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Proposta Ponte de Lima, 19 de Outubro de 2011 Monitora: Ana da Palma OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA A Viagem do ArteNauta (Hyakuchi) “Escreve-me uma paisagem” Giorgio Bergamini (citado por C. Magris, in Matvejevitch, 1992) indica-nos que o «verdadeiro Ulisses contemporâneo (...) deve (...) se aventurar mais na sua biblioteca, do que por ilhas desertas(...) », se podemos dizer que as viagens também se fazem pela leitura e pelo folhear dos livros de imagens, é natural que também se realizem pela experiência poética. O haiku (resultado de haikai com hokku), uma forma simples e, relativamente, livre de compor poemas, pode ser considerada como uma iniciação à viagem poética. Voltando ao mundo das coisas simples, que nos rodeiam, mas com toda a densidade emocional nelas contidas, o haiku é uma eclosão espontânea do olhar que se pode transformar em palavras. É uma imobilidade viva (Barthes, 1980: 828) que o aproxima da fotografia. Objetivo: Estimular a observação das coisas simples para iniciar à abordagem poética da vida pelo divertimento e pelas palavras. Esta abordagem poética do mundo, constitui um verdadeiro exercício de ginástica mental que dirige o olhar para a realidade que nos rodeia e leva-nos a tomar consciência do nosso espaço e a procurar nomear os seres e as coisas. O haiku permite resituar-nos no mundo do real com o olhar de quem vê. Público alvo: a partir dos 10 anos Grupos: até 10 participantes Duração: 60 minutos Local: o jardim ou um espaço alternativo coberto (dependendo da «configuração» meteorológica para dia 19 de outubro) Desenvolvimento da oficina: Um primeiro momento de breve descrição e explicação, ilustradas por leituras, do haiku. Num segundo momento, produção de haikus ligados ao tema do outono no jardim de Ponte de Lima.

Haiku folheto

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Page 1: Haiku folheto

Proposta

Ponte de Lima, 19 de Outubrode 2011

Monitora: Ana da PalmaOFICINA D

E E

SCRITA C

RIATIVA

A Viagem do ArteNauta

(Hyakuchi)

“Escreve-me

uma paisagem”

Giorgio Bergamini (citado por C. Magris, in Matvejevitch, 1992) indica-nos que o «verdadeiro Ulisses contemporâneo (...) deve (...) se aventurar mais na sua biblioteca, do que por ilhas desertas(...)», se podemos dizer que as viagens também se fazem pela leitura e pelo folhear dos livros de imagens, é natural que também se realizem pela experiência poética. O haiku (resultado de haikai com hokku), uma forma simples e, relativamente, livre de compor poemas, pode ser considerada como uma iniciação à viagem poética. Voltando ao mundo das coisas simples, que nos rodeiam, mas com toda a densidade emocional nelas contidas, o haiku é uma eclosão espontânea do olhar que se pode transformar em palavras. É uma imobilidade viva (Barthes, 1980: 828) que o aproxima da fotografia.

Objetivo:

Estimular a observação das coisas simples para iniciar à abordagem poética da vida pelo divertimento e pelas palavras. Esta abordagem poética do mundo, constitui um verdadeiro exercício de ginástica mental que dirige o olhar para a realidade que nos rodeia e leva-nos a tomar consciência do nosso espaço e a procurar nomear os seres e as coisas. O haiku permite resituar-nos no mundo do real com o olhar de quem vê.

Público alvo: a partir dos 10 anosGrupos: até 10 participantes

Duração: 60 minutos

Local: o jardim ou um espaço alternativo coberto (dependendo da «configuração» meteorológica para dia 19 de outubro)

Desenvolvimento da oficina: Um primeiro momento de breve descrição e explicação, ilustradas por leituras, do haiku. Num segundo momento, produção de haikus ligados ao tema do outono no jardim de Ponte de Lima.

Page 2: Haiku folheto

O que é o Haiku?O Haiku é uma forma poética breve e simples de origem japonesa, que surgiu no século XIX, cujas regras e definições foram reformuladas ao longo dos anos, sendo amplamente praticada por todos os poetas. Haiku é a combinação de duas palavras que correspondiam a dois tipos de poemas: o haikai poema cómico - e hoku poema da natureza. Reencontramos os primeiros haikus (tal como foram definidos e

Trabalhar o olhar e o sentirComunicar com o exterior, neste caso o jardim de Ponte de Lima, fazendo a ponte com o interior, isto é, o que sentimos por meio desse olhar ou observação, para, de seguida, escrevê-lo e dá-lo

ao leitor, devolvendo-o, deste modo, ao exterior.

Trabalhar o vocabulário temáticoSendo esta oficina dedicada ao outono no jardim é preciso esboçar um vocabulário naturalista/ ecológico

(fauna, flora) do conhecimento de algumas plantas do jardim, do outono, mas também dos cinco sentidos, dos momentos do dia, do tipo de luz, etc.

praticados no século XVIII) em poemas anteriores chamados Tanka. Estes eram compostos de duas partes, uma primeira de 17 sílabas, e uma segunda parte, geralmente composta por outro poeta, de 14 sílabas. Os haikus japoneses destinam-se a serem ditos de um único fôlego (6 ou 7 palavras em japonês) A métrica mais ou menos

Exemplos de Haikus

Faz tanto frioDa luz, já nenhum bicho Se aproxima (Shiki)

Que belo OutonoAli há fumoDe onde virá?(Shiki)

estabelecida pelos poetas ocidentais definiu 17 sílabas repartidas em 3 versos (5-7-5 sílabas). Contudo este formato não corresponde a uma dicção de único fôlego e os poetas contemporâneos que praticam esta f o r m a p o é t i c a e n c u r t a r a m substancialmente a dimensão dos versos para ir ao encontro do sopro único. O poeta-monge itinerante Basho fixou algumas das 8 regras de composição dos haikus, contudo, hoje em dia, apenas 5 permanecem, mais ou menos, respeitadas. Podemos dizer que as regras de composição dos haikus evoluem com os tempos. Contudo, sendo, esta oficina, uma iniciação ao haiku, iremos respeitar algumas destas regras: -os poemas terão de ser curtos respeitando as 17 sílabas, repartidas em 3 versos de, respectivamente, 5-7-5 sílabas; - sendo o outono o tema central, terão de explorar o sentir de forma genuína, expressiva, maravilhada, escrever as imagens sensoriais para descrever uma coisa simples; - o haiku será escrito no presente, sem rimas e sem metáforas;- explorar os cinco sentidos;- explorar o concreto e o quotidiano;