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HELL DIVINE - Edição Nº14

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Revista digital em formato PDF voltada ao Metal e seus mais variados estilos. Confiram todas as edições! Acesse www.helldivine.com e faça o download!

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Editor Chefe: Pedro HumangousRedatores: Augusto Hunter e Yuri AzaghalDesigner: Douglas VeigaPublicidade: Maicon LeiteRevisão: Fernanda CunhaWeb Designer: William VilelaColaboradores: Christiano K.O.D.A, Júnior Frascá, Marcos Garcia e Luiz Ribeiro.

ENVIO DE MATERIAL:Rua Alecrim, Lote 4, Apt. 1301

Aguas Claras - Brasilia/DFCEP: 71909-360

EQUIPE 02CONHEÇA QUEM FAZ A HELLDIVINE

EDITORIAL 03NOTA DO EDITOR CHEFE

ENTREVISTAS 04ROTTING CHRIST, THE BLACK COFFINS, ANNEKE VAN GIERSBERGEN, TEST, FRADE NEGRO, EDU LANE, VODOO PRIEST, OPTICAL FAZE.

UPCOMING STORM 26CONHEÇA AS BANDAS QUE ESTÃO SURGINDO

RESENHAS 28DIVERSAS AVALIAÇÕES DA REVISTA PRA VOCÊ ACOMPANHAR

MOMENTO WTF 41BIZARRICES DO MUNDO DO ROCK

DIVINE DEATHMATCH 42LEIA A ANÁLISE DOS ULTIMOS LANÇAMENTOS PARA PC, PS3 E XBOX360

LIVE SHIT 46RESENHAS DOS ULTIMOS SHOWS NO BRASIL

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Quando começamos a estruturar uma nova revista de metal no Brasil, não tínhamos ideia do traBalho Que seria segurar no ar uma puBlicação desse porte, Que foi ganhando cada vez mais leitores e respeito. são mais de dois anos online e um traBalho aBsurdo sendo desenvolvido no dia a dia, nas redes sociais, etc. começamos 2013 muito Bem, com uma edição Bem interessante e os números voltando a crescer após um período de estaBilidade. e então, receBemos uma BomBa no colo para desarmar: ricardo thomaz, nosso designer desde a primeira edição, resolveu deixar a eQuipe. o fim foi Quase anunciado, mas nos mantivemos calmos, unidos e fomos em Busca de um novo reforço para essa vaga. eis então Que surge o

douglas veiga, o recém contratado para criar a destruição visual da hell divine! agradeço aQui puBlicamente ao ricardo por tudo o Que fez e desejo Boa

sorte em seus novos projetos. aproveito o espaço para dar ao douglas as Boas vindas ao time! com essa nova identidade visual, apresentamos a décima Quarta edição, contando com os gregos do rotting christ na capa, além dos destaQues nacionais do test e the Black coffins! além disso, conversamos com a coBiçada anneke van giersBergen, com o edu lane falando soBre o fim da tumBa, o frade negro,

voodoopriest e optical faze! em maio, faremos o segundo encontro oficial da eQuipe da revista, o chamado hellcontro! estão todos convidados a comparecer na galeria do rock, no dia 11 às 12h. mais informações você encontra na nossa página oficial do faceBook: faceBook.com/

helldivine. aproveite e dê um joinha!

nos vemos por lá! go to hell!!por pedro humangous.

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Faça tudo que tu queres no Reino do Metal

O nome da banda fala por si. Uma lenda na cena Black Metal por 26 anos, sendo a mais forte em seu país de origem (a Grécia), o Rotting Christ tem vastas legiões de fãs pelo mundo, sempre mostrando evolução por todos os anos de sua existência. Com a banda no Brasil em março (N.R.: esta entrevista foi realizada em fevereiro de 2013), para promover o lançamento de seu novo álbum “Kata Ton Daimona Eaytoy” (que é a pronúncia mais acertada do nome), Sakis, guitarrista e vocalista da banda, nos concedeu um pouco de seu tempo para falar sobre o passado, presente e futuro.

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Hell Divine – Sobre o álbum vindouro “Κατά τον Δαίμονα του Ἐαυτοῦ”, ou “Kata Ton Daimona Eaytoy”, que significa “Faça tudo que tu queres”, uma das frases mais icônicas de Aleyster Crowley, há alguma associação com o trabalho dele, em especial com “Liber Al Vel Legis”, o mais famoso dos livros de Crowley?

Sakis: Admito que sempre fui um seguidor da “filosofia” de Crowley, mas neste álbum não há associação com ela. Este é um título artificial que nos foi dado pelo nosso selo (N.R.: Season of Mist) para ajudar o álbum na imprensa. Dar um nome em grego a um álbum, obviamente, trará problemas por todo o mundo, pois ninguém hoje em dia pode ler ou escrever caracteres gregos, especialmente quando eles são parcialmente em grego antigo. Assim, eles chegaram a este título que é muito próximo ao significado de KATA TON DEMONA EAFTOU, e eu gostaria de adicionar que “verdadeiro a seu próprio espírito” como um lema, uma máxima, toda uma atitude que se segue na banda desde os tempos de “Non Serviam”.

Hell Divine – Ainda sobre o novo CD, poderia nos falar como foi o processo de composição e gravação por trás dele? Vemos que a banda teve uma mudança em sua formação, então, foram os membros anteriores que gravaram o CD, ou os novos?

Sakis: Sim, tivemos algumas mudanças na formação, mas nada mudou no resultado final, uma vez que meu irmão e eu (N.R.: Themis, baterista da banda), os membros fundadores, ainda estamos na banda, logo, o espírito ainda está vivo. Mesmo porque, como o álbum foi composto mim (o único compositor desde o início) e produzido por mim, então ele é um álbum do Rotting Christ 100% puro.

Hell Divine – Vemos também que a banda está sempre em um constante processo de evolução desde sua aparição, em 1993, quando todas as cenas de Black Metal da Europa se tornaram bem conhecidas do público. Então, o que podemos esperar de “Kata Ton Daimona Eaytoy”? Como pudemos ver pela nova música “In Yumen-Xibalba”, que está no Youtube, a banda evoluiu mais um pouco, mas ainda mantendo sua personalidade.

Sakis: Vocês podem esperar nosso mais negro lançamento nunca antes feito, um dos mais esotéricos e ocultos álbuns da banda, podem esperar um progresso musical que respeita as raízes METAL da banda, e também podem esperar uma viagem pelo ocultismo antigo, uma viagem multicultural pelo passado. Tenha uma boa viagem.

Hell Divine – Vamos falar um pouco do passado. Desde que a banda começou, em 1987, cada CD tem sua própria personalidade, mostrando uma gama de estilos musical que, quando unidos, foram o núcleo do som da banda. Olhando para os tempos de “Thy Mighty Contract”, passando por todos os álbuns e chegando ao atual, o que pensa desse processo evolutivo como um todo?

Sakis: Devido à ordem da natureza, se algo não evoluir, ele morrerá! O Rotting Christ dá passos adiante disco

por disco e cada um deles revela-se um álbum que não soa ou que copia os anteriores. É claro que mantemos o espírito e nossas influências principais, mas lutamos para manter nossa personalidade em um mundo tão globalizado como o atual. E estamos orgulhosos quando categorizam nosso trabalho como Rotting Christ!

Hell Divine – Sobre as letras, desde o início, vocês usaram algumas referências anticristãs, mas quando chegaram ao “A Dead Poem” e ao “Sleep of the Angels”, os temas se tornaram mais subjetivos. Agora, mesmo com elementos anticristãos, as referências em grego surgiram, bem como a outras formas de cultura (como visto em “Santa Muerte”). É outra forma de evolução, como no caso da música, ou podemos dizer que você lê muito? E de um ponto de vista cultural, você vê a si mesmo como um promotor destas culturas?

Sakis: Nossa oposição contra o cristianismo e contra a religião, em geral, continua a mesma, mas buscamos por mais. Não podemos dizer por 25 anos “Danem-se as religiões”. Ok, elas são podres, mais existem muitos outros materiais místicos e esotéricos que queremos que sejam mencionados, e isso é um resultado de minha grande e infindável vontade de conhecimento.

Hell Divine – Ainda sobre as letras da banda: os temas usados em “Kata Ton Daimona Eaytoy” usam um conceito único, ou existem muitas fontes?

Sakis: “Kata Ton Daimona Eaytoy” é uma viagem, uma jornada pela sabedoria de civilizações antigas, pelo ocultismo que se ergue do lado negro de cada uma delas. Existem referências às antigas civilizações dos incas e maias até os gregos antigos e mitos eslavos, idiomas antigos podem ser ouvidos aqui e ali, e todos preenchem um quebra-cabeça multicultural que caracteriza o álbum.

Hell Divine – Vocês são os pioneiros dentro do Black Metal, pois foram a primeira banda a usar de uma abordagem melódica em meio aos tempos rápidos, e sua música é

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intensa e ponderosa, mas muito negra e mórbida. Era algo assustador naquela época, como a banda sempre nos surpreende de CD para CD. Bem, como tiveram esta ideia? Foi algo planejado, ou veio de uma forma natural, uma maneira de expressarem seu background musical? Sakis: Agimos de forma espontânea e tudo aconteceu naturalmente. Somos a geração que cresceu ouvindo Venom e Bathory, e você pode entender que existem muitas coisas escondidas em nossos corações. É isso o que externamos com nossa música e preciso dizer que estamos felizes, e temos sorte por isso.

Hell Divine – Por falar em seu background musical, pode nos contar um pouco de suas primeiras influências musicais e das bandas que você e seu irmão costumavam ouvir nos anos 80? E sobre a cena Metal dos dias de hoje, pode nos falar um pouco dela? Existem muitas diferenças entre os anos 90 e agora?

Sakis: É claro, e existem diferenças. A maior delas, certamente, vocês podem ver em todas as formas de vida, e não apenas na música. O espírito tem mudado muito desde daqueles dias de puro romantismo. Costumávamos lutar por um propósito que era baseado mais nos humanos, e menos ou nunca por números que agora, infelizmente, grande parte da cena está lutando. Nunca

quisemos ser famosos. Tais indivíduos eram chamados de POSERS! O verdadeiro espírito tem desaparecido quase completamente, e me sinto feliz por ver alguma resistência das novas bandas do underground. A esperança é a última a morrer!

Hell Divine – Vocês estão voltando para uma turnê no Brasil e irão tocar em algumas

cidades pela primeira vez. O que esperam dessa turnê? Qual a característica mais marcante do povo do Metal brasileiro?

Sakis: Sem qualquer traço de elogio, considero os irmãos do Metal brasileiro como um dos melhores e mais quentes públicos em todo o mundo, porque vocês ainda estão mantendo o espírito vivo. Vocês têm um toque do passado e são orgulhosos dele, por isso, estamos orgulhosos de ir visitar sua terra novamente. Ah, sim, e sua mentalidade é bastante semelhante com a nossa grega, e não será excesso algum dizer que nos sentimos em casa quando estamos tocando em sua terra.

Por Marcos Garcia Colaboração Luiz Ribeiro Maia Junior

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Caixoes pretos abertosNão são muitas as bandas que, logo no début, geram tantos comentários e críticas positivas por aí. Dessa pequena parcela, faz parte o pessoal do The Black Coffins, que lançou recentemente o álbum “Dead Sky Sepulchre”, calcado no Death Metal Old School. A Hell Divine entrevistou o vocalista Thiago Vakka, figura conhecida na cena underground, para saber de mais detalhes sobre o disco, que conta com grandes participações especiais e uma arte gráfica sensacional. E ele adianta que já estão com um novo

EP gravado... Que se abram os caixões pretos!

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HELL DIVINE: A banda é relativamente nova, formada em 2011, mas já conta com um split e o recém-lançado full length “Dead Sky Sepulchre”. Poderia contar um breve histórico do grupo? De onde vem o nome?

THIAGO VAKKA: J. Martin (guitarra) e eu nos conhecemos há uns dez/doze anos e sempre falamos sobre tocarmos juntos. Até então não tinha rolado, porque ele esteve envolvido com o Infamous Glory por muito tempo e eu tinha alguns projetos. Em 2011, a ideia da banda foi ficando mais sólida. Começamos a pensar no nome, na estética dos sons e alguns riffs foram saindo nessa. Eu conhecia o M. Rabelo de shows por aí. Acabou que também trabalhamos na mesma empresa por um tempo, então foi a primeira opção para batera. O A. Beer eu conheci por meio do meu site, o Intervalo Banger. Falamo-nos algumas vezes e rolou o convite para ele fazer um teste, tocamos Celtic Frost e alguns riffs que acho que, à época, nem tinham virado música ainda, eram só rascunhos. Mas rolou uma identificação imediata e a banda segue com a mesma formação até hoje. Agora, em fevereiro, completamos dois anos de banda. O nome The Black Coffins veio do “Nosferatu The Vampyre”, de Werner Herzog. Ele envia os caixões pretos cheios de ratos para infestar a cidade e repete “the black coffins” várias vezes... Aquilo soou bem forte para mim e achei que poderia ser um bom nome para a banda.

HELL DIVINE: E falando propriamente do début, o que acharam do resultado final do disco? 100% satisfeitos?

THIAGO VAKKA: Cara, acho que depois de todo “trampo” finalizado, você olha para trás e sempre tem coisa que queria mudar, aqui ou ali. Deve ser assim com todo mundo. Acho que o resultado final ficou muito massa, totalmente fora do que um disco tradicional poderia soar, sem ser moderno, o que deu uma personalidade única para o disco. O pessoal tem gostado. Isso me deixa satisfeito.

HELL DIVINE: Já estão tendo feedback dos fãs?

THIAGO VAKKA: Cara, quem tem ouvido o disco tem

curtido... Recebemos comentários no nosso Facebook ou no da Black Hole Prod. É um disco bastante diferente do que tem saído por aí, então a reação é de surpresa. Acho que conseguimos mostrar nossa cara e, vez ou outra, recebemos notas em resenhas que nem estávamos esperando. Receber nota nove em três veículos diferentes e uma resenha espetacular no blog That’s How Kids Die foi muito gratificante. Posso dizer que a banda toda realmente ficou chocada em como a recepção foi excelente.

HELL DIVINE: E as participações especiais de peso, como foram? Contar com nomes como James (Facada) ou Marissa Martinez (Repulsion, Cretin) não é para qualquer um...

THIAGO VAKKA: Pois é! Ainda teve o Milosz Gassan, do Morne, e o Dimitry Globa (ex-Phurpa) que completam o quadro de participações do disco. Para a gente foi incrível demais ter esse pessoal no disco. Fez total diferença, mesmo durante a gravação, quando todos os convidados deram “ok”. Isso, obviamente, nos motivou muito mais. Com o Dimitry eu tive a liberdade de produzir as três músicas... Ele me mandou os arquivos raw, com algumas pistas de vozes com os cânticos, dos instrumentos que usou, e eu fui montando e mixando tudo conforme o clima da música. O melhor foi quando eu mostrei o resultado, ele adorou. Aliás, tem uma história que ele me contou há um tempo, um desses “causos”... Bom, um dos alunos dele outro dia perguntou, do nada, se ele era o cara do The Black Coffins, porque conhece a banda e tinha lido em alguma entrevista que demos para algum blog de fora onde mencionamos que o Dimitry era um russo e agora lecionava música no Egito. O cara juntou as coisas e acertou! O Dimitry veio todo feliz me contar!

HELL DIVINE: Falando nisso, como foi que chegaram até James e como surgiu a ideia de ele escrever a letra de “Transition: Compulsory”?

THIAGO VAKKA: Considero o James um irmão meu, nos conhecemos por conta do blog, publiquei o Facada lá algumas vezes e passamos a nos falar com mais frequência. Ainda em 2011, armamos dois shows no Centro-Oeste, sendo um no Distrito Federal e outro em Goiânia (no Brutal Fest)... Foi uma micro-turnê com o Facada e o The Black Coffins. Tocamos um cover do Discharge juntos e foi um baita rolê incrível! Todos do Facada são demais, gente finíssimas 100%. Sou fã deles como banda e como pessoas. No meio da gravação, me dei conta que estava faltando uma letra, mas que já tinha esgotado minha capacidade de escrever, estava muito cansado e no outro dia tinha essa música para gravar. Ele, na hora, disse que tinha uma letra mais Death Metal e perguntou se eu não queria testar. A linha de voz casou certinho de primeira, foi só lapidar algumas sobras e pronto! Parecia que tinha sido feita já para aquela música!

HELL DIVINE: Há alguma faixa em específico que vocês prefiram, ou que achem que representa bem o disco? Por quê?

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THIAGO VAKKA: Boa pergunta, acho que “Chambers of Eternal Sleep”. Ela foi a primeira que compusemos depois que gravamos o “Bvrial Breed” (N.R.: split com a banda Infamous Glory) e ela meio que deu o tom de como o resto do álbum soaria... Foi o carro chefe, com certeza. Acho que essa música resume tudo o que é o The Black Coffins por ter tudo o que esperamos de um som nosso. Death Metal, Punk, Doom... Tudo ali na medida em que achamos ideal. Se eu pudesse escolher outra, seria “The Cryptborn”, pelo clima da música.

HELL DIVINE: Existe algum tipo efeito vocal no disco? A impressão é que há quase sempre uma sobreposição de vozes.

THIAGO VAKKA: Exato, são sempre sobreposições de vozes.

Não tem efeito, a não ser a garganta, uma voz fazendo o berrado e a outra um semigutural. A ideia era que o disco soasse o mais caótico possível, mas ir além daquilo que uma banda se propõe e criar o caos vindo de todos os instrumentos, inclusive da voz. Acho que soma delas acaba trazendo esse sentimento.

HELL DIVINE: E a timbragem das guitarras, o que pode falar sobre elas? Aparentemente, elas remetem a gravações antigas, com um peso considerável, o que criou um efeito interessante no resultado final da gravação.

THIAGO VAKKA: Esse é o timbre que mais amo (risos)! Somos todos malucos por Death Metal sueco da safra Nihilist, Entombed, Unleashed, Carnage, Dismember e etc. Buscar esse timbre é meio que o nosso foco, tanto em gravações quanto ao vivo. Na gravação, é um pouco da soma de tudo. Saber o que está buscando, somado ao equipamento e alguém que consiga espremer esse suco. Por isso, trabalhar com o Bernardo, no Fábrica de Sonhos,

foi fundamental. Assim, achamos a guia que queríamos até bem rápido. O resto foi mágica de William Blackmon (mix/master), que é um demônio! Quando ouvimos aquilo, gordo daquele jeito, foi muito incrível!

HELL DIVINE: A paixão de vocês pelo Death Metal Old School é latente. O estilo já tem cerca de três décadas de existência e, pelo que percebemos, continua forte, embora não tão raiz quanto o de vocês, por exemplo. Em sua opinião, qual a importância de manter essa bandeira suspensa?

THIAGO VAKKA: Nós somos doentes por Death Metal, especificamente Old School! Além das que eu já citei, temos por influência o Death, Massacre, Master, Pestilence, Sinister, Asphyx, Bolt Thrower e por aí vai. Essas bandas são nossas maiores influências e podem vir todas bandas

ultra-técnicas e cheias de firulas, que jamais chegarão aos pés da boa e velha levada “um x um”. Cara, nós temos muito isso no sangue, mas acho que o Black Coffins tem mais a base calcada no Death Old School do que propriamente entregue isso, entende? Nossa ideia sempre foi fazer nosso som, chegar ao nosso timbre e produzir coisas que a gente goste. Tem muita banda, cada uma buscando seu espaço e acho que o pessoal vai se achando conforme vão produzindo. A gente vem produzindo muito e isso nos dá certa identidade. Tem uma banda que

ouvi recentemente, o Horrendous, dos Estados Unidos, e fiquei chocado como aquilo soava datado, num disco que saiu ano passado. A banda é o próprio filho do Pestilence com o Death, do álbum “Scream Blood Gore”. Depois que ouvi aquilo, tive a certeza que não se pode chegar mais Old School que aquilo (risos).

HELL DIVINE: A arte do encarte é fantástica. Como foi sua concepção e como é contar com a direção de arte de Fernando Camacho?

THIAGO VAKKA: Valeu! Cara, a arte fluiu bem demais. Entramos em contato com o pessoal da Viral Graphics, um estúdio de ilustração grego que conheci por meio de uns trabalhos animais que eles vinham fazendo para algumas bandas ótimas! Na época, passamos todo o conceito do disco e como chegamos nele. Eu estava interessado em tudo quanto era ritual fúnebre de outras civilizações e me impressionei demais com as “Towers of Silence”, dos Zoroastras, na Índia, e o “Sky Burial”, no Tibet. Aliás, a

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introdução do disco se chama “Dead Sky Burial” em referência a isso. Os caras piraram, me pediram alguns trechos das letras que eram específicos sobre o tema e eu mandei. Alguns dias depois, ele voltou com o conceito e nós aprovamos na hora! Era exatamente aquilo o que tínhamos em mente. O Camacho foi demais! Eu sou fã do trabalho dele em todos os discos que lança pelo selo. A direção de arte de “Bvrial Breed” foi feita por mim, que também trabalho com isso. Mas para ele é muito mais fácil, porque ele faz isso há muitos anos, então escolheu um papel diferente, teve todo o cuidado nos detalhes e todo mundo da banda pirou com o resultado.

HELL DIVINE: Planos para mais um videoclipe?

THIAGO VAKKA: Sim, senhor! Terminamos de gravar, em outubro, um EP, que se chamará “III. Graveyard Incantation” e deve sair em breve em vinil. Vamos fazer o clipe de um som do EP “A World of Plagues” e, desta vez, contaremos com uma estrutura maior e melhor.

HELL DIVINE: Agradeço a entrevista! Por favor, deixe uma última mensagem.

THIAGO VAKKA: Nós que agradecemos o convite e o interesse! Hail Satan!

Por Christiano K.O.D.A.

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Anneke Van Giersbergencom novas pessoas e novos parceiros, que foi muito inspirador também.

HELL DIVINE: Desde que saiu de sua antiga banda (The Gathering), você começou uma nova caminhada em sua carreira, primeiro com o Agua De Annique, agora usando seu nome. Por que a mudança?

AvG: Dois músicos que estavam comigo em Agua de Annique desde o início já não estavam na banda. Eu também senti que o álbum “Live in Europe” fechou um capítulo. O novo álbum tem um som novo e, além disso, não acho que muitas pessoas tenham compreendido porque eu comecei a trabalhar sob um apelido. Eu acho que eu estava com medo de ser o capitão do meu próprio navio, mas agora me sinto confiante o suficiente para mostrar ao mundo “esta sou eu!”.

HELL DIVINE: Uma questão única é sua voz única. Em todo esse tempo parece ficar sempre melhor. Como você cuida da sua voz?

AvG: Ah, obrigada. Bem, a verdade é que eu dificilmente pratico e sequer faço um aquecimento antes dos shows. Talvez quando eu ficar mais velha, mas por enquanto as

Anneke Van Giersbergen é uma das cantoras femininas mais talentosas que a cena Metal já pode ter visto no palco. Depois que começou sua carreira solo, ela conquistou mais fãs dentro do seu estilo mais calcado na sonoridade alternativa e com sua voz bela e suave. Agora, vindo para o Brasil para alguns shows em nossa terra, falamos com ela sobre seu novo álbum de estúdio chamado "Everything Is Changing" e seus planos futuros.

HELL DIVINE: Anneke, vamos começar a falar sobre o seu novo álbum, “Everything Is Changing”. Ele tem um toque pessoal para você? Você está passando ou passou por uma profunda mudança em sua vida? O que poderia nos dizer?

AvG: Para mim, a vida, em geral, é sempre uma mudança e como lidar com essas mudanças. Acredito em movimento, não na estagnação. Às vezes, as mudanças acontecem lentamente, mas, ultimamente, parece que tudo está acontecendo muito mais rápido. Posso ver isso no mundo em torno de nós; por exemplo, mais e mais pessoas não estão tolerando injustiça. Quando comecei a trabalhar neste álbum, não havia muita coisa acontecendo na minha vida profissional. Conheci e comecei a trabalhar

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coisas ainda vêm de maneira muito natural e fácil para mim.

HELL DIVINE: Em 2010, você excursionou pelo mundo ao lado de Danny Cavanagh (Anathema) em um duo de voz e guitarra. Como essa ideia surgiu? E dentro dessa experiência, é possível ter mais uma turnê como essa, juntando-se outro cantor ou repetindo-o com o Danny?

AvG: Falar de mim e do Anathema é refazer um longo caminho ao passado. Meu relacionamento com eles ficou mais próximo quando eu saí do The Gathering e o Danny e eu começamos a fazer música juntos, o que é uma experiência maravilhosa, é claro. Danny é um amigo querido e ainda fazemos shows acústicos regularmente. Em janeiro passado fomos para a Finlândia.

HELL DIVINE: Você gravou um monte de vocais para o Devin Townsend em seu projeto. Como foi a sessão? Eu vi algumas fotos da gravação e parecia ser muito divertido, estou certo?

AvG: Trabalhar com Devin é incrivelmente gratificante. Ele consegue levar todas as minhas habilidades para cantar suas composições e isso é muito desafiador. Eu gosto de testar meus limites com ele, mas, ao mesmo tempo, suas músicas soam tão intensas, criativas e, sinceramente, trabalhar com Devin é um sonho para qualquer músico. Nós nos tornamos bons amigos e, sim, Devin é muito engraçado!

HELL DIVINE: De todas as bandas em que você colocou sua voz em algumas faixas, qual foi a participação mais estranha solicitada e por quê?

AvG: Eu acho que trabalhar com o Napalm Death, porque, basicamente, eles queriam que eu fizesse uma palavra falada e apenas cantar um pouco. Eu amei o jeito que a canção ficou, eles são grandes pessoas também!

HELL DIVINE: Muito obrigado pelo seu tempo conosco. Por favor, deixe uma mensagem para os leitores da HELL DIVINE.

AvG: Obrigada! Não posso esperar para visitar o Brasil novamente e desfrutar da comida e pessoas maravilhosas. Vejo vocês em breve! Anneke XxX

por Augusto Hunter

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Praticamente todo o underground nacional já conhece essa dupla, que ganhou destaque por se apresentar em plena rua ao descer de um

furgão, montar o equipamento e mandar ver. Cada vez mais maduros, João Kombi (guitarra/

vocal) e Thiago Barata (bateria) não pararam e lançaram recentemente

“Arabe Macabre”, novo álbum que saiu virtualmente, depois em vinil e, em breve,

em CD. Num papo bem direto (e com algumas ironias), João Kombi falou sobre o trabalho e sobre o modo peculiar de se apresentarem.

HELL DIVINE: Como o novo álbum “Arabe Macabre” está se saindo? Como tem sido a resposta do público?

JOÃO KOMBI: A gente ficou muito feliz, saiu do jeito que a gente queria. O vinil ficou acima do esperado, ficou chique. O público gosta de qualquer coisa que uma banda que toca na rua lança.

HELL DIVINE: Vocês esperavam arrecadar tanto dinheiro para lançá-lo?JOÃO KOMBI: Esse lance de pedir cinquenta reais para lançar o disco foi para criticar a falta de “faça você mesmo” que tem rolado por aí. Arrecadamos mil reais e gastamos tudo com os pôsteres que as pessoas receberam por ajudar (espero que tenham recebido).

HELL DIVINE: O álbum não está mais disponível para download, certo? Como adquiri-lo?

JOÃO KOMBI: Tem para download sim, no www.testdeath.com/wordpress, porém como só saiu em vinil, o CD sai agora em 2013. Tem na Galeria (do Rock), nos shows ou pode pedir no [email protected].

HELL DIVINE: O disco conta com participações especiais de peso do nosso underground, como James (Facada) e Marcelo Appezatto (Hutt), entre outros. Saiu do jeito que queriam? Como foram essas contribuições?

JOÃO KOMBI: Todas as letras do Test foram feitas por pessoas que não são da banda, amigos que a gente gosta muito.

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Eu mando a linha de vocal pronta e eles fazem a letra em cima.

HELL DIVINE: O trabalho novamente sai do convencional em se tratando de Death/Grind/Crust e afins, com instrumental ultra-agressivo, mas bem quebrado. Vocês não curtem o lugar comum, certo? (risos)

JOÃO KOMBI: A gente faz o som e nem pensa muito a respeito, ultimamente eu estou com a cabeça mais reta que antes. HELL DIVINE: “Arabe Macabre” tem duração curta, com pouco mais de vinte minutos. Alguma razão especial para isso? É algo que tem se tornado recorrente no cenário – vide os últimos do Hutt e Facada, por exemplo. Você acha que isso é uma tendência no underground brasileiro, mais especificamente no Grind?

JOÃO KOMBI: A gente combinou na associação dos amigos do Grind, disco com mais de meia hora é disco de bundão.

HELL DIVINE: Já cogitaram ter um baixista?

JOÃO KOMBI: Nunca

HELL DIVINE: Vocês ficaram conhecidos pelo modo como se apresentam para o público. Como anda esse “procedimento” hoje? Com que frequência tocam descendo da Kombi?

JOÃO KOMBI: Sempre que rola um show de banda que a gente gosta ou algum evento que vai juntar um monte de metaleiro na porta, a gente tenta colocar as coisas e tocar.

HELL DIVINE: Aliás, o que se lembram do primeiro show nesses moldes? Muito nervosismo? Vocês “abriram” para qual banda?

JOÃO KOMBI: Até hoje, dá um nervoso grande nos dias desses shows. O primeiro foi na Virada Cultural de 2011 e, no dia seguinte, tocamos na porta do D.R.I.. Esse foi o mais incrível até hoje.

HELL DIVINE: E na recente turnê pela Europa, chegaram a se apresentar nesse esquema?

JOÃO KOMBI: Acho que a gente vai ter que comprar todo o equipamento lá fora pra conseguir fazer isso, ninguém tem coragem de nos emprestar. Fico feliz que depois da última turnê já tem gente fazendo igual, me mandaram um vídeo de um show do CAD nos mesmos moldes que o nosso, meses depois de eu falar para eles que queria fazer isso lá.

HELL DIVINE: Para encerrar, como se deu a oportunidade de tocarem no Obscene Extreme America, que será realizado no México? Seria esse o maior show da carreira até o momento?

JOÃO KOMBI: Esse festival tem as portas abertas para as bandas do underground do Brasil, só dinheiro que não tem. Acho que vai ser massa, mas não tem isso de maior show.

Por Christiano K.O.D.A.

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Cerca de 80% dos headbangers devem adorar a combinação Metal + cerveja, pois enquanto saciam os ouvidos escutando riffs poderosos, batidas pesadas e vozes alucinantes, possui como “contraponto” um líquido gelado para desacelerar o calor. E uma banda que faz isso muito bem é a catarinense Frade Negro.

Com quase dez anos de estrada, soltou no ano passado o álbum “Black Souls in the Abyss”, que é repleto de hinos do metal tradicional, com muito peso, força e rispidez. A banda, formada hoje por Rodrigo Santos (vocal), Murilo Soares (guitarra), M.E. Strelow (baixo) e João Ortiz (bateria) aproveitou o ótimo momento vivido e, nessa conversa para a HELL DIVINE, foram abordados (além de música e cevada) temas como shows, a capa e as consequências da tragédia de Santa Maria. Confiram.

HELL DIVINE: Ano passado, a banda lançou seu primeiro ál-bum completo, chamado “Black Souls in the Abyss”. Como está a sua repercussão e aceitação?

FRADE NEGRO: Está excelente! Estamos recebendo mui-tos elogios pelo trabalho apresentado, principalmente pelo fato de o álbum trazer à tona o Heavy Metal, sendo que, no momento, estilos como o Thrash e o Death Me-tal continuam em alta. Muitos comentários como “não há como definir o estilo de vocês” e “o som de vocês é dire-to e sem influências” é constante. É isso que queremos com o début, mostrar aos headbangers a cara do Frade Negro,  buscando uma originalidade  sem fi-car preso dentro de um estilo especifico.  E acho que acertamos, já que a aceitação do álbum está sendo incrível.

HD: O trabalho é distribuído pelos selos Kill Again Rec. e MS Metalpress. Como as parcerias surgiram e o que estão achando do trabalho de distribuição? O álbum está chegan-do a todos os cantos que a banda queria?

FRADE NEGRO: Gravamos o álbum de forma independente e procuramos selos para sua distribuição. O Eduardo Ma-cedo, responsável pela MS METAL RECORDS, que já traba-lhava conosco por meio de sua outra empresa, logo se prontificou em lançar o álbum assim que ficou sabendo do material. Enviamos também o material para o Rolldão, responsável pela KILL AGAIN RECORDS. Ele curtiu muito o som da banda e então fechamos a parceria. Hoje, devido ao trabalho dos selos, os headbangers podem encontrar o álbum em diversos lugares,  tanto na Europa quanto na

Metal e Cerveja

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América em geral.

HD: Os selos não são da terra da banda, Santa Catarina, mas de outros estados. Chegou a ser conversado sobre apresentações da banda por essas regiões?

FRADE NEGRO: Com certeza, e  estamos trabalhando para que esses shows sejam concretizados. Fora a região Sul, já temos um ou dois shows encaminhados no Nordeste para os próximos meses. E em outras regiões, como Centro Oeste e Sudeste, as coisas estão andando mais lentamente, mas estamos trabalhando e, sem dúvida, queremos muito tocar no Distrito Federal e na Bahia ainda esse ano.

HD: A capa foi uma grande sacada, com monges caveiras em seus mantos segurando símbolos cristãos como cruzes e a placa do novo testamento, numa espécie de peregrinação. Quem foi o artista e como surgiu a inspiração para a arte?

FRADE NEGRO: O cara que deu vida as nossas ideias para a arte da capa foi o norte americano Ed Repka. Ele não preci-sa de apresentações, ele é simplesmente f**a. Passamos a ele uma noção do que queríamos e já que todos da banda são fãs das capas do Megadeth, Nuclear Assault e, princi-palmente, do Death, deixamos ele bem à vontade para tra-balhar naquilo que ele achasse interessante. Quando vimos o esboço, já sabíamos que o resultado não poderia ter sido melhor. Ainda tivemos o privilégio de ser a primeira banda brasileira a possuir uma capa com a assinatura dele.

HD: A banda é praticante do Heavy tradicional com muito peso, velocidade e refrãos poderosos, ou seja, perfeito para tocar ao vivo. Vocês encaram as apresentações como uma celebração aos fãs de metal?

FRADE NEGRO: O álbum está excelente, mas como gostamos de estar em cima do palco, podemos garantir que ao vivo as músicas se tornam muito melhores do que em estúdio, fa-zendo a galera bater cabeça e explorar toda a empolgação e poder do show fazendo com que os headbangers desfru-tem de um momento único. Cada apresentação ao vivo é

encarada como se fosse a última.

HD: Além do CD e dos shows, a banda investe na marca de cervejas. Depois de lançarem a “Stout Frade Negro”, vocês lançaram recentemente a “Cream Stout Frade Ne-gro”. O que os motivaram para essas iniciativas e quais os critérios para a concepção do produto (sabor, embalagem, distribuição)?

FRADE NEGRO: Moramos em uma região que a cultura cerve-jeira é muito grande e temos vários amigos que produzem cerveja. Nosso vocalista Rodrigo Santos junto com Fernan-do Negrão, proprietário da extinta Columbanus Cervejas Especiais, deram a ideia de fazer uma cerveja com o nome Frade Negro e, como a bebida é unanimidade entre a banda, pensamos em uma cerveja forte de coloração escura e com sabor marcante, e nada melhor para isso que o estilo irlan-dês da Stout. Lançamos a Stout Frade Negro na época em comemoração aos cinco anos da banda, que acabou coinci-dindo com o lançamento da Sepulweis. Em 2012, a cerve-ja passou a ser fabricada e comercializada pela Karsten Cervejaria. Participamos diretamente com o proprietário da cervejaria, nosso amigo Side Karsten, na degustação das primeiras provas, até chegar ao resultado final, que está excelente. A parte gráfica foi realizada inclusive pelo baixista do Frade Negro, M.E. Strelow. Estamos trabalhan-do para que a distribuição da cerveja nos próximos meses seja melhorada e tenha um alcance maior, para que todos os headbangers possam experimentar uma cerveja real-mente heavy metal.

HD: Agora vamos falar de um assunto, de certa forma, tris-te e controverso. Hoje faz um mês da tragédia de Santa Maria, onde muitas pessoas morreram na Boate Kiss, pela falha em alguns setores de segurança. Com isso, muitas casas tradicionais daqui como o Inferno Club e Central Rock Bar foram interditadas ou fechadas. Sei que segurança é fundamental, mas a impressão passada é que antes nada era feito, e que agora estão “tirando o atraso”. O que pen-sam disso e no que isso prejudica as bandas como o FRADE

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NEGRO?

FRADE NEGRO: Com certeza, isso afeta não só a cena he-adbanger, mas também a economia que gira em torno de todas as casas de shows. Inclusive, o Frade Negro teve alguns shows cancelados nessas últimas semanas em vir-tude dessas  fiscalizações e ações tardias que estão sendo tomadas para que não ocorra novamente uma tragédia. O acontecido em Santa Maria realmente foi lastimável, tí-nhamos parentes e conhecidos que estavam no local no momento da tragédia. Se essas ações e fiscalizações que estão agora sendo realizadas vierem a somar mais segu-rança a todos e evitar novas tragédias, todos nós temos a ganhar, seja do meio metal ou não, porque nenhuma perda financeira e econômica pode ser comparada à perda de 240 vidas por motivos de desrespeito a regras de segu-rança.

HD: Vou citar algumas bandas e queria a opinião de vocês sobre elas: GRAVE DIGGER, MANOWAR, SATAN, JUDAS PRIEST E STEEL WARRIOR.

FRADE NEGRO: Grave Digger – Grande influência do Fra-de Negro. Chris Botendahl possui um vocal sem igual e Uwe Lulis fez a diferença nos álbuns que par-ticipou.

Manowar – Possui músicas excelentes, mas algumas ve-zes parece que a imagem que eles querem passar é mais importante que a música em si.

Satan – Uma das  grandes  bandas do NWO-BHM. Tirando as constantes trocas de formação e até de nome da banda, possuem músicas ex-traordinárias.

Judas Priest – Ajudou a inventar e consolidar o que conhe-cemos por Heavy Metal. “British Steel” e “Painkiller” são álbuns obrigatórios para qualquer um que goste de metal.

Steel Warrior – Um dos grandes nomes do Heavy Metal brasileiro e nossos grandes amigos. Gravamos sempre no estúdio do  André Tulipano, ele é um dos responsáveis pela excelente qualidade do  álbum “Black Souls in the Abyss”.

HD: Para encerrar, em 2014, o FRADE NEGRO comemora dez anos de existência. Pensam em fazer algo especial para comemorar a data?

FRADE NEGRO: Com certeza, um projeto que sairá em breve é o nosso primeiro videoclipe. E para a comemoração dos dez anos da banda, queremos brindar com orgulho essa década, então podem aguardar uma edição especial da Cerveja Stout Frade Negro, também lançaremos o suces-sor do álbum “Black Souls in the Abyss” e, inclusive, já estamos trabalhando nas novas músicas, além de algumas outras surpresas. HD: Obrigado pela entrevista! Deixem uma mensagem aos leitores da HELL DIVINE!

FRADE NEGRO: Primeiramente, o Frade Negro gostaria de agradecer a oportunidade de responder essa entrevista para a Hell Divine, que nesse pouco tempo de trabalho já somou muito para a cena e para as bandas brasileiras. Aos headbangers, continuem indo aos shows, aos festi-vais, apoiem as bandas, façam a cena acontecer. E quem quiser saber mais sobre o Frade Negro, acessem nossa fan page pelo portal  www.fradenegro.com  e fiquem por dentro das novidades da banda. Para maiores informações sobre shows e agendamentos, entre em contato com nos-sa assessoria de imprensa pelo email [email protected]. Hail Headbangers!

Por João Messias Jr.

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dezessete anos atrás, um garoto começava uma produtora, a tumBa. não se saBia muito, mas depois desse tempo, essa produtora se tornou uma das mais importantes dentro do país, colocando o Brasil dentro da rota dos shows undergrounds e trazendo para nossas terras grandes Bandas, como oBituary, misery index, centvrian, acheron e muitas outras. depois desse tempo de serviço pelo metal, o não mais garoto edu lane resolveu encerrar as atividades da tumBa produções. Batemos um papo rápido com ele para saBer o moivo de encerrar.

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HELL DIVINE: Vamos começar pela pergunta que todos querem a resposta: por que fechar a Tumba?

Edu: Após 17 anos agendando shows e turnês pelo Brasil e pela América Latina, concluí meu ciclo. Todos os objetivos traçados foram atingidos e entendi que era hora de encerrar a Tumba e dar inicio a um novo ciclo. A Tumba sempre foi algo totalmente idealista e com objetivos bem claros. Quando comecei, a ideia era movimentar a cena nacional, com foco na música extrema, fazendo o Brasil entrar na rota das turnês e fazendo com que a nossa cena evoluísse. Somente agendava/trabalhava com bandas de que gosto e nunca tive apoio (patrocínio) ou foco no lado financeiro, sempre foi algo totalmente idealista e com muita paixão e amor pela música extrema. Vejo que hoje o Brasil está na rota das turnês. Existem alguns produtores focados nesse segmento, lojas, publicações e gravadoras especializadas, turnês nacionais e Latino Americanas rolando, entre outras coisas mais... Vejo que tudo isso foi reflexo de um trabalho iniciado há 17 anos, com total dedicação, sinceridade, idealismo e respeito. Entendo que abri e pavimentei essa estrada e fico muito contente de, como fã do estilo, poder sair de casa e ir assistir a shows de bandas de que gosto ou mesmo como músico, de poder fazer turnês pelo Brasil.

HELL DIVINE: Com toda sua experiência em turnês, você acha que o Brasil vai ficar na rota do Metal mundial por

muito tempo, mesmo sem a ajuda incrível que a Tumba Produções nos dava?

Edu: Com certeza, não vejo porque seria diferente. O Brasil já faz parte da rota e é um mercado enorme. Eu jamais quis monopolizar a cena, pois acredito que no underground não há um rei ou um dono. Talvez a frequência diminua e a variedade de bandas também. As portas foram abertas e há dezenas de bandas querendo retornar ao Brasil ou mesmo tocar no país pela primeira vez. Agora, tudo depende daqueles que permanecem na cena, como produtores, darem sequencia a tudo isso.  

HELL DIVINE: Uma das piores coisas do final da Tumba é o medo de não termos mais as grandes bandas do cenário mais extremo passando pelo país. Será que essas bandas poderão olhar para a gente com o mesmo respeito?

Edu: Também não vejo porque mudariam a opinião sobre o Brasil. Como disse antes, talvez a frequência e a variedade de bandas diminua, pois não acredito que as produtoras que permanecem na cena sejam tão idealistas e apaixonadas pela cena extrema, pois acredito que a maioria só pensa mesmo no lado financeiro. Por exemplo, eu nunca furei ou dei calote em nenhuma banda (seja nacional ou internacional); eu não cobrava para bandas de abertura tocarem; nunca fiz sobrepreço para produtores locais e etc... Algumas práticas (não necessariamente positivas) vão continuar e isso não agrega nada à cena, pelo contrário, só a prejudica. Só depende de nós mesmos manter e continuar esse respeito já adquirido. HELL DIVINE: Edu, você acha que a Tumba Produções poderá voltar a ativa algum dia?

Edu: Não... Diria que hoje estou contente com a decisão tomada e não penso em retornar, mas nunca digo nunca. Meu foco e meu tempo agora são dedicados para a banda, a família e amigos (as).  HELL DIVINE: Mestre, muito obrigado por conversar com a gente e boa sorte em sua vida. Edu: Muito obrigado pelo apoio, pela oportunidade e parabéns pelo excelente trabalho com a grande HELL DIVINE.

por Augusto Hunter

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HELL DIVINE: Praticamente todos os integrantes da Voodoopriest tocam em outras bandas. Como vocês farão para conciliar o trabalho junto a todas elas?

VITOR RODRIGUES: Realmente, isso foi um aspecto que me preocupou um pouco no início, mas os outros integrantes me disseram que isso não atrapalharia em nada, e que daria para conciliar a Voodoopriest com as outras bandas deles. Portanto, após essas afirmações fiquei muito mais tranquilo.

HELL DIVINE: No Hell Divine Fest do ano passado em Brasília, houve um desentendimento entre a sua ex-banda o Torture Squad e quase a banda não participou do evento. Dias depois você anunciou sua saída da banda. O que realmente aconteceu nos bastidores para que isso acontecesse?

VITOR RODRIGUES: Na verdade, não houve desentendimento algum. Eu já estava com a ideia de sair da banda e precisava apenas conversar com os outros integrantes. Após o show de Brasília, conversei e eles me deram o maior apoio, me desejando muito sucesso.

HELL DIVINE: Vocês acabaram de lançar um EP que vem recebendo excelentes criticas, podemos esperar ainda esse ano um álbum completo?

VITOR RODRIGUES: Sim, ficamos realmente surpresos com a expectativa e pelas excelentes resenhas que o EP Voodoopriest vem recebendo. Estamos compondo muito e a

todo o vapor, e os fãs podem esperar uma grande novidade para o álbum full, um projeto que, se der certo, vai ser bem bacana.

HELL DIVINE: A música escolhida como single foi “Reborn”. Para você essa musica retrata o seu momento numa nova banda?

VITOR RODRIGUES: A “Reborn” serve para qualquer pessoa quando ela escolhe um novo rumo em sua vida. Ela retrata o momento, as dúvidas, as incertezas de um novo desafio, de um novo começo... E foi perfeita a escolha dela, porque foi a primeira que ensaiamos e a primeira que gravamos no Norcal Studios.

HELL DIVINE: Quais os principais critérios para que você escolhesse os músicos da Voodoopriest?

VITOR RODRIGUES: Não houve um critério definido. Foi algo bastante natural. Apenas fiz uma lista daqueles que poderiam fazer parte da banda. Lembro que o César Covero foi o primeiro, me mandando sons e aquilo, de certa forma, me incentivou a falar com ele, mesmo sabendo que tocava no Endrah. O Renato De Luccas foi mais ou menos assim e ainda me trouxe o baixista Bruno Pompeo, ou seja, dois talentos fantásticos. E o Edu (baterista), eu soube que estava sem banda, então mandei o convite e ele aceitou. Ou seja, as coisas foram acontecendo naturalmente.

HELL DIVINE: Outra coisa interessante é o nome da banda.

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Por que Voodoopriest?

VITOR RODRIGUES: Foi devido a um show na Alemanha com minha ex-banda Torture Squad. Em algumas partes das músicas, eu virava o olho e aproveitei o fato de haver um holofote vermelho na minha frente e, de vez em quando, eu caminhava até ele com o olho virado (risos). Quando estávamos no camarim, um alemão entrou no recinto elogiando o desempenho da banda e depois me falou que a minha presença de palco parecia a de um sacerdote vudu – “looks like a voodoo priest, man” – e gostei disso. Aproveitei e peguei para mim, quem sabe um dia usaria aquele nome para algo. E aqui estou com o Voodoopriest materializado (risos).

HELL DIVINE: Nesse começo de ano vocês estão divulgando bastante o EP fazendo muitos shows e no mês de março já pretendem gravar algumas imagens do show no Hangar 110 para um DVD, certo? Como será constituído o setlist dessa apresentação já que vocês só lançaram cinco musicas? VITOR RODRIGUES: Sim, em conjunto com o pessoal do Kaiowas Studios, vamos gravar a nossa apresentação em São Paulo no Hangar 110 e fazer um DVD. Bem, o setlist obviamente vai constituir das músicas do Voodoopriest acrescidas de algumas surpresas que vocês somente saberão na hora do show (risos).

HELL DIVINE: Com o Torture Squad você já estava começando uma carreira de sucesso no exterior. Para a Voodoopriest você também quer continuar com esse progresso, ou ainda é muito cedo? VITOR RODRIGUES: O objetivo é esse, mas estamos trabalhando para que esse momento a gente firme a banda. Ensaiando e fazendo shows. Não adianta meter os pés pelas mãos, mas estamos firmando cada passo para que o Voodoopriest seja reconhecido aqui e no exterior como mais uma força do metal brasileiro. E se depender dos headbangers brasileiros, esse ano de 2013 será muito bem voodoozado!

HELL DIVINE: Muito obrigado por atender a Hell Divine e parabéns por essa nova empreitada.

VITOR RODRIGUES: Quero agradecer imensamente a todos vocês da Hell Divine pelo excelente trabalho. É uma honra estar nas páginas dessa grande revista virtual. E agradecer a todos os headbangers que estão nos apoiando. Vocês são a razão da minha volta aos palcos...

HEADBANGEEERSS... VAMOS VOODOOZAR!!

Por Luiz Ribeiro

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HELL DIVINE: Moro em Brasília há pelo menos vinte anos e sempre vi a banda tocando esporadicamente em festivais locais, mas não sentia algo forte ou concreto acontecendo com a banda anteriormente. Creio que agora com “The Pendulum Burns” vocês realmente resolveram investir pesado na divulgação, estou certo?

OPTICAL FAZE: Sim, está certíssimo. Estamos considerando esse disco como uma espécie de novo começo para a banda. Durante os 12 anos que precederam o ciclo do “The Pendulum Burns”, a banda passou por muitos períodos instáveis. Sabíamos que precisávamos de um choque, de algo para mover a banda para frente de forma ininterrupta. Fazer um novo disco, e fazê-lo da forma que foi feito, era o que precisávamos.

HELL DIVINE: O disco foi gravado em Los Angeles/EUA, sob a tutela do experiente Rhys Fulber (que já trabalhou com bandas como Fear Factory e Paradise Lost), e masterizado por Maor Appelbaum (Sepultura, Cynic). Obviamente os custos de uma produção dessas não são baixos. Ouvi dizer que o tecladista de vocês inclusive vendeu sua moto Harley Davidson para bancar parte dos custos, é verdade?

OPTICAL FAZE: Não foi bem isso, mas cada integrante precisou fazer algum esforço grande para tornar essa gravação possível, fosse o esforço de natureza financeira ou pessoal. Mas no final, todos acharam que valeu demais a pena.

HELL DIVINE: No Brasil, as bandas estranhamente gostam de seguir/tocar os estilos mais tradicionais do Metal. Dificilmente misturavam estilos ou arriscavam algo mais desafiador. Felizmente, a situação vem mudando aos poucos. Vocês apresentam uma faceta mais moderna, com pitadas de industrial bem interessante. De onde vem essa influência?

OPTICAL FAZE: Sempre tivemos influências muito diversas. Somos fãs do metal mais tradicional e do mais moderno, assim como de industrial, trip-hop, etc... Fazemos nossa música sem pensar muito no estilo, sem nos preocuparmos em fazer parte de um nicho, então essas influências diferentes acabam naturalmente entrando no processo de composição.

HELL DIVINE: A arte da capa é maravilhosa. Quem foi o artista responsável e o porquê da escolha? Existe alguma

Já devo ter frisado antes, mas vale mencionar mais uma vez: Brasília vem crescendo assustadoramente quando o assunto é Heavy Metal. A cada ano que passa, uma nova banda se destaca no cenário, não só nacional, mas mundial. Elas estão investindo pesado na qualidade gráfica e de produção do som, profissionalizando ainda mais o que já era bom. A Optical Faze já está na estrada há algum tempo, mas foi por meio do lançamento “The Pendulum Burns” que a coisa tomou proporções ainda maiores. O álbum está disponível para o mercado desde o início do ano e, desde então, é forte candidato na lista dos melhores de 2013. Conversamos com a banda para saber mais detalhes sobre o recente trabalho e o que podemos esperar daqui para frente. Confira!

OPTICAL FAZE

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ligação entre ela e as músicas ou a parte lírica do álbum?

OPTICAL FAZE: Quem criou a arte da capa e encarte foi o Michal Karcz, um artista gráfico polonês. A sugestão, na verdade, veio do Rhys. O Michal havia criado a capa do disco mais recente do projeto eletrônico do Rhys, o “Conjure One”. Procurávamos um artista que fizesse algo mais fotográfico, não necessariamente realista, mas longe do estilo mais cartunesco. Então, o Rhys falou que o Michal era o cara ideal para o que queríamos e ele estava certo. E a arte tem, sim, relação com o conceito do álbum. É uma imagem mais enigmática e abstrata, mas que toca em temas do disco, como a destruição do tempo e a extinção humana.

HELL DIVINE: Brasília sofre de um mal muito sério: possui excelentes bandas, mas não oferece shows. Para vocês que tocam, existe alguma explicação para esse fato? Como anda a agenda da banda para esse ano?

OPTICAL FAZE: Acho que restaram poucos organizadores de shows de metal. Não há mais interesse, pois não é uma área que dá lucro relevante. Então, quem faz isso é por prazer mesmo. A iniciativa tem que partir das bandas, são elas que têm que fazer o corre para os shows e fazer acontecer. É o que estamos tentando fazer. Já temos shows marcados em cidades satélites aqui do DF e estamos viabilizando shows em outros estados.

HELL DIVINE: “The Pendulum Burns” definitivamente briga de igual para igual com qualquer lançamento de 2013. Como tem sido a repercussão do trabalho entre os fãs e a mídia especializada?

OPTICAL FAZE: Obrigado pelo elogio! A recepção do disco tem sido ótima, melhor impossível. Ainda não lemos nenhuma crítica negativa. O pessoal que já acompanhava a banda se surpreendeu com a evolução da banda, e quem não conhecia a banda também tem se surpreendido. Ficamos muito felizes. É fruto do trabalho árduo que tivemos com esse projeto, mas o disco ainda precisa chegar a muito mais lugares e muito mais veículos, ainda tem muita

estrada pela frente. O ciclo do “The Pendulum Burns” só está começando.

HELL DIVINE: A MS Metal Press, além de ser a assessora de imprensa de vocês, foi responsável pelo lançamento do disco no mercado nacional. Quais são os planos e metas de divulgação para os próximos meses?

OPTICAL FAZE: Nossa meta será sempre levar o disco ao máximo de pessoas e veículos possíveis. Sabemos que não dá para esperar tanta coisa das vendas do disco físico, por mais que tenhamos caprichado bastante nele, portanto queremos apenas fazer a música chegar ao máximo de ouvidos possível. Mais pessoas precisam conhecer o Optical Faze. E, é claro, queremos fazer muitos shows, no Brasil todo. E já estamos maquinando uma turnê internacional, mas é algo mais para frente.

HELL DIVINE: Desejamos sorte nessa nova jornada e esperamos vê-los nos palcos em breve! Deixem um recado para os leitores da revista.

OPTICAL FAZE: Gostaríamos, primeiramente, de agradecer de coração à Hell Divine pelo espaço concedido aqui para divulgar nosso trampo. Cada resenha, cada entrevista, cada menção ao Optical Faze é extremamente importante para a gente. Aos leitores, obrigado pela atenção! Ouçam nosso disco e, caso gostem, divulguem! Uma compartilhada já faz muita diferença. Visitem nosso site – www.opticalfaze.com.br – para ouvir nosso disco, comprar nosso merch e a edição especial do álbum, conversar com a gente e tudo mais. Valeu, nos vemos na estrada!

Por Pedro Humangous

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MAKUMBAH – “Despacho”

A banda da terra do Claustrofobia não poderia deixar por baixo e veio com uma tremenda pedrada no lançamento da demo “Despacho”. O Makumbah vem com um som Crossover/Thrash Metal nervoso e muito do bem executado. Com letras em português, os paulistas do Leme não deixam por menos e mostram toda a raiva nessa demo. Podem ir ao Bandcamp deles e pegarem o seu “Despacho”, pois o produto tem qualidade.

Contato: http://makumbah.bandcamp.com/

Por Augusto Hunter

LEGIONE

Novo filhote do inferno nascido em solo italiano que, com uma demo de ensaio lançada em janeiro desse ano, conseguiu um lugar com HOD Productions para espalhar sua desgraceira e pestilência globalmente. Esse é um bom exemplo de que um trabalho modesto com duas faixas pode fazer. Embora seja uma amostra pequena, é simplesmente ótima. Vale a pena a orelhada. Contato: https://www.facebook.com/legioneband

Por Yuri Azaghal

DIE SCHWARZE SONNE

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Horda da Finlândia que, certamente, vai satisfazer não apenas com a sua sonoridade, mas também irá satisfazer aqueles que são gamados no idioma alemão, pois Pestengel (único membro) adora escrever as letras de seus trabalhos nesse idioma. Não há muito que dizer da música, apenas que ela é fria, obscura, desoladora e é um trabalho mais que profissional e extremamente competente. Quem não conhece está perdendo coisa boa, muito boa.

Contato: https://www.facebook.com/dieschwarzesonneofficial

Por Yuri Azaghal

NOVUS ORDO

Falando de um pessoal um pouco mais perto de nós, Novus Ordo é uma horda chilena nascida a pouco tempo e com a Razed Soul Productions lançou – até então – sua única obra, o excelente álbum “At The End of the New Times”, que só pelo nome já é óbvio dizer que se trata de assuntos ocultos – ou seja, vai agradar bastante o pessoal estudante e praticante de magia e ocultismo. O pessoal que não gosta de espanhol não precisa se preocupar, pois as letras são escritas e cantadas em inglês. Se esse álbum preenche os seus requisitos, não tem desculpa para não ouvi-lo.

Contato: https://www.facebook.com/pages/NOVUS-ORDO/215376870648

Por Yuri Azaghal

DEAD HILLS

Mais uma horda de um homem só da Austrália. Para quem curte uma música perturbadora, com aquela atmosfera deprimente e nebulosa, mas que, ao mesmo tempo, consegue causar tensão – eu disse tensão – caso seja ouvida corretamente – ou seja, com atenção e não enquanto você está no Facebook dando risadas com os amiguinhos no chat... A demo “Purgatory/Winds of Time” recebeu ótimas críticas e se você ainda não ouviu, creio que agora seja um ótimo momento.

Contato: https://www.facebook.com/dead.hillsPor Yuri Azaghal

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SangriaFleshbackCianeto Discos/Blasphemic Art Distro/Disturbed Mind Rcords/Rapture Records/Terceiro Mundo Chaos Discos/Rock Animal/The Hole/Amazon Black Forest Distro/Anaites Records/Cabra da Peste Distro

Devo confessar, ao ver a capa do disco, um desenho meio tosco e sem graça, não botei fé no material. E foi aí que, mais do que nunca, o famoso ditado “não julgue o livro pela capa” fez o máximo sentido. O pessoal do Sangria, do Rio Grande do Sul, faz – e muito bem feito – um Splatter/Death Metal ensurdecedor! É só porrada, sem absolutamente nenhuma frescura. A gravação ficou muito boa, suja e pesada na medida certa! Aliás, é valioso o trabalho de baixo de Daniel Dall’agnese, bem nítido e poderoso! Por sua vez, o gutural podrão de Rafael Vargas também rouba a cena. Dor de garganta à vista! E o incansável baterista Aécio Podre Anticristo e suas quatro pernas (que bumbos incessantes!) fazem as composições soarem mais demolidoras. Os bons riffs (os solos nem tanto) da dupla Diego Perin e Ernani Savaris dão o tom da violência que dita o trabalho. Vale registrar que o grupo não tem nada de novo no som, mas mesmo comum, convenceu, e com folga. O quinteto preparou covers clássicos para finalizar o disco: o primeiro deles é “When Satan Rules His World”, do Deicide. Mas a versão dos caras ficou interessante, pois “endireitou” a original: sabe-se que a música de Glen Benton e cia., de modo geral, é complexa, fugindo do

padrão mais comum de tempo 4 x 4. E aqui, o Sangria simplificou a batida, deixando a música mais direta. Na sequência, é a vez de “Abigor”, do Cryptopsy, aniquiladora e também mais simples. E para evidenciar a enorme influência do Death Metal da escola americana, no final dessa última faixa, fique esperto e deixe o CD rolar... Pouco depois, há um cover de “A Skull Full of Maggots”, do Cannibal Corpse (não creditado no álbum), bem excecutado. O nome do conjunto já diz a que veio: fazer os ouvidos sangrarem.

Nota: 8,0Por Christiano K.O.D.A.

Drift Of GenesExcruciating Severe LacerationEclectic Productions

Uma verdadeira podreira, porém, não no sentido positivo que os fãs de Death Metal gostam. Confesso que não gostei muito do vocal – na verdade, não gostei nada, já que é aquele tipo tosco de gutural animalesco – mas essa banda, de certa forma, foge do convencional do Death Metal clichê no quesito ritmo – bom em algumas partes, isso é verdade... Mas mesmo assim, as faixas são muito curtas, repetitivas e nada impressionantes. Não há nada nesse álbum que você ouça e diga “Caramba! Que coisa mais incrível!”. O som é um tanto brutal e cru, algo bem “porqueira”, então já corre um grande risco de não agradar àquele pessoal fresco que não está acostumado com esse tipo de sonoridade. Há partes no vocal um tanto estranhas, como na faixa três, por volta de um minuto e pouco, é possível identificar facilmente

uma imitação de sapo (...). Em suma, esse é o tipo de álbum que vai agradar unicamente àquele sujeito incrivelmente fanático por Death Metal, e se você não é esse tipo de sujeito, muito provavelmente vai querer jogar esse álbum no lixo. Eu mesmo só ouvi esse álbum uma única vez, e não pretendo ouvir de novo, a menos que seja extremamente necessário em alguma circunstância inesperada no futuro.

Nota: 4.0Yuri Azaghal

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WhoretopsyIsn´t She LovelyIndependente

A boa e velha adoração pelo extremo, brutal e macabro, está de volta! Após o excelente “They Did Unspeakable Things”, os australianos do Whoretopsy retornam com seu Death Metal inescrupuloso, violento e estranhamente agradável aos ouvidos – que sangram sem parar! A forte tendência ao Deathcore é completamente declarada e mostra logo sua cara com “High School Sweetheart”, uma faixa veloz, repleta de melodia e breakdowns de tirar o fôlego. Os vocais são realmente de assustar, mesclando o gutural com o gritado e os famosos pig squeals. “Skinterior” vem na sequencia e devasta tudo o que fica pelo caminho, esmagando feito um rolo compressor. Nesse estágio, o pescoço já começa a doer, mas é impossível parar. Os caras emendam uma faixa na outra, sem tempo para respirar! “Seminal Torture” assume o modo mais cadenciado nos primeiros segundos e pega de surpresa o ouvinte acelerando o passo do meio para o fim. A bateria mais seca combina perfeitamente com o som direto e certeiro, dando aquela sensação de estar ouvindo a banda ao vivo, o que aumenta a vontade de abrir uma roda na sua própria sala de estar. O curto EP fecha com “Eviscerated Harlot”, deixando marcas profundas nos ouvidos e no cérebro – que riff absurdo! Talvez essa seja uma das bandas mais injustiçadas atualmente, pois com uma qualidade dessas, já deveria ter estourado mundo afora. Corra atrás, porque vale muito a pena! Enquanto não lançam material novo, o jeito vai ser apertar o play mais uma vez!Nota: 9,0Por Pedro Humangous

Rotting Christ Κατά τον δαίμονα εαυτούSeason of Mist

Após “Aealo”, muitas pessoas questionavam se os gregos fariam algum trabalho tão bom, acreditando ser, à época, o ápice da banda. Mas eis que eles retornam com “Κατά τον δαίμονα εαυτού”, seu mais recente trabalho, e se não superam “Aealo”, o igualam. Mais uma vez evoluindo, o quarteto conseguiu uma alquimia entre o clima soturno e denso de “Thy Mighty Contract” e “Non Serviam” com o clima épico e trabalhado de “Aealo”, e conseguiram dar mais um passo adiante. Tendo apenas os irmãos Sakis e Themis Tolis gravando quase tudo (Sakis tocou guitarra, baixo e teclados, fora cantar e produzir o CD), exceto pelos solos de guitarra, feitos por George Emmanuel, “Κατά τον δαίμονα εαυτού” (que significa algo como “seguir sua própria consciência”) já nasceu clássico, com canções recheadas de

riffs pesados, clima mórbido e vários corais muito bem elaborados. A banda continua lançando mão de uma abordagem multicultural em suas letras, e destacam-se a ótima e rápida “In Yumen-Xibalba”, a cadenciada e soturna “Grandis Spiritus Diavolos”, e a destruidora de pescoços “Κατά τον δαίμονα εαυτού”, com excelentes corais, embora o CD todo seja ótimo. E aos que necessitam de incentivos, a versão deluxe, fora bandeira e medalhão, traz a versão digipack do CD, que tem uma faixa bônus, a ótima “Welcome to Hel”, que está presente também na versão LP. Agora, tá esperando o quê?

Nota: 10Por Marcos Garcia

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HORROR GODPLANET OF RUINSEclectic Productions

Não há muito que se dizer aqui, ao menos nada mais do que eu diria de uma banda clichê de Death Metal. Apesar de estar longe de ser um trabalho ruim, “Planet of Ruins” soa como aquela impressão “Já vi isso em algum lugar”. Não é um trabalho muito longo, e é muito parecido com bandas como Chainsaw Dissection e Being Killed apesar de ser marcada como uma banda de Death/Black, sendo que a parte Black Metal representa uma pequena parcela. Particularmente, digo que isso não é algo bom, pois bandas com esse tipo de sonoridade tendem a parecer nada mais do que “clones” umas das outras, dando aquela impressão de que se você ouviu uma, ouviu todas. Mas há sempre aqueles nada exigentes onde tudo o que importa são guitar-ras com distorção para bater cabeça, e é aqui que bandas como essa se salvam e conquistam seu espaço. Algumas faixas mudam um pouco, parecendo acrescentar algo mais com um pouco de suspense, mas nada muito incrível, se resumindo a mais um álbum ideal para a trilha sonora de “Traços da Morte”. Sem dúvida, é um traba-lho recomendado para aqueles que priorizam bases intensas e agressivas, pois de resto não há nada muito especial.

Nota: 7.0Yuri Azaghal

Optical FazeThe Pendulum BurnsMs Metal Records

Mais uma vez Brasília mostra sua força e expõe à luz mais uma belíssima banda. A Optical Faze vem lutando há anos, gravando demos e singles desde 2000 (ano de sua formação), e finalmente apresenta seu primeiro trabalho completo, o “The Pendulum Burns”. Tudo nesse disco é de primeira qualidade. A linda arte da capa foi desenvolvida por Michal Karcz, o álbum produzido nos Estados Unidos pelo renoma-do Rhys Fulber (responsável por assinar trabalhos de bandas como Fear Factory e Paradise Lost), masterizado por Maor Appelbaum (Sepultura, Cynic), além das participações do guitarrista Jed Simon (ex-Strapping Young Lad) e da cantora Leah Randi (Conjure One). O estilo praticado por Jorge Rabelo (guitarras), Mateus Araújo (vocais e guitarras), Pedro Gabriel (teclados e sintetizadores), Renato de Souza (bateria) e Vicente Júnior (baixo) é difícil de rotular, sendo mais prático e justo enquadrá-los simplesmente no Modern Metal. As músicas prezam pelo peso extremo do baixo e das guitarras, passagens atmosféricas e sombrias – graças às linhas inteligentes dos teclados – vocais urrados aliados aos limpos e uma bateria interessante e precisa. Logo na primeira música, “Trail Of Blood”, inevitavelmente me lembrei de bandas como Soilwork e Icon In Me. O timbre das guitarras e o refrão são viciantes! Já estou ouvindo esse disco há pelo menos quatro semanas seguidas e está difícil tirá-lo do meu player. A assimilação das músicas é muito fácil e logo nas primeiras audições você já está cantando junto e batendo cabeça insanamente! Além de “Trail Of Blood”, destaco também as faixas “Pressure” e “Carved”, ambas são uma paulada na orelha! Um lançamento que chega com cara de clássico. Uma banda nacional que chega com cara de gringa. E, definitivamente, um trabalho que merece ser conferido de perto!

Nota: 8,5Por Pedro Humangous.

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PATRIANIHIL EST MONASTICADrakkar Productions

Fora a criatividade de sempre, o profissionalismo e a dedicação, essa nova obra musical da banda Patria está um tanto esotérica, por assim dizer. Não é algo de se surpreender, pois até agora essa horda não fez nada que eu não pudesse considerar incrível, tendo unicamente que reforçar o fato de que esse pessoal nasceu para isso. As músicas variam entre agressividade direta e melodias mais calmas, melancólicas. Independentemente do tipo, as faixas te colocam em um estado de transe, reflexão, como uma trilha sonora perfeita para a manifestação obscura do nosso subconsciente durante nossos sonhos, nos alimentando com boas sensações, fazendo-nos nos sentir fortes. Uma rápida análise nas melodias e nas letras desse álbum mostra que, certamente, Patria é uma das hordas mais talentosas do momento, fazendo do Black Metal exatamente o que ele é: uma fonte de poder espiritual, porém uma fonte de poder que não está acessível para os fracos. “Nihil Est Monastica” é um álbum que consegue suprir todas as necessidades do ouvinte, como a necessidade de liberar a tensão, refletir, a necessidade de agressividade, negatividade, etc. A única coisa que eu tenho a dizer – novamente – é: parabéns pelo ótimo trabalho. Vocês, certamente, representam tudo o que uma cena underground pode ter de bom.

Nota: 10Yuri Azaghal

VandroyaOneVoice Music

Impossível não associar o nome de Daísa Munhoz ao Soulspell. Afinal, foi o projeto brasileiro que deu grande vazão ao seu talento e mostrou para o mundo todo seu poder vocal. Recentemente, ela levantou voo com sua própria banda, o Vandroya. Trata-se de uma surpreendente banda de Power Metal (com fortes inserções de Prog), que mesmo apostando em uma sonoridade já surrada, ainda é capaz de apre-sentar algo expressivo e extremamente agradável aos ouvidos. “One” é o primei-ro trabalho do grupo formado por Marco Lambert e Rodolfo Pagotto (guitarras), Giovanni Perlati (baixo), Otávio Nunhez (bateria), além, é claro, da já mencionada vocalista, e reforça a teoria de que o Brasil é mestre em revelar grandes bandas nesse segmento. O álbum é bombástico, conta com uma ótima produção, mixagem

e masterização cristalinas (créditos para o experiente Heros Trench), que funcionam como anabolizantes para as mú-sicas. Ao todo, são dez faixas que mostram uma banda forte e precisa. É nítido que beberam da melhor fonte do Metal mundial, espelhando-se em ícones como Helloween, Angra e afins. Tudo isso, dando sua própria roupagem ao som, cheia de características singulares. O Vandroya se destaca entre as demais por suas composições que grudam na cabeça, pela forma inteligente de preencher os espaços e transições que existem por meio da mistura de estilos. Daísa está cantando como nunca, seu desempenho nesse disco está irrepreensível. Os riffs dobrados e os solos de guitarra são de cair o queixo, incríveis mesmo! Tudo isso acompanhado de uma cozinha rápida e técnica. Destaque para “The Last Free Land” (com seu ótimo refrão) e “Change The Tide”, que conta com a participação de Leandro Caçoilo. Para fechar com chave de ouro, a linda capa desenvolvida por Felipe Machado Franco (Blind Guardian, Rhapsody Of Fire, Blaze Bayley). Me arrisco a dizer, estamos diante de um novo clássico do Metal nacional. Ouça e compre!

Nota: 9,0 Por Pedro Humangous.

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Lince0Ms Metal Records

Antes de começar, quero dizer que sou fã declarado do vocalista Alírio Netto. Desde sua época com a banda Khallice, passando pelo Age Of Artemis (um dos melhores discos do ano passado) e agora arriscando em novos projetos como o Lince. Alírio vem acompanhado de um time de primeira, além da produção e participação ativa do renomado produtor Adair Daufembach, a banda conta com Reny Perucchi (piano), Daniel Carelli (guitarras), Arthur Boscato (baixo) e Filipe Maliska (bateria). Intitula-do simplesmente de “0”, o álbum permeia por vários estilos, sem se prender muito a nenhum deles especificamente. Obviamente, temos uma predominância no Prog Metal e no Rock Progressivo, mas a simplicidade com que as composições passeiam pelas caixas de som, talvez essa não seja a melhor forma de caracterizá-los. Mas, afinal, é preciso? O importante mesmo é ouvir a proposta dos caras e curtir o que melhor eles oferecem. O disco conta com dez faixas superinteressantes, que viajam por diversos caminhos inesperados – ouça, por exemplo, “Natural”, com uma pegada de Jazz e MPB. As músicas esbanjam elegância e transbordam feeling, com passagens interessantes de piano, guitarras e violões. A bateria quebrada e o baixo sempre presente deixam as composições ainda melhores. Já os vocais são um capítulo a parte, como canta esse cara! “Sell%” já puxa um pouco para o lado

Dream Theater de fazer Prog, mas sempre com a cara do Lince. Um disco bastante linear, ótimo de se ouvir de ponta a ponta e surpreende bastante logo na primeira ouvida. Se essa é sua praia, não deixe jamais de conferir esse trabalho, que ao lado dos brasilienses do Bad Salad, estão no topo do estilo no Brasil atualmente!

Nota: 8,0Por Pedro Humangous.

Goat LoveThe Goat Are Not Waht They SeemIndependente

Mais que grata surpresa eu tive ao ouvir esse primeiro registro do Goatlove. Apostando em uma sonoridade totalmente inesperada, mesclando Hard Rock, Go-thic Metal, Punk e Classic Rock, a banda pega o ouvinte de forma inesperada com uma sonoridade totalmente variada e que foge do lugar comum. Com faixas muito bem estruturadas, com ótimas melodias e transbordando atitude, os caras saem do ordinário com muita malícia, e tendo como grande trunfo os vocais graves de Roger Lombardi (Sunseth Midnight), um diferencial e tanto para uma banda com uma sonoridade tão diversificada e cativante, e que imprime até certo tempero pop às composições, muito bem vindo por sinal. Todas as faixas são muito legais e, embora simples, apresentam ótimos arranjos, com guitarras sujas e diretas, e uma bateria pesada e barulhenta, exatamente como exige o estilo. Dentre os destaques, cito as marcantes “Brand New Horse”, “Beautiful Bomb”, “Here She Comes (Hot Stuff)”, “Kill Somebody” e “Atomic Fire”. Um disco muito legal, indicado para os fãs das mais variadas ramificações do Rock. Como todos nós somos, vale muito a audição!

Nota: 8,0Por Junior Frascá

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Blood Tsunami For FaenIndie Recordings

Brutalidade Black/Thrash norueguesa com leves toques de Hardcore a pleno vapor e dispostos a não deixarem pedra sobre pedra com muita agressividade sonora, com riffs extremamente firmes e solos doentiamente rasgados, vocais em uma veia bem Lemmy/Schmier, baixo vibrante e bateria forte. O quarteto Blood Tsunami retorna à atividade com seu segundo full length “For Faen”, e é bom que tomem cuidado ao ma-nusear este CD que remete diretamente a bandas como Sodom, Slayer, Destruction e Kreator em suas fases mais iniciais e agressivas, com bons momentos velozes, e outros um pouco mais cadenciados. É barulho puro e simples, capaz de sangrar ou-vidos menos acostumados e um deleite para fãs de uma boa porradaria (fica a dica

para o Koda e o Humangous). Bem gravado e produzido, a banda mantém um nível bem alto em termos de composição, especialmente por faixas como a rápida “The Butcher of Rostov”, com ótimas guitarras, a brutal e barulhenta “In the Dungeon of Rats”, e a ótima versão para “Grave Desecrator”, da homônima brasileira, em uma homenagem ao Metal brazuca e um autêntico “cala a boca” para alguns difamadores do cenário nacional.Ouça no volume máximo e ouça os manifestos de seus vizinhos!

Nota: 9,0Por Marcos Garcia

Banda: DarkThroneDisco: The Underground ResistanceAno: 2013Gravadora: Peaceville Records

Começo esse texto com uma frase que adoro: menos é mais. Não existe melhor exemplo do que esse inacreditável petardo do clássico DarkThrone. E, acreditem, esse que vos escreve negou por completo a banda durante muitos anos de vida. Mas de um tempo para cá, Nocturno Culto e Fenriz acertaram em cheio ao começarem a compor canções mais “Black n´ Roll”, uma música mais visceral, reta, direta ao ponto sem firulas. Em “The Underground Resistance” não é nada diferente, o disco deles é perfeito, simples, bem composto, com uma energia fora do comum, mas nes-se disco a aproximação da banda ao clássico Manilla Road, coisa que está deixando o som dos caras cada vez melhor. A gravação continua no processo analógico, mas com tudo muito bem definido e lotado de feeling e presença. Impossível destacar somente uma música, mas posso desta-car a presença de vocais melódicos que caíram como água para a banda, ficou perfeito. Esse é um dos candidatos mais fortes para o Top desse ano. Ouçam todos!

Augusto HunterNota: 9,5

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KalterUbuntuIndependente

Ao me deparar com a arte da capa pela Internet, pensei que se tratava de uma nova banda brasileira de Melodic Metal. O estilo mencionado até que está presente no som dessa banda canadense, mas vem acompanhado do Prog e do Death Metal também. Ou seja, em “Ubuntu”, temos um Melodic Death Metal com pitadas de Prog, além de alguns extras que dão bastante personalidade ao som do Kalter. As músicas possuem um clima “alegre” – aquele tipo de sensação quando você ouve Tuatha de Dannan – e variam bastante nos andamentos, nas experimentações. Ora você ouve uma flauta aqui, ora uma parte mais Jazz e, de repente, entram os vocais guturais acompanhados de uma base progressiva. Parece confuso, mas essa fusão ficou muito interessante – principalmente pelo uso inteligente dos teclados, que fazem verdadeiros duelos com as guitarras. As faixas, em sua maioria, são longas e transportam o ouvinte para uma viagem repleta de surpresas. A variedade de estilos e a mistura incessante de elementos podem confundir um pouco, achando que a banda perdeu o foco. Eu, particularmente, acho bastante válido e só acrescenta à sonoridade do grupo, que tenta inovar perante os desgastes comuns sofridos pelos estilos tão utilizados por tantas bandas ao longo dos anos. É notório o esforço dos músicos em criar saídas criativas e fugir do ponto comum. É óbvio que, por mais

que as músicas sejam de fácil assimilação, ainda demandam uma atenção especial e levam certo tempo para serem totalmente compreendidas. Um trabalho desafiador e, por mais que soe clichê, ainda possui um ar de novidade. Não sei se fui claro ao definir esse disco, mas na dúvida, confira o som e tire suas próprias conclusões. Vale a pena, garanto.

Nota: 8,5Por Pedro Humangous.

Bio-CancerEar Piercing ThrashAthens Thrash Attack

A Grécia está em chamas! Aparentemente, o Metal tomou conta do país e cada vez mais temos visto ótimas bandas surgirem de lá. O Bio-Cancer toca o bom e velho Thrash Metal, sim, aquele calcado nos clássicos e primórdios dos anos oitenta. Precisa ser inovador para ser bom? De forma alguma! Por mais que tudo aqui soe como um eterno déjà vu, a banda empolga e destroi seus tímpanos com um Thrash nervoso, agressivo e veloz. O próprio desenho da capa (feito pelo renomado Andrei Buozikov) e o nome do disco demonstram isso com clareza. Da primeira faixa à úl-tima, é empolgação sem fim, sem frescuras e sem tempo para respirar. Impossível ficar parado ao colocar o disco para tocar. Os vocais de Leuteris Hatziandreou são bem rasgados e dão muita personalidade ao som. A gravação é boa, encorpada, mas é possível notar algumas pequenas falhas, como as sujeiras das guitarras (quando não estão tocando). Mas tudo isso deixa o trabalho ainda mais autêntico e original, dando aquela sensação de estarmos ouvindo a banda ao vivo. Dá para notar que os caras se divertem fazendo esse som e estão com sangue nos olhos! Destaque simplesmente para todas as faixas, que te divertem durante todos os quase trinta minutos de insanidade e aniquilação sonora! Ouça “Ear Piercing Thrash” urgentemente, é bom pra cacete!

Nota: 9,0Por Pedro Humangous

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VreidWelcome FarewellIndie Recordings

O quarteto Vreid retorna com seu quinto full length “Welcome Farewell” e os caras mostram que estão com a corda toda, já que a banda mostra seu som está mais cru e seco que antes. Mesmo assim, ainda estão muito bem, misturando o Black Metal norueguês de raiz com influências do Windir (de cujas cinzas o grupo nasceu) e alguns toques de bandas como Sepultura e Pantera, e conseguem convencer com um trabalho bem sólido e bem construído, com ótimas guitarras (sejam nas bases ou solos), baixo e bateria bem coesos e ótimos vocais. Bem produzido, sonoridade muito boa (em termos de Black Metal). O quarteto não usa de superproduções de estúdio e os noruegueses, que já foram indicados ao Grammy de seu país como “melhor disco de Metal em 2011”, mostram o porquê de tal indicação em faixas

como “The Ramble”, com velocidade moderada e grandes riffs; a mais agressiva e ríspida “Way of the Serpent”; a mais cheia de feeling e cadenciada “Welcome Farewell”, com belíssimas guitarras e vocais muito bons; e a ótima “Black Waves”. Pode não ter o brilhantismo de “V”, seu antecessor, mas ainda assim é um ótimo CD, sem sombra de dúvidas!

Nota: 10Por Marcos Garcia

TchandalaFear Of TimeGravadora: MS Metal Records

Com um nome já firmado no Nordeste brasileiro a veterana banda Tchandala lançou seu mais novo registro intitulado “Fear of Time”, no ano passado, pela gravadora MS Metal Records. Com uma levada bem tradicional, a banda me lembrou um pouco do Queensryche no que diz respeito à parte instrumental. Algumas músicas como “Beyond The Power” e “The End Of Life” se destacam, mas o ápice fica com “The Vision Of a Blind Man”, faixa bastante cativante.De resto, o álbum tem seus altos e baixos, e não tem nada de novo, mas irá agradar aos amantes do gênero. Nós só ficamos no aguardo para que a banda não demore tanto tempo para lançar um próximo álbum, como o hiato de dez anos entre os ál-buns “Fantastic Darkness” e “Fear of Time”.

Nota: 7Por: Luiz Ribeiro

Banda: StodgyDisco: Rain Of HateAno: 2012Gravadora: Independente

O pessoal de Barra do Piraí, cidade da região serrana do Rio de Janeiro, não está de bobeira e fez um bom disco para amantes do clássico Thrash Metal. Calcado na estrada sangrenta do Slayer, “Rain Of Hate” é um desfile de coisas clássicas, riffs, construções musicais e andamentos que qualquer amante do estilo ficaria apaixonado, mas senti um problema. Com tantos elementos clássicos na banda, o disco conseguiu ficar frio, sem um momento de real energia e empolgação, como é esperado dentro do estilo. As músicas têm riffs incríveis, mas ao mesmo tempo não me passaram aquela vontade de ouvir com empolgação. Por ser um material inde-

pendente, esperava uma gravação até mesmo de menor qualidade – não é o caso nesse disco; a qualidade da gravação de cada instrumento é ótima e o vocalista se destaca com um gutural poderoso e muito presente, possivelmente o ponto mais alto da banda. Promissora, a banda é talentosa e merece uma atenção maior, mas se eles conseguirem colocar mais energia nas músicas e as fizer crescer mais, com certeza a banda melhorará. Por enquanto, a frieza da música não me conquistou, mas ficarei de olho.

Nota: 7Augusto Hunter

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Awaken SolaceIn Nightfall’s EmbraceIndependente

Sabemos que o Heavy Metal sempre concentrou suas forças em determinados países, famosos por revelarem grandes bandas. Aos poucos, outros grupos estão surgindo do mais variados locais do mundo, como é o caso do Awaken Solace. A Austrália, infelizmente, não costuma lançar muitas bandas para o mercado exterior e confesso conhecer pouco da cena local. O baterista da banda, que é brasileiro, Rodrigo Prazeres, me apresentou seu mais recente trabalho, “In Nightfall’s Embrace”. Trata-se de um disco duplo, com quatorze faixas cada, focado no Symphonic Power Metal. O primeiro CD é bastante poderoso, repleto de músicas épicas, refrãos pomposos e um instrumental supercompetente. A forma de compor me lembrou de uma mistura entre Therion, Nightwish e Dark Moor. A voz de Maree Nipperess é suave e aveludada, contrastando com as guitarras melódicas, teclados poderosos e uma bateria veloz. Falando da bateria, é possível ver o toque de “brasilidade” nas linhas criadas por Rodrigo, bem interessantes. “Moonlight´s Wake” abre o álbum de forma magistral e marcante, sendo seguida pela ótima “Escaping The Beast” – lembrando algo de Angra também. As três primeiras músicas começam em um ritmo forte, sendo mais acalmado a partir de “Gentle Breezes” e “Return To Avalon”, duas semibaladas. “Dear Evelyn” surpreende pela aparição de vocais masculinos,

executados pelo baixista Taylor Quine – definitivamente um vocal que deve ser considerado para usar em mais músicas futuramente. Ao conferir o segundo CD, notei que são as mesmas músicas do primeiro, porém, com uma nova roupagem, sem guitarras, mais teatral, cheia de climas belíssimos. “In Nightfall’s Embrace” é um excelente trabalho, influenciado pelos melhores do estilo e investindo em um material próprio, cheio de personalidade e agradável de ouvir. Grata surpresa, procurem ouvir!

Nota: 8,0Pedro Humangous

VoodoopriestVoodoopriestIndependente

Passado o baque da saída do vocalista Vitor Rodrigues do Torture Squad (uma das bandas brasileiras de maior ascensão até então), e com cada uma das partes seguindo seu próprio caminho, eis que o vocalista dá seu primeiro passo com sua nova banda. E que passo! Nesse primeiro EP do Voodoopriest, somos surpreendidos por uma qualidade absurda, tanto de gravação (graças ao trabalho dos produtores Brendan Duffey e Adriano Daga) como de composições, mostrando que a banda não está para brincadeira. São apenas cinco músicas, mas já dá para perceber que estamos diante de uma das bandas mais promissoras do atual cenário metálico (nacional e internacional). A mistura de Thrash e Death metal proposta pela banda é executada com muita precisão, aliando brutalidade e técnica com maestria, e tendo como a “cereja do bolo” os excelentes vocais de Vitor, que consegue variar muito bem seus guturais como poucos, deixando tudo ainda mais intenso e agressivo. Nem vale a pena ficar citando destaques em um material tão homogêneo, pois em todas as faixas é possível notar uma qualidade muito acima da média, sendo daqueles discos que você termina a audição e já quer apertar o play novamente. Por isso, meu amigo, compre o EP, não só para ajudar a banda em seu vindouro début, mas também porque se trata de um item de muita qualidade e que lhe trará, sem dúvidas, momentos de muito prazer auditivo. Se o primeiro disco dos caras conseguir manter esse nível, certamente, teremos um novo clássico do metal nacional! Aguardemos.

Nota: 9,0Por Junior Frascá

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In VainÆnigmaIndie Recordings

Um banda de Progressive Extreme Music, ou seja, um som extremo (que transita entre o Death e o Black Metal) bem trabalhado, pesado, com fortes doses de emoção e muito empolgante. Isso é o que o norueguês In Vain nos dá com seu novo trabalho, “Ænigma”, que acaba de sair via Indie Recordings. O brilhantismo do conjunto se mostra na presença de Kjetil Nordhus (do Tristania, ex-Green Carnation e ex-Trail of Tears), ou seja, por músicos conhecidos e tarimbados, e o que ouvimos neste disco beira a perfeição, pois a produção é primorosa (já que Jens Brogen, conhecido por trabalhos com nomes conhecidos esteve no leme da coisa), e as músicas bem construídas e executadas com maestria. Sendo mais conciso nas palavras, um disco que tem faixas como “Against the Grain”, “Southern Shores”, “Culmination of

the Enigma” e “To the Core” só pode ser coisa boa e fina. Altamente recomendado!

Nota: 9,0Por Marcos GarciaSuffocationPinnacle of BedlamNuclear Blast

Dá para afirmar sem medo: um dos melhores álbuns de 2013! Nada de introdução, o negócio já começa com uma paulada maravilhosa chamada “Cycles of Suffering”, que chega a dar medo, só por imaginar o que vem depois. E o nível permanece lá no topo durante o restante da audição, com seu Death Metal técnico mais brutal do que nunca! Outras pérolas do disco são “As Grace Descends”, a trabalhada faixa-título, “Inversion” (que solo lindo!) e “Beginning of Sorrow”, uma regravação do álbum “Breeding the Spawn” (1993), que ficou ainda mais extrema. A gravação está cristalina, mas feita de um jeito que deixou todos os instrumentos (e o vocal áspero e poderosíssimo de Frank Mullen) ultrapesados. No mínimo, espetacular! E falando no instrumental, o que são esses bumbos demolidores do baterista Dave Culross? Sim, é ele mesmo, a lenda que já passou (mesmo só tocando ao vivo) por bandas como Malevolent Creation, Hate Plow, Mortician e Incantation. Nesse registro, constata-se facilmente que está em sua melhor fase (e quando não está?). Logicamente que a técnica e os riffs dos guitarristas Guy Marchais e Terrance Hobbs, além do baixo marcante de Derek Boyer, só acrescentam qualidade ao material. E a capa é outra beleza, para ficar admirando todos os dias. “Pinnacle of Bedlam” dá uma aula de como executar Death Metal e mostra que o quinteto norte americano, que completa 25 anos em 2013, ainda é uma banda abarrotada de energia e criatividade a serviço do underground mundial.

Nota: 9,0Por Christiano K.O.D.A.

Cadela MalditaThe Universy is a Belly ButtonIndependente

Crossover da mais pura qualidade! A Cadela Maldita, com seus mais de 18 anos de estrada, mais uma vez coloca no mercado um material de muita qualidade, graças à experiência na estrada (inclusive com turnês pelo exterior) e a competência dos músicos envolvidos. Apostando dessa vez mais em seu lado Thrash Metal, mas sem deixar de lado os elementos de Hardcore que sempre caracterizaram sua sono-ridade, o quarteto apresenta doze faixas pesadíssimas e, mesmo não tão velozes como outrora, muito agressivas e energéticas. Os temas são todos voltados para problemas sociais atuais e, apesar do nome da banda em português, as faixas são cantadas em inglês. A produção do disco não é das mais apuradas, mas é muito sa-tisfatória, já que os instrumentos ficaram bem sujos e ainda mais brutais. Destaque

também para os ótimos coros de vozes presentes em quase todas as faixas. Se você curte o estilo, temos aqui um ótimo registro, de uma banda que merecia muito mais reconhecimento do público brasileiro.

Nota: 7,5Por Junior Frascá

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AbriosisVesselShitnkife Records

Já não é novidade para ninguém, as mulheres estão dominando o mundo. E no Heavy Metal não é diferente. Cada vez mais elas estão assumindo posições de destaque nas bandas. A Abriosis é proveniente do Canadá e, após algumas mudanças na formação, se estabilizou com uma mulher nos vocais. Axls Ness possui um timbre invejável, um gutural potente e preciso, casando perfeitamente com a proposta do grupo – um Progressive Death Metal frio e calculista, técnico e agressivo. A banda, formada em 2007, já possui em seu currículo alguns EPs e um full length. “Vessel” é o trabalho mais recente, um EP com quatro músicas intensas e que buscam ilustrar o novo direcionamento do grupo. Falando um pouco da parte instrumental, é de assustar a qualidade técnica dos músicos, executando cada parte com extrema velocidade, troca de andamentos, além da criatividade em alta. O fato de terem utilizado somente uma guitarra – e, consequentemente, menos camadas na gravação – deixou o som mais orgânico, apesar de o som ser quase que robótico. A construção dos riffs é bem complexa e acompanhar a progressão das estruturas é bastante interessante. Definitivamente, não é um disco de fácil digestão, pois demanda muita atenção do ouvinte – o que, para alguns, pode se tornar cansativo. Para quem gosta de um desafio, “Vessel” é um bom começo e o cronômetro já foi disparado à espera de um

novo trabalho. Se você ficou, no mínimo, curioso, aproveite, pois o EP está disponível para download gratuito na página da banda no Facebook.

Nota: 7,0Por Pedro Humangous.HEPTAHMaster of DelusionGravadora: MS Metal Records

Vindo de Campinas com uma proposta bem definida numa mistura entre o Heavy Metal tradicional e o Prog Metal, a banda HeptaH lança seu début intitulado “Master of Desilusion”. Dando grande destaque à parte instrumental com grandes solos e riffs pesados a banda mostra que tem muita lenha para queimar. Grandes destaques do álbum são “Something’s Wrong”, “Time To Regret” e “Insanity” (minha favorita). Já o pequeno defeito fica com o vocal de Rhads Clemente que, em certos momentos, acaba ficando enjoativo, mas de resto a banda tem um futuro brilhante e tenho certeza que irei ver num futuro próximo essa banda voar muito mais alto. Para quem curte o estilo pode ir sem medo. Recomendado!

Nota: 8Por: Luiz Ribeiro

Brutal ExuberânciaTerritorio PerdidoIndependente

Os manauaras do Brutal Exuberância destilam poder, força, raiva, ódio e muita diversão no seu Thrash Metal cantado em português. Os caras começam com uma intro e partem para destruição sonora com “Apocalipto”, energia e força estão presentes na música, mostrando para o que eles vieram. E vieram com muita competência. Ouvindo o disco com bastante calma, pude perceber que em vários momentos a banda pecou ao se esquecer de diminuir os instrumentos ou mesmo dar uma melhor atenção à mixagem do material, que tem qualidade, mas em vários momentos (ou quase no disco inteiro), acontece uma tremenda embolação em toda a música. Isso acaba complicando um pouco o real entendimento da mensagem passada e até mesmo embolando o instrumental, algo que não é nada interessante.

Tirando isso, a audição de Territorio Perdido é altamente recomendada a todos os fãs do estilo.

NOTA: 7.5por Augusto Hunter

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HatriotHeroes of OriginMassacre Records

Desde a saída de Steve “Zetro” Souza do Exodus, todos os fãs do Thrash Metal esperam pelo retorno do vocalista a uma banda fixa do estilo. E agora, finalmente, o cara montou o Hatriot, que acaba de debutar com um disco realmente fantástico. Com uma pegada bem agressiva e brutal, que mescla elementos do Thrash oitentista com outros mais modernos, a banda conseguiu criar uma sonoridade única, como se fosse uma mistura entre o próprio Exodus e o Tenet (projeto que também contou com os vocais de Zetro, mas bem mais pesado, quase Death Metal). A produção do disco (feita por Juan Ortega) contribui muito para a excelência do material, pois deixou os instrumentos com uma sonoridade agressiva mas ao mesmo tempo moderna. Com uma “rifferama” digna dos clássicos dos anos 80 e uma cozinha muito

precisa – formada pelos filhos de Steve, Cody Souza (baixo) e Nick Souza (bateria) – além dos vocais incomparáveis de Zetro (ainda um dos melhores do thrash), faixas como “Suicide Run”, “Murder American Style”, “Globicidal” e “The Mechanics of Annihilation” são verdadeiras aulas de Thrash Metal, como há tempos não se via. Assim, por mais que muitos fãs ainda esperem a volta do vocalista ao Exodus, a verdade é que, se o Hatriot mantiver sua carreira ativa e na estrada, tal fato nem é necessário, uma vez que, desta forma, temos duas excelentes bandas na ativa destilando o mais puro e brutal Thrash Metal. Sem dúvida, um dos grandes discos de 2013.

Nota: 9,5Por Junior FrascáTestArabe MacabrePecúlio Discos/Cospe Fogo Produções/255 Records

Falar mais o que dessa dupla maluca e original que, mesmo com um tempo ainda curto de vida, está na mente de qualquer fã de Grindcore nacional? Mas que se dane, batamos na mesma tecla: a Test ficou famosa por suas apresentações surpresa marcadas pela ousadia. Eles descem de uma Kombi, montam o equipamento na calçada e mandam brasa lá mesmo. E depois de EPs e DVDs piratas, chega a hora de seu full length, já aclamado no underground tupiniquim (e gringo – eles fizeram uma turnê na Europa há pouco tempo). Trata-se, como dito, de Grindcore de primeiríssima, mas com excelentes misturas com o Crust e até com o Death Metal. Mas não é “simples” assim não: os caras – João Kombi (guitarra/vocal) e Thiago Barata (bateria) – produzem um som incomum, norteado pela velocidade, sujeira e peso. É quebrado, é irregular, é... Fascinante! Admirável também o fato de não terem um baixista. A guitarra poderosa do vocalista deu conta de todo o peso do material. Há ainda participações especiais de outros personagens bastante respeitados no Grind, como Marcelo Appezzato (Hutt) e James (Facada). Já viu que daí não saiu coisa boazinha, né? E tome blast beats demoníacos, riffs e cantos fora do normal, mudanças de tempo surpreendentes e muito pescoço dolorido por parte dos ouvintes. Bom lembrar que o álbum saiu em vinil e também está disponível para download gratuito (à caça do link!). Logo, pare de perder tempo lendo aqui e vai arrumar o seu material!

Nota: 8,0Por Christiano K.O.D.A.

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Dorsal Atlântica2012Independente

Pois é, meu caro amigo leitor, quem diria que, em pleno ano de 2013, teríamos novamente um disco inédito da Dorsal Atlântica e, ainda mais, com sua formação original? Pois bem, depois de um bem sucedido processo de crowfunding (financiamento coletivo), a banda conseguiu financiar um novo registro, trazendo de volta a formação com Carlos “Vândalo” Lopes (guitarra e voz), Claudio Lopes (baixo) e Hardcore (bateria), que marcou época no metal nacional. Mantendo ainda intacta as características que consagraram a banda, temos aqui aquela mistura ácida de metal, Hardcore e punk, sempre pesada e agressiva, com letras inteligentes e críticas, daquelas que só Carlos Lopes sabe fazer. Além disso, tudo é muito simples e direto, sem muitas firulas ou técnica mais apurada, como nos primeiros registros da banda. Nessa toada, faixas como as excelentes “Meu Filho me Vingara”, “Stalingrado”, “A Invasão do Brasil”, “Jango Goulart” e “Comissão da Verdade” possuem todos os predicados para se tornarem novos clássicos da banda, bem como do metal nacional em geral. O disco também vem em uma belíssima embalagem digipack, com o nome de todos os que contribuíram para financiar o disco no encarte. Agora é torcer para que esse não tenha sido o último registro da banda, pois, conforme se percebe deste lançamento, os caras ainda tem muita lenha para queimar. Não perca!

Nota: 8,0Por Junior FrascáRabid DogsBeasts With GunsEclectic Productions

Apesar da introdução sem graça, com uma musiquinha que lembra uma música de Amy Winehouse, mas na hora que a coisa começa, aí assusta! É ignorância das mais porradas! Muito Grind com Power Violence, um pouco de Hardcore, uns le-ves toques de Punk e, ainda em menor quantidade, o Rock ‘n’ Roll, um mix de fazer verdadeiras rodas aniquiladoras em shows. Sério, é impressionante! Não dá para destacar nenhuma faixa, já que todas são perigosas e – por que não? – criativas. Afinal, não se escuta uma mistura de estilos distintos, feita com competência, todos os dias. Mas a grata surpresa fica por conta do cover que esses italianos fizeram de “Agressão/Repressão” – não preciso nem dizer de qual banda, né? Ficou bacanuda, igualzinha à versão original (do disco “Sistemados pelo Crucifa”). Uma ousadia aqui talvez deixasse a música ainda mais interessante, mas isso são outros quinhentos. A excelente faixa instrumental “Like a Beast” tem uma “cara” de fim de disco (é a penúltima), mas o conjunto, surpreendente como é, deixa para encerrar a pedrada com a não menos impiedosa “Lord High Executioner”, com um começo apocalíptico, mas que descamba para algo lento e repetitivo (que ficou muito bom), num clima totalmente “ei, o CD acabou, mas estamos de olho em você”. A capinha é simpática, uma ilustração colorida repleta de referências aos filmes dos anos 70, uma grande influência para o grupo. É legal ver que a banda trabalha duro: começaram em 2009 e já estão no segundo full length. Fica a torcida para que o ritmo de lançamentos continue. E fique atento: clame por piedade antes apertar o play.

Nota 8,0Por Christiano K.O.D.A.

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O Brasil é o legítimo c* do mundo. Quase tudo o que podemos encontrar de ruim pelo mun-do está aqui, mas ainda existe algo aqui que faz valer a pena admitir que somos brasileiros sem vergonha e, obviamente, estou me referindo à cena underground de metal extremo. As bandas que temos aqui são inúmeras e a grande maioria é extremamente talentosa, muitas vezes melhor que muitas “figuronas” de fora. Certo, isso todos já sabem, mas adi-vinhem? Estão acabando com a nossa cena também. Por quê? Oras, porque aqui é Brasil!

Temporada de Caça às Bruxas aos Organizadores.Corrupção; pão e circo; gente feia, burra, mal-educada, sem futuro, alienada; saúde pública de m*rd*; educação pública de m*rd*; segurança de m*rd*; desigualdade social, igrejas, etc. A lista é longa, faltando apenas uma guerra e uma sequência de catástrofes naturais para completar o kit “eterno fracasso mundial”. E como se isso não bastasse, estão acabando com os nossos shows e eventos, prejudicando a nossa cena. E a culpa é de quem? Não, não é do povão que discrimina os roqueiros/bangers desde que o rock/metal surgiu por aqui. A culpa é dos próprios organizadores que, além de cancelarem as apresentações, estão dando des-falques enormes prejudicando as bandas, fãs e depois sequer são homens para assumir a besteira e fogem, apagando Facebook, Twitter e se excluindo do mundo. Ou seja, verdadeiros estelionatários. O MOA foi apenas o caso que desencadeou essa “modinha” entre nós, mas, na verdade, isso já estava acontecendo com frequência antes mesmo do MOA. O nosso Hell Divine Fest, por exem-plo, quase acabou dessa forma, mas, por sorte, o nosso evento foi o único dos três que deu certo... O exemplo mais recente foi o cancelamento do show da banda finlandesa Azaghal que tocaria em São Paulo no mês de março, acompanhado por diversas bandas nacionais incríveis – felizmente, essas bandas nós ainda poderemos ver ainda no fim do mês no Scream of Agony Fest – Parte III. Houve também a apresentação do Besatt no Rio de Janeiro. O que podemos fazer? Infelizmente, não muita coisa. Obviamente, o primeiro passo seria continuar espalhando a mensagem do que aconteceu para que esses “organizadores” não possam lesar mais ninguém. O problema é que muitas organizadoras mudam o nome e voltam à ativa, como foi o caso do Felipe Negri, mas felizmente descobriram isso também, e espalharam as “novas” rapidamente nas redes sociais. Isso é necessário, pois se não houver uma demonstração prática de punição quanto a isso, produtoras como a Belialis Mvsika – Besatt – vão continuar existindo e fazendo as suas “brasileiragens” – ou seja, vão continuar tirando vantagens das bandas que desejam se apresentar e dos fãs que desejam ver suas bandas favoritas ao vivo. Pois é, explorar o desejo alheio é a tática mais velha da história e funciona até hoje... É hora de tomar cuidado e selecionar bem parceiros, patrocinadores e organizadores antes de iniciarem outra aventura burocrática com acordos e contratos, pois muitos querem ser organizadores, produtores, mas nem todos têm “bolas” e responsabilidade para isso, e na primeira caca que acontece fogem com o rabo entre as pernas – e com o dinheiro dos outros também. Vamos lá, é uma coisa importante, segundo vocês mesmos, uma coisa que vocês dizem ser a paixão de vocês, portanto tenham mais cautela. Já não basta essa molecada lixo do mp3 que não compra material físico, não vai a shows, não lê zines e nem mesmo compartilham uma notícia interessante no Facebook, e agora vão prejudicar os poucos que ainda fazem algo pela cena? Se continuar assim, nosso “mundinho” – que já não é bem aceito pela massa ordinária que compõe o resto do povo – vai ser praticamente extinto, e vive-remos em um local onde só existe funk carioca. Já pensou que “maravilha” vai ser? Ficarmos expostos mais ainda a essa gente que adora enfiar esterco no cérebro por meio do ouvido – e que, não contentes com isso, forçam os outros a ouvir essa m*rd*? Por isso, peço gentilmente a vocês que apoiem mais a cena, comprem alguns CDs, tapes, vinis. Vez ou outra, vão a um show, leiam alguma zine gratuita. Isso não vai matar vocês. E, obviamente, tomem cuidado para não colocar seu precioso tempo e dinheiro nas mãos dessas desgraças que se dizem produtores e organizadores de shows e eventos. Afinal, não é apenas você que vai sair prejudicado, mas todos nós, pois por mais que certas pessoas não gostem, nós estamos nisso juntos, como um todo. Por favor, não f*d*m a única coisa que presta nesse país em termos de música.

Yuri Azaghal

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REVIEWDEVIL MAY CRY XBOX 360/PC/PS3 CapcomO “Reboot Prequel” de uma das séries mais clássicas dos games está demais e, mesmo com nosso querido Dante com um visual diferente e renovado, mais “moderno” (coisa que muito fã da série chiou, mas sem razão) o jogo não deixa nada a desejar. Mais uma vez, Dante vai encarar vários demônios no Limbo, mas dessa vez, ele está em busca de uma coisa: sua história pessoal. Aquelas coisas como, quem sou eu, de onde eu vim e coisas afins. Mas em sua jornada, ele acaba descobrindo seu irmão Vergil e a ajudante dele, a Kat, uma bruxinha muito da “classuda” que vai te ajudando em várias missões até o embate final contra Mundus, o grande demônio que controla o Planeta Terra por meio de várias coisas, como consumíveis, monitoramento e manipulação da informação. Com gráficos insanos, a ambientação do jogo é incrível, a mudança do cenário do mundo real para o Limbo está impressionante, o esquema de movimentação está bem interessante, mas ainda um pouco confuso em horas de alternância entre utilitários que você vai ganhando durante o jogo. A trilha sonora dá um show a parte, ela foi toda composta pelo Noisia e Combichrist (ambas bandas de EBM / Industrial), as músicas selecionadas são maravilhosas e empolgantes nas missões do jogo, melhorando ainda mais a experiência em DmC.

Gráfico: 10 Diversão: 8 Enredo: 7 Jogabilidade: 8 Som: 8

Augusto Hunter

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RECOMENDAÇÃOBROTHERS IN ARMS

– HELL’S HIGHWAY XBOX 360/PC/PS3

UbisoftEnredo envolvente, batalhas sangrentas, atmosfera tensa e liberdade para comandar seu batalhão conforme sua estratégia. A Ubisoft pensou em tudo quando lançou esse maravilhoso jogo de guerra, em 2008. Se você gosta de um jogo de guerra com uma campanha decente, liberdade para armar táticas em um clima que lembra muito “O Resgate do Soldado Ryan”, e – o melhor – um jogo sem regras moralistas e chatas onde você joga uma granada e ela despedaça o inimigo em vez de, simplesmente, levantá-lo no ar, esse jogo é para você. Jogos atuais como Battlefield 3 e Call Of Duty Black Ops 2 podem possuir gráficos arrasadores, mas depois de jogar essa recomendação, seu sentimento em relação aos jogos de guerra nunca será o mesmo, pois ele consegue suprir aquele pequeno detalhe que faltava no realismo, garantindo diversão por horas e mais horas.

Gráfico: 9 Diversão: 10 Enredo: 9 Jogabilidade: 7 Som: 9

Yuri Azaghal

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REVIEWDEAD SPACE 3 XBOX 360/PC/PS3 EA GamesPrepare-se para presenciar, derramar e perder muito, mas muito sangue mesmo. Resumindo pelo óbvio a se dizer, a terceira sequência de um dos jogos mais assustadores dos últimos tempos apresenta uma progressão assustadora em todos os quesitos, principalmente, nos detalhes gráficos e no clima de tensão que, se não conseguiu superar o do game anterior, pelo menos mantém a atmosfera sinistra e imprevisível onde tudo ocorre repentinamente, pegando o jogador despreparado. Houve também grande inovação nas situações de perigo, fazendo o coração saltar pela boca. Como bom inimigo de spoiler que sou, deixo a seu cargo conferir o enredo – e a evolução dele – que, sem dúvida alguma, vale a pena ser conferida.

Gráfico: 10 Diversão: 9 Enredo: 9 Jogabilidade: 10 Som: 9

Yuri Azaghal

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RecomendaçãoSLENDER

PC PSYCHOLOGICAL HORROR

Baseado em uma antiga lenda urbana de um homem sem rosto que atrai e mata suas vítimas – principalmente crianças – seu objetivo é sobreviver enquanto coleta oito páginas que revelam dicas sobre a criatura. Slender é um jogo simples, independente e gratuito, que segue a linha de jogos estilo Amnesia e Paranormal. Apesar de sua simplicidade, o jogo chamou a atenção de muita gente devido a sua atmosfera de medo constante. Se você gosta de jogos estilo survival horror voltado para o terror psicológico, é uma boa ideia conferir esse modesto – porém muito divertido – game.

Gráfico: 8 Diversão: 10 Enredo: -- Jogabilidade: 7 Som: 8

Yuri Azaghal

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rOTTING CHRISTSHOW: ROTTING CHRISTDATA: 16/03/2013LOCAL: TEATRO ODISSÉIA – RIO DE JANEIRO

No sábado, dia 16 de março, Rio de Janeiro recebeu de bra-ços abertos como o Cristo Redentor a banda grega de Black Metal Rotting Christ. Com 20 anos de carreira e grandes álbuns lançados, essa seria a primeira vez que o devoto pú-blico daquela cidade assistiria à Sakis e Themis Tolis, dessa vez acompanhados por George e Vaggelis, na turnê do novo e incrível disco “Κατά τον δαίμονα του εαυτού” (Kata Ton Daimona Eautou).

O show rolou no Teatro Odisseia, localizado na Lapa. Não poderia existir local melhor para um evento desses, já que chegar e sair dali é moleza para todos. Outro interessante ponto foi o horário do evento, já que começou e terminou bem cedo e todos puderam fazer outra coisa ou mesmo vol-

tar para casa e ficar se lembrando de uma noite que será inesquecível.

Cheguei cedo a casa e encontrei os simpáticos do Blog N´Roll Produções que estavam preparando uma entrevista com a banda e o correligionário Marcos Garcia. Começamos nosso trabalho de diversão enquanto víamos os fãs começarem a chegar e a festa pré show na rua dar início; isso já nos mostrava o clima que seria dentro do Teatro Odisseia, divertido e sempre muito bom.

Depois de algum tempo e um atraso nada longo, fomos chamados a adentrar a casa, pois eu vivenciaria um momento incrível ao lado dos fãs que ganharam o sorteio da produtora do evento, para um “Meet & Greet” com a banda. Sim, eu fui surpreendido nesse momento. Ao subirmos ao terceiro andar da casa, esperamos pouquíssimo tempo até que o pessoal da banda apareceu e distribuiu carinho e simpatia a todos que estavam ali. Sakis, Themis, Vaggelis e George foram extremamente simpáticos, conversando, rindo e autografando todo o material que os fãs sorteados levaram, com destaque a uma fã, a Emily, que estava visivelmente emocionada e, mesmo sabendo, nada conseguia falar de inglês com o Sakis. Dei uma ajuda para a comunicação rolar e o Sakis a abraçou agradecendo demais toda a dedicação dela, um belíssimo momento, com certeza.

Finalizando essa incrível parte da noite, fui até a área reservada para a imprensa, mais uma bela sacada da produção, nos dando uma liberdade incrível para a completa observação do show e tirar boas fotos. Depois de algum tempo,

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explodiu no PA da casa a intro do show, “Sono L´Anticristo”. O público começou a gritar o nome da banda, fazendo uma recepção linda para os gregos que tomavam suas posições e veio o General Sakis, sempre muito simpático. Ao anunciar o clássico que abriria o evento a galera perdeu a linha, pois a escolhida foi “The Forest Of N´Gai”, clássico vindo direto dos primórdios da banda e fomos para a avalanche de clássicos como “Non Serviam”, “Athanati Este”, “The Sign Of Evil Existence”. Uma grande coletânea dos discos da banda, com duas músicas novas que vieram abri-lhantar ainda mais essa noite, “Kata Ton Daimona EauTou” e “In Yumen/Xibalba”, funcionaram ex- tremamente bem ao vivo e foram maravilhosamente bem recebidas pelo público que, mesmo as partes em grego, acompanharam as le- tras. Tivemos diversos momentos de grande comoção, mas como em “Kings Of The Stella War”, do incrível “Triarchy Of Lost Lovers” e no cover do Thou Art Lord, “So-cietas Satanas”, foi algo realmen- te inacreditável. Nessas músicas, a resposta do público – que já era boa – duplicou, fazendo a banda se esforçar ainda mais em cada música executada. Para fechar a maravilhosa noite, “The Fifth Illu- sion”, que me bateu forte e levou esse que vos escreve a lágrimas incontidas, pois sempre quis ouvi--la ao vivo. Chegou minha chance e posso falar, foi perfeita! No final do show, uma rápida passada no camarim para trocar de roupa e se secarem um pouco, pois já eles desciam para falar com todos os fãs, tirar fotos e se divertir. Isso eles fizeram realmente, se diver-tiram com os fãs. Saindo da casa, a banda ainda tinha um último com-promisso no Rio de Janeiro, um “after party”, marcado para acontecer no Heavy Duty Beer Club. E mesmo visivelmente cansados da turnê e do maravilhoso show feito há poucas horas, a banda apareceu no bar, sendo bem recebida pelos fãs e eu estava lá com eles. Mais conversas, mais risos e, por volta de uma e pouco da madruga de sábado para domingo, eles foram para o hotel e viajar para assim completarem sua passagem pelo nosso país.

Saldo desse show: incrível. Tenho de parabenizar a produção do evento, pois com esse incrível e organizado show, o Rio de Janeiro está se credenciando de novo como passagem pelas bandas internacionais de novo e o público, dessa vez, de parabéns, compareceu forte para apoiar a cena. Agora, vamos esperar porque, com certeza, teremos mais coisas por vir.

Augusto Hunter.Ffotos por Marcos Garcia

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LACUNA COIL& PAINSIDE

Show: Lacuna Coil e PainsideData: 01/03/2013Local: Circo Voador – Rio de Janeiro

No dia 1º de março, o Circo Voador foi invadido por muitos fãs loucos do Lacuna Coil, já que, naquele dia, a banda se apresentaria pela primeira vez no Rio de Janeiro. Era uma noite que tinha tudo para marcar muitas pessoas, mas, a meu ver, deixou a desejar demais.

Vamos começar com o relato da seguinte maneira: falar do Lacuna Coil é complicado, a banda é boa e tem uma gama de fãs incrível, mas no show do Rio, em meu sincero ponto de vista, os caras deixaram a desejar, mas daqui a pouco eu chego lá. A noite contava, ainda, com a apresentação dos ca-riocas do Painside, banda badaladíssima da cidade, está cada vez melhor em sua crescente carreira, com boas músicas.

Então vamos lá. Cheguei mais cedo ao Circo Voador, pois fui escalado (juntamente com outros amigos) para participar da gravação de “Reject The Silence” da banda de abertura. Do lado de fora do Circo Voador, via-se a aglomeração de fãs aumentando e, quanto mais ia chegando a hora da abertura dos portões, maior era a fila de espera do pessoal; dali já dava para ver como a noite seria especial. Ao abrirem os portões a enxurrada de fãs veio; todos brigando por um local mais perto do palco (disputa clássica em shows), mas, dessa vez, eu vi alguns realmente alucinados por ali. Algo interessante, a banda italiana merece uma bela recepção, realmente. Logo depois desse evento, o Painside veio

ao palco, com muita energia e disposição, querendo mostrar que o cenário tem um representante de peso e qualidade. To-cando músicas do seu primeiro disco “Dark World Burden” e as três novas do EP “Build Your Fiction”, a banda chegou mostrando serviço e agitando uma boa parte do público que ali estava e o show dos caras seguiu com maestria. A banda demonstrou um domínio de palco inacreditável e empolgan-te, todas as músicas foram extremamente bem recebidas, mas um fato não pode passar em branco: na música “Reject The Silence”, exatamente aquela que o pessoal que estava participando da gravação do clipe e a produção esperava, o vocalista Sevens tirou o ombro do lugar, saindo do palco com extrema dor. Por sorte, um grande amigo (que vem a ser

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fisioterapeuta) estava no local e quando me viu e eu me lem-brei de sua profissão, invadi o backstage do Circo Voador para ajudar o nobre vocalista da banda e ele ter condições de voltar ao palco. Enquanto o vocalista era atendido, a ban-da não deixou a peteca cair e o baterista Eduardo “Manú” executou um solo de bateria digno de grandes nomes no ce-nário mundial e levantou ainda mais o pessoal, resultando na volta do vocalista bem melhor, depois do atendimento do “fã salvador”. Ao voltar ao palco, um cover e uma piada interes-sante, já que a última música do set seria “Unbreakable” e ele estava de tipoia. Assim se encerrou essa grande apre-sentação e o público começou a viver um curtíssimo tempo de espera para o Lacuna Coil em palco.

Coisa de pouco mais de 10 minutos depois, Cristina Scabbia e time entraram em palco esbanjando simpatia para mais uma apresentação – a primeira em terras cariocas. Ocor-reu um problema com o baixista que não apareceu, então um playback foi usado para o instrumento. Tudo bem, até aí tudo certo, mas o show rolando eu comecei a prestar aten-ção em vários momentos e percebi algo realmente estranho. Comentei com algumas pessoas ao meu redor e, sim, era o meu maior medo acontecendo: playback na BANDA INTEIRA. Não vou negar que, ao perceber isso, fiquei chateado, triste, mas continuei prestando atenção no show e, sim, o playback era certo. Uma pena, realmente, mas mesmo assim a banda continuou a sua primeira parte do set – o Elétrico, ou o que chamamos de “Plugged Session”. Ao final dessa primeira parte do show, a banda saiu e entraram alguns banquinhos: “Unplugged Session”, para delírio da massa de fãs ali pre-sente. Momento legal da banda, já que ali, sim, o som foi bem orgânico e você via a Cristina Scabbia cantando bem demais e o público ainda em transe. Depois de um tempo de set “Unplugged”, mais um set “Plugged” fechando o show com um público muito feliz. No entanto, eu e também uma boa parte ficamos bem decepcionados com a apresentação da banda; com certeza, esperávamos algo de maior qualidade. No balanço, duas horas e dez minutos de palco para os fãs que ali estavam para ver a banda, valeu a pena, para eles.

Augusto HunterFotos por Daniel Croce

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