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COORDENAÇÃO EDITORIALSPVS

COORDENAÇÃO GERALSPVS

CONCEPÇÃO PEDAGÓGICASPVS

ORGANIZAÇÃO DOS TEXTOSLuciane Akemi dos Santos Grassani

Sueli Naomi Ota

COLABORAÇÃODenilson do Nascimento Cardoso

Liz Buck Silva

CRIAÇÃO E DESIGNSLM Ogilvy

EDITORAÇÃO E ARTE-FINALBalagraf

ILUSTRAÇÕESZezinho Guimarães

REVISÃOSPVSSLM

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

REALIZAÇÃOSPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................5

CAPÍTULO 1 – Escola Alegria do Saber ........................................................................................7

CAPÍTULO 2 – Como a educação ambiental poderia contar essa história ......................................21

CAPÍTULO 3 – Dicas para incrementar as atividades de educação ambiental realizadas

na escola pelo Clube da Árvore ...........................................................................25

CAPÍTULO 4 – Atividades de educação ambiental .......................................................................31

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................49

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As primeiras preocupações internacionais com a Educação Ambiental datam da década de 70. Foi na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, em Estocolmo – Suécia, que pela primeira vez admitiu-se oficialmente que:

“É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais dirigido tanto às gerações jovens como aos adultos, e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiada, para ampliar as bases de uma opinião bem informada e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e da coletividade, inspirada no sentido de sua responsabilidade quanto à proteção e melhoramento do meio em toda sua dimensão humana.”

(Conferência de Estocolmo, 1972)

A partir de então, a educação ambiental tem acompanhado a evolução do próprio conceito de meio ambiente e do modo como este vem sendo interpretado e construído pela sociedade.

Se na década de 70 a posição do Brasil durante a conferência de Estocolmo foi de que não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental se o resultado fosse o aumento do seu Produto Interno Bruto (DIAS, 2004), hoje, a sociedade exige do governo, de empresas e das próprias comunidades a adoção de uma postura de responsabilidade no trato das questões ambientais. O Brasil dispõe, desde 27 de abril de 1999, de uma Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei 9795, e o assunto Meio Ambiente, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, é tema transversal obrigatório nas escolas de ensino fundamental.

Muita coisa mudou nos mais de 35 anos que separam a Conferência de Estocolmo dos dias atuais. No entanto, a transformação da teoria em prática ainda tem sido realizada de maneira bastante tímida no ambiente escolar. Resultados significativos têm sido alcançados, mas, em geral, de maneira pontual, e sem que isso se traduza efetivamente em mudança de atitude e na implantação de um processo de educação ambiental contínuo e permanente na escola.

Nesse sentido, o Clube da Árvore traz, a partir de 2008, uma nova proposta metodológica, cujo objetivo é agregar outras atividades educativas à experiência prática adquirida em todos os anos anteriores de produção e plantio de mudas, no intuito de inserir a educação ambiental no dia-a-dia da escola, tornando-a transversal, conforme propõem os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Essa publicação apresenta, de maneira prática, algumas formas de aplicar os princípios da educação ambiental, enfatizando em especial a interdisciplinaridade, tão falada e tão pouco praticada nas escolas, mas fundamental para o perfeito entendimento do mundo e das relações existentes entre todos os seus elementos.

O tema deste ano, “Aquecimento Global”, é uma boa forma de dar início a esse trabalho. Por ser um desafio planetário, envolve a mobilização de todos os setores da sociedade e o conhecimento de todas as áreas e disciplinas, além da necessidade de mudança de atitude para com o mundo onde vivemos.

Esperamos que este material contribua para o seu trabalho em sala de aula (e fora dela) e, principalmente, que as atividades inspiradas por ele sejam prazerosas para você e seus alunos.

Bom trabalho!

INTRODUÇÃO

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CAPÍTULO 1

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Apesar da boa intenção demonstrada na história da “Escola Alegria do Saber”, os resultados poderiam ter sido melhores se algumas etapas do processo tivessem sido realizadas de forma diferente, tendo em mente os princípios da educação ambiental.

A começar pela escolha das atividades realizadas.

Como se diz por aí, de boas intenções o inferno está cheio. Ou seja, para que um trabalho apresente bons resultados, não basta boa vontade. É preciso conhecimento.

Antes de partir para a ação, é preciso fazer duas coisas:

1. ter em mente as maneiras como a educação ambiental pode contribuir para o processo;

2. conhecer a fundo o tema a ser trabalhado.

No caso da escola “Alegria do Saber”, no que se refere ao conhecimento sobre o tema a ser trabalhado, a professora Isabel poderia ter estudado e se aprofundado um pouco mais sobre o assunto. Se assim tivesse feito, descobriria algumas coisas:

a. que plantar apenas não é suficiente. É preciso cuidar das mudas plantadas para que elas cresçam e venham a se tornar árvores, afinal, muitas coisas podem acontecer no caminho, como um ataque de formigas, por exemplo;

b. que, apesar das plantas, ao crescerem, retirarem da atmosfera o gás carbônico, quando elas morrem ou são derrubadas e queimadas emitem de volta todo o carbono que acumularam durante o crescimento, ou seja, quando se fala em aquecimento global, plantar e deixar morrer é quase o mesmo que não plantar;

c. que, em vez de plantar, a melhor forma de agir contra o aquecimento global e, ao mesmo tempo, contribuir para reduzir o problema do desmatamento que ele havia detectado na região seria proteger as áreas que ainda tinham vegetação nativa. Porque quando uma área é derrubada, além de deixar de capturar o gás carbônico, passa a devolver para a atmosfera esse que é o principal gás causador do aquecimento global. Ou seja, o prejuízo é duplo. Ou ainda, triplo, se você pensar que quando as áreas naturais desaparecem, contribuem para um outro grande problema ambiental: a perda de biodiversidade.

Se soubesse de tudo isso antes de começar o trabalho, talvez a professora Isabel agisse de outro modo, realizando outros tipos de ações, que trouxessem resultados menos frustrantes.

Mas, além disso, o que mais poderia ser feito? De que maneira a educação ambiental pode contribuir para melhorar o processo?

CAPÍTULO 2 – Como a educação ambiental poderia contar essa história?

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De várias formas:

1. A educação ambiental é transformadora, ou seja, as atividades devem propiciar a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitude.

No caso da Escola Alegria do Saber, a atividade de plantio de mudas não propiciou qualquer mudança por parte dos professores, dos alunos ou da comunidade. Quando a atividade acabou, as pessoas que participaram tinham aprendido como plantar uma árvore, e talvez isso as tenha feito gostar mais de árvores, mas só. No final, todos voltaram ao seu cotidiano, deixando as mudas plantadas morrerem, já que ninguém se preocupou em cuidar delas. E, além disso, parte da área foi queimada sem que a maioria delas sequer percebesse.

Para o sucesso da atividade, uma ação de continuidade deveria ter sido planejada, de modo a fazer com que, além de cuidar das mudas plantadas, os professores passassem a usar os conhecimentos obtidos na atividade em suas aulas, bem como estimulassem os alunos a buscar novas informações.

A comunidade também poderia ser envolvida em outras atividades de cuidados e conservação da área plantada, promovidas pela escola.

2. O processo participativo é inerente à educação ambiental. As ações e projetos devem estimular a participação individual nos processos coletivos.

Quando o projeto é de um professor, os outros não participam ou participam sem muito entusiasmo. Participar não é apenas ser comunicado do que vai acontecer e do que deve fazer. Participar é poder dar sugestões, interferir no planejamento e na tomada de decisões, ser co-responsável pelas ações.

Portanto, a idéia até poderia ter partido da professora Isabel. Ela poderia ter dado a largada, mas os demais professores, alunos e a comunidade deveriam ter sido mobilizados desde o início, para que pudessem participar junto com ela da concepção do projeto. Muito provavelmente, dessa forma, haveria maior interesse, mais engajamento e os resultados poderiam ter sido diferentes.

3. A educação ambiental é abrangente e permanente, ou seja, deve ser oferecida continuamente, de modo crescente e continuado em todas as fases do ensino formal, envolvendo, ainda, a família e a coletividade. Além disso, deve considerar o meio ambiente em sua totalidade, envolvendo os aspectos natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, etc.

O evento planejado pela professora Isabel foi pontual e não houve um processo educativo que levasse à realização da atividade. Essa abordagem isolada e sem relação com o currículo escolar não propicia a continuidade das ações, que ficaram restritas ao plantio, sem que houvesse qualquer preocupação com a sobrevivência das mudas e o destino da área.

Além disso, não foram considerados outros aspectos envolvidos, como a própria história e cultura da sociedade, que aparentemente estava mais interessada em ampliar áreas para agricultura e pecuária do que em conservar as florestas na beira dos rios.

Se não houver um processo educativo por trás das ações, não haverá mudança de atitude. O princípio transformador da educação ambiental é alcançado somente quando o conhecimento propiciado pela atividade é ponderado pelos participantes e, uma vez aceito e assimilado, influencia a tomada de decisões, muitas vezes modificando uma atitude/ação e, conseqüentemente, transformando uma realidade posta.

4. O ambiente é um objeto complexo, onde todos os elementos estão inter-relacionados e influenciam uns aos outros. Assim, a educação ambiental não pode ser tratada de maneira isolada, por apenas uma disciplina. Ela é interdisciplinar. Isso quer dizer que deve abordar um mesmo tema sobre os

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diferentes enfoques de cada disciplina, mas agregando conhecimentos resultantes da interação entre as disciplinas.

A educação ambiental, portanto, não é responsabilidade apenas da professora de ciências. Ela é responsabilidade da escola, que deve propiciar condições e mecanismos que favoreçam o diálogo e o trabalho conjunto dos professores e das disciplinas, para que, a partir disso, seja realizado o trabalho interdisciplinar, no qual todos aprendam juntos.

5. A educação ambiental é mobilizadora, faz com que as pessoas tenham vontade de agir em prol de um propósito comum. Se todos percebem o ambiente da mesma forma, tendem a compartilhar um objetivo. Esse objetivo é a mola propulsora que fará com que haja a união de esforços para a realização da atuação conjunta.

No caso da Escola Alegria do Saber, a professora percebeu o problema do desmatamento na região e quis combatê-lo plantando árvores nas margens de um rio. Essa percepção, no entanto, não foi compartilhada com os demais professores, alunos e habitantes do município, que, portanto, não tiveram a mesma vontade. Participaram da atividade como se fosse um grande evento ambiental, mas sem ter clareza das razões e da importância da ação. Ou, ainda, não tinham o mesmo comprometimento da professora Isabel.

6. Articulação e parcerias também são fundamentais para contribuir com as ações planejadas e até mesmo para viabilizá-las, em termos financeiros, políticos ou até mesmo culturais.

Caso a professora Isabel ou a diretora Dona Nair tivessem articulado melhor com o proprietário da área onde foi realizado o plantio, talvez ele tivesse avisado que as mudas plantadas haviam morrido e isso poderia ter iniciado uma nova ação da escola no local. Melhor ainda: poderia ter havido uma articulação da escola juntamente com a prefeitura e o proprietário da área, para transformação do local em uma Reserva.

Dessa maneira, além da preservação daquele ambiente natural, o município poderia ganhar incentivos, seria um exemplo para outros proprietários, levando a uma repercussão muito maior em termos de benefícios ambientais (proteção de rios, conservação da biodiversidade, redução de emissão de gás carbônico na atmosfera, etc.), resultando, como conseqüência, em melhor qualidade de vida para todos.

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Não trabalhe sozinho. Procure apoio e ajuda dos outros professores e da comunidade.

Convide os demais professores da escola para trabalhar junto com você no Clube da Árvore. Além dos conhecimentos aportados por cada disciplina, vários enfoques proporcionados por diferentes pontos de vista enriquecem o trabalho.

Como fazer isso?

1. Divulgue o trabalho que você faz. Afinal, a propaganda é a alma do negócio!

Convide os outros professores para conhecer o trabalho que você desenvolve, seja no viveiro de mudas ou em outras atividades de educação ambiental que você promoveu ou vai passar a promover a partir das dicas desse guia.

Utilize estratégias de comunicação para transmitir a todos o que está sendo feito, as dificuldades encontradas, os resultados alcançados, estimulando, assim, a adesão de novos participantes e o apoio dos demais professores e da direção da escola.

Você pode fazer isso conversando diretamente com as pessoas – só de ver o seu entusiasmo os demais vão querer conhecer mais – ou através de Jornal Mural ou cartazes.

E lembre-se de ser bem criativo. Desperte a curiosidade das pessoas. Quanto mais interesse provocar, melhores resultados alcançará.

2. Sensibilize professores e alunos, mostrando a importância do trabalho que é realizado.

A melhor forma de você trazer as pessoas para o seu lado é sensibilizando-as, ou seja, fazendo-as perceber o quão importante e gostoso é o trabalho desenvolvido, e quais os resultados efetivos que vem sendo alcançados.

Para fazer isso, existem algumas atividades específicas. São as chamadas atividades de sensibilização, que nada mais são do que uma forma dinâmica de provocação e reflexão para determinado assunto, na qual você deve despertar a curiosidade e desafiar os participantes a participar como agentes ativos no processo.

Aproveite uma reunião pedagógica ou outras oportunidades onde haja reunião de professores e fale sobre o trabalho que você desenvolve, realizando posteriormente uma atividade dessas.

Seja inovador. Crie ou invente coisas diferentes, que despertem atenção.

Este guia traz no Capítulo 4 alguns exemplos de atividades de sensibilização, mas você pode utilizar também outras atividades que já conheça ou, ainda, pode criar algumas, considerando a sua experiência e as informações que tem da escola e do público que você quer atingir.

Escolha de maneira conjunta os temas a serem trabalhados.

Mesmo que você tenha muito interesse em trabalhar determinado tema, não imponha suas idéias. Procure escolher o tema de maneira participativa, fazendo com que todos os interessados possam expor e defender suas idéias.

CAPÍTULO 3 – Dicas para incrementar as atividades de educação ambiental realizadas na escola pelo Clube da Árvore

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O consenso é sempre a melhor opção, afinal, mesmo quando a maioria ganha, uma minoria fica desapontada. Para o estabelecimento de consenso, as pessoas precisam defender a sua opinião na tentativa de convencer os outros. E quando uma pessoa é convencida, não se sente uma perdedora, e sim, parte do grupo. E quanto mais as pessoas se sentirem parte do grupo, mais vão querer se envolver.

Para isso, promova um encontro para discutir o que deve ser trabalhado. Você pode coordenar a realização de uma “tempestade de idéias”, na qual cada participante sugere um tema (ou dois, ou quantos quiser) a ser desenvolvido, e todos escolhem, em conjunto, aquele que expresse a vontade do grupo (não se esqueça do consenso).

Lembre também de indicar problemáticas mais evidentes na sua região. Além de contribuir para resolver uma situação concreta, que afeta a todos, você terá mais chances de conseguir adeptos.

É claro que tudo isso deve ser combinado anteriormente com a direção e a coordenação da escola. Sem o apoio delas, o trabalho fica muito mais difícil.

Pense cuidadosamente no resultado que o grupo quer obter com o trabalho desenvolvido.

Um dos aspectos mais importantes é a definição clara do que o grupo espera obter com o trabalho realizado. O resultado esperado vai atender às expectativas do grupo? É o que realmente se espera de uma ação educativa? Será só uma conscientização? Ou se espera que alunos, professores e comunidade mudem a sua atitude?

Um exemplo: o grupo de professores espera que, depois de um ano de trabalho duro, a vegetação da margem do rio seja restaurada, ou quer apenas que a escola se mobilize em torno de um plantio de mudas?

Entendeu a diferença?

A restauração da vegetação na margem do rio envolve diversas etapas, como: a pesquisa para saber quais espécies de plantas são características do local, a coleta de sementes dessas espécies, a produção das mudas, o preparo do terreno, o plantio propriamente dito, o acompanhamento do desenvolvimento das mudas (para verificar se não morreram ou se não foram comidas por formigas) e a mobilização pela conservação do local (para que não haja depredação ou desmatamento), entre outras. Isso requer ainda etapas intermediárias, como o estudo da vegetação existente no local para identificar as espécies, saber quando cada espécie floresce, quando terá sementes para serem coletadas, etc.

Claro que é muito mais difícil ter como resultado a restauração da margem do rio do que simplesmente o plantio de mudas. Mas reflita: o que é mais significativo, tanto em termos ambientais como educativos?

É este tipo de reflexão que você deve provocar no grupo: qual é o papel do professor?

Trabalhe de maneira interdisciplinar

Já que o trabalho vai ser desenvolvido em conjunto, por um grupo de professores, não perca a oportunidade de trabalhar de maneira interdisciplinar.

Cada professora deve trabalhar questões relativas ao tema escolhido em sala de aula, dentro da sua disciplina. Mas também interdisciplinarmente.

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Parece complicado, mas não é tanto assim. Trabalhar interdisciplinarmente nada mais é que a interação e o diálogo entre os conhecimentos específicos das diferentes disciplinas, que resultam em novos conhecimentos e descobertas que vão ampliar a visão e a percepção sobre o tema trabalhado, proporcionando unidade ao saber fragmentado. Deve ser um ato intencional e explícito. Não há interdisciplinaridade se não há intenção consciente, clara e objetiva por parte daqueles que a praticam.

Figura 1: A intersecção dos círculos demonstra a interdisciplinaridade.

Um exemplo para ficar mais fácil de entender:

Nas aulas de ciências, por meio de pesquisas bibliográficas e atividades em campo, a professora identificou algumas espécies nativas de árvores mais apropriadas para se plantar na margem do rio. Estudou também, com os alunos, o comportamento dessas espécies: como se reproduzem, quando florescem e frutificam, se servem de alimento para espécies de aves e outros animais, etc.

Por ser um trabalho em grupo, a professora de ciências repassou essas informações para a professora de história, que, junto com os alunos, realizou entrevistas com moradores mais antigos da região, fazendo um resgate da ocorrência dessas espécies na região, histórico do desmatamento e utilização dessas plantas, entre outras informações.

Na disciplina de geografia foi estudada a distribuição original das formações vegetais, de acordo com o relevo e clima da região.

Esse trabalho foi interdisciplinar?

NÃO! Cada professora atuou especificamente na sua disciplina. Esse trabalho foi multidisciplinar, houve apenas a justaposição dos conhecimentos no mesmo tema.

Como fazer, então, um trabalho interdisciplinar?

Primeiro deve existir a vontade das professoras de ciências, história e geografia em fazer um trabalho interdisciplinar. Elas devem escolher o tema, em comum acordo, especialmente para este trabalho.

A partir disso, elas deverão explorar o tema sob o ponto de vista de cada disciplina, provocando a comunicação entre os conhecimentos de ambas, possibilitando, assim, a geração de novas informações que ampliem a abordagem do tema.

Por exemplo, a partir do conhecimento da disciplina de ciências, que identificou e estudou as espécies características daquele local, do resgate histórico, realizado pela disciplina de história, e dos estudos da distribuição original da vegetação na região, o trabalho gerou uma nova atividade: realizar um levantamento das áreas nativas no município onde ainda existam as espécies, e a partir delas, realizar a coleta de sementes, produção de mudas e plantio.

Utilizar os conhecimentos de todas as disciplinas possibilita a produção de novos conhecimentos, como,

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neste caso: onde estão atualmente essas espécies no município, quando essas espécies produzem sementes naquela região, o conhecimento e uso dessas espécies pelos moradores antigos da região, relacionando a influência na economia atual, etc.

Pense nas inúmeras possibilidades que o trabalho interdisciplinar oferece. Basta trabalhar em conjunto, tendo em mente um objetivo comum.

Estabeleça, em grupo, um Plano de Trabalho que ajude a alcançar os resultados esperados.

Um Plano de Trabalho nada mais é que listar detalhadamente todas as etapas a serem seguidas para conseguir alcançar determinado resultado, estabelecendo os prazos e os responsáveis por cada atividade ou ação.

Todas as atividades devem ser listadas, tanto as de cunho prático (atividades de campo, atividades de viveiro), como aquelas a serem realizadas no trabalho em sala de aula; tanto as ações a serem feitas dentro de cada disciplina, como aquelas interdisciplinares.

É de fundamental importância também deixar bem claro quem será responsável por cada ação ou atividade e o prazo que terá para cumprí-la.

De acordo com a intenção do trabalho interdisciplinar a ser realizado entre os professores de ciências, geografia e história, do exemplo anterior, que pretendem restaurar uma área de mata ciliar ao longo do rio próximo da escola, o Plano de Trabalho seria:

ATIVIDADE TIPO RESPONSABILIDADEDATA PREVISTA PARA TÉRMINO DA ATIVIDADE

Identificação das espécies vegetais características do local

Na disciplina Ciências 30 de maio

Pesquisa e estudos sobre as espécies identificadas: como se reproduzem, quando florescem e frutificam, se servem de alimento para espécies de aves e outros animais, etc.

Na disciplina Ciências 30 de junho

Repasse das informações à professora de História

- Ciências 30 de junho

Identificação dos moradores mais antigos da região

Na disciplina História 15 de agosto

Realização de entrevistas com os moradores Na disciplina História 15 de setembroEstudo das formações vegetais originais na região e sua distribuição natural

Na disciplina Geografia 15 de setembro

Identificação das áreas nativas da região onde existem as espécies selecionadas

Interdisciplinar Ciências / História / Geografia

15 de outubro

Pesquisa e estudos de campo sobre as espécies na região: época de florada, quando produzem sementes, como coletar as sementes, etc.

Interdisciplinar Ciências / História / Geografia

15 de novembro

Coleta de sementes Interdisciplinar Ciências / História Na época de frutificação de cada espécie

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Lembre-se! O Plano de Trabalho feito de forma conjunta com os professores das diversas disciplinas é fundamental para obter compromisso dos envolvidos e alcançar bons resultados!

Avalie e monitore as ações e atividades realizadas para verificar a sua efetividade no alcance dos resultados esperados.

Como eu sei se estou no caminho certo? Será que os resultados pretendidos serão alcançados? Será que as atividades propostas são as mais adequadas?

Para saber tudo isso, é preciso avaliar. Avaliar como as atividades são conduzidas e se as atividades realizadas foram eficientes para alcançar os resultados previstos. É preciso tomar cuidado, porque na ânsia de fazer alguma coisa, o grupo pode se perder no caminho e realizar atividades que, embora sejam importantes, não contribuem para alcançar o resultado que se quer alcançar. Nesse sentido, realizar avaliações antes, durante e depois de realizadas as ações é de fundamental importância para a obtenção dos resultados esperados.

A avaliação pode medir os impactos sociais e ambientais que as atividades causaram e as transformações comportamentais percebidas nos participantes.

Para tanto, deverão ser consideradas:

• Avaliação da situação atual: permitirá a comparação desta com os resultados obtidos: existem áreas de vegetação nativa na região para estudos das espécies de árvores que existem lá ? Em que locais? É fácil chegar até lá? Existem moradores tão antigos na região que possam prestar as informações necessárias? Quais as características atuais da área a ser restaurada? O proprietário é a favor da idéia?

• Avaliação durante a implantação do projeto: avaliações durante as etapas de execução, permitindo a análise do andamento do processo de implantação, bem como as mudanças necessárias para a obtenção dos resultados desejados: Foram identificadas áreas e espécies para coleta de sementes? As sementes foram coletadas? Quando? As mudas estão sendo produzidas? Quantas? Ficarão prontas a tempo? Foram plantadas na data planejada? Quantas morreram? Quantas sobreviveram?

• Avaliação no término do projeto: deverá conter todos os resultados obtidos durante o projeto, medindo a eficácia do esforço em relação ao produto final e ao cumprimento dos objetivos propostos. Quantas mudas foram plantadas? Qual a área que foi restaurada? Quanto cresceram após um ano? Quantas sobreviveram? A área está melhor hoje do que estava antes do trabalho? Existe algum risco de a área ser desmatada novamente? O que fazer para diminuir ou eliminar esse risco?

Estabeleça parcerias.

Com quem eu posso contar?

O Clube da Árvore deve procurar estabelecer uma rede de relacionamento, buscando articulações e parcerias que poderão facilitar as atividades a serem desenvolvidas, auxiliar com novas idéias e inclusive apoiar financeiramente. O propósito é enriquecer a atuação do Clube da Árvore e dos seus membros, pensando que os parceiros podem passar a ser membros do Clube da Árvore.

Quem podem ser os parceiros?

Os pais, moradores da comunidade, associações, cooperativas, prefeitura, ONGs locais, empresas, comerciantes, etc.

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“Um ser humano é uma parte do todo a que chamamos Universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele concebe a si mesmo, às suas idéias e sentimentos como algo separado de todo o resto. É como se fosse uma espécie de ilusão de ótica da sua consciência. Essa ilusão é um tipo de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e reservando nossa afeição a algumas pessoas mais próximas de nós. Nossa tarefa deve ser libertarmo-nos dessa prisão ampliando o nosso círculo de compaixão de maneira a abranger todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza.”

Albert Einstein

A Educação como Chave do Futuro resume as orientações resultantes do relatório da UNESCO de 1972 intitulado Aprender a Ser. Além de apresentar os quatro pilares da educação para o século XXI (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser), esse relatório defende que a educação deve ser integral, integrada e integradora, propiciando ao aluno a criação de sentidos e valores que fundamentem suas ações de modo a superar a fragmentação corpo/mente, razão/sentimento e natureza/sociedade que ainda caracteriza a sociedade atual.

Esse também é um dos objetivos primordiais da educação ambiental, que, segundo os princípios estabelecidos em Tbilisi, em 1977, deve ser um processo integrativo, permanente, participativo e transformador, no sentido de possibilitar aos indivíduos e à coletividade perceber o seu papel como parte integrante do ambiente e consolidar novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, a partir dos quais seja possível a melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente, a elevação da qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Assim, a prática de atividades lúdicas, entendida como estratégia de educação ambiental, propicia a integração entre o sentir (dimensão afetiva), o saber (dimensão cognitiva) e o fazer (dimensão motora). Contribui para a criatividade, desinibição, motivação, iniciativa, aquisição de conhecimentos, experimentação, autoconhecimento, auto-expressão e o desenvolvimento de valores voltados à construção de um mundo solidário e cooperativo, fundamentado no respeito à diversidade de vida e pluralidade cultural.

Nesse sentido, com o objetivo de propiciar idéias e sugestões que possam contribuir para a prática da professora em sala de aula, estão descritas a seguir algumas atividades de educação ambiental que podem ser aplicadas em diferentes situações, visando propiciar aos participantes oportunidades de ampliação da sua percepção em relação ao meio que os cerca.

Para utilização dessas atividades pode ser necessário algum tipo de adaptação, de acordo com o público e a situação, dependendo da finalidade do trabalho a ser realizado e da experiência de cada professora.

4.1 TIPOS DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

As atividades de educação ambiental podem ser divididas em atividades de sensibilização ambiental e atividades ecológicas. Ambas são importantes instrumentos da Educação Ambiental e buscam através de uma “vivência” sintetizar em poucos minutos uma reflexão acerca de uma experiência que nem sempre seria vivenciada no dia-a-dia.

Em Educação Ambiental, a aplicação das atividades de sensibilização e ecológica somente se justifica quando há uma mensagem a ser transmitida e principalmente quando estão inseridas em um trabalho educativo que terá seqüência e será marcado por claros objetivos.

CAPÍTULO 4 – Atividades de educação ambiental

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Teoricamente existe uma tênue diferença entre atividades de sensibilização e ecológicas. É importante ressaltar que ambas auxiliam o processo educativo, objetivando a comoção e preparação dos participantes para a discussão e a troca de conhecimentos sobre determinado tema.

4.1.1 Atividades de sensibilização ambiental

A realização de atividades de sensibilização como estratégia pedagógica oportuniza a vivência de situações e não apenas a transmissão de informações, favorecendo a aprendizagem significativa e discussão das relações das pessoas entre si e/ou destas com a natureza.

A intensidade do aprendizado não se dá só através de experiências externas, mas também pela intensidade da emoção vivida durante uma experiência.

O ser humano não aprende somente pela razão (fatores externos), ele aprende junto/através da emoção (fatores internos). Assim sendo, o papel de uma atividade de sensibilização é despertar a emoção para um melhor aproveitamento da informação que está sendo transmitida, e poderá ser trabalhada em qualquer área e nos mais diferentes níveis. Ressalta-se, no entanto, que seu papel é exclusivamente educativo, jamais devendo ser dado a ela um significado terapêutico, ou seja, não devem ser discutidos os aspectos psicológicos que podem afetar os participantes no decorrer da atividade.

Os objetivos das técnicas de sensibilização são:

• facilitar e possibilitar o processo educativo-participativo desenvolvido pela Educação Ambiental (uma vez que o conhecimento e a compreensão da realidade são mais facilmente alcançados pela vivência do que pela informação);

• valorizar atitudes e comportamentos que promovam o aprimoramento da interação das pessoas entre si e destas com a natureza;

• despertar a comoção para a importância do uso racional dos recursos naturais;

• sensibilizar as pessoas com relação às questões sócio-ambientais de sua localidade;

• possibilitar a discussão de valores relacionados a uma ética ambiental de respeito à vida.

4.1.2 Atividades ecológicas

A atividade ecológica é uma forma estimulante de os participantes, por uma prática, entrarem em contato com o ambiente natural, possibilitando um maior entendimento da dinâmica de um determinado ecossistema. Ressalta-se que a principal finalidade de uma atividade ecológica é despertar a comoção dos participantes para a natureza; o repasse de conhecimentos teóricos acontece naturalmente durante a vivência.

Preferencialmente a atividade ecológica deve ser aplicada no ambiente natural, porém existem algumas atividades que podem ser realizadas em ambiente fechado, depende da criatividade e da motivação do educador.

Os objetivos das atividades ecológicas são:

• despertar a curiosidade dos participantes com relação ao ambiente natural;

• facilitar a compreensão da interação do homem com a natureza;

• despertar a comoção para a importância do uso racional dos recursos naturais;

• traduzir a linguagem da natureza para a linguagem comum dos participantes;

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• facilitar e possibilitar o processo educativo-participativo desenvolvido pela Educação Ambiental (uma vez que o conhecimento e a compreensão da realidade são mais facilmente alcançados pela vivência do que pela informação);

• possibilitar a discussão de valores relacionados a uma ética ambiental de respeito à vida.

4.2 DESCRIÇÃO DE ALGUMAS ATIVIDADES DE SENSIBILIZAÇÃO

ATIVIDADE “MAPA DOS SONS”

Objetivo:

Propiciar um exercício de ampliação da percepção auditiva dos participantes, visando fazer com que percebam de forma integral os sons e mensagens que permeiam a nossa vida cotidiana.

Conteúdos:

• Ambiente natural e construído;

• Sons naturais e produzidos;

• Vocalização de animais;

• Poluição sonora.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia / Ciências;

• Geografia;

• Artes.

Recursos necessários:

• Folhas de papel sulfite branca (1 para cada participante);

• Lápis, borrachas e pranchetas (que podem ser feitas de papelão).

Procedimentos:

1. Distribuir para cada participante uma folha de papel tamanho A4 ou ofício em branco com um “x” marcado no centro.

2. O facilitador deve explicar aos participantes que a folha é uma mapa e o “x” indica onde cada pessoa está sentada.

3. Os participantes então deverão procurar um local onde possam se sentar sem serem perturbados, e a cada som que ouvirem devem fazer no mapa um sinal que identifique o som, indicando a direção e a distância de onde veio.

4. Para fazer com que os participantes ouçam melhor, o facilitador pode apresentar a técnica de colocar as mãos em concha atrás do ouvido.

5. Os participantes devem permanecer fazendo o mapa por 5 a 10 minutos, dependendo da capacidade de concentração e interesse do grupo.

6. Ao final, os participantes podem comparar os seus mapas, e o facilitador deverá provocar uma reflexão, abordando questões relacionadas aos sons da natureza, horários de cada som, bem como sobre as dificuldades existentes no ato de ouvir, seja a natureza ou as outras pessoas.

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7. A percepção, opinião e sensação dos próprios participantes devem ser consideradas no momento da reflexão.

Fundamentação e discussão:

As atividades de escuta dos sons, que possibilitam a percepção de forma integral dos sons e mensagens que permeiam a nossa vida cotidiana, propiciam a escuta ativa e sensível pelos participantes.

Essa requer o reconhecimento de que estamos rodeados por diferentes sons naturais e produzidos, inclusive nas grandes cidades, onde muitas vezes são percebidos apenas como poluição sonora e não como mensagens do próprio ambiente. Outro aspecto favorecido por este tipo de atividade é o de propiciar uma atitude de respeito e aprendizagem quanto ao saber ouvir outra pessoa, fator este primordial para uma boa convivência humana.

Para saber mais:

Esta atividade foi adaptada de Joseph Cornell: “Mapa dos Sons”, descrita no livro “A Alegria de Aprender com a Natureza: atividades ao ar livre para todas as idades” (Editora Senac, São Paulo. 1997).

ATIVIDADE “CAMINHADA PERCEPTIVA”

Objetivo:

Aguçar os sentidos e a percepção dos participantes por meio do contato direto e exploração dos elementos da natureza.

Conteúdos:

• Ambiente natural;

• Sentidos humanos;

• Biologia de plantas e vegetais.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia/Ciências;

• Geografia;

• Artes.

Recursos necessários:

• Folhas de papel sulfite branca (1 para cada participante);

• Lápis, borrachas e pranchetas, caso os participantes optem por desenhar a sua experiência;

• Vendas para olhos (1 para cada 2 participantes).

Procedimentos:

1. O facilitador deve convidar o grupo a formar duplas. Cada dupla deverá escolher quem deverá iniciar a atividade sendo o guia.

2. Cada dupla deverá receber uma venda para olhos, que será colocada na pessoa que será guiada.

3. Os participantes deverão, então, sair em uma caminhada, durante a qual o guia levará a pessoa que está sendo guiada para uma exploração do ambiente, levando-a a tocar em elementos

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escolhidos (árvores, flores, galhos, etc.), sempre assegurando a segurança da pessoa que está sendo guiada, para que não tropece ou bata a cabeça.

4. Após 15 minutos, a dupla deverá trocar de papel, ou seja, o guia passará a ser guiado e vice-versa.

5. Ao final da caminhada, os participantes poderão relatar oralmente a sua experiência ou poderão fazer um desenho sobre o que sentiram e perceberam durante a experiência.

6. O facilitador deverá provocar, então, uma reflexão com os participantes, com foco nas indicações apontadas na fundamentação teórica, preferencialmente extraindo a percepção, opinião e sensações dos próprios participantes.

Fundamentação e discussão:

Todos os elementos existentes no ambiente são importantes e merecedores de respeito. Cada um deles possui sua função dentro do sistema e está interligado com todos os demais elementos, formando uma rede de relações que fundamentalmente é responsável pela manutenção da vida na Terra.

Nos ecossistemas, os organismos e o ambiente interagem promovendo trocas de materiais e energia das cadeias alimentares e ciclos biogeoquímicos.

Qualquer interferência no processo poderá ser sentida por todos os elementos presentes no sistema.

Para saber mais:

Esta atividade foi adaptada de Joseph Cornell, “Caminhada Cega”, descrita no livro “Vivências com a Natureza: guias de atividades para pais e educadores” (editora Aquariana, São Paulo. 2005).

ATIVIDADE “BISBILHOTANDO”

Objetivo:

Proporcionar aos participantes uma percepção diferenciada do meio que os cerca, assim como das pessoas, em um exercício de enxergar por diferentes pontos de vista.

Conteúdos:

• Ambiente natural e construído;

• Ecossistema.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia / Ciências;

• Geografia;

• Artes.

Recursos necessários:

• Folhas de papel sulfite brancas ou coloridas (1 para cada participante);

• Lápis, borracha, giz de cera, lápis de cor;

• Pranchetas

Procedimentos:

1. Distribuir para cada participante uma folha de papel tamanho A4 ou ofício em branco.

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2. Solicitar que os participantes dobrem a folha ao meio no sentido do comprimento e depois dobrem ao meio novamente, para que encontrem o centro do papel.

3. No centro do papel, devem, então, fazer um pequeno orifício. Em seguida, devem abrir o papel novamente e verificar se conseguem enxergar com um dos olhos através da abertura que confeccionaram.

4. O facilitador da atividade deve, então, pedir que cada participante posicione-se em um local que considere interessante, podendo ser em uma área verde, um parque, no pátio da escola ou outro local.

5. Em seguida, devem segurar o papel com o braço totalmente esticado e observar o que conseguem enxergar através do pequeno orifício.

6. Após alguns segundos, devem aproximar lentamente o papel do rosto, sempre observando pelo orifício, para verificar o que acontece com o alcance da visão à medida que o orifício se aproxima do olho.

7. Ao final, os participantes devem registrar, por meio de desenhos, o que conseguiram observar pelo orifício do papel quando este estava distante do rosto e, depois, quando se aproximou.

8. O facilitador deve, então, finalizar a atividade, provocando uma reflexão com os participantes, falando sobre os diferentes ângulos de visão e diferentes perspectivas existentes sobre cada fato/problema. Na visão mais próxima é possível verificar maior detalhamento, enquanto a observação de longe permite ter uma visão do todo. Ambas as visões são importantes e permitem percepções diferenciadas, devendo estar sempre presentes em qualquer atitude, projeto ou análise a ser realizada.

9. Recomenda-se, ainda, durante a reflexão final, extrair dos participantes a sua percepção, opinião e sensações tidas durante a realização da atividade.

Variação da atividade:

Esta atividade também pode ser realizada em duplas. Com o papel posicionado a um palmo de distância do rosto, a pessoa que está segurando o papel deve tentar seguir, pelo orifício feito no meio da folha, o olho de outra pessoa, que estará sem o papel, e deverá se mexer e andar, tornando a tarefa o mais difícil possível. Depois a mesma tarefa deve ser realizada sem a utilização do anteparo de papel.

Esse exercício evidencia a dificuldade de acompanhar as mudanças em curso sem ter a visão do todo e observar a tendência de movimento.

Fundamentação e Discussão:

Um dos princípios básicos da educação ambiental é de que ela deve ser globalizadora, devendo considerar o ambiente em seus múltiplos aspectos e atuar com visão ampla de alcance local, regional e global. Embora sua atuação deva ser voltada para a resolução de problemas concretos do meio ambiente, ou seja, aqueles específicos, que afetam diretamente os indivíduos e a coletividade, a visão deve sempre remeter ao geral e ao global para que os objetivos e finalidades não se percam.

Esta atividade possibilita o exercício de mudança de perspectiva, a partir de uma visão mais restrita ou mais geral, dependendo da forma e da percepção de cada olhar.

ATIVIDADE “ORDENAR SEM PALAVRAS”

Objetivo:

Esta atividade visa propiciar a expressão não-verbal entre os participantes do grupo, além de favorecer a confiança e atitude cooperativa num desafio coletivo.

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Conteúdos:

• Valores;

• Movimentos corporais.

Áreas de conhecimento integradas:

• Filosofia;

• Educação física.

Recursos necessários:

• Toras de madeira ou bancos.

Procedimentos:

1. Distribuir num local aberto ou numa sala vazia bancos (do tipo simples, sem encosto) com cerca de 2 a 3 m de comprimento cada um, distanciados entre si para que sejam usados como suporte para a realização da atividade.

2. Dividir o grupo em subgrupos compostos por número pares de participantes, sendo recomendado serem de no máximo 16 pessoas cada um.

3. Solicitar que cada subgrupo se posicione próximo a um banco.

4. Pedir que agora cada subgrupo se divida novamente formando dois grupos menores, que deverão se posicionar em fila indiana, de pé, em cima do banco, sendo um grupo de frente para o outro (veja a ilustração a seguir)

OBS.: As pessoas que estão na posição 1 de cada equipe estão de frente uma para a outra.

As demais estão posicionadas exatamente atrás umas das outras.

5. Solicitar aos subgrupos que invertam a sua posição, ou seja, a equipe B deve ficar no lugar da Equipe A e vice-versa, sendo que os participantes devem manter a sua posição na fila (se a pessoa estava na posição 1, deve continuar na posição 1, mas do lado contrário, conforme ilustração a seguir). Mas isso deve ser feito sem colocar os pés para fora do banco e sem falar.

6. Por questões de segurança, para crianças com faixa etária menor de 10 anos, essa atividade deve ser realizada no chão, sobre papel recortado da mesma largura e comprimento do banco. Assim, elimina-se o risco de que os participantes caiam do banco.

GRUPO 1 EQUIPE A EQUIPE B

5 4 3 2 1 1 2 3 4 5banco

GRUPO 1 EQUIPE B EQUIPE A

5 4 3 2 1 1 2 3 4 5banco

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7. O facilitador deverá provocar, então, uma reflexão com os participantes, com foco nas indicações apontadas na fundamentação teórica, preferencialmente extraindo a percepção, opinião e sensações dos próprios participantes.

Fundamentação e Discussão:

A realização de jogos cooperativos como estratégia de educação ambiental propicia o estabelecimento de uma cultura fundamentada na cooperação e na solidariedade, essencial para uma convivência equilibrada entre a sociedade e a natureza, bem como para a realização de objetivos comuns, ambos imprescindíveis à reversão ou minimização dos problemas ambientais atuais globais.

Segundo Fábio Brotto, a escolha pelo caminho dos jogos cooperativos como um exercício de convivência favorece o desenvolvimento pessoal e a convivência social, visto que os participantes jogam uns com os outros e não uns contra os outros, superando o paradigma do individualismo para a consciência da cooperação.

Para saber mais:

• BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos – o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Projeto Cooperação. Santos/SP, 2001.

4.3 DESCRIÇÃO DE ALGUMAS ATIVIDADES ECOLÓGICAS

ATIVIDADE “TRILHA DE SURPRESAS”

Objetivo:

A atividade “Trilha de Surpresas” visa ampliar a percepção visual dos participantes em relação aos elementos existentes no local, através da vivência de uma atividade realizada em área verde.

Conteúdos:

• Ambiente natural e construído;

• Ecossistema.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia / Ciências;

• Português;

• Geografia;

• Artes.

Recursos necessários:

• Objetos para ocultar na vegetação da trilha (a quantidade de objetos deve ser igual ou superior ao número de participantes).

• Corda de aproximadamente 30 metros de comprimento para demarcação do percurso da trilha;

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Procedimentos:

1. Escolha, para realização da atividade, um local onde haja vegetação do porte de uma floresta, mas onde também exista vegetação arbustiva e rasteira. No caso de não haver uma floresta por perto, pode ser um jardim ou uma área verde, onde existam plantas de diferentes tamanhos, capazes de ocultar objetos que vão ser espalhado pelo local.

2. O facilitador deverá selecionar os objetos a serem ocultados na trilha, de acordo com o objetivo da atividade e com o perfil do público-alvo. Faixas etárias menores exigirão objetos maiores (para facilitar a visualização na trilha), ao passo que para faixas etárias maiores os objetos poderão ser menores e estar mais “escondidos” na trilha.

Sugere-se a utilização de objetos que possam ser camuflados facilmente na vegetação, especialmente brinquedos de borracha em forma de pequenos animais e insetos.

3. Os objetos selecionados deverão ser ocultados em uma faixa de aproximadamente 30 metros, por entre a vegetação de uma trilha, sendo colocados em uma distância de até 1 metro para dentro do caminho da trilha.

4. Os objetos devem ser colocados de forma tal que sua visualização seja camuflada. Devem estar dispostos em diferentes níveis de altura – sobre o solo, ao nível dos olhos ou no alto –, e em diversos níveis de dificuldade, sendo alguns mais fáceis de serem encontrados, enquanto outros estarão em locais menos visíveis. Para faixas etárias menores, os objetos deverão ser colocados de maneira a serem visualizados mais facilmente, enquanto para faixas etárias maiores e adultos o grau de dificuldade pode ser maior.

5. A faixa onde estarão escondidos os objetos deverá ser sinalizada com uma corda, com o objetivo de evitar que os participantes procurem objetos onde não existem.

6. Os participantes serão instruídos a percorrerem a trilha, no local demarcado com a corda, em fila indiana, tentando encontrar o maior número de objetos ocultos. A contagem é individual e deverá ser feita silenciosamente. Ao final do percurso o participante fala ao facilitador o número de objetos avistados.

7. O facilitador dirá ao participante qual o percentual atingido. Aqueles que perceberem menos de 40% dos objetos poderão retornar à linha demarcada em uma segunda tentativa de visualização.

8. Ao final da atividade, deverá ser realizada uma explanação sobre o uso dos sentidos em ambientes naturais, comparando-os aos ambientes urbanos. Pode, ainda, trabalhar assuntos relacionados à camuflagem natural em animais e vegetais e mimetismo. Extrair dos próprios participantes a percepção, opinião e sensações que tiveram durante a atividade é sempre recomendável.

Fundamentação e Discussão

De todos os cinco sentidos tradicionais (visão, olfato, paladar, tato e audição), o ser humano depende mais conscientemente da visão do que dos demais sentidos. Muito mais informações, detalhadas espacialmente e específicas, chegam até as pessoas através dos olhos do que por intermédio dos sistemas sensoriais da audição, olfato, paladar e tato.

A visão humana é estereoscópica, ou seja, pode ver tridimensionalmente e enxergar cores (privilégio apenas de algumas espécies).

O ser humano consegue ver coisas em sucessão, o mundo colorido e em profundidade, mas muitas vezes não consegue enxergar com clareza.

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E é preciso lembrar que as atitudes e ações cotidianas de cada pessoa e da coletividade têm relação direta com os seus valores e sua visão de mundo. Enquanto os seres humanos não conseguirem enxergar com clareza e se considerarem seres à parte da natureza, não serão capazes de interagir de maneira equilibrada com os demais elementos que formam a teia da vida.

Por isso, trabalhos de percepção visual e de reflexão e discussão sobre o conceito que cada indivíduo tem de meio ambiente são fundamentais para possibilitar mudanças no dia-a-dia das sociedades, especialmente no que se refere ao respeito às demais formas de vida existentes no Planeta.

Para saber mais:

• CORNELL, Joseph. Brincar e Aprender com a Natureza: um guia de atividades infantis para pais e monitores. Editora Senac. São Paulo, 1996.

• CORNELL, Joseph. A alegria de aprender com a natureza – atividades ao ar livre para todas as idades. Editora SENAC , São Paulo. 1997.

• ____________ Brincando e aprendendo com a mata: manual para excursões guiadas. Agência de Cooperação Técnica Alemã GTZ .

ATIVIDADE “O CUSTO DAS NOSSAS ESCOLHAS”

Objetivos:

• Proporcionar aos participantes reconhecer as suas capacidades intrínsecas como seres humanos, distinguindo-as de suas posses materiais ou de sua capacidade de consumo;

• Trabalhar conceitos de conservação da natureza e impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente;

• Exercitar a visão crítica do consumo.

Conteúdos:

• Impactos ambientais;

• Conservação da natureza;

• Capacidade de suporte dos ecossistemas;

• Consumo.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia/Ciências;

• Português;

• Geografia.

Recursos necessários:

• Canetas ou lápis, cadernos, folhas de papel, canetas hidrocor e fita adesiva.

Procedimentos:

1. Divida os participantes em grupos de 5 a 8 pessoas e peça para que cada grupo escolha um relator, que ficará encarregado de anotar os resultados das discussões;

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2. Peça então que os participantes imaginem que estão em uma ilha bem longe da “civilização” e ninguém dispõe de ferramentas ou qualquer outro bem, a não ser as suas próprias roupas. Há muita água fresca para beber, muitos vegetais e frutas que podem ser colhidos e o clima não requer roupa ou proteção especial. A ilha tem animais e plantas, mas nenhum deles representa um perigo real para os seres humanos;

3. Solicite, então, que, individualmente, cada pessoa pense e relacione em uma folha de papel todas as atividades que poderia praticar nessa ilha (pensando na sua sobrevivência e também no seu lazer);

4. Peça que os grupos se reúnam, falem sobre as listas individuais e elaborem uma outra lista, desta vez do grupo, contendo todas as atividades que poderiam ser feitas, podendo ser incluídas novas idéias e sugestões. O relator de cada grupo deverá anotar todas as sugestões e afixá-las na parede;

5. Solicite, então, que cada pessoa selecione, entre as atividades listadas pelo seu grupo, as suas 3 (três) preferidas, baseando-se no valor pessoal que cada um atribui a cada atividade e a maneira como a vê. Peça, então, que o grupo identifique as 3 (três) atividades mais votadas, que serão as 3 (três) atividades preferidas do grupo. Peça que essas 3 (três) atividades sejam afixadas na parede ao lado da primeira lista;

6. Discuta, então, com a turma as preferências de cada grupo, ressaltando as diferenças de valores e desejos existentes entre as pessoas. Em seguida aborde a questão dos impactos ambientais que essas atividades preferidas pelo grupos teriam sobre o ambiente da ilha;

7. Repita o exercício, pedindo que os alunos imaginem agora que podem levar para a ilha qualquer coisa que possa ser comprada por R$ 50,00 ou menos:

• o que cada pessoa compraria?

• quantas atividades esse novo bem poderia ajudar a acrescentar a cada lista?

• que efeitos essas outras atividades teriam sobre o meio ambiente da ilha?

Peça que as novas listas de atividades e de preferências também sejam afixadas na parede e faça uma comparação entre a primeira e esta, assim como entre os impactos ambientais que a primeira lista trouxe e os impactos que a nova lista traria;

8. Se o tempo permitir, repita o exercício mais uma vez, mas diga que agora as pessoas terão R$ 3.000,00 para gastar.

• o que cada pessoa compraria?

• quantas possibilidades esse dinheiro abriria para cada um?

• como o grupo classificaria essas possibilidades em comparação com aquelas da sua primeira lista?

• quais os impactos ambientais causados por essas novas possibilidades?

Peça de novo que as novas listas de atividades e de preferências sejam afixadas na parede e faça mais uma vez uma comparação entre a primeira e esta nova lista, assim como entre os impactos ambientais que a primeira e a segunda lista trouxeram e os impactos da nova lista mais “endinheirada”;

9. Faça uma discussão final sobre os resultados do exercício:

• o que a sociedade em que vivemos nos diz sobre a relação entre dinheiro/consumo/propriedade e bem-estar?

• até que ponto isso realmente se enquadra na nossa experiência de vida?

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• quais eram as conseqüências ambientais relativas à primeira, segunda e terceira listas?

• as diferenças no impacto ambiental valiam a pena, quando considerado o valor do que se tinha em troca, mesmo de uma perspectiva puramente humana?

Lembre que as discussões finais sempre ficam mais ricas se você conseguir extrair dos próprios participantes a sua percepção, opinião e sensação, para que possa usar essas referências, fazendo as devidas relações com o tema em debate.

Para saber mais:

Esta atividade foi adaptada do livro “Simplicidade – idéias, exemplos e exercícios para conquistar uma prosperidade inimaginável”, de Mark A. Burch. Editora Cultrix.

ATIVIDADE “COMO ESTAMOS CUIDANDO DAS NOSSAS FLORESTAS?”

Para a realização dessa atividade, recomenda-se a leitura e execução dos passos propostos no material Aquecimento Global e Biomas Brasileiros (parte integrante do material Clube da Árvore 2008). Lá existe uma série de definições e experiências que abordam o tema aquecimento global, biodiversidade e florestas

Objetivos:

• Trabalhar conceitos de conservação da natureza;

• Analisar a manutenção das florestas tendo em vista a sua forma de utilização pela sociedade hoje;

• Proporcionar o exercício da cidadania.

Conteúdos:

• Conservação da natureza;

• Relação ser humano / natureza;

• Formas de ocupação do território.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia / Ciências;

• História;

• Geografia.

Recursos necessários:

• Objetos produzidos a partir de produtos florestais utilizados no dia-a-dia dos alunos e da escola;

• Papel, lápis, caneta, envelopes e selos.

Procedimentos:

1. Peça para que os seus alunos façam uma pesquisa em casa e na escola e relacionem todos os objetos que usam no seu dia-a-dia, cuja fabricação necessita de produtos florestais (madeira, fibras de madeira, folhas, óleos, frutos, etc.);

2. Aborde a questão da exploração dos recursos naturais, explique a diferença entre florestas nativas e exóticas. Fale um pouco sobre o ecossistema no qual a sua cidade está inserida (Floresta Atlântica/Caatinga/Floresta Amazônica/Pantanal/Campos, etc.), o sistema de exploração a que foi

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submetido historicamente e a sua situação atual, evidenciando o seu estado de degradação;

3. Solicite aos alunos que procurem saber de onde vem cada produto que relacionaram inicialmente (qual espécie e ecossistema ao qual pertence, como é a exploração do produto, etc.);

4. Se possível, peça também que os alunos percorram lojas de móveis da cidade para verificar qual a origem da matéria-prima utilizada na sua fabricação;

5. Caso tenham dúvidas sobre a origem de cada material, incentive os alunos a escreverem cartas ou e-mails aos fabricantes para que possam esclarecer a origem e a forma de manejo das florestas de onde foi retirado o material utilizado na fabricação dos produtos;

6. Realize um debate sobre as razões e conseqüências do desmatamento, onde um grupo fale sobre as conseqüências da derrubada das florestas e o outro tente justificar as razões desse desmatamento (tipo júri simulado);

7. É importante criar situações de debate, fazendo perguntas polêmicas, e ter um mediador que marque os tempos de resposta e possa “apaziguar os ânimos” caso seja necessário. Incentive todos os alunos a participarem, seja na defesa de suas posições, seja realizando perguntas. Ao final, faça uma avaliação crítica da situação atual das florestas hoje no Brasil;

8. Solicite também uma pesquisa sobre animais típicos da sua região que se encontram em perigo de extinção em função da redução e fragmentação do seu hábitat, e também sobre o tráfico de animais silvestres.

9. Peça que os alunos relacionem atitudes que o ser humano vem tomando para reverter o quadro de desmatamento e extinção de espécies e solicite que sugiram outras medidas que poderiam ser tomadas pelo governo, pela sociedade e por cada pessoa.

10. Incentive-os a trabalhar para que essas sugestões virem realidade, seja escrevendo cartas com reivindicações para os órgãos públicos responsáveis pela gestão dos recursos naturais, seja mobilizando a comunidade por uma causa, seja mudando as suas atitudes com relação ao ambiente em que vivem.

Variações da atividade:

1. Denúncias aos órgãos responsáveis

Todos os dias, em todos os lugares, é possível observar ações que violam leis e princípios de conservação da natureza: derrubadas irregulares de árvores; esgoto ou lixo sendo jogado diretamente nos rios; desrespeito aos fundos de vale e às faixas de mata ciliar obrigatórias por lei, etc. Tomar qualquer atitude individual com relação a essas situações é bastante difícil, mas existem órgãos responsáveis por monitorar e fiscalizar esse tipo de abuso (Secretarias de Meio Ambiente, Delegacia de Meio Ambiente, Órgãos Estaduais de Meio Ambiente, IBAMA, etc.).

Uma atitude fácil de ser tomada e que exercita a cidadania, fazendo ainda com que os alunos se envolvam em assuntos de interesse da sociedade, é por meio da denúncia aos órgãos responsáveis.

Incentive-os a recolher os dados corretamente (descrição detalhada do ato irregular, endereço de ocorrência, data, se havia pessoas no local, etc.) e a escrever cartas denunciando abusos detectados no seu bairro e cidade. Vale ainda cobrar, depois de algum tempo, a atitude tomada pelo órgão ao qual foi denunciada a ação, para verificar o resultado da denúncia e a punição que os infratores tiveram.

2. Apoio à criação e/ou manutenção de Unidades de Conservação

Unidades de Conservação são áreas com características naturais relevantes criadas e delimitadas pelo

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Poder Público com objetivo de conservar a biodiversidade. Diante do fato de que os biomas brasileiros se encontram em condições de conservação bastante difíceis, é fundamental garantir minimamente a sua preservação para as gerações futuras.

Converse com seus alunos sobre a importância das unidades de conservação. Se possível, leve-os para conhecer algum Parque Estadual ou Nacional próximo a sua cidade (em geral eles são abertos à visitação e possuem programas de educação ambiental). Incentive-os a apoiarem a sua criação e ajudarem na sua manutenção.

Para saber mais:

• URBAN, T. Saudade do matão: relembrando a história da conservação da natureza no Brasil. Curitiba: Editora da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza; Fundação MacArthur, 1998.

• FERNANDEZ, F. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, conservação da natureza, e seus heróis. 2ª ed. – Curitiba : Editora da UFPR, 2004.

• Biodiversidade. E.O. Wilson, editor; Francês M. Peter, subeditor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

ATIVIDADE “AQUECIMENTO GLOBAL: DE QUEM É A CULPA?”

Para a realização dessa atividade, recomenda-se a leitura e execução dos passos propostos no material Aquecimento Global e Biomas Brasileiro (parte integrante do material Clube da Árvore 2008). Lá existe uma série de definições e experiências que abordam os temas aquecimento global, biodiversidade e florestas

Objetivos:

• Desenvolver a capacidade de pesquisar e procurar soluções para situações-problema;

• Desenvolver no aluno a noção de agente transformador do ambiente e mostrar a possibilidade de discussão e intervenção nas ações humanas;

• Discutir os diversos pontos de vista e interesses de uma situação-problema.

Conteúdos:

• Biodiversidade;

• Relação ser humano/natureza;

• Poluição;

• Aquecimento global.

Áreas de conhecimento integradas:

• Biologia/Ciências;

• História;

• Geografia;

• Português;

• Artes.

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Recursos necessários:

• Mapas de vegetação, material de pesquisa sobre biomas, textos de jornais e revistas sobre aquecimento global;

• Um rolo de barbante;

• Papel, lápis, caneta.

Procedimentos:

1. Para iniciar um trabalho sobre aquecimento global em sala de aula, comece falando sobre as áreas naturais do Brasil e do Planeta e sua distribuição, em termos de biodiversidade no país e no mundo. Em geral, os alunos têm a idéia de que todo ambiente natural é floresta e todas as florestas têm as características de uma Floresta Amazônica ou Floresta Atlântica. Mostre que os Campos Naturais, por exemplo, também são importantes ambientes naturais com altas taxas de biodiversidade, e que países mais frios, da Europa e da América do Norte, têm outros tipos de florestas.

2. Peça que os alunos pesquisem em mapas ou na internet (caso tenha disponível na sua escola) a distribuição natural da vegetação no Brasil e no mundo. Faça-os perceber os diferentes biomas existentes dentro do país e nas demais regiões da Terra, demonstrando, ainda, o número de espécies (em grandeza) vegetais e animais existentes em cada bioma ou região, a variação de temperatura ao longo do ano, etc. Prepare o aluno para que perceba que nas regiões tropicais, onde a quantidade de energia recebida do sol é maior, a vegetação é mais exuberante e há um número maior de espécies animais e vegetais.

3. Apresente aos alunos a Teia da Vida. Mostre como todos os elementos se interligam e se relacionam entre si. A brincadeira de passar um barbante de mão em mão é bem ilustrativa e mostra exatamente como funciona a teia:

Forme um círculo com todos os participantes. A primeira pessoa segura a ponta do barbante com uma mão, joga o rolo para outra pessoa qualquer do círculo e fala qual elemento do ambiente ela está representando (pode ser uma árvore, um arbusto, uma flor, uma abelha, uma onça, o sol, o solo, o ar, etc.). Sucessivamente, o rolo deve ser jogado de um participante para outro, repetindo o processo até que se forme uma teia.

Com a teia formada, solicite aos participantes que observem como é a sua forma espacial e brinque de alterar a sua estrutura, balançando, puxando, de forma a fazer com que os participantes possam ver como eles estão conectados e como se inter-relacionam entre si. Você pode também soltar uma das pontas ou cortar um dos fios da teia, para que todos possam observar o que acontece e como a teia volta ao seu estado de equilíbrio.

4. Discuta, em seguida, o Ciclo de Carbono na natureza, mostrando o que produz CO2 e como é consumido naturalmente. O processo de fotossíntese deve ser introduzido, assim como o processo respiratório de todos os seres vivos.

5. Explique que o gás carbônico sempre esteve presente na atmosfera e que o efeito estufa natural é essencial para a existência. Mostre o que é o efeito estufa e como ele funciona.

6. Mostre a importância das florestas nesse processo, como elas acumulam carbono em sua biomassa (tronco, galhos, folhas, flores, raízes) e no solo, evitando que ele fique na atmosfera. Fale sobre o conceito de “sumidouros de carbono”, que nada mais são do que grandes áreas onde o carbono é retirado da atmosfera pelo processo de fotossíntese. A Amazônia é um exemplo, assim como os mares, onde as algas, ao fazerem fotossíntese, também retiram o carbono da atmosfera.

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7. Mostre, então, os desequilíbrios no ciclo de carbono, enfatizando a interferência humana como a principal causa do desequilíbrio.

8. Discuta, então, com os alunos quais são os maiores emissores de gás carbônico do planeta. Provavelmente serão mencionados os veículos, as indústrias, etc. A resposta está correta, mas não completa. Informe que, segundo levantamentos realizados pela ONU em 2000, as indústrias e os transportes, concentrados nos países mais desenvolvidos, contribuíram respectivamente com 13,8% e 13,5% das emissões de CO2. Já o desmatamento respondeu por nada menos que 18,2% do total.

9. Mostre, então, como o carbono acumulado nas florestas pode voltar à atmosfera quando as florestas são derrubadas e queimadas.

Enfatize que 75% das emissões de carbono do Brasil correspondem aos desmatamentos, ou seja, a substituição de áreas de florestas por áreas para agricultura, pecuária ou ampliação das cidades.

10. Aproveite a oportunidade e trabalhe também a questão dos desmatamentos. Onde eles mais ocorrem no Brasil? Por que eles ocorrem? Quais as conseqüências? O que pode ser feito para reduzí-los?

11. Peça que os alunos pesquisem sobre o assunto (tanto aquecimento global como desmatamento) em jornais, revistas, etc., e peça que produzam textos, cartazes, desenhos, maquetes, entre outros instrumentos educativos.

12. Solicite, então, que discutam formas de reduzir os efeitos do aquecimento global. Como cada um pode ajudar individual ou coletivamente para melhorar a situação? Peça para que escrevam dicas e montem uma cartilha para ser distribuída aos pais e para a comunidade; ou façam cartazes para serem afixados na escola e em pontos importantes da comunidade (igrejas, associações, supermercados, etc.)

Variações da atividade:

1. Júri Simulado

Após fazer os estudos e pesquisas sobre as causas e conseqüências do aquecimento global, você pode organizar com os seus alunos um Júri Simulado.

Escolha uma questão polêmica sobre o assunto, como “o Brasil é o principal culpado pelo aquecimento global” ou “o aquecimento global é só um invenção dos ambientalistas”, ou ainda, crie outras de sua preferência.

Selecione ou sorteie um dos alunos para atuar como juiz, um grupo de 4 ou 5 pessoas para serem os advogados de defesa da causa e outro grupo com o mesmo número de integrantes para ser os advogados de acusação. Os demais alunos da classe serão divididos em jurados e testemunhas de acusação e defesa.

Os grupos de advogados, de defesa e acusação, deverão, separadamente, pesquisar sobre o assunto e criar seus argumentos (de defesa ou acusação). Da mesma forma, as testemunhas deverão pesquisar para darem seus depoimentos, para um ou outro lado, e os jurados deverão estudar para poderem fazer perguntas relativas ao assunto.

As testemunhas de cada lado poderão conversar com os advogados para prepararem seus depoimentos.

Ao juiz caberá elaborar e explicar as regras e os procedimentos permitidos durante o julgamento (tempo para cada lado, quantas testemunhas poderão ser chamadas, tempo de cada depoimento, etc.). Ele também encaminhará o processo e dará a última palavra sobre qualquer conflito ou dúvida. Em caso de alunos menores, do ensino fundamental, sugere-se que o juiz seja o própria professora.

Inicialmente os advogados de defesa e acusação apresentarão os seus argumentos, no intuito de

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convencer os jurados. Em seguida, as testemunhas serão chamadas e deverão ser questionadas pelos advogados da acusação, da defesa e também pelos jurados, caso estes tenham dúvidas.

Ao final dos depoimentos das testemunhas, os advogados farão a conclusão do seu ponto de vista. Os jurados, então, realizarão uma reunião a sós para determinar o veredito final. Cada jurado deverá, então, expor a sua posição e explicar o seu voto.

Durante o julgamento o juiz atuará somente para apaziguar os ânimos, caso necessário, e para garantir que as regras do jogo sejam cumpridas.

Em caso de os jurados não chegarem a um consenso, e se houver um empate na sua decisão, o juiz poderá também dar o seu voto de minerva para resolver a questão.

Vale recomendar que os jurados, assim como o juiz, deverão ser absolutamente imparciais, levando em consideração os argumentos apresentados durante a atividade e nunca a sua opinião pessoal.

Sugestões: outras questões que podem ser abordadas durante o trabalho

• Quais são os efeitos de um desmatamento para o meio ambiente? E de uma queimada? O que acontece com o carbono nestes casos?

• Quanto de CO2 uma árvore de porte médio pode capturar por dia?

• Qual a média anual de desmatamento no Brasil? Proponha medidas efetivas para conter este desmatamento.

• Algumas empresas fazem propaganda de que fizeram reflorestamento. Isto é suficiente para amenizar o impacto ambiental? Como fica a biodiversidade, se quando fazem reflorestamento usam em geral uma única espécie?

• Qual a importância do protocolo de Quioto para conter o aquecimento global? O que diz o acordo? Os EUA são responsáveis por 36% das emissões globais de gases que contribuem para o aquecimento e não assinaram o acordo. O que isto implica?

• O governo brasileiro tem dito nas negociações internacionais que o país faz a sua parte investindo em energias renováveis. O que são energias renováveis? Como sua produção interfere no meio ambiente? Isto realmente é suficiente?

• Existe um culpado pelo aquecimento global? Proponha que os alunos escrevam coletivamente ações que os governos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento deveriam fazer tanto para diminuir emissões de gases como para aumentar as formas de fixar carbono.

Para saber mais:

• IPAM. Perguntas e respostas sobre mudanças climáticas. Belém. PA. 2008.

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Biodiversidade. E.O. Wilson, editor; Francês M. Peter, subeditor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos – o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Projeto Cooperação. Santos/SP, 2001.

CORNELL, Joseph. Brincar e Aprender com a Natureza: um guia de atividades infantis para pais e monitores. Editora Senac. São Paulo, 1996.

CORNELL, Joseph. A alegria de aprender com a natureza – atividades ao ar livre para todas as idades. Editora SENAC , São Paulo. 1997.

DIAS, G.F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 9 ed. São Paulo : Gaia, 2004.

FERNANDEZ, F. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, conservação da natureza, e seus heróis. 2ª ed. – Curitiba : Editora da UFPR, 2004.

FOSCHIERA, Elisabeth M. Educação ambiental e desenvolvimento – Projeto Pró-Guaíba na escola. UPF Editora, Passo Fundo, 2002.

IPAM. Perguntas e respostas sobre mudanças climáticas. Belém. PA. 2008.

REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 6ª edição. São Paulo, Cortez, 2004

URBAN, T. Saudade do matão: relembrando a história da conservação da natureza no Brasil. Curitiba : Editora da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza; Fundação MacArthur, 1998.

____________ Brincando e aprendendo com a mata: manual para excursões guiadas. Agência de Cooperação Técnica Alemã GTZ.

REFERÊNCIAS

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SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação AmbientalR. Isaías Bevilaqua, 999 - Curitiba - Paraná - 80430-040

www.spvs.org.br