História Da Educação

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Uma breve história da educação.

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1 - UMA BREVE HISTRIA DA EDUCAO

O termo educao muito abrangente, pois, envolve todo processo de vivenciado ser humano no contexto que ele est inserido. Assim, anlise da organizao escolar brasileira, parte da ideia da sociedade brasileira, desde sua fase embrionria, ter uma vinculao com o sistema econmico, poltico e social capitalista vigente no mundo.

Para esclarecer melhor a diferenciao entre a histria da educao no mundo e a histria da educao brasileira, foi necessria a diviso por perodos, onde cada um possui suas caractersticas e objetivos comuns. Inicialmente tivemos no Brasil a educao primitiva, ou "Educao antes da escola," onde os povos brbaros foram educados, de acordo com os seus costumes e hbitos. A educao para os povos primitivos se dava atravs da imitao, de cerimnias de iniciao, onde os professores inicialmente eram os chefes dos grupos e posteriormente pelo sacerdote.

O principal objetivo da educao primitiva era promover a interao da criana ao seu ambiente fsico e social por meio de experincias de geraes passadas. Aps essa fase, sucede a Educao Oriental que tem como principal caractersticas a preocupao na preservao e reproduo do passado mediante a supresso da individualidade, onde surge nesse contexto, a escrita, centrada no domnio da linguagem e da literatura e surgindo assim as cidades, os estados e as organizaes polticas. Sucessiva a educao oriental, veio a Educao Grega que objetivava o desenvolvimento individual de cada individuo. Havia grandes nomes na educao grega, como, Scrates, Plato e Aristteles que muito contriburam para a educao mundial. No pensar grego, a educao era conceito de liberdade poltica onde preparava o individuo para a cidadania, para o amor pelo saber e acima de tudo para conhecimento de si prprio. Com isso, percebia-se que a educao grega, pautava-se na liberdade poltica e moral, no desenvolvimento intelectual e na racionalidade.

Outra importante fase da educao a Romana que decorre da concepo de direitos e deveres, que para serem cumpridos, o cidado precisa ter respeito autoridade paterna, carter e honestidade. A comprovao que a educao romana tinha como objetivo da formao do carter e da moral, era baseada na conquista de novas cidades, da a necessidade da formao de guerreiros imbatveis. No contexto da educao dos povos europeus surge a Educao Medieval, que tinha como base as ideias da igreja catlicas. Nessa fase, criticava-se o conceito liberal e individual dos gregos e o conceito de educao dos romanos, isto aos olhos da igreja catlica somente os seus pressupostos seriam os corretos. Esse perodo foi marcado por grandes acontecimentos, como por exemplos, a criao da Companhia de Jesus. Nesse cenrio fechado surge o Renascimento, que como "palavra" significa nascer de novo. Nessa perspectiva o perodo ficou conhecido como sculo das luzes, onde precisamos destacar Joo Ams Comnius, pensador da poca e criador da Didtica Moderna. No sculo XXII concebeu-se a teoria humanista e espiritualista, onde respeitava-se o estgio do desenvolvimento da criana no processo de aprendizagem. A perspectiva renascentista baseava-se no interesse pela vida do passado, pelo mundo subjetivo e pelo Mundo da natureza fsica.No perodo da Reforma Religiosa merece destaque os reformistas Joo Calvino, Martinho Lutero e Henrique VIII. O absolutismo era fonte de muitas injustias onde havia por parte do rei, monopolizao, esbanjava-se o luxo, controlava-se os tribunais, etc. Alguns nomes se destacavam nesta poca, merecendo destaque Jean Jacques Rousseau que criticava o absolutismo e pregava que a educao deveria ter como finalidade a alegria e o prazer.

Na passagem da idade Moderna para a contempornea, segunda metade do sculo XVIII, surge a educao Burguesa, marcada por resolues que findaram o absolutismo e consolidaram o capitalismo industrial. O avano tecnolgico, as guerras e as revolues influenciaram de forma de pensar sobre a educao, favorecendo, as criticas Escola Tradicional. Neste momento surge a Escola Nova, que tem como principal representante, John Dewey.

Atravs dessa contextualizao, pode-se perceber que a educao foi sendo construda e conceituada, de acordo com o pensamento humano, sobre suas necessidades sociais no atual momento histrico, tanto a educao mundial, quanto a brasileira que vemos a partir desse momento.

A histria da educao no Brasil no aconteceu por acaso, mas foi articulada sobre a influncia dos princpios e das diretrizes da histria da educao geral.

A educao no Perodo Jesutico s era conveniente e de interesse da elite da poca, onde o contexto social e produtivo da explorao colonial tinha o ndio e o negro africano que eram escravizados para satisfazer os interesses da burguesia.

Partindo deste histrico, a ordem dos jesutas nasceu da unio dos sonhos de seu fundador Incio Loiola, com a denominao da Companhia de Jesus. O objetivo maior da ordem jesutica era destruir as trs grandes religies que no obedeciam ao Papa, que era igreja ortodoxa, o islamismo e o protestantismo, formando assim uma Nova Ordem Mundial sob a viso do Papa.

A chegada dos jesutas no Brasil foi por volta de 1549, sob o comando do padre Manoel de Nbrega e do governador geral, Tom de Souza. O principio plano educacional era catequizar e instruir os indgenas e, por isso, abriram escolas de ler e escrever e, tambm de pratica agrcola, mercenria e ferrovia.

A primeira misso concreta jesutica foi a edificao da 1 Escola Elementar Brasileira, em Salvador, comandada educacionalmente por Vicente Rodrigues.

Em 1570 a ordem jesutica j contava com escolas e colgios, como as escolas de: Porto Seguro, Ilhus, So Vicente, Esprito Santo, So Paulo e Piratininga e, colgios como o do Rio de Janeiro, de Pernambuco e da Bahia. Com o objetivo de proteger os ndios os jesutas criaram as misses, onde resultou em algumas consequncias como, transformar os ndios nmades em sedentrios, facilitando assim a captura deles pelos colonos.Porem, em 1759, os jesutas foram expulsos por deciso de Sebastio Jos de Carvalho, o Marques de Pombal. Nesse momento, a educao brasileira vivenciou uma grande ruptura histrica, onde os colgios jesuticos foram palco de formao da elite colonial e os ndios eram apenas catequizados. Portanto, o motivo maior da expulso dos jesutas, foi os interesses comerciais de Marques de Pombal.

O contexto histrico da educao brasileira para ser entendido, necessrio uma viagem pela educao mundial, assim sendo, passaremos a entender o caminho percorrido pela educao at chegar aos dias atuais e, vemos que tudo que vivenciamos no momento, nada mais que resqucios do passado.

2 - O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL IMPRIO

Em 1808 com a vinda da famlia real para o Brasil inicia-se o Imprio, e mudanas alteram o setor cultural e poltico colonial.

O ensino pblico estatal e religioso, continuando como o do sistema colonial, favorecendo a elite brasileira. Foi um perodo de grande resistncia criao da universidade brasileira. Pela Constituinte a religio catlica era a religio do estado. Este fator no significa que o ensino no imprio fosse secularizado. Depois da independncia, formaram-se dois setores, o do ensino estatal (secular) e o ensino particular (religiosos e secular). No Rio de Janeiro, em 1837, foi criado, o Colgio Pedro II para ministrar o ensino secundrio. Era referncia na esfera nacional e considerado adequado para seus ex-alunos se matricularem em qualquer curso superior do Imprio.

Valorizavam-se primeiro os bacharis de Direito. Em seguida vinham os engenheiros, imprescindveis para o desenvolvimento dos empreendimentos estatais ou privados relativos aos transportes, minerao e aos grandes desafios da urbanizao que processava, particularmente, particularmente no sudeste do pas. Depois a medicina, seus formandos se encontravam no topo do prestgio em matria de escolaridade. Foi um perodo de grande resistncia criao da universidade brasileira. Na Repblica Velha (1889-1930), se produziram acontecimentos importantes para a vida nacional, o inicio da expanso, se estabeleceu uma poltica imigratria, se aboliu a escravido, iniciou-se a organizao do trabalho livre e se inaugurou, com a queda do Imprio, a experincia de um novo regime poltico. Apesar da resistncia dos positivistas que viam na universidade uma instituio medieval e ligada estritamente a igreja catlica e a influncia positivista no grupo de oficiais que proclamou a Repblica, foi um fator que contribuiu para o atraso na criao de universidades no Brasil. No perodo que vai de 1891 a 1910 foram criadas 27 escolas superiores, algumas delas futuras universidades. Muitas reformas educacionais ocorreram neste perodo. Em 1911, a Reforma Rivadvia, baseada nas teses positivistas, assegurava autonomia e liberdade de ensino s escolas superiores. Em 1915, a Reforma Carlos Maximiliano reintroduziu o controle j utilizado. A consequncia destas reformas que as instituies, principalmente as mantidas por poder poltico regional, assumiam as formas legais mais convenientes. Associou-se a essa questo a defasagem na tecnologia administrativa, que no conseguiu se modernizar, continuando a dotar procedimentos tradicionais. Nenhuma das reformas at 1930 procurou resolver o grande problema desta poca que foi a inexistncia de escolas preparadoras de formao de professores, quase todos autodidatas ou recrutados do Imprio.

A falta de um corpo de professores de carreira, formados sob orientao uniforme, em escolas de alto nvel, que se podem buscar as origens de muitas das dificuldades em que se esbarravam, na sua execuo, os esforos de reorganizao do ensino secundrio. Apesar dos esforos e das varias reformas em alguns momentos seguindo os princpios positivistas e em outros momentos deixando de utiliza-los, no se modificou sensivelmente situao anormal que nos deixara o Imprio e nos manteve a Repblica, a julgar pelos dados sobre a percentagem de analfabetos que consta em 66,4 em 1872, 60,1 em 1920, isto 30 anos aps a instituio do regime republicano.

Foi neste perodo que surgiram os primeiros estabelecimentos de ensino superior do Brasil denominadas universidades. Algumas delas tiveram um curto tempo de durao chamadas passageiras, e as sucedidas foram as universidades que sobreviveram. Foram criadas entre 1909 1912, trs universidades consideradas universidades passageiras: Universidade de Manaus, fundada em 1909, sobreviveu onze anos. A Universidade de So Paulo, crida em 19 de novembro de 1911, durou at 1917.E a Universidade do Paran, fundada em 19 de dezembro de 1912, extinguida antes da reforma de Carlos Maximiliano 1915. As duas instituies de ensino superior que implantadas sobreviveram foram: Universidade do Rio de Janeiro, criada em 7 de setembro de 1920 pelo presidente Epitcio Pessoa. Foram 30 tentativas para a sua definitiva criao. E a Universidade de Minas Gerais, criada em 7 de setembro de 1927 pelo presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos de Andrade e seu secretrio do interior Francisco Luis da silva Campo, com sede em Belo Horizonte.

Com interesse de formar sua elite no Brasil Colnia s existiam alguns cursos superiores, em geral literrios e retricos, ligados principalmente formao de sacerdotes; a maior parte dos jovens completava sua formao na metrpole. Com a vinda da corte, passaram a se diversificar mais no sentido de formar os profissionais considerados necessrios para a elite assumir posies de destaque. Durante o Imprio e o incio da Repblica, diz respeito ao controle do governo sobre o ensino, escolhiam desde a disciplina at os locais, poca e horrio em que tudo devia fazer-se. At mesmo escolha dos professores lentes proprietrios, depois catedrticos, eram rigorosamente escolhidos.

Nos moldes aos quais foram implantadas as instituies de ensino superior se pode observar que no havia em plano para a educao e as instituies foram criadas para atender a uma elite aristocrtica. As universidades foram criadas no inicio do sculo XX, a partir do agrupamento de escolas j existentes. Nos primeiros anos de vida universitria, sob a influncia de diferentes linhas de pensamento, permite-se que diferentes instituies se constituam de maneira diversificada quanto s finalidades e tipo de ensino.

3 - O ENSINO PRIMRIO E SECUNDRIO

4 - A FORMAO DE PROFESSORES E AS ESCOLAS NORMAIS

No Brasil, s o governo central a Metrpole, no Brasil-Colnia, e a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil Imprio e na Repblica podia fundar escolas superiores. Alis, os presidentes das Provncias no dispunham de condies para a fundao de uma Universidade ou de uma Faculdade Isolada: iniciativa de tamanha envergadura era suposta encontrar-se alm de seus recursos humanos, financeiros e culturais.

Em educao, o mximo, a que uma Provncia podia almejar, era criao de uma Escola Normal. Em 1835 funda-se a primeira de nossas Escolas Normais, em Niteri, e, em 1842, a da Bahia. De tal modo, porem andava inferior o nvel do ensino brasileiro que, alm de no poder fundar escolas superiores, via-se, muitas vezes, coroada de fracasso, at a prpria fundao da Escola Normal. Em virtude desta realidade educacional, melancolicamente dizia, em 1867, o Presidente da Provncia do Paran: Reconheo a necessidade de uma Escola Normal; mas no Brasil elas tm sido plantas exticas: nascem e morrem quase o mesmo dia

A Provncia de So Paulo, considerada a primeira em instruo, estabelece, em 1846, sua primeira Escola Normal, instalada em 1847; e, em 1867, apesar de tudo, surpresa esta Escola Normal, a nica da Provncia de So Paulo. Na Provncia de Minas Gerais j em 1835, luta-se pela consecuo de uma Escola Normal. Em 1879, o Presidente da Provncia de Minas Gerais, Roberto Horta, informa Assembleia Legislativa: Conta a Provncia atualmente com cinco Escolas Normais: a da capital e a de Campanha funcionam desde 1872; a de Diamantina instalada no presente ano, e as Paracatu e Montes Claros que s podero funcionar no ano prximo. Na Provncia do Esprito Santo, a reforma da instruo primria, em 1873, manda criar uma Escola Normal. Na Provncia do Rio Grande do Norte, a Escola do Normal instalada em 1874, enquanto, na Provncia do Amazonas, em 1882.

Na Histria da Instruo Feminina no Brasil, papel nico e de relevante importncia desempenharam as Escolas Normais que, silenciosa mas profundamente, arrancaram as mulheres de seu enclausuramento, elevando-as, instruindo-as e delas fazendo as primeiras professoras do Brasil; alm disso, ofereceram-lhes oportunidade de serem teis ao prximo, de se realizarem, de trabalharem fora, capacitaram-na a melhor educar seus prprios filhos e deram-lhes, pela primeira vez, instruo de grau mdio, fato jamais acontecido no Brasil, ainda mais de maneira oficial e sistemtica. Deste modo, constituram as Escolas Normais a ponte natural para entrada da mulher no ensino superior e, mais tarde, em todas as esferas de atividade. Por isso, apesar de deficiente e cambaleante, vital e inolvidvel foi o papel das Escolas Normais, criadas no Brasil do sculo XIX. O principio da democratizao do ensino feminino comeou com as Escolas Normais, uma vez que antes disso, somente as moas de famlias abastadas recebiam alguma instruo, por via de regra eficiente e de aparato, j em casa de seus pais com mestres particulares, que h mais de meio sculo tem existido no Brasil, como Indstria lucrativa.

Apesar de todas as limitaes um dado adquirido que a formao de professores conheceu no incio do sculo XX uma efetiva expanso. Durante a 1. Repblica ocorrem algumas importantes inovaes institucionais, mas devido s convulses internas do regime, estas raramente ultrapassaram o nvel experimental. A ditadura que se inicia em 1926, teme a ao dos professores, e procura limitar a sua profissionalizao, mas tambm a sua formao. Os anos trinta foram neste aspecto uma poca de verdadeira regresso no sistema de formao de professores. Ser preciso esperar pela agonia do regime, no Consulado Marcelista, para que se sejam introduzidas importantes alteraes na formao de professores, impostas pela expanso do sistema educativo. Os grandes aumentos na profissionalizao dos professores s ocorrem, contudo, depois do 25 de Abril de 1974. Os anos oitenta sero marcados pela diversificao dos modelos e modalidades de formao, mas tambm de consolidao das cincias da educao.

5 - EDUCAO X DITADURA MILITAR

As propostas de uma Educao mais democrtica foram abandonadas com o incio do regime militar, em 1964. Paulo Freire (1921-1997) foi exilado no Chile e a Escola Nova deixou de ser considerada para as polticas pblicas. O novo governo manteve a preocupao com a industrializao crescente e o foco em formar um povo capaz de executar tarefas, mas no necessariamente de pensar sobre elas.

No primeiro ano de mandato do marechal Humberto de Alencar Castello Branco (1900- 1967), um simpsio do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), ligado direita governista, deu indicaes claras do rumo que se queria tomar. Dermeval Saviani conta no livroHistria das Ideias Pedaggicas no Brasil(498 pgs., Ed. Autores Associados, tel. 19/3289-5930, 89 reais) que a meta do evento era a elaborao de um plano de Educao com a escola primria voltada para uma atividade prtica e o 2 grau tcnico que preparasse o estudante para o mercado. Tambm foram assinados acordos entre os governos brasileiro e norte-americano que vinham sendo discutidos h alguns anos e previam a vinda de tcnicos para treinar professores. "As aes visavam transformar o Brasil em uma potncia econmica mundial", explica Amarilio Ferreira Jr., da Universidade Federal de So Carlos (Ufscar).

Na Educao de adultos, as ideias de Freire deram lugar a um modelo assistencialista por meio do Movimento Brasileiro de Alfabetizao (Mobral). A leitura passou a ser tratada como uma habilidade instrumental, sem contextualizao. Os alunos aprendiam palavras acompanhadas de imagens, faziam a diviso silbica e, por ltimo, trabalhavam com frases e textos. Tambm eram estudados os clculos matemticos, a escrita e hbitos para a melhoria da qualidade de vida.

Paralelamente a isso, o Brasil vivia um momento crtico no ensino universitrio. A oferta no acompanhava o crescimento da demanda e a revolta pela falta de vagas ganhou fora com as notcias das manifestaes ocorridas na Frana, em maio de 1968, e gerou a chamada "crise dos excedentes". O governo federal assumiu, ento, uma postura mais invasiva. A Unio Nacional dos Estudantes (UNE) foi considerada ilegal e qualquer tentativa de se organizar politicamente era vista como atividade subversiva a ser reprimida.

No fim de 1968, o general Arthur da Costa e Silva (1902-1969), na presidncia, promulgou o Ato Institucional n 5 (AI-5), que deu a ele poderes de legislativo e executivo e permitiu o confisco dos bens de quem fosse incriminado por corrupo. E, no ano seguinte, o Decreto-lei n 477 determinou que "comete infrao disciplinar o professor, aluno, funcionrio ou empregado de estabelecimento de ensino pblico ou particular que pratique atos destinados organizao de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou comcios no autorizados". Muitos estudantes e docentes foram presos e torturados por aderirem oposio ao governo.

O incentivo ao patriotismo era uma marca forte nas escolas pblicas. Uma vez por semana, meninos e meninas se posicionavam com a mo direita no peito, observavam a bandeira ser hasteada e cantavam o Hino Nacional. Um desejo desde o incio do regime, a disciplina de Educao Moral e Cvica (EMC) foi tornada obrigatria em 1969. A maior parte dos que a lecionaram era militar ou religioso e lia na aula cartilhas com temas como cidadania, patriotismo, famlia e religio. Mas alguns conseguiam burlar o controle e introduzir contedos diferenciados.

Em julho de 1971, o ministro da Educao e Cultura Jarbas Passarinhooficializou o vestibular classificatrio nas universidades, algo que se mantem at hoje. No ms seguinte, foi aprovada a Lei n 5.692 que determinava a organizao do ensino em 1 e 2 graus em vez de primrio, ginsio e colegial. A obrigatoriedade escolar foi ampliada at os 14 anos de idade e o exame de admisso necessrio para entrar no ginsio foi extinto. Para garantir a boa receptividade da legislao, docentes tidos como carismticos foram convocados para a divulgarem. Francisco Beltramni, ento professor de Geografia, foi um deles. No treinamento, eles falavam da maravilha que a lei seria e orientavam que no permitssemos discusses se algum quisesse questionar aspectos como as condies de trabalho.

A lei ainda estabeleceu a incluso da disciplina de Estudos Sociais, com contedos que seriam de Histria e Geografia, nos anos iniciais do 1 grau. Os professores polivalentes que atuavam nesse segmento, passaram a ser formados no Magistrio, com nvel de 2 grau, e as escolas normais foram extintas. Para lecionar para os outros anos, era necessrio cursar uma licenciatura em programas de curta ou longa durao. A ideia era transformar o pedagogo em um tcnico em Educao de acordo com a poltica tecnocrata do governo. Os concursos pblicos eram poucos e no havia professores suficientes para atender a todas as vagas que vinham sendo criadas com a construo de escolas e a oferta de aulas pela manh, tarde e noite. Ento, quando no havia profissionais habilitados suficientes era permitido contratar outros temporariamente.

Apesar do recurso do salrio-educao criado em 1964 e revisto em 1975, pelo qual as empresas pagavam imposto relativo aos filhos de funcionrios em idade escolar, os investimentos na rea decresceram ao longo do regime. No estado de So Paulo, por exemplo, de 8,7 salrios mnimos, os docentes passaram a receber 5,7 salrios, em 1979, segundo o livro Educao, Estado e Democracia(Luiz Antnio Cunha, 495 pgs., Ed. Cortez, tel. 11/3864-0111, 56 reais). Assim, muitos educadores e alunos migraram para escolas privadas.

A esse cenrio se somou a crise do petrleo, em 1973, que acabou com o chamado milagre econmico, poca em que o produto interno bruto (PIB) do pas aumentava cerca de 10% ao ano. A militncia poltica ficou mais forte e as pessoas comearam a reivindicar a volta da democracia.

Diante do fortalecimento da oposio democrtica, o general Ernesto Geisel (1908-1996) iniciou em seu governo o processo de abertura lenta e gradual que acarretou mudanas educacionais. O ensino de 1 grau foi municipalizado, numa tentativa de descentralizar e democratizar o sistema. Em 1979, o Ministrio da Educao e Cultura foi assumido por um professor universitrio pouco identificado com o regime, Eduardo Portella, outro indcio de que as coisas estavam mudando. E Joo Figueiredo (1918-1999), ltimo presidente militar, intensificou o processo de abertura, revogou a obrigatoriedade de o 2 grau ser profissionalizante e criou programas especficos para o ensino voltados populao de baixa renda, que geraram pouca mudana na prtica. Trs anos depois, se encerrou a ditadura militar no Brasil. Tancredo Neves (1910-1985) ganhou a eleio indireta, mas morreu antes da posse e seu vice, Jos Sarney, se tornou o primeiro presidente da chamada Nova Repblica.

6 - EDUCAO NO ESTADO DEMOCRTICO DE DIREITO

Com o fim da ditadura militar, vrios aspectos da poltica nacional foram repensados, e entre eles estava a Educao. Nos primeiros trs anos da Nova Repblica, o foco esteve na elaborao da Constituio. Pensando nela, os participantes da 4 Conferncia Brasileira de Educao, realizada pela Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Educao (Anped), a Associao Nacional de Educao (Ande) e o Centro de Estudos Educao e Sociedade (Cedes), em Goinia, em 1986, finalizaram o evento com uma lista de propostas que inclua a efetivao do direito de todos os cidados ao ensino e o dever do Estado em garanti-lo.

Em 5 de outubro de 1988, a nova Constituio Federal foi finalmente aprovada. Entre as principais conquistas, estava o reconhecimento da Educao como direito subjetivo de todos, uma evoluo do que os escolanovistas haviam propagado durante a Era Vargas."Isso significa que qualquer um que queira estudar, mesmo se estiver fora da idade obrigatria, deve ter a vaga garantida", explica Carlos Roberto Jamil Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A legislao tornou urgente a tomada de providncias como a abertura de mais escolas e a formao de docentes, o que acarretou a necessidade de investimentos. Para isso, a lei indicava a aplicao na rea de no mnimo 18% da receita dos impostos pela Unio e 25% pelos estados e municpios.

Dois anos depois, durante a Conferncia Mundial sobre Educao para Todos em Jomtien, na Tailndia, foi aprovada uma declarao internacional que levava o nome do evento e propunha aes para os dez anos seguintes com vistas universalizao do ensino nos pases signatrios. Por aqui, Fernando Collor de Mello assumiu a presidncia e criou o Programa Nacional de Alfabetizao e Cidadania (Pnac) em substituio Fundao Educar - verso democrtica para o Movimento Brasileiro de Alfabetizao (Mobral) -, instituda cinco anos antes por Jos Sarney. Mas a iniciativa de Collor durou apenas um ano.

Vrias regulamentaes surgiram no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que assumiu a presidncia em 1995 com Paulo Renato Souza (1945-2011) como ministro da Educao. J no segundo ano de mandato, aps intensos debates, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), com relatoria do senador Darcy Ribeiro (1922-1997). A nova lei reforou aspectos importantes da Constituio como a municipalizao do Ensino Fundamental, estipulou a formao do docente em nvel superior e colocou a Educao Infantil na posio de etapa inicial da Educao Bsica. Para financiar os novos projetos, foi criado o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizao do Magistrio (Fundef). O 1 e o 2 graus se tornaram Ensino Fundamental e Mdio e a recomendao para os estudantes com necessidades especiais passou a ser a de que fossem atendidos preferencialmente na rede regular. FHC emendou um segundo mandato e o ministro Souza incluiu o Brasil no Programa Internacional de Avaliao de Alunos (Pisa). Foi um passo importante para ter uma medida de como estava a Educao nacional, embora o pas tenha ficado em ltimo lugar no ano de estreia. Na mesma poca, criou-se o Exame Nacional de Ensino Mdio (Enem), com resultados por escola e por aluno, que em 2009 passariam a ser considerados at em substituio ao vestibular para o Ensino Superior. Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RCNEI) tambm nasceram nesse perodo. Para constru-los, foram reunidos profissionais que tinham referncias em boas prticas de sala de aula e diversos especialistas.

Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educao (PNE), previsto na Constituio e vlido por dez anos. Ele estipulava metas para aumentar o nvel de escolaridade dos brasileiros e garantir o acesso Educao, mas no teve xito na maioria delas. Um dos motivos apontados por especialistas o veto do governo ao investimento de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) na rea. Apesar disso, houve ganhos.

Dois anos depois, Luiz Incio Lula da Silva assumiu a presidncia e levou Cristovam Buarque para o Ministrio da Educao (MEC). No lugar da Alfabetizao Solidria, criada por FHC em 1997, foi lanado o Brasil Alfabetizado para o combate ao analfabetismo. O esforo contnuo levou diminuio da taxa de analfabetismo de quem tem 15 anos ou mais, mas em 2012 a queda progressiva foi interrompida e as razes ainda esto sendo analisadas por especialistas.

Outro exame nacional foi criado em 2005. Alunos de 4 e 8 sries (5 e 9 anos) passaram a ser avaliados na Prova Brasil. Com o desafio de ampliar o acesso escola e melhorar os ndices nas avaliaes, viu-se a necessidade de ampliar os recursos da rea e alcanar todas as etapas. Assim, o Fundef se tornou Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb) em 2007.

Outra estratgia presente nesse perodo foi a das escolas de tempo integral. As primeiras iniciativas foram lideradas por Darcy Ribeiro. Mas, passado o nimo inicial, elas ficaram restritas a poucas unidades. Assim, em 2007, o MEC criou o Mais Educao, que custeou o aumento da carga horria em 49 mil escolas.

Em 2009, a Emenda Constitucional n 59 determinou a ampliao da obrigatoriedade escolar para 4 a 17 anos at 2016. O assunto foi reforado pela Lei n 12.796 em 2013. O piso salarial nacional de 950 reais para os docentes foi aprovado em 2010, com a proposta de que um tero da jornada fosse dedicada a formao e planejamento. Nesse mesmo ano, o ministro Fernando Haddad encaminhou uma nova verso do PNE para o Congresso. Dilma Rousseff se tornou presidente em 2011 e o documento segue em discusso at hoje.

Alm de todas as mudanas polticas que interferiram na sala de aula, essas dcadas incluram uma grande revoluo tecnolgica, marcada pelo desenvolvimento da internet, que transformou as relaes sociais e, claro, o ensino. Embora 70 mil escolas de Ensino Fundamental ainda no tivessem computador em 2010, essa mquina est na vida de alunos e professores, mudando a maneira como tm acesso informao e ao conhecimento. Os ltimos dois governos distriburam laboratrios de informtica, laptops para alunos e tablets para docentes. Apesar disso, a realidade ainda plural. H salas rurais multisseriadas, classes informatizadas, escolas bilngues, projetos pedaggicos tradicionais e propostas de inspirao democrtica. Diante de tamanha diversidade, o novo PNE e a definio de um currculo nacional so algumas das questes urgentes para garantir que todos que vivem a histria de hoje sigam no mesmo rumo, com vistas melhoria da Educao.

7 - EDUCAO NO BRASIL

A realidade atual da educacao brasileira e bastante complexa, com inumeros desafios e problemas que se inter-relacionam com o panorama politico, economico e social do pais. Este quadro tem sua origem em um processo que nao e novo e que nao pode ser dissociado de um contexto amplo, historico.

O pais configura-se sobre o prisma de uma politica neo-liberal, instituindo na sociedade ideais de modernizacao, globalizacao e qualidade total. Entretanto, esbarra em problemas cotidianos que vem se agravando com o numero assustador de desempregados, desabrigados e movimentos reivindicatorios de toda forca e natureza.

Ha muitas formas de participacao popular democratica: nas organizacoes de bairro, na comunidades de base, nos conselhos municipais de saude, de educacao ou associacoes de defesa dos direitos do cidadao, assumindo assim uma cidadania ativa.

Maiores investimentos em politicas educacionais, a implantacao, de fato, em todo o pais, de um curriculo basico nacional e o efetivo envolvimento da comunidade nas questoes educativas oportunizara uma educacao igualitaria.

A inovacao da educacao so se dara quando a base da sociedade o quiser. Nesse contexto, a mudanca de mentalidade e fundamental e urgente.

A educao brasileira, que em outros contextos histricos era muito mais precria, hoje apresenta avanos significativos no que diz respeito a fatores como infra-estrutura, formao de professores, material didtico, inovaes tecnolgicas, entre outros aspectos que deveriam favorecer a aprendizagem. Mas, apesar dos investimentos e incentivos, os dados de aprendizagem obtidos atravs de avaliaes como: SAEB SPAECE, ENEM, entre outros, apontam resultados que no condizem com os esforos governamentais e os investimentos feitos na rea.

Oensino ofertado em nossas escolas pblicas no tem conseguido dar conta dos aspectos mais bsicos e primordiais da aprendizagem, como aquisio de leitura e escrita, por exemplo.

comum ouvir de professores queixas do tipo: os meninos de hoje no lem, decodificam; os alunos chagam ao final do ensino mdio sem compreender o que lem e sem saber fazer uma redao; o aluno no consegue resolver um problema simples de matemtica porque nem entender o problema ele consegue. Ou seja, o aluno no est mais aprendendo a ler e a escrever. Est chegando ao final da Educao Bsica com deficincia sria nessa rea. Sendo assim, todas as outras reas do conhecimento ficam comprometidas uma vez que ele nem sabe escrever nem compreende o que l. Embora parea determinismo demais falar dessa forma, os dados de desempenho em leitura e escrita apontam para essa concluso.Se na Europa, cujo contexto social, econmico e cultural, difere, ao extremo, do nosso, a situao j se mostra preocupante, o que dizer no caso brasileiro? Segundo dados do PISA apresentados por Ceclia Braslavsky no texto intitulado Diez factores para uma educacin de calidad para todos em El siglo XXI , 13% dos jovens e adolescentes europeus no compreende o que l. No Brasil os dados so ainda mais inquietantes.

Nesse contexto o municpio de horizonte inova ao criar dois projetos com foco na leitura e escrita para os anos iniciais do Ensino Fundamental: projeto Lendo Voc Fica Sabendo, e Projeto Vivenciando a leitura e a escrita.

Embora consideremos louvveis aes dessa natureza, que visam melhoria da qualidade educacional, esses projetos apresentam caractersticas que nos levam a analis-los como verdadeiras camisas de fora para os docentes daquela cidade.

Trabalhando com uma formao continuada baseada na instrumentalizao e adestramento dos professores, a consultoria pedaggica Aprender, responsvel pela idealizao e execuo dos dois projetos limita o trabalho dos professores aplicao de receitas prontas de como executar uma aula. No cabe mais aos professores, planejar, pensar estratgias para ensinar, enfim, pensar e elaborar sua aula. Cabe-lhes agora executar uma aula que j vem determinada minuto a minuto, como pode ser observado pela anlise das rotinas pedaggicas.

8 - SER PROFESSOR: UMA ESCOLHA DE POUCOS

Nos ltimos anos, tornou-se comum a noo de que cada vez menos jovens querem ser professores. Faltava dimensionar com mais clareza a extenso do problema. Um estudo encomendado pela Fundao Victor Civita (FVC) Fundao Carlos Chagas (FCC) traz dados concretos e preocupantes: apenas 2% dos estudantes do Ensino Mdio tm como primeira opo no vestibular graduaes diretamente relacionadas atuao em sala de aula - Pedagogia ou alguma licenciatura (leia o grfico abaixo).

S 2% dos entrevistados pretendem cursar Pedagogia ou alguma Licenciatura, carreiras pouco cobiadas por alunos das redes pblica e particular.

Fonte: Pesquisa Atratividade da Carreira Docente no Brasil (FVC/FCC)

A pesquisa, que ouviu 1.501 alunos de 3 ano em 18 escolas pblicas e privadas de oito cidades, tem patrocnio da Abril Educao, do Instituto Unibanco e do Ita BBA e contou ainda com grupos de discusso para entender as razes da baixa atratividade da carreira docente. Apesar de reconhecerem a importncia do professor, os jovens pesquisados afirmam que a profisso desvalorizada socialmente, mal remunerada e com rotina desgastante.

O Brasil j experimenta as consequncias do baixo interesse pela docncia. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), apenas no Ensino Mdio e nas sries finais do Ensino Fundamental o dficit de professores com formao adequada rea que lecionam chega a 710 mil. E no se trata de falta de vagas. "A queda de procura tem sido imensa. Entre 2001 e 2006, houve o crescimento de 65% no nmero de cursos de licenciatura. As matrculas, porm, se expandiram apenas 39%", afirma Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundao Carlos Chagas e supervisora do estudo. De acordo com dados do Censo da Educao Superior de 2009, o ndice de vagas ociosas chega a 55% do total oferecido em cursos de Pedagogia e de formao de professores. A baixa procura contrasta com a falta de docentes com formao adequada.

O estudo indica ainda que a docncia no abandonada logo de cara no processo de escolha profissional. No total, 32% dos estudantes entrevistados cogitaram ser professores em algum momento da deciso. Mas, afastados por fatores como a baixa remunerao a desvalorizao social da profisso e o desinteresse e o desrespeito dos alunos, acabaram priorizando outras graduaes. O resultado que, enquanto Medicina e Engenharia lideram as listas de cursos mais procurados, os relativos Educao aparecem bem abaixo.

Um recorte pelo tipo de instituio d mais nitidez a outra face da questo: o tipo de aluno atrado para a docncia. Nas escolas pblicas, a Pedagogia aparece no 16 lugar das preferncias. Nas particulares, apenas no 36. A diferena tambm grande quando se consideram alguns cursos de disciplinas da Escola Bsica. Educao Fsica, por exemplo, surge em 5 nas pblicas e 17 nas particulares. "Essas informaes evidenciam que a profisso tende a ser procurada por jovens da rede pblica de ensino, que em geral pertencem a nichos sociais menos favorecidos", afirma Bernardete. De fato, entre os entrevistados que optaram pela docncia, 87% so da escola pblica. E a grande maioria (77%), mulheres.

http://revistaescola.abril.com.br/formacao/serie-especial-historia-educacao-brasil-750345.shtmlMANACORDA, Mrio Alighiero; Histria da Educao: da Antiguidade aos nossos dias.PILETTI, Nelson Historia da Educacao no Brasil Sao Paulo: Atica, 1991.