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SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA
COMISSÃO BRASILEIRA DE ESTRATIGRAFIA
2003
Guia Estratigráfico Internacional –
Uma versão condensada
Editada por Michael A. Murphy1 e Amos Salvador2
Subcomissão Internacional de Classificação Estratigráfica da IUGS
Comissão Internacional de Estratigrafia
http://micropress.org/stratigraphy/guide.htm outubro/2003
1Geology Department, University of California, Davis, California 95616, USA 2Department of Geological Sciences, University of Texas at Austin, Austin, Texas 78712, USA; e-mail: [email protected]
Traduzido por Léo Afraneo Hartmann
Presidente da Comissão Brasileira de Estratigrafia/SBG
Instituto de Geociências
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(Revisado e aprovado pelos demais membros da comissão)
A comunicação eficiente em ciência exige o uso de terminologia e procedimentos
com alta acuracidade e precisão e que sejam aceitos internacionalmente. A Versão
Condensada do Guia Estratigráfico Internacional foi desenvolvido com o mesmo
objetivo do próprio Guia, ou seja, promover um acordo internacional sobre os princípios
da classificação estratigráfica e desenvolver uma terminologia e regras de procedimento
estratigráficos aceitáveis internacionalmente, com vistas a melhorar a acuracidade e
precisão na comunicação, coordenação e entendimento internacionais. Esta Versão
2
Condensada não é um revisão do Guia, pois é uma versão concisa, que omite a
história, texto explanatório e exemplos, os glossários e a bibliografia.
Prefácio
A segunda edição do Guia Estratigráfico Internacional, editada por Amos Salvador,
foi preparada pela Subcomissão Internacional de Classificação Estratigráfica da
Comissão Internacional de Estratigrafia e co-publicado em 1994 pela “International
Union of Geological Sciences” e “Geological Society of America”. Assim com a primeira
edição, que foi editada por Hollis D. Hedberg e publicada em 1976, a segunda edição
do Guia foi amplamente aceita e usada por estratígrafos de todo o mundo. Cópias
podem ser obtidas do “Geological Society of America, Publication Sales, P.O. Box 9140,
Boulder, CO 80301, USA, Fax 303-447-1133.
Apesar da ampla aceitação e distribuição da segunda edição do Guia, muitos
estratígrafos e estudantes de estratigrafia de muitos lugares do mundo tem comentado
sobre a dificuldade de obter acesso ao Guia, principalmente devido à disponibilidade
restrita de cópias e alto custo. Esta versão condensada da segunda edição do Guia é
uma tentativa de superar êsses problemas.
Esta versão condensada não é uma revisão do conteúdo do Guia; todos os
princípios essenciais da segunda edição completa são mantidos, incluindo classificação,
terminologia e procedimentos estratigráficos. Além disso, a versão condensada mantém
a mesma estrutura de organização ao nível de capítulos, cabeçalhos e subtítulos, de
maneira que o leitor pode acessar facilmente a versão completa do Guia em busca de
material suplementar. E os cabeçalhos foram mantidos mesmo onde foram eliminadas
discussões não-essenciais de algumas seções, de forma que o usuário pode encontrar
a seção correspondente na versão completa do Guia com bastante facilidade. As
vítimas principais da redução do Guia são o texto explanatório, exemplos de
procedimentos estratigráficos, o Glossário de Termos Estratigráficos, a Lista de Códigos
Estratigráficos Nacionais ou Regionais, e a extensa Bibliografia de Classificação,
Terminologia e Procedimentos Estratigráficos.
Os editores expressam seu reconhecimento ao editor de Episodes pela publicação
da versão condensada do Guia Estratigráfico Internacional nesse periódico, e por
concordar em preparar e comercializar separatas especiais deste documento a preço de
custo. Essas ações possibilitam que os princípios básicos da classificação, terminologia
3
e procedimentos estratigráficos possam atingir os estratígrafos e estudantes de
estratigrafia em todos os lugares do mundo.
Separatas especiais da versão condensada da segunda edição do Guia podem
ser obtidas de Episodes, P.O. Box 823, 26 Baiwanzhuang Road, 100037 Beijing,
República Popular da China, a um preço acessível.
Capítulo 1. Introdução
A. Origem e objetivos do Guia
Os objetivos e o espírito desta versão condensada são os mesmos da segunda
edição do Guia: A promoção de concordância internacional sobre os princípios da
classificação estratigráfica, o desenvolvimento de terminologia estratigráfica e regras de
procedimento estratigráfico que sejam aceitos internacionalmente. Êsses objetivos e
espírito são baseados no interesse de melhor a acuracidade e a precisão da
comunicação, coordenação e conhecimento internacionais.
B. Composição da Sub-Comissão
A composição da Sub-Comissão representa uma distribuição geográfica mundial
de estratígrafos e organizações estratigráficas e também um amplo espectro de
interesses, tradições e filosofias estratigráficas.
Ao longo dos anos, o número de membros tem variado entre 75 e 130,
representando 30 a 45 países.
C. Preparação e revisão do Guia
D. O espírito do Guia
Assim como a segunda edição do International Stratigraphic Guide, esta versão
condensada é oferecida como uma aproximação recomendada à classificação,
terminologia e procedimentos estratigráficos, e não como um “código”.
E. Códigos estratigráficos regionais e nacionais
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A International Subcommission on Stratigraphic Classification apoiou em todas as
oportunidades o desenvolvimento de códigos estratigráficos regionais e nacionais, pois
êstes códigos auxiliaram no passado o desenvolvimento de princípios e fornecerem um
campo de testes para várias propostas contidas no Guia.
F. Posições alternativas ou discordantes
Capítulo 2. Princípios de classificação estratigráfica
A. Geral
A classificação estratigráfica engloba todas as rochas da crosta da Terra. As
rochas tem muitas propriedades tangíveis e mensuráveis e podem ser classificadas
com base em qualquer uma dessas propriedades, tal como ambiente ou gênese.
A posição estratigráfica de modificação de qualquer propriedade ou atributo não
coincide necessariamente com qualquer outra modificação. Em consequência, as
unidades baseadas em uma propriedade não coincidem com as unidades baseadas em
outra propriedade. Portanto, não é possível expressar as distribuições das diversas
propriedades das rochas utilizando apenas um conjunto de unidades estratigráficas. É
necessário utilizar diferentes conjuntos de unidades.
No entanto, todas as diferentes classificações são intimamente relacionadas, pois
expressam aspectos diferentes dos mesmos corpos rochosos e podem ser utilizadas
para atingir os mesmos objetivos da estratigrafia: O aperfeiçoamento do nosso
conhecimento e entendimento dos corpos rochosos da Terra e da sua história.
B. As categorias de classificação estratigráfica
Os corpos rochosos podem ser classificados com base em muitas propriedades
intrínsecas. Cada classificação exige uma nomenclatura própria. Os seguintes tipos de
unidades formais são bem conhecidos e muito usados:
1. Unidades litoestratigráficas – São unidades baseadas nas propriedades
litológicas dos corpos rochosos.
2. Unidades delimitadas por discordâncias – São corpos rochosos limitados no
topo e na base por discordâncias significativas na sucessão estratigráfica.
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3. Unidades bioestratigráficas – São unidades baseadas no conteúdo fossilífero
dos corpos rochosos.
4. Unidades de polaridade magnetoestratigráfica – São unidades baseadas em
mudanças na orientação da magnetização remanescente dos corpos rochosos.
5. Unidades cronoestratigráficas – São unidades baseadas no tempo de formação
de corpos rochosos.
Muitas outras propriedades e atributos podem ser utilizados para classificar corpos
rochosos, exigindo a abertura de possibilidade de uso de qualquer caminho promissor.
Quando isso ocorrer, deve haver uma definição inicial das unidades e termos utilizados.
Cada tipo de unidade estratigráfica pode ser útil na classificação estratigráfica em
casos específicos, em certas regiões ou para certos objetivos. No entanto, as unidades
cronoestratigráficas são as mais promissoras para unidades formais de aplicação
mundial, pois são baseadas no tempo de sua formação. As unidades litoestratigráficas,
bioestratigráficas, e as unidades delimitadas por discordâncias tem extensão areal
limitada, e são por isso inadequadas para a síntese global.
As unidades magnetoestratigráficas tem extensão mundial em princípio, mas
exigem dados extrínsecos para seu reconhecimento e datação, e esses dados provem
de outras unidades. Devido a isso, as unidades cronoestratigráficas tem sido escolhidas
para a comunicação internacional entre os estratígrafos no tocante à sua posição na
coluna estratigráfica.
C. A distinção de terminologias para cada categoria
Há necessidade de termos distintivos apropriados para cada uma das várias
categorias de unidades estratigráficas. Algumas das classificações são mais
apropriadas para a classificação hierárquica, ao passo que em outras classificações
todas as categorias tem a mesma hierarquia.
D. Unidades cronoestratigráficas e geocronológicas
As unidades cronoestratigráficas (Tabela 1) são unidades estratigráficas tangíveis
porque elas incluem todas as rochas formadas durante um intervalo definido de tempo.
As unidades geocronológicas são unidades de tempo, que é uma propriedade
intangível, e são portanto unidades intangíveis e não constituem unidades
estratigráficas em si.
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E. O registro geológico incompleto
O registro de rochas em qualquer área específica não é contínuo ou completo. O
registro está geralmente interrompido por diversos diastemas, descontinuidades e
discordâncias.
Tabela 1. Resumo das categorias e termos-unidades da classificação estratigráfica
Categoria estratigráfica Unidades e termos estratigráficos principais
Litoestratigráfica Grupo Formação Membro Camada(s), derrame(s)
Delimitadas por discordâncias Sintema Bioestratigráfica Biozonas:
Zona de distribuição Zona de intervalo Zona de descendência Zona de assembléia Zona de abundância Outros tipos de biozonas
Polaridade magnetoestratigráfica Zona de polaridade Outras categorias estratigráficas (informais – mineralógicas, isótopos estáveis, meio ambiente, sísmica, e outras)
Zona de ............... (inserir nome apropriado)
Unidade geocronológica equivalente
Cronoestratigráfica Eonotema Eratema Sistema Série Estágio Sub-estágio (Cronozona)
Éon Era Período Época Idade Sub-idade (ou idade) (Cron)
* Se houver necessidade de escalões adicionais, podem ser utilizados os prefixos “sub” e “super” podem ser utilizados com as unidades/termos quando fôr apropriado. No entanto, recomendamos moderação no uso desses prefixos para não complicar desnecessariamente a nomenclatura. Interrupções curtas do registro existem na realidade em rochas acamadadas em
cada plano de acamadamento. A evidência desses intervalos ausentes, presente nas
rochas, é por si só parte da estratigrafia e uma contribuição muito importante para o
entendimento da história da Terra.
Capítulo 3. Definições e procedimentos
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A. Definições
1. Estratigrafia. A estratigrafia, que vem do latim stratum + grego graphia, é a descrição
de todos os corpos rochosos que formam a crosta da Terra e sua organização em
unidades mapeáveis distintas e úteis, com base em suas propriedades ou atributos
intrínsecos, com vistas a estabelecer sua distribuição e relações no espaço e sua
sucessão no tempo, e para interpretar a história geológica.
2. Estrato. Camada de rocha caracterizada por propriedades litológicas e atributos
específicos que a distinguem de camadas adjacentes.
3. Classificação estratigráfica. Organização sistemática dos corpos rochosos da
Terra, conforme são encontrados em suas relações originais, em unidades baseadas
em qualquer propriedade ou atributo que venha a ser útil para o trabalho estratigráfico.
4. Unidade estratigráfica. O corpo de rocha estabelecido como uma entidade distinta
na classificação das rochas da Terra, com base em qualquer propriedade ou atributo ou
suas combinações que possam estar presentes nas rochas.
Unidades estratigráficas baseadas em uma propriedade não coincidem
necessariamente com aquelas baseadas em outra propriedade.
5. Terminologia estratigráfica. É o conjunto total de unidades/termos utilizados na
classificação estratigráfica. A terminologia pode ser formal ou informal.
a. A terminologia estratigráfica formal utiliza unidades/termos definidos e
nomeados com base em orientações estabelecidas convencionalmente.
b. A terminologia estratigráfica informal utiliza unidades/termos como nomes
comuns e com sentido descritivo, não como parte de um esquema específico de
classificação estratigráfica. Enfatizamos o desestímulo ao uso de termos informais em
documentos publicados.
6. Nomenclatura estratigráfica. É o sistema de nomes adequados conferidos a
unidades estratigráficas específicas.
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7. Zona. Corpo menor de rocha em muitas categorias diferentes de classificação
estratigráfica. O tipo de zona indicada é constituída por um prefixo, p. ex.: litozona,
biozona, cronozona.
8. Horizonte. Uma interface que indica uma posição específica em uma sequência
estratigráfica. O tipo de horizonte é indicado por um prefixo, p. ex.: lito-horizonte, bio-
horizonte, crono-horizonte.
9. Correlação. Uma demonstração da correspondência entre caráter e/ou posição
estratigráfica. O tipo de correlação é indicado por um prefixo, p. ex.: lito-correlação, bio-
correlação, crono-correlação.
10. Geocronologia. A ciência da datação e determinação da sequência de tempo dos
eventos no história da Terra.
11. Unidade geocronológica. Uma subdivisão do tempo geológico.
12. Geocronometria. Um ramo da geocronologia que aborda a medição quantitativa
(numérica) do tempo geológico. São usadas as abreviações ka para milhares, Ma para
milhões e Ga para bilhões de anos.
13. Fácies. O termo “fácies” significava inicialmente a modificação lateral de aspecto
litológico de uma unidade estratigráfica. O seu significado foi ampliado para incluir um
amplo espectro de conceitos geológicos: ambiente de deposição, composição litológica,
associação geográfica, climática ou tectônica, dentre outras.
14. Aviso contra o uso de termos gerais para significados especiais. O uso de
termos gerais para significados especiais tem sido uma fonte de muita confusão. É
preferível conservar o significado genérico original do termo e buscar uma palavra mais
precisa e menos ambígua para o significado especial.
B. Procedimentos para o estabelecimento e revisão de unidades
estratigráficas
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A proposição de uma nova unidade estratigráfica formal exige uma declaração da
intenção de introduzir uma nova unidade e dos motivos para essa ação. Uma nova
unidade tem que ser proposta de forma adequada e descrita adequadamente. Isso
inclui:
• Definição, caracterização e descrição clara e completa da unidade, para que
qualquer pesquisador possa identificá-la no futuro.
• Proposição do tipo, nome e escalão da unidade.
• Designação de um estrato-tipo (seção tipo) ou localidade tipo em que a unidade
está baseada e que pode ser utilizada como referência por cientistas
interessados.
• Publicação em veículo científico reconhecido.
1. Definição, caracterização e descrição.
a. Nome (ver seção 3.B.5)
b. Estrato-tipos ou outras padrões de referência. Fornecer a localização geográfica
e ambiente geológico do estrato-tipo, com uma indicação de acesso, mapas e acidentes
geográficos marcadores, tanto naturais quanto artificiais.
Quando não fôr prático utilizar estrato-tipos como padrões, a confiabilidade é
obtida pela descrição e ilustração acurada das feições que constituem os critérios
diagnósticos da unidade.
c. Descrição da unidade como um estrato-tipo ou local tipo.
d. Aspectos regionais. Extensão geográfica; variações regionais em espessura,
litoestratigrafia, bioestratigrafia ou outras propriedades; natureza de limites localizados
longe do tipo; critérios a serem utilizados para identificar e expandir a unidade dentro da
área de sua presença.
e. Idade geológica.
f. Correlação com outras unidades.
g. Gênese (quando apropriado).
h. Referências à literatura.
2. Exigências especiais para o estabelecimento de unidades de subsuperfície.
Aplicam-se as mesmas regras de procedimento de seções expostas para as unidades
de subsuperfície estabelecidas com base em minas, túneis ou outras seções perfuradas
em sondagem. Os estrato-tipos de seções de sondagem são designados por
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profundidades de sondagem e por descrições (logs) e testemunhos (cores), caso
disponíveis. É desejável a obtenção dos seguintes dados para o estabelecimento de
unidades de subsuperfície:
a. Designação da sondagem ou mina. Nome da sondagem ou mina e a localização
geográfica através do uso de nomenclatura topográfica ou de campos de petróleo
convencionais.
b. Descrições (logs) geológicas dos testemunhos. Descrição (logs) litológica e
paleontológica dos testemunhos de sondagem (ou sondagens), e mapas e seções
transversais da mina, na forma escrita e gráfica, mostrando os limites da nova unidade
e suas subdivisões.
c. Descrição (log) e perfilagem geofísica. Descrição (log) da perfilagem elétrica e/ou
de outro tipo e perfilagem sísmica, com limites e subdivisões da unidade mostrados em
escala adequada, que permita a avaliação dos detalhes.
d. Fiel depositário. Um fiel depositário deve ser uma instituição que tenha as
facilidades de curador e garantia de perpetuidade; os materiais devem estar disponíveis
para estudo. Deve ser fornecida a localização do fiel depositário dos materiais da
sondagem do estrato-tipo, túnel ou mina.
3. Dando nomes a unidades estratigráficas. Os nomes da maioria da unidades
estratigráficas formais consistem de um nome geográfico apropriado, combinado com
um termo apropriado que indica o tipo e escalão da unidade, p. ex.: Formação La Luna,
exceto em alguns casos em que os termos foram estabelecidos no início da história da
estratigrafia.
O nome formal de uma unidade bioestratigráfica é formado a partir dos nomes de
um ou mais fósseis apropriados, combinados com o termo apropriado para o tipo de
unidade bioestratigráfica, p. ex.: Zona de Assembléia Exus albus. (Ver Capítulo 7 –
Unidades Bioestratigráficas).
a. Componentes geográficos dos nomes de unidades estratigráficas.
i. Fonte. Nomes geográficos devem ser obtidos a partir de feições naturais ou
artificiais no local ou próximo do local onde a unidade estratigráfica está presente. Êsse
nome deve estar presente em mapas publicados sobre a compartimentação política
pertinente.
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Quando tais nomes não estão disponíveis, deve ser descrito o local de onde o
nome foi obtido, e êsse local deve ser mostrado em mapa de escala apropriada e que
acompanha a descrição da nova unidade.
Nomes curtos são preferíveis a nomes longos ou compostos. O nome da unidade
estratigráfica deve ser exatamente o mesmo que o nome da feição geográfica utilizada
para a designação.
ii. Grafia dos nomes geográficos. A grafia do componente geográfico do nome de
uma unidade estratigráfica deve estar conforme com o uso no país de origem.
A grafia do componente geográfico, após estabelecida, não deve ser modificada.
A hierarquia ou componente litológico pode ser modificado quando fôr traduzido para
outro idioma.
iii. Modificações nos nomes geográficos. A modificação do nome de uma feição
geográfica não afeta o nome da unidade estratigráfica associada; o desaparecimento de
uma feição geográfica também não exige um novo nome.
iv. Nomes geográficos inapropriados. Um nome geográfico não deve induzir
confusão, p. ex.: Formação London para uma unidade no Canadá, apesar de haver uma
cidade com êsse nome no Canadá.
v. Duplicação de nomes geográficos. O nome de uma unidade estratigráfica nova
deve ser único, para evitar ambigüidade. Listas de nomes já utilizados constam do
IUGS Lexique Stratigraphique International e de léxicos nacionais e regionais. É
recomendada a consulta aos serviços geológicos e outras organizações regionais para
descobrir nomes usados previamente e que ainda não constem do léxicos.
vi. Nomes para as subdivisões das unidades estratigráficas. Quando uma
unidade fôr dividida em duas ou mais unidades componentes formais, o nome
geográfico da unidade original não deve ser empregado para qualquer uma das
subdivisões.
b. Componente unidade-termo dos nomes de unidades estratigráficas. O
componente unidade-termo de um nome estratigráfico indica o tipo e escalão da
unidade. Uma unidade-termo estratigráfico pode ser diferente em idiomas diferentes.
c. Relação entre nomes e limites políticos. As unidades estratigráficas não estão
limitadas por limites políticos e não devem ser diferentes nos dois lados.
d. Redução do número de nomes através de correlação. Quando a identidade de
duas unidades estratigráficas diferentes fica estabelecida por correlação, o nome mais
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recente deve ser substituído pelo mais antigo, sempre que as demais considerações
forem equivalentes.
e. Dúvida na designação. Quando houver dúvida na designação de uma unidade
estratigráfica, essa dúvida deve ser expressa na nomenclatura utilizada. As seguintes
convenções podem ser utilizadas:
• Devoniana? = dúvida sobre idade Devoniana
• Formação Macoa? = dúvida sobre o posicionamento como Formação Macoa
• Formação Peroc-Macoa = estratos em posição intermediária (horizontalmente ou
verticalmente) entre duas unidades estratigráficas
• Siluriano-Devoniano = uma parte Siluriano, outra parte Devoniano
• Siluriano ou Devoniano = tanto pode ser Siluriano quanto Devoniano
• Siluriano e Devoniano = tanto Siluriano quanto Devoniano, mas não
diferenciado.
O nome de uma unidade mais velha ou inferior, caso seja possível fazer a
distinção, deve vir em primeiro lugar sempre que duas unidades são ligadas por hífen
ou utilizadas de forma combinada.
f. Nomes abandonados. Após ser utilizado e posteriormente abandonado, o nome de
uma unidade estratigráfica não deve ser ressuscitado, exceto no seu sentido original. A
referência a um nome abandonado deve indicar o sentido original em que o nome foi
utilizado, p. ex.: “Arenito Mornas de Hebert (1874)”.
g. Preservação de nomes tradicionais ou bem estabelecidos. Nomes tradicionais
ou bem estabelecidos que não seguem os procedimentos e convenções acima referidos
não devem ser abandonados, contanto que sejam ou venham a ser bem definidos ou
caracterizados.
4. Publicação
a. Veículo científico reconhecido. O estabelecimento ou revisão de uma unidade
estratigráfica formal exige a publicação em veículo científico reconhecido.
As principais qualificações de um veículo científico reconhecido são a publicação
regular e o acesso razoavelmente amplo ao público científico ao ser requisitado para
aquisição ou disponibilidade em biblioteca.
Resumos, a maioria dos guias de excursão, dissertações e teses, relatórios de
empresas, relatórios públicos e veículos similares geralmente não alcançam essa
exigência.
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b. Prioridade. A publicação de uma unidade feita de forma apropriada, com nome e
descrição, tem prioridade. No entanto, a prioridade por si só não justifica o
deslocamento de um nome bem estabelecido por outro pouco conhecido ou raramente
utilizado. Da mesma forma, um nome estabelecido de forma inadequada não deve ser
preservado somente devido à prioridade.
c. Procedimentos editoriais recomendados. As regras e procedimentos numerados
a seguir são aplicáveis para o idioma Inglês. As regras de ortografia de outros idiomas
podem tornar essas recomendações inaplicáveis.
i. Maiúsculo. As primeiras letras de todas as palavras utilizadas nos nomes de
unidades estratigráficas formais são maiúsculas (exceto para nomes triviais da
hierarquis de espécies e subespécies no nome de unidades bioestratigráficas). Termos
informais não tem iniciais maiúsculas.
ii. Hífen. Para a maioria das unidades estratigráficas, os termos compostos, em que
duas palavras comuns são juntadas para a obtenção de um significado especial, devem
ter hífen, p. ex.: zona concurrent-range, zona normal-polarity. São exceções os prefixos
adjetivadores ou formas combinatórias que sãogeralmente combinadas como o termo-
nome sem hífen, p. ex.: biozona.
iii. Repetição do nome completo. Após a publicação do nome completo de uma
unidade estratigráfica, pode-se omitir parte do nome para fins de brevidade, sempre que
o significado ficar claro; p. ex.: o Estágio Oxfordiano pode ser referido como “o
Oxfordiano” ou “o Estágio”.
5. Revisão ou redefinição de unidades estratigráficas estabelecidas previamente.
A revisão ou redefinição de uma unidade estabelecida adequadamente sem a
modificação de seu nome exige uma declaração de intenção de revisar a unidade, as
razões para isso, e justificativa e documentação tão completa quanto a proposição de
uma nova unidade.
A modificação do escalão de uma unidade estratigráfica não exige redefinição da
unidade ou de seus limites e nem a alteração da parte geográfica do nome. Uma
unidade estratigráfica pode ser promovida ou rebaixada em hierarquia sem a
modificação da parte geográfica de seu nome.
Capítulo 4. Estratotipo e local-tipo
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A. O estratotipo na definição e caracterização de unidades estratigráficas
1. Definição de padrão. Unidades estratigráficas com nome designado tem que ser
definidas ou caracterizadas em um local específico, em que estejam bem expostas e
desenvolvidas, para que exista um padrão de referência comum e material para sua
identificação.
2. Referência a uma seção rochosa específica. A sequência específica de estratos
escolhidos como padrão de referência de uma unidade estratigráfica acamadada é
chamada de estratotipo. No caso de rochas não acamadadas, o padrão de referência é
um local-tipo. O local-tipo pode ser uma área de exposição (ou testemunho de
sondagem ou mina) e constitui uma parte essencial do estabelecimento de uma unidade
estratigráfica formal. Nos casos em que a descrição escrita e o estratotipo não são
equivalentes, os dados do estratotipo tem precedência.
Para algumas unidades estratigráficas, tais como zonas de variação
bioestratigráfica, o padrão da unidade não pode ser ligado a uma seção ou área
estratigráfica específica, pois o alcance estratigráfico da unidade pode variar com a
expansão do conhecimento. No entanto, a caracterização e descrição destas e outras
unidades bioestratigráficas pode ser melhorada através da designação de uma ou mais
seções de referência específicas.
B. Definições
1. Estratotipos (seção-tipo). É a exposição especificada de uma unidade estratigráfica
acamadada que tenha sido nomeada ou de um limite estratigráfico que serve de padão
de referência. Um estratotipo é a sequência de estratos específica utilizada para a
definição e/ou caracterização da unidade ou limite estratigráfico que está sendo
definido.
2. Estratotipo unitário. É a seção-tipo de uma unidade estratigráfica acamadada que
serve de padrão de referência para a definição e caracterização da unidade.
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3. Estratotipo delimitador. É a sequência especificada de estratos que contém o ponto
específico que define um limite entre duas unidades estratigráficas.
4. Estratotipo composto. É o estratotipo unitário formado pela combinação de vários
intervalos específicos de estratos, combinados para constituir um padrão de referência
composto.
5. Local-tipo. É o local geográfico específico em que está localizado o estratotipo de
uma unidade estratigráfica acamadada. O nome também inclui o local onde a unidade
foi descrita e/ou nomeada originalmente. Quando as unidades forem compostas de
rochas ígneas ou metamórficas não-acamadadas, o local-tipo é o local geográfico
específico onde a unidade foi definida originalmente.
6. Área-tipo ou Região-tipo. É a área geográfica ou região que compreende o
estratotipo ou local-tipo de uma unidade ou limite estratigráfico.
7. Holo-, para-, neo-, lecto- e hypo-estratotipos.
C. Exigências para estratotipos (seções-tipo)
As seguintes exigências são feitas para estratotipos:
1. Expressão conceitual. O requisito mais importante de um estratotipo é que êle deve
representar adequadamente o conceito do qual êle é o tipo material.
2. Descrição. A descrição de um estratotipo é geográfica e geológica. A descrição
geográfica inclui um mapa de localização ou foto aérea de detalhe, com a indicação dos
meios de acesso ao local-tipo e a distribuição da unidade na área.
A descrição geológica inclui as feições geológicas, paleontológicas, geofísicas e
geomorfológicas da unidade na seção-tipo. A descrição contém duas partes: Uma parte
relacionada com os limites e uma parte relacionada com o conteúdo da unidade.
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3. Identificação e marcação. Uma exigência importante de um estratotipo é que êle
deve ser marcado claramente. Um estratotipo delimitador é marcado em um ponto,
preferencialmente através de um monumento permanente.
Limites de unidades devem ser designados claramente no local-tipo através da
referência a feições geológicas e geográficas permanentes.
4. Acesso e garantia de preservação. Os estratotipos tem que ser acessíveis a todos
que estejam interessados em seu estudo, sem restrições políticas ou de outro tipo, e
deve haver garantia razoável de sua preservação a longo prazo.
5. Estratotipos de subsuperfície. Os estratotipos de subsuperfície são aceitáveis na
ausência de seções expostas na superfície, sempre que amostras e descrições de
testemunhos de subsuperfície estejam disponíveis.
6. Aceitação. A utilidade de estratotipos como unidades estratigráficas de expressão
internacional está diretamente relacionada à dimensão de sua aceitação geral ou
reconhecimento como padrão de referência para as unidades. É desejável, portanto,
que a designação de um estratotipo seja submetido à aprovação de um órgão geológico
do mais alto nível, para cada caso específico.
A IUGS International Commission on Stratigraphy é o órgão ao qual devem ser
submetidas as propostas de designação de estratotipos de unidades de aplicação
mundial. Os estratotipos de unidades locais exigem a aprovação do serviço geológico
local ou nacional ou de comissões estratigráficas.
D. Exigências para local-tipo de corpos rochosos de rochas ígneas ou
metamórficas não-acamadadas
O local-tipo e área-tipo para corpos rochosos de rochas ígneas ou metamórficas
não-acamadadas devem representar o conceito material da unidade e devem ter outros
atributos de descrição, definição, localização e acesso que são aplicados a unidades
estratigráficas acamadadas.
Capítulo 5. Unidades litoestratigráficas
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A. Natureza das unidades litoestratigráficas
As unidades litoestratigráficas são corpos de rochas, acamadadas ou não, que
são definidas e caracterizadas com base nas suas propriedades litológicas e suas
relações estratigráficas. As unidades litoestratigráficas são as unidades básicas do
mapeamento geológico.
As relações entre unidades litoestratigráficas e outros tipos de unidades
estratigráficas são discutidas no Capítulo 10.
B. Definições
1. Litoestratigrafia. É o elemento da estratigrafia relacionado com a descrição e
nomenclatura das rochas da Terra com base nas suas litologias e suas relações
estratigráficas.
2. Classificação litoestratigráfica. É a organização de corpos rochosos em unidades
baseadas em suas propriedades litológicas e suas relações estratigráficas.
3. Unidade litoestratigráfica. É um corpo de rochas definido e reconhecido com base
nas suas propriedades litológicas ou combinação de propriedades litológicas e relações
estratigráficas.
Uma unidade litoestratigráfica pode consistir de rochas sedimentares, ígneas ou
metamórficas. As unidades litoestratigráficas são definidas e reconhecidas através de
feições físicas observáveis e não pela sua idade inferida, pelo tempo que representam,
pela história geológica ou pela maneira de formação.
A extensão geográfica de uma unidade litoestratigráfica é controlada inteiramente
pela continuidade e extensão de suas feições litológicas diagnósticas.
C. Tipos de unidades litoestratigráficas
1. Unidades litoestratigráficas formais. Ver Tabela 1 e seção 3.A.5.
A hierarquia convencional de termos litoestratigráficos formais é a seguinte:
18
Grupo – Duas ou mais formações
Formação – É a unidade primária da litoestratigrafia
Membro – É a subdivisão litológica nomeada de uma formação
Camada (bed) – É uma camada distinta dentro de um membro ou formação
Derrame – É a camada distinta de menor espessura dentro de uma sequência vulcânica
As unidades que compõem uma unidade de escalão mais alto na subdivisão não
necessitam ser as mesmas em todos os locais.
2. Formação. É a unidade formal primária da classificação litoestratigráfica.
As formações são as únicas unidades litoestratigráficas formais em que a coluna
estratigráfica deve ser dividida inteiramente e universalmente com base em litologia.
O contraste litológico entre formações exigido para justificar o seu estabelecimento
como unidade distintas varia com a complexidade da geologia de uma região e com o
detalhe exigido para mapeamento geológico com vistas ao entendimento de sua história
geológica.
Uma formação não é considerada justificada e útil se não puder ser delineada na
escala de mapeamento geológico usual na região. A espessura das formações pode
variar entre menos de um metro a vários milhares de metros.
3. Membro. É a unidade litoestratigráfica formal de escalão imediatamente inferior à
formação. Possui características litológicas que o distinguem de partes adjacentes da
formação. Não é exigido padrão fixo para a extensão e espessura de um membro. Uma
formação não precisa ser dividida em membros a não ser que haja um objetivo útil
nessa divisão. Algumas formações podem ser divididas completamente em membros;
outras podem ter só certas partes designadas como membros. Um membro pode
estender de uma formação a outra.
Formas especiais de membros (ou de formações) são lentes e línguas. Uma lente
é um corpo de rocha com forma de lente e que possui litologia diferente da unidade que
a engloba. Uma língua é uma parte protuberante de uma unidade litoestratigráfica que
se estende além do corpo principal.
4. Camada (bed). É a menor unidade formal na hierarquia das unidades
litoestratigráficas sedimentares; p. ex.: um único estrato que seja distinto das outras
camadas situadas acima e abaixo. Costumeiramente, só as camadas distintas
19
(camadas-chave, camadas marcadoras) que sejam particularmente úteis para fins
estratigráficos recebem nomes próprios e são consideradas unidades litoestratigráficas
formais.
5. Derrame. É um corpo vulcânico extrusivo de dimensão limitada, que pode ser
identificado por textura, composição ou outros critérios objetivos. A designação e
nomeação de derrames como unidades litoestratigráficas formais deve ser restrita
àqueles que sejam distintos e com ampla distribuição.
6. Grupo. É uma sucessão de duas ou mais formações contiguas ou associadas, que
tenham em comum propriedades litológicas distintas e diagnósticas.
As formações não precisam ser agregadas em grupos a não ser que isso seja
uma forma útil de simplificar a classificação estratigráfica em certas regiões ou em
certos intervalos. A espessura de uma sucessão estratigráfica não é um motivo válido
para definir uma unidade como sendo um grupo ao invés de uma formação. As
formações componentes de um grupo não precisam ser iguais em todos os lugares.
7. Supergrupo e subgrupo. O termo “supergrupo” pode ser usado para vários grupos
associados ou para grupos e formações associados, que tenham em comum
propriedades litológicas significativas. Excepcionalmente, um grupo pode ser dividido
em subgrupos.
8. Complexo. É uma unidade litoestratigráfica composta de tipos diversos de qualquer
classe ou classes de rochas (sedimentare, ígneas, metamórficas) e é caracterizada por
litologias misturadas irregularmente or por relações estruturais complexas.
9. Horizonte litoestratigráfico (lito-horizonte). É a superfície de modificação
litoestratigráfica, geralmente o limite de uma unidade litoestratigráfica, ou uma camada
marcadora muito fina e litologicamente distinta, contida em uma unidade
litoestratigráfica.
10. Unidades litoestratigráficas informais. São unidades litoestratigráficas
reconhecidas em estudos preliminares e que não tenham sido descritas e
caracterizadas plenamente; estas unidades recebem eventualmente nomes. Tais
20
nomes devem ser considerados informais e não devem ser incluídos em documentos
publicados.
Se uma unidade merece um nome formal, ela merece ser definida e descrita
formalmente de forma adequada.
D. Procedimentos para o estabelecimento de unidades litoestratigráficas
1. Estratotipos e locais-tipo como padrões de definição
Cada unidade litoestratigráfica formal deve ter uma definição ou caracterização
precisa. É essencial designar um estratotipo para uma unidade acamadada ou um local-
tipo para uma unidade não-acamadada.
A designação de seções de referência auxiliares ou locais-tipo adicionais pode ser
feita para suplementar a definição de uma unidade litoestratigráfica. Quando não houver
a exposição de uma seção completa de uma unidade em determinada área, há
necessidade designar os estratotipos delimitadores na base e no topo de seções
específicas.
2. Limites. Os limites de unidades litoestratigráficas são colocados em posições de
mudanças litológicas ou colocados arbitrariamente dentro de zonas de gradação ou
interdigitação litológica vertical ou lateral. Em trabalho de subsuperfície, geralmente
ocorre desmoronamento das paredes do furo, tornando melhor definir limites
litoestratigráficos na ocorrência mais superior de um tipo específico de rocha do que na
mais inferior.
3. Discordâncias e hiatos. Sequências estratigráficas de composição litológica
semelhante mas separadas por discordâncias regionais ou por hiatos significativos
devem ser mapeadas como unidades litoestratigráficas separadas.
Hiatos locais ou de menor expressão, desconformidades ou discordâncias dentro
de uma sequência que tenha composição litológica semelhante não são suficientes para
o reconhecimento de mais de uma unidades litoestratigráfica.
E. Procedimentos para a ampliação de unidades litoestratigráficas – Correlação
litoestratigráfica
21
Uma unidade litoestratigráfica e seus limites são ampliados a partir da seção-tipo
ou local-tipo somente até onde ocorram as propriedades litológicas diagnósticas em que
a unidade é baseada.
1. Uso de evidências indiretas para a identificação de unidades e de seus limites.
Onde a identidade litológica é difícil de ser determinada porque não existem
afloramentos ou eles são ruins, uma unidade litoestratigráfica e seus limites podem ser
identificados e correlacionados com base em evidências indiretas: Expressão
geomorfológica, descrição de testemunhos geofísicos (wire-line logs), reflexões
sísmicas, vegetação distinta, etc.
2. Camadas marcadoras utilizadas como limites. O topo ou base de uma camada
marcadora pode ser utilizada como um limite para uma unidade litoestratigráfica formal
quando a camada marcadora ocorre no local identificável de modificação vertical em
litologia ou próximo ao local.
F. Nomeando unidades litoestratigráficas.
1. Geral. O nome de unidades litoestratigráficas é dado de acordo com as regras gerais
para a nomeação de unidades estratigráficas (seção 3.B.3).
No caso de unidades litoestratigráficas, pode ser utilizado um termo litológico
simples, que indique o tipo de rocha dominante, ao invés do termo-unidade que indica a
hierarquia (grupo, formação, membro, camada). No entanto, o uso de termo-unidade é
preferível. É desencorajado o uso simultâneo de um termo litológico e de um termo-
unidade.
Os termos “inferior”, “médio” e “superior” não devem ser utilizados para
subdivisões de unidades litoestratigráficas.
2. Componente geográfico do nome. Ver seção 3.B.3.a.
No caso de mudanças laterais na composição litológica, é desejável a modificação
do nome geográfico para mudanças regionais importante, mas não é desejável a
proposição indiscriminada de novos nomes para mudanças litológicas menores.
Termos compostos, combinados ou litogenéticos não devem ser utilizados.
22
3. Alguns aspectos especiais de rochas ígneas e metamórficas. Rochas vulcânicas
estratificadas e corpos de rochas metamórficas que podem ser reconhecidos como
sendo de origem sedimentar e/ou vulcânica extrusiva podem ser tratados como
unidades litoestratigráficas sedimentares.
Rochas ígneas não acamadadas e corpos de rochas metamórficas que estão
deformados e/ou recristalizados, de forma que seu acamadamento original e sucessão
estratigráfica original não podem mais ser identificados, exigem um tratamento um tanto
diferente.
Na condição de unidades litoestratigráficas, seu nome deve ser composto de um
termo geográfico local apropriado, combinado com um termo-unidade ou com um termo
litológico de campo e simples. No entanto, a maioria dos geólogos parece concordar
que termos-unidade como “grupo”, “formação” ou “membro” tem a conotação de
estratificação e posicionamento dentro de uma sequência estratigráfica, de forma que é
mais apropriado utilizar, para essas unidades não acamadadas, termos litológicos de
campo e simples, tais como “granito”, “gnaisse” ou “xisto”.
Também é apropriado o uso dos termos “complexo”, “melange” e “ofiolito”. Por
outro lado, o uso do termo “suite” parece não-aconselhável. O termo tem sido usado
comumente para associações de corpos de rochas ígneas intrusivas co-magmáticas e
que tenham litologias similares ou relacionadas e também associação íntima no tempo,
espaço e origem.
O uso de adjetivos qualificadores como “plutônica”, “ígnea” ou “vulcânica” deve ser
preferencialmente minimizado na nomenclatura formal de unidades litoestratigráficas,
mas pode ser feito para ajudar a esclarecer a natureza de uma unidade; p. ex.:
“complexo ígneo”, “complexo vulcânico”.
Deve ser evitado o uso de adjetivos na condição de nomes, tais como “vulcânica”
ou “metamórfica”, apesar do fato de terem sido utilizados amplamente até hoje.
Os nomes litoestratigráficos de corpos de rochas ígneas e metamórficas não
devem incluir termos que expressam forma ou estrutura, tais como “dique”, “sill”,
“pluton” e “neck”, ou o termo mais genérico “intrusão”. Estes termos não indicam
litologia, não são termos-unidade na hierarquia litoestratigráfica, e não são, portanto,
termos litoestratigráficos.
G. Revisão de unidades litoestratigráficas. Ver seções 3.B.5, 5.F.2 e 5.F.3.
23
Capítulo 6. Unidades delimitadas por discordâncias
A. Natureza das unidades delimitadas por discordâncias
As unidades delimitadas por discordâncias são corpos de rochas limitados tanto
no topo quanto na base por discordâncias significativas. Elas são compostas por
diversos tipos de rochas diferentes, mas as propriedades litológicas dessas rochas, seu
conteúdo fossilífero, ou o intervalo cronoestratigráfico das rochas de cada lado das
discordâncias delimitadoras só são significativos para o reconhecimento das
discordâncias delimitadoras.
Unidades delimitadas por discordâncias são unidades estratigráficas objetivas e
são identificadas sem relação com a gênese ou interpretação do motivo causador das
discordâncias delimitadoras. A relação entre as unidades delimitadas por discordâncias
e outros tipos de unidades estratigráficas é discutida no Capítulo 10.
B. Definições
1. Unidade delimitada por discordâncias. É uma corpo de rochas limitado na base e
no topo por discordâncias significativas, designadas especificamente, presentes na
sucessão estratigráfica e que tenham preferencialmente extensão regional ou inter-
regional.
Os critérios diagnósticos utilizados para estabelecer e identificar uma unidade
delimitada por discordância são as suas duas discordâncias designadas. Unidades
delimitadas por discordância podem incluir qualquer número de outros tipos de
unidades estratigráficas.
2. Discordância. É uma superfície de erosão entre corpos de rochas e que representa
um hiato ou vazio significativo na sucessão estratigráfica. Alguns tipos de discordâncias
são:
a. Discordância angular. É uma discordância em que os planos de acamadamento
situados acima e abaixo da discordância apresentam um ângulo >0° entre si.
24
b. Disconformidade. É uma discordância em que os planos de acamadamento
situados acima e abaixo da quebra estratigráfica estão essencialmente paralelos.
c. Diastema. É uma curta interrupção na deposição, com pouca ou nenhuma erosão
antes do reinício da sedimentação. Os diastemas não constituem uma base apropriada
para o estabelecimento de unidades delimitadas por discordância.
C. Tipos de unidades delimitadas por discordâncias
O sintema é a unidade básica delimitada por discordância.
D. Hierarquia de unidades delimitadas por discordâncias
E. Procedimentos para o estabelecimento de unidades delimitadas por
discordâncias
A presença ou ausência de descontinuidades delimitadoras é o único critério
diagnóstico para o estabelecimento, definição, reconhecimento e ampliação de
unidades delimitadas por discordâncias. Por isso, a definição dessas unidades deve
enfatizar a discussão da natureza, posição e caracterização das descontinuidades.
As unidades delimitadas por discordâncias devem ser estabelecidas somente
onde e quando atenderem uma necessidade que as demais unidades estratigráficas
não preenchem.
F. Procedimentos para a ampliação das unidades delimitadas por
discordâncias
Uma unidade delimitada por discordâncias deve ser ampliada lateralmente
somente até onde suas duas discordâncias delimitadoras podem ser reconhecidas.
G. Nomeando unidades delimitadas por discordâncias. Ver seção 3.B.3.
H. Revisão de unidades delimitadas por discordâncias. Ver seção 3.B.5.
Capítulo 7. Unidades bioestratigráficas
25
A. Natureza das unidades bioestratigráficas
As unidades bioestratigráficas (biozonas) são corpos de estratos definidos ou
caracterizados com no seu conteúdo fossilífero.
As unidades bioestratigráficas só existem onde tenha sido identificada a feição ou
atributo diagnóstico específico em que a unidade é baseada. Unidades
bioestratigráficas, portanto, são unidades objetivas baseadas na identificação da taxa
fóssil. O seu reconhecimento depende da identificação dos seus atributos definidores ou
caracterizadores. Unidades bioestratigráficas podem ser ampliadas com vistas a incluir
uma fatia maior do registro estratigráfico, tanto verticalmente quanto geograficamente,
sempre forem obtidos dados adicionais. E ainda, elas dependem da prática taxonômica,
e por isso mudanças na sua base taxonômica podem aumentar ou reduzir o corpo de
estratos incluídos em uma unidade bioestratigráfica específica.
Uma unidade bioestratigráfica podem ser baseada em um único taxon, em
combinações de taxa, em feições morfológicas especificadas, ou em variações em
quaisquer das muitas feições relacionadas com o conteúdo e distribuição dos fósseis
nos estratos. O mesmo intervalo de estratos pode ter zonação diferente na dependência
de critérios diagnósticos ou grupo de fósseis escolhido. Assim, podem haver vários tipos
de unidades bioestratigráficas no mesmo intervalo de estratos se houverem vazios
(gaps) ou superposições de sua variação vertical e horizontal.
Unidades bioestratigráficas são diferentes de outros tipos de unidades
estratigráficas porque os organismos, cujos restos fossilizados são responsáveis pelo
seu estabelecimento, mostram mudanças evolutionárias através do tempo geológico
que não são repetidos no registro estratigráfico. Isso torna a assembléia fossilífera de
uma certa idade diferente de qualquer outra.
A relação entre unidades bioestratigráficas e outros tipos de unidades
estratigráficas será discutida no Capítulo 10.
B. Os fósseis
1. Valor dos fósseis. Fósseis já foram organismos vivos e são portanto indicadores
sensíveis do passado, como ambientes, estilos de sedimentação e suas distribuições.
Além disso, devido à irreversibilidade da evolução, os fósseis são particularmente úteis
para elucidar os tempos relativos de origem dos estratos sedimentares.
26
2. Assembléias de fósseis. Quatro tipos de intervalos são encontrados em rochas
sedimentares: estratos sem fósseis; estratos contendo organismos que viveram e foram
soterrados na mesma área (biocoenose); estratos contendo organismos que viveram
em alguma outra área e foram trazidos para a área após a morte (tanatocoenose); e
estratos que contem organismos transportados em vida para fora de seu ambiente
normal.
Esses podem ser misturados ou interacamadados em qualquer proporção. Todas
as categorias de estratos fossilíferos podem servir de base para a zonação
bioestratigráfica. Os intervalos sem fósseis identificáveis ou completamente sem fósseis
não estão incluídos na classificação bioestratigráfica.
3. Fósseis retrabalhados. São os fósseis de rochas de uma certa idade que foram
erodidos, transportados e redepositados em sedimentos de uma idade mais jovem.
Devido à diferença em seu significado com relação à idade e ambiente, êles devem ser
tratados àparte daqueles considerados indígenas.
4. Fósseis introduzidos ou infiltrados. São os fósseis introduzidos em rochas mais
velhas ou mais jovens por fluidos, através de tocas de animais ou cavidades de raízes,
ou ainda por diques ou diápiros sedimentares. Êles devem ser distinguidos de fósseis
indígenas na zonação bioestratigráfica.
5. Efeitos da condensação estratigráfica. Taxas extremamente baixas de
sedimentação podem resultar na mistura ou associação íntima de fósseis de idades e
ambientes diferentes em um intervalo estratigráfico muito fino, até mesmo em uma
única camada.
C. Definições
1. Bioestratigrafia. É o elemento da estratigrafia que aborda a distribuição dos fósseis
no registro geológico e a organização dos estratos em unidades com base nos fósseis
contidos.
27
2. Classificação bioestratigráfica. É a subdivisão e organização sistemática da seção
estratigráfica em unidades nomeadas com base em seu conteúdo fossilífero.
3. Zona bioestratigráfica (Biozona). Um termo geral para qualquer tipo de unidade
bioestratigráfica independentemente de espessura ou extensão geográfica. Ver seção
3.A.7. Após utilizar um termo formal, tal como Biozona de distribuição da taxa
Globigerina brevis, pode ser utilizada uma versão simplificada da nomenclatura formal,
p. ex.: Zona Globigerina brevis. Biozonas variam muito em espessura, extensão
geográfica e amplitude de tempo representado.
4. Horizonte bioestratigráfico (Bio-horizonte). É um limite, superfície ou interface
estratigráfico, através do qual ocorre uma mudança significativa no caráter
bioestratigráfico. Um bio-horizonte não tem espessura e não deveria ser utilizado para
descrever unidades estratigráficas muito finas e que sejam especialmente distintas.
5. Sub-biozona (Subzona). É uma subdivisão da biozona.
6. Super-biozona (Superzona). É o agrupamento de duas ou mais biozonas com
atributos bioestratigráficos relacionados.
7. Zônula. É desencorajado o uso deste termo. Êle recebeu significados diferentes e é
agora usado em geral como uma divisão de uma biozna ou sub-biozona.
8. Intervalos inférteis. São intervalos estratigráficos sem fósseis que sejam comuns
na seção estratigráfica.
D. Tipos de unidades bioestratigráficas
1. Geral. Cinco tipos de biozonas são usados comumente: zonas de abrangência,
zonas de intervalo, zonas de assembléia, zonas de abundância e zonas de
descendência. Êsses tipos de biozonas não tem significado hierárquico, e não são
baseados em critérios mutuamente exclusivos. Um único intervalo estratigráfico pode,
portanto, ser dividido independentemente em zonas de abrangência, zonas de intervalo,
etc., dependendo das feições bioestratigráficas escolhidas.
28
2. Zona de abrangência. É o corpo de estratos que representa a abrangência
estratigráfica e geográfica conhecida de um taxos específico ou uma combinação de
dois taxa de qualquer hierarquia.
Há dois tipos principais de zonas de abrangência: zonas de abrangência-taxon e
zonas de abrangência-convergente.
a. Zona de abrangência-taxon (ver Figura 1).
i. Definição. É o corpo de estratos que representam a abrangência conhecida de
ocorrência estratigráfica e geográfica de espécimens de um taxon específico. É a soma
das ocorrências documentadas em todas as seções e localidades individuais onde o
taxon específico foi identificado.
ii. Limites. Os limites de uma zona de abrangência de taxon são bio-horizontes, que
marcam os limites externos de ocorrência conhecida, em cada seção local, dos
espécimes cuja abrangência está representada pela zona. Os limites de uma zona de
abrangência de taxon em uma seção específica são os horizontes inferior e superior de
ocorrência estratigráfica do taxon especificado naquela seção.
iii. Nome. A zona de abrangência de taxon é nomeada a partir do taxon que
expressa essa abrangência.
b. Zona de abrangência convergente (ver Figura 2).
29
i. Definição. Um corpo de estratos que inclui as partes superpostas das zonas de
abrangência de dois taxa especificados.
Êste tipo de zona pode incluir taxa adicionais, além daqueles especificados como
elementos caracterizadores da zona, mas só são utilizados os dois taxa que definem os
limites da zona.
ii. Limites. Os limites de uma zona de abrangência convergente são definidos em
uma determinada seção estratigráfica através da ocorrência estratigráfica inferior dos
dois taxa definidores de hierarquia mais alta, e pela ocorrência estratigráfica superior
dos dois taxa definidores de hierarquia mais baixa.
iii. Nome. Uma zona de abrangência convergente é nomeada a partir da duas taxa
que definem e caracterizam a biozona através da sua convergência.
3. Zona de intervalo (ver Figuras 3 e 4).
a. Definição. É o corpo de estratos fossilíferos entre dois bio-horizontes específicos. Tal
zona não é necessariamente uma zona de abrangência de um taxon ou convergência
de taxon; ela é definida e identificada somente com base nos seus bio-horizontes
delimitadores (Figura 3).
30
Na investigação estratigráfica de subsuperfície, a seção é penetrada de cima para
baixo e a identificação paleontológica é feita geralmente a partir de fragmentos de
testemunhos, muitas vezes contaminados pela re-circulação de sedimentos perfurados
anteriormente e material arrancado das paredes do furo de sondagem. Por isso, são
particularmente úteis as zonas de intervalo definidas como as seções estratigráficas
compreendidas entre a ocorrência mais alta conhecida (primeira ocorrência de cima
para baixo) de dois taxa específicos (Figura 4).
Êste tipo de zona de intervalo tem sido chamada de “zona de última ocorrência),
mas deveria ser chamada preferencialmente “zona de ocorrência mais alta”. Também
são úteis as zonas de intervalo definidas como a seção estratigráfica compreendida
entre a ocorrência inferior de dois taxa específicos (“zona de ocorrência inferior”),
preferencialmente em trabalhos de subsuperfície.
31
b. Limites. Os limites de uma zona de intervalo são definidos pela ocorrência de bio-
horizontes selecionados para sua definição.
c. Nome. Os nomes dados a zonas de intervalo podem ser derivados dos nomes de
horizontes-limite, sendo que o nome do limite basal precede o nome do limite superior;
p. ex.: Zona de Intervalo Globigerinoides sicanus-Orbulina suturalis.
Na definição de uma zona de intervalo, é desejável especificar os critérios para a
seleção dos bio-horizontes delimitadores; p. ex.: ocorrência inferior, ocorrência superior,
etc.
Um método alternativo de nomear utiliza um único nome de taxon para o nome da
zona. O taxon deve ser um componente usual da zona, apesar que não precisa estar
confinado à zona.
4. Zona de descendência (ver Figura 5).
As zonas de descendência são discutidas como uma categoria separada porque
elas exigem para sua definição e reconhecimento não somente a identificação de taxa
específicos mas a garantia de que os taxa escolhidos para sua definição representam
segmentos sucessivos de uma linha evolucionária.
a. Definição. O corpo de estratos que contém espécimens representativos de um
segmento específico de uma linha evolutiva.
32
O corpo de estratos pode representar a plena abrangência de um taxon no âmbito
de uma descendência (Figura 5A) ou somente aquela parte da abrangência do taxon
situada abaixo do surgimento de um taxon descendente (Figura 5B). os limites das
zonas de descendência se aproximam dos limites de unidades cronoestratigráficas. No
entanto, uma zona de descendência difere de uma unidade cronoestratigráfica por ser
restrita, em comum com todas as unidades bioestratigráficas, à distribuição espacial
efetiva dos fósseis.
As zonas de descendência são a forma mais confiável de correlação de tempo
relativo através do método bioestratigráfico.
b. Limites. Os limites de uma zona de descendência são determinados pelos bio-
horizontes que representam a ocorrência inferior dos sucessivos elementos da linhagem
evolucionária sob exame.
c. Nome. Uma zona de descendência é nomeada com base no taxon presente na
descendência e que represente a abrangência parcial ou total da zona.
5. Zona de assembléia (ver Figura 6).
a. Definição. É um corpo de estratos caracterizados por uma assembléia de 3 ou mais
taxa de fósseis que, em conjunto, distingue o corpo dos estratos adjacentes em seu
caráter bioestratigráfico.
33
b. Limites. Os limites de uma zona de assembléia são delineados em bio-horizontes
que marcam os limites de ocorrência da assembléia específica que é característica da
unidade. Nem todos os membros da assembléia precisam ocorrer para a seção ser
designada para uma zona de assembléia, e a abrangência total de qualquer dos seus
constituintes pode-se extender além dos limites da zona.
c. Nome. O nome de uma zona de assembléia é derivado do nome de um dos
constituintes proeminentes e diagnósticos da assembléia fossilífera.
6. Zona de abundância (ver Figura 7).
a. Definição. É o corpo de estratos em que a abundância de um taxon específico ou
grupo específico de taxa é significativamente maior do que é comum em partes
adjacentes da seção. A abundância incomum de um taxon ou taxa no registro
estratigráfico pode resultar de um certo número de processos de extensão local, mas
pode ser repetido em vários lugares em tempos diferentes. Por esta razão, a única
forma segura de identificar uma zona de abundância é traçar a mesma lateralmente.
b. Limites. Os limites de uma zona de abundância são definidos pelos bio-horizontes
em que há modificações notáveis na abundância do taxon específico ou taxa que
caracterizam a zona.
c. Nome. A zona de abundância toma seu nome do taxon ou taxa cuja abundância
significativamente maior a zona representa.
E. Hierarquia de unidades bioestratigráficas.
34
Os diferentes tipos de unidades bioestratigráficas descritos acima não
representam diferentes escalões da hierarquia estratigráfica, exceto no caso de
subzonas e superzonas, em que o prefixo indica a posição na hierarquia.
Com relação às zonas de abrangência de taxon, não há necessidade de
hierarquizar os termos de biozona, porque o sistema hierárquico da taxonomia biológica
também se estende para estas unidades bioestratigráficas, no sentido de que a zona de
abrangência de uma espécie é subsidiária à zona de abrangência do gênero à qual ela
pertence, e assim por diante.
F. Procedimentos para o estabelecimento de unidades bioestratigráficas.
É recomendado que a definição ou caracterização de uma unidade
bioestratigráfica inclua a designação de uma ou mais seções de referência específicas,
que mostram o contexto estratigráfico do texon ou taxa diagnóstico da unidade.
G. Procedimentos para a ampliação de unidades bioestratigráficas –
Correlação bioestratigráfica
Unidades bioestratigráficas são ampliadas para fora das áreas em que foram
definidas or das seções de referência através da correlação bioestratigráfica, que é o
estabelecimento de correspondência em caráter bioestratigráfico e posição entre
seções ou exposições separados geograficamente com base no seu conteúdo
fossilífero. A correlação bioestratigráfica não é necessariamente correlata em tempo.
Ela pode aproximar-se de correlação de tempo, ou pode ser a identificação dos
mesmos biofacies, que pode ser diácronos.
H. Nomeando unidades bioestratigráficas
O nome formal de uma unidade bioestratigráfica deve ser formado dos nomes de
um, e não mais de dois, fósseis apropriados, combinados com um termo apropriado
para o tipo de unidade em questão. A função de um nome é fornecer um designação
única para a biozona. Assim, qualquer taxon na assembléia característica de uma
biozona pode servir como nome-base, contanto que ainda não tenha sido utilizado.
A publicação de nomes de fósseis utilizados em unidades estratigráficas deve
seguir as regras do International Code of Zoological Nomenclature ou o International
Code of Botanical Nomenclature. A letra inicial do termo-unidade (Biozona, Zona, Zona
de Assembléia), e também dos nomes genéricos, deve ser maiúscula; a letra inicial dos
35
epítetos específicos devem ser minúsculos; os nomes taxonômicos de gêneros e
espécies devem ser em itálico, p. ex.: Zona de Abrangência Exus albus.
O nome do taxon escolhido para designar uma biozona deve incluir o nome
completo do taxon. Assim, Exus albus está correto. Após a primeira menção, o nome
pode ser abreviado de forma consistente e com clareza.
A codificação de zonas bioestratigráficas com letras ou números ou uma
combinação de ambos está-se tornando prática comum. Tal codificação pode ser
extremamente útil, sempre que usado de forma consistente e criteriosa. A codificação é
curta, indica em geral a sequência e posição relativa da zona, e facilita a comunicação
entre bioestratígrafos, geólogos e outros profissionais. No entanto, após a publicação da
zonação, a codificação não se presta a inserções, combinações, eliminações, ou outras
modificações. E pode também ser fonte de confusão se mais de uma zonação de uma
sequência específica de estratos emprega as mesmas designações de forma diferente.
A designação codificada de unidades bioestratigráficas deve ser considerada uma
nomenclatura informal.
I. Revisão de unidades bioestratigráficas
A revisão de unidades bioestratigráficas honra a prioridade, com vistas à
estabilidade e precisão na comunicação. No entanto, a primeira zonação
bioestratigráfica descrita não é necessariamente a mais útil. A revisão ou nova
biozonação deve ser definida e/ou caracterizada com clareza, ser mais aplicável mais
amplamente, oferecer maior precisão e ser identificada com mais facilidade.
Modificações na nomenclatura de unidades bioestratigráficas devem estar
conformes com modificações nos nomes de taxa, conforme exigido pelos Códigos
Internacionais de Nomenclatura Zoológica e Botânica. As unidades bioestratigráficas
nomeadas mudarão automaticamente sua qualificação (scope) quando houverem
mudanças na qualificação (scope) das taxa que definem ou caracterizam essas
unidades.
O nome de um fóssil que seja utilizado para uma biozona, não está disponível
para ser usado em outro sentido diferente de zona por um autor subsequente. Se fôr
desejável continuar o uso de um termo taxonômico que não é mais válido, o termo deve
ser colocado entre aspas; p. ex.: Zona “Rotalia” beccari.
36
Capítulo 8. Unidades de polaridade magnetoestratigráfica
A. Natureza de unidades de polaridade magnetoestratigráfica
Sempre que propriedades magnéticas mensuráveis de rochas variam
estratigraficamente, elas podem servir de base para tipos diferentes mas relacionados
de unidades estratigráficas, conhecidas coletivamente como “unidades
magnetoestratigráficas” (“magneto-zonas”).
A propriedade magnética mais útil em trabalho estratigráfico é a mudança na
direção da magnetização remanescente das rochas, causada pela reversão da
polaridade do campo magnético da Terra. Tais reversões da polaridade ocorreram
muitas vezes durante a história geológica. Elas estão registradas nas rochas porque as
rochas tornam-se magnetizadas na direção do campo magnético da Terra quando de
sua formação. A direção da polaridade magnética remanescente registrada na
sequência estratigráfica pode ser utilizada como base para a subdivisão da sequência
em unidades caracterizadas por sua polaridade magnética. Tais unidades são
chamadas de “unidades de polaridade magnetoestratigráfica”. Uma unidade de
polaridade magnetoestratigráfica só está presente onde esta propriedade pode ser
identificada nas rochas.
A direção positiva de magnetização de uma rocha é, por definição, a sua
“magnetização virada para o norte” (ela aponta para o presente Polo Norte magnético
da Terra), e diz-se que a rocha tem “magnetização normal” ou “polaridade normal”. Por
outro lado, quando aponta para o Polo Sul magnético atual, diz-se que a rocha tem
“magnetização reversa” ou “polaridade reversa”. As unidades de polaridade
magnetoestratigráfica são, portanto, normais ou reversas.
Um problema está relacionado com interpretação atual de que o polo norte
paleomagnético cruzou o equador geográfico no Paleozóico, de forma que não fica
claro para algumas rochas do Paleozóico inferior e mais velhas qual era a direção do
Polo Norte e qual a do Polo Sul. Nesses casos, a polaridade tem que ser definida com
relação à trajetória aparente de deslocamente do polo (APWP) para a placa crustal em
que a rocha se encontra. Se a direção de magnetização de uma unidade de rochas
indica um polo paleomagnético que plota no APWP com término no Polo Norte atual, a
unidade de rochas tem polaridade normal; se a magnetização está dirigida 180 graus
dessa direção, ela tem polaridade reversa.
37
Unidades de polaridade magnetoestratigráfica tem sido estabelecidas de duas
maneiras:
1. Combinando a determinação da orientação da magnetização remanescente das
rochas sedimentares ou vulcânicas de afloramentos ou testemunhos de sondagem com
sua idade determinada por métodos isotópicos ou bioestratigráficos;
2. Através do uso de um perfis obtidos com magnetômetro embarcado em navio durante
levantamentos oceânicos, com vistas a identificar e correlacionar anomalias magnéticas
lineares que são interpretadas como resultado de reversões do campo magnético da
Terra, conforme registrado na lava do assoalho oceânico durante os processos de
expansão do assoalho oceânico. Já foi verificado que os dois tipos de investigação são
correlacionáveis e registram o mesmo processo causador.
O primeiro tipo pode ser estabelecido através de procedimentos estratigráficos
normais. As unidades do segundo tipo, atualmente identificadas por “números de
anomalias”, são deduzidas a partir de um registro, obtido de forma remota, das
variações integradas do campo magnético a partir de rochas ocultas no fundo ou sob o
fundo do mar. As anomalias magnéticas marinhas não são, portanto, unidades
estratigráficas convencionais. No entanto, elas são unidades úteis na reconstrução de
movimentos das placas continentais e na interpretação da história geológica das bacias
oceânicas.
A relação entre unidades de polaridade magnetoestratigráfica e outros tipos de
unidades estratigráficas será discutida no Capítulo 10.
B. Definições
1. Magnetoestratigrafia. É o elemento da estratigrafia relacionado com as
características magnéticas de corpos rochosos.
2. Classificação magnetoestratigráfica. É a organização de corpos rochosos em
unidades, com base nas diferenças de caráter magnético.
3. Unidade magnetoestratigráfica (magnetozona). É um corpo de rochas unificado
por características magnéticas similares, que permitem diferenciá-lo de corpos rochosos
adjacentes.
38
4. Classificação da polaridade magnetoestratigráfica. É a organização de corpos
rochosos em unidades, com base em mudanças na polaridade de sua magnetização
remanescente, relacionada com reversões na polaridade do campo magnético da Terra.
5. Unidade de polaridade magnetoestratigráfica. É um corpo de rochas caracterizado
por sua polaridade magnética, que permite diferenciá-lo de corpos rochosos adjacentes.
6. Horizontes de reversão de polaridade magnetoestratigráfica e zonas de
transição de polaridade magnetoestratigráfica. Horizontes de reversão de polaridade
magnetoestratigráfica são superfícies or intervalos de transição estreitos, através dos
quais a polaridade magnética sofre a reversão. Deve-se usar o termo “zona de transição
de polaridade magnetoestratigráfica” sempre que a mudança de polaridade ocorre
através de um intervalo considerável de estratos da ordem de 1 m de espessura.
Horizontes de reversão de polaridade magnetoestratigráfica e zonas de transição de
polaridade magnetoestratigráfica fornecem os limites para as unidades de polaridade
magnetoestratigráfica.
C. Tipos de unidades de polaridade magnetoestratigráfica
A unidade formal básica da classificação da polaridade magnetoestratigráfica é a
zona de polaridade magnetoestratigráfica, ou simplesmente zona de polaridade. Zonas
de polaridade podem ser subdivididas em subzonas de polaridade e agrupadas em
superzonas de polaridade.
As zonas de polaridade magnetoestragráfica podem consistir de corpos de
estratos unificados por:
1. uma única polaridade de magnetização;
2. uma alternância intrincada de polaridade de magnetização normal e reversa;
3. polaridade dominante normal ou reversa, mas com intervalos pequenos de
polaridade oposta.
D. Procedimentos para o estabelecimento de unidades de polaridade
magnetoestratigráfica. Ver seção 3.B.
39
Padrões de referência e estratotipos para unidades de polaridade exigem
tratamento especial. O padrão de referência para a definição e reconhecimento de uma
unidade de polaridade magnetoestratigráfica para unidades baseadas em terra é um
estratotipo designado em um sequência contínua de estratos, que mostra sua estrutura
de polaridade na unidade como um todo e que define claramente seus limites
superiores e inferiores através de estratotipos delimitadores. Estes são marcados com
marcadores permanentes e artificiais para facilitar o re-estudo.
O padrão de referência para unidades baseadas no mar é o perfil designado ao
longo de um perfil designado com todas as condições instrumentais e de de
direcionamento especificados. Esta estrutura de reversão de polaridade do assoalho
oceânico deve ser datada por extrapolação e interpolação a partir de informações
isotópicas e paleontológicas.
E. Procedimentos para a ampliação de unidades de polaridade
magnetoestratigráfica
Uma unidade de polaridade magnetoestratigráfica e seus limites podem ser
ampliados a partir de seu local-tipo ou estratotipo somente até onde as propriedades
magnéticas e posição estratigráfica da unidade podem ser identificadas.
F. Nomeando unidades de polaridade magnetoestratigráfica. Ver seção
3.B.3.
O nome formal de uma unidade de polaridade magnetoestratigráfica é formado a
partir do nome de uma feição geográfica apropriada, combinada com um termo que
indica sua hierarquia e direção de polaridade; p. ex.: Zona de Polaridade Normal
Jaramillo.
Os nomes atualmente bem-estabelecidos são derivados de nomes de destacados
pesquisadores da ciência de geomagnetismo (por exemplo, Brunhes, Gauss,
Matuyama) e não devem ser substituídos. Unidades designadas por números ou letras
podem ser usadas informalmente, mas isso não é recomendado como prática geral. No
entanto, as clássicas anomalias magnéticas lineares do assoalho oceânico são
exceções, devido à sua importância histórica e predomínio na literatura.
O intervalo de tempo representado por uma unidade de polaridade
magnetoestratigráfica é designada de crono (supercrono ou subcrono, caso
40
necessário). Cronozona é o termo usado para referir às rochas formadas em qualquer
lugar durante um específico crono de polaridade magnetoestratigráfico (Tabela 2).
Tabela 2. Terminologia recomendada para unidades de polaridade
magnetoestratigráfica
Unidades de polaridade magnetoestratigráfica
Equivalente cronoestratigráfico
Equivalente geocronológico
Super-zona de polaridade Cronozona (ou Super-cronozona)
Crono (ou Supercrono)
Zona de polaridade Cronozona Crono Sub-zona de polaridade Cronozona (ou Sub-
cronozona) Crono (ou Subcrono)
G. Revisão das unidades de polaridade magnetoestratigráfica. Ver Seção
3.B.5.
Capítulo 9. Unidades cronoestratigráficas
A. Natureza das unidades cronoestratigráficas
Unidades cronoestratigráficas são corpos de rochas, estratificados ou não, que
foram formados durante um intervalo específico de tempo geológico. As unidades de
tempo geológico em que as unidades cronoestratigráficas foram formadas são
designadas de unidades geocronológicas. A relação entre unidades cronoestratigráficas
e outros tipos de unidades estratigráficas é discutida no Capítulo 10.
B. Definições
1. Cronoestratigrafia. É o elemento da estratigrafia que aborda as relações de tempo
relativo e as idades de corpos rochosos.
2. Classificação cronoestratigráfica. É a organização das rochas em unidades
baseadas na sua idade ou tempo de formação. O objetivo da classificação
cronoestratigráfica é a organização sistemática das rochas constituintes da crosta da
Terra em unidades nomeadas (unidades cronoestratigráficas) e que correspondem a
41
intervalos de tempo geológico (unidades geocronológicas), para servir de base para
correlação de tempo e para um sistema de referência para o registro de eventos da
história geológica.
3. Unidade cronoestratigráfica. É um corpo rochoso que inclui todas as rochas
formadas durante um intervalo específico de tempo geológico, and somente aquelas
rochas formadas durante êsse intervalo de tempo. Unidades cronoestratigráficas são
delimitadas por horizontes sincrônicos. O escalão e magnitude relativa das unidades na
hierarquia cronoestratigráfica são uma função da extensão do intervalo de tempo que as
rochas englobam, e não sua espessura física.
4. Horizonte cronoestratigráfico (Cronohorizonte). É uma superfície ou interface
estratigráfica que é sincrônica, tendo a mesma idade em todos os lugares.
C. Tipos de unidades cronoestratigráficas
1. Hierarquia de termos unitários cronoestratigráficos e geocronológicos formais.
O Guia recomenda os seguintes termos cronoestratigráficos formais e equivalentes
geocronológicos para expressar unidades de diferentes escalões ou amplitude de
tempo (Tabela 3). A posição dentro de uma unidade cronoestratigráfica é expressada
por adjetivos indicadores de posição, tais como: basal, médio, superior, etc.; a posição
dentro de uma unidade geocronológica é expressa por adjetivos temporais, tais como:
inicial, médio, tardio, etc.
Tabela 3. Hierarquia convencional de termos cronoestratigráficos e geocronológicos formais
Cronoestratigráfico Geocronológico
Eonotema
Eratema
Sistema*
Série*
Estágio†
Sub-estágio
Eon
Era
Período*
Época*
Idade
Sub-idade ou idade
*Se houver necessidade de escalões adicionais, podem-se usar os prefixos sub- e super- com
êsses termos.
†Vários estágios adjacentes podem ser agrupados em um superestágio (ver Seção 9.C.3).
42
2. Estágio (e Idade). O estágio tem sido considerado a unidade básica de trabalho da
cronoestratigrafia, porque êle preenche em abrangência e escalão as necessidades e
objetivos práticos da classificação cronoestratigráfica intra-regional.
a. Definição. O estágio inclui todas as rochas formadas durante uma idade. Um
estágio é normalmente a unidade de escalão mais baixo na hierarquia estratigráfica e
que pode ser identificado em escala global. O estágio é uma subdivisão de uma série.
b. Limites e estratotipos. Um estágio é definido pelos seus estratotipos
delimitadores, seções que contêm um ponto especificado na sequência estratigráfica
que tenha tido deposição essencialmente contínua, de preferência marinha, e escolhida
pelo seu potencial de correlação.
A seleção dos limites dos estágios da Escala Cronoestratigráfica Global Padrão
deve ser especialmente cuidadosa, pois tais limites servem para definir não somente os
estágios mas também unidades cronoestratigráficas de escalão mais alto, tais como
séries e sistemas.
c. Abrangência de tempo. Os estratotipos delimitadores da base e topo de um
estágio representam momentos específicos do tempo geológico, e o intervalo de tempo
entre êles é a abrangência de tempo do estágio. Estágios atualmente reconhecidos
variam em abrangência de tempo, mas a maioria varia de 2 a 10 milhões de anos. A
espessura dos estratos em um estágio e sua duração no tempo são variáveis
independentes de magnitudes amplamente variáveis.
d. Nome. O nome de um estágio deve ser derivado de uma feição geográfica na
vizinhança do seu estratotip ou área-tipo. Em inglês, a forma adjetivada do termo
geográfico é usada com terminação em “ian” ou “an”. A idade leva o mesmo nome do
estágio correspondente.
3. Sub-estágio e Super-estágio
Um sub-estágio é uma subdivisão de um estágio, cujo termo geocronológico
equivalente é sub-idade. Estágios adjacentes podem ser agrupados em super-estágio.
Os nomes de sub-estágios e super-estágios seguem as mesmas regras dos estágios.
4. Série (e Época)
a. Definição. Uma série é uma unidade cronoestratigráfica de escalão superior a um
estágio e inferior a um sistema. O equivalente geocronológico de uma série é uma
época. Os termos super-série e sub-série tem sido empregados com pouca frequência.
43
b. Limites e estratotipos delimitadores. As séries são definidas por estratotipos
delimitadores (ver seção 9.H).
c. Abrangência de tempo. Ver seção 9.D.
d. Nome. Um novo nome de série deve ser derivado de uma feição geográfica na
vizinhança do seu estratotipo ou área-tipo. Os nomes da maioria das séries atualmente
reconhecidas, no entanto, são derivados de sua posição dentro de um sistema: inferior,
médio, superior. Os nomes de origem geográfica devem finalizar preferencialmente (em
inglês) em “ian” ou “an”. A época correspondente a uma série leva o mesmo nome da
série, exceto que os termos “inferior” e “superior”, aplicados a uma série, são
modificados para “inicial” e “tardio” quando se referem a uma época.
e. Uso incorreto de “série”. Deve ser interrompido o uso do termo “série” para uma
unidade litoestratigráfica aproximadamente equivalente a um grupo.
5. Sistema (e Período)
a. Definição. Um sistema é uma unidade de alto escalão na hierarquia
cronoestratigráfica convencional, situada acima de uma série e abaixo de um eratema.
O equivalente geocronológico de um sistema é um período. Ocasionalmente, tem sido
uados os termos sub-sistema e super-sistema.
b. Limites e estratotipos delimitadores. Os limites de um sistema são definidos por
estratotipos delimitadores (ver seção 9.H).
c. Abrangência de tempo. A abrangência de tempo dos sistemas fanerozóicos
atualmente aceitos varia de 30 a 80 milhões de anos, exceto para o Sistema
Quaternário, que tem uma abrangência de tempo de apenas cerca de 1,64 milhões de
anos.
d. Nome. Os nomes de sistemas atualmente reconhecidos são de origem
diversificada, devido à herança de classificações antigas: alguns indicam a posição
cronológica (Terciário, Quaternário), outros tem conotação litológica (Carbonífero,
Cretáceo), outros são tribais (Ordoviciano, Siluriano), e alguns são geográficos
(Devoniano, Permiano). Êles também tem uma diversidade de terminações (em inglês),
tais como: “an”, “ic” e “ous”. Não há necessidade de padronizar a derivação ou
ortografia dos nomes bem-estabelecidos de sistemas. O período leva o mesmo nome
do sistema ao qual êle corresponde.
44
6. Eratema (e Era). Um eratema consiste de um grupo de sistemas. O equivalente
geocronológico é um éon. São reconhecidos amplamente três eonotemas, que são, do
mais velho ao mais jovem: eonotemas Arqueano, Proterozóico e Fanerozóico. A
combinação dos dois primeiros é referido geralmente como Precambriano. Os éons
levam o mesmo nome de seus correspondentes eonotemas.
8. Unidades cronoestratigráficas formais não-hierárquicas – a Cronozona.
a. Definição. Um cronozona é uma unidade cronoestratigráfica formal de escalão
não-especificado, e não faz parte da hierarquia de uma unidade cronoestratigráfica
conventional. A cronozona é o corpo de rochas formado em qualquer época durante a
abrangência de tempo de alguma unidade estratigráfica ou feição geológica designada.
A unidade geocronológica correspodente é o crono.
b. Abrangência de tempo. A abrangência de tempo de uma cronozona é a
abrangência de tempo de uma unidade ou intervalo estratigráfico previamente
designado, tais como uma unidade litoestratigráfica, bioestratigráfica ou de polaridade
magnetoestratigráfica. A unidade estratigráfica que serve de base para a cronozona só
tem distribuição até onde suas propriedades diagnósticas podem ser reconhecidas, ao
passo que a cronozona correspondente inclui todas as rochas formadas em qualquer
lugar durante a abrangência de tempo representada pela unidade designada. Por
exemplo, uma cronozona formal, que é baseada na abrangência de tempo de uma
biozona, inclui todos os estratos equivalentes em idade à abrangência de tempo total
daquela biozona, e isso independente da presença ou ausência de fósseis diagnósticos
da biozona (Figura 8).
Cronozonas podem variar amplamente em abrangência de tempo. A designação
dos limites de uma cronozona e da sua abrangência de tempo pode ser feita de várias
maneiras, na dependência da natureza da unidade estratigráfica em que a cronozona
45
está baseada. Se a unidade tem um estratotipo designado, então os limites e a
abrangência de tempo da cronozona podem ser correspondentes tanto àquelas das
unidades em seu estratotipo quanto à abrangência de tempo total da unidade, que pode
ser mais longa que no estratotipo.
Neste segundo caso, os limites e abrangência de tempo da cronozona podem
variar com o aumento da informação relativa à abrangência de tempo da unidade. Se a
unidade, em que a cronozona está baseada, é do tipo que não pode ter um estratotipo
designado adequadamente, tal como uma unidade bioestratigráfica, então sua
abrangência de tempo não pode ser definida, pois a abrangência de tempo da unidade
de referência pode mudar com o aumento da informação disponível (ver seção 7.A).
c. Extensão geográfica. A extensão geográfica de uma cronozona é, em teoria, de
escala mundial, mas a sua aplicabilidade é restrita à área em que sua abrangência de
tempo pode ser identificada e que é geralmente de menor escala.
d. Nome. Uma cronozona leva o nome da unidade estratigráfica em que é baseada; p.
ex.: Cronozona Exus albus, baseada na Abrangência de Zona Exus albus.
D. A Escala cronoestratigráfica (geocronológica) global padrão
1. Conceito. Um objetivo principal da classificação cronoestratigráfica é o
estabelecimento de uma hierarquia de unidades cronoestratigráficas de alcance
mundial, que irão servir de escala de referência padrão para a datação de todas as
rochas em todos os lugares e para correlacionar todas as rochas em todos os lugares
com a história geológica mundial (Ver seção 9.B.2). Todas as unidades da hierarquia
cronoestratigráfica padrão são teoricamente de extensão mundial, e também suas
abrangências de tempo correspondentes.
2. Situação atual. A Tabela 4 mostra a Escala Cronoestratigráfica (Geocronológica)
Global Padrão de uso corrente. As idades numéricas extraídas de escalas de tempo
geológico publicadas estão acrescentadas à tabela. Só são mostradas as unidades
principais para as quais há acordo geral.
46
E. Escalas cronoestratigráficas regionais
As unidades da Escala Cronoestratigráfica (Geocronológica) Global Padrão só são
válidas quando embasadas em estratigrafia local e regional detalhada. Em
consequência, o caminho para o reconhecimento de unidades globais uniformes é
através de escalas estratigráficas locais ou regionais. Além disso, as unidades regionais
serão provavelmente sempre necessárias, tanto se puderem ser correlacionadas ou não
47
com as unidades de globais padrão. É melhor referenciar os estratos a unidades locais
ou regionais com exatidão e precisão do que distender além dos limites correntes de
correlação de tempo na tentativa de inserir êsses estratos na escala global. Unidades
cronoestratigráficas locais ou regionais são governadas pelas mesmas regras
estabelecidas para as unidades da Escala Cronoestratigráfica Global Padrão.
F. Subdivisão do Precambriano
O Precambriano tem sido subdivido em unidades geocronométricas arbitrárias,
mas não foi subdividido em unidades cronoestratigráficas reconhecidas em escala
global. Há propostas de subdivisão cronoestratigráfica do Precambriano que podem
eventualmente ser obtidas através de datação isotópica e através de outros meios de
correlação de tempo. No entanto, os princípios básicos a serem utilizados na subdivisão
do Precambriano em unidas cronoestratigráficas principais devem ser os mesmos
utilizados para rochas fanerozóicas, mesmo que se coloque ênfase diferenciada nos
vários meios de correlação de tempo, predominantemente datação isotópica.
H. Procedimentos para o estabelecimento de unidades
cronoestratigráficas. Ver também seção 3.B.
1. Estratotipos delimitadores como padrões. A parte essencial da definição de uma
unidade cronoestratigráfica é a abrangência de tempo durante a qual a unidade foi
formada. O único registro do tempo geológico e dos eventos da história geológica
encontra-se nas próprias rochas, de forma que o melhor padrão para uma unidade
cronoestratigráfica é um corpo de rochas formado entre dois instante designados do
tempo geológico.
Devido a isso, os limites de uma unidade cronoestratigráfica de qualquer escalão
são definidos por dois pontos de referência designados na sequência de rochas. Os
dois pontos estão localizados nos estratotipos delimitadores da unidade
cronoestratigráfica, que não precisam fazer parte da uma única seção. Ambos, no
entanto, devem ser escolhidos em sequências de deposição essencialmente contínua,
pois os pontos de referência para os limites devem representar pontos no tempo tão
específicos quanto possível (ver seção 9.H.3).
48
2. Vantagem na definição de unidades cronoestratigráficas através dos seus
estratotipos delimitadores inferiores. A definição de uma unidade cronoestratigráfica
enfatiza a seleção do estratotipo delimitador de seu limite inferior; seu limite superior é
definido como o limite inferior da unidade superior. Este procedimento evita vazios e
superposições na Escala Cronoestratigráfica Global Padrão. Por exemplo, quando é
demonstrado que o horizonte selecionado está no nível de uma quebra não-detectada
na sequência, então a abrangência de história geológica ausente pertence à unidade
inferior por definição e fica evitada qualquer ambigüidade.
3. Exigências para a seleção de estratotipos delimitadores de unidades
cronoestratigráficas. Unidades cronoestratigráficas constituem a melhor promessa de
identificação, aceitação e uso global e de constituírem, portanto, a base da
comunicação e entendimento internacional, porque são definidas com base no seu
tempo de formação, que é uma propriedade universal. Especialmente importante nesse
aspecto são as unidades da Escala Cronoestratigráfica (Geocronológica) Global
Padrão. O termo “Seção e Ponto Estratotipo Delimitador Global” (GSSP) foi proposto
para os estratotipos delimitadores padrão das unidades desta escala.
Além das exigências gerais para a seleção e descrição dos estratotipos (seção
4.C), os estratotipos delimitadores de unidades cronoestratigráficas devem preencher
as seguintes exigências:
• Os estratotipos delimitadores devem ser selecionados em seções que
representem deposição essencialmente contínua. A pior escolha possível de um
estratotipo delimitador de uma unidade cronoestratigráfica fica situada em uma
discordância.
• Os estratotipos das Unidades Cronoestratigráficas Globais Padrão devem ser
seções marinhas, fossilíferas, sem mudanças verticais significativas em litofacies
ou biofacies. Os estratotipos delimitadores de unidades cronoestratigráficas de
aplicação local talvez tenham que estar localizados em uma seção não-marinha.
• O conteúdo fóssil deve ser abundante, distinto, bem preservado, e representar
uma fauna e/ou flora tão cosmopolita e diversificada quanto possível.
• A seção deve ser bem exposta e estar em uma área em que haja um mínimo de
deformação estrutural ou perturbação superficial, metamorfismo e alteração
diagenética, e com ampla espessura de estratos situados abaixo, acima e
lateralmente com relação ao estratotipo delimitador.
49
• Os estratotipos delimitadores das unidades da Escala Cronoestratigráfica Global
Padrão devem ser selecionados em seções de fácil acesso e que oferecem
garantia razoável de possibilidade de estudo, coleção e preservação a longo
prazo. São desejáveis os marcadores permanentes de campo.
• A seção selecionada deve estar bem estudada e coletada, com os resultados
das investigações publicados, encontrando-se os fósseis coletados da seção
armazenados de forma segura e com fácil acesso para o estudo em uma
instalação permanenete.
• A seleção do estratotipo delimitador, sempre que possível, deve levar em
consideração a prioridade histórica e uso e deve buscar a aproximação com
limtes tradicionais.
• Para assegurar sua aceitação e uso nas ciências da Terra, um estratotipo
delimitador deve ser selecionado de forma que contenha tantos horizontes
marcadores específicos ou outros atributos favoráveis para a correlação de
tempo em longas distâncias quanto possível.
A IUGS International Commission on Stratigraphy é o órgão responsável pela
coordenação da seleção e aprovação dos GSSPs das unidades da Escala
Cronoestratigráfica (Geocronológica) Global Padrão.
I. Procedimentos para a ampliação das unidades cronoestratigráficas –
Crono-correlação (Correlação em Tempo)
Os limites de unidades cronoestratigráficas são horizontes sincrônicos por
definição. Na prática, os limites são sincrônicos só até o ponto em que isso pode ser
demonstrado pelos métodos de correlação de tempo disponíveis. Todas as linhas de
evidência possíveis devem ser utilizadas para ampliar as unidades cronoestratigráficas
e seus limites. Algumas das mais utilizadas são as seguintes:
1. Interrelações físicas de estratos. A Lei da Superposição afirma que, em uma
sequência não-perturbada de estratos sedimentares, os estratos superiores são mais
jovens que aqueles sobre os quais êles estão depositados. A determinação da ordem
de superposição fornece evidência inequívoca para as relações de idade relativa. Todos
os outros métodos de determinação de idade relativa dependem da sequência física
observada, para a verificação de sua validade. Para distâncias suficientemente curtas, o
traço de um plano de acamadamento é o melhor indicador de sincronismo.
50
2. Litologia. As propriedades litológicas são geralmente influenciadas de forma mais
significativa por ambiente local do que por idade, pois os limites de unidade
litoestratigráficas podem seccionar eventualmente superfícies sincrônicas, e feições
litológicas similares podem ocorrer repetidamente na seq uência estratigráfica. Mesmo
assim, uma unidade litoestratigráfica tem sempre alguma conotação cronoestratigráfica
e é útil como um guia aproximado da posição cronoestratigráfica, principalmente em
escala local.
Unidades litológicas distintas e amplamente distribuídas também podem ser
diagnósticas de posição cronoestratigráfica.
3. Paleontologia. O curso ordenado e progressivo da evolução orgânica é irreversível
com relação ao tempo geológico e os remanescentes da vida são amplamente
distribuídos e distintos. Por essas razões, as taxa fósseis e particularmente sua
sequência evolutiva, constituem um dos melhores e mais usados meios de traçar e
correlacionar camadas e de determinar sua idade relativa. A correlação
bioestratigráfica, no entanto, não é correlação em tempo, pois a homotaxia entre
amostras pode resultar de outras causas que não a equivalência em idade.
4. Determinações isotópicas de idades. Os métodos de datação isotópica (U-Pb, Rb-
Sr, K-Ar, Ar-Ar) baseados no decaimento radioativo de certos núcleos de átomos
parentais a uma taxa constante e que sejam adequados para a medição de tempo
geológico, fornecem dados cronoestratigráficos de alta precisão, com êrros analíticos
entre 0.1 e 2.0 %. No entanto, nem todos os tipos de rochas e minerais são passíveis
de determinação isotópica da idade.
A datação isotópica fornece valores de idade expressos em anos e é a maior
esperança para o entendimento das idades e relações de idades de rochas
Precambrianas. Em algumas circunstâncias, as determinações isotópicas de idades são
a base mais exata ou mesmo a única base para a determinação da idade e da
classificação cronoestratigráfica das rochas sedimentares, vulcânicas e outras rochas
ígneas.
Podem haver discrepâncias nos resultados de idades devido ao uso de constantes
de decaimento diferentes. Para comparações geológicas, é importante, portanto, usar
os conjuntos uniformes de constantes de decaimento recomendadas pela IUGS
51
Subcommission on Geochronology. Um método de determinação de idade através de
radioatividade, e diferente daqueles mencionados acima, é aquele baseado na
proporção de isótopos de radiocarbono (14C) para carbono normal, presentes na matéria
orgânica de sedimentos. Êste método tem sido muito valioso, mas tem sua aplicação
limitada à datação de estratos do Quaternário superior.
5. Reversões de polaridade geomagnética. Reversões periódicas da polaridade do
campo magnético da Terra são utilizadas em cronoestratigrafia, principalmente em
rochas do final do Mesozóico e Cenozóico, para as quais foi desenvolvida uma escala
magnética de tempo. No entanto, as reversões de polaridade são binárias e cada uma
não pode ser identificada especificamente sem assistência de alguma outro método de
datação, tais como bioestratigrafia ou datação isotópica.
6. Mudanças paleoclimáticas. Mudanças paleoclimáticas deixam marcas no registro
geológico, na forma de depósitos glaciais, evaporitos, red beds, depósitos de carvão,
mudanças na fauna, etc. Os seus efeitos sobre as rochas podem ser locais ou
amplamente distribuídos e fornecem informação valiosa para a crono-correlação, mas
tem que ser utilizados em combinação com outros métodos específicos.
7. Paleogeografia e mudanças eustáticas no nível do mar. Como um resultado de
certos movimentos epirogênicos das massas de terra ou de elevações e diminuições
eustáticas do nível do mar, alguns períodos da história da Terra são caracterizados em
todo o mundo por uma posiçãomais elevado ou mais baixa dos continentes com relação
ao nível do mar. A evidência registrada nas rochas dessas transgressões, regressões e
discordâncias resultantes pode fornecem uma excelente base para o estabelecimento
de um referencial cronoestratigráfico mundial. A identificação de um evento específico,
no entanto, é complicado por movimentos verticais locais, de forma que o método exige
ajuda que auxilie a identificação dos eventos corretamente.
8. Discordâncias. Mesmo que uma superfície de discordância varie em idade e valor
temporal de um lugar para outro e nunca seja universal em extensão, certas
discordâncias podem servir de guias úteis para o posicionamento aproximado dos
limites cronoestratigráficos. As discordâncias não conseguem, no entanto, preencher as
exigências para a seleção de tais seleção (ver seção 9.H.3).
52
9. Orogêneses. Perturbações crustais tem um efeito identificável no registro
estratigráfico. No entanto, a longa duração de muitas orogêneses, sua natureza local e
não mundial, e a dificuldade de identificação precisa tornam as orogêneses indicadores
insatisfatórios para a correlação cronoestratigráfica mundial.
10. Outros indicadores. Muitas outras linhas de evidência podem, em alguns casos,
constituir guias para a correlação em tempo e indicadores de posição
cronoestratigráfica. Algumas são mais úteis que outras, mas nenhum deve ser rejeitada.
J. Nomeando unidades cronoestratigráficas.
Uma unidade cronoestratigráfica formal recebe uma designação binomial – um
nome próprio mais uma palavra-termo – devendo as letras iniciais de ambos serem
capitalalizadas. Seu equivalente geocronológico usa o mesmo nome próprio combinado
com o termo geocronológico equivalente; p. ex.: Sistema Cretáceo –Período Cretáceo.
O nome próprio de uma unidade cronoestratigráfica ou geocronológica podem ser
usado isoladamente sempre que não houver possibilidade de confusão; p. ex.: “o
Aquitaniano” em vez de “o Estágio Aquitaniano”. Ver seções 3.B.3 e 3.B.4.
K. Revisão de unidades cronoestratigráficas. Ver seções 3.B e 9.H.
Capítulo 10. Relação entre os diferentes tipos de unidades
estratigráficas
As categorias abrangidas pela classificação estratigráfica são as rochas da crosta
da Terra, com a imagem da Terra estratificada e com a história da Terra conforme
interpretado a partir de seus corpos de rochas. Cada categoria, no entanto, está
relacionada com uma diferente propriedade ou atributo das rochas e com um diferente
aspecto da história da Terra. A importância relativa das diferentes categorias varia com
as circunstâncias. Cada uma é importante em objetivos específicos.
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As unidades litoestratigráficas são as unidades básicas do mapeamento
geológico. Onde quer que hajam rochas, é possível desenvolver uma classificação
litoestratigráfica. As unidades litoestratigráficas são baseadas no caráter litológico das
rochas. Os fósseis podem ser um importante elemento distintivo para o reconhecimento
das unidades, mas somente devido à sua caracterização litológica diagnóstica.
Considerando que cada unidade litoestratigráfica foi formada durante um intervalo
específico de tempo geológico, a unidade tem significado cronoestratigráfico. O conceito
de tempo, no entanto, tem papel restrito no estabelecimento ou identificação de
unidades litoestratigráficas e seus limites. O caráter litológico é influenciado mais
fortemente por condições de formação do que pelo tempo de origem; tipos de rochas
praticamente idênticos ocorrem de forma repetida na sequência estratigráfica, e os
limites de quase todas as unidades litoestratigráficas seccionam as superfícies
sincrônicas quando são traçadas lateralmente.
A classificação bioestratigráfica também é um passo inicial no estabelecimento da
estratigrafia de uma região. As unidades bioestratigráficas são baseadas no conteúdo
fossilífero das rochas. A seleção e o estabelecimento de unidades bioestratigráficas não
são determinados pela composição litológica dos estratos, mas a presença ou ausência
de fósseis e o tipo de fósseis presentes podem estar relacionados com o tipo e litofácies
das rochas em que são encontrados. As unidades bioestratigráficas são distintas de
outros tipos de unidades estratigráficas, pois os organismos, cujos remanescentes
fósseis são usados para defini-las, mostram mudanças evolucionárias ao longo do
tempo geológico que não são repetidas no registro geológico. Isso torna a assembléia
fóssil de qualquer idade diferente de qualquer outra. As unidades litoestratigráficas e
bioestratigráficas são tipos fundamentalmente diferentes de unidades estratigráficas
baseadas em critérios identificadores diferentes. Os seus limites podem coincidir
localmente, mas ficam geralmente situados em horizontes estratigráficos diferentes or
seccionam-se mutuamente.
A classificação litoestratigráfica é possível para qualquer corpo rochoso, mas a
classificação bioestratigráfica só é possível para rochas fossilíferas que contêm fósseis
identificáveis. Tanto as unidades litoestratigráficas quanto as bioestratigráficas refletem
o ambiente de deposição, mas as unidades bioestratigráficas são mais influenciadas
pela idade geológica, e portanto indicam a idade. Elas também são de caráter menos
repetitivo, pois são baseadas em mudanças evolutivas irreversíveis.
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As unidades litoestratigráficas e bioestratigráficas são unidades objetivas
indispensáveis, essenciais no modelamento da constituição litológica e geometria das
rochas da crosta terrestre e no desenvolvimento da vida e ambientes antigos na Terra.
As unidades delimitadas por discordâncias e as unidades de polaridade
magnetoestratigráficas, de forma semelhante as unidades bioestratigráficas, só podem
ser estabelecidas quando estão presentes nas rochas as propriedades diagnósticas em
que são baseadas. As unidades delimitadas por discordâncias podem incluir um certo
número de outros tipos de unidades estratigráficas, tanto na sucessão vertical quanto
lateral. De forma similar, uma unidade delimitada por discordância pode representar
integralmente ou partes de várias unidades cronoestratigráficas. Em casos especiais, os
limites de uma unidade delimitada por discordâncias podem coincidir com os limites de
outros tipos de unidades estratigráficas. No entanto, os limites de unidades delimitadas
por discordâncias são sempre diacrônicos em menor ou maior grau, nunca
correspondendo aos limites de unidades cronoestratigráficas.
As unidades de polaridade magnetoestratigráfica são semelhantes às unidades
litoestratigráficas e bioestratigráficas pois são baseadas unicamente em uma
propriedade diretamente mensurável das rochas, que é a sua polaridade magnética. No
entanto, elas são diferentes, pois as unidades de polaridade magnetoestratigráfica são
potencialmente identificáveis em escala global, sendo nesse aspecto similares às
unidades cronoestratigráficas. As mudanças na polaridade magnética são o resultado
de reversões globais muito rápidas do campo magnético da Terra, que ocorrem
geralmente ao longo de um intervalo de tempo inferior a cerca de 5.000 anos. Os
horizontes de reversão de polaridade magnética que são produzidos como resultado
desses eventos não constituem, portanto, horizontes sincrônicos.
Em consequência, o corpo de rochas situado entre horizontes de reversão de
polaridade magnética, produzidos por duas reversões sucessivas de polaridade,
constitui uma unidade de polaridade que contém, em todos os lugares, estratos
representando essencialmente, mas não exatamente, a mesma abrangência de tempo.
Tais unidades podem assemelhar-se muito a unidades cronoestratigráficas, mas elas
não são unidades cronoestratigráficas, pois não são definidas pelo registro do tempo, e
sim primariamente por uma característica física específica, que é a mudança na
polaridade da magnetização remanescente, que não é instantânea. Além disso, os
limites de uma unidade de polaridade afastam-se do sincronismo, devido aos seguintes
fatores: variabilidade nas características distintivas da marca ou na preservação do
55
registro da polaridade; discordâncias na seção; efeitos de bioturbação; possibilidades
de remagnetização subsequente; ou por outros fatores. Os horizontes e unidades de
polaridade magnetoestratigráfica podem ser guias úteis para o posicionamento
cronoestratigráfico, mas tem individualidade relativamente restrita, pois uma reversão é
semelhante a qualquer outra e só pode ser identificada geralmente com apoio em
evidências de idade, tais como dados paleontológicos ou isotópicos.
A definição de unidades cronoestratigráficas inclui todas as rochas formadas
dentro de certos intervalos de tempo da história da Terra, independentemente de suas
composições ou propriedades. Por definição, essas unidades incluem, em todos os
lugares, apenas rochas de uma certa idade e seus limites são sincrônicos em todos os
lugares. Isso contrasta com as unidades litoestratigráficas, que são reconhecidas
objetivamente onde quer que hajam rochas, e com as unidades bioestratigráficas, de
polaridade magnetoestratigráfica e delimitadas por discordâncias, pois estas são
limitadas pela ocorrência de propriedades ou atributos específicos das rochas. Outros
tipos de unidades estratigráficas são discriminadas, estabelecidas e identificadas com
base em feições físicas observáveis, mas as unidades cronoestratigráficas são
discriminadas, estabelecidas e identificadas com base no seu tempo de formação –
uma característica abstrata – conforme interpretado a partir dessas propriedades
observáveis.
As unidades bioestratigráficas podem assemelhar-se a unidades
cronoestratigráficas mesmo em áreas amplas, mas os limites das unidades
bioestratigráficas podem ser diferentes daqueles de uma unidade cronoestratigráfica
devido a muitos motivos. O motivo principal são as mudanças no fácies deposicional,
variações em condições de fossilização e preservação dos fósseis, chances estatísticas
de descoberta de fósseis e diferenças biogeográficas. As unidades bioestratigráficas
não podem ser reconhecidas em rochas sem conteúdo fossilífero.
Algumas unidades litoestratigráficas são excelentes guias para a efetivação de
correlação em tempo em áreas grandes, como no caso de camadas de cinzas
vulcânicas, mas, assim como as unidades bioestratigráficas, não são unidades
cronoestratigráficas porque não são delimitadas em todos os lugares por superfícies
sincrônicas.
Unidades delimitadas por discordâncias e unidades de polaridade
magnetoestratigráfica também fornecem apoio valioso ao desenvolvimento da
classificação cronoestratigráfica. Em especial, os limites de unidades de polaridade
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magnetoestratigráfica assemelham-se muito mais a superfícies síncronas do que
qualquer outro tipo de unidade estratigráfica objetiva, pois registram a rápida reversão
do campo magnético da Terra. Quando adequadamente identificados, os limites oferem
uma base sólida para a correlação global de tempo e classificação cronoestratigráfica.
A classificação cronoestratigráfica se destaca como a base a ser utilizada para
atingir o objetivo último da estratigrafia. As unidades cronoestratigráficas são divisões
de corpos de rochas baseados no tempo geológico, sendo portanto mundiais em
distribuição, e são importantes como base mundial de comunicação e entendimento.
Os tipos acima-mencionados de unidades estratigráficas e seus campos
correspondentes de investigação estratigráfica são os mais usados em geral. No
entanto, há muitas outras linhas produtivas de esforço estratigráfico e muitos outros
tipos de unidades estratigráficas que são úteis em circunstâncias apropriadas e para
certos objetivos.
Assim, podemos considerar útil o reconhecimento de unidades ou horizontes
baseados em propriedades de descrição elétrica, propriedades sísmicas, mudanças
químicas, análises de isótopos estáveis, ou qualquer outra de muitas propriedades dos
corpos de rochas. Ninguém pode ou precisa utilizar todos os tipos possíveis de
ferramentas ou unidades estratigráficas que estejam potencialmente disponíveis, mas o
caminho deve ficar aberto, no âmbito da definição e objetivos da estratigrafia, para
aplicar qualquer um deles que prometa ser útil.