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Há em Angola cada vez mais Almas acesas, cujas questões e achegas requerem respostas e consideração, por forma a restaurar a digni- dade dos angolanos dentro e fora do país. MOVIMENTO NACIONAL CABINDA FACEBOOK/BARTOLOMEU_CAPITA TWITTER/@BCAPITA LINKEDIN/CABINDA_INDEPENDENT Berlim, 15 de Junho de 2020

Há em Angola cada vez mais Almas acesas, cujas questões e ... · sob liderança do tandem Neto-Lara foram tais que o grau de credibilidade do MPLA caiu abaixo de zero. Em julho

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Page 1: Há em Angola cada vez mais Almas acesas, cujas questões e ... · sob liderança do tandem Neto-Lara foram tais que o grau de credibilidade do MPLA caiu abaixo de zero. Em julho

Há em Angola cada vez mais Almas acesas,

cujas questões e achegas requerem respostas

e consideração, por forma a restaurar a digni-

dade dos angolanos dentro e fora do país.

MOVIMENTO NACIONAL CABINDA FACEBOOK/BARTOLOMEU_CAPITA TWITTER/@BCAPITA LINKEDIN/CABINDA_INDEPENDENT

Berlim, 15 de Junho de 2020

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Cabinda

“A Angola que temos não é a Angola pela qual se lutou.” ― Sizaltina Cutaia

“Como é que um país banhado por um oceano atlântico

importa sal?” ― Tânia de Carvalho

“O preto que está no poder está a criar formas de oprimir

semelhantes às do colono, ou piores.” ― Gangsta

“A população, cada dia mais pobre, não é tida nem

achada quando se conta os dinheiros dos petróleos.” ― Bonga Kwenda

“Vamos sentar, conversar e debater para encontrarmos

soluções para os nossos problemas.” ― Dog Murras

Bartolomeu Capita (Sr.)

Refugiado sob mandato do ACNUR

Presidência Conjunta, Movimento Nacional Cabinda

E-mail: [email protected]

Tel.: +49 (0) 176 3068 3616

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Conversa com as Almas acesas de Angola

Regozijo-me por ver a emersão em Angola de Almas cada vez mais acesas, i.e. de cidadãos destemidos buscando sinceramente a verdade sobre a res publica

angolana. Já que o objectivo daquele que busca a verdade é eliminar o véu da ignorância, não posso deixar de manifestar o meu regozijo. A meu ver, as almas

acesas de Angola são chamadas a ser o alicerce da paz verdadeira, ou melhor, da convivência verdadeira entre Angolanos, entre Angolanos e Cabindas, bem

como entre estes dois últimos e os restantes povos de África e do mundo no seu todo. A alma daquele que busca a verdade é por natureza humilde, desprecon-

ceituada, objectiva, e aberta à crítica e ao debate por forma a chegar a um acordo com a parte oponente. Quero desde já convidar as Almas inflamadas de Angola

a enveredar por intercâmbios hsitórico-culturais com o Movimento Nacional Cabinda, por forma a realizarmos o sonho maravilhoso do ínclito Dr. Kwame

Nkrumah, citação:

“A nossa independência não tem sentido, a menos que esteja ligada à libertação total da

África.” ― Dr. Kwame Nkrumah

Prezada Sizaltina Cutaia,

a Angola que tendes é a Angola pela qual a facção do MPLA liderada por

Agostinho Neto e Lúcio Lara lutou. Essa é, lamentavelmente, a verdade nua e crua. A depravação da facção “Neto-Lara,” que acabou por fazer da indepen-

dência de Angola uma independência malograda, foi desde a década de 1960 observada e combatida não só por angolanos pertencentes ao próprio MPLA e

a outros movimentos de libertação angolanos, mas também por vários líderes

africanos da época. Numa resposta escrita ao Dr. Agostinho Neto (MPLA) da-

tada de 8 de agosto de 1962, Holden Roberto (FNLA) descreve-nos o MPLA tal qual o conhecemos hoje. O seguinte excerto da resposta fala por si.

“Quanto à desorganização do nacionalismo angolano, a que se refere na sua carta,

não existe nada disso senão na sua imaginação, baseada sem dúvida na desordem que preside à acção do seu partido, o MPLA. Causar confusão na mente das pessoas,

servir-se da denigração sistemática, fazer uso da difamação, ter o complexo de

superioridade e aceitar a corrupção, eis o que a sua política prova ser. Uma política

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dessa natureza, coroada de corrupção, não dá frutos porque as massas angolanas

desfavorecidas acabarão por perceber, um dia, que por detrás da dialéctica do MPLA

esconde-se o neocolonialismo que alguns desejam ver implantar em Angola de modo a perpetuar a escravidão do nosso povo.”1

Já em 1963, a corrupção e o uso de métodos autocráticos no seio do MPLA sob liderança do tandem Neto-Lara foram tais que o grau de credibilidade do

MPLA caiu abaixo de zero. Em julho (1963), Viriato Clemente da Cruz, injus-tamente rotulado como fraccionista e radical, é expulso do MPLA por António

Agostinho Neto e Lúcio Lara. Segundo estes, por motivos de indisciplina e am-bição pessoal. Em setembro de 1963, alguns meses depois do regime congolês

(RDC) ter enviado polícia para revistar o quartel-general do MPLA, Agostinho Neto e Lúcio Lara foram detidos sob acusações que vão de posse de documentos

falsos à posse ilegal e porte de armas de fogo. Pouco depois, o escritório e a clí-nica do MPLA em Kinshasa foram encerrados por ordem do governo congolês.

Os membros do MPLA liderado por Neto e Lara foram tornados personae non

gratae na RDC. Importa lembrar que Joseph Kasa-Vubu, da etnia Bacongo, era o presidente da RDC na época.

Uma coisa é certa: Holden Roberto não se enganou na sua antecipada des-crição do perfil político do MPLA uma vez no poder em Angola. Isso quer dizer

que a Angola que tendes hoje não é a Angola pela qual Holden Roberto lutou, e muito menos a Angola preconizada pelo nacionalista Viriato da Cruz.

As minhas pesquisas permitem-me afirmar, de modo peremptório, que só conhecendo o que divergiu Viriato da Cruz da facção “Neto-Lara” é que os An-

golanos poderão ver com nitidez como recolocar Angola nos carris. Isto é, como pôr definitivamente termo à corrupção e restituir aos angolanos a dignidade e

o direito à auto-determinação que perderam completamente desde a usurpação do poder pelo MPLA. Viriato da Cruz tinha uma visão do país diametralmente

oposta à da facção “Neto-Lara.” Basta dizer que o primeiro era nacionalista, ao passo que a facção “Neto-Lara” era/é internacionalista. “Vamos descobrir An-

gola,” eis o distintivo da inclinação político-ideológica de Viriato da Cruz. Para mais detalhes, recomendo a leitura do subcapítulo “A guerra da independência

do MPLA e a crucificação de Viriato da Cruz” no livro2 da minha autoria.

1 Dia Kassembe, Angola : 20 Ans de Guerre Civile, L’Harmattan, Paris 1995, pp. 233-234. 2 Bartolomeu Capita, Cabinda: Obama’s Challenges in Africa, Lisbon and London: Chiado Publishing (2013), pp. 477-489.

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Prezada Tânia de Carvalho,

o facto de Angola importar sal, apesar de ser um país banhado pelo oceano

atlântico, tem necessariamente uma explicação. Porém, com vários matizes. É oportuno e relevante realçar que a Angola pela qual a facção “Neto-Lara” lutou

não é compatível com a Angola aspirada pela população angolana, na sua esma-gadora maioria. O MPLA, encabeçado por Neto e Lara, foi extirpado da sua

matriz nacionalista e tornado numa entidade internacionalista desprovida da sua própria alma, i.e. da sua própria identidade cultural. Foi tornado internacio-

nalista, isto é, alheio ou indiferente ao sentimento e às aspirações nacionalistas angolanos, para defender interesses exclusivamente estrangeiros.

Não obstante a retórica política do MPLA e de seus adeptos dentro e fora do país, Angola está hoje mais pobre do que estava sob o regime imperial portu-

guês liderado por Dr. António de Oliveira Salazar. A este propósito, vale a pena tomar em consideração o relato de Fidel Castro, datado de 1977, ao então chefe

de Estado da Alemanha do Leste, nomeadamente o senhor Erich Honecker.

“Nas nossas conversações com [o Presidente angolano Agostinho] Neto, salientá-

mos a necessidade absoluta de alcançar um nível de desenvolvimento económico

comparável ao que existia sob o colonialismo [português].”3

Em 45 anos de independência, Angola, um país com imensa extensão terri-torial, um país dotado de um capital histórico, cultural e geopolítico notável,

um país que dispõe de enormes recursos naturais, em particular de petróleo e de minerais, não conseguiu atingir o nível de desenvolvimento económico que

precedeu a independência em 1975. Nem mesmo foi capaz de proezas dignas de nota, como as cubanas, nos domínios da saúde e do ensino, por exemplo. Existe,

porém, todo um conjunto de factores internos e externos susceptíveis de expli-car esse fracasso, ou desgraça político-económica.

Entre os factores internos, destaca-se o frágil sentimento de auto-estima que se verifica na pessoa de Agostinho Neto, bem como na grande maioria dos

povos africanos que experimentaram o jugo colonial europeu. A auto-estima

3 Piero Gleijeses, Havana’s Policy in Africa, 1959-76: New Evidence from Cuban Archives, in Cold War International History Project Bulletin (Issues 8-9, Winter 1996/1997), pp. 18-19.

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pode ser tida como o sistema imunitário da consciência. O seu desenvolvimen-

to é o caminho à paz espiritual e ao auto-domínio. Frágil sentimento ou déficit de auto-estima é uma psicose, i.e. um desequilíbrio psicológico. A psicologia

afirma, de modo peremptório, que o “equilíbrio psicológico” é a ferramenta da “perfeição humana” e que, sem ele [equilíbrio], não há nada de autêntico que

possa ser alcançado. Importa lembrar que o lamentável déficit de auto-estima nos povos africanos resulta do [subconsciente] complexo de inferioridade que

data de há muitos séculos. Esse sentimento de inferioridade surge na sequência das derrotas militares sofridas durante séculos. Essas derrotas infligidas por

nações invasoras e imperialistas europeias, e que abriram caminho para a venda e redução dos africanos à escravatura e à exploração colonialista, acabaram por

fortificar o complexo de inferioridade que nos cabe hoje fazer desaparecer.

Quando não há equilíbrio psicológico, caímos no pseudo-amor que se limita

a receber e a granjear dos outros, sem nunca podermos ser capazes de dar. Na verdade, qualquer doença, qualquer anomalia psicológica, separa o ser humano

de si mesmo; isto é, da sua capacidade de amar, de fazer o bem e de ser grato ao seu Criador. Mais pormenores podem ser consultados no subcapítulo “O que

perturbou o equilíbrio mental de Agostinho Neto” na obra supracitada4.

Os factores externos, por sua vez, têm a ver com o apetite voraz das nações

imperialistas e colonialistas de ontem e de hoje. O imperialismo, tanto como ideologia e quanto como corrente política apostadas em apoderar-se das rique-

zas e recursos naturais de nações indefesas, sempre deixou atrás de si injustiça, corrupção, guerras, pobreza e todas as formas de opressão. A partir do momento

em que apreendemos o papel destrutivo que o imperialismo desempenha em África, a exiguidade do grau de responsabilidade dos chefes de Estado africanos

no retrocesso sócio-económico de seus respectivos países vem imediatamente ao de cima. As populações dos países africanos acima do Equador estão a ser,

dia após dia, menos severos para com seus governantes. Isso deve-se ao facto de terem conseguido desvendar do mecanismo imperialista, o “Franco CFA,”

através do qual os imperialistas privam os povos francófonos da África de seus próprios meios de subsistência, avaliados em mais de 440 mil milhões de dóla-

res por ano. Quem dera que os Angolanos pudessem identificar o mecanismo imperialista que faz deles uma população empobrecida e cada vez mais pobre!

4 Bartolomeu Capita, op. cit., pp. 489-500.

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Prezado Gangsta,

é verdade que o preto no poder está a criar formas de opressão, de injustiça

e de divisões na sociedade piores do que as do sistema imperialista e colonialista europeu. É também verdade que as condições de vida dos angolanos ao longo

dos dez anos que precederam a independência (1975) não têm nada a invejar às das gerações pós-independência. Trata-se aqui de um fenómeno bastante preo-

cupante. Mas como explicá-lo?

A explicação é simples. Porém, para explicá-lo adequadamente, a condição

sine qua non é libertarmo-nos, de uma vez por todas, da ingenuidade, do etno-politismo, assim como do subjectivismo. O chão da postura cosmopolita que se

impõe tomar é, sem dúvida, um extenso conhecimento da história nacional e, ao mesmo tempo, da história universal, com a tónica colocada na da Europa.

As intervenções imperialistas em África, que culminaram na derrocada das ins-tituições políticas, na desorientação e ulterior desconcerto social, na escravidão

e o tráfico negreiro, e finalmente na colonização e exploração colonialista, não aconteceram acidentalmente. Foram, sim, frutos ou produtos de conspirações.

Já em 1962, como vimos atrás, Holden Roberto alertou que por detrás da dialéctica do MPLA escondia-se o neocolonialismo que “alguns” desejavam ver

implantar em Angola de modo a perpetuar a escravidão do povo angolano. Ele [Holden Roberto] apercebeu-se da existência de entidades que já conspiravam

contra a futura soberania de Angola, i.e. contra o bem-estar dos angolanos. O facto de Angola [MPLA] não ser capaz de satisfazer as necessidades da geração

presente, nem de garantir a sobrevivência das gerações futuras, não é senão o resultado do trabalho [conspiração] de quantos apostaram no neocolonialismo

em Angola. A ingenuidade e a imprudência fazem com que os chefes de Estado africanos sejam sucessivamente tornados em simples peões no tabuleiro do xa-

drez internacional. A fim de perpetuar a exploração e a pilhagem das riquezas e recursos naturais dos países africanos, os imperalistas e colonialistas devem

necessariamente manter o joelho sufocador no pescoço dos governantes africanos e, por extensão, no de suas respectivas populações. Eis porque é nosso dever e

nossa missão resgatar os chefes de Estado africanos tornados reféns.

O que é uma conspiração? Quem conhece alguma coisa sobre a história sa-

be que ela [história] é baseada em conspirações, de uma ponta à outra. Quer

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queiramos quer não, a conspiração é o motor da história. A conspiração tem

três componentes. Primeiro, tem de envolver duas ou mais pessoas; em segun-do lugar, tem de usar tácticas que sejam imorais ou pelo menos usem coerção;

em terceiro lugar, o objetivo destas tácticas tem de ser ilegal ou imoral. Se você tem estes três elementos, então está a lidar com uma conspiração. Conspiração

é um plano secreto de um grupo para fazer algo ilegal ou nocivo.

A partilha de África na Conferência de Berlim (1884-1885), que resultou na

ocupação e anexação de territórios africanos por nações imperialistas europeias, foi resultado de uma conspiração. Essa partilha tem ainda hoje consequências

perniciosas para as sociedades africanas. A Conferência de Yalta (Grã-Bretanha, EUA, União Soviética) que ocorreu em 1945, da qual nasceu a maliciosa Carta

do Imperialismo5 pouco conhecida do público em geral, foi, quer queiramos quer não, uma reunião conspiratória. As conversações relativas à África travadas

entre Portugal e os EUA em 1955, nas quais as partes acordaram que “a própria existência da Europa Ocidental depende dos recursos de África e do contínuo

controlo exercido pelas potências da Europa Ocidental sobre o continente afri-cano,”6 cheiram conspiração.

Em 1974, Dr. Henry Kissinger, um eminente político norte-americano, re-comendou o despovoamento dos países menos desenvolvidos, a fim de garantir

aos EUA um acesso gratuito às respectivas riquezas e recursos naturais. É disso que se trata no Memorando de Segurança Nacional 200, datado de 24 de Abril de

1974, sob o título: Implicações do crescimento da população mundial para a segurança

e interesses ultramarinos dos EUA7. Carrol Quigley, então professor na Universi-

dade Georgetown, afirmou, citação: “No final do século XIX, uma sociedade secreta foi formada na Inglaterra por Cecil Rhodes. Todos os grandes aconteci-

mentos da história, desde a 1ª guerra mundial, têm sido dominados e dirigidos em grande medida por esta sociedade secreta.”8 Uma das várias finalidades des-

ta sociedade oculta consiste em absorver gradualmente as riquezas do mundo. Cabe aos Africanos livrar a África dessas maquinações, i.e. fazer com que os conspi-

radores, de uma vez por todas, “tirem o joelho dos nossos pescoços.” 5 Carta do Imperialismo: https://cabindacitizenship.files.wordpress.com/2020/06/denouncing-the-charter-of-imperialism.pdf 6 Conversações Portugal-USA: https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1955-57v27/d148 7 Kissinger, Eugenia e Despovoamento: https://rense.com/general59/kissingereugenics.htm 8 Vide livros de Carrol Quigley: The Anglo-American Establishment e Tragedy & Hope: A History of the World in Our Time. Vide The Quigley Formula, E.G. Griffin: https://youtu.be/ynVqPnMQ2sI

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Prezado Bonga Kwenda,

é verdade que a população angolana, cada dia mais pobre, não é tida nem

achada quando se conta os dinheiros dos diamantes, petróleos, etc.. Não foi ti-da nem achada com Agostinho Neto; não foi tida nem achada com José Eduardo

dos Santos; não é tida nem achada com João Lourenço; e não será tida nem achada com quem quer que seja no poder, enquanto os Angolanos não arrogarem-se o

direito de se exprimirem como Congresso dos Povos de Angola, de romperem com o sistema político e administrativo que não faz senão prestar vassalagem às po-

tências imperialistas! A legitimidade e relevância desse Congresso são confirma- das, de antemão, pelas Resoluções 1514 (XV) e 1803 (XVII) adoptadas pela AG

das Nações Unidas a 14 de dezembro de 1960 e 1962 respectivamente.

As entidades maliciosas que durante cinco séculos dizimaram milhões de

africanos, e forçaram outros tantos à escravatura, estão hoje apostadas em fazer desaparecer a “raça preta” da face da Terra, por forma a apropriarem-se indevi-

damente, e para sempre, não só do seu rico patrimônio cultural, mas também das riquezas e recursos naturais do continente africano. Essas entidades dano-

sas fizeram tudo não só para comprometer a autoridade moral da futura Angola independente, mas também para que a população desta última não viesse a ser

tida nem achada na contagem dos dinheiros dos petróleos e diamantes. No pri-meiro caso, envolveram Angola na trama contra o direito de Cabinda a reaver

a sua soberania política, como demonstram a Resolução 1542 (XV) da AG das Nações Unidas, datada de 15 de dezembro de 1960; e os malogrados Acordos de

Alvor (Luso-Angolanos) de 15 de janeiro de 1975. No secundo caso, fomentaram a guerra civil por forma a fazer de Angola um país atolado na dívida, e a fazer

dos angolanos uma população enterrada até ao pescoço a fim de ser apedrejada pelos transeuntes.

A malícia dos imperialistas é tal que as dívidas que o Governo angolano (MPLA) contraiu entre 1975 e 2017 duplicam, triplicam e quadruplicam a cada

ano que passa. Assim cresce o juro capitalista ou rendimento de dinheiro em-prestado! Esse crescimento infernal predispõe as populações de Angola, assim

como as de Cabinda, já enterradas até ao pescoço, a continuarem a ser apedraja-das pelos imperialistas nos próximos cem anos ou mais. Importa sublinhar, no

entanto, que o apedrejamento é levado a cabo por intermédio do Estado vassalo de Angola, do qual o MPLA e a UNITA são parte integrante.

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A dívida é o mecanismo diabólico concebido para absorver gradualmente

as riquezas de Angola e Cabinda, e simultaneamente despovoar os dois países. Privar um povo dos seus próprios meios de subsistência é condená-lo a desapa-

recer. A questão urgente que agora se coloca é a de saber “como e quem pode pôr termo à crucificação das massas populares angolanas e cabindas.” À luz do

direito internacional público, Dívida Odiosa, tcc dívida ilegítima, ou dívida dos ditadores, é uma teoria jurídica que sustenta que a dívida nacional incorrida por

um regime para fins que não servem os melhores interesses da nação, não deve ser compulsória. Eis o que afirma o perito russo, Aleksandr N. Zak, autor da

doutrina da dívida odiosa, citação:

“Se um poder despótico contrai uma dívida, não para satisfazer os interesses do

Estado, mas para fortificar o seu regime despótico, para reprimir a população que o

combate, etc., esta dívida é odiosa para a população do Estado como um todo. Esta dívida não é uma responsabilidade para a nação; é uma dívida de regime, dívida

pessoal do poder que a contraiu e, por consequência, anula-se com a queda do poder que a contraiu.”

A dívida externa incorrida pelo regime corrupto de Angola (MPLA) é, sem dúvida, uma dívida odiosa, i.e. ilegítima. É ilegítima porque o Estado angolano

representado pelo MPLA é uma instituição mercenária essencialmente ao ser-viço de entidades estrangeiras, mormente em Cabinda. Mais de 80% da dívida

angolana foi canalizada para a corrupção. Angolagate9, Paradise Papers, e Luanda

Leaks, por exemplo, trazem à luz os verdadeiros e únicos beneficiários da dívida

odiosa contraída pela ditadura angolana. A doutrina de Zak opõe-se ao princí-pio de sucessão do Estado, enunciado pela Convenção de Viena (1983) sobre a

sucessão dos Estados em matéria de bens, arquivos e de dívidas de Estados. É para dizer que o governo sucessor pode subtrair-se às obrigações do seu anteces-

sor, que lhe incumbiriam normalmente, pois “[estas] dívidas não respondem a nenhuma das condições que determinam a regularidade das dívidas do Estado,

a saber: os fundos disponibilizados pelas dívidas contraídas pelo Estado devem ser inteiramente utilizados na satisfação das necessidades essenciais e dos inte-

resses da população.”

9 9 Angolagate: https://sites.tufts.edu/corruptarmsdeals/angolagate/ Panama Papers: https://panamapapers.investigativecenters.org/angola/ https://projekte.sueddeutsche.de/paradisepapers/politik/where-does-angola-s-oil-wealth-end-up-e655516/ What happened to Angola's missing millions? https://youtu.be/0c3YsgvpWvA

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Por razões óbvias, o governo sucessor representado por João Lourenço não

tem como subtrair-se às obrigações do seu antecessor. Porém, nem a UNITA, uma vez no poder, teria como subtrair-se às obrigações do regime do MPLA. A

menos que um Congresso dos Povos de Angola consiga alçar-se e assumir as rédeas do governo, as populações de Angola e de Cabinda vão acabar por ser extermi-

nadas pela miséria e o desamparo, com a cumplicidade das “elites” de ambos os partidos, i.e. o MPLA e a UNITA.

N.B.: O regime de Mobutu Sese Seko no então Zaïre, hoje RDC, foi, como é do conhecimento de todos, uma ditadura sanguinária (1965-1997). E sabemos

todos como e com ajuda de quem conseguiu ele tomar o poder e consolidá-lo. Porém, enquanto os seus guardiões ocidentais absorviam os imensos recursos

do Congo, Mobutu foi maliciosamente deixado sem meios para a sua sobrevi-vência pública e privada, de modo a forçá-lo, ano após ano, a contrair dívidas

em nome do Estado. Enfraquecido pela natureza enganadora dos seus guardiões ocidentais, e endividado até ao pescoço, Mobutu ficou sem como ajudar os seus

cidadãos a ficar de pé.

Os vários milhares de milhões de empréstimos que Mobutu consegiu obter de nações e instituições financeiras ocidentais estão depositados em bancos oci-

dentais. Contudo, a devolução desse dinheiro ao povo congolês tornou-se tabu. Mais, nem sequer é permitido aos africanos perguntar de quanto foi o Congo

roubado pelos imperialistas ocidentais durante o reinado de Mobutu. No entan-to, os regimes que sucedem a Mobutu são constrangidos pelos “ocidentais” a

não subtraír-se às obrigações do regime de Mobutu no que diz respeito às dívi-das odiosas do “Estado.”

Através de um estudo minucioso, o Núcleo de Estudantes de Economia da

AAC (Associação Académica de Coimbra)10 dá-nos conta do estado de coisas na RDC, principalmente do papel negativo exercido pelo Banco Mundial e o

Fundo Monetário Internacional, cujas políticas de gestão dos recursos na RDC têm levantado graves preocupações em várias ONGs e junto de muitos outros

observadores.

10 Núcleo de Estudantes de Economia da AAC: http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/doc_06_07/mobutu_textos.pdf

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Prezado Dog Murras,

desde as chamadas descobertas marítimas, os povos africanos estão mer-

gulhados num sistema regido pela velha política de dividir para reinar. Fomos condicionados para termos medo e desconfiarmos sobremaneira um do outro.

As obras científico-pedagógicas dos notáveis intelectuais que se preocupam com a condição de vida dos africanos no mundo, e.g. Dr. Cheikh Anta Diop, Frantz

Fanon, Dr. John Henrik Clarke, Dr. Yosef A. ben-Jochannan, Gerald Massey, e muitos outros, são suficientemente poderosas para livrar os africanos do siste-

ma danoso em que fomos precipitados, intelectual e psicologicamente.

Para que estejamos verdadeiramente conscientes da necessidade de sentar,

conversar e debater a fim de encontrarmos as soluções apropriadas aos nossos problemas, a condição sine qua non é emergirmos do sistema regido pala velha

política de dividir para reinar, e afirmarmo-nos como homens e mulheres auto-determinados, i.e. como almas em fogo, ou que se acenderam. Estar consciente

dessa necessidade é ser capaz de se colocar no lugar do outro, pois só desse modo compreendemo-nos mais e partilhamos melhor.

A ocupação beligerante de Cabinda, tramada pelos imperialistas, é a mais perniciosa cilada em que Angola se deixou cair. E enquanto Angola continuar

a cumprir com obstinação os ditames das nações escravagistas que consistem em reprimir e degradar os Cabindas, por forma a perpetuar a espoliação das ri-

quezas desse território, jamais o Estado e o Povo angolanos serão capazes de incarnar os princípios da soberania universal dos Estados e do direito dos povos

à autodeterminação. A mais apropriada solução pacífica esboçada pelo MNC (Movimento Nacional Cabinda), com a qual saímos todos a ganhar, foi submetida

ao presidente João Lourenço para avaliação11. Trata-se de uma oportunidade única no seu gênero, pois é chamada a livrar Angola da armadilha em que caiu.

Não é novidade para ninguém que as nações e instituições que se opõem à paz, à prosperidade e à felicidade em África, têm como empenho fazer todos os

possíveis para que o continente africano não tenha senão Estados vassalos che-fiados por personalidades objecto de chantagens. O que emerge dessa realidade

11 Apelo Cabinda: http://cabindapeoplesvoice.home.blog/2020/04/23/apelo-cabinda-ao-presidente-de-angola ONU: https://cabindapeoplesvoicehome.files.wordpress.com/2020/05/cabinda-in-un-ga-resolution-2144-xxi.pdf

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é que os chefes de Estado africanos, objecto de chantagens, são tão vítimas de

diktat estrangeiro quanto as nações que governam e representam. Em vista dis-so, não é sensato hostilizá-los partindo de julgamentos prematuros, subjectivos,

ou de manipulações políticas. Actos de hostilidade excessiva e cega contra che-fes de Estado africanos em exercício, fazem com que os imperialistas os substi-

tuam, pacífica ou brutalmente. Os substituem não para melhorar a situação dos direitos humanos, mas sim para agravá-la. Prudência, ou circunspecção, é a vir-

tude que nos faz conseguir o que desejamos, evitando todos os perigos.

Os dirigentes africanos, em especial os que estão à cabeça de Estados vassa-

los e são por isso objecto de chantagens multiformes, temem, justificadamente, que lhes seja reservado um terrível destino. Pois sabem que ser um líder íntegro

e empenhado em trabalhar pelo bem-comum de todos e de cada cidadão nacio-nal, é chamar para si um destino que infunde terror, semelhante ao que foi dado

a líderes como Patrice Lumumba e Joseph Kasavubu (RDC), Fulbert Youlou (Congo-Brazzaville), Thomas Sankara (Burkina Faso), Muammar al-Gaddafi

(Líbia), Bantu Stephen Biko (África do Sul), Viriato Clemente da Cruz e Nito Alves (Angola), e assim sucessivamente. Ao aperceber-se e dizer que “o mais

importante é resolver o problema do povo,” Dr. Agostinho Neto assinou a sua própria sentença de morte. O temor é tal que José Eduardo dos Santos não ou-

sou dar atenção às enormes dificuldades com que são diariamente confrontadas as massas populares, e não é de esperar que João Lourenço, ou qualquer líder da

oposição, venha a ousar.

Cabe ao Congresso dos Povos de Angola fazer desaparcer esse temor e final-

mente fazer de Angola um país verdadeiramente soberano, florescente e feliz. Para tal, é indispensável que os jovens de Angola, Cabinda e de África reatem

o mais depressa possível com a história e a cultura africanas. Só assim seremos novamente originais em tudo, i.e. no pensar, no agir, no ser e no estar.

Bartolomeu Capita (Irmão) Presidência Conjunta, Movimento Nacional Cabinda

Page 14: Há em Angola cada vez mais Almas acesas, cujas questões e ... · sob liderança do tandem Neto-Lara foram tais que o grau de credibilidade do MPLA caiu abaixo de zero. Em julho

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Sofia Carlota de Mecklemburgo-Strelitz

(Mestiça/1744-1818), Rainha do Reino Unido

da Grã-Bretanha e Irlanda, e de Hanôver.

Filipe II, o Prudente (Mestiço/1527-1598), Rei de

Espanha (1556-1598) e de Portugal (1581-1598),

como Filipe I. Pertenceu à Casa de Habsburgo.

Sacro Imperador Romano, e Rei dos reinos

espanhóis, Carlos V (Preto/1500-1558) Pai

do Rei Filipe II com D. Isabel de Portugal.

Ísis, cuja veneração espalhou-se pelo mundo fora,

foi, na mitologia Egípcia (Africana), a matriz da

vida eterna. Osíris, o marido. Hórus, o filho.

Uma das mais antigas imagens conhecidas

de Yeshua, i.e. Jesus Cristo. Encontra-se na

Rússia, em Museus e Catedrais.

Ícone Ortodoxo russo da Santíssima Trindade do

Antigo Testamento, com um revestimento de prata

dourado, Kiev, c. 1835. Diálogo eterno dos Três.

A primeira imagem conhecida de (Yeshua)

Jesus Cristo, do Museu Copta no Cairo, Egipto.

Os Mouros da Península Ibérica ou

Al-Andaluz e a Realeza preta

escondida da Europa.

É preciso que a

Igreja de Cristo em

África reate com os

mais antigos ícones

de Jesus Cristo e da

Santíssima Virgem

Maria que retratam

a autenticidade dos

personagens, isto é,

como pretos. Se a

instrumentalização

do Cristianismo e a

falsificação dos

ícones ajudaram os

supremacistas bran-

cos a desgraçar os

Africanos, reatar

com a verdade é

indemnizar as almas

vitimadas de África.