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Série Bibliográfica Unit HISTÓRIA DA ARTE HISTÓRIA DA ARTE 160

História Da Arte

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para pesquisas em história da arte

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  • Srie Bibliogrfica UnitHISTRIA DA ARTE

    HIS

    TR

    IA D

    A A

    RTE

    160

  • Histria da Arte

    Roberto Sousa Santos

  • Copyright Sociedade de Educao Tiradentes

    S237h Santos, Roberto Sousa Histria da arte / Roberto Sousa Santos. Aracaju: UNIT, 2012.96p. : il. 22 cm.

    Inclui bibliografia

    1. Histria da arte - Estudo e ensino. I. Universidade Tiradentes. II. Educao Distncia. III. Ttulo.

    CDU: 7(091)

    Jouberto Ucha de MendonaReitor

    Amlia Maria Cerqueira Ucha Vice-Reitora

    Jouberto Ucha de Mendona JniorSuperintendente Geral

    Ihanmarck Damasceno dos SantosSuperintendente Acadmico

    Eduardo Peixoto RochaDiretor de Graduao

    Jane Luci Ornelas FreireGerente de Educao a Distncia

    Ana Maria Plech de BritoCoordenadora Pedaggica de Projetos Unit EAD

    Lucas Cerqueira do ValeCoordenador de Tecnologias Educacionais

    Equipe de Produo de Contedos Miditicos:

    AssessorRodrigo Sangiovanni Lima CorretoresAncjo Santana ResendeFabiana dos Santos

    DiagramadoresAndira Maltas dos Santos Claudivan da Silva SantanaEdilberto Marcelino da Gama Neto Edivan Santos Guimares

    IlustradoresGeov da Silva Borges JuniorMatheus Oliveira dos Santos Shirley Jacy Santos Gomes

    WebdesignersFbio de Rezende CardosoJos Airton de Oliveira Rocha JniorMarina Santana MenezesPedro Antonio Dantas P. Nou

    Equipe de Elaborao de Contedos Miditicos: SupervisorAlexandre Meneses Chagas

    Assessora PedaggicaKalyne Andrade Ribeiro

    Redao:Ncleo de Educao a Distncia - NeadAv. Murilo Dantas, 300 - FarolndiaPrdio da Reitoria - Sala 40CEP: 49.032-490 - Aracaju / SETel.: (79) 3218-2186E-mail: [email protected]: www.ead.unit.br

    Impresso:Grfi ca GutembergTelefone: (79) 3218-2154E-mail: grafi [email protected]: www.unit.br

    Banco de Imagens:Shutterstock

  • Apresentao

    Prezado(a) estudante, A modernidade anda cada vez mais atrelada ao

    tempo e a educao no pode ficar para trs. Prova disso so as nossas disciplinas on-line, que possibi-litam a voc estudar com o maior conforto e comodi-dade possvel, sem perder a qualidade do contedo.

    Por meio do nosso programa de disciplinas on-

    -line voc pode ter acesso ao conhecimento de forma rpida, prtica e eficiente, como deve ser a sua forma de comunicao e interao com o mundo na mo-dernidade. Fruns on-line, chats, podcasts, livespace, vdeos, MSN, tudo vlido para o seu aprendizado.

    Mesmo com tantas opes, a Universidade Tiraden-

    tes optou por criar a coleo de livros Srie Bibliogrfica Unit como mais uma opo de acesso ao conhecimento. Escrita por nossos professores, a obra contm todo o con-tedo da disciplina que voc est cursando na modalida-de EAD e representa, sobretudo, a nossa preocupao em garantir o seu acesso ao conhecimento, onde quer que

    voc esteja.

    Desejo a voc bom aprendizado e muito sucesso!

    Professor Jouberto Ucha de Mendona

    Reitor da Universidade Tiradentes

  • Sumrio

    Parte 1: Do perodo clssico Modernizao da Arte . 11

    Tema 1: O Perodo Clssico da Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    1.1 Arte Pr-histrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    1.2 Arte da Antiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    1.3 Artes das Civilizaes Africanas e Pr-Colombianas . . . . . . . . .34

    1.4 Artes das Civilizaes mulumanas e Bizantina . . . . . . . . . . . .42

    Tema 2: A Modernizao da Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53

    2.1 Arte Medieval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54

    2.2 Arte Renascentista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63

    2.3 Arte Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    2.4 Histria da Arte no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .84

    REFERNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

  • Ementa

    O perodo clsico da arte: Arte Prehistrica. Arte da Antiguidade. Artes das Civilizaes Africanas e Pr--Colombianas. Artes das Civilizaes Mulumana e Bi-zantina. A Modernizao da Arte: Arte Medieval. Arte Renascentista. Arte Moderna. Histria da Arte no Brasil.

    Objetivos

    Geral

    Enfatizar a Histria da Arte por meio dos smbolos, simbologias e iconografias, que caracterizam as produ-es artsticas e o pensamento esttico de vrios perodos e civilizaes do mundo.

    Especficos

    Estudar o desenvolvimento formal nas artes das cavernas at os dias atuais, analisando as ideias fundamentais de cada perodo e movimento.

    Criticar a Histria da Arte com vises euro-pias incluindo a produo de outros univer-sos culturais das inmeras civilizaes.

    Apresentar um quadro evolucionrio da pro-duo artstica no mundo relacionando os estilos mundiais e com os contextos hist-ricos.

    Analisar a construo histrica das artes como elementos reestruturantes da sociedade.

    Concepo da Disciplina

  • Orientao para Estudo

    A disciplina prope orient-lo em seus procedi-mentos de estudo e na produo de trabalhos cien-tficos, possibilitando que voc desenvolva em seus trabalhos pesquisas, o rigor metodolgico e o esprito crtico necessrios ao estudo.

    Tendo em vista que a experincia de estudar a distncia algo novo, importante que voc observe algumas orientaes:

    Cuide do seu tempo de estudo! Defina um horrio regular para acessar todo o contedo da sua disciplina disponvel neste material impresso e no Ambiente Virtual de Aprendi-zagem (AVA). Organize-se de tal forma para que voc possa dedicar tempo suficiente para leitura e reflexo.

    Esforce-se para alcanar os objetivos pro-postos na disciplina.

    Utilize-se dos recursos tcnicos e huma-nos que esto ao seu dispor para buscar esclarecimentos e para aprofundar as suas reflexes. Estamos nos referindo ao con-tato permanente com o professor e com os colegas a partir dos fruns, chats e encontros presenciais. Alm dos recursos disponveis no Ambiente Virtual de Apren-dizagem AVA.

    Para que sua trajetria no curso ocorra de forma tranquila, voc deve realizar as atividades propostas e estar sempre em contato com o professor, alm de acessar o AVA.

  • Para se estudar num curso a distncia deve-se ter a clareza que a rea da Educao a Distncia pau-ta-se na autonomia, responsabilidade, cooperao e colaborao por parte dos envolvidos, o que requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de con-cepo de educao.

    Por isso, voc contar com o apoio das equipes pedaggica e tcnica envolvidas na operacionalizao do curso, alm dos recursos tecnolgicos que contri-buiro na mediao entre voc e o professor.

  • DO PERODO CLSSICO MODERNIZAO DA ARTE

    Parte 1

  • 1 O Perodo Clssico da ArteBem vindo aos estudos da arte ao longo da histria da huma-

    nidade.Ao estudarmos as vrias formas, ideias e movimentos artsticos

    mundiais, buscamos entender sua importncia, causa e consequn-cias para a formao da sociedade.

    Agora, estudando as categorias artsticas e seus respectivos momentos histricos, entenderemos as causas e consequncias das mudanas e padres culturais criados por esses movimentos arts-ticos ao longo da histria humana. No estudo da histria da arte analisaremos os acordos que fizeram da arte um singular estilo de representatividade humana.

  • Histria da Arte14

    1.1 Arte Pr-histrica

    H muito tempo as cincias humanas afirmam que os humanos comearam h milhes de anos sua trajetria de sucesso e evoluo na terra. Durante esse perodo vrias derivaes de espcies humanas viveram, evoluram e depois desapareceram, dando lugar a novas espcies evoludas e mais adaptadas s condies no planeta. Foi assim com as vrias es-pcies humanas que faziam parte da fauna terrestre. Variaes da espcie humana que iniciaram a do-minao das tcnicas de caa e coletas. Mas essas evolues no foram suficientes, dando espao ao aparecimento e domnio de espcies em seu lugar. Essas novas espcies humanas como o Neandertal (Neanderthal), por exemplo, eram mais adaptadas ao meio ambiente e tinham como caracterstica rela-es culturais e sociais mais evoludas.

    Mas nem a espcie Neanderthal foi capaz de dominar, como a espcie dominante, por muito tempo. Apenas alguns milhares de anos depois des-ses, surge no planeta uma nova espcie humana, os homens de Cro-Magnon, uma espcie humana ligada famlia dos Homo Sapiens, a qual ns per-tencemos, e que tem como principal caracterstica o constante desenvolvimento de tcnicas artsticas, culturais e nas relaes sociais, sendo responsveis at mesmo pelo surgimento dos cultos religiosos.

    Essas espcies humanas so responsveis por mudanas radicais nas relaes sociais, cau-sando uma mudana nas relaes entre os seres humanos, que passaram at mesmo a abrandar ou mesmo controlar as foras ou poderes da na-tureza. Nasceram, assim, as primeiras regras, cul-tos e objetos rituais, dando incio s primeiras representatividades, atravs de objetos artsticos e decorativos, que nos cultos tinham como tema

  • 15Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    os deuses e deusas, ou mesmo foras da natureza ligadas a esses cultos humanos, que tinham nos xams ou sacerdotes seus representantes terre-nos. Muitas pinturas de animais tambm foram encontradas em cavernas e datadas nesses pero-dos pr-histricos, tornado-se referenciais desses perodos de mudanas nas relaes entre os ho-mens e o meio ambiente.

    Mas o mais interessante em relao ao pe-rodo pr-histrico, ou seja, antes da inveno da escrita, sempre foi a falta de documentos e escritos que nos explicasse como e porque essas represen-taes artsticas foram feitas e quais suas impor-tncias para os povos ou sociedades do perodo.

    Para Baumgart (2007), ainda no perodo pa-leoltico surgem as primeiras representaes hu-manas, simbolizando uma mudana na presena humana j nesse perodo histrico. Essas represen-taes artsticas humanas que foram preservadas naturalmente ao longo do tempo, mas que infe-lizmente a cincia muito pouco sabe, muitas pes-quisas ainda so necessrias sobre como e quais tcnicas foram necessidades para que esses povos ou sociedades criassem essas exposies artsticas.

    As primeiras e mais importantes represen-taes dessa arte pr-histrica tambm conhecida como arte rupestre, so encontradas nas terras da Espanha e da Frana. Muitas dessas pinturas e es-culturas so de impressionante constncia artstica e muitas vezes conseguem representar o real. Isso se d por suas formas, que chamam a ateno pela qualidade e riqueza de detalhes e cenas.

    Essas pinturas geralmente so encontradas em cavernas e locais de difcil acesso, como po-dem ser notadas no stio arqueolgico de Pe-dra Furada no Piau, Lapa da cerca Grande em Minas Gerais, na regio Amaznica e mesmo em

  • Histria da Arte16

    exemplares desse estilo encontrados pelo mundo. Cientistas afirmam que esses locais serviam no de local de estabilidade ou habitao, mas sim, como local de adorao e culto.

    Em muitas pesquisas fica claro que somente algumas sociedades ou povos do perodo pr-hist-ria, utilizavam esse recurso cultural, caracterizando assim uma representao de importante organizao social e religiosa. Muitas dessas pinturas rupestres simbolizavam ou representavam mitos e formas de dominar um mundo ainda controlado pelo meio am-biente, e que muitas espcies desse meio ambiente eram adoradas como sendo deuses para os povos ou civilizaes desses perodos histricos.

    Muitas dessas pinturas rupestres so atribu-das a indivduos como xams e sacerdotes, que representavam essa relao entre as divindades espirituais e crenas mgicas, surgindo assim uma classe representativa de importncia significativa para o grupo social ligado a essas adoraes. J

    que esses indivduos dominavam as tcnicas e materiais para essas representaes msticas e naturais encontradas nas artes rupestres.

    Entre as pinturas rupestres mais antigas, quase nenhuma era de figuras humanas, mas

    representavam seres da fauna e do mundo espiritual. Das poucas representaes hu-manas encontradas est uma escultura em argila, rocha e pedra calcria de esboos

    femininos despidas, em que os artesos uti-lizaram as prprias salincias da rocha e a facilidade dos outras matrias para dar for-ma a essas esculturas pr-histricas, que re-presentavam ou estavam ligadas aos rituais

    de fertilidade, muitos comuns at mesmo nas civilizaes ps-histricas como Grcia, Roma

    entre outras como a representao artstica nas Vnus de WILLENDORF

  • 17Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    estatuetas confeccionadas por algumas sociedades. (BAUMGART, 2007, p. 06)

    Segundo Baumgart (2007), na regio do oriente a arte rupestre e esculturas so consideradas tardias, j que muitas dessas peas artsticas foram datadas do final do perodo paleoltico. Mas essa demora deu ao oriente uma caracterstica importante, o requinte nas peas e desenhos encontrados, que as diferen-ciam de outras regies at mesmo pelo uso de mate-riais mais modernos como o bronze, o ferro e o cobre. E representava as caadas, as lutas e danas rituais, alm das representaes da fauna, simbolizando uma fuga do naturalismo para o estilismo.

    Essa mudana assinala uma modificao de interesse, que vai da pintura rupestre para as es-culturas. Muitas peas desse perodo podem servir de exemplo para essa mudana, como o Biso esculpido em chifre, e chama a ateno pela rique-za de detalhes da obra. Outra importante pea ar-tstica do perodo o cervo Kostromskaya, esculpi-do em ouro, que tm como principal caracterstica os detalhes e formas utilizadas pelo arteso para representar a importncia do ambiente para as so-ciedades pr-histricas. (BAUMGART, 2007, p. 07)

    Essa mudana das formas naturalistas para as formas estilsticas sempre estiveram ligadas as relaes de crena, magia e culto, principalmente fertilidade, morte e aos antepassados. E simboliza-ram a arte no final da era paleoltica da humanidade.

    No incio do neoltico as representaes arts-ticas ligadas aos cultos podem ser mais fortemente encontradas nos vasos e cermicas, que passaram a fazer parte da crena da vida aps a morte. Afinal, muitas dessas cermicas foram encontradas junto a corpos, representando a continuidade da vida, mesmo depois da morte corporal.

    Para Baumgart (2007) a cermica um dos

  • Histria da Arte18

    mais importantes smbolos de mudanas das civi-lizaes humanas, representando a mudana no estilo de vida nmade para o sedentrio. Visto na mudana de hbitos ligados s caadas e s co-letas, que do lugar agricultura e criao de animais. Essa passou a simbolizar a necessidade de armazenamento de alimentos, coisa impossvel de ser pensada em tempos de nomadismo.

    As primeiras cermicas eram moldadas mo, por membros dos grupos humanos, que fo-ram aperfeioando suas tcnicas, at chegarem criao das rodas de oleiros. Instrumento utilizado at os dias atuais em cidades como Santana do So Francisco/SE, para a construo de peas cer-micas e artsticas.

    Mas a evoluo inicial da cermica demorou milnios, desde que o homem comeou a moldar a argila at as novas tcnicas de produo encontra-das junto s antigas civilizaes e perodos histri-cos que se sucederam at chegarmos a modernas tcnicas encontradas hoje, na fabricao de cer-micas utilizadas por ns no dia a dia que acabam passando despercebidas, como as encontradas nos banheiros, cozinhas, reas de servio e outras mais.

    A cermica no perodo da pr-histria surgiu junto com as primeiras povoaes humanas no oriente prximo, bero de importantes civilizaes que sero vistas por ns nos temas seguintes. Es-sas cermicas eram ornamentadas utilizando-se de gravetos ou ferramentas menos sofisticadas, que foram sendo substitudas com o passar dos sculos. A diferena histrica pode ser encontrada nessa relao de desenvolvimento, como podemos citar as civilizaes egpcias e mesopotmicas, que estavam tecnologicamente frente da Europa des-se perodo.

    As diferentes concentraes e regionalizao

  • 19Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    da presena humana foram fundamentais para a diversidade das peas cermicas, seguidas pe-los rituais e cultos, sempre ligados magia e adorao natureza e a elementos sobrenaturais. Muitas dessas peas eram ricamente trabalhadas, dando nfase aos detalhes e formas utilizadas pe-los oleiros que a esculpiram. A importncia da ce-rmica para a histria tamanha que se analisar-mos as formas, ornamentos, desenhos e pinturas, podemos agrupar em ordem cronolgica essas pe-as, mesmo estando em locais diferentes, mesmo se tratarmos de civilizaes prximas do perodo histrico mais antigo.

    Outra importante representao artstica que foi marcada pelo desenvolvimento de novas tcnicas foi a arquitetura que nasce com a fixao (seden-tarizao) do homem a determinados locais, nas-cendo assim as primeiras moradias ou povoaes (sedentarismo), fundamentalmente necessria para as prticas agrcolas iniciadas nesse perodo. Essas habitaes poderiam ser desde cabanas, feitas de mltiplos materiais at a construo de estruturas mais duradouras. Ainda no estava ligada arte de construir, mas sim necessidade de proteo contra animais e intempries climticas. As primeiras artes arquitetnicas esto ligadas aos enormes monumen-tos morturios, religiosos, militares e administrati-vos das civilizaes na antiguidade.

    Conforme Baumgart (2007) essas obras ar-quitetnicas estavam mais para locais de adorao que tinha funo de agradar aos deuses e aos seus sacerdotes. Esses monumentos eram representados por construes megalticas (indica um conjunto de construes feitas com grandes blocos de pedras, tcnica tpica das sociedades pr-histricas, geral-mente so edificaes que correspondem ao pero-do neoltico) feitas de blocos de pedras ou rochas.

  • Histria da Arte20

    Podemos usar como exemplo Carnac na Frana e Stonehenge na Inglaterra. Essas construes monu-mentais tinham sempre a simbologia da adorao, e ligavam essas enormes estruturas arquitetnicas a rituais de adoraes pagos. Geralmente ligados adorao (como por exemplo o nascer do Sol), re-presentando poderes naturais e sobrenaturais que eram reverenciados por antigos povos da regio.

    Para Strickland (2006), o stio arqueolgico de Stonehenge no era s um monumento, tambm representava um calendrio astronmico extrema-mente conciso, quando percebemos a formao do anel externo, formado por gigantescos portais de granitos. Que vai diminuindo em altura e grandio-sidade ao modo que se aproxima do centro, agora formado por pedras menores em forma de lpides, sempre em formas de crculos at chegarem ao altar central da obra. (SANTOS, 2010, p. 10)

    J em Carnac essa representao monoltica formada por megalticos, blocos enormes de rocha bruta, que foram alinhados por vrios quilmetros, em alguns momentos transformado em uma se-quncia de fileiras paralelas, lembrando colunas de soldados. Mas que na verdade est ligada astro-nomia e s fases do Sol e da Lua.

    A Diviso da Pr-Histria da Arte

    Podemos tambm dividir a histria da arte pr-histria atravs da histria da evoluo huma-na, dividindo essa histria em arte paleoltica, neo-ltica e dos metais.

    No paleoltico nasceram as primeiras formas de representao artstica registradas e catalogadas pelas cincias humanas, como j citamos Chauvet e Lascaux na Frana e Altamira na Espanha. Eram artes simples, baseadas em traos e negativos de

  • 21Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    mos nas paredes das cavernas, o que muito tem-po depois evoluiu para as pinturas de animais.

    Essas pinturas sempre utilizavam materiais rsticos ou simples, como carvo, ocre, xido de minrios sangue, entre outros materiais. Nesse per-odo os desenhos tinham caractersticas naturalistas, ou seja, ligados a elementos da natureza. Sempre representando interpretaes dessas relaes entre os grupos humanos e os elementos da natureza ao seu redor, principalmente da mega fauna (espcimes de animais gigantescos) existente naquele perodo.

    Outra caracterstica, segundo Santos (2010), eram as esculturas simples, que geralmente repre-sentavam figuras femininas nuas, simbolizando e ligando elas aos rituais de fertilidade.

    No perodo neoltico nasceram novas expresses artsticas juntamente com novas formas de viver em sociedade. Era a chamada sedentarizao da espcie, quando o homem abandonou prticas nmades, e deu incio s prticas de agricultura e criao de animais, mudando profundamente a histria do homem e suas relaes sociais e naturais (SANTOS, 2010, p. 10).

    Nasceram nesse perodo tcnicas como a de domnio do fogo, tecelagem e a da cermica, que so fundamentais para os novos modos de vida, simbolizadas por essas novas moradias (cabanas ou edificaes), que substituram as cavernas, possibili-tando a expanso populacional de alguns povos ou locais. A partir dessa mudana, o poder de observa-o do aguado caador substitudo pela atividade mental reflexiva do campons (SANTOS, 2010, p. 11).

    Com a fixao do homem a tcnica de pintura naturalista substituda por formas mais geomtri-cas e livres, encontradas no s na Europa, sia e frica, como tambm no Brasil. Essa transformao foi fundamental, pois serviu de base para a arte na idade dos metais, quando o domnio do fogo j

  • Histria da Arte22

    estava em um estagio mais avanado e tecnologi-camente superior. Fazendo surgir peas e tcnicas ligadas ao barro, metais e cera perdida.

    Nesse perodo muitas esculturas de metais foram encontradas em algumas regies da Europa como a Sardenha e a Escandinvia. Sempre repre-sentando detalhadamente guerreiros e mulheres e seus adornos e armas.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR

    Para saber mais sobre os estilos e mtodos artsti-cos do perodo pr-histrico, leia o captulo Pr--histria do livro Breve Histria da Arte.

    BAUMGART, Fritz. Breve Histria da Arte. Traduo Marcos Holler. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    Nesse livro, voc poder encontrar os estilos arts-ticos utilizados pelos povos pr-histricos.

    Para saber mais sobre a histria da arte pr-histri-ca, leia o captulo A Arte na pr-histria, no livro Histria da Arte.

    SANTOS, Maria das Graas Vieira Proena. Histria da Arte. 17. ed. 8. impr. So Paulo: tica, 2010.

    Esse captulo do livro aborda as vrias fases do incio da produo artstica no Brasil, no perodo pr-histrico e a arte indgena dos primrdios at os dias atuais.

  • 23Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    PARA REFLETIR

    Aps a realizao da leitura desse contedo e dos textos complementares sugeridos, voc entende que a arte era uma necessidade cultural, religiosa e social na pr-histria? Compartilhe suas concluses com seus colegas e oua as deles.

    1.2 Arte da Antiguidade

    Agora queridos alunos, estudaremos um mo-mento mpar na construo artstica mundial, qu a arte da histria antiga, aqui representada pelas grandes civilizaes europeias e orientais (Mesopo-tmia, Egito, Grcia, Roma e Bizantina).

    Mesopotmia

    Dando incio pela civilizao mesopotmica, que teve seu desenvolvimento anterior s outras civilizaes citadas, tem como principal caracters-tica a riqueza artstica criada pelas suas Cidades--estados. Essas cidades que lutavam sempre para dominar a regio entre os rios Tigre e Eufrates, uma importante regio frtil que originou essa civiliza-o to importante para a arte e a escrita. Afinal, foi na mesopotmia que surgiu a arte de escrever, representada pela escrita cuneiforme, escrita base-ada em tbuas e argila entalhadas por cunhos, que foram fundamentais para a centralizao e adminis-trao social, dominada pelos tempos.

    As lutas entre as vrias Cidades-estados de-ram origem a vrios domnios entre esses povos, hora eram os sumrios, os acdios, os assrios ou os babilnios que estavam no poder. Mas muito

  • Histria da Arte24

    pouco se mudava. A diferena estava sempre na forma de organizao administrativa dos templos, que dependia de quem estava no poder. Mudavam--se os dominantes, mas mantinham-se as tradies, que mantinha a arte naturalista e realista.

    Uma arte bastante encontrada nesses tem-plos era as estatuas de deuses, que podiam ser monumentais e adornarem um ptio ou entrada desses, mas existiam as pequenas que estavam ge-ralmente em um dos altares desses templos. Outra caracterstica dos templos eram os selos cilndricos, confeccionados em vrios tipos de pedras, e repre-sentavam bem a ligao com o estilo de arte na-turalista e de representao de poder, j que eram utilizados pela administrao dos tempos, nas suas deliberaes e no controle das mercadorias pro-duzidas sobre seu controle. (BAUMGART, 2007, p. 26-27)

    Essas esttuas tinham formas humanas ou zoomrficas (parte homem, parte animal), que adornavam os templos e palcios mesopotmicos. Esses templos eram construdos com tijolos de bar-ro e adornados com desenhos naturalistas, como animais, plantas e formas geomtricas.

    O sincretismo s tem incio na mesopotmia com a invaso dos persas, que introduziram artes vindas de outras regies em suas construes e outras representaes artsticas, que foram intro-duzidas em outras culturas da regio e chegaram a ser assimiladas pelos povos islmicos que conquis-taram essa regio muitos sculos depois.

    Egito Antigo

    A arte no antigo Egito durante quatro mil-nios moldou uma cultura prpria e assimilou muito dos povos com que conviveu por todos esses anos.

  • 25Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    Os egpcios assimilaram muito da cultura, da arte e escrita de outros povos. Essas que tambm se desenvolveram por causa de mudanas que vinham ocorrendo desde a pr-histria humana, sempre baseada nas personificaes dos deuses, nas fases da vida e nos elementos csmicos.

    O fara era a personificao dos deuses junto aos homens, assegurando uma relao har-moniosa entre esses seres sobrenaturais e os s-ditos. Os deuses poderiam assumir vrias formas, dependendo de qual perodo da histria egpcia estudemos. Mas uma coisa era certa, cabia ao fa-ra, seus parentes e seus sditos mais prximos (sacerdotes e altos funcionrios), o direito vida eterna, que passou a ser visto e representado pela nova casa, os templos morturios conhecidos como pirmides.

    Na arte egpcia se destacavam as edificaes monumentais construdas em pedra, sempre liga-dos adorao vida ou morte. Os templos eram erguidos de um lado ou outro do rio Nilo, depen-dendo de qual desses fatores da existncia humana o fara desejava adorar. Vrios templos foram eri-gidos aos deuses egpcios, como Tebas-Luxor, tem-plos morturios e at mesmo um conjunto deles, como era o caso do Vale dos Reis.

    As pirmides foram o smbolo Maior da ado-rao vida ps-morte, foram inmeras as constru-es por todo o territrio egpcio. As pirmides de degrau deram incio arte de construo dessas edificaes, que foram sendo aperfeioadas ao lon-go dos tempos. Surgindo assim templos cada vez mais arquitetonicamente melhorados e at mes-mo dando origem a uma luta pela construo das maiores e mais suntuosas pirmides, como foi o caso das pirmides construdas no Vale de Giz.

    Outra coisa que chama bastante a ateno

  • Histria da Arte26

    em relao arte egpcia so as esculturas gigan-tescas, que figuram nos monumentos (templos e pirmides) por todas as partes. Essas representam que Deus pertence quele templo, ou a qual fara foi edificada aquela pirmide ou templo. Outra im-portante representao artstica so os bustos e esculturas dos rostos dos faras e deuses egpcios. Deuses esses que eram sempre representados com cabeas de animais em corpo humanos.

    Entre as representaes est o busto de Nefertiti esculpida em pedra calcria, e uma das peas mais valiosas do museu egpcio. Outra im-portante representao da arte morturia eram as mscaras fnebres que adornaram as mmias, mui-tas vezes feitas de ouro e pintadas para representar os adornos reais. Mais uma representao de arte morturia eram os sarcfagos, que representavam o poder de um fara somente observando como ele era decorado.

    Creta e Mecenas

    Mesmo sendo ainda um dos segredos mais estudados, a cultura creto-micnica continua sendo estudada pela arqueologia. Muito das suas culturas e escritas continuam indecifrvel para as cincias humanas mesmo na atualidade. Suas relquias, es-culturas, palcios e cermicas ainda intrigam mui-tos cientistas, arquelogos e historiadores, que do pouco que conseguiram decifrar, est ligada a arte do final do neoltico.

    Em Micenas foram encontradas figuras em marfim com formas e detalhes humanos chocantes, como as encontradas na figura das trs divinda-des, que impressionam por suas formas singulares para o perodo histrico. Essas obras de arte sem-pre ligadas crena e adorao aos seus deuses

  • 27Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    e divindades. A arte desse perodo caracterizada por es-

    ttuas pequenas e em tamanho real, que represen-tam figuras femininas e datam do segundo milnio (aC), tem papel ligado ao culto fertilidade, e traz sempre a preocupao com detalhes esculturais, humanas e artsticos das peas. J na cidade de Creta foram encontradas no segundo milnio (aC) uma srie de estatuetas em terracota que era dife-rente de tudo encontrado naquela regio e perodo.

    Outras representaes artsticas importantes do perodo e das civilizaes aqui tratadas so as construes palacianas e monumentais, que es-tavam ligadas importncia urbana das cidades--estados dessas civilizaes. No caso da cidade de Micenas, temos inmeras construes importantes como A porta dos lees, importante smbolo da grandiosidade dessa civilizao.

    As edificaes palacianas e seus tmulos so outras importantes representaes artsticas das ci-dades creto-micnicas, que eram maiores at que as encontradas em algumas cidades-estados me-sopotmicas. As irregularidades dessas obras eram outra importante representao artstica, e foram datadas dos sculos XV ao XIII aC.

    Mas muito da cultura creto-micnica foi trans-mitido para a cultura grega. Seja atravs de seus deu-ses e divindades, ou seja, atravs de suas relaes e aculturaes, que ampliaram ainda mais a grandio-sidade da civilizao grega, que as sucede por uma srie de motivos polticos e at mesmo de poder.

    Grcia

    A conquista das cidades de Micenas, Creta entre outras, pelos Drios por volta do sculo XI aC, fez essas culturas desaparecerem, surgindo

  • Histria da Arte28

    agora uma nova cultura, baseada na miscigenao cultural daquela regio. Os Drios no causaram e nem trouxeram nenhuma mudana para a regio, foram gradualmente sendo moldados pelos estilos principalmente vindos dos templos das cidades-es-tados, que foram conduzindo a arte aos padres da elevada civilizao que tinha incio a partir dessa juno de culturas.

    Esses princpios fizeram com que a arte grega adotasse formas e definies humansticas, j que os conceitos gregos eram definidos pela dignidade e valores humanos. Afinal, o homem era encontra-do em quase tudo que fosse arte na Grcia antiga, como nos vasos, pinturas e esculturas. Mas o que mais chama ateno so as formas, e a preocupa-o com os detalhes desses corpos esculturais e de deuses gregos.

    A pintura na Grcia era fruto de um amplo conhecimento desses povos, com as tcnicas ad-quiridas ao longo de milnios, que foram sendo transmitidas de gerao em gerao, e sempre bus-cavam aperfeioar cada vez mais suas tcnicas, que ganharam forma com temas da realidade.

    Uma importante tcnica grega era a pintura em cermica, que inicialmente continha formas ge-omtricas, e depois vieram as cermicas de fundo negro e pinturas vivas e depois vieram as cermi-cas de fundo avermelhado e figuras negras. Esses vasos continham pinturas que representavam fatos do cotidiano, histrias de deuses, sua mitologia e principalmente os feitos de seus heris. Muitas guerras e festas acabaram sendo narradas ou retra-tadas nesses vasos cermicos gregos, facilitando a vida de historiadores e arquelogos modernos.

    Na arte das esculturas os gregos inseriram a tcnica do nu artstico, com nfase nas dimenses reais do corpo e do pensar humano, j que eles tenta-

  • 29Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    vam unir as duas dimenses que, segundo sua filoso-fia, definia o ser humano atravs da (paixo e razo), que podem ser vistas nas formas de movimento en-contradas nas expresses das esttuas gregas.

    As produes artsticas evoluiriam, as est-tuas sofreram significativas mudanas quanto forma e ao estilo. As esttuas que representassem os homens sempre trouxeram o nu artstico, mas as esttuas femininas evoluram, antes com ves-timentas deslumbrantes passaram ao nu artstico pocas depois. Essa com certeza foi uma mudana cultural bastante significativa para aquela civiliza-o, j que essas figuras femininas sempre estavam totalmente vestidas nas obras datadas do incio da histria artstica grega.

    O mrmore utilizado nas esttuas gregas era inicialmente adornado com pinturas a base de pig-mentos contendo p e cera, mas essas tcnicas foram sendo abandonadas juntamente com as ves-timentas femininas com o passar dos tempos, dan-do lugar a um mrmore cru, simbolizando a pureza das peas, que tambm tinham uma tcnica inte-ressante do ponto de vista do apoio, j que uma das pernas era usada para centralizar as esttuas, deixando a outra livre, para expressar movimentos, graa, leveza e, principalmente, juventude.

    A arquitetura grega tem sua principal carac-terstica nas crenas e adorao aos deuses. Afinal, muitas das obras arquitetnicas eram destinadas adorao, por isso so vistas como monumentos ou esculturas, sendo a base para a arquitetura e civilizaes ocidentais seguintes. O mrmore bran-co do Partenon at hoje visto como a expresso mxima da beleza arquitetnica mundial e no po-demos esquecer que essa obra representa a gran-diosidade da cidade-estado de Atenas.

    A arquitetura grega tem formas muito ligadas

  • Histria da Arte30

    geometria, quando se utiliza das linhas retas e das colunas trabalhadas, sempre ornamentadas com fi-guras, smbolos e esculturas na parte frontal e inter-na. Essas obras foram fonte inspiradora para a cons-truo de obras e monumentos at mesmo aqui no Brasil. Mas foi na civilizao que analisaremos agora que a arquitetura grega foi a base mais inspiradora, j que os romanos utilizaram fortemente as formas arquitetnicas gregas em suas obras monumentais.

    Roma

    Agora trataremos da arte na antiga Roma, que nasce uma cidade e aps uma srie de rees-truturaes e conquistas torna-se um dos maiores imprios j vistos na histria da humanidade. Re-sultado de vitrias, conquistas, derrotas e acultura-o, Roma tornou-se o centro de um vasto encontro cultural, religioso, poltico e artstico, principalmen-te sofrendo influncia dos gregos e etruscos.

    Dessa forma, a arte romana assimilou muito da arte Greco helenstica, principalmente quando falamos da busca pelo belo e pelas formas huma-nas das suas esculturas.

    A mais monumental de todas as artes roma-nas com certeza so suas obras arquitetnicas, que teve no legado etrusco sua mais importante repre-sentao. So os arcos e abbadas usados para criar novas formas geomtricas nas retas estruturas dos seus edifcios e monumentos. Antes dessas in-venes as obras tinham problemas srios de li-mitaes, quanto ao tamanho e dimenses. Afinal, tudo estava limitado ao tamanho mximo das bar-ras de sustentao retas desses vos.

    O arco permitiu ampliar o vo entre as colu-nas, ampliando a rea livre entre essas duas bases de sustentao, o que diminuiu a sobrecarga ou o

  • 31Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    nmero de colunas necessrias para erigir um salo de um templo, por exemplo, como os encontrados abaixo de algumas abbadas de igrejas nos dias atuais, sinalizando assim um surgimento de uma cultura e arte prpria, que passou a fugir das influ-ncias gregas e etruscas.

    O mais interessante em relao s coisas que foram mantidas na cultura arquitetnica romana, desde o incio no perodo monrquico at o decl-nio do imprio, so as casas romanas. Elas sempre tinham uma planta semelhante, com pouqussimas alteraes e que sempre privilegiava formas retan-gulares, com jardins internos e cmodos.

    Mais uma importante representao arquite-tnica romana eram seus templos, que habituavam construir seus templos sempre em um patamar mais elevado, exigindo dessa forma uma escada-ria, que geralmente era monumental, em forma e dimenses. O peristilo poderia ser encontrado em alguns templos, mas foram as formas abobadadas que dominaram o estilo arquitetnico desses mo-numentos religiosos.

    Esses edifcios na verdade dividiam o melhor das culturas grega e romana. Quando analisados tinha suas fachadas ornamentadas segundo o es-tilo grego, que eram para ser admirados de fora. Por dentro, eram encontrados ornamentos romanos que sempre estiveram ligados preocupao de ocupao, eram obras para serem vistas por den-tro. Dessa forma a juno das duas formas criou magnficas obras arquitetnicas para serem vistas e desfrutadas pelos romanos e por geraes vin-douras.

    Os anfiteatros foram outra forma de arquite-tura nascida da inveno do arco e abbada, j que esses eram espaos para abrigar um pblico muito grande e com as tcnicas antigas as colunas rou-

  • Histria da Arte32

    bariam importantes espaos que foram destinados por essas novas tcnicas ao pblico desses locais. Com essas novas tcnicas os anfiteatros saram das encostas das colinas e agora passaram a ser um importante smbolo central das cidades romanas.

    As pinturas romanas eram riqussimas em detalhes, que iam desde simples retratao de uma janela at imagens naturais (fauna e flora), alm da mitologia e da religiosidade romana. Outra expres-so artstica encontrada nesses vestgios arqueol-gicos foram os mosaicos, que foram encontrados tambm em outros locais que partiam do norte da frica at os longnquos domnios nrdicos.

    Essas pinturas e mosaicos misturavam reali-dade e imaginrio, misturavam tcnicas rsticas e requintadas, alegres e tristes, sbrias e iluminadas. Mas uma coisa era certa, essas expresses artsti-cas eram encontradas por quase todos os cmodos das casas. Nas esculturas os romanos fugiam das representaes gregas, j que para eles a praticida-de era mais importante que a beleza.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR

    Para saber mais sobre os estilos e mtodos arts-ticos do perodo das civilizaes clssicas, leia o captulo Egito, Antigo Oriente, Creta e Micenas, Grcia e Roma do livro Breve Histria da Arte.

    BAUMGART, Fritz. Breve Histria da Arte. Traduo Marcos Holler. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    Nesse livro, voc poder encontrar os estilos arts-ticos utilizados por essas civilizaes.

    Para saber mais sobre a histria da arte nas civili-

  • 33Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    zaes da antiguidade clssica, leia o captulo O Nascimento da Arte: da Pr-histria Idade Mdia, no livro Arte Comentada.

    STRICKLAND, Carol; BOSWELL, John. Arte comenta-da: da pr-histria ao ps-moderno. 14. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

    Esse captulo do livro aborda as vrias civilizaes e seus estilos e tcnicas artsticas.

    PARA REFLETIR

    Aps a realizao da leitura desse contedo e dos textos complementares sugeridos, voc entende como a arte era necessidade para essas civiliza-es? Compartilhe suas concluses com seus cole-gas e discuta com eles sobre esses assuntos.

    1.3 Artes das Civilizaes Africanas e Pr-Colom-

  • Histria da Arte34

    bianas

    As artes pr-colombianas tm origem nas culturas de povos encontrados pelos europeus no Novo Mundo, povos estes que tm origens com-plexas, sempre ligadas a razes culturais que esto ligadas s migraes pr-histricas. Referem-se a todas as artes ligadas aos povos que viviam na Amrica, antes da chegada dos europeus e da sua influncia ao continente americano.

    Segundo Santos (2010), quando falamos de artes pr-colombianas estamos falando das artes das civilizaes mais organizadas, e que deixaram um conjunto artstico, arquitetnico e arqueolgi-co impressionante, j que outras populaes mais remotas e dispersas produziram, mas sua infor-mao se perdeu no tempo ou ainda esto sendo estudadas.

    A arte tinha importncia vital para as civili-zaes e sociedades tribais, j que muitas des-tas eram ligadas a rituais de magia, ligados a poderes sobrenaturais. Objetos como mscaras e cachimbos faziam parte dos rituais religiosos desses povos, que buscavam sempre acalmar

    a natureza e amparar na sobrevivncia (STRI-CKLAND, 2006, p. 20).

    Segundo Strickland (2006) as cerim-nias como: iniciao, enterros e festividades sempre estavam ligados a objetos que eram dados como presentes, nascendo assim uma relao de poder, j que o indivduo poderia ser identificado como membro da

    alta sociedade, simplesmente pela quantidade e qualidade e importncia religiosa ou simblica dos presentes.

    Outra importante arte americana eram as pinturas murais, com tendncias abstratas e

    Boneca Kachina hopi

  • 35Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    pictogramas, como as encontradas em cavernas, muito parecidas com a arte rupestre. Muitas des-sas resultadas de vises dos xams, sacerdotes ou curandeiros, que eram os responsveis pela liga-o entre os deuses e os adoradores (STRICKLAND, 2006, p. 21).

    Muitas foram as formas e tcnicas utilizadas pelas civilizaes pr-colombianas, muitas delas aplicadas religio, guerra, adorao. Mas todas tinham importncia e ligao com o sobrenatural e o divino. Muitas delas eram expresso do conheci-mento adquirido ao longo de milnios e podem ser encontradas nessas civilizaes analisadas a seguir.

    Os Olmecas

    Dentre as mais importantes e antigas civiliza-es pr-colombianas est a Olmeca, que existiu por cerca de 1300 anos e desapareceu por volta do ano 200. Na regio mesoamericana, situada ao sul do atual Mxico. Muitos estudiosos consideram a civili-zao olmeca uma das mais antigas da regio. Essa cultura artstica produziu principalmente esculturas monumentais, com uma expresso significativa, mas de uma simplicidade enorme nas formas.

    Essas esculturas gigantes eram utilizadas nas prticas religiosas pelo povo olmeca, que utilizava es-sas esculturas para difundir sua cultura, atravs de uma das primeiras escritas simblicas, j encontradas na Amrica. Muitos desses monumentos de pedras eram utilizados para a prtica do sacrifcio, ligados a rituais religiosos de adorao a seus deuses.

    Os Maias

    Outra importante civilizao da regio meso--Amrica foi a Maia, que se desenvolveu naquelas

  • Histria da Arte36

    terras por volta de um milnio antes de cristo e durou at por volta do sculo IX. Podemos analisar a civilizao maia atravs da escrita, calendrios, entre outras representaes, que foram desenvolvi-dos pelos maias.

    Uma caracterstica importante da arte maia so seus monumentos, caracterizados pelas cons-trues religiosas ou funcionais em suas cidades. Esses monumentos arquitetnicos, que constituam um centro urbano, estavam integrados natureza a sua volta. O planejamento dessas cidades fez surgir construes, mas era necessrio que houvesse uma integrao harmoniosa entre o sagrado, profano e o natural.

    Suas construes tm escalas monumentais, que podem ser vistas nas pirmides, templo e pa-lcios, erigidos para ligar o ser humano ao cu, as-sim chegando mais prximo de seus deuses. Essa relao de arquitetura e religio perceptvel em todas as grandes obras maias, encontradas pela vasta regio mesoamericana.

    Muitos templos maias eram construdos em forma de pirmide, que ficavam sobre patamares retangulares, ficando menor sempre no seguinte, muito parecido com as pirmides de degraus, en-contrado no Egito. No alto ficava o templo, e no pode ser esquecido que, para chegar ao templo, existia sempre uma escada que saa da base da pirmide e terminava no fronto do templo.

    Os palcios maias, como no podiam fugir regra, tinham forma piramidal, mas a diferena estava no nico andar dessa edificao. Esses pa-lcios eram adornados por magnficos ornamentos feitos em relevo, nas prprias paredes dos palcios e templos, misturando arquitetura e arte, j que muitas esculturas decoravam os templos e os pa-lcios maias.

  • 37Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    Os Astecas

    A civilizao asteca foi a ltima a se desenvol-ver na regio mesoamericana e a nica na regio a sofrer inicialmente a chegada dos espanhis. A fun-dao da cidade de Tenochtitln d incio civiliza-o asteca no sculo VII a.C., mas sua fase urea aconteceu somente no sculo IX da nossa era.

    Os astecas dominaram o conhecimento sobre a matemtica e astronomia, o que facilitou entender alguns aspectos da arquitetura de sua civilizao, como pode ser visto na organizao das cidades e dos templos astecas, que usaram uma coordenao astrolgica para localizar e construir seus templos e palcios.

    O centro cerimonial da cidade tambm o centro de divergncias de todas as ruas da cidade, acabam todas sempre na praa central. So verda-deiros eixos centrais, que tem ligao direta com o cerimonial, j que, de um lado voc encontra a pirmide da Lua e do outro lado a pirmide do Sol. Os dois grandes smbolos de poder, para a socie-dade asteca.

    Mais uma representao artstica asteca, a mscara fnebre, geralmente adornavam as impor-tantes figuras dessa civilizao, como imperadores, sacerdotes e altos funcionais. Eram ricamente ador-nadas e construdas em pedra, traziam os traos gerais do indivduo e a sua importncia pelo mate-rial utilizado, quanto mais resistente pedra, mais importante ou rico era seu dono.

    Os Incas

    A civilizao inca tem seu desenvolvimento estimado no sculo XIV e XVI d. C. Dessa forma os estudiosos afirmam que essa civilizao se desen-

  • Histria da Arte38

    volveu muito pouco tempo antes da chegada dos espanhis naquela regio. Essa civilizao ocupou as altas regies andinas, mais ao sul do continente.

    Destas representaes culturais incas, a que merece maior destaque com certeza a arquitetura, tendo como exemplo a antiga capital do imprio. Cuzco foi o centro do mundo inca at a chegada dos espanhis. Durante sua construo, a cidade foi o bero do nascimento de uma tcnica de cons-truo, at hoje admirada, tcnica que traz uma amarrao das pedras, to justa que nem uma fo-lha se pode colocar entre esses enormes blocos de pedras. As construes incas eram ao mesmo tempo imponentes e simples, sem nenhuma orna-mentao e com uma portada retangular simples.

    Outra particularidade da arquitetura inca era a diviso da cidade, onde podemos notar a impo-nncia em uma rea e a simplicidade em outra. Mostrando claramente uma diviso social muito forte, como a encontrada na cidade de Machu Pic-chu, que continha um bairro de nobres imperiais, uma praa sagrada, um bairro de operrios (mes-tres e artesos) (SANTOS, 2010, p. 118)

    Outra forte representao artstica inca eram os objetos de uso domsticos, esses artefatos eram geralmente adornados com smbolos, imagens ou deuses incaicos. Os artistas incas abusavam do uso de smbolos geomtricos abstratos e representa-es de animais da regio, que podiam ser encon-trados nos diversos objetos e ornamentos, como as joias, por exemplo.

    A Arte Africana

    Na maior parte da frica a arte tem origem na pr-histria e tem representaes que datam de aproximadamente seis mil anos atrs. Podemos

  • 39Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    encontrar elementos artsticos representados por tcnicas artsticas como a pintura rupestre e arte em rocha. Mas em algumas regies como o Saara e a regio subsaariana encontramos esculturas que datam por volta do sculo VI, e que geralmente so elaboradas em pedra.

    No podemos esquecer que tudo que foi construdo culturalmente pelos egpcios tambm pertencem arte e cultura africanas, mas somente nos sculos X e XI tm incio as mais importantes representaes africanas: as mscaras e as escultu-ras em metais.

    Segundo Strickland (2006), nas regies acima da linha do equador so encontrados os principais produtos artsticos da frica. Distinguindo-se de outros locais, que no tm a cultura das mscaras e esculturas em madeira e metais. Esses elementos artsticos tm formatos angulares, assimtricos e distorcidos, que do formas prximas s humanas a esses elementos artsticos.

    Na sociedade africana esses objetos eram tra-tados pelas pessoas como objetos sagrados, tendo tanto o poder de cuidar, como tambm o poder de ferir os inimigos. Nas festividades e momentos es-pecficos retiravam-se dos santurios as mscaras e esttuas, iniciando assim um ritual festivo que durava dias.

    As mscaras de madeira so ricamente tra-balhadas e so usadas em cerimnias e celebra-es, que junto trazem rituais musicais e de dana, sempre composto por ornamentados e trajes espe-cialmente preparados especialmente para aqueles rituais. Essas cerimnias sempre so seguidas de um bal lindssimo, que conta com representaes simblicas importantes, que podiam ser vistas em seus trajes e na dana, criados para adorar seus deuses.

  • Histria da Arte40

    O poder sobrenatural, que era repre-sentado, foi o motivo principal para as mscaras no serem realistas. Escondia a verdadeira identidade do danarino, que naquele momento representa uma divindade, criando assim uma identida-de camuflada. Obtendo dessa forma um resultado mais teatral e realista, onde os detalhes no expressam a apa-rncia humana.

    As mscaras formam uma das mais fortes representaes artsticas e religio-

    sas da frica, constituda de elementos simblicos e religiosos, sempre se reportam

    aos deuses, que regem ou criam a vida. Essa ligao representada pela vontade criativa

    dos africanos que expressam sua devoo atra-vs da representao contida no s na mscara,

    mas tambm no conjunto encontrado no ritual. A mscara transforma-se e o indivduo passa a

    ser o suporte para a representao nela contida. O Deus se transporta para a mscara e o danarino apenas o elemento fsico dessa unio. As tcnicas uti-lizadas nas mscaras africanas acabaram influenciando importantes artistas modernos como Pablo Picasso e outros artistas que deram incio ao movimento cubista que, inspirados nas deformaes das mscaras africa-nas, criaram magnficas obras no sculo XX.

    Outro forte elemento artstico africano so as esculturas que renunciam o aspecto real do ser humano, em benefcio de formas perpendiculares, tubulares e membros corporais alongados, trazen-do uma juno com as formas das rvores.

    Segundo a cultura africana, essas esculturas tinham poderes sobrenaturais, carregavam espri-tos enrgicos importantes e poderiam ser usados para abenoar ou amaldioar.

    Mscara africana Fonte: STRICKLAND, Carol; BOSWELL, John. Arte co-mentada: da pr-histria ao ps-moderno. 14. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

  • 41Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR

    Para saber mais sobre os estilos e mtodos arts-ticos do perodo das civilizaes clssicas, leia o captulo Arte Africana: os primeiros cubistas do livro Arte Comentada.

    STRICKLAND, Carol; BOSWELL, John. Arte comenta-da: da pr-histria ao ps-moderno. 14. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

    Nesse livro, voc poder encontrar os estilos arts-ticos utilizados por essas civilizaes.

    Para saber mais sobre a histria da arte das ci-vilizaes pr-colombianas, leia o captulo A Arte pr-colombiana, no livro A breve histria da Arte.

    SANTOS, Maria das Graas Vieira Proena. Histria da Arte. 17. ed. 8. impr. So Paulo: tica, 2010.

    Esse captulo do livro aborda as vrias civilizaes e seus estilos e tcnicas artsticas.

    PARA REFLETIR

    Aps a realizao da leitura desse contedo e dos textos complementares indicados, voc compreen-de como a arte surgiu e se desenvolveu nessas civilizaes? Compartilhe suas concluses com seus colegas e oua as deles.

  • Histria da Arte42

    1.4 Artes das civilizaes mulumana e bizan-tina

    Uma antiga e importante colnia grega situa-da no estreito Bsforo, Bizncio sempre foi um im-portante entreposto comercial e ponto geogrfico, usado como divisor da Europa e sia. Mas foi em 330 que Bizncio ficou famosa ao ser renomeada pelo imperador Constantino de Constantinopla. E foi graas a sua localizao e destaque um dos mais importantes cenrios de relaes culturais da antiguidade, depois de Roma.

    Enquanto no sculo VI o imprio Romano do Ocidente, comandado por Roma, cai em desgraa e era invadido e dominado por povos brbaros. O imprio romano do Oriente alcanava seu auge poltico-econmico nesse mesmo sculo graas ao imperador Justiniano e sua reforma poltico-admi-nistrativa, que foi importante para manter o imp-rio unido at o sculo XV.

    Conforme Baumgarte (2007), a arte romana tambm paleocrist, afinal elas se fundem e apa-recem apenas para indicar temporalidade. Afinal, a arte bizantina tem incio j nas relaes entre os imprios orientais e ocidentais, e no como alguns autores colocam que ela nasce com o imperador Justiniano (483-565). Esse com certeza foi um im-portante incentivador, e com as mudanas impos-tas por ele, na relao entre a arte e o poder, com certeza, ajudou a tornar essa uma das mais impor-tantes representaes artsticas do mundo.

    O imprio Bizantino sobreviveu a inmeras crises polticas e invases, at mesmo de aliados como no caso das cruzadas, obteve lucros impor-tantes controlando o comrcio entre o Oriente e o Ocidente, at ser invadida e conquistada pelos turco-otomanos, dando incio assim idade moder-

  • 43Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    na e colocando fim em um dos mais importantes imprios da histria.

    O cristianismo foi fundamental para o imp-rio Bizantino, afinal, foi no incio do imprio que essa religio se expandiu pela Europa e por todo o antigo imprio romano. A juno da riqueza do imprio e o cristianismo fez acontecer uma subs-tituio importante na arte crist, que no imprio Bizantino substituiu a arte crist primitiva por algo mais luxuoso, exprimindo o poder desse imprio (SANTOS, 2010, p. 54).

    Conforme Santos (2010), a arte no imprio Bi-zantino era um instrumento utilizado para propagar o poder e a importncia do imperador. Era atravs da arte que o imperador expressava sua vontade de unir o seu poder absolutista e o carter sagrado do imperador, criando assim um governo teocrtico (o governante, juzes e demais autoridades podem ser os prprios lderes religiosos), que passava a ser visto como um representante divino na terra, com poderes espirituais e temporais. A arte s conseguiu esse status aps uma srie de conven-es, que objetivava criar regras rgidas para esse novo instrumento de domnio.

    Pensando sempre em transmitir um carter de respeito e venerao, foi criada a conveno de frontalidade, que desejava levar a postura rgi-da da arte ao observador. Muitas regras, alm da frontalidade, foram impostas pelos sacerdotes aos artistas bizantinos, que tinham que orientar-se at mesmo na colocao de determinados personagens bblicos e histricos nas suas obras.

    O domnio da religio sobre a arte era uma coisa impressionante, chegava ao ponto de todos os artistas receberem orientaes de quais perso-nagens sagrados e as posies deles na obra de arte. Outra coisa imposta aos artistas bizantinos

  • Histria da Arte44

    era a importncia de retratar personagens oficiais da administrao e principalmente os imperadores, sempre com caractersticas sagradas.

    Na arte bizantina era imprescindvel a re-lao sagrado e poder, que poderia ser vista em mosaicos e cones. Essas relaes entre o sagrado e os imperadores se misturavam tanto que se con-fundiam, e at hoje muitas dessas obras de arte so vistas como representaes de imperadores, travestidos nos santos.

    A arte bizantina est ligada sempre ex-presso artstica de carter religioso imposto pelas regras do Imprio Bizantino. Mas devemos enten-der que esta tendncia artstica sempre foi domina-da pela influncia poltico-religiosa, mesmo sobre todo esse domnio imperial, acabou se expandindo para territrios fora das fronteiras do imprio.

    Uma importante arte bizantina so, com certeza, os esplndidos mosaicos, que na verda-de uma tcnica de criar representaes artsticas colocando pedaos de pedras coloridas em uma base de gesso ou argamassa, criando assim uma imagem, retrato, paisagem ou desenho. A disposi-o da tcnica de mosaico sempre segue um de-senho predeterminado pelo artista, que juntando esses pedaos coloridos criam espetaculares obras de arte, muitas vezes expressivas e realistas.

    Aps arrumar as pedras criando assim o desenho ou imagem desejada, coloca-se cal, areia e leo para que os espaos vazios sejam preenchidos, realando dessa forma o desejo artstico. Os mosaicos foram uma alternativa bi-zantina, a arte da pintura, que no foi esquecida pelos bizantinos, mas tem uma importncia m-nima para esse imprio, que privilegiava a sua cultura e tradio herdada dos gregos (SANTOS, 2010, p. 55).

  • 45Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    Conforme Santos (2010), os mosaicos fo-ram utilizados por inmeros povos e civilizaes ao longo da histria. Como podemos analisar, essa arte pode ser encontrada na civilizao maia, que utilizava o quartzo e outros materiais, no imprio romano, que utilizava os mosaicos como decorao dos ambientes, e os gregos que utilizavam mosai-cos em quase todos os ambientes das residncias e edificaes pblicas, principalmente para adornar o piso dessas edificaes.

    O mosaico foi a maior demonstrao artsti-ca do imprio bizantino, j que suas representaes se faziam perceber nas tcnicas e no esplendor dos mosaicos palacianos. Graas a esse incentivo im-perial a arte do mosaico chegou quase perfei-o, criando uma atmosfera de beleza e realismo. A importncia do mosaico era tanta que geralmente eram encontrados recobrindo as abbadas e pa-redes das igrejas. J que os mosaicos conseguiam refletir atravs dos materiais toda a suntuosidade da relao arquitetura e luz. Essas obras eram im-portantes para enriquecer o ambiente.

    A arquitetura bizantina inicialmente bebe na fonte da arte romana e traz para o oriente suas tc-nicas, como pode ser notado nas termas e palcios imperiais do incio do imprio. Esses ltimos eram utilizados para as prticas religiosas, mas que no trazem a imponncia das obras bizantinas, com seus mosaicos e ornamentos.

    Segundo Baumgarte (2007) a arquitetura bizantina notadamente tinha uma estreita ligao entre a luz e a escurido. Saem as construes monumentais romanas e nasce uma conciliao en-tre novas tcnicas com detalhes impressionantes na sua estrutura, que buscava uma organizao e uma perfeio divina, entendida por muitos como um palcio para Deus.

  • Histria da Arte46

    A arquitetura bizantina deixou sua marca mesmo aps o fim do imprio bizantino, como pode ser notada na regio oriental da Europa e chegando at a Rssia. Essas regies foram influen-ciadas pela religio ortodoxa, que nasce da cultura bizantina e espalha-se pela Europa mesmo aps o fim do imprio bizantino e domnio dos turco--otomanos.

    Conforme Baumgarte (2007), as esculturas e relevos bizantinos geralmente representavam seus imperadores ou as grandiosas batalhas travadas por esse imprio, ao longo da sua histria. Es-sas podem ser encontradas nos palcios, praas e monumentos, mas nunca nas igrejas, que as viam como dolos, j que esses haviam sido banidos pelos sacerdotes, que no aceitaram esse tipo de adorao. Essas esculturas colossais existem des-de o sculo IV, e se mantm como uma importan-te arte bizantina at que se tornam proibidas por questes religiosas, acabando com a presena da arte helenstica no imprio.

    Uma importante representao da cultura he-lenstica na cultura bizantina do incio do imprio eram as Efgies, que representavam, geralmente, figuras de imperadores e importantes generais bi-zantinos. Essas efgies traziam a representao ar-tstica da natureza para essas esculturas.

    Outra importante representao artstica bi-zantina eram os cones, que utilizavam tcnica da tmpera ou da encustica, que tornam essas obras de arte sem lucidez, mas cheias de vida, j que elas no utilizavam as tcnicas luxuosas das pinturas e do mosaico.

    Segundo Santos (2010), esses cones eram feitos em superfcies de madeira e metais, e traziam um tom dourado na base, e acima dessa base se pintavam as imagens dos santos e de personagens

  • 47Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    imperiais e sagrados. Para realar ainda mais esses cones eles eram ornamentados com ouro, joias e pedras preciosas, como as coroas de alguns desses cones.

    Os cones eram objetos de venerao, assim como os dolos eram para os cristos catlicos, e assim como seus similares ocidentais eram encon-trados em residncias, capelas e oratrios. Isso graas popularizao desses junto a muitos po-vos, que os utilizavam em rituais religiosos at os dias atuais.

    As representaes artsticas bizantinas sem-pre estiveram ligadas a religio e ao domnio dos imperadores sobre todas s relaes sociais e cul-turais desse imprio. Muitos historiadores afirmam que isso foi importante para manter a unidade imperial, mesmo aps a morte de Justiniano e as sucessivas crises e lutas polticas, que abalaram o imprio, at que os turcos a invadissem e dominas-sem no sculo XV. Mesma poca do incio da era moderna e do surgimento de artes modernas liga-das s cincias e novos pensamentos que fugiam ou lutavam contra a dominao religiosa.

    A Arte Islmica ou Mulumana

    Com a fundao da religio islmica, que nasce com preceitos, vises e percepes prximos da religio judaica e crist, temos assim embasa-mento fundamental para o desenvolvimento da cul-tura e da arte islmica que tem seu incio por volta do sculo VIII, mesmo perodo do desenvolvimento cultural e urbano europeu.

    O islamismo conquistou logo aps a morte de Mohammed Maom (570-632 a.C), importantes territrios no oriente mdio, na sia menor e prin-cipalmente no norte da frica, seguindo logo aps

  • Histria da Arte48

    para o sul da pennsula ibrica, onde nasceram scu-los depois os reinos de Portugal e Espanha.

    O domnio da religio sobre a vida social e poltica no imprio islmico gerou uma similaridade com o imprio bizantino, a proibio na adorao de dolos pelo alcoro, que no caso bizantino foi substitudo pelos cones. O alcoro probe qualquer tipo de representao figurativa, situao que pode ser vista e sentida ao visitar uma mesquita, por exemplo. No existem objetos e figuras a serem adoradas, nas mesquitas a ordem adorar a Deus, nesse caso, Al.

    As construes das mesquitas no privile-giam nenhum objeto figurativo, mas a arte est presente em quase todos os cantos. As mesquitas so repletas de ornamentos e decoraes magnfi-cas, que substituem as imagens e cones, tornado assim a mesquita um ambiente sereno e de paz, onde os fiis podem orar sem nada para interrom-per sua ligao com o divino.

    Para Baumgarte (2007), o que mais chama ateno na arquitetura e artes plsticas islmica so as variaes existentes nos vrios imprios espalhados pelo mundo mulumano. Esse estilo arquitetnico e artstico permaneceu at o sculo XVIII, perodo que o autor diz ter sido extinta a arte islmica.

    Outro estilo artstico islmico est ligado era abssida. Com o deslocamento dos centros de poder para as cidades mais distantes de Meca e Medina, entram em cena duas importantes cidades que funcionaram como capitais de imprios dos ca-lifas, da a importncia de cidades histricas, como Bagd, situadas no Iraque, que tem um importante conjunto arquitetnico islmico, que acabou sendo fortemente destrudo ou atingido, nas guerras do Iraque.

  • 49Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    O sculo IX simboliza o fim do poder do imprio abssida, contestado nas provncias mais afastadas do centro do poder, surgindo des-sa forma, vrios califados, que se tornam inde-pendentes dos Abssidas, como os califados da Pennsula Ibrica, os califados do Norte de frica, os otomanos na sia menor e os califados da regio do Ir.

    Essa mudana fez surgir suntuosas edifica-es arquitetnicas no imprio islmico, eram os palcios dos califas ou soberanos. Os palcios, assim como as mesquitas, eram arquiteturas mo-numentais, com riqussimas ornamentaes e fan-tsticas decoraes, que contavam at com reves-timentos faiana (cermica branca, que possui uma massa cermica menos rica em caulim do que a porcelana, e contm uma argila mais plstica). Es-ses palcios contm poucas representaes, que podem ser encontradas na Espanha e norte da fri-ca (BAUMGART, 2007, p. 114)

    Na arte aplicada temos pouqussimas obras que podem nos fornecer indcios de suas repre-sentaes e tcnicas artsticas, que eram prprias da cultura dos territrios islmicos. Podemos citar como exemplos os entalhes fatmidas em marfim, adornados em ouro e pedras preciosas, que se mantiveram mesmo aps a reconquista.

    Um dos ltimos imprios a manter as artes islmicas foi o otomano, mesmo com sua vitria sobre Constantinopla, simbolizando a destruio do imprio bizantino. No se imaginava que, assim como no ocidente, o imprio otomano iria se ren-der tambm ao resgate da cultura da antiguidade, assim como aconteceu na Europa.

  • Histria da Arte50

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR

    Para saber mais sobre os estilos e mtodos arts-ticos do perodo das civilizaes clssicas, leia o captulo Isl (sculo VII-XVIII d.C. do livro Breve Histria da Arte.

    BAUMGART, Fritz. Breve Histria da Arte. Traduo Marcos Holler. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    Nesse livro, voc poder encontrar as relaes en-tre a religio e os estilos artsticos das civilizaes islmicas ou mulumanas.

    Para saber mais sobre a histria da arte da civiliza-o Bizantina, leia o captulo A Arte Bizantina, no livro A breve histria da Arte.

    SANTOS, Maria das Graas Vieira Proena. Histria da Arte. 17. ed. 8. impr. So Paulo: tica, 2010.

    Esse captulo do livro aborda as relaes entre a igreja e o Estado bizantino. Alm das tcnicas sin-gulares da arte bizantina.

    PARA REFLETIR

    Aps a leitura do contedo e dos textos comple-mentares indicados, voc compreende como as artes das civilizaes fora da Europa foram impor-tantes para os prprios europeus e para ns. Com-

  • 51Tema 1 | O Perodo Clssico da Arte

    partilhe suas concluses com seus colegas e dis-cuta com eles a importncia de outras civilizaes no europeias.

    RESUMO

    Nesse captulo estudamos as vrias civilizaes da antiguidade clssica e oriental. Como se desenvol-veram seus estilos e tcnicas, que muitas vezes foram sobrepujados pelo domnio religioso ou de seus monarcas. Essa relao dbia entre poder e religio moldou muito os estilos artsticos desse perodo histrico, independente do continente de sua localizao e das relaes histrica de seu de-senvolvimento ou conquistas.

  • A Modernizao da Arte2Queridos alunos, vamos agora estudar a vrias formas, ideias e

    movimentos artsticos mundiais que nasceram por volta do sculo V at o sculo XX, buscando entender sua importncia, suas causas e suas implicaes com a sociedade desses perodos.

    Ao longo dos temas entenderemos como as artes deixaram de ser uma coisa meramente representativa, quase sempre ligada adorao ou mesmo decorao de ambiente para serem agentes de interpretao de uma mudana social e poltica. Deslumbraremos as estruturas sociais e polticas, que sempre estiveram ligadas s artes e que tornaram essa uma das mais importantes representaes e presena humana nesse planeta.

  • Histria da Arte54

    2.1 Arte Medieval

    A histria da arte medieval tem como marco inicial o fim do Imprio Romano e a diviso do imprio entre os vrios invasores que conseguiram destruir a estrutura romana a partir do sculo V. Enquanto no oriente tnhamos o surgimento do Imprio Bizantino, no ocidente ns tnhamos a re-estruturao cultural, com base principalmente no legado trazido pelos invasores germnicos.

    Segundo Strickland (2006), os germnicos que invadiram e conquistaram o Imprio Romano ociden-tal no apresentaram condies para assumir direta-mente a herana do mundo artstico herdado da anti-guidade. Eles acabaram se deparando com um novo mundo, baseado nos monumentos e representaes artsticas que s as grandes civilizaes da antiguida-de poderiam ter criado, como por exemplo, os monu-mentos arquitetnicos romanos e gregos.

    Os povos germnicos estavam unidos por uma srie de representaes simblicas e cultu-rais muito prxima as prticas nmades, ou seja, prticas artsticas e culturais das ltimas fases da pr-histria humana, mas que j tinha absolvido, um pouco de algumas das civilizaes mais desen-volvidas, existentes no perodo, principalmente nas representaes ornamentais.

    As imagens eram coisas raras nessas culturas germnicas, mas essa situao mudou radicalmen-te com a cristianizao desses povos, que foram coagidos a confrontar-se com uma cultura baseada nas imagens crists e no mais pags, como era de costume para esses povos. Assim surge a im-portncia das Sagradas Escrituras para a arte e a cultura germnica, passando a ser o modelo a ser seguindo e difundido por esse mundo de povos no cristos.

  • 55Tema 2 | A Modernizao da Arte

    Segundo Baumgart (2007), com o passar dos tempos, as formas artsticas com base na ornamen-tao, foram sendo sobrepujadas pelas figuras hu-manas encontradas nas imagens sacras (sagradas). Isso s mudou com a juno das duas coisas, em uma configurao ornamental das obras-primas como poderiam ser encontrados nos livros desse pe-rodo. Exemplos dessa unio podem ser encontrados nas iluminuras, cdices e livros sagrados.

    Tudo isso graas a Carlos Magno, que d incio a uma poltica, ligada ao ofcio das artes no imprio carolngio. Para isso, Carlos Magno patrocinou uma srie de obras de arte que de-veriam concorrer com as do imprio bizantino e as do tempo do imprio romano. Carlos Magno foi uma figura poltica extremamente poderosa na Alta Idade Mdia, seus exrcitos tomaram o controle de amplas regies da Europa. Carlos Magno foi responsvel por uma fortssima impo-sio do Cristianismo em seus domnios e pelo ressurgimento da arte antiga. Aps sua coroao, tornou-se grande patrono das artes. O perodo carolngio e otonianos so dois momentos da arte medieval considerados como antecessores do romnico e bases da arte gtica.

    A representao dessa poltica de incentivo arte est no painel imperial, onde o imperador aparece como um jovem triunfante, assim como Je-sus Cristo. Sendo protegido por seus sditos mais leais, que, no painel, foram transformados em ar-canjos e os outros foram transformados em figuras bblicas, mas que traziam na essncia as vitrias romanas. (BAUMGART, 2007 p. 122)

    A adorao ao senhor encontrada em mui-tas obras do perodo vinha do culto o imperador e que deveriam ser transferida para as novas prticas religiosas e imperiais do domnio de Carlos Magno.

  • Histria da Arte56

    Muitas dessas obras do imprio carolngio foram feitas por artistas estrangeiros vindo principalmen-te da Itlia e da pennsula itlica.

    Mas existe uma forte herana cltico-ger-mnica na arte carolngia, sem fugir da inspirao vinda da arte romana da Antiguidade Clssica sen-tida nas obras artsticas do chamado renascimento carolngio, resultando numa unio entre elementos clssicos e as particularidades do esprito emocio-nal e conturbado de outras culturas medievais.

    As suas principais demonstraes arquitet-nicas vo aparecer principalmente na construo religiosa caracterizada por pinturas de murais, pe-los mosaicos e baixos-relevos que surgiram neste momento. Ao longo da idade mdia essas formas artsticas dominaram os corredores das Igrejas e criptas construdas nesse perodo. As mais signifi-cativas construes foram as capelas palacianas e a Catedral de Aachen na Alemanha. Uma das mais sig-nificativas construes deste perodo so as capelas palacianas e a Catedral de Aachen na Alemanha.

    As artes decorativas assumem tambm um lugar de relevo, especialmente no que diz respeito produo de marfins, joalharia e iluminura. Estas pinturas decorativas tinham um trao extremamen-te dinmico, forte e liberto transmitindo energia. Uma caracterstica importante dessa arte decorati-va so os altares e molduras, sempre muito bem trabalhados e confeccionados em diversos mate-riais preciosos, como ouro, prata, marfim e predas preciosas. Isso demonstra a estreita relao entre o imperador e a igreja catlica, agora smbolo do poder junto aos reis do perodo.

    Uma srie de obras apresentava uma decorao trabalhada por tcnicas ourivesarias, que muitas ve-zes utilizaram tambm o marfim, e outro metal no muito valioso como o bronze, bastante malevel, e

  • 57Tema 2 | A Modernizao da Arte

    que possibilitava utilizar tcnicas importantes para a confeco dessas ornamentaes, com ricos detalhes, que muitas vezes trazia adorao, passagens bblicas, ou mesmo imagens heroicas da poca.

    A arte otoniana surge em um importante mo-mento da arte Germnica, tem incio em meados do sculo X a incios do sculo XI durante o Sacro Imprio Romano-Germnico, na dinastia de Oto I e foi mantida pelos seus sucessores. O estilo aconte-ce logo aps o estilo carolngio de onde assimila e sofre uma grande influncia. Mas tambm anteces-so do estilo romnico.

    As obras arquitetnicas existiam, onde exis-tisse um palcio, mosteiro imperial ou um simples mosteiro rural. Esses sempre eram usados como hospedaria pelos imperadores em viagens pelo vasto imprio. Isso uma importante particulari-dade de manuteno dos costumes romanos. A ar-quitetura desses palcios e mosteiros foi mantida por muito tempo, e simbolizaram a permanncia da influncia carolngia no imprio Otoniano.

    Os relevos esto presentes em quase todas as obras otonianas, desde uma simples capa de livro, chegando at os grandes portes dos palcios im-periais e tem como caracterstica a divindade, vista em seus fundos dourado sobre o qual surge a viso e a luz divina. So mantidos os mesmos critrios, seleo e reorganizao nas obras desse imp-rio, valem para as artes sobrepostas e as esculturas.

    As esculturas so realistas e expressivas, contendo uma iluminura de grande fora e intensi-dade, que revelam a grandiosidade de multiplicida-des em seus matizes e tcnica de simplificar uma mensagem atravs da relao entre as figuras con-tidas na obra. As esculturas so raras no imprio otoniano, assim como o so no imprio carolngio, um dos poucos exemplos desse perodo um cru-

  • Histria da Arte58

    cifixo de madeira encontrado na Catedral de Col-nia (Alemanha) e impressiona pela forma como foi esculpida, pois seu corpo apoiar-se pesadamente na cruz, como se estivesse sem fora, esvado pelo sofrimento da crucificao.

    Uma importante representao artstica oto-niana eram as pinturas, que marcavam pela pre-parao de iluminuras, arte de decorativa, onde se combinam elementos carolngios e bizantinos. Outro importante seguimento artstico otoniano eram as literaturas e o principal centro de produ-o dessa extraordinria expresso artstica, sim-bolizada pelos manuscritos, era o mosteiro da Ilha de Reichenau, uma ilha no lago de Constana. Ali foi criado o Evangelirio de Oton III, uma das mais belas obras literrias desse perodo.

    Segundo Santos (2010), os arquitetos uniram esse estilo arquitetnico com as abbodas (cilndri-cas ou com arestas) que eram apoiadas nas colu-nas, criados dessa forma enormes espaos internos at ento nunca vistos em templos. Os tetos pas-saram a ser construdo em pedra, o que dava um ar de magnitude a obra, que passou a no ter mais o incmodo do excesso de colunas e outros obstcu-los arquitetnico, usados em perodos anteriores.

    Essa arquitetura foi uma soluo para um problema muito srio desse perodo: o excesso de peregrinos que vinham em multido para essas re-gies em busca da salvao para seus pecados. Essas obras foram erigidas para guarda os relic-rios dos santos catlicos que se espalhavam nesse perodo, criando verdadeiros lugares de salvao. Muitos dessas Igrejas, mosteiros, abadias ou tem-plos tinham sobre seu poder, relicrios com restos mortais dos Santos e at mesmo da Santa Cruz.

    Essas obras arquitetnicas seguiam tanto essa ideia da relao com a f, que muitos foram

  • 59Tema 2 | A Modernizao da Arte

    construdos sobre plantas que simbolizavam a Cruz, onde Cristo foi crucificado e um exemplo desse es-tilo e a Igreja de St. Sernin, em Toulouse, Frana. A planta foi construda para que os peregrinos utili-zar seus corredores sem incomodar os atos e ado-raes religiosos na nave principal. (STRICKLAND, 2006, p. 26)

    Outra importante representao da arte ar-quitetnica romnica a abadia de Cluny, uma das maiores obras construdas pelos beneditinos, seu smbolo esta na sua grandiosidade, frente aos quase mil mosteiros e abadias dessa ordem cons-trudos na Europa. Outra importante obra est na pennsula itlica, de forma mais leve que as encon-tradas no resto da Europa, esse estilo construiu fantsticas obras como a catedral e campanrio (torre inclinada) de Pisa, que se aproxima muito mais da arquitetura grego-romana.

    Segundo Santos (2010), os pintores romni-cos eram conhecidos por suas pinturas monumen-tais. So verdadeiros murais, afrescos que foram beneficiados pelas formas internas extraordinrias de suas igrejas e templos religiosos, que usavam como base os esboos dos livros religiosos, que deveriam transmitir os ensinamentos aos que no sabiam ler e, para isso, eram usados conventos, igrejas, abadias e catedrais.

    Todas as pinturas desse estilo artstico ti-nham fundamentos religiosos, sendo poucas as obras com base profana. Muitas dessas obras re-tratavam a criao do mundo e do ser humano, dos pecados originais, da histria de No e sua arca, temas evanglicos e o esplendor da presena de Cristo.

    Outra importante arte medieval que esta li-gada adorao e a religio o estilo gtico. Essa arte nasce de uma mudana no modo de vida das

  • Histria da Arte60

    pessoas durante a idade medieval. Essa mudana notada fortemente com o resurgimento das ci-dades medievais e, graas ao comrcio, o ncleo passou do campo para as cidades. Dessa forma, podemos perceber o surgimento de nova classe so-cial, a burguesia urbana, esse renascimento das cidades foi importante para as arte e cultura em geral (SANTOS, 2010, p. 72).

    J no sculo XII, em meio a um renascimento urbano, nasce na Frana um novo estilo arquitetnico bastante importante, que tem como bero desse surgi-mento a baslica de Saint- Denis. Podemos diferenciar a arquitetura gtica da romnica, inicialmente pelas for-mas da fachada, que na gtica possui trs portais, por onde se acessa a nave central, que por sinal sempre acompanhada de mais duas naves laterais.

    Outra importante representao arquitetnica gtica so os portais e as colunas de pedra. Esses fazem a frente das igrejas gticas serem mpares quando falamos de uso representativo, j que ne-las encontramos personagens bblicos, reis e rai-nhas ricamente trabalhados.

    Quando falamos de arte gtica, no pode-mos deixar de referenciar tambm a utilizao dos vitrais. Com a ampliao das paredes, que agora chega mais prximo do cu, e com o uso de novas tcnicas de reforo dos telhados, sobra espao para novas tcnicas artsticas, como a dos vitrais. Que nada mais so que, vidros coloridos que ao deixar a luz entrar, criam ambientes singulares, dando a impresso de paz e serenidade.

    Os vitrais e as esculturas sofrem mudanas significativas no sculo XIII. Com a utilizao de tcnicas mais apuradas, que tornaram as igrejas e catedrais gticas ainda mais altas, criando ainda mais espaos para a aplicao de mais vitrais e esculturas, nesses monumentos religiosos, o que

  • 61Tema 2 | A Modernizao da Arte

    chamava e muito a ateno para a riqueza de um reino por exemplo.

    As esculturas gticas sempre fizeram parte da arquitetura, raramente podem ser encontradas sepa-radas de um monumento arquitetnico. Essas escul-turas eram uma forma de representar importantes personagens ou momento vividos por esses artistas. Revelando assim o vigor e a o equilbrio dessas im-portantes expresses artsticas desse estilo.

    Outra curiosidade sobre a arte gtica, esta li-gada a uma mudana radical na sua aplicabilidade. No sculo XVI, a arte gtica deixa de ser uma exclu-sividade dos monumentos religiosos, e chegam s residncias particulares.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR

    Para obter maiores informaes sobre esse perodo de transio consulte o captulo Idade Mdia: o reino da religio, do livro Arte Comentada

    STRICKLAND, Carol; BOSWELL, John. Arte comenta-da: da pr-histria ao ps-moderno. 14. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

    Nesse captulo do livro, Carol Strickland faz uma anlise das principais caractersticas das artes espi-rituais, que foram inspiradas na devoo, em detri-mento ao realismo.

    Outras informaes sobre o perodo de transio, da idade antiga para a idade medieval, e sobre as artes do imprios medieval, voc pode encontrar no captulo, intitulado Alta idade mdia do livro Breve Histria da Arte.

  • Histria da Arte62

    BAUMGART, Fritz. Breve Histria da Arte. Traduo Marcos Holler. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    Nesse livro, o autor faz uma discusso sobre os principais imprios e estilos artsticos desse pero-do histrico.

    Para RefletirAps a realizao da leitura desse contedo e dos textos complementares sugeridos, voc entende a importncia da religio para a arte no perodo medieval? Compartilhe suas concluses com seus colegas e analise as concluses deles.

  • 63Tema 2 | A Modernizao da Arte

    2.2 Arte Renascentista

    A histria da arte na renascena evoluiu medida que os artistas Renascentistas buscam um resgate das culturas clssicas, principalmente a greco-romana, quais as construes foram influen-ciadas por especialidades vindas da antiguidade, e acabaram sendo adaptadas as novas realidades da vida e culturas modernas, ou seja, podemos en-contrar, exemplos na arquitetura das construes como igrejas crists que adotaram em sua forma os padres clssicos, nas construes dos suntuo-sos palcios imperiais europeus e outro exemplo, so os mosteiros que seguem as mesmas bases arquitetnicas clssicas.

    Para Santos (2010), condicionou-se a cha-mar de renascimento os movimentos artsticos que nasce na Europa no sculo XIV e se mantm at meados do sculo XVII. Onde um inesperado re-viver das artes e cultura da Grcia e romana, que j existia na Idade Medieval, mas estava restrito a uma pequena parcela elitizada da sociedade ou a membros da Igreja Catlica, que costumavam utili-zar ou traduzir esses textos grego-romanos.

    As mudanas de pensamentos vieram junto com mudanas polticas e econmicas da Europa nos sculos XV e XVI, segundo Strickland (2006) quando os europeus acordam de um sono (Idade Medieval) que durou sculos passaram a ter na ci-dade de Florena seu marco inicial. Da em diante o renascimento cultural se espalhou pelas outras cidades-estados da pennsula itlica, em seguida pelo mundo antigo e chegando aos quatro cantos do mundo, em uma sequncia s vista antes com as grandes navegaes.

    O renascimento nasce das relaes culturais e comerciais das cidades da pennsula itlica e ou-

  • Histria da Arte64

    tros povos que comercializavam na rota entre os imprios bizantino e rabe (mulumano) e essas cidades italianas. J que as cidades de Veneza, Flo-rena e Genova controlavam o comrcio das es-peciarias naquele momento da histria. Mas no podemos esquecer que junto com essas especiarias chegavam tambm a cultura dessas civilizaes.

    Os elementos comuns e que ganharam maior destaque foram as artes e literaturas greco-romana, que possua na sua base os estudos dos corpos humanos e natureza. Mas os conhecimentos tcni-cos trazidos por outros povos tambm foram mui-to importante para as artes renascentistas. Assim como as novas tcnicas e artistas renascentistas, que deram prestgio e importncia a esse novo mo-mento da histria cultural e artstica mundial (STRI-CKLAND, 2006, p. 32).

    Essas conquistas martimas, as novas tcni-cas cientficas e o afastamento do domnio religio-so, ps reforma protestante, e a diminuio das imposies mitolgicas to importantes para o do-mnio durante a idade mdia. Acabou fazendo o homem renascentista substituir as leituras divinas, por uma arte mais humanstica. Vista muito forte-mente nas pinturas do incio do sculo XVI.

    Uma das tcnicas mais conhecidas desse mo-mento artstico foi o leo em tela, que se tornou o mais importante entre os vrios mtodos utilizados pelos artistas. Simplesmente pelo fato de popula-rizar a arte da pintura, o que tambm fez aparecer novas cores e tonalidades para a ampliao da ima-ginao artstica.

    A perspectiva era outra importante descober-ta artstica renascentista e foi responsvel por uma nova tcnica de pintura, que dava as obras a iluso de profundidade em uma superfcie plana. Assim quem observava as telas tem a impresso de espa-

  • 65Tema 2 | A Modernizao da Arte

    o, e no mais aquela coisa sem vidas das tcnicas anteriores. A perspectiva trouxe uma tcnica que utilizada at os dias atuais, e que cria um efeito tico impressionante nas telas pintadas com essa tcnica renascentista.

    Na renascena nasce tambm a tcnica de luz e sombra, tambm conhecida como chiaroscu-ro, na verdade tem a ver com a luta entre o claro versos escuro, que tem a ver com a luta entre as trevas e o cu. Nessa tcnica, o escuro sempre usado para reala as partes mais claras, criando a impresso de relevo (STRICKLAND, 2006, p. 33).

    Outra importante tcnica renascentista foi con-figurao em pirmide, dando um carter mais tridi-mensional as telas, essa tcnica traz seu pice na parte superior e central da figura, como no caso da Mona Lisa e na Santa Ceia, que utiliza essa tcnica para dar uma caracterstica mais realista obra de arte.

    Entre os pintores da renascena podemos destacar Masaccio (1401-1428), Donatello(1386-1466), Leonardo Da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-1564), Rafael (1483-1520), Bosch (1450-1516), Bruegel (1530-1569), Holbein (1497-1543), Drer (1471-1528), Caravaggio (1571-1610),Bernini(1598-1680), Borromini (1599-1667), Van Dyck (1599-1641), Ruisdael (1628-1682), Rembrandt(1606-1669), entre outros.

    Essa oposio entre o divino e as ideias hu-manistas fez surgir uma valorizao do ser humano e da natureza como formas e inspirao artsticas j na Itlia do sculo XVI, mas somente com o apa-recimento de artistas como os supracitados, e que a Itlia se destacar pelas tcnicas dominadas em artes como as pinturas e esculturas. Esses artistas passaram a utilizar conjuntamente tcnicas como a composio, proporo e perspectivas em suas obras, nascendo assim o perodo conhecido como Alta renascena (1500-1520).

  • Histria da Arte66

    Para Santos (2010), na arquitetura o desta-que sempre ser a continuidade da arte religiosa, que evolui das obras medievais, mas que agora passam a ser remodeladas de acordo com os novos estilos que nascem com os artistas renascentistas. Uma dessas mudanas o abandono da arte de imitar os templos gregos, que tinham como carac-terstica principal um grande salo retangular. Os renascentistas tambm evitaram o exagero das for-mas arquitetnicas gticas.

    A arquitetura tinha como base os princpios geomtricos harmoniosa das pinturas e das escul-turas, j que recobrava as artes grego-romanas, principalmente a arte da Roma Antiga que trouxe-ram para suas obras o esplendor das grandes obras arquitetnicas do imprio romano e principalmente da sua capital, Roma, a insupervel galeria a cu aberto do mundo (STRICKLAND, 2006, p. 39).

    Segundo Santos (2010), a busca da ordem e da disciplina deveriam superar o imaginrio de in-finitude do espao das catedrais gticas as obras arquitetnicas estavam sempre ligadas a uma si-metria e uma relao matemtica, gerando ao ob-servador uma ideia de ordem e organizao, que poderia ser vista de qualquer lugar da construo.

    Uma caracterstica arquitetnica importante desse perodo artstico eram as cpulas, sempre inspiradas em domos das construes grego-roma-nas, como o Panteo e outras encontradas por todo o imprio. Essas cpulas sempre apoiadas na es-trutura dos edifcios, criando assim uma expresso de grandiosidade, s vista nas mesquitas rabes.

    Grandes arquitetos renascentistas foram Al-berti (1404-1472), Bramante (1444-1514), Palladio (1508-1580) e Brunelleschi (1377-1446), que utili-zaram fortemente em suas obras, uma harmonia e regularidade, somente possvel graas utili-

  • 67Tema 2 | A Modernizao da Arte

    zao da geometria. O artista usou uma simetria impressionante ao unir um edifcio pequeno com uma cpula, mas que se torna to grande como a potencialidade das ideias humanas. Expressivo na parte externa e impressionantemente humano da sua concepo.

    Outro importante artista que achava que a ar-quitetura deveria ser uma viso humana era Miche-langelo. Participando da reconstruo da Baslica de So Pedro, implantou uma nova forma de ver a arquitetura, j que para ele as obras renascentistas eram expresses ou extenses, um membro do cor-po humano.

    Outra importante especialidade das obras arquitetnicas renascentistas era serv