do n����do� n� ���m���� ��sso�, qu� �um�n�� � ���d�b�l�d�d�.

O �s��lo �onzo é um� m�s�u�� d� f��o � fi�ção, �s����o d� fo�m� �ns��n���v� � ����v�n��, qu� ���� �����os nos qu��s o �u�o�, b�s���m�n��, �s���v� o qu� �l� qu�� � o qu� �l� vê.

Anni

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bovi

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Thompson costumava disparar em direção ao ceú com a Magnun .44 para evitar a angústia

“Ter sorte é sempre importante, ainda mais em Las Vegas...e a nossa parecia estar acabando.”