Historia Da Homeopatia No Brasil

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  • 7/30/2019 Historia Da Homeopatia No Brasil

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    HI STRI A DA HOMEOPATI A NO BRASI L

    Organ izado po r M r io An t n io Cabra l R ibe i r o - M d ico Hom eopa t a , P res iden t e da AM HB ges t o 2006 / 2008

    I NTRODUO

    A homeopatia tornou-se, pela eficcia de sua possibilidade teraputica e pelo mrito daqueles que a aplicaram, uma opprocurada pelos mdicos brasileiros e demandada pela populao.

    O Brasil hoje um dos pases com maior nmero de mdicos homeopatas do mundo. No somente em quantidade, mas emqualidade, graas aos bons cursos de formao, aliados a uma boa atuao da Associao Mdica Homeoptica Brasileira e de suafederadas, e tambm a uma boa relao com os farmacuticos homeopatas, que possibilitam tratamentos oferecendo medicamentocom boa padronizao de preparao, na formulao prescrita e com fonte de matrias-primas e tinturas mes confiveis.

    Isto no aconteceu por acaso! Houve muito esforo, trabalho e dedicao por parte de muitos homeopatas brasileiros que poeste ideal trabalharam incansavelmente.

    Vamos lembrar um pouco da histria deste pas maravilhoso, que ressurge como uma nao que muito pode, e que devcaminhar um pouco mais para poder frutificar tudo o que pode.

    UM POUCO DA HI STRIA DO BRASI L

    Este um pas de dimenses continentais, o 4 em tamanho contnuo. Atualmente com uma populao estimada em cerca d170.000.000 habitantes. Foi originalmente povoado por centenas de naes indgenas ligadas a dois troncos lingsticos maidivulgados, o Tupi e o Guarani. Deles herdamos alimentos como a farinha de mandioca e o milho e os hbitos de dormir em redes e dtomar banho todo dia.

    Nosso pas continental foi invadido pelos europeus a partir de 1500, completando este ano 506 anos. Foi a princpicolonizado pelos portugueses, e desde ento teve incio uma srie interminvel de saques de bens naturais: escravizando ndios e, emum segundo momento, africanos, para a extrao de pau-brasil, o cultivo de cana-de-acar litornea e a garimpagem das minas de

    diamante e de ouro dos sertes.

    Depois de 1808, com a abertura dos portos, quando a famlia real portuguesa (Dom Joo VI) veio para o Rio de Janeirofugindo de Napoleo Bonaparte, o Brasil passou a ter comrcio internacional e foi se instalando como Nao.

    Teve sua independncia (!) proclamada em 1822, pelo ento prncipe Dom Pedro I, que consolidou uma monarquia no paat 1889, findada com a proclamao da Repblica. Transformou-se em uma nao baseada no modelo norte-americano, incluindo inspirao de seu nome: Republica Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Pginas tristes, como as guerras de Canudos na Bahia, dContestado em Santa Catarina e Paran e a do Paraguai, marcam o acesso tumultuado Repblica.

    Essencialmente um pas agrcola, na primeira metade do sculo XX o Brasil contou com europeus e japoneses fugindo dagrandes guerras, inicialmente utilizados em substituio aos escravos e posteriormente seguindo uma poltica que visava a

    branqueamento da raa brasileira. Em algumas cidades de Santa Catarina ainda fala-se o alemo como lngua corrente.

    A industrializao se iniciou somente depois da quebra da bolsa de Nova York (1929). Sob a palavra de ordem de crescer 50anos em 5, Juscelino Kubitschek trouxe ao pas nos anos 60 a primeira fbrica de automveis a Volkswagen -, acelerou ocrescimento urbano e fez erigir, com suor e braos nordestinos contratados para a imensa obra, uma nova capital.

    Nas duas ltimas dcadas o Brasil tem se destacado no cenrio mundial tanto no aspecto econmico como no poltico, comouma nao de futuro: principal economia da Amrica Latina, forte exportador de minrio de ferro, soja e avies, auto-suficincia empetrleo, um ao competitivo, o mais informatizado sistema eleitoral do mundo, e um turismo procurado por suas montanhas, festasreligiosas, culinria mpar e um litoral indizvel. Nosso acervo de bens culturais inclui o forr, frevo, candombl, feijoada, tapioca e

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    multicoloridos artesanatos. Porm o maior patrimnio brasileiro, como comprovou Darcy Ribeiro, seu povo criativo, essa feliz mescldos intercruzamentos sucessivos entre ndios, negros, europeus e asiticos.

    A HOMEOPATI A NO BRASI L

    Logo no incio do sculo XIX, ainda em 1810, quando Samuel Hahnemann ainda estruturava as diretrizes da medicin

    homeoptica, Jos Bonifcio de Andrada e Silva (o Patriarca da Independncia) conheceu a teoria homeoptica por meio de cartas comHahnemann. Jos Bonifcio era um naturalista dedicado com destaque na mineralogia. Sendo Hahnemann, um grande qumico dapoca, detinha vasto conhecimento naquela rea, fato que os aproximou. Hahnemann, atravs de suas cartas a Jos Bonifcioapresentou-lhe a Homeopatia, como fazia habitualmente a seus correspondentes, ansiando que esta cincia ganhasse o mximo dterreno possvel no mundo.

    Um ano depois, em 1811, novas informaes sobre a Homeopatia no Brasil. O Prof. Dr. Antnio Ferreira Frana, queministrava aulas na Faculdade de Medicina e Cirurgia da Bahia, fazia consideraes descabidas e maledicentes sobre estadesestimulando novos alunos a terem contato com o conhecimento homeoptico.

    Por volta de 1836, surgiram os primeiros fatos oficiais em relao Homeopatia. Neste ano, a Academia Imperial de Medicinpublicou artigos que tratavam sobre a doutrina homeoptica falseando e deturpando as colocaes feitas por Samuel Hahnemann, no

    Organon da Arte de Curar, editado em 1826. Alguns homeopatas estrangeiros se estabeleceram no Brasil ante

    da chegada do francs Benot Jules Mure. Um deles, Frederico Emlio Jahn, cidado suo imigrado, que em 1836defendeu tese em medicina, no Rio de Janeiro, sobre a proposta Teraputica de Hahnemann. Esta tese, feita poum mdico que no exerceu a Homeopatia, serviu, posteriormente, de base para o aprendizado do primeiromdico homeopata do Brasil, que foi o Dr. Duque-Estrada (Domingos de Azevedo Coutinho de Duque-Estrada)Outros foram: Thomaz Cochrane, mdico escocs formado pela Universidade de Londres, que chegou ao Rio dJaneiro em 1829; e o francs Emlio Germon, autor do ManualHomeoptico, editado em 1843.

    Em 1840, aportou, no Rio de Janeiro, a barcafrancesa Eole, a bordo da qual estavam Benoit Jules Mure e mais de cem famliasfrancesas.

    Bento Mure, como ficou conhecido, veio ao Brasil implantar uma colnisocietria que fazia parte de um plano - "phalanstero" - para formar a base de umcomunidade industrial de mquinas a vapor, conforme as propostas sociais dCharles Fourier.

    CHARLES FOURIER

    Fourier soube compreender a tempo que o processo industr ializador conduzia para um univ ers

    da simulao, da repetio compulsiva e da abolio da diferena, empreendendo uma cruzada a favo

    do natural frente ao artificial, da multiplicidade e a diferena frente estandardizao da produo e

    consumo, do polimorfismo do desejo frente homogeneidade da ordem instituda; com estes materia

    construiu a mais gigantesca utopia de todos os tempos.

    Miguel Angel de La Cruz Vives

    Dr. Benoit Jules Mure

    Phalanstero de Charles Fourier

    Phalanstero de Bento Mur e - Vale do Sahy

    Charles Fourier

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    E precisamente nestes tempos anti-utpicos que vivemos que se faz mais imprescindvel reabrir o debate sobre a utopia que adquire um renovado valor o delrio onrico de Fourier frente al positivismo triunfante.

    Mure nasceu em Lyon, na Frana, em 1809, no stimo ms de gestao e com um quarto de um dos pulmes.Foi salvo pela Homeopatia em 1833, quando tuberculoso, foi curado pelo Conde Sbastien des Guidi que introduzira

    Homeopatia em Lyon, onde a praticou de 1830 a 1863.

    A partir da recuperao de sua sade, Mure voltou-se completamente para a propagao da novmedicina e movido por este intuito com fins humanitrios despendeu toda a sua fortuna estimada em tornde 500.000 mil francos. Mure, ao que parece, vinha de uma famlia de comerciantes lioneses e pode contacom o suporte material necessrio para a realizao de estudos na rea da medicina.

    Dr. Benot Jules Mure, que ficou conhecido no Brasil como Bento Mure, formou-se em medicina emMontpellier.

    Em 1837, imbudo pelo desejo missionrio de difundir a homeopatia, dirigiu-se Siclia e Malta. Em Palermo, fundou um dispensrio que

    posteriormente foi convertido em Academia Real de Medicina Homeoptica.Quando retornou Frana em 1839, fundou, em Paris, o dispensrio da rue de la Harpe, onde,conforme informaes de Sophie Liet, ele "recebia, com seus colaboradores, mais de mil doentes porsemana" ( Mme. Vve. Liet. Manual homoeopathique l usage des familles suivi de la liste et desproprites des mdicaments brsiliens et autres, de l cole du Dr. Mure em Egypte, en Italie et en

    France, Gnes-Via Galata Casa Ponte, 1861, p.12). Este perodo da vida de Mure coincide com o seuingresso no movimento fourierista, engajando-se no grupo da dissidncia denominado UnionHarmonienne. Ali havia encontrado um ambiente favorvel para a discusso e divulgao de suas idiasporque os fourieristas abriram espao em suas publicaes para que Mure pudesse expor livremente os seus princpios. Nessambiente, na convivncia com a elite operria que formava ento uma das alas da dissidncia do movimento fourierista, foi que emMure despertou a idia da realizao, fora da Frana, de um projeto de colonizao nos moldes propostos por Charles Fourier. Parlapidar esta idia uniu-se a outros membros da Union Harmonienne, entre eles Jamain e Derrion, e, em 21 de janeiro de 184compuseram os estatutos da associao Union Industrielle. Em 21 de setembro, na residncia do Cnsul brasileiro em Paris

    associao assumiria um aspecto oficial.

    Em sua curta estada no Rio, mais propriamente na Lapa, o Dr. Mure clinicou e difundiu a Homeopatia atravs de suas cura"miraculosas". Neste perodo, conheceu o Dr. Souto Amaral, clebre cirurgio brasileiro, que veio a abraar a Homeopatia atravs dseus ensinamentos.

    Aps ter recebido licena do Governo Imperial e ter escolhido o local para a implantao de sua colnia, Bento Mure partiuem 22 de dezembro, com as cem famlias, a bordo do navio Caroline para colonizar a pennsula do Sahy, na divisa do Paran comSanta Catarina, no encontro dos rios So Francisco e Sahy.

    Neste local, chegou no dia 21 de novembro, data esco lh ida para com em orao da Hom eopa t ia no B ras i l .

    Mure, como mdico homeopata, viera entretanto, com o fim no de difunda homeopatia no Brasil, mas de realizar um projeto de fundo social.

    A princpio no teve grandes dificuldades em penetrar no ambiente qupudesse favorecer a concretizao de seus objetivos, pois viera recomendado Manuel de Arajo Prto-alegre, futuro Baro de Santo ngelo, por Silvestre PinheirFerreira. Este ltimo, era membro da Academia de Cincias de Lisboa e, entroutras coisas, membro das Sociedades Histrica e Literria do Rio de Janeiro. E1840, Silvestre Pinheiro publicou um "Projeto de Associao para o melhorament

    Conde Sbastien Des Guide(1769 - 1863)

    Montpellier

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    da sorte das classes industriosas", onde discutiu brevemente a constituio do pensamento utpico desde Thomas Morus at ochamados reformistas do sculo XIX. Vemos portanto, que entre Silvestre Pinheiro e Benoit Mure havia um elo de ligao: ambopareciam dominados pela paixo de transformar o mundo.

    Um projeto de colonizao do porte que Mure visava, dependia naturalmente, no apenas da sua iniciativa pessoal, mas dum suporte material considervel e este obstculo s poderia ser superado por um bom trabalho de convencimento e de propagand

    entre as autoridades do pas. E Mure, que teve inteligncia para perceber a fragilidade do sistema poltico-econmico brasileiro, adotoum discurso extremamente sedutor que atraiu num curto espao de tempo no s os polticos da Corte, mas inclusive, o prprimperador D. Pedro II.

    Mure prometia retirar o Brasil do atraso em que se encontrava, pela criao de uma colnia industrial que funcionaria com trabalho de imigrantes franceses altamente qualificados. Prometia, em suma, o rpido desenvolvimento tecnolgico para um pas deconomia agrria e de base escravocrata. Com tudo isso logo encontrou quem defendesse ardorosamente as suas idias. O deputadAndrada Machado, por exemplo, que era grande proprietrio de terras e j sentia os efeitos da escassez da mo de obra para cultivlas, argumentava, em defesa de Mure, que "para ns, todo projeto de colonizao importante. Devemos abrir os olhos e saber que impossvel continuar por braos escravos. A importao da frica alm de horrvel e impoltica como , porque de certo nos sujeitaria importar cada vez mais uma populao inimiga, sabido que no pode continuar vista de tratados"(Boiteux, Henrique, "O Falanstrdo Sa", Revista do Instituto Histrico e Geogrfico de Santa Catarina. Florianpolis, 12, 1944, p. 64).

    As conquistas de Mure causavam um certo despeito num compatriota e tambm fourierista, que no Recife exercia a profissde engenheiro. Era Louis Lger Vauthier que assim referiu-se a Mure em suas memrias: " um charlato, mas enfim sabe usar dlngua e palavras melfluas"...( "Dirio ntimo do Engenheiro Vauthier", 1940, p.183). E sabia mesmo, pois conseguiu de presente lguas de terra na pennsula do Sa, em Santa Catarina, e mais o vultoso adiantamento de 60 contos de ris por parte do governo.

    A amizade com Francisco Antnio Picot, um dos redatores do Jornal do Commrcio, de propriedade do francs JuniuConstncio Villeneuve, favoreceu a divulgao dos projetos de Mure.

    O contrato que estabelecia as condies para a realizao da colnia foi assinado pelo Secretrio de Estado dos Negcios dImprio e por Benoit Mure e aprovado por Decreto em 11 de dezembro de 1841. Ali ficara acordado o seguinte: viriam para o Brasaproximadamente 500 operrios franceses, munidos de um certificado de idoneidade moral emitido pela polcia francesa. Eles viriamocupar as duas lguas quadradas de terras devolutas da Pennsula do Sa. Mure receberia inicialmente um adiantamento de 10 mil rpara criar uma infra-estrutura para a instalao dos imigrantes. Todo dinheiro que Mure viesse a receber do governo deveria se

    restitudo em parcelas a serem cobradas a partir do terceiro ano de instalao da colnia.

    Em 14 de dezembro de 1841, chegavam ao Rio de Janeiro os primeiros 100 colonos com suas famlias e foram recebidos nuclima de festa. Estes operrios de origem lionesa, faziam parte da sociedade Union Industrielle, que Mure havia fundado antes de partpara o Brasil, juntamente com o sr. Jolly, um amigo, e operrios como Derrion, que tomavam parte do grupo fourierista de Lyochamado Union Harmonienne.

    Os primeiros desentendimentos entre o grupo manifestaram-se logo na chegada ao Rio de Janeiro. Isto porque, meses antedo desembarque dos colonos, veio a notcia para o Dr. Mure que, enquanto procurava terras no Brasil para a execuo do projeto dcolnia, os operrios na Frana, estavam reformulando os estatutos da Union Industrielle, tendo inclusive, mudado sua sede e excludo seu nome e o de Jolly. Na chegada do grupo, Mure recusou-se a aceitar os novos estatutos que passou a chamar de Arnaud, JamainDerrion e Co. Pelo lado dos operrios, havia a convico de que Mure teria vindo ao Brasil como mero representante da sociedade portanto, no poderia ter adquirido, como fez, as terras em seu prprio nome. Mure defendeu-se argumentando que: "obter terrapara guardar jamais foi meu pensamento" (...) "tenho outros pontos de vista que no o de ser proprietrio e minha vida passadresponde pela minha vida presente (...) j dei colonizao, mais do que a terra do Sa, dei-lhe o suor do meu corpo e as angstias dminha alma durante um ano" (...) ( Carta do Dr. Mure Jamainde 27/05/1841).

    Mure chegou a propor um acordo com os colonos e a retificao do contrato perante o cnsul francs. Porm, enquantDerrion e Jamain o esperavam no consulado, Mure j estava a caminho do Sa, com uma mercadoria avaliada em 60.000 francos, afamlias de colonos e os bens de mais 20 associados que abandonara no Rio de Janeiro. Estes tiveram que recorrer ajuda dMinistrio para chegar ao Sa.

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    O principal motivo da contrariedade de Mure foi o de ver a adeso de sansimonianos no novo grupo. Ele prprio j havia sidsainsimoniano e inclusive, teria contrado matrimnio com uma filha de Bazar, chefe daquela sociedade, a quem abandonara.

    Dos desentendimentos iniciais ficaram cicatrizes que nunca se dissiparam e o grupo dissidente acabou formando uma outrcolnia situada a algumas lguas do Sa, num lugar chamado Palmital. Tanto no Sa, como no Palmital, os colonos chegaram a realizatrabalhos, como a abertura de estradas, a montagem de uma serraria, de uma padaria, o cultivo de gros, porm, seja pelo

    desentendimentos, seja pela inexperincia de operrios urbanos em trabalhos agrcolas ( e eles estavam em plena selva!), fez com quseus empreendimentos no rendessem os frutos esperados e o grupo foi se dissolvendo. Muitos voltaram para a Frana, outrodirigiram-se ao Rio de Janeiro, mas houve tambm quem preferisse permanecer na regio, oferecendo servios nas fazendas daredondezas. Em vista da falncia do projeto, parte dos imigrantes que deveria vir da Frana foi impedida de deixar o pas. Dos 400 o500 operrios que pretendiam fazer chegar ao Brasil apenas 236 entraram no Sa e destes, parece que uma parte considervel teria sretirado para Montevido, onde tambm havia os que tentassem implementar o projeto fourierista.

    O temperamento irrequieto de Benoit Mure, no permitiu que se deixasse abater pelos insucessos do Sa. Antes de voltar pao Rio de Janeiro, Mure instalou o Instituto Homeoptico do Sahy, em 1842, e uma Escola Suplementar de Medicina, com o objetivo dpreparar mdicos j diplomados na arte homeoptica, sob orientao do Dr. Thomaz da Silveira, mdico militar, convertido Homeopatia por ele.

    Quando desde meados de 1843 abandonou a colnia, dedicou-se a dar continuidade s atividades que iniciara j em 1841, n

    Rio de Janeiro, como mdico homeopata. Atravs do Jornal do Commrcio, divulgava j em 1841 o projeto para a formao de umInstituto Escola Homeoptico.

    Em dezembro de 1843, junto com Vicente Jos Lisboa, fundou o Instituto Homeoptico do Brasil, no local do primeirconsultrio homeoptico na cidade do Rio de Janeiro, Rua So Jos, n 59, com o objetivo de propagar a homeopatia em favor dopobres.

    A solenidade de inaugurao, juntamente com a aprovao do estatuto do Instituto, ocorreu em maro do ano seguint(1844), j agora instalado na residncia de Bento Mure, onde existiam vrios consultrios mdicos destinados propagao da novcincia atravs de atendimento a pacientes, alm da preparao dos medicamentos homeopticos. Inicialmente, a sociedade contocom 72 scios fundadores.

    A primeira diretoria do Instituto Homeoptico do Brasil ficou constituda por Benoit Jules Mure (presidente); Vicente Jos

    Lisboa (1 secretrio) e Domingos de Azevedo Coutinho Duque-Estrada (2 secretrio).

    Alm destes postos de atendimento, Bento Mure, e Joo Vicente Martins, diplomado em Lisboa, criaram mais 26 locais dassistncia ambulatorial.

    Eram principalmente os mdicos homeopatas, quase os nicos, que atendiam populao carente e escrava nesta poca.

    No perodo posterior a 1840, a Homeopatia foi largamente discutida pela imprensa, principalmentno jornal do Comrcio. Sua imagem era denegrida atravs dos professores e grandes doutores em medicinada Bahia e do Rio de Janeiro, e arduamente defendida pelo prprio editor do jornal, o Dr. Jos da Gama Castro, que abria espao permanente para as matrias polmicas de Joo Vicente Martins e para ohomeopatas da poca.

    Bento Mure era ambicioso e desde o princpio projetava equiparar a homeopatia no Brasil ao patamaem que era praticada no exterior. Para isso, o primeiro passo seria o da divulgao da nova cincia e, emseguida, o da criao de uma Escola capaz de formar mdicos homeopatas e form-los dentro dos princpioHahnemannianos puros. A Escola devia ainda proporcionar um ensino terico (histria da Homeopatia, curso

    de teraputica, posologia e farmacologia) e prtico ( experincias no homem so, prtica cabeceira dos leitos e preparo dremdios).

    Assim, em 12 de janeiro de 1845, durante reunio anual do Instituto Homeoptico do Brasil, foi apresentado, pelo Dr. JoVicente Martins, um plano de criao de uma Academia de Medicina Homeoptica e Cirurgia. Os estatutos foram redigidos e foi ent

    Dr. Joo VicenteMartins

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    fundada e inaugurada, Rua So Jos, n 59, a Escola Homeoptica do Brasil (primeira escola de formao homeoptica), qufuncionava com autorizao do Governo Imperial, mas que no permitia aos seus diplomados o exerccio da clnica, e com a direde Bento Mure.

    Em 10 de janeiro de 1846, foram eleitos membros da diretoria do Instituto: Pedro de Arajo Lima (Marqus de Olinda)Bernardo Jos da Gama (Visconde de Goiana), o Conselheiro Candido Jos de Arajo Vianna, Manoel Duarte Moreira, e para secretrio

    Joo Vicente Martins e Francisco Alves de Moura, mantendo-se Benoit Jules Mure na presidncia da instituio.

    Em seus primeiros anos de existncia, o Instituto difundia a homeopatia atravs da instalao de outros consultrios pelCorte e interior das provncias do Rio de Janeiro e So Paulo, tendo frente dessa iniciativa Benoit Jules Mure e Joo Vicente MartinsAlm dos consultrios, fundaram tambm uma farmcia homeoptica denominada Botica Homeoptica Central, localizada no mesmendereo do consultrio central (rua So Jos, 59), considerada a primeira instalada no Brasil, e a Casa de Sade Homeoptica nchcara do Marechal Sampaio (Largo do Castelo, 17), fundada em fevereiro de 1846 por Bento Mure.

    Amparada pelo aviso da Secretaria dos Negcios da Justia, de 27/3/1846 e pela lei que estruturou o ensino no Brasil, d3/10/1846, a Escola Homeoptica do Brasil autorizada, pelo Governo Imperial, a conferir certificados de estudo aos homeopatas quconclussem seu curso.

    Mure estava convicto, inclusive, de que a antiga medicina viria a transformar-se pelo conhecimento da nova cincia e pelo

    resultados apresentados pela prtica da homeopatia. Como tudo isto dependia da aceitao do carter cientfico da homeopatia Murtratou de propor a criao do Instituto Panecstico do Brasil, o que se deu em 3 de maio de 1847, quando Mure reuniu vrias pessoanuma sala da casa da rua So Jos, 59, endereo onde funcionava o consultrio homeoptico. O objetivo do Instituto Panecsticosero de "propagar os princpios da emancipao intelectual do imortal Jacotot, e substituir autoridade e ao pedantismo os direitos drazo humana" ( A Scincia, 3, set. 1847). Do prprio Inst itutodeveriam sair os fundos para a criao de um colgio normal. V-sportanto, que Mure alimentava a esperana de reconstruir, desde as bases, as formas de conhecimento e entre os escritos que nolegou acha-se uma proposta curricular de ensino para o Brasil.

    O problema da educao em si, havia se tornado, diga-se de passagem, uma questo relevante para os que visavam umemancipao do operariado. Nas obras do prprio Fourier h passagens em que abre uma discusso sobre o assunto, partindo dcrtica aos mtodos tradicionais de ensino praticados pelo mundo civilizado.

    Para difundir os progressos da homeopatia no Brasil, Mure e seus companheiros fundaram uma revista, chamada A Scincia

    que comeou a circular em 1847. Alm de uma discusso terica, a revista divulgava tambm dados interessantes sobre o movimenthomeoptico que tomava impulso no pas. Em setembro de 1847, divulga-se pela revista, por exemplo, que o consultrio homeopticda rua So Jos, atendia por mais de trs horas por dia, tinha trs mesas de consulta que no prazo de uma semana chegam a atendea 100 pacientes, que teria recebido 3 mil doentes no prazo em que o de Nova York recebera apenas 100.

    No mesmo lugar do consultrio funcionava ainda, desde 1845, a Sociedade Hahnemanniana, que teve os seus estatutomodificados em 1847. Era uma sociedade cientfica que visava o "exame e o aperfeioamento terico e prtico da homeopatia" (Scincia, out. 1847), o que seria feito em duas sesses anuais, uma em 11 de janeiro e outra em 3 de julho.

    Por esta poca h o rompimento entre Mure e Duque Estrada (1812-1900). Este obtivera o diploma em medicina em 183pela Faculdade de Medicina da Corte e em 1840 elegeu-se deputado Assemblia Legislativa do Rio de Janeiro. Dizia ter rompido coma medicina tradicional, porm para conservar as suas posies praticava a alopatia. Enquanto Mure defendia a maior liberdade possvno exerccio da homeopatia, o seu colega admitia que s poderiam praticar a nova cincia os diplomados em escolas regulares dmedicina. O principal motivo da ciso foi que Duque Estrada no podia admitir que "a nobre cincia mdica" viesse a ser praticada pepovo, pessoas sem conhecimento, mal preparadas inclusive, na sua opinio, para executar at mesmo as tarefas mecnicas s quaestavam habituadas.

    Em maro de 1848, em reunio extraordinria do Instituto Homeoptico, o Dr. Mure demite-se da presidncia e, em 8 de abfaz publicar um artigo sobre seu afastamento por motivo de doena. Em 13 de abril deixou o pas.

    A contribuio do Dr. Mure para a definitiva implantao da homeopatia no Brasil inegvel. Segundo nmeros fornecidos poSophie Liet, que foi sua aluna, e o acompanhou posteriormente ao Egito, Mure teria deixado, s na provncia do Rio de Janeiro, mais d

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    25 dispensrios, e no restante do imprio, 50. A sua obra intitulada "Prtica elementar da homeopatia", teve uma tiragem de mais d10.000 exemplares e serviu para a aplicao nas plantaes de cana de acar, onde houve uma melhora no que se refere sade doescravos, com uma baixa da mortalidade de 10% para 2 ou 3%. Mure tambm formou mais de 500 alunos que passaram a praticar homeopatia em toda a Amrica do Sul.

    Os dissabores experimentados no Brasil no chegaram a dissuadi-lo da idia de implantar um projeto social, e com esse fim

    dirigiu-se ao Egito, onde sob as margens do rio Nilo pretendia estabelecer uma colnia, no mais conforme os princpios de Fouriemas de acordo com teorias formuladas por ele prprio as quais deu o nome de Armanase, que na lngua sagrada da ndia antigsignifica "o imprio da inteligncia". Ali, conjecturava, a homeopatia encontraria o espao merecido. Porm, quando fazia opreparativos para voltar ao Brasil morreu, em 4 de maro de 1858, em conseqncia da tentativa de assassinato que sofrera e deixara vrios meses entre a vida e a morte.

    O Instituto, atravs de Joo Vicente Martins, exerceu influncia fundamental sobre os membros da Igreja Catlica para fundao, no Brasil, da Irmandade de So Vicente de Paulo, uma das primeiras congregaes de caridade institudas na Frana. E1848, a instituio pedia auxlio populao pelos jornais, com o objetivo de darem o "exemplo vivo da caridade crist" pelo socorraos doentes pobres, rfos ou velhos abandonados. Em julho de 1849, foi instalada a primeira Irmandade de So Vicente no Brasimandando vir da Frana irms de caridade.

    Entre novembro de 1848 e maro de 1849, Joo Vicente Martins escreveu artigos nos jornais alertando a populao para

    perigo de uma epidemia de clera, quando chegou a oferecer medicamentos homeopticos ao Imperador Pedro II, para tratamento ddoena na Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro.

    Por ocasio da epidemia de febre amarela que afetou vrias cidades do Brasil em 1850, o Instituto atuou no Rio de Janeirooferecendo tratamento gratuito aos pobres recolhidos na enfermaria de So Vicente de Paulo, fundada e mantida pela SociedadPortuguesa de Beneficncia, e no seu consultrio central.

    Alm disso, o seu primeiro secretrio Joo Vicente Martins dirigiu-se Cmara dos Deputados em fevereiro de 1850oferecendo medicamentos homeopticos para tratamento da febre e propondo que fossem criados hospitais onde estes pudessem seministrados, deixando a cargo do doente a escolha pelo tratamento aloptico ou homeoptico. No ms seguinte, no tendo obtidresposta, encaminhou novo oferecimento, sendo ento ameaado de deportao por sua insistncia e crtica ao tratamento utilizadpela medicina aloptica.

    Devido deciso de Benoit Jules Mure de no voltar mais ao Brasil, em reunio de 26 de outubro de 1851 o InstitutHomeoptico do Brasil manteve seu ttulo de "presidente perptuo fundador" e elegeu Alexandre Jos de Mello Moraes, escrito

    jornalista e mdico homeopata da Bahia, presidente perptuo efetivo.

    Alguns anos depois, em 1859, por divergncias com o Dr. Duque Estrada, bem como, entre os companheiros que lhe eramafins, houve uma ruptura e a formao de duas novas instituies: o primeiro Instituto Hahnemanniano do Brasil e a CongregaMdico-Homeoptica Fluminense, que enfraquecidas, sucumbiram.

    A Homeopat ia e a indus t r i a l igada s grand es corpor aes

    Aps a I Guerra Mundial, as fundaes ligadas s grandes corporaes passaram, por interesse de mercado, a direcionatravs da distribuio de verbas, os rumos da gerao de conhecimentos e do emprego destes no desenvolvimento. Neste perodo, qual a industrializao direcionou a evoluo scio-politico-cultural, o espao para o desenvolvimento das cincias individualizadoras muito restringido, e com isso, o perodo ureo da homeopatia entrou em decadncia: primeiramente, nos Estados Unidos da Amraps o relatrio Flexner em 1910 (sob a influncia de Rockfeller II) e, posteriormente, no Brasil.

    Somente em 1950 foi organizado o II Congresso Brasileiro de Homeopatia, constatando-se, portanto, uma lacuna de 24 anna organizao dos congressos mdicos homeopticos no Brasil. A partir deste, os congressos mdicos homeopticos brasileimantiveram uma mdia bianual.

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    A Lei n 1.552, de 8/7/1952, tornou obrigatrio o ensino de Noes de Farmocotcnica Homeoptica nas Faculdades Farmcia do Brasil.

    O Decreto n 57.477, de 20/12/1965, regulamenta a manipulao, receiturio e venda de produtos utilizados em homeopatia

    No podemos deixar de destacar dentre outros, que favoreceram a Homeopatia em nosso pas, grandes figuras de nossa cultligadas Homeopatia como Monteiro Lobato e Rui Barbosa.

    A Cincia Homeoptica que vinha, desde a metade do sculo passado, ganhando fora e se expandindo no cenrio mundial,tambm duramente abalada em sua evoluo, por ter sido afastada das Universidades (plos de irradiao do conhecimento

    formadores da opinio social).

    O renasc imen to da Homeopat ia no Bras i l a par t i r da dcada de 70

    No final da dcada de 1970, a conscincia sobre as questes relacionadas com os ecossistemas e com a valorizao do ser,estendeu para alm dos homens de cincia e atingiu a populao em geral, produzindo, com isto, um movimento de contestao tambda classe mdica, insatisfeita com a forma de ateno mdica ensinada pela medicina dita oficial. Esta passou a buscar formas entendimento do processo de doena que se distanciassem da compartimentalizao apresentada pela viso do especialismo mdico.

    Pelo Decreto n 78.841, de 25/11/1976 (suplemento n 4 do Dirio Oficial de 6/1/77), foi aprovada a Parte Geral Farmacopia Homeoptica Brasileira. A Farmacopia Homeoptica Brasileira teve publicao autorizada pelo Ministrio da Sade atravdo Processo n 4.556/77 - RJ, com base no artigo 6 do referido decreto e foi publicada ainda em 1977.

    Neste cenrio, a Homeopatia, no Brasil, recebeu novo impulso, a partir do XIII Congresso Brasileiro de Homeopatia e I EnconNacional de Estudantes Interessados em Homeopatia (I ENEIH), no Rio de Janeiro em abril de 1977. Dali saram reforados incipientgrupos para a difuso da Homeopatia em todo o Brasil.

    Das discusses encabeadas pelos grandes plos homeopticos do pas, nasceu na data de 24 de Novembro de 1979Associao Mdica Homeoptica Brasileira AMHB que a atual representante de todos os mdicos homeopatas do pas.

    Tambm em 1977 a Homeopatia passou a ser reconhecida como uma especialidade farmacutica, contrastando com o fatodois anos antes, em 1975, ter sido eliminada a Homeopatia do currculo da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

    Assim, a Homeopatia beneficiada, retornando num ritmo crescente em termos de prestgio, notoriedade e demanda por pa

    dos pacientes e dos colegas mdicos interessados, at os nossos dias, quando j no existe mais conotao de modismo e sim de urealidade, o reconhecimento de um velho-novo campo do conhecimento mdico.

    Porm, nos primeiros 10 anos, a AMHB teve dificuldades em atuar como instituio pois as associaes estaduais no tinhamorganizao e articulao polticas necessrias para faz-la funcionar, alm da tradio de diviso entre os homeopatas e da discussentre os unicistas e os pluraristas. Com o tempo os homeopatas foram amadurecendo estas questes.

    No ano de 1980, houve uma grande conquista da Homeopatia brasileira, que foi o reconhecimento pelo Conselho FederalMedicina (CFM) da Homeopatia como Especialidade Mdica, atravs da resoluo CFM n 1.000, de 4 de junho de 1980. Figimportante desta articulao foi o Dr. Alberto Soares de Meirelles.

    Em 1982 o CFM estabelece as instrues para obteno do Ttulo de Especialista em Homeopatia. Consubstanciou-se umadenominao que vinha desde o Cdigo Sanitrio do Imprio, em 1886.

    Em 1986 a VIII Conferncia Nacional de Sade recomendou a introduo de prticas alternativas de assistncia sade mbito dos servios de Sade, possibilitando ao usurio o acesso democrtico de escolher a teraputica preferida.

    Em 198_, realiza-se o primeiro concurso pblico para mdicos homeopatas no Hospital do Instituto de Assistncia aServidores do Estado do Rio de Janeiro. Desde ento diversos servios pblicos em vrios estados brasileiros tm realizado concurpara mdicos homeopatas.

    O TRABALHO DA AMHB

    O trabalho contnuo da AMHB vem sendo consolidado atravs das atividades da diretoria e de suas vrias comissrespaldadas pelas diretrizes do seu Conselho de Delegados eleitos por suas respectivas entidades federadas.

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    No XIX Congresso Brasileiro de Homeopatia de 1988 em Gramado, Rio Grande do Sul, finalmente a AMHB passa a ter for

    saindo deste Congresso com uma diretoria que passou a colocar em prtica todos os objetivos de uma associao nacional de mdihomeopatas, consolidando o seu trabalho nestes 10 anos de procurar reunir todas as tendncias existentes entre os mdichomeopatas. Tinha 5 vice-presidncias, segundo as 5 regies do Brasil e j se encontravam amadurecidas vrias associaes estadufederadas a ela.

    A Constituio Brasileira de 1988 estabelece a incorporao das medicinas alternativas como recursos teraputicos vlidoelegveis como direito de cidadania.

    A Comisso Interministerial de Planejamento e Coordenao (CIPLAN), que abrangia os Ministrios da Sade, EducaPrevidncia Social, Trabalho e Planejamento, ainda em 1988, publicou a Resoluo 04/88 de 08/03/1988, na qual foram fixadasprimeiras diretrizes para implantao do atendimento mdico homeoptico nos servios pblicos e para a implementao da prthomeoptica nas unidades federadas do SUS (antigo SUDS).

    Ainda em 1988, a AMHB passa a ser reconhecida oficialmente pela Associao Mdica Brasileira (AMB) e a fazer parte Conselho de Especialidades Mdicas da AMB.

    Em 8/6/1989 foi assinado o convnio entre a Associao Mdica Homeoptica Brasileira (AMHB) e a Associao Mdica Brasile(AMB). Desde ento, a AMHB ficou responsvel pela orientao do Departamento de Homeopatia da AMB e participa com representante nas reunies do Conselho de Especialidades da AMB.

    Estando a AMHB conveniada com a AMB, por seu intermdio automaticamente est se beneficiando do convnio que existe ena AMB e o Conselho Federal de Medicina (CFM). Por esse motivo ficou sob a responsabilidade da AMHB a elaborao das provas parobteno do Ttulo de Especialista em Homeopatia, para os mdicos. Tambm, pelo convnio firmado a AMB juntamente com a AMpassam a conferir o Ttulo de Especilista em Homeopatia aos mdicos que preencherem as condies estabelecidadas no regulamenprprio.

    Em 29/6/1990 realizou-se a primeira prova elaborada pela AMHB, para a concesso do Ttulo de Especialista em HomeopaDesde ento, a AMHB realiza anualmente prova para Ttulo de Especialista em Homeopatia em convnio com a AMB / CFM. Ela tatuado ao discutir e buscar solues para o ensino mdico da Homeopatia, bem como para o atendimento da populao carente de nopas. Para isso, vem promovendo o incremento do esprito associativo dos mdicos homeopatas e estimulando o seu desenvolvimencientfico.

    Desde esta poca o pleiteante ao ttulo de especialista em homeopatia tem que ter um curso de no mnimo 1200 horas/au

    sendo 450 horas/aula tericas, 450 horas/aula de prtica e 300 horas/aula para o desenvolvimento de monografia com apresentaofinal do curso. At 1990 a exigncia era de somente 450 horas/aula. Com isto deixa de ser uma teraputica alternativa para transformar em uma especialidade mdica. Naquela poca se apresentavam 1000 mdicos por ano buscando se especializar homeopatia. Atualmente no passam de 500.

    A AMHB com uma maior exigncia de formao, passando os cursos para 1200 horas/aula com a produo de uma monograao trmino do curso, de uma certa maneira, "peneirou" aqueles que vinham somente por curiosidade, separando-os daqueles qrealmente queriam aprender uma nova teraputica. Antigamente os cursos eram mais informativos (alguns deformativos) agora f o r m a t i v o s . Isto alavancou a Homeopatia no Brasil. Propiciou que surgissem novos e bons mdicos, com o exerccio da medichomeoptica reconhecido pelos pacientes, colegas alopatas e outros homeopatas.

    Atualmente a AMHB, entidade de federadas, conta com uma federada por estado, em 20 estados do territrio nacional.

    A Homeopat ia nas Univers idades

    Tambm nas universidades brasileiras observamos aos poucos a retomada da incluso da Homeopatia em suas faculdadesfarmcia, medicina, odontologia e medicina veterinria como foi apurado em uma pesquisa, realizada em 2002, que mostrou a existnde disciplinas de Homeopatia em nvel de graduao, de diversas formas, em 18 universidades em 12 estados.

    Assim, com estes cursos e sua crescente expanso, na rea de graduao, e os cursos de formao para obteno de TtuloEspecialista por prova realizada pela AMHB e aquelas realizadas pela ABFH e AMVHB, est se assegurando a formao suficiente profissionais farmacuticos, mdicos e veterinrios para suprir a demanda pelo tratamento por esta especialidade em nosso pas.

    A FARMCI A

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    Neste contexto de fortalecimento da homeopatia, bom lembrar a atuao de nossos colegas mais prximos: os farmacuti

    homeopatas, que desde os meados dos anos 80 tm formado cada vez mais especialistas.

    Muitos farmacuticos, principalmente mulheres (95%) acabaram abrindo suas prprias farmcias, o que resultou no fato nenhum grande laboratrio conseguir se instalar no Brasil, o contrrio do que aconteceu na Europa. As receitas aqui so aviadas commedicamentos sendo manipulados praticamente no momento da venda.

    No XIX Congresso Brasileiro de Homeopatia surgiu o germe da criao de uma associao de classe dos farmacutichomeopatas. Em maio de 1989 foi realizado, no Rio de Janeiro, o Primeiro Encontro Nacional dos Farmacuticos Homeopatas.

    Em 1990 foi fundada a Associao Brasileira de Farmacuticos Homeopatas - ABFH. A ao da ABFH tem sido muito importanna padronizao das medicaes, superviso de preparao, fonte das tinturas, modo de aviao, etc.

    Nos ltimos 10 anos, tivemos tambm a estruturao do Ttulo de Especialista em Farmcia Homeoptica conferido atravs Prova de Titulao realizada pela ABFH. Esta tambm foi responsvel pela confeco do MANUAL DE NORMAS TCNICAS em farmhomeoptica.

    A boa organizao dos farmacuticos homeopatas brasileiros, sua boa relao com os mdicos homeopatas desde o incio desenvolvimento da Homeopatia em nosso pas e o grande nmero de farmcias homeopticas aqui existentes tm impedido e podecontinuar a impedir, dependendo de nossa convicta vigilncia, a entrada de laboratrios estrangeiros de medicamentos homeopticosBrasil, contribuindo para a manuteno do bom nvel da Homeopatia em nosso pas.

    A VETERI NRI A

    Os veterinrios brasileiros j contam com a intensa atividade de sua entidade nacional, a Associao Mdico VeterinHomeoptica Brasileira, que em agosto de 2003 promoveu em So Paulo / SP, o I Congresso Brasileiro de Homeopatia Verterinria.

    A ODONTOLOGI A

    A Associao Brasileira de Cirurgies Dentistas Homeopatas ABCDH promove os Congressos Brasileiros de Homeopatia eOdontologia.

    A Homeopatia ainda no reconhecida como especialidade pela ABCD, mas este processo encontra-se em andamento.

    OS CURSOS EM TODO O PA S

    Existem vrios cursos de formao em Homeopatia para mdicos, mdicos veterinrios, farmacuticos e dentistas no Brasilmaioria deles oferecida por associaes estaduais.

    Existem tambm cursos de entidades privadas, em sua maioria de formao unicista.

    CONGRESSOS MDI COS

    A AMHB tem organizado congressos nacionais a cada 2 anos. So promovidos pela AMHB e realizados pela federada local.

    Em 1977 foi realizado o XIII CBH, no Rio de Janeiro, quando aconteceu tambm o I ENEIH (Encontro Nacional de EstudanInteressados em Homeopatia), marco no retomado do crescimento da Homeopatia no pas. Em 1988, o XIX CBH foi realizado eGramado, no Rio Grande do Sul. Em 1990, o XX CBH foi realizado em Vitria / ES. Em 1992 foi realizado em Belo Horizonte / MG, pAMHMG, o XXI CBH com a participao de 1170 homeopatas. Em 1994, o XXII CBH ocorreu em Curitiba / PR. Em 1996, o XXIII CBH Campo Grande / MS, participaram cerca de 1000 homeopatas. Em 1998, o XXIV CBH, novamente em Gramado / RS, participaram 12Em 2000 foi no Rio de Janeiro o XXV CBH. Em 2002 em Natal / RN e o ltimo em 2004, em Braslia / DF. Nestes ltimos congressrealizaram-se, antecedendo os mesmos, fruns de DEBATES sobre temas especficos em cada rea:

    PesquisaEnsinoSade PublicaFarmcia

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    Em outubro de 1999, foi realizado no Brasil o Congresso da Liga Medicorum Homeopatica Internacionalis, em Salvador / Bacom 540 participantes, sendo 120 estrangeiros, a maior parte latino-americanos (o custo maior para a participao no evento resultem um nmero menor de participantes). Foram contemplados como temas principais, a abordagem clnica e patogenesias. Tivemos ofruns: de farmcia, pesquisa, ensino e sade pblica, com 8 h cada, precedendo o Congresso, com discusses, busca de soluesestratgias. Ao mesmo tempo com a reunio da LIGA. Foi um sucesso!

    Atualmente, A Presidncia da Liga Medicorum Homeopatica Internacionalis exercida pelo mdico brasileiro, o Dr. CorraGiovanni Bruno, e a Coordenao de Pesquisa pelo mdico brasileiro Dr. Matheus Marim.

    A AMHB tem seu site http://www.amhb.org.br. A maioria dasfederadas tambm tem o seu.

    O prximo Congresso Brasileiro de Homeopatia ser realizado no perodo de 03 a 07 de setembro de 2006, em FlorianpoSanta Catarina.

    HOMEOPATI A PARA TODOS

    Hom eopa t ia pa ra t odos uma campanha promovida pela AMHB, atravs de sua Comisso de Sade Pblica juntamente co Ministrio da Sade, que est sendo feita para se levar a Homeopatia a um maior numero de pessoas, atravs da medicina pbliEsta campanha tambm visa a incentivar a formao de farmcias homeopticas e a contratao de mdicos homeopatas, o que estimular mais mdicos a estudarem a Homeopatia. A Homeopatia tem sua importncia na sade pblica no somente pela vantagemsua forma de tratamento, como tambm pelo seu baixo custo, ajudando a melhorar o sistema de ateno mdica nacional, e tendo mumais a ver com as condies e a ndole do povo brasileiro. Encontra-se possibilitada a sua expanso pela reforma sanitria vigente pas, queprocura mudar o modelo assistencial atual, em face da constatada falncia do mesmo.

    A Homeopatia faz parte da poltica oficial de sade pblica desde a dcada de 80, entretanto poucas cidades no Brasil oferecesta especialidade mdica como opo.

    O fortalecimento da relao mdico-paciente tem sido visto como uma meta a ser buscada para a melhoria da assistnciasade e maior impactao dos servios prestados pelo Estado na sade das comunidades, como o demonstram o Programa de SadeFamlia.

    Essa relao um fator de extrema relevncia no tratamento homeoptico, sendo um dos pilares da satisfao comatendimento observado nos usurios.

    A profundidade da anamnese homeoptica que exige um aprofundamento em toda a histria do paciente, dando real valotodos os seus sofrimentos, escutando o relato de suas molstias juntamente com sua histria de vida, sua biopatografia, contribui parestabelecimento de uma estreita e profcua relao mdico-paciente.

    A diminuio da relao custo/benefcio no Sistema nico de Sade Brasileiro pode ser alcanada com a expanso atendimento no SUS atravs da teraputica homeoptica, conforme demonstram pesquisas realizadas em servios com atendimencom a Homeopatia, no SUS em alguns municpios no Brasil. Evidenciamos o menor custo deste tratamento, dentre outras causas, pediminuio no que se refere s referncias para internao, referncias para atendimento de urgncia, referncias para outespecialidades, solicitao de exames laboratoriais e solicitao de exames radiolgicos, por sua eficcia e baixo custo dmedicamentos.

    Outro fator de diminuio da relao custo/benefcio atravs do atendimento homeoptico advm do que esta tem comproposta de bom resultado na evoluo do tratamento: a transformao do sujeito, de susceptvel s noxas exteriores que o adoecedevido aos seus traumas que esto por trs de sua biopatografia, em agente de sua histria e transformador do ambiente scio-poltieconmico em que vive e de acordo com os seus desejos.

    Isto o que a homeopatia pode propiciar, atravs de encontro do sujeito consigo mesmo, possibilitando-lhe uma mobilizainterna de seus traumas o que o faculta a acessar o qu de sua histria se tornou para si mesmo insuportvel.

    Permite assim, ao sujeito tratado com xito, ter acesso, conviver com aquilo que antes era insuportvel, e que, quando algoeste se remetia, lhe predispunha ao adoecimento, sendo a causa mantenedora de sua susceptibilidade. Isto o que vem a ser umverdadeira cura para a Homeopatia, e que quebra o cclico adoecer (medicina preventiva).

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    Podemos atender a demanda ao atendimento homeoptico pela populao, criando servios de atendimento com eteraputica nos Centros de Sade do SUS, em todos os municpios onde exista o profissional mdico homeopata disponvel para estrabalho e uma demanda pela populao por esta teraputica, ajustando-se a oferta do servio de acordo com a disponibilidade profissionais mdicos e a demanda por parte desta populao.

    O fornecimento do medicamento homeoptico populao atendida pelo SUS atravs desta teraputica pode soperacionalizado atravs da implantao de farmcias municipais, ou em carter provisrio, atravs de convnios firmados cofarmcias de reconhecidacompetncia tcnica para o fornecimento destes. Os custos para a montagem e gerenciamento destas farmcias no grande, asscomo tambm no o o custo para a produo dos medicamentos.

    Os benefcios que a expanso do atendimento homeoptico pode oferecer populao e contribuir em termos de eficincia po SUS podem ser avaliados atravs de pesquisas feitas no servio, que podero confirmar as anlises j feitas e tambm ampliar a sabrangncia.

    O trabalho homeoptico desenvolvido at agora, no SUS, ainda que por demais pequeno em relao ao nosso pas, propiciojunto com o desenvolvimento da Homeopatia aqui e no mundo todo, a proposta de uma Poltica Nacional de Prticas IntegrativaComplementares para o Sistema nico de Sade, desenvolvida dentro do Ministrio da Sade, e que j foi aprovada pelo ConseNacional de sade. Atualmente esta proposta encontra-se em vias de ser assinada pelo excelentssimo Ministro da Sade.

    Trabalho o rgan izado po r M r io An t n io Cabra l R ibe i r o - M d ico Hom eopa t a , P res iden t e da AM HB ges t o 2006 / 2008

    FONTES

    - Decreto n 3.540, de 25 de setembro de 1918. Annaes de Medicina Homoeopatica, rgo do Instituto Hahnamanniano do Brazil, RioJaneiro, ano XVIII, n.1, jan. 1919. (BN)- FEDERAO DAS ESCOLAS FEDERAIS ISOLADAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Catlogo; Braslia: MEC/ Departamento Divulgao, 1976, p.83-85. (UNIRIO-Alf.Pinto)- GALHARDO, Jos Emygdio Rodrigues. Histria da homeopatia no Brasil. In: Liv ro do 1 Congr esso Bras i le i ro de Hom eopat ia .de Janeiro, 1928. (BN)- Galo, Ivone Historiadora Unicamp. A introduo da homeopatia no Brasil- LOBO, Francisco Bruno. O ens ino da medic ina no Rio de Jane i ro : hom eopat ia , v. 3, Rio de Janeiro, 1968. (BCOC)- LUZ, Madel Therezinha. A ar te de curar e a c inc ia das doenas : h is tr ia soc ia l da homeopat ia no Bras i l . Tese (ConcursoProfessor Titular) - Departamento de Planejamento e Instituies de Sade, Instituto de Medicina Social/UERJ. Rio de Janeiro: UERJ, s(BCOC)

    - REGIMENTO Interno da Faculdade Hahnemanniana (Escola de Medicina e Cirurgia). Rio de Janeiro: Typ. Metropole, 1922. (BN)- SANTOS FILHO, Lycurgo de Castro. His tr ia gera l da medic ina bras i le i ra . So Paulo, HUCITEC/ EdUSP, 1991. v.2. (BCCBB)