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Grécia Antiga
Aspectos Naturais
O terreno na Grécia alterna entre montanhas e vales/planícies. As ilhas egeias
também são montanhosas e pequenas. Além disso, não há rios navegáveis no
interior, o que dificulta a comunicação. Por isso, as cidades gregas acabaram
sendo independentes e isoladas umas das outras.
Como a comunicação por terra era praticamente impossível, desde cedo eles se
estabelecem no litoral. O solo é árido e pedregoso, mas azeitonas e uvascrescem. As planícies geram cereais e legumes, e as encostas providenciam
pasto para animais pequenos. Há escassez de recursos naturais, como metais,
madeira (para a construção de navios) e às vezes de água potável.
Período Pré-Homérico (até sec. XII a.C.)
Entre 2200-1200 a.C., povos indo-europeus (jônios, eólios, aqueus e dórios)
invadiram a península balcânica, dominando, expulsando ou se mesclando os
povos que viviam ali antes. Nesse período cresceram duas grandes civilizações:
Civilização Minoica
Também chamada de Cretense, por ter se estabelecido na ilha de Creta. Oscretenses desenvolveram uma civilização centrada no palácio e na cidade.
Acredita-se que o maior centro político e religioso era o Palácio de Cnossos.
Estavam acostumados a longas viagens marítimas e tinham contatos com a
civilização egípcia. A religião e a política estavam muito ligadas, sendo que o rei
detinha ambos os poderes. A civilização Minoica foi destruída por volta de 1450
a.C. A explicação mais aceita é a de que foi destruída pelos micênicos, que
teriam invadido Creta, assimilado sua cultura e depois dominado a ilha.
Civilização Micênica
Em torno de 2000 a.C., os povos indo-europeus que invadiram a península
balcânica haviam se mesclado com os povos pré-gregos, e, juntos, formaram acivilização Micênica. A civilização existiu entre 1600 a.C. e 1150 a.C., tendo
palácios inspirados na arquitetura cretense, onde se concentrava a vida. Eram
também comerciantes e mantinham contato com povos do Egito, da Fenícia, da
Sicília e do sul da Itália. Guerras e perturbações sociais internas,
enfraquecimento das camadas sociais dominantes e provavelmente mudanças
climáticas que prejudicaram a agricultura levaram a civilização Micênica ao fim.
Os micênicos, entretanto, representaram um grande avanço cultural, tendo
levado à civilização grega posterior suas crenças religiosas, a cerâmica,
metalurgia, agricultura, língua e diversas outras tradições.
Período Homérico (séc. XII - séc. VIII a.C.)
O início do período homérico é marcado pela chegada dos dórios, chamada de
1ª Diáspora Grega. O povo grego nasceu da chegada deles. Os outros povos se
dispersaram pelo território. Pouco se sabe desse período e, por isso é chamado
de "Idade das Trevas". O pouco que se sabe sobre esse período é devido a
descobertas arqueológicas e a duas narrativas, a Ilíada e a Odisseia,supostamente escritas por Homero.
Do séc. XII - VIII a.C., houve um recuo no nível material e cultural do mundo
grego por causa dos dórios, que isolaram o comércio e os povos, trouxeram
destruição e retrocesso. Os dórios, porém trouxe um importante avanço
tecnológico, o ferro.
Após as guerras frequentes desse período, no final do período homérico, surge a
monarquia.
O rei (basileus) é árbitro, sacerdote e comandante (política, religião e militar). Os
nobres também tem poderes, com o Conselho de Nobres, mas a maioria dapopulação é excluída. Os nobres vivem em esplendor e levam vida de guerra. O
povo se da mal, trabalhando no campo e não tendo praticamente nenhum
privilegio. Há muita tensão entre o rei e os nobres pelo poder, o que causa
guerras frequentes e queda fácil dos reis. Os nobres, detentores do poder
econômico, acumulam tantos privilégios que, na passagem para o período
arcaico, tomam o poder político (aristocracia).
Predominava uma sociedade rural, dividida em pequenas comunidades agrárias
coletivas, os chamados genos (ou comunidades gentílicas ou clãs). Nos genos, a
propriedade era coletiva (não havia propriedade privada) e o modelo era
patriarcal. O trabalho era familiar e havia escravidão doméstica. A produção erapara subsistência e auto abastecimento, em unidades de produção chamadas
óikos. Com o crescimento populacional dos genos, houve escassez de terras e
começaram a surgir diferenças sociais. Assim, surge também a propriedade
privada.
Período Arcaico (Séc. VIII a.C. - sec. V a.C.)
O começo do período arcaico é marcado pelo surgimento da polis (cidade-
Estado), o desaparecimento da monarquia e pela aristocracia no poder. Com o
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fim da monarquia, os nobres puderam controlar diretamente o poder, mas
tiveram que criar cargos e conselhos, e sistemas de seleção e rodízio no poder,
embora isso fosse restrito aos proprietários de terra.
A polis surgem quando os genos acabam crescendo muito e derrotando outros,
em disputas de terras. Aumentam de tamanho até se tornar cidades.
As cidades-estados eram comunidades pequenas e independentes. Eram
aglomerações de várias aldeias ao redor de um centro urbano, que, por muito
tempo, não passou de um vilarejo onde viviam os mais ricos. No centro, osprédios civis e religiosos se concentravam na ágora, uma praça onde o povo
podia se reunir quando necessário. Acabou se tornando também o lugar da asty,
o mercado. Se possível, havia uma acrópole, local elevado para ponto de defesa.
Uma polis era, acima de tudo, uma comunidade por pessoas unidas pela mesma
cultura. Nas polis (plural escroto de polis) havia regras que todos obedeciam,
inclusive os homens mais poderosos.
Os gregos se consideravam helenos e também, como membros de grupos
dentro da Hélade (mundo grego). A Hélade não era uma nação, simplesmente a
união do povo unido por uma cultura comum, e ser heleno não era
nacionalidade. Os não-gregos eram considerados bárbaros. Apesar de todas as
polis serem independentes entre si, os dois modelos típicos de polis eram
representados por Esparta e Atenas.
Crise do Período Arcaico
O surgimento da polis foi marcado não só pela aristocracia no poder, como
também pelo contínuo crescimento demográfico e pela urbanização. Como a
aristocracia sempre pegou o melhor e deixou o resto pros pobres e a Grécia não
era rica em recursos naturais, havia um grande número de camponeses sem
terra. Além disso, a situação dos pequenos proprietários era ruim, pois tinham
poucas terras férteis para seu sustento e, com o aumento populacional, cada vezmais pessoas para alimentar. Acabavam tomando empréstimos com os
aristocratas e, muitas vezes, não conseguiam pagar as dívidas, perdendo suas
terras ou virando escravos.
Como resultados da crise vieram à fome, a miséria e o aumento da escravidão
por dívidas, além, é claro, da tensão social.
Por outro lado, a crise no campo estimulava o crescimento urbano, que
procurava buscar melhores condições de vida em atividades como artesanato,
comércio e navegação. Essa população, porém, não tinha como defender seus
interesses no governo da cidade. Assim, as polis viraram centros de tensão, em
conflitos de interesses entre a minoria rica e a camada popular. O
descontentamento popular pressiona por mudanças no sistema.
Soluções
A maioria das cidades gregas adotou como solução a colonização, causando a
chamada de 2.a diáspora grega. Essa colonização era a multiplicação das polis.
Dessa forma, expulsavam-se os "indesejáveis", diminuindo a tensão social, eresolvia-se o problema da falta de terras.
A metrópole (cidade-mãe) financiava a expedição e mandava muita gente,
geralmente os indesejáveis (pobres) da polis. Havia também voluntários que
viam na colonização uma oportunidade de ampliar seus negócios. A colônia se
mantinha independente da metrópole em todos os aspectos, mas mantinha
laços econômicos e comerciais.
A expansão se deu pelo litoral do mar Negro e Mediterrâneo, atingindo até
mesmo a Sicília e o sul da Itália, chamado de Magna Grécia. Com o surgimento
de várias novas polis, houve um grande estímulo ao comércio marítimo em todo
o mundo grego. O crescimento do comércio e navegação resultou também
numa demanda maior por produção de mercadorias e, portanto, de
trabalhadores. Assim, estimulou-se também o mercado da mão-de-obra escrava.
Esparta expandiu seu território, conquistando a Messênia. Além disso, realizou
uma série de reformas internas que resultaram no regime oligárquico.
Atenas, por sua vez, estimulou o comércio, fazendo com que essa atividade
crescesse e realizou também reformas internas, que levaram à democracia.
Período Clássico
No início do período Clássico, a sociedade grega, estimulada pelas
transformações no período Arcaico, dominava o comércio e o MarMediterrâneo.
Guerras Médicas
Enquanto os gregos dominavam o comércio do mediterrâneo, o Império persa
crescia em grande velocidade. Além de uma potência econômica, era também
militar e naval e vinha conquistando várias cidades gregas na região da Ásia
Menor, além de rotas comerciais e centros de produção. O ímpeto expansionista
persa resultou numa guerra contra os gregos.
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Apesar do grande tamanho do exército persa, os gregos conseguiram vencer,
devido às chamadas simaquias, isto é, alianças militares entre as cidades. Além
disso, o fato do exército persa ser constituído principalmente por povos
conquistados resultou em alto número de deserção. Com o fim da guerra,
Esparta propõe uma aliança militar permanente sob seu comando, a Liga do
Peloponeso. Embora muitas polis juntem-se a Esparta, Atenas não aceita a
proposta e prefere criar sua própria liga, a Liga de Delos.
Como resultados das Guerras Médicas, temos uma divisão do mundo gregoentre Atenas e Esparta. Atenas, porém, é a CIDADE-ESTADO mais poderosa.
Guerra do Peloponeso
Atenas tinha uma política imperialista, impunha suas ideias e seus interesses
sobre os outros membros da Liga de Delos e ameaçava aqueles que tentassem
sair de lá. Alguns membros pediram ajuda a Esparta, que os aceitou na Liga do
Peloponeso. Desse modo, Esparta e Atenas entram em guerra. A chamada
Guerra do Peloponeso, entre a Liga do Peloponeso e a Liga de Delos devastou o
mundo grego e só terminou com a vitória dos espartanos, ajudados pelos
persas.
Atenas perdeu a hegemonia, suas tropas e teve que abandonar o regime
democrático e submeter-se a uma oligarquia. Esparta conseguiu estabelecer um
frágil e curto domínio, mas não conseguiu pacificar o mundo grego. Sendo
malvista por suas relações com os persas, acabou sendo alvo de uma revolta
liderada por Tebas. As cidades gregas, em geral, acabaram enfraquecidas
econômica, militar, politica e culturalmente, havendo constantes conflitos entre
si.
O mundo grego encontrava-se enfraquecido e os persas ameaçavam um novo
ataque. Filipe II, rei da Macedônia, porém, foi mais rápido e conquistou a Grécia.
Período Helenístico
Depois de Filipe II, seu filho Alexandre, O grande virou rei da Macedônia.
Alexandre avançou suas conquistas para o Oriente, conquistando grande parte
do Império Persa. Suas conquistas baseavam-se no helenismo, ou seja, na fusão
da cultura grega com a oriental. Desse modo, difundiu a cultura grega nos outros
territórios conquistados e o vice-versa. Com sua morte, o território macedônio
foi dividido em quatro partes por seus generais, formando os Reinos
Helenísticos.
OS PRIMEIROS TEMPOS DA DEMOCRACIA GREGA E O REGIME
DEMOCRÁTICO ATENIENSE NA ÉPOCA CLÁSSICA
No estudo das sociedades clássicas costumamos destacar especialmente
o incisivo papel em que as práticas e instituições nascidas no mundo grego
influenciaram a formação do mundo contemporâneo. Entre as várias instituições
consolidadas no mundo grego, a noção de democracia é uma das que mais
despertam nosso interesse na busca por paralelos que aproximem o mundoantigo do contemporâneo.
A história da democracia ateniense pode ser compreendida à luz de uma
série de transformações sofridas pela sociedade e economia ateniense. Até os
séculos VII e VI, o poder político ateniense era controlado por uma elite
aristocrática detentora das terras férteis de Atenas: os eupátridas ou “bem
nascidos”.
Nesse meio tempo, uma nascente poderosa classe de comerciantes, os
demiurgos, exigia participação nos processos decisórios da vida política
ateniense. Além disso, pequenos comerciantes e proprietários acometidos pela
escravidão por dívidas, exigiam a revisão do poder político ateniense. Com isso,
os eupátridas viram-se obrigados a reformular as instituições políticas da cidade-
Estado.
Um grupo de legisladores foi responsável por um gradual processo de
transformação política. Em 621 a.C., Drácon resolveu estabelecer um conjunto de
leis escritas que dariam lugar às leis orais anteriormente conhecidas pelos
eupátridas. Mesmo não enfraquecendo o poder da aristocracia essa primeira
medida possibilitou uma nova tradição jurídica que retirava o total controle das
leis invocadas pelos eupátridas.
A partir de 594 a.C., Sólon, o novo legislador, ampliou o leque dereformas políticas em Atenas, eliminou a escravidão por dividas e resolveu dividir
a população ateniense por meio do poderio econômico de cada indivíduo. Dessa
forma, os comerciantes enriquecidos conquistaram direito de participação
política. Além disso, novas instituições políticas foram adotadas.
A Bulé ou Conselho dos Quatrocentos era um importante órgão legislativo
que dividia as funções antes controladas pelo Areópago ateniense controlado
pelos aristocratas. A Eclésia foi uma instituição mais ampla onde os cidadãos
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poderiam aprovar ou rejeitar as leis elaboradas pela Eclésia. Por último o Helieu
seria composto por juízes incumbidos de julgar os cidadãos atenienses de acordo
com as leis escritas.
Em resposta, as elites agrárias atenienses rivalizaram com esse primeiro
conjunto de mudanças. A agitação política do período deu margem para que
ações golpistas abrissem espaço para a ascensão dos governos tirânicos. Os
principais tiranos foram Psístrato, Hiparco e Hípias. No fim do século VI a.C. a
retração dos direitos políticos mais amplos incentivou uma mobilização popularque levou à ascensão política de Clístenes, em 510 a.C..
Em seu governo, os atenienses passavam a ser divididos em dez tribos
que escolhiam seus principais representantes políticos. Todo ateniense tinha por
direito filiar-se a uma determinada tribo na qual ele participaria na escolha de
seus representantes políticos no governo central. Dessa maneira, o grau de
participação entre os menos e mais abastados sofreu um perceptível processo
equalização.
Outra ação importante, a medida de Clístenes foi a adoção do ostracismo.
Por meio desta, todo e qualquer indivíduo considerado uma ameaça ao governo
democrático seria banido por dez anos. Apesar de seu isolamento, o punido ainda
teria direito de posse sobre suas terras e bens. De forma geral, esse foi um
importante dispositivo que impedia o surgimento de novos tiranos em Atenas.
Aparentemente, podemos concluir que Clístenes foi o reformador capaz
de estabilizar o regime democrático ateniense. Além disso, ficamos com a ligeira
impressão de que a igualdade entre os cidadãos de Atenas fora realmente
alcançada. Porém, o conceito de cidadania dos atenienses não englobava, de fato,
a maioria da população.
Somente os homens livres, de pai e mãe ateniense, maiores de 18 anos e
nascidos na cidade eram considerados cidadãos. As mulheres, escravos eestrangeiros não desfrutavam de nenhum tipo de participação política. Dessa
forma, a democracia ateniense era excludente na medida em que somente um
décimo da população participava do mundo político ateniense.