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Hempel - Filosofia da Ciência Natural

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C U R S O M O D E R N O D l F1LOSOHA

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C*ARL O. HfcMPEL

Al Vãiitrrmtode dr PrincrtoH

FILOSOFIA DA

CIÊNCIA NATURAL

IM.IHIO Sl'k»*WNIi K o c I L

>'- VllWtill&nU í"1"*t Ai C/m.n.ift.".i

V.y—llll ! • « , * '

ZAHAR EDITOltVs

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Titulo Oii(iiul:

Phitosophy d Natural SãeHct

Tr"iluiido dl (vimtíri cdi^io. publicada cm 196$ pela P w n c f c H a i J . .INC.. de Englewood Çlifft, N i " Jervey. EsUdot Unidin da Amínc». na•én* FDUNDATIONS OF PWLGSOPHY, dirigida por E UW i m e

Copfrighl © /°*o by FrtMkfHaB. Int.

CK ICO

I S T *

DireitM para a língua portuguesa adquiridos por

Z A H A R E D I T O R E S

Riu Méxko, i\ — Rio de Janeiroque S í reservam a propriedade d«ia tradu;ao

Imf/ruo no Biaul

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I N P ! C E

Prefácio 9

1 . Alcance e Obfttivo deste Livro II

2 . Investigação Científica: Invenção e Verificação . . 13Um Caio Histórico como Exemplo, 13. As EtapasFundamentais para Verificar unia Hipótese, 16.O Papel da Indução na Investigação Cientifica, 21.

3 . A Verificação de uma H ipótese: Saa Lógica eSua Força 32Verificações Experimentai» kV. Não-Experimentais. 32. O Papel das Hipóteses Auxiliarei. 36.Verificações C ruciais, 40 . Hipóteses ad hoc, 4 3 .Vcrificabilidade cm Principio e Significação Empírica. 45.

4 . Critérios de Confirmação e Aceitabilidade 48Ouantidadc. Variedade c Prccisio da EvidênciaSustentados, 48. Confirmação por "Novas" Implicações. 52. O Apoio Teórico, 54. Simplicidade, 57. A Probabilidade das Hipóteses. 63.

«•> As Leis e seu Papel na Explicação Cientifica 65Dua* Exigências Básicas para as ExplicaçõesCientificai. 65. A Explicação Dcdulivo-N omoló-gica. 6 8 . Leis Universais c Generalizações Acidentais, 73. As Explicações Probabillsticas: Seus Fundamentos, 78. Probabilidades Estatísticas c Leisprobabilisticas. 79. O Caráter Indutivo da Explicação Probabilística. 89. f.

ii A* Teorias e a Hxplicação Teórica 92As C aracterísticas Gerais das Tconas, 92 . O* Princípios Internos c os Princípios de Transposição.95 Compreensão Tcóric», 98. O "Status" das

Entidade* Teóricas. 100. Explicação e "Redução,i(i E-tinilíar". 106.

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6 FltOSOFIA D* CrffCM NATURAL

7 . Formação d< Concciioi - 109Dcfmtcio, 109. DcfíoKôes Oprracioniii, 113.Importância Siitcmática e Empírica d»n Conceito* Científicos. 117. Sobre as Quesiôçi "Opera

cionalmente Km Sentido". 123. O Caráter daiSente rifai I n te rprçiativas. 124.

8. Reduçòo Ttérka 129A Controvínia MceanieiwiQ vs. VítaKim», 129.RcilusJo do» Teimo». 131. Redução das Leis.133. Rcfocmuluifio do Mictmicitmo. 134. Rcdii-çllo da Psicologia; o Beliaviotiímo, 135.

Ieiluras Aduiotutíl 141

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F U N D A M E N T O S D A FI L O S O F IA

Muito* dos problemas da Filosofia sio dí f o ampla rck-vAocia para ai preocupações humanas, c tüo complexos em suasramifii-iiivri, que u encontram, de uma formji ou outra, consta ntrmrnie prrtfntr*. Embora, no decorrer do tempo, cies seluhmctam à invcsii#içflo filosófica. lalvci necc*iilcm ser recoo-«ulrriilirt em tadl ípnen. A lui de cmiliccínicntos cientificoi

mais vastos c mais profunda experiência ética c religiosa. Melhore* soluções slo dctcobcrtai por métodos mais refinado* crigorosos. Assim, quem abordar o estudo da fitotofia ni esperança de compreender o melhor do que ela proporciona,procurara tanto at questões fundamentais corno as reallaaçõescon(cmpor/liKM.

•'.Krlio por um jiiupo de eminentes flIMofo*. o "C ursoModerno do Mlosoíia" tem por finalidade expor alguns dospiliiiipnii |»ruliliiiiji mu divmoi ciinpnh >!> hlirtolia, tal CMMIO apreieiitam na aluai fase da história filosófica.

Conquanto seja prnvívcl que ceitos setoríi citcjam rcpicsentados na maloiia doa catot do introdução a Filosofia, asclasses universitárias diferem muito em finfa»e. nos mildosde instrução e no ritmo de progresso. Todo* os professoresnecessitam de liberdade para alterar seus curto* • medida queo* leus próprio* Interesses filosóficos, o tamanho e caracterii-llcas da composição de suas classes e ai necessidades de seuinlunoi variem de ano pura ano. Ui dlvetiót volumei do "CurióModerno de Fitotofla" (cada um completo cm »i meimo, ma*•crvlndo lambem de complemento para o» outros) oferecem

uma nova flexibilidade ao professor, que pode criar seu própriocurso mediante a combinação de vários volume*, conforme dc-ncjar, e pode escolher diversas combinações em diferentes ocasiões. Aqueles volumes que oio tão usados num curso deiniciação podem ser comprovadamente valiosos, a par de outros(extot ou compilações de lições, para os curto* maii cspceiali-/.iidoi de nfvcl superior.

EUZABETH BEARD4LBY M O N í Q B BEAROsirv

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Para PETER ANDRɻe TOBY ANNE

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PREFACIO

lUIc l ivro oferece um a introdução a alguns dos teVptco»centrai* da Metodologia c da 1-ilutofia da Ciíncia Natural contemporâneas. Cata atender às exigências do espaç» disponível,preferi tratar com cena minúcia um número limitado de quesitos ímpotlonlCf » tentar um esboço rudimentar <k um panorama mais V í I M I T Embora seja l ivro de caráter elementar, procurei evitar uma simplificação enganou c aptmlci vária»questões que ainda cstào icndo pesquisadas c discutidas.

Oi leitores que quiserem conhecei melhor as questões aquiexaminadas ou se informai more outros problemas da Filosofiad» Ciíncia encontrarão sugestões para leituras adicionais nacurta bibliografia que *c acha no fim do volume.

Um a parte substancial deste l ivro foi cicrila em 1964. durante oi últimos meses de um ano cm que fir parle do Centrod« Estudos Avançados em Ciências do Comportamento. Ouero

deixar aqui expresso o quimto apreciei esta oporturtidade.E quero, por fim, agradecer calorosamente «o* diretoresdtma eoleclo, Elirahclh e Monroe Beardsky, pelos conselhosvaliosos e a Jcromc II. Neu pelo auxilio eficiente m Icilui» daiPfovai.

CARL Ü . HEMrlL

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A L C A N C E h OHJETIVO DI-STE L I V R O

Oi iHcttalrt r i m B -da investigação científica podem set

l em AM (rapo* nuiom: a» Ciências empíricas c a*As primeira* procuram descobrir, descrever.e prcifcrer as ocorrências no mundo cm que vivemos.

Saas avscrtòe* devem ter. portanto, confrontada» com os fato*de nossa experiência e to são accitiveis se amparadas por i a«rviatacãa csnpínca.

Tal evidencia te obtém de muitas maneiras por espertas»,taçao. por obaervacio ustcmãlica. por entrevista* ou levanta,neatos. por eiames psicolopcos ou cUaicos, por estado atta*>de rciiqina* arqueológicas, documcMos. inscrições, moedas.

etc £ dessa referencia essencial a cípeneacra que prescinde*a Ldpca e a Matemática pura. que \áo as Oen:ua aa*-nffcl

As Ciência* empíricas dividem-se por sua vez cm CiênciasSacaram e Ciências Sociais. O critério para essa dWisão é raur*>menos claro do que o que distingue a investigação erapÚKa da.itio-cnararica e não existe acordo geral sobre onde se caçoam «linha de separação. £ costume incluir nas Ciências Satanss aFísica, a Química, a Biologia e as suas umas fronteiriças. AsGèecias Sociais compreendem eniio a Sociologia, a Ciência Po

laca, a Aatropotogu, a Economia, a HistoriograTia c as drserpa-aas oorrelaeas- A Psicologia é às vezes incluída num campo, *avezes noutro e não raro c dita pertencer * ambos.

Na presente coleção, a Filosofia das Cãencras Naturais e aniotofu das Ciências Sócias» sao tratada* em volumes drierest-•rs. Es«a separação usa apenas ao ptopóiiso pratico de perna**dmcaatão maã adequada do largo campo da Filosofia da Cácaçã;são pretende prcjnlgar a questão de ter ou não essa divisãosãtasfieacao sistemática, i. e.. de serem as Ciências Naturais fuv

diferentes das Ciências Sociais cai astuto*,

ou preisipouos. Que existam diferenças bã-

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12 FILOSOFIA DA C I í N C I A N A T U R A I ,

sicas cnttc esses vastos domínios j i o (oi amplamente afirmadoe com as mais diversas c interessantes razões. Mas uni estudocomple to desses argumentos requer uma análise cerrada tanto das

Ciências Sociais como das Naturais, o que ultrapassa o domíniodeste pequeno volum e. En tretan to, nossa discussão derramaráalguma luz sobre a questão, pois nesta exploração da Filosofiadas Ciências Naturais teremos, de quando cm vez, ocasião delançar um olhar comparativo cm relação às Ciências Sociais cveremos que muito do que vamos descobrir quanto aos métodose J railonalc da investigação cientifica aplica-se tanlo às Ciências Naturais como às Ciências Sociais. As palavras "c iência " c"científ ico" serâu, portanto, frcqücntcmcnic usadas cm referên

cia to domínio inteiro da Ciência empírica; mas quando a clareia o exigir, restrições convenientes serão acrescentadas.O enorme prestígio desfrutado pela Ciência hoje cm dia c

certamente devido cm grande parte aos sucessos espetaculares cá rápida expansão do alcance de suas aplicações. Muitos ramosda Ciência empírica vieram constituir a base para tecnologias associadas, que colocam os resultados da investigação cientifica cmuso prático c que por ma vez fornecem freqüentemente * pesquisa pura ou básica novos dudos, novos problemas c novos instrumentos para a Investigação.

Mas, alem de auxiliar o homem em sua busca de um controle sobre seu ambiente, a Ciência responde a uma outra necessidade, desinteressada, mas não menos profunda c pcrsis<cntc: ade ganhar um conhecimento cada vez mais vasto e unia compreensão cuda vez mais profunda do mundo em que elese encontra. Nos cap ítulos seguintes, vamos estudar como são atingidos esses objetivos principais da investigação cientifica. Examinaremos como se alcança, como se estabelece ecomo muda o conhecimento cientifico; veremos como a Ciência

explica os fatos empíricos c que espécie de compreensão noa idada por suas explicações; no deco rrer dessas discussões, aborda-daremos alguns problemas mais gerais referentes aos limites eaos pressupostos da investigação, do conhecimento e da compreensão cientificas.

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INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA:INVENÇÃO E VERIFICAÇÃO

U M CA SO HISTÓHHO C O M O f X t M P l O

Como simples ilustração de alguns aspecios importantes dainvestigação científica vamos considerar o Itabalho sobre a febrepuerpera), realizado pelo médico húngaro Iguaz Scmmelwcis, noHospital Coral de Viena, de 1844 a 1848. Grande número demulheres internadas no Primeiro Serviço du Maternidade do Hospital contrata após u parlo uma doença séria, c muitas vezesfatal, conhecida como febre pucrpcrul. Fm 1844, das 5.157

mães hospitalizadas nesse Serviço, 260 (ou seja, 8,2 por cenlo)morreram da doença; cm 1845 a pcrccntagcm era de 6,8 porcenlo c em IK46 de 11,4 por cento. iUsas cifras se tornavamainda mais alarmantes quando confronUdas com as dos casosde morte pela doença no Segundo Serviço de Maternidade domesmo hospital, que abrigava quase tantas mulheres como opr ime iro: 2,3, 2.0 e 2.7 por cento para os mesmos anos.

Atormentado pelo terrível problema, Semmelweis esforçou-se por resolve Io , seguindo um caminho que ele mesmo veio

a descrever mais tarde cm livro que escreveu sobre a causa c aprevenção da febre puerperal.1

Começou considerando várias explicações entào em voga,algumas rejeitou logo por serem incompatíveis com fatos bem

I A na i ia lM* a» tuluUHn ik V — I — r « • • diflfuldaMi noi i» t n r o *"•dai lowilul uma fdfini fmiunic «a fcaidaia da M í d m u . Uma aiponiaapüimaniiiliaOi i|in inclui iiad<i(A« a niraTrawi « Ui«m I no oa doi ax iu oidt Samavlard. ( « . • a i n * <m W I Sa.la>i SmavlMir M u l / V o-J Hal>n(-Mr ( M a a r h t u e . I n a l w m a : MaMhdirr U*»t<MI> P m i . 1»WP. I * « aadia • sua foiam líiadai a> itpldai cilatfWi d» ir ia|>llaaa O. eunlot oilml

naniri da cainiia * V * ~ l . n , m i o («aluadot no primlra capim» * POt  Kn.lt . »,. A,tMH r V w * <N**a V M  H v i a . f i . Hiaia * W — M , l a l . I N I )

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14 FllOSOFlA DA ClÍNClA NATVKAL

estabelecidos, outras, passou a submeter a verificações especí-fkas.

Uma idéia amplamente aceita na época atribuía as devastações da febre pucrprral a "influências epidêmicas-. > i p a m rdescritas como mudanças "cosmico-lclúiico-atmosfcricas" espa-Ihando-sc sobre bairros inteirose causando a febre «as n  -res inicrnaiiiv Mas, raciocina Scntmelweis. como pnderiw Uminfluências afetar o Primeiio Serviço durante anos c poupar oSegundo? E como poderia reconciliar-se essa idéia com o falode estar a fcbic grassando no hospital sem que praticamenteocorresse outro caso na cidade de Viena ou em seus arredores'Uma epidemia genuína, como o c a cólera nio podena ser lioseletiva, finalmente. Scmmclv-cis nota que alfumas dai BM-Iheres admitida nu PTUUCíIO Serviço, residindo lonçe do henpiHlvencidas pelo trabalho de parlo ainda tm laininho, tinhas». luz em plena rua: pois. a despeito dessas condições dcvfaiveis, a laia de morte por febre pucrpcral entre esses caso» de"parto de tua" era menor que a media no Primeiro Serviço.

Segundo outra opinião, a ouvi d.i mortalidade no PruneuoServiço era o excesso de gente. Mas Scmmciwcu observa que..M-

cin*i .1.1 ainda aitkM H topado h n .•• o p i mparte se explicava como resultado do» esforce* desesperado»das pacKntet para evitar o Primeiro Srrviço já mal afanado.Ele rejeita também duas conjcluras Mimliiuruct entao corrente»,observando ijue não havia diferença entre os dois Serviços quanto à dieta c ao cuidado geral com as pacientes.

Em 1846, uma comissão nomeada para investigar o assuntoatribuía a predominância da doença no Primeiro Serviço a danos ei usados pelo exame grosseiro feito petos estudantes de

Medicina, que recebiam seu treino cm obstetrícia apenas noPrimeiro Serviço. Semmelwcis observa, refutando ena opinião,que: a) o» danos resultante* naturalmente do processo de panosão muito mais extensos que os que poderiam ser cansados porum exame grosseiro; b) as parteiras que recebiam seu treinono Segundo Serviço examinavam suas pacientes quase do mesmomodo, mas sem os mesmos efeitos nocivos; e) quando, cai conseqüência do relatório da comissão, o número dos cstadaBksde Medicina ficou diminuído da metade e os seus exames dasmulheres foram reduudos ao mínimo, a mortalidade, depois de

breve declínio, elevou-se a níveis ainda mais altos do qoe aatts .

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I N V E N ç ã O E VERIFICAçãO 15

Varias explicações psicológicas tinham sida tentadas. Umadelis lembrava que o Primeiro Serviço estava disposto de talmodo que um padre, levando o último sacramento a uma moribunda. Unha que passar por cinco enfermarias' antes de alcançar o quarto da doente; o aparecimento do padre, precedido porum auxiliar soando uma campainha, produziria um efeito aterrador e debüitante nas pacientes dessas enfermarias c as transformavam em vítimas prováveis da febre, N o Segundo Serviçonlo havia esse fator prejudicial porque o padre tinha acessodsrrto ao qu arto da doente Para verificar esta conjetura. Sem-tneí«cis convenceu ao padre de tomar um outro caminho e denlo soar • campainha, chegando ao quarto da doente silencio

samente e sem ser observado Mas a mortalidade no PrimeiroServiço nlo diminuiu.Observaram ainda a Scmmclwcis que no Primeiro Serviço

as mulheres no parto ficavam deitadas de costas e no SegundoServiço, de lado. Mesmo achando a idéia inverossímil, decidiu,'como um naufrago te agarra a uma palha", verificar se adierença de posição poderia ser signifícanlr Introduzindo ouso da posição lateral no Primeiro Serviço a mortalidade nlose alterou.

Finalmente, no começo de 1847, um acidente deu > Sem-roelwcs a chave decisiva para a solução do problema. Um seucolega. Koilcischka. feriu-se no dedo com o bitturi de um estudasse que realizava uma Julórmj e morreu depois de umaagonia em que se revelaram os mesmos sintomas observados•as viiimu da febre pucrpcial.

Apesar de nessa época não estar ainda reconhecido o pape)desempenhado nas infecções pelos microrganismos, Semmelwciscociprcemlcu que "a matéria cadavérica", introduzida na corrente sangüínea de Koltcuchta pelo bisturi. é que causara a

doença fatal do seu colega. As semelhanças entre o curso dadoença de Kollctschka c a das mulheres cm sua clinica levaramSceunclweis à conclusão de que suas pacientes morreram damesma espécie de envenenamento do sangue: ele, seus colegas,c os estudantes tinham sido os vekutos do material infeccioso,pois vinham às enfermarias logo após realizarem dissecações nasala de autópsia e examinavam as mulheres em trabalho de partodepois de Lavarem as mãos apenas superficialmente, muitas vezes retendo o cheiro nauseante.

Novamente, Semmdweu submeteu sua idéii a um teste.Raciocinou que. se estivesse certo, então a febre puerperal pode-

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1* FILOSOFIA D * QéWCTA NATU«AI

ria ser prevenida peta destruição química do material infecciosoaderido às mãos Ordenou então que iodos os estsdarües lavassem soas mãos numa solução de cal dotada ances de procederem a qualquer exame. A modalidade pela febre logo começoua decrcsccr, caindo cm 18*8 a 1.27 por cento ao PrianciroServiço, enquanto que no Segundo era de 1.13

Justificando ainda mais sua idéia oa sara kàpótrte. comotambém ditemos. Semmelwcis observou que ela explicava o (atode sei a mortalidade do Segundo Serviço mab b a i u - lá as pa-cienles eram socorridas por porteiras, cujo treino não ladoiainstrução anatômica por druecaç&o dos cadáveres.

E a hipótese também explicava a menor •oçiaaaaaifc entre

os casos de "panos de nu" : ai mulheres que sá chegavammaçado seus bebes ao colo raramente eram examinadas apósa admissão c tinham assim melhor sorte de escapar à infeceâo.

Finalmente, a hipótese explKata o (ato de só serem vitimasde febre os recém-nascidos cujas mães tinham coetrakío a doença durante o trabalho de pano, pob então a mfccçao podiaser transmitida a criança ames do nascimento, através da corrente sangüínea comum à mac e ao filho, o qae era impossívelquando a mie permanecia sadia.

Ultrriorcs cxpchcacias clinicas levaram Semmelwtis cmpouco tempo a alargar sua hipótese Numa ocasião, por exemplo, ek c seus colaboradores, apó» desinfetarem cuidadosamenteas mãos. examinaram primeiro tanu mulher em trabalho depano que sofria de câncer cervical purulenio. passaram em seguida a examinar dou outras mulheres na mesma sala, limi-taado-sc a lavar as mãos sem repetir a Jciaafccyto. Oaze dasdote pacientes morreram de febre pucrperal. Sranwrparii ena-

cadavérico, mas urnbém por "maioria pútrida retirada de umorganismo vivo**.

A S ETAPAS FUNDAM ENTAIS PARA V E t l F K A BLHA SUPÓTESE

Vimos como, procurando a causa - lebre poerperal. Sen-ntdweíi examinou várias hipóteses que haviam sido sugeridascomo possíveis respostas. Porque essas hipóteses se apresenta

ram em primeiro lugar é uma questão debatida que iremos

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• v . i s , ; . i V E I I P I C A ç ã O 1 7

cottsiderar mais urde. De inicio, vamos examinar como umahipótese, uma vez proposta, i verificada.

As vetes, o procedimento é direto. £ o que aconteceu

coro as cwijcturas d* que as diferenças em aglomeração, emdieta ou em atenção explicariam a diferença de mortalidade entreoi dois Serviços de Maternidade. C om o Semmelwcis observou.das aâo concordavam com os fatos imediatamente observiveb.Não existiam uis diferenças entre os Serviços; as hipóteses foram portanto receitadas como falsas.

Mas habitual me n te a verificação n£o é tão simples e liodireta Consideremos, por exemplo, a hipótese que atribuíaa alta mortalidade no Primeiro Serviço ao temor evocado pelo

aparecimento do padre com o seu auxiliar. N ão sendo a intensidade do temor nem seu efeito sobre a febre diretamente determinados, como o são. a diferença em aglomeração e cm dieta.Semmclocis usou um método indireto de verificação. Perguntou a si mesmo: Existe algum efeito facilmente observável queocorra caso seja a hipótese verdadeira? E raciocinou: Se ahipótese fosse verdadeira, imâo uma mudança apropriada noprocedimento do padre deveria ter acompanhada de um declínionoa casos fatais- Verificou esta implicação por uma simplesexperiência e achando que ela era falsa rejeitou a hipótese.

Analogamente, para verificar a omjetura sobre a posiçiodas mulheres durante o pano, raciocinou: St a conictura fosseverdadeira, eaiào a «doção da posição lateral no Primeiro Serviço reduziria a mortalidade. Outra vez a experiência mostrouSer falsa a implicação e a conpetura foi afastada.

N os dois Ultimo* casos a verificação baseava-se no seguinteargumento: SV a hipótese considerada, que designaremos por H.for verdadeira, ewfão certos evento* observáveis (e.f., declínioria mortalidade) deverão ocorrer sob certas circunstâncias especificada* (e\í.. te o padre se abstiver de passar pelas enfermarias ou se o parto se realizar em posiçio lateral)", mal* brevemente, se H c verdadeira, também o è /. sendo / um enunciadoque descreve a* ocorrências observáveis a serem esperadas. Econveniente dizer que / é inferido de ". ou implicado por U. eque / c uma implicação verificável da hipótese // (Mais tardedaremos uma descrição mais apurada da relação entre / e H.)

N esses dois últimos exemplos a experiência mostrou serfalsa a implicação verificável e por isso a hipótese foi rejeitada.

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I t FILOSOFIA DA GÍMCIA NATtUAL

O raciocínio o;uc cooduriu á rcjeiçio pode ser ejquematizadoda seguinte mineira:

Sc H t "(rdsdeito. t r t io / lambem o Éfll M M Itornu malt» a cuJèmn) I c io * vttdtdt-.to

H nio # verdadeiro.

Oualqucr argumento desta f o r ma , chamado modut laíUm emL ó g i c a ,1 é dedutivamente válido, isto e. *e suas premissas ( a isentenças acima da linha honiontal) sao verdadeiras, t r táo n uconclusão ( a Knlença abano da l inha hor izonta l ) i infalivHmente verdadeira l o g o , se ai prcmttMi de a>) fá estiverem

iimvenientemciitc eitabclccidas, • hipoieK " que eita t endo verif icada deve >er crrlamenle receitada

Consideremos agora o caio em que a observação ou a experiência apoia • implicação / D a , hipótese de ser a febre puer-

peral u m envíncnamcnlo do sangue provocado pela matériacadaver ica , Semmclwcii in fer iu que medidas antissíplicas apro priadas reduziriam os casos fatais da doença. Des ta vez. •experiência mo»trou ser verdadeira a implicação. Mas euc resu l tado favoráve l n io provava concluuvamente que a hipótesefosse verdadeira, pois o argumento subtteente ser ia a forma:

Sr II * verdadciiu. (alio / u a i f i > O é.*) |(Ui>o m w u • evidencia) I t •eidadcim

'/ ( >:iJ>i::.r••Fite modo de raciocinar , chamado a talácta 4* aftrmaç&o

da cí*i*fQiienu, c dedut ivamente n i o - v á l i d o , ralo e , n u conclusão po de t e ' fa lsa a inda que suai premissas sejam verdadeiras . ' E isso e de fa to tiempJifn*Jo pela própr ia c ipeo tocu

de Semmclweii A versão inicial de n u interpretação da febrepuerperal c o m o uma f o r m a de envenenamento do sangue m e a -cionava a iníeoião com matéria cadaverica como sendo a únicafonte da doença; corretamente ele raciocinara q u e . se asã h ipó tese fosse verdadeira, então a destruição 4as part ículas c a d a v e n-ca i pela aniisscpiia dever ia reduz ir a m oda l idade . A le m disso.

I rua deullm. — «ro •olnr da cihdai. W. laaata*. Ut*. f* 1*BIX A> I PE . : -a l « • ira**t,lo p a i *

( Va< SaMoa. 1-a*. M 17-». <K. 4, •: '- «MT -'•

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I N V E N ç ã O B VERIFICAçãO 19

soa eípcncacia mostrou ser verdadeira a implicação. Logo. neste caso, as premissas de *) eram ambas verdadeiras. Contudo,sua. hipótese era falsa, pois como ele descobriu depois, a febre

podia lambem ser produzida por malcríal pútrido proveniente deorganismo» vivos.

Assim, o resultado favorável de uma verificação, 1. e., ofato de ser achada verdadeira a implicação inferida de umahipótese, nio prova que a hipótese seja verdadeira. Mesmo quemMas impbcaçõcs de uma hipótese tenham sido sustentadas porvcíifkacões cuidadosas, amda assim a hipótese pode ser falsa.O arnunenco seguinte também comete a falácia de afirmar o

St H t .(filadíifa. eólio lambem o sio I,. ij, . . . . / .

U i -Efdaleira.

Isso alada pode ser ilustrado pela hipótese final de Sem-nxlwcii <« soa primeira versão. Como já indicamos antenor-mente. dai soa hipótese lambem se tiram as implicações de queentre os casos de parto de rua. admitidos no Primeiro Serviço,a mortalidade pela fcbie puerpcral deveria ser menor que a

rr.pdia para o Senso e que as crianças  cuj-.it mies tinhamescapado da doença nio contraiam a febre puciperal Esus•mplicaçoc» também eram amparadas pela evidência — apesarde ser lassa a primeira versão da hipótese final.

Mas, observando que o resultado favorável de nio importaquantas verificações nao fornece prova conclusiva para uma hipótese, não devemos pensar que ao obter de um certo numerode verificações um resuludo favorável estaremos como se niotivéssemos feito verificação alguma. Pois cada uma de nossasverificações poderia ter tido um resultado desfavorável e poderia ler levado a rejeição da hipótese. Um conjunto de resultadosfavoráveis obtados ao verificarmos diferentes implicações I, , /*.• • .Jm de uma hipótese mostra que essa hipótese foi confirmada no qae da respeito àquelas implicações particulares; aindaque cale resulta do não produza prova completa da hipótese,fornece pelo nseaos certo suporte, alguma corroboraçâo ou confirmação dela Em que medida isso é feito dependerá de váriosaspectos da hipótese e dos dad os colhidos pela verificação. Esses

serio eiaminados no capitulo 4.

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20 FILOSOFIA DA C I í N C U N ATURAL

Vejamos agora outro exemplo* que nos fari prestar atenção a outros aspectos da investigação científica.

Como jã se sabia no tempo de Galüeu, e provavdmmumuito mais cedo, qualquer bomba aspirante que retira água deum poço por meio de um emboto móvel no interior de umcilindro nào consegue elevar a apua a mais de cerca de 10.5metros acima da superfície livre do poço. Galüeu fico* intrigado por esta limitação e sugeriu uma capbcaçao apressadapara ela. Depois da morte de Galileu, seu discípulo Torri-celti propôs um a outra resposta. Argumentou que a Terra estáenvolvida por um oceano de ar que. cm virtude do> seu peso.exerce pressão sobre o seu fundo, e que c essa pressão sobre asuperfície livre do poço que foría a água a subir quando selevanta o embolo. Aquela altura máuma de cerca de 10.5metros para a coluna dágua sobielcvada dã simplesmente umamedida de pressão exercida pela atmosfera sobre a superfícielivre do poço.

Sendo evidentemente impossível determinar poc mpcclodireta ou por observação se a tupn*>>ção e correu. Torricrtt procurou verificá-la indiretamente. Raciocinou que cr fouc ver-dadeira sua conjetura, então a pressão atmosfertea sena tam

bém capaz de auporlar uma coluna proporcioaalssseMc •—ofde mercúrio; com efeito, sendo a densidade do asercuno cercade 14 vezes menor que a da água. a altura da colossa de ater-cúrio deveria ser da ordem de 10.5/14 metros, nto é. da ordemde 75 cm. Verificou essa implicarão por meio de um aparelhoengenhosamente simples, que era, de fato. o barometro de mercúrio. O poço de água e substituído por uma cuba contendomercúrio, o cano de sucção da bomba é substituído por umtubo de vidro fechado numa das extremidades. Enchendo completamente o tubo com mercúrio c obturando a enrcmidade

aberta com o dedo polcgar. Torricclli inverteu-o, iMbmrrgindono mercúrio a extremidade tapada pelo polegar. Redrando eraseguida o polcgar, a coluna de mercúrio caiu a cerca de 75 cm.tal como pievira

4 O knH ••rsHtut umi fipn^lc m• As Imo riHinuw de I. a Ceaam. l n « md C.Y»fc UaMnrtf Picn. mi) . |taa CMU *= Tom**•«iam • i wlfa:aflo deli, •»» át um •««•••AO *UMl At rofxBm*.** tttae. Kkw .m W • Mif*, A S~*« a—A- f*,™ ICAiil

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INVENçãO t VERIFICAçãO 21

Outra implicação dessa hipótese foi anotada por Pascal,raciocinando que. ic o mercúrio no barômctro de Totrkc ll i c«r -cc sobre o mercúrio da cuba pressão igual à do ar, então a

altura da coluna deve diminuir à medida que cresce a altitude,pois a atmosfera vai-vc tornando menor. A pedido de Pascal.esia implicação fi» verificada pelo seu cunhado, Pcricr, quemediu a altura da coluna de mercúrio no barômctro ao pi dePuy-dc-IXVne. um * montanha com 1600 melroa de altura, para em seguida transportar cuidadosamente o aparelho até ocimo, lá repetindo a nwdida, enquanto um barômetro de controle ficava em batio sob a supervisão de um assistente. Périerachou que a coluna de mercúrio levada ao topo da montanhase encurtara de mais de oito ccntimclros enquanto a do bard-mciro de controle permanecera invaiiávcl durante iodo o dia.

O n m . DA INDUÇÃO NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Vimos aljrtimai investigações cientificas nas quais um problema foi enfrentado ensaiando respostas em forma de hipóteses,que eram então verificadas derivando delas implicações apropriadas a serem confrontadas com a observação ou com a ex

periência.Mas como se chega pela primeira vo a hipóteses apropriadas'' Asscgura-sc às véus que elas silo inferidas de dados anteriormente coligidos por meio de um procedimento chamadoInferincia indutiva, para distingui-lo da inferíncia dedutiva, daqual difere, em pontos importantes.

Num argumento dedutivamente valido, a conclusão se relaciona com as premissas de tal modo que, sendo estas verdadeiras, então a conclusão é infalivelmentc também verdadeira.Essa eiigineia fica satisfeita, por eiemplo, por qualquer argu

mento da seguinte forma;

Si .*. tnuo ,.( n.t,i r t> uvip nílo « o .»ui

Uma rápida reflexão mostra que selam quais forem oc enunciados particulares que ocupem os lugares marcados pelas letras' p ' e V i a conclusão ser» certamente verdadeira se as premissaso forem. De fato, nosso esquema representa a forma de argu

mento chamada modus tolltns. a que já nos referimos.

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22 FtLOSOpiA DA C I êN C I A N A T UB A L

Outro t ipo de inferencia dedut ivamente válida está i lus t radopor es te exemplo:

Qualquer, ia! de v-dio. quando colocado na cham;. de umbico de Bintfn. lorni • chama amarelatire pedaço de tal de pedn í ia . iie ii>Jlo.Este (vdiço de ia! de pcUm. quanlo coito u ctuini d;um bico de BuriKti. loraari a c h u a amarela.

Dii-ic mui!,11 vezes que o* argumentos dessa espécie levamd geral (aqu i a prem issa sobre todo* o* sais dte sódio) aoparticular (uma conclusão sobre o pedaço particular de sal depedra) . Ao cont rá r io , ai inferencia* indutivas lewam de pr e -

missas sobre casos par t iculares a uma conclusão que tem ocaráter d e lei geral ou de prin cipio . Por exem plo, partind o da spremissas de que cada uma das amostras par t iculares de var io*sais de sadio que foram colocados na chama de Bunscn to r naram a chama amarela , a inferencia indutiva levaria a conclusãogeral de q u e todos os sais de sódio, q u a n d o coloc ado s na cha ma de um bko de Bunsc», tornam a cha m a amarela . M as cóbvio, neve caso. que a verdade dai premisiat náo garante av e r d a d e d a c o n d u t l o ; poii ainda que todas as amostrai desais de sódio examinadas ate- agora t enham tornado amare laa chama de Bunscn, é perfeitamente pnuivrl que ninas espe-ciri de sais de sódio sejam e n c o n t r a d a ! Km es ta rem de acordocom r s u generalização Alem disso , mesmo a lgumas dai e s p é cies de i*l de sódio já examinadas com resultado positivo p o deriam deixar de satisfazer à generalização sob condições físicasespeciais ( tal como campos magnético* intensos ou coisa parec ida) , em que a inda n-lo foram examinadas. Por esse m o tivo, diz-se freqüentemente que as premissas de uma inferenciaindutiva implicam a conclusão apenas com maior ou menor

probabil idade, enquanto as premissas de uma inferencia dedutiva implicam a conclusão com certeza.

A idéia de que, em investigação científica, a inferenciaindutiva parte de dados previamente cougjdo* para chegai aprincípios gerais apropriados, está claramente exposta no seguinte resumo do procedimento ideal de um cient is ta :

Se tencgn-mc-i imaginar como ura npinto de poder e alcance sobre-humano-, m*< normal quanto ao processos

lóficoa de teu pcrnamtnto. ... usaria o métod) cientifico.diiUmoa o Miuic-icr Fiimcíro, todos oi fatos seriam obter-

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I H V í N Ç Í O E VERIFICAÇÃO 25

rada* t C f i i i t r i d o i . irm itlrxiv ou « l imat i t i * prloriquanto 1 Importância relativa dtUa. Srgumlo, Oa ( t io *otiMivadoi r (rgliliaJua ícnarn analiuifcn. «'inparadea (d i i i i f l i i d o i , ttm  i i iT. i i  hip&cut Ou toUnMof •Um doa

necciuriairicnlt «nvolvidoi na lorca do penaaoicnlo. Ter-wiro , il-<»i analiie do* fMn itnam l i n d a i , iadutl>amtntr.|in«ra1i»(4a quanto ai l ua * r t laç&M, claniAcalArlaa ouCButail, Quarlu. tmqiina adk.unal poderia ari tanto d*iluru» conto indutiva, «mnr*l*ndo Infrr tiu i » a pa>ul daiI«nr(ali(át4ti prevlimintr f i u K H n i J u i '

E*la H Mt f VB d i i l i n p i e q u a t r o clapa» n u m a invci i i»»çaocientifica i d e a l : 1) obiervacâo e rcRii i to de l odo i o i f i l o » .2) aiioliM c claMiflcaçlo dciaei í a t t » , 3> derivarão indutivade pcnerali/avoci a p a r t i r delc i e 4 ) vertfkac.lo a d i c i o n a l d a l

gcnciali*ac.oei A d m i t e capreiiamenle que ai duai piimeitaii np.i i i . i " f . , . im " v i . de q u a l q u e r c u i m a t i v i . ou h l p o t c i c , l e i -di f f lo que paicce ter l i d o Impoala pela crença de que IdélaiprocotHchlilai pirjuil ltt iriain a Itrnvno ncccMlfla * ob je t i v idadecientifica da i n v e i t i u m í i i .

A concepção cxpicua no t recho citado que »u cha -tnarei do i-o»r«*/«,*fln Iruluiiia ttlreiM da lnyf.Ulgüç/ii> iirniifna— 4 Iniuilctitavcl por variai m o » , que vunoi retumir paraa m p l i a r c luplemehtai o que \h oliaeivamol tOrM" o prtkfderCiclllI f iCO.

P r i m e i r o , um« lnveil l|[açlo c ien t i f i ca como e»la apre ten -lada nunca pode r ia desenvolve r i e . M e s m o lua p r i m e i r a M a paIHHiui l l l l i i CUCVUlAdn, pon um a lolrtuu de forfitr os f*l«n te r ia .po r au lm duer, que aguardar o r im d o m u n d o ; nem mrsmopode r ia ter co lec ionada a to ta l i dade de todo» o i f a tos ait agora.

b o i » *l« "TO em n u m e r o i n f i n i t o e de I n f i n i ta va r iedade .

T e r í a m o s , por e x e m p l o , que examinar l odo* os grftot dei i icla c m lodo» <•» desertos e em todai m p r a i a i . reRiifando-lneali f o r m a , o peso, * composição q u í m i c a , a i d i s t a n c i a i m ú t u a » ,

ai temperatura» cons tan temente va r iando c a distancia ao centioda lua também var iando cons tan temente? Teríamos que regist r a r oi pemamcntoi f luluanlci que al ràví l tam noi i i iv f ip i r i lü lnene proceder fast id ioso" ' A l f o r m a i dai n u v e m c m c o t a icambiantei d o ecu? A conilrucfto e o fabr icante do noiu> equipa m e n to pa r a regiuro? N o u a i próprlai b iogra f ia» c a i doa

l u m t l < * « • **•!, Aff i t* « * • * • ) , laa* i»J4>. * MO l « , i U . t. .m " ( M « * *•.!, AM»d A * • » • « .

• aaa tdw l ,

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24 FILOSOFIA DA C IêN C IA N ATURAL

companheiros de invesipcio? Tudo isso e Unia coisapertencem, afinal de costas, a "totalidade dos fatos ate

Dir-se-i talvez qoe todo quanio se requer na primeira faseé que sepm colecionados todos os fatos relevantes. Mas tefe-vanies para que? Ainda que o autor não o mencione, suponfca-raos que * investigação se restrinja a um problema bem determinado Não deveríamos cotio começar colecionando todos osfatos — ou melbof. todos os fatos disponíveis — relevantespara o problema? A pergunta não lein sentido claro. Sem-melwea procurava resolver im problema bem definido c entretanto cüleoonava dados os mars diversos nas diferentes etapasde sua investigação- E estava certo: pois os dados particularesa serem colecionado* nio estão determinados pelo problema emestudo mjs pela tentativa razoável de resposta que o investigador formula em forma de conjetura ou hipótese. Se se con-jetura que o aumento de mortalidade pela febre puerpcral cdevido ao apareciroeoto aterrador do padre com a campainhaaauaciaoora da morte, o que se torna relevante c colecionardados sobre as consequeacas do haver sido suprimida cisa aparição; mas scri totalmente irrelevante procurar saber o queacontecem se os doutorei e os estudantes desinfetassem suas

mios antas de eiamiaar os pacientes. Esses dados c que passaram a « r relevantes relati»anveoie à hipótese da contaminaçãoeventual, para a qual os dados anteriores se lorrwiim irrelevante»

"Fatos" ou dados empíricos só podem ser qualificados como lopcamcnle relevantes ou irrelevantes relativamente a umadada hipótese, c não rela&vameate a um dado problema.

Suponhamos agram que uma hipótese H tenha sido proposta como tentativa de resposta a um problema em pesquisa: Ou;espécie de dados serio relevantes para Hf Nossos esemplos anteriores sugrri nana resposta: Um fato é relevancc para H sesua ocorrência oa aao-ocorrência peder ser inferida de tf. T o memos, por exemplo, a hipótese de TorriceUi. Como vimos.Pascal inferiu dela que a coluna de mercúrio num barómecrodeve ir diminuindo à medida ique subimos na atmosfera. Portanto, qualquer verificação de que assim acontece num particular é relevante para a hipótese, mas igualmente relevanteteria sido ,achar que a coluna de mercúrio permanecera esta-cionária oa que tivera diminuído para depois crescer durante

a ascensão, pois tais fatos refutariam a implicação tirada por

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IHVENçAO E VBBIFKAçAO 25

Piml c. portanto, • hipótese de Torrieclli. Diremos que o*dados da primeira espécie i3o positivamente, ou favoravelmente,relevante* c que o* da última espécie sâo negativamente, ou des-favoravclmcnte, relevantes.

Em «uma. o preceito de que os dados devem ser reunidossem a guia de uma hipótese preliminar sobre as conexões entreos fatos cm estudo é autodcslruldor c, certamente, não é seguidona investigação cientifica. A o contrario, é necessário tentar hipóteses que décm uma dircçAo n investigação cientifica. lissaihipóteses é que determinam, entre outras coisas, quais dadosdevem ser collgidos a um cerio momento da investigação.

Interessa notar que os cientistas sociais ao tentarem veri-

Aofll uma hipótese usando o vasto arquivo Ce fatos registradospelos Serviços de Rcccnscamcnto. ou por outras organizaçõescoletoras de dados, ficam às vezes desapontados por nlo encontrarem registro algum dos valores de um» variável que de-sempenha um papel central na hipótese. Ksta observaçftn n lovisa, nem entendido, criticar n sistema usado para o censo:sem duvida alguma as pessoas encarregada» df fazé Io procuramselecionar faliu que possam ser relevantes pata futuras hipóteses; visa simplesmente ilustrar 11 tmpossilrilldade de wllglr"Iodos os dados relevantes" sem conhecimenu* da hipótese para

a qual os dado* devem ter rclcvllncla.Critica semelhante pode icr feita A segunda etapa consi

derada no trecho citado. Um conjunto de "fatos" empíricospode ser analisado e classificado de multas maneiras diferentes,das rpiais a maioria nenhuma luz trará ao que se pretende atingir com uma determinada investigação. Scmmclwcis poderia terclassificado as mulheres nas enfermarias da maternidade con-fuimc a idade, rctldC ncii, calado civil, hábiioi dlciftlcoi e t c ;nada disso forneceria qualquer indicação quanto à probabilidade

de uma paciente vir a ser vitima da febre puerperal. O queSemmelwcis procurava oram critérios de classificação que fossem vinculados aquela probabilidade de um modo significativo;assim era, como ele acabou achando, o de separar as mulheresexaminadas por pessoa) medico com mãos contaminadas; poisera com esta característica ou com a correspondente classe depacientes que estava associada a alta mortalidade pela febre.

Portanto, para que uma maneira punkular de analisar eclassificar os dados empíricos posta conduzir a uma explicação

dos fenômenos correspondentes é necessário fundamentá-la em

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16 FILOSOFIA DA CIêNCIA NATURAL

hipóteses fobre como estão esses fenômenos correlacionados; semessas hipóteses, a análise e a classificação são cegas.

Essas nossas reflexões criticas sobre as duas primeiras etapas da investigação tal como foi descrito na passagem citadainvalidam também a idéia de que as hipóteses só são introdu-íídas na terceira etapa, pela inferência indutiva a partir de dadospreviamente eoligidos. Convém, entretanto, acrescentar algumasObservações sobre o assunto.

A indução é não raro concebida como um método parapassar dos fatos observados aos principio* gerais correspondentespor meio de regras mecanicamente aplicáveis. Segundo estaccjccpcão. as regras da inferência indutiva forneceriam câno

nes eficazes para a descoberta cientifica; a indução seria umprocedimento mecânico análogo a familiar rotina para multiplicação de inteiros, que leva, em número Imito de passos predeterminados e executáveis mecanicamente, «o correspondente pu>-duto. N a realidade, não se dispõe até agora de nenhum procedimento geral e mecânico de indução; se assim não fósse,dificilmente se compreenderia, por exemplo, por que ficou atéhoje Km solução o ultra-estudado problema da causa do câncer.N em hi que esperar pela descoberta de um lal procedimento.Pois — para mencionar apenas uma ratão — at hipôteici c

teoria* cientificai são habitualmente formuladai em térmoi queabsolutamente não ocorrem na descrição dos dados empíricoscm que estão baseadas e que ciai servem para explicar. Porexemplo, as teorias sobre a estiutura atômica c subatômica damatéria contém termos como -átomo", "eléctron". "próton"."néutron", "função psi" etc; entretanto, estão baseadas em dados fornecidos pelo laboratório sobre os espectros de váriosgases, rastros deixados em câmaras de nuvem e de bolha, aspectos quantitativos de reações químicas etc. cuja descrição pode

ser feita sem emprego daqueles "termos teóricos". As regrasde indução do tipo aqui considerado teriam portanto que fornecer uma rotina mecânica para construir, sobre a base dosdados encontrados, uma hipótese nu uma teoria formulada emtermos de conceitos inteiramente novos, nunca usados na descrição daqueles dados. C ertamente nenhuma regra de procedermecânico poderia realizar isso. Poderia haver, por exemplo,uma regra geral que. aplicada aos dados de que dispunha Ga-lileu referentes ao limite de eficiência das bombas aspirantes,produzisse uma hipótese baseada no conceito de um oceano

de ar?

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IN VEN çãO E VERIFIC AçãO 27

Cctto, em situações especiais e relativamente simples, podemos receitar um procedimento mecânico para "inferir- indutivamente uma hipótese a partir de certos dados. Por exemplo,uma vez medido o comprimento de uma barra de cobre cmdiferentes temperaturas, os resultantes pares de valores associados podem ser representados num plano, mediante um sistema de coordenadas, por pontos, por onde se fará passar umacurva seguindo uma regra particular de intcrpolação. A curvaassim obtida representa graficamente uma hipótese geral quantitativa, que exprime o comprimento da barra cm função de suatemperatura. Mas. note-se. essa hipótese não contêm qualquertermo novo. podendo ser expressa cm leimns dos conditos

de comprimento e temperatura que foram usados na descriçãodos dados. Além disso, a escolha de valores "associados" decomprimento c temperatura, como dados, )á pressupõe umahipótese diretriz, a de que a cada valor de temperatura estejaassociado exatamente um valor de comprimento di barra decobre, ou. cm outras palavras, que o comprimento da barraseja função apenas de sua temperatura. A rotina mecânica daintcrpolação serve apenas para selecionar uma função psdicularcomo a apropriada. Este ponto c Importante; pois suponhamosque em lugar de uma borra de cobre estejamos examinando gásnitrogênio encerrado num reservatório obturado por um embolomóvel c que meçamos o volume ocupado pelo gis em diferentestemperaturas. Se quiséssemos usor o mesmo procedimento paraextrair doa dados colhidos uma hipótese gfral representando ovolume do gás como função de sua temperatura, fracassaríamos,porque o volume de um gás é função tanto da temperaturacomo da pressão exercida sobre cie, de modo que. ã mesmatemperatura, um dado gás pode ter diferentet volumes

Assim, mesmo nesses casos simples, os procedimentos me

cânicos para a construção de uma hipótese executam ap:nasparte do trabalho, pois eles pressupor..) uma hipótese antecedente, menos especifica (í . c , que uma certa variável físicaseja função apenas de uma outra variável física), que não podeser obtida pelo mesmo procedimento.

N ão existem, portanto, "regras de indução" aplicáveis emgeral, mediante as quais hipóteses ou teorias possam ser mecanicamente derivadas ou inferidos dos dados empíricos. Atransição dos dados à teoria requer uma imaginação criadora.As hipóteses e as teorias científicas não *4o dm\*dai dos fatosobservados, mas inventadas com o fim de explicá-los. Cons-

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28 FILOSOFIA DA CIêNCIA N«URAI.

t i t u e m . se ass im se po d e d i z e r , pa lp i t es sobre o * nexos quepossam ser obt idos ent re os fenômenos em es tudo, sobre asuã i fo rm idadcs e es t ru tu ras que possam es ta r po r ba i xo da ocor

rênc i a deies. " P a l p i t e s f e l i ze s ' * dessa na tu reza requerem umgrande engenho , espec ia lmen te quando encer ram u m afas tamentorad i ca l dos modos co r ren tes de pens amen t o c i en t í f i co , comoacon teceu , por exemplo , com a teo r i a da re la t i v i dade c a teo r i ados qu an ta . Na tu r a lm en te , esse es fo rço i nve n t i va so pode serbene f i c i ado po r uma fami l ia r ida.de c o m p l e t a c o m o c o n h e c i m e n t oco r ren t e do campo em ques tão . U m p r i n c i p i a n t e d i f i c i l m e n t efa rá uma descober ta c i en t í f i ca impor tan te , po i s o p i o v á v e l éque as i dé ias que vcnhnm a l he ocor re r se jam s imp les dup l i ca tas do que j á fo i t en tado an tes ou en t rem em con f l i t o com

teor ias ou fa tos bem es labc lec i i Jos de que e le tem conhec imento.S e m em ba rg o , os cam i nho s pe l os qua i s s e checa a pa l p i tes

c ien t í f i cos p rove i tosos d i fe rem m u i t o d e qua lquer p rocesso dein fe rênc ia s i s temá t i ca . Po r ex e mp l o , o q u í m i c o K e k u l c nos co n t a como , numa no i t e de 1 8 6 5 , enquan to dormi tava -d ian te desua l a re i ra , achou a so lução par i o p rob lema de esboçar umafó rmu la es t ru tu ra l pa ra a mo lécu la de benzeno , após t í - Ia p r o curado sem sucesso por mu i to tempo. O lhando para as chamasp a r e c e u l h e ver á t o m o s d a n ç a n d o c m fi las s inuosas . Sub i tamen

te , uma dessas f i l as fo rmou um a n e l , co m o se fo ra u m a serpentesegurando seu p ró p r i o ra bo o pôs -se a p r a r ver t i g inosame ntecomo se es t ivesse caçoando de le . K e k u l c a c o r d o u n u m a c x u l -t a ç à o : nele surg i ra a idé ia , agora famosa c fami l i a r , de representar a es t ru tura molecu lar d» benzeno pnr um anel h e xa g o n a l .E passou o res to da no i te t raba lhando para t i rar as conseqüências dessa hipótese •*

Esta ú l t im a in f or m aç ão nos t ra z de vo l ta à que stão da o b j e t iv i dade c ien t í f i ca . N o seu « f o r ç o para achar uma so lução do

t l u i n t u i t i i uK f c i já d'i« * nl » n u WiHum W lxv tl l pa « •* «Br» TW« r * i M <** M m i í . # V i o - v . j ' , d. i l i . i - i i . . - M » W fftei. 1H71.

. 41 W M - H I I i in ih im í J ! J »<« " i»ViS*n~ • " I " " " B « « « * • • » H ' r <P- **>Mo « M O aeliao. K foplri t »« , • * » b i rMr * *

.- - l i ; • . . , " " i ' . ' r - < l l l - i ' l ' i . ' • ' - M U . • •

ca* •*• n«'0 CoWítmti and Hieiiimi,mt | - » " . - Vort" M l N » nntedi . A. B Wille. t l l | . , . „ ,„ .>.*, rJictU

(«Mini» Xfcí l l i " lr.HIWiiUi Mamiilncf l l l . ImUlf « • • *• « "*«•*-B B U I I In " i™ * •< " • .« .* . "!».>-• i m B i B H I í I — I » m A t a d a " ,

— f • [ ! • M l í i i u c — M . 1 , " " " a»*» o™**» «•» » I * " B M<M i r iM lho - l p . <» ü I I r a a b • <**> U I H H » i» .

T Cl. • ™ * » t o i « . •!" BrinA* NlâMrl l d* Krt-M tat A. r » l n . Ar~i>l H ÇAmn i» , : * rd . i l . . « X - ; C*r»a One»»-** Co. ! * • * ) .

* í> ; - •* i » U<v-ri.!i. TW An »l .VornrdK juvinontioa. > • eJ lH»i»m»«. Ud-, l « l ) , B. »!•-

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IN VUN çãO • VERIFIC AçãO 29

seu problema, o cientista pode soltar ns rédeas de tua imaginaçãoc o rumo do wu pensamento citndor pode icr influenciado atépor iii",'»-» cienlificumcnlc discutíveis. Ao eiludar o movimentoplanetário, por exemplo, Kepler foi inspirado por MU interessenuma doutrina mística sobre o» números c por um apaixonadodesejo de demonstrar a música dai esferas- N ada disso impedeque a objetividade cientifica fique salvaguardada. P0Í1 ai InpAlcscs c ai teorias que podem ser livrcmcnlc inventadas e livremente prtifwmas não podem ser miiiut se nua passarem pelo escrutínio critico, especialmente pela verificarão das implicações ca paus de serem observadas ou experimentadas.

Nilo • sem interesse obscivar que a imuRintu-ào e a livre

invenção desempenham um papel igualmente importante nasdisciplinai cujos resultados são legitimado* exclusivamente peloraciocínio dedutivo; por exemplo, cm Matemática. Pois a s regras da inferincia dedutiva tumpouco oferecem regras mecânicas para a descoberta. C om o ficou ilustrado acima pelo nossoenunciado do modus iollcm. essas regras «c et primem habitualmente cm forma de esquemas gerais, cujos casos particularessão argumentos dedutivamente validos. Ni verdade, tais esquemas determinam um modo de chegarmos • uma conseqüêncialógica punindo de premissas dadas. Mas para qualquer conjunto de premissas que poisam ser dadas, a* regras de srfliMCkdedutiva fornecem uma infinidade de conclusões validnmcntedcdutlvci» Tomemos, por exemplo, a simples regra representada pelo seguinte esquema:

P ou

fcle nos di/. com efeito, que i*J proposição que /> ò o cuso. se

gue-se que p ou q c o caso, onde p e q podem ser quaisquerproposições. O vocábulo 'ou ' deve ser aqui entendido no sentido "não exclusivo", de modo que 'p ou q eqüivale a 'ou p ouq ou p c q conjuntamente*. É claro que sendo verdadeira apremissa de um argumento deste tipo. também o é a conclusão;logo. é válido qualquer argumento da forma especifleuda. Mus.isolada, mu icgia nos permite infeiir uniu infinidade de conseqüências diferentes a partir de qualquer premissa. Assim, de'a l.ua nao tem atmosfera' cia nos autoriza inferir qualquer

enunciado da forma 'a Lua não tem atmosfera, ou q\ onde Vpode ser substituído por qualquer enunciado, seja ele falso ou

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30 FiUMOf u D* Gfctcu S*rum*L

verdadeiro: por rtrmpto. *a atmosfera da Lm ê rmão aêaae'.'a t.jia não c habitada'. *o ouro ê ma» denso qae a prata', *apraia é mar* deesa que o caaro* etc. (Ni© é seai iiirrw cnão é difícil pregar qae se pode formar uma. iafimdade de enunciados diferentes erc português, cada um deks pode ser postono local da vanavd •**.) E , aataralmenle, outras regrai deinleréneia dedatrva í L I L H ü M aovos eaiaaciador dcri«a»e*sde uma oo mao premiam Poetamo, para MI dado eonjaatode ptemisHS. as regras de dedaçÉo. não pKMteM acaar MMdirttna para DOSSOí peooaaneBHC mfercDciait. Nao isolam, MIenunciado Umco como "a" coaesasão a ser raradaprcm.ua*. Nraa aos duzm como obter coackasoes

lei M lintnitcwnuM MpcataMes; MO fornecemmecaaKa para. por exemplo, cm Matemátxa Mar dos pos-MUlfca koteaaar tkearfKatrxa- A descoberta CHI Matemáticade leorcaaas wconantes e fecundo» como a descoberu <ae Ko-ri-i iaaporUMcs c fcenadas aa OCSKU empiiKa rtcptciej enge-a*o iawmivo: píd* capacidade laTniaailcna. haamaatna e retrospectiva Ma. ao> taaaMM.M — m i l as l l |» i l i l «en-ufica f*am ssfraguardados peta cijaftacsa de M M saatt»*ufcfrma paia tais «oajetarat- Eat Matemática, aso quer doerl*trv* por dcraoastrac io dedutiva a partir dos *'"** ai E para

provar ave r mdadiiiB oo fataa M M preposição•procMaM CCMO M M f i e aectssanocnptflfco in«n*m> do> mais a*o s«*ri; as regras dededutiva nem mesaso foraecem MM aaiprovas. Ames, descaspeahaaa apeaa* «a modesto papel de »er-virera coou cnsrnoj aY IrfUMidaáV para tt% ari—aia—i oferecidos como provas: MB atgaaacsro constitui ara* prova Mk>maika válida aaaodo caaãafca dos axiomas i!é o teoreau proposto por uma rarllii de pasaos MTIHMI iiii c cada usa dos quaisé válido de acordo com S M «OS regras da raferesKia dedutiva

VwiÍKar se un dado argaMcato é tuna prova válida neste sentido é bem urna tarefa patiMCMc r—**1"Sio te caega ao coalsoosaeacoi científico pela apís^çâo de

alpua pfoceõaaaeau de iaferenen indutiva a dados f ^ p * 1 *laRaaMBMMt • • » Mt t "- ' -.-: - Irea^üeowmeiiie ;hamado~o método da aãpóteac~. t*•, pesa taveacfco de hipóteses, comotentativas de resposta ao prubksaa em estado e mlimíiiiii dessas Mpóteses ã nraueacâo eaapihca. Parle dessa venficaíãocoasisüá em apurar se a hipótese te ajusta ao ove já fora esta

belecido ames. de SM fmmalacão: Outra parte, em derivar novas

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I N V íN Ç Íó t V é í I í I C A ç í O 31

implicações para submeté-Ias a observações e experiências apropriadas. Conto já notamos anteriormente, uma verificação nu-

nwresa. com resultados inteiramente favoráveis, nSo estabelecia hipótese conclusívamentc; fornece apenas um suporte mai»ou nKnos sólido para ela. Portanto, embora nio seja indutivano sentido estrito que eliminamos com certa minúcia, a investi-pçâú cientifica è indutiva num ffrVMtf mais amplo, n,i medidaem Que aceita hipóteses baseadas em dados que nio fornecempara ela evidencia dedutivamente conclusiva, mas lhe conferem apenas um "suporte indutivo" ou confirmação mais ou menos foric. As "regras de indução" devem ser cuncebidai, emaiukiKJi com l l regrai de deducid. como cânones de validação

e BAO propriamente de descoberta. Longe de gerarem uma hipótese que dí uma raiao de certos dados empíricos, essas regraspressupõem que alem desses dadi» empíricos que formam as"premissas'' de um "argumento indutivo** seja. dada também ihipótese proposta como sua -conclusão". As regras de induçãoforneceriam enllo critérios para * legitimidade do argumento.De acordo com certas teorias da indução, cisas regras determinariam a força do apoio fornecido pelo* dados a hipótetc e úc-muni eiprimlr eue apoio em lermos de probabilidades. N oscapítulos 3 e 4 vamos considerar o* vários fatores que afetam oapokr indutivo e a aceitabilidade das hipóteses cientificai.

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A VERIFICAÇÃO DE UMA HIPÓTESE:SUA EOGICA E SUA FORCA

V l W I X ^ Ü ü (SrEUME^TUS V5 « » i í . p i i m i X I . B

ifpra a MB cuac mais condo do lacwcimoCR I que K baseiam as «crrficacóc* ocaüfitas c das coactusõesque podem ser urídii de tevt rrsattados. Coso u m , vurc-nwi o vjicibulo 'hipótese" para aos referirmos a aanamaR caua-cudo qtsc esteu acado •araVado. nao imponaado «se **e descrever aipim fato ou r w a » partacaUr. ou qat procure exprimir u m lei fcral ou aJmaaa proporão de aaiarexa toar» com-p4e«a.

Comecemos com ama naapkfl observação, A q«al teremosque noa refenr frequeatemenw aa discussão tabacqAcaac: aiimplicações de ama aif 6irsr aém aorirulmeriu «n caraeer condicional; dai B OI diacaa «me. tob dcaermiudas condições, ocorrerá aat multado de m u certa espécie podem pc-s ter postasna tonta i ijiliiiramiaai crmrfaioaal Kfuinte

• I St v w^luaf irm**fr% * npécw C. cmte ocomra*a acaasaomama •> vtaéõt £.

POB exemplo, ama das hipóteses, consideradas por Semmel-

iw-cto

E uma das implicações da sua hipótese final era

B malktru as Pnaw*o Stn^om a * M wt«w de cal curada. «*ão • mom-(e^t aarmvni manasirl.

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A V E R I F I C A ç ã O D E I I M A H I P ó T E S E 33

Analogamente, a* implicações cU hipótese de Torricclli in cluíam enunciado* condicionai* como

St uin birúiflcuo d« TorrKclk I M uva polindo • IIIíIIMUIcicKcntev «nl*o H M coluna de mercúrio diminuirá eontvpondeQfcnttMc de comprimento.

A t implicações de uma hipótese «ao pois normalmente im -r ^ T f ^ f i num duplo sentido: são enunciados implicados pelahipótese c tão enunciados da forma se-Pntío. que. em Lógica.sio chamados condicionais ou implicações materiais.

Em cada um dos tres exemplos que acabamos de citar, ascctndiçoM C especificadas sio iccmilogjía,mcnie círqilíveis e de

las podemos portanto dispor à vontade, para   rciiliz.t-l.11, lemosque controlar um (ator (posição durante o parlo; ausíncla oupresença de matéria infectada; altitude da leitura barometrica)que. de acordo com a hipótese considerada, afeta o fenômenocm estudo (/ *>., incidência da (ebre puerperal nos dois primeiro»caoot; altura da coluna de m ercúrio no terce iro). Implicações'! \ > J natureza fornecem umi base para uma vtrilkaçAo ouirue exptfimtitiül. que se reiumc em produzir as condições Ce em ornervar K fc ocoffc como cila implicado pela liipóic-K

Muitas das hipóteses cientificas -á-, expressai em (ermosquantitativos. N o caso mais simples, representam o va lor deunia vaiiável quantitativa como uma funçio matemática de nutras variáveis. Assim é que a lei clássica. V c.T/P. representa o volume de um gás como função de sua temperatutae de sua pressio (c c um fator con sum e). U m enunciadodesu csp.-cie pode produzir uma infinidade de implicações veri-ftcávcb. que. no nosso exemplo, t io <*a forma seguinte: te atemperatura do gás t T, e sua pressio i P,, entio seu Volumee c.Ti/Pt. Uma verificaçio eipenmcnui consiste entio em va

riar os valores das variáveis "independentes" e em observarM a variável "dependente" toma os valores implicados pelahipótese.

Ouando o controle experimental é impossível, quando ascondições C mencionadas na implicação r-ã-j podem ser realizadas ou variadas pelos meios tecnológicos disponíveis, entioa hlpÓICSC deve K l Verificada nào experimentalmente, seja pro-cwrando. seja esperando os casos cm que as condições C r u cificadas sfto realizadas pela natureza c observando se £ defato ocorre.

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34 FILOSOFIA DA Ciísci» NATUKU

Da-sc às vezes que na verificação ciperíacataJ de umahipótese quantitativa somente uma das grandezas neta neacao-nadas é variada de cada vez, mantendo-se consta cies iodas as

outras condições. Mas isso é impossível. Certo, a o verificarmosa lei dos gases a peessão pode ver variada mantendo-se a temperatura consume, ou vice-versa; mas variai outras circunstân-cias mudarão durante o processo — talvez a anssdadc relativa, talvez a intensidade da iluminação, talvez o campo magnc-tico no laboratório d e . — c certamente a distância entre o co rpogasoso e o Sol ou a Lua. Nem há razão para. tanto quantopossível, tentar manter constantes esses [atores se a experiência visa apenas verificar a lei dos gases como foi formuladaPois a lei diz que o volume de um dado corpo gasoso facacompletamente determinado por sua temperatura c por suapressão Ela implica portanto que todos os outros fatores são"irrelevantes para o volume", no sentido de que esses fatoresnão afetam o volume do gás. Permitir qa e esses outros fatoresvariem e. portanto, explorar um domínio mais vasto dea procura dai possíveis violações da hipótese que estáverificada

Eatretjnlo. a experimentação e usada cm afaria não somente tomo um método de verificação, mas, também, como

um método de descoberta; e neste outro contexto, conto vamosver agora, a exigência da constância de certos fatores é perfeitamente procedente.

O uso da experimentação como um método de verificaçãoestá exemplificado pelas experiências de Torncclli e de Pér>er,que foram realizadas justamente para verificar urru hipótese jáproposta Mas quando não existe linda hipótese formulada,o cientista pode ser levado a começar por uma estimativa grosseira c usar então a experimentação conto um guia para chegar

a uma hipótese mau- precisa. Ao estudar como um peso distenoeo fio metálico que o sustenta, o físico pode conacturar que oalonaaaKnto depende do comprimento inicial do fio. da suaseção, da espécie de metal dV que é leilo c do peso do corposuspenso Pode então rcaliur experiências pata determinai seesses fatores influenciam nu alongamento (a eaperirzwntaç-ãoserve então como um métudo de verificação) e. se assim for.o quanto eles afetam a "variável dependente" — isto é, qua la expressão matemática da dependência (a experimentação serveentão como método de dcKvncrta). Sabendo que o compri

mento do fio varia também com sua temperatura, o eiperimcn-

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A VUlFKAÇÃO DE UMA HlPÜIfsi 35

lador. antes de tudo, manterá a temperatura constante para eliminar a influencia perturbadora dessr fator (embora possa, maisUrde. variar sistematicamente a temperatura pata averiguai «

os valorei de certos parâmetros, que comparecem na expresta»daquela fundão, dependem da temperatura), e nessas cxpc i i ín -ua i a uma teniperatuia constante, variara o» fatores que julgurrelevante*, uni de cada ve i , nu mondo oi outros constantes.Ap.*hl,i no* resultado* aii ini obtido* ele ternura formular #cm u li/açócs que exprimam o alongamento em função do com-primento inicial do peso etc, poderá então prosseguir pwaconstruir uma fórmula mais geral, que represente o alongamentoem funçlo de todas as variáveis examinadas.

Em cato* dessa natureza, a experimentação serve como

mctiwio heurístico, como guia psra a descoberta de hipóteses,o que dá sentido ao princípio de manter constantes todos os"fatores relevantes*', salvo um Mas, naturalmente, o máximoque pode ser feito c manter constantes, salvo um, aqueles fatores que se acredita serem "rele',,inies" no sentido de afetaremo fenômeno em estudo c sempre possível que tenham ficadodespercebidos outros fatores, lambem importantes.

£ unu dos características notáveis da Ciência Natural, cuma Jc suas grande* vantagens metodológicas, que sua* hipó

teses admitem cm geral verificando experimental. Mas nJo sepode di/vr que se).i > iraeterislica distintiva de todas as CiênciasNaturais c exclusivamente delas, formando uma linha divisóriaentre a Ciência Natural c a Ciência Social- Pois verificaçõesexperimentar* também são uiad.is cm Psicologia e, posto quemais raramente, em Sociologia A lém disso, o alcance da vc*nfícaçáo experimental cresce firmemente com o avanço da tec-•olofria indispensável. De resto, u m todas us hipóteses nasCieavíai Nalurais são WfnVIwsi experimentalmente. Por exemplo, a lei formulada por Lcavili e Shaplcy paru as flutuações

periódicas no brilho de um certo tipo de estrelas variáveis, aschamadas Cefeidas: quanto maior o período P de uma dessasest reb i , i.t.o irítcivalo de tempo entre dois estados sucessivosde máximo brilho, maior é a sua luminosidade intrínseca; emexprtsiáo exata Aí - |u r * logr*). omle M i n magnitudeda estrela, por deliniçáo inversamente proporcional »o seu bri lho.A lei implica dedutiva mente um sem-número de sentenças queserviriam para verificá-b, dando a grandeza de um a Ceftidacorrespondente ao valor particular do seu período, por exemplo,5.) dias ou 17,5 dias. Mas Cefeidas com esses períodos deur-

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FILOSOFIA CM C i t s o * N A T V « * I

• • • d o s não podem ser produzidas 1 vontade, l o f o . a l â sã opode ser verificada por cxpennsea -ação. A ntes, o utrrmoaotera que olhar para o céJ ã peocura d: novas Ccfcidas para

averiguar se a grandna e o período das que for eacootraodoobedece i ou não k lei presumida.

O PAPEL DAS HIPÓTESES AUXILIAM*

Dissemos aate* que implicações tio "derivadas"" ou "rafe-ndas" da hipótese a ser verificada- Assim di to. poecra. o quese obtém e somente uma posseira indicação da relação que

existe entre am a hipótese e as tesKocas que serrem para *cn>ficã-la. £ bem «cidade que em aLgv» casos pode-tc mfcrirdedutivameatc de uma hipótese certo» enunciados coasmcáaams•MC podem servir a sua verificação. a lei de Leavm-Shapkv:. porexemplo, implica sentenças da forma "Se i e uma Ceiem* comum período de íamos dias. entfco su a mapiitude terá tal etal' Mas. freajueniementc. a "•demação"" de uma unplicacãocoofioatavd c o m a rtpetiencia c menos simples c conctusrva.Tomemos, por exemplo, a hipótese semmelvvcimri» de que afebre pucrpèral e causada por couaammucao com matéria] mfec-

tado e consideremos a uii implicação que se o pessoal cmdaa-do das pacientes lavar *s mãos mama solução de sal dotada,então ficará redunda 4 mortalidade pela febre. Este e nu atadonão decorre dedutivamente apenas da hipótese; pressupõe também a premissa que a cal dotada dcstnúã o material infectado,o que rsio c feito por Igua e sab ão. Esta premissa, tacrumeatcadmitida ao argumento, desempenha o papel do que c-himarcmosiupaaçAo mnrf*a» ou hipõirst tmittiar a o denvarm o* da fctpó-lesc de Scmoetvtcis a sentença que se coafroota com os fatos

Logo. aao estamos amornados a asseverar aqui que se a hipótese H t verdadeira, catão deve ser lambem verdadeira a implicação I. mas somem; que. i c M c i hipótese auxiliar são

verdadeiras, então também o i / . Confiança era hipóteses. com o verem os, a repa t não a exceção mi

de hipóteses científica*; e isso Km « ceuttccjmmãa•murtaale para decidirmos se um resultado desfavorável. : c_que mostra ' «et fabo, pode ser considerado como relutarãoda hipótese em investigação.

Se H é sarxknle para imphcar / e te os resultados empíricos mostram que / é falsa, calão H deve ser m m m m i

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A VEBIFICAçAO oe UMA HIPó TES E 37

como falsa, de acordo cosa o argumento modui loürm (a) .Mil quando I decorre de H cm conjunção com outra ou maishipóteses auxiliarei A. o esquema (a ) deve «t substituído pe

lo K |u i«e :

%t H * A a» unfcM «ij*dí.i»v (Mio I I W M B O *

H t í ""> t i a <«th*» xril i iki*«i

Assim, da verificação de Kt / M u . podemos somente in-fcfii que ou i hipótese H ou uma dai suposições induidai em.* deve ser falsa; portanto, a verificação não fornece razoesconclusivas pjtj rejeitar //. Por exemplo, K a medida antis-

scptka tomada poi V-nn tclwcn não fone acompanhada pot umikctimo da modalidade, a hipót;« icmmrlvcivuna ainda asainipoderia ser vrrdad:ira: o multado negativo da verificação poderia *er devido i ineficácia como aaUnepiKo da solução decal dotada.

E nao >c Haia de mera possibilidade abstrata. O asirô-nomo Tycho Brahe. cujai observações apuradas fornecem a baseempírica para as le» de Kcpltr. rejeitou a concepção coper-meana de qui a Tetra te move cm torno do Sol, dando, entreoutras, as seguintes raróes SC a hipótese de Copernieo fosse

terdadeira, a direção segundo a qual uma estrela fixa seriavista po» um observador terrcsire * mesma hora do dia Iriagradualmente mudando; pois no decurso da viagem anual daTerra cm tmno do Sol. a estrela iria sendo observada de umaposição que vana conslaniemcnie — assim como uma criançanum carrossel obscria um espectador de uma posição que vaimudando c portanto o »í secundo uma direção que tambémvai mudando Mari exatamente, a reta que passa pelo observador e pela estreia variaria periodicamente entre dois extremos, correspondentes a posições opostas na órbita da Terraem torno do Sol. O angulo subentendido por essas posições ea chamada paralaie anual da estrela; quanto mais longe daTerra Tn;c a estrela, tanto menor será sua p arala ie. Brahe. quefei suas obscrsaçóct antes da introdução do telescópio, procuroucom os seus instrumentos mass precisos uma coufiimaçao desses"movimentos pataU icos" das estrelas fixas — e não achounenhuma Kcjciiou por isso a hipótese de que a Terra semove. Mas a dcdu;ão de que as estrelas fixas tenham movimento* paralaiicoi observáveis só pode ser feita a partir da

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38 F n o s o r u M C I í í í C I * N AIUILA L

hipótese de Copcrnicci com auxilio da suposição de que elasestejam tão próximas da Terra que seus movimentos paraláiicos

tenham amplitude suficiente para serro observados com osInstrumentos. Brahe não ignorava que estava fazendo essa so-pjffffl* auxiliar, mas acreditada ter tarem para julga-la verdadeira; dai sua rejeição da hipótese de Copérnico. Mai* tardeficou provado que Brabc se enganara: mesmo as estrelai fixasmais próximas estão muitíssimo mais longe do que cie supunha,de modo que as medidas de paralaic exigem telescópio* poderosos e técnicas uhraprcctsav Somente em 1858 W a serrealizada a primeira medida Bniversalroenle aceita de uma pa-ralaxe csiclar.

A significação dai hipóteses «•••um vai alem Suponhamos que uma hipótese // seja vc-^cada mediante uma implicação "Sc C então E~ que decorreu de II r de um conjunto Ade hipóteses auxil iara . A verificação se reduz então a constataite E ococie ou não numa situação em que. tanto quanto saibaO iambfador, «tiú rcalírada.» as condkõcs C Sc de fato nã ofor «Me e caio — K por exemplo o equipamento usado estiver•';ít . : •.,. . u •!•. bl •SftammnNml WmÈtÚ <.-.:»> / ,vx«-nlo ocorrer mesmo que II t A sejam ambas verdadeiras Por

caia r u ã o , rnlrc aa hipóteses auxiliarcs pressupostas pela verificação deve-tc incluir a de que a situação inicial satisfaça ascondicócs 4c ler minadai C.

Este ponto é particularmente importante quando a hipóteseem exame já foi vitoriosa em provas anteriores c * parle essencial de um sistema mais vasto de hipóteses mutuamente ligadas.também apoiado por múltipla evidencia. Ê provável que emtal caso seja feito um esforço para justificar a aao-ocorré&ciade £ mostrando que alguma* das condições C alo estavam sa

tisfeitasComo exemplo. ciHtudcrrnt"* ;i hipótese de que as cartaselétricas tem uma ruiuturu ainmnlica i«i sejam todas múltiplosinteiros da carga cfc» •ílonm de cktricidaa;. o dectron F**a hipótese recebeu apeão iuipn-uMiiuntc das experiências t O» porR. A. Millikan. a partir de IW19. N etas, as cargas elétricasde goticulas isoladas de um IKJUKIO tal como óleo ou mercúrioeram determinadas medindo a» velocidades das goticulas aocaírem no ar sob a influencia da gravidade ou ao subirem soba influencia de um campo elétrico oposto. Millikantodas as cargas ou eram iguais a. ou eram

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A ViairtcAçÂo D í U M A Hir-oTrsr 39

d e , unu certa carga mínima fundamental que ele, <rm conformidade com a hipótese, identificou como sendo a carga do

décima. Baseado cm numerou* medida* cuidadosamente (citas eoconlrou como seu valor cm unidade» cktrostãlicjs 4,774X 10-**. Esta hipótese foi logo contestada pelo físico Ehrcnhaftcm Viena, que JHUTK-.OU ICT repetido a cxp.-iiêiicia de Millikane encontrado cargas consideravelmente menores que a curga eletrônica determinada por este. Discutindo os tcsultudoi deFhrcnhafl.1 Mill ikan supriu várias fontes prováveis Oc cnos(i- '.. violações das condições cxpcnmeniais) que poderiam datconta dos resultados aparentemente discordantes de Ehrcnhaft:evaporação durante a ob«rviie.ã«. fj/endo diminuir o peto da

goticuta;  fotmac.au  de um película de ósido nas gotrçulas demercúrio usadas em algumas das experiências de Ehrcnhaft: influência perturbadora das partículas de poeira suspensas no ar:afastamento da partícula cm relação ao foco da luneta usadap*'a obscrví-la; modificação da forma esférica preuuposta.quando as gotlcutas sao muito pequena»; erros inevitáveis nacronoiuctragem dos movimentos dr pequenas partícula». Rcfc-rin do te a duas partículas abcrrantcs observadas por um outrohHMliaailiu que usara gotas de óleo, Millikan conclui "A únicainterpretação possível então para o comportamento «lestas dum

partículas. • era que. . . nAtj eram esferas de óleo" , mas par-BciriM dc poeira (pp. 170, 169) . Milhkan afirma ainda que osresultados de repetições mais precisas dc sua própria experiência, estavam todos cm acordo essencial com o resultado anteriormente anunciado por ele. Ehrcnhaft continuou por muitotanos a defender c multiplicar os resultados com que pretendiattUbcteccr i exiittnria de carga* subclcuonuaii mas cm geralesssa resultados n i o pude ram ser reproduzidos po r o ut ro * físicos.dc modo que a concepção atomlstica da carga elétrica fo i mant ida. O valor numérico achado por Mill ikan para a carga eletrônica, entretanto, foi mau tarde reconhecido como sendoligeiramente pequeno; o desvio foi atribuída a um erro numa dashipóteses auxiliarei do próprio Millikan: ele usara um valordemasudo pequeno para a viscosídade do ar nos cálculos quef i l t ra com as informações fornecidas pela goticula de óleo'

i v« I » I W V I I I * • A MiiiikM. r»»  «*•«»•  <o-„»o r n

f ff <! . .« . flW l»ITl. RmrmO» tni-  niliiMl.it*" *• i w M1*41

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*0 FlLOSOftA D* OttOA N*.nniAL

VfKtFKAÇÕES CBUCIA1S

As observações pncede—fl lio importantes tambcoa paraa Kki* de verfira-^o a n d a i , que pode ser rapidamente descrita como segue «oponhamos que H ( f Ht sejam duas hipóteses rivais sobre o n n o o u w o , líualmenie bem apoiada»mt agora pela cípcncocu. sem que se possa dizer portanto quei evidencia disponível favoreça maes a una que a ouira. UmalecitíK entre as dias poderá catão ser obtida se se conceberM U «inuaçio paia a qual J/i e Wi predicam resultados incorri-patíveis. i. r., te , para ama detcnBiajda condição C da expe-irfoeia. decorrer da prumcira. hipótese a implicação 'Sc C então

/? / e da segunda tepótesc "Sc C cniâo fV. onde t i c rVi sejam•csultanV» que se exetuem mutuamente. C de presumir que ai calunio da cipencacia refute ama dai hipóteses c sanlentei outra

Uni eaempio clássico c o experimento feito por Fooeaullpara decidir entre duas concepções, antagônicas sobre a natureza d* luz Um a. proposta por rfuyghci» e desenvolvia porIfcsncl c Yount. luslenu-a qnr a luz consiste cm onda* iram-verui* prounfindo-sc anua me»- CíJMKO. o cier. a outra eraa concepção corpuacwrae de N O IO H . «fiando a qual a luz é.tMUMuida de particulas extremamente pequenas que se movem cm alta velocidade Ambas as concepções permitiam concluir QMC oi "rarts" de lua obedecem às k n da propagação rc-tilfaca, da reflexão c da retração Ma* a concepção ondiüalótiamptieavt que a mz cammha. mau depressa no ar que na. ã?ua.

rnquumW que a corpustmm? levava a conclusão oposta. EmI t JQ . Fcmèaufc conseguiu realizar nm experimento cm que astelocidadcs da. luz no ar c raa ágata eram diretamente compiladas. As imaerm de duas fontes luminosas puoctforrnes- eram

fanuadus • rimam* rams lumünotos. que passavam através da.gua e através do ar. vcparadamctte. ames de seicm refletidospor um espelho girando cm alta velocidade Conforme a velocidade da luz fosse maior ou menor no ar que na água. a:nia?cm da primeira fome iria aparecer à direita ou á esquerdada mu-rm da se panda fonte. As implicações antagônicas confrontadas com a experiência polem portanto ser brevementeformuladas do leguinie muda>: "se te realiza o experimente d :loDcaust. catão a primeira imagem aparece à direita c!a sc-runda imagem' c 'se se realiza o experimento de FoucauJt, cn-

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A VmmcAçAo D E U M A H I P ó T E S E 41

l i o a primeira imagem aparece à esquerda da secunda Imagem'.O experimento mostrou ser verdadeira • primeira destas implicações.

i !«c resultado foi amplamente considerado como uma í t -futaçao definitiva da concepção corpuscular c uma justificaçãodecisiva da concepção ondulatóua Mu» cise julgamento, embora pcrfcilamcnlc natural, superestimava a forca da expci i in -c i a . Pois o enunciado de que a luz caminha ma» deprciuna água do que no ur não decorre simplesmente da conccpçlogeral de que o* mios de lu / sejam correntes de partículas;isoladamente a suposição > demasiado indefinida para gerarqualquer conseqüência quantitativa. Implicações como as k i t

da reflexão e da refração c o enunciado sobre as velocidadesda lu i no ar c na água to poderão ser derivadas quandoa concepção corpuscular for suplementada por suposições especificas sobre o movimento dos corpúsculot c sobre a influênciaexercida neles pelo meio ambiente. Tais suposições foram defato formuladas explicitamente por Newton; c ao fazé-lo eleestabeleceu uma teoria' precisa sobre a propagação da luz. Des-sa totalidade de princípios teórico* básicos t que decorrem aiconseqüências experimentalmente verificáveis, tal como a averiguada por Foucaull. Analogamente, a concepção ondulatóría

foi formulada como uma ttaria baseada num conjunto de tu -posições especificas sobre ondas de éter nos diferentes meiosóplicos; e novamente í este conjunto de princípios teóricos queimplica as lets da reflexão c da retração e o enunciado de que:: vciocdade da luz <• maior no ar do que na água. Conseqüentemente — admitindo a verdade de todas as outras hipóteses auxiliarei — o resultado do experimento de Foucault sónot habilita n inferir que nem todas as suposições básicas ouprincípios da teoria corpuscular podem ser verdadeiros — que

pelomenos

um delesdeve ser

falso. Mas não sabemos qua ldeles deve ser rejeitado. O que sabemos e que a concepçãocorpuscular da luz nao pode ser mantida sem uma modificaçãoilc sua forma, sem introdução de um outro conjunto de leisbásicas.

F, de falo. em 1905, Einttcin propôs uma nova versão daconcepção corpuscular na sua teoria dos quanta de luz. oufoions. como vieram a ser chamados. A evidencia citada porcie cm apoio da sua teoria incluía um experimento realizado

i A forma • • l . r ç i o m i w w l » « i t o m flh nr • • « • I O » no < M > 1 I » H >

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42 FILOSOFIA DA CIêNCIA NATURAL

por Lcnard cm 1903. Eirulein caracterizou-o como om "segundoexperimento crucial" pata as conce-pçoes ondulatóna -c corpus-cular, que segundo ele "eliminava" a clássica teoria ondula-lóna. na qual, cm virtude dos trabalhos de Maxwell c lierU,a noção de vibrações elásticas do éter fora subuuuída pela deondas eletromagnéticas transversais O experimento de Lcnard.que envolvia o efeito fotoelétrico, podia ser considerado comoverificação de duas implicações antagônicas quanio à energialuminosa que uma fonte puntiforme P pode transmitir, por unidade de tempo, a uma pequena leia colocada perpendicularmente aos raios de luz. S:pundo a teoria clássica, essa energiadiminuirá continuadümcntc para zero á medida qoc a (ela se

afastar do ponto /' ; na teoria fotúnica cia deve ser pelo menosij«al i transportada por um único fólon — a menos que nenhumlótun atinja a (ela. caso cm que a energia recebida será nula:não haverá portanto diminuição continua para icro. O experimento de Lcnard apoiou esta última altrrnalivi. M as, outravez, a concepção ondululória não foi definitivamente refutada;o resultado cxpeiimcnltil mostrou apenas lei necessário modificar de algum modo o sistema das suposições básicas da teoriaondulatóna. Pc fato, o que Elnlcin fez foi procurai modificara teoria clássica o m enos poss ível.' Lm suma, um experimento

do lipo aqui exemplificado não pode refutar estritamente umade duas hipóteses rivais.

Mas também nío pode "provar" ou estabelecer definiiíva-mente a outra; pois. como foi observado de modo geral na2.» parte do capitulo 2. as hipótese» ou teona» científicas nãopodem ser provadas tonei ustvãmente por qualquer conjunto dedados disponíveis, por mais acurado c numeroso que ele seja.Isso e particularmente óbvio para hipóteses ou teorias que afirmam ou implicam leis gerais tanto para um processo que não c

diretamente observável — como no caso das teorias rivais daha — como para um fenômeno mais facilmente acessível àobservação e à medida, como a queda livre. A lei de Galileu,por exemplo, re(cre>se a todos os casos de queda livre no pasmado, no presente c no futuro, ao passo que ioda evidência relevante de que se dispõe cm qualquer época está limitada ao conjunto de casos — todos cies pertencendo ao passado — em

) UM CMHplo « l i d Kui>4° diBDiatfinRBi na op l iud » •* P. FitaX.n i l0 H f * r <tt iUnet (3n |k»eod ClItM. M. J . ' Pirntit* H s i . M t = « " •***•>mi»

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A VEIIPICAçãO DE UM* H I P ó T E S E 4 3

que medidas cuidadosas foram feitas. E mesmo que a lei deGalileu tivesse sido rigorosamente satisfeita em todos os casosobservados, não se teria obviamente excluído a possibilidade decertos casos não observados no passado c no futuro não aseguirem. Em suma. a experiência mais cuidadosa e mais repetida não pode provar uma de duas hipóteses nem refutar aoutra. N este sentido estrito, uma experiência crucial é impossível na ciência.4 Mas uma experiência conto a de Foucaultou a de Unard pode ser crucial num sentido menos rigoroso,mais prático: pode denunciar uma de duas teorias em conflito como seriamente inadequada c apoiar fortemente a teoriarival, exercendo, por isso. uma influência decisiva sobre o rumo

subsequente tomado pela teoria c pela experimentação.

HIPóTESES "AD HOC"

Ouando a manciia particular de verificar uma hipótese Hprtiiupiit enunciados auxiliarei .41, Ai A. — 1.«., quandoestes l io usados como premissas adicionais ao se derivar deII a implicação relevante / — cnlão. como se viu antes, umresultado ncfialivo, mostrando que / t Ms», diz apenas que Hou uma djs hipótcsci, auxiiiarcs deve ser falsa c que algo deveser mudado nesse conjunto, de sentenças para que cie se ajusteao resultado da verificação, quer modificando ou abandonandocompletamente H. qwi alterando o sistema de hipóteses auxiliare i Em principio, pode-se sempre reler //. mesmo cm face demultados seriamente adversos, desde que se queira rever sshipóteses auxiliarcs úc um modo suficientemente radical, aindaente trabalhoso. Mas a tiêticia nao está interessada cm protegeisuas hipóteses ou suas tcocias a qualquer preço — e tem boas

razões para isso- Consideremos um exemplo. Antes de Tor-ricclli introduzir sua concepção da pressão atmosférica, explicava-se o comportamento das bombas aspirantes admitindo quea natureza tem honor ao vácuo c que, portanto, a água sobepelo cano da bomba para encher o vácuo criado pela elevaçãodo embolo. A mesma idéia servia também para explicar di-

* * » • t o Iwiw-n -«-«am de H m DuM m. liite i JnuoftaA* d l cltoíl.l-m«««. C l P«m II . C i * VI de KU IWfO TH* Aim —4 S»«n.>r <* H>yu?tifw—i. m<l<KÍ" de 9. P w « « ( P I , K « C « U n n a n i j no«, 191». r n r a i w i ) .>««*t«d» oo< m.i™ ni( < • it o s PKficlMtelo • u id u t i i s a l cu . Le u» A

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44 FILOSOFIA DA C IêN C IA N ATURAL

versos outros fenômenos. Q uando Pascal escreveu a Périer pedindo-lhe para executar a experiência de Puy-de-Dôme, acrescentou que o resultado esperado seria uma refutação "decisiva"daquela concepção: "Se acontecer que a altura do azouguefor menor no topo que na base da montanha. . . será necessárioconcluir que o peso e a pressão do ar são a única causa dasuspensão do azougue e não a aversão ao vácuo: pois nenhumadúvida existe de que há muito mais ar pesando sobre o péde uma montanha do que sobre o seu cume e ninguém podedizer que a natureza tenha mais horror ao vácuo ao pé de umamontanha do que no seu cume."5 Mas a última observação indica justamente a maneira de salvar a concepção de um horror

vacui em face dos resultados de Périer. Pois estes só constituíam uma evidência decisiva contra aquela concepção admitindotambém que a intensidade do horror não depende da altitude.Para reconciliar a evidência aparentemente contrária de Périercom a idéia de um horror vacui basta introduzir em vez daquelaa hipótese auxiliar de que a aversão ao vácuo decresce quandoa altitude aumenta. Essa suposição não é logicamente absurda nem patentemente falsa e sim discutível do ponto de vistacientífico. Pois seria introduzida ad hoc — /. e.t com o único

propósito de salvar uma hipótese seriamente ameaçada por umaevidência adversa; não seria invocada para outros resultadosachados e provavelmente não levaria a nenhuma implicaçãoadicional. Ao contrário, a hipótese da pressão atmosférica conduz a outras implicações, como a mencionada por Pascal de quese um balão parcialmente inflado for transportado ao topo damontanha lá ele ficará mais inflado.

N os meados do século xvn um grupo de físicos, os ple-nistas, sustentava que o vácuo não poderia existir na natureza;

para salvar esta idéia face à experiência de Torricelli, um delesaventou a hipótese ad hoc de que no barômetro o mercúrioficava suspenso no teto do tubo de vidro por um fio invisívelchamado "juniculus". De acordo com uma teoria inicialmentemuito útil, desenvolvida no começo do século xvm, uma substância chamada flogístico escapava dos metais durante a combustão. Esta concepção teve de ser abandonada quando La-voisier mostrou experimentalmente que o produto final do pro-

5 Ex traí do da car ta de Pasc al datad a de 15 de nov em bro de 1647, em I . H .B. e A. G. H. Spiers, trad.. Th e Physical Treatises of Pascal ( N o v a Y o r k :Columbia University Press, 1937), p . 101.

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A V E R I F I C A ç ã O D E U M A H I P ó T E S E 4 5

cesso de co m bu stão pesava mais que o metal inicial. Ain daassim, alguns adeptos obstinados da teoria do fiogístico pro

curaram reconcil iá- la com os resultados de Lavoisier propondoa hipótese ad hoc de que o f iogístico teria peso negativo, demodo que sua perda aumentar ia o peso do resíduo.

N ão esqueçam os, entretanto, que se, com o recuo do tempo ,torna-se aparentemente fácil recusar certas sugestões do passado como hipóteses ad hoc, pode ser muito dif ícil julgar umahipótese proposta num contexto contem porâne o. N ão existede fato critério preciso para caracterizar as hipóteses ad hoc, sebem que as questões sugeridas anteriormente forneçam algumaorientação: a hipótese é proposta apenas com o fim de salvar

uma concepção corrente contra a evidência adversa, ou dá razãotambém a outros fenômenos gerando implicações significativas? Importa f inalmente observar que, introduzindo hipótesesrestr itivas para reconciliar certa concepção básica com uma nova evidência, o sistema resultante poderá tornar-se tão complexo que terá de ser abandonado quando uma concepção al ternativa mais simples for proposta.

VERIF ICABILIDADE E M P R I N C í P I O ESIGNIFICAÇÃO EMPÍRICA

Como mostra a discussão precedente, nenhum enunciado ouconjunto de enunciados T pode, de modo significativo, ser proposto como uma hipótese ou teoria científ ica a menos que sejasuscetível de uma verif icação empírica objetiva, pelo menos "emprincípio". Isso eqüivale a dizer que deve ser possível derivarde T no sentido lato considerado certas implicações da forma'se se realizarem as condições C, então ocorrerá o resultado E'\

mas essas condições não precisam ser realizadas ou tecnologica-mente realizáveis na época em que T é proposto ou entrevisto.Tomemos, por exemplo, a hipótese de que a distância percorr idacm t segundos por um-corpo caindo livremente a partir do repouso na vizinhança da superfície da Lua é. s — 89/2 cm. Deladeco rre dedu tivame nte que as distâncias p ercorrida s po r esseco rpo em 1, 2, 3 , . . . segundo s se rão 89, 3 76 , 8 0 1 , . . . centímetros. A hipótese é portanto verif icável em princípio, emboraseja atualmente impossível realizar a verificação descrita.

Mas se um enunciado ou um conjunto de enunciados nãofor verificável pelo menos em princípio, isto é, em outras pala-

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4 6 F I L O S O F I A D A C D È M C U N A T U R A L

v r a s , se não possu i r implicação a l g u m a confrontável c o m a e x p e r i ê n c i a , c o t i o n ã o podcrã se r p ro p o s t o o u a c o lh i d o c o mo u n ateo r ia ou h ipó tese c ien t í f i ca , po is nenhum dado empírico pode

e s t a r d e a c o rd o o u e m desacordo c o m e le . Neste caso. «AoMm apoio a lg u m n o s f e n ôme n o s e mp í r i c o s ; f a l t a - l h e , COMO dar e m o s , significação e mp í r i c a . C o n s id e re - t e . p o r e xe mp lo , a o p i nião ile que a mú tua a t ração gravítacional dos corpos Bascosse ja uma manifestação de ce r tos "apetites ou tendênc ias n a t u r a i s " inerentes a esses c o r p o s , como o a m o r , e qu e t o r n a m "'MC'

l i çuc is e p ossíve is o s mo v ime n t o s n a tu ra i s d e le s " * Q u e im p l i cações p o d e m sei der ivadas dessa in te rp re tação dos f caõ taea t *p a » « a c io n a i s ' ' A t e n d e n d o a c e r to s a spe c to s característicos do-amor no sent ido que nos c familiar, essa op in ião pi rece i m p l i car que a a f in idade gravitacional ser ia um fenômeno se le t i vo :nem todo pa r de co rpos f í s i cos te a t ra i r i a mu t u a me n t e Ncasts c r u a in tens idade d a a f in idad e de um co rp o po r u m ou t rosempre igua l à des te po r aque le , nem depender ia de um m o d osignificativo das massas dos corpos ou das distâncias entre elesCorno sodas casas conseqüências são sab idamente f i l i a s , o s e n t ido d a concepção conaidcradi não pode set ta l que as impl iqueC e r t o , ela pretende apenas que as afinidade» na tu ra is tub facet t -tes à atração pav- i t acKma ! são como o amor . M a s , co rno se

pode ver ago ra c la ramen te , essa aatcr\ão c t ão evas iva qac e x c lu i a de r i vação de qua lquer conseqüência con f ron táve l com aexperiência N e n h u m f a t o e m p í r i c o pode ser invocado po r estai n t e r p r e t a ç ã o ; n e n h u m d a d o obtervacional o u eaperimcaial p o d ec o n f i rm a - l a o u r e f u t a - l a . L o g o , e m particular, não t e m t m p t t c a -ç ã o concerncnlc aos fenômenos gra* nacionais e , p o t r t i M o . nãopode exp l icar esses fenômenos oo toná- los " i n t e l i g í ve i s " . P a ra«sdarcce-ln a in d a m e lh o r , su p o n h a mo s q u e a lg u ém p ro p o n h a •lirv.- J Icisi.i l ivj ik L|_,- m Ki tp . i t  fUtm N draOBI ;'--li---r.i'.-mente uns aos ou i to i e t endem a se mover uns pa ra os otstrase m v i r t u d e d e una icndí-nda n a t u ra l semelhante a o ó d i o , d euma inc l inação na tu ra l pa ra co l id i r com os ou t ros ob je tos fís icos ,des t ru indo -os . Haverá mane i ra concebi vc l d e e m i t i r p a re c e rsobre essas opin iões c on f l i tan tes ? F. c la ro que n ã o . N e n h u m adelas condui a qua lquer i inpl i iücão v e r i f i c á v e l ; n e n h u m a d i s c r i minação empí r i ca en t re ebv c possíve l . E não se dica qtsc aq u e s t ã o è " d e ma s ia d o p io t u n d a " p a ra ser dec id ida c ies i r f i ca -

« E>u • " « <O M »

(•* ••>*r*" r s I F. O S m t r u * aM Lond t o J i n , rnaOpiD". r s * 7 t — . „ . « H ;i n«s*>. i***i

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A VEBIPKAçãO D B U M * HlPÓTFSE 47

menlc- as duas interpretações verbalmente antagônicas simplesmente não fa«m asscrçào alguma. Portanio, não Ía2 sentido

perguntar x lão Ycrdidcirai ou falsui C C por isso que a invés-ligação cientifica não pode decidir cnlre elas. São pseudo-hlpó-ities: são hipóteses apenas cm aparênc ia.

Não se esqueça, entretanto, que uma hipótese cientifica cmgeral só conduz a implicações verificáveis quando combinadascom suposições auxiliarei apropriadas. Assim c que a concepção de Torricclli da pressão exercida pelo oceano de ar sócondiu a implicações verificáveis precisas supondo que a pressão do ar obedece a leis análogas a da pressão da água; c opressuposto, por exemplo, d j experiência de Puy dc-iMme Pa

ra julgarmos se uma hipótese propoila tem ou não significaçãoempírica, devemos indagar porlanlo quais hipóteses auxiliaresestão explícita ou intitamcnte pressupostas no contexto dado ese. conjunta mente coiti estas, a hipótese dada -admite implicaçõestTrif iedvíi* (além das que decorrem diretamente das suposiçõesauxil iarei).

De resto, freqüente mente uma idéia cientifica c introduzidasob forma que oferece apenas possibilidades limitadas c frágeisde verificação; com bases nestes tçstcs iniciai» ir4 adquirindogradattvamentc uma forma mais definida, mais precisa e veri

ficável de um modo mais diversificado.Por estas ra/ões « por outros que nos levariam muilo lon

ge.1 não c possível traçar uma linha divisória entre hipóteses eicofLu que tão vcnftcivcif em princípio e ai a i * não o iào.Mas embora seja algo vaga. a distinção mencioiada í importante para avaliar a significação do potencial explanatório dashipóteses c teorias propostas.

qiKUiu I citdi Munir im nitr» vWymt «''» iàHJ" WilÜim Alil i-- . . . . Vmi

oi CotuiH Stikdmm Piaalrm anl Chaajt>". <m C. O. Ilimpal. AI*H"

(UPIJil • c i ta i inu-if >m *«« WKUm «•» "HfW! WÉIIt.m AH•I f - i ^ n . <ia. * iN 4, j . Toilii-idoMii o DHI.|uti < p.D lluí» >-L>™/- J- Imt-^m. « . /.H« t*t...^ KW. •«•) (

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C R I T É R I O S D E C O N F I R M A Ç Ã OE A C E I T A B I L I D A D E

Como já notamos anteriormente, um resultado favoráveldas verificações, ainda que numerosas c exatas, não forneceprova conclusiva paia uma hipótese, mas apenas o apoio deuma evidencia mais ou menos forte, que é a confirmação dela.Quão fort» e esse suporte * questão que depende de vátiascaracterísticas da evidencia, que *amos agora examinar

Na avaliação do que poderia ser chamado a aceitabilidadeou credibilidade cientifica de uma hipótese, um dos fatores maisimportantes a ser considerado í. naiuralmenie, a resistência doapoio que lhe dá a citensáo e o caráler da evidência relevante

disponível. Mas náo t o único, como veremos também nestecapituloInicialmente, falaremos algo intuitivamente do que torna

um apoio mais ou menos forte, do que jumenta muito ou pouco: uma confirmação, do que faz crescer ou deciescer a aceitabilt-• dade de uma hipótese e de questões semelhantes. N o fim do

capitulo, riaminaremos rapidamente se os conceitos aqui introduzidos admitem ou na© uma interpretação quantitativa preço*.

QUANTIDADE, VABUEüADE E ncctilo DAEVIDENCIA SlSIÍSlADOtA

N a ausência de evidencia desfavorável, a confirmação deuma hipótese será normalmente considerada como crescentecom o número dos resultados favoráveis nas verificações. Porexemplo, cada nova variável Cefeida encontrada com período

e luminosidade conforme á lei de Leavitt-Shapky será considerada como suporte adicional à evidencia da lei. Ma*, falando

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C RU íBIOS DE C ON FIBMAC ãO E AC EITABILIDADE 49

de modo geral, o aumento em confirmação trazido por um novoCaso favorável vai-se tornando metior a medida que cresce onúmero de casos favoraveb previamente estabelecidos. Ha

vendo já milhares de casos confírmatórios, a adição de mais un>aumenta pouco a confirmação.P. preciso porém acrescentar: se o novo caso for obtido pe

lo mesmo tipo de verificação que os casos anteriores Pois seresultar de um outro tipo, a confirmação da hipótese ficarániajorada de um modo significativo. A confirmação dependenão somente da quantidade de evidência favorável, mas também da sua variedade: quanto maior for esta, tanto miis forte oapoio resultante.

Suponhamos, por exemplo, que a lei cm questão seja a de

Sueli, segundo a qual um raio de luz ao passar de um meioóptico para outro è retratado na superfície de separação de talmodo que a relação sen a/sen 0 entre os senos dos ângulosde incidência e dç refração è uma constante para qualquer parde meios. E suponhamos que tenham sido feitos tics conjuntosde 100 mcdida\ cada um. N o primeito, o* meios cos ângulos de incidência foram mantidos constantes; cm cadaMperimcnto o raio pastava do ar para a água com um ingulode incidência de )0° c o Angulo de refração era medido, lendovido encontrado o mesmo valor para todo» o» cato*. No secundo conjunto, oi meios eram mantidos os mesmo*, mas oângulo a variava, tendo sido encontrado o mesmo valor parasen a/sen ;i cm todas as medidas. N o terceiro conjunto, tantoos meios como o ingulo a variavam: 25 pares diferentes de meioseram examinados e para cada p.ir quatro valores diferentes doângulo a eram usados, tendo a medida de 0 mostrado que paracada par de meio» os quatro valores associados de sen a/sen £eram iguais, tendo as relações associadas com diferentes paresdiferentes valores.

Cada um desses conjuntos constitui uma class? de resultados favoráveis i lei de Snell Todas as três classes lèm amesma extensão. Mas a terceira, que oferece a maior variedadede casos, será considerada como um apoio muito mais forteque a segunda, t esta como um apoio mais forte que a primeira. Poderia parecer que assim se julga porque no primeiroconjunto não se fez outra coisa senão repetir o mesmo experimento, de modo que o resultado positivo em Iodos os 100casos não sustenta a hipótese com mais força do que já fazia o

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5 0 F I L O SO F I A DA C I ê N C I A N A T U R A L

resultado dos dois primeiros casos do conjunto. M as isso é umerro . O que se repetiu 100 vezes não foi literalmente o mesmoexperimento, pois as sucessivas execuções diferiam em vários

aspectos: cer tamente a distância do aparelho à Lua, talvez atemperatura da fonte de luz ou a pressão atmosférica etc. Oque se "manteve o mesmo" foi s implesmente cer to conjunto decondições, entre as quais determinado ângulo de incidência eum particular par de meios. E ainda que as primeiras medidasnessas circunstâncias tivessem fornecido o mesmo valor parasen a / sen /3, não é logicamente impossível que as subseqüentes, nas mesmas circunstâncias, fornecessem outros valores. Arepetição de medidas com resultado favorável aumentou de fatoa confirmação da hipótese, embora muito menos do que fize

ram as medidas executadas numa var iedade mais ampla decasos.

Em geral, as teorias científ icas estão apoiadas por umavariedad e considerável de fatos. Le mb rem o-no s da confirmaçãoencontrada por Semmelweis para a sua hipótese f inal. Le m bremo-nos sobretudo da impressionante conf irmação recebidapela teor ia newtoniana do movimento e da gravitação: delasão deduzidas as leis de queda livre, do pêndulo simples, domovimento da Lua em torno da Terra e dos planetas em torno

do Sol, das órbitas dos cometas e dos satélites feitos pelo homem, do movimento relativo das estrelas duplas, dos fenômenosdas marés e de muitos outros fenômeno s. To do s os resultadosobservacionais e experimentais que estão de acordo com essasleis trazem apoio à teoria de N ew ton.

A razão pela qual a diversidade de evidência é um fatortão importante na conf irmação de uma hipótese pode ser sugerida pela seguinte consideração, relativa ao nosso exemplodas várias verificações da lei de Snell. A hipótese em questão — que vamos designar por 5 — se refere a todos os pares

de meios ópticos e afirma que para um par qualquer a relaçãosen a / sen /3 tem o mesmo valor para todos os associadosângulos de incidência c de refração. Q ua nto m ais distr ibuídasforem as experiências sobre essas diversas possibilidades, tantomaior será a probabilidade de achar um caso desfavorável se Sfor falsa. Pode-se dizer que o pr imeiro conjunto de exper imentos examina uma hipótese mais particular Si, segundo a quals?n a / s e n j3 tem o mesmo valor toda vez que o raio luminosopassa do ar para a água com uma incidência de 30 °. Po rtanto, se Si fosse verdadeira mas S falsa, o primeiro tipo de

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CRITéRIOS DE CONFIRMAçãO E ACEITABILIDADE 51

teste não o revelaria. An aloga me nte, o segundo conjunto de experimentos verifica uma hipótese 52, que afirma distintamente

mais do que 5i mas não tanto quanto 5 — a saber , quesen a / s en (3 tem o mesmo valor para todos os ângulos a e seuscorrespondentes ângulos )3 quando a luz passa do ar para aágua. Aqui também, se 52 fosse verdadeira mas 5 falsa, o segund o tipo de teste não o revelaria. Pode-se, pois, dizer queo terceiro conjunto de experimentos verifica a lei de Sncll maiscompletamente que os outros dois e que por isso um resultadodele, inteiramente favorável, fornece um apoio mais forte para ela.

Mas não estamos exagerando a importância da evidência

diversificada? Afinal de contas, um aum ento de variedade pod eàs vezes ser considerado como insignificante, justamente porser.incapaz de elevar a confirmação da hipótese. Assim é queno nosso primeiro conjunto de verificações da lei de Snell avariedade poderia ter sido aumentada realizando a experiênciaem locais diferentes, sob diferentes fases da Lua ou por expe-rimentadores com olhos de diferentes cores. Mas procurar taisvariações poderia ser uma atitude razoável se nada soubéssemosou soubéssemos extremamente pouco sobre os fatores capazesde afetarem os fenômenos ó pticos. N a época da experiência de

Puy-de-Dôme, por exemplo, os experimentadores não tinhamidéia precisa sobre quais fatores, além da altitude, poderiamafetar o comprimento da coluna de mercúrio no barômetro;quando o cunhado de Pascal e seus associados repetiram aexperiência de Torricelli no alto da montanha e acharam quea coluna de mercúrio diminuíra mais de oito centímetros,decidiram logo refazer a experiência em diferentes lugares eem diferentes épocas, mudando as circunstâncias de vários modos. É o próprio Périer quem o diz em seu relatório: "Procurei a mesma coisa ainda cinco vezes, com grande precisão,

em diferentes locais no alto da montanha; no interior da capela que lá se acha, fora dela, cm pleno vento e abrigadodele, em bom tempo e durante a chuva e o nevoeiro que àsvezes caíam sobre nós, tomando sempre a precaução de eliminaro ar no tubo; em todas essas circunstâncias achou-se a mesmaaltura de az oug ue. . . ; este resultado nos satisfez plenam ente." 1

O julgamento, portanto, de certas maneiras de variar aevidência como importantes e de outras como insignificantes

1 W. F. Magie, org., A Source Book In Physlcs, p. 74.

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5 2 F I L O S O F IA DA C I ê N C I A N A T U R A L

baseia-se em pressupostos — talvez resultantes de pesquisasanteriores — quanto à influência provável dos fatores a seremvariados sobre o fenômeno a que se refere a hipótese*

E, às vezes, quando esses pressupostos são contestados esão por isso introduzidas variações experimentais até então consideradas insignificantes, uma descoberta revolucionária pode so-brevir. Ê o que aconteceu com a recente derrubada de umdos pressupostos básicos da Física, o princípio da paridade,segundo o qual as leis da natureza são imparciais entre a direitae a esquerda: se um processo físico é possível (/. e.t se suaocorrência não está excluída pelas leis da natureza), tambémo é sua imagem por reflexão (o processo visto num espelho),

onde a direita e a esqu erda são trocad as. Em 1956 , Yange Lee, que procuravam a razão de alguns resultados experimentais enigmáticos sobre partículas elementares, sugeriramarrojadamente que o princípio de paridade fica violado emcertos casos; o que não tardou a ser claramente confirmadopela experiência.

Às vezes um teste pode ser refeito de modo mais rigorosoe o seu resultado mais ponderável, aumentando a precisão dosprocessos de observação e de med ida que ele usa. Assim éque a hipótese da identidade das massas de inércia e gravita-cional — justificada, por exemplo, pela igualdade da aceleração em queda livre de todos os corpos — foi recentementereexaminada com métodos extremamente precisos; e os resultados, que até agora sustentaram a hipótese, reforçaram enor-memente a confirmação dela.

C O N F I R M A ç ã O PO R " N O V A S " I M P L IC A ç õ E S

Q u a n d o uma hipótese se destina a explicar certos fenômenos observados, será naturalmente formulada de tal modo queimplique a ocorrência deles; logo o próprio fato a ser explicadoconstituirá evidência confirmatória dela. Mas é al tamente desejável para uma hipótese científica que seja também confirmada por "nova" evidência, por fatos que não eram conhecidos ou não eram levados em conta no momento da formulação.E m uitas hipóteses e mu itas teorias cm C iência N atural t iveram,com efeito, a confirmação consideravelmente robustecida por

esses fenômenos "novos".

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CRITéRIOS DE CO NF IR MAçãO E ACEITABILIDADE 53

A questão fica bem esclarecida por um exemplo que remonta ao último quarto do século xix , quando os físicos

procuravam as regularidades inerentes às raias que se encontravam em profusão nos espectros de emissão e de absorção dosgases. Em 1855, um mestre-escola suíço, J. J. Balmer, propôsuma fórmula que ele pensava expressar a regularidade dos comprimentos de onda correspondentes às raias de emissão do espectro de hidrogênio. Baseado nas medidas feitas por Angstrõmde quatro raias desse espectro, Balmer achou a seguinte fórmula geral:

n2

— 2*

onde b é uma constante cujo valor Balmer determinou empiri-camente como sendo 3645,6 A e n é um inteiro maior que 2.Para n = 3, 4, 5 e 6, essa fórmula fornece valores para X queconcordam estreitamente com os medidos por Angstrõm; Balmer porém confiava que os outros valores também representassem comprimentos de onda de raias que ainda não tinhamsido medidos — e nem mesmo encontrados — no espectro

de hidrogênio. (Na realidade, Balmer desconhecia que outrasraias já tinham sido observadas e medidas.) Atualmente, jásão conhecidas 35 raias consecutivas na chamada série deBalmer e todas elas têm comprimentos de onda em boa concordância com os valores previstos pela fórmula de Balmer.2

N ão é de surpreender que uma tão notável confirmaçãopor "novos" fatos previstos com exatidão aumente a crençaque t ínhamos na hipótese. Entretanto, surge aqui um enigma.Suponhamos, por um momento , que a fórmula de Balmer só

tivesse sido proposta depois que as 35 raias atualmente registradas na série tivessem sido cuidado sam ente medida s. N estecaso fictício, ter-se-ia obtido exatamente o mesmo resultadoexperimental que o que de fato o foi por medidas feitas, emparte antes, e em muito maior parte depois, do estabelecimentoda fórmula. Deveria 'essa fórmula ser considerada como menosbem confirmada no caso fictício que no caso real? Pode ria

2 Um relato lúcido c completo, de onde se extraiu este breve resumo,

encontra-se no cap. 33 de G. Holton e D, H. D. Roller, Foundations of ModemPhysical Science (Reading, Mass.: Addison-Wesley Publishing Co., 1958).

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54 FlLOSOfU DAC-i vr:. SATV*AI

parecer razoável respondeimas afirmativamente pela seguinte razão: c sempre possível construir uma hipótese que esteja deacordo com um conjunto qualquer de dados quantitativo!, domesmo modo que c sempre possível desenhar unu curva regular passando por um número finTlo de pontos. Assim tendo, não há nada de surpreendente que «roa fórsnala como ade Balmer possa ser estabelecida no nosso caso fictício. O que<- notável e dá credito a uma hipótese é que da se ajuste aoscasos "novos" como sucedeu com a de Balmer no caso realMas a isso se poderia replicar que, mesmo no caso fictício, afórmula de Balmer não é simpiesaneMs «na hipótese ai-btirá-ria capai de se ajustar aos 35 comprimentos de onda mrdidos.

jates, é uma hipótese de si-mplieidide formal impressionante:« é o fato mesmo de ela conter essas 35 medidas nana f^tur^rmate mítica mente simples que lhe dá muito maior credibilidadeque a que seria atribuida a uma fórmula mato conpku também w ajustando aos mesmos dados, Para dize-lo ena lansaa-cem peomcinca: se se puder Uret passar orna carva simplespelos pontos represenlalivos dos retaliados de medidas, tem-semuito maior confiança cm haver descoberto ama Hei aeral sob-jacente do que se a curva for complicada Km unrfornaidadcperceptível (Adiante, neste capitulo, retomaremos esta qnes-tão da simplicidade.) De testo, do ponto de vista da Lopca.a fiimn» do apoio que uma hipótese recebe de u a certo conjunto de dados só depende do que c afirmado pela hipoKice do que sejasn os dados: saber se foi a hipótese on odos dados que se apresentou em primeiro lugar imente histórica e pec isso não pode ser levado em coou aaconfirmação da hipótese. Esta c a concepção certamente implícita nas teorias cstatíslicai da verificação, recentemente desenvolvidas, e Umlvni cm algumas analises tópicas contem-

poráneas da confirnucãu c J.i lnJ*,-ão. como «cremos bre-vemenle ao fim do capítulo.

O kfoto TEóSUCO

O apoio -que pode Mf reclamado paraprecisa ser inteiramente do tipo indntivo qae

agora: não precisa consistir inteiramente — ou mesmo parcialmente — de dados que confirmam as conseqüências derivadas

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CRITéRIOS T>F C ON FIRMA çãO E ACEITARIL IDADE 55

delas. O apoio pode vir lambem "de cima", isto é, de hipótesesmais ampJu ou de teorias que implicam a hipótese considerada

e que rim o apoio de uma evidência independente Pata exemplificar, consideremos novamente a lei hipotética para a quedalivre na Lua j = 891* cm. Embora nenhuma de suas conseqüências tinha sido jamais verificada por experiência na tua,tem fntrcianin um forte ti/*Ww ttórteo. poil decorre dedutiva -mente da teoria nevitoriiana do movimento c da graviiaçao (fortemente apoiada por uma evidência altamente diversificada)juntamente com a informação de que o raio e a massa daLua sio 0.272 c 0,0123 dos da Tcrta c que a aceleração degravidade na vizinhança da superfície da Terra í de 981 centí

metros por segundo por segundo.Por outro lado, a confirmação de uma hipótese que ja

tem apoio indutivo pode ser reforçada se receber "dç cima" umapwo dedutivo. Ê o que aconteceu, por exemplo, com a fórmula de Balmer Ralmer entreviu a possibilidade de o espectrode hidrogênio conter outras series de ralai, cujos comprimentosde onda obedeceriam a uma generalização da sua fórmula.

* » - * • '

onde m c um inteiro positivo c n qualquer inteiro maior que mPara m =a 2 recai-se na fórmula já conhecida; m — | , 3,4. . . .determinariam novas séries de raias. E, de fato, a existência deséries correspondentes a m - 1,3,4 c 5 foi estabelecida posteriormente pelJ exploração eípcr.nKnlai dl» palies invisivfiiinfra-vermelho e utua-violela do espectro de hidrogênio. Che

gou-se assim a um forte apoio empírico para uma hipótesemais geral que implicava a fórmula original de Balmer comocaio especial, fornecendo portanto um apoio dedutivo paraela. E em 1913 surgiu um apoio dedutivo por uma teoria,quando Bohr mostrou que a fórmula generalizada - - e portantoa original de Balmer — decorria da sua teoria do átomo dehidrogênio. Essa dedução reforçou enormemente o apoio àfórmula de Balmer, porque a colocou no contexto das concepções quâniicas desenvolvidas por Plaack. Einsteln t Bohr. queestavam apoiadas por diversas evidências além das medidas

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56 FILOSOFIA DA CI êN CI A NATURAL

espectroscópicas que forneceram suporte indutivo à fórmulade Balmer.3

Cor re la t ivamente , a credibilidade de uma hipótese seráatingida adversamente se entrar em conflito com as hipótesesou teorias já aceitas como bem conf irmadas. No New YorkMedicai Rccord, d e ' 1 8 7 7 , um médico de Iowa , Dr. Caldwel l ,relatando uma exumação a que teria tes temunhado, assegurouque o cabelo e a bar ba de um homem que fora enterrado bar-b e a d o e de cabelos cor tados arrebentaram o caixão e cresceram através das fendas.4 Ainda que apresentado por umatestemunha presuntiva, a afirmação será rejeitada sem muitahesitação porque colide com os fatos bem estabelecidos sobre

o crescimento do cabelo humano depois da mor te .Analogamente , a nossa discussão anterior da pretensão deEhrenhaft de ter exper imentalmente estabelecido a existência decargas subeletrônicas mostra como o conflito com uma teoriaamplamente sustentada milita contra uma hipótese.

Entre tan to , o princípio a que nos estamos referindo deveser aplicado com discrição e com restr ições, Senão, pod eria serusado para proteger qualquer teor ia contra qualquer descober taque lhe fosse contrária. Ora, a ciência não está interessada emdefender concepções favoritas contra as evidências que possamlhes ser contrár ias. Em virtude mesmo do seu objetivo, estásempre pronta a renunciar a uma hipótese já aceita ou pelomenos a modificá-la. Mas para desalojar uma teoria bem estabelecida exigem-se razões ponderáveis; exige-se sobretudoque os resultados experimentais adversos possam ser repetidos.E mesmo quando "efei tos" exper imentalmente reproduzíveis entram em conflito com uma teoria robusta e fecunda, esta poderácontinuar a ser usada nos contextos em que não crie dificuldades. Foi o que Einstcin reconheceu quando, ao pr opor a teoria

dos quanta de luz para explicar fenômenos como o efeito fotoe-létrico, observou que para tratar da reflexão, da re t ração e dapolar ização da luz a teoria eletromagnética era provavelmenteinsubstituível; e de fato ainda c usada neste contexto. Uma teoria de largo âmbito, já triunfante em muitos domínios, só seráabandonada normalmente quando uma outra teoria ainda mais

3 Para detalhes, ver Hollon c Rollcr, Foundutions oi Modern PhysicclScience, cap. 34 (especialmente a seção 7).

4 B. Evans , The Natural Historv aí Nonsenie (N ova Yo rk : A lf red A. Knopf,19461, p. 133.

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CRITéRIO S DE CO NF IR MAçãO E ACEITABILIDADE 57

satisfatória se apresentar — mas boas teorias são difíceis deaparecer.5

SIMPLICIDADE

Outro aspecto que afeta a aceitabilidade de uma hipóteseé a sua simplicidade comparada com a de hipóteses alternativasque justificam o mesmo fenômeno.

Consideremos uma i lustração esquemática. Suponham osque a investigação de certo tipo de sistemas físicos (C efeidas,molas elásticas, líquidos viscosos ou o que for) sugira que certa

característica quantitativa, n, desses sistemas possa ser uma função de outra característica u e, assim, determinada univocamen-te por u (do mesmo modo que o per íodo de um pêndulo éfunção do seu comprimento) . Procuremos por tanto construiruma hipótese enunciando a forma exata da função tendo constatado muitos casos em que u tinha os valores 0, 1, 2, ou 3 ecorrespondentemente « os valores 2, 3, 4 e 5. Suponhamostinda que não t ivéssemos pressuposto algum sobre qual poderiaser a forma da relação funcional e que as seguintes três hipóteses tenham sido propostas à luz dos nossos dados:

/ / , : n = u*

fí2: n = tfiH3: n = u

- 6u* + 11K> — Jll + 2— 4W — u* + 16u2 — llu + 2

+• 2

C a d a uma dessas hipóteses se ajusta aos dados: para cadaum dos quatro valores examinados de « cada uma delas fazcorresponder exatamente o valor achado associado. Em linguagem geométrica: traduzindo cada uma das três hipóteses por

um gráfico, as três curvas obtidas contêm cada uma os quatropon tos dados (0 ,2 ) , (1 ,3 ) , (2,4) e ( 3 , 5 ) .N ão havendo, como foi admitido, qualquer pressuposto que

nos indicasse uma escolha diferente,, a hipótese teria anossa preferência, por ser mais simples que H\ e H2. Issosugere que, de duas hipóteses em acordo com os mesmos dados

5 Este ponto está trata do de modo sugestivo, usando como exemplo a teoriaflogística da combus tão , no capí tu lo 7 de J. B. C o n a n t , Science and Common Sense.Uma concepção geral estimulante de como nascem e caem as teorias cientííicaB

está desenvolvida em T. S. Kuhn. The Slructure oi Scicnlijic Revoluíions ( C h i c a g o :The Uoiversity of C h i c a g o Press, 1962).

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51 FILOSOFIA DA C I L N C U NATUKAL

e que nio diferem no que ainda p o n * »er relevante pau a cosv(irmacio, a mais simples teria a mais bem aceita.

A importância da simplicidade paia teorias inteiras é fre

qüentemente exemplificada com o dcsironamento d i concepçãogcoccntrica do interna lol i r , herdada de Ptolomea. pela hclio-rtntrlca de Copérnico. A concepção de Plolomeu era cnpcnho-•a e rlgoroia, n u "sontuoiamente complicada por ctreuloa prUi-cipaii e subdrculos. com diferentes raios, velocidade», inclinações c diferente* valore* c direções de cx^entricidad;"*.*

Inegávelmente. cxtile cm ciência uma preferencia marcantepelas teorias e hipóteses mais simples, mas nio é fácil formularcriléno* de simplicidade num sentido relevante que justifiquem

essa preferência.Qualquer critério de simplicidade teria que ser objetivo, c

claro; nao le poderia referir a uma sedução intuitiva ou a facilidade com que uma hipótese ou teoria possa ser compreendidaou lembrada ele., pois estes sio fatores que variam de pessoaa pcaaoa. No caio de hipóteses quantitativa* como / / i . / /•. //>poder-sc-ia pensar cm julgar da simplicidade observando-se oigráficos correspondeates Km coordenadai retansubre». o fiàÍKode / / . é uma reta, enquanto os de II, e II, sao curvas muito mais

complicadai panando pelos quatro ponloi dado* Mas eslecritério parece arbitrário. Pois se usarmos coordenadas pobres, representando u pelo insulo diretor e n pilo rato vecloe.então H, determinaria uma espiral, enquanto a função determinando uma "simples" reta seria bastante complicada.

Quando, como no nosso exemplo todas as funções estãoexpressas por polinAmkis, a ordem do polinômio poderia servircomo fndive da complexidade; II, reria mait complexa que / / ipor sua ICT mais COMpkn que ll> Mas outro* cmenos t i o

necessários quando funções de outra natureza, como ai i r i fo-notnéliicai, devam *»•( laiiibiiu consideradus.

Sugere-se às WtaYs qi« - •• iiimi.io de fiipooçõti básicatseja um indicador da ciuiipkxidadv de unia Icoiia Mas suposições podem ter combinada* • |>n,,lidai de vársot modos; nio

6 f HiW>. «f«« >»• 'V 1« • *»•" irmmi™- rr—••—Pn>i. | « U | . Ot .ipUitUn 14 . !• A — ••*• >*tnnm _ u n l . » * i « m « l it ipKt-tHü «• •* *—I»». <— m* - »«IUII 1 p(IHUM>«> l*»«»*>•cm ilmpl-iab* ai . .» -m. »> ( M m , «•> moéUun i iMM R—o «SI «••

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OUTéSUOS oe CONFIRMAçãO E ACEITABILIDADE 59

há maneira inequívoca de contá-las. Por exemplo, dizer quepara qualquer par de pontos existe exatamente uma rela pas-ssado por ele» pode ser contado como expressão de doas suposições em vez de uma; a de que existe pelo menos uma lalreta e a de que existe no máximo uma. E mesmo que houvesseacordo na contagem, ai diferentes suposições básicas ainda poderiam diferir pela complexidade, devendo portanto ser pesadascm vez de contadas. Observações semelhantes se aplicariam àsugestão de que o número de conceitos táticos usados numateoria poderia servir como Índice de sua complexidade.

A questão dos critérios de simplicidade recebeu recentemente uma atenção especial da parle dos lógicos c dos filósofos,

que obtiveram resultados interessantes, mas ainda não conseguiram uma caracterização geral satisfatória da simplicidade. Entretanto, como está sugerido pelos nossos exemplos, existemcertamente casos cm que mesmo na ausência de critérios explícitos há substancial acordo sobre qual seja a mais simples deduas hipótcsei ou teorias rivats.

Outro problema intricado atinenie á simplicidade é o dasua justificação: que razoes existem pari seguir o chamadoprincipia da simplicidade, isto é. o preceito de que »e deve pre

ferir, estimar como mais aceitável, entre duas hipóteses ou teorias rivais c igualmente confirmadas aquela que t a mais simples?Muitos grandes cientistas manifestaram a convicção de que

as leb básicas da natureza são simples Se assim o fosse, po-der-sc-ta de fato admitir que a mais provavelmente verdadeirade duas hipóteses rivais í a mais simples. Mas supor que as leisNfjfn da natureza sáo simples ê. naturalmente, pelo menostio problemático quanto a legitimidade do principio de simplicidade c não pode portanto fornecer uma justificação para ele.

Alguns dentistas e filósofos — entre os quais Mach, Ave-narius, Ostwald c Prarson — sustentaram que a ciência visadar uma descrição econômica ou parcimoniosa do mundo c queas hipóteses gerais promovidas a leis da natureza são expedientes econômicos para o pensam ento, servindo para condensarum número indefinido de casos particulares (como os de quedalivre) numa única fórmula simples (como a lei de Galilcu);desse ponto de vista parece inteiramente razoável adotar a maissimples das hipóteses adversárias. O argumento seria convin

cente se tivéssemos que escolher entre diferentes descrições deum mesmo conjunto de jatos; mas ao adotar uma entre várias

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60 F*OSOÍU CM CtfxTlA NATVftAL

hipóteses OB drspcu. tais COMOtambém as predições eme da

aao vejJkjoor. e a « t respeito as •ápoKltsmeate. Assim e mje. para * = «. //,. H». H$m as valores 150. 30 c 6 respecrivMncmc. CabeBasta reconhecei qor //» é matraaafkamenic a mais simplespara considerá-la a a M provávd de stf verdadara. para ba-

• = 4 c rjão nas amas mpósrsrs «me acertam aos casos pmedidos coA a mesma precisão?

Uma resposta iateressaate a esta oaestão foi sa-enda por

Rochcabad*-7

Ean rrr—j, o sei atgmm MU C o sepamae: m-prmhamm. d*e ao nosso cscmplo • seja 4c falo ama fmacia de• , • = /<*>- Seji t o tem pifiem cm ate— liiKmi de coor-l i m J n . n n eacoma aão e emracisl A 'rijamai Inação /c o sca gráfico jt são. natardmeme. i1rwcmhtr.idut peto cnbata• K mede os valom smociadoi das dam variáven. Ammtoja.para tavorcoa ao arpas»: ato, mae aaas mtmdm iriam exatas.de achará certo «úmero ir pomos 'dados - mjc penoacem k"verdadeira" enrva f. Sapaahamji em aramas: oac. de acordacom o prmdpso de nmnli.idsifc. etcpies. mo e, » Mlmtrvameaiposso* O trafico ass*m obtido, mjc rbamarem ca tu pode afastar-se comaicravcsmeasc da verdadesra carva, irado, catrgsaato,

cientista vai dctcmuoaad© n m cornos mi traçam» aovos gráficos mais simples $,. r». &. • • m : irão coiaodmdo cada «cxmaã com a vodawkwa carva r. assim comadas h. fí. U aproaima»-*t-ão cada vez mais darelação fanfiarol t- A tOt-uVncu ao principio denão pode pois n r a m «MC *C •*noma a fnação / de aaaa só ve*o* mesmo e*> vária*: mas se c*n*r ama rrtacád fnaoonul entreB e m. o processo coada/ira rrj.hcahm.-nte a ama (nação oae seaproxima da verdaaewa n ordem rfcrcjada.

O armanemo de Rcv^cnh».*. aomi rtpraJnsnlu ean formaum tasto simplificada, c eapamao. mas aaa força ê maátada.Pots, por mais longe oae *c tenha ido aa i iimatiii dos emV i

rma, m».

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C U T é B I O S DF C O N F I R M A ç ã O t A C E I I ^ M U I M O E 61

cos e das íunçôes. o processo oi» fornece indicação alguma sobrea aproximação com a qual foi aoagsda a verdadeira função —se é que existe uma verdadeira fasseio. (C omo já notamos an-

lei, o volume de um corpo gasoso pode parecer ser. mas defalo não ê. função apenas da texnperarara.) Alem dbsso. o argumento baseado na convergência pari uma curva verdadeirapoderia ser usado para justificar outros snêtodos. intuitivamentecomplexos e nio-raroívcis. de dr whai os gráficos. Por exemplo. *ê-sc imediatamcnie que iiráado doa pontos dado* jdjacen-tes por um scmidrcul© cato diâmetro seja a distância entre ospomos as curvas obtidas convergiriam eventualmente para averdadeira curva, se esta existisse. C ontado, a despeito dessa"fuslificacJo"'. o procedimento não seria considerado como modo legitimo de formar hipóteses qsxantfutnas. Entretanto, outrosprocedimentos não simples — como o de aoar pontos dados adjacentes por arcos em forma de V. caio* comprimentos sempreexcedem um valor mínimo deterananado — não são justificáveis desta as—cita. sendo nrcsmo auudcslruidorcs. como podeser mostrado pelo argumento de Rescbeahach Sua idéia guardaauirn um interesse próprio.

Muito diferente t a concepção de Popper. Para ele a mais

de duas hipóteses é aquela que Um mator conteúdoeanpirico e pode portanto ser nua facúncnic falsificada (serverificada como laba mais f^cilraeMc). se de fato fuf falsaic íiso é da maior importância era» ciência, «que procura submetei suas conjeturas ã mais cooupkta vcrdãeacão e falsificaçãopossível. Ele mesmo resume o seu Mg—vmu com as seguinte* palavras: "Se nosso objetivo t o conhecimento, o» enunciado» simples devem ler cotação anais alta que os mcnJs simples porque eles nos dL;em mais. porque u> conteúdo rtnpiricodeles é maior e porque são nenfKéreis em melhor grau.""*Popper torna sua noção de simplicidade como grau de falsi-Dcabilidade mais explicita por meio de dois critérios diferentes.De acordo com um deles, a ftipõcese de qj*e a órbita de umplaneta seja um circulo c mais simples do que a qje

nmt, p - MI 10» r*» —> *o « o

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él FILOSOFIA DA O íS C I A N ATURAL

que s-j.i uma elipse, porque a ptimeiti poderia ser falsificadapela determinação de quatro posições que nio pertençam a

um mesmo círculo (três pontos podem icf sempre unidos poro » circulo), ao pasto que a falsificação da segunda hipóuscexibiria a determinação de pelo monos seis posições, do planeta.Neste sentido, a hipótese mais simples é a mais facilmente fal-sifKivel c é também a mais forte porque logicamente implicaa aipotese menos simples. Este critério certamente contribuípara esclarecer a espécie de simplicidade que interessa àCiência.

Mas Poppcr dia alicrnali vãmente que uma hipótese é mais

ralnficJYCi. logo ma» simples, que outra quando implica estaouira e tem portanto maior conteúdo num sentido estriumentededutivo, d a . nem sempre maior conteúdo se une * maiorsimplicidade C erto, uma teoria lu-rtç "tomo a teoria ncwto-niana do movimento c da gravitado pode ser consideradacooo mais simples que uma vasta coleção de leia desconexasc de akancc mais limitado, que são implicadas por ela. Mas• desejável espécie de simplificação atum conseguida por uma(corta nio e apenas uma questão de maior conteúdo, pois seduai hjpólcses desvinculadas {tf.. • lei de llooke c a de

Soei)) forem afirmadas conjuntamente, a conjunção nus dizmin , sem ter mais simples, que cada componente. Nem qualquer das ires hipóteses " i , fft, lf< consideradas acima, quecertamente não são igualmente simples, diz mais que uma dasoutras; nem diferem quanto à fahificabilidade. Se falsas,qualquer uma delas pode ser revelada falsa com a mesmafacilidade: uni única caso contrário, por exemplo o par (4 .10). uma vez medida, falsificaria a todas ela».

A*sim. ainda que as diferentes idéia* aqui rapidamenterevistas iluminem de certo modo o raiitmale do principio dasimplicidade, permanece sem solução satisfatória o problemade achar para ele uma formulação precisa, e uma justificaçãonaiticada*

* O kiur dWwlow * ie«i<*BMr uia> «*u6» «amuwl ml io nulan aimiii»- S j»tnr. In<•••«•• è»d lliycilxai (U m - Cama UfcMf-< tnm. IM7I; "A Fistl Dum» 01 Staplmij <á UM:.:*' TWoftH".

'**"Hi — **•>». «t II 119*1». •W-ft. W. V. O Owat. "0« S t-t

• !".•—«i Wprtr* Traru*. na. 15 n # 1 | lU*.

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C R I T é R I O S n r . C O N F I R M A ç ã O t A C E I T A B I L I D A D E 6 3

A PROBABILIDADE DAS HIPÓTESES

NoM.ii exanK mostrou que a credibilidade de uma hipótese // numa dada época depende, estritamente falando, d o quec relevante nu totalidade do conhecimento cientifico da tpoca,o que inclui ioda evidencia relevante paia II »• ludai ai hipóteses c teorias ciiiao aceitas que lhe duo algum apoio. A tij[or,potlanlo, deveríamos falat da cndiMuladr de u/tui 'n/>i>inr IIreUium a MR0 MTJW de cimlicamenua, que i o conjunto Xde lodo* os enunciados aceitos pela ciência da época.

Mirgc naturalmente a questão de saber K C possível c i -prcuar essu cieiiibtlidudc em lermos quantitativos exatos, mediante uma i l i l i i i i v .n ' que paia qualquer hipótese II c qualquerconjunlo K de enunciado» determine um nunieio c( /7 . K) quescia o grau de cicditnlidade que // pouui cm relação a K. fc ,ja que talamos freqüentemente em hipóteses mais ou menosprováveis, pciguntamos logo se esle conceito quantitativo nãopodenu ser dcliiiido de mudo a luiiifazcr aos pnnclpktt bancosda icoria da probabilidade. Neste cato, a credibilidade de / /relativa a K scliu um numcio real não inferior a O e ato•upenoi a I ; u m * hipótese que C verdadeira por ratões pura

mente lógicas (tal como 'Amanha chovera ou não choveran o Corcovado') lera sempre a credibil idade I; e a credibil idade da hipótese de que seja verdadeiro um ou outro de doisenunciados II, c Hi logicamente incompatíveis será igual asoma de suas credibi l idade!: cW, o u / / , , K) — c ( / / i , K) ++ H.H», K ).

De lato, várias teorias para essas probabilidades forampropostas.1" Partindo de ceitos uxiomai. como os que acabamos de mencionar, chegam a uma variedade de leoninas maisou menos complexos que servem para determinar certas probabilidades amumio qur outras i<l irfun cimhedtku; mal nãoo/tracem uma definição da probabilidade de uma hipótese re lativa a uma informação dada.

li a dificuldade de definir o conceito c(II.K), levando emconsideração todos os diferentes (atores que encontramos, eenorme, para dizei o menos; pois como vimos não ficou sequer

10 Umi «•!« ff> ííonomt.'. lohn Marurd (Tino, n> M U Ir™ ATitailrt ou Pn>biMbi> ( InHin : Macmlll» Hd ComrilT. LU- 1*111.

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64 FILOSOFIA DA C IêN C IA N ATUBAL

claro como caracterizar com rigor fatores como a simplicidadede una hipótese oa a variedade da evidência que a sustenta;muito menos, como eipreuá los numericamente.

Entretanto, certos resultados clxidativos e de enormealcance focam obtidas rcwaenxntt por Carnap, que estudouo problema em liafuareni modelo rigorosamente formalizada,cuja estruma lógica é eoosideravelraeoie mais simples que arequerida para os propósitos da âéTKia. C arnap desenvolveuum método rcral de definir o que chamou o grau de confirmação para qualquer Marfim expressa cm tal linguagem. Oconceito assim definido satisfaz; a iodos os princípios da teoriada probabilidade, o que permitiu a C arnap referir-se a ele comoa probabilidade lógica om atdullra da hipótese relativa a Informação dada . "

| l I I I M deu a * D M i • m n n tfa^ta «l i •«*«< W S —« ânus " S m l c n imã l — i r ^ N * « B ' « • • (*««"> « • e H M a i a M .

• t . n* s i m — v — * • • m l a w p a i < • • • • • • • • • • • — t w n p w T .; « W I . n> f-1*. UMa e»T»<l» n » W D * r * • • muno «-.V-ti» t i innn»

T B « N I 1 C m * - T S E Ata of fcjl I J L e»C " . . M y " ço C• S * f- S - n « • A . T - * . « . ( « . U V M> * l h > ( , —rf «u l- «» *f >fI n u . f w ) b « «I « • l * a C*o»n« iSutí-xd X I H I I M JU a M n i » * » * • . I W I n - M » 1 .

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AS LEIS E SEU PAPEL NA EXPLICAÇÃOCIENTIFICA

DUAS  lMi.ft.tlAS BÁSICAS FARá AS EXPLICAÇÕES CIENTIFICAS

Explicai os fenômeno* do mundo físico c um dos principais objetive* dar Oíncias N aluiais. l)c fato, quase Iodas a>investigação científicas que serviram como ilustrações noscapítulos precedentes visaram não à descoberta de um falo particular, mas à conquista de uma concepção explicativa; procurou-se uber como era contraída a lebre puerperal. por quehavia uma limitação característica para a capacidade elevatória das bombas, por que a transmissão da luz obedecia a* kitda óptica geométrica etc. NeaJe capitulo c no próximo vamosexaminar com algum detalhe o caráter dai explicações científica» c a tspecte da compreensão que ela. lornecem.

Oue o homem sempre e persistentemente preocupou-se cmcomprecrtdcr a enorme diversidade das ocorrências no mundoque o envolvia, deixando-o muitas vezes perplexo < nio raroamedrontado, prova-o a multiplicidade d« mitos c metáforas queimaginou para justificar a existência mesma do mundo e de sipróprio, a vida e a morte, os movimentos dos astros, a sucessão regular do dia e da noite, as. cambiantes estações, a chuva

e o bom tempo, o relâmpago c o trovão. Algumas dessas explicações H basearam em concepções anttopomórficas das forçasda natureza, outras apelavam para podeies ou agentes invisíveis,quando não invocavam o destino ou os inescruliveis desígniosde um Deus. H é inegável que davam a quem as aceitava o sen-limenio de uma compreensão, porque lhe aplacava a perplexidade; IKSK sentido eram "respostas" às perguntas formuladasMas por mais satisfatórias que o fossem psicologicamente, nãoeram adequadas à finalidade da ciência que é. cm suma, a dedesenvolver uma concepção do universo apoiada clara e k>p-

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«6 FllOSOfLA D A Cii-sci* NATUBAI

c u w i r f n aos» capcra-acia i | i i i l 1n um i aa*a verificaçãoobjcma- Ai riytkiayõc» « « f u i deveaa. por o O razão, sa-fjsfazer a dois woaáinus. oae cnaraareaos o rernaWilo da rele

vância rrphaaiáiia e o rriyiin da verrficac*lsdac)í-0 antrvaaaa» fraarraro Ssò aarcacatoa o sífuinte arpi-snento para Éiaaanuai por «ae. ao coarrário do que seu COB-VBporaaeo Gaaar* afirmava ler «ata coa aaaa laneta, nao

Etattea Wc jaadai aa cabeça, daas venta*, doai orelhas.Da* momo modo. ei*erii rto ecu

daas desfavoravetf. daas lomi-

e ãadaercMe. qoc c Mrroino. Daíc «V a—M ontros (caõaKaot armrtrtiaarT da(aaat raeia» d e . ) , ase sera füiearMíram oac o snsaero dos planetas eAl t a da» , oa sanas alo avaveei a otto « loco a kpodem Ia atacaria sobre a Terra, logo sao náten, loto

O defcuo araaaaal «case Minriia e endeatt. os - ! i u » -qae adaz. atada «ne acesa» aesa Ia rasai n. sao mafusmente rr-

Mkvaaaespara o noa» oa pana. ano foraecea raxao alpinaP**» «• •« •«" lépsar senha ssaflün. o aso de palavras coeaoTono' e 'accnaanaaacaK-. cosa o f-t, de dar aata avrttsao deríkviacu, é intrsraaaear *if'—i"

Maãu dsfereatc c a rrpacacto do arco-irâ dada pela H-ssca O scaóaeao sara: cação coeso reatado da reflexão e dan*açao da na branca do Sol nas foticatas catencas de ágaa

ptraNca prever ioda «ca aac i p a pnrverrzada fc» iluminada

por ssssa foMe de aaz brasa rãasdt atras ao observador A s-cação coaaatasria bom fasanaento para acreditar qoe o fenô-saeno sareria nas ensaapãci PsarraVartas- A esu aracterisbeat oae ossereaos aos refcrar s|aaado daesnos que a expbcaçáoutoíai ao r-n . i i ém rtlnámas «adraaaKvãr: a irrforsnaçâoadnida fornece noa faaaaaeaj para acreditar *te O lead-

ser riaicadu de faao inoaarrcu ou acontecera. E a

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As LEIS E SEU PAPEL HA EXPLICA ç ã O 67

condição a ser satisfeita para que estejamos autorizados a dlfer:"O fenômeno está explicado — é iusiamcnte o que se esperavanas circunstancias dadas."

O requisito traditf uma condição necessária para uma explicação adequada, mas não suficiente. Por exemplo, o deslocamento para o vermelho nos «pectro* das galáxias distantes fornece uma forte base para acreditar qur essas galáxia* se afastamde nó* com enormes velocidades, mas nao para explicar por quresse afastamento.

Para introduzir o segundo requisito, consideremos uma vezmais a concepção da atração gravitacional como manifestaçãode uma tendência natural comparável ao amor. Como já obser

vamos, essa concepção nao tem nenhuma implicação verificável Portanto, nenhum resultado empírico poderia sustentá-lai-y refutá-la. Sendo assim vazia de qualquer conteúdo empírico, não pode justificar a expectativa dos fenômenos característicos da atração gravitacional; falta-lhe poder explicativo objetivo. O mesmo se pode dizer sobre as explicações feitas emtermos de um destino tnescruiivcl: invocar uma idéia comoesta. longe de ter tina) de uma visão profunda, é apenas renuncia a qualquer explicação. A o contrário, os enunciados emque se baseia a explicação ftika d o arco-lt» têm várias impli

cações verificáveis: por exemplo, quanto ás condições em queM vê um arco-íris no cêu. quanto i ordem das cores que nelefiguram, quaniu ao KU aparecimento nj poeira liquida levantada pelo quebrar das onda* ou por uma fonte artificial cie.Esses exemplos ilustram uma icgunda condição para as explicações científicas, que chamaremos o requluto da verijicabilidnér.os enunciados que constituem uma explicação científica devemprestar-K á verificação empírica.

Como já foi sugerido, a concepção da gtavitação como uma

afinidade universal subjacente não pode ler poder explanatórioporque não tçm implicações verificáveis. C om efeito, para justificar a ocorrência da graviiaçáo universal ou de qualquer umde seus aspectos característicos, a concepção teria que implicá-los quer dedutivamente quer num sentido mais fraco induüvo-probabilístico, mas então ela seria venfic4vel no que se refere a essas conseqüências. Este exemplo mostra que os doisrequisitos nár> são independentes: uma explicação que satisfazá exigência de relevância satisfaz também á de vcrificabiüdadc.(E daro que a recíproca não é verdadeira.)

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61 FILOSOFIA DA Gê*CM S. m. i

Vejamos a^ora gae {amas u n o as ciptocôes daxtTi-cas c como das satisfazem aos do u raqúãos faodajneauéc

A EXPL ICAç ã O DíCKJ i ivo-woaaoiòojCA

Consideremos aasda ama « a o rcsaludo achado por Pé-rier na experiência dc Pav-de-Donse: o comprimento da coíanadc mercúrio no baianamu dcTocnccHi dunÉnoi Cjaando a ató-tade aumenta. As «dc**» de Torriccüi e dcPascal sobre a pressão atmosférica f u i r m i pari este fenômeno m casaca-çao qoc. dc modo «ai tanno pcdiianr. pode ser formulada como

• 1 i n

»l At pnw*.BHpMBkai• Ma MM

t i A cotou«M*a» * ipansaw W M I I U * •>—n»s» «a «wr»i» ( a !•!>>.

d) (PonsMel. • <**-• * —«mw ao tato ««u»ndo • i * n w -U •• »*o 4» niiiiM do «wnU em » M *

Assim formulada, a explicação é um arnuacnto DO sentidode I o ) o fenômeno a ser eiphcaoo. descTXo peta sentençad ) , c |usi3ot:nic o one se esperava tendo em vrsta os fatosexplicativos citados cia a ) , b) e c); 2.*) de fato. d) decorre dedalrvanacatc dos rssssarúdoi npliaaiórioi. Esla úi-limos sio dc dais espiões, a) c b) tem caráter de leis (crarsasse exprimem conexões rapine as, naãfonnu e c> descreve

•ercéiiu fica eaafcado peta ério—tração de mae ocorre* emobediência a cenas leis da nunrm como resahado decircunstancias partknsli^s- Aser eipltcado noa contexto de •snTormididti e mostra oae ssaocorrência devia ser esperada, dadas as leis sscaáosadas e aspertinentes i ín i—iftm i—i partcntnttj.

O fenômeao a ser npfcndo será doravante "*'iiifn como o

Irnòmrna ripsanaaamai c a seafcnc/a oae o descreve como aiemtnça cxpéammátmL Onaado o come «to mostrar o eme se

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A s '.'-• E s ax PAPEL N A EXPLICAçãO 6 9

um como o nutro será designado simplesmintepor tipimm—dmm. As sentenças que formulam a informação

cxpUBaaória — a ) , b ) . c ) DO nosso exemp lo — serão a sifnsençms tipUrtims. diremos que o conjunto delas forma o

C O M O sepudo exemplo , cons ideremos a explicação d eM M cararterinici da formação de imagem por ref lexão rumeapdbo esférico, isto é, a equação l/ii -f- \/n = 2/r. onde• c r são respectivamente as distâncias do objeto puntiformce da imagem puniiforme ao espelho t ' C D ra io de curvaturado espelh o fim óptica geom étrica essa uniformidade se explicatrataaido a reflexão de um raio de luz num ponto qua lquer de

um espeko estét ico como ref lexão num plano «npenle à su-perfkte esfenca nesse ponto c usando a lei básica da reflexão« • a »>»rfto pkao A explicação resultante pode ser formulada

dedut ivo cuja conclusão é a sentença ' < -c ciJM premissas incluem as leis básicas da reflexão

e da propagação reUlnca ass im como o enunc iado de que awiperfKK é j espelho e uma calota esférica.1

Um afgwmenio K m c l h j n l e . cups ptemnsai incluem tan»-Mai a ki da reflexão num espelho plano, explica p . * que a Ua«e M p n j a c a fonte colocada no foco de un espelho parabólico i reflet ida por este de modo a se transforma- m m feixe para-k*o t o « a o d o parabolóidc (pr incipio tecnologkaaKMc aplicadoà rn—wção dos holofotes, lanternas etc.) .

Todas essas explicações podem ser concebidas , então, co-• o argumentos dedutivos cuja conclusão é a sentença eifmmtm-ditm. E. e c«)0 conrunto do premissa» é const i tuído de le is gera» Lu t j . . . L. e de outras enunciados &• t » , . . . C, quetaxem asserçoes sobre fatos part iculares. A forma de tais argu-

m e a t o s , que consti tui um dos t ipos de explicação cientifica, podeser rcpreseBtada pelo seguinte esquema:

£»!» - *- 1DS» S Sfnlençat n p U w

C <V ... C. IE Sentença rif

C l " » » .

« IBofiaWt-i4 ( N o « Y o n

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F:LOSOFH W C B X O A NmiajA

Drenos qae ê o emjacsaa das explicações por H U M ^ í Udeduiva sob leis pena oa das eipLcaçàet aVaWm» m«miaflfieas. (A mz do tenso 'acmakòpcó t a pifam grega 'aomos*.para 10.) Pire»» taaasèai ame o arpam r ia orpliãrtiria sab-•aac o rxpimmémm sob o w kit oa oae o i u são as í*ii

O feaaawao rajaaaanamm mrma rrafcacio dcdalivo-ao-pooc ser a s K t W e ó t H o qac ocorrca em época c

o resakaóo da experiência de Pé-m fCBBMidade racoamda oa aa-

a doa aspectos ajrraaacsae exibidos pelos arco-íris; pode ter atada ama in fnraiii lc aprcaw por noa ki

como a de GaHcw oa a de Kepkr. As eipbcacôesdeaus aaaonaidade» iavocarao kia de akaacc mais

nato. coeno as kis da rcfkxio e da rsfraçao, oa as leis Dewto-manas do nclaxoro e da arantaçao. Cos» analia este asodas ara de Newtoav aa les tmçkVM ficam maltas vezes expü-cada* por meio de pnadpaca troncos qoe se referem a estrats-raa c processos aabttccsan aa aadoraadades ca pauta Vol -laremos a csk

As cipl<acfVsuto di relevância riaaaaalftrm aoa mfcemacao ciatiasaniii mar das (orsscrm aapkva at^tmmmm Jc^_-...*.-«-•( < paoriM aasjaj eamdab > . ' A >•mate por oae t ek esperar o kaòmeao rxawsmaasav** (hocoo-

a» fraco, isdutivo.) E oe saCBBcslo, pois o rxsss-

qae saa eoacaçôei especifica-

ao esquema

exato. £ o qac acontece, parti-aaaaflH ema?itiuii>ca de um íeoõ-•is—itin a panir deia reflexão em espelhos

e •awitsftgaa Oaero tiraailn é a celebre erpikacaopor Lncrtier (e i I i ni l l l i i 11 por Adams) dai

do ptiaeti Urano, qacasa atração gravitacanal exercida

easaecidüt Levemcr taspemoadniõas a BDD pUoeu exienor amda não ob-

c calculoa a posição, a massa c ostras características

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A s Lu * E si u P A P U . S » E X P L I C A ç ã O 7 1

que ciic planeta deveria possuir para. de acordo com a leohade Newton, dai razão quantitativa das irregularidades consta-

u d u . Sai explitaçio foi scnsactooilmen» wníimidi petadescoberta, na posição prevista, de um novo planeta. Netuno.que tinha exatamente aquelas aaraoteaittKas calculada» porLeverrier. Aqui tanthçm a eaplicação tem o caráter de umargumento dedutivo cujas premissas incluem leis gerais — DOcaso, as leis iKwtonianas do movimento e da gravitaçáo — eenunciados que especificam os valores particulares ao planetaperturbador de varias grandetas.

N ão raro. entretanto, as eiphcacôn dedutivo-nomoloci-cas lio enunciadas e » forma caplica: omitrm a mencao decertas suposições pressupostas pela  ci.piicac.ao  mas tacitamen-te aceitas ao contexto dado. Sao eaplicacoes as veies espres-sas na forma '£ porque C~. onde H í o evento a ser esphcadoe C algum evento ou estado de coisas antecedente ou concomitante a £ Co m o exem plo, tom em os o enunciad o. 'A lamana cagada pcimaiKttu liquida duianlc a atada porque fo»salpicada' Ista rapina***» nlo nMncKina eaplicilamente Ioalguma, mas tacitamrnM pressupõe pelo men os uma que oponto de SOJHÍUVBVÍH da igua t mau haiao quando há tal

dissolvido nela Ik falo, t prrciumcnir em virtude dessa leique o salpico adquire o papel rspianatóno, • aapecifKanKnlecausai, a ele atribuído pelo porque do enunciado «llptlco l-.ucenunciado, acidemalmente, lambem e cliptKo em ouiio* sentidos; por cicmpio. admite tacitamcntc certas suposições sobreas condições físicas vigentes, como a de que a temperaturan lo baisou muito Acrescentando essas suposições e a let omitidas ao enunciado de que o sal foi espalhado na lama, obtém-se às premissa* pala uma Mpltfaiio dedutlvoBAmoio|Íea dofato de havei a lama pcrrunecido liquida.

ComenurHM semelhantes se aplicam 4 explicação dadapor Scmmelweis de que a febre puerpcral era causada pelamatéria cm dccompo*Kio introduzida na corrente sangüíneaatravés das fendas abertas. Assim formulada, a explicação nlofa z menção de lei geral alguma; mas pressupõe que tal contaminação da corrente sangüínea provoca em geral am envenenamento do sangue Acompanhado dos sintomas característicosda febre puerpcral. pois isso c o que está implicado pela ai-scrçâo de que a contaminação catsa a febre puerpcral. Esta

generalização foi certamente admitida sem discussão por Sem-melwcis, para quem a causa da doença fatal de Kolletscrika

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72 FILOSOFIA DA C i r Nc u NATUBAL

não apresentava problema etiológico uma vez introduzida m i -teria infectada na contate sangüínea, resulta o envenenamentodo sangue (Kolcrscfaka não fora o pr imeiro a morrer de envenenamento do sangue resultante de um cone com bisturiinfectado. Por uma iroma trágica, o próprio Scrnmclwcis sofreria o mesmo destino.) E, uma vez explicitada 3 premissaomitida. »é-se que a expãcaçio faz referência a leis gerais.

Leu gerais estão sempre pressupostas quando se diz que• a fÊttíoÉÊr evento da espécie C (por ctemplo-. dilatação deum gás t e * pressão constante; passagem de corrente pelo liode uma bobina) f o i casam»» por um emento de outra cspückF (por exemplo. *jscci«iea« do gás; movimento da bobina

através de um campo magnético). Para vé-lo. não precisamosentrar aas complexas ramificações da noção de causa; batianotarmos que o OWado 'Mesmas causas, mesmos efeitos".aplicado a esses e u — c i i d o i . Hnpkca dizer que toda vez queocorrer M evento d« espécie F, ele teia acompanhado de umevento da espécie G

Dizer que uma eapbcaçio repousa em leis gerais não edoer que a sua descoberta requer a descobena de k b . O queha de deesuro na rneaseao trazida p o * uma explicação podeprovir as vezei da descoberta de um fato particular (por exem

plo, l cxtttfnoa de um planeta ate então desapercebido; amatéria infectada introduzida durante o exame pelai miot domédico) que. cm virtude de leu gerais j i aceita», da a razãodo feaoaaeao expJsMmidam. Fm outros casos, como o dasra ia i ao espectro de aidre^énio. o triunfo explanaióno consisteM descoberta de uma lei de cobertura (no caio, a de Balmer)ou. evesttualmentr. (te una teoria explicativa (ao caso. • deBohr) . e . cm outros casos ainda, a maior façanha de umaexplicação está c n mostrar que, c exatamente como, o fenômeno tipUnamàum pode ser justificado por leis e dados sobre fatos, particulares f* conhecidos: é o caso da derivação cx-pUnatória das leis de refexáo para espelhos esféricos e parabólicos parando das leis básicas da óplica geométrica juntamentecom enunciados sobre as características geométricas dessesespelhos.

Um probtema cfplanatòtio não determina po* ti mesma aespecie dè descoberta requerida para sua solução. Leverriertentou explicar os desvios observados no movimento de Mercúrio relativamente ao calculado teoricamente pela atraçãodevida a uat planeta ainda nao observado. Vulcaoo, que deve-

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A l L K I S I seu PATU NA E X P L I C A ç ã O 73

ria Kr multo denso, muito pequeno c «lar colocado cnlre oSol c Me rcúrio. Ma», ao contrário d o que sucedeu com ai

anomalias de Urano, Vulcano nao fo i achado. Uma explica-«Ao satisfatória *o veio a ser encontrada multo ma» tarde pelateoria da relatividade gencrall/ada. que justificou ai irregulB-ridades de Mercúrio nflo pela existência de um elemento perturbador, mui dcdu/indo-u* de um novo sistema de k u .

L I H UNIVIIMMI* E CeNERALIZAVÔni M-|0FK1AI«

Como acahnmua .lc ver. ai leis desempenham um paprlessencial nas cMplicavôci dcdutlvo-nomologiiat. Fornecem "elo em ra/«o «In qual circunstancias particulares (indicadaspor C i , C. . . , Ca) podem acmr para explicar a ocorrênciade um cvcnlo. R quando o explmuindum nao e um eventoparticular, mni uma uniformidade como a dai caraclem1.,.»doi espelhos 1i(> nioi e iwrabollcos, as Íris eipll.attvus mt»liam uni siilcina de unlfnrmidadcs mais OOmpftfMlvo, dasquais ti unilurmidadc dada e uma cas.> .«;>. <i

\: In - i .v^s,! ! ." ,n ••«|i|i.«coc« l i . KiUvominiolotriim

Um IIIII.I ,-uriclffrilUM básica em comum san. coirui pauare-n i i " J di/er, enunciados de (nnua miiveiul l m Imhai gr-rait. um enunciado dessa «pecie MMVfM U M DMMlO umfornu enlre difcrei»'*'* fenômenos empírico* ou entre dilerenteiaspecios de um fenômeno empírico, t. um enunciado de que,onde r quando ocorrerem condições de uma « p M l determinadaf,en t lo , M'Hi|iii'. e sem cxccc.Bn. ocorrei*" ccrlai condicots de

...ili.l >.;• .. I, IN.IH t..,l.i, || Ml .".li'i.,H |l«l tl.-l. It|t.<Nfll MC«Ui «.'«litidm. vartiol cncnnlrai kit d. forma prob-bili».lica e etplicac.de*   baseadas nelas.)

Aqu i vio ulguni exemplos de enunciado* em forma universal: sempre que u temperatura de um Bis aumentar, ficandoconslanic u sua pressão, o teu volume aumentará, sempre que*c dissolver um *i'»lido num liquido, subirá o ponto de cbultcândriso l iquido, sempre que um raio de luz se refletir numa superfície plana , o angulo de rcllcxâo será igual ao ângulo de incidência,sempre que HC partir umu barra imantada. o» pedaços obtidoslambem serão ín iü i ; Sempre que um corpa cair livremente novazio, partindo do repouso e de uma altura não muito grande,a diilâtum percorrida cm / segundos será de 4901> cm . Ai l r i i

dai clincias nolurais são cm maioria quantitativas: estabelecem

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74 FILOSOFIA D* C IêN C IA N ATURAL

relações matemática* entre diferentes características quantitativasdo» sistemas físicos (pot exemplo, entre o volume, a pressão e a

temperatura de um gás) ou de processos (por exemplo, entre otempo e a distância percorridos cm queda livre na lei de Galileu;entre o período de revolução de ura planeta e sua distância média ao Sol na terceira lei de Kepler; entre os ângulos de incidência e de refraçáo na lei de Snell >.

Estritamente falando, um enunciado que asseverai uma conexão uniforme nâo será considerado uma lei se na\o houverrazoes para admiti-lo como verdadeiro: normalmente, ninguémfala de falsas leis da natureza. Mas se isso fosse rigidamenteobservado, os enunciados habitualmente chamados leis de Ga-likv e leis de Kcplcr nío seriam classificados como leis. pois deacordo com o q,uc se sabe hoje em dia eles só valem aproxi-aadMKOte. e. como vçrcmos mais larde, a teoria física explica por que assim o c. Observações análoga* se aplicam asleis da óptica geométrica. Por exemplo, mesmo em meio homogêneo, a luz ni-> se move rigorosamente cm linha rela; podeser rncurvada por uma nesta. Usaremos entretanto a palavralei' de modo um tanto liberal, aplicando o termo também a

enunciados do tipo aqui mencionado, válidos apenas com apro

ximação c com restriçio que • teoria justifica. Voltaremos aeste ponto quando, no próximo capitulo, considerarmos a explicação das ku pelas teorias.

Vimos que as leis invocadas nas explicações científicas de-dutivo-nomológKas têm uma forma básica: 'Em todos os casoscm que se realizam condições de espécie F. realizam-se tambémcondições da espécie G\ Interessa observar, entretanto, que nemtodo enunciado com cita forma universal, ainda que verdadeiro, pode ser qualificado como lei da natureza. Por exemplo, a

sentença Todas as rochas nesta caiu contém ferro' lem formauniversal (f í i condição de ser uma rocha na caixa, C a deconter ferro); contudo, mesmo sendo verdadeira, não seria considerada como uma lei. e sim como uma asserçao de algo que"acontece ser o caso'', como unia "generalização acidental"'.Como outro exemplo, tomemos o enunciado: Todos os corposiOiaTlftiHM de ouro puro tem massa inferior a 100.000 quilo-graosas'. Sem dúvida alguma, todos os blocos de ouro alé agoraexaminados pelo homem estão de acordo com esse enunciado;há, assim, uma considerável evidencia confirmatóna dele e ne

nhum caso se conhece que o refute. E mesmo possível que nahistória do Universo nunca tenha existido ou venha a existir um

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A s L u í s C « E U P A P E L N A E X P L I C A ç ã O 7 5

c o r p o de o u r o p u r o com massa superior à de 1 0 0 . 0 0 0 q u i l o g r a -mas. Sr assim f o u c . a generalização em pau ta t e r ia nao s o -

mcnic bem c o n f i rma d a , ma s ve rd a d e i r a . I t o d a v i a , i d e p re sumi r que sua ve rdade con t inuasse a se r v is ta como ac iden ta i ,p o rq u e n e n h u ma lei f u n d a me n t a l d a n a t u re za , c o n c e b id a p e laciínci» con temporânea , exc lu i a poss ib i l i dade de haver — oume sm o a poss ib i l i dade de p rod uz i rm os - • um s o l ido ob je to deo u r o lendo massa super io r u 100 0 0 0 q u i l o g r a m a s .

P o r t a n t o , uma k l i icnt i l ioa nao f i ca adequadamen te de f i n i d a como um e n u n c ia d o ve rd a d e i r o cm f o r m a u n i v e r s a l : acondição # necessár ia mis n a o sufk icnlc para as le is do t ipoe m d t K u i d o .

O que t que d is t ingue cnlfto uma le i genu ína de umagcncrallzaçlo ac identa l? O p r o b l e m a c i n t r i c a d o e f o i d i s c u t i do In tensamen te nos ú l t i m o s anoa. Vejamos rapidamrnle a l gumas das p r inc ipa is idéias que e m e rg i r a m d o d e b a t e , q u e a i n d ac o n t i n u a .

U m a notável c sugest iva d i ferença , no tada por NelsonC k i o d m a n . ' t a l e g u l n l e : uma lei p o d e , a o passo que uma generaltiaçBn ocidental n a o p o d e . acrvtr p a r a wsientai nmdkimaliamiralaiuoli, lato i, anunc iados da fo rma 'Sc A fosse f i iwsse

« i d o ) u c o t o , e n l l o B seria ( lerta l i d o ) o c a t o ' , o n d e d e f a l oA nao c ( n l o l o l ) o caso. A u i m , a •sserçAo 'Se esta vela dep a ra f i n a llvessc sido coloiada n u m a i l ia lc iru c o m Água f e r v e n d ote r ia de r re t ido ' pode te r sus ten tada adurindo-se a lei de quea pa ra f ina e l i qu ida ac ima de nO giaut cent íg rado» <e o fa to deser 100 g r a u * « m i g r a d o s o p o n t o d e ebulição 4 a àgua j M a lo e n u n c ia d o Toda i as rochas nesta ca ixa contem f e r r o ' n l opode ser utftdo aiiiihijumcriic fwia iiisicniar o e n u n c ia d o c o n t ra -fatuul 'Se e x c se l i o tivesso t ido c o l o c a d o n a c a i u . c k c o n te r iaf e r r o ' . D o m e s m o m o d o , uma l e t , ao con t rá r io de uma generalização ac iden ta l mente ve rda de i ra , pode susten tar rondVíionmisublu/itivoj, islo c, sentenças do t ipo 'Se A vier a acon tecer ,l a mb e m a c o n t e c e rá B', onde se de ixa em abeno se s im ou não. ( venha a acon tecer . O e n u n c ia d o 'Se esta ve la de pa ra f ina v ie ra se r co locada em água fe rvendo ela d e r re t e ra ' é u m e xe mp lo .

] Em «u rtniio "T I * ProPle» oi COMW<IKI*<I CwiAiia** l i" . " N ~ H I I »m m . pMmiitn laptote da • • Hiro, Fmt. fliHait. and Frtiaal. J * té . <••

Putu lha BopnvMaiitll Co. In t . I*H>. Baw oBia l*>ama | i » l n nl<»umaniaia omniu (wi ian if i t o » M »» oi " T I I I M im i i alai «adiHIocInlo Induuao, «lUUaandoiii Oi um puniu de tina •uIMUo IUPHIOI

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76 FlLOSOfU DA OÍNCl» N»TV*AL

Estreitam;nle ligada a essa dJerença há ama ostra, eme ede especial interesse paia nós: ama ki pode. ao passo qac lanageneralização acidental ia> pode senir da base para tana ea-pÍ<caçâo. Assim, a fo&ão de «ma poxtkamr vela de parafioa ornefoi colocada cm água fervendo pode ser explicada, de corfanai-dade com o eiomcmi D-Nl. prla referencia aos fatos particulares que acabamos de •meio—r c a ki de que * parafinafunde quando sua It matracara aferapassa 60 graus ceatiçrados.Mas o falo de uma particular rocha oa ca i u cooter ferro nãopode ser analogmmcMc tapl içada pela referencia ao enunciadogeral de que todas as rochas na u i u contém ferro

Poderia parecei plaasttd doei , à fuiaa de uma distin

ção adicional, que o ãaamo maneia do serve ilaamcuncnucomo uma formulação coawm—lemtnlt breve de uma conjunção finlla do tapo: 'A racha r, contém ferro, e a rochai contém ferro. . r a rocha tn contem feiro*, ao pasaoque a generalização sobre a parafina refere-se a um conjunto potencial mease iafaãk» de cava particulares c portantonao pode icr paraftaacaau por ama conjunção fimta de caaa-ciadoi que descrevem casca intavaluati. A dáOiaçao c iates -uva. mas c ixaperada Para começar, a aracrakzaçao Toda*ai rochas ncUa cana coaaèm ferro' nio aos da ée fau> qoaniaa

rochas cintem na caiu, acm da nomes ',. <•. -t . Il rocaatparucularci. Logo. a teatença acral não e cquivakntc lof>camente a unia coetpinçao Dasta do iipo mencionado Paraformular uma conjunção apropriada, necessitariamoi de amainformação r**fT~T'. que poderia sei obtida colocando amaetiqueta numerada em cada rocha il< caixa. Akm dato, aArncrakzatão 'Todo* ca corpo* de MM puro tem amtt infe-:ior a 1UCI.ÜO0 qaüo£rama*' uu • * • anaM H*IK> aau leimesmo que ciiutsse ao Uarteiw unu infinidade de corpo»feitos de oura. Assim, o criscrio em tela falha por varias

razões.

Finalmente. <>aem*ios eme aa enunciado de forma universal pode ser rtasamcaab como «ma lei mesmo sena ler sidoverificado em alnaa cato paràcalar. Um exemplo é a sentença: 'Em cmaJoaer corpo cekste que tenha o mesmo raioque a Terra c «ma massa doas vezes maior, a queda feVrea partii d*repouso obedece ã ki « = *,9i : m Pode oao haverno Universo inteiro objeto qae lenha eme raso e essa massa,

e contudo o enunciado leu o caráter de uma hâ. Pots d e(ou ames, uma estreita aproximação dek. como no caso da

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As LEIS I u U PAPBI NA EXPLICAçãO 77

lei de Galilcu) decorre da teoria ncwtoniana do movimentoe da gravitaçlo cm conjunção com o enunciado de que a ace

leração de qued' livre na Terra é de 9,8 metros por segundopor segundo; tem assim um forte apoio teórico, exatamente comoa lei mencionada anteriormente da queda livre na Lua.

l.i observamos que uma lei pode sustentar enunciadoscondicionais subjuniivos c contrafaluais sobre casos potencial*, bto #, w*rc casos paiticularcs que possam ocorrer ouCpoderiam ter ocorrido mas nlo ocorreram. De modo aná-

a teoria de Ncnimi «uiicntu nosso enunciado geral numaversão subjuntiva que íugcre suo condição do lei, a saber:Tm qualquer corpo ccktlc que pudesse existir com o mesmotamanho da Terra mas com o dobro de sua massa, a quedalivre obedeceria â fórmula » 9.9/ ' metros. Ao contrário,a generalização *°brc as rochas não pode ser parafraseada como•firmando que qualquer rocha que ciiivcsse na caixa conteriaferro, nem esta ultima afirmação teria evidentemente qualquerapoio Mor K ii

Analogamente, nó* riflo usailaiiun im*ia generalização nobre l massa di*s cornos de ouro intime mo-Ia // puraapoiar enunciado* como esie: 'Dois corpot da ouro puro cuias

massas individuais tomada* di« mim de MM1.IKHI quilogramisnio podem ter fundido* para formar um corpo unien; ou, sea fusão foi possível, a massa do corpo resullanle terá menorque 100.000 kg', po» as teorias vigentes da Hik* e da Química não excluem a espécie de fusão mencionada nem Implicam que li i um perda de massa do valor referido. Portanto, ainda que a generalização // fone verdadeira, lito é.ainda que nenhuma exceção a cia viesse a ocorrer, isso constituiria mero acidente ou mera coincidência, a julgar pela teoria corrente q i* permite a ocorrência de exceções a / / .

Depende, pois, cm parte das teorias aceitai na época adecaao «obre vt um enunciado de forma universal é ou nioconsiderado conto uma lei. Issu nlo quer dizer que •'generalizações empíricas" — enunciados de forma universal que estãobem confirmados pela experiência mas que nio se baseiamnuma teoria — não sejam classificadas como leis: as leis deGalilcu. de Keplcr c de Boyle, por exemplo, foram aceitascomo tal antes de receberem uma justificação teórica. A rc - ,Icvineia da teoria e. ante*, a seguinte: um enunciado de forma

univcrtal, quer esteja confirmado empiricumente, quer nio tenha sido ainda submetido u unia verificação, será classificado

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78 FllOSOFl» DA ClfííClA NATUBAL

como lei te for implicado por ama teoria aceita (os ._ .dos deste gênero são freqüentemente chamados de leu teóricas); !

mas. ainda que venha a ver bem confirmado pela experiêncüe presumido como verdadeiro de fato. não seri qualificadocomo uma lei se eicluir certas ocorrências hipotéticas (como• fusio de dois blocos de ouro com massa resultante superiora 100 000 quilosramas. ao caso de nossa rencraluaria / / )que uma icoria aceita considera possíveis.4

A t BXFUGAÇAfiS FBOBAtlLlsTKrAS; SEUS H.KDAMIHIO»

Nem toda explicação cientifica cst> baseada em leis deforma estritamente universal Por exemplo, pode-se explicarque Paulinho esleja com sarampo dizendo que ele apanhou adoença de seu irmlo. que a tivera, o gravemente, aipins diasantes. Ainda uma vez, o que se faz ç hgar o evento exptman-dum a uma ocorrência anterior, a oposição de Paulinho aourampo; diz-se que esta fornece um* explicação porque existeuma conexio cnire ficar perto de um doente d* sarampo eapanhar a doença Entictanto. essa eoocaao nio pode ser expressa por uma lei de forma universal, pou nem todo caso decxposíçlo «o sarampo produz contagio. Tu do quanto se podediicr f que as pessoas expostas ao sarampo contrairão a doença com alia probabilidade, ato é. numa alta percenlaeem deiodos os casos. Enunciados gerais deste tipo, que examinaremos daqui • pouco m*is de perto, serio chamados ItU deforma probabiUstica ou. abreviadamente. (eU ptohabiturtna

No nosso exemplo, enfio, o exptMOW coosuie na lei pro-habilistica que acabamos de mencionar e no enunciado de quePaulinho esteve cxposiu ao sarampo A o contrário do que

acontece na explicação dcd<ihvo-iso*tol6pca. esses enunciado*eipJanufU n io implicam dedutivamente o enunciado tzptmm-dum de que Paulinho apanhou sarampo, pois nas infcrèaciasdedutivas de premissa* vcidadciras a conclusio e invariável-menlc verdadeira, ao pjsto que neste exemplo t claramentepossível que os enuna.iJm npUmani sejam verdadeiros semque o seja. o txpkmamlum Diremos, abreviadamente, que o

MM.O(.-»tit. . idUlOBa» •»Hanom. Bim a «tuVS.

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A s (-éIS E SEU PAPEI N A EXPLICAçãO 79

explanara implica o explanandum. nio com "certeza dedutiva",mas somente com crueza aproximada ou com alia probabi

lidade.O argumento eaplanatório a que aisim se chega pode leresquimatizado da seguinte maneira:

( alia • probabt l td f f f p l l l pnaea* M(H>tt l |• O u n i n p i da apanharem • acene»Paulinho t>l»v» tlpuMO *° MunipO

IIn altamente píi>v»vel|Paulinho apanhou t a i u n t f

N a CiHtumcira jprclCAIaÇao de um argumento dedutivo,

que usamos no esquema D-N) visto antcriormcnCe. a conílu-Uo fica «eparada dai premíiiai p<«r uma UV linha, o que ativepara indicar que ai preitiiuai iinoticam logicamente a concluído.A dtipla linha usada no ultimo esquema indica que At "pIÇ-mista*" (o explanam) taxem que a "conclusão" (a sen-Iene* txpUnmtdmn) veja mala ou menos provável; o graude probabilidade fica lugcrldo pela notação enlre colchetes

Argumento* deita cipíeie lerlo chamado* etplkações prtt-rWM/lifHMr Corno ii- dcpicciub d.i nmu ditcuiiio, uma M-plicaçA» pmhabilliiica tem ceiiai caractcrtilicai batkiii emcomum com o corrctpundcnlc tipo de rxplicacao dedutivo-rut-moiofico. Km amboi oa caioa. •> evento dado t explicado pelareferencia a outroi. com o* qu.ni o rvcntn •> • pUmimdiim fitaligado por leii Uai num caio A* leu l io de forma univei*al;no outro, de foi ma probabiliaiiça F «quanto uma explicaçãodedutiva mostra que pela informarão contida no explanam orxpianaiulum deve wr esperado com "certeza dedutiva", umaciplit*,'âi) indutiva mostra apertai que pela informação cMtli-da no explanam o explananJum deve »er ciperado com altaprobabilidade, e talvez com "certeza pratica"; desta maneira

í que o último aigumenio satisfaz ao requinto de relevânciaciplanatoria.

PaOBABItmADES ESTATÍSTICAS E LEIS PROBABILfSIlCAS

Devemos agora considerar min de perto m doli iraçoacaracterísticos da explicação prObabilistica que acabamos deanotar: as kit probabilisticas que ela invoca c o gênero peculiar

de implicação probabilistica que liga o explanam ao explana"-

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80 FHOSOFIA D* CIêNCIA NATUBAL

Supotüiarnos que vr façam sucessivas extrações numa urnacontendo várias bolas de momo umiaho e de mesma massa.,

mas não acrcss^namcntc de ««ma coe. Em cada extraçãorclíra-s; somente orna bola e anota-se a sua cor. Recoloca-seca tecida a bola aa orna. -cujo conteúdo c completamentematutado aMcs da sova extração. Tem~«c assim um exemplo-z picccsao fonuilo ou 4e experimento fortuito. conceito queem breve caracterizaremos com mais poemenores. Nos nos referimos ao procedimento que acabamr» de descrever como oexperimento U. a cada extração como ama ciecução de V eã cor da boto retirada ooio o rcsuhado da execução

Sc são brancas iodas as bolas da urna, então c verdadeiro

um enunciado de forma estritamente umvcrsal sobre os resultados produzidos pela execução de U: toda extração da urnaproduz uma boto branca ou. simplesmente, produz o resultadoB. Se sorucnle 600 das 1000 botas contidas na urna são brancas, então c verdadeiro sobre V um enunciado geral de formaprobatoiktijca a probarxkdade para uma execução de V produzir uma boto branca, ou o letuludo S. í 0.6: em limbolou

st MUt m o>

Analogamente, a pfobabddadf de obler cara como rciul-lado do experimento fortuKo *# de atirar uma moeda semdefeito* ê dada por

ft j HCMÍ = M

c a probabilidade de obter um és como resultado do experimento lortuito de lançar ura dado refutar í

e i HAJU = i /*

Q-: :.:nfcam MM emUmmmoal Dt HONn C00I MMoumiio naiio di* ulgada. chamada às vezes de concepção "clássica" da tvobabutdade, o enunciado ul teria que ser interpretado da sepunte maneira, cada execução de V efetua umaescolha de uma entre 100» possibilidades básicas, ou alternativas básicas, individualmcMc representadas pelas bolai na urna:dessas possíveis escomas. 600 são "favoráveis" ao resultado B :

a probabüidad.- de tirar uma bola branca é simplesmente o

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A l I-EIS | StU PAf t l . NA EXU.II \ ' . .v Kl

quoclcnte entre o numero de escolha* l. ivn-.,.,.. disponíveis co número de ioda* as «colhas possíveis, íslo é, 600 /100 0. Ain1CfpIClnS'Uo iMwii f l . de f>) c c) seria unàloga.

Mas esu cafacicrii.ic.ao C inadequada; se antes de cad.iextração as 600 bolas branca» estivessem colocadas abaixo das400 restantes — nova especie de experimento com a urna quechamaremos V — o quocicntc entre us alternativas bátkas favoráveis c as possíveis continuaria o mesmo, mm a probabilidadede tirar uma bola branca wna menor que em V, onde houvemistura completa das bolas antes de cada extração. A concepção clássica leva Cm conta esta dificuldade exigindo queas illlcrnaiitjit básicas, mencionadas na sua definição de pro

babilidade, sejam "cqUipotsivcji" ou "cqulprováveis" _ exigência presumivelmente violada no caso do experimento V

Esta, cláusula adicional levanta a questão de como definircqllipossibilidade ou eqüiprobabilidade. Ouestão prnosa c controvertida, passaremos por cinta dela porque — míífflo admitindo que a cqiliprobabilidade tivesse Vido satisfatoriamentecaractcnx»da - • a concepção clássica ainda assim seria Inadequada, puis SC atribuem lambím probabilidades a resultados decapcrimcnlul foituito» para o* quais nau se conhece maneiraplausível de assinalar alternativas básicas cqulpruvAvcli. Por

exemplo, pura o oxpírimcnlo ftutuito /> de lançar um dadoregular, as tela face» podem ser consideradas como representativas das alternativas cquiprováveis; mas atribuímos probabilidades u resultados como tair um á i , OU um mlrncro Imparde pontos etc. lambem no caso de um dado carregado, mesmoKm poder indicar quais resultados básicos seriam eqli ipiováveii.

Tara chegarmos a uma interpretação mais satisfatória dosnowvs enunciados prohubiliitK-os, consideremos como se poderia avaliar a probabilidade de sair um ás com vim dado que sesabe não ser regular. Obviamente poderíamos consegui-lo fazen

do um grande número de lançamentos e achando a freqütneiarelativa, Isio í, a proporção dos casos em que o ás ficou paracima. %c, por exemplo, o experimento D' de lançar o dadoc realizado 300 u - / , - e o ás fica para cima em 62 casos, entãoa freqüência relativa 62/300 seria considerada como um valoraproximado da probabilidade pf.1.I>') de obter um ás como dado. Procedimentos análogos poderiam ser usados para estimar at probabilidades associadas com o lançamento de umamoeda, a rotação de uma roleia etc. !>:• modo semelhante, as

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$2 I I I O V í I I A DA CiÍNt I A N A T U R A L

probabilidade* a*»o."iadai com a desintegração radioativa, comas transicòei cnnc diferentes estados de energia atômica, comprocesso* genético» cK ' . M O d> L i mi nadas pela avcrifiiaciio dasÍVcqücncia* relativas corrcipondcntc»; entretanto, I M O é muitaivc/c* feito por iticioi altamente indireto» c nlo pela contagemdo eventos atômico» individuaii ou evento» individual da» outra* cípctlc» relevante».

A Interpretação cm termo» do freqüência* relativa» ic apl i ca lambem a enunciado* como ^ ) c c ) , concernente* a resultado* do lançamento de uma moeda perfeita (isto 6. homogíncae rigorosamente ci l índrica) ou do lançamento de um iludo regulai (hoitiouCno) > iiíiifcwaiiiriilü i t i h i u i ) : n i\\w iiilvioti.i

ao cientista (ou ao jogador, nesio cato) act fa/.-r um anunciadoprobabilfttico 6 0 frcqilenciu relativa com <jue um ccil» r « u l -udo H pode ler operado numa longa terie de rcpellçoc» ttecerto experimento forluito f, A contagem dai alternativa» I».sica* "cqü lprnvávc l i " c dai que, dentre ela*, 1O0 "favoráveis" aR. pode Kr considerada como um recurso heurístico paro adivinhar a ircqUCncii relativa de K. P. na verdade, quando umdado ou uma moedn regular t i o lançados um grande mimemdr v c / t t , ai di l i i i i i i r* uUH tcntlum u ficar pjrn cima comtonai frcqiieinii I M O podenu >er onerado pur conildcraçoeide l imelr ia. du gênero freqüentemente unido na foimiçttn da»hipótese» f i i ica- , put» nono conhecimento empírico nlo fornece railo alguma para se ciperar que qualquer umA tia» fa ce» icja maii favorecida que a» outra*. Tai * considerações «aomui ta i ve/.ci úteis heuriit icainente, mai nlo devem K l c i l l -madai como certa* mi como vcrdndci evldcntei por n i tveimni:suposições de i lnutrla m u plausíveis, como a do principio depi i idJ t lc . foram refutada* pula experiência no nível l uba iAmko,Suposiçôe» sobre cqúiprnbahilidadc» eitlo portanto lemprc H>

icita» a corrcçuo à lut do» dado» empírico* tobre ai rcai* fre-quencias relativa» do fenômeno cm questão. Este ponto ficailustrado também pelai leiMia* estatísticas dos gases docnvol-vldai por Iluw e EinMcln e por 1'crmi c Dirae. respectivamente,que »e apoiam ciii diferciil.» suposições sobre a eoii lprobahili-dade da» dutrlbuK'oc» de particulai num espaço dai /asei.

A» probabilidade* especificada» na» lei» probabílisiicai rc -prísintam portanto freqüência* relativas. Entretanto, náo podem, a rigor. ier definidas como freqüência» relativas numalonga serie de repeliçòcs do experimento foituito relevante.Poi» a proporção, d i«amm. doi atei obtido» pelo lançamento

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A S U l S B SEU PWEL NA EXPLICAÇÃO 8 3

de u m cotio d a d o m u d a r * , ainda que m u i t o p o u c o , à medidaq ue ie p r o l o n g a u sírlc de lançamento» c mesmo cm d u a sséries que tem cxniaincnlc a m e s m a e x t e n s ã o o n ú m e r o d e u c *

6 comumenlc d i f e r e n te . A ch a - s e e n t r e ta n to q u e , t m e d i d a ourcresce o número de lançamento», a freqüência n l a t l ' i J i . - I . I .u m d o » d i f e r e n te » re » u lt a do » t e n d e a m u d a r ca d a v e z r o e n o s ,a inda que o* resultado» do» sucess ivos lançamentos cont inuema vanar de mane i ra i r regu la r c p ra t i camente Imprcd fz í vcJ . Estac em gera l a caracte r ís t ica de u m e x p e r i m e n t o fortui lo F c o m

resul tado» Ri, Ri Rn', exccuçòc* sucess ivas de ' díiy u mou out ro des»c» rc»ultadi» de u m a m a n e i r a   i i . g u l . i i , n i u afreqüência re la t iva do» resu l tados tende a se t o r n a r cstàvdq u a n d o o n ú m : r o de e xe cuç õe s a u m e n ta . E a s p r o b a b i l i d a d e »

dos resultado» p(R,,Fl, p(Rt.F). . p(R..F) podem *ercons ide rada» como va lo re» idea is que as freqüenn*» rea is t e n d e m li assumi r ã med ida que se t o r n a m c a d a vez mai» es t i ve i» .Por conveniência matemát i ca , as p robab i l i dades são de f in idasiis vezes como o» limites matemil icos p a r a ot qua is conve rgemas freqüências relaiiva» q u a n d o o númcio de exccuçôe» a u m e n tai n d e r i n i d a m c n l c . M a s essa definição te m ccitos de fe i tos concep-tua l l c , cm es tudo» matemático» mail recentes tobre o a u u n t o .o c o n t e ú d o e m p í r i c o a l m e j a d o p a r a o c o n c e i t o d e p r o b a b i l i d a d e* d e l i b e r a d a m e n te , c po r boa» razoe* , caracte r i n d o d e m o d om a i l v a g o p o r meio d a chamada interpretação estatística da

probahilidadf; *O e n u n c i a d o

s ign i f ica que numa longa ser ie de execuções d o e x p e r i m e n t ofor tuí lo F é qua*e «r io q u e a proporção d o s ca»o» com resu l t a d o R seja p r ó x i m a d e .1 . O co n ce i t o d e probabitidad* esta

tística ass im caracte r izado deve ser cu idadosamente disúnguido

d o c o n c e i t o de probabilidade lógica ou indutiva, que cons ide ramos n o ca p i t u lo 4 . A p rob ab i l i dad e lóg ica c uma relaçãológica entre enurttiados prec isos ; a Wntença

tiH.K) = I

iNImiii <!• «(In»»» <»mo um tMM •Io •f-i-Hi.úm • • - . - i * « r - «i I! N i » lf>«(irl>i H «W tl*«t, .) /v.,*.(.tl,<, í I - K I » . U m i i l » •* <lt"*m1910). NOIU XfUO i l l MMI|ll(l«tt> •«•IIMK» H l l l • Ú**» f " II Cf»•• MildM l*H« A> M « Imo *(-«.- i- l .- l M..-W .1 «XMW

rnnntH U.t - in" I ' , . , . |*4t)

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84 FILOSOFIA DA CIêNCIA NATURAL

assevera que a hipótese H c sustentada, ou tornada provável.com grau / pela evidencia fo:mutoda DO enunciado K. A probabilidade estatística é uma relação quantitativa entre espiões

reproduuveis de cvrnti'*: uma certa espécie de resultado, R,e uma certa expede de processo iortuito. F; representa, poiuimodo, a freqüência relativa com que o resultado R tende aocorrer numa longa serie de eiecuçôei de F.

O que os do« conceitos possuem em comum sao suascaracttrluicas matemãticas: r.mbos satisfazem ao* princípios básicos da teoria matemática da probabilidade:

a) Os valore* numéricos potáveis de amba* as probabilidades v.iriam de 0 a 1:

O < n*f) < IO í tiHJCt < I

b) A probabilidade para que ocorra um de dois resultados que te excluem mutuamente c a soma das probabilidadesdo* resultados tomados separadamente; a probabilidade, comqualquer evidência A', para que valha una ou outra de duashipóteses que se cacluem mutuamente, e a toma das probabilidades respectivas:

S* / » , A . M ttclucen mutuamente. eat io; ( * , i* í , F | r HJti-F) + tiKuF)

Se H,. H, slo nipMnet que *e eicfuera lopc•<•*•>•. >M'OciH, «i H..KÍ = ctH.Jit -t eíHuK)

c) A probabilidade de um resultado que ocCte necessariamente cm todos os casos — tal como R ou nio R — í I ;a probabilidade, com qualquer evidencia, de uma pipótese queé logicamente (e ncslc sentido nctcssaiijroente) verdadeira,

tal como // ou nao " . é I :*(* ou nao A, Fl = I. (« ou nio H. Kt = l

As hipóteses cientificas que tini a forma de enunciadosde probabilidade estatística podem ser. e o sao. verificadaspelo exame das freqüência» relativas cm longas series de e*e-cucdtt; e. falando cm linhas gerais, a confirmação dei** êjulgída cm lermos da proximidade do acordo entre as proba

bilidades hipotéticas e as íreqúcnciaí observadas. A lópca de

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A * U « f v u P*riL N A ExrLiCAçAo 85

u i i verificações, entretanto, apresenta problemas e»peciai* quepedem p r um rume, ainda que breve.

Comidcremo» a hipótese. H, de que a probabilidade delançar um ás com um certo dado seja 0.15; cm notação con-ciu p)A.D) — 0.15. onde /> é o experimento focluito delançar o dado em questão A hipowie H nio implica dedutivamente quantoi ases sairão numa série íinita d ; lançamento».Nfto implica, por exemplo, que exatamente cm 75 dos primeiro*500 lançamentos sairá um é», nem meuno que o numero de«e/e» cm que sairá um ás esteja compreendido, dlgamoi , entre50 r 100. 1-ogo. ic a proporção do» ases r:alm?nte obtidanum grande numero de lançamento* diferir Considerável mfrilfde 0.15, Uso nio refuta // no sentido em que uma hipótesede forma estritamente universal, como "Todo * M ciines sftobrancos", pode ser refutada por um to contia-cicmplo. comoo de um cisne preto, em virlude do argumento modm tolltns.Analogamente, se numa longa serie de lançamentos a proporçãodo* « M S aparecer d» (ato muito prosima d * 0.15, isso nloconfirma / / n<> sentido em que uma hipótese f,,a confirmadapela descoberta de que uma sentença /, logicamente implicadapoi ela. e de falo verdadeira. Pu». Miie ülluihi u s o , a hlrWiir-ujMtV tn / po r implicaçlo lógica e o resultado da verificação< confirniatorio no sentido de mostiar que uma cerla parta

do que a hipótese usicvcia e de falo verdadeita Mas nada deestritamente joihign fica mostrado para // por medidas do fr«quéncia confirmatorias, pois II nlo assevera por implicação quea freqüência do» ases numa longa serie de lançamcnlo» setacertamente muito próxima de 0.15.

Mas embora // nao impeça logicamente que a proporçãodos ases obtido» numa longa serie de lançamento» posta a f i l iar-»* grandemente, de 0,15, certamente implica logicamente

que cases afastamentos sejam altamente improváveis no icnlido«lat is t ico, isto é, que se repetirmos um grande número deveie» o eipenmcnto de executar uma longa tíric de lançamentos (digamos, 1000 deles por série), então somente uma diminuta proporção dessas longa» series produzir* uma proporçãode ase» que difere consideravelmente de 0,15.

Admite-se habitualmente que o» resultados de »uces»ivotlançamentos de um mesmo dado »cjam "estatisticamente independente»", isto i, gr-oiro modo. que a probabilidade de obterum as num lançamento nlo dependa do resultado do lançamento precedente. A analise matemática mostra que, juntamente

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•86 FILOSOFIA DA C IêN C IA N ATURAL

cora o U suposição de ndepeodcKU. nos» hipótese H determina dedutivamente a probabilidade estatística para qoc a pro

porção dos ases obtidos em n lançamentos não difira de 0,15além de uma quantidade determinada. Por exemplo, c de 0.976a probabilidade para aae, suma serie de 1000 lançamentos, aproporção dos ases obtidos fique cnüx 0.125 e 0,175; c c de0.995 a probabilidade para que. rm 10000 lançamentos, aproporção dos ases fique entre 0.14 c 0,16. Pode-se dizer catãoque, tendo H verdadeira, ê praticamente certo que numa longaserie de execuções a proporção dos ases diferirá muito poucoda probabilidade hipotética 0.15. Logo, se a freqüência observada de um multado nana longa serie não estiver próxima

da probabilidade a ela atribuída por ama hipótese probabilbtlca,então é muito provável çue a hipótese seja falsa. N este caso,a freqüência observada coma como uma dcsconfirmaçlo dahipótese ou como redução de soa credibilidade; e se for achadauma evidência descoafinnadora suficientemente forte, a hipóteseseiá considerada como praticamente refutada, embora não logicamente, e terá por isso rejeitada. Analogamente, uma concor-dlncu estreita entre probabilidade hipotética c freqüência observada tenderá a confiramu a hipótese probabiIJUica c pode levaia tua aceitação Para que hipóteses probabülsucas sejam aceitai oa rejeitada* i luz da evidência cstatiüica fornecida pelaifreqüências observadas, ai que apelar para normas apropriadas que deteiaMaaráo «) quais demos dam freqüência* observadas em relação às probabilidades enunciadas por uma hipótese podem ser considerado* conto rudes para rejeitar a hipótesec D ) com que aproximação devem as freqüências observadasconcordar com a probabilidade hipotética para que se possaaceitar a hipótese Easas narinas podem ser mais ou menosrígidas conforme a escolha e serão de uma severidade variável

•a» geral com o contexto e com os objetivos da pesquisa cmquestão- Em linhas geras, a severidade dependerá da importância que te da. no contexto, á conveniência de evitar duasespécies possíveis de erro: rejeitar a hipótese que esti sendoexaminada apesar de ser ela verdadeira e aceitá-la apesar defalsa. A importância deste ponto é particularmente clara quando a aceitação oa a rejeição da hipótese serve de base i açãoprática. Por exemplo, se a fupecese se refere a provável eficácia e MgurjTÇ' d; uma sova vacina, a. decisão wbre suaaceitação terá que levar em conta o grau de concordância dos

resultados eflatnôcos com as probabilidades especificadas pela

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As I.E1S E Sl;u PAPtl. NA EXPLICAÇÃO 87

hipótese, mas lambem quão seria seria a conseqüência de acci-1.11 a hipótese c agir em conformidade (» \ §„ inoculando crianças

com a vacina.) quando de falo cia c lalsa ou de rejeilat ahipótese c a^if cm conseqüência (e . jf.. destruindo a vacina cmodificando ou interrompendo o processo de manulaiuto)quando de l.nn a hipótese é verdadeira. Os problemas complexos que surgem neste contexto formam a matéria da teoriadas verificações c decisões estatísticas, que se desenvolveu nasdécadas recentes baseada na teoria matemática da probabilidadee estatística.*

Muitas leis e muitos princípios teóricos importante* da»Ciências Naturais sao de caráter probibilUlieo. embora Iftjtftt

freqüentemente de forma mais complicada que os simples enunciados de probabilidade que discutimos. Por exemplo, de acordo com a teoria física corrente, a desintegração radioativa éum fenômeno forluilo cm que os fllomc* de cada elementoradioativo possuem uma probabilidade cataclctfstica de dcstntc-I ' M I durante um determinado período de tempo. As leis probabilístkat correspondentes slo usualmente formulada» comoenunciados que dio a "vida média" do elemento referido poreles. Aí i i i n . ;u leis de que a "víd.i média" do t l id io '1" é de1620 unos c a do po lôn io ' " é de 3.03 minutos si|[nificamser do 1/2 a probabilidade para um átomo de r á d i o ' " dcsln-teurnr-se dentro de 1620 anos c ser de 1/2 a probabilidadepara um átomo de polônio dcsinteurar-ic dentro de 3,05 minutos. De acordo com a interpretação estatística citada anteriormente, Ckiai leis implicam que, de um grande númerode átomos de rádio*" ou de polônio11 1 existentes a umcerto instante, praticamente a metade continuará existindo ainda1620 anos ou 3.03 minutos depois; a outra parte desintegrou-ser a dioa i vãmente. Outro exemplo bem conhecido é o das hipó

teses feitas em teoria cinética paia explicar várias umformida-des no comportamento do» gases, inclusive as leis de Termodinâmica: sã'j hipóteses probabilísticas sobre a regularidade estatística nos movimentos e nos choques das moléculas.

Convém finalmente acrescentar algumas observações sobrea noção de lei probablllstica. Poderia parecer que iodas ai leuciciiiifuai dcvciicni tu clísiilícadai conto prubiíbi l iMicu, de vez

A Soorc o iiumio. w » D. I i n f II HoiniYí.t» John W*,, A SM,. |.< 1WÍJ.

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*8 FILOSOFIA o* CIêNCIA NATURAL

que a evidencia de apoio achada para elas c sempre a de umconjunto de descobertas e verificações finita c logicamente ín—

conclusivo-, que lhes pode conferir somente uma probabilidademais ou menos alta, Ma« esie argumento esquece que a distinção entre leis de forma universal c leis de forma probabdís-fica não se refere à força do suporte evidenciai para os doislipos de enunciado, mas ã forma deles, que reflete o caráterlógico do que eles afirmam. Uma lei de forma universal éessencialmente uma afirmação de que em todo* os casos ondesão realizadas condições da espécie F. realizam-se também condições da espécie G; uma ki de forma probabilistica assevera,

essencialmente, que sob certas condições, que constituem aexecução de um experimento fottuito H, uma certa espécie deresultado ocorrerá numa determinada peretntagem dos casos.Verdadeiros ou nio . bem amparados ou mal amparados, essesdois tipos de afirmação diferem quanto ao caráter lógico e esobre essa diferença que se baseia a nossa distinção.

Com» foi vista antes, unia lei de form UltWl *SM|nque * então (! ' não é de modo algum o equivalente abreviadode um relatório onde se rejfistrou » associação de uma ocorrência de C a cada ocorrência de F ate então examinada Policontem também assereões sobre iodos os casos nio examinadasde F. passados, presentes e futuros; e implica, ainda, condicionais contrafatuais e hipotéticos sobre, por assim dizer, "possíveis ocorrências de ****: è justamente essa característica que dáa essas leis o seu poder wplanatório . E o mesmo se podedizer das leis tle forma prubabilística. A lei que da ser adesintegração radioativa do- ridióm um processo forluito com

uma vida média associada de 1620 anos não eqüivale evidentemente a um relatório sobre aí taxas de desiategraçâo queforam observadas em certas amostras de rádio™. Ela refere-se ao processo de desintegração de qualquer corpo de rá-di»-**. passado, presente ou futuro; e implica condicionais sub-junitvos c contrafatuais como. por exemplo: se dois corpos d;rádio 13 forem combinados num só, as taxas de desintegraçãopermanecerão as mesmas como se os dois corpos se mantivessem separados. Aqui também esta é a característica que di

ás Ira orooabüisdcas tua forca preditiva ç çsoliaatórJa.

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A S I H-- E »EU P A P Í L N A EXPLICAÇÃO KS

O CARÁTER INI>t"IVO DA FXPMCAlAO PBOBAliLlSTKA

Um do» t i p o * mim t i m p l c * de explicação probabtlluica eo que « t i l imi tado pelo noivo e x e m p l o d o aarampo de Pau l i nho. A formn (tcral dciic a r g u m e n t o cxplanatório pode verenunc iada do icjtuinlc m o d o :

•<•?.*') í p<*»lmo d i ii i um cato a* P

[In iliarmnir provável(I i um e«»o .tf R

O r a , a ali a piobal-i l Idade q u e . c o n f o rme cMá i n d i c a d o c n -Ire co lchete» , o e*phinan\ c o n f e re ni ixitUmnndum. OMMMMMnl o i uma p r o b a b i l i d a d e c i i a t d t l c a , po l i carac ter iza uma re-laçAo enlrc tciilcncai " n l o entie (cípcclei de) evento» . P o-drmiiü i l i /cr, eni[tií|íi i»do u m Wfmo Iniroduiido n o c a p i t u l o 4 ,quo a probabilidade c m uucttlo reprcMnla a c red ib i l i dade ta -vional d» r A p t o i r W t c r i , dada • Infoimiç lu forneuda pclu r i -l>lmmu\ « como foi notado an te r io rmen te , na med ida cm queci ta nt\Bo pode *ei intciprclada «o rno min pr.>tul>lidao1l e lareprcienla uma p robab i l i dade louica o u I n d u t i va .

l in i a lgum tutoi i i m p l e * , exlitc um modo na tu ra l e óbviodo cxpilmii numericamente cita p ro b a b i l i d a d e . Se, p or earnvp i o , toi de te rminado o va lo r numít leo de i>(R.Ft n u m argu-l imito i lo i lpn t|Uc vimin de conuderir, cnlfto %wn nioávcldiaer que t i piobjbl l ldade I ndu t i va con fe r ida pe lo explanam aorxplammdum u m cite mcimo v a l o r n u m é r i c o , • CKpUtKloprobabilfilleu resultante t e m a f o rma :

P ( I W • '

I t um ca» d* t

, r um I* II

Sc a ctptanaiu fo r imil» c o m p l c a o . a determinação dai c o n e » -pondenict probabilidade» indutivaa para o expUtnandum levantap rob lema» d l f l c e i t , em pa r te a inda n lo r e t o l v i d o t . M a » , aejao u nlo posilvcl .ilribuir probabllidadci numérica» exa las a Io d a i e i m i expl i cações , ai con»)dcrac,ôcs prccedcnici moitramq u e q u a n d o u m e ve n t o é e x p l i c a d o m e d i a n t e l e u p r o b a b t b i t K u .o explanam c o n f e re a o eiplanandum somente um supor te i n d u

t i vo mai i o u me(iM f o n e . Pudernut cntlo ditiinguir ai e i p l i -caçoe» deduitvo-nomoiogicai da» explicações probabiliiticas d l -

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90 F ILO SO FIA DA C IEN CIA NATUHAI

zendo que ai primeiras efeiuam uma subsunção dcdativa sobl í i i de forma universal c que as últimas efetuam ama subsurieãoindutiva sob lets de forma probabilística.

Diz-se às vezes que justamente por causa do seu caráterndut ivo. uma interpretação probabslisika não explica, a ocorrência de um evento, já que o explanam não exclui lógica-menu a sua nãt)-oconéncia. Mas o pap:l importante e cadavez maiof que as leis c as teorias probabilisticas desempenh-tmna cãêacia c nas suas aplicações far que wti preferívelconsiderar as interpretações baseadas nesses princípios, tambémconto explicações, embora de espécie menos rigorosa que asde forma ded utivo- nomológica. Tom emos, para e xem plo, a

desintegração radioativa de um mil igrama de polônio"*. Suponhamos que o que fica dessa quantidade após 3-05- minutoslenha uma mana compreendida entre 0.499 e 0.501 miligramas. Podemos tlizer que este fato fica explicado pela le i pro-babtlísticj da desintegração do polônio'": pois essa. lei. emcoib inação tom os princípios da probabilidade matemática.uapUca dedutivamente que, dado o enorme número de átomosM O I miligrama de polônio11*, a probabilidade do resultadomencionado é ín comparávelmente maior, de modo que a suaocorrência num caso parliculur pode ser esperada com "cer

teza prática".Tornemos, para outro exemplo, a explicação dada pela

teoria eineties dos gases para a gcnernluaçfto estabelecida cm-prricanente que se chamou lei de difusão de ( i r«rum. Secundo d * , nas mesmas condições de temperatura e de pressão, as«doadades com que diferentes gases escapam, ou difundem-se.através d ; uma parede porosa delgada são inversamente proporcionais às ra /cs quadradas dos seus pesos moleculares, demodo que. quanto maior for a quantidade de gás difundida por

segando através da parede, mais leves serão assuas

moléculas.A explicação se apoia na consideração de que a massa dogás qae se difunde através da parede, por segundo, è proporcional à velocidade média de suas moléculas c. portanto, quea lei de Granam (eri sido explicada se se puder mostrar queaa velocidades moleculares médias dos diferentes gases purosl á * Mversamcntc proporcionais ãs raízes quadradas dos seuspesos moleculares. Para mostrá-lo, a teoria faz certa» suposições cuja significação ampla é a de que um gás consiste deum número muito grande de moléculas movendo-se ao acaso

com velocidades, diferentes, que mudam freqüentemente cm

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As Lits t itv PAPEL NA EXPLICAçãO 91

virtude das colisões, e que esle comportamento foftnilo exibeoertu uniformidades probatidislicas — e n par&Vula:. a deque as moléculas de um dado fãs. com teasperalura e pressãodeterminadas, lerão diferentes velocidades caias cowrcnciaslêm probabilidades difcientci bem d.terminada*. Essas suposições perniilem calcular os valores avobabtetKaincatc esperados — o* chamados valores "mais prováveis-' — que as tt>Io; idade* médias ;l "• diíc:;r.-ii ,••-..  p-.---rj.-i  pai ammM>condizes it CmpCratal t pKtlSt C MM mmatf* J :^:.-.-.esses valores médio* mais prováveis si» de falo inv;rsam;nicproporeioruis às raízes quadradas dos pesos moleculares dos{ases. Mas as velocidades reais de diíusáo. que são medidasexperimentalmcnlc e estão sueias ã lei de Orariam, depende

rão dos valores reais que as írlocUaén nedias têm nos vastos mas íiniios cniamcs de sssolecumj qae constituem os gasescm questão- t os valores médios reais estão relacionados aoscorrespondentes avaliados probabibjticaaeote. «os valores"mais prováveis", de maneira que é essesvialmeote análoeai relação entre a proporção de fases que ocorrem numa vastamas finca serie de lançamentos de usa mesmo dado c a correspondente probabilidade de sair ure as com este dado Doque tconcaifunte se concluiu sobre as avaliações probabilisticas•eguc-se apenas que, cm vista do nMicro asais» grande de moléculas envolvidas, e csmafatdoraascsse awsVrl que a qualquer instante as velocidades médias reais lessssssm valorei SMN-to próiimoS dos "mais prováveis" e que, arrUsti). é iraunamrwe ctrio que elas sejam, como enes, inversamente proporcionais ãs raízes quadradas de suas w**« i moleculares,satisfazendo assim à lei de Giaham "

Parece razoável dizer que esta iaserpretacão fornece umaexplicação, embora "apenas'' com prueaWidaii, associadamuito alta, da razão pela qual os (ases ciibem a uniformidadeexpressa pela lei de Granam, de falo. nos compêndios c nostratados de Física, as interpretações troncas deste eènero pro-babilístKo são amplamente apresentadas como explicações

i •- .-...'--<• --••-••. ma

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AS TEORIAS E A EXPLICAÇÃO TEÓRICA

A S CARACIfcStJSTICAS GtRAIS DAS lEOftlAS

Nos capítulos precedentes tivemos repetidamente ocasiãode mencionar o importante papel que a* teorias desempenhamna explicação cien tifica. Vamos agora examinar sistematicamente e com alguma minúcia a natureza c o função delas.

Um» teoria é usualmente introduzida quando um estudo

Irtvlo de uma classe de fenômeno» revelou um sistema de uni-

ormtdadcs que podem ser cipressas em foima de leis cmplri-cas. A (cotia procura então explicai essas regularidade» c, cmgeral, proporcionar uma compreendo mais profunda c mais

apurada dos fenômenos cm questão. Com este fim , interpretaos fenômeno* como manifestações de entidades c de processosque estão, por assim diicr, por trás ou por baixo deles c quesão governados por leis teóricas características, ou princípiosteóricos, que permitem explicar as uniformidades empíricaspreviamente descobertas e, quase sempre, prever "novas" regu-l.inducki Consideremos alguns exemplos.

Os sistemas de Ptolomcu c Copcrnico procuraram explicar os movimentos observados, "aparentes", dos astros, mediante suposições apropriadas sobre seus movimentos "reais"c sobre a estrutura do universo. As teorias corpuscutar e on-dulatória da luz explicaram as uniformidades previamente estabelecidas, expressai nas leis da propagação retil lnca, da reflexão, da rcfraçAo e da difração, como conseqüências das leisbásicas admitidas para os processos subjacentes que descreviama natureza da luz. Assim i que a retração de um feixe de luzao passar do ar para o vidro foi explicada, pela teoria ondula-tória de Huyghcns, como conseqWncia de serem as ondas luminosas mais lentas num meio mais denso c, pela teoria cor

puscutar de Newton, como devida à atração mais forte exercidasobre as partículas de luz pelo meio mais denso Ac iden tal-

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As TEORIAS t A E X PL IC A çã O T E ó U C * 9 3

mente, esta concepção não implicava rnirrirtr o observado des-vio de um feixe luminoso; combinada com «liras suposiçõesbásicas da teoria de N ewton, inrpucava também que as partículas de luz são aceleradas quando penetram em meio maisdenso e não retardadas como afirmava a leoru de HuyghensEssas implicações antagônicas foram submetidas a uma verificação cerca de duzentos anos mais tarde por Foucault. naexperiência rapidamente mcnScoada ao capítulo 3 e cujo resultado apoiou a implicação relevante da teoria ondulatória.

Para dar mais um exemplo, a troria cirtéiica dos gasesfornece eapbcaçõcs para uma vasta variedade de regularidadesempírica mente estabelecidas, concebendo-as como manifesta

ções de regularidades estatísticas em sabsaccnies fenômenosmoleculares e atômicos.At entidades e os processos básicos introduzidos por uma

teoria, assim como as leis admitidas para go*erni-los. devemser especificadas com clareza c precisão apropriadas; de outromodo, i teoria não poderia servir ao ara propósito cientifico.fcste ponto importante e ilustrado pela conwftçlo neoviulnudos lenônKnos biológico» E bem safado cjtw M sistemas vivosciibcm «ma viricdack impTCSboeantc de aspectos distintamente ideológicos, isto e. caracterizados pelo fim a que se des

tinam Recordemos, entre outros, a regeneração em certas es-peeses dos membros amputados, o detemoi*invento, em outrasespécies, de organismos noiman a partir de embriões que foram avariados ou mesmo cortados em vinca pedaços no inicio do crescimento; e a notável coordenação de numerosos processos num organismo cm desenvolvimento que. como se obedecesse 3 um plano comum, conduz ao indivíduo adulto. Deacordo com o neovitalismo. esses fenômenos «ao ocorrem nossistemas desprovidos de vida e não podem ser explicados pormeio de conceitos e leis da Física c da Química somente; antes, são manifestações de agentes ideológicos subjacentes, denatureza não-fisica. denominados torças vitais ou entelequias.

1 Agem. as entelequias, de maneira especifica que se admite nãoviolar os princípios da Física e da Oainuca e que. dentro daspossibilidades deixadas em aberto por esses princípios, dirigem os pfocessos orgânicos de tal modo que, mesmo na presença de fatores perturbadores, es embriões se transformamem indivíduos normais c os cngarúsmos adultos, quando afastados do estado de funcionamento apropriado, são a esc recon

duzidos.

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94 FILOSOFIA DA C IêN C IA N ATU IUL

Esu concepção parece fornecer-nos uma compreemíomais profunda desses notáveis fenômenos biológicos dando-nosa impressão de ficarmos mais familiarizados, mais "» vontade"

com cies. Mas, compreender nesle sentido não é o que se quercm ciência e um sistema conceplual que explique os fenômenosneste sentido intuitivo não será. somente por esta razão, qualificado como uma teoria cientifica. A s suposições feitas poruma temi» cientifica sobre os processos subjacentes devem sersuftcientemente precisas para permitir a derivação d? implicações específicas concernentes aos fenômenos que ela pretendeexplicar. E a isso a doutrina ncovltalbta não satisfaz N JO indica sob que circunstâncias as cntrléquias entram em ação. nemde que modo especifico dirigem os processos biológicos: nenhumaspecto particular do desenvolvimento do embrião, por exemplo, pooV ser inferido da doutrina, nem esta nos habiliu a predizer que eomportamcnlo biológico ocorrerá sob determinadascondições experimentais. Por isso. quando um novo tipo- de"diretiva orzânica" c encontrado, tudo que a doutrina neovita-lista nos permite fiircr e um pronunciamento pou facium."Mais uma mamí-Hacâo *l«* locca» vilais!'\ nenliuma base elanos oferece para dizer; "Isso e justamente o que se deveria esperar cm vinudc das suposições teóricas — a leoria o explica!''

E su inadcquucio de neovitaliimo nuo c devida i circunstância de serem ai enteléquías concebidas como agentes irrule-riais. que Mo podem ser vistos ou locado». £ o que se *t claramente quando o comparamos com a explicação dos movimentos planetários fornecida pela teoria de Newton Ambas as concepções invocam agentes imateriais: forças vitais por uma, forças graniacionais pela outra. Mas a teoria nevrtoruana coalêmhipóteses especificas, expressas pelas leis do movimento e pelaki da graviiação, que determinam, ú ) quais forças graviucio-nais cada conjunto de corpo» físicos com massas c posições conhecidas exerce sobre os outros, e ri) quais mudanças de velocidade e, conseqüentemente, de localização sio provocadas poressas forças F. esta característica que dá à teoria o poder de explicar as uniformidade» previamente observadas e também o depredizer c rctrodiíer. Poder de que Hallcy tirou partido parapredizer que o cometa por ele observado em 1682 voltaria, em1759 e para identificá-lo ao» cometas cujo aparecimento haviasido registrado cm seis ocasiões prévias, remontando ao anode 1066. Poder que permitiu a espetacular descoberta do pla

neta Nctuno. na posição prevista pelo cálculo feito a partir das

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As TüOHIAS | A EXPLIC AçãO TEóRIC A 95

irregularidade* registrada» na movlmcnio de Urano e. poslo-riormc/ile, a descoberta de 1lutflo baseada na* irregularidadesda orbita do Neuino

OS PRINCÍPIOS INTERNOS E OS PRINCÍPIOS PF TRANSPOSIÇÃO

Pod:mos então dizer, cm linhas gerais, que a formulaçãode uma teoria pedirá a especificação de dois tipos de princípiosque chamaremos abreviadamente de princ'pios Internos c princípios de transposição,* Os primeiros caracterizarão as entidadesc os pio;cs*o* bjs)ços invocados pela iioria, nuirn como 11 Icii

a que supostamente obedecem Os uliimot indicarão como essesprocessos estilo relacionados aos fenômenos empíricos com quejá csiiimos familiarizado» e que a teoria pode cntào explicar,predizer ou rclrodizcr. Vejamos alguns exemplos.

Nu teoria cinetica dos gases, os princípios internos tão osque caracterizam os "microfenômenos" em nível molecular e osprincípios de tmnspotlção são os que ligam oeitos aspectos dotmicrofcnònienos a correspondentes fclçoet "macroscopicai" deum gás- Na explicação da lei de difusão de Griham, discutidana sexta pane do capitulo 5. os principie» internos incluem as

supottçôct sobre o caráter fortuito dos movimentos moleculares• iii le-i*. |iiob;ili.l • i. ijui o. K"vi-nuiii t '" pnniipio* de Ir.intposição contem a hipótese- sobre a proporcionalidade da taxa dedifusão, que i característica macroscópica do gás, á velocidademídia de suas moléculas, que e quantidade definida em termosde "micronlvel"".

N a explicação pela teoria cinetica da lol de Hoylc, segundoa qual rt piesiflo de um gás, a temperütui* constante, é Inversa-iiu-iiic proporcional ao seu volume, as hipóteses internas invocadas são as mesmas que para a lei de Granam: a ligação coma macroquantidade, pressão, c estabelecida pela hipótese deque a pressão exercida por um gás sobre o recipiente que o contém resulta dos choques das moléculas sobre as paredes desserecipiente e é quantitativamente igual ao valor médio da quantidade de movimento total que as moléculas comunicam por segundo ã unidade de área da parede. Essas suposições levam aconcluir que a pressão de um gás 6 inversamente proporcionalao seu volume c diretamente proporcional á energia cinetica

• UtH.Im.iu». -FtlHliUnMWH*- (*>*»• wMVOi <N. *• Ti

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• 6 FllOSOFU O* ClÈKCIA S.TVWI

media de suas moléculas. A explicação asa então ama segundahipótese de transposicio: a de qoe a energia anetica meda da*aaotécolit de una dctersiinada massa de gás permanece COM

lanle enquanto permanecer constante • temperatura: este princípio, junto com a prema cuatmaio. coanWi t w d f r M l e a k>deBoyte.

Nestes dois exemplos pode-se doer dos prnwpna de transposição que cks titam cenas entidades admitidas, qoe não podem ser observadas oa medidas anxtaaarnte (tais como as moléculas, suas musas, suas qnaaodades de movimento c soas energias), com aspectos mar* ou menos diretamente observáveis ouacararaVets de srHcmas físicos de tamanho aactfao (r r . atemperatura medda. por um irrir lir ~**ir oa a prcssjo medidapor um inaaometro). Mas o» prmápMM de transpôs*» nemsempre relacionam ~ioobser«ai*en teóricos - com "observivencxpenmfntaU*\ como mostra a expUcacáo dada aor Bcor da generalização empírica expressa pela fona ala de Baawrr. que perante, com» vimos, calcalar facilmente o* coamrãaeacos de ondadas raia* dncrctai ojae aami im (cm numero lacmcameMe u>fiurlo) no espectro «o maroarmo A caaticacao de Bobr esUhiscadi nas seguintes hipóteses * ) a lua efh.tida pelo vapor"excitado'" elétrica ou icmucamente resulta da energia libertada

quando oa. eketrons. DOS átomos indmdwaa saltam para um ai-vd eaerpetuo mais baixo, ft) para um cketroa de ura átomode hidrogênio só l i o pcimwdos nívea entrnetico* que formamum conjunto discr-to (ifurêamcnic infinito): r ) a energia /'_£Ubcrtada por um salto de esectron produz ha de um comprimento de onda » dado pela fci * = (a . e > / A £ onde * c a costs-tante umi frui de Plaocfc c e ê a velocidade da to. Em conseqüência, rada ama das raias ao espectro de hidrofímo corresponde a um "salto qulauco" entre dois níveis energéticos de-terminade», c a fórmula de Balmer decorre rigorosamente da»hipóteses teóricas de bohr Os princípios internos :n%ocadotaqui incluem as hipóteses que caracterizam o  rnacSdo de Bohrpara o átomo de hidroaimto como conMiiuído de aaa núcleo positivo e de um elêcQoa que te move em torno dele cm umaou outra de uma séne de ÓrbiAas possíveis, cada uma das quaiscorresponde a um raivei de energia; e da hipótese *>) acima. Ashipottats 4) e c) são princípios de transposição corrdacio-aam as entidades teoncas "issobservávets," com o qoe deve serexplicado — os cotnprimenios de coda das raias existentes no

espectro de emissão do mdrogcmj Esse* comprimentos de onda

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As TtOlIAI I A ExrLKAÇÃO TEÓRICA 97

náo sáo observáveis no sentido ordinário da palavra, e nau podem ser medido* tão simplesmente c (Io diretamente como, di-£jmos. o comprimento c a largura de um retraio ou n pc*u deum saco de bata tas. A medição dele» í um procedimento altamente indireto que se apoia cm numerosas suposições, cnlte tuquais as da teoria ondulatória da lua. Mas no contexto que estamos considerando, essas suposiçOe*. mais do que admitidas, esHo pressupostas no próprio enunciado da uniformidade para aqual se procura uma explicação. Assim, os fenômeno* quecorrespondem pelos princípios de transposição às entidades e aosprocessos basitos postulados por uma teoria nao precisam ser"direiimcnie" otisei****!» w mcntuilvfli, podem multo bem

ser eaiaetert/ados cm lermos de teorias previamente eslnhelecl-dfts, cujos princípios eitáo pressupostos na observação < na mediçlo ilcki

Sem princípios dt ifaitspusiçJto, como vímoa. uma leorlarüo teria poder «pJa«ssoilo Potiemo» acrescentar agora queKm eles cia seria inverificável, poli os princípios internos deuma teoria tratam de peculiares entidades e processo* postuladospor ela liais como os salto* de elíctron* de um nível cnergí-i .» (mi •11- • •. II.I li irni il llohf) • • portanto, HpHUMem grande parle a cuita de "conceito* teóricos" característicos,CSM M referem a casai entidades c a esses processo*. Mas asimplicações dct*r* princípios teóricos só poderio ser verificadasse forem expressas cm termos de coisa* e ocorrência» com que)l estejamos familiarizados, que saibamos de anlcmAo observar.medir e descrever Hm outras palavra*, embora sejam o* principio* internos de uma teoria formulados em termos tetíritoicaracterísticos ('núcleo', 'elcelron oibual', 'nível energálMo1,t.ilin uuánlico'), as implicações verificável* devem wr expressas

cm termos (como 'vapor de hidrogênio', 'espectro de emissão',

'comprimento de onda associado a uma rala espectral') que,poderíamos duer, estejam "de antemão compreendido*", termo*que tenham sido introduzido* antes da leoria e possam ser usado* Independententente dela. A eles nos referiremos como ' « -«tos de antemão disponíveis ou lermos pté-uótícos. A derivaçãodeitai implicações verificáveis a partir dos princípios internouda teoria requer evidentemente premissas adicionais que correlacionem os dois conjuntos de conceitos; ettc é o papel desempenhado pelo* princípios de transposição (correlacionando poreiemplo a energia liberada num salto de elíctron com o com

primento de onda da luz emitida como resultado). Sem princi-

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91 FILOSOFIA DA C í íN C U N A T I * A I

pios de transposição, os principies- internos de uma teoria aaoconduziriam a implicações conírotniveb com o que já nos éfamiliar e a exigência de vcrrficabtlidadc seria violada

COMPREENSãO TEóRICA

A verificabilidade c o podei ciptanalório, embora de importância decisiva, são apenas cond^ões necessárias mínimas asrrem satisfeitos por unia teoria; pois esta pode satisfazi-las semelucidar grande coisa c sem despertar interesse cientifico.

Quais tio as características que distinguem uma boa teoria

cientifica não ê possível dize-lo de maneira muito precisa. Algumas delas foram sugeridas no capitulo 4, ao discutirmos oque suporta a confirmação e a aceitabilidade das hipóteses cica-tlficas. Cumpre agora acrescentar algumas observações

Num campo de investigação onde já se conseguia alpuncompreensão p:lo MUModMPM de leis empíricas, m a boateoria aprofundará e alargar* essa compre* ruão. Ean priaaeifolugar, oferecerá uma interprelaçlo srttemalicamcntc aaaficadade fenômenos bem diversos, vendo atrás deles um mesmo processo subjacente e apresentando as diferentes uniformidade* empíricas exibidas por cies como manifestação das mesmas leisbásicas Toda uma enorme diversidade de regularidade* empíri-CM (queda dos corpos; pêndulo kimples. movimento* da Loa.dos planetas, dos cometas, dai estrelas duplas e dos satélites artificiais; mares etc.) está subiumida no* princípios básicos dateoria ncwtoniaiu do movimento e da gravitaçao. Toda umavasta variedade de unifoimidades reveladas pela expericaoa évista pela teoria emética dos gases como manifestação de certasuniformidade) probabilísucas fundamentais nos movimentos for-

tuitos das moléculas E a teoria de Bohr do átomo d; hidrogênio não fundamenta apenas a unuformidade expressa pela fór-mula de Balroer. que se refere soiraeate a uma serie de raias aoespectro do hidrogênio, mas lambem as leis empíricas análogasque representam os comprimemos de onda de outras series deraias do mesmo espectro, inclusive varias series exijas raias seencontram nas partes invisíveis infravermelho e ultravioleta doespectro

Uma teoria aprofundará também nossa compreensão taoa-trando, como o faz frcqüentemenK, que as leis empíricas pee-viamenle formuladas, cuja explicação ela procura, não são a

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As TEORIAS I A EXPLIC AçãO TEóRIC A 99

rigor cxaLu c icm exceção. Assim í que B (cotia de Newtonnoitra que u Irti de Kepler *ó valem aproximadamente e explica por que; a órbiu de um planeta que K movene cm (ornodo Sol, sujeita apenas ã influencia gravitaeional deste, seria de(alo uma elipse, mas a iraieiória verdadeira se afana dessa elipse rigorosa em vjrtudc da atração exercida pelos oulros planetase de modo que a teoria pcimite calcular com exatidão. Analogamente a teoria de N ewton interpreta a lei galilciana da quedalivre como manifestação especial das leis básicas do movimentosob atração gravitaeional. mas ao faié-lo mostra também que aIn (mesmo restrita à queda livre no vácuo) só vale aproximativa-meme. Uma dai riíôci c que a aceleração de queda livre nSo

í uma constante (o dobro do fator 490 na fórmula '» - 490/*').mas cresce durante a queda, pois segundo a segunda lei newto-nnna do movimcnio a acelcraçlo c diretamente proporcionalá força aplicada c segundo a lei newtoniana da gravitação essaforça c inversamente proporcional ao quadrado da distânciaque sepua o corpo do centro da Terra. Observações semelhantes aplicam-se aa leis de óptica geométrica encaradas do pontode vista da teoria ondulatóría da luz. Por exemplo, mesmo cmmein homogêneo a luí n.io K propaga rigorosamente cm linhnrela; pode ser difratada por uma aresta. E as leis da óptica geométrica para a formação de imagens por espelhos curvos ou porlentes só valem aproximadamente e dentro de certos limiles.

Poder-sc-ia ficar tentado a dUcr que as teorias, muitas vetes, refutam as kis previamente estabelecidas cm vez de explicá-las. Mas isso seria deformar completamente * visáo proporcionada pela teoria que, ao contrário, Justifica com rigor aaproximação em que valem aquelas generalizações empíricas.Atum é uuc, segundo ai ler» de Ncwion( ai leli de Kepler liuperfeitamente válidas quando as massas dos planetas perturba

dores sáo pequenas em rctuçáo à massa do Sol ou grandes sáoas distâncias deles ao planeta em questão relativamente à distância deste a o Sol; e a lei de Galileu vale com boa aproximaçãopara quedas livres de pequenas alturas.

Finalmente, uma boa teoria pode alargar nosso conhecimento t nossa comprecnsio ao predizer e explicar fenômenosque náo eram conhecidos no momento de ser formulada: a concepção lorricclham de um oceano de ir levou Pascal a preverque o comprimento da coluna barométrica diminuiria com aaltitude, a teoria cinsteiniana da relatividade generalizada náosomente explicou a jã conhecida rotação lenta da órbita de

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100 FILOSOFIA D A C I ê N C I A N A T U R A L

Mercúrio mas predisse o encurvamenio de um laio de luz numcampo gravitacional. como foi depois confirmado por mediçõesastronômicas; c a leoiia maxwelliana 4o cletromagnclismo predisse a existência c características importantes das ondas elclro-magníticas. como fo i posteriormente confirmado pela obra experimental de Heinrich Hcitz, base da tecnologia da radiotrans-missio c de tantas outras aplicações.

Previsões espetaculares como « t n certamente reforçamnosia confiança numa teoria que já nos deu uma explicaçãosistemáticamente unificada de leis previamente estabelecida! omuitas vc/cs também uma correção delas. A viiâo que a teorianos proporciona ò muito mais profunda que a fornecida por leis

empíricas; da( ter-se formado a opiniáo de que uma explicaçãocientificamente adequada de uma classe de fenômenos empíricossó pode ser alcançada por uma teoria apropriada . Com efeito,parece ser um fato que, mesmo nos limitando a um estudo dosaspectos mais ou menos diretamente observáveis ou mensuráveisdo nosso univetso e tentando explicá-los, como foi discutido nocapitulo \ ]ii>r meio de leis enunciadjis c m tcimos desses ob-tcivávcis. nossos esforços teriam um sucesso bem limitado. Poisai leis que sfto formuladas ao nível dq ubscrvuç.1o acabam porvaler de um modo apenas upioxlmado c dentro de certos l im i tes; recorrendo entretanto teoricamente a entidades e eventossubjacentes a superfície que noa c familiar, podemos chegar auma exposição muito mais compreensiva c multo mais exala.Poder-sc-ia mesmo por em dúvida que sejam concebiveis muo-dos mais simples onde Iodos oi fenômenos estivessem por assimdizer na superfície observável, onde ocorressem talvez apenasmudanças do cor c de f igu ia. dentro de uma estreita faixa aepossibilidade! e estritamente de acordo com algumas leis simples de foima universal.

O "STATUS" DAS ENTIDADES TEÓRICAS

Seja como for, foi descendo abaixo do nível dos fenômenosempíricos familiares que as Ciências Naturais conseguiram chegar às suas concepções mais profundas c de maior alcance; nãoé pois de surpreender que alguns pensadores considerem as estruturas, as forças e os processos subjacentes, postulados pelasteorias estabelecidas, como os únicos constituintes riais do uni verso. Esta é a opinião de Eddington na provocante introdução

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A s T E O R I A S E A F V P I . I T . . . . . T E ó R I C A 101

ao MU hvro Th e Naiurt oi lh e Physical World. Ed&ngtoacomeça dizendo aos leitores que , ao sentar-sc pa ra escrever.

aproiimou mas cadeiras de suas duas mesas , e passa a exporas diferenças entre as duas mesas :

Uma delas rac * familiar dride a infância. . . Tean exseavl io , í relativamente permanente, í colorida c. lobretuda. t• • • • o r i . . . A mesa o." 2 í a minha mesa cicalifica- £

lei ia quite que esclu<ivi mente de vawo Djipciui• M *aiio ciiâo numerout cargas elétr-cai movendo-tt coagrande velocidade; m» o (amanho lotai delas não cheg» abtLcsnma porte do tamanho da prOpiia mesa. (Enltfjato)••poeta o papel em que e«icvo lio latitiaioriamentc «ntvlo • •***> « • I: pois quando coloco a folha «obre esta, aá

•ama sucessão veriigtaoia dt choquei dai pariiculaa elétrica*cocara o verto, de modo que O papel fica pialicameMe DUDtido ao meimo nível como M fora um* pétrea Tudo

eKá em ubee te o papel etta equilibrado como *e cbvcaa*toexe um eniamc de moteas . . . ou te e*tS amiporque «liste uma lubilãncia embaiio dele. tendoé+è* intrínseca da uma tubatlncia a de ocupar

de outra aubuancia Nflo preetto dia»rna, usando uma lógica impi ativei e

eipmínc .a i . convenceu me que a minha•MM. a cientifica. * a única que realmente eati ali .

Nata fracM» acrescentai que a 1iuca modernaMf*ira «tconjuiar a peimena meia — cilianbode na tu reta exteeioi, de i matei» mentaii e deaianco — que permanece visível ao* meut olho» e t*aa)>«lao meu tato.1

Mas essa concepção, por mais persuasiva que seja a ssstapresentação, c insustentável. Eiplicar um fenômeno não é supr imi- lo . N ão í o objelivo nem o efeito das explicações teóricasmostrai que as coisas c os acontecimentos familiares à expcraêQ-cia quot idiana nao estão "realm ente a l i" . A teor ia cirtétsca d o s

gases cer tamente n ão mostra q ue n ão existem coisasc o r p o s macroscópicos gasosos que mudam de vo lumemuda a pressão, que se di fundem através daí pa redes po rosascom velocidades característ icas cie. e que " rea lmente" são apenas enxames de moléculas a zumbirem em movimentos caót icos .Ao contrario, a teoria admite sem discussão que existem essesacontecimentos e uniformidades macroscópicas e p rocu ra expuc i -los cm lermos de microest rutura dos gases e dos microprooes-

I A. S t » i f . f*r \ = - t et fhr FliyiKtí WvU INOvi T«t-arte*» Ua»cn*> hau. TO»I, pp B4IÉ (siilo na encUuJ); iiuds ce*nl*iniii4o U OaColac (JUVIIUí] f n "

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102 FILO SO FIA DA CIèíCCIA NATCIAL

s<» que estão envolvidos nas toas transformações. Que os ma-crofenornenos estão pressupostos pela teoria c o que se vê claramente na referência espocita que os seus princípios de transposição fazem a catacterisòcas macroscópicas — como a pressão, o volume, a temperatura, a velocidade de difusão — queestão associadas com ntacroobjctivos c macroprocessos. D omesmo modo , a teoria atômica da matéria não nega que a mesac um objeto substancia!. sólido c duro. não discute essas coisasc procura mostrar em virtude de que aspectos dos microproces-tos subjacentes a mesa eaibe aquelas características macroscópicas Ao faze-lo. a teoria pode. evidentemente, revelar seremenganos certas ooçoes particulares que poderíamos ter mantido

sobre a natureza de um corpo gasoso ou de um objeto sólido,como por exemplo a noção de serem esses corpos físicos perfeitamente homogêneo», por menor que seja a parte considerada,mas, ao corrigir concepções falsas co m o esta, estamos longe d ;pretender que os objetos quotidianos e soas características familiares nio estejam 'realmente a l i "

Alguns cientistas e alguns filósofos da ciência silo de opinião diametralmeaic oposta • esta que acabamos do considerar.Em I ú ú H H gera* , efcs segam a existência de "entidades toóri-e»s" ou acham que as hipóteses leóncas sobre elos lio f icçfle*

samente inventadas, que permitem uma concepção forte simples e conveme«emente descritiva c preditiva dai

coisas e dos acontecimento* obscrvávcri. Esta opinião foi sustentada óe varias raaneiras c com razões bem diversas.

U m tipo de coasaáeracio que influenciou os recente* **-tudo» filosóficos sobre a questão pode ser resumido da sejuintcmaneira: para que uma teoria tenha uma significação clara, osnovos conceitos teóricos usados na sua formulação devem serclara e objetivamente def.nidos em lermos de conceitos já dis

poníveis e comprtMaAdof- Mas, via de regra, tais definiçõesplenas nio são fornecidas aa habitual formulação de uma teoria e um exame lógico mais cerrado da maneira pela quat oinovos conceitos são ligados aos já disponíveis sugere que essasdefinições possam ser de fato inatingíveis. Mas, contínua o argumento, uma teoria expressa em termos de conceitos tão inadequadamente caracterizados deve, por sua vez, carecer de umasignJicação plenamente definida: seus p-rinciplos. que pretendemfalar sobre cenas entidades e ocorrências teóricas, não são ab-tohmmente enunciados precisos; não são verdadeiros nem fal

sos; quando muito formam uma conveniente e efetiva apare-

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As TEOMIAS E A EXPLICAçãO TEóKICA 103

Ihagem simbólica para inferir certos fenômenos empíricos (conto o aparecimento de raias características num espectrógrafo

convenientemente colocado) a pariir de outros (como a passagem de u m descarga elétrica através do gás hidrogênio).No próximo capitulo examinaremos melhor como se dc-

teimina o significado de um termo científico. Por ora. notemosapenas que a exigência de uma definição plena > demasiado severa. Ê possível tomar claro e preciso o uso de um conceito doqual não se lem uma definição plena, mss somente uma determinação parcial do seu significado. Por exemplo, a caracterizaçãodo conceito de temperatura pelai leituras de um termômetro demercúrio rio fornece uma definição gcial de temperaturai nadadiz sobre uma temperatura abaixo do ponto de solidificação ouacima do> ponto de ebulição do mercúrio C ontudo, dentrodesses limites, o conceito pode ser usado de maneira precisa eobjetiva. E pode MI aplicado além destes limites pela especificação de outros métodos para medir temperaturas. Outroexemplo < dado pelo principio de que • massa de um corpo einversamente proporcional à aceleração comunicada pela forcaaplicada. N io w define assim o significado pleno da massa deum corpo, rrias consegue-se uma caracterização parcial que per

mite a verificação de certoa enunciado* onde aparece o con-oriio de ma*». Analogamente, em qualquer scoria. os principio* de tiansposiçao fornecem critérios para o uso dos termosteóricos cm termos de conceitos já compreendidos. Portanto, aausência de definições plenas dificilmente poderá justificar acoacepção de que os termos teóricos r os princípios teóricosque os contêm sejam meramente dispositivos de computaçãosimbólka

Um segundo argumento contra a existência d; cntidadciiteóricas difeíc bastante do primeiro.

OuikjinT conjunto de fatos empíricos, por mais rico e variado que seja. pode cm principio ser subsumido em leis ou teorias muito diferentes. Por exemplo, podemos uair por curvasmuito diferentes, como vimos, os pontos representativos, numgráfico, dos pares de valores simultaneamente determinadospela experiência de duas variáveis físicas; cada uaia dessas curvas representa uma lei compatível com os pares associados efetivamente medidos O mesmo se pode dizer sobre as teorias.Mas quando duas teorias alternativas se aplicam aos mesmos

fenômenos empíricos — como o faziam as teorias corpusculare ondulatón;i da luz antes dos "experimentos cruciais'* do sé-

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104 FII-OSOFU DA C I I S C I A NATURAL

culo xix — a atam* "existência real" deve ser atribuídatanto ás entidades postuladas por uma como às entidades pos

tuladas pela outra; m s isso implica negar que essas entidades realmente existamEsie argumento nos obrigaria a dizer quando julgamos

ouvir um pássaro cantar que não devemos admitir a existênciareal do pássaro, pors o som poderia ser explicado pela hipótesede alguém estar assoviaado como um pássaro. Mas. evidente-mentç. existem maneiras de achai qual das suposições é verdadeira, se alguma o for. pois além de explicarem o som ouvido, as duas hipóteses (èra outras implicações qiK podemosverificar para sabei se foi "realmente" um pássaro ou uma

pessoa ou alguma outra coisa que produziu o som. Analogamente, como «itnos. as duas teorias da luz têm implicaçõesadicionais discordantes pelas quais podem ser. e o foram, submetidas a uma verificação que confirme apenas uma. f Vef*dade que a eliminação gradual de algumas das hipóteses outeorias rivais nunca poderá chegar ao ponto em que somenteuma delas fique de p i . nunca poderemos estabelecer com ctr-irza que uma teoria tesa a verdadeira, que as entidades queela introduz sejam rcaa. Mas reconhece-lo nio c revelar umafalha inerente as coastraçoti teóricos e sim registrar uma M -ractemtica que permeia wrfo conhecimento empírico.

Um terceiro argumento ainda (oi aduzido e, cm resumo, io seguinte: A investigação cientifica visa. cm última análise, auma descrição sisiemiiãca c coerente dos "fatos", dos fenômenos que prrcebcrnos pesos nossos sentidos Suai suposiçõesexplanatónas deveram, a ngor, referir-se somente a entidades e processos que foascaa pelo menos fatos potenciais, isto é.potencialmente aoeasftcss aos nossos sentidos. Hipóteses e teorias que pretendem ir atem do» fenômenos de nossa experiênciapodem, quando muito, ser uteo artifícios formais, mas não podem representar aspectos do mundo físico. Foi com razõesdeste jaez que o eminente fisico-filósofo Ernst Mach. entreoutros, sustentou que a teoria atômica da matéria forneciaum modelo matemático para a representação de certos fatos,mas que nenhuma Teaiãdadt" física podia ser atribuída tosátomos e às racíecuías.

Já observamos, entretanto, que se a ciência se limitasse

ao estudo dos fenômenos observáveis, dificilmente Sena capazde formular leis gerais expsanatórias com a precisão- e o alcan-

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As TEORIAS E A EXPLIC AçãO TEóR IC A 105

cc dos princípio» que se referem a entidades subjacentes te mo as moléculas, os átomos c ai partículas subatômicas. E seCSKS pilncíplos 180 verificados e confirmados essencial mentedo mesmu modo que as hipóteses referentes a coisas e eventosmais ou menos diretamente observáveis ou mcnsurAvci», parecearbitrário rejeitar como fictícias a* enlidudes postuladas leorica-incnle.

Mas, afinal, existe ou nao existe uma diferença importante entre os dois níveis? Suponhamos que se queira explicar ocom porta inento de uma "caixa preta", que responde 4 diferentes "entradas" com "saídas" especificas c complexas. Poderíamos -IVIIHJI uma hipótese sobre a csirulura interna da caixa

— talvez um mecanismo com rodas, engrenagens c catracas,talvez um circuito com bobinas, válvulas c pilhas. A hipótesepoderia str verificada variando os "entradas" e conferindo ascorrespondentes "saldas"; ouvirão os ruídos produzidos pelacaixa etc. Mus se as componentes da estrutura imaginada forem iodas macroscópicas e, em principio, acessíveis A observação. rcsUiá aempre a possibilidade de ubrlr a caixa c verificara hipótese por inspeção direta. Essu inspeçlo dircu t quenlo c possível quando a caixa í- um [ t i c 1 relaçio "entrada"-"aalda" é u obtervadu mire as variações de pressão e a* corres

pondente» mudanças de volume sob temperatura constante e* explicada pelo comportamento de micromecanismos moleculares.

N io í verdade porem que a distinção seja tio clara c convincente como parece, pois a classe de observáveis a que serefere não é delimitada de maneira precisa Presumivelmenteela deveria Incluir todas at coitas, todas as propriedades c todos os processos cuja presença ou ocorrência pudesse serconstatada por observadores humanos normais "imediatamen

te", sem a mediação de instrumentos especiais ou de hipótesese teorias interprelalivas. A» rodas, as engrenagens t as catracas do nosso exemplo pertencem certamente a essa classe,assim como os seus movimentos solidários. Observáveis lambem neste sentido sao os fioa c as chaves do nosso outro exemplo. Mu* surgirum dúvidas quanto A classificação de coisascomo as válvulas. Inegavelmente, uma válvula e um objetofísico que pode ser "diictamenic" percebido; mas quando nosreferimos a uma válvula {como poderíamos ter feito na explicação da comportamento da caixa preta) estamos pensando

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106 FILOSOFIA DA G è N C I A N A T U R A L

num objeto que tem uma estrutura física característica; podemos perguntar então se uma válvula é observável neste sentido, se a propriedade de ser uma válvula é contestável pela observação imediata. Sabemos que n&o o é. pois a propriedadede ser uma válvula, de Funcionar convenientemente como wadmitiu na hipótese sobre a caixa preta, só pode ser verificadapelo uso de insiiuinentos cujas leituras para serem significativas pressupõem leis e princípios teóricos da r-ísKa. Mas separa caracterizarmos um objeto como uma válvula temos queir alem do reino dos observáveis, o exemplo da caixa preta perde a sua força.

De reslo, o argumento poderia prosseguir numa direção

diferente. Quando dizemos que um fio no interior da caixapreta í um observável, ccnamcnle não queremos dizer queum f io f ino tramioimou-sc numa entidade fictícia porque avista cansada nos obriga a u*ar óculos para vi -l o . Mas entàoseria arbitrário classificar como fictícios objetos, como um fiocapilar ou uma partícula de pó. que só são visíveis ao olhohumano munido de uma lente. E pela morna rai io leremosque admitir a existência de objcios que só podem ser observados com auxílio de um microscópio, logo depois a do objeto» que só podem ser observados por meio de contadores Gci-ger, câmaras de bolha, microscópios eletrônicos c outros instrumentos.

Há assim uma transição gradual entre os objcios macroscópicos da experiência quotidiana e as bactérias, os vírus, asmoléculas, os átomos e as partículas subatômicas; qualquerlinha traçada para djvidi-los em objetos físicos reais e entidades fictícias seria inteiramente arbitrária.'

EXPL ICAçã O E " R E D U ç ã O A O F A M í L I A * "

Diz-se às vezes que as explicações científicas efetuam aredução de um fenômeno enigmático, scnâo estranho, a fatos cprincípios com que já estamos familiarizados. Sem dúvida, esia

1 Nona dnnuto da M-tfui d» «wididn MOrim llmliou-t* » COMidctutia* ítrunii MMBM MMCM impara*"** Um cuudo iu» o—ipkm < m u*pinttrinii. i n a tomo retnínciai 1 liKtMMi* idiiunil. e*caKii-w no> i«f». S

•» da '.

Nivr l . !'•Scníiuti o) Stimtr Ot*fi obn wliMlinlt mtt I I I I I

•MM »Hllir i i J. I. C. Sn*H. pAdOw t/ tud Surml/tr MrMsm I IRcuikó» i*d K<((n Flui U d : Non V o u . T u Mum.mi— F m i . I*MI.

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As TEORIAS E A EXPLIC AçãO TEóRIC A 107

caracterização se adapta perfeitamente bem a alguma» explicações. As explicações pela teoria ondulatória das leis de ópiicapreviamente estabelecidas, as explicações trazidas pela teoriacinclica dos gases e mesmo os modelos de Botir para os átomos de hidrogênio e de uulros elementos invocam certas idéiascom as quais estamos familiarizados pelo uso na descrição cexplicação dos fenômenos a que estamos acostumados, taiscomo a propagação de ondas na água. os movimentos c ascolisões de bolas de bilhar, os. movimentos dos planetas cmtorno do Sol. Alguns escritores, entre os quais o físico N . RCampbell, chegaram a afirmar que para uma leoria ser de algum valor deve "rcvçiar alguma unalogia": as leis básicas queos seus princípios Internos especificam para as entidades c

os processos teóricos devem ser "análogas a algumas leis conhecidas", corno por exemplo as leis para a propagação dasondas luminosas são análogas (porque têm a mesma forma matemática) às leis para a propagação das ondas na água.

Contudo, esta opinião não resiste a um exame mais demorado. Antes de mais nuda, cia Implicaria u idéia de que oifenômenos com os qunis já estamos familiarizados não precisam ou nilo suo suscetíveis de explicação cientificai na verdade,

i ciência procura explicar fenômenos "familiares" como a sucessão regular do dia o da noite c das estações, as fases da Lua,o relâmpago c o trovão, a disposição das cores no arco-írisou nas películas de óleo, c u observação de que o café c o leite, ou a areia branca i ,\ areia preta, uma vez misturados, nãomais se separarão . A explicação científica nJio visa criar umsentimento de familiaridade com os fenômenos da natureza,liste é um sentimento que pode muito bem ser evocado porinterpretações metafóricas sem qualquer valor explicativo, como a da gravitaçlo pela "afinidade natural" ou a dos processos biológicos pela obediência a forças vitais. N ão é «Ia espécie intuitiva e altamente subjetiva de compreensão a procurada pela explicação científica, e particularmente pela explicação teórica, mas uma visão objetiva, que se alcança poruma unificação sistemática, pela revelação de serem os fenômenos manifestações de estruturas c processos comuns queobedecem a princípios específicos e que podem ser verificados. Se essa concepção puder ser dada numa conecituaçãoque revele cenas analogias com a dos fenômenos familiares,

tanto melhor.

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I ( * F O O S O í U OA O í N C U N m u

Se não for. a câêncã não hesitará em cipücai n o n o oé fiMinr por orna redação «o que nio c familiar, BJC-

. c princípios novo* qae podem de inicio cao-* f ° — i*»iÇ*o> E o que aconteceu com as

. «çlicaçõc» da teoria da relatividade referentes àrelatividade do comprimento, da massa, da duração temporale da Bmultaneiclade; c o que acootcccu também cona o priao-P»Ai ie«r tea em mecânica quãnbca e a reoúncia desu a t mconcepção estritamente carnal dos processos que envolvem indrri-dualmente as paxrioilas elementares-

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F O R M A Ç Ã O D E C O N C E I T O S

D l M N v Ao

Os enunciado» científicos sio tipicamente formulados emtermo* especiais, (aii como  'ma.ua', ' fo iça ' , 'campo magnético','entropia', 'espaço dai fases* etc. Paia <|ue esics lermos sirvam•o f im a que K destinam seus significado* devem ser determinados de modo a astc|urarcm aos enunciados resultantesuma verlficaotlidadc apropriada c uma aptidão a serem usadasnai explicações, rui piediçoes e nas ictrodtçoci Nesle capitulovamos ."i i ihli i i iomii Hs.i . I.nQ

Para este f im, m i convtnknte distinguir claramente entieconci l io* , lan como os de mana. força, campo migneiico ale..• o* Urmtm conespondenlci, lilo *, ai expressões vertais ouumbòltcai que representam aqueles conceitos. Para noa « f e -nrmoa a termos particulares de qualquer outia natureza, pre-cisamot de nomes ou de designações para eles. De acordo coma convenção seguida em lógica e Filosofia analítica, formamosum nome ou designação para um termo colocando-o entre aspasasklijUl. GOMO faemos na primeira sentença dctta icçló a u mén-ckmaraao* o» termos 'massa*, ' força' etc Nos nos ocupare

mos, en i lo , neste capitulo, com os métodos que especificamos significados dos termos científicos e com as exigências aque esses métodos devem satisfazer.

Pode parecer que destes métodos o mais óbvio, e talvez oúnico adequado, seja a definição. Convém pois examiná-loimediatamente.

As definições rio propostas çom um ou outro de doisfins bastante diferentes, a saber:

a) enunciar ou descrever o que se acciu como significado, ou como significados, de um termo já em uso;

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110 F I L O S O I U D A C I ê N C I A N A T U R A L

ft) atribuir, pot c&tipulação, um significado especial adado termo, que pode ser uma expressão verbal ou simbólicanunca vista (tal como 'pí-meson') ou um "velho" termo que

deve ser usado num sentido técnico especifico (como. porexemplo, o termo 'estranhera' é usado na teoria das partículaselementares).

A* definições que servem ao primeiro- propósito são chamadas dcfcriiívos; as que servem ao segundo propósito sãochamadas enipulalivas.

As do primeiro gênero podem ser enunc.adas na forma

Km o BHirnu MfnficaJU q>

O (ermo a ser definido, ou o detinitnáum. ocupa o lugarda linha cheia á esquerda; a expressão definidora, ou o de-finiens, ocupa o lucar da linha fragmentada à direita. Exemplos de definições descritivas- são:

'Menuvt' Icm o mesti» •ifnífiiado d* 'ciiinça do «in nuvn i n o ' .ApovJmir um o nttmo iifmfiíjilo d* "inflamação dn

& mu i finem' l«m O intimo • i jni l imdi ' d» 'nfimrntki »onnnto icmpo*.

Definições como essas visam analisai o significado aceito deum termo c descrevi-Io com auxilio- d< outros lermos - - cujossignificados d.-vi-m emiar prciiamcnlc com prendidos para quea definição sirva ao seu propósito. São definições descritivasque chamaremos mais especificamente de «rV/imcõVr anatiiiau,pois, como veremos no proaimo capitulo, existem enunciadosque podem ser considerados como definições descritivas detipo não-analilico: determinam a extensão de um termo, bsio é.o seu domhio de aplicação c não a sua intenção, isto c. o seu

significado. Quer de uma, ujacr de outra espécie, as def.ruçõcsdescritivas pretender» descrever certos aspectos do uso consagrado de um termo; pode-se. por i no , direr delas que sãomais ou menos precisas c. mesmo, verdadeiras ou falsas

As definições estipulativas, por outro lado, servem paraintroduzir uma expressão a ser usada cm certo sentido específico no contexto de uma discussão, de uma teoria ou de algosemelhante. A elas pode ser dada a forma

• • deve K( o momo s iruficsdo q u : -

ouPoc • • • • enteodarrws a meiira coita que rxir

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1'OKMA AO Dl'. CONlültOS I I I

A i expressões a esquerda c a direita i&o aqui lambem chamadas o definicndum c o definieits, respectivamente. A * definições ictuliiinici lím o caráter de citipulaçoc* ou convenções, que evidentemente nio podem ter qualificada* como verdadeiro* ou  fiih.it O i exemplo* seguinte* ilustiam diícrenlcimodM M que ela* *e apresentam na l i l c ra lu i * ck r i l l f ka ; cadaum dele* pode fiicilmenic wi po*to numa da* formai-padrfloque acabamo* de mencionar.

Uwmoi o (ermo 'acolla' «mo ii»cvi»i*<> paia 'falia d*«vif\io Nlmr".O teimo 'drniiiInoV Min irtT.a itWVlialfl ilí 'mnu BOIunidndf ik volume'.

Por |>ldo fiuawlfi *r t íltlrdllt» qun roínwf him o> Kl-d(0|llni<iPtrlktllM ti' Mff l m o • número ib ni.i-iii um terão i imnuiUt ntuiionv

Um termo definido anulltka ou convencionalmente pode*er sempre tubaifiuido numa sentença pelo teu definltm. trans-foimamlo a sentença numa equivalente que nlo contem innli ot r tmo. Por exemplo, a sentença 'a dcnikladc do ouro c maior

Sue a do chumbo' pode icr traduzida em 'um dado volumeo oum tem maior maiiu que o IMM10 volume du cliumho'.

Ne*to acntldo, como nbaervou Quine, definir um Icim» 6imiiti.ii L.MII . i vitJl IoA liijuirçfto 'Define oi leu* Ic i ino t l ' tem a aurcola ito um

tolldo preceito cientifico; com efeilo, pude parecer que, idoal-mente, eada teimo uudo numa temia cientifica nu num dadoiiimii da Ciência deva icr definido com proeiiao. Ma* l»*o tlogicamente lnipn**fvel, pol i , apni uma delinkJio, lerlamo*. porM" ' " vi'/, que definir enda louno uindo no áttMrm a cutlnde oul io* Icimoi e attim por diante, tem nunca "cair numcirculo vicloto" , isin c, um nunca definir um termo a cuiu

de outro |4 utado anteriormente. Fxcmplo de um "circulovicioso" ler-w-ia na seguinte »eqUíncin de definiçoe», onde afraic 'deve ter o mesmo lignificado de' está mbitiiufda pelosímbolo ahreviatorio ' - w ' :

Viimicu' mm 'menino ou menina''menino' =m 'chanca do seio masculino''menina' —u 'iriancB, mas nio menino'

Para dcteiminar o significado de 'menino', podeilamo* subiti-tuir o termo 'criança' na segunda definição por seu dejintenicomo esta especificado na primeira. Mas assim fa/endo obtc-

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112 FB-Oson» DA C I ê N C I A N A TU RA L

rfaimy a expressão 'menino ou menina d o seio mascul ino 'que define o termo 'metano' à ctsta de si mesmo (c de outrost e r m o s ) c , p o n i n : o . frcrassa no seu intento. A mesma difi

culdade surgiria te peceurássemo* na terceira definição o signif icado de nmuaa*. A nuca mineira de escapar a esta dificuldade, obedecendo ao preceito de definir cada t e rmo de umdado s is tema, é a de moca usai num deiimrfis um te rmo quejá lenha sido definido anteriormente na seqüência. Mas nestec a i o . a seqüência nunca chegai** > um fim. pois , p o r mablonge <\me te tenha ido , ficaria eor definir os termos usados noúlt imo átfmeiu. d que por htpMese eles nio foram definidosantes. Esta obediência ao precei to por meio de uma serieinfinita de definições seria na reaí»dade um a desobediência, poisnossa compreensão de ara termo dependeria da do seguinte,que por sua » « dependeria da do seguisse e assitn por dianteindefinidamente, de modo que ararium te rm o ficaria realmenteei pi içado.

Nem iodo termo de um interna cientifico, portanto, podeser definido à custa de outros lermos do sistema: u m que haverum conjunto de teimo*, chamados primitivos, que não. recebem dVfmiçao dentro do sistema e que servem de base paradefinir iodos m outro* lermos. Isso c levado em conta de um

modo muito c laro na formulação aaiomática das teorias matemáticas, conto , por e i emplo . Ms diferentes uiomaüxaçoetm odern as da Ge om etria euclidiana uma lista de tetmos primitivos í eipucsument: especificada e todos os outros termo*t i o int roduzidos por "•*"— de definições estipulitivai queFCCOfldujeat a expressões onde *o figuram termos primitivos.1

Osaaso aos lermos usados numa teoria cientifica, convém lembrar aqui que . como f icou sugerido no capí tulo 6 ,eles podem ser divididos em duas classes: a dos termos propriamente teóricos, que são característicos, da teoria, e a dostermos- nré-teóricos, de antemão disponíveis. Alguns dos lermosteóricos são óeiuudos i custa de outros, exatamenae como numa

•sateusí t ica: en> Mecânica , a velocidade c a1 d e asa p o n t o material são definidos como a primeira

a te r radas da posição desse ponto ean relação aotempo; cm teor ia a r r a i e s , um deuteron pode ser def inido como

I UKOFO A n^ i M*W n | um <• ruwia « oaoacão- S IVaSM. ( M w M •» •**•*• n " " . 9* U-M. AJAI

iunAí fati a n - 1 « • lill f i o . A# A !"-»• »•*"»"• A* M<

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hORMAçAo IIE CONteiTOÍ 11}

o núcleo do isótopo de hidrogênio cujo número de massa é 2 ;ele. Tais definições desempenham um papel Impoiianlc na formulação c no uso da (cotia, mas slo incapazes de dar conteúdo

empírico aos lermos definidos. Para esle fim, são necessáriosenunciados que especifiquem os significados dos. lermos teóricos por meio de expressões já compreendidas, que possam serusadas sem referencia à teoria. * que são precisamente ostrrmiw que- havíamos ili.mi.nli de PfiMcóricoi. Aos enunciados,que assim determinam o significado dos "lermos característicos", isio é. dos termos propriamente Icórlcos tlc uma dadaleona, por meio de um vocabulário pre-teorico. isto c, previa-mente disponível, nós chamaremos de "WtíOtfúl interpreta-i"i" F-xamincmos mais de perto o caiiler dessas sentenças.

DKCINIVúI-S OPERACIONAIS

Uma concepção muito particular do caráter das sentençasIntcrpretatlvai foi upicteiiiuilii \K\» tliumuda escola operado-insta que surgiu da obra metodológica do físico P. W.Hrldgmun.' A idéia central do operacionismo c a de que osignificado de cadu teimo cientifico deve ser drlirminado pela

indlcuçlo de uma operação bem definida que forneça um critério para sua aplicação. Ksses critérios 1A0 multai vozes chamados de "definições operacionais", Se slo ou tüo definiçõesno semiilu esliiln, <" uma quesiàü que considmrcmui mais. lardc.Primeiro, vamos ver alguns exemplos.

N o infeio da investigação química, o termo 'ácido' poderialer sido "definido opcracionalmcnlc" do seguinte modo: paraachar K O lermo 'ácido' se aplica a um dado liquido — istoc, se o liquido c um ícidn — coloque-se nele uma lira de papel

de tornassol azul; o líquido c um ácido se e someme se o papelvirar vermelho. Eslc critério indica uma bem definida operação de teste — a de inserir o papel a/ul de tornassol — paraachar se o termo se aplica ou nlo a um dado liquido, c menciona um resultado de teste bem determinado — a mudançapara o vermelho da cor do papel — que devj ser considerado como indicando que o lermo se aplica ao líquido dado.

I A pfiimlia (ipouglo. «o» il»"(i. di fUidaiun i-i" <n u ' .n. Ito

logv ei Mdil"<> fA,wi (NOVJ Voi»; 1W Miimlllin Coropin». IWÍ).

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114 F I L O » * ! » D* Cabacu N A T V K A L

AMiopmcMe. o m o "•»» daro osse* apicado a *W-awrajs peóz ser caracterizado u f n r i a a i l i f K c o n vera*:para dcfcrnm: se o • • m l m, i amais daro çae o amenl• i j . faz-se passar aau ponta fpta de ar», sob pressão, ao

•puS.iL ée sana a i aura de «*i 1 oprração de teste);«•i c aa» dar* aoc afl» K • 10—fie se a amostra

ficar amaanáa tmmtiáj especifico do teste).

At e u u i dr fMu"í*».i CMC aâo fasen ntrartn fTpaítiia deoperações c d : iriafcaaüs pode* ser facdaaestte postai emforau de M U d r i u a — J L J J opnaciomL for campio. catacaracterização de B M mâ: barra de fcrro< oa Je aço cujasesmaidades atran» c s e r r a a lãataata de (ore*. Uma•ersão expbaUrBeate oavracnanU rezaria para achar se o

se aplica a aaaa dada barra de ferro m de aço.n u l a dj ferro peno drta Se a batalhi for atraída

petas eatrr—djcWs da barra c ficar agarrada a das, a barrac aaa i - l

O tamm HwaánaWa toa aoMOs ires

l aaaez oa de

O pR-•er tcrãado

•a caracterizarão de trrsaoa COSK> •«•pn—calo'. 'ataaaa', •**-soedade. -amprraaan-. carpi dãnca' e ladloapa. qwc repre-«eataaa coaceilos awaaaitatrwas ai—nsr*n valores rsaaacricoi. Adei«açio opcraooaal c catão cotfccbida cosas a especifica^ãoée aaa prw;ed—:aao para BtUfíair o «ator auaacnco deM M dada aaBUkãdadc «aa caaos paracatarii: a» dcftaiccVi opc-nootais loauai o cuMet oV repras de ascdãcâo.

Abi» c (MT aaak aanatao opcracwaal de 'i naaawaan'

da durai n eatre dos poaeos raapruaaluaaa aVfaação nfrrmrioail de "•••p eranara" descreverá COBROa leaaperatara ée aaa corpo — por exemplo, um líquido —seria rinrranBBáa par aano> de ü " terasoiretro de aautário.e w.—: par ; . . - : ;

O prcetdmctu operacjoaaJ —rfinanto eaa eputauer òefi-racao operacãaaal dr*e ser Nieaaãdn de tal forau que possa

ser ctemtaao por «aaleoer obamador cosnpcteate r que o

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FODMAçAO Oi C O M C í I I O * 115

multado possa ser objetivamente assegurado, sem depender essencialmente de quem realiza o exame. N ão seria permitido,por exemplo, para definir o termo 'mérito estético' cm relação

a M I quadro, usar este preceito operacional: contemple a pintura c anote numa escala de I a 10 o grau que melhor lheparece indicar a bete» da pintura.

Insistindo cm inequívocos critérios operacionais de aplicaria pira todos os termos cientificai, procura o operacionismogarantir a venficabilidade objetiva de todos os enunciados científicos. C onsideremos, por exemplo, a seguinte hipótese. 'A'(agilidade do gelo aumenta quando a temperatura diminua ou,nuit precisamente, de dou pedaço* de grlu de lempcraiui»

diferente», o de temperatura P9M ham í mais frágil que o outro'e suponhamos que tenham sido especificado* procedinlentosoperacionais adequados para determinar se é gelo uma dadalubslãncia e para medir, ou pelo m.-nos comparar, as temperaturas de diferentes pedaço* de gelo A hipótese ainda n.loKm significarão clara ainda nío mndu/ a implKaçàc* verifi

cável! bem definidas a menu* iiue ir disponha também decritério* claro* para • comparação de fragilidade Impressõestomo inait frágil q«.-' ou li.-.rim' fragilidade' parecem Kl

intuilivamrnlc il'i'i mas isso n**i baila para totná-lat «cri-i**i-i* para UMI cientifico. Mas i. for fornecida uma regiaoperacional da aplicava» para **vr* termo*, a hipótese tornai w-a verificável no icniido que unhamos cüiuidcrudo. Podemos entlo direr que uma escolha apropriada de critério»operacional* de aplicação para um conjunto de termos garantea veriíicabtlidade do* enunciados em que «Ias ocorrem '

C orreia!ivaniinlc. arguem oi opera. mniaUi. o um de lermos deiprovidoi de definição operacional — por mala intuiu-

vãmente claros e familiares que possam parecer — condu» aenunciados e questões sem significação Assim, a hipótese considerada anteriormente de que a atiaçio gravitacional é devidaa unu afinidade natural subjacente, e desprovida de significaçãoptxuuc nenhum cntéuo operacional foi fornecido para o conceito de afinidade natural. Assim, também, face u ausência decritérios operacionais para o movimento absoluto, fica recusada

> E u « mirado n-utio I (ariu « m I M I U í I . Wi •• «u- P»

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I I ' . F I L O S O F I A DA C I È K C U N A T U R A L

como sem significação a ques tão de saber s t t i T e r r a ou oSol que " r e a l m e n t e " esiá em m o v i m e n t o .4

Essas idéias básicas do operacionísmo exerceram conside

rável influência no pensamento metodológico em Psicologia cem Ciências Socia is , onde se acen tuou a necessidade de es tabelecer critérios operacionais claros para os te rmos empregadosnas hipóteses o u nas teor ias. Hipóteses c o m o a de que os maisinteligentes têm tendência a serem emocionalmente menos es táveis, ou c o m o a da habil idade matemática estar for tementecorrelacionada ã habi l idade musical , não podem ser objetiva-mente verif icadas sem critérios claros de apl icação para os ter mo s consti tuintes. Para esse fim não basta ter uma vaga compreensão intui t iva, que q u a n d o m u i t o pode sugerir meios para

determinar cr i tér ios objet ivos.Em Psicologia tais critérios s i o comumente formulados cm

termos de testes (de intel igência, estabil idade emocional , habil idade matemática e l e ) . Em l inhas gerais , o procedimento operacional consiste em administrar o teste de acor do com espec i -

o resul tado soo as respostas das pessoas submet idasou , em regra, um a avaliação qualitativa dessas respos-

d e m o d o m a i s ou menos objet ivo e mais ou menosN o te s te de R o n c h a c h , por exemplo, casa avaliação se

apoia mais na competência para ju lgar , gradualmente adquir idapelo intérprete, c menos cm critério* explícitos e prec isos quea avaliação do teste de Stanford-B-inct par a a intel igcncia, o deRonchach é. por isso, menos satisfatório que o dV Stanford-Bmct do p o n t o de vista ope racionista. Algum as dai principaisobjeçôes que foram levantadas contra a especulação psicanali t icasão concernentes á falta de adequados cr i té r ios de apl icaçãopara os termos psicanalíticos e as concomitantes dif iculdadespara t i rar das hipóteses, em que f iguram, alguma implicaçãoverificável e inequívoca .

Os avisos assim lançados pelo operacionismo foram nit idamente est imulantes para o estudo filosófico e metodológico daCiênc ia , além d e exercerem uma forte influência sobre os métodos de pesquisa em Psicologia c em Ciências Socia is . Mas,

ver agora , a reconst rução operacionista do cará ter

1 A am meiüo. •• «tOei I i 4 U <IT U df Honoa r Hnlln. ímn->f Ms**» Nitnitl >.-•-.-< IOIKCCIB «cnplnt ( cnmti.» tdklonin

H**n O fclior poor *<hai lamAtm «umgtm n a w i . «s po«o da*~a «D íattnaapmo ( Oi niifi"» * N r i M M a t « "»pi*»iij m i l l i iSM fBIULMMI OHíIíJ*. j,ut BiiUim-f. pit-pV QMIC ml fim t e uo. 1 4cr»« Uf» oi UO*T* rhiUti

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FORMAçãO m CONCEITOS 117

empírico da Ciência, demasiado rcsiriiiva, Icndc a obscurcccr o*aspectos siíiemíticos c teórico* dos cortcdlPi científicos C aforlc interdependência da formação dos conceitos c da formaçãodai teorias.

IMPORTâNCIA SISTF.MáIKA V PMI'I«ICADOS CONCP.ITOS CIENTíFICOS

O operacionismo sustenla que o significado de um termoesta" completa C exclusivamente dctciminado pela sua definirão

operacional. Assim, diz Bridgman; "O conceito de comprimento esta portanto estabelecido quando eslão estabelecidas uoperações pelas quais se mede o comprimento' isto é. o conceitode comprimento contem tanto e nlo mais que o conjunto dasopr rações pelas quais, w deicrmina o comprimento: o conceitot sinônimo com o correspondente contanto de operações."*

I-Sla coiufpv*" implica i|uc um IctinO dMttOO "'• MMsignificado dentro da faixa dai situações empíricas em que podeser executado o procedimento operacional que o "define". Suponhamos, por exemplo, que se construa a Física a partii do

marco zero, por assim dlrcr, c que se intioduxa o termo "comprimento' por referência à operação de medir o comprimentode distancias relllfncas com regua* rígidas. N enhuma significação scfi cnlâo atribuída a quwiãri 'Uu.il  é o comprimentoda circunferência deste cilindro?', nem a qualquer resposta aela. pois a operação de medir comprimento com léguas rígidas retilíncas é evidentemente inaplicávc! ao caso. Para queo conceito de comprimento lenha um significado definido nestecontexto é preciso especificar um novo critério operacional.Isso poderia ser feito estipulando que a circunferência de umcilindro deva sfi' recoberta com um fio inextensivel e flexívelbem ajustado a cia c em seguida medindo com uma regualigida o comprimento dü fto retificado. Analogamente, o nossométodo inicial de medir comprimento n&o pode ser usado paradeterminar as distâncias de objetos extraterrestres. Enunciados sobre essas distâncias só teráo significado definido, segundoo operacionismo. depois de serem especificada* operações apropriadas de medic ío. Uma destas poderia ser um método ópticode triangulação semelhante ao usado nos levantamentos topo-

í Biidww. IW "*« «T ««O"-" ritma. f J (o p*0 ( «r B(i?|m.- |

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111 FllOSOflA DA CrfNCU N A T U I A L

gráfico»; oatn poderá ser a medição do tempo decorridoentre a cnsrssao e a recepção de nan sinal de radar enviado ao

objeto eatraierrestre e por este refletido.A escolha desses critérios operacionais estaria nat arai-mente sujeita a uma condição importante que poderíamos chamar o requinto de eonno r n o u : sempre que dois procedimentosdiferentes forem aplicáveis devem fornecer o mesmo m t t i l r "

se a distância entre (Sors marcos num terreno forpor reguas rígidas c por triangulação ópt ica, osassim obtidos devem ter iguais. E, se uma escala

de temperatura :i>rr sido "dcfnwda operacionalmente" pelasleituras de um termômetro de mercúrio e, em seguida, pro

longada para baião usando como corpo lermomctricoi o álcool,que tem um ponto de congelamento muito mais ba i i o . lemosde nos certificai que. dentro do intervalo em que ambos oslermometros podem ser usados, eles dão as mesma» leituras.

Ora, segundo Bridgman. duxr que duas operaçâcs de medida l ím os mesmos resultados no intervalo de comum apu-caNlidade c farei uma generalização empírica que mesmoapoiada em leites cuidadoso* poder* ser falsa Por este mo-trvo Bndmnu tmuenu «jue sena -pengo to " coosidetar oa doa

procedimentos operacionais como determinando o mesmo conceito crnerios operacionais diferentes deveriam ser considerados com o caracterizações de conceitos diferentes a que. de preferencia, deveriam corresponder termos diferente». Asma,para nos referirmos as quantidades determinadas 4 custa deréguat c de triangulação óptica deveríamos usar os ternos 'cosst-pnmcnio tanã" e "comprimento dpòco ' . respectivamente Analogamente, deveríamos distinguir entre mercúrio-tcrnperaiura eákool temperatura

Mas, como vamos ver agora, esta conclusão drástica está

longe de ser autorizada pelo argumento, que exagera a necessidade de uma inequívoca irXcrpretação empírica <Jos termoscientíficos e nio leva na devida conta o que chamarem M deimportância sistemática deles. Suponhamos aceita. Conforme opreceito de BrWigman. a distinção catre comprimento tanl ecom primi nto óptico e. depois de caãdadosa experiência, estabelecida conso k i putativa a igualdade numérica entre os doiscomprimentos era qualquer intervalo físico a que ambos os procedimentos de medida tenham sida aplicados. Se sç descobrir

que sob novas coooacoes os dois rxocedíraentosa resultados diferentes, a lei putativa tecia de ser

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FO RM AçãO DE CO NCEI TO S 119

abandonada, mas continuar-sc-ia a usai os (cimos 'comprimento:•'...' e 'comprjmcnlo óptico* sem mudança d ; significado.

Mas qual seria a conseqüência desta descoberta de casosdj discordância se. contrariamente ao preceito de Bridgman.os dois procedimentos operacionais tivessem sido coacebidoscomo diferentes maneiras de medir a mesma quantidade, designada simplesmente como 'comprimento"1 Não havendo maisconsistência entre os dois procedimentos, um dos critérios teriade ser abandonado: o termo 'comprimento' continuaria a serusado, mas com uma interpretação operacional modificada.

Portanto. Tosse pelo abandono de uma lei putativa. fouc

pela modificação da interpretação operacional de um lernto.sempre poderia ser feito um ajuste aos resultados empíricos discordantes.

Além disso — e esta é uma objeção muito mais síria —seria dif íc i l , senão impossível, aderir estritamente ao preceitod : Bridgman A medida que vão .tomando corpo ai leis e eventualmente os principio* teóricos numa área cm investigação,seus conceitos vlo-se ligando de vários modos enlie si e comos conceitos previamente disponíveis. F. esses vínculos fornecem muitas veies critérios "operacionais" de aplicação inteiramente novos. Assim, as leis que vinculam a resistência elétricade um metal k sua tcmpcraluia permitem a construção de umtermômetro de resistência; a lei que relaciona a temperaturade um gás á pressão constante com o seu volume é a base deum termômetro de g l s ; termel é um aparelho que mede temperatura usando o efeito termoctétnco; o pirometro óptico determina a temperatura dos corpos muito quentes medindo o brilhoda radiação que eles emitem: e as leis c os princípios teóricosfornecem uma ampla variedade de maneiras para medir distân

cias: o decréscimo da pressão atmosférica com a altitude é abase dos altúnctros barométricos. usados nos aviões; distâncias submarinas são freqüentemente medidas determinando otempo de percurso de sinais sonoros; pequenas distâncias astronômicas sâo medidas por triangulação óptica ou por sinais deradar: * distância dos aglomerados globulares de estrelas e dossistemas galiticos c inferida, segundo leis, do período e dobrüho aparente de certas estrelas variáveis nesses sistemas; e amedida de distâncias muito pequenas pode envolver o uso, alémde pressupor a teoria, de microscópios ópticos, microscópioseletrônicos, procedimentos cspectrográficos. métodos que empregam a difração de raios X c vários outros O preceito suge-

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120 FILOSOFIA D* CIENCIA. NATURAL

rido poc Bridgman DOS obrigaria a distinguir uma variedadecorrtspoodentc de conceitos de temperatura e de comprimento.E ainda assim a lota estaria longe de ser completa; pois arigor o uso de dois barômctros. diferindo de algum modo nafabricação, para medir ÜDrtfci — ou de dois microscópiosdiferentes, para determinai o comprimento das bactérias — deveria ser considerado como determinando dois conceitos diferentes de comprimento, de vez que os detalhes operacionaisnao seriam exatamente os mesmos. O preceito operacionalistaem pauta nos obrigaria assim a provocar uma proliferação deconceitos de comprimento, de temperatura c de todos os outrosconceitos científicos, nao só praticamente intratável, mas teoricamente interminável. E isso seria renunciar a um dos princi

pais objetive* da Ciência, que c o de atingir uma. descriçãosimples e sistematicamente unificada dos fenômenos empíricos

A sistema tízacaV> emáhct requer o estabelecimento dediversas relações, por leis ost priiKÍpios teóricos, entre os diferentes aspectos do mundo empírico que sio caracterizados pelosconceito* científicos Estes slo como que oi nó* de uma redecujos fios lio formado* pelas lei* c peto* principio* teórico*.Um desses nos., por extmpkx t o c•aceito de temperatura,

ligado ao» outro* nó* por "fu* nõrnico*", doa quais lazcmparte ai leis que formam a base do* diferentes método* ternw-metnco* Quanto maior for o número de fio* que terminamnum *ó conceptual tanto mais forte será o papel sistcmaüzador,ou a importância sistemática deste. De resto, a simplicidade aosentido de economia de conceitos é traço importante de umi boateoria científica. Pode-se duxr. cm linhas gerais, que a significação sistemática dos conceitos num sistema teoricamentecconôciico c mais forte qnc a dos conceitos numa leoria

menos econômica para o mesmo assunto.Portanto, considerações de importância sistemática militamfortemente contra a peohfcraçio de conceitos decorrente dopreceito segundo o qual critério* operacionais diferentes determinam diferentes c o m » * * E, de fato. muna teoria científica naote encontra distancio aJgnmn entre diferentes conceitos de comprimento (por exemplo), caracterizados individualmente pelassuas próprias definições operacionais. Antes, a teoria considera um conceito básico de comprimento e vários modos,mais ou menos precisos, de medir comprimentos cm diferentes

circunstâncias, indicando muitas vezes o domínio c a precisãodo método de medida.

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I-ORMAçAO t»r CONCEITOS 121

Alem d l i M . o dewnvttlvlmcnlo do um sistema d» leu —c em especial de uniu teoria — conduz freqüente mente a uma

modlflcaçto dos critério» operacional» originalmente adoudoipma ulgun» conceito» ccnlraja. Pof exemplo, uma caraclcr iu-e,Ao operacional de comprimento lera que cspccllicar. enlreoutras col ia i , uma unldado de medida que, normalmente, edcíirildii comu a dliianuu enlie doii Iraço» gravados nuniu pnr-lleulur bnrra de metal. Ma» a i le i * e o i principio» teórico» daHsica motlrum que a distancia entre o* traço» viirla com •temperutura dn huria e com quaisquer esforço» a que poiiaeitur subiutiida 1'iuo a**C|[urur um padrão uniforme de com-prlmcnlo, lotna-ic enlâo ncceiaário acrescentar cena» condiçoe»u dcfiniçAo inicial. O metro, por exemplo, í definido pela dl»-l i l iuh «Ir ilms Ii.nm pjivndu* no Mrlro 1'ndrflo l n l . n i . . .i>n.il

que * uma turra feita de platina Indiuda, com uma »cçaoulii IRíUIIII I cm (titiiiii tlc K — quando a batia citA na ivmpc-ruluru do gelo fundente c está iimclrlcamcnlc suportada pordoli rolos, colocadoa perpendicularmente ao sen comprimentonum pluno hortionlal r separado» pw 0,371 metro*. A seção

Ccullar foi desenhada pata garantir o máximo de rlgidei dan u ; i» MpcfilfloiçflBi qunnio ao mporic procura am eviiai a

diminuta modificarão pnr (lesão da distancia enlte os trneo».depois que a analise leorleu mostrou que a colocação prescritaparti o» rolo» 4 a melhor possível no «entido que a distância entreoi liayos fica virtualmente inalterada para pequenas alteraçõesna nosIçUo dos tolo».'

Consideremos um outro exemplo. Um do» mau antljio» cdo» mal» importante! critério» empírico» paru a medida dolempo foi fornecido peta» umforinIdades nos movimento» aparento tio Sol c ilm rtiirlm [Uu i : lomnu-w, como unidade delempo. o lempo decorrido enlte duas pastagens comecutlvaide um desses astro» pela mesma posição aparente (por exemplo, do Sol pela sua po»iç l0 zcnltc). Unidade» menotci (oram"operacionalmente" laiaetch/adn» por meio de relógio» de I O I ,

ampulhcliis, dcptidrai e, mal» tarde, pelo» pêndulos Observo »o que nciia faie nlo fa * Kntido Indagar »c dois dias solareidiferente» ou duas oscllaçôei complcios diferente» de um pêndulo sAo "realmente" de mesma duração O oprracionlimocorretamente no» lembra Que nessa fase o» critério» eipoclfl-

• Uma MI«-»,I<> din <bulHtt a dai ton.liS»av>< w«flm (<*>•<•«•• •>"»•••I l««g"IS<» •* "l-tliaa Manai Mau ( • " • I " and I Mit (••lliattM. MUI-ianO !•<",..". Botita. IHI), ia - í

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122 FILOSOFIA DA G é N C I A N A T V B A L

cadot lenon para drlaár a tfatiátáe de duração c. portanto.a questão de sa ber se os períodos serapora» •arcados por elessão ip<ujs só pode receber a resposta trivial • sun — poc convenção definidora A afirmação da igualdade deles não ê omjuízo sobre falas empíricos que poderá ser ara coeaoo

Mas a formulação e o pcopeswvo refraameato das leis cdas teorias qae encerra» o concerto do lerapo conduziram auma modificação dessa errtenos operacional n c i u Assnn.de acordo com a Mccânea Clássica, o período de um pêndulodepende de soa arnpbnsde; e. de acordo COM a teoria Sdiocên-Iríca, que justifica o movimenta' aparente dos astros peta rotação diária da T e m esn tono do sés eixo e pda sua revolução

anual esn torso do Sol. cotntUada com a leona Dcalooáana.os aderente* dias solares têm durações temporais desiguaisainda qae a Terra gire cosa vrlncidaslc aapalar constante Mascm virtude do atrrio provocado pelas mares c outros fatoresscmclhanics esta vttocãdade aapalar deve di•anuir lentamente,o que se confirma pda comparação das datas repatradas paracertos cchptet solares na aatiesidadc com as calculadas a parudos dados amnsosMCOS atuais. Assim, o* processos onpaal-menlc esnprcpdos pars a mrdhda do tempo ••marsan a ser tra

tados como caparas de raraccer «asa medvda apratunadn; ceventualmente, por motivoa teóricas, sistemas aovos e latcira-mentr diverso* — Uo como o retomo de quartzo < os rtloposatômicos. — pasmam a ser adotados como fosses de escalasde tempo mais precisas.

Mas como é possível qae as leis ou as teorias mostrem ainetabdão dos critérios operacionan para os próprios lermoscm que das são formuladas — critérios que devem ser pressupostos c usadas, aa vertficaçic. dessas mesmas leis ou teorias?O processo pode ser cpatpiratlu ao da coawnacao de uma ponte

sobre um rio: de início, a ponte é colocada sobre poniàes ousobre suportes provoono* ancoradas no fundo do rio; emtffssBs a ponte e usada cosa* plMatorma para melborar emesmo deslocar as fundações, fssamsease é amstada e recebe

para se srasiatnrmT mtm todo bem faadadoc crtruturalmrsst separo. As Ias e as teonas csfadBcas podem

dados obDdos por tsseto de critérios operacio-adotados, asas sem se ajustarem com eiati-

a esses anáoi; pois, como vimos, outras cosuideraçôn. entre

Mmt a de Bmpacádade t ã t l f rtíft*. desemsenbarn un papelE cooio as

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F o a u a ç i o M Concerni» 123

I r á t o * p r i n c í p i o s t e ó r i co s a s s i m a ce i t o * pa n a m , pelo m e n o sp u n i K t u m c n i e , a exprimir corretamente as relações entre o*

conceito» que ncks f i g u r a m , nâo e de surpreender q u e o i p r i m i t i v o * c r i t é r i o * o pe r a c i o n a l * v e n h a m a s er e n ca r a d o s comoc a p a r e i de f o rnece r ca rac lc f i taçõcs . suroeniç a p r o x i m a d a s desse*C a M d a t B .

A s ign i f i cação empírica re f l e t i da noa c la ro * c r i té r io * deapuCaçào. a quC o üpcraciiHiu,m.tf dá cum ra/l>> t a n ta i m po r t ân c i a , n ã o c o ú n i co dcsideraio para o» conce i tos c ien t i f i co» .A s ign i f i cação sistemática i o u t r a exigência ind ispensáve l — at * l ponto que a interpretarão e m p í r i ca d o * co n ce i t o * I cõ n co *

pod> ser alterada no interesse de encarecer o poder s i n e m a t i -ia*tor da rede t eó r i ca . Na investigação c ien t i f i ca , a fotmaçãode Conceito*, e a formaçio de teor ias devem caminhar de m ã o sd a d a .

S o * * » ; U QUISTO*-* 'OPFHACHm.LMeNie « M SEHTIOO"

Um doa prob lemas in t r igantes que Bridgman discute , para•lustrar o uso c r i t i co das normas operac iona is , re fe re-se 4 poss i

b i l idade de haver uma mudança invcriftcávcl na escala absolutad e c o m p r i m e n t o . N l o e possíve l que todas as d is tanc ia* nouniverso es te jam var iando cons tan temente de modo a dup l i c a r a m de va lo r cada 24 h o r u \ ? ' l u t e fenômeno nunca pode r ia•cr pe rceb ido pe la C iênc ia , uma vez que a* bar ras usadas nadvMrmmaclo o pe r a c i o n a l d o s c o m p r i m e n t o * a longar « iam namca*M p r o p o r ç ã o . Bridgman conc lu i da l que a questão nãotem sen t ido : j u lgada pe las normas ope rac iona is , náo have r iata l expa nsão do un ive rso , p re tende r qu e a inda ass im e t * possaocor re r — desconhecida e para sempre impercept íve l para nos

— é algo sem significação ope rac iona l , sem conseqüências ve r i f icava* mediante operações de med ida .

Esta apreciarão lem que se r mudada quando cons ide ra -rnoj qu e t m F ís i ca o conce i to de compr imen to não é usado i so lada me nte , mas e m le is ou teor ias que o v incu lam a out rosconce i tos . A combinação da h ipótese da expansão un iversa lc o m outros pr incíp ios da F ís ica , que servem ;m.i.> de hipótesesauxiliara» <c( . cap i tu lo 3 ) . co n d u z de f a t o a implicações o p c -

i 1 » tatavlKto • iia>i'HHMi wnK «p.<ti» il M I» Utm -t V i - c . ' W , . . , , mm «u

1 1 » »B ™ - »H »9 • 1lt>l'*M"H M i l M ^ H V » mm • * i-*J%-M <*•

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124 FILOSOFIA DA Casa* NATUXAL

racionalmente verificáveis. Por eiíraplo, te a hipótese ê verdadeira, cri lio o lempo guio pat um srail wooro para ( w m i a

a distancia, e nire dois pontos — digamos, as margeos opostasde uni lago — duplicaria cada 24 horas; e isso seria, veribcivcLM as se modificarmos a hipótese acrescentando a suposição deque a velocidade dos sinais sonoro* e eletromapiébco* aumentaexatamente na mesma proporção eme todas as dbstaaãas'1

Ainda assim a nova hipótese teria implicações veafkavenv. porexemplo, se admitirmos que a expansão universal aio afeta aproduçáo de energia nas estrelas como o Sol. o brilho delasdecretecria à quarta parte do valor inicial em cada períodode 24 horas, pois durante este tempo a superfície quadrupb-caria. Assim, a impossibilidade de vení-cacio operacional deuma hipótese tomada isoladamente "*o é ratão suficiente pararejeita-la como desprovida de conteúdo empírico os comocientificamente Km sentido. Devemos, aates. coasádert-U noconlu io sistemático das outras leis e hipóteses em que vaifuncionar e eliminar as implicações verificáveis que podeentão originar O que nfto quer duer que este procedimentodé sigrufKaçáo a Iodai ai hipótese* que poisam ter propostas:entrr ouins . JI h;|>'trte\ sobre forcas vitaa e sobre afinidades

naturais universais, diicutidas amenormente, continuariamexcluídas

O l A l m * DAS SE.VTENÇAS DTTCRWTATIVAS

O oue dissemos tobre o opeíacioniinxi foi tujrrido petopensamento que uma teoria só é ipücãveJ aos fenômenos em-piricoi depois de ter seus termos característico» convemente-menie inierprciados mediante um vocabulário pré-lconco. istoé, aceito independentemente dela. Nossa discussão mostrou qoea coBcepçio operacionista dessa interpretação fornece sugestõesproveitosas, mas requer modificações coarideráveit. Em particular, tivemos que rejeitar a lese de que ma coaorilo *M^M«H»é "sinônimo"' de una conjunto de operações Pois. primeiro).pode haver — c os há habitualmente — vánot critérios aher-aaiivos de aplicação para um mesmo termo, baseados em diferentes conjuntos de operações. Segundo, para compreender osignificado de um termo científico e usa-lo apropriadamente,

há que conhecer também seu papel sistematizador inafcadopelos princípios leóricos cm que funciona c que o vinculam a

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l«J«MAÇXO OF CONCEITO» 123

outro» termo» da teoria. Terceiro, um termo cientifico nlopode ur considerado "sinônimo" de um conjunto de operaçõesno sentido de ler o seu «jfnifiu&i completa mente determinadopor ela*, pois. como vimos, elai 10 fornecem critério» de aplicação pari um termo dentro de uma limitada faixa de condi-çAc», pof exemplo, ai operações que num léjua e termômetro10 fornecem imrrprtiaçàts panrtaii para o* termos 'temperatura' c 'comprimento', validai apenas oVntro de uma faixalimitada de circunstâncias.

VbW» assim, of critério» operacional» di/cm menos queo que K pede a uma dcfmiçüo plena. Há entretanto um outroponto de *iili icgundo u qual t l n duem mal» - na realidade.

muito m*U do que habitualmente te entende por uma deflnlçlo.Ordinariamente, eonecbe-se uma definição eitipulnllva comouma wntença que mlmdtu um termo conveniente ou um slm-bolo abreviativo simplesmente especificando o K U lifilUitdo,Rm acrescentar qualquer informação falual. Mai doti critério» operacional» para um meimo termo lím Implicações cmpf>rlcaa M . como é freqüente, houver tupetpotlçto den domínio»da ipHcacfto « M mantivermo» o rcquHIlo de continência paricritério» operacional» alternativo», com» (tbvrvumo» anterior-mente Vlmoa t)iM, aa diferente» procedinwnln» forem adota

do» como critério» de aplicação para um meimo termo, definido» enunciado» dcssei critério» que nu» n n * onde se aplicamau de um daquele» procedimento» o» residindo» «eríln ntmeimo», e essa implicação tem o caráter de uma generalizaçãoempírica. O enunciado considerado anteriormente, que exprimei ifuaJdadc numérica doa comprimento» "óptico" o " Id l l l " emlodo» oi caoo» tm que amboa oa procedimento» poaiam oeruiado», é um exemplo Ou tro c o que ats>r«e'4 a Igualdade 0*1leitura» feita» com termômetro de mercúrio c com termômetrode álcool no intervalo em que tanto o mercúrio como o Álcooll i o l iqu ida i. Ene enunciado é uma conseqüência da eitípula-ç lo de que qualquer um do» doii termômetros pode ser usadona determinação operacional da» temperatura» Em luma, a*sentença» intcipreiativa», que fornecem critério» de aplicaçãopara o» termo» cientifico», combinam freqüentemente a funçioctlipulativa de uma definição com a funçio descritiva de umafcneraliuçáo emptrtca.

H.i ainda um outro ponto de vista iritereuantc c importante, legando o qual ai sentenças inlcrprftativas diferem dai

definiçõe* no icntido considerado anteriormente. O» termos

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126 FILOSOFIA DA C I ê N C I A N A T U R A L

científicos, são freqüentemente usados apenas cm locuções oufrases de ceda forma característica; pof exemplo, o conceilode dureza, lal como está caracterizado pelo leste do risco, des

tina-se a servir apenas em expressões da forma, ' o mineral - ">Lé mais duro que o mineral ms' e cm oulras frases que são <Je-fíníveis medianie tais expressões. Nesses casos, è suficienteler uma interpretação para aquelas expressões características.No nosso exemplo, Lal interpretação e fornecida pelo exame dorisco, que dá um significado empírico a 'mi é mais duro quemj mas não ao termo 'dureza" em si, nem a expressões como'o mineral m é dur»»' ou 'a dureza do mineral m é tanlo'.

Enunciados q*c especificam plenamenlc o significado de

um contexto panicular que contém um lermo dado são chamados definições coniexlmii. paia distingui-los das chamadasdefinições explícita*, tais como: "Ácido" terá o mesmo significado de "ektrólito que fornece lons de hidrogênio". Por analogia, pode-se dizer entao que as sentenças inicrpreUtivas parauma teoria científica fornecem usualmente interpretações con-tcxiuais para r» termos teórico*. As várias maneiras de medircomprimento, por exemplo, nflo interpretam o termo 'comprimento' em si mas somente expressões como 'o comprimentoda disiincia entre o« pontos A r II ' c 'o comprimento da l inha

/ ' ; os critérios para a medidu do tempo nada dizem sobre oconceilo de tempo em ge ral; e assim po r dian te. No caso decertos eonceilos leftricos, corno 'átomo' , 'eléciron". ' fô lon ' . somente contextos muito especiais e um tanto restritos podempermitir uma interpretação que forneça base pata verificaçãoexperimental. Ce rto, é possível dar uma defmiçõo teórica dotermo 'eléciron', isto ê. que empregue outros termos teóricos('eléciron' quer duicr 'partícula elementar cuja massa cm repouso é 9,107 x 1 0 - " g . cuia carga é 4,80} x I0 '° ' ' « -klin c cujo giro í de meia unidade'), mas como seria umadefinição operacional do termo? Certamente • não podemosesperar que sejam dadas regras operacionais paia determinarse o termo 'eléciron' se aplica a um dado objeto — isto é.se o objeto é um eléciron. O que pode ser formulado sio interpretações contextuais para cenas espécies de enunciados con tendo o termo 'eléciron'. tais como: 'existem cléctrons na superfície desta esfera de melai isolada", "cléclrons eslão escapando deste clectrCfdio'. 'este rastro de condensação na câmarade nuvem marca a trajetória de um eléciron'. e análogos. O

mesmo »e poderia dizer dos conceito* de campo elétr ico e

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POAHAÇlO r». CONCEITOS 127

campo magnético. Critérios operacional* podem le r formu-lado* para verificar a estrutura e a intensidade dele» em regiõesdada*, mediante o comportamento de corpos de prova, traje

tórias de partículas, tios percorridos por correntes etc. Maslata critérios só serio válidos em condições especiais, experimentalmente favoráveis, como a homogeneidade em região suficientemente ampla ou fortes gradientes em cenas distâncias.OU análogas; um enunciado que exprimir uma condição leori-lamcnlc possível mas altamtfntc complicada do campo (abrangendo lalvcí fortes mudança* cm distancias muito curta») pode•IO lei iiii|>li.'i>çoci "opciaiíonalmenlc verificáveis",

1'odcmo» agora ver claramente que os lermos de umateoria cientifica n&o podem « r pensados como lendo cada umnúmero finllo de critérios operacionais específicos o u , maisgeralmente, de enunciados jntciprclativo» ligados a eles. Polios enunciados interprclalivos «*o pensado» como determinandoos modos pelos quais as sentença» que contem o termo interpretado podem ser verificada»; cm outras* palavra», quandocomhlnndos a cisai «cnienCA». oi enunciados lnt?rprclaiivi>tdevem conduzir a inipluaçõcs verificáveis, formulada» numvocabulário de anieman ilitponfvel Assim, a Inlciprclaçlo op t -racional da durc ia , por mem do lesie do risco, permite • dcn-

vaçlo de Impllcaçõe» verificáveis a partir d* sentenças da foima>i< e mais duro que m,', a interpretação, baseada no teste pelopapel de lu rn imol , fa / o mesmo para sentença» da forma 'ol iquido I 6 um ácido ', c assim por diante. O ra , a» diferentesmaneiras pelas quais (ou a» implicações pelas quais) as sentenças, que conltm os termo» de uma (cotia cientifica, podem•cr verificada» estão determinadas pelos princípios de transposição da teoria. Esses princípios, como notamos no capitulo6, vinculam a» cnlidadci e ot processos caractcrlilicns, supostospeta teima, com os fenômenos que podem ser descritos em

lermos pré-tcóricoi, ligando aisim os lermo» teóricos aos jáentendidos previamente. Mas esses princ ípios não ainbu.ni aum lermo teórico um número finilo de critéhos de aplicação,como se vi considerando ainda uma vei o termo 'cléciron*.Já observamos que nem iodi> sentença que contem esse termolerá implicaçftj» verificáveis bem definidas. Coniudo, as sentenças contendo o termo uue produzem implicações verificáveis MíO de uma diversidade ilimitada, e a diversidade correspondente de verificações não pode, sem arbitrariedade, serconsiderada como conforme a apenai dois, ou sete. ou vinte

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I 2t F I L C O O í U D* Q é W J A N A T U * A L

otténot «Heroeo & apàcaçio para o lenno "décMo ' A q m .catão, a concepção dedasbacoat JMii|JiiHi1ra

nãomm te» ojw *coMBto de aiiai friM de aa—jiio.ln qoe M O urterpretam osm u » leonco* •i fcnilnitoii ir « m fornecem m a variedadejpJin—iiti de crüérioi de aplicação peta deterainacão de umavariedade, ipiataeaee •defefcda. de implicações wi f .ca*e i *para o* f — I K T " * 1 " q»e roatfai • » oo B W» ttnaos teóricos.

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RLDUÇAO TEÓRICA

A CONTBOVÉIISIA MECANitisMU VS. VITALISMO

Segundo a doutrina, neovitalista de que ji tratamos niose pode explicar certa* características dos corpo* vivos —como a* de adaptação c de auto-rcgulaç&o — Km apelar parafatores desconhecidos na.i Ciências Físicas, que são as cntelé-quias ou forcas vitais. E. segundo * nossa análise, o conceitode entelequia. Ul como f usado pelos ncovitalistas, nio podefornecer explicação de fenômeno biológico algum. As razoespara esta conclusão nio no* autorizam a negar que os salemase processo* biológicos difiram fundamental mente dos puramente

fhKo-qulmkos. como afirma a tese básica do vitahsmo. contraa qual se opõe a chamada doutrina mecanKisU de que osorganismo* vivos nada mais sio do que sistemas físico-quimicoscomplexos (embora nig puramente mecânicos, como o velhotermo 'mecankismo' poderia sugerir).

Estas concepções antagônicas (oram assunto de longos •calorosos debates, cujos detalhes não podemos reproduzir aqui.Mas evidentemente a questão só pode ser discutida com proveito se a significação das teses opostas for suficientementeesclarecida para revelar que tipos de argumento c de evidencia podem ser sustentados no problema e como poderia terdecidida a controvérsia. E este problema, tipicamente filosófico, de esclarecer a* concepções antagônicas que vamosagora considerar; como veremos, o resultado de nowai re-fkiôM teri também certas implicações quanto a poaiihilidaded* decidir a queiiao.

Sem dúvida a questão é saber se os organismo* vivo*sio "meramente", ou exclusivamente, sistemas físico-químicos.Mas, qual é o sentido de dizer que eles o sio? Nossas obser

vações introdutórias sugerem que podemos sintetizar a doutrina

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:;. FtosofiA M C*NC:* i b n a

:> i= i u ; ; - ; ; ' ; r >' . ; -oe: (M.)característicasdetentas em termos dos -•»••—«T

(Mi) lodat os aspectos do compor-Q W , «ar podes ser de fato eiptl

b e teoria*

i ahawtfi dessas uoervões. é daro ooc no asados fcsotscaot bioèopcot reajuer o «to l i o

de irmos da Ftaica c da Qséraka. nas de tensosbicdõecos qae ado fifarua no vocabulário

T f l w w . por eieaiaso. o ensaciado *aada M K ocorre. escre M D B costas, noa coa-

«se M

« i p - o - SecsadobiotteKot nelescc rolas núcleos.i ser carseteria-

ata* especifica de M>. que irtafwise todas os fcnotncsos btotó-

* ••*!<•iiliili•ter cspücavers por

ateio de snactptot Baioo taátakua, eacio todas as In di Biologia «rio ooe ser dtr>âycts de leis e pnadpaos troncos d*Fbka e da Oaatca A tese de que M I — o r pode ser encarada cosa© «asa versão asast especifica de Ms. que caamare-

a foiot t à sJadMf • £ m

ceaot como as kit ddade doa coseekot e d» l ã de atsts oBCsais* aos de ostraé asterprctsda respeetrvasseste cosso aesáatWsdsde dos con-

oâs dJttrr ase o atecasãtaso afiran a redo-a Fitara e 1 Ottssáca oa, se se prefere,

•M oeja a asaonossia da Jaohpia. au t doscoaccitot e prio-

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REDUçãO TEóRICA 131

d p i » biológico». Dir-scl cotio que o neovitaUsmo afirma o uautonomia c suplementa, casa tcie com a doutiina dai forc.it v i u n . Vamos agora considerar a» leses roecanicislas mais pof-

menoriiadamente.

Rrou^Ao txM T U * »

A lese Mi" , sobre a defmibilidade doa termo* biológico».n*o pretende, claro, afirmar a possibilidade de atribuir «igntfi-c*doa fítko-qul micos ao« tcrmoi biológicos por definições ci t i -1'ulitivj» arburariat. Admite tem discussío i|uc ,n termos nomcabuliiio da Biologia tenham tigmfkadot tccnKoa dcfinidot,•na» pretende que, num tentido que devcmoi tentar esclarecer,a significação dele» posta ter «dequadanKnle expressa com auxilio de conceito» da Hstea e da Química. O que a K M afir-M I I .11!.i". 1 .1 [vmiluliJ.nli .1 . wrem il 1 I M l i I -in.1 N" t deicnUvM" doa conecitoa biológico» cm termo* de Fliica e deIruimica. conforme a cUuificaçlo da» definições que apresentamos cm linhai gciai» no capítulo 7. Ora. no cato. citai definiçOe» datcriliva» dificilmente poderiam ser analítica». PoiiUna obviamente (alio pretender que para t^da termo htoló-

gteo — por exemplo, 'ovo de galinha', 'rctina'. 'miloae'. 'vírus','hormônio' - - ealtu uma expressão cm termos fltko-qulmko»qiM lenha o metmo sigmficado, no sentido cm que 'criança' temC mesmo significado que. nu 4 sinônimo de. 'menino ou menina' Seria metmo diftcil indicar um to termo biológko parao qual se pudesse dar um sinônimo físico-químico, e m u absurdo atribuir ao mccaniclsmo tal interpretação de sua lese. Ma»Umi definição dciculivj lambem pode Kl tniiipirnHlula numsentido menos «mio. cm que o Minam nao precisa Ut Omesmo lignifkado, ou intenção, que o dtUnandum. nua so

mente a mesma extensão, ou aplicação. O Wniens então ca-peçifici condições que lio, de fato. satisfeitas por lodo* o* caso»,« lomaotc por eles, aos quais se aplica o dtUntendum. Umtxcfltplo tradiciooal < a definição de 'homem' como 'bipedeimplume'; nio assevera que a palavra 'homem' tenha o mesmotignifícado que a expressão 'bipede implume'. mas apenas quetem a mesma extensão, que o termo 'homem' se aplica a Iodas«a coisas que são bipede» Implumcs e somente a c i t a i , ou queser um bipede implume c condição ncceuaiia c suficiente pari

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1J 2 Fuosoru DA CrfNOA SATURAI

ser uni homem. Podíi» rcíerii-oos a enunciados deste gênerocomo drflrãç&et em rxJmsõo e podemos esquemarizá-los P»forma.

• ttm a m w oKTdo que

S*o desie tipo as definições a que um — j "ni poderecorrer para àatstnr e apoiar sua lese. Expr ime* rrmjíçpffísico qausuúcai •eccsuirâs t ssafjoeate» para a ipncabiudadc d o stermo» biológicos c são porUato os resultados de pesquisa*biofísicas oc bsoramaakai quase sempre difice» £ o qoc «exempüfica pela caracterização de substâncias coano a pesuc*-Una. a tesaosterona e o coksterol cm ternos de M M esüluiiUmoleculares — uma tacanha que Derrote "defatãr" oc termosbiológico* mcd:aole knsos panMMt ipafinj ia M as tais d efinições não pretendem expressar os significados dos termosUolópcos O significado origMal da palavra 'acaualma'. p « *eieroplo. m i a qae ser istdkado caracterizando a peaàáswa c Omo Btu sabstancia bartrricida prodárida pelo fungo Pentcdhufnimatton. a leslosteroea t ongiaalmcnle definida conto um nof-monio KiuaJ masculino, produzido pelos testículos, c asai»por diante. A caracterização deasas snbailncias peU estrutu/amolecular t alcançada aao por analise do signuVado. mas p i *

analise qolnuca; o wiufcaiu coauotui uma descoberta bioquímica, c ato lógtca ou filosófica, capresao por aras rHipirifui cnio por oVKasgatfaa de saaonámu Na realidade, ao accàtarmc*as car*clerizac.ões qmunúcaa coano sovas definições doa termo»biológicos, fairmos uma mudança não so de "tw'--»'*iT ou iavtencão, mas lambem de extensão Pois os enainos najauirmfiajatifr**^ como [n rTiiisuji <m coano m i i u m u — c e r t a s substâncias que não foram produzadas por sistemas orujlaacoc, ma»foram tirgciaadas nuu laboratório.

O iraporucie a reler é qoc o esübclecimento de tais definições reoaer pcsqsaisa esapíiãca. Portaitio. em geral, saber teum termo biológico é 'defmfueT somente à custa de termosde Física e de Química é uma questão que não pode ser respondida pela simples cotstrssmsaçâo do significado, ou por qualquer outro proccobahcafo aío-cropírKo Logo. a tese M,' n*opode ser estabelecida nem refutada por razões a prior), cKo C-por considerações que possam ser desenvolvidas "aniiiiiiiiBsfte" à — ou, melhor, mdepamGassmseaDB d l — frffnria caar-

pírica-

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REDUçAO TKóBICA 133

REDUçãO DAS LIIS

Pastamos agora à segunda lese. M i ' , na nossa interpretação do mecinicismo — a que afirma serem u leis e os pr in-ciptoj tcóncoida Biologia dcnvívcli doada lUicac da Q uímica .£ claro que deduções lógicas a par t ir de enunciados formulado* exclusivamente em termos de Física e de Química n i ocbcpiâo a kii catabictut ieanKQ h: biológicas, de v« q«e « ' "têm que conter também termos especificamente biológicos.1

Para obter essas leis. precisamos de premissa» adicionais, queexprimam íOQCAôCI entre as característica* fisico-qulmicai c aib i o l ó p c a i . A situaçlo lógica aqui c a mesma que existe no

u so cxplanatório de uma teor ia, onde slo exigido* princípiosde ir imposição, a lém dos princípios teóricos internos, para aderivação de conseqüências que podem ser expressas exclusivamente em termos pré-teóricos. Aqui. para deduzir leis blo-lógKis de leis flsico-qulmicas, sao necesvari** premissas adicionais que contenham termo* biológico* e termos fisteo-qul-•nicos c unham o caráter da leu que vinculam certo* aspecto*flsico-qulmicos de um fenômeno a certos aspectos biológicos.U m enunciado conectivo desta espécie pode tomar a formaespecial das lei* que acabamos dê considerar o que servem

de base a uma definição cm extensio dos lermos Wológicoi.posa afirmam que a presença de certos características flslco-qul-aaicas (por exemplo , uma substancia ser de ul a tal oatiuturamolecular) c condição necessária e suficiente para a presençade certa* características biológicas (por exemplo , ser tcstoslc-roeta). O ut ros enunciado* conectivo* podem exprimir condiçõesfbieo-qulmicas que lio necessárias mas nio suficientes, ou condições que l i o suficientes mas nio necessárias para uma dadacaracterística biológica. As generalizações 'unde cxlttc vertebrado vivo existe oxigênio' c 'qualquer fibr* nervosa conduz

I Pvatm M " d*vto q>« H «m*(Uik>M kwuitum* JM^I-n í, u«•W**» *• iiii fcim ••* W»»M» n-m uiiBii "nona", »u> «, UIDKH *a*•L* auMíba *M ii Ou, A <swKts4s * F i « i . 't'm i " * ••[iniirl ^ â . TTaiian « • lllllll Ulllllll ' iqWMa " j l W N Um !«• M II»-IHH» • I I H < H B ( BM «UB «• «-Mt-il— *rfO*> Md (•,„*, (oaiUBIC «*•* «•» HIMLIIéí * »K>ioii« MM • T J I p-miiiB *, Kliin mmm umiHm

- • . ' • . -•• i i i L i n la iV r . ! • , : • ' • . , ! • ' . . . : i - . . • r- . r u i u *Ai » m >r i i r t au in Ju W H Í ' * * >•»» ! " » " " lUlil l l l lt". Um l | t " ( » ( > • " * '" I« » M i f i « _ n ^ i i - : ; - " «am ila • <wf\i4 v WB (« " S a in iu «m t • " 1'mS P « SPiS iaw tnwmi**» * • H u l n i n * u * • * « • • * " * " . !* > « » > i » n u »• • M > n s u l l m r - j . * l » b « — 1 « « « • P I B f t M M W kaMAaKOt Q U C " • •

" m t * ptji „ J I msMft»! o» par atini>«i*f oui-o" i i ra ioi . aBMaiw u in i "n *- ^ . l o t l u » A I J U I W 4 i k i t i M A N ( M « M u D 1 K l fiUCS f l K M I .n » 0

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134 FILOSOFIA DA C IêN C IA N ATURAL

impulsos elétrico*' são do primeiro tipo; o enunciado que ogãt tabun (caracterizado por tua estrutura molecular) bloqueiaa »iividadc nervosa e por isso causa a morte no homem. í dosegundo tipo. E muitos ouiros tipo* de enunciado* conectivossín* concebíveis.

Uma forma muito simples de derivação de uma lei biológica a partir de urna lei fisico-quimica poderia xi esquema-tizada da seguinte maneira: Sejam 'PC. 'PC expressões quecontêm apenas leirnus físico-químicos e sejam 'BC. 'BC expressões que contam um ou mais de um (ermo especificamentebiológico (podendo conter também lermos físico-químicos). Seja uma lei físico-quimica de enunciado 'iodos os casos de I' ,são casos de PC — que chamaremos Lr — e sejam dadas asseguintes leis de conexão: Todos oi casos de B, são casosde Pi e Todos os casos de Pt sâo casos de BC (a primeiradiz que as condições físico químicas de lipo Pi CâO necessária* para a ocorrência do estado ou condirão biológicos II,; a % e-gurfda. que as condições fí-ico-químicai Pi são suficientes paiao aspecto biológico H t). Ent lo . como le vi facilmente, umalei puramente biológica pode set logicamente deduiida da leifisico-química J.r em conjunção com ai leis de conexão, i saber: 'todos os casos de B, t io casos de BC (ou 'Sempre queocorrerem o* aspectos biológico» B,t ocorrerão também os aspec

tos biológicos HC).

Em geral» pois, o número de leis biológicas explicáveismediance leis físico-químtcat depende do número de leis deconexão convenientes que possam ser estabelecidas. E isso,mais uma vez. nau pode ser decidido por argumentos a priori;a resposta >ó pode ser enconlrada pela pesquisa biológica cbie/isica.

REFORMULAçãO DO MECANICISMO

Sem duvida, as teorias da Física e da Química e as leisde conexão que são disponíveis no momento atual não bastam para reduzir os termos c as leia da Biologia aos da Físicae da Q uímica. Mas a pesquisa neste terreno avança rapidamente, Jazendo- sempre crescer o alcance da interpretação flsi-co-química dos fenômenos biológicos- Podcr-se-ia então interpretar o mecanicismo como a opinião de que DO futuro a Biologia será reduzida à Física e à Q uímica. M as esta formulação

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RtouçÀo TEóRICA 135

não pode ser feita sem cautela. Pois na nossa discussão admitimos ser possível separar claiamenle os teimo* de Física e deQuimiüa dc um Indo c oi especificamente bíDlôRicm do outro.CCKO, diante dc qualquer lermo cientifico atualmente cm uso,c provável que não haja dificuldade cm decidir Intuitivamentese ele pertence a um ou a outro desses vocabulário! ou anenhum deles. MaB seria muito difícil formular explicitamentecritérios gerais mediante os quais qualquer termo cientifico agora cm uso. c também qualquer termo que venha a ser introduzido no futuro, possa ser identificado dc modo inequívoco comopertencente no vocabulário especifico dc lal disciplina particular.Pude mesmo wi impossível tldl tais crilério», pois no decorrer

da pesquisa futura a linha divisória entre a Biologia « •I isi ca-e-Química pode tornar-se tao pouco nítida como a quesepara nos nossos dias a Física da Q uímica. Pode muito bemacontecer que teorias futuras, formuladas cm termos dc espécies inteiramente novas, forneçam explicações tanto para osfenômenos atualmente chamado* biológicos como para os quesoo agora denominados físicos ou químicos. N o vocabuláriode uma tul teoria unlficanlc a distinção entre termos flslco-qulmicoi c lermos biológicos Ma teria mais sentido, nem aquestão dc rcduílr a Riologia a Física c A Química.

Um desenvolvimento teórico deste gênero, cntrclonto, nloestá alntla a nosso Mcance. E enquanto não estiver, é melhorinlciprct.ii  .1 inccaniclsino como um principio heurístico, comoum preceito orientador das pesquisas, do que como uma teseou uma teoria sobre a natureza dos fenômenos biológicos. Assimcompreendido, o mecanicismo estimula o cientista a persistirna procura de teoiios básicas flsico-químicas dos fenômenosliiolofúeot, cm vez de ic tcii|'iiir a opinião de que vt conceitose princípios da Física o da Q uímica sfio impotentes para daruma explicação adequada dov fenômenos da vidu. Os triunfos

alcançados pela pesquisu biofísica e bioquímica orientada poreste preceito constituem uma credencial .1 qual a concepção viu-lista nada tem a contrapor.

KnouçAo DA FSICOLUOIA; U BEtlAVlomaMO

A questão da redutibilldade também foi levantada paraoutras disciplinas cientificas alem da Biologia. E é de particularinteresse no caso d» Psicologia, onde se coloco no famoso pro-

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136 Fll-OSOFIA DA C lÊNC I* XATUIAL

blema psicofiiico, isto è, no problema da relação entre o corpoe o espírito. Uma concepção reducionista da Psicologia sus-tenta, grosso modo, que todos o* fenômenos psiccdóeicos saofundamentalmente de natureza biológica ou físico-quimica; ou,mais precisamente, que os lermc* e leis espedficos da Psicologia podem ser reduzidos aos d a Biologia. Q uímica c Física.Entendeodo-se por redução o mc*mo que antes, valem aqui osmesmo» comentários gerais. Assim sendo, a "definição" redu-tiva de um terno psicológico requer a especificação de condições biológicas ou físico-químicas que sejam necessárias esuficientes a ocorrência da característica, estado ou processomental (tais como inteligência, fome alucinação, sonho) corres

pondente ao termo. E a reduçãp das leis psicológicas requerprincípios convenientes de conexão, contendo lermos psicológicos, além de termos biológicos ou ftsico-quimicos.

De fato. são conhecidos alguns desses principio* de conexão, que exprimem condições necessárias ou suficientes paracertos estados psicológicos: privar alguém de alimento, água ouoportunidade para repouso c suficiente para a ocorrência defome. sede ou fadiga; a administração de certas drogas podeser suficiente para a ocorrência de alucinaçoes; a presença decerto» ligamentos nervosos c nc«*slria * ocorrência de certassensações e à percepção visual; um fornecimento apropriadode oxigênio ao cérebro c necessário à atividade menu) c mesmo u consciência.

Uma classe especialmente importante de indicadores biológicos ou fiitcos de estados c eventos psicológicos consisteno comportamento publicamente observável do indivíduo aquem se atribui esses estados c eventos. Por esse comportamento se entende nao só manifestações em larga escala, diretamente observáveis, como os movimentos dos corpos, as expres

sões faciais, o enrubescimento, as exclamações verbais, a execução de certas tarefas (como nos testes psicológicos), mastambém reações mais sutis, como as variações de pressão sangüínea e de batidas do coração, a condutibilidade da pele, aquímica do sangue. Assim é que a fadiga pode manifestar-setanto em exclamações faladas ("Éu me sinto cansado" etc.),como na dim.nu»çáo da rapidez c da qualidade com que seexecuta uma tarefa, no bocejar c cm alterações fisiológicas; ouque certos processos afetivos e emocioaais se fazem acompanharpor mudanças na resistência aparente da pele, medida pelos

"detectores de mentira"; ou que a* preferências e a hierarquia

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REDUçAO TEóRICA 137

de valores de umi pcsim se exprimem no moda pelo qual ei*escolhe entre cem» ofertas relevantes, c AS SUS» crença* na*

exclamações vcrbaíi que dela podem ser oblidai e também noimudos de agir — por exemplo, a crença de um viajante deque uma canada está fechada pode revelar-se no fato de eletomar um desvio.

Certos tipos de comportamento "aberto" (publicamenteobservável) manifestado por uma pessoa sob "estímulos" ou"testes" apropriados são largamente usados em Psicologia comt>critérios operacionais para constatar a presença de um determinado eslad<t psicológico ou de uma determinada propriedadepsicológica üd pcwoa cm qucslflo. An rtsposlai dadai pof

uma pessoa a um questionário apropriado »io Índices da inlclijtcmiii ou da introvcrvflo; a salivuçáo, a Intensidade do choqueclòtrico pnra alcançar a comida ou a quantidade de comidaconsumida sftd manifestações da fome de um animal. No medida cm que ot estímulos e oi resultados podem ser deserto*em (ermos biológicos ou ffsico-quimicos, pode-se dizer que o*critérios resultantes fornecem especificações parciais do significado de expressões psicológica» cm termos dos vocabulário»da Biologia., d» Química c da Física. Embora muitas veu*mencionados como definições operacionais, náo determinam narealidade condições necessárias e suficiente» pura os termos psicológicos: a situação lógica t Inteiramente semelhante A queencontramos ao examinar a relação entre os termos biológico*c os do vocabulário da Física e da Q uímica.

O bohaviorismo é uma escola de pensamento influente emPsicologia que, cm suas múltiplas formas, tem uma orlenlaçaofundamentalmente rcducionlsta; num sentido mais. OU menosestrito, piocura reduzir qualquer discurso sobre fenômenos psicológicos a um discurso sobre fenômenos de comportamento.Uma forma de bchaviorismo especialmente preocupada em garantir a verifkabilidadc objetiva das hipóteses c teorias psicológicas insiste cm que todos os termos psicológicos devem tercritérios claramente especificados de aplicação, formulados cmtermos de comportamento, c que as hipóteses c teorias psicológicas devem ter implicações concernentes ao comportamento pu-Itlii.imcülr observável. Esta escola de pensamento rejeita, cmparticular, toda confiança em métodos como a introspcoçlo.que só pode ser usada pela própria pessoa numa exploração

fenomenalhilct» do seu universo mental; c nlo admite como

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138 FIL OS OF IA D * C I í N C U NATUHAL

dado patológico ncnham fenômeno psicológico "privado" —sensação, sentimento, esperança, receio etc — que os metodos

mtrospectivos prcicadeai revelar.Enquanto os behavioristas concordam em insistir nos cri-iérios objetivos de comportamento paia características, estadose eventos pskolópcos, diferem (oa sío omissos) quanto a relação entre os fenômenos psâcolopcos c os correspondentes,• É n t em sutis c fn—jè"iw fenômenos de comportamento— se esles sâo sãtsssicsssteace manifestações publicas daquelesoa se os íenômesse» •ãcompeos são. em sentido claro, idêntico* a certos estados, propriedades ou eventos complexos decomportamento. Uma versão recente do behavioritmo, que

exerceu forte influência na analise filosófica dos conceitos psicológicos, sustenta que os termos psicológicos, embora se refiram ostensivamente a estados mentais e a processos "no espírito", servem, na realidade, simplesmente como meios de falarsobre aspectos ma» oa menos intricados do comportamento— especificamente infere propensoes ou disposições a comportar-te de maneira njatteriuica cm certas situações. Nestacoooapclo. dizer de orna pessoa que é inteligente e dizei que•Ia taode a agir oa tem drspcuclo para agir de certo modo ca-racatriauco; a saber, dê modo que normalmente qualificariam»*como atáo ioteligcnu nas mesmas ciscunstàncias. Dizer de si-gacm qoe fala russo nao t doer. claro, que esteia constantemente pronunciando caprcwocs russas, nus que é capa* de umaespécie especifica de comportamento que se revela em situaçõesparüculircs c que e geralmente considerado característico deuma pessoa que compreende e fala russo. Pensar em Viena,gostar de iazz, ser hoòciio, ser esquecido, ver certas coisas, tercenas vontades, rudo aso pode ser concebido de modo semelhante E concebendo-o desta maneira — sustenta esta forma

do behaviorismo — a gente se liberta do que ha de descon-ccrtanie no problema do corpo e do espirito: não ha mais queprocurar pelo "fartura aa maquina.".1 pelas entidades « pelosprocessos mentais que estão por "trás" da fachada física.Cabe aqui uma análoga. De um cronômetro que marcha muitobem dá-se que tem uma precisão muito alta; atribuir alta precisão a ele é equivalente a dizer que marcha muito bem. N ão

. ««•> *••• TV Ca-ttpi «laRitcvc. *»a-ot>r pmmrman-

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RnixiçAo Ti rtmc» 139

faz sentido, portanto, perguntar de que modo ene agente n lo -substancial, a precisão, atua sobre o mecanismo do reló gio; nem

faz sentido perguntar o que acontece à precisão quando o relógio para de funcion ar. Analogame nte, ncsla vírsáo do bchavio-rismo, tiilti faz icntida perguntar como eventos ou característicasmentais modificam o comportamento de um organismo.

Esta concepção, que contribuiu grandemente para esclarecer o papel dos conceitos psicológicos, é evidentemeole de teorrcducíonisia; segundo ela, os conceitos da Psicologia permitemum modo eficiente e conveniente de falar sobre as estruturas sutis do comportamento. Entretanto, os argumentos que a supor-u m não estabelecem que todos os conceitos da Psicologia sejam realmente definheis em termos de conceitos não-psicológi-001 da espécie requerida para descrever um comportamentoaberto o u disposições de comportamento; e Isso por duas razões,pelo menus. Primeiro, í muito duvidoso que todas as espetesde siluaçáo cm que uma pessoa, por exemplo, possa "agir inteligentemente" c as espécies particulares de ação que as classifiquem como inteligentes cm cada uma dessas situações fiquemIncluídas numa definição clara c plenamente explicita. Segundo,parece que as circunstâncias sob as quais, c a* maneiras pelas

quais, a Inteligência ou • coragem ou a malcvolíncia podemmanifestar-sc cm comportamento aberto nlo podem ser adequadamente enunciadas em lermos de um "vocabulário puramentebchaviorlst ico", que contivesse apenas, além dos termos de Física, de Química e de Biologia, expressões nào*tccnicas da l inguagem quotidiana como 'sacudir a cabeça', 'estender a mão','retrair-se', 'fazer careta', 'rir' c análogas: parece que são necessários lambem termos psicológicos para caracttrizar as espéciesde estruturas de comporiamcnlo. ou disposições c capacidadesde compor lame nto, que (ermos como 'cansado', ' inteligente','sabe russo' indicam ao que se presume. Pois saber se o comportamento aberto de alguém numa dada situação qualifica-ocomo inteligente, corajoso, icmcrário, cortês, rude etc. niodepende simplesmente dos falas que constituem a situação, mas.e de um modo muilo importante, do que esse alguém sabe ouacredita sobre a situação cm que se encontra. t 'm homem quecaminha sem titubear para uma mala onde se encontra umleão faminto não está agindo corajosamente se não acreditar (eportanto não souber) que existe um leão na mala. Analoga

mente, saber se o comportamento de uma pessoa numa dada situação qualifica-o como inteligente, dependerá do que ele oere-

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140 FILOSOFIA OA C IêN C IA N ATU IAL

djia sobre a situação e dos objetivos que ele quer atingir pelaloa ação. Parece assim que. para caracterizar as formas, pro-

pensdes ou capacidades dê coõiporlamento a que se referem ostemos paicotógwos precisa «ws de outros termos psicológicos.aJeaa de uai vocabulário bchavioristico conveniente. Esta consideração não prova, claro, que seja impossível uma reduçãodos lermos psicológicos a Ba vocabulário behaviorístico. masadverte que a rtosinafidadc de uma tal redução não ficou estabelecida pelo tipo de analise que apreciamos.

Outra disciplina a que se pensou que a Psicologia pudesseser eventualmente reduzida ê a Fisiologia. e especialmente aN euroTisiolOfja; rnas aqui também uma redução plena no sen

tido especificado aateriorneate não pode sequer ser vislumbrada.Finalmente, devemos registrar que questões de redutibiii-

dade surgem também a respeito das Ciências Sociais, particularmente a propósito da doutrina do individualismo metodológico.'«piado a qual todo* o* Icaõmeaoa sociais devem ser descritos.analisados c explicados em lermos de situações dos agentes individuais envolvidos acJea, ascdiante leis e teorias concernentesao comportamento iadmdaaL A descrição da "situação" de

BM agente teria que levar «ai coou seu* motivos c suas crenças•assai coaao aea estado fcàcauajco e «a diversos fatores físicos,aaaakicM « btokSficos do ara aartlcnsc Pode-se pois dizer dadcuinna do individualismo metodológico que ela implica a re-dutibüidade dos conceitos c leis das Ciências Sociais (num sentido amplo, incluindo Psicologia de grupo. Teoria do comportamento econômico c análogos) aos da Psicologia individual.PMpgir. Q uímica e Física. Mas oa problemas assim levantados escapam ao alcance deste livro. Pertencem à Filosofia dasCiências Sociais < só foram mencionados aqui como ilustração

adicional do protskaaa da rcdaDostídadc teórica c como exemplodas várias afinidades légècaa c metodológicas que existem entreas Gcacias Naturais e ;

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LEITURAS ADICIONAIS

A htta abaixo conte" aperta» uma; povos rim escolhida*. •saaiotia d » quais ( m o r a . eairetanlo. refercaciaa É B É J M i literatura soete o assunto.

Amtoiottai

A. D«nro c S. MoiOUaUllt, ora* . Phthiúphy o) I n n n . Nova Yort:Meridun BooU 1960 (Brochar»)H. FUUL e M. | l . o o » i « . o t f s . Hradiit/n i« ikt FArioao»*» oi Sne-rr.

Nova Ytfik: Appleir* f "i'uf> Crollv 195».E. H MABDCN, ora . íft/ Samcmrt of Si ir nu f* Tkomfhi Boato*'

Houihton MirfllD Cor«paay, I « 0 .F. P. Wirr.rR. iuf. Rrméi*ft •• Philewptiy i-) Xfnrarr Nova Yort:

Charlei Scribntii Soa*. 19)).

<>/»« ir «. /«r i ind-r-éuMiN. O w M f i i . W*«/ /. liWr#» Nova Yort» Dovef Patíicaiiotn. I « :

(Brochura ) Um» ii*o*.e.»o lúoda st* icpuMM loaaêotK a> •»*.•i teorias, a nji:«-»iii> t x mensuraçao.

E. Ciaaur. fhlhuopkKil Fomndanoai oi Fkyiici. otf; Mulia GaplacrNova York. lotam Basic Books. lae. 1966. Haia fascinantelarroaHiçio a BiuArroMi trmit da Filosofia da F u i . por um * *aaaM antiacnlei lógicos r filósofos contemporânea d* ctéocia.

P. Cawa. Ta* Phihuipkj t>f Srsracr. Pr.nceior,: D. Vaa Noatnnd C o ,1965. Uma ciai* ianaaa Introduiorla ao* principais aspttioa

lopcov mciodol6(xot f lilinobcn do iconiar ucMlbca*. G*CN».UM. PhílMopÜtal froòlimi of Spact aW Tlmt. fionYork: Alficd A. Knopí. 1961. Obra muito •**•• ' • • ' . que * « •nsina com cuidado t ceai profundidade a «titulara do espaço e dotempo i luz da> taoriat recentes da Física e da Muetnitica

N. K HANWH, Farre/su oi Diacowy. Carabndfr. ISgUtcrra Casvbridge Uiuvctiity Freta. 1958. Estudo sugestivo da» bises r dafuacio dai leoriai cientifica» localizando as uorui da Física Clns-Bca c da FUica Moderna sobre ai partkulu

C G. HESCPEL. Aipt.-i of Jr-íníi/ií Eiplaimlkm na*f Orarr £iuji àtoW PhiUaapIty ei Sãtmu. Nova York: Tbe Free Presa. |96S-

Inclui diverso* ensxiot tobec a formação c dpUaaçaO doi con-ceici nas CüoclH Naiora»* a Sociais c cn Hãssonofrafia.

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142 FILOSOFIA D* C I ê N C I A NATURAL

E. Nacaa. Thr Simtaar of írároe*. No*» York: Harcowl. Bruce A Worid.I B C , 1*61. EsU obra eatepãooal torctcata ama ttptniçSo iliic-mát>-a e eomr*m. «w» eooao nfna análãc lumínota. òe uitnC N O W «ariedade de prnbhmw iTodolOiticw < filosófico» sobreM leiv « leoro» e o* aodoi de explicação M> Ctéacúi NalurattC StOU • cm Hitforjotraíi*.

X li . PorrE». 7*# f-fie o/ Sdfttfic Díxottry. Loodret: HUlcluntMand Co-; Nova V<ark: Bauc Boots, |m.. 155». Obra «uimulinie cahiiKDic oripaal qw »t oespa ttMcialmeMe di nciuiura lógicae d) Wfifxação daa teorias cicnHIical- Nh*l mcdetadasnentci.i!K>Ai )Taa»»*-ai eaa brochura )

H. Kiina.ouCH. TV Malaarfarj <•/ Spaet mnd Tlnw. Nova Yoth:Dover Publicaborai 1M*. (Brochura.) L'm cume. moderada-mcMe leenKO. «a» b—uaií laodo (U oalutrta do eipaco e Icmpo» lu dj teoria d» nlMwfcfc raUtila c leneraUzada.

I &MOUI r*í Am*om, H h+mn. Nova Vcrt: Alfrtd A Ksofrf.1M1. Ert«do v a l u e a»a*ç»do do. comnca de eaphcaOo.iitntkasao empírica. ( coatuantâG.

S. ToWMrw. The Pfcl|op«fdT o/ Scteae* Londm: HutchiMOfti L'ni-vtrWI librar». 1*31 Lnro «atrativo, de ciriter Introdutório, queic ocura wprri>li"M da —tiriu dw leu. du teoria* c dod*Hr»fj-nio n—Q». lTi-*b*w tm beothu.e )

OBTM « t o - » » ••*'* Cli«e- riak*

Cano <oa>hatu—ao da Catana e. Brtferiwebntau, lambem de maIhMoua. * altamente moawadávri sara o evt.do da Filoiolia da O-•neta. e Meu»o Inibir i a j | il para »«i mudo nua avançado. Oi do«IIVIM tíjuinit) oiitatT ei^ou^m idiBiravelmcaw IUCHIU e tobu*a-cian, de caiatei latrodòiono (Mas •verem dt nodc algum vulganucàe*).da Oeòoa HUca. tona forte rafai* no» contatai basco*, no* métodV*e fto doeii<olv(ine*io baMnco.G HOLTW c D H D. Rguu. fem-énloHi of MoaWa Thitkel Sciemt.

Rtad»* Ma»: Addooa Wcaky PuWiibuijCo. IM(.E Rociai. HriWci te- aW r « w u | Mina*. Fnaotun: Princelon Uni

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