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adolescência - estrutura familiar
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Pelotas2011
VANCIA SCHUMACHER
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIO SOCIAL
GRAVIDEZ NA ADOLESCNCIAE a estrutura familiar
Pelotas2011
GRAVIDEZ NA ADOLESCNCIAE a estrutura familiar
Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Norte do Paran - UNOPAR, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Servio Social.
Orientador: Prof. Daniela Siskorski
VANCIA SCHUMACHER
Londrina, _____de ___________de 20___.
Dedico este trabalho ao meu filho Kurt.
AGRADECIMENTOS
Agradeo a todos que me levaram a seguir por este caminho,
amigos e pessoas queridas, que com palavras de otimismo e incentivo me ajudaram
a continuar seguindo em frente.
Ao plano espiritual, pela energia e luz recebida em todos os
momentos de alegria e angustias.
Ao meu esforo pela coragem de seguir at o final, mesmo quando
os obstculos pareciam infinitos.
Aos meus familiares, filho e marido, pela pacincia durante toda a
trajetria.
A todos que direta e indiretamente contriburam para essa
realizao, e aos orientadores de estagio.
s Prof(s) Silvia Helena da Silva, Maria Beatriz Reissig e Jussara
Hafele, pela pacincia e orientao.
Todos os caminhos so mgicos se nos levam a nossos sonhos (Paulo Coelho)
SCHUMACHER, Vancia. Gravidez na adolescncia: e a estrutura familiar. 2011. 61. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Servio Social) Centro de Cincias Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paran, Pelotas, 2011.
RESUMO
A gravidez na adolescncia considerada um problema social que abrange toda a sociedade, gerando conseqncias no lado emocional, comportamental, educacional, familiar e na vida social dos adolescentes, principalmente, da menina que abruptamente passar de filha para o papel de me. As causas so interligadas nas profundas transformaes da estrutura familiar no decorrer das mudanas da sociedade. A famlia como objeto de apoio e compreenso no enfrentamento da gravidez precoce iro nortear as escolhas e projetos de vida dos adolescentes. O Servio Social aponta novas reflexes acerca do papel da famlia na construo de identidade do adolescente, e no planejamento e execuo de programas e projetos sociais caracterizados para a preveno e orientao frente gravidez na adolescncia.
Palavras-chave: Gravidez Adolescncia. Estrutura familiar. Servio Social.
SCHUMACHER, Vancia. Teen pregnancy: family structure. 2011. 61. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Servio Social) Centro de Cincias Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paran, Pelotas, 2011.
ABSTRACT
Teen pregnancy is considered a social problem which spans the entire society, generating consequences on the emotional, behavioral, educational, familiar and social life of teenagers, especially girl who abruptly rise from the role of daughter to the role of mother. The causes are linked in profound changes in family structure in the course of changes in society. The family as an object of support and understanding in dealing with early pregnancy will guide the choices and life plans of teenagers. Social Work points to new reflections on the role of families in teen identity construction, and an planning and implementing social programs and projects characterized for orientation in the prevention of teenage pregnancy.
Key-words: Teen Pregnancy. Family structure. Social Work.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
UNOPAR Universidade Norte do Paran
IBGE
TCC
ECA
SINASC
ONU
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
Trabalho de Concluso do Curso
Estatuto da Criana e Adolescente
Sistema de Informao sobre Nascidos Vivos
Organizaes das Naes Unidas
SUMRIO
INTRODUO.............................................................................................................1
CAPITULO 1
FAMLIA
1.1 Conceito de famlia contempornea.......................................................................4
1.2 Contextualizao histrica da famlia.....................................................................6
1.3 Configurao familiar do sculo XXI......................................................................8
1.4 Papel e importncia da famlia na adolescncia..................................................10
1.5 A famlia e as polticas sociais..............................................................................13
CAPTULO 2
ADOLESCNCIA
2.1 Cdigo de Menores e Estatuto da Criana e Adolescente...................................14
2.2 Adolescncia e a construo da identidade.........................................................17
2.3 Sexualidade na adolescncia...............................................................................19
2.4 Relao entre pais e adolescentes......................................................................22
CAPTULO 3
GRAVIDEZ NA ADOLESCNCIA
3.1 Gravidez na adolescncia e a estrutura familiar..................................................24
3.2 Impacto da gravidez na adolescncia no convvio social e escolar.....................27
3.3 Confronto com a nova realidade e o apoio familiar..............................................31
3.4 Construindo novos sonhos e responsabilidades..................................................32
CAPTULO 4
O SERVIO SOCIAL E A GRAVIDEZ NA ADOLESCNCIA
4.1 Papel do Servio Social na construo familiar...................................................34
4.2 A atuao do Servio Social na preveno, programas e projetos direcionados
para gravidez na adolescncia...................................................................................36
CONCLUSO............................................................................................................41
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................44
APNDICES...............................................................................................................50
1 INTRODUO
Nos ltimos anos, a sociedade tem passado por intensas mudanas
no que tange a estrutura familiar. Pelas pesquisas bibliogrficas conclumos que o
processo histrico dessa conjuntura est relacionado com as influencias e
mudanas culturais ao longo da historia, moldando a relao e constituio da
famlia. A passagem da famlia tradicional para a contempornea tem suas razes
nas profundas transformaes do pensamento tico, moral, cultural e religioso do
ser humano, que se constitui conforme o modo de agir e pensar sobre si mesmo e o
como se relaciona com o mundo.
As novas constituies familiares que surgiram na sociedade
moderna estabelecem uma nova comunicao na construo afetiva educacional
dos filhos adolescentes; permitindo maior envolvimento emocional e participao de
sua formao quando comparado com os primeiros modelos de famlia, constitudas
como forma de suprir mo de obra para o trabalho no plantio, do qual a fase da
adolescncia no era reconhecida e estudada como hoje, os jovens simplesmente
passavam da infncia para a idade adulta conforme a previso de seus pais.
De acordo com ries (1981) a adolescncia percebida como fase
natural da infncia para adulta no bem definida pelos historiadores, mas tem sua
concepo a partir das mudanas culturais na sociedade. Essa fase marcada
pelas mudanas no corpo, comportamento, e emocional; sendo caracterizada por
atitudes impensadas, eufricas, de rebeldia e melancolia entre os jovens. A
sexualidade parte da construo de sua identidade, na nsia de ser inserido no
meio adulto e aceito pelo grupo social (LEPRE, 2008).
A gravidez na adolescncia uma realidade que abrange a todas as
classes sociais, agravada pelas seqelas da estrutura familiar; considerado um
problema social a ser encarado no s pela famlia, mas em todas as esferas da
sociedade. Embora o nmero de casos tenha diminudo conforme o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), ainda assim, uma problemtica a ser
pensada e direcionada a programas e projetos que visam minimizar essa ocorrncia.
Em alguns casos a gravidez precoce faz parte de um desejo, mas na
maioria das vezes, uma surpresa inesperada, que gera uma serie de conflitos
emocionais, instabilidade familiar, desvio da escola e afastamento do convvio social,
uma serie de conseqncias das quais os jovens no refletem quando decidem dar
1
o primeiro passo para a vida sexual (BOCARDI, 2003).
A presena da famlia fundamental no processo de
amadurecimento e construo da vida dimensional do adolescente, sendo a primeira
referencia desde a infncia, o norte que ir delimitar os passos desses jovens para a
vida adulta. Conforme Ferrari e Kaloustian (2000, apud Gonalves, 2001, p.10):
a famlia que propicia os aportes afetivos e sobre todos materiais necessrios ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educao formal e informal, em seu espao que so absorvidos os valores ticos e humanitrios onde se aprofundam os laos de solidariedade. tambm sem eu interior que constroem as marcas entre as geraes e so observados valores culturais.
Observamos que so vrios os fatores que levam a gravidez
precoce, mas todos esto intimamente interligados na estrutura familiar, na
importncia da presena dos pais, no dialogo construtivo, na compreenso e
interesse pela vida dos adolescentes dentro de casa e fora dela, no respeito ao
tomar decises, pois a agresso e proibio sem justas causas atiam o jovem a
rebeldia e transgresso da conduta moral. O apoio e compreenso da famlia na
ocorrncia da gravidez na adolescncia essencial na tomada de decises, na
construo afetiva intra familiar, no suporte aos jovens quanto a seus projetos de
vida e sonhos.
Em vista da necessidade de abordagem sobre a gravidez na
adolescncia o presente trabalho visa melhor caracteriz-la, analisando os aspectos
da gravidez precoce e sua relao com a estrutura familiar.
As relaes familiares ao longo dos anos foram sendo moldadas de
acordo com o avano da tecnologia, e mudanas culturais presentes nas razes da
sociedade, conforme esses avanos, as famlias ficaram vulnerveis, cada vez mais
sugadas pelo monoplio capitalista, pelo trabalho excessivo deixando a educao
dos filhos a conta da escola, da televiso e amigos, onde nem sempre se importam
em conhecer e se aprofundar sobre suas vidas sociais, em estabelecer um dialogo
alm da represso, e cobrana. A reflexo a cerca da gravidez na adolescncia
abrir novos olhares frente s atitudes dos pais com os filhos, abrindo espao para a
construo do dialogo to necessrio nessa fase em produo.
Apontar as transformaes sociais e culturais inseridas na sociedade
caracterizando os conceitos de famlia e suas relaes com os filhos na
adolescncia; agregando valores a serem pensados e refletidos a cerca do papel da
2
famlia na ocorrncia da gravidez na adolescncia e como meio de preveno.
3
CAPTULO 1
FAMLIA
1.1.- CONCEITO DE FAMILIA CONTEMPORNEA
A famlia contempornea surge em meio s profundas mudanas
psico-sociais da sociedade ao longo dos sculos, sendo conceituada e analisada por
diversos filsofos e pensadores de diversas pocas; despertando o senso critico
acerca do contexto familiar. (Pratta e Santos, 2007).
Quando pensamos sobre famlia, logo ligamos o termo concepo
de famlia constituda pelo pai, me, filho, ou pessoas consanguneas, e
esquecemos de considerar o contexto em que essa famlia est inserida, como
analise cultural, social, poltico e familiar; a definio de famlia pode ser um tanto
subjetiva quando no levamos em conta esses aspectos; pois depende de quem a
define.
Segundo Mioto (1997, p.120), a definio de famlia dada por:
Pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo, que se acham unidas (ou no) por laos consanguineos. Sua tarefa primordial o cuidado com seus membros. Se encontra dialeticamente articulada com a estrutura social na qual se insere
O conceito de famlia depende ou no desses laos de sangue,
estando articularmente ligados forma como se relacionam entre si, com respeito,
carinho, amizade, troca de conhecimento e experincias repartidas ao longo da
convivncia. Esse sentimento de proteo e intimidade est diretamente relacionado
famlia.
Famlia um conjunto invisvel de exigncias funcionais que organiza a interao dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera atravs de padres transacionais. Os indivduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela gerao, sexo, interesse ou funo, havendo diferentes nveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A famlia como unidade social, enfrenta uma serie de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nvel dos parmetros culturais, mas possuindo as mesmas razes universais (MINUCHIN, 1990, p.25).
Com base no mesmo autor, os membros que ligam uma famlia
contribuem efetivamente para o crescimento individual e de convivncia em grupo,
4
independente das diferenas tnicas e culturais, tendo como objetivo principal o
cuidado e zelo pelo prximo de forma a criar um vinculo afetivo seja ele
consanguneo ou no.
As famlias podem ser organizadas conforme se inter relacionam e
se organizam quanto ao numero de componentes, ou seja, a maneira como se
constituem e solidificam os laos fraternos de amor e mutualidade. A famlia nuclear
constituda pelo pai, me e filhos, sendo considerada a mais comum das
estruturas familiares, se subdividindo quanto aos papis de cada membro, ou seja,
quando o homem o nico provedor da famlia, sendo a mulher dona do lar e
dedicada a cuidar dos filhos, chamada de famlia nuclear tradicional. (BOZA,
FERREIRA e BARBOZA, 2010). Quando esses papeis se igualam entre homem e
mulher, temos a famlia nuclear conjugal, da qual ser melhor discutida no capitulo
1.4.
As famlias monoparentais so aquelas constitudas somente pelos
filhos e por um dos genitores, ou seja, pai ou me, geralmente, quando ocorre
divorcio, abandono de lar ou bito. Quando ocorre a separao do casal com filhos,
e estes assumem novas famlias, essa nova constituio familiar considerada
recomposta, onde membros de uma antiga unio familiar, genitor e filhos, coabitam
com novos membros reconstituindo uma nova famlia. As famlias extensas so
aquelas onde ocorre o aumento da famlia nuclear, ou seja, quando outro membro
se une a mesma famlia, geralmente, em casos onde os filhos casam e moram com
os pais, quando o filho (a) que prematuramente se torna pai ou me obriga-se a
conviver na mesma casa, ou parentes consanguineos, como avs que necessitam
de ateno e melhores cuidados. (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).
Segundo Sarti (2000), atravs da famlia que se estabelece os
laos de afinidade e parentesco, vivenciando fatos da vida real como um grupo
social concreto, atravs da troca e enlao emocional vinculam ainda mais as razes
parentais. A famlia a porta de entrada para a vida em sociedade, o primeiro
ensaio para a vida real, onde se tem a chance de errar e aprender um com os
outros, atravs dessa mutualidade aprendemos o respeito pelo prximo, amizade,
dedicao e postura para encarar os desafios perante a vida.
5
1.2.- CONTEXTUALIZAO HISTRICA DA FAMLIA
O processo histrico da estrutura familiar est intrinsecamente
relacionado com as influncias e mudanas estruturais e culturais da sociedade,
conforme as mudanas de agir, pensar e ser do homem ao longo da histria, logo a
famlia vai sendo moldada de acordo com os novos paradigmas.
A famlia uma instituio social que convive em um movimento de constantes transformaes sociais, sendo permeada por valores do passado e do presente. Ela no , portanto, fruto de uma vivencia imediata, mas, resultado de uma historia, trazendo um legado do passado em sua configurao contempornea. A famlia, ao mesmo tempo em que constri a histria, influencia e recebe influncia da sociedade fazendo parte de sua dinmica. (DINCO, 1989).
A famlia se constitui permeando longos processos de cultura e
influencia da sociedade ao longo dos sculos, passando de gerao em gerao
diferentes culturas e disseminaes do pensamento tico e moral do ser humano,
construindo novos horizontes, semeando idias e conceitos do passado para o
presente, tecendo a estrutura dinmica da famlia tradicional para a contempornea.
Segundo Cachapuz (2004), a palavra famlia deriva do latim e
significa servo, cortejo, idia de casa, ligados a um mesmo ancestral. O surgimento
da idia de famlia est vinculado ao sistema patriarcal, ao casamento monogmico
e heterossexual.
Segundo relatos histricos, na Roma antiga, o homem era o
membro supremo do lar considerado como sacerdote, com autoridade mxima sobre
os demais participantes da famlia ou lar, sendo a mulher, filhos e escravos todos
subordinados, possuindo apenas sentimento de prazer e da carne, sem a
construo efetiva e amorosa de uma boa convivncia (COULANGES, 1975).
No Brasil, a contextualizao da famlia tambm se da pelo modelo
patriarcal, onde o homem era considerado superior em seu lar, sendo tarefa da
mulher dar-lhe prazer sexual, cuidar dos filhos e afazeres domsticos, sendo
regulada e medida conforme suas regras. mulher era negado qualquer direito a
critica, opinio, estudo e trabalho sem a permisso do marido ou pai, detentores de
total poder (CACHAPUZ, 2004).
Aos filhos, no era permitido conversar com os pais, alm de acatar
ordens e plena obedincia, nem demonstrao de afeto. O filho homem era desde
6
pequeno submetido ao trabalho braal do campo, onde a economia se dava
praticamente pela agricultura familiar; quando atingia a adolescncia, geralmente,
eram apresentados prostitutas, muitas vezes pelos prprios pais, na nsia de
verem os filhos exercendo papel de homem. E quanto s meninas, eram treinadas
para serem donas do lar, prendadas e submissas aos futuros maridos, dos quais
eram escolhidos pelo pai, independente da idade e sentimento, visando mais riqueza
e prosperidade entre as famlias envolvidas; menina no tinha direito de escolha, e
apenas igreja lhe era permitido freqentar alm de sua prpria casa, sem que
fosse mal vista pelo resto da sociedade (CACHAPUZ, 2004).
A estrutura familiar nessa poca se dava por papeis bem definidos
de cada membro, de acordo com a idade e sexo, onde quase todos trabalhavam na
mesma casa ou campo, configurando a famlia extensa, pois quanto maior o numero
de filhos e parentes no mesmo teto, mais se somava mo de obra exploratria.
A igreja catlica tambm era soberana em seus dogmas e preceitos
religiosos, onde submetia ainda mais as mulheres a submisso dos pecados,
influenciando o direito das famlias. Com o forte jogo de poder poltico que a igreja
exercia na sociedade na poca, ela detinha o poder nas mos dos homens,
encorajando o papel de subordinao sobre as mulheres e classes desfavorveis de
cultura e bens (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).
A partir do sculo XIX com o advento da revoluo industrial o
modelo patriarcal e a idia de famlia comeam a ser questionados e sofrem
intensas mudanas no contexto poltico, social e religioso. Nesse contexto, o modelo
de famlia nuclear toma fora, sendo constituda pelo pai, me e os filhos, sendo
lanado mulher novo olhar e papel perante a famlia, onde deveria ser vista como
a boa esposa, fina, educada, prendada e que passa a zelar pelos cuidados do
marido e educao dos filhos com mais dedicao e amor. Sendo dever de o
homem prever o sustento para a famlia, apostando no futuro promissor do filho
homem do qual atribuam expectativas e privilegiada educao para gerenciar os
negcios da famlia.
So caractersticas dessa famlia: o amor conjugal e entre pais e filhos, a monogamia, a fidelidade, o cuidado da prole no sentido de proteg-la e educ-la de acordo com os princpios da moral, da higiene dos bons costumes. Enfim, um lugar de refugio, de proteo, d e lealdade e amor, respeito autoridade do pai, provedor e responsvel pelo bem estar da famlia (POSTER, 1979 apud MACEDO, 1994, p.64).
7
Nesse perodo, surgem as primeiras questes sociais difundidas
pela nova sociedade burguesa, que tomava fora no comrcio e no mercado fabril.
Com o avano tecnolgico das maquinas e mo de obra barata, as famlias
passaram a ser separadas por classes sociais, com a falta de recursos para
alimentar a prpria famlia, muitas mulheres se viram obrigadas a trabalhar nas
fabricas em troca de um pouco mais que nada, a mo de obra era cada vez mais
explorada e levou muitas crianas a serem praticamente escravas desse trabalho
ardil.
A ruptura entre local de produo e local de reproduo trazida pelo capitalismo reduz a funo econmica da famlia produo de valores de uso ou prestao de servios domsticos, atravs do trabalho domestico, j que a produo de bens propriamente dita passa a ser feita no mercado, nas fabricas, e nas empresas. (BRUSCHINI, 2000, p.54).
Para Kaloustian (1994), a famlia o espao fundamental para a
garantia de sobrevivncia e proteo dos filhos e membros familiares, independente
da estrutura como se organizam. Nesse contexto, surge a preocupao com a
educao e sade dos filhos, fortalecendo os vnculos familiares, baseados em afeto
e muito suor para garantir o sustento e esperana de uma vida melhor. Conforme
Szymanski (2002), a estrutura familiar no determinada em relao aos cuidados
com a famlia, pois duas famlias podem apresentar comportamentos diferente de
relacionamento, sendo relevante somente as histrias, a classe social, a cultura
familiar e organizao significativa dessa estrutura familiar no mundo.
1.3.- CONFIGURAO FAMILIAR DO SCULO XXI
A sociedade vem moldando-se e criando novos paradigmas ao longo
dos sculos, atravs da ruptura com idias e conceitos do passado conquistamos
direitos e espao social permeando por novos anseios, lanando um novo olhar
sobre a sociedade e o conceito de famlia tradicional.
A concepo de famlia moderna se d basicamente pela troca de
papis entre homem e mulher, numa sociedade onde a mulher ganha cada vez mais
espao igualando seus direitos e funes s dos homens.
8
Para Lacan (2002), a famlia moderna aparece como uma
contradio da instituio familiar e mostra uma estrutura complexa, uma vez que
perpassa por complexos cujos papis so organizados no desenvolvimento
psquico. Os papis familiares vem mudando conforme as mudanas naturais do
desenvolvimento da sociedade em geral, agregando novos valores e obrigaes
para com a famlia, sendo que processar essas mudanas e compactuar com elas
no tarefa fcil, principalmente quando no mesmo ncleo familiar convivem
pessoas de diferentes geraes.
Durante sculos na histria da sociedade, a mulher foi oprimida em
relao a seus direitos e opinies, com o avano da tecnologia, educao social e
poltica, esse quadro sofreu, gradativamente, intensas mudanas, mas que hoje
cedeu espao incondicional para a nova mulher do sculo XXI, uma mulher que luta
e conquista seus direitos e toma voz na sociedade em qualquer papel que lhe condiz
representar (BORSA e FEIL, 2008).
Dentro desse contexto, o homem vem tentando redefinir seu papel
na famlia e na sociedade, resgatando, pela prpria necessidade econmica,
valorizar seu lado paterno com os filhos e emocional com a famlia como um todo;
refletindo nos demais papeis que assume, seja ela, profissional, acadmica ou
familiar. Muitas foram s observaes acerca da reproduo da sociedade nas
ultimas dcadas, no s os papeis homem e mulher tomaram outros rumos, mas
muitas estruturas sociais da sociedade tiveram seu perfil modificado ao longo da
historia. A legalizao do divrcio, o avano do anticoncepcional, longevidade dos
idosos, controle de natalidade, maior incluso social, entre outros.
A partir dessas mudanas, novas configuraes familiares surgiram
na sociedade do sculo XXI, como exemplos, a legalizao do casamento e adoo
dos casais homossexual, pais que so divorciados e criam seus filhos sozinhos,
mulheres que optam pela maternidade independente, o aumento de adolescentes
grvidas, a reduo de numero de filhos por casal. Essas configuraes originaram
novos conceitos de famlia, como a famlia homossexual, onde existe relao entre
duas pessoas de mesmo sexo, famlias comunitrias, onde homens e mulheres
coabitam a mesma casa ligados por um mesmo ideal ou pensamento, famlia
adotiva, em que casais passam a ter seus filhos atravs da adoo ou criando filhos
oriundos de outros casamentos, famlia de unio livre, onde por opo a famlia
escolhe no se legalizar pelo casamento religioso ou civil, famlia grvida, onde um
9
membro engravida sem contar as condies sociais, entre varias outras. A
constituio familiar que mais tem crescido nos ltimos tempos a famlia nuclear
conjugal, onde homem e mulher dividem os mesmos papeis (BOZA, FERREIRA e
BARBOZA, 2010).
Com base nessas observaes, podemos notar a grande diferena
da famlia contempornea para a tradicional, um cenrio histrico onde a mulher
deixa a submisso ao marido e o trabalho exclusivo de dona do lar para ganhar
espao no trabalho remunerado, no direito a voto, e demonstrao de seus
sentimentos com a famlia. O homem tambm muda de opressor e detentor da razo
para o papel de pai, marido e colaborador das despesas familiares. A relao entre
pais e filhos tambm passaram por intensas mudanas, deixando o modelo de
autoritarismo para a valorizao do dialogo, amor, pacincia e dedicao. Os idosos
tambm passam a ter outra perspectiva de convvio dentro da famlia, com o
aumento da expectativa de vida, o prolongamento de tempo no trabalho ou
atividade, passam a ter mais convvio com a famlia e principalmente, com o
aumento das separaes, as avs muitas vezes, passam a cuidar dos netos em
tempo integral, quando no ganham a guarda dos mesmos, por diversos fatores.
Independente das configuraes familiares existentes, no existe um
modelo padro para famlia, ou seja, a famlia sempre ser o ncleo de convivncia,
socializao, afeto, educao e proteo dos seus membros, principalmente, dos
primeiros cuidados com a criana (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).
Comparando com as outras dcadas, hoje se tem uma viso
diferenciada sobre a famlia, pois os parmetros idealizados so outros, assim, como
as idias, conceitos religiosos e sociais tambm. O ser humano evolui medida que
pensa sobre si mesmo e sua famlia.
1.4. PAPEL E IMPORTNCIA DA FAMILA NA ADOLESCNCIA
A famlia tem sido durante anos o primeiro contato para a vida em
sociedade, uma oportunidade de aprendizado na convivncia com outras pessoas
com idias e atitudes diferentes. A Convivncia em famlia nem sempre tarefa fcil,
mas traduz como ser a vida real l fora, a vida em que aprendemos a construir e
almejar; no primeiro momento, tudo parece ser simples e fcil, mas na medida em
10
que os jovens crescem, passam a observar as inmeras dificuldades que os pais
enfrentam e que logo, iro enfrentar (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).
De acordo com Sarti (2000), as mudanas que redefiniram a famlia
na sociedade so responsveis pelo distanciamento de alguns elementos antes
presentes na famlia tradicional, como o casamento, amor, a sexualidade, a troca de
experincias, que antes eram vivenciados por papeis definidos no meio familiar;
hoje, devido busca pela individualidade, as famlias precisaram se readaptar
alterando papis e regras antes estabelecidas por cada famlia.
Muitos conceitos evoluram, muitos papis foram reconfigurados,
porm, nem todas essas mudanas e simpatia atingiram a todas as famlias, devido
ao atraso sociocultural, e a forte influencia que tiveram de suas famlias de origem,
muitas famlias atuais tem problemas de convvio e de entendimento dos anseios e
emoes dos filhos.
Muitas famlias no conseguem estabelecer uma boa relao com
os filhos, porque, no se desligam de idias e conceitos vivenciados na sua prpria
infncia. Muitas vezes, os erros cometidos pelos pais, so reflexos do que passaram
na infncia, aprofundando o sentimento de culpa, e agravando a construo de
amizade, respeito e amor entre pais e filhos.
A famlia o anseio da reproduo social, da socializao, e
construo de laos de afeto, sendo esperado que dentre esses aspectos, os filhos
sejam educados com amor, respeito, educao e bondade, ficando livres e
protegidos das mazelas da sociedade. A famlia busca proporcionar aos filhos um
caminho e lugar na sociedade melhor do que eles prprios tenham experimentado.
A famlia o palco em que se vive as emoes intensas e marcantes da experincia humana. o lugar onde possvel a convivncia do amor e do dio, da alegria e da tristeza, do desespero e da desesperana. A busca do equilbrio entre tais emoes, somada as diversas transformaes na configurao deste grupo social, tem caracterizado uma tarefa ainda mais complexa a ser realizada pelas novas famlias (WAGNER, 2002, p.35-36).
Em vista desses aspectos, muitas famlias sofrem porque no
conseguem seguir esse padro, geralmente, pelas famlias menos favorecidas. O
anseio por idealizar algo para os filhos, pode se tornar dor de cabea, pois muitas
famlias esquecem a individualidade dos filhos, de que estes, precisam ter espao
para construir seus prprios sonhos e objetivos.
Cada famlia tem suas particularidades, seja na forma como se
11
relaciona com os filhos e demais membros, ou como estabelece a ligao emocional
e comportamental, possuindo diferentes hbitos, regras, religio, cultura, linguagem,
comportamento, enfim, so esses parmetros que definiro todo o processo de
construo entre pais e filhos, marido e mulher, bem como toda relao familiar.
A famlia possui papel primordial no amadurecimento e desenvolvimento biopsicossocial dos indivduos, apresentando algumas funes primordiais, as quais podem ser agrupadas em trs categorias que esto intimamente relacionadas: funes biolgicas (sobrevivncia do individuo), psicolgicas e scias. (OSORIO, 1996 apud PRATTA e SANTOS, 2007, p.250).
De acordo com autor, independente das mudanas ocorridas em
relao a composio e estrutura familiar, a famlia continua sendo a base
fundamental para o crescimento, desenvolvimento e amadurecimento das crianas e
jovens, de forma a prepar-los para a vida como adultos. Os pais ou a constituio
familiar torna-se um modelo para esses jovens adolescentes que tero sua formao
psicolgica e social baseadas no comportamento geral do convvio familiar.
Amar os filhos no apenas cuidar do seu bem estar pessoal ou dar ordens e regras sem significao. bom lembrar que amar os filhos deix-los viver suas vidas, mas sempre assegurando a presena de pai e me cuidadosos e interessados. comovente pensar que amar os filhos divertir-se com eles, sempre que possvel. reconfortante aceitar que amar os filhos confiar em suas possibilidades. A fala amorosa sugere e lembra que possvel termos um novo olhar sobre os nossos filhos, o que, seguramente, permite uma relao mais gratificante, uma troca mais enriquecedora (BEACH, 1968, p.12).
Hoje, comum ver famlias com cada vez menos tempo de
convivncia com seus filhos, devido a enorme carga horria de trabalho e estudo.
Essa falta de interao e convvio satisfatrio afasta o bom dialogo, resultando em
problemas no futuro, quando as crianas crescem e se tornam adolescentes.
imprescindvel que para uma relao saudvel e com harmonia familiar se tenha
dialogo entre pais e filhos, e quando falamos de dialogo, no entra o fato de
conversar sobre trivialidades, escola, e as atividades realizadas no dia, mas saber
criar e proporcionar espao para a criana ou jovem se abrir emocionalmente sobre
suas duvidas, problemas e opinies sobre a convivncia familiar e social.
comum que todos os pais desejem um relacionamento perfeito
com seus filhos, conhec-los muito bem, partilhar desejos e opinies, ter confiana,
passar experincias e ter respeito. Essas expectativas a cerca da criana e do
12
jovem, traz muitas vezes decepo e dificuldade de educ-los, pois no existe um
modelo padro de como se educar e amar, cada famlia precisa buscar construir
uma relao de carinho, respeito e convivncia agradvel a partir dos seus ideais e
comportamentos, o exemplo dos pais fundamental para o crescimento e
amadurecimento, principalmente para os jovens (FORTE, 1996).
Na adolescncia, os pais sentem dificuldades de direcionar o exerccio de autoridade e de definir seus limites. Os filhos questionam valores, perdem por vezes referencias e acham-se abertos a aventuras e novas experincias, apresentando demandas cognitiva, culturais, esportivas e socializao dentre outras (BRASIL, 1998, p.25).
A convivncia familiar muitas vezes a porta de desespero para
muitos adolescentes, quando se entra numa fase em que apenas os amigos so
importantes, suas prprias idias e maneira de agir. Criticando tudo e todos que no
fazem parte das prprias convices, deixando de abrir espao para o dialogo
fundamental para a convivncia familiar.
importante se considerar as expectativas da famlia frente ao adolescente. No processo de estabelecimento da identidade do adolescente, pede-se a ele independncia em relao famlia, ao mesmo tempo e que esse espera dele comportamento de obedincia e submisso. Em nossa sociedade, no geral, adolescncia se caracteriza por uma condio que no mais a de criana, mas nem deve ser ainda a do adulto. a condio de adolescente selada pela provisoriedade (FORTE, 1996, p.159).
A presena da famlia na fase da adolescncia fundamental, pois
ela ser norteadora do desenvolvimento psicoemocional e comportamental do
jovem, contribuindo para o amadurecimento e compromisso deste com a sociedade.
Segundo Forte (1996, p.160), h muitos pais que compreendem a adolescncia
como um processo na vida do filho [...] mantendo postura e dialogo de abertura para
como filho. A famlia sempre estar em constante mudana de acordo com a
evoluo cultural, religiosa e poltica da historia da humanidade. (FERREIRA, 2006).
Porem, algumas mudanas refletem nas questes e conflitos familiares presentes na
sociedade moderna, como exemplo a gravidez na adolescncia que ser melhor
discutida nos prximos captulos.
1.5. A FAMLIA E AS POLTICAS SOCIAIS
Aps a Segunda Guerra Mundial, foi implementado na Europa o
13
Estado de Bem Estar, sendo organizada pela sociedade na busca pela garantia de
seus direitos conjuntamente com a rede pblica do Estado.
O Estado de Bem Estar instalado nos pases europeus prope, principalmente, o incentivo e a manuteno do capitalismo. Sustenta o principio da mediao da relao capital versus trabalho. No sentido de garantir a regras sociais, o Estado assume a postura de controlador das polticas publicas, garantindo o mnimo necessrio ao desenvolvimento do cidado de direitos (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010, p.151).
Conforme Carneiro, Vasconcelos e Silveira (2007), A partir da
dcada de 1970 com a fora dos movimentos sociais, tomaram fora a crescente
preocupao com as famlias por parte da interveno estatal. Essa viso de
proteo da famlia como dever e obrigao da sociedade e estado, entraram em
conforto com o Estado de Bem Estar instalando o Neoliberalismo, buscando ento,
sanar a crise em meio ao contexto social e familiar partindo para a concepo das
polticas sociais.
Podemos entender polticas sociais como um conjunto de aes governamentais organizadas, publicas, que se traduzem em diretrizes que operam fundamentalmente os setores da sade, assistncia social, previdncia social, educao, habitao, segurana, visando assim garantir os direitos de cidadania (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010, p.152).
Ainda de acordo com o autor, a poltica social entra como
instrumento estatal para controlar a pobreza e as questes sociais emergentes na
sociedade, visando o desenvolvimento dos indivduos como cidados de direitos,
sendo compromisso da famlia contribuir nesse processo de desenvolvimento, e
fazer cumprir a garantia dos seus direitos. O Estado e a famlia constituem papis
semelhantes na sua forma de atuao, pois so reguladores, impem direitos de
poderes e deveres de proteo e assistncia, entretanto a famlia e as polticas
publicas apresentam funes similares ao desenvolvimento e proteo social dos
seus membros (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010, p.158).
CAPITULO 2
ADOLESCNCIA
2.1. CDIGO DE MENORES E ESTATUTO DA CRIANA E ADOLESCENTE
14
A infncia passou a ser percebida quando a mulher ingressou no
mercado de trabalho, desde a revoluo Industrial, deixando de atender
exclusivamente o trabalho domstico do lar e filhos, com o excesso de carga horria
no trabalho, a falta de tempo contribui para que as famlias no conseguissem dar
conta da educao e desenvolvimento das crianas e jovens; Transformando-os em
menores, com a caracterstica de delinqente e abandono social (GODOI et.al,
2009).
A preocupao com a proteo da criana no deve servir de pretexto para anulao de sua criatividade, assim como a indiferena pela criana no pode ser confundida com respeito pela sua liberdade. preciso que se conjuguem ambas, a proteo e o respeito, para que a criana possa exercer em toda plenitude, o seu direito de viver. E viver participar da vida, acrescentar alguma coisa a criao, imprimir sua marca no mundo criado. Desse modo, o exerccio do direito a vida deve ser constante pratica do pensar do falar e do agir, da expresso livre do dialogo (DALLARI e KORCZAC, 1986, p.53).
No contexto histrico a lei passou a amparar a criana e o
adolescente em diferentes contextos sociais. Em 1927, foi promulgado o cdigo de
menores em forma de decreto n. 17.943, tendo como principal caracterstica
proteger a sociedade do mundo marginalizado e conflitos que esses menores
representavam na poca. Esse cdigo permaneceu por 52 anos, passando por
algumas transformaes, sendo adaptado a novas leis de trabalho em 1943, pelo
decreto de lei n. 6026. A legislao passa a ter carter de tutela, passando a
responsabilidade para o Estado em manter a ordem e vigia s famlias e instituies
para menores (SILVA e APARECIDO, 2005).
O novo Cdigo de Menores visava proteo e vigilncia aos
menores de 18 anos, e jovens de 18 a 21 anos de acordo com o Cdigo de Menores
(art. 1, 1979), sendo ento enquadrados como grupo de menores em situao
irregular, e no mais, pela situao de carncia e abandono.
Art. 2 para os efeitos deste Cdigo, considera-se em situao irregular o menor:
Privado de condies essenciais sua subsistncia, sade e instruo obrigatria, ainda que eventualmente, em razo de:
15
a) falta, ao ou omisso dos pais ou responsvel;
b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsvel para prov-las;
II - vtima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou
responsvel;
III - em perigo moral, devido a:
a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrrio aos bons costumes;
b) explorao em atividade contrria aos bons costumes;
IV - privado de representao ou assistncia legal, pela falta eventual dos
pais ou responsvel;
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptao familiar ou
comunitria;
VI - autor de infrao penal.
Pargrafo nico. Entende-se por responsvel aquele que, no sendo pai ou
me, exerce, a qualquer ttulo, vigilncia, direo ou educao de menor, ou
voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de
16
ato judicial. (Cdigo de Menores, lei 6.697/79, 1979).
Em 1950 foi proclamado pela ONU os direitos internacionais da
Criana atravs da Constituio de 1988, assegurando o processo de cidadania a
crianas e adolescentes enquanto sujeitos de direitos e deveres.O artigo 227, afirma
esses direitos:
dever da famlia, da sociedade e do Estado, assegurar a criana e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito vida, a sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e a convivncia familiar e comunitria, alem de coloc-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso (BRASIL, 1988, p.110).
Em 1990 foi finalmente elaborado o Estatuto da criana e
Adolescente (ECA), estabelecendo um salto em relao ao Cdigo de Menores, de
acordo com Godoi et. al (2009, p.89-90), busca o reordenamento poltico e
institucional e envolve a sociedade civil nos debates, nas decises e controles de
polticas de atendimento s crianas e aos adolescentes.
dever da famlia, a comunidade, da sociedade em geral e do poder publico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos referentes vida, a sade, a alimentao, a educao, ao esporte, ao lazer, a profissionalizao, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivncia familiar e comunitria (BRASIL, 1990a, p.1).
Com o ECA as crianas e adolescentes passam a serem vistos
como adultos de direitos, e no como menores em situao de vulnerabilidade,
abrangendo a toda e qualquer criana e adolescente, independente de raa, sexo,e
condio social (GODOI et al, 2009). No processo de reinsero na sociedade, o
ECA, passa a garantir esse processo envolvendo de forma construtiva a famlia,
sociedade e o poder publico.
2.2. ADOLESCNCIA E A CONSTRUO DA IDENTIDADE
A concepo da adolescncia tem suas razes nas profundas
17
transformaes da sociedade, marcada pelas mudanas no modelo das famlias ao
longo dos sculos. As origens histricas sobre essa fase presente na vida do
homem, no so claramente definidas, no se tem embasamento concreto de
quando a sociedade passou a perceb-la como fase diferenciada da infncia.
Segundo Lepre (2008), at o sculo XVIII no se tinha a adolescncia como fase
natural, a criana passava direto da infncia para a fase adulta, sendo impulsionado
pelas escolhas da autoridade de pai, onde determinava qual era a melhor hora para
seu filho (a) ingressar na vida como adultos.
Conforme ries (1981), a transformao da Idade Media para a
modernidade, se d por trs fatos histricos, sendo o novo papel do Estado e justia,
modelando o espao social, o desenvolvimento da alfabetizao e avano da
cultura, e pelas novas configuraes religiosas. A adolescncia como fase
intermediaria da infncia e fase adulta s passou a ser definida a partir do sculo
XVIII, sendo realmente percebida e estudada no sculo XX, com o despertar da era
da adolescncia.
A adolescncia corresponde a um perodo do ciclo natural da vida que vem sofrendo alteraes ao longo da histria, seja quanto a localizao dos indivduos nos grupos, quanto as normas de condutas, fenmenos demogrficos, que por vezes, tambm, tem afetado o comportamento dos jovens assim como progresso das cincias, como antropologia, sociologia, e psicologia que tem atribudo estudo quanto ao meio sociocultural do adolescente; apresentando caractersticas especiais em funo das pocas em que se delimita o estudo, do ambiente cultural , social e econmico. Cada gerao afetada com os problemas socais da poca (BRACONNIER e MARCELLI, 2000, p.61).
A palavra adolescente vem do latim adolescere que significa fazer-
se crescer na maturidade (Muuss, 1976). Conforme a Organizao Mundial de
Sade (2004), a adolescncia compreende a faixa etria dos 10 anos aos 20 anos,
uma fase marcada pelas mudanas do mundo infantil para o curioso mundo adulto,
uma fase onde o jovem passa por diversas transformaes psicolgicas, sociais e
sexuais. A adolescncia um perodo de intensas mudanas, um processo pelo
qual o jovem experimenta vrios conflitos, como de aceitao pessoal e social
dentro do meio do qual est inserido, seja na famlia ou nas relaes sociais.
Conforme Costa (1998, p.4), define a adolescncia como um
segundo nascimento do individuo e atribui como tarefas bsicas deste perodo da
identidade pessoal e social. Roberts (1988, p.22), um perodo de tempo que
18
envolve perdas e ganhos, que envolve a flutuao e o estabelecimento de novas
maneiras de pertencer, e que envolve a aceitao de uma imagem do corpo em
mudana, como resultado do inicio da puberdade. De acordo com Leal (2000, p.23),
a adolescncia um perodo como tantos outros que, vistos ao longe com o
distanciamento que os anos e os acontecimentos de vida posteriores permitem no
tem grande histria.
Em concordncia com os autores, a adolescncia marcada pela
diversidade de emoes e transformaes mental e do corpo fsico, uma fase da
qual, os jovens constroem a sua identidade, modelando-se conforme as
experincias percebidas de acordo com o meio, definindo seus sonhos, e projetos
de vida que iro nortear a vida como adultos.
O processo de construo de identidade de produo oscila entre dois movimentos: de um lado, esto aqueles processos que tendem a fixar e estabilizar a identidade, de outro, os processos que tendem a subvert-la e a desestabiliza - l. um processo semelhante a que ocorre com os mecanismos discursivos e lingsticos nos quais se sustenta a produo da identidade. Tal como a linguagem, a tendncia da identidade para a fixao. Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, identidade est sempre escapando. Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, identidade pra a fixao. Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, identidade est sempre escapando. Afixao uma tendncia, e ao mesmo tempo, uma impossibilidade (SILVA, 2000. p.84)
O processo de construo da identidade construdo atravs das
influencias do meio social do individuo, sendo fundamental, considerar os fatores
culturais e psicolgicos, conforme Silva (2000), as representaes incluem as
possibilidades de tudo o que somos e podemos nos tornar, dando sentido s
experincias vivenciadas como sujeitos.
2.3. SEXUALIDADE NA ADOLESCNCIA
A fase da adolescncia confrontada com muitas mudanas
psicolgicas e corporais, marcado com o inicio da puberdade. Segundo Osrio
19
(1992), a adolescncia uma fase onde a personalidade est na etapa final de
estruturao e a sexualidade se estabelece nesse processo, como elemento
norteador da identidade do adolescente.
O jovem quando entra na fase da adolescncia, sente-se
mergulhado num mundo novo e cheio de descobertas, da qual aguada a
curiosidade, principalmente, pelas coisas da qual ainda no conhece. Essa mistura
de sentimentos e explorao por novos conhecimentos o leva a experimentar a vida
sexual cada vez mais cedo. De acordo com Castro, Abramovay e Silva (2004, p.29):
A sexualidade uma das dimenses do ser humano que envolve gnero, identidade sexual, orientao sexual, erotismo, envolvimento emocional, amor e reproduo. experimentada ou expressada em pensamentos, fantasias, desejos, crenas, atitudes, valores, atividades, praticas, papeis e relacionamentos. Alm dos consensos de que os componentes socioculturais so crticos para a conceituao da sexualidade humana, existe uma clara tendncia em abordagens tericas, de que a sexualidade se refere no somente s capacidades reprodutivas, do ser humano como tambm ao prazer. Assim, a prpria vida. Envolve, alm do nosso corpo, nossa histria, nossos costumes, nossas relaes afetivas, e nossa cultura.
No processo de construo de identidade do adolescente, a
sexualidade est intimamente imbuda nesse processo como um todo, sendo uma
construo natural no processo evolutivo dessa fase de adolescer para a adulta.
Para Figueiredo (1998, p.9):
Reconhecer a sexualidade como construo social assemelha-se a dizer que as praticas e desejos so tambm construdos culturalmente, dependendo da diversidade de povos, concepes de mundo e costumes existentes: mesmo quando integrados em um s pas, como ocorre no Brasil. Isso envolve a necessidade de questionamentos de idias majoritariamente presentes na mdia em conceitos idealizados, que so naturalizadas e assim, todos os grupos sociais, independentemente de suas origens e localizao.
Os jovens do sculo XXI vem a vida sexual de forma muito
espontnea e at mesmo banalizada, hoje, muitos adolescentes, no se permitem
conhecer o prprio corpo e sentimentos quando decidem iniciar a primeira relao
sexual; assim, como no escolhem ou definem seus parceiros pelas emoes
atribudas, apenas o prazer est inserido nesse processo, e a constante presso e
influencia da sociedade como um todo. Conforme Ana Claudia Bortolozzi Maia,
professora de Psicologia da UNESP de Bauru, ressalta que a sexualidade tem sido
discutida mais aberta nos discursos pessoais e meios de comunicao, na literatura
20
e arte. Entretanto, essa aparente liberdade sexual no torna as pessoas mais livres,
pois ainda h bastante represso e preconceito sobre o assunto.
O adolescente quando embutido na busca pelo prazer sexual e
aceitao social, se sujeita as muitas influencias negativas da sociedade,
principalmente as que prometem facilitar as relaes sociais, desinibindo e
alegrando, como o uso de drogas, bebida, cigarro, enfim, o jovem se submete a
situaes de risco e vulnerabilidade quanto a sua segurana e desenvolvimento
saudvel como individuo em processo de construo.
Em concordncia com a professora, a mulher e concomitantemente
a menina adolescente tem sido muito cobrada pela sociedade pela independncia
pessoal e profissional, sem levar em conta suas expectativas e sentimentos quanto
a essas escolhas, sendo considerada infeliz a mulher que opta por escolhas
diferentes a estas. A virgindade entra nessa questo de presso social, onde era
vista como pureza e preservao da menina a dcadas atrs, hoje um problema
do qual, muitas adolescentes sob presso social do grupo a qual convivem, sentem-
se obrigadas a perderem a virgindade para serem aceitas e vistas como jovens
independentes e cabveis no modelo de adolescente moderno.
Na atualidade o adolescente encarado como livre quanto s
escolhas que fazem, principalmente, pela sua sexualidade, mas nem sempre estes
jovens, possuem responsabilidades e informaes suficientes para extrapolar essa
liberdade social; os relacionamentos srios, como namoros tem ficado para trs
dando espao para as ficadas, onde os jovens se permitem a troca de carinhos e
sexo sem o relacionamento serio, mas ao mesmo tempo em que essas mudanas
no contexto social podem ser positiva do ponto de vista de independncia, e
autonomia em escolher melhor o parceiro sem o compromisso de ter que atribuir um
casamento futuro, essas mudanas contribuem para uma adolescncia em conflito
de emoes e problemas dos jovens que no sabem lidar com a tal liberdade,
confundindo muitas vezes a prpria escolha da sexualidade, sofrendo por no
compreender seus sentimentos, sensao de ser usado, pelas doenas
sexualmente transmissveis que se arriscam, e pela gravidez na adolescncia do
qual o presente trabalho visa discutir (CANO, FERRIANI e GOMES, 2000).
Nas sociedades contemporneas a escola tem sido o espao privilegiado para a aquisio de habilidades cognitivas e sociais por crianas e jovens, facilitando os processos de recriao do mundo e, assim, reduzindo a sua
21
vulnerabilidade social. Jovens fora da escola tm menos chances de reinterpretar as mensagens pejorativas relacionadas s idias de pobreza, negritude e feminilidade, o que interfere no modo como ser exercida sua sexualidade (VILLELA e DORETO, 2006, p.2469).
A relao dos pais frente sexualidade dos filhos adolescentes
muito discutida por diversos autores, para Tiba (1986), os pais nem sempre
conseguem transmitir o que realmente desejam, considerando que na maioria das
vezes, so movidos pelo desejo de quererem ver os filhos mais felizes do que eles
mesmos foram em suas pocas, segundo Suplicy apud Cano, Ferriani e Gomes
(1991, 2000, p.21), a sociedade tem passado por varias transformaes nas ultimas
dcadas, principalmente frente questo da sexualidade, deixando os pais confusos
ao deparar-se com essa problemtica junto aos filhos, sendo que dcadas atrs as
famlias tinham uma viso bem definida e estruturada quanto ao que era certo e
errado, na hora de transmitir isso para os filhos e a sociedade.
De acordo com a autora os conflitos experimentados pelos pais nas
famlias contemporneas, tem ido ao encontro de todas as mudanas da sociedade
culturalmente e socialmente, remetendo-os a insegurana quanto melhor
educao e delimitaes com os filhos adolescentes, mas independente dessas
transformaes os pais precisam continuar a transmitir valores como respeito a si
mesmo e aos outros, senso critico opinio prpria, e busca por orientao sempre
que tiverem duvidas. Para Conceio apud Cano, Ferriani e Gomes (1998, 2000,
p.20), as transformaes de valores das famlias atuais tiveram inicio na dcada de
60, atravs dos movimentos juvenis que buscavam romper com a opresso sexual
que eram submetidos.
A posio dos pais frente sexualidade ainda complicada, visto
que, muitos pais sentem dificuldades em abordar conversas sobre o tema com os
filhos, seja por vergonha, seja pelos parmetros diferenciados da educao
rudimentar que tiveram, num tempo em que sexo s depois do casamento, muitos
pais tem receio de influenciar a vida sexual dos filhos atravs do dialogo sobre o
assunto, reprimindo a abertura para tal dialogo (BOCARDI, 1997). Segundo Osrio
(1992), muitas famlias sentem dificuldade em abordar a sexualidade com as
meninas, considerando importante conversar somente sobre o processo do ciclo
menstrual, na idade escolar, e sobre as doenas sexualmente transmissveis com os
meninos; essa ruptura de dialogo construtivo entre pais e filhos na
contemporaneidade tem proporcionado amplos problemas sociais, como a gravidez
22
indesejada na adolescncia, aumento de jovens com HIV e jovens perturbados em
relao a sua sexualidade.
Afirma Monteiro (1985, apud Ferreira e Nelas, 2006), que o
adolescente faz um processo de reintegrao do seu passado e a infncia, formando
uma nova identidade. A entrada do mundo dos adultos ao mesmo tempo desejada
e temida, sendo considerado um perodo de confuso. Em vista disso, se da
importncia da presena e dialogo das famlias frente essa passagem da vida dos
filhos, a adolescncia.
2.4. RELAO ENTRE PAIS E ADOLESCENTES
Para Cury (2003), os pais da gerao atual, se preocuparam em dar
o melhor para seus filhos, melhores brinquedos, televiso, vdeo game,
computadores, passeios, escolas e sonhos de um timo futuro para os filhos. Porm,
no perceberam que criaram um mundo artificial, com tantas tarefas e perspectivas
para as crianas e jovens, que acabaram afastando-os da verdadeira infncia, onde
se inventa, corre riscos, abusa da imaginao, frusta-se, tem-se tempo para brincar.
H um mundo a ser descoberto dentro de cada crianas e de cada jovem. S no
consegue descobri-lo quem est encarcerado dentro do seu prprio mundo
(CURY,2003 p.4).
Nos dias de hoje, tem sido difcil para os pais saberem lidar com
seus filhos e como melhor educ-los, tanto as crianas quanto os adolescentes
possuem comportamentos e atitudes muito diferentes das que se tinham dcadas
atrs, quando os pais eram as crianas e os adolescentes em questo. Hoje, as
crianas e os jovens esto mergulhados num mundo moderno e facilitado, onde o
consumismo, a mdia, as influencias das rodas de amigos tem influenciado muito
nas mudanas de comportamento principalmente dos adolescentes.
O ponto principal de uma relao harmoniosa entre filhos e
adolescentes, est do dialogo, mas o grande problema que muitos pais no sabem
a hora certa e como abordar certos assuntos ou at mesmo como iniciar uma
conversa sem que esta leve a um stress ainda maior, afastando o jovem ainda mais.
Para Marlatt (2004), comum os adolescentes discordar da opinio dos pais,
achando que no nada disso, se irritarem, fiarem sonolentos, serem agressivos,
23
no terem pacincia nenhuma em ouvir os pais. Essas manifestaes frente s
investidas de muitos pais acabam sendo desanimadoras e cansativas, frustrando a
famlia e muitas vezes levando a um afastamento ainda maior desse adolescente e
da famlia. Conforme a autora, os pais precisam acertar os horrios e locais certos
para as conversas e chamadas de ateno. No basta ser agressivo com os filhos,
levantando o tom de voz, chamando ateno toda hora pra pequenas coisas,
fazendo cobranas alm de sua compreenso como jovem, e principalmente, querer
dar sermo na frente de amigos ou na escola. Essas atitudes tendem a no dar
certo, pois na adolescncia o jovem tem suas opinies e sentimentos mais
aflorados, mais expressivos; a melhor coisa saber abordar o assunto numa hora
mais apropriada, onde estejam apenas os pais e o filho, numa construo de
amizade e entendimento, e no de guerra e gritos. Conforme Marlatt (2004, p.12),
sobre a posio dos pais frente aos filhos:
Alm de manter a calma, tente abrir espao para reflexo. Seja franco e honesto, mas no raivoso. Expresse preocupaes e mgoa, se for o caso. Transmita seus sentimentos e convide-o a refletir, d espao para que ele se expresse, d tempo para que ele pense voc quer pensar nisso que eu te falei e conversar mais tarde?; Depois a gente conversa de novo sobre isso, pois eu gostaria muito de saber sua opinio.
Segundo Castro (1998), o adolescente est cada vez mais solitrio
em relao a sua famlia, os pais esto sempre preocupados em adquirir mais bens,
ganhar mais dinheiro, no perderem tempo com bobagens, serem corretos o tempo
todo no trabalho. O dilogo na famlia quase escasso, crianas e adolescentes so
educados em frente televiso, onde trata assuntos sobre sexo, violncia, traio,
dio, e o eterno final feliz.
Esse exatamente o retrato da famlia moderna, onde os pais
precisam ir a luta para o sustento da casa, deixando seus filhos atolados com tarefas
extracurriculares ou em frente a televiso, vdeo game ou computador. Quando os
filhos entram na adolescncia, os conflitos vem a tona, e a convivncia entra em
crise, pois a falta de dialogo , amor, e respeito no foram construdos ao longo da
infncia.
Espervamos que no sculo XXI os jovens fossem solidrios, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, no pensam no futuro, no tem garra e projetos de vida. Imaginvamos que, pelo fato de aprendermos lnguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores, no local de trabalho e nos clubes, a solido seria resolvida. Mas
24
as pessoas no aprenderam a falar de si mesmas, tem medo de se expor , vivem represadas em seu prprio mundo. Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam seus sonhos, magoas, alegrias, e frustraes (CURY, 2003, p.5).
De acordo com o autor, essa grande frustrao dos pais frente
falta de opinio e objetivos dos filhos, causa das super expectativas criadas em
torno do que esperam dos seus filhos, muitas vezes, os pais sonham exatamente
aquilo que no conseguiram realizar em suas vidas, e quando descobrem que os
jovens apenas querem aproveitar essa fase, namorar, curtir com amigos, fazer
festas, descobrir suas prprias opinies e vocao para o que realmente desejam se
tornar quando adultos acaba sendo frustrante para os pais, pois o conflito de
gerao e a falta de pacincia e compreenso entre muitas relaes de pais e filhos,
fator agravante da construo afetiva da convivncia familiar.
CAPITULO 3
GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA
3.1. GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA E A ESTRUTURA FAMILIAR
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o
numero de adolescentes grvidas no Brasil vem diminuindo, conforme registro do
Sistema de Informaes sobre Nascidos Vivos (SINASC), apresenta uma reduo
considervel no numero de adolescentes grvidas na faixa etria dos 15 a 19 anos e
20 a 24 anos, mas na faixa etria que compreende dos 10 aos 14 anos permaneceu
estvel, conforme tabela 1.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
(IBGE), as estatsticas do ano de 2006 mostram que 51,4% dos nascidos vivos
foram de mes com at 25 anos de idade, e 0,9% de mes que correspondem
faixa etria dos 10 a 14 anos, e sendo de 20,6% de mes com 15 a 19 anos, sendo
29,9% das mes com 20 a 24 anos. Comparando com o ano de 2000, esses dados
correspondiam a 0,9%, 22,5% e 31,1%, respectivamente. Conforme a tabela 2,
segundo a Unidade da Federao tem-se uma estatstica dos nascidos vivos de
acordo com a idade das mes; observando que no Distrito Federal, So Paulo, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paran foram as
25
Unidades da Federao onde os nascimentos ocorridos por mes at 24 anos foram
menores que 50%, ao contrario dos demais estados que ultrapassou essa
estatstica, porm com reduo comparando com o ano de 2000, sendo o estado do
Maranho a Unidade da Federao que apresentou maior numero de nascimentos
(66,2%) por mes com idade at 24 anos.
Conforme Ministrio da Sade, a diminuio do numero de gravidez
na adolescncia devido dimenso dos projetos e campanhas sobre sexo,
proteo, mtodos seguros contra gravidez, e da participao da mulher no mercado
de trabalho. Embora os dados indiquem uma reduo, a questo da gravidez na
adolescncia ainda um problema serio que deve ser enfrentado por parte do
governo, dos programas sociais e da sociedade.
A gravidez na adolescncia considerada um problema de sade
pblica, como grupo de risco devido aos problemas que uma gravidez precoce pode
vir a ocorrer, como trabalho de parto prematuro, anemia, complicaes obsttricas,
problemas com crescimento, recm nascido prematuro e de baixo peso, alm, de
complicaes psicolgicas, socioculturais e econmicas, que envolvem a famlia e a
sociedade como um todo (SILVA e TONETE, 2006).
A gravidez na adolescncia est relacionada com os fatores sociais,
familiares e pessoais, podendo ser resultado de uma crise familiar, e no um caso
isolado (ZAGONEL e NEVES, 2002), conforme explicita o autor, os conflitos
instaurados durante o processo da fase da adolescncia consequncia da
construo deficitria do relacionamento entre pais e filhos, principalmente, no caso
da gravidez durante a adolescncia, onde a causa est intimamente ligada aos
problemas de estrutura familiar.
De acordo com Vitalle e Amancio (2008), as causas da gravidez na
adolescncia pode-se dar por diversos fatores, dentre eles, pelos fatores biolgicos,
quanto mais precoce ocorre o primeiro ciclo menstrual da menina, maior ser a
probabilidade de gestao; fatores psicolgicos e contraceptivos, onde o mau uso
dos mtodos de contracepo, como o uso do anticoncepcional, pode levar a uma
gravidez precoce; fatores sociais, em que as mudanas ocorridas nas ultimas
dcadas a cerca da sexualidade, casamento e virgindade tem contribudo para uma
formao mais liberal dos jovens e pela prtica cada vez mais cedo do sexo entre
adolescentes, e pelos fatores de ordem familiar, nos casos em que adolescentes
iniciam a vida sexual e engravidam precocemente, devido a influencia das mesmas
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experincias vividas pelos prprios pais ou falta de comunicao.
Os riscos de uma gravidez precoce ainda na adolescncia podem
ser vinculados ao estado emocional, como a auto-estima baixa, considerando
adolescentes que no possuem apoio familiar, muitos amigos, falta de carinho,
condio social vulnervel, falta de incentivos quanto as suas opinies, sonhos, e
educao, acabam levando muitos jovens depresso e a srios conflitos que
acabam respingando na famlia e sua estrutura (VITALLE e AMANCIO, 2008).
As causas da gravidez precoce durante a adolescncia tm relao
a diversas questes e fatores, o presente trabalho visa expressar a gravidez na
adolescncia relacionando as questes da estrutura familiar, levando em
considerao as profundas mudanas na sociedade e o processo de construo
afetiva entre pais e filhos na fase da adolescncia. As famlias com relao bem
construda permitem maior acesso ao dialogo e duvidas com seus filhos,
principalmente, quando estes iniciam a vida sexual; de suma importncia que os
pais passem para os filhos, seja menino ou menina, ensinamentos sobre mtodos
preventivos, mas no apenas conversas sobre os fatores biolgicos e mudanas do
corpo, mas permitir espao para um dilogo aberto sobre duvidas, troca de opinies,
e alertas se realmente esto se protegendo e tomando os devidos cuidados.
Para Simons et.al. (1996, apud Vitalle e Amncio, 2008), o uso de
anticoncepcionais imprime na confirmao da vida sexual pela adolescente, o que
nem sempre acontece devido a fragilidade de algumas relaes entre pais e filhos
(a), o medo de que os pais descubram sua opo em ter uma vida sexual, reprime
os conceitos e informaes sobre sexo seguro e responsvel. Conforme explicita
Campos (2000), o acesso a informaes sobre sexo e doenas sexualmente
transmissveis no garantem proteo aos riscos de contaminao e a gravidez no
desejada.
Na opinio de Berglas, Brindis e Cohen (2003, p.17):
A famlia em torno de um adolescente, pais, irmos e outros parentes prximos, exercem considervel influencia sobre seu comportamento sexual. Muitos aspectos da convivncia familiar influenciam na deciso dos adolescentes em se tornar sexualmente ativo, no uso de contraceptivos, e de continuar com uma gravidez. Status socioeconmico, estrutura familiar, atitudes e comunicao dos pais, desempenham um papel importante no apoio de tomada de deciso de um adolescente (traduo nossa).
Como expressa os autores, a influencia da famlia no cotidiano dos
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adolescentes fundamental no processo de equilbrio emocional, nas atitudes
pensadas e tomadas, na construo de toda a identidade que se instaura no
processo da fase de adolescente para adulto. Vale ressaltar tambm a forte
influencia socioeconmica estabelecida em cada famlia, falta de condies
econmicas e cultural, gerada pelo dficit na educao, estabelece maiores riscos
de uma gravidez precoce, geralmente, associados falta de relao bem construda
e definida das famlias.
Conforme, a gravidez na adolescncia no um episodio, faz parte
do processo de busca da identidade, busca em que a adolescente pode ter
dificuldades em relao ao espao e tempo, assumir atitudes de rebeldia, buscar
grupos minoritrios ou at marginalizados que a entendam, procurar solues
mgicas para os seus problemas, criar juzos de valor e desprezar aqueles que os
adultos lhe impuseram e, por isso, desenvolver reaes agressivas com aqueles que
a cercam.
3.2. IMPACTO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCNCIA NO CONVVIO SOCIAL E
ESCOLAR
A descoberta da gravidez ainda na adolescncia um forte impacto
na vida de ambos os envolvidos, trazendo a tona uma turbulncia de sentimentos
causando grande perturbao emocional. A noticia abala todas as estruturas da
dimenso da vida dos adolescentes, psquica, social, amorosa, escolar, e familiar.
Para Souza (1987), ter um filho na adolescncia significa ser cada
vez mais dependente dos prprios pais, pois na condio de adolescente, no se
tem condies financeiras, os filhos acabam precisando da ajuda dos pais numa
fase em que buscam a total independncia.
Com base nas idias do autor, a chegada de um filho quando se
muito jovem, significa abrir mo de muitas coisas das quais se sonha na
adolescncia, coisas que ainda no vivenciaram, no experimentaram, objetivos e
planos para o futuro que talvez, tero que ser adiados, ou dependendo das
condies sociais, serem esquecidas. A to desejada independncia que os
adolescentes almejam, na maioria das vezes, com a chegada de um filho, acaba
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sendo adiada, pois na condio de adolescente, geralmente, os jovens ainda esto
na fase escolar ou sem emprego fixo, sem condies adequadas para o prprio
sustento e mais um filho.
Esse choque de responsabilidades que precisaro aprender a ter, e
tudo que devero abrir mo para dar conta em assumir uma criana ainda to
jovens, levam muitos casais e meninas adolescentes a adotarem o aborto como
medida de auto proteo, seja por medo do prprio futuro, seja por falta de apoio
familiar, grana para manter uma criana, falta do apoio do pai da criana, seja
pelos estudos inacabados, entre vrios outros fatores que acabam levando esses
jovens a escolha pelo aborto.
O aborto torna-se, ento, a nica sada para estas adolescentes e neste desafio, elas arriscam suas prprias vidas, quando decidem interromper a gravidez utilizando - se de quaisquer recursos que tenham a mo. Esta deciso muitas vezes vivida de forma solitria e clandestina, ou sobre presso dos parceiros e familiares. O sentimento de abandono no significa necessariamente que sejam deixadas sozinhas, mas sim porque o parceiro e familiares so os primeiros a propor o aborto, sem maiores indagaes. Por ser proibido, o aborto leva a presses psicolgicas e sociais muito grandes, sendo carregado de medo, culpa, censura vergonha, e estas adolescentes ainda enfrentam o desespero, a humilhao e julgamento dos profissionais de sade (SOUZA et. al, 2001, p.43).
A gravidez precoce, na maioria das vezes, vista como fato
irresponsvel pela sociedade em geral, e principalmente, pelos pais. Para as
adolescentes grvidas vivenciada como uma experincia frustrante, onde o medo,
a insegurana, a vergonha, a falta de apoio, independncia financeira, e tristeza por
no saber como lidar com tudo isso. Com essa mistura de sentimentos de angustia e
sofrimento, muitas jovens acabam optando pelo aborto por no perceberem outra
opo em suas vidas, o medo e a presso de todos os lados, acaba influenciando na
escolha pela alternativa que aparentemente parece mais fcil, eliminar o problema.
Para Souza et. al (2001, p.43), a deciso de ser me no uma deciso fcil e o
que, aparentemente, parece ser uma deciso individual, envolve uma serie de
fatores.
A gravidez na adolescncia representa para a menina uma
conseqncia de prejuzos e responsabilidades ainda maiores que para o parceiro,
ou aquele que ser o pai da criana. Pois para a menina significa ser me, aquela
que cuida, ama, e protege seu filho, mesmo para as meninas que no tiveram uma
estrutura familiar adequada ou com apoio e amor da famlia, sentem-se na obrigao
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de partilharem esses sentimentos para com o filho, e o medo e frustrao de no
saberem corresponder a esse estereotipo de ser me, as deprime ainda mais;
alm das mudanas no corpo durante a gestao, que um fato constrangedor e
frustrante para a maioria das jovens grvidas, o aumento da barriga, estrias,
inchao, aumento de peso, e roupas que no servem ou no caem bem, so
mudanas da qual a adolescente grvida traduz em frustrao, pois nessa fase, a
construo da personalidade, e o contato social est em formao, sendo a
aparncia importante para a maioria delas.
A gravidez uma transio que integra o desenvolvimento humano, mas revela complicaes ao decorrer na adolescncia, pois envolve a necessidade de reestruturao e reajustamento em varias dimenses: em primeiro lugar, verificam-se mudanas na identidade e nova definio de papeis- a mulher passa a ser olhada de forma diferente. Evidentemente, o mesmo processo de mudana de papeis e identidade se verifica no homem e a paternidade, tambm deve ser considerada como uma transio do seu movimento emocional (MOREIRA et. al, 2008,p.314).
Para a maioria das adolescentes, a gravidez vem tona como uma
bomba, mas para algumas, mesmo em meio turbulncia de sentimentos
frustrantes, percebem brotar um amor diferente, a ligao que j une o feto a me, e
decidem enfrentar toda a situao independente dos conflitos e sonhos adiados.
Embora, a situao seja delicada, a gravidez na adolescncia um fato que, muitas
vezes, pode ser construtivo na vida dos adolescentes. Muitos jovens amadurecem,
criam responsabilidades, se dedicam mais aos estudos e percebem as orientaes
dos prprios pais mais positivas.
Quando a gravidez chega ainda no perodo escolar, o caso
geralmente mais complicado para a menina gestante, nesta fase os estudos so
importantes, independente da condio social, nesse momento da escola que os
jovens definem suas personalidades, laos de amizade, vida social alm dos
parmetros da famlia natural; um perodo do qual se experimenta a vida, onde os
adolescentes passam a perceber melhor seus papeis em meio a sociedade e
descobrem seus verdadeiros sonhos para o futuro. Conforme Donas (1991),
durante a fase da adolescncia que os jovens passam a elaborar seu projeto de
vida, construindo planos para a realizao de seus sonhos. Esse projeto envolve as
possibilidades externas, sendo que s se torna possvel devido ao prprio esforo do
adolescente para que acontea ou no. A gravidez no planejada durante a
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adolescncia poder ser considerada como obstculo e um fator de desvio para a
concretizao do seu projeto.
Para Bocardi (2003, p.111), a cerca das mudanas para a
adolescente na gravidez:
Para a adolescente a mudana de vida acontece de forma radical, no primeiro momento, abandona os estudos e, assim, surge a interferncia em sua relao social. Aps o nascimento da criana as , as obrigaes em estar sempre ao lado do filho, amamentando ou prestando cuidados, afasta ainda mais a adolescente de seu convvio social, interrompendo o vinculo afetivo com seus amigos, pois o filho impede que estas jovens exeram atividades peculiares a sua idade como vinha acontecendo anteriormente a gestao. Este isolamento do grupo de amigos natural, uma vez que estes continuam vivendo seus sonhos de adolescentes e caminhando para o desenvolver da idade adulta, entretanto as mes adolescentes precisam assumir abruptamente esse papel, o que acarreta responsabilidades independentemente do querer t-las ou no.
Conforme explicita a autora, a gravidez durante a fase da
adolescncia interfere na vida social da menina que ser me, seja durante a
gestao ou aps, quando ter que ser mais responsvel, amamentar, levar o bebe
ao pediatra, enfim, uma rotina totalmente nova, e completamente diferente da qual
tinha antes da gravidez, onde a nica responsabilidade que tinha era com a escola e
com as regras dos pais. As novas responsabilidades e a falta de tempo impede que
a menina mantenha o mesmo ritmo social com as amigas, festas, e at mesmo no
rendimento escolar, quando decide seguir com os estudos; a prpria relao com o
parceiro, quando decidem ficar juntos, entra em conflito, ou quando a menina se
encontra sozinha na gravidez, sem ajuda do parceiro, encontra muita dificuldade em
voltar a se relacionar com algum, e a manter uma relao estvel quando no tem
como acompanhar a vida social do novo parceiro.
Embora muitos impactos aconteam com a gestao precoce,
sempre escolha dos jovens em assumir tais responsabilidades, ou desistir da busca
pelo amadurecimento e da previa vida adulta. A gravidez na adolescncia no um
fato simples na vida de quem as vivencia, mas um fato possvel de ser vivenciado
sem tantos prejuzos na vida futura, basta escolher as alternativas certas.
3.3.CONFRONTO COM A NOVA REALIDADE E O APOIO FAMILIAR
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Segundo Junior (1999), as meninas que iniciam vida sexual,
presumem que com elas nada vai acontecer; definindo a grande vulnerabilidade dos
adolescente frente aos pensamentos mgicos que possuem nessa fase. O conceito
de felicidade para o adolescente est no presente, no agora e no prazer. Conforme
as idias do autor, quando o adolescente decide iniciar a vida sexual, no toma por
prejuzo os riscos que se expe, e tampouco, pensa que ir acontecer alguma coisa
com ele. Frente a esses pensamentos, ficam perturbados quando a surpresa de uma
gravidez no planejada acontece levando-os a um choque de realidade.
Para Moreira et al. (2008), a gestao na adolescncia enfrentada
com muita dificuldade, porque a gravidez significa uma rpida passagem da situao
de filha para me, sendo que atualmente a adolescncia possui outras necessidades
e objetivos comparadas h dcadas atrs. De acordo com Bocardi (2003, p.109):
A criana transforma a vida no s da adolescente, mas tambm altera os hbitos de vida da famlia, estabelecendo um a inverso dos papeis, uma vez que a adolescente passa da posio de filha para realizar a funo de me. A famlia sente todas essas mudanas decorrentes do nascimento da criana, inclusive com o aumento decorrentes do nascimento da criana, inclusive com o aumento da preocupao de cuidar e educar uma criana e continuar cuidando da jovem me.
A questo da inverso de papeis que a autora enfatiza, resulta da
necessidade, que na maioria das vezes, a jovem precisa sair para trabalhar e ajudar
no oramento da casa, em troca a me toma conta do neto. Essa troca acontece
quando as mes das jovens gestantes no esto inseridas no mercado de trabalho,
o que dificulta ainda mais, na construo do apoio e de reintegrao dessas
meninas a voltar a estudar e ter uma vida social normal.
Em estudo realizado por Nogueira e Marcon (2004), afirma a
problemtica enfrentada pelos pais das meninas adolescentes frente a gravidez
precoce, embora a maioria de suas mes, terem tido o primeiro filho na mesma
idade, porm, ressaltam a diferena de cultura vivenciada pela sociedade dcadas
atrs, onde o casamento era muito bem aceito logo aps a passagem dos 15 anos
para as meninas, sendo natural terem filhos assim que o casamento era institudo.
Tambm, apontam a grande brecha de dialogo entre pais e filhos, embora, estudo
comprove que a maioria das meninas procuram primeiramente o apoio da me
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frente ao problema da gravidez.
As expectativas e reao dos pais frente a essa questo, depende
de cada contexto familiar, mas estudos mostram que so pouco freqente casos em
que os pais declaram reaes extremas, como expulsar a filha de casa, agrees
fsicas, proibies que restringi ainda mais sua vida social e namoro. Para Osofsky
(1978), muitas famlias recebem a noticia como escndalo, com vergonha do que os
vizinhos iro dizer ou pensar, com culpa pelo papel que desempenharam e inclusive
em at que ponto possam ter contribudo para a ocorrncia da gravidez. Essas
atitudes adversas depende muito do contexto social e cultural de cada famlia e suas
relaes com as razes na infncia, considerando a fragilidade em lidar com
problemas que vo contra as concepes de ordem religiosa, moral, social e
cultural.
Em vista de todas as problemticas que envolvem a gravidez na
adolescncia e a estrutura familiar, importante ressaltar a importncia do elo entre
pais e filhos, do dialogo, afeto, e principalmente, da compreenso acerca da vida e
problemas do filho adolescente. A estrutura familiar fundamental no crescimento e
amadurecimento dos jovens, sendo o suporte necessrio para o desenvolvimento
positivo de suas vidas. A famlia como apoio essencial na vida dos filhos,
principalmente, para as filhas frente gravidez na adolescncia. Para Bocardi (2003,
p.103), a famlia exerce importante papel como agente de apoio e orientao para
as jovens grvidas.
3.4.CONSTRUINDO NOVOS SONHOS E RESPONSABILIDADES
A gravidez na adolescncia lana um novo olhar para a vida do
adolescente, determinando novos parmetros em suas vidas, agregando valores e
um novo processo de amadurecimento, que iro contribuir para a construo de
novos planos, sonhos e pela concretizao destes.
Alguns estudos bibliogrficos, como Luz (1999), discutem os casos
em que a gravidez na adolescncia definida por escolha consciente dos jovens,
seja pela procura de suprir a solido e a carncia afetiva, seja como forma de entrar
na vida adulta mais rpido, ou at mesmo de facilitar a aceitao dos pais frente a
sua escolha conjugal. Esses casos de escolha pelos prprios adolescentes so
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minoria, na maioria dos casos, a gravidez acaba surpreendendo, apesar de terem
claro os riscos que corriam numa relao sexual, contudo, esses fatos demonstram
a falta de um elemento norteador na vida dos adolescentes, no grande dficit dos
relacionamentos que envolvem pais e filhos, e na importncia desses laos frente as
escolhas dos filhos.
Embora muitas mes adolescentes acabam abandonando os
estudos ainda na gestao, conforme Souza apud Bocardi (1987, 2003), referencia a
interrupo das relaes sociais frente a gravidez na adolescncia , devido a
interrupo dos estudos ou trabalho, onde a jovem deixa de crescer com o grupo de
iguais e perde esse lao afetivo importante em sua vida. importe ressaltar a
necessidade de apoio para esses adolescentes que se preparam para uma nova
etapa da vida, de serem pais, por isso, o apoio da famlia de ambos os envolvidos,
seja da menina me, ou do menino que ser o pai, atravs da compreenso e do
apoio, os jovens tero condies psicolgicas para seguir em frente, e no
abandonar a escola, ou o trabalho por inteiro, fundamental que os adolescentes
recebam orientaes positivas frente a caminhada que tero que fazer depois do
nascimento do beb.
Para Bocardi (2003), ressalta que a gravidez na adolescncia a
partir do ponto de vista dos atores sociais envolvidos percorre um longo caminho,
com vrios obstculos e perdas no lado pessoal, educacional, social e familiar,
sendo que a insegurana se torna um sentimento constante desde a gestao at o
nascimento do beb.
Esse sentimento de insegurana acontece naturalmente devido ao
fato do adolescente encarar de uma hora para outra o fato de uma gravidez, que
mudar toda sua rotina e planos de vida, mas nesse aspecto que entra a
importncia da estrutura familiar; as famlias que possuem melhores condies
sociais, geralmente, quando ambos os pais esto inseridos no mercado de trabalho
e tiveram curso universitrio, conseguem dar melhor suporte as filhas gestantes,
reforando a importncia de encarar com responsabilidade os estudos e prepar-las
para uma vida social com mais cuidado em suas relaes afetivas e sexuais. J as
famlias que na possuem condies financeiras adequadas ao aumento da famlia,
sentem com mais intensidade as mudanas embutidas decorrente da gravidez
pr