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Há em Angola cada vez mais Almas acesas,
cujas questões e achegas requerem respostas
e consideração, por forma a restaurar a digni-
dade dos angolanos dentro e fora do país.
MOVIMENTO NACIONAL CABINDA FACEBOOK/BARTOLOMEU_CAPITA TWITTER/@BCAPITA LINKEDIN/CABINDA_INDEPENDENT
Berlim, 15 de Junho de 2020
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Cabinda
“A Angola que temos não é a Angola pela qual se lutou.” ― Sizaltina Cutaia
“Como é que um país banhado por um oceano atlântico
importa sal?” ― Tânia de Carvalho
“O preto que está no poder está a criar formas de oprimir
semelhantes às do colono, ou piores.” ― Gangsta
“A população, cada dia mais pobre, não é tida nem
achada quando se conta os dinheiros dos petróleos.” ― Bonga Kwenda
“Vamos sentar, conversar e debater para encontrarmos
soluções para os nossos problemas.” ― Dog Murras
Bartolomeu Capita (Sr.)
Refugiado sob mandato do ACNUR
Presidência Conjunta, Movimento Nacional Cabinda
E-mail: [email protected]
Tel.: +49 (0) 176 3068 3616
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Conversa com as Almas acesas de Angola
Regozijo-me por ver a emersão em Angola de Almas cada vez mais acesas, i.e. de cidadãos destemidos buscando sinceramente a verdade sobre a res publica
angolana. Já que o objectivo daquele que busca a verdade é eliminar o véu da ignorância, não posso deixar de manifestar o meu regozijo. A meu ver, as almas
acesas de Angola são chamadas a ser o alicerce da paz verdadeira, ou melhor, da convivência verdadeira entre Angolanos, entre Angolanos e Cabindas, bem
como entre estes dois últimos e os restantes povos de África e do mundo no seu todo. A alma daquele que busca a verdade é por natureza humilde, desprecon-
ceituada, objectiva, e aberta à crítica e ao debate por forma a chegar a um acordo com a parte oponente. Quero desde já convidar as Almas inflamadas de Angola
a enveredar por intercâmbios hsitórico-culturais com o Movimento Nacional Cabinda, por forma a realizarmos o sonho maravilhoso do ínclito Dr. Kwame
Nkrumah, citação:
“A nossa independência não tem sentido, a menos que esteja ligada à libertação total da
África.” ― Dr. Kwame Nkrumah
Prezada Sizaltina Cutaia,
a Angola que tendes é a Angola pela qual a facção do MPLA liderada por
Agostinho Neto e Lúcio Lara lutou. Essa é, lamentavelmente, a verdade nua e crua. A depravação da facção “Neto-Lara,” que acabou por fazer da indepen-
dência de Angola uma independência malograda, foi desde a década de 1960 observada e combatida não só por angolanos pertencentes ao próprio MPLA e
a outros movimentos de libertação angolanos, mas também por vários líderes
africanos da época. Numa resposta escrita ao Dr. Agostinho Neto (MPLA) da-
tada de 8 de agosto de 1962, Holden Roberto (FNLA) descreve-nos o MPLA tal qual o conhecemos hoje. O seguinte excerto da resposta fala por si.
“Quanto à desorganização do nacionalismo angolano, a que se refere na sua carta,
não existe nada disso senão na sua imaginação, baseada sem dúvida na desordem que preside à acção do seu partido, o MPLA. Causar confusão na mente das pessoas,
servir-se da denigração sistemática, fazer uso da difamação, ter o complexo de
superioridade e aceitar a corrupção, eis o que a sua política prova ser. Uma política
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dessa natureza, coroada de corrupção, não dá frutos porque as massas angolanas
desfavorecidas acabarão por perceber, um dia, que por detrás da dialéctica do MPLA
esconde-se o neocolonialismo que alguns desejam ver implantar em Angola de modo a perpetuar a escravidão do nosso povo.”1
Já em 1963, a corrupção e o uso de métodos autocráticos no seio do MPLA sob liderança do tandem Neto-Lara foram tais que o grau de credibilidade do
MPLA caiu abaixo de zero. Em julho (1963), Viriato Clemente da Cruz, injus-tamente rotulado como fraccionista e radical, é expulso do MPLA por António
Agostinho Neto e Lúcio Lara. Segundo estes, por motivos de indisciplina e am-bição pessoal. Em setembro de 1963, alguns meses depois do regime congolês
(RDC) ter enviado polícia para revistar o quartel-general do MPLA, Agostinho Neto e Lúcio Lara foram detidos sob acusações que vão de posse de documentos
falsos à posse ilegal e porte de armas de fogo. Pouco depois, o escritório e a clí-nica do MPLA em Kinshasa foram encerrados por ordem do governo congolês.
Os membros do MPLA liderado por Neto e Lara foram tornados personae non
gratae na RDC. Importa lembrar que Joseph Kasa-Vubu, da etnia Bacongo, era o presidente da RDC na época.
Uma coisa é certa: Holden Roberto não se enganou na sua antecipada des-crição do perfil político do MPLA uma vez no poder em Angola. Isso quer dizer
que a Angola que tendes hoje não é a Angola pela qual Holden Roberto lutou, e muito menos a Angola preconizada pelo nacionalista Viriato da Cruz.
As minhas pesquisas permitem-me afirmar, de modo peremptório, que só conhecendo o que divergiu Viriato da Cruz da facção “Neto-Lara” é que os An-
golanos poderão ver com nitidez como recolocar Angola nos carris. Isto é, como pôr definitivamente termo à corrupção e restituir aos angolanos a dignidade e
o direito à auto-determinação que perderam completamente desde a usurpação do poder pelo MPLA. Viriato da Cruz tinha uma visão do país diametralmente
oposta à da facção “Neto-Lara.” Basta dizer que o primeiro era nacionalista, ao passo que a facção “Neto-Lara” era/é internacionalista. “Vamos descobrir An-
gola,” eis o distintivo da inclinação político-ideológica de Viriato da Cruz. Para mais detalhes, recomendo a leitura do subcapítulo “A guerra da independência
do MPLA e a crucificação de Viriato da Cruz” no livro2 da minha autoria.
1 Dia Kassembe, Angola : 20 Ans de Guerre Civile, L’Harmattan, Paris 1995, pp. 233-234. 2 Bartolomeu Capita, Cabinda: Obama’s Challenges in Africa, Lisbon and London: Chiado Publishing (2013), pp. 477-489.
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Prezada Tânia de Carvalho,
o facto de Angola importar sal, apesar de ser um país banhado pelo oceano
atlântico, tem necessariamente uma explicação. Porém, com vários matizes. É oportuno e relevante realçar que a Angola pela qual a facção “Neto-Lara” lutou
não é compatível com a Angola aspirada pela população angolana, na sua esma-gadora maioria. O MPLA, encabeçado por Neto e Lara, foi extirpado da sua
matriz nacionalista e tornado numa entidade internacionalista desprovida da sua própria alma, i.e. da sua própria identidade cultural. Foi tornado internacio-
nalista, isto é, alheio ou indiferente ao sentimento e às aspirações nacionalistas angolanos, para defender interesses exclusivamente estrangeiros.
Não obstante a retórica política do MPLA e de seus adeptos dentro e fora do país, Angola está hoje mais pobre do que estava sob o regime imperial portu-
guês liderado por Dr. António de Oliveira Salazar. A este propósito, vale a pena tomar em consideração o relato de Fidel Castro, datado de 1977, ao então chefe
de Estado da Alemanha do Leste, nomeadamente o senhor Erich Honecker.
“Nas nossas conversações com [o Presidente angolano Agostinho] Neto, salientá-
mos a necessidade absoluta de alcançar um nível de desenvolvimento económico
comparável ao que existia sob o colonialismo [português].”3
Em 45 anos de independência, Angola, um país com imensa extensão terri-torial, um país dotado de um capital histórico, cultural e geopolítico notável,
um país que dispõe de enormes recursos naturais, em particular de petróleo e de minerais, não conseguiu atingir o nível de desenvolvimento económico que
precedeu a independência em 1975. Nem mesmo foi capaz de proezas dignas de nota, como as cubanas, nos domínios da saúde e do ensino, por exemplo. Existe,
porém, todo um conjunto de factores internos e externos susceptíveis de expli-car esse fracasso, ou desgraça político-económica.
Entre os factores internos, destaca-se o frágil sentimento de auto-estima que se verifica na pessoa de Agostinho Neto, bem como na grande maioria dos
povos africanos que experimentaram o jugo colonial europeu. A auto-estima
3 Piero Gleijeses, Havana’s Policy in Africa, 1959-76: New Evidence from Cuban Archives, in Cold War International History Project Bulletin (Issues 8-9, Winter 1996/1997), pp. 18-19.
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pode ser tida como o sistema imunitário da consciência. O seu desenvolvimen-
to é o caminho à paz espiritual e ao auto-domínio. Frágil sentimento ou déficit de auto-estima é uma psicose, i.e. um desequilíbrio psicológico. A psicologia
afirma, de modo peremptório, que o “equilíbrio psicológico” é a ferramenta da “perfeição humana” e que, sem ele [equilíbrio], não há nada de autêntico que
possa ser alcançado. Importa lembrar que o lamentável déficit de auto-estima nos povos africanos resulta do [subconsciente] complexo de inferioridade que
data de há muitos séculos. Esse sentimento de inferioridade surge na sequência das derrotas militares sofridas durante séculos. Essas derrotas infligidas por
nações invasoras e imperialistas europeias, e que abriram caminho para a venda e redução dos africanos à escravatura e à exploração colonialista, acabaram por
fortificar o complexo de inferioridade que nos cabe hoje fazer desaparecer.
Quando não há equilíbrio psicológico, caímos no pseudo-amor que se limita
a receber e a granjear dos outros, sem nunca podermos ser capazes de dar. Na verdade, qualquer doença, qualquer anomalia psicológica, separa o ser humano
de si mesmo; isto é, da sua capacidade de amar, de fazer o bem e de ser grato ao seu Criador. Mais pormenores podem ser consultados no subcapítulo “O que
perturbou o equilíbrio mental de Agostinho Neto” na obra supracitada4.
Os factores externos, por sua vez, têm a ver com o apetite voraz das nações
imperialistas e colonialistas de ontem e de hoje. O imperialismo, tanto como ideologia e quanto como corrente política apostadas em apoderar-se das rique-
zas e recursos naturais de nações indefesas, sempre deixou atrás de si injustiça, corrupção, guerras, pobreza e todas as formas de opressão. A partir do momento
em que apreendemos o papel destrutivo que o imperialismo desempenha em África, a exiguidade do grau de responsabilidade dos chefes de Estado africanos
no retrocesso sócio-económico de seus respectivos países vem imediatamente ao de cima. As populações dos países africanos acima do Equador estão a ser,
dia após dia, menos severos para com seus governantes. Isso deve-se ao facto de terem conseguido desvendar do mecanismo imperialista, o “Franco CFA,”
através do qual os imperialistas privam os povos francófonos da África de seus próprios meios de subsistência, avaliados em mais de 440 mil milhões de dóla-
res por ano. Quem dera que os Angolanos pudessem identificar o mecanismo imperialista que faz deles uma população empobrecida e cada vez mais pobre!
4 Bartolomeu Capita, op. cit., pp. 489-500.
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Prezado Gangsta,
é verdade que o preto no poder está a criar formas de opressão, de injustiça
e de divisões na sociedade piores do que as do sistema imperialista e colonialista europeu. É também verdade que as condições de vida dos angolanos ao longo
dos dez anos que precederam a independência (1975) não têm nada a invejar às das gerações pós-independência. Trata-se aqui de um fenómeno bastante preo-
cupante. Mas como explicá-lo?
A explicação é simples. Porém, para explicá-lo adequadamente, a condição
sine qua non é libertarmo-nos, de uma vez por todas, da ingenuidade, do etno-politismo, assim como do subjectivismo. O chão da postura cosmopolita que se
impõe tomar é, sem dúvida, um extenso conhecimento da história nacional e, ao mesmo tempo, da história universal, com a tónica colocada na da Europa.
As intervenções imperialistas em África, que culminaram na derrocada das ins-tituições políticas, na desorientação e ulterior desconcerto social, na escravidão
e o tráfico negreiro, e finalmente na colonização e exploração colonialista, não aconteceram acidentalmente. Foram, sim, frutos ou produtos de conspirações.
Já em 1962, como vimos atrás, Holden Roberto alertou que por detrás da dialéctica do MPLA escondia-se o neocolonialismo que “alguns” desejavam ver
implantar em Angola de modo a perpetuar a escravidão do povo angolano. Ele [Holden Roberto] apercebeu-se da existência de entidades que já conspiravam
contra a futura soberania de Angola, i.e. contra o bem-estar dos angolanos. O facto de Angola [MPLA] não ser capaz de satisfazer as necessidades da geração
presente, nem de garantir a sobrevivência das gerações futuras, não é senão o resultado do trabalho [conspiração] de quantos apostaram no neocolonialismo
em Angola. A ingenuidade e a imprudência fazem com que os chefes de Estado africanos sejam sucessivamente tornados em simples peões no tabuleiro do xa-
drez internacional. A fim de perpetuar a exploração e a pilhagem das riquezas e recursos naturais dos países africanos, os imperalistas e colonialistas devem
necessariamente manter o joelho sufocador no pescoço dos governantes africanos e, por extensão, no de suas respectivas populações. Eis porque é nosso dever e
nossa missão resgatar os chefes de Estado africanos tornados reféns.
O que é uma conspiração? Quem conhece alguma coisa sobre a história sa-
be que ela [história] é baseada em conspirações, de uma ponta à outra. Quer
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queiramos quer não, a conspiração é o motor da história. A conspiração tem
três componentes. Primeiro, tem de envolver duas ou mais pessoas; em segun-do lugar, tem de usar tácticas que sejam imorais ou pelo menos usem coerção;
em terceiro lugar, o objetivo destas tácticas tem de ser ilegal ou imoral. Se você tem estes três elementos, então está a lidar com uma conspiração. Conspiração
é um plano secreto de um grupo para fazer algo ilegal ou nocivo.
A partilha de África na Conferência de Berlim (1884-1885), que resultou na
ocupação e anexação de territórios africanos por nações imperialistas europeias, foi resultado de uma conspiração. Essa partilha tem ainda hoje consequências
perniciosas para as sociedades africanas. A Conferência de Yalta (Grã-Bretanha, EUA, União Soviética) que ocorreu em 1945, da qual nasceu a maliciosa Carta
do Imperialismo5 pouco conhecida do público em geral, foi, quer queiramos quer não, uma reunião conspiratória. As conversações relativas à África travadas
entre Portugal e os EUA em 1955, nas quais as partes acordaram que “a própria existência da Europa Ocidental depende dos recursos de África e do contínuo
controlo exercido pelas potências da Europa Ocidental sobre o continente afri-cano,”6 cheiram conspiração.
Em 1974, Dr. Henry Kissinger, um eminente político norte-americano, re-comendou o despovoamento dos países menos desenvolvidos, a fim de garantir
aos EUA um acesso gratuito às respectivas riquezas e recursos naturais. É disso que se trata no Memorando de Segurança Nacional 200, datado de 24 de Abril de
1974, sob o título: Implicações do crescimento da população mundial para a segurança
e interesses ultramarinos dos EUA7. Carrol Quigley, então professor na Universi-
dade Georgetown, afirmou, citação: “No final do século XIX, uma sociedade secreta foi formada na Inglaterra por Cecil Rhodes. Todos os grandes aconteci-
mentos da história, desde a 1ª guerra mundial, têm sido dominados e dirigidos em grande medida por esta sociedade secreta.”8 Uma das várias finalidades des-
ta sociedade oculta consiste em absorver gradualmente as riquezas do mundo. Cabe aos Africanos livrar a África dessas maquinações, i.e. fazer com que os conspi-
radores, de uma vez por todas, “tirem o joelho dos nossos pescoços.” 5 Carta do Imperialismo: https://cabindacitizenship.files.wordpress.com/2020/06/denouncing-the-charter-of-imperialism.pdf 6 Conversações Portugal-USA: https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1955-57v27/d148 7 Kissinger, Eugenia e Despovoamento: https://rense.com/general59/kissingereugenics.htm 8 Vide livros de Carrol Quigley: The Anglo-American Establishment e Tragedy & Hope: A History of the World in Our Time. Vide The Quigley Formula, E.G. Griffin: https://youtu.be/ynVqPnMQ2sI
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Prezado Bonga Kwenda,
é verdade que a população angolana, cada dia mais pobre, não é tida nem
achada quando se conta os dinheiros dos diamantes, petróleos, etc.. Não foi ti-da nem achada com Agostinho Neto; não foi tida nem achada com José Eduardo
dos Santos; não é tida nem achada com João Lourenço; e não será tida nem achada com quem quer que seja no poder, enquanto os Angolanos não arrogarem-se o
direito de se exprimirem como Congresso dos Povos de Angola, de romperem com o sistema político e administrativo que não faz senão prestar vassalagem às po-
tências imperialistas! A legitimidade e relevância desse Congresso são confirma- das, de antemão, pelas Resoluções 1514 (XV) e 1803 (XVII) adoptadas pela AG
das Nações Unidas a 14 de dezembro de 1960 e 1962 respectivamente.
As entidades maliciosas que durante cinco séculos dizimaram milhões de
africanos, e forçaram outros tantos à escravatura, estão hoje apostadas em fazer desaparecer a “raça preta” da face da Terra, por forma a apropriarem-se indevi-
damente, e para sempre, não só do seu rico patrimônio cultural, mas também das riquezas e recursos naturais do continente africano. Essas entidades dano-
sas fizeram tudo não só para comprometer a autoridade moral da futura Angola independente, mas também para que a população desta última não viesse a ser
tida nem achada na contagem dos dinheiros dos petróleos e diamantes. No pri-meiro caso, envolveram Angola na trama contra o direito de Cabinda a reaver
a sua soberania política, como demonstram a Resolução 1542 (XV) da AG das Nações Unidas, datada de 15 de dezembro de 1960; e os malogrados Acordos de
Alvor (Luso-Angolanos) de 15 de janeiro de 1975. No secundo caso, fomentaram a guerra civil por forma a fazer de Angola um país atolado na dívida, e a fazer
dos angolanos uma população enterrada até ao pescoço a fim de ser apedrejada pelos transeuntes.
A malícia dos imperialistas é tal que as dívidas que o Governo angolano (MPLA) contraiu entre 1975 e 2017 duplicam, triplicam e quadruplicam a cada
ano que passa. Assim cresce o juro capitalista ou rendimento de dinheiro em-prestado! Esse crescimento infernal predispõe as populações de Angola, assim
como as de Cabinda, já enterradas até ao pescoço, a continuarem a ser apedraja-das pelos imperialistas nos próximos cem anos ou mais. Importa sublinhar, no
entanto, que o apedrejamento é levado a cabo por intermédio do Estado vassalo de Angola, do qual o MPLA e a UNITA são parte integrante.
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A dívida é o mecanismo diabólico concebido para absorver gradualmente
as riquezas de Angola e Cabinda, e simultaneamente despovoar os dois países. Privar um povo dos seus próprios meios de subsistência é condená-lo a desapa-
recer. A questão urgente que agora se coloca é a de saber “como e quem pode pôr termo à crucificação das massas populares angolanas e cabindas.” À luz do
direito internacional público, Dívida Odiosa, tcc dívida ilegítima, ou dívida dos ditadores, é uma teoria jurídica que sustenta que a dívida nacional incorrida por
um regime para fins que não servem os melhores interesses da nação, não deve ser compulsória. Eis o que afirma o perito russo, Aleksandr N. Zak, autor da
doutrina da dívida odiosa, citação:
“Se um poder despótico contrai uma dívida, não para satisfazer os interesses do
Estado, mas para fortificar o seu regime despótico, para reprimir a população que o
combate, etc., esta dívida é odiosa para a população do Estado como um todo. Esta dívida não é uma responsabilidade para a nação; é uma dívida de regime, dívida
pessoal do poder que a contraiu e, por consequência, anula-se com a queda do poder que a contraiu.”
A dívida externa incorrida pelo regime corrupto de Angola (MPLA) é, sem dúvida, uma dívida odiosa, i.e. ilegítima. É ilegítima porque o Estado angolano
representado pelo MPLA é uma instituição mercenária essencialmente ao ser-viço de entidades estrangeiras, mormente em Cabinda. Mais de 80% da dívida
angolana foi canalizada para a corrupção. Angolagate9, Paradise Papers, e Luanda
Leaks, por exemplo, trazem à luz os verdadeiros e únicos beneficiários da dívida
odiosa contraída pela ditadura angolana. A doutrina de Zak opõe-se ao princí-pio de sucessão do Estado, enunciado pela Convenção de Viena (1983) sobre a
sucessão dos Estados em matéria de bens, arquivos e de dívidas de Estados. É para dizer que o governo sucessor pode subtrair-se às obrigações do seu anteces-
sor, que lhe incumbiriam normalmente, pois “[estas] dívidas não respondem a nenhuma das condições que determinam a regularidade das dívidas do Estado,
a saber: os fundos disponibilizados pelas dívidas contraídas pelo Estado devem ser inteiramente utilizados na satisfação das necessidades essenciais e dos inte-
resses da população.”
9 9 Angolagate: https://sites.tufts.edu/corruptarmsdeals/angolagate/ Panama Papers: https://panamapapers.investigativecenters.org/angola/ https://projekte.sueddeutsche.de/paradisepapers/politik/where-does-angola-s-oil-wealth-end-up-e655516/ What happened to Angola's missing millions? https://youtu.be/0c3YsgvpWvA
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Por razões óbvias, o governo sucessor representado por João Lourenço não
tem como subtrair-se às obrigações do seu antecessor. Porém, nem a UNITA, uma vez no poder, teria como subtrair-se às obrigações do regime do MPLA. A
menos que um Congresso dos Povos de Angola consiga alçar-se e assumir as rédeas do governo, as populações de Angola e de Cabinda vão acabar por ser extermi-
nadas pela miséria e o desamparo, com a cumplicidade das “elites” de ambos os partidos, i.e. o MPLA e a UNITA.
N.B.: O regime de Mobutu Sese Seko no então Zaïre, hoje RDC, foi, como é do conhecimento de todos, uma ditadura sanguinária (1965-1997). E sabemos
todos como e com ajuda de quem conseguiu ele tomar o poder e consolidá-lo. Porém, enquanto os seus guardiões ocidentais absorviam os imensos recursos
do Congo, Mobutu foi maliciosamente deixado sem meios para a sua sobrevi-vência pública e privada, de modo a forçá-lo, ano após ano, a contrair dívidas
em nome do Estado. Enfraquecido pela natureza enganadora dos seus guardiões ocidentais, e endividado até ao pescoço, Mobutu ficou sem como ajudar os seus
cidadãos a ficar de pé.
Os vários milhares de milhões de empréstimos que Mobutu consegiu obter de nações e instituições financeiras ocidentais estão depositados em bancos oci-
dentais. Contudo, a devolução desse dinheiro ao povo congolês tornou-se tabu. Mais, nem sequer é permitido aos africanos perguntar de quanto foi o Congo
roubado pelos imperialistas ocidentais durante o reinado de Mobutu. No entan-to, os regimes que sucedem a Mobutu são constrangidos pelos “ocidentais” a
não subtraír-se às obrigações do regime de Mobutu no que diz respeito às dívi-das odiosas do “Estado.”
Através de um estudo minucioso, o Núcleo de Estudantes de Economia da
AAC (Associação Académica de Coimbra)10 dá-nos conta do estado de coisas na RDC, principalmente do papel negativo exercido pelo Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional, cujas políticas de gestão dos recursos na RDC têm levantado graves preocupações em várias ONGs e junto de muitos outros
observadores.
10 Núcleo de Estudantes de Economia da AAC: http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/doc_06_07/mobutu_textos.pdf
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Prezado Dog Murras,
desde as chamadas descobertas marítimas, os povos africanos estão mer-
gulhados num sistema regido pela velha política de dividir para reinar. Fomos condicionados para termos medo e desconfiarmos sobremaneira um do outro.
As obras científico-pedagógicas dos notáveis intelectuais que se preocupam com a condição de vida dos africanos no mundo, e.g. Dr. Cheikh Anta Diop, Frantz
Fanon, Dr. John Henrik Clarke, Dr. Yosef A. ben-Jochannan, Gerald Massey, e muitos outros, são suficientemente poderosas para livrar os africanos do siste-
ma danoso em que fomos precipitados, intelectual e psicologicamente.
Para que estejamos verdadeiramente conscientes da necessidade de sentar,
conversar e debater a fim de encontrarmos as soluções apropriadas aos nossos problemas, a condição sine qua non é emergirmos do sistema regido pala velha
política de dividir para reinar, e afirmarmo-nos como homens e mulheres auto-determinados, i.e. como almas em fogo, ou que se acenderam. Estar consciente
dessa necessidade é ser capaz de se colocar no lugar do outro, pois só desse modo compreendemo-nos mais e partilhamos melhor.
A ocupação beligerante de Cabinda, tramada pelos imperialistas, é a mais perniciosa cilada em que Angola se deixou cair. E enquanto Angola continuar
a cumprir com obstinação os ditames das nações escravagistas que consistem em reprimir e degradar os Cabindas, por forma a perpetuar a espoliação das ri-
quezas desse território, jamais o Estado e o Povo angolanos serão capazes de incarnar os princípios da soberania universal dos Estados e do direito dos povos
à autodeterminação. A mais apropriada solução pacífica esboçada pelo MNC (Movimento Nacional Cabinda), com a qual saímos todos a ganhar, foi submetida
ao presidente João Lourenço para avaliação11. Trata-se de uma oportunidade única no seu gênero, pois é chamada a livrar Angola da armadilha em que caiu.
Não é novidade para ninguém que as nações e instituições que se opõem à paz, à prosperidade e à felicidade em África, têm como empenho fazer todos os
possíveis para que o continente africano não tenha senão Estados vassalos che-fiados por personalidades objecto de chantagens. O que emerge dessa realidade
11 Apelo Cabinda: http://cabindapeoplesvoice.home.blog/2020/04/23/apelo-cabinda-ao-presidente-de-angola ONU: https://cabindapeoplesvoicehome.files.wordpress.com/2020/05/cabinda-in-un-ga-resolution-2144-xxi.pdf
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é que os chefes de Estado africanos, objecto de chantagens, são tão vítimas de
diktat estrangeiro quanto as nações que governam e representam. Em vista dis-so, não é sensato hostilizá-los partindo de julgamentos prematuros, subjectivos,
ou de manipulações políticas. Actos de hostilidade excessiva e cega contra che-fes de Estado africanos em exercício, fazem com que os imperialistas os substi-
tuam, pacífica ou brutalmente. Os substituem não para melhorar a situação dos direitos humanos, mas sim para agravá-la. Prudência, ou circunspecção, é a vir-
tude que nos faz conseguir o que desejamos, evitando todos os perigos.
Os dirigentes africanos, em especial os que estão à cabeça de Estados vassa-
los e são por isso objecto de chantagens multiformes, temem, justificadamente, que lhes seja reservado um terrível destino. Pois sabem que ser um líder íntegro
e empenhado em trabalhar pelo bem-comum de todos e de cada cidadão nacio-nal, é chamar para si um destino que infunde terror, semelhante ao que foi dado
a líderes como Patrice Lumumba e Joseph Kasavubu (RDC), Fulbert Youlou (Congo-Brazzaville), Thomas Sankara (Burkina Faso), Muammar al-Gaddafi
(Líbia), Bantu Stephen Biko (África do Sul), Viriato Clemente da Cruz e Nito Alves (Angola), e assim sucessivamente. Ao aperceber-se e dizer que “o mais
importante é resolver o problema do povo,” Dr. Agostinho Neto assinou a sua própria sentença de morte. O temor é tal que José Eduardo dos Santos não ou-
sou dar atenção às enormes dificuldades com que são diariamente confrontadas as massas populares, e não é de esperar que João Lourenço, ou qualquer líder da
oposição, venha a ousar.
Cabe ao Congresso dos Povos de Angola fazer desaparcer esse temor e final-
mente fazer de Angola um país verdadeiramente soberano, florescente e feliz. Para tal, é indispensável que os jovens de Angola, Cabinda e de África reatem
o mais depressa possível com a história e a cultura africanas. Só assim seremos novamente originais em tudo, i.e. no pensar, no agir, no ser e no estar.
Bartolomeu Capita (Irmão) Presidência Conjunta, Movimento Nacional Cabinda
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Sofia Carlota de Mecklemburgo-Strelitz
(Mestiça/1744-1818), Rainha do Reino Unido
da Grã-Bretanha e Irlanda, e de Hanôver.
Filipe II, o Prudente (Mestiço/1527-1598), Rei de
Espanha (1556-1598) e de Portugal (1581-1598),
como Filipe I. Pertenceu à Casa de Habsburgo.
Sacro Imperador Romano, e Rei dos reinos
espanhóis, Carlos V (Preto/1500-1558) Pai
do Rei Filipe II com D. Isabel de Portugal.
Ísis, cuja veneração espalhou-se pelo mundo fora,
foi, na mitologia Egípcia (Africana), a matriz da
vida eterna. Osíris, o marido. Hórus, o filho.
Uma das mais antigas imagens conhecidas
de Yeshua, i.e. Jesus Cristo. Encontra-se na
Rússia, em Museus e Catedrais.
Ícone Ortodoxo russo da Santíssima Trindade do
Antigo Testamento, com um revestimento de prata
dourado, Kiev, c. 1835. Diálogo eterno dos Três.
A primeira imagem conhecida de (Yeshua)
Jesus Cristo, do Museu Copta no Cairo, Egipto.
Os Mouros da Península Ibérica ou
Al-Andaluz e a Realeza preta
escondida da Europa.
É preciso que a
Igreja de Cristo em
África reate com os
mais antigos ícones
de Jesus Cristo e da
Santíssima Virgem
Maria que retratam
a autenticidade dos
personagens, isto é,
como pretos. Se a
instrumentalização
do Cristianismo e a
falsificação dos
ícones ajudaram os
supremacistas bran-
cos a desgraçar os
Africanos, reatar
com a verdade é
indemnizar as almas
vitimadas de África.