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UNIVERSIDADE DO ALGARVE Escola Superior de Gestão,
Hotelaria e Turismo
Guião para a Elaboração de Trabalhos Académicos
As Autoras:
Ana Isabel Renda
Filipa Perdigão
Ileana Monteiro
Maio 2007
ii
ÍNDICE GERAL ÍNDICE DE FIGURAS iii
PREÂMBULO iv
INTRODUÇÃO 1
1. Estruturação do Trabalho Escrito 3
1.1 Parte pré-textual 3
1.1.1 Capa e folha de rosto 3
1.1.2 Epígrafe (eventual) 4
1.1.3 Agradecimentos (eventuais) 4
1.1.4 Resumo 4
1.1.5 Índice geral 4
1.1.6 Siglas e abreviaturas 5
1.2 Parte textual 5
1.2.1 Introdução 6
1.2.2 Desenvolvimento 7
1.2.3 Conclusão 14
1.3 Parte pós-textual 15
1.3.1 Bibliografia ou referências bibliográficas 15
1.3.2 Apêndices e anexos 16
2. Aspectos Formais do Trabalho Escrito 17
2.1 Aspectos gráficos gerais 17
2.2 Bibliografia ou referências bibliográficas 18
2.3 Citações 23
2.4 Notas de rodapé 24
2.5 Figuras 25
CONCLUSÃO 27
BIBLIOGRAFIA 28
APÊNDICES 30
Apêndice 1 – Modelo de Capa 31
Apêndice 2 – Exemplo de Artigo 32
Apêndice 3 – Tabela de Verificações 41
iii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Síntese de métodos e técnicas de investigação 13
Figura 2 Aspectos gráficos 17
Figura 3 Referências bibliográficas por tipo de documento 19
Figura 4 Exemplos de citações 24
Figura 5 Legendagem de figuras 26
iv
PREÂMBULO
Este Guião para a Elaboração de Trabalhos Académicos surge a pedido do
Conselho Pedagógico e tem como objectivo servir de base orientadora na
elaboração de trabalhos académicos. Não se substitui a obras mais exaustivas
sobre esta temática, disponíveis na biblioteca da Escola Superior de Gestão,
Hotelaria e Turismo (ESGHT) e noutras bibliotecas da Universidade. Também
não responde a todas as dúvidas que naturalmente se colocam a quem elabora
um trabalho desta natureza. Recomendamos que, para além da leitura atenta
do Guião, os alunos consultem outras fontes, designadamente as referidas na
bibliografia. A bibliografia deste documento contempla as obras consultadas e
referenciadas no Guião, bem como inclui outras obras que consideramos
fundamentais para a elaboração de um trabalho académico.
No final do Guião incluem-se, para além de um exemplo de capa, um artigo
científico comentado e anotado para que o aluno possa verificar, através de
exemplos concretos, os pressupostos de elaboração apresentados neste Guião
e ainda uma tabela de verificações para o aluno confirmar, de forma autónoma,
se o seu trabalho cumpre as normas aqui estabelecidas.
O Guião para a Elaboração de Trabalhos Académicos está disponível em
formato PDF em na Intranet da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e
Turismo.
As autoras:
Ana Isabel Renda
Filipa Perdigão
Ileana Monteiro
1
INTRODUÇÃO
Os trabalhos produzidos em contexto académico obedecem a um estilo, registo
e linguagem particulares. Na escrita académica existem normas que devem ser
seguidas, tanto ao nível do conteúdo, como da abordagem e da forma. Este
manual apresenta várias destas normas e também particularidades que podem
ajudar o aluno a construir um trabalho bem elaborado.
Em primeiro lugar, a escrita académica exige um registo muito formal, com
linguagem cuidada. A escolha da terminologia deverá ter em atenção a
utilizada na área em que se inscreve o trabalho.
Em segundo lugar, um trabalho académico deve procurar ser analítico e não
apenas descritivo, ou seja, tem de apresentar uma abordagem crítica sobre
um determinado assunto, quer se trate de uma avaliação crítica do estado de
coisas (ex. a sazonalidade da indústria turística em Portugal) quer de uma
análise crítica de dados primários recolhidos pelo aluno (ex. o perfil dos
espectadores do Teatro das Figuras, Faro).
Em terceiro lugar, a organização do trabalho obedece a três etapas
obrigatórias: introdução, corpo do trabalho ou desenvolvimento e conclusão.
Cada um destes momentos do trabalho tem de incluir, obrigatoriamente,
determinados conteúdos, mais abaixo identificados.
Em quarto lugar, um trabalho académico procura apresentar ideias, conceitos,
raciocínios e argumentos baseados naquilo que já foi produzido anteriormente
naquele campo de estudo. Isto significa que é obrigatória a pesquisa e leitura
de vários autores sobre o assunto, para depois poderem ser utilizados como
suporte das próprias ideias, raciocínios e argumentação apresentados pelo
aluno.
2
Em último lugar, um trabalho académico deve ser apresentado de acordo com
a forma normalmente utilizada em artigos científicos ou académicos. Estes
trabalhos devem seguir as regras académicas ao nível da construção frásica e
gramatical, ortografia, pontuação, organização em parágrafos, citações,
referências, terminologia, tamanho de letra, espaçamento, divisão em partes,
entre outros aspectos. Em caso de dúvida, deverá o aluno consultar obras de
referência científicas disponíveis quer na biblioteca da ESGHT, quer noutras
bibliotecas da Universidade.
3
1. Estruturação do Trabalho Escrito
1.1 Parte pré-textual1
A parte pré-textual consiste num conjunto de elementos colocados antes do
corpo do texto, é parte integrante do trabalho e permite a sua precisa
identificação, para além de facilitar a sua correcta compreensão.
1.1.1 Capa e folha de rosto
Nos trabalhos académicos, na ESGHT, a capa deve coincidir com a folha de
rosto e, por esse motivo, a encadernação do trabalho deve ter, como capa,
uma folha plástica transparente de modo a deixar visível a folha de rosto.
Da capa devem constar os seguintes elementos (ver apêndice 1 – Exemplo de
Capa):
− Estabelecimento de ensino – deve ser inserido por extenso;
− Curso e ano;
− Título do trabalho e subtítulo – devem ser concisos e precisos;
− Nome da unidade curricular;
− Nome do docente, orientador ou co-orientador;
− Nome do autor e respectivo número de aluno (organizados por ordem
alfabética, com o nome em primeiro lugar e o número em segundo)2;
− Local – refere-se ao local onde o aluno frequenta o curso (no caso da
ESGHT será Faro ou Portimão);
− Data/ano lectivo;
1 Prefácio, Preâmbulo, Advertência ou Nota Introdutória são também componentes opcionais da parte pré-textual. Normalmente, os trabalhos académicos das unidades curriculares da ESGHT não as contemplam, pelo que deverá consultar bibliografia especializada caso as queira incluir. 2 Para facilitar a leitura do documento, optou-se por fazer apenas referência ao autor do trabalho no singular, embora os trabalhos sejam muitas vezes desenvolvidos por dois ou vários autores.
4
− Não deve incluir ilustração.
1.1.2 Epígrafe (eventual)
A epígrafe é a citação de uma frase, verso ou pequeno fragmento de um
poema ou texto, relacionado com o tema do trabalho e com a forma como é
apresentado. A epígrafe é inserida em página independente de qualquer outro
texto.
1.1.3 Agradecimentos (eventuais)
Apesar dos agradecimentos serem eventuais, a maior parte dos trabalhos
realizados na ESGHT, nas várias unidades curriculares, implica a colaboração
de pessoas e entidades que fornecem informação ou emitem opiniões. Os
agradecimentos devem ser apresentados, em folha separada, a todos os
indivíduos e instituições que, de algum modo, contribuíram para a elaboração
do trabalho.
1.1.4 Resumo
O resumo deve ser uma síntese do trabalho destacando os aspectos mais
relevantes. Deve incluir tema, objectivos, metodologias, principais resultados,
implicações e conclusões do estudo. Poderá também incluir 4 ou 5 palavras-
chave que ajudam a definir a(s) área(s) científica(s) do estudo (ver apêndice 2
– Exemplo de Artigo).
1.1.5 Índice geral
O índice geral consiste numa lista de todos os assuntos tratados no trabalho.
Deve incluir, com indicação da respectiva página inicial, a titulação de partes,
5
capítulos, subcapítulos, apêndices, anexos e outros índices. Deve ser incluído
no início do trabalho de forma a facilitar a consulta e leitura do mesmo.
O trabalho poderá ainda necessitar de outros índices (por exemplo, o Índice de
Figuras). Este tipo de índices permite uma mais fácil consulta por parte do
leitor. Todos os índices específicos devem constar do índice geral.
1.1.6 Siglas e Abreviaturas
A lista de siglas e abreviaturas ou glossário3 é opcional e deverá figurar em
página própria. Caso a lista se revele necessária pela quantidade, diversidade
e utilidade ao longo do texto, deve ser inserida antes da sua utilização no texto
(por isso deve ser incluída na parte pré-textual). Contudo, ao referir pela
primeira vez a sigla, esta deverá sempre ser precedida pela designação por
extenso (ver referência à ESGHT no preâmbulo deste documento).
1.2 Parte textual
A parte textual engloba o desenvolvimento sequencial do tema, onde se
desenvolve a descrição, análise, sistematização e explicação da temática do
trabalho, devidamente enquadrada na área científica a que reporta. Ver a este
respeito os comentários apresentados no apêndice 2 - Exemplo de Artigo.
Deve ser subdividida em partes, capítulos e subcapítulos, de acordo com as
exigências do tema e as opções do autor. Cada uma destas partes deve ser
harmoniosamente dimensionada e aprofundada, podendo incluir quadros e/ou
figuras, os quais devem constar em índices próprios. Sempre que se inicia um
novo capítulo deve mudar-se de folha.
3 Siglas: sequência de letras utilizadas em substituição de palavras inteiras.
Abreviaturas: formas reduzidas de palavras. Glossário: breve definição de termos ou conceitos.
6
1.2.1 Introdução
A introdução é o primeiro texto (exceptuando o resumo que tem características
particulares referidas anteriormente) que se apresenta ao leitor e, portanto, o
“cartão de visita” do autor do trabalho.
Este texto é, por isso, escrito pelo autor do trabalho de modo a conseguir
cativar e informar com clareza o leitor relativamente ao seu conteúdo. Cumpre
também a função de facilitar a compreensão do trabalho, esclarecendo a sua
razão de ser.
Deve ser redigida de forma resumida e clara e é imprescindível que inclua os
conteúdos que em seguida se descrevem:
− Referência ao tema e subtema – justificação da escolha (as razões
apresentadas não se devem limitar a questões pessoais mas sim realçar a
pertinência, utilidade e exequibilidade do estudo);
− Referência concreta ao problema de investigação em causa – o problema
deve ser apresentado a partir de um breve enquadramento circunstancial e
teórico4, de forma a dar a conhecer ao leitor a perspectiva adoptada no
trabalho;
− Identificação clara do objectivo principal do trabalho, dos objectivos gerais
e, eventualmente, dos objectivos específicos (podendo os últimos ser
discriminados no corpo do trabalho);
− Indicação dos pressupostos do estudo e/ou explicitação das hipóteses de
trabalho formuladas (as hipóteses devem ser apresentadas no capítulo
respeitante à metodologia pelo que podem surgir na introdução com menos
pormenor), sempre de acordo com o problema de investigação enunciado; 4 Enquadramento teórico de acordo com a área científica a que o trabalho diz respeito e com a perspectiva de análise que se adopta.
7
− Breve alusão à metodologia privilegiada no estudo (no capítulo da
metodologia será devidamente desenvolvido esse aspecto), para dar a ideia
ao leitor do tipo de trabalho que está a ser apresentado e defender a
escolha metodológica, bem como possíveis condicionalismos inerentes a
esta escolha;
− Breve alusão à forma de organização/estruturação do trabalho escrito, de
forma a realçar a lógica de organização dos conteúdos;
− Qualquer advertência importante para a compreensão do trabalho pode,
eventualmente, ser inserida neste texto introdutório.
1.2.2 Desenvolvimento
O desenvolvimento do tema consiste na organização lógica dos conteúdos do
trabalho em partes, capítulos e subcapítulos, de acordo com a estruturação que
o autor defina.
É importante ter presente que a estruturação do trabalho, a forma como é
redigido, o tratamento que é dado à informação e a reflexão crítica apresentada
são elementos imprescindíveis na diferenciação dos trabalhos e são
conducentes, se devidamente apresentados, à valorização dos mesmos.
Em todos os capítulos é importante reforçar as ideias apresentadas com dados,
citações ou ilustrações de forma a sustentar cientificamente o que é dito (ver
pontos 2.3 Citações e 2.5 Figuras).
Os trabalhos académicos elaborados nas unidades curriculares da ESGHT
podem assumir diversas estruturas, quer de índole mais descritiva, teórica ou
analítica, quer de carácter mais empírico quando respeitam a pesquisa de
campo efectuada. Cada uma destas opções obedece a componentes
específicas que devem ser sempre discutidas com o professor da unidade
curricular.
8
Em grande parte dos casos, os trabalhos solicitados inscrevem-se no segundo
tipo (trabalhos teórico-práticos) e devem incluir várias componentes que, como
atrás se referiu, serão posteriormente organizadas numa estrutura própria.
Lembramos ainda que cada uma das componentes abaixo listadas não tem
que corresponder obrigatoriamente a capítulos ou subcapítulos. Podem então
identificar-se quatro componentes essenciais:
Componente teórica ou analítica – Esta componente pressupõe a revisão de
literatura sobre a temática considerada, a definição de conceitos e a construção
do modelo de análise.
Deverão existir, no trabalho escrito, partes e/ou capítulos e/ou subcapítulos, em
que se inclua esta componente.
O mais frequente é a elaboração de um texto independente que consiste no
enquadramento teórico ou fundamentação teórica do tema em causa.
Contudo, pode também acontecer, para alguns trabalhos, que esta
componente surja em vários capítulos, conjugada com as outras componentes
que em seguida se identificam.
Componente de caracterização – Esta componente implica a identificação e
caracterização do objecto de estudo (por exemplo, a empresa ou o grupo de
indivíduos que se está a estudar). Esta caracterização deverá ser tão
pormenorizada quanto possível, mas sempre na medida em que as
informações sejam úteis e adequadas à abordagem que se adopta para o
trabalho.
Componente metodológica – É na componente metodológica que se
descrevem com rigor, clareza e pormenor os métodos e técnicas utilizados em
todo o processo de investigação (a fase exploratória da pesquisa, a construção
dos instrumentos de recolha de dados e a sua aplicação, e ainda o tratamento
9
e análise da informação). Esta secção do trabalho descreve detalhadamente o
modo como foi desenvolvido o estudo. Esta descrição tem como objectivo
permitir ao leitor uma avaliação da validade e confiança dos resultados obtidos,
bem como a possibilidade de replicar a investigação. Os factos sociais são
complexos e resultantes de múltiplas causas, sendo indispensável estudá-los
sob múltiplas perspectivas se quisermos obter explicações mais globais e
realistas.
A escolha dos métodos e das técnicas de investigação científica deve sempre
ser orientada em função da informação que é necessário recolher para dar
resposta ao problema de investigação enunciado.
Na verdade, conforme a linha científica orientadora do estudo, e apesar de se
recorrer sempre à interdisciplinaridade, há tradições disciplinares que tendem a
valorizar ou metodologias de estudo quantitativas ou metodologias qualitativas
(por exemplo, os estudos antropológicos baseiam-se mais em metodologias
qualitativas, enquanto os estudos económicos e de gestão estão geralmente
mais orientados para métodos quantitativos). Contudo, os estudos científicos
actuais tendem a tirar partido das vantagens de ambos os métodos e das
técnicas que lhes estão associadas, conseguindo assim uma melhor forma de
alcançar o conhecimento pretendido sobre uma dada realidade.
É no sentido de esclarecer as principais orientações e características dos
diferentes métodos e técnicas que se apresenta na figura 1 uma síntese dos
mesmos, com a indicação do seu carácter predominantemente quantitativo ou
qualitativo. Importa por isso esclarecer de forma breve em que consistem estas
duas abordagens e os métodos e técnicas que lhes estão subjacentes.
A abordagem quantitativa baseia-se em teorias pós-positivistas sobre a
construção do conhecimento científico. Esta abordagem privilegia o método
dedutivo, que parte das teorias para, através da observação e experimentação,
prever factos, esclarecer relações de causa-efeito e validar hipóteses, testando
assim as teorias e generalizando os resultados à população em estudo.
10
A recolha de dados, na maior parte dos casos, é realizada através de métodos
de medida ou análise extensiva, utilizando preferencialmente a técnica do
questionário e outros instrumentos predeterminados que produzem informação
estatística.
A informação recolhida é analisada de acordo com procedimentos estatísticos
e testes de hipóteses. O artigo anexado no apêndice 1 é exemplo de uma
abordagem quantitativa.
Na abordagem qualitativa o investigador muitas vezes reivindica
conhecimentos e saberes baseados essencialmente na perspectiva
construcionista; ou seja, o conhecimento é construído a partir dos múltiplos
significados da experiência individual, e/ou dos conhecimentos construídos
social e historicamente. O investigador poderá também basear o seu estudo
em perspectivas pró-activas (ou seja, na identificação de problemas políticos,
sociais ou outros para, através do seu estudo, poder propor eventuais
mudanças). Na abordagem qualitativa, o investigador recolhe dados
emergentes com o principal intuito de construir conhecimento científico5 a partir
desses dados. Deste modo, o investigador poderá procurar estabelecer o
significado de um fenómeno interpretando o ponto de vista dos participantes ou
informantes. Geralmente, os estudos etnográficos ilustram esta abordagem.
Neste tipo de estudos muitas vezes procura-se caracterizar um grupo que
partilha uma identidade e ainda analisar contextual ou historicamente a forma
como esse grupo desenvolve ou desenvolveu comportamentos partilhados.
Nestes casos, um dos elementos-chave da recolha de dados é a observação
participante, directa ou indirecta, do objecto de estudo.
Na abordagem qualitativa, o investigador poderá, por exemplo6, querer analisar
um assunto relacionado com as práticas turísticas de um certo grupo de
indivíduos (por exemplo, homens de mais de 50 anos de origem italiana com
formação superior). Para tal, irá recolher informação narrada por esses 5 Consultar bibliografia específica sobre a distinção entre conhecimento científico e conhecimento do senso comum. 6 Os exemplos aqui apresentados são descritos de forma muito geral e não cumprem todos os pressupostos e procedimentos metodológicos a que o rigor científico obriga. A nossa intenção é apenas a de clarificar os vários conceitos.
11
indivíduos através de várias técnicas, nomeadamente a entrevista, os diários
pessoais, histórias de vida, entre outras. O objectivo desta pesquisa será
determinar a atitude dos indivíduos em estudo (homens, mais de 50 anos, de
origem italiana e com formação superior) relativamente à sua experiência
turística. Outro exemplo seria a do investigador desejar comparar as diferentes
formas de liderança entre os gestores de determinados tipos de empresa e,
para isso, analisar o comportamento destes gestores a partir de entrevistas
feitas aos seus subordinados.
Finalmente, na abordagem mista aplicam-se estratégias de inquirição que
envolvem a recolha de dados, quer de forma simultânea quer de forma
sequencial. A recolha de dados envolve tanto informação numérica (por
exemplo, resultado de tratamento estatístico de informação obtida a partir de
questionário), bem como informação visual, documental ou textual (por
exemplo, anúncios publicitários, registos de nascimento, artigos de imprensa)
de forma a que a base de dados final represente informação simultaneamente
quantitativa e qualitativa. O investigador baseia a sua pesquisa na premissa de
que a recolha de diversos tipos de dados é a melhor forma de chegar à
compreensão do problema em análise. O estudo normalmente começa com
uma pesquisa exploratória que permite caracterizar de forma genérica a
realidade e conhecer as diferentes variáveis em jogo; na fase seguinte irá
focar-se no estudo selectivo da população7 escolhida (através de entrevistas
abertas ou estudo de documentos ou audiovisuais ou ainda imagens) para
recolher perspectivas detalhadas sobre o fenómeno.
A escolha de um modelo de investigação depende de pressupostos
epistemológicos, depende das estratégias de investigação e depende ainda
dos métodos e técnicas de investigação que o investigador selecciona e utiliza.
Ao combinar pressupostos epistemológicos, estratégias e métodos obtêm-se
diferentes enquadramentos para conduzir a investigação. A escolha da
abordagem depende do problema de investigação, da experiência pessoal do
7 O conceito de população é aqui utilizado na acepção dos estudos por inquérito, podendo significar um grupo de seres humanos, mas também poderá significar o conjunto de empresas com características comuns, etc.
12
investigador e, também, do público destinatário do estudo. Há sempre escolhas
no processo de investigação científica que são condicionadas pela formação,
personalidade, experiência pessoal, contexto e públicos, entre outros. Não há
estudos isentos de juízos de valor, pelo que todas as opções tomadas ao longo
do processo deverão ser sempre explicitadas e justificadas.
É crucial que o investigador compreenda até que ponto ele influencia as
diferentes fases da investigação. Por último, as abordagens quantitativa e
qualitativa não dependem só dos métodos e instrumentos de recolha de dados,
mas também do tipo de tratamento e análise que é dado à informação.
Para informação mais completa sobre métodos e técnicas de investigação nas
ciências sociais, deverá consultar o site das bibliotecas da UAlg
www.bib.ualg.pt/bibliotecas.
13
Figura 1 - Síntese de métodos e técnicas de investigação
TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO MÉTODOS
QUE SE PRIVILEGIAM
CONTINUO QUALITATIVO/QUANTITATIVO
Experimentação
Método experimental
Questionário
Método de medida ou
análise extensiva
Testes Medida de atitude, opinião, personalidade
Estruturada
Semi-estruturada O
bser
vaçã
o N
ão P
artic
ipan
te/
Par
ticip
ante
Entrevista
Não estruturada
Focus groups
N
ÃO
DO
CU
ME
NTA
IS
Obs
erva
ção
Par
ticip
ante
Diário de campo Fichas de registo
Conversas (informais, temáticas, etc.)
Observação e/ou participação de actividades
Histórias de vida
Método de estudo de
caso
ou
análise intensiva
QUANTITATIVO
QUALITATIVO
Análise documental em contexto (inclui áudio, imagem e texto)
D
OC
UM
EN
TAIS
Análise de conteúdo
Métodos de medida ou
análise extensiva
ou
de estudo de
caso
ou
análise intensiva
QUANTITATIVO
QUALITATIVO
14
Componente prática ou empírica – Esta componente deverá reflectir o
problema de investigação em causa e a aplicação metodológica ao seu estudo.
Esta componente, que também se pode designar discussão, consiste na
avaliação e interpretação dos resultados obtidos na investigação. Assim, trata-
se de verificar, ou não, cada uma das hipóteses formuladas, no caso de
estarmos perante um trabalho com hipóteses. Em todos os casos, trata-se de
examinar e interpretar os resultados à luz da introdução teórica, confrontando o
problema analisado com os resultados.
Nesta parte do trabalho, o estudante é convidado a fazer inferências e reflectir
sobre os dados apresentados. Esta componente inclui a reflexão sobre o
problema de investigação. São de salientar as diferenças e as semelhanças
com os autores que estudaram o mesmo tema e que podem ajudar a clarificar
ou validar a investigação. Contudo, há que ter o cuidado de não repetir o que já
foi dito, mas sim contribuir para a compreensão e aprofundamento do tema em
estudo.
1.2.3 Conclusão
O autor do trabalho, conforme a dimensão e profundidade do estudo, pode
optar por conclusões parciais (que não excluem a geral), no fim de cada
capítulo, ou apenas por uma conclusão final.
A conclusão do trabalho deve consistir numa síntese dos principais resultados
encontrados e já explicitados ao longo do documento. Não deve contudo ser
uma repetição exaustiva do que já foi referido. Trata-se de um texto sucinto e
redigido de forma convincente, onde se destacam os aspectos fundamentais do
trabalho e a sua contribuição para a área do conhecimento em questão.
Nesta fase do trabalho deve-se dar resposta a tudo o que se prometeu ao
leitor, na introdução e ao longo do trabalho, com o cuidado de não incluir
elementos ou raciocínios que não foram apresentados no na fase do
desenvolvimento.
15
É imprescindível que se explicite concretamente (ver apêndice 2 – Exemplo e
Artigo):
− A forma como o tema foi efectivamente tratado;
− A adequação da metodologia utilizada aos objectivos enunciados;
− A concretização, ou não, dos objectivos propostos;
− A confirmação, ou não, das hipóteses formuladas.
− A resposta à(s) pergunta(s) de partida(s) ou problema de investigação.
Este texto final deve conter referência a constrangimentos surgidos ao longo da
investigação e às limitações do estudo, no sentido de valorizar o que foi
possível fazer e nunca como forma de justificar o que não se fez. Só nesta
medida o trabalho ficará valorizado.
É ainda importante apresentar indicações e/ou sugestões para trabalhos
futuros na mesma área de conhecimento ou sobre o mesmo objecto de estudo.
1.3 Parte pós-textual
A parte pós-textual consiste num conjunto de elementos colocados depois do
corpo do texto; são parte integrante do trabalho e permitem complementá-lo e
validar afirmações apresentadas no desenvolvimento. No seu conjunto
conferem credibilidade ao que é dito.
Da parte pós-textual fazem parte, pela ordem listada:
1.3.1 Bibliografia ou referências bibliográficas
A opção pela designação referências bibliográficas ou bibliografia fica ao
critério do autor. Esta componente consiste na lista de todos os documentos
consultados e/ou citados no trabalho (ver figura 3).
16
1.3.2 Apêndices e Anexos
São documentos suplementares, todavia úteis e pertinentes para o trabalho e
embora não fazendo parte do texto, fundamentam-no e completam-no.
Apresentam-se a seguir à bibliografia ou referências bibliográficas e iniciam-se
com uma folha com a sua designação.
Os apêndices são produzidos pelo próprio autor do documento, para esse
mesmo documento, por exemplo, dados estatísticos provenientes de aplicação
de questionários ou guiões de entrevista. São inerentes ao trabalho que se
apresenta e, por esse motivo, devem preceder os anexos.
Os anexos são documentos produzidos por outros autores ou pelo autor do
trabalho noutro momento e noutro contexto, por exemplo dados estatísticos
produzidos por outrem.
Os apêndices e anexos têm a função de reforçar ideias contidas no texto do
trabalho, confirmar resultados, acrescentar pormenores, e, em termos gerais,
conferir maior credibilidade ao que é apresentado nos capítulos e subcapítulos.
Estes elementos devem ser referenciados ao longo do texto para que cumpram de facto
as funções atrás descritas. Devem ser sempre numerados e titulados.8
8 Para mais informação consultar as obras de referência.
17
2. Aspectos Formais do Trabalho Escrito
2.1 Aspectos gráficos gerais
Os aspectos gráficos para apresentação do trabalho escrito, na ESGHT, devem
ser os indicados no quadro abaixo apresentado.
Figura 2 – Aspectos gráficos
ITEM
DESCRIÇÃO
OBSERVAÇÕES
1,5 Texto base (ver espaços associados aos títulos).
Espaço entre linhas
1
Notas, legendas, referências bibliográficas e citações longas.
Times New Roman
12 pontos
Tipo e tamanho da
letra Arial 11 ou 12 pontos
Formato da página A4 Folhas brancas. Esquerda 3,0 cm
Direita 3,0 cm
Superior 2,5 cm
Margens da página
(configuração apresentada no
Word, por defeito) Inferior 2,5 cm
Parte pré-textual Não são numeradas.
Parte textual Introdução e conclusão não são numeradas. Os restantes capítulos devem ter uma numeração sequencial, por exemplo, 1,2,3 e os subcapítulos também uma numeração sequencial.
Numeração de partes do trabalho
Parte pós-textual Não são numeradas.
Parte pré-textual Numeração árabe e sequencial ou numeração romana. A capa conta como primeira página (1 ou i) mas o número não deve estar visível.
Parte textual
Numeração árabe e sequencial, ao longo de todo o trabalho na sequência da parte pré-textual. Caso opte pela numeração romana na parte pré-textual deverá recomeçar (página 1) a contagem na introdução.
Paginação
Parte pós-textual Numeração árabe na sequência da parte textual Numeração das
figuras Parte textual Numeração árabe sequencial ao longo do trabalho
(figura 1, figura 2, etc.). Sistema EUA
Sem recuo da primeira linha e uma linha em branco entre os vários parágrafos.
Parágrafos
(optar por um
destes sistemas) Sistema Europeu Com recuo da primeira linha e sem espaços entre os
diferentes parágrafos.
Alinhamento Justificado ----
18
Figura 2 – Aspectos gráficos (cont.)
ITEM
DESCRIÇÃO
OBSERVAÇÕES
Nível 1
Centrado e em maiúsculas (2 linhas brancas antes do texto).
Nível 2
Alinhado à esquerda e com iniciais maiúsculas (2 linhas em branco antes e 1 depois).
Níveis dos títulos
Nível 3
Avança 1 tabelação (1.25 cm, valor pré-definido pelo Word) relativamente ao nível anterior e início do título em maiúscula (1 linha branca antes e 1 linha depois).
Ver títulos neste Guião
Exemplos:
Nível 1: INTRODUÇÂO
Nível 2: 1.Estruturação do Trabalho Escrito Nível 3:
1.1 Parte pré-textual
Encadernação Capa transparente A quente ou com argolas.
2.2 Bibliografia ou referências bibliografias A bibliografia ou as referências bibliográficas podem ser organizadas segundo
dois critérios básicos: o sistema standard, ou clássico em que a ordenação e
apresentação dos elementos bibliográficos se inicia com o apelido do autor
seguido do nome próprio, nome da obra e restantes elementos identificativos;9
e o sistema autor–data que é o recomendado pela ESGHT e que se passa a
descrever10.
A grande vantagem de utilização do sistema autor-data recai essencialmente
sobre a organização das notas ao longo do trabalho escrito. A referência
bibliográfica para autores citados deve ser feita, neste caso, no próprio texto
9 Sobre o sistema standard, consultar outros documentos referenciados na bibliografia deste documento. 10 No espaço da produção científica internacional, sobretudo anglo-saxónica (como a Universidade de Harvard e a Associação Americana de Psicologia - APA) mas também a nível nacional, este sistema tem vindo a implantar-se sendo comum encontrá-lo em publicações, comunicações e revistas científicas. O sistema autor-data está também previsto pela Norma Portuguesa NP 405.
19
dispensando a nota de rodapé, e remetendo imediatamente para a bibliografia
final (ver figura 4).
As referências bibliográficas são sempre organizadas alfabeticamente, de
acordo com o(s) apelido(s) do(s) autor(es), ou entidade responsável pelo
documento/informação. O quadro que abaixo se apresenta (figura 3) ilustra
alguns casos de referências bibliográficas mais frequentemente utilizadas.11 Na
construção da bibliografia final é indispensável manter o mesmo critério em
todas as referências.
Apresenta-se em seguida um quadro em que se enumeram alguns dos
documentos mais frequentemente utilizados nos trabalhos académicos, em
relação aos quais se descreve o conteúdo de cada referência bibliográfica e se
dá um exemplo, tendo como base o sistema autor-data.
Figura 3 – Referências bibliográficas por tipo de documento
TIPO DE DOCUMENTO
(ordem alfabética)
DESCRIÇÃO
EXEMPLOS
Actas de congressos
A ordem e os elementos da
referência bibliográfica é a
mesma dos livros.
Congresso Nacional de Bibliotecários
Arquivistas e Documentalistas (1987). A
Integração Europeia: um Desafio à
Informação. Actas. Coimbra: Minerva.
Artigos de revistas, jornais,
etc. (termo técnico: artigos de
publicações em série)
Apelido, iniciais dos primeiros
nomes (Ano de publicação).
Título do artigo. Título da
publicação em série (em itálico
ou sublinhado), Volume
(Número): Localização na
publicação.
Figueiredo, M. O. (1981). Factores de
Estabilidade Estrutural Associados ao
Arranjo dos Catiões nas Estruturas dos
Compostos Iónicos. Revista Portuguesa
de Química, 23 (4): 250-256.
11 Para casos que não constem do quadro, consulte-se a bibliografia deste documento.
20
Figura 3 – Referências bibliográficas por tipo de documento (cont.)
TIPO DE DOCUMENTO
(ordem alfabética)
DESCRIÇÃO
EXEMPLOS
Artigos em documentos
electrónicos: revistas, jornais,
etc. (termo técnico: artigos e
outras contribuições em
documentos electrónicos:
publicações em série)
Apelido, iniciais dos primeiros
nomes do autor da obra ou
responsabilidade (Ano de
pub.). Título do artigo. Título da
publicação em série
(sublinhado ou em itálico) [Tipo
de suporte]. Volume, Número,
Páginas. Data de actualização
ou revisão. [Data de consulta].
Disponibilidade e acesso.
Kawasaki, J.L e Raven, M. R. (1995).
Computer-Administred Surveys in
Extension. Journal of Extension. [on line].
Vol. 33: 252-255. [2 Junho 1999].
Disponível em:
http://joe.org/joe/index.html
Artigos, capítulos, etc. em
livros (termo técnico:
contribuições em monografias,
antologias ou edições
colectivas)
Apelido, iniciais dos primeiros
nomes (Ano de publicação).
Título da contribuição. In
Apelido (do autor ), iniciais dos
primeiros nomes (do autor da
monografia) - Título da obra
(em itálico ou sublinhado).
Edição. Local de publicação:
Editor. Localização na obra.
Um autor:
Georgescu-Roegen, N. (1986). Man and
Production. In Baranzini, M. e Rscazzieri
(eds). Fundations of Economics –
Stuctures of Inquiry and Economic
Theory. Oxford:Basil Blackwell, 247-280.
Vários autores:
Hartley, J. T.; Harker, J. O. e Walsh, D. A.
(1980). Contemporary Issues and New
Directions in Adult Development of
Learning and Memory. In L.W.Poon e D.
Est (eds.). Aging in 1980s: Psychological
Issues. Washington DC: American
Psycological Association, 239-252.
Congressos, Conferências,
Simpósios e Colóquios
A ordem e os elementos da
referência bibliográfica é a
mesma dos livros.
Monteiro, I. P. (2005). Comportamentos
da Liderança Inovadora: A Percepção dos
Colaboradores. VI Simpósio de
Comportamento Organizacional.
Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade de Lisboa.
Setembro.
21
Figura 3 – Referências bibliográficas por tipo de documento (cont.)
TIPO DE DOCUMENTO
(ordem alfabética)
DESCRIÇÃO
EXEMPLOS
Documentos legislativos e
judiciais
Devem ser referenciados da
mesma forma que os livros,
partes ou volumes e
contribuições em livros,
capítulos e páginas de livros,
publicações em série e artigos
de publicações em série.
Decreto-Lei n.º 6/96 (31 Janeiro).
Presidência do Conselho de Ministros.
Diário da República – I Série -A. N.º 26.
(31-1-1996): 168-172.
Lei n.º 48/98 de 11 de Agosto –
Estabelece as Bases da Política do
Ordenamento do Território e Urbanismo.
Bases de dados e programas
em suporte electrónico
(termos técnicos: documentos
electrónicos)
Apelido, iniciais dos primeiros
nomes (Ano de publicação).
Título (em itálico ou
sublinhado). [Tipo de suporte].
Edição. Local de publicação:
Editor.
Monteiro, H. (2006). Quiz Expresso – O
Jogo do Conhecimento em CD. Expresso.
Lisboa: Expresso. 13 Maio. 60 min.
Filmes, documentários, etc.
em vídeo. Aplica-se também a
DVD.
Apelido, iniciais dos primeiros
nomes (Ano de publicação).
Título (em itálico ou
sublinhado). Edição. Local de
publicação: Editor. Designação
específica do material e
extensão. Notas (p. ex. título
original e idade recomendável).
Este tipo de documento
raramente tem um responsável
principal que possa ser
considerado autor.
Weir, P. (direc.) (1991). A Testemunha.
Feldman,E. (prod.). [registo vídeo].
Lisboa: Edivídeo. 1 cassete (VHS). (cor -
107 min.). Nº Reg. 0382/87.
National Geographic (2001). 30 Anos de
Documetários National Geographic.
[registo vídeo]. Lisboa: Lusomundo
Editores. 1 DVD Vídeo. (cor- 52 min.).
maiores 6. N.º Reg. 5412/01.
Livros
Apelido, Iniciais dos primeiros
nomes (data da publicação).
Título (itálico ou sublinhado).
Edição. Local de publicação:
Editor.
Giddens, A. (2000). Sociologia. 2.ª ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
22
Figura 3 – Referências bibliográficas por tipo de documento (cont.)
TIPO DE DOCUMENTO
(ordem alfabética)
DESCRIÇÃO
EXEMPLOS
Relatórios
Podem apresentar-se sob a
forma de livros, publicações
em série ou parte de livro
devendo, em cada caso, ser
referenciados de acordo com o
tipo de publicação.
Gabinete de Informação, Documentação
e Comunicação (2005). Relatório de
Actividades. Faro: CCDR Algarve.
Sítios na World Wide Web
Apresentamos exemplos de
alguns tipos de documentos:
(i) Artigo online
(ii) Informação da
responsabilidade
de organismos
oficiais: Ministério
da Cultura e INE
Autor ou entidade responsável
pela informação. Data. Título
do Documento. Data da
actualização do site (se esta
constar). Data da consulta,
endereço electrónico.
Landsberger, J. (s.d.). Citing Websites. In
Study Guides and Strategies. [On-line]
Consultado 13.05. 2005,
http://www.studygs.net/citation.htm .
Ministério da Cultura (Março 2007)
Agenda Cultural. Delegação Regional da
Cultura do Algarve. (Act. 3.03.2007).
Consultado 23.03.2007,
www.cultalg.pt/AgendaCultural
Instituto Nacional de Estatística –
Portugal (2003). Retrato Territorial por
NUTS e Concelhos/Distritos e Ilhas. In
Infoline. Consultado 14.01.2007,
www.ine.pt/prodserv/retrato/retrato.asp
Teses, dissertações e outras
provas académicas
Apelido, iniciais dos primeiros
nomes (Ano de publicação).
Título (em itálico ou
sublinhado). Dissertação/Tese
de Doutoramento/Monografia.
Local de publicação: Editor.
Nota suplementar.
Almeida, A. M. (2002). O Pensamento
Pedagógico de Serras e Silva.
Dissertação de Mestrado. Braga:
Universidade do Minho. Não publicado.
23
Figura 3 – Referências bibliográficas por tipo de documento (cont.)
TIPO DE DOCUMENTO
(ordem alfabética)
DESCRIÇÃO
EXEMPLOS
Volumes ou partes de livros
Apelido, Iniciais dos primeiros
nomes (Ano de publicação).
Título do volume ou parte. In
Apelido (do autor da obra),
primeiros nomes (do autor da
obra) - Título da obra (em
itálico ou sublinhado). Edição.
Local de publicação: Editor.
Localização na obra.
Um autor:
Jorge, L. (2004) O Marido. In Melo, J.
(org.) Antologia do Conto Português
Contemporâneo. Lisboa: D. Quixote. 196-
204.
Vários autores:
Carvalho Ferreira, J.M.; Peixoto, J.;
Soriano Carvalho, A.; Raposos, R.;
Graça, J.C.; Marques, R. (1995). Teorias
Sociológicas contemporâneas. In
Sociologia. Amadora: McGraw-Hill. Parte
II, 213-322.
2.3 Citações
Na utilização de citações ao longo do trabalho devem-se ter em atenção
algumas regras sobre a sua pertinência e utilidade. As citações são
importantes porque conferem credibilidade ao que é dito, na medida em que
representam a opinião de autores especialistas na matéria ou fornecem dados
(quantitativos ou qualitativos) que demonstram o que se afirma.
Pode-se citar uma frase, excerto ou texto sobre os quais nos debruçamos
interpretativamente e que apoiam a nossa opinião. Estas citações podem ser
feitas de duas formas principais: citações directas (longas e curtas) e citações
indirectas. Quando se faz citações directas, a referência bibliográfica deverá
sempre incluir a indicação da página de onde foi retirada a citação. Nas
citações indirectas também se deverá incluir o número de página a não ser que
a paráfrase diga respeito a uma ideia ou conceito que percorra toda a obra
citada.
24
O sistema autor-data prevê que nas referências de obras com mais de dois
autores deva constar apenas o nome do primeiro autor seguido de et al., tal
como aparece ilustrado na figura 4.
Figura 4 - Exemplos de citações
(i) Citação directa longa:
A palavra literacia tem vindo a ser utilizada para recobrir um novo conceito acerca das capacidades de leitura e de escrita: pretende distinguir-se de alfabetização por não ter em conta o grau formal de escolaridade a que esta, tradicionalmente, estava ligada. Enquanto alfabetização refere a condição de se ser (ou não) iniciado na língua escrita, independentemente do grau de domínio que dela se tenha, o conceito de literacia adquire um significado mais vasto, referindo-se a capacidades de utilização da língua escrita. [itálico do autor] (Delgado Martins et al., 2000: 13)
(ii) Citação directa curta (até 3 linhas de texto):
É necessário distinguir entre os conceitos de literacia e alfabetização.
De acordo com Delgado Martins et al. “o conceito de literacia adquire um
significado mais vasto,” estando relacionado com as “capacidades de utilização
da língua escrita” (2000: 13). Já o conceito de alfabetização, ainda de acordo
com as mesmas autoras, está ligado ao facto de “se ser (ou não) iniciado na
língua escrita” (2000:13).
(iii) Citação indirecta:
Delgado Martins et al. (2000) apresentam claramente a distinção dos
dois conceitos. O conceito de literacia surge da necessidade de se definir a
forma como os indivíduos lidam com diversos géneros de enunciados escritos.
Esta distingue-se da alfabetização que consiste na iniciação formal à língua
escrita, normalmente feita através de um processo de escolarização.
2.4 Notas de rodapé
São anotações em pé de página que, de algum modo, vêm clarificar o corpo do
texto, permitindo que a sua leitura se desenvolva sem interrupções para a
compreensão das ideias principais apresentadas.
25
Não existe uma delimitação clara sobre a oportunidade ou frequência das notas
de rodapé num trabalho descritivo ou analítico.
A utilidade das notas de rodapé traduz-se, em primeiro lugar, pela necessidade
de clareza do texto, deixando informações adicionais para pé de página,
permitindo que o leitor seja esclarecido sobre o que é afirmado no texto.
Podem-se apontar alguns exemplos da utilidade das notas de rodapé:
− Acrescentar, a um assunto discutido no texto, outras indicações
bibliográficas de reforço;
− Fazer referências internas, por exemplo indicações ao leitor para consultar
outro capítulo, anexos ou parte específica do trabalho;
− Introduzir uma citação de reforço que acrescente, complete ou esclareça as
ideias do texto;
− Ampliar afirmações feitas no texto, por exemplo dar outro enquadramento
ao que se afirma e/ou completar a ideia;
− Definir conceitos complementares.
2.5 Figuras
A designação geral figuras pode incluir gráficos, tabelas, imagens, quadros,
etc. A inserção de figuras serve para fundamentar afirmações, conclusões e/ou
reforçar opiniões e nunca para introduzir desvios ao tema ou dúvidas de leitura.
Todas as figuras devem ser acompanhadas de um título, a constar na parte
superior, precedido pela palavra figura e respectiva numeração, e a fonte e
data devem ser sempre identificadas na parte inferior, de acordo com o sistema
autor-data. Caso a figura resulte de uma adaptação a partir de fontes
elaboradas por outros, deverá a adaptação ser devidamente assinalada (ver
figura 5). Se a autoria é dos autores do trabalho não deverá aparecer nenhuma
indicação a este respeito (ver figuras deste documento).
26
A sua numeração é independente e sequencial (fig. 1, fig. 2, fig. 3). A figura 5
apresenta um exemplo de figura devidamente legendada.12
Quando a figura ocupar mais de uma página dever-se-á repetir o título e
cabeçalho (ver figuras 2 e 3).
Figura 5 – Legendagem de figuras
Figura 6 - Há quanto tempo frequenta a biblioteca (%)
12
7
39
32,5
16
0 10 20 30 40 50
Há menos de 1 ano
Há 1 ano
Há mais 2 anos
Já frequentava a Biblioteca anterior
Não sabe
Adaptado de Martins, M. e Perdigão, F. (2006: 35).
12 Neste Guião sugere-se a numeração sequencial das figuras, dada a dimensão normalmente pequena dos trabalhos. Para trabalhos mais extensos, consultem-se obras de referência.
Número da figura
Título da figura
Colunas do gráfico devidamente legendadas
27
CONCLUSÃO
O essencial
O essencial é contar bem a história, isto é, transmitir de forma clara, exacta,
proporcional e bem argumentada o problema escolhido, o tema, a sua
relevância científica, o modo como foi tratado e as conclusões a que foi
possível chegar.
… mas os pormenores também contam
Importa ter sempre em mente o essencial, mas isso não quer dizer que os
pormenores não sejam importantes. De resto, não é de surpreender que um
trabalho deva ser encarado como um teste, em que o aluno demonstra o
conjunto das suas capacidades, desde a investigação à apresentação, desde o
enquadramento geral aos pormenores. Por exemplo, um bom título ajuda a
chamar a atenção para um bom trabalho, assim como um mau título pode
comprometê-lo.
O aluno agora deverá desenvolver uma abordagem autocrítica à sua própria
redacção e estilo. Só se produz um trabalho académico de qualidade se o
aluno escrever várias versões provisórias antes de considerar o seu trabalho
concluído.
Atenção: agora que terminou a redacção do seu trabalho científico,
preencha a tabela do apêndice 3 para confirmar se o seu trabalho está em
condições de ser avaliado.
28
BIBLIOGRAFIA
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theAmerican Psychological Association. 5th ed. Washington, DC.: APA.
AZEVEDO, C. A.; AZEVEDO (1995). Metodologia Científica. Porto: Humbertigo.
BARDIN, L. (1977). Análise de Conteúdo. Tradução de L.A. Reto e A. Pinheiro. Lisboa: Edições
70.
BRYMAN, A. E CRAMER, D. (1993). Análise de Dados em Ciências Sociais: Introdução às
Técnicas Utilizando o SPSS. Tradução de A.F. Barros. 2ª ed. Oeiras: Celta Editora.
BURGESS, R. G. (1997). A Pesquisa no Terreno: Uma Introdução. Tradução de E. Freitas e M.
I. Monsanto. Oeiras: Celta Editora.
CEIA, C. (1995). Normas para Apresentação de Trabalhos Científicos. Lisboa: Editorial
Presença.
CRESWELL, J.W. (2003). Research Design – Qualitative, Quantitative and Mixed Approaches.
2ª ed. Thousand Oaks and London: Sage.
DELGADO-MARTINS, M. R.; RAMALHO, G. e COSTA, A. (org.) (2000) Literacia e Sociedade:
Contribuições Pluridisciplinares. Lisboa: Caminho.
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Practice in Social Research. Cambridge: Cambridge University Press.
GIDDENS, A. (2000). Métodos de Investigação sociológica. In Giddens, A. Sociologia. 2ª ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 635-660.
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Sunderland, Massachusetts: Sinauer Associates Publishers.
LIMA, M. P. (1995). Inquérito Sociológico: Problemas de Metodologia. Lisboa: Editorial
Presença.
LINCOLN, D. (1994). Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks, Califórnia: Sage.
MARTINS, M. e PERDIGÃO, F. (2006). O Público da Biblioteca Municipal de Faro António
Ramos Rosa: Consumos e Práticas Culturais. Dos Algarves, n.º 15: 31-41.
PATTON, M.Q. (1990). Qualitative Evaluation and Research Methods. 2nd ed. London: Sage.
PEREIRA, A. E POUPA, C. (2004) Como Escrever uma Tese, Monografia ou Livro Científico
Usando o Word. 3ª ed. Lisboa: Edições Sílabo.
PÚBLICO (1998). Livro de Estilo. In Público Online.
http://www.publico.clix.pt/nos/livro_estilo/index.html (28.02.2005)
QUIVY, R. e CAMPENHOUDT, L. (2003). Manual de Investigação em Ciências Sociais.
Tradução de J.M. Marques; M.A. Mendes e M. Carvalho. Lisboa: Gradiva.
SALOMON, D.V. (1996). Como Fazer uma Monografia. S. Paulo: Martins Fontes.
SERRENHO, M. e ÁGUAS, P. (2006). O Perfil do Enoturista. Dos Algarves, n.º15: 21-30.
Sites de interesse geral para Métodos de Investigação:
29
http://www.soc.surrey.ac.uk/sru/ Social Research Update, publicada trimestralmente pelo Departmento de Sociologia da Universidade de Surrey
http://www.ff.ul.pt/ Métodos na Investigação Científica: Conjunto de hiperligações de locais relacionados com métodos na investigação científica da Faculdade de Farmácia, Universidade Lisboa.
30
APÊNDICES __________________
31
APÊNDICE 1
Modelo de Capa
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo
(Curso e Ano)
(Título do Trabalho) (Subtítulo)
(unidade curricular)
(docente, orientador e co-orientador)
(nome do autor e nº de aluno)
Local e data
32
APÊNDICE 2
Exemplo de Artigo Este artigo apresenta claramente os diferentes passos que um trabalho de natureza académica deve seguir. Embora seja um estudo quantitativo, não deixa de ser um exemplo a seguir para estudos qualitativos. Escolhemos este artigo como um exemplo a ler e interpretar criticamente. O aluno deverá adaptá-lo à natureza e características do seu próprio estudo. O texto foi adaptado para constar do Guião para a Elaboração de Trabalhos Académicos. Para aceder ao artigo publicado, consultar Serrenho, M. e Águas, P. (2006). O Perfil do Enoturista. Dos Algarves. Nº 15: 21-30.
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O PERFIL DO ENOTURISTA Marisa Serrenho – Licenciada em Turismo (Ramo Marketing) - ESGHT Paulo Águas – ESGHT RESUMO O enoturismo encontra-se em expansão, porém não está a ser acompanhado pelo necessário esforço de investigação, nomeadamente no que respeita às características dos seus clientes. A partir de um inquérito construído com base na literatura disponível e entrevistas realizadas a produtores, desenvolveu-se um estudo com o objectivo de construir o perfil dos visitantes de uma atracção vitivinícola. Os dados recolhidos foram agrupados segundo um critério de segmentação que relaciona o grau de interesse com o conhecimento sobre vinhos. Constatou-se que as expectativas da visita a uma adega são comuns aos três segmentos considerados, valorizando acima de tudo os atributos relacionados com o vinho. Palavras-chave: Enoturismo; Enoturista; Atracção Vitivinícola; Segmentação de Mercado; Pesquisa de Mercado.
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INTRODUÇÃO O enoturismo, isto é, o turismo associado aos vinhos, encontra-se numa fase embrionária no nosso país, assumindo-se como um complemento para o já maduro modelo do turismo balnear. Por enquanto, é raramente uma actividade isolada, sendo exercida em conjunto com algumas formas de turismo rural, de turismo eco-cultural ou de turismo de aventura. Embora o enoturismo esteja a tornar-se cada vez mais importante, tem sido escassa a investigação conduzida sobre o tema. Tal facto constituiu uma dificuldade na pesquisa bibliográfica para este estudo, sendo que a maior parte da literatura disponível resulta de investigação realizada na Austrália, na Nova Zelândia e nos EUA. As características dos actuais enoturistas, incluindo as demográficas e de comportamento de compra, devem ser determinadas para uma melhor compreensão do que constitui o enoturismo de forma a possibilitar o desenvolvimento do produto. Esta investigação na área do marketing, nomeadamente no campo da pesquisa de mercado, tem por objectivo genérico a caracterização dos visitantes de atracções vitivinícolas, a partir dos resultados de um estudo empírico realizado na Herdade do Esporão, concelho de Reguengos de Monsaraz, num período de 5 dias não consecutivos, em Maio de 2005. A adega foi seleccionada por conveniência e por ter sido distinguida pela “Revista dos Vinhos”, em 2004, como o Melhor Enoturismo do ano. O presente trabalho encontra-se estruturado em três pontos-chave. O primeiro e segundo pontos visam proporcionar um enquadramento conceptual para a introdução da discussão sobre o enoturismo na nossa comunidade - ou seja, sobre o vinho não apenas como elemento básico da oferta turística, mas como factor motivacional -, e sobre os seus adeptos, os enoturistas. Subsequentemente, o terceiro ponto apresenta e comenta os resultados do estudo de caso. Por último, avançam-se considerações decorrentes da investigação e sugestões para futura pesquisa.
33
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ENOTURISMO O desenvolvimento do enoturismo resulta de um aumento do interesse sobre o vinho, manifesto no florescimento de quintas particulares, na atenção dos media e na curiosidade do consumidor em conhecer a origem e o produtor, assim como a possibilidade de adquirir raridades a preços acessíveis. Não menos importante, é o facto das regiões vitivinícolas serem lugares aprazíveis: as vinhas compõem paisagens esteticamente agradáveis e o clima característico destas regiões é, também, durante a maior parte do ano, bastante ameno. Para além disso, há que acrescentar a necessidade de comunhão com a natureza por parte da sociedade urbana. Para os produtores, o enoturismo não só é importante pelas vendas que proporciona, como também por constituir um apoio à sensibilização dos consumidores para o produto vinho. Por outro lado, numa economia globalizada, o vinho é transaccionado internacionalmente, e associado ao comércio do vinho está a promoção de marcas e imagens, contribuindo para a redefinição do produto turístico com base nos particularismos regionais. Assim, o enoturismo tem a capacidade de desempenhar um papel significativo no desenvolvimento regional, sobretudo das zonas rurais, através da sua contribuição económica, social e ambiental. O enoturismo é um conceito e um produto ainda em fase de desenvolvimento. Dando ênfase à actividade, Johnson, na sua dissertação sobre o enoturismo na Nova Zelândia, define-o como «visitation to vineyards, wineries, wine festivals and wine shows for the purpose of recreation» (citado por Hall, Sharples, Cambourne e Macionis, 2000: 5). Esta descrição é demasiado simplista, pois ao circunscrever a actividade à dimensão recreativa, exclui a visita por motivos profissionais e ignora o contexto histórico-cultural do enoturismo. A Australian National Wine Tourism Strategy (citada por Getz, 2000: 3), pelo contrário, sublinha a sua vertente de experiência cultural, definindo enoturismo como «visitation to wineries and wine regions to experience the unique qualities of contemporary Australian lifestyle associated with the enjoyment of wine at its source – including wine and food, landscape and cultural activities.» Uma definição recorrente na literatura disponível sobre o tema, entende o enoturismo como «visitation to vineyards, wineries, wine festivals, and wine shows for which grape-wine tasting and/or experiencing the attributes of a grape-wine region are the prime motivating factors» (Hall et al., 2000: 3). Esta definição estabelece claramente uma distinção entre a visita motivada pelo vinho e a visita motivada pelos atributos da região vitivinícola. Todavia, têm surgido críticas à ênfase na região vitivinícola e à qualidade restritiva da lista de motivações. Por um lado, muitas atracções ligadas ao vinho podem ser encontradas em ambientes urbanos (i.e. museus, caves, exposições, festivais). Por outro lado, haverá visitantes cuja motivação primária não tenha a ver com o vinho em si (i.e. que estejam mais interessados na paisagem física e cultural, na comida, ou no estilo de vida associado), e mesmo os que tenham podem variar quanto ao grau de interesse e conhecimento sobre vinho. Em nenhuma das definições apresentadas se faz referência à duração da estada, apenas que compreenderá actividades recreativas, excursões e visitas de mais de um dia. Neste âmbito, a South Australian Tourism Commission (citada por Getz, 2000: 3), sugere: «any experience related to wineries or wine production in which visitors participate when on a day trip or longer visit….Wine tourism can range from a visit to a single cellar door outlet while en-route to a main holiday destination to intensive week long, live-in experiences focused on the wine process». Na formulação de um conceito é necessário conhecer a natureza dos fenómenos, ou seja, quais os seus componentes e como estes interagem. As definições acima mencionadas assumem a óptica do consumidor, ou melhor, do que se presume serem as suas motivações e experiências. Falta considerar os outros elementos que compõem o sistema do enoturismo, designadamente, incorporar a vertente da oferta no seu conceito. Na base do desenvolvimento do enoturismo destacam-se três elementos: os consumidores, os destinos e os fornecedores. Esta configuração do sistema do enoturismo reconhece-se na definição sugerida por Getz (2000: 4): «Wine tourism is travel related to the appeal of wineries and wine country, a form of niche marketing and destination development, and an opportunity for direct sales and marketing on the part of the wine industry». ENOTURISTA O enoturismo tem sido desenvolvido de forma intuitiva pelos produtores de vinho que sabem muito de viticultura mas pouco dos seus consumidores. Este projecto aborda o enoturismo como uma forma de comportamento do consumidor pela qual enófilos ou aqueles interessados em regiões vitivinícolas viajam para determinados destinos. Um dos maiores desafios da indústria do turismo é compreender o turista, as suas características, necessidades e comportamentos. Muitos produtores não reconhecem o potencial do turismo para aumentar as vendas do vinho. O seu produto é o vinho e não as experiências que o consumidor possa associar ao seu consumo e, para muitas adegas, os visitantes são mais amantes do vinho do que turistas. Sendo condição sine qua non a existência de vinha e produção de vinho para o desenvolvimento do enoturismo numa região, esta poderá não ser suficiente para a criação de um produto completo, pelo que os promotores devem compreender o que os clientes desejam e quais os benefícios que procuram. Para além de estudar os potenciais clientes, devem-se conhecer os actuais e estabelecer com eles uma relação duradoura (relationship marketing). O ambiente de concorrência, particularmente entre pequenas adegas, preconiza ainda a segmentação do mercado que consiste no agrupamento de turistas em categorias específicas com características e desejos homogéneos. A segmentação representa uma adaptação do produto e do esforço de marketing às necessidades do
34
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consumidor. Segmentar o mercado pode também baixar os custos e aumentar a eficiência das actividades promocionais (Kotler, Bowen e Makens, 2003). Hall e Macionis (1998) propõem três tipos de enoturista: os “amantes de vinhos”; os “interessados em vinhos” e os “turistas curiosos”. No estudo intitulado «Who is the wine tourist?», Charters e Ali-Knight (2002) partem da categorização proposta por Hall e Macionis, criticando, contudo, o facto de terem por base entrevistas a produtores, gestores e pessoal de contacto, ou seja, representantes da parte da oferta. Através de um inquérito realizado à procura, os autores identificaram quatro tipos com base no seu interesse e conhecimento sobre vinho: os “amantes de vinhos” (com um subsegmento - os “connoisseurs”); os “interessados em vinhos”; os “novatos”; e um grupo marginal, os “penduras” (cf. Charters e Ali-Knight, 2002: 315-316). De acordo com os resultados obtidos, far-se-á referência a estas tipologias na segunda parte deste estudo.
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ESTUDO DE CASO: OBJECTO DE ANÁLISE O objecto da investigação é o visitante de atracções vitivinícolas. Para efeitos empíricos foram seleccionados os visitantes da Casa de Enoturismo da Herdade do Esporão, devido ao seu fluxo constante. Situada no coração do Alentejo, no concelho de Reguengos de Monsaraz, a 180 km de Lisboa, a Herdade do Esporão tem mais de 700 anos de história e estende-se por 1.800 hectares, sendo a maior do concelho. Face ao crescente interesse na produção do vinho e ao sucesso deste tipo de empreendimentos no estrangeiro, a actividade turística teve início em 1997, com a construção da Casa de Enoturismo, um dos projectos pioneiros de enoturismo integral. PERGUNTA DE PESQUISA, OBJECTIVOS E HIPÓTESES A investigação pretende responder à seguinte pergunta de pesquisa: Como se caracterizam os visitantes de atracções vitivinícolas e em que medida as características demográficas, socio-económicas e psicográficas dos visitantes de atracções vitivinícolas influenciam as suas expectativas? Com este estudo pretende-se: • caracterizar os visitantes de atracções vitivinícolas; • testar a homogeneidade ou distinguir tipos; • utilizar os resultados da pesquisa na problematização da especificidade do produto (oferta) e a sua relação com as
necessidades e exigências do consumidor. A partir da pesquisa exploratória realizada no início da investigação formularam-se as seguintes hipóteses que se pretende testar: H1 – Os visitantes de atracções vitivinícolas são homens de meia-idade, com elevado rendimento salarial e nível educacional. H2 – As diferenças culturais em relação ao vinho condicionam a atitude e comportamento face ao enoturismo. H3 – Quanto maior o conhecimento sobre vinhos, maior o interesse por actividades ligadas à sua produção e menor o interesse por outras actividades turísticas complementares.
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INSTRUMENTO PARA RECOLHA DE DADOS E PROCEDIMENTO ANALÍTICO Para a realização da recolha de dados primários recorreu-se à aplicação de um questionário. A sua elaboração resultou de entrevistas a produtores e da pesquisa bibliográfica, fundamentalmente dos trabalhos de Getz (2000), de Hall et al. (2000) e de Charters e Ali-Knight (2002). As questões foram repartidas em seis partes, de acordo com as informações que se pretendiam obter: 1) consideração pelo vinho; 2) consumo de vinho; 3) benefícios da visita a uma adega; 4) visita a esta adega; 5) visita ao Alentejo; 6) características demográficas e sócio-económicas. Foi usada uma combinação de questões abertas e fechadas. As questões fechadas proporcionam um tratamento estatístico mais fácil, todavia devido à natureza novel do estudo, considerou-se ser pertinente incluir questões abertas. Utilizaram-se igualmente questões com escala de Likert para aferir atitudes e motivações, com 4 e 6 valores de forma a dissuadir os inquiridos a optar pelo valor intermédio, forçando-os a exprimir o sinal da sua preferência. O número de inquéritos validados (dimensão da amostra) foi de 219. A natureza não aleatória da amostra aconselha alguma prudência na extrapolação dos resultados obtidos. Este problema não se coloca ao nível da análise das relações entre as variáveis, o que constitui a principal incidência do estudo realizado. Optou-se por proceder a uma segmentação por envolvimento com o vinho, em linha com o estudo de Charters e Ali-Knight (2002), a partir da construção de uma nova variável Interesse/Conhecimento, com base em dimensões atitudinais e comportamentais. Esta opção justifica-se pela transversalidade e profundidade dos conceitos psicográficos, tendo sido popularizada a sua utilização em estudos de marketing com base em estilos de vida (Kucukemiroglu, 1999). As comparações dos resultados entre os segmentos foram realizadas com recurso a testes de Chi-quadrado (variáveis independentes qualitativas) e ANOVA (variáveis independentes quantitativas), para um nível de significância de 0,05
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(Lehmann, Gupta, e Steckel, 1998).
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RESULTADOS OBTIDOS Grande parte dos inquiridos fez a visita com um acompanhante, mormente do género oposto (87,9%), sendo que apenas 30,3% dos casais se fizeram acompanhar pelos filhos. A visita em grupos de 6 ou mais pessoas atinge uns expressivos 36,2%. Como visitantes, os inquiridos disseram-se movidos pelo desejo de aprender sobre os vinhos da Herdade do Esporão e de contemplar a paisagem. A visita foi ainda pretexto para conviver com amigos e familiares (ver figura 1). Figura 1 – Motivos para a visita à Herdade do Esporão
Não Imp. Pouca Imp. Importante Muito Imp. n % n % n % n %
Aprender sobre vinho 3 1,4 13 6,0 113 52,1 88 40,6 Usufruir da paisagem rural/vinhedo 3 1,4 18 8,3 105 48,6 90 41,7 Socializar 5 2,4 24 11,3 112 52,8 71 33,5 Provar vinho 14 6,5 30 13,9 110 50,9 62 28,7 Conhecer o produtor 10 4,7 48 22,3 107 49,8 50 23,3 Enogastronomia 24 11,1 35 16,1 100 46,1 58 26,7 Uma saída 22 10,4 41 19,3 107 50,5 42 19,8 Comprar vinho 22 10,2 74 34,4 98 45,6 21 9,8 Parte de um pacote de viagem 94 44,1 51 23,9 49 23,0 19 8,9
Grande parte dos inquiridos (42,6%) tinha conhecimento pessoal sobre a Herdade do Esporão, sendo que artigos, em revistas (16,2%) e em jornais (12,5%), e a Internet (8,8%) são os meios de contacto preferenciais. Não obstante, o estudo comprova que o meio mais eficaz de promoção é o passa-palavra, pois a maioria dos inquiridos (58,8%) agiu por recomendação de amigos e/ou familiares. Na lista dos produtos mais comprados na loja da Casa de Enoturismo encontram-se os vinhos (91,6%), seguindo-se os queijos (20,0%), os azeites e o artesanato (ambos com 11,6%). Em média, os inquiridos gastaram em vinhos € 35,52, sendo os mais comprados, o “Esporão Reserva” (44,1%) e o “Late Harvest” (32,4%), salientando-se o seu carácter de excepção, seguindo-se o “Defesa” e o “Licoroso” (ambos com 14,7% das preferências)13. Para além da Casa de Enoturismo da Herdade do Esporão, os inquiridos visitaram ainda, na região, património histórico e património natural, nomeadamente o Alqueva, e frequentaram restaurantes. A cultura (incluindo comida e vinho) foi o principal motivo desta viagem para 61,2% dos inquiridos, seguindo-se a visita a amigos e/ou familiares com 13,3%. A actividade profissional (congressos, incentivos e negócios) totaliza 14,4% dos registos14. Em média, a visita à região inclui duas dormidas, em hotel (32,5%) ou alojamento de Turismo no Espaço Rural (31,8%)15. As localidades circundantes são as escolhidas para o alojamento: Monsaraz (22,2%), Évora (18,8%) e Reguengos de Monsaraz (18,1%). O raio abrange ainda Lisboa e Cascais. O ponto de partida para a segmentação foi a auto-classificação dos inquiridos em termos do seu interesse e conhecimento sobre vinhos. De acordo com o figura 2, a distribuição é bastante semelhante à da verificada no estudo de Charters e Ali-Knight (2002).
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13 As questões referentes às compras na loja da Casa de Enoturismo apresentam um elevado número de missing values (superior a 100), reflectindo as situações em que o inquérito foi realizado antes da passagem pela loja. 2 Parte das visitas de incentivo estava ligada ao sector vitivinícola, à restauração e ao turismo. 3 19,7% dos inquiridos afirmaram ficar alojados em casa/apartamento próprio, sendo que um número considerável é residente na região, não tendo referido nenhuma dormida.
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Figura 2 – Auto-classificação dos inquiridos sobre interesse e conhecimento
Herdade do Esporão (2005) Charters e Ali-Knight (2002) Nível de interesse % Nível de
conhecimento % Nível de interesse % Nível de
conhecimento %
Muito interessado
30,6 Grande conhecedor
4,6 Muito interessado
30,7 Grande conhecedor
3,3
Interessado
51,6 Conhecedor 36,7 Interessado 52,9 Conhecedor 37,4
Interesse limitado
14,6 Conhecimento limitado
51,4 Interesse limitado
14,7 Conhecimento limitado
49,6
Nenhum interesse
3,2 Nenhum conhecimento
7,3 Nenhum interesse
1,7 Nenhum conhecimento
9,7
Provou-se que existe uma relação estatisticamente significativa entre as duas variáveis (o interesse pelo vinho é tanto maior quanto maior for o conhecimento sobre vinho ou vice-versa), tendo-se criado uma nova variável independente “Interesse/Conhecimento”, inicialmente com quatro categorias conforme figura 3. Figura 3 – Classificação segundo o interesse e o conhecimento sobre vinhos
Grupos n % (4grupos)
Grupos n % (3grupos)
Classificação
A - Interesse e conhecimento elevados
87 39,9 A - Interesse e conhecimento elevados
87 40,5 Wine lover
B - Interesse elevado e conhecimento reduzido
93 42,7 B - Interesse elevado e conhecimento reduzido
93 43,3 Wine interested
C - Interesse e conhecimentos reduzidos
35 16,1 C - Interesse e conhecimentos reduzidos
35 16,3 Wine curious/Hanger
On D - Interesse reduzido e conhecimento elevado
3 1,4
Optou-se por suprimir o quarto grupo por fraca expressividade e falta de coerência. Assim sendo, procedeu-se em seguida à caracterização dos três primeiros grupos. As figuras 4 a 8 apresentam os resultados obtidos para os três segmentos de mercado em termos de envolvimento com o vinho (figura 4), benefícios procurados numa visita a uma adega (figura 5), comportamento de consumo de vinho (figura 6), factores que influenciam a compra do vinho (figura 7) e características demográficas e sócio-demográficas (figura 8). Figura 4 – Envolvimento com o vinho, por segmento
A - Wine
Lovers B - Wine Interested
C - Wine Curious
A+B+C p
% (em coluna)
% (em coluna)
% (em coluna)
% (em coluna)
Consequência desejada da visita 0,021 Socializar 37,7 35,4 48,5 38,5 Luxo 0,0 1,1 2,9 0,9 Romance 2,4 0,0 5,7 1,9 Bebida 17,6 5,4 14,3 11,8 Relaxar/Saúde 10,6 9,7 2,9 9,0 Joie de vivre 10,6 27,9 14,3 18,7 Comida 17,6 14,0 11,4 15,0 Sofisticação 3,5 6,5 0,0 4,2 Adquire publicações sobre vinhos 0,000 Nunca 28,7 57,0 82,8 49,8 Raramente 40,3 33,3 14,3 33,0 Às vezes 14,9 7,5 2,9 9,8 Regularmente 16,1 2,2 0,0 7,4 Frequentou curso de prova de vinhos 0,000 Sim 58,6 27,2 20,0 38,7 Não 20,7 37,0 51,4 32,7 Não, mas gostaria 20,7 35,8 28,6 28,6 Disposto a pagar a prova de vinhos 0,033 Sim 54,7 46,1 28,6 46,7 Não 45,3 53,9 71,4 53,3 Número de visitas a atracções 0,000
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vitivinícolas nos últimos 5 anos < 5 62,0 86,7 90,6 77,6 5 – 19 27,8 13,3 9,4 18,4 > 20 10,1 0,0 0,0 4,0 Considera-se enoturista 0,000 Completamente de acordo 14,3 10,2 0,0 10,3 De acordo 16,7 9,1 3,2 11,3 Acordo moderado 34,5 26,1 16,1 28,2 Desacordo moderado 19,0 17,0 9,7 16,7 Desacordo 10,7 27,4 32,3 21,2 Completamente em desacordo 4,8 10,2 38,7 12,3
Em termos de envolvimento com o vinho, os segmentos apresentam diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05) em todos os aspectos considerados (figura 4). Embora o convívio (socializar) seja o denominador comum em termos de associação com o vinho, enquanto os wine lovers relacionam-no mais com a gastronomia e os wine interested com a “alegria de viver”. Os wine lovers adquirem publicações sobre vinhos com maior regularidade, a maioria já frequentou cursos de prova de vinhos e está disposta a pagar uma taxa pela prova. Este é o segmento que regista no passado recente, últimos cinco anos, um maior número de visitas a atracções vitivinícolas (7,6 em média, enquanto os wine interested e os wine curious/hanger on se quedam pelas 2,6 e 2,3, respectivamente). A maioria dos wine lovers considera-se enoturista. Nos aspectos atrás referidos, os wine curious/hanger on apresentam-se no extremo oposto dos wine lovers, cabendo aos wine interested uma posição intermédia. Figura 5 – Benefícios procurados na visita a uma adega, por segmento
Escala 1 (nenhuma importância) a 4 (muita importância) A - Wine
Lovers B - Wine Interested
C - Wine Curious
A+B+C p
Ligação vinho/comida 3,5 3,4 3,1 3,4 0,055 Produção do vinho 3,4 3,4 3,2 3,4 0,129 Visita guiada 3,2 3,2 3,3 3,2 0,872 Guardar/Envelhecer vinho 3,3 3,3 2,9 3,2 0,044 Informação sobre vinha, uvas e produção (guias/folhetos/posters)
3,4 3,2 2,9 3,2 0,005
Prova de vinhos 3,3 3,1 2,9 3,2 0,083 Paisagem 3,0 3,3 3,2 3,2 0,053 Conhecer o produtor 3,3 3,1 2,9 3,1 0,112 Contacto c/ pessoas, tradições, estilos de vida 3,3 3,0 3,0 3,1 0,086 Socializar com amigos ou familiares 3,1 3,1 3,1 3,1 0,962 Reputação da adega 3,2 3,1 3,0 3,1 0,465 História da marca e design da etiqueta 3,2 3,0 3,0 3,1 0,328 Relaxar 3,0 3,2 2,9 3,1 0,141 Restaurante tradicional 2,9 2,9 2,8 2,9 0,861 Participação na produção tradicional 3,0 2,7 2,8 2,9 0,062 Eventos especiais 2,8 2,8 2,7 2,8 0,470 Alojamento 2,6 2,8 2,7 2,7 0,609 Museu/galeria 2,5 2,8 2,8 2,7 0,157 Loja 2,6 2,7 2,5 2,6 0,261 Participação na produção industrial 2,8 2,4 2,5 2,6 0,005 Parque de merendas 2,2 2,2 2,3 2,2 0,660 Sala de conferências 2,1 2,1 2,0 2,1 0,794 Circuitos pedestre/ciclovia 1,9 2,1 2,2 2,0 0,092 Equitação 1,9 2,0 2,1 2,0 0,815 SPA 1,9 2,0 2,1 2,0 0,407 Piscina 1,8 1,8 2,0 1,8 0,378
Os benefícios procurados na visita a uma adega revelam-se relativamente homogéneos (p � 0,05) entre os vários segmentos (figura 5). De facto, em apenas três, de um conjunto de 26 itens, verificam-se diferenças estatisticamente significativas entre os segmentos (p < 0,05). Os wine lovers distinguem-se por atribuir uma maior importância à aprendizagem sobre como guardar/envelhecer o vinho, à obtenção de informação sobre a vinha, uvas e produção e à participação na produção industrial. Nos dois primeiros itens, os wine lovers são acompanhados pelos wine interested. Em termos globais, os três segmentos atribuem uma reduzida importância aos serviços complementares, em especial aos que não têm uma relação directa com o vinho. Por sua vez, a ligação vinho/comida e a produção do vinho constituem os
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benefícios procurados mais relevantes.
Relativamente ao comportamento de consumo, os wine lovers assumem-se como heavy users e os wine curious/hanger on como light users (figura 6). Contudo, os segmentos revelam-se homogéneos em termos de consumo fora das refeições e fora de casa (p � 0,05). A reputação da adega é o principal factor que influencia a compra de vinho, revelando-se como o mais importante para os wine interested (figura 7). A certificação e o preço são considerados menos relevantes, não se verificando diferenças estatisticamente significativas entre os segmentos. Figura 6 – Comportamento de consumo de vinho, por segmento
A - Wine
Lovers B - Wine Interested
C - Wine Curious
A+B+C p
Situações de consumo (Sim/Não) % Sim % Sim % Sim % Sim Às refeições 73,6 62,4 26,5 61,2 0,000 Em ocasiões especiais 46,0 51,6 58,8 50,5 0,427 Socialmente 49,4 47,3 47,1 48,1 0,952 Locais de consumo (Sim/Não) % Sim % Sim % Sim % Sim Em casa 85,1 84,9 35,3 77,1 0,000 Em restaurantes/bares 86,2 83,9 76,5 83,6 0,427 Em casa de amigos ou familiares 75,9 77,4 61,8 74,3 0,184 N.º médio/mês de garrafas, em casa 10,77 5,71 2,87 7,3 0,000 Despesa média/mês com garrafas € 88,38 € 56,39 € 13,96 € 64,37 0,005
Figura 7 – Factores que influenciam a compra de vinho, por segmento
A - Wine
Lovers B - Wine Interested
C - Wine Curious
A+B+C p
Factores que influenciam a compra (Sim/Não)
% Sim % Sim % Sim % Sim
Preço 41,4 46,6 50,0 44,9 0,646 Certificação 28,7 20,5 18,8 23,7 0,338 Reputação da Adega/Marca 74,7 89,8 65,6 79,7 0,004
Figura 8 – Características demográficas e sócio-económicas, por segmento
A - Wine Lovers
B - Wine Interested
C - Wine Curious
A+B+C p
Idade (anos) 40,1 37,2 38,1 38,5 0,264 Género % % % % 0,000 Masculino 69,4 47,8 25,7 52,8 Feminino 30,6 52,2 74,3 47,2 Estado Civil % % % % 0,009 Casado(a) 72,1 52,7 35,3 57,7 Solteiro(a) 24,4 41,9 52,9 36,6 Divorciado(a)/ Viúvo(a) 3,5 5,4 11,7 5,6 Crianças em casa % % % % 0,859 0 69,4 67,4 67,7 68,2 1 17,6 17,4 23,5 18,5 2 9,4 13,0 8,8 10,9 >= 3 3,5 2,2 0,0 2,4 Nível de educação % % % % 0,885 Com diploma universitário 71,8 75,0 72,7 73,3 Profissão relacionada com o vinho % % % % 0,027 Sim 22,1 9,0 8,6 14,3 Ambiente habitual % % % % 0,316 Meio urbano 79,5 82,6 91,2 82,8 Rendimento anual médio € 45.419 € 36.018 € 18.856 € 37.458 0,231
Os visitantes entrevistados concentram-se na faixa etária 27-37 anos (43,8%), sem grande predominância de qualquer dos géneros. Maioritariamente casados, sem crianças em casa, possuem diploma universitário e não exercem profissão relacionada com o vinho. Provêm de um meio urbano e auferem um rendimento superior à média.
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Por segmento, verifica-se que os wine lovers são predominantemente do género masculino e casados, apresentando, também, a maior proporção de profissões relacionadas com o vinho. Por sua vez, os wine curious/hanger on são maioritariamente do género feminino e solteiros (as).
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CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo sido verificado que o passa-palavra é o principal meio de divulgação deve atribuir-se especial atenção à qualidade do serviço. Neste âmbito, o estudo do perfil dos visitantes revela-se um instrumento adequado para apurar as necessidades, desejos e comportamento do consumidor com vista a delimitar eficazmente a composição do produto e a sua estratégia de comunicação. Os resultados do inquérito realizado na Herdade do Esporão permitiram discernir três grupos de visitantes segundo o grau de interesse e conhecimento sobre vinhos. Adaptados à classificação de Hall e Macionis (1998) e Charters e Ali-Knight (2002), são eles: A - Wine lovers (visitantes com interesse e conhecimento elevados) B - Wine interested (visitantes com interesse elevado e conhecimento reduzido) C - Wine Curious/hanger on (visitantes com interesse e conhecimentos reduzidos) O grupo predominante na pesquisa é o Wine interested. É composto maioritariamente por mulheres entre os 27 e os 48 anos, com elevado nível educacional e rendimento salarial. Seguem-se os Wine lovers e por último surgem os Wine curious/Hanger on. Colocando a partição estatística de parte, os três grupos têm expectativas comuns quanto aos benefícios da visita a uma adega: dão pouca importância aos atributos extraordinários, valorizando acima de tudo os atributos relacionados com o vinho. A visita à adega assume-se como uma experiência de conhecimento interactivo (cf. Charter e Ali-Knight, 2000), o que se revela coerente com os objectivos dos empreendimentos em educar o consumidor/apreciador de vinhos. Destaca-se o facto de que alguns visitantes realizaram a visita à adega com os seus filhos (futuros apreciadores). Para além disso, importa salientar a adesão que outros aspectos da produção do vinho pareceram motivar, como sejam a história da marca e o design da etiqueta, ou como guardar e envelhecer o vinho. Para além dos motivos ditos primários (provar e comprar vinho, conhecer o produtor), destacam-se ainda a ligação entre o vinho e a comida e, especialmente, a paisagem (“winescape”) como fortes factores motivacionais, sobretudo para os repetentes. A maioria dos inquiridos reside em área urbana, por isso a visita constituirá uma oportunidade de comunhão com a natureza (um ritual de fim-de-semana com potencial de repetição ao longo do ano, sobretudo por parte do mercado doméstico). A motivação básica subjacente é a cultura, sendo que a visita à adega é complementada, ou complementa, muitas vezes, a visita a outras atracções turísticas de carácter cultural da região, incluindo a gastronomia. O consumo é considerado como convivial e não um acto solitário e, desta forma, o vinho sugere também sociabilidade e comunicação, sendo que uma parte considerável das visitas decorre no âmbito de congressos e outros grupos de afinidade. A reputação da adega surge como o principal factor na escolha do vinho, o que coloca ênfase nas estratégias de marketing a adoptar. A inclusão das mulheres nesta actividade, outrora considerada exclusiva dos homens, é algo a ter em conta, incentivando o abandono do seu, ainda frequente, papel de acompanhantes. É ainda interessante constatar a partir dos vinhos escolhidos, como os inquiridos valorizam o excepcional (patente no nome e/ou no preço), na expectativa de elevado status. Tendo em consideração os resultados desta investigação dir-se-ia que a imagem deve estar associada ao estilo de vida dos seus consumidores/visitantes. Logo, os principais vectores no caso estudado seriam PESSOAS, CULTURA e PAISAGEM. Quanto às hipóteses formuladas no início do estudo, os resultados obtidos conduzem à aceitação de que os visitantes de atracções vitivinícolas estão na meia-idade, têm elevado rendimento salarial e nível educacional, todavia não são exclusivamente homens (H1). A amostra recolhida não reúne representatividade suficiente para aferir diferenças culturais nas atitudes e comportamentos (H2). Aceita-se H3, pois quanto maior o grau de interesse/conhecimento maior a valorização das actividades ligadas ao vinho, sendo que, de uma forma geral, conferem pouca importância à maioria das actividades turísticas complementares apresentadas no contexto de uma visita a uma adega. O estudo empírico aqui apresentado é uma tentativa de compreensão dos visitantes de atracções vitivinícolas. Propõe-se para tal propósito um instrumento – o questionário. Os seus resultados não deverão ser generalizados para fora do campo de aplicação do inquérito. No decurso do estudo empírico, formou-se a opinião de que, apesar da Herdade do Esporão ser uma atracção ligada ao enoturismo a nível internacional, os inquiridos não tinham consciência da condição de enoturista. Pondere-se o facto de que o próprio termo se encontra em desenvolvimento. Por outro lado, apesar de se distinguirem três grupos, as diferenças motivacionais são muito semelhantes. A distinção faz-se mais ao nível dos antecedentes da visita (interesse e conhecimento sobre vinho) do que quanto às suas expectativas. Na preparação do projecto, constatou-se uma manifesta falta de informação sobre os clientes e escassez, ou nalguns casos ausência, de pessoal qualificado na área do turismo. A colaboração das entidades da indústria turística deixa também algo a desejar. No geral, o produto enoturismo tem sido direccionado essencialmente a turistas domésticos e internacionais que vêm conhecer a região atraídos pela cultura e património. Não é comum usar o vinho da região especificamente como marca que atraia turistas.
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Pela natureza exploratória do estudo no nosso país, e pelo carácter académico deste trabalho, inevitavelmente sujeito a prazos, existem certamente limitações ao conhecimento proporcionado. Todavia, a meta é sensibilizar os profissionais da indústria do vinho para a mais valia do turismo e dos profissionais da indústria do turismo para a potencialidade do enoturismo no desenvolvimento sustentável do turismo regional e, igualmente, para a importância das ferramentas do marketing (em particular, a pesquisa de mercado e a segmentação). Constituem prioridades para pesquisa futura questões como: Como é que os consumidores de vinho se tornam enoturistas? Quem são os melhores adeptos do enoturismo, e como são motivados? Como evolui a procura ao longo do ano (estudo da sazonalidade)? Como é que os turistas não motivados pelo vinho podem ser atraídos ao produto enoturismo? Como cultivar a próxima geração de consumidores de vinho? Como atrair os novos mercados internacionais para o enoturismo? Quais os elementos e combinações no sistema de enoturismo funcionam melhor para atrair e satisfazer diferentes mercados? Qual é o papel a ser desempenhado pelas organizações de turismo e outras no desenvolvimento e comercialização do enoturismo? Quais os impactos do enoturismo na economia, no ambiente e na comunidade? Seria ainda interessante considerar a existência do enoturismo fora da “winescape”, como no caso do Porto e Vila Nova de Gaia cujas atracções vitivinícolas se encontram em plano urbano. Sugere-se, ainda, a realização de comparações interculturais do modelo de desenvolvimento do enoturismo.
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BIBLIOGRAFIA BRUWER, J. (2003). South African Wine Routes: some Perspectives on the Wine Tourism Industry’s Structural Dimensions and Wine Tourism Product. Tourism Management. Vol. 24 (4): 423-435. CHARTERS, S. e ALI-KNIGHT, J. (2000). Wine Tourism – a Thirst for Knowledge?. International Journal of Wine Marketing. Vol. 12 (3): 71-82. CHARTERS, S. e ALI-KNIGHT, J. (2002). Who is the Wine Tourist?. Tourism Management. Vol. 23 (3): 311-319. GETZ, D. (2000). Explore Wine Tourism: Management, Development & Destinations. New York: Cognizant Communication Corporation. HALL, C. e MACIONIS, N. (1998).Wine Tourism in Australia and New Zealand. In R. Butler, M. Hall e J. Jenkins (eds.). Tourism and Recreation in Rural Areas. Chichester: Wiley, 197-224. HALL, C., SHARPLES, L., CAMBOURNE, B. e MACIONIS, N. (2000). Wine Tourism around the World: Development, Management and Markets. Oxford: Butterworth-Heinemann. KOTLER, P., BOWEN, J. e MAKENS, J. (2003). Marketing for Hospitality & Tourism. 3rd ed. New Jersey: Prentice-Hall. KUCUKEMIROGLU, O. (1999). Market segmentation by using consumer lifestyle dimensions and ethnocentrism: An empirical study. European Journal of Marketing. Vol. 33 (5/6): 470-487. LEHMANN, D., GUPTA, S. e STECKEL, J. (1998). Marketing Research. USA: Addison-Wesley.
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APÊNDICE 3
Tabela de Verificações
NO MEU TRABALHO
Quanto ao Estilo Sim Não
Não tenho erros de ortografia? Passei o corrector do Word pelo meu documento? Escrevo sempre na mesma pessoa? Utilizo a terminologia adequada? As minhas frases são claras e concisas? Cada frase diz alguma coisa? Todas as frases estão gramaticalmente correctas? Apresento uma ideia nova por parágrafo? As transições entre parágrafos e tópicos estão devidamente assinaladas?
Quanto à Estrutura Sim Não
O meu problema de investigação está claramente redigido? O método que utilizo para responder às minhas questões está claro e bem justificado?
Os conteúdos estão organizados lógica e metodologicamente?
Os títulos dos capítulos e subcapítulos estão adequados ao conteúdo?
A sequência de ideias e de informação é lógica? Utilizo de forma correcta todas as ideias que apresento, as fontes que cito e as figuras que incluo?
Quanto ao Conteúdo
Sim
Não
Adequo o meu trabalho ao que é solicitado? Defino com clareza, no início do trabalho, o meu problema de investigação e os meus objectivos?
Respondo, ao longo do trabalho, às questões que enuncio no seu início e cumpro os objectivos a que me proponho?
Apresento conteúdo científico?
Faço referências a autores e teorias relevantes para a temática em causa?
Sustento as minhas ideias com leituras, raciocínio lógico e exemplos?
Distingo com clareza as minha ideias das ideias de outros autores?
Apresento reflexões críticas sobre os assuntos abordados? O leitor consegue seguir a lógica do meu raciocínio?
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Quanto à Forma
Sim
Não
Os capítulos e subcapítulos estão claramente numerados,
graficamente distintos e devidamente titulados?
As figuras têm títulos e indicação das fontes?
Referencio claramente todas as citações?
A minha bibliografia está bem elaborada e completa?
O trabalho está devidamente paginado?
Os apêndices e anexos estão correctamente numerados e
titulados?
Cumpro criteriosamente as regras formais de apresentação de trabalhos?