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História da Imprensa Paulista:Inventário Bibliográfico Analítico
Profa. Dra. Gisely Valentim Vaz Coelho Hime - [email protected]ária: Ana Flávia Soares Pinheiro FACULDADES INTEGRADAS ALCÂNTARA MACHADO (FIAM)
istória da Imprensa Paulista: Inventário Bibliográfico Analítico” é um projeto
de iniciação científica, subordinado ao Centro de Pesquisa, Extensão e
Pós-Graduação das Faculdades Integradas Alcântara Machado (CPEPG-
FIAM) e vinculado à Rede Alfredo de Carvalho (RedeAlcar). Iniciou-se em outubro de
2001, sob a orientação do Prof. Dr. José Marques de Melo e coordenação da Profa. Ms.
Eula Tavares, sucedida, em fevereiro de 2002, pela Profa. Dra. Gisely Hime, que
determinou o redirecionamento da pesquisa.
“HSeu principal objetivo é dar continuidade ao inventário “Bibliografia da Imprensa”,
realizado nos anos 80 pela equipe do Plano Nacional de Microfilmagem dos Periódicos
2
Brasileiros/Biblioteca Nacional, analisando, porém, especificamente a imprensa paulista.
Nessa perspectiva, foi elaborada uma Bibliografia Anotada das dissertações e teses que
tratam da imprensa do Estado de São Paulo e sua história, numa primeira fase,
restringidas à produção da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo (ECA/USP), tendo em vista a notória importância deste centro nas pesquisas de
História da Imprensa. Deve-se ressaltar que, em fases posteriores, serão catalogadas as
produções da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP) e dos demais centros de referência em História do Jornalismo
como Pontifícia Universidade Católica, Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade
Cásper Líbero e Universidade de Campinas (Unicamp).
Do Material E Dos Métodos trabalho realizou-se em três etapas: levantamento de monografias,
dissertações e teses referentes à imprensa do Estado de São Paulo;
constituição de uma Bibliografia Anotada e elaboração de um inventário
analítico da imprensa paulista.
OPara a elaboração da Bibliografia Anotada observou-se o seguinte modelo:
1. Ficha catalográfica;
2. Identificação do autor (titulação, vinculação institucional naquela circunstância,
nacionalidade, outros dados identificadores);
3. Objetivo (breve enunciação dos propósitos do estudo);
4. Metodologia (métodos e técnicas usados pelo autor durante a produção do estudo ou
ensaio);
5. Conteúdo (descrição ampliada do objeto pesquisado e do seu desenvolvimento
analítico-reflexivo, destacando as partes da narrativa etc);
6. Referentes (situar a narrativa no tempo e no espaço, destacando personagens ou
instituições focalizadas no estudo);
7. Conclusões (síntese dos resultados da pesquisa ou corolários das reflexões
efetuadas);
3
8. Aplicações (recomendações feitas pelo autor ou ilações retiradas pelo analista sobre
eventuais usos e significações do estudo para as práticas profissionais, a pesquisa
acadêmica ou simplesmente para a vida cotidiana);
9. Palavras- chave (Cinco palavras, das quais a principal deve estar ligada ao objeto de
estudo e as secundárias devem ancorar a análise na geografia midiática – imprensa,
rádio, TV, cinema, Internet etc, e na taxonomia acadêmica – história, política,
economia etc)i.
Dos Resultados No que se refere à execução da primeira fase do projeto, foram obtidos os seguintes
resultados:
levantamento de monografias, dissertações e teses referentes à imprensa do Estado de São Paulo, produzidas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP): 1. AGUIAR, Carly Batista de. Imprensa E Eleições 1989: Razão E Sedução Na
Opinião Das Elites, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1993;
2. BATISTA, Marcela de Matos. O Rei Das Bancas: Uma Análise Da Trajetória De
Sucesso Do Diário Popular, Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2000;
3. BORELLI, Dario Luis. Condições De Trabalho Dos Profissionais Da Imprensa Do
Interior Paulista No Trienio 1985-1987, Dissertação de Mestrado, Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1990;
4. CARDOSO, Alcina Maria de Lara. Imprensa Sindical Em Tempos De Esperança: O
Metalúrgico E O Nacionalismo - Desenvolvimentista 1951-1964, Tese de
Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), 1992;
5. CARVALHO, André Luiz Piva de. Quadros Maquiados: Gênese E Produção De
Sentido Da Imagem Impressa Em Revistas Tendo Como Modelo A Narrativa Das
4
Capas Da Revista Veja Enfocando Fernando Collor De Melo, Dissertação de
Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), 1998;
6. CRIADO, Alex. Repórteres Pioneiras:Resgate Da Trajetória De Três Joralistas
Através Da História Oral, Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2000;
7. CUNHA, Vitor Paolozzi Servulo. Relações Conflituosas Entre Jornalismo E
Democracia No Brasil: O Caso Do Urgente Versus A Tribuna, Dissertação de
Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), 1996;
8. FARO, José Salvador. Realidade 1966-1968: Tempo Da Reportagem Na Imprensa
Brasileira, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo (ECA/USP), 1996;
9. FERREIRA, Maria Nazareth. Comunicação E Resistência Na Imprensa Proletária,
Tese de Livre Docência, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo (ECA/USP), 1990;
10.FIGARO, Roseli Aparecida. Discurso Da Imprensa Sindical: Formas E Usos,
Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo (ECA/USP), 1993;
11.GERALDES, Elen Cristina. Claudio Abramo, Sujeito Possível, Dissertação de
Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), 1995;
12.GOMES, Pedro Gilberto. Para Uma Historia Da UCBC: Memória De Uma
Instituição Cristã Dedicada À Comunicação Dialógica E Comprometida Com A
Resistência Do Autoritarismo, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1991;
13.HIME, Gisely Valentim Vaz Coelho. A Hora e a Vez do Progresso - Cásper Líbero e
o Exercício do Jornalismo nas Páginas d'A Gazeta. São Paulo, Dissertação de
Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), 1997;
5
14._______________________________. Página Feminina: O Ponto de Encontro Da
Mulher Moderna - Estudo analítico da pauta feminina do vespertino paulistano A
Gazeta (1929-1943), Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2002;
15.KOSHIYAMA, Alice Mitika. Histórias De Jornalismo: Das Práticas Jornalísticas Às
Práticas Pedagógicas, Tese de Livre Docência, Escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1992;
16.KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas E Revolucionários: A Imprensa Alternativa No
Brasil (1964-1980), Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1991;
17.KÜNSCH, Dimas Antônio. Maus Pensamentos: Crise De Paradigmas, Pensamento
Complexo E Informação De Atualidade, Dissertação de Mestrado, Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1999;
18.MOTTER, Maria Lourdes. Ficção E História: Imprensa E Construção De Realidade,
Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo (ECA/USP), 1992;
19.NASCIMENTO, Rui Bianchi do. A Visão Parcial Da Deficiência Na Imprensa:
Revista Veja (1981-1999), Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2001;
20.ORTRIWANO, Gisela Swetlana. (Des)Caminhos Do Radiojornalismo, Tese de
Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), 1990;
21.PEREIRA, Taís Assunção Curi. Imprensa Do Interior Paulista: Evolução E
Perspectivas Para O Século XXI. O Caso Dos Jornais Centenários A Tribuna E A
Tribuna Do Norte, Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2000;
22.PEROSA, Lílian Maria Farias de Lima. Cidadania Proibida: O Caso Herzog Através
Da Imprensa, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1998;
6
23.RAMADAN, Nancy Nuyen Ali. Jornalismo Na Era Digital: Construindo Uma Filosofia
De Ensino, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo (ECA/USP), 2000;
24.SEQUEIRA, Cleofe Monteiro de. A Informação Comprometida: Um Estudo Do
Noticiário Da Folha Da Tarde No Governo Médice, Dissertação de Mestrado,
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2000;
25.SILVA, Ivani Ribeiro da. Movimento Operário De Santos No Início Do Séc. XX: O
Jornal Como Fonte Documental Histórica, Dissertação de Mestrado, Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1992;
26.____________________. Internet Globaliza Ação Sindical: O Uso Da Rede Para
Intercâmbio De Informações, Apoios E Mobilização Dos Trabalhadores Em Um
Mundo Globalizado, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2001;
27.SCHWANKE, Leandro da Luz Costa. Processos De Produção Da Imprensa
Sindical: Estudo De Caso No Sindicato Dos Metalúrgicos De São Paulo,
Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo (ECA/USP), 1994;
28.SOUZA, Florentina das Neves. Alguns Momentos Dos 50 Anos Do Telejornalismo
No Brasil, Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), 2000;
29.WAINBERG, Jacques Alkalai. Império De Palavras: Estudo Comparado Dos
Diários E Emissoras Associadas, De Assis Chateaubriand, E Hearst Corporation,
De William Randolph Hearst, Tese de Doutorado, Escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1996.
constituição de uma Bibliografia Anotada sobre tal produção Para melhor compreensão da proposta, selecionamos um exemplo:
1- Ficha catalográfica
AUTOR(ES) DA Coelho Hime, Gisely Valentim Vaz.
7
DISSERTAÇÃO/TESE
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO/TESE
A Hora e a Vez do Progresso – Cásper Líbero e o Exercício do Jornalismo nas
Páginas d'A Gazeta
IMPRENTA São Paulo, 1997
DESCRIÇÃO FÍSICA 254 págs.
GRAU Dissertação de Mestrado
AUTOR SEC. Profa. Dra. Alice Mitika Koshiyama
UNID.USP Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/ USP)
2. Identificação do autor Brasileira; Professora de História do Jornalismo e de Ética Jornalística nas Universidades Integradas
Alcântara Machado (FIAM).
3. ObjetivoA partir da análise do vespertino paulistano, A Gazeta, no período em que foi dirigido por Cásper Líbero
(1918-1943), estudar o conteúdo do jornal como expressão da mentalidade de uma época, ou ainda, como
expressão da mentalidade de um determinado grupo ou grupos nela inseridos. Propõe-se ainda o estudo da
relação do jornalismo com as mudanças sociais, analisando a repercussão nos movimentos sociais da
amplificação de determinados valores pela imprensa. Este trabalho também tem por objetivo preencher
algumas lacunas da História da Imprensa Paulistana e Brasileira, tais como: considerando a importância
que A Gazeta teve no período, por que foi praticamente esquecida nos tratados de História da Imprensa,
cedendo os louros a jornais como O Estado de S.Paulo? sendo Casper Líbero um pioneiro na reflexão da
prática jornalística por que também foi praticamente esquecido nos mesmos trabalhos que omitem a
trajetória da suA Gazeta? mais ainda: sendo o fundador da primeira escola de jornalismo do País, por que
jamais mereceu um estudo de sua trajetória como jornalista e empresário do setor? ou ainda: exercendo um
papel estratégico durante a Era Vargas, principalmente no que se refere à difusão cultural e às relações
exteriores, por que ainda hoje sua memória se mantém à sombra de Assis Chateaubriand?
4. Metodologia A metodologia de trabalho adotada fundamenta-se em instrumentais típicos da reconstituição histórica
(evidências demonstradas na bibliografia disponível, interpretações a partir dos depoimentos de
contemporâneos etc), como também em processos peculiares da reprodução jornalísttica (como a leitura e
interpretação dos registros da imprensa da época: leitura de jornais da época (edições d'A Gazeta, no
período de 1918 a 1943: para levantamento dos assuntos retratados em editoriais e reportagens, tratamento
dado às notícias, posicionamento do vespertino e atuação política e social de Casper Líbero; edições dos
principais jornais paulistas e cariocas, no mesmo período: para caracterização da moral da época e, se
possível, verificação da cobertura dada à atuação política e social de Casper Líbero); depoimentos de
personalidades da época (jornalistas que trabalharam n'A Gazeta ou em veículos concorrentes; políticos;
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empresários; intelectuais e artistas que tenham ou não recebido algum tipo de apoio d'A Gazeta; líderes
estudantis que tenham se relacionado com Casper Líbero); documentos (registros do funcionamento
administrativo d'A Gazeta; registros dos negócios de Casper Líbero em outras atividades além do
jornalismo; registros do relacionamento de Casper Líbero com entidades e associações como: a Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo; a Aeronáutica; a Federação das Indústrias de São Paulo; a União
Cultural Brasil-Estados Unidos; o Sindicado dos Jornalistas e o Clube dos Proprietários de Jornais e
Revistas; a igreja); embasamento teórico (leitura de livros que contribuam para a compreensão da época ou
para a análise do material coletado, de acordo com os objetivos propostos; entrevista com especialistas em
História, Jornalismo e Análise do Discurso, que contribuam para a compreensão da época ou para a análise
do material coletado, de acordo com os objetivos propostos).
5. ConteúdoEntre o final dos anos 20 e o início dos 40, um vespertino destacou-se no cenário jornalístico nacional pela
modernidade de suas instalações, equipamentos, linha editorial e administração - modernidade que o
equiparou aos melhores jornais do mundo. Estamos falando d'A Gazeta, vespertino paulistano, dirigido, na
época, Cásper Líbero. Toda essa modernidade, porém, não encontrou registro na História do Jornalismo,
caindo assim no esquecimento. Daí a proposição deste estudo: analisar o projeto jornalístico de Cásper
Líbero a partir d'A Gazeta e, dessa forma, preencher lacunas significativas da História da Imprensa
Brasileira. Qual o interesse do projeto jornalístico de Cásper Líbero? Ao estudar A Gazeta no seu período
de grande efervescência - de 1928 a 1943, ano da morde de Cásper Líbero -, somos apresentados a um
veículo que agrega uma série de inovações ao panorama jornalístico, como por exemplo, o uso da
rotogravura colorida e da radiofoto ou o lançamento da página feminina ou do suplemento infantil. Tal
modernização visa acompanhar o progresso que se impõe à sociedade no século XX, ideal que se impõe a
São Paulo. Nessa medida, o vespertino busca ser identificado como o jornal dos paulistanos. A identificação
entre A Gazeta e São Paulo, contudo, não se limita à modernidade das instalações, mas também se dá na
pauta do jornal, na sua orientação editorial, no tratamento dado à notícia. O vespertino participa ativamente
da vida de São Paulo, seja pelo à urbanização, seja pelo incentivo ao meio universitário, seja pela
participação em eventos políticos. A Gazeta integra-se não somente à vida política de São Paulo, como à
vida política do Brasil, passando de forte opositora à franca aliada de Getúlio Vargas. Por outro lado,
estimula a discussão do exercício do jornalismo, valorizando as discussões da classe e investindo na
formação profissional. Nesse sentido, Cásper Líbero foi jornalista e empresário de vanguarda. Previu que o
futuro de seus empreendimentos estava na modernização: dos equipamentos à estrutura administrativa.
Investiu alto e chegou longe. Transformou o "abacaxi" que era o jornal, quando foi por ele adquirido, em um
veículo respeitado internacionalmente. E mais longe iria se não fosse a morte precoce em um acidente de
avião. Sem o líder, A Gazeta perdeu a força. Mas suas páginas ficou o registro de um exemplo, muito atual,
para quem quiser refletir sobre o jornalismo e o seu papel na sociedade.
i Proposta feita pelo Prof. Dr. José Marques de Melo, baseado no modelo adotado pela CIESPAL.
9
6. Referentes O vespertino paulistano A Gazeta e o jornalista Casper Líbero. Período: de 1918, ano em que Casper
adquiriu A Gazeta, a 1943, quando morreu em um acidente de avião.
7. ConclusõesO ideário de Cásper Líbero, revelado nas páginas d'A Gazeta, é composto de seis princípios básicos,
profundamente relacionados entre si:
progresso – Esta é a palavra-chave d'A Gazeta, a partir do momento em que Cásper Líbero se torna
seu proprietário, assumindo a direção da empresa. Tanto o progresso das instalações e maquinário,
quanto o progresso nas idéias transmitidas, no conteúdo, colocando-a sintonizada com a vanguarda
cultural. O progresso é a tecnologia, os transportes, as comunicações, as metrópoles, a velocidade que
gradativamente se imprime no cotidiano. É o codinome do século XX;
nacionalismo - traduzido no lema "Para um Brasil cada vez maior e melhor", tantas vezes invocado por
Cásper. Enxerga na cultura nacional, os elementos necessários para impulsionar o progresso do País,
tornando-o uma Nação grande e respeitada perante o mundo. Sintoniza uma corrente de pensamento
muito forte a partir dos anos 20, no Brasil e no mundo, que tomará a forma de ideologias totalitárias,
como o nazismo e o fascismo, movimentos culturais, como vários grupos constituintes do Modernismo,
e grupos políticos como a Ação Integralista Brasileira;
regionalismo - manifestado no imenso amor por São Paulo, visto como a locomotiva do País na
construção de uma Nação maior e melhor. Nesse sentido, regionalismo e nacionalismo encontram-se e
deixam de ser uma contradição. Os interesses regionais tornam-se interesses nacionais, à medida que
compreendidos como o melhor para a Nação. Para Cásper, a União Nacional com progresso só é
possível tendo São Paulo à frente desse processo. Por isso afirma que o vespertino está "a serviço de
São Paulo, do Brasil". Para ele, estar a serviço de São Paulo é estar a serviço do Brasil;
jornalismo, enquanto função social – para Cásper, exercer o jornalismo não é apenas uma maneira de
ganhar dinheiro ou de se projetar política e socialmente. É, antes de tudo, exercer uma função social. E
esta função seria a de colaborar no fortalecimento do espírito cívico, que fundamenta os sentimentos de
nacionalismo, patriotismo e regionalismo, tornando possível o engajamento do indivíduo no projeto de
construção da Nação;
coletividade - como fator decisivo na formação da opinião pública, o jornalismo torna-se responsável
pelos interesses da coletividade. Nessa perspectiva, é ele quem canaliza os interesses da sociedade,
que devem ser orientados para o engrandecimento da Nação em benefício da coletividade. Por esse
motivo, Cásper Líbero proclama-se patrono dos interesses da coletividade e sentinela dos princípios da
ordem e da justiça;
juventude - ao voltar o olhar para a coletividade, Cásper depara-se com a força que representa a
juventude, enquanto poder de realização. Para ele, a juventude simboliza a concretização desse Brasil
maior e melhor, desde que bem orientada. Por isso, busca aproximar-se dos jovens. Acredita que o
10
segredo do progresso de um país está na formação cultural de suas elites e a juventude encerra as
elites do futuro.
8. AplicaçõesEstudo da História da Imprensa Brasileira e Paulista; estudo de Ética Jornalística.
9. Palavras- chaveCásper Líbero ; A Gazeta ; Jornalismo ; Brasil ; História
e elaboração de um inventário analítico da imprensa paulista, ainda restrito, por certo, à essa pequena parte da produção analisada: Quanto ao período de produção
A produção acadêmica da ECA/USP sobre a História da Imprensa ainda é bastante
recente: as pesquisas começam a surgir apenas a partir da década de 90 e oscilam
entre um e dois estudos por ano, com picos de quatro estudos em 1992 e seis, em
2000. Em 1990 e em 1991, foram produzidos dois estudos, respectivamente. Em
1992, a produção dobrou. Em 1993, caiu novamente para dois. Em 1994 e em 1995,
foram produzidos apenas um estudo por ano. Em 1996, cresceu para três. Em 1997,
novamente caiu para um. Em 1998, chegou-se a dois e, em 1999, retornou-se à marca
de um. Em 2000, um recorde: seis estudos. Em 2001, cai novamente para dois e, em
2002, registra-se apenas um estudo neste campo.
Quanto ao período estudadoAs pesquisas concentram-se todas no século XX, com especial destaque para os
anos 80 e 90: nove estudos registrados. Em segundo lugar, estão as pesquisas
sobre a primeira metade do século: sete. Em terceiro, sobre a segunda metade: seis.
Em quarto, aparecem os estudos sobre a Ditadura Militar, quatro. E, em quinto,
sobre as décadas de 50 e 60, dois apenas.
Quanto à temáticaConsideramos aqui não os objetos de pesquisa, em sua especificidade, mas a
temática mais ampla a que se referem, podendo inclusive ser classificados em mais de
uma categoria. Temos assim:
1. Monografias (sobre um veículo específico, entidade ou profissional) – 11;
11
2. Análise de discurso (considerações sobre um veículo ou mais, num momento
histórico bem definido) – 10;
3. Imprensa Sindical (estudo de um ou mais veículos) – 6;
4. Práxis Jornalística e Discurso – 4;
5. Práxis Jornalística e Gênero – 3;
6. Panoramas – 3;
7. Práxis Jornalística e Ensino – 2;
8. Condições de trabalho – 1.
Quanto aos pesquisadoresTambém os pesquisadores merecem nosso interesse, enquanto produtores de
conhecimento e, portanto, referência na pesquisa sobre História da Imprensa. Apenas
duas pesquisadoras produziram mais de um estudo neste campo: Gisely Valentim Vaz
Coelho Hime, com a Dissertação de Mestrado A Hora e a Vez do Progresso - Cásper
Líbero e o Exercício do Jornalismo nas Páginas d'A Gazeta e a Tese de Doutorado
Página Feminina: O Ponto de Encontro Da Mulher Moderna - Estudo analítico da
pauta feminina do vespertino paulistano A Gazeta (1929-1943), e Ivani Ribeiro da
Silva, com a Dissertação de Mestrado Movimento Operário De Santos No Início Do
Séc. XX: O Jornal Como Fonte Documental Histórica e a Tese de Doutorado Internet
Globaliza Ação Sindical: O Uso Da Rede Para Intercâmbio De Informações, Apoios E
Mobilização Dos Trabalhadores Em Um Mundo Globalizado.
No tocante à orientação de trabalhos, aparece em primeiro lugar a Profa. Dra. Alice
Mitika Koshiyama, com sete estudos, além de sua Livre Docência. Em segundo lugar,
está o prof. Dr. José Marques de Melo, com cinco. Em terceiro, o prof. Dr. Dirceu
Lopes Fernandes, com três. Na seqüência, temos empatados os professores doutores
José Coelho Sobrinho e Maria Aparecida Baccega, com dois cada. As professoras
doutoras Terezinha Tagé e Maria Nazareth Ferreira vêm em seguida, com a
orientação de um estudo, além de sua Livre Docência. Os demais registram um cada:
professores drs. Dulcília Schroeder Buitoni, Cremilda Medina, Ciro Marcondes Filho,
José Luís Proença, Virgílio B. Noya Pinto e Sebastião Squirra.
12
Algumas Reflexões Geraiss trabalhos de revisão e ampliação da “Bibliografia da Imprensa”, preparada
pela Biblioteca Nacional, permitem-nos algumas considerações sobre a
bibliografia disponível. A primeira delas diz respeito à classificação do material
disponível quanto ao objeto e aos objetivos do estudo. Sejam eles livros, dissertações,
teses ou ainda textos publicados na imprensa, podemos organizá-los em: estudos
panorâmicos ou monográficos.
OEntre os estudos panorâmicos a obra central de referência é, sem dúvida, História
da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodréii. Na mesma linha, encontramos História
da Imprensa em São Paulo, de Freitas Nobreiii, História da Imprensa em São Paulo, de
Paulo Duarteiv, Contribuição à História da Imprensa Brasileira, de Hélio Viannav, História
da Imprensa de São Paulo, de João Nery Guimarãesvi, e A Evolução do Jornalismo em
São Paulo, coordenado por Dirceu Fernandes Lopesvii, para citar alguns exemplos. O
objetivo principal dessas obras é traçar um espectro amplo, que ofereça as principais
características, veículos e personagens de cada período. Sendo assim, ajudam-nos a
traçar o contexto geral de cada época, permitindo nos lançar em questionamentos mais
específicos.
São tais questionamentos que levam aos estudos monográficos, como os da
professora Maria Helena Capelato, Os Arautos do Liberalismo - Imprensa Paulista 1920-
1945viii, História da Folha de S.Paulo (1921-1981), em parceria com Carlos Guilherme
Motaix, e O Bravo Matutino: Imprensa e Ideologia no Jornal O Estado de S.Paulo, em
parceria com Maria Lígia Pradox. Trata-se de obras que permitem o aprofundamento de
ii Nelson Werneck Sodré. História da Imprensa no Brasil, 3ª edição, São Paulo, Martins Fontes, 1983.iii Freitas Nobre. História da Imprensa em São Paulo, São Paulo, 1950.iv Paulo Duarte. História da Imprensa em São Paulo, São Paulo, ECA/USP, 1972.v Hélio Vianna. Contribuição à História da Imprensa Brasileira, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1945.vi João Nery Guimarães. História da Imprensa de São Paulo, s.l.p., s.c.p., s.d.p.vii Dirceu Fernandes Lopes et al. A Evolução do Jornalismo em São Paulo, São Paulo, ECA/USP e Edicon, 1996.
13
características e comportamentos específicos, que, em comparação com outras
dedicadas ao mesmo período, levam ao detalhamento profundo e cuidadoso de
determinadas épocas. No caso, numa leitura comparativa de Capelato, usando como
contraponto Império de Palavras: Estudo Comparado dos Diários e Emissoras
Associadas, de Assis Chateaubriand, e Hearst Corporation, de William Randolph Hearst,
de Jacques Alkalai Wainbergxi, e A Hora e a Vez do Progresso - Cásper Líbero e o
Exercício do Jornalismo nas Páginas d'A Gazeta, de Gisely Valentim Vaz Coelho Hime,
teremos um rico panorama da constituição das empresas jornalísticas nos moldes
capitalistasxii.
A segunda consideração a fazer diz respeito ainda à classificação das obras.
Partindo dessa classificação inicial, encontramos obras específicas a cada especialidade
jornalística - esporte, gênero, economia, política, lazer e cultura. Em cada qual
encontramos estudos cujo objetivo é traçar de maneira geral ou específica o perfil dos
veículos que nela se enquadram. É o caso, por exemplo, das duas grandes obras de
referência no jornalismo feminino: Mulher de Papel: a Representação da Mulher na
Imprensa Feminina Brasileira e Imprensa Feminina, ambas de autoria de Dulcília Helena
Schroeder Buitonixiii, conseqüentemente, sendo de leitura obrigatória para quem se arrisca
nesse campo – até mesmo por serem únicas no gênero. Aliás, todas as publicações
brasileiras que consultamos sobre o tema remetem às pesquisas de Buitoni, que, sem
dúvida, acabaram por se constituir em marco nos estudos do jornalismo feminino no País.
São complementares. Se uma traça um panorama geral da Imprensa Feminina Brasileira,
viii Maria Helena Capelato. Os Arautos do Liberalismo: Imprensa Paulista, 1920-1945, São Paulo, Brasiliense, 1989.ix Carlos Guilherme Mota & Maria Helena Capelato. História da Folha de S.Paulo (1921-1981), São Paulo, Impres, 1980.x Maria Helena Capelato & Maria Lígia Prado. O Bravo Matutino: Imprensa e Ideologia no Jornal O Estado de S.Paulo, São Paulo, AlfaOmega, 1980.xi Jacques Alkalai Wainberg. Império de Palavras: Estudo Comparado dos Diários e Emissoras Associadas, de Assis Chateaubriand, e Hearst Corporation, de William Randolph Hearst, São Paulo, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1996.xii Gisely Valentim Vaz Coelho Hime. A Hora e a Vez do Progresso - Cásper Líbero e o Exercício do Jornalismo nas Páginas d'A Gazeta. São Paulo, dissertação de mestrado, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), 1997.xiii Dulcília Helena Schroeder Buitoni. Imprensa Feminina, São Paulo, Ática, 1986 e D. Buitoni. Mulher de Papel: a Representação da Mulher na Imprensa Feminina Brasileira, São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/USP, 1980.
14
desde o surgimento, a outra identifica as imagens de mulher que vão sendo contruídas
por essa imprensa, em seus diversos momentos.
Em cada uma das diferentes especialidades jornalísticas poderíamos refletir sobre
vários outros exemplos. Tendo em vista, porém, a brevidade deste ensaio, optamos por
passar à terceira consideração, que diz respeito à multiplicidade dos meios de
comunicação. Ao considerarmos a história da imprensa paulista, devemos considerar o
desenvolvimento de cada meio de comunicação por si só e também em relação aos
demais. A leitura de obras como Comunicação: Do Grito Ao Satélite, de Antonio
Costellaxiv, Do Jornalismo Político À Indústria Cultural, de Gisela Taschner Goldensteinxv, e
História Da Comunicação: Rádio E TV No Brasil, de Maria E.B. Federicoxvi, apresentam-se
como referenciais nessa categoria de reflexão, principalmente quando cotejadas com a
leitura das obras ressaltadas nos outros grupos classificatórios.
Uma vez concluída, a bibliografia anotada do projeto “História da Imprensa em São
Paulo: Inventário do conhecimento histórico” propiciará ao estudioso do assunto fontes
fundamentais para orientar seu questionamento e conduzi-lo. Pois, ainda em sua primeira
etapa já lança algumas luzes sobre o conhecimento existente sobre o desenvolvimento da
imprensa paulista.
xiv Antonio Costella. Comunicação: Do Grito Ao Satélite, São Paulo, Ed. Mantiqueira, 1984.xv Gisela Tachner Goldenstein. Do Jornalismo Político à Indústria Cultural, São Paulo, Summus Editorial, 1987.xvi Maria E.B. Federico. História Da Comunicação: Rádio E TV No Brasil, Petrópolis, Vozes, 1982.
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