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Água, Uso Sustentável... – Silva & Silva Revista Diálogos – N.° 15 – mar. / abr. – 2016 issn: 22361499 28 ÁGUA, USO SUSTENTÁVEL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA AMBIENTAL DE LAJEDO - PE Julieta Beserra da Silva Especialista em Gestão Ambiental pela UPE, Professora da Escola Ambiental de Lajedo. [email protected] Julio César Félix da Silva Mestre em Geografia pela UFPE, Professor da Escola Ambiental de Lajedo Professor Convidado da UPE. [email protected] Resumo Nos últimos anos, um tema que tem sido alvo de muitas discussões no âmbito acadêmico, midiático e político é o da água, quiçá pela sua escassez atingir desta vez o Estado de São Paulo, já que esse não é um tema novo no Brasil, haja vista as recorrentes secas no semiárido do Nordeste brasileiro. Diante disso, independentemente do lugar, a distribuição de água é afetada e, por conseguinte as atividades cotidianas do lar. Em meio a essa realidade, uma das formas de abrandar os efeitos da escassez de água em casa é reduzir e reutilizá-la em determinadas atividades domésticas. Com vistas nesta problemática, a Escola Ambiental de Lajedo, realizou a I Semana da Água, com foco no uso sustentável, por considerar que a Educação Ambiental para as crianças e adolescentes com a perspectiva de elucidar, sensibilizar e ensinar questões concernentes a água sãocruciais para adoção de novas formas de pensar e agir. Assim, a ideia do presente artigo é relatar uma experiência vivenciada na Escola Ambiental, cujo escopo foi o tema água. Destarte, a primeira parte deste texto, traz um aporte teórico ressaltando a relevância da água e como esta perpassa a sociedade, desde elemento indutor no processo histórico de ocupação do espaço aos usos atuais. E na segunda parte, discorre-se acerca daquilo que fora vivenciado com alunos durante a I Semana da Água. Palavras-chaves: Água; Uso sustentável; Escola Ambiental. Abstract In recent years, a topic that has been the subject of much discussion in the academic, media and political is the water, perhaps by its scarcity reach this time the State of São Paulo, since this is not a new issue in Brazil, there view the recurrent droughts in semi-arid northeastern Brazil. Therefore, regardless of where the water supply is affected and therefore the everyday home activities. Amid this reality, one way to mitigate the effects of home water shortage is to reduce and reuse it in certain domestic activities. With a view on this issue, the Environmental School of Lajedo, held the first Water Week, focusing on sustainable use, considering that environmental education for children and adolescents with the prospect of elucidating, raise awareness and teach issues concerning water are crucial to adopt new ways of thinking and acting. So the idea of this article is to report an experience in Environmental School, whose scope was the subject water. So, the first part of this paper, brings a theoretical framework emphasizing the importance of water and how it permeates society, from inducing element in the historical process of occupation of space to current uses. And in the second part, it talks- about what was experienced with students during the First Water Week.

Água, Uso Sustentável...a escassez de água. Figura 1: Usos da água no Brasil. Fonte: ANA, 2006. Assim, a água possui múltiplos usos, os quais podemos elencar como consuntivos,

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ÁGUA, USO SUSTENTÁVEL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA AMBIENTAL DE LAJEDO - PE

Julieta Beserra da Silva

Especialista em Gestão Ambiental pela UPE, Professora da Escola Ambiental de Lajedo.

[email protected]

Julio César Félix da Silva Mestre em Geografia pela UFPE,

Professor da Escola Ambiental de Lajedo Professor Convidado da UPE. [email protected]

Resumo Nos últimos anos, um tema que tem sido alvo de muitas discussões no âmbito acadêmico, midiático e político é o da água, quiçá pela sua escassez atingir desta vez o Estado de São Paulo, já que esse não é um tema novo no Brasil, haja vista as recorrentes secas no semiárido do Nordeste brasileiro. Diante disso, independentemente do lugar, a distribuição de água é afetada e, por conseguinte as atividades cotidianas do lar. Em meio a essa realidade, uma das formas de abrandar os efeitos da escassez de água em casa é reduzir e reutilizá-la em determinadas atividades domésticas. Com vistas nesta problemática, a Escola Ambiental de Lajedo, realizou a I Semana da Água, com foco no uso sustentável, por considerar que a Educação Ambiental para as crianças e adolescentes com a perspectiva de elucidar, sensibilizar e ensinar questões concernentes a água sãocruciais para adoção de novas formas de pensar e agir. Assim, a ideia do presente artigo é relatar uma experiência vivenciada na Escola Ambiental, cujo escopo foi o tema água. Destarte, a primeira parte deste texto, traz um aporte teórico ressaltando a relevância da água e como esta perpassa a sociedade, desde elemento indutor no processo histórico de ocupação do espaço aos usos atuais. E na segunda parte, discorre-se acerca daquilo que fora vivenciado com alunos durante a I Semana da Água. Palavras-chaves: Água; Uso sustentável; Escola Ambiental. Abstract In recent years, a topic that has been the subject of much discussion in the academic, media and political is the water, perhaps by its scarcity reach this time the State of São Paulo, since this is not a new issue in Brazil, there view the recurrent droughts in semi-arid northeastern Brazil. Therefore, regardless of where the water supply is affected and therefore the everyday home activities. Amid this reality, one way to mitigate the effects of home water shortage is to reduce and reuse it in certain domestic activities. With a view on this issue, the Environmental School of Lajedo, held the first Water Week, focusing on sustainable use, considering that environmental education for children and adolescents with the prospect of elucidating, raise awareness and teach issues concerning water are crucial to adopt new ways of thinking and acting. So the idea of this article is to report an experience in Environmental School, whose scope was the subject water. So, the first part of this paper, brings a theoretical framework emphasizing the importance of water and how it permeates society, from inducing element in the historical process of occupation of space to current uses. And in the second part, it talks-about what was experienced with students during the First Water Week.

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Keywords: Water; Sustainable use; Environmental school. 1. Introdução

A água é um recurso essencial para a sobrevivência de todos os seres vivos. A água regula a nossa temperatura, participa de reações químicas, mantém nosso corpo hidratado, funciona como solvente, além de ser essencial em nossas atividades diárias.

A despeito disso, há lugares que passam por situações de escassez de água, ademais grande parte das fontes de água está contaminada e/ou poluída e por isso, impróprias para o consumo. Em virtude dessa realidade, a Escola Ambiental de Lajedo, realizou no mês de março de 2015 a I Semana da Água, já que no dia 22 de março comemoramos o Dia Mundial da Água, criado em 1992 pela Organização das Nações Unidas – ONU.

A ideia da Semana da Água é ampliar a discussão sobre essa temática e contribuir com a sensibilização e orientação para adoção de formas de pensar e agir, para que os discentes economizem e reutilizem água em casa.

Diante disso, a primeira parte deste texto, traz um aporte teórico ressaltando a relevância da água e como esta perpassa a sociedade, desde elemento indutor no processo histórico de ocupação do espaço aos usos atuais. E na segunda parte, discorre-se acerca daquilo que fora vivenciado com alunos durante a I Semana da Água.   2. À guisa de apontamentos teóricos

A água é um elemento indispensável para a realização da vida, e para percebermos sua relevância basta considerar que os seres vivos são constituídos por cerca de 70% de água e, por esse motivo, biologicamente necessitam dela para a manutenção da vida. Nesta perspectiva, Assis, E. e Gomes, E. (2006, p.168) salientam que “A água é o principal elemento que abriga e rege a vida em todos os sentidos e que sem ela todas as formas de vida produtiva estão fadadas a se esgotar”.

Porto-Gonçalves, C. (2012, p.428) por sua vez, destaca as dimensões e o potencial revelador da água, “A água como se infiltra em tudo – no ar, na terra, na agricultura, na indústria, na nossa casa, no nosso corpo –, revela nossas contradições socioambientais talvez melhor que qualquer outro tema. Afinal, por todo lado onde há vida há água”.

Ademais, é preciso levar em conta que, nas sociedades humanas a água permeia diversas atividades, a própria sedentarização do homem, isto é, o momento em que sai da condição de nômade e fixa-se em determinado lugar é em certa medida condicionado pelas águas, como ocorrera nas margens dos rios Tigre, Nilo e Eufrates, engendrando uma área denominada de Crescente Fértil, em razão das áreas adjacentes serem úmidas e férteis por serem banhadas pelas águas fluviais, favorecendo o desenvolvimento da agricultura, sem falar que a própria irrigação era realizada com as águas dos rios, além de outras necessidades objetivas e subjetivas dos agrupamentos humanos. Ao falar sobre a água como elemento indutor da sociedade no processo de ocupação espacial, especificamente desta área do Crescente Fértil, Silva, J. C. (2015, p.34), diz que:  

A ocupação humana dessa região dá-se muito em função do seu potencial hídrico, pois as águas na sua dinâmica de cheias, além de banhar o solo, depositavam material orgânico condicionando a sua fertilidade, o que, por sua vez, favoreceu o desenvolvimento da agricultura e, por conseguinte, a sedentarização do homem. Ademais, o rio fornecia alimento e servia para dessedentação humana e animal.

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Hodiernamente, a dependência do homem pela água nunca fora tão nítida, pois além de

ser algo inerente para a sua vida,para assistir as suas necessidades cotidianas, como arealização de atividades domésticas (cozinhar, lavar, etc.), ao longo dos anos, com o avanço gradativo das técnicas a água foi sendo inserida cada vez mais no processo produtivo capitalista, especialmente no agronegócio e na indústria. No Brasil, por exemplo, segundo a Agência Nacional de Águas – ANA (2006), a irrigação é responsável pelo consumo de 63%, a indústria 14%, a dessedentação animal 5% e o consumo humano 18% (Figura 1). Em outros termos, grosso modo, 77% do uso da água no Brasil é realizado por atividades produtivas comerciais. É importante sublinhar que, grande parte desta água é exportada na medida em que, por exemplo, alimentos são exportados. Enquanto isso, muitos indivíduos padecem com a escassez de água.

Figura 1: Usos da água no Brasil.

Fonte: ANA, 2006. Assim, a água possui múltiplos usos, os quais podemos elencar como consuntivos, ou

seja, aqueles que consomem e reduzem diretamente a quantidade de águas (abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação e indústria), ao passo que os usos não consuntivos (geração de energia, navegação e lazer) são os que não reduzem diretamente o estoque hídrico. É dos consuntivos que emerge a preocupação com a escassez de água como resultado do seu uso demasiado e insustentável. De acordo com a ANA (2006, p.36):

Para se ter uma idéia, um hectare de irrigação de arroz por inundação pode consumir o equivalente ao consumo de 800 pessoas na cidade. As tecnologias modernas em irrigação podem reduzir o consumo da água em 50% com relação aos métodos tradicionais.

É justamente o seu uso que motiva a reflexão na direção de como torná-lo sustentável,

no sentido de reduzir o seu consumo e reaproveitá-la para atividades no âmago do lar. Evidentemente, que não se pode negar que a agricultura e a indústria vem consumindo e exportando muita água, tendo em vista que cada produto necessita de uma quantidade específica no seu processo de produção. Mas a escolha por esse espaço, o de morar, se dá em primeiro lugar pela proximidade com o público, que são os discentes que visitam a Escola Ambiental de Lajedo, e a possibilidade de incutir por meio da sensibilização e orientação, formas de pensar e agir no que concerne ao uso sustentável da água, especialmente por ser a casa, o primeiro espaço sentir os efeitos da escassez de água, impedindo a realização de atividades inextrincáveis do cotidiano humano.

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A despeito de enfocar, o espaço da moradia para sugerir formas de utilizar e reaproveitar a água, não negligenciamos outras facetas do tema, por isso a fala é conduzida por meio de um viés crítico, discutindo as contradições que perpassam as questões que envolvem o uso da água, destacando a realidade sensível, ou seja, aquilo que podemos ver imediatamente, como situações concernentes de pobreza e desigualdade sócio-espacial, o uso da água dentro dos processos produtivos, dentre outras. É importante sublinhar que, a profundidade dessa discussão foi feita em consonância com o Ano da turma a qual fora ministrada a aula.

Ademais, em outro momento, procurou-se otimizar o processo de ensino/aprendizagem por meio da realização de atividades lúdicas e práticas, para integrar através da cooperação, divertir e entusiasmar os discentes físicos e mentalmente. Conforme Santos, S. (1997, p.9) apud Pinheiro; Santos, V.; Ribeiro Filho (2013, p.27):

A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos jogos, brinquedos e divertimentos e é relativo também à conduta daquele que joga e se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do individuo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão do mundo.

Desta maneira, com o intuito de engendrar um maior conhecimento e compreensão da

problemática da água, bem como de sua relevância,desenvolveu-se atividades lúdicas para mediar o processo de ensino/aprendizagem, tendo por base a aquilo que fora discutido em sala de aula. 3. A Escola Ambiental de Lajedo

A Escola Ambiental de Lajedo está localizada no espaço rural, especificamente no Sítio Serrote,a cerca de 10 km do centro da cidade, no Município de Lajedo, Estado de Pernambuco.

Antes denominada de Escola José Dourado da Costa Azevedo – que foi desativada em 2005 no início da construção do aterro e sua reativação ocorreu em 2009 passando a se chamar Escola Ambiental de Lajedo.

Atualmente nomeado Centro de Educação Ambiental de Lajedo – CMEA ou Escola Ambiental de Lajedo (nome fantasia) é mantida pela Prefeitura Municipal de Lajedo, sendo vinculado à Secretaria Municipal de Educação.

A escola atende um público bastante diversificado que varia entre alunos, professores e sociedade civil, do espaço rural e urbano do município de Lajedo e da região, para visitação, pois segundo Andréa Félix, gestora da Escola Ambiental,não pode haver escola com ensino regular a menos de 100 metros do aterro. O transporte é cedido pela prefeitura da cidade de Lajedo, que o disponibiliza com o envio de ofício para Secretaria de Educação para as escolas da rede municipal, as demais precisam ter veiculo para o transporte, seja ele próprio ou auto-custeado.

A Escola Ambiental desenvolve projetos sócio-ambientais de sensibilização, abordando diversos temas pertinentes às reais necessidades da sociedade. Desenvolve uma educação participativa com uma abordagem para a reflexão e resolução dos problemas, evidenciando a inter-relação que existe entre a sociedade e a natureza. 4. Atividades e procedimentos sobre a água na Escola Ambiental

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Preocupada com a problemática da água, a Escola Ambiental (Centro Municipal de

Educação Ambiental-CMEA), convidou algumas instituições de ensino da rede pública e privada do município para participarem, foram elas: Escola Municipal Dom Expedito Lopes, Escola Profª Irene Leão, Escola Mamede Bento do Amaral e a Escola Jean Piaget. Os discentes destas escolas participaram de aulas, gincanas, atividades ligadas à arte, com produção de cartazes e intervenções ambientais durante a Semana da Água.

Num primeiro momento, os discentes destas escolas foram recebidos com uma acolhida, em seguida foram apresentados os projetos e atividades desenvolvidas pela Escola Ambiental. Após as apresentações os estudantes participaram da aula “Água: uso Sustentável”, abordando os seguintes assuntos:

a) O histórico do Dia Mundial da Água, a fim de desenvolver uma reflexão sobre

a importância da água para os seres vivos e o uso incompatível com as atividades e dinâmica sócio-espacial;

b) Composição química da água, com o intuito de apresentar a composição química da água e os elementos que a compõem;

c) Os estados físicos da água, a fim de mostrara relação entre a temperatura e mudança de estado físico;

d) O corpo humano e água, para mostrar aos discentes à importância da água para o bom funcionamento do corpo humano, visando perceber sua relevância para manutenção de nossa vida;

e) Distribuição da água no planeta, para clarificar os fatores naturais e sociais que interferem na sua abundância e escassez, tendo em vista o consumo humano;

f) Distribuição de águas superficiais no Brasil, ressaltando a problemática sócio-ambiental que envolve principalmente os rios urbanos.

g) O ciclo da água, visando elucidar as diferentes etapas e processos que constituem o ciclo da água na natureza, evidenciando a importância do equilíbrio natural do ciclo para a manutenção da vida no planeta;

h) Apresentar os tipos de usos da água, enfatizando quais setores são responsáveis pelo maior consumo de água no Brasil e no mundo.

i) Poluição das águas e doenças transmitidas pela água, relacionado essa situação com a pobreza e desigualdade sócio-espacial, apresentando as principais fontes de poluição das águas e as suas implicações para o meio ambiente e para o ser humano;

j) Mostrar a média de consumo de água em casa, e apontar dicas para reduzir o seu consumo, reforçando o aprendizado sobre o consumo consciente.

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Foto 1: Aula teórica – slide distribuição das águas superficiais no Brasil.

Fonte: Julieta Beserra da Silva, 2015.

Foto 2: Aula teórica – Slide Principais Fontes Poluidoras.

Fonte: Julio César Félix, 2015.

Terminada a aula, tem início um pequeno intervalo para o lanche. Ao fim deste os discentes participaram de uma disputa em forma de gincana, com atividades lúdicas relacionadas à temática água, a saber:

• Pescaria – os discentes que participaram desta atividade deveriam pegar, com uma

vara de pescar ecológico, uma folha de EVA, com um número correspondente a uma pergunta, sobre a temática abordada na palestra e no vídeo, que respondida de forma correta, daria uma pontuação ao grupo;

• Vidros – nesta atividade lúdica o participante deveria escolher um recipiente de vidro para colocar o liquido colorido correspondente ao tamanho, sem que este derramasse, o estudante vencedor responde a uma pergunta referente à temática, recebendo uma pontuação para o grupo quando da resposta correta;

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• Encher a garrafa – nesta atividade lúdica o participante que enchesse a garrafa, até a linha delimitada, de maneira mais rápida e sem desperdiçar água, do mesmo modo, respondendo uma questão corretamente somaria pontos para o grupo;

• Brincadeira da maçã – aquele participante que pegasse a maçã de maneira mais rápida teria direito a responder uma pergunta, somando mais pontos para o grupo.

Foto 3: Atividade lúdica da gincana – pescaria.

Fonte: Julieta Beserra da Silva, 2015.

Foto 4: Atividade lúdica da gincana – vidros.

Fonte: Andréa Félix, 2015.

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Foto5: Atividade lúdica da gincana – brincadeira da maçã.

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Foto: Julio César Félix, 2015.

Ao fim, o grupo vencedor da gincana recebeu como premiações revistas que abordam temas como preservação ambiental, reciclagem, consumo consciente, entre outros.

Segundo Corrêa e Silva Junior (2010) a proposta lúdica deve ter como objetivo um suporte para que a aprendizagem ocorra de forma mais descontraída, efetiva, eficiente e eficaz.O lúdico torna-se educativo quando aplicado de forma a despertar a curiosidade sobre o mundo e a vida, estimulando as descobertas e criações.

O lúdico é uma forma de interação do estudante com o mundo, podendo utilizar-se de instrumentos que promovam a imaginação, a exploração, a curiosidade e o interesse, tais como jogos, brinquedos, modelos, exemplificações realizadas habitualmente pelo professor, entre outros. O lúdico permite uma maior interação entre os assuntos abordados e, quanto mais intensa for esta interação, maior será o nível de percepções e reestruturações cognitivas realizadas pelo estudante. (DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA CIÊNCIAS, 2008, p. 77).

O lúdico deve ser considerado utilizado na prática pedagógica, independente da série e

da faixa etária do estudante, porém, deve estar adaptado quanto à linguagem, a abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como apoio.

Além destas atividades lúdicas, trabalhou-se com os discentes uma atividade prática, onde receberam material, como cartolinas, hidrocor, lápis de cor, lápis comum e borracha, para elaborarem cartazes com a temática"Consumo Consciente e Economia de Água". Os estudantes socializaram a ideia principal dos cartazes com os outros grupos e em seguida estes cartazes foram distribuídos no mural da Escola Ambiental para exposição.

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Foto 6: Produção de cartazes.

Foto: Julio César Félix, 2015.

Os discentes também participaram da dinâmica “Bombas de sementes”. Essa dinâmica

consiste em fazer bolas de argila e folhas, para formar um substrato para abrigar a semente, estas foram arremessadas na reserva florestal do Aterro sanitário, com o objetivo de ampliar o passivo ambiental do aterro através do reflorestamento. Estas “Bombas de sementes” foram arremessadas pelos estudantes com a esperança de na próxima chuva, as bolinhas se desfazerem e despertar as sementes de Pau-brasil (Caesalpinia echinata), Girassol (Helianthus annuus) e Ipê-branco (Tabebuia roseoalba) para a germinação, mesmo em solo pouco fértil, a porção de terra nutrida com o composto orgânico permite a germinação.

Foto 7: Produção de bombas de sementes.

Fonte: Julio César Félix, 2015. Sobre a realização desta atividade, é importante sublinhar que as árvores apresentam

diversas funções essenciais na natureza, e proporcionam diversos benefícios ao ambiente, como: participa da fotossíntese, atenua a poluição, reduz a sensação térmica, facilitam a infiltração e a condução da água no solo, diminui a ocorrência de enchentes e integra o ciclo

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hidrológico através da evapotranspiração. A falta de árvores, como consequência do desmatamento, gera:aumento do escoamento hídrico superficial, redução da infiltração da água no solo, risco de erosão e de deslizamentos do solo, assoreamento dos corpos d’água, aumento da temperatura e redução da fotossíntese.

Para os estudantes do ensino médio a proposta da aula prática foi produzir um filtro com material reciclável, utilizando garrafa PET de 500 ml ou 1l, algodão, rochas, cascalho e areia, que os alunos puderam recolher no entorno da escola. Nessa atividade foram abordados os seguintes temas: reciclagem e reutilização, poluição, como também doenças causadas pela ingestão de água contaminada e soluções simples para filtrar água

Com os materiais em mãos, os alunos dividiram a garrafa em dois pedaços, após essa etapa, colocaram um chumaço de algodão e, acima dele, uma camada de areia e cascalho, por fim, as rochas maiores. Após dispor todos os materiais, encaixaram esta parte da garrafa na outra, que serviu como suporte para receber a água filtrada. Em seguida foi preparada uma mistura de água, areia e folhas para utilizar no experimento. Este filtro foi feito experimentalmente, com uma quantidade reduzida de componentes em cada camada, filtra apenas partículas maiores, no entanto a diferença entre a solução inicial e a final era perceptível, porém não pode ser ingerido, visto que os patógenos causadores de doenças transmitidas via água e alimentos contaminados são invisíveis a olho nu.

Aos alunos foi esclarecido que apenas se esta água fosse fervida ou fosse adicionado hipoclorito de sódio é que poderia ser ingerida, uma vez que estes processos matariam tais causadores de doenças

Foto 8: Produção de filtro com material reciclável.

Foto: Julio César Félix, 2015.

Após essas atividades foram exibidos alguns vídeos fornecidos pelo Ministério do Meio Ambiente, pois a Escola Ambiental participa do Circuito Tela Verde, que é uma Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente. De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente (2015), “O objetivo é divulgar e estimular atividades de educação ambiental, participação e mobilização social por meio da produção independente audiovisual, bem como atender a demanda de espaços educadores por materiais pedagógicos multimídias”. Esses vídeos retratam economia e reaproveitamento de água, consumo consciente, além de preservação e reflorestamento de nascentes.

Finalizada as atividades teóricas e práticas os estudantes receberam brindes de participação e folders, produzidos pelos professores da Escola Ambiental, com algumas dicas de como economizar água de maneira simples: fechar a torneira enquanto escova os dentes, lavar a louça ou tomar banho; verificar vazamentos e regular válvulas para evitar desperdício; reaproveitar água para usar no banheiro, lavar quintal e regar as plantas.

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5. Considerações finais

O tema água é muito importante para compreender a problemática ambiental, pois perpassa todas as esferas da vida, em razão disso é preciso ser abordado na escola com profundidade, desde seu aspecto imediato ao subjetivo, pontuando os agentes, conflitos e contradições inseridos na problemática da água.

Destarte, contribuindo com esta feitura, a Escola Ambiental realizou a I Semana da Água, para discussão teórica acerca do tema e atividades lúdicas para fortalecer o processo de ensino/aprendizagem. No decorrer da referida semana, merece destaque a curiosidade e interação com aquilo que foi realizado, e nesta última predominando os questionamentos, e os posicionamentos, pautados em conhecimentos prévios sobre o tema, porém muito voltados para o óbvio, mas animaram a discussão durante a aula.

Por fim, especificamente sobre as atividades lúdicas, cabe pontuar a vontade em responder e participar, sobretudo por meio da cooperação, na diversão e alegria. Sem nenhuma dúvida, pode-se dizer que essa foi uma ferramenta que otimizou o processo de ensino/aprendizagem. Tendo-se resultados positivos, a Escola Ambiental decidiu prolongar aquilo de início teria duração de apenas uma Semana, para quatro semanas, tendo-se visitas praticamente todos os dias, muitas vezes no turno matinal e vespertino. Referências AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Caderno do professor 1: caminho das águas – conhecimento, uso, gestão. Rio de Janeiro: ANA, 2006. ASSIS, Edvânia. GOMES, Edvânia Tôrres. A gestão social da água em bacias hidrográficas: o ser e o lugar na visão geográfica. In: SÁ, A.; CORRÊA, A. C.. Regionalização e análise regional: perspectivas e abordagens contemporâneas. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2006. CORRÊA, D. M. V. B.; SILVA JUNIOR, E. F. Ciência vai à Escola: o lúdico na educação em Ciências. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1369-8.pdf. Acesso em: 06 nov. 2015. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Ciências. Paraná,2008. PINHEIRO, Igor; SANTOS, Valéria; RIBEIRO FILHO, Francisco. Brincar de geografia: o lúdico no processo de ensino e aprendizagem. Revista Equador (UFPI), Vol.2, Nº 2, p. 25- 41 (Julho/Dezembro, 2013). PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza da globalização. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.