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Pós-Graduação em Ciência da Computação Universidade Federal de Pernambuco [email protected] www.cin.ufpe.br/~posgraduacao RECIFE, AGOSTO/2009 e-Lateo Combinação e Representação do Conhecimento” Por Guilherme Alexandre Monteiro Reinaldo Dissertação de Mestrado

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Pós-Graduação em Ciência da Computação

Universidade Federal de Pernambuco [email protected]

www.cin.ufpe.br/~posgraduacao

RECIFE, AGOSTO/2009

“e-Lateo – Combinação e Representação do

Conhecimento”

Por

Guilherme Alexandre Monteiro Reinaldo

Dissertação de Mestrado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE INFORMÁTICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Guilherme Alexandre Monteiro Reinaldo

e-Lateo – Combinação e Representação do Conhecimento

ESTE TRABALHO FOI APRESENTADO À PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO DO CENTRO DE INFORMÁTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO.

ORIENTADOR: Prof. RICARDO BASTOS CAVALCANTE PRUDÊNCIO

RECIFE, AGOSTO/2009

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Catalogação na fonte Bibliotecária Jane Souto Maior, CRB4-571

Reinaldo, Guilherme Alexandre Monteiro e-Lateo – Combinação e representação do conhecimento / Guilherme Alexandre Monteiro Reinaldo - Recife: O Autor, 2009. ix, 80 folhas: il., fig., tab. Orientador: Ricardo Bastos Cavalcante Prudêncio. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CIn, Ciência da Computação, 2009. Inclui bibliografia e anexo. 1. Inteligência artificial. 2. Extensão à teoria matemática das evidências. I. Prudêncio, Ricardo Bastos Cavalcante (orientador). II. Título. 006.3 CDD (23. ed.) MEI2012 – 014

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Dedicatória Este trabalho é dedicado aos pilares da minha existência: Deus por tornar todas as coisas possíveis em minha vida, meus pais, que não mediram esforços para minha educação e todos os meus educadores, que construíram as bases de minha formação acadêmico-profissional.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, e não podia ser diferente, agradeço a Deus pela oportunidade de

desenvolver este trabalho. Em seguida, às nossas famílias, as quais abdicaram do convívio

durante muitos dias, noites e finais de semana para elaboração desta dissertação.

Também nos sentimos com a obrigação de agradecer:

– aos Professores e Colegas do CIn (Centro de Informática da UFPE) por nos darem

embasamento teórico e viabilizarem as condições necessárias para o

desenvolvimento deste trabalho;

– ao Prof. Ricardo Prudêncio, que sempre se revelou um facilitador, resolvendo

todos os problemas, e sendo o responsável por acreditar e apoiar estudos e pesquisas

que nos levaram a realizar esse trabalho;

– aos Colegas do Laboratório de Artefatos Inteligentes do Departamento de Design

da UFPE, por nos auxiliar nos estudos, desenvolvimento da interface e usabilidade

da ferramenta e-Lateo;

– ao Professor André Neves que pacientemente nos ajudou diversas vezes a

conseguir encontrar uma saída para os problemas administrativos, acalmando-nos

nos momentos de angústia;

– ao Professores Paulo Cunha e Rômulo Pinto, que nos abriram as portas no Virtus

e na Faculdade Marista, respectivamente, acreditando, confiando e incentivando a

pesquisa científica desde nossos primeiros passos.

– e por último, mas não menos importante, ao exponencial Professor Fábio Campos,

apoiador incondicional de todas as minhas investidas científicas, o qual nos ajudou a

criticar, conduzir e nortear toda a pesquisa.

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Resumo

O presente trabalho apresenta o e-Lateo, um sistema desenvolvido sobre plataforma

web, que virtualiza o arcabouço conceitual envolvido na Teoria de Dempster-Shafer e sua

extensão, o Lateo. Dotado de vários recursos didáticos, preocupa-se em ocultar

complexidade inerente à teoria, facilitando o uso através de interface amigável, ambiente

seguro, integro, permitindo monitoramento e gerenciamento das informações.

A aplicação prática do e-Lateo nos permite realizar análises mais rápidas e precisas,

melhorando a compreensão dos resultados obtidos na combinação dos corpos de evidência

e auxiliando as tomadas de decisão em situação de incerteza.

Palavras-Chave: e-Lateo, Teoria de Dempster-Shafer, Lateo, combinação dos corpos de evidência.

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Abstract

This work present the e-Lateo, a system built on web plataform, which virtualizes

the conceptual framework involved in the Dempster-Shafer Theory and its extension, the

Lateo. Equipped with various educational resources, concerned with hiding the inherent

complexity theory, facilitating use by friendly graphical user interface, secure environment,

integrate, allowing information monitoring and management.

The practical application of e-Lateo allows us to perform quick and accurate

analysis by improving the understanding of the results obtained in the combined bodies of

evidence and assisting decision making under uncertainty.

Keywords: e-Lateo, Dempster-Shafer Theory, Lateo, combination of bodies of

evidence.

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Sumário

1 Introdução.................................................................................................................... 13

1.1 Objetivo ................................................................................................................ 13

1.2 Justificativa........................................................................................................... 14

1.3 Motivação ............................................................................................................. 14

1.4 Trabalho realizado ................................................................................................ 16

1.5 Organização da Dissertação.................................................................................. 16

1.6 Normatização........................................................................................................ 17

2 Estado da Arte e Trabalhos Relacionados ................................................................... 18

2.1 Teoria de Dempster-Shafer................................................................................... 18

2.2 Resumo Descritivo da Teoria de Dempster-Shafer .............................................. 19

2.2.1 Quadro de Discernimento................................................................................. 19

2.2.2 Função de Massa .............................................................................................. 19

2.2.3 Corpo de Evidência .......................................................................................... 21

2.2.4 Função de Crença ............................................................................................. 21

2.2.5 Função de Plausabilidade ................................................................................. 22

2.2.6 Intervalo de Crença........................................................................................... 23

2.2.7 Regra de Dempster ........................................................................................... 23

2.2.8 Peso de Conflito ............................................................................................... 25

2.3 Problemas da Teoria de Dempster-Shafer ............................................................ 26

2.4 Premissas da Incerteza Subjetiva com a Teoria de Dempster-Shafer .................. 27

2.5 Extensão à Teoria Matemática da Evidência........................................................ 31

2.5.1 Lateo ................................................................................................................. 31

2.6 Conclusão ............................................................................................................. 34

3 e-Lateo ......................................................................................................................... 35

3.1 Ferramenta e-Lateo propriamente dita ................................................................. 35

3.1.1 Perspectiva do Gerente no e-Lateo ................................................................... 39

3.1.2 Perspectiva do Pesquisador no e-Lateo ............................................................ 41

3.1.3 Perspectiva do Respondente no e-Lateo ........................................................... 44

3.1.4 Combinação de Evidências e Representação da Incerteza Subjetiva no e-Lateo

46

3.2 Conclusões............................................................................................................ 50

4 Estudo de Caso ............................................................................................................ 51

4.1 Casos Clínicos ...................................................................................................... 51

4.1.1 Opiniões dos dois primeiros especialistas atribuídas ao caso clínico 1............ 53

4.1.2 Opiniões dos especialistas atribuídas ao caso clínico 2.................................... 62

4.1.3 Opiniões dos especialistas atribuídas ao caso clínico 3.................................... 72

4.2 Conclusões............................................................................................................ 72

5 Conclusões e Trabalhos Futuros.................................................................................. 74

5.1 Resumo das Contribuições ................................................................................... 74

5.2 Trabalhos Futuros ................................................................................................. 75

Anexo A: Casos Clínicos...................................................................................................... 76

Referências ........................................................................................................................... 78

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Lista de Figuras

Figura 2.1: Quadro de Discernimento das possíveis notas escolares de determinado aluno do ensino fundamental.................................................................................................. 20

Figura 3.1: Tela inicial do e-Lateo. ...................................................................................... 36

Figura 3.2: Guia de Uso para o Gerente. .............................................................................. 38

Figura 3.3: Cadastro de Gerente. .......................................................................................... 38

Figura 3.4: Cadastro de Grupos............................................................................................ 39

Figura 3.5: Cadastro de Pesquisador. ................................................................................... 40

Figura 3.6: Árvore Hierárquica Gerente............................................................................... 41

Figura 3.7: Etapa de Descrição do Problema. ...................................................................... 42

Figura 3.8: Composição de Conjuntos com seus elementos. ............................................... 42

Figura 3.9: Problema Formulado.......................................................................................... 43

Figura 3.10: Associar Respondentes a problemas. ............................................................... 44

Figura 3.11: Atribuição de Crenças...................................................................................... 45

Figura 3.12: Cálculo do Lateo. ............................................................................................. 46

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Combinação pela Regra de Dempster para Exemplo 2.7 ..................................... 24

Tabela 2: Combinação pela Regra de Dempster para Exemplo 2.9 ..................................... 27

Tabela 3: Memória de cálculo da combinação dos corpos de evidência.............................. 48

Tabela 4: Cálculo segundo Teoria de Dempster-Shafer e Lateo. ......................................... 49

Tabela 5: Resultado da combinação dos dois primeiros especialistas para o caso clínico 1....................................................................................................................................... 53

Tabela 6: Memória de cálculo da combinação dos corpos de evidência dos dois primeiros especialistas para o caso clínico 1. ............................................................................... 54

Tabela 7: Resultado da combinação de três especialistas para o caso clínico 1................... 55

Tabela 8: Memória de Cálculo da combinação dos corpos de evidência de três especialistas para o caso clínico 1. .................................................................................................... 56

Tabela 9: Resultado da combinação de quatro especialistas para o caso clínico 1. ............. 57

Tabela 10: Memória de Cálculo da combinação dos corpos de evidência de quatro especialistas para o caso clínico 1. ............................................................................... 58

Tabela 11: Resultado da combinação de cinco especialistas para o caso clínico 1.............. 60

Tabela 12: Memória de Cálculo da combinação dos corpos de evidência de cinco especialistas para o caso clínico 1. ............................................................................... 60

Tabela 13: Atribuições de crença dos cinco especialistas para o caso clínico 2. ................. 62

Tabela 14: Resultado da combinação de dois especialistas (Caso Clínico 2). ..................... 62

Tabela 15: Memória de cálculo para dois especialistas (Caso Clínico 2). ........................... 63

Tabela 16: Resultado da combinação de três especialistas (Caso Clínico 2). ...................... 64

Tabela 17: Memória de cálculo para três especialistas (Caso Clínico 2). ............................ 64

Tabela 18: Resultado da combinação de quatro especialistas (Caso Clínico 2)................... 65

Tabela 19: Memória de cálculo para quatro especialistas (Caso Clínico 2)......................... 66

Tabela 20: Resultado da combinação de cinco especialistas (Caso Clínico 2). ................... 67

Tabela 21: Memória de cálculo para cinco especialistas (Caso Clínico 2). ......................... 67

Tabela 22: Resultado da combinação de seis especialistas (Caso Clínico 2). ...................... 68

Tabela 23: Resultado da combinação de sete especialistas (Caso Clínico 2)....................... 69

Tabela 24: Memória de cálculo para sete especialistas (Caso Clínico 2)............................. 69

Tabela 25: Resultado estabilizado com base logarítmica 100 (Caso Clínico 2). ................. 70

Tabela 26: Memória de cálculo com base logarítmica 100 (Caso Clínico 2)....................... 71

Tabela 27: Atribuições de crença de cinco especialistas para o caso clínico 3. ................... 72

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1 Introdução

Este trabalho tem como base a Teoria Matemática da Evidência, também conhecida

como Teoria de Dempster-Shafer, e sua Extensão, denominada Lateo, concebida durante a

tese de doutorado do Professor Fábio Campos na Universidade Federal de Pernambuco –

UFPE em 2004 (1). Tal extensão resolveu problemas de comportamento contra-intuitivo,

que foram apresentados pela Teoria de Dempster-Shafer, durante a combinação das

opiniões de indivíduos, tecnicamente chamada de combinação dos corpos de evidência ou

corpos de conhecimento (2). Com isso, conseguiu-se aumentar a abrangência da Teoria de

Dempster-Shafer, possibilitando nova forma de representação da incerteza subjetiva nos

resultados.

1.1 Objetivo

A principal contribuição deste trabalho é reunir o arcabouço conceitual e teórico que

envolve a Extensão à Teoria Matemática das Evidências em uma aplicação web

denominada e-Lateo. Através do uso de tal aplicação, se tornará possível realizar a análise

do comportamento da função de depreciação de crenças, na combinação e representação do

conhecimento, de forma mais didática, prática e eficiente para a tomada de decisão. Com

isso, possibilitará estudos futuros para a determinação de uma epistemologia mais adequada

que a atualmente utilizada pela Extensão à Teoria Matemática da Evidência.

Esse estudo é de maior relevância para os ramos da inteligência artificial, a exemplo

da teoria da decisão e engenharia do conhecimento, visto que permite o desenvolvimento de

trabalhos envolvendo à representação do grau de incerteza subjetiva.

Como objetivo geral, este trabalho pretende aplicar, de forma otimizada e

estruturada, a Extensão à Teoria Matemática das Evidências aos processos decisórios que

envolvam combinação das crenças dos “especialistas”, conceito de Shafer (2), através da

criação de uma aplicação web, o e-Lateo, possibilitando, por exemplo: armazenamento das

informações para posterior consulta, níveis de privilégios de usuários na elaboração de

situações-problema, utilização de cores para tornar mais intuitiva a combinação dos corpos

de conhecimento, além de permitir o acompanhamento progressivo das variáveis que

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envolvem as combinações dos corpos de evidência, bem como os conceitos que envolvem o

cálculo da incerteza subjetiva resultante destas combinações, o que seria o Lateo.

1.2 Justificativa

Tendo em vista a atual relevância dos estudos envolvendo o conceito de “incerteza”

(3), bem como sua classificação em dois tipos distintos: objetiva e subjetiva, conforme

exposto por Helton em (4), percebe-se uma produção científica cada vez mais expressiva,

para utilização e aplicação de modelos de tratamento, que envolvam ambos os tipos de

incertezas (5).

Considerando-se que a grande maioria das teorias voltadas ao tratamento e

representação das incertezas, possui limitações, como é o caso, por exemplo, da teoria

bayesiana (6), que modela apenas a incerteza objetiva, a Teoria de Dempster-Shafer tornou-

se uma interessante opção, uma vez que modela ambos os tipos de incertezas (7).

Vale salientar que a Teoria de Dempster-Shafer ou Teoria Matemática das

Evidências, serviu de base para os estudos de Campos em 2004 (1), o que culminou na

elaboração de uma Extensão à Teoria Matemática das Evidências, ou seja, uma evolução da

Teoria de Dempster-Shafer, ampliando o poder expressional desta, resolvendo problemas

de combinação de evidências inerentes à teoria e permitindo a representação de ambas as

incertezas nos resultados.

Apoido na Extensão à Teoria Matemática das Evidências, denominada Lateo, e

consequentemente na Teoria de Dempster-Shafer, é que alicerçaremos nosso trabalho, com

o intuito de utilizarmos recursos computacionais atuais, como a própria internet, por

exemplo, para viabilizar a aplicação real de todos os conceitos que envolvem tal teoria, a

fim de aplicá-la nas mais variadas situações-problema.

1.3 Motivação

Dentro do estudo da incerteza, o conceito de “Crença” se destaca de forma bastante

peculiar. Coloquialmente poderíamos entendê-la como a opinião de uma pessoa a respeito

de algo. Este conceito surge em substituição ao conceito de “probabilidade”, tanto

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empregado para representar a probalidade objetiva (ou clássica), como a probabilidade

subjetiva (ou bayesiana) (8).

A crença é um processo cognitivo (9), que está ligada à convicção íntima, e

fundamentada sobre alguns critérios como: fé, razoabilidade e sucesso de predição (10).

Sabendo-se que as pessoas raciocinam tanto sobre aspectos quantitativos

(objetivos), quanto qualitativos (subjetivos) (11), quando se toma uma decisão baseando-se

em informações meramente quantitativas, chega-se facilmente ao resultado utilizando-se a

probabilidade clássica ou frequentista, através do maior número de ocorrências. No entanto,

há situações em que as decisões precisam ser tomadas considerando não apenas as

informações disponíveis, mas também o conhecimento que ignoramos, tornando-se

necessário realizar o raciocínio sobre crenças (12). Assim, a crença trabalha com lógica

não-clássica (que nos permite raciocinar sobre ignorância, ou seja, sobre o

desconhecimento de algo), onde uma opinião a respeito de determinado assunto, pode

mudar, à medida que aprendemos mais sobre este assunto, principalmente quando lidamos

com situações-problema do nosso cotidiano (12).

A Teoria de Dempster-Shafer e sua extensão conseguem modelar os conceitos de

incerteza subjetiva, crença e ignorância, envolvendo alto nível de experimentação,

maturidade, relevância e aplicabilidade prática nos mais diversos segmentos (13).

Nossa motivação vem da aplicabilidade prática da crença envolvendo a Extensão à

Teoria Matemática das Evidências proposta por Campos (1), o qual elencou alguns

exemplos de aplicações da teoria a assuntos da área de inteligência artificial, que incluem:

processamento de imagem, reconhecimento de voz, sistemas especialistas, sistemas

baseados em conhecimento e sistemas de auxílio à tomada de decisão. Além desses, Sentz e

Ferson (13) enumeram várias referências para aplicações da teoria, classificadas por

segmento, tais como: cartografia, classificação, tomada de decisão, sistemas especialistas,

detecção de falhas, aplicações médicas, fusão de informação de sensores, análise de riscos e

confiabilidade, robótica, etc.

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1.4 Trabalho realizado

O presente trabalho utilizou-se da Extensão à Teoria Matemática das Evidências,

chamada por Campos de Lateo (14), como base para o desenvolvimento de uma aplicação

web, denominada e-Lateo. Tem como propósito, unir em um sistema, todo o arcabouço

teórico que envolve a Teoria de Dempster-Shafer e sua extensão, para permitir o uso de

forma prática, fácil e rápida, abstraindo a aparente complexidade dos formalismos

matemáticos da teoria, mas abrangendo as mais variadas áreas e situações-problema do

nosso cotidiano.

1.5 Organização da Dissertação

Além da Introdução, esta dissertação conta com mais quatro capítulos, como se

segue:

Capítulo 2 – Estado da Arte e Trabalhos Relacionados: Esse capítulo apresenta a Teoria

de Dempster-Shafer e a Extensão à Teoria Matemática das Evidências, o Lateo, como

formalismo para representação e combinação dos corpos de conhecimento modelados a

partir das crenças dos “especialistas”.

Capítulo 3 – e-Lateo: Nesse capítulo, faremos a descrição do e-Lateo, como aplicação web

capaz de modelar, de forma objetiva, situações-problema envolvendo incerteza subjetiva.

Tal sistema abstrai a complexidade inerente a Teoria de Dempster-Shafer e sua extensão, de

modo a viabilizar o efetivo uso desta teoria didaticamente, nas mais variadas áreas de

conhecimento.

Capítulo 4 – Estudo de Caso: Esse capítulo apresenta o e-Lateo aplicado a casos clínicos

médicos. Esse estudo nos permitiu avaliar, de modo bastante direto, o poder do sistema na

elaboração e gestão de situações-problema, bem como nos auxiliar no processo de tomada

de decisões em situações que envolvem o conceito de crença, ignorância e incerteza, tanto

objetiva, quanto subjetiva.

Capítulo 5 – Conclusões: Esse capítulo conclui a dissertação com um breve resumo dos

resultados obtidos, apontando algumas limitações, além das possibilidades de trabalhos

futuros.

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1.6 Normatização

Este trabalho utilizou a normatização da ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas), seguindo as normas abaixo:

• Formatação geral e apresentação gráfica: ABNT-NBR 14724-2002 (15).

• Títulos de capítulos e seções: ABNT-NBR 6024-1989 (16).

• Numeração e confecção do sumário: ABNT-NBR 6027-1989 (17).

• Resumo, abstract e palavras-chaves: ABNT-NBR 6028-1990 (18).

• Referências: ABNT-NBR 6023-2002 (19).

• Citações no texto: ABNT-NBR 10520-2002 (20).

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2 Estado da Arte e Trabalhos Relacionados

2.1 Teoria de Dempster-Shafer

A base teórica da Extensão à Teoria Matemática da Evidência, ou Lateo, é a “Teoria

de Dempster-Shafer”, também conhecida como “Teoria das Evidências” ou “Teoria

Matemática das Evidências”. Esta Teoria destaca-se por sua versatilidade, ao abranger

várias teorias como subcasos dela, como é o caso da Teoria Bayesiana; permite meios

simples para combinação de crenças, ou evidências, advinda de várias fontes, ou seja, de

vários “especialistas”, sem a necessidade de conhecimento prévio, como também

observamos na Teoria Bayesiana. Concebida em 1976 por Shafer (21), tendo como

referência uma extensão da produção científica de Dempster (22).

Outra interessante contribuição da teoria é o fato da crença não ser distribuída, em

sua totalidade, entre os eventos, ou evidência (em analogia a probabilidade clássica), pois o

valor que não é atribuído a evento algum, será atribuído ao ambiente, e não aos demais

eventos. Assim, se um especialista possui alguma crença em relação a certa hipótose, mas

não tem total certeza, e este sabe que existem outras opções passíveis de atribuição de

crença, mesmo sem saber qual é essa solução, o especialista não precisa atribuir crença,

determinando, assim, sua ignorância a respeito do assunto. Diante disso, a Teoria da

Evidência faz uso do conceito do ambiente, sem a necessidade de distribuir toda a crença

entre os eventos.

A Teoria de Dempster-Shafer é um dos métodos que trabalha com combinação de

evidências originárias de fontes variadas, e independente da ordem da combinação. Os

métodos de combinações de evidências são chamados de “Regras de Combinação”, e a

Regra de Dempster é o método prático (23), apesar de existirem outras regras de

combinação que diferem basicamente em suas etapas de normalização (24).

A Teoria de Dempster-Shafer torna prática e fácil a representação de crenças de

forma parcial, procedimento que seria difícil utilizando distribuições de probabilidade.

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A Teoria de Dempster-Shafer, mesmo com as vantagens citadas acima, apresenta

problemas clássicos, já sugeridos por Shafer em (2), que podem dificultar e limitar muito a

aplicação prática da teoria. Os problemas são: ausência de uma forma intrínseca de

representação da incerteza e do conflito entre as evidências no resultado, e de

comportamentos contra-intuitivos das regras de combinação de evidências.

Tais problemas serão solucionados pela Extensão à Teoria de Dempster-Shafer, ou

Lateo, ampliando a abrangência e o leque de aplicação da teoria.

2.2 Resumo Descritivo da Teoria de Dempster-Shafer

2.2.1 Quadro de Discernimento

O “quadro de discernimento” é representado por um conjunto de hipóteses

primitivas, atômicas, denominado “ambiente”, ou “universo de discurso”, sendo esse

conjunto denotado pela letra grega “teta”, Ө.

O “quadro de discernimento” deve ser completo, contemplando todas as possíveis

soluções atômicas do problema, e possuir elementos primitivos mutuamente exclusivos.

Exemplo 2.1 Notas escolares de determinado aluno de ensino fundamental.

Ө = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}

2.2.2 Função de Massa

A “função de massa” serve para atribuirmos uma quantidade de crença aos

elementos do quadro de discernimento. Portanto, a “função de massa”, m, atribuída aos

subconjuntos do quadro de discernimento Ө (conjunto das partes de Ө, com 2Ө

subconjuntos) deve possuir um valor no intervalo fechado [0, 1], onde “0” representa

ignorância total, e “1” representa a certeza absoluta sobre a ocorrência de uma certa

evidência, de forma tal que a soma de todas essas atribuições, incluindo o valor atribuído ao

próprio Ө, seja “1”. Vale salientar que m(A) mede a “função de massa”, ou seja, a crença

atribuída à determinada evidência A.

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Resumindo, tem-se:

m: 2Ө → [0,1] (2.1)

m(Ø) = 0 (2.2)

∑ m(A) = 1 (2.3)

AЄӨ

Figura 2.1: Quadro de Discernimento das possíveis notas escolares de determinado aluno do ensino fundamental.

O mesmo quadro de discernimento, da Figura 2.1, pode ser representado utilizando-

se a notação matemática convencional de descrição de conjuntos, conforme mostrado a

seguir:

Ө = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}

A = {6, 7}

B = {5, 9}

C = {2, 3, 5, 9}

Percebe-se que o Ө e C também poderiam ser apresentados considerando os

subconjuntos da seguinte forma:

Ө = { A, C, 1, 4, 8, 10}

C = {2, 3, B}

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21

Dessa forma, pode-se atribuir um valor de crença a qualquer subconjunto do quadro

de discernimento, cuja massa de atribuição de crença seja diferente de 0, ou seja, todo

subconjunto A Ө para o qual m(A) > 0, é chamado de “Elemento Focal”.

Exemplo 2.2 Função de massa aplicada aos subconjuntos de Ө. (vide Figura 2.1):

Massa básica de crença (mi)1:

m1(A) = 0,30

m1(B) = 0,25

m1(C) = 0,35

m1(Ө) = 0,10

Percebe-se que a crença não atribuída aos subconjuntos da evidência é atribuída ao

ambiente (m1(Ө) = 0,10), e não aos elementos restantes.

2.2.3 Corpo de Evidência Um “corpo de evidência”, EB (do inglês Evidence Body), é uma tupla (F, m), onde

F é uma família de subconjuntos de Ө, (isto é, F 2Ө), e m é uma função de massa.

Exemplo 2.3 Utilizando-se do Exemplo 2.2:

F1 = {A, B, C, Ө}

EB1 = (F1,m1)

2.2.4 Função de Crença

A “Função de Crença”, Bel (do inglês Belief), mede a soma dos elementos focais

atribuídos à família de subconjuntos F do quadro de discernimento Ө. Para obtê-la,

devemos somar à m(A), os valores de m para todo subconjunto próprio, B, de A.

Bel: 2Ө → [0, 1] (2.4)

Bel(A) = ∑ m(B) (2.5)

1 O índice numérico i em “mi” representa a massa básica de crença da i-ésima fonte.

B A

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22

Exemplo 2.4 Utilizando-se ainda do Exemplo 2.2:

Bel(A) = 0,30

Bel(B) = 0,25

Bel(C) = m(B) + m(C) = 0,25 + 0,35 = 0,60

Bel(Ө) = m(A) + m(B) + m(C) + m(Ө) = 0,30 + 0,25 + 0,35 + 0,1 = 1

2.2.5 Função de Plausabilidade

A “Função de Plausabilidade”, Pl, mede a quantidade máxima de crença que pode

ser atribuída a uma determinada hipótese, ou seja, a um elemento A. Formalmente expressa

abaixo:

Pl: 2Ө → [0, 1] (2.6)

Pl(A) = ∑ m( B) (2.7)

Bel(A)≤ Pl(A) | A Ө (2.8)

Pl(A) = 1 – Bel(A’) (2.9)

(onde A’ é o complemento de A) Exemplo 2.5 Utilizando-se do Exemplo 2.2:

Para A: A ∩ A = A ≠ m1(A) = 0,30

B ∩ A =

C ∩ A =

Ө ∩ A = A ≠ m1(Ө) = 0,10

Pl(A) = 0,40

Para B: A ∩ B =

B ∩ B = B ≠ m1(B) = 0,25

C ∩ B = B ≠ m1(C) = 0,35

Ө ∩ B = B ≠ m1(Ө) = 0,10

Pl(B) = 0,70

B∩A≠

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23

Bi∩Aj≠

B∩C=A A≠

Bi∩Aj=

E para C: A ∩ C =

B ∩ C = B ≠ m1(B) = 0,25

C ∩ C = C ≠ m1(C) = 0,35

Ө ∩ C = C ≠ m1(Ө) = 0,10

Pl(C) = 0,70

2.2.6 Intervalo de Crença

O “intervalo de crença” determina o intervalo no qual pode-se ter uma crença em

determinada evidência A, sem grande erro. Quanto maior for o intervalo, maior será a

incerteza sobre a crença em A.

I(A) = [Bel(A); Pl(A)] (2.10)

Exemplo 2.6 Utilizando os dados dos Exemplos 2.4 e 2.5, tem-se:

I(A) = [0,3; 0,4]

I(B) = [0,25; 0,7]

I(C) = [0,6; 0,7]

2.2.7 Regra de Dempster

A Regra de Dempster é composta por uma soma ortogonal seguida de uma

normalização.

m1 m2(A) = χ ∑ m1(B).m2(C), A Ө (2.11)

Onde m1 m2(A) denota a combinação das funções de massa m1 e m2, e χ é a

constante de normalização, definida como: χ = 1/к (2.12)

E к é igual a 1 menos o valor da soma das massas após multiplicação das

interseções:

к = 1 – ∑ m1(Ai).m2(Bj) (2.13) ou к = ∑ m1(Ai).m2(Bj) (2.14)

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24

O Exemplo 2.7, a seguir, expressa a aplicação da Regra de Dempster em uma

determinada situação problema, elaborada por Campos em (14).

Exemplo 2.7 Em uma questão de múltipla escolha tem-se as seguintes possibilidades de

resposta correta Ө = {a, b, c, d, e}, considerando-se A = {a}, B = {b}, C = {c}, D = {d}, e

E = {e}, perguntou-se a duas pessoas (especialistas) diferentes qual a opinião delas acerca

da probabilidade de cada uma das alternativas estar certa.

A opinião emitida pela primeira pessoa encontra-se do lado esquerdo e a da

segunda no lado direito, resultando nos corpos de evidência abaixo:

EB1 = (F1,m1), onde F1 = A, B, C, D, E

e

m1(A) = 0,23

m1(B) = 0,18

m1(C) = 0,28

m1(D) = 0,18

m1(E) = 0,13

m1(Ө) = 0

EB2 = (F2,m2), onde F2 = A, B, C, E, Ө

e

m2(A) = 0,27

m2(B) = 0,17

m2(C) = 0,21

m2(D) = 0

m2(E) = 0,21

m2(Ө) = 0,14

Para a primeira pessoa, como se atribuiu 100% da crença entre as hipóteses o

“ambiente”, Ө, teve crença m1(Ө) = 0. Já a segunda pessoa atribuiu ao “ambiente”, Ө,

m2(Ө) = 0,14, e nada a possibilidade “D”.

Combinando as crenças das duas pessoas pela Regra de Dempster tem-se a Tabela

1 abaixo:

Tabela 1: Combinação pela Regra de Dempster para Exemplo 2.7

m1(Ө) = 0 m1(A) = 0,23 M1(B) = 0,18 m1(C) = 0,28 m1(D) = 0,18 m1(E) = 0,13

m2(Ө) = 0,14 0 0,0322 0,0252 0,0392 0,0252 0,0182

m2(A) = 0,27 0 0,0621 0 0 0 0

m2(B) = 0,17 0 0 0,0306 0 0 0

m2(C) = 0,21 0 0 0 0,0588 0 0

m2(D) = 0 0 0 0 0 0 0

m2(E) = 0,21 0 0 0 0 0 0,0273

∑ = 0 ∑ = 0,0943 ∑ = 0,0558 ∑ = 0,098 ∑ = 0,0252 ∑ = 0,0455

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25

A combinação das crenças das duas pessoas resultaram no seguinte corpo de

evidência, antes da normalização:

EB3 = (F3,m3), onde F3 = A, B, C, D, E

e

m3(A) = 0,0943

m3(B) = 0, 0558

m3(C) = 0,098

m3(D) = 0,0252

m3(E) = 0,0455

m3(Ө) = 0

E após a normalização (dividindo-se pelo somatório das massas, que foi igual a 0,3188):

m3(A) = 0,30

m3(B) = 0,17

m3(C) = 0,31

m3(D) = 0,08

m3(E) = 0,14

m3(Ө) = 0

Observando o resultado final após combinação dos corpos de evidência, utilizando-

se a Regra de Dempster, a hipótese “C” seria a mais adequada, seguida pela hipótese

“A”.

2.2.8 Peso de Conflito

O “Peso de Conflito” é o logaritmo da constante de normalização, denotado por

Con(Bel1, Bel2), onde:

Con(Bel1, Bel2) = log(χ) (2.15)

O “Peso de Conflito” representa tanto o conflito entre os “especialistas” quanto o

desconhecimento deles. Se não houver conflito entre Bel1 e Bel2, Con(Bel1, Bel2) = 0. Caso

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26

contrário, se não houver nada em comum entre as evidências, Con(Bel1, Bel2) = ∞ (2).

Acontecendo esta segunda condição a Regra de Dempster poderia apresentar resultados

indesejados ou contra-intuitivos.

O Exemplo 2.8, a seguir, mostra o cálculo do “Peso de Conflito” usando dados do

Exemplo 2.7.

Exemplo 2.8 Sendo к = 0,3188, a constante de normalização, χ, será χ = 3,1368, e o peso

de conflito, Con(Bel1, Bel2), será:

Con(Bel1, Bel2) = log(χ) = 0,4965

2.3 Problemas da Teoria de Dempster-Shafer

A Teoria de Dempster-Shafer apresenta dois problemas básicos, os quais foram

sugeridos pelo próprio Shafer desde seu trabalho de apresentação, em (2), são eles:

1. Ausência de uma forma intrínseca de representação da incerteza e do conflito

entre as evidências no resultado.

2. Comportamento contra-intuitivo das regras de combinação.

O problema tratado no tópico 1, acima, é de fácil compreensão, pois simplesmente

não há uma forma intrínseca de representação. Já no tópico 2, o comportamento contra-

intuitivo das regras de combinação pode ser mostrado no Exemplo 2.9, baseado em

exemplo apresentado por Campos em (14).

Exemplo 2.9 Dois técnicos opinam sobre problema em um PC.

O técnico 1 atribui (à esquerda): 99% de probabilidade de ser a placa-mãe e 1% de

ser a memória. Já o técnico 2 atribui (à direita): 99% de ser HD e 1% de ser memória.

m1({placa}) = 0,99

m1({memória}) = 0,01

m2({HD}) = 0,99

m2({memória}) = 0,01

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27

Ao combinar as duas evidências pela Regra de Dempster na Tabela 2, têm-se:

Ө = {placa, memória, HD}

Tabela 2: Combinação pela Regra de Dempster para Exemplo 2.9

m1(Ө) = 0 m1(placa) = 0,99 m1(HD) = 0 m1(memória) = 0,01

m2(Ө) = 0 0 0 0 0 m2(placa) = 0 0 0 0 0 m2(HD) = 0,99 0 0 0 0 m2(memória) = 0,01 0 0 0 0,0001

∑ = 0 ∑ = 0 ∑ = 0 ∑ = 0,0001

Normalizando, obtêm-se:

m3 ({placa}) = 0

m3 ({HD}) = 0

m3 ({memória}) = 1

Como se pode perceber facilmente, chegou-se a um resultado absurdamente

inconsistente, com 100% de crença atribuído a “memória”, o que levou alguns autores

(26) não recomendarem combinação de evidências com peso de conflito superior a “0,5”.

2.4 Premissas da Incerteza Subjetiva com a Teoria de Dempster-Shafer

Dentre todas as possibilidades de situações-problema que envolvam a combinação

de evidências, existem apenas duas situações em que não há incerteza subjetiva (27). Esta

condição ocorre:

1. quando as evidências ao serem combinadas têm toda a sua crença atribuída a uma

mesma hipótese.

m1(A) = 1 m2(A) = 1

2. ou quando pelo menos uma das evidências tem toda a sua crença atribuída a uma

hipótese e as outras evidências têm todas as suas crenças atribuídas ou ao ambiente,

ou a essa mesma hipótese.

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28

m1(A) = 1 m2(A) = 0,7 m2(Ө) = 0,3

Todos os outros tipos de combinação de evidências levam a alguma quantidade de

incerteza subjetiva. Com isso, é possível identificar três premissas da incerteza subjetiva,

advindas das próprias evidências e da combinação entre elas (28). São elas:

1. Desconhecimento Explícito.

2. Não-unicidade da atribuição de crença e relativa divisão da crença entre as

hipóteses escolhidas.

3. Conflito entre as evidências.

No processo de combinação dos corpos de evidência, podem ocorrer quaisquer

combinações destas três premissas, e, com a interação entre elas, os seus efeitos individuais

podem aumentar ou diminuir cada uma das outras evidências. Conseqüentemente, a

interação pode aumentar ou diminuir a quantidade global de incerteza subjetiva na

combinação (27).

A quantidade de incerteza subjetiva, causada por essas três premissas, quando se

combina os corpos de evidência, recebeu o nome de “Lateo”; mais tarde neste capítulo o

“Lateo” será formalizado matematicamente. O comportamento do Lateo é diretamente

proporcional a quantidade de incerteza subjetiva na combinação das evidências. A seguir,

tem-se a explicação de cada uma destas premissas e sua relação com o Lateo, observadas a

partir de exemplos extraídos de (27):

• Desconhecimento Explícito: é a falta de conhecimento expressamente atribuída

pela fonte de evidência quando não se quer ou não se tem condições (como

informações válidas suficientes ou falta de precisão nos dados disponíveis) para

dividir toda a sua crença entre as hipóteses ou conjunto de hipóteses. É

representado pela crença atribuída ao ambiente, Ө, como mostrado no Exemplo

2.10.

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29

Exemplo 2.10: O exemplo da falta de conhecimento expressa através da função

de massa m1, a respeito de um problema. No exemplo, temos que o

desconhecimento explícito é “0,4”.

m1 (A) = 0,10 m1 (B) = 0,15 m1 (C) = 0,35 m1 (Ө) = 0,40

Se não for pela interação com as outras duas premissas, uma combinação de

corpos de evidência, com uma grande falta de conhecimento explícito em seus

corpos, resultaria em um alto valor do Lateo, ou seja, alto valor do

desconhecimento. O efeito desta premissa seria nulo se nenhuma crença fosse

atribuída ao ambiente por qualquer evidência.

• Não-unicidade da atribuição de crença e relativa divisão de crença

escolhida dentre as hipóteses: se uma fonte de evidência não é capaz de

atribuir todas as suas crenças a apenas uma hipótese, esta divisão de crença

indica uma quantidade de incerteza subjetiva, o que seria inversamente

proporcional à diferença relativa entre a quantidade de crença atribuída para

cada hipótese.

É possível observar, a partir da declaração anterior, que esta premissa não

incorpora incerteza subjetiva à evidência, se toda a crença direcionada a esta

evidência for atribuída a apenas uma hipótese (vide Exemplo 2.11). Seu efeito

será máximo quando a crença for dividida igualmente entre as hipóteses.

Exemplo 2.11: Exemplo de uma evidência sem incerteza subjetiva, devido

a unicidade da atribuição da crença.

m1 (A) = 1

Por outro lado, imagine dois corpos de evidência, um com as crenças divididas

igualitariamente entre as duas hipóteses, e outro com 99% de sua crença

atribuída a uma hipótese e 1% atribuído a outra hipótese, o primeiro corpo de

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30

evidência teria uma maior quantidade de incerteza subjetiva do que o segundo,

como mostrado no Exemplo 2.12.

Exemplo 2.12: m1 agrega maior quantidade de incerteza subjetiva do que m2.

m1 (A) = 0,50 m2 (A) = 0,99 m1 (B) = 0,50 m2 (B) = 0,01

• Conflito entre as evidências: se duas ou mais evidências a serem combinadas

não têm suas funções de massa exatamente iguais, a diferença entre as crenças

atribuídas pelas diferentes fontes representa um conflito, e a quantidade de

incerteza subjetiva proveniente desta combinação é proporcional à quantidade

de conflitos entre os corpos de evidência combinados (vide Exemplo 2.13). Se

não for pela interação com as outras duas premissas, um maior conflito

resultaria em um maior valor do desconhecimento, ou seja, do Lateo.

Exemplo 2.13: A combinação dos corpos m3 e m4 resultaria em um Lateo maior

do que a combinação de m1 com m2.

m1 (A) = 0,50 m1 (B) = 0,50

m2 (A) = 0,50 m2 (B) = 0,50

m3 (A) = 0,00 m3 (B) = 0,10 m3 (C) = 0,90

m4 (A) = 0,99 m4 (B) = 0,01

Dessa forma, é necessário modelar essas três premissas para lidar adequadamente

com a subjetiva incerteza.

Embora a Teoria das Evidências seja capaz de lidar com a incerteza subjetiva, ela

modela apenas um caso especial da primeira premissa, o que resulta em duas grandes

falhas:

• Um comportamento contra-intuitivo quando a combinação de evidências tem

uma concentração de crença em elementos disjuntos entre si, e um elemento

comum com baixo grau de crença atribuído a ele.

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• A falta de uma representação intrínseca da incerteza subjetiva, que vem das

premissas.

O processo de tomada de decisão pode ser afetado por essas falhas, levando a

decisões erradas. Mas a resolução dessas duas falhas foi corrigida através da Extensão à

Teoria Matemática da Evidência (1), pela adoção de uma nova regra combinação de

evidências. Esta nova regra corrigiu o comportamento contra-intuitivo e incorporou em seu

resultado os efeitos da incerteza subjetiva derivado das três premissas (27).

2.5 Extensão à Teoria Matemática da Evidência

A Extensão a Teoria Matemática das Evidências, que se denominou “Lateo”, é uma

extensão a Teoria de Dempster-Shafer, resultado da tese de doutorado Campos (1), a qual

consiste em uma nova regra de combinação de evidências. Tal extensão trouxe uma solução

para resolver os problemas expostos na seção anterior.

2.5.1 Lateo

Conforme será explicado, o “Lateo”, denotado por “Λ”, surgiu como uma nova

regra de combinação das evidências, estendido a partir da Teoria de Dempster-Shafer, que

viesse corrigir o comportamento contra-intuitivo e que também considerasse em seu

resultado, a incerteza advinda do conflito entre evidências ou do desconhecimento. Assim,

tornou-se possível:

1. A combinação de evidências com a maioria de suas crenças atribuídas a elementos

disjuntos, sem o efeito colateral de um comportamento contra-intuitivo.

2. O uso de evidências com altos valores de conflito, tornando úteis evidências que de

outra forma seriam inúteis.

3. Evitar a necessidade de descarte de evidências com alto grau de conflito, o que

poderia causar uma modelagem sub-ótima ou imperfeita da evolução das crenças.

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32

A Ө A≠

B∩C=A A≠

1 + log(1/к)

, A Ө m1 ψ m2(A) =

A nova regra de combinação de duas evidências acrescenta a seguinte divisão à

soma ortogonal da Regra de Dempster, (1+log(1/к)) ou (1+Con(Bel1, Bel2)), resultando em:

χ ∑ m1(B).m2(C)

Onde m1 ψ m2(A) é a combinação das evidências pela extensão à Regra de

Dempster.

Por fim, o Lateo, Λ, é originado pela adição à crença inicial do ambiente, o restante

do rebaixamento das crenças, ou seja, um valor proporcional ao conflito entre as

evidências:

(Lateo) Λ = m1 ψ m2(Ө) = ( χ . m1 m2(Ө)) + 1 – ∑ m1 ψ m2(A)

Caso exista mais de duas combinações a serem realizadas, basta combiná-las pela

Regra de Dempster, e em seguida dividir o resultado por:

1 + log(1/(к1+к2+...+кn)) onde к1,к2,...,кn é o fator к da combinação dois a dois dos corpos de evidências.

Depois desse procedimento, calcula-se o Lateo, Λ, que representa a nova crença do

ambiente.

Abaixo, o Exemplo 2.15 mostra a aplicação da regra do Lateo, Λ, em comparação a

Regra de Dempster.

Exemplo 2.15 Utilizando-se dos dados do Exemplo 2.9 na aplicação da regra de

combinação do Lateo, obtem-se:

к = 0, 0001

χ = 10.000

log(χ) = 4

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33

E então:

m3 ({placa}) = 0

m3 ({HD}) = 0

m3 ({memória}) = 0,2

Λ = m3 (Ө) = 0,8

Apesar de desconsiderar a “placa” e o “HD”, chegou-se a uma representação da

incerteza calculando-se o Lateo em 80%, valor de crença atribuído ao ambiente, e não

100% de crença atribuída a “memória”, como se tinha anteriormente pela Regra de

Dempster. Calculando-se a Função de Plausibilidade e Intervalo de Crença com os dados,

obtém-se:

Bel({memória}) = 0,2

Pl({memória}) = 1

I({memória}) = [0,2; 1]

Pode-se observar que a plausibilidade continua sendo 100%, já a crença na

“memória” é reduzida a 20%, demonstrando incerteza.

Vale salientar que, mesmo considerando a opinião de vários especialistas, e

consequentemente, fazendo-se uso do fator к de combinação das evidências, haverá uma

redução ou rebaixamento das crenças atribuídas às hipóteses, proporcional aos pesos do

conflito entre elas. Tal recurso permite que seja feita a operação mesmo com altos valores

de peso de conflito, além de permitir a representação da incerteza e do conflito entre os

especialistas (29).

Somando-se as vantagens já expostas, o Lateo possibilita uma fácil tomada de

decisão, após a combinação de evidências. Vide Exemplo 2.16, extraído de (14).

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34

Exemplo 2.16 Considere um quadro de discernimento composto de 5 elementos, cuja

combinação de evidências resultou nos seguintes valores:

m4 (A) = 0,233

m4 (B) = 0,149

m4 (C) = 0,290

m4 (D) = 0,030

m4 (E) = 0

Λ = m4 (Ө) = 0,298

O valor do Lateo, nesse exemplo, 29,8%, não permitirá uma escolha racional, uma

vez que se somada a qualquer uma das hipóteses, a tornará a mais credível. Não obstante,

os valores atribuídos às hipóteses indicam o que pôde ser depreendido, em termos de

informação, das evidências consultadas. Dessa forma, eles indicam as crenças atribuídas

pelas fontes a cada hipótese, insuficientes, nesse caso, para uma tomada racional de

decisão.

2.6 Conclusão

Apresentou-se a Teoria da Evidência com a Regra de Dempster, onde verificou-se a

existência de problemas como a ausência de uma forma intrínseca de representação da

incerteza e do conflito entre as evidências no resultado e o comportamento contra-intuitivo

das regras de combinação.

O nova regra de combinação proposta por Campos (1), resultou em uma Extensão à

Teoria Matemática das Evidências, denominada Lateo, que corrigiu o comportamento

contra-intuitivo, e possibilitou uma melhor representação da incerteza gerada pelo conflito

entre as evidências combinadas ou desconhecimento dos especialistas.

Diante da aplicação do Lateo, em comparação aos resultados obtidos pela Regra de

Dempster, a nova regra de combinação apresenta um desempenho superior, permitindo,

inclusive, fácil tomada de decisão, após sucessivas combinações de corpos de evidência.

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35

3 e-Lateo

O e-Lateo, como o próprio nome diz, surgiu para virtualizar todo o arcabouço

teórico que envolve a Teoria de Dempster–Shafer e sua extensão, o Lateo. Sua concepção

se deu a partir da necessidade de se ter algo que aperfeiçoasse os cálculos envolvidos no

conceito, fundamentalmente, do Lateo, ocultando a complexidade inerente à teoria, e que

facilitasse, tanto o desenvolvimento de problemas, com a combinação dos corpos de

evidência, como a manutenção destes.

A solução proposta foi o desenvolvimento de um software que permitisse o

armazenamento dos problemas em uma base de dados consistente, com tecnologia web,

interface amigável, didaticamente alinhado para facilitar a compreensão da teoria e auxiliar

as tomadas de decisão.

3.1 Ferramenta e-Lateo propriamente dita

Uma preocupação nossa, ao desenvolver a ferramenta, foi seguir, o mais fielmente

possível, todos os conceitos e detalhes de notação apresentados em (1) e (14). Além disso,

houve um grande esforço em tornar a “interface visual gráfica”, isto é, as telas do sistema, o

mais amigável possível. Aliado a isso, todo um trabalho de reformulação didática (realizada

quando se constatou no início do estudo de caso, que muitos dos usuários não conseguiam

utilizar satisfatoriamente a ferramenta) foi concebido para permitir a fácil utilização e

manutenção do e-Lateo pelos seus potenciais usuários.

Este software é uma aplicação desenvolvida sobre uma plataforma web utilizando

servidor Apache (30), linguagem PHP (31), e banco de dados MySQL (32). Portanto, pode

ser acessado em (33), de qualquer lugar, a qualquer dia e a qualquer hora, desde que haja

conexão com a internet.

Assim como a maioria dos sistemas dessa natureza, dispõe de um mecanismo de

validação de usuário, registro de sessão e privilégio de acesso, não com o intuito de

burocratizar seu uso, mas sim de permitir a gestão sobre os estudos realizados a partir dos

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36

problemas formulados. Além disso, proporcionar um mínimo de segurança e garantir a

integridade dos dados armazenados. A Figura 3.1 apresenta a tela inicial do e-Lateo.

Vale frisar que o e-Lateo tem um propósito inicialmente acadêmico e, portanto,

ainda não deve ser utilizado como ferramenta para tomadas de decisão reais.

Figura 3.1: Tela inicial do e-Lateo.

Caso o usuário ainda não seja cadastrado, ele pode realizar seu cadastro de forma

fácil e rápida no canto inferior esquerdo no link “Se não possui login/senha, clique aqui”.

Ao clicar neste link o usuário acessará um guia de uso, com orientações ao usuário, como

mostrado na Figura 3.2, e em seguida o formulário de Cadastro de Gerente será mostrado,

conforme Figura 3.3. Importante observar que o usuário inicial terá perfil de Gerente e seu

cadastro exige apenas: nome, login e senha.

Como já se falou anteriormente, o e-Lateo foi concebido com uma preocupação

didática, pois o intuito é que ele se transforme numa ferramenta de auxílio à tomada de

decisão em situação de incerteza, e fosse utilizado por variados tipos de usuários, nas mais

diversas áreas de conhecimento. Então, para se manter a organização e controle, foram

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37

criados três perfis de usuário, cada qual com uma função específica dentro do contexto da

aplicação, são eles: Gerente, Pesquisador e Respondente.

• Gerente: uma vez cadastrado, é quem pode cadastrar grupos de pesquisa e os

pesquisadores, sempre associados a um determinado grupo, bem como realizar todo

o acompanhamento da produção através de uma estrutura de árvore, que chamamos

de Árvore Hierárquica.

• Pesquisadores: uma vez cadastrados pelo Gerente, são responsáveis por cadastrar

os problemas e os Respondentes, que correspondem aos “especialistas” de Shafer

(2), (de que a informação de toda fonte consultada merece ser considerada, mesmo

que apenas gregue incerteza ao resultado). Cada Respondente deve ser associado a

um ou vários problemas e o acompanhamento da produção deles, feito através da

árvore hierárquica do pesquisador, que apesar de ser menos abrangente que a

gerente, permite o controle de tudo que está sob sua responsabilidade.

• Respondentes: uma vez cadastrados pelo Pesquisador e associados aos problemas,

são as pessoas, ou fontes de dados consultadas que geram as opiniões, ou seja, que

distribuem as crenças entre as evidências existentes em cada problema.

Além disso, é importante esclarecer os conceitos de Problemas e Grupos:

• Problemas: são as situações-problema sobre as quais se quer aplicar o Lateo.

• Grupo: é uma forma de o Gerente organizar os Pesquisadores em equipes de

trabalho.

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Figura 3.2: Guia de Uso para o Gerente.

Vale ressaltar que, em praticamente todas as telas do sistema há uma preocupação

em se orientar o usuário, para que este seja conduzido de forma adequada à utilização do e-

Lateo.

Figura 3.3: Cadastro de Gerente.

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A seguir, iremos apresentar, de forma mais detalhada, a aplicação na perspectiva de

cada perfil, suas funcionalidades e responsabilidades.

3.1.1 Perspectiva do Gerente no e-Lateo

O perfil de Gerente, como o próprio nome diz, tem como principal função gerenciar

a produção dos grupos de pesquisas e observar os resultados obtidos, a fim de tirar

conclusões a partir desses resultados.

O primeiro procedimento que um Gerente recém cadastrado deve fazer é cadastrar

grupos de pesquisa, em seguida cadastrar os Pesquisadores, cada qual associado a um

determinado grupo. O cadastro de grupos é mostrado na Figura 3.4, já o cadastro dos

Pesquisadores pode ser visto na Figura 3.5.

Figura 3.4: Cadastro de Grupos.

É importante saber que todas as informações dos grupos cadastrados podem ser

alteradas e excluídas a qualquer momento, desde que não haja problemas quanto à

integridade referencial, ou seja, grupos que já estejam sendo utilizados em situações-

problema.

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Figura 3.5: Cadastro de Pesquisador.

Da mesma forma que para os grupos, todas as informações cadastrais dos

pesquisadores (nome, login, senha e grupo) podem ser alteradas e excluídas a qualquer

momento, desde que não haja problemas quanto à integridade referencial.

O acompanhamento da produção dos pesquisadores é realizado por uma estrutura de

árvore, que chamamos de Árvore Hierárquica, na qual as informações estão organizadas de

modo que o Gerente visualiza os grupos, seus respectivos pesquisadores, os respondentes

orientados por cada pesquisador, assim como os problemas aos quais estes estão

associados. O Gerente também pode verificar a quantidade total de respondentes e saber

aqueles que já opinaram. Vide Figura 3.6.

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Figura 3.6: Árvore Hierárquica Gerente.

3.1.2 Perspectiva do Pesquisador no e-Lateo

O Pesquisador no e-Lateo tem uma função extremamente importante, que é a

formulação de problemas. Quanto mais detalhados e bem elaborados eles forem, mais fácil

será para os respondentes opinarem com propriedade, e mais próximo estará de representar

o conhecimento advindo da combinação das evidências produzidas pelos respondentes.

Abaixo, na Figura 3.7, são mostradas as etapas da formulação de um problema.

Primeiramente, é feita a sua descrição, seguida da elaboração da Família de Subconjuntos,

de acordo com o descrito em seu enunciado e respeitando as notações oficiais descritas na

definição das teorias.

Posteriormente, como se verá na Figura 3.8, tem-se a composição das evidências a

partir dos conjuntos e seus elementos, que serão as opções de atribuição de crença. Perceba

que sempre há informações sobre como proceder na elaboração de um problema,

favorecendo a questão didática de compreensão e aprendizado da aplicação, bem como dos

conceitos envolvidos.

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Figura 3.7: Etapa de Descrição do Problema.

O índice da Família de Subconjuntos, F2, aparece como seqüencial para determinar

a quantidade de problemas e consequentemente de famílias já cadastradas no sistema.

Figura 3.8: Composição de Conjuntos com seus elementos.

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Vale lembrar que é fundamental haver a concordância do texto descrito no problema

com a determinação dos elementos da Família de Subconjuntos, uma vez que o e-Lateo não

compreende automáticamente o problema formulado.

Ao concluir o cadastro do problema será exibida sua formulação integralmente,

como pode ser visto na Figura 3.9.

Figura 3.9: Problema Formulado.

Os Pesquisadores também são responsáveis pelo cadastro dos Respondentes,

procedimento este que se assemelha ao cadastro dos Gerentes e Pesquisadores, como visto

na Figura 3.3. No entanto, cada Respondente deve ser associado aos problemas cadastrados

dentro do grupo de pesquisa ao qual está vinculado. Assim, os Respondentes só poderão

opinar e visualizar os problemas aos quais estiverem associados. Esta associação é feita

escolhendo-se primeiramente um determinado Respondente em uma caixa de seleção, após

isto, pode-se escolher os problemas de interesse, como pode ser visualizado na Figura 3.10.

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Observe que tanto as informações cadastrais dos Respondentes e dos Problemas,

quanto às associações de cada Respondente aos problemas, podem ser alteradas ou

excluídas pelo Pesquisador a qualquer momento, desde que essa alteração não comprometa

a integridade referencial dos dados específicos dos Respondentes e dos problemas, aos

quais estão associados.

Figura 3.10: Associar Respondentes a problemas.

Para fazer o acompanhamento de toda essa produção os Pesquisadores utilizam a

Árvore Hierárquica (vide Figura 3.6), que apesar de ter uma abrangência mais resumida

que a do Gerente possui o mesmo propósito.

A seguir detalharemos o e-Lateo na perpectiva do Respondente.

3.1.3 Perspectiva do Respondente no e-Lateo

O Respondente no e-Lateo, como já dito anteriormente, corresponde ao conceito de

“especialista” de Shafer (2). Tem como função opinar acerca dos problemas, ou seja,

distribuir sua crença dentre as várias hitópetes, com o intuito de gerar massas de crença

para cada evidência possível nos problemas, e com isso permitir a combinação dos corpos

de evidência gerados pelos vários Respondentes. A atribuição de crença pode ser

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visualizada na Figura 3.11, e é importante perceber que se o total de crença não for

atribuído as alternativas, o restante será automaticamente atribuído ao ambiente, Ө, assim

como determina o Lateo.

Figura 3.11: Atribuição de Crenças.

A atribuição de crença considera valores percentuais, diferente do que foi

exemplificado na seção 2. O intuito foi facilitar didaticamente a atribuição de crenças para

que os repondentes tivessem como referencia o valor de 100%, mais naturalmente

compreendido pelas pessoas. Contudo, esse diferencial não compromete os cálculos nem os

resultados obtidos.

Para visualizar os problemas aos quais está associado, assim como as crenças

atribuídas, o Respondente pode utilizar a estrutura de Árvore Hierárquica, da mesma forma

que Gerentes e Pesquisadores, no entanto, para este perfil, a abrangência de informações

será menor e as limitações serão maiores que a dos outros.

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46

3.1.4 Combinação de Evidências e Representação da Incerteza Subjetiva no e-Lateo

Todos esses procedimentos realizados pelo e-Lateo, como cadastro de usuários,

formulação de problemas, atribuição de crenças, etc, tem como objetivo combinar os

corpos de evidências. Com isso, pretende-se realizar a representação da incerteza, de

acordo com o Lateo, de modo a nos auxiliar nos momentos de tomada de decisão. Dessa

forma, a ferramenta nos permite visualizar as combinações de crenças dos vários

Respondentes, bem como toda a memória de cálculo realizada, inclusive podendo revelar

uma hipótese como possível resultado, a depender do grau de incerteza acumulado.

Para visualizarmos os resultados no e-Lateo, basta acessar a aba Árvore Hierárquica

ou Problemas, clicar sobre a descrição do problema, e ao acessar a formulação deste. No

canto inferior direito, encontra-se o botão “Lateo”, ao clicar neste botão o usuário acessará

todos os cálculos realizados, tais quais os algoritmos que formalizam as Teorias de

Dempster-Shafer e sua extensão, o Lateo. Ao acessar esta área, visualiza-se um possível

resultado, que nos auxilia na tomada de decisão. Esse resultado é fornecido pelos

algoritmos implementados pela aplicação em função da combinação dos corpos de

evidência. Vide a Figura 3.12.

Figura 3.12: Cálculo do Lateo.

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Observe que o próprio sistema destaca o resultado da combinação dos corpos de

evidência, além de representar o total de incerteza a partir do cálculo do Lateo. Caso a

incerteza fosse expressiva a ponto de não permitir uma tomada de decisão, a aplicação

também nos indicaria uma solução, informando que a incerteza oriunda do

desconhecimento ou do conflito entre as opiniões, foi tão considerável que não permitiria

uma tomada de decisão acertada.

Para se ter uma melhor compreensão de como todo o algoritmo se processa, o

sistema traz a memória de cálculo da combinação dos corpos de evidência, inclusive

contemplando a “Função de Crença”, uma vez que o algoritmo considera a participação de

conjuntos e subconjuntos na determinação do resultado. Esse procedimento é visto na

Tabela 3. Oberve que o uso das cores é outro recurso didático, de fundamental importância

para o cálculo do total de crenças, assim como a representação da “Função de Crença”, ao

se considerar a contribuição dos subconjuntos ao conjunto que o contém.

A representação da memória de cálculo mostrada, apenas contempla três

Respondentes e quatro hipóteses, porém poderíamos ter tantos Respondentes e hipóteses

quantos fossem necessários, para representar o problema através da combinação de suas

evidências.

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Tabela 3: Memória de cálculo da combinação dos corpos de evidência.

Além da memória de cálculo referente à combinação das crenças, temos também a

memória referente ao cálculo segundo os algoritmos do Lateo e da Teoria de Dempster-

Shafer, incluindo todas as etapas do processo, como a etapa de normalização, o cálculo do

Peso de Conflito e o próprio Lateo. Vide Tabela 4.

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Tabela 4: Cálculo segundo Teoria de Dempster-Shafer e Lateo.

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3.2 Conclusões

O e-Lateo foi desenvolvido sobre uma plataforma web utilizando servidor Apache,

linguagem PHP, e banco de dados MySQL. Concebido para virtualizar toda a base

conceitual da Teoria de Dempster-Shafer e do Lateo, preservando notações, regras de

combinação e ocultar a complexidade matemática e teórica.

Para facilitar a gestão de problemas, foram criados perfis de acesso de usuários, com

diferentes níveis de privilégio, divididos em: Gerente, Pesquisador e Respondente, cada

qual com uma perspectiva de uso própria, dentro do sistema desenvolvido. Também foram

utilizados recursos didáticos, como os textos descritivos e a árvore hierárquica, estão

presentes durante toda a formulação dos problemas, com o intuito de facilitar a

compreensão da aplicação, dos conceitos da teoria e a gestão dos problemas por parte dos

usuários.

Após a formulação dos problemas, o e-Lateo apresenta toda a memória de cálculo

das combinações dos corpos de evidência (utilizando recurso de cores para facilitar

compreensão dos cálculos), contemplando regras de combinação, etapa de normalização e

obtenção de resultados. Por fim, auxilia na tomada de decisão e determinando o grau de

incerteza oriunda do conflito entre as evidências ou do desconhecimento dos especialistas.

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4 Estudo de Caso

A proposta do estudo de caso é mostrar a aplicabilidade do e-Lateo, em casos

clínicos médicos, baseados em problemas que, de fato, podem ocorrer. Um ponto

importante é observar não somente a aderência a teoria, mas também a praticidade do

sistema, sua facilidade de uso, manutenção dos problemas desenvolvidos, aspectos de

usabilidade e, finalmente, o quanto o e-Lateo pode nos auxiliar em uma tomada de decisão.

Outro ponto particularmente interessante é observar comportamentos do Lateo nas

situações-problema, como a depreciação das crenças nos subconjuntos do quadro de

discernimento e o aumento gradativo da incerteza subjetiva, em função das sucessivas

combinações de corpos de evidências.

Não se pretende, entretanto, declarar um novo método de geração de conhecimento,

nem tão pouco substituir as metodologias de diagnóstico clínico, como as consagradas

técnicas de Anamnese (34) utilizadas pela comunidade médica. Predente-se apenas mostrar

os efeitos da combinação das opiniões de vários especialistas em três problemas,

considerando-se a regra de combinação de Dempster e o Lateo, com representação da

incerteza oriunda do conflito entre as opiniões ou do desconhecimento.

Os casos clínicos propostos foram selecionados por uma professora de medicina

(Gerente) da UFPE e serão apreciados por alunos pré-residentes (Respondentes), cujos

nomes serão preservados. Tais alunos desconheciam os casos clínicos e as decisões corretas

a serem tomadas, mantendo assim, coerência com um possível cenário real.

4.1 Casos Clínicos

A professora de medicina foi consultada para nos fornecer cinco casos clínicos

reais, dos quais os três mais complexos, segundo a própria professora, foram usados em no

estudo (vide Anexo A). No entanto, apenas os dois primeiros serão mostrados, pois os

casos clínicos 2 e 3 apresentaram comportamentos muito próximos, não agregando

informações relevantes ao estudo.

Tais casos clínicos foram apreciados por alunos pré-residentes, que se encontravam

em fase de preparação para a seleção na residência médica, dos mais variados Hospitais

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Universitários vinculados às instituições de ensino superior do país, como UFRJ, UFPE,

UPE, USP e UNICAMP.

Decidiu-se que cada um dos três casos deveria ser apreciado por cinco especialistas

distintos, estes não poderiam ver, nem saber as opiniões dos demais especialistas, e uma

vez consultado em um caso, não poderiam mais opinar em outro. Vale ressaltar que

instruções foram passadas para os alunos, sobre o propósito do e-Lateo e sobre como

poderia ser feita a distribuição de crenças, inclusive considerando o ambiente, Ө, para que

opinassem de forma aderente a teoria que envolve o Lateo, porém sem os induzir, nem os

influencir nos resultados.

Os três casos clínicos utilizados em nosso estudo, constantes no Anexo A, foram

apresentados a alunos de medicina em preparação para a Residência Médica. Cada

estudante opinou uma vez em apenas um dos casos, totalizando cinco opiniões por caso

clínico. As informações inseridas no e-Lateo serviram de base para observação do

comportamento das combinações dos corpos de evidência com relação à depreciação das

crenças e a incerteza gerada. As subseções seguintes apresentarão as opiniões dos cinco

primeiros especialistas para os casos clínicos 1 e 2, uma vez que o caso clínico 3 foi

descartado.

Dessa forma, cada aluno iria opinar de acordo com o conhecimento adquirido

durante sua formação e experiências já vivenciadas em plantões, a partir da análise das

informações fornecidas no próprio caso. Ao final, as opiniões combinadas acerca dos casos,

tanto poderiam fornecer um resultado que nos auxiliasse em uma tomada de decisão, como

poderiam resultar num grau de incerteza que inviabilizasse uma tomada de decisão

favorável a resolução do caso clínico.

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4.1.1 Opiniões dos dois primeiros especialistas atribuídas ao caso clínico 1

As opiniões dadas pelos especialistas foram combinadas de modo a permitir que

seja observado o comportamento das crenças ao final de cada combinação dos corpos de

evidência dois a dois. Segue abaixo as massas de crenças atribuídas pelos dois primeiros

especialistas ao caso clínico 1 (vide Anexo A).

m1 (A) = 0,05

m1 (B) = 0

m1 (C) = 0,50

m1 (D) = 0,10

m1 (E) = 0,30

m1 (Ө) = 0,05

m2 (A) = 0,20

m2 (B) = 0,10

m2 (C) = 0,40

m2 (D) = 0,10

m2 (E) = 0,20

m2 (Ө) = 0

Utilizando-se do e-Lateo para combinar as opiniões, obtive-se o resultado visto na

Tabela 5. A memória de cálculo dessa combinação consta na Tabela 4.2.

Tabela 5: Resultado da combinação dos dois primeiros especialistas para o caso clínico 1.

Como se pode perceber houve uma concordância quanto às opiniões neste primeiro

momento, pois o primeiro especialista atribuiu m1(C)=0,50 e o segundo m2(C)=0,40, o que

resultou na função de crença resultante mR(C)=0,45 e um Lateo de mR(Ө)=0,325, oriundo

da distribuição de crenças entre as demais evidências existentes. Pode-se obervar, também,

que o peso de conflito foi relativamente baixo, apenas 0.4815. Essa breve análise nos faz

acreditar que a alternativa “C”, seria a melhor escolha, tanto considerando a regra de

Dempster como o Lateo, como pode ser observado abaixo na Tabela 6.

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Tabela 6: Memória de cálculo da combinação dos corpos de evidência dos dois primeiros especialistas para o caso clínico 1.

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Considerando agora a opinião de um terceiro especialista, combinamos os seguintes

corpos de evidência.

m1 (A) = 0,05

m1 (B) = 0

m1 (C) = 0,50

m1 (D) = 0,10

m1 (E) = 0,30

m1 (Ө) = 0,05

m2 (A) = 0,30

m2 (B) = 0

m2 (C) = 0,10

m2 (D) = 0,30

m2 (E) = 0,30

m2 (Ө) = 0

m3 (A) = 0,20

m3 (B) = 0,10

m3 (C) = 0,40

m3 (D) = 0,10

m3 (E) = 0,20

m3 (Ө) = 0

O e-Lateo reorganizou as atribuições, mudando apenas os índices, mas sem

comprometer o resultado. Com essa nova combinação, observa-se que houve um forte

conflito entre a opinião do novo especialista (em negrito) com a dos dois anteriores, para as

evidências “C” e “E”, além da considerável distribuição de crença entre as evidências

existentes. (vide Tabelas 7 e 8)

Tabela 7: Resultado da combinação de três especialistas para o caso clínico 1.

Apesar de a alternativa “C”, permanecer com uma pequena superioridade, ficou

bastante perceptível que a contribuição do terceiro especialista, provocou considerável

depreciação das crenças, aumentando a incerteza (Lateo de mR(Ө)=0.5598 ou 55.98%), o

que compromete uma tomada de decisão já a partir da segunda combinação de corpos de

evidência. A seguir, na Tabela 8, temos a memória de cálculo dessa nova combinação:

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Tabela 8: Memória de Cálculo da combinação dos corpos de evidência de três especialistas para o caso clínico 1.

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Observe que o peso de conflito, 1.2716, aumentou consideravelmente em relação à

combinação anterior, uma vez que o conflito entre as três evidências foi bastante relevante,

comprometendo uma possível tomada de decisão.

Abaixo segue a contribuição das funções de crença de um quarto especialista, sendo

a terceira combinação de corpos de evidência realizada pelo e-Lateo.

m1 (A) = 0,05

m1 (B) = 0

m1 (C) = 0,50

m1 (D) = 0,10

m1 (E) = 0,30

m1 (Ө) = 0,05

m2 (A) = 0

m2 (B) = 0,05

m2 (C) = 0,15

m2 (D) = 0,80

m2 (E) = 0

m2 (Ө) = 0

m3 (A) = 0,30

m3 (B) = 0

m3 (C) = 0,10

m3 (D) = 0,30

m3 (E) = 0,30

m3 (Ө) = 0

m4 (A) = 0,20

m4 (B) = 0,10

m4 (C) = 0,40

m4 (D) = 0,10

m4 (E) = 0,20

m4 (Ө) = 0

A atribuição de crenças desse novo especialista (em negrito) deu grande

contribuição à alternativa “D”, m2 (D) = 0,80, provocando um conflito ainda maior entre as

opiniões dos dois primeiros especialistas e aumentando ainda mais a depreciação não

somente da crença na alternativa “C”, como da própria alternativa escolhida com maior

crença, a “D”. Com isso, a incerteza torna-se ainda mais expressiva, como pode ser visto na

Tabela 9.

Tabela 9: Resultado da combinação de quatro especialistas para o caso clínico 1.

Diante da depreciação dos valores das crenças e do grau de incerteza crescente,

torna-se desaconselhável uma tomada de decisão nessas condições. Abaixo, na Tabela 10,

segue a memória de cálculo da combinação dos quatro corpos de evidência. Observe que

neste caso houve uma divergência entre as opiniões, de tal modo que o peso de conflito

aumentou para, 2.1612, expressando o conflito entre as evidências e resultando em um

Lateo de 68.37%.

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Tabela 10: Memória de Cálculo da combinação dos corpos de evidência de quatro especialistas para o caso clínico 1.

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A contribuição do quinto especialista finaliza o estudo do caso clínico 1. Abaixo

estão as funções de crença dos cinco especialistas:

m1 (A) = 0,05

m1 (B) = 0

m1 (C) = 0,50

m1 (D) = 0,10

m1 (E) = 0,30

m1 (Ө) = 0,05

m2 (A) = 0

m2 (B) = 0,05

m2 (C) = 0,15

m2 (D) = 0,80

m2 (E) = 0

m2 (Ө) = 0

m3 (A) = 0,30

m3 (B) = 0

m3 (C) = 0,10

m3 (D) = 0,30

m3 (E) = 0,30

m3 (Ө) = 0

m4 (A) = 0,20

m4 (B) = 0,10

m4 (C) = 0,40

m4 (D) = 0,10

m4 (E) = 0,20

m4 (Ө) = 0

m5 (A) = 0

m5 (B) = 0

m5 (C) = 0,30

m5 (D) = 0,30

m5 (E) = 0

m5 (Ө) = 0,40

Como se pode perceber, o novo especialista (em negrito) contribuiu de forma

igualitária para as alternativas “C” e “D”, m5 (C) = 0,30 e m5 (D) = 0,30, no entanto, o

desconhecimento explícito atribuído ao ambiente, m5 (Ө) = 0,40, contribuiu para a

depreciação das crenças nas evidências existentes e gerou ainda mais incerteza ao caso.

(vide Tabelas 11 e 12)

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Tabela 11: Resultado da combinação de cinco especialistas para o caso clínico 1.

Assim, obteve-se um Lateo de mR (Ө) = 69.84%, e um peso de conflito de 2.3161,

após a opinião de cinco especialistas, confirmando mais uma vez que, a cada combinação

realizada, a depreciação da crença nas alternativas aumenta e, conseqüentemente, a

incerteza eleva-se a cada nova combinação. A seguir, na Tabela 12, tem-se a memória de

cálculo da combinação dos corpos de evidência dos cinco especialistas.

Tabela 12: Memória de Cálculo da combinação dos corpos de evidência de cinco especialistas para o caso clínico 1.

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4.1.2 Opiniões dos especialistas atribuídas ao caso clínico 2 Semelhante ao caso clínico 1, o caso clínico 2 foi submetido à apreciação de cinco

alunos pré-residentes. Será observado o comportamento resultante da combinação dos

corpos de evidência, no que tange a depreciação das crenças nas alternativas e aumento da

incerteza subjetiva associada ao caso. O caso clínico 2 pode ser visto no Anexo A.

Diferentemente do que fizemos no caso clínico 1, apresentaremos a Tabela 13 com

as opiniões dos cinco especialistas para o caso clínico 2.

Tabela 13: Atribuições de crença dos cinco especialistas para o caso clínico 2.

Espec. 1 Espec. 2 Espec. 3 Espec. 4 Espec. 5 A 15% 0% 10% 20% 65% B 0% 5% 10% 0% 0% C 50% 30% 40% 60% 20% D 20% 40% 20% 20% 15% E 0% 0% 20% 0% 0% Ө 15% 25% 0% 0% 0%

A combinação dos corpos de evidência será feita dois a dois, e seus resultados

parciais serão mostrados a cada combinação. Para simplificar, não será exibida a memória

de cálculo da combinação, apenas mostraremos os resultados obtidos.

Para a combinação dos dois primeiros especialistas, obtivemos os seguintes

resultados. Vide Tabela 14.

Tabela 14: Resultado da combinação de dois especialistas (Caso Clínico 2).

Como se pode ver a combinação resultou num favorecimento a alternativa “C”,

com 44.01%, correspondendo às expectativas, visto que as opiniões dos dois especialistas

foram 50% e 30%, respectivamente. A incerteza dada pelo Lateo, nessa combinação, foi de

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23.68%. Abaixo, na Tabela 15, temos os resultados da combinação de evidências, de

acordo com: a Regra de Dempster-Shafer, o próprio Lateo e o Peso de Conflito.

Tabela 15: Memória de cálculo para dois especialistas (Caso Clínico 2).

Como podemos perceber a depreciação gerada pelo Peso de Conflito foi

relativamente pequena, 0.2273, o que não agregou tanta incerteza ao problema, a ponto de

se desacreditar da alternativa “C” como sendo a correta.

Na próxima combinação para o caso clínico 2, faremos a combinação dos três

primeiros especialistas, utilizando os dados da Tabela 13. O mesmo procedimento foi

realizado a fim de observarmos o resultado final dessa combinação de corpos de evidência.

A Tabela 16 mostra o resultado obtido.

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Tabela 16: Resultado da combinação de três especialistas (Caso Clínico 2).

Nesta nova combinação obteve-se um pequeno rebaixamento das crenças, e embora

as opiniões tenham convergido para a hipótese “C”, com 40.88%, a distribuição de crenças

entre as demais evidências, elevou a incerteza para 40.54%, impossibilitando uma tomada

de decisão pela regra do Lateo (se a crença atribuída a qualquer uma das outras hipóteses

for somada a incerteza produzida pelo Lateo, resultará num valor de crença superior ao

obtido na alternativa “C”). A seguir, a Tabela 17 mostra a memória de cálculo para esta

nova combinação.

Tabela 17: Memória de cálculo para três especialistas (Caso Clínico 2).

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Observe que o Peso de Conflito foi ainda maior que o da primeira combinação,

0.6819, mostrando que o acúmulo de opiniões gera bastante incerteza, embora tenha havido

uma redução pequena da crença na alternativa “C”.

Dando continuidade e utilizando-se dos dados da Tabela 13, serão combinadas

massas de crença de quatro especialistas. A Tabela 18 mostra o resultado obtido.

Tabela 18: Resultado da combinação de quatro especialistas (Caso Clínico 2).

O resultado obtido a partir desta nova combinação nos mostra que, mesmo as

opiniões dos quatro especialistas tendo considerável crença na alternativa “C”, com 50%,

30%, 40% e 60% de crença respectivamente, a incerteza gerada pelo conflito elevou a

incerteza ao ponto de superar a crença na alternativa “C”, comprometendo totalmente uma

possível tomada de decisão.

Esse comportamento, apesar de estar de acordo com a extensão à Teoria da

Evidência, nos induz intuitivamente a considerar a hipótese “C” como a mais provável,

uma vez que esta apresenta uma superioridade significativa em relação às demais. Contudo,

essa atitude poderia comprometer uma tomada de decisão acertada, devido ao alto grau de

incerteza.

A seguir a Tabela 19 exibe a memória de cálculo considerando essa nova

combinação.

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Tabela 19: Memória de cálculo para quatro especialistas (Caso Clínico 2).

Pode-se observar que o Peso de Conflito foi ainda maior que os anteriores, 1.0159,

ao considerarmos a opinião de quatro especialista, resultando em uma incerteza de 50.39%,

superando a crença na hipótese “C”, com 44.15%.

A última combinação, com cinco especialistas consultados para o caso clínico 2,

finaliza a combinação de evidências para este caso.

A seguir, a Tabela 20 mostrará o resultado dessa nova combinação, considerando a

opinião dos cinco especialistas para o caso clínico 2.

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Tabela 20: Resultado da combinação de cinco especialistas (Caso Clínico 2).

Pode-se observar agora um aumento mais significativo do Lateo para 63.10% e um

decréscimo da crença na hipótese “C” para 32.47%, devido à divergência de opinião do

quinto especialista, ao atribuir 65% de crença a hipótese “A” e apenas 20% a hipótese “C”.

Esse conflito elevou a incerteza a um valor que impede uma tomada de decisão coerente.

Abaixo, a Tabela 21 exibe a memória de cálculo da combinação dos corpos de evidência

dos cinco especialistas para o caso clínico 2.

Tabela 21: Memória de cálculo para cinco especialistas (Caso Clínico 2).

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O Conflito de 1.7100 é gerado pela variada distribuição de crenças e do próprio

desconhecimento, atribuindo-se crença ao ambiente, resultando em uma incerteza de

63.10%.

Contudo, se for considerado, hipoteticamente, um sexto especialista, que atribua

99% para a alternativa “C” e 0.25% para as demais hipóteses, como segue abaixo:

m6 (A) = 0,0025 m6 (B) = 0, 0025 m6 (C) = 0,9900 m6 (D) = 0, 0025 m6 (E) = 0, 0025 m6 (Ө) = 0,0000

A Tabela 22 nos mostra o resultado dessa nova combinação de resultados,

considerando seis especialistas.

Tabela 22: Resultado da combinação de seis especialistas (Caso Clínico 2).

Observe que mesmo atribuindo 99% de crença à alternativa “C”, elevamos pouco o

valor da crença, de 32.47% para 36.09%. No entanto, a incerteza continuou aumentando,

subindo o Lateo de 63.10% para 63.89%, certamente representando a distribuição de 0.25%

restante entre as outras hipóteses.

Para confirmar esse comportamento sempre crescente do Lateo, será feita mais uma

combinação proposital, agora se atribuindo 100% de crença a alternativa “C”. A Tabela 23

mostra o resultado dessa combinação considerando sete especialistas.

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Tabela 23: Resultado da combinação de sete especialistas (Caso Clínico 2).

Percebe-se que houve uma distribuição do restante das crenças pertencentes às

outras hipóteses, entre a alternativa “C” e o Lateo, elevando a crença em “C” de 36.09%

para 36.10% e o Lateo de 63.89% para 63.90%. Como se pôde ver, o Lateo não regrediu

em nenhum momento, mesmo atribuindo-se 100% de crença a alternativa “C”. Abaixo será

exibida a memória de cálculo na Tabela 24.

Tabela 24: Memória de cálculo para sete especialistas (Caso Clínico 2).

Experimentou-se, então, atribuir 100% de crença a hipotese “C” em sucessivas

combinações, no intuito de se reduzir a incerteza e elevar a crença na hipótese mais

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plausível. Contudo, os valores, tanto da crença em “C” quanto do Lateo, permaneceram

inalterados, gerando uma estabilidade nos resultados, nunca elevando o valor de “C”, nem

reduzindo a incerteza.

O Peso de Conflito também se manteve estável em 1.7698, mostrando que, mesmo

com sucessivas atribuições de 100% a “C”, não há novo Peso de Conflito agregando

incerteza, pois a depreciação acumulada até o momento já está representada por esse valor

de Peso de Conflito, resultando na estabilização da incerteza, com Lateo de 63.90%.

De acordo com a extensão a Teoria Matemática da Evidência esse comportamento

está correto, no entanto, considerando tal estudo, nos deparamos com a seguinte indagação:

- Será que a opinião de mais 5, 10 ou N especialistas atribuindo 100% de crença não

deveria nos conduzir a uma hipótese com alto grau de crença, reduzindo o valor do conflito

e conseqüentemente a incerteza subjetiva?

Raciocinando em cima desse questionamento, a melhor forma de interferir no

resultado da incerteza gerada, ou seja, no Lateo, seria propondo uma função de depreciação

que se comportasse de maneira diferente, respondendo as certezas atribuídas às hipóteses

através 100% de crença, como exemplificado no estudo anterior.

Continuando os estudos, tentou-se interferir na função de depreciação, alterando-se

a base do logaritmo do Peso de Conflito, Con(Bel1, Bel2) = log(χ) = log(1/к), de 10 para

100, para que, dessa forma, houvesse uma redução do conflito, com conseqüente redução

da incerteza e enquadramento da hipótese como credível, como pode ser visto na Tabela 25.

Tabela 25: Resultado estabilizado com base logarítmica 100 (Caso Clínico 2).

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Observe que a mudança de base modificou o resultado, enquadrando a alternativa

“C” como hipótese credível, com 53.05% de crença, superior a incerteza acumulada de

46.95%. A seguir, a Tabela 26, exibe a memória de cálculo considerando a nova base do

logaritmo.

Tabela 26: Memória de cálculo com base logarítmica 100 (Caso Clínico 2).

Como era de se esperar o Peso de Conflito foi reduzido para 0.8849, diminuindo,

conseqüentemente, o Lateo. A partir disso, conclui-se que o aumento da base do logaritmo

reduz o Peso de Conflito e inverte a situação de incerteza desfavorável, para uma possível

tomada de decisão favorável a resolução problema em questão.

No entanto, tal artifício não se sustenta, uma vez que novas combinações

reproduziriam o mesmo comportamento observado nos casos clínicos mostrados.

Matematicamente, quando a base do logaritmo cresce, tendendo a infinito (base → ∞), o

conflito tenderá a zero (Con → 0).

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4.1.3 Opiniões dos especialistas atribuídas ao caso clínico 3 No terceiro e último caso, também descrito no Anexo A, apenas serão apresentadas

as opiniões dos cinco especialistas para o caso clínico 3 (vide Tabela 27), uma vez que este

foi descartado do estudo, em função do comportamento semelhante ao caso 2.

Tabela 27: Atribuições de crença de cinco especialistas para o caso clínico 3.

Espec. 1 Espec. 2 Espec. 3 Espec. 4 Espec. 5 A 20% 10% 0% 1% 0% B 0% 5% 10% 1% 40% C 20% 20% 40% 1% 0% D 20% 5% 0% 30% 0% E 40% 60% 40% 60% 0% Ө 0% 0% 10% 7% 60%

4.2 Conclusões

Quanto à utilização do e-Lateo, o sistema apresentou-se extremamente estável e

amigável, conseguindo modelar o conhecimento advindo das sucessivas combinações das

massas de crenças nas situações-problema. Os usuários não encontraram dificuldade

expressiva no entendimento do Lateo, demonstrando que a complexidade inerente a teoria,

conseguiu ser ocultada pela aplicação.

O fato de o software ser disponibilizado em plataforma web facilitou

substancialmente os estudos, uma vez que todos os alunos foram submetidos à apreciação

dos casos clínicos virtualmente, de forma individual e isolada, apenas usando internet.

Para a análise dos problemas, o uso de padrões de cores nas combinações de

evidências, bem como as memórias de cálculo geradas a cada combinação, favoreceu

enormemente o entendimento dos problemas e os resultados obtidos.

Quanto aos resultados dos casos clínicos, todos mostraram haver um aumento do

peso de conflito e depreciação das crenças, a cada nova combinação de evidências,

resultando em uma incerteza que compromete uma tomada de decisão.

Mesmo quando, propositalmente, tentou-se induzir a confirmação de uma hipótese

atribuindo-lhe 100% de crença em combinações sucessivas, percebeu-se que houve uma

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divisão do percentual de crenças restante entre a hipótese escolhida e o Lateo. A partir daí,

a incerteza acumulada estabilizou, assim como a crença na hipótese escolhida e o Lateo.

A qualidade da informação resultante, não apenas dessas sucessivas combinações,

mas também da depreciação sofrida a cada combinação, nos fez refletir a respeito de uma

epistemologia que melhor representasse o raciocínio sobre incerteza.

A função de depreciação, ou seja, o peso de conflito poderia se comportar de forma

tal a permitir que uma quantidade de opiniões expressiva, convergisse para uma possível

hipótese, e não permanecesse estabilizada, como foi observado.

A mudança da base logarítmica foi um experimento feito para se perceber como se

comporta o Lateo e a distribuição de crenças alterando-se a função de depreciação. Esse

comportamento, aparentemente, modela uma tendência de confirmação de uma hipótese.

No entanto, observa-se que, a partir de novas combinações, o comportamento anterior de

rebaixamento das crenças e aumento da incerteza volta acontecer, demonstrando que tal

interferência na função de depreciação apenas protela essa tendência.

Em suma, o e-Lateo foi importante na representação, percepção e avaliação do

comportamento da incerteza subjetiva, das combinações de evidências e da função de

depreciação, de tal modo que sem ela seria bem mais complexa a análise dos resultados

obtidos.

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5 Conclusões e Trabalhos Futuros

A Teoria de Dempster-Shafer e o Lateo podem ser bastante empregados, nos mais

diversos ramos do conhecimento humano, como formalismo para representação e

combinação do conhecimento sujeito à incerteza subjetiva. Diante disso, o e-Lateo é o

software que virtualiza tais teorias e facilita a compreensão dos resultados obtidos nas

combinações de corpos de evidências, auxiliando as tomadas de decisão em situação de

incerteza. Com isso, acredita-se que o objetivo geral de nosso trabalho foi atingido.

5.1 Resumo das Contribuições

A seguir, serão apresentadas as principais contribuições do nosso trabalho.

• Desenvolvimento do e-Lateo: contempla plataforma web, interface amigável,

didaticamente projetada para orientar usuários, níveis de privilégio, árvore

hierárquica, segurança, manutenção, armazenamento e integridade dos dados,

utilização de padrão de cores e memória de cálculo das combinações de

evidências, e auxílio à tomada de decisão.

• Estudo de Caso comprovando a necessidade e a utilidade do e-Lateo:

melhor percepção e análise do que ocorre a cada combinação de corpos de

evidências, possibilitando inferências como a colocada no caso clínico 2,

quando se cogitou atribuir, sucessivamente, 100% de crença a uma mesma

hipótese e se percebeu que se chegava a uma estabilidade, e não a uma certeza,

com relação à hipótese.

• Interferência na Função de Depreciação – Peso de Conflito: mudança de

base do logaritmo da função de depreciação, não modela, consistentemente, uma

melhor forma de representação do conhecimento, porém, nos permite refletir a

respeito disto.

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5.2 Trabalhos Futuros

Tecnicamente, o e-Lateo pode e deve sofrer melhorias como, por exemplo, a

modelagem de análises gráficas das combinações dos corpos de evidências. Outras

possibilidades seriam: a evolução para ambiente colaborativo e a disponibilidade para

utilização de forma massiva, em servidores mais robustos.

Teoricamente, o e-Lateo poderia prover uma função de depreciação que melhor

representasse o conhecimento sobre incerteza subjetiva, a partir de atribuições sucessivas

de crenças com 100% de certeza à determinada hipótese.

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Anexo A: Casos Clínicos

Este apêndice apresenta os casos clínicos utilizados nos experimentos descritos no

capítulo 4. Os casos foram fornecidos por uma docente do curso de medicina, o qual teve

como critério o maior nível de complexidade possível. Cada caso apresenta sua descrição

com dados informativos e cinco possibilidades de resposta, compondo as evidências.

Caso Clínico 1: 1 - Lactente de 3 meses, nascido a termo, com peso adequado para a idade gestacional, em, aleitamento materno exclusivo, com bom ganho ponderal. Colheu hemograma há 20 dias devido a discreta palidez cutânea. Hb = 10,4 g/dl, Htc = 38%, VCM = 95fl, HCM = 32pg. A conduta apropriada é: a) manter aleitamento materno, terapêutica com sulfato ferroso. b) manter aleitamento materno, introduzir papa de frutas e profilaxia com sulfato ferroso (2mg/kg/dia). c) manter aleitamento materno exclusivo até o 6º mês. d) manter aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e profilaxia com sulfato ferroso (5mg/kg/dia). e) solicitar eletroforese de hemoglobina e manter aleitamento materno exclusivo até o 6º mês. Caso Clínico 2: 2- Uma gestante com 40 semanas de amenorréia e três partos normais anteriores e admitida com queixa de redução de movimentos fetais. Iniciou seu pré-natal com 32 semanas e, na segunda consulta, feita com 34 semanas, foi-lhe informado que era HIV positivo. Não voltou para continuar seu acompanhamento pré-natal. Apresentava, a admissão, bom estado geral, descorada 1+/4+, sem linfonodomegalia e com edema pré-tibial discreto. Outros dados do exame físico foram normais. Altura uterina de 36 cm. Ao exame obstétrico apresentava colo uterino com esvaecimento de 80% e dilatação de dois centímetros. Cardiotocografia com feto ativo e reativo. No cartão do pré-natal constatou-se um resultado de VDRL, também colhido com 32 semanas, com título de 1/16. Durante o pré-natal deveria ter sido realizado: a) contagem de linfócitos CD4+, determinação da carga viral, terapia anti-retroviral combinada e tratamento de lues com penicilina cristalina. b) não haveria necessidade de realizar a contagem de linfócitos CD4+, nem a determinação da carga viral, bastando instituir a terapia anti-retroviral e fazer o tratamento da lues com penicilina benzatina. c) contagem de linfócitos CD4+, determinação da carga viral, terapia anti-retroviral e tratamento de lues com penicilina benzatina. d) contagem de linfócitos CD4+, determinação da carga viral, terapia anti-retroviral combinada e, devido ao período adiantado da gravidez, não haverá necessidade do tratamento para lues, devendo ser pesquisa a infecção no recém-nascido. e) devido ao período adiantado da gravidez, deixar para fazer terapia anti-retroviral apenas no momento do parto e fazer o tratamento de lues com penicilina cristalina.

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Caso Clínico 3: 3- Uma gestante tem diagnóstico confirmado de tuberculose pulmonar assim que entrou em trabalho de parto. Foi iniciado tratamento com esquema tríplice e a mãe quer orientação sobre amamentação: a) o recém-nascido pode ser amamentado, pois provavelmente já está infectado. b) o aleitamento materno deve ser proibido devido ao caráter consumptivo da doença. c) o recém-nascido deve receber BCG intradérmica e poderá ser amamentado. d) o recém-nascido deve receber esquema tríplice e ser amamentado. e) o recém-nascido deve receber isoniazida e BCG intradérmica e ser amamentado.

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Referências

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