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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 1
1MINISTRIO DA SADE
Braslia DF2012
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno
Nutricional dos casos de Beribri
2 MINISTRIO DA SADE
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3Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno
Nutricional dos casos de Beribri
Srie A. Normas e Manuais Tcnicos
Braslia DF
2012
MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno Sade
Secretaria Especial de Sade IndgenaSecretaria de Vigilncia em Sade
4 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri4
Ficha catalogrfica_________________________________________________________________________________________________________Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Secretaria Especial de Sade indgena. Secretaria de Vigilncia em Sade. Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos Casos de Beribri / Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Secretaria Especial de Sade indgena. Secretaria de Vigilncia em Sade. Braslia : Ministrio da Sade, 2012. 66 p. (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos)
ISBN 978-85-334-1908-7 1. Doenas Dietticas. 2. Patologia. 3. Beribri. Ttulo. II. Srie.
CDU 616.397_________________________________________________________________________________________________________Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS OS 2012/0106
Ttulos para indexao:Em ingls: Reference Guide for Epidemiological Surveillance, Assistance and Nutritional Care in cases of BeriberiEm espanhol: Gua de Referencia para la Vigilancia Epidemiolgica, Atencin y Cuidado Nutricional en los casos de Beriberi
2012 Ministrio da Sade.Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da rea tcnica. A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada na ntegra na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade: http://www.saude.gov.br/bvs.
Tiragem: 1 edio 2012 2.000 exemplares
Elaborao, distribuio e Informaes:Ministrio da SadeSecretaria de Ateno SadeDepartamento de Ateno BsicaEdifcio Premium, SAF Sul, Quadra 2, Lote 5/6, Bloco II, SubsoloCEP: 70.070-600, Braslia DFFone: (61) 3306-8090 / 6606-8044Correio eletrnico: [email protected] eletrnico: www.saude.gov.br/dab
Superviso geral:Deurides Navega CGAPSI / DASI / SESAI / MSJos Ricardo Pio Marins - UVHA / CGDT / DEVIT / SVS / MSPatricia Constante Jaime CGAN / DAB / SAS/ MS
Coordenao Tcnica Geral:Coordenao-Geral de Alimentao e Nutrio CGAN/DAB/SAS
Coordenao Tcnica:Coordenao-Geral de Alimentao e Nutrio CGAN/DAB/SAS
Reviso Tcnica:Coordenao-Geral de Alimentao e Nutrio CGAN/DAB/SASCoordenao-Geral de Ateno Primria Sade Indgena CGAPSI/DASI/SESAIUnidade Tcnica de Vigilncia das Doenas de Transmisso Hdrica e Alimentar - UVHA/CGDT/DEVEP/SVS
Coordenao Editorial:Marco Aurlio Santana da Silva
Projeto Grfico e Capa:Alisson Sbrana - MS
Normalizao:Marjorie Fernandes Gonalves MS
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 5
5APRESENTAO1 INTRODUO 2 SITUAES PREDISPONENTES 3 PATOGENIA 4 QUADRO CLNICO 4.1 BERIBRI SECO 4.2 BERIBRI MIDO 4.3 BERIBRI SHOSHIN 4.4 SNDROME WERNICK-KORSAKOFF 4.5 BERIBRI INFANTIL (MENORES DE 12 MESES) 4.5.1 Beribri Infantil Cardaco Agudo 4.5.2 Beribri Infantil Afnico 4.5.3 Beribri Infantil Encefaltico ou Pseudomeningtico 5 DIAGNSTICO CLNICO - ABORDAGEM GERAL DO PACIENTE COM SUSPEITA DE BERIBRI 5.1 ESTRATIFICAO DE RISCO 5.2 ANAMNESE 5.2.1 Exame Fsico 5.3 EXAMES COMPLEMENTARES 6 VIGILNCIA E ATENO AOS CASOS DE BERIBRI 6.1 DEFINIES DE CASO 6.1.1 Caso Suspeito 6.1.2 Caso Confirmado 6.1.3 Caso Descartado 6.1.4 Abandono de Tratamento 6.1.5 Critrio de Cura 6.1.6 Encerramento de Caso 6.2 MANEJO CLNICO 6.3 ORIENTAO NUTRICIONAL 6.4 REFERNCIA E CONTRA- REFERNCIA 7 ATRIBUIES DOS MEMBROS DAS EQUIPES DE SADE / SADE DA FAMLIA /EQUIPES MULTIDISCIPLINARES DE SADE INDGENA (EMSI) 8 RESPONSABILIDADES DOS GESTORES FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL 9 CONSIDERAES FINAIS BIBLIOGRAFIA GLOSSRIO ANEXOS ANEXO A - FICHA DE INVESTIGAO CLNICA E DE CONFIRMAO DOS CASOS DE BERIBRI ANEXO B - FICHA DE ACOMPANHAMENTO DOS CASOS DE BERIBRI (TRATAMENTO) ANEXO C - FICHA DE EVOLUO/ENCERRAMENTO DOS CASOS DE BERIBRI ANEXO D - LISTA DE ALIMENTOS E QUANTIDADE DE TIAMINA ANEXO E - FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DO PACIENTE COM SUSPEITA DE BERIBRIANEXO F - FLUXOGRAMA PARA INVESTIGAO, CONFIRMAO E CONTROLE DO BERIBRI A SER SEGUIDO PELAS EQUIPES DE SADE DOS MUNICPIOSANEXO G - COLABORADORES
07081012141515161717181818
19192223232526262829292929293133
343843444650
50 56586062
6364
SUMRIO
6 MINISTRIO DA SADE
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 7
7APRESENTAO
O beribri uma doena causada pela deficincia de tiamina (vitamina
B1). No Brasil desde 2006, tm sido notificados casos de beribri nos estados do
Maranho e Tocantins.
Em 2008, foram identificados casos suspeitos de beribri em indgenas das
etnias Ingaric e Macuxi, no municpio de Uiramut/Roraima e, desde ento esto
sendo empreendidas aes em parceria com o estado e municpio na investigao,
acompanhamento, preveno e controle do beribri.
Tendo em vista que h mais de oitenta anos no se tinha registro de surtos
de beribri no pas, sua relevncia epidemiolgica se deve ao fato de acometer,
majoritariamente, adultos jovens do sexo masculino, e pela sua capacidade de
causar surtos e epidemias com o adoecimento e bito em curto perodo de tempo.
O beribri tem sido um importante problema de sade pblica, determinado
pelas condies de vida e trabalho, sendo imprescindvel, alm das polticas de
sade, a definio de aes no bojo das polticas sociais para o seu enfrentamento.
Este guia de consulta destina-se aos profissionais de sade de toda a rede
de ateno do Sistema nico de Sade - SUS e de seu Subsistema de Ateno
Sade Indgena, em especial queles que atuam na ateno bsica, vigilncia
epidemiolgica e que permanecem em contato direto com as populaes sob risco,
e destaca os aspectos relativos vigilncia epidemiolgica, assistncia e ateno
nutricional do beribri. Este enfoque visa adoo das medidas de deteco,
preveno e controle da doena em tempo oportuno.
8 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri81 INTRODUO
O beribri uma doena de natureza carencial, causada pela deficincia de
tiamina (vitamina B1), que apesar de facilmente tratvel, pode levar ao bito.
O termo beribri reflete a natureza frequentemente incapacitante da
deficincia de tiamina e literalmente significa debilidade. Provm do cingals, lngua
originria da ndia e atualmente uma das lnguas oficiais do Ceilo e Sri Lanka.
A carncia da tiamina pode levar de dois a trs meses para manifestar os
sinais e sintomas que inicialmente so leves como insnia, nervosismo, irritao,
fadiga, perda de apetite e energia e evoluem para quadros mais graves como
parestesia, edema de membros inferiores, dificuldade respiratria e cardiopatia.
Nos pases do oriente, o beribri conhecido desde antes de Cristo. O
primeiro relato cientfico foi feito por Bontius (1592-1631), que descreveu casos
observados no sudeste asitico e usou a denominao beribri.
Descrio detalhada da ocorrncia de beribri na costa leste da ndia data
do sculo XVIII e os estudos histricos relatam que a deficincia de tiamina era uma
doena comum em muitas partes do Sudeste da sia, causando elevada taxa de
mortalidade e permanecendo como um importante problema de sade naquela
regio at a dcada de 1930.
Em nvel mundial, o beribri no mais uma doena largamente difundida
na populao. Apenas focos isolados tm sido observados nos ltimos 20 anos
entre refugiados e comunidades restritas, como a que acometeu detentos de uma
penitenciria na Costa do Marfim; tripulaes de navios na Tailndia; refugiados
butaneses no Nepal; e fuzileiros navais na Colmbia.
Como a maioria das doenas nutricionais, grande parte dos surtos de
beribri associa-se a condies de pobreza e fome relacionando-se a situaes
graves de insegurana alimentar e nutricional, alimentao montona baseada
em arroz polido, elevado teor de carboidratos simples e tambm a alguns grupos
de risco especficos como alcoolistas, gestantes, crianas e pessoas que exercem
atividade fsica extenuante.
No Brasil, cientistas baianos foram os que primeiro relataram casos de
beribri, muito antes da descoberta cientfica da vitamina B1. As primeiras referncias
datam do final do sculo XVIII, por Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista baiano
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 9
9que relatou casos de acometidos de intensa fraqueza, perturbaes circulatrias,
edemas e polineurite na regio amaznica.
Em 1994 foi registrado um surto com trs bitos e dezenas de casos entre
cortadores de cana no municpio de Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas,
que foi totalmente debelado com a reposio de tiamina. Em fevereiro de 2006,
um surto atribudo ao beribri acometeu uma famlia de 13 pessoas, das quais
nove adoeceram e quatro morreram. Tambm ocorreram casos na zona rural do
municpio de Novo Repartimento, Par. Esta famlia morava em local remoto e de
difcil acesso, com alta incidncia de malria e em precrias condies de habitao,
higiene e alimentao.
Os casos mais recentes notificados ocorreram a partir de 2006, nos estados
do Maranho, Tocantins e Roraima e tm acometido majoritariamente adultos
jovens do sexo masculino.
10 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri10 2 SITUAES PREDISPONENTES
O beribri uma doena causada pela deficincia de tiamina (vitamina
B1), substncia importante para o metabolismo dos carboidratos e aminocidos,
essencial nas reaes que produzem energia. Essa vitamina normalmente
encontrada em cereais, gros, legumes, leveduras, nozes e carnes (especialmente
vsceras, carne de porco e de vaca).
A deficincia de tiamina est normalmente associada a populaes que tm
como principal componente da dieta a mandioca ou farinha de mandioca, o arroz
polido ou modo, e/ou a farinha de trigo, ou seja, alimentos pobres em tiamina.
A tiamina bastante instvel, podendo ser danificada com o modo de
preparo e cozimento dos alimentos. Por ser hidrossolvel e termolbil, a maior
parte dessa vitamina perdida, por exemplo, quando o arroz lavado antes do
cozimento, no prprio processo de cozimento e quando a gua de cozimento
descartada.
O organismo humano no consegue manter reservas duradouras de tiamina
e, deste modo, a sua deficincia pode ser desenvolvida em um perodo de dois a
trs meses de ingesto insuficiente.
Por atuar como cofator de importantes reaes relacionadas ao metabolismo
dos carboidratos e aminocidos, dietas altamente energticas (principalmente
aquelas ricas em carboidratos) aumentam a necessidade de tiamina e podem
contribuir para o agravamento do quadro clnico.
Quando h carncia dessa vitamina pode ocorrer diminuio na formao da
acetilcolina e comprometimento da funo neural e cardiovascular. As manifestaes
clnicas so variadas, desde fraqueza nos membros inferiores, parestesias, anorexia,
mal estar geral, edema, at neuropatia perifrica e insuficincia cardaca com
edema.
Indivduos em situao de desnutrio esto mais vulnerveis a desenvolver
o beribri, em especial os alcoolistas crnicos em funo da diminuio do auto-
cuidado e, consequentemente, da baixa ingesto de alimentos. Alm disso, o lcool
aumenta a demanda de vitaminas do complexo B, pode interferir no processo de
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 11
11absoro gastrointestinal de tiamina e alterar seu metabolismo intermedirio.
Em situaes de emergncia, como enchentes, secas, terremotos, etc., as
populaes afetadas podem apresentar deficincia de micronutrientes, pela menor
disponibilidade e pouca diversidade dos alimentos.
Essa doena tambm pode ser evidenciada em pacientes com nutrio
parenteral (se no for includa tiamina), obesos com dietas restritas, indivduos com
alta ingesto de carboidratos e baixo consumo de alimentos com tiamina ou os que
seguem as dietas sem orientao nutricional.
ATENO
O beribri, apesar de ser causado por dficit nutricional,
no est relacionado necessariamente ao status
antropomtrico. Pessoas com sobrepeso ou obesidade
podem apresentar beribri.
Alm de apresentar estreita associao com dietas insuficientes em tiamina
e com o alcoolismo, o beribri pode estar relacionado a situaes que aumentam
a demanda metablica de tiamina ou que interferem em sua biodisponibilidade.
Podemos citar, entre outras:
Demanda metablica e/ou fisiolgica aumentada - gravidez e lactao, atividade fsica intensa, doena intercorrente (cncer, febre,
hipertireoidismo) e dieta rica em carboidratos;
Metabolismo prejudicado da tiamina - insuficincia heptica; Absoro reduzida da tiamina cirurgia ou doena gastrintestinal,
diarreia, vmitos;
Aumento da eliminao da tiamina dilise e diurticos de ala (como exemplo a furosemida).
12 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri123 PATOGENIA
A tiamina, vitamina hidrossolvel, absorvida por difuso e transporte
ativo no jejuno-leo e se fosforila na parede intestinal em pirofosfato de tiamina
(TPP), forma ativa e cofator de importantes complexos enzimticos. Atua como
coenzima no metabolismo dos carboidratos e aminocidos, sendo essencial nas
reaes que produzem energia da glicose e que convertem a glicose em gordura
para armazenamento nos tecidos. A tiamina tambm exerce um papel na conduo
dos impulsos eltricos dos nervos perifricos, embora as reaes qumicas exatas
que fundamentam esse processo sejam desconhecidas.
Um aspecto a ser considerado a existncia de substncias com atividade
antitiamina, as quais podem estar presentes em folhas fermentadas e extratos de
folhas de ch, nozes de certos tipos de rvores, peixe cru, mariscos e caf (cafenado
e descafenado).
A deficincia de tiamina causa degenerao de nervos perifricos. Em
algumas ocasies, neurnios da medula espinhal, especialmente da coluna
posterior, alm de razes nervosas anteriores e posteriores, podem degenerar-
se. A deficincia grave resulta em leses cerebrais, sendo a leso neurolgica
irreversvel no beribri. Quando ocorre degenerao mielnica os sintomas podem
regredir com o tratamento, mas geralmente retornam algum tempo depois, pois a
administrao de tiamina no cura a leso j estabelecida, apenas evita que ocorra
mais desmielinizao.
Outra consequncia da deficincia de tiamina a vasodilatao perifrica,
com aumento nos shunts arteriovenosos e alterao significativa da microcirculao.
Isso provoca diminuio do aporte sanguneo cerebral e renal e aumento da
irrigao muscular. Caso ocorra tambm aumento da presso venosa perifrica
e reteno de sdio e gua, o edema pode instalar-se, mesmo sem evidncia de
insuficincia cardaca. O corao, ento, torna-se dilatado, as fibras musculares
ficam edemaciadas, fragmentadas e vacuolizadas, com os espaos intersticiais
aumentados pelo lquido, instalando-se, ento, a insuficincia cardaca de alto
dbito.
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 13
13O diagnstico de beribri clnico e o tratamento feito com reposio
de tiamina. Pode-se realizar diagnstico laboratorial atravs da medida da tiamina
srica, da excreo urinria de tiamina e da transcetolase de eritrcitos (exames
no disponveis no Sistema nico de Sade). Entretanto, a resposta clnica ao
tratamento emprico com tiamina usada para confirmar o diagnstico.
Aps o tratamento com tiamina observa-se melhora rpida do quadro
clnico.
A necessidade diria de tiamina de 1,1 e 1,2mg/dia para adolescentes e
adultos do sexo feminino e masculino, respectivamente e de 1,4 e 1,5mg/dia para
gestantes e nutrizes, respectivamente.
14 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri144 QUADRO CLNICO
As manifestaes clnicas da deficincia da tiamina incluem envolvimento
dos sistemas nervoso, cardiovascular e gastrointestinal. Inicialmente so relatadas
anorexia, mal estar geral, constipao intestinal, desconforto abdominal, plenitude
ps-prandial (empachamento), irritabilidade, fraqueza nos membros inferiores
(frequentemente associada a parestesias), podendo ocorrer discreto edema e
palpitaes. O quadro clnico pode persistir no estado crnico ou evoluir, a qualquer
tempo, para uma condio aguda caracterizada por sintomas cardiovasculares (com
edema instalado), ou por sintomas relacionados neuropatia perifrica. Formas
intermedirias entre esses dois extremos tambm so observadas.
Alguns indivduos evoluem subitamente com formas graves, seja
apresentando insuficincia cardaca fulminante (beribri shoshin), associada
a choque e a acidose ltica, seja com manifestaes do sistema nervoso central
(encefalopatia de Wernicke), que geralmente ocorre em indivduos alcoolistas. Nesse
ltimo caso, quando h perda irreversvel de memria e psicose confabulatria
associadas, a sndrome conhecida como Wernicke-Korsakoff.
Quadro 1 Manifestaes clnicas iniciais relacionadas ao beribriManifestaes clnicas iniciais relacionadas ao beribri
Anorexia Mal estar geralDesconforto abdominal Constipao intestinalFraqueza nos membros FadigaPlenitude ps-prandial (empachamento) IrritabilidadeParestesias EdemaPalpitaes Dficit de memria
Fonte: Coordenao-Geral de Alimentao e Nutrio. Secretaria de Ateno Sade, Ministrio da Sade.
Assim, as formas clnicas do beribri podem apresentar-se isoladas ou
associadas, sendo classificadas como:
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 15
154.1 BERIBRI SECO
Caracteriza-se por neuropatia sensitivo-motora bilateral e simtrica, com
distribuio em bota e luva. Afeta predominantemente os membros inferiores,
iniciando-se com parestesias e sensao de queimao nos ps (especialmente
noite), cimbras musculares nas panturrilhas, dores nas pernas, disestesias
plantares, marcha lenta e vacilante, dificuldade para levantar-se da posio
agachada, exacerbao dos reflexos tendinosos e sensibilidade vibratria diminuda
nos dedos dos ps.
Evolui com perda de reflexos, fraqueza muscular, com paresia ou
paralisia dos membros inferiores (p em gota e dedos em gota dedos e ps
pendem flacidamente e no podem ser levantados). Se a deficincia continua, a
polineuropatia piora e pode afetar os membros superiores. Pode ocorrer disfonia
por paralisia dos msculos larngeos.
Diagnstico diferencial: outras causas de polineuropatia, como Diabetes mellitus,
abuso de lcool, deficincia de vitamina B12, envenenamento por metais pesados,
mononeuropatia (citica), distrbios metablicos (hipomagnesemia) e Sndrome de
Guillain Barr.
4.2 BERIBRI MIDO
Essa forma clnica caracterizada por insuficincia cardaca de alto
dbito devido reteno de sdio e gua, vasodilatao perifrica e insuficincia
biventricular (circulao hiperdinmica e hipertrofia miocrdica). Podem ser
encontrados os seguintes sinais clnicos:
Agitao Pele quente palpao Aumento da presso sistlica e queda da presso diastlica (exemplo:
PA 140 x 40 mmHg)
Pulso em martelo dgua ou pulso clere: a palpao o pulso mais forte e em saltos
Leve presso nas unhas torna-as brancas e mostra pulsao no leito ungueal
O pulso venoso jugular aumentado com ondas pulsteis pronunciadas
16 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri16 O ictus cordis deslocado para a esquerda, assim pode ser pesquisado
na axila e facilmente sentido
Taquicardia sinusal Sopro sistlico Ritmo de galope que acentuado quando o paciente deita em decbito
lateral esquerdo e inspira
ausculta, os pulmes esto limpos, embora possa apresentar dispneia Ausncia de cianose
Diagnstico diferencial: outras causas de insuficincia cardaca de alto dbito, como
anemia grave, hipertireoidismo, gravidez, doena heptica crnica, estrongiloidase,
Doena de Paget; e outras causas de edema, como desnutrio do tipo kwashiokor,
nefrite, sndrome nefrtica, insuficincia renal, insuficincia venosa perifrica,
hipotireoidismo, intoxicao (metais pesados, glicoletileno, entre outros).
4.3 BERIBRI SHOSHIN
A palavra Shoshin deriva do japons, em que sho significa dano agudo
e shin, significa corao. Refere-se insuficincia cardaca fulminante, de incio
sbito, com acidose ltica e insuficincia biventricular. Podem ser encontrados os
seguintes sinais clnicos:
Aumento da rea cardaca Queda da presso diastlica Taquicardia Hiperfonese de bulhas e discreto sopro Congesto pulmonar Dispneia Hepatomegalia Nuseas e vmitos Cianose Choque Morte sbita
Diagnstico diferencial: miocardite aguda viral ou chagsica, febre reumtica,
miocardiopatia alcolica, intoxicao.
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174.4 SNDROME DE WERNICKE- KORSAKOFF
Essa sndrome combina a encefalopatia de Wernicke com a amnsia de
Korsakoff. Caracteriza-se por leses da base do crebro, hipotlamo, tlamo e corpos
mamilares, com proliferao glial, dilatao capilar e hemorragia perivascular.
A encefalopatia de Wernicke observada principalmente em alcoolistas e
se manifesta frequentemente por confuso mental, desorientao, oftalmoplegia
(paralisia dos msculos oculares), nistagmo (oscilao rtmica dos globos oculares),
diplopia (viso dupla), ataxia (insegurana nos movimentos de mos e ps). Pode
ocorrer paralisia do nervo causando estrabismo convergente.
A sndrome de Korsakoff um distrbio neuropsiquitrico em que a memria
para fatos recentes est afetada de forma desproporcional s demais funes
cognitivas. O paciente apresenta-se aptico, sem iniciativa e, como regra, no tem
queixas em relao doena. A confabulao outro aspecto caracterstico. Pode
ocorrer tambm progresso para confuso mental e delrio.
Diagnstico diferencial: encefalite viral, tumor cerebral.
ATENO
Em alcoolistas, a encefalopatia de Wernicke frequente-
mente precipitada ao se infundir glicose sem administra-
o prvia de tiamina.
4.5 BERIBRI INFANTIL (MENORES DE 12 MESES)
Algumas manifestaes clnicas podem ser observadas especificamente em
lactentes alimentados com leite materno, cujas mes tm deficincia de tiamina,
mas no so necessariamente sintomticas. Essas formas clnicas so descritas na
literatura como beribri infantil (at 12 meses de idade) e podem ser encontradas
isoladamente ou associadas. So elas:
18 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri184.5.1 Beribri Infantil Cardaco Agudo
A maior prevalncia ocorre em lactentes com sobrepeso, de 1 a 3 meses
de idade. Os primeiros sintomas so clicas, agitao, anorexia e vmitos, com
progresso para edema generalizado, cianose e dispneia, incluindo sinais de
insuficincia cardaca:
Taquicardia Aumento da rea cardaca Sons cardacos adicionais/Sopro sistlico Edema pulmonar Hepatomegalia Oligria
Sem tratamento, evoluem em poucos dias aps o incio dos sintomas
para morte. A insuficincia cardaca congestiva pode ter incio sbito e a morte
ocorrer dentro de 2 a 4 horas forma perniciosa ou cardiolgica pura. Responde
rapidamente reposio intravenosa de tiamina (dentro de duas horas).
Diagnstico diferencial: septicemia e insuficincia cardaca por outras causas.
4.5.2 Beribri Infantil Afnico
O maior nmero de casos ocorre em lactentes de 4 a 6 meses de idade.
Manifesta-se com paresia ou paralisia das cordas vocais devido neurite. A voz da
criana se altera e o choro vai se tornando cada vez mais rouco, at nenhum som
ser produzido. Sem tratamento, os casos evoluem em dias para agitao, edema,
dispneia e morte.
4.5.3 Beribri Infantil Encefaltico ou Pseudomeningtico
Ocorre em lactentes de 7 a 9 meses de idade e equivalente a encefalopatia
de Wernicke, apresentando:
Nistagmo Contratura muscular Rigidez de nuca Abaulamento de fontanela Convulses Perda de conscincia
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 19
195 DIAGNSTICO CLNICO ABORDAGEM GERAL
DO PACIENTE COM SUSPEITA DE BERIBRI
A avaliao inicial do paciente com suspeita de beribri deve ser dirigida
para a identificao dos sinais e sintomas de gravidade e, consequentemente,
instituio de medidas emergenciais especficas, conforme a necessidade de cada
caso. Depois, deve-se atentar para histria clnica e exame fsico, com o objetivo de
se identificar as manifestaes caractersticas da deficincia de tiamina.
Ressalta-se que o diagnstico do beribri fundamentalmente clnico, no
sendo necessrio realizar a confirmao laboratorial, na maioria dos casos. Pode-se
iniciar o tratamento com tiamina frente a todo caso suspeito, sendo que a regresso
do quadro clnico confirma o diagnstico (prova teraputica).
Os sinais e sintomas do beribri so facilmente identificveis, embora
normalmente apaream associados ao quadro clnico de outras doenas, como
carncias de outras vitaminas e minerais, infeces, diarreia/disenteria, doenas
hepticas, hipertireoidismo, estresse fsico, gravidez, entre outros.
5.1 ESTRATIFICAO DE RISCO
Diante de todo paciente com suspeita de beribri, deve-se pesquisar
inicialmente os seguintes sinais clnicos:
Sinais de Gravidade
Anasarca
Extremidades frias
Cianose
Pulso rpido e fino
Presso arterial divergente (exemplo: 140 x 40 mmHg)
Hepatomegalia
Diminuio da diurese
Presena de crepitaes pulmonares e desconforto
respiratrio
20 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri20 Derrame pericrdico
Sopro sistlico e/ou ritmo de galope
Choque
Manifestaes clnicas compatveis com diagnstico
de Sndrome de Wernicke-Korsakoff ou de beribri Infantil
(< 12 meses)
Na presena de pelo menos um sinal de gravidade, recomenda-se iniciar o
tratamento com tiamina via intramuscular (IM) e encaminhar o paciente unidade
de sade hospitalar de referncia, preferencialmente com suporte de leito de
Unidade de Terapia Intensiva - UTI. Quando no disponvel da tiamina injetvel IM,
pode-se utilizar a tiamina comprimido via oral (VO).
Tiamina via intramuscular (IM)
Dose recomendada:
- Adulto (inclusive gestantes) ou criana > 40 Kg - 100 mg
- Crianas < 40 Kg - 25 mg
Encaminhar para hospital com leito de Unidade de Terapia Intensiva -
UTI
OBS: quando se identifica incapacidade ou impossibilidade do paciente de
realizar o tratamento medicamentoso ou de retornar para unidade de sade devido
a grande distncia do domiclio ao local de atendimento, dificuldades geogrficas
de acesso, etc., recomenda-se promover a internao hospitalar do paciente.
Antes de encaminhar o paciente, recomendado:
Assegurar via area prvia; ofertar oxigenoterapia; manter acesso venoso prvio; no administrar volume plasmtico (evitar edema agudo de pulmo);
manter a cabeceira elevada; no prescrever diurticos de ala, como furosemida
(preferir hidroclorotiazida ou espironolactona);
Fazer contato prvio com o hospital e reservar o leito de UTI; Para o transporte, utilizar preferencialmente ambulncia com acompanhamento
mdico e suporte avanado de vida.
Em ambiente hospitalar, dada preferncia para utilizao de tiamina
intravenosa (IV) at a estabilizao do quadro clnico e desaparecimento dos sinais
de gravidade. Para isso, deve-se manter observao contnua dos pacientes, pois
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 21
21h risco de ocorrer reao anafiltica. Em caso de no disponibilidade de tiamina
intravenosa, utilizar via intramuscular (IM).
ATENO
A tiamina fotossensvel e, portanto, tanto o equipo,
quanto o frasco, devem estar completamente protegidos
da luz. Administrar de forma lenta intravenosa..
- No se deve utilizar tiamina para uso intramuscular (IM)
por via intravenosa (IV). No h relatos, de intoxicao
por tiamina em pacientes com funo renal normal. Caso
ocorra, recomenda-se a realizao de dilise peritoneal.
Na Instabilidade Hemodinmica
- A ampola de tiamina para uso intravenoso (IV) deve ser
diluda (100mg de tiamina, em 100ml de soro fisiolgico
a 0,9%) e infundida lentamente, em 10 minutos, a cada 4
horas, at a reverso do choque. Usualmente completa-
se a dose total de 400mg em 24 horas (h relato de uso de
at 2g de tiamina para reverso do choque);
- No prescrever diurticos de ala (furosemida). Preferir
hidroclorotiazida ou espironolactona;
- A reverso do choque e a melhora da cianose ocorrem
em algumas horas;
- A recuperao da falncia cardaca pode demorar 2 a
3 dias, sendo necessria a manuteno do suporte de
UTI, com o uso de drogas vasoativas, suporte ventilatrio
e correo de desequilbrios cido-base (acidose
metablica) e eletrolticos;
- Aps a reverso do choque, administrar uma dose de
manuteno de tiamina (100mg, via intravenosa, de 12
em 12 horas) e, assim que possvel, passar para tiamina
por via oral (300mg ao dia) e encaminhar o paciente
para acompanhamento pela Equipe de Sade da Famlia
local, por seis meses, conforme evoluo clnica, a critrio
mdico.
22 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri22Na Sndrome de Wernicke-Korsakoff
- A ampola de tiamina para uso intravenoso (IV) deve ser
diluda (100mg de tiamina, em 100ml de soro fisiolgico
a 0,9%) e infundida lentamente, em 40 minutos, uma vez
ao dia;
- Assim que houver melhora clnica, passar para tiamina
por via oral (300mg - 1 vez ao dia) e encaminhar o paciente
para acompanhamento pela Equipe de Sade da Famlia
local.
No Beribri Infantil (< 12 meses)
- Administrar 25 a 50 mg de tiamina intravenosa (IV),
muito lentamente;
- A seguir, 10 mg de tiamina, intramuscular (IM), 1 vez/
dia, por 7 dias;
- Depois: se o lactente estiver sendo amamentado, 300
mg de tiamina, via oral (VO), para me; e/ou 3 a 5 mg, VO,
para o lactente, durante pelo menos 6 semanas;
- Suplementao alimentar para o lactente no
amamentado.
Aps estabilizao do quadro clnico e melhora dos
sintomas, encaminhar o lactente e sua me para
acompanhamento pela Equipe de Sade da Famlia local.
5.2 ANAMNESE
Na ausncia de sinais clnicos de gravidade, uma anamnese dirigida deve
ser realizada, abordando principalmente:
Cronologia e evoluo dos sinais e sintomas; Presena de outras doenas: doena renal crnica em tratamento
dialtico, diarria (ou disenteria) crnica, hipertireoidismo, anemia
grave, hepatopatia crnica, estrongiloidase, cncer, etc;
Uso de medicamentos: diurticos de ala (furosemida);
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 23
23 Abuso de lcool; Atividade fsica intensa; Tabagismo; Situao social: escolaridade, ocupao, renda familiar; Consumo habitual de alimentos; Forma de armazenamento do arroz e outros alimentos; Contato com substncias txicas (agrotxicos); Procedncia de rea endmica/epidmica; Se mulher em idade frtil: data da ltima menstruao, mtodo
contraceptivo, laqueadura, gestante, lactante.
5.2.1 Exame Fsico
Ectoscopia: anasarca, cianose, estase jugular; Peso, altura, presso arterial, pulso, frequncia cardaca e frequncia
respiratria;
Pele: extremidades frias ou quentes; Segmento torcico: desconforto respiratrio, derrame pericrdico,
crepitaes pulmonares, taquicardia, sopro sistlico e/ou ritmo de
galope;
Segmento abdominal: presena de hepatomegalia; Neurolgico: nvel de conscincia, memria, nistagmo, oftalmoplegia,
diplopia, estrabismo, tipo de marcha, membros inferiores (avaliao da
fora muscular, dos reflexos e da sensibilidade dolorosa, ttil, trmica
e vibratria);
Membros inferiores: presena de edema.
5.3. EXAMES COMPLEMENTARES
O diagnstico do beribri essencialmente clnico e pode ser confirmado
pela resposta teraputica com tiamina, porm a confirmao laboratorial pode ser
24 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri24realizada por dosagem srica de tiamina, dosagem da excreo urinria de tiamina
ou estimulao da atividade da transcetolase eritroctica com um agregado de
pirofosfato de tiamina, embora no seja disponibilizado pelo SUS. Todos sofrem
influncia da tiamina ingerida na dieta e podem encontrar-se alterados em
indivduos assintomticos.
Exames complementares inespecficos podem ser realizados, a critrio
mdico, a fim de se excluir outras patologias.
Os eritrcitos so bons indicadores da reserva corporal de tiamina visto
que eles sofrem depleo de tiamina numa taxa semelhante a outros rgos
corporais: 80% do contedo total de tiamina de todo o sangue est nos eritrcitos,
principalmente na forma de difosfato. Consequentemente, a medida de um
coeficiente de ativao para transcetolase em eritrcitos reflete seu contedo de
vitamina B1.
Os exames inespecficos mais teis so: creatinoquinase - CK (tambm chamada creatinofosfoquinase - CPK), CK-MB, aspartato
aminotransferase AST e desidrogenase ltica DHL que se encontram
elevadas, indicando leso das clulas musculares e liberao dessas
enzimas. Os nveis sricos de piruvato e lactato esto elevados.
No beribri mido, a radiografia de trax mostra aumento de rea cardaca, sendo muito mais acentuada nos indivduos com beribri
Shoshin. Ainda para caracterizar a insuficincia cardaca, so
ferramentas teis o ecodopplercardiograma e o eletrocardiograma.
Nos indivduos com beribri seco, a eletroneuromiografia mostra anormalidades compatveis com polineuropatia sensitivo-motora
simtrica de predomnio distal, com padro axonal desmilinizante ou
com predomnio nitidamente desmielinizante. O lquor normal.
Na sndrome de Wernicke Korsakoff, o lquor normal; a tomografia computadorizada e a ressonncia magntica de crnio mostram leses
na poro medial do tlamo e mesencfalo, dilatao do terceiro
ventrculo e atrofia dos corpos mamilares.
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256 VIGILNCIA E ATENO AOS CASOS DE BERIBRI
Por se tratar de agravo inusitado decorrente de carncia nutricional
(deficincia de vitamina B1), todo caso suspeito de beribri dever ser objeto de
investigao e notificao.
Para contribuir com a investigao e o acompanhamento dos casos, ser
considerada a situao alimentar e nutricional como um dos fatores de risco para o
desenvolvimento do beribri e desta forma, torna-se imperativo garantir a avaliao
do estado nutricional mais efetiva dos casos suspeitos.
A avaliao da situao alimentar e nutricional realizada por meio da
aferio de medidas antropomtricas e por anlise dos marcadores de consumo
alimentar. So utilizados os ndices que correspondem combinao entre duas
medidas antropomtricas (por exemplo, peso e altura) ou entre uma medida
antropomtrica e uma medida demogrfica (por exemplo, peso por idade, altura
por idade). Os passos para antropometria e diagnstico alimentar e nutricional em
cada fase do ciclo da vida encontram-se detalhados na Norma Tcnica do Sistema
de Vigilncia Alimentar e Nutricional - SISVAN (www.saude.gov.br/nutricao).
Os principais passos para investigao, confirmao e controle do beribri a
serem seguidos pelas equipes de sade dos municpios so os seguintes:
1. Investigar casos suspeitos de beribri por meio da vigilncia ativa
nos principais servios de sade e sistemas de informaes (busca ativa
de casos nas unidades de sade; nos hospitais; em visitas domiciliares; no
Sistema de Informao sobre Mortalidade SIM; no Sistema de Informaes
Hospitalares do Sistema nico de Sade SIH/SUS ; no Sistema de Informaes
Ambulatorial - SIA/SUS);
2. Promover a integrao entre as reas (vigilncia epidemiolgica
nutricional, sanitria, ateno bsica e outras reas) visando obter
informaes e dados para a adoo das medidas de preveno e controle;
3. Notificar todos os casos suspeitos de beribri na ficha de
investigao/notificao de beribri (Anexo A). Sugere-se que essas
informaes sejam arquivadas pelas Equipes de Sade e consolidadas aps a
realizao da consulta de retorno para a confirmao ou no do caso;
26 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri264. Acompanhar todos os casos confirmados por pelo menos seis meses
ou a critrio mdico. As informaes das consultas de acompanhamento
e evoluo/ encerramento dos casos sero registradas em formulrio
especfico (ficha de acompanhamento dos casos de beribri Anexo B e ficha
de evoluo/encerramento dos casos de beribri - Anexo C);
5. Ao final de cada ms, os municpios devero encaminhar cpias
dos anexos A, B e C s vigilncias estaduais que devero providenciar a
elaborao de relatrios trimestrais para envio/ comunicao ao Ministrio
da Sade (SAS, SVS e SESAI).
6. Todos os casos confirmados devero ser notificados e includos no
Sistema Nacional de Agravos Notificveis (Sinan). As Secretarias de Sade
das Unidades Federadas e Municpios devero incluir o beribri na Lista de
Doenas de Notificao Compulsria..
Obs.: Todo bito com suspeita de beribri dever obrigatoriamente ser investigado,
devendo ser preenchida a Ficha de Investigao de bito.
6.1 DEFINIES DE CASO
6.1.1 Caso Suspeito
Todo indivduo que esteja em situao de risco e que apresente sinais e
sintomas caractersticos do beribri.
So consideradas situaes de risco:
Esforo fsico extenuante (exemplo trabalhador braal); Uso excessivo de lcool; Monotonia alimentar; Hipermese; Diarreia, entre outras.
So considerados os seguintes quadros clnicos caractersticos:
Parestesias e/ ou dores em membros inferiores, diminuio da sensibilidade, dos reflexos e da fora muscular (dificuldade para deambular);
Taquicardia sinusal (palpitaes), presso arterial divergente, pulso clere,
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 27
27estase jugular, sopro sistlico, ritmo de galope, dispneia, edema de membros
inferiores;
Insuficincia cardaca fulminante, associada acidose ltica e choque; Oftalmoplegia, nistagmo, ataxia cerebelar, dficit memria.
Classificao de casos suspeitos de Beribri conforme as caractersticas clnicas apresentadas:
Beribri Seco: paciente que apresenta neuropatia perifrica sensitivo-motora
bilateral e simtrica, caracterizada por pelo menos dois dos sinais e sintomas
descritos abaixo, aps terem sido descartadas outras causas.
Sinais e sintomas de neuropatia
Parestesia ascendente e/ou dor em membros inferiores Diminuio da sensibilidade, dos reflexos e da fora muscular em membros
inferiores
Fraqueza muscular Dificuldade para deambular Cimbras musculares nas panturrilhas
Beribri mido: paciente que apresenta insuficincia cardaca de alto dbito,
caracterizada pelos sinais e sintomas descritos abaixo, aps terem sido descartadas
outras causas de edema e de insuficincia cardaca.
Sinais e sintomas de insuficincia cardaca
Taquicardia sinusal (palpitao) Presso arterial divergente, devido queda da presso arterial diastlica Edema de membros inferiores Pulso clere palpao (o pulso mais forte e em saltos) Estase jugular Sopro sistlico Ritmo de galope Ausncia de alteraes ausculta pulmonar, embora possa ocorrer dispneia Ausncia de cianose
Beribri Shoshin: paciente que apresenta insuficincia cardaca fulminante de inicio
28 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri28sbito, caracterizada pelos sinais e sintomas descritos abaixo, associada acidose
ltica e choque.
Sinais e sintomas da insuficincia cardaca fulminante
Nuseas/Vmitos Presso arterial divergente, devido queda da presso arterial diastlica Taquicardia Ritmo de galope Hiperfonese de bulhas/Sopros Aumento da rea cardaca Congesto e edema pulmonar Dispneia Hepatomegalia Choque Manuteno da conscincia at a morte
Sndrome de Wernicke-Korsakoff (SWK): paciente que apresenta sinais e sintomas
de encefalopatia e psicose, relacionados abaixo, aps terem sido descartadas outras
causas.
Sinais e sintomas
Confuso mental Desorientao Estrabismo unilateral e convergente Nistagmo (oscilaes repetidas e involuntrias rtmicas dos olhos) Diplopia (viso dupla) Ataxia cerebelar (falta de coordenao dos movimentos) Delrio, perda irreversvel da memria recente e confabulao
6.1.2 Caso Confirmado
Todo caso suspeito com melhora ou desaparecimento dos sinais e sintomas
aps administrao de tiamina, tendo sido descartados outros diagnsticos.
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 29
296.1.3 Caso Descartado
Todo caso suspeito de beribri que no tenha ocorrido melhora clnica
aps utilizao de tiamina, por pelo menos um ms, ou que tenha apresentado
confirmao de outro diagnstico.
6.1.4 Abandono de Tratamento
Paciente que se recusa a completar o tratamento, mesmo tendo o
acompanhamento regular da equipe de sade.
6.1.5 Critrio de Cura
Paciente com diagnstico confirmado e que realizou todo o tratamento
prescrito, com melhora do quadro clnico, mesmo que apresente sequelas.
6.1.6 Encerramento de Caso
Os casos podem ser encerrados pelos seguintes critrios:
Encerramento do caso sem sequelas Encerramento do caso com sequelas bito Abandono Ignorado
6.2 MANEJO CLNICO
Profilaxia dos grupos de risco
A conduta de suplementao profiltica dos casos expostos ao risco de
deficincia de tiamina ou conforme critrio mdico - Um comprimido de tiamina
(300 mg) por dia durante trs meses.
So considerados grupos de risco para a deficincia: adultos jovens,
alcoolistas e submetidos a estresse fsico laboral elevado.
30 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri30 Tratamento com Tiamina
Diante de uma suspeita clnica de beribri e na ausncia de sinais de
gravidade, o tratamento com tiamina dever ser institudo imediatamente, em
regime ambulatorial, antes mesmo da realizao de exames complementares para
o diagnstico diferencial.
ATENO
Atualmente, s existem disponveis nos servios pblicos de
sade comprimidos contendo 300mg de tiamina. Apesar da dose
recomendada para o tratamento de um adulto ser de 100mg,
o tratamento dirio com o comprimido de 300mg de tiamina
considerado seguro, pois, de acordo com a literatura cientfica
disponvel, apenas doses extremamente altas de tiamina (cerca de 5 a
10 gramas) apresentaram, e muito raramente, reaes adversas. Alm
disso, estudo utilizando administrao oral de 500mg, diariamente,
por um perodo de um ms, no demonstrou nenhuma toxicidade
aos pacientes. Dessa forma, os riscos de toxicidade relacionados
administrao de tiamina so considerados raros, sendo o excesso
excretado pela urina.
Portanto, na prtica recomenda-se utilizar:
Tiamina via oral (VO), uma vez ao dia
Dose recomendada:
- Adulto ou criana > 40 Kg 01 comprimido (300mg)/dia;
- Crianas < 40 Kg dissolver 01 comprimido (300mg) em 10 ml de
gua e dar apenas 1 ml criana (25mg/ml).*
* Se possvel solicitar a manipulao da concentrao indicada.
No se recomenda realizar o tratamento do beribri associado a
polivitamnicos, principalmente em crianas, pois para se atingir a dose de tiamina
indicada, outros micronutrientes podero ser oferecidos em excesso e, com isso,
ocasionar intoxicao, principalmente pelas vitaminas lipossolveis.
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 31
31A reposio oral de tiamina deve ser mantida por pelo menos seis semanas
ou, a critrio mdico, de acordo com a resposta clnica. As consultas mdicas de
retorno devem ser mensais durante 6 meses. Na impossibilidade de ser realizada
consulta com profissional mdico, deve-se garantir consulta com profissional
Enfermeiro.
O acompanhamento dos casos de beribri deve ser feito por toda a Equipe
de Sade da Famlia, inclusive por meio de visitas domiciliares, a fim de se realizar
um diagnstico socioeconmico, avaliar hbitos alimentares e detectar o uso
abusivo de lcool. importante enfatizar que as medidas realmente efetivas para
preveno de casos incluem necessariamente a mudana de hbitos alimentares e
a restrio ao uso excessivo de lcool.
Condutas Especficas
Beribri Seco: recomenda-se encaminhar o paciente para realizar
fisioterapia motora, associada ao tratamento medicamentoso.
Sndrome de Wernicke-Korsakoff: aps tratamento hospitalar inicial,
os pacientes devem receber tiamina oral, a critrio mdico, alm
de serem encaminhados para avaliao psiquitrica e tratamento
fisioterpico.
Pacientes alcoolistas: deve-se considerar a reposio de outras
vitaminas, como cido flico, niacina (vitamina B3) e piridoxina
(vitamina B6). Para o acompanhamento desses pacientes,
fundamental estabelecer parcerias com as equipes locais de sade
mental, conforme a organizao da rede de ateno psicossocial
regional (CAPS, NASFs, Centros de Referncia Especializada, etc.).
Em caso de no resposta ao tratamento ou de dvida diagnstica,
investigar outras causas.
6.3 ORIENTAO NUTRICIONAL
Com vistas a apoiar o diagnstico alimentar e nutricional dos pacientes
acometidos pela deficincia de beribri, importante que os profissionais de sade
analisem alguns marcadores de consumo alimentar.
32 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri32O consumo alimentar de todos os usurios do SUS e principalmente dos
pacientes acometidos com beribri, deve ser avaliado por meio do Formulrio de
marcadores do consumo alimentar, disponvel no Sistema de Vigilncia Alimentar
e Nutricional SISVAN. O propsito do formulrio identificar os chamados
marcadores do consumo alimentar, demonstrando a qualidade da dieta em termos
de monotomia/diversidade alimentar. Cabe ressaltar que a monotonia alimentar
uma das principais causas de deficincias vitamnicas e, por isso, conhecer o padro
de consumo etapa importante na preveno do beribri.
A partir do conhecimento da situao alimentar dos casos de suspeitos, o
profissional de sade deve estimular o consumo de alimentos fontes de vitamina
B1 e a diminuio de bebidas que inibam a absoro desta vitamina, tais como caf
e bebida alcolica. Para facilitar a orientao, dever ser consultado o Anexo D, que
elenca a relao dos alimentos mais ricos em tiamina e a recomendao de ingesto
de tiamina.
Todos os profissionais devero reforar ainda a importncia do consumo
de alimentos-fonte, adequando realidade de cada local e da condio de cada
paciente. Ressalta-se que mudanas nos hbitos alimentares so obtidas a longo
prazo. Melhores resultados so alcanados por meio de discusses e negociaes
com o paciente, evitando-se simplesmente a imposio de uma nova dieta.
importante lembrar que, em geral, os indivduos acometidos por beribri
apresentam grande vulnerabilidade socioeconmica e, portanto, profissionais de
sade devem estar atentos tambm em buscar parcerias com outros setores, como
os equipamentos pblicos de Assistncia Social, como os Centros de Referncia em
Assistncia Social (CRAS), os Centros de Referncia Especializada em Assistncia
Social (CREAS), dentre outros. Caso no sejam beneficiados pelo Programa Bolsa
Famlia ou outro programa social com transferncia ou no de renda e tenham o
perfil para receber o benefcio, aconselhvel que profissionais e gestores busquem
formas de incluso desses pacientes. Adicionalmente, o municpio deve investir em
aes que facilitem e ampliem o acesso da populao a alimentos saudveis como,
por exemplo, Programa de Aquisio de Alimentos - PAA, Programa de Agricultura
Familiar, entre outros.
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 33
336.4 REFERNCIA E CONTRA-REFERNCIA
O fluxo de referncia e contra-referncia dos pacientes com beribri,
em cada localidade, deve respeitar a organizao das Redes de Ateno Sade
(Rede da Ateno Bsica Indgena ou no, Rede de Ateno Especializada, Rede
de Urgncia e Emergncia ou Rede de Ateno Psicossocial, de cada regio). Cada
Unidade Bsica de Sade deve ter, todavia, um Hospital Regional de Referncia
para encaminhamento dos casos graves, assim como um Centro de Referncia
Especializado, para servir de apoio em caso de dvida diagnstica ou no resposta
ao tratamento. Da mesma forma, a rede de laboratrios deve estar articulada
regionalmente a fim de responder s solicitaes de todas as localidades.
34 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri347 ATRIBUIES DOS MEMBROS DAS EQUIPES DE SADE/SADE DA FAMLIA/EQUIPES MULTIDISCIPLINARES DE SADE INDGENA (EMSI)
O atendimento pessoa acometida por beribri ser prestado, em
especial, pelos profissionais das equipes da Estratgia Sade da Famlia/Equipe
Multidisciplinares de Sade Indgena (EMSI) (mdicos, enfermeiros, auxiliares de
enfermagem, agentes comunitrios de sade, agentes indgenas de sade, dentistas
e auxiliares de consultrio dentrio) na unidade de sade ou nos domiclios. Todos
os profissionais de sade so responsveis pela notificao e investigao dos casos.
Abaixo, so descritas atribuies sugeridas aos membros da equipe de
sade no cuidado aos pacientes com beribri.
Agente Comunitrio de Sade ou Agente Indgena de Sade1) Esclarecer a comunidade, por meio, de aes individuais e/ou coletivas sobre
os fatores de risco para o beribri e medidas de preveno;
2) Orientar a comunidade sobre a importncia das mudanas nos hbitos de vida,
principalmente os ligados alimentao;
3) Identificar, na populao adscrita, membros da comunidade com maior
risco para beribri, orientando-os a procurar a unidade bsica de sade para
definio do risco pelo enfermeiro e/ou mdico;
4) Encaminhar os casos suspeitos de beribri s Equipes Multidisciplinares de
Sade Indgena - EMSI e/ou s Unidades Bsicas de Sade;
5) Verificar a adeso ao tratamento durante as visitas domiciliares;
6) Realizar Busca Ativa nos casos de abandono ao tratamento.
Auxiliar/Tcnico de Enfermagem1) Verificar sinais e sintomas de beribri, em indivduos da demanda espontnea
da unidade de sade ou em visita domiciliar;
2) Orientar as pessoas sobre os fatores de risco relacionados aos hbitos de vida,
principalmente os ligados alimentao;
3) Agendar consultas e reconsultas mdicas e de enfermagem para os casos
suspeitos e confirmados;
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 35
354) Proceder s anotaes devidas em ficha clnica;
5) Acompanhar os pacientes em tratamento.
Enfermeiro1) Realizar consulta de enfermagem em indivduos com maior risco para o
beribri, identificados pelos agentes comunitrios, ou agente indgena de
sade, definindo claramente a presena do risco e encaminhar ao mdico da
unidade para rastreamento com glicemia de jejum quando necessrio;
2) Realizar consulta de enfermagem, abordando fatores de risco, estratificando
risco, orientando mudanas no estilo de vida e tratamento no medicamentoso,
verificando adeso e possveis intercorrncias ao tratamento, encaminhando o
indivduo ao mdico, quando necessrio e dispensar a medicao na ausncia
do profissional mdico;
3) Administrar tiamina para os casos suspeitos, em situao de emergncia, na
ausncia do profissional mdico;
4) Capacitar os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitrios ou agente
indgena de sade, e supervisionar, de forma permanente, suas atividades;
5) Desenvolver atividades educativas, por meio de aes individuais e/ou
coletivas, de promoo de sade com todas as pessoas da comunidade; e
individuais ou em grupo com os pacientes com beribri;
6) Estabelecer, junto equipe, estratgias que possam favorecer a adeso a
mudanas de hbitos alimentares;
7) Programar, junto equipe, estratgias para a educao da populao e do
paciente;
8) Organizar junto ao mdico e com a participao de toda a equipe de sade, a
distribuio das tarefas necessrias para o cuidado integral dos pacientes com
beribri;
9) Utilizar os dados dos cadastros e das consultas de reviso dos pacientes para
avaliar a qualidade do cuidado prestado em sua unidade e para planejar ou
reformular as aes em sade.
Mdico1) Realizar consulta para confirmao diagnstica, avaliao dos fatores de risco,
identificao de possveis comorbidades, visando estratificao do risco de
36 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri36pacientes com beribri;
2) Solicitar exames complementares, quando necessrio;
3) Tomar a deciso teraputica, definindo o incio do tratamento medicamentoso;
4) Encaminhar unidade de referncia secundria os casos de beribri que
necessitam de uma consulta especializada (cardiologia, fisioterapia, etc);
5) Orientar sobre mudanas no estilo de vida e prescrever tratamento no
medicamentoso;
6) Desenvolver atividades educativas, por meio de aes individuais e/ou
coletivas, de promoo de sade com todas as pessoas da comunidade e
individuais ou em grupo com os pacientes com beribri;
7) Programar, junto equipe, estratgias para a educao da populao e do
paciente;
8) Organizar junto com o enfermeiro, e com a participao de toda a equipe
de sade, a distribuio das tarefas necessrias para o cuidado integral dos
pacientes acometidos pelo beribri;
9) Utilizar os dados dos cadastros e das consultas de reviso dos pacientes para
avaliar a qualidade do cuidado prestado em sua unidade e para planejar ou
reformular as aes em sade.
Profissionais do Ncleo de Apoio Sade da Famlia1) Identificar, em conjunto com as equipes de sade da famlia e a comunidade,
as atividades, as aes e as prticas a serem adotadas na preveno e controle
do beribri;
2) Identificar, em conjunto com as equipes de sade da famlia e a comunidade, o
pblico prioritrio vulnervel ao acometimento por beribri;
3) Atuar, de forma integrada e planejada, nas atividades desenvolvidas pelas
equipes de sade da famlia e de Internao Domiciliar, quando estas existirem,
acompanhando e atendendo casos, de acordo com os critrios previamente
estabelecidos neste guia;
4) Acolher os usurios e humanizar a ateno;
5) Desenvolver coletivamente, com vistas intersetorialidade, aes que se
integrem a outras polticas sociais, como educao, esporte, cultura, trabalho,
lazer, assistncia social, entre outras;
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376) Promover a gesto integrada e a participao dos usurios nas decises, por
meio de organizao participativa com os Conselhos Locais e/ou Municipais de
Sade;
7) Elaborar estratgias de comunicao para divulgao e sensibilizao das
atividades de preveno e controle do beribri;
8) Avaliar, em conjunto com as equipes de sade da famlia e os Conselhos de
Sade, o desenvolvimento e a implementao das aes e as medidas de seu
impacto sobre a situao de sade, por meio de indicadores previamente
estabelecidos;
9) Elaborar projetos teraputicos, por meio de discusses peridicas que
permitam a apropriao coletiva pelas equipes de sade da famlia e os Nasf
do acompanhamento dos usurios acometidos com beribri, realizando aes
multiprofissionais e transdisciplinares, desenvolvendo a responsabilidade
compartilhada.
Nutricionista1) Realizar consulta de nutrio, abordando fatores de risco, avaliando risco
nutricional, orientando mudanas no estilo de vida e tratamento no
medicamentoso relacionado s mudanas de prticas alimentares, quando
necessrio;
2) Instrumentalizar a equipe sobre prticas e hbitos alimentares saudveis;
3) Desenvolver atividades educativas, por meio de aes individuais e/ou
coletivas, de promoo de sade com todas as pessoas da comunidade;
4) Desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo com os pacientes
com beribri;
5) Programar, junto equipe, estratgias para a educao/promoo da
alimentao saudvel da populao e do paciente;
6) Organizar junto com o mdico, e com a participao de toda a equipe de
sade e demais atores envolvidos com o setor sade a distribuio das tarefas
necessrias para o cuidado integral dos pacientes com beribri.
38 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri388 RESPONSABILIDADES DOS GESTORES FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Os gestores federal, estadual e municipal do SUS e do Subsistema de
Ateno Sade Indgena, conforme a sua competncia e pactuao devero
estruturar a rede assistencial, definir os servios referenciais e estabelecer os fluxos
para o atendimento dos indivduos acometidos com beribri, conforme aes/
intervenes descritas a seguir:
Na preveno, tratamento e controle do beribri, cabe s secretarias
de Vigilncia em Sade e a Especial de Sade Indgena do Ministrio da
Sade, desenvolver as seguintes atividades:
a) auxiliar a Secretaria de Ateno Sade, na elaborao das normas tcnicas,
documentos tcnico-cientficos de diagnstico, tratamento e acompanhamento do
beribri;
b) contribuir no processo de monitoramento e avaliao de estratgias nacionais
/estaduais /municipais e distritais indgenas implantadas pelo Programa para o
enfrentamento e controle do beribri;
c) estabelecer parceria com a Secretaria Estadual de Sade e Secretaria Municipal
de Sade e pactuao com os gestores estaduais e distritais indgenas, referente
implementao das diretrizes gerais para preveno e controle do beribri;
d) auxiliar a Secretaria de Ateno Sade no delineamento de estudos
epidemiolgicos para identificao de fatores de riscos que afetam a populao,
considerando a especificidade indgena, e na elaborao de medidas de preveno
e controle de casos e bitos por beribri e,
e) apoiar os Estados e Distrito Federal, os Distritos Sanitrios Especiais Indgenas
e os municpios na investigao e avaliao epidemiolgica do beribri, conforme
normas preconizadas pelo SUS.
Na preveno, tratamento e controle do beribri, cabe s Secretarias de
Ateno Sade e a Especial de Sade Indgena do Ministrio da Sade,
desenvolver as seguintes atividades:
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39a) promover a organizao da ateno bsica dos municpios e nos Plos Base/Aldeias
indgenas com casos de suspeio, diagnstico, tratamento e acompanhamento de
casos de beribri;
b) desenvolver atividades de educao permanente com ateno especial para
temas relativos alimentao saudvel, compatveis com os hbitos culturais;
c) elaborar e disponibilizar material instrucional;
d) oferecer subsdios ao planejamento e execuo de medidas para a melhoria da
situao alimentar e nutricional e programao de aes prioritrias de preveno,
tratamento e controle do beribri;
e) fornecer subsdios operacionais e tcnicos para a utilizao do sistema de
informao, definido para a gesto da informao do beribri;
f) contratar pesquisas que validem o manejo de questes clnicas, epidemiolgicas,
ambientais, econmicas e sociais do beribri e,
g) adotar as providncias necessrias para a estruturao das aes de enfrentamento
do beribri, conforme recomendaes deste guia de consulta.
Na preveno, tratamento e controle do beribri, cabe Secretaria
Especial de Sade Indgena do Ministrio da Sade, desenvolver a
seguinte atividade:
a) disponibilizar os suplementos de tiamina necessrios ao tratamento do beribri,
na abrangncia dos Distritos Sanitrios Especiais Indgenas - DSEI.
Na preveno, tratamento e controle do beribri, cabe s Secretarias
Estaduais de Sade, em parceria com os Distritos Sanitrios Especiais
Indgenas desenvolver as seguintes atividades:
a) coordenar, acompanhar e avaliar a implementao das aes de preveno e
controle do beribri pelos municpios e Plos Base/Aldeias Indgenas;
b) apoiar os municpios e os Plos Base/Aldeias Indgenas na organizao do fluxo
de usurios, visando a garantia das referncias a servios e aes de sade fora do
mbito da ateno bsica e do municpio;
c) acompanhar e monitorar a realizao da investigao pelos profissionais da
40 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri40ateno bsica, com a participao das equipes multidisciplinares de sade
indgena, de todos os casos confirmados.
d) apoiar a realizao de capacitao e educao permanente dos profissionais das
equipes de ateno bsica e multidisciplinares de sade indgena nas aes de
promoo da sade, preveno, diagnstico e tratamento precoce da doena;
e) apoiar o planejamento e desenvolvimento de aes intersetoriais educativas e
de mobilizao da comunidade em relao adoo de prticas de vida saudveis e
boas prticas de produo agrcola e familiar;
f) verificar a qualidade e a consistncia dos dados de notificao de casos enviados
pelos municpios/Plos Base/Aldeias Indgenas;
g) prestar assessoria tcnica aos municpios/Plos Base/Aldeias Indgenas no
processo de qualificao da ateno bsica, com orientao para organizao dos
servios que considere o cenrio epidemiolgico do beribri;
h) elaborar metodologias e instrumentos de monitoramento e avaliao das aes
de enfrentamento do beribri;
i) supervisionar as aes de preveno, tratamento e controle do beribri,
coordenando aquelas que exigem ao articulada e simultnea entre os municpios/
Plos Base/Aldeias Indgenas;
j) organizar e pactuar com os municpios/Plos Base/Aldeias Indgenas, o processo
de referncia intermunicipal das aes e servios de mdia e alta complexidade
para o beribri a partir da ateno bsica;
k) buscar a viabilizao de parcerias que propiciem o desenvolvimento integral de
aes de promoo da sade;
l) seguir as normas de notificaes definidas no guia de consulta.
Na preveno, tratamento e controle do beribri, cabe aos Distritos
Sanitrios Especiais Indgenas - DSEI, da Secretaria Especial de Sade
Indgena do Ministrio da Sade, desenvolver as seguintes atividades:
a) estabelecer parcerias com a Secretaria Estadual de Sade e Secretaria Municipal
de Sade e pactuao com gestores estaduais e distritais indgenas, referente
implementao das diretrizes gerais para preveno e controle do beribri;
b) organizar, executar e gerenciar os servios e aes referentes ao enfrentamento
do beribri na sua rea de abrangncia;
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 41
41c) organizar o fluxo de usurios, visando a garantia das referncias a servios e
aes de sade;
d) monitorar 100% dos casos confirmados na rea de abrangncia do Distrito
Sanitrio Especial Indgena - DSEI;
e) garantir a realizao de exames bioqumicos necessrios ao diagnstico dos
casos;
f) realizar a investigao/notificao de todos os casos confirmados;
g) realizar e coordenar o acompanhamento e continuidade da assistncia de todos
os casos suspeitos ou confirmados;
h) viabilizar a capacitao e a educao permanente dos profissionais das equipes
dos Distritos Sanitrios Especiais Indgenas DSEI nas aes de promoo da sade,
preveno, diagnstico e tratamento precoce da doena;
i) planejar e desenvolver aes intersetoriais educativas e de mobilizao da
comunidade indgena em relao adoo de prticas de vida saudveis e boas
prticas de produo agrcola e familiar;
j) buscar a viabilizao de parcerias que propiciem o desenvolvimento integral de
aes de promoo da sade.
Na preveno, tratamento e controle do beribri, cabe s Secretarias
Municipais de Sade, desenvolver as seguintes atividades:
a) implementar as aes de preveno e controle do beribri;
b) organizar, executar e gerenciar os servios e aes de ateno bsica referentes
ao enfrentamento do beribri, em parceria com os Distritos Sanitrios Especiais
Indgenas;
c) organizar o fluxo de usurios, visando garantia das referncias aos servios e s
aes de sade fora do mbito da ateno bsica e do municpio;
d) monitorar 100% dos casos confirmados na rea de abrangncia do Distrito
Sanitrio Especial Indgena - DSEI;
e) garantir a realizao de exames bioqumicos necessrios ao diagnstico dos
casos;
f) realizar a investigao/notificao de todos os casos confirmados;
g) realizar e coordenar o acompanhamento e continuidade da assistncia de todos
os casos suspeitos e confirmados;
42 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri42h) viabilizar a capacitao e a educao permanente dos profissionais das equipes
da ateno bsica e multidisciplinares de sade indgena nas aes de promoo da
sade, preveno, diagnstico e tratamento precoce da doena;
i) planejar e desenvolver aes intersetoriais educativas e de mobilizao da
comunidade em relao adoo de prticas de vida saudveis e boas prticas de
produo agrcola e familiar;
j) buscar a viabilizao de parcerias que propiciem o desenvolvimento integral de
aes de promoo da sade;
k) apoiar os Distritos Sanitrios Especiais Indgenas na organizao do fluxo de
usurios, visando a garantia das referncias a servios e aes de sade fora do
mbito da ateno bsica e do municpio;
l) disponibilizar os suplementos de tiamina necessrios ao tratamento do beribri.
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 43
439 CONSIDERAES FINAIS
A elaborao deste Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica,
Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de beribri, visa instrumentalizar os
profissionais de sade acerca das medidas de deteco, preveno e controle da
doena em tempo hbil e oportuno.
A relevncia epidemiolgica e social desta publicao se justifica por ser o
beribri uma doena incapacitante e letal, determinada pelas condies de vida e
trabalho que acomete, majoritariamente, adultos jovens.
Entre os desafios da sua elaborao est o fato de que os estudos existentes
no subsidiam suficientemente as dvidas acerca do manejo clnico dos casos,
tendo em vista que h pelo menos 80 anos no se tinha referncia de surtos no pas.
Assim, medidas de vigilncia, preveno e controle devem ser implementadas
com o objetivo de detectar e tratar os casos, o mais precocemente possvel, bem
como manter monitoramento do tratamento e das condies de sade at que se
comprove o restabelecimento da sade de todos os acometidos.
Considera-se, ainda, pertinente ressaltar que estudos sobre a determinao
do processo de adoecer e morrer em decorrncia de beribri e seu ressurgimento
no Pas sejam aprofundados.
44 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri44BIBLIOGRAFIAADAMOLEKUN, B.; NDUBUBA, D. A. Epidemiology and clinical presentation of a seasonal ataxia in western Nigeria. J Neurol Sci, [S.l.], p. 124-195, 1994.
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Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 45
45MARTNEZ, M. et al. Iglesias de Indias, Colombia Estudio clnico y epidemiolgico de un brote de beriberi hmedo en Cartagena, 1992-1993. Revista BVS, v. 16, n. 1, p. 41-51, 1996. Disponvel em: . Acesso em: 2012.
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46 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri46GLOSSRIO
Agente: Entidade biolgica, fsica ou qumica, cuja presena ou deficincia capaz
de causar doena.
Alcoolista: Pessoa que consome lcool em excesso. Sinnimo: etilista.
Alimentao Montona: Alimentao que no variada, colorida, que no contm
diversos tipos de alimentos.
Alimento Contaminado: Aquele que contm agente etiolgico (biolgico, txico ou
substncia qumica) podendo ou no causar doena.
Alimento: toda substncia ou mistura de substncia elaborada, semielaborada ou
natural, seja no estado slido, lquido, pastoso ou qualquer outra forma adequada
destinada a fornecer ao organismo humano os elementos necessrios sua
formao, manuteno, crescimento e desenvolvimento, incluindo bebidas e gua.
Anamnese: uma entrevista realizada pelo profissional de sade ao seu paciente,
cuja inteno de ser um ponto inicial no diagnstico de uma doena.
Anasarca: Edema generalizado em todo o corpo
Anorexia: uma disfuno alimentar, caracterizada por uma rgida e insuficiente
dieta, acarretando em baixo peso corporal e estresse fsico. Perda do apetite;
inapetncia.
Antropometria: Estudo das propores e medidas das diversas partes do corpo.
Ataxia: Dificuldade na habilidade em desempenhar movimentos voluntrios
coordenados, suaves. Insegurana nos movimentos de mos e ps. Esta condio
pode afetar os membros, tronco, olhos, faringe, laringe e outras estruturas.
Cardiopatia: Referncia genrica s doenas do corao, quaisquer que sejam suas
causas e manifestaes.
Cianose: Colorao azul ou azulada da pele, produzida por uma oxigenao
insuficiente do sangue.
Constipao Intestinal: Dificuldade ou impossibilidade de evacuar.
Desconforto Abdominal: Qualquer dor ou desconforto no abdome.
Desmielinizao: Perda de mielina, uma substncia na matria branca que isola as
terminaes dos nervos.
Dificuldade Respiratria: Sensao de respirao difcil ou desconfortvel. um
sintoma comum da insuficincia cardaca.
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri 47
47Diplegia: Paralisia bilateral simtrica.
Diplopia: Sintoma visual em que um nico objeto percebido pelo crtex visual
como dois objetos, em vez de um. (Sinnimos: viso dupla, poliopia, poliopsia)
Disartria: Transtornos da articulao da fala, causados por coordenao imperfeita
da faringe, laringe, lngua ou msculos faciais.
Disfagia: Transtornos de deglutio.
Disfonia: Transtorno da fonao.
Dispneia: Encurtamento da respirao, dificuldade ou distrbio subjetivo da
respirao, em geral associado a doena cardaca ou pulmonar.
Diurese: Secreo de urina, natural ou provocada, normal, abundante ou diminuda.
Ectoscopia: a primeira impresso ao exame fsico que d a idia geral do
paciente. Ectos = por fora e Copia = ver.
Ecodopplercardiograma: Conhecido como ecocardiograma, abrange os mtodos
de diagnstico da estrutura e do funcionamento do corao baseados no uso de
ultrassom.
Edema: Acmulo anormal de lquido nos tecidos do corpo.
Endemia: a presena contnua de uma enfermidade dentro de uma zona geogrfica
determinada.
Epidemia: a manifestao, em uma coletividade ou regio, de um grupo de casos
de alguma enfermidade que exceda claramente a incidncia prevista.
Eritrcitos: Conhecidos como glbulos vermelhos: sua principal funo o
transporte de oxignio dos pulmes aos tecidos e de dixido de carbono no sentido
inverso.
Estase jugular: a observao da dilatao ou distenso das veias jugulares
ao se examinar o paciente deitado a 45.
Fadiga: Sensao penosa causada pelo esforo ou trabalho intenso; cansao, estafa,
esgotamento.
Gravidade: a magnitude do risco.
Hemiparesia: Paralisia parcial dos msculos de uma metade do corpo (emprega-se
o sufixo plegia quando a paralisia total).
Hepatomegalia: uma condio na qual o tamanho do fgado est aumentado.
Hidrossolvel: Que pode ser dissolvido em gua.
Hipermese: Vmito excessivo.
Hiperfonese: Aumento da sonoridade vocal ou dos rudos cardacos, revelado
ausculta.
48 MINISTRIO DA SADE
Guia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de BeribriGuia de Consulta para Vigilncia Epidemiolgica, Assistncia e Ateno Nutricional dos casos de Beribri48Hipomagnesemia: um distrbio eletroltico em que se apresenta uma concentrao
de magnsio no sangue inferior ao normal.
Hipostesia: Diminuio da sensibilidade.
Ictus cordis: o local do trax onde se pode perceber o corao pulsar.
Insegurana Alimentar: De acordo com a Escala Brasileira de Insegurana Alimentar
(EBIA), consiste na preocupao da famlia de que o alimento venha a acabar
antes que haja dinheiro para comprar mais alimento, passando, em seguida,
pela insegurana alimentar relativa ao comprometimento da qualidade da dieta,
porm ainda sem restrio quantitativa, at chegar ao ponto mais grave, que a
insegurana quantitativa, situao em que a famlia passa por perodos concretos
de restrio na