25
1

Histórias Infantis

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Histórias Infantis

Citation preview

  • 1

  • 2Apoio:

    Patrocnio:

    Realizao:

  • 3Hans Christian Andersen

    LUKOIE

  • 4Contos de Hans Christian Andersen

    Hans Christian Andersen nasceu em Odensae, em 2 deabril de 1805, e faleceu em Conpenhague em 1875. Autorde inmeros contos infanto-juvenis, traduzido por todo omundo. Considerado por muitos com o pai da LiteraturaInfanto-Juvenil. Temos aqui uma seleo de seus melho-res contos.

  • 5LUKOIE

    NINGUM no mundo capaz de contar tantas e tobonitas estrias como Ol Lukoie. Quantas estriasele sabe! Quando anoitece e as crianas esto emvolta da mesa, comportando-se da melhor maneirapossvel, sentadas em suas cadeiras, Ol Lukoie en-tra cautelosamente.

  • 6Sobe as escadas descalo, to silenciosamente e abrin-do a porta com tanto cuidado, que ningum pode ouvi-lo. Imediatamente, puff! joga um punhado de p muitobranco e muito fino nos olhos das crianas, que j noconseguem t-los muito abertos, devido ao sono queest chegando e por isso no o vem.

    Vai at as suas costas e sopra em seus pescoos detal forma, que as cabecinhas vo ficando pesadas,como se fossem de chumbo; mas nunca lhes causa omenor dano, ia que age dessa maneira por gostarmuito de crianas. S deseja que fiquem quietinhas,para que possa deit-las, e quando j esto em suascaminhas, conta-lhes as suas estrias.

    Enquanto as crianas esto adormecendo, Ol Lukoiese senta na cama. Vai muito bem vestido; sua roupa de seda, mas seria impossvel saber de que cor ,porque de cada vez que se volta ela brilha com refle-xos veres, vermelhos e azuis.

    Debaixo de cada brao leva um guarda-chuva, um comdesenhos no pano, que estende sobre os meninosbondosos, para que sonhem com as estrias mais lin-das durante a noite.

    0 outro guarda-chuva no tem desenhos e ele o abresobre os meninos que foram maus; assim eles dor-mem sem sonhar durante toda a noite.

    Vou falar-lhes sobre um menino em casa de quem OlLukoie apareceu durante uma semana inteira. Cha-

  • 7mava-se Marcelo.

    E aqui lhes conto sete estrias, porque, como todossabem, a semana tem sete dias.

    SEGUNDA-FEIRA

    - Agora espere - disse Ol Lukoie a noite, depois queMarcelo se deitara. - Primeiramente vou arrumar umascoisas.

    De repente, todas as plantas que havia nos vasos setransformaram em rvores enormes, cujos ramos che-gavam at o teto e ao longo das paredes, de modoque o quarto ficou parecendo uma deliciosa praa.

    Os ramos estavam cobertos de flores e estas erammais lindas do que as rosas; exalavam um perfumedelicioso e se algum tentasse com-las, veria quesabiam muito melhor que o doce mais estranho. Osfrutos brilhavam como ouro e havia bolos recheadosde ameixas. Uma maravilha!

    Subitamente, ouviram-se tristes queixumes vindos dagaveta da mesa, onde estavam guardados os livrosescolares de Marcelo.

    - Que isso? - perguntou Ol Lukoie, indo abrir agaveta.

    Era a estria que se queixava e se retorcia, porquehavia uma conta errada na soma escrita sobre ela eestava a ponto de quebrar-se em mil pedaos.

  • 80 lpis saltava e patinhava preso por um fio de bar-bante, esforando-se por consertar a soma, mas noconseguia.

    Tambm o caderno de escrita de Marcelo queixava-setristemente; em cada uma de suas pginas havia umafila de letras maisculas manuscritas, com a sua cor-respondente minscula ao lado.

    Embaixo delas, havia outras letras que davam a ilu-so de se parecerem com as primeiras. Eram as queMarcelo escrevera. Pareciam ter cado e no poderemficar em p.

    - Vejam bem como devem ficar - diziam as letras daprimeira linha. - Assim... um pouco inclinadas e comum elegante trao para fora.

    - Bem que gostaramos - diziam as letras de Marcelo,- mas no podemos. Fizeram-nos to torcidas!

    - Nesse caso, tomaro uma dose de remdio - disseOl Lukoie.

    - Oh, no! - exclamaram elas, fazendo esforos parase endireitarem da melhor maneira possvel.

    - Bem, agora j no podemos contar mais nenhumaestria - disse Ol Lukoie. - E preciso que essas le-tras faam algum exerccio. Um, dois! Um, dois!

    E assim fez as letras trabalharem, e elas se manti-

  • 9nham to retas, que os modelos da primeira linha nopodiam resistir-lhes. Porm, quando Ol Lukoie foiembora e Marcelo despertou pela manh, observouque elas estavam to torcidas quanto antes.

    TERA-FEIRA

    Assim que Marcelo foi para a cama, Ol Lukoie tocouos mveis com a sua varinha de madeira e todos co-mearam a falar. Falavam de si mesmos, pois notinham outro assunto.

    Havia um quadro com moldura dourada, que estavacolocado sobre a cmoda; representava uma paisa-gem, na qual se viam velhas e grandes rvores, floresna grama e uma grande extenso de gua, assim comoum rio que nascia nela e se ocultava atrs do bosque,passando na frente de muitos castelos antes de de-sembocar no mar.

    Ol Lukoie, tocou o quadro com sua varinha e os ps-saros do quadro comearam a cantar. Os ramos dasrvores se agitaram e as nuvens atravessaram lenta-mente o cu. E viam-se tambm suas sombrasprojetadas no cho.

    Ento Ol Lukoie levantou Marcelo at a altura damoldura e o menino enfiou a perna direita no quadro,pousando o p na grama e ali ficou.

    0 sol brilhava sobre ele, passando pelos ramos dasrvores.

  • 10

    Marcelo se aproximou da gua e embarcou num botepequeno que estava ancorado. Fora pintado de brancoe vermelho e suas velas brilhavam como se fossem deprata.

    Seis cisnes, todos com coroas de ouro em volta dopescoo e uma estrela de brilhantes na cabea, leva-ram o barco para mais longe, no fundo do bosque,onde as rvores contavam estrias de bruxas e la-dres; as flores contavam outros contos sobre os pe-quenos e lindos elfos, que por sua vez lhe tinhamcontado as mariposas.

    Peixes formosos com escamas de ouro e prata nada-vam seguindo o barco; de vez em quando saltavampara fora da gua e ruidosamente voltavam a cairnela.

    Pssaros vermelhos e azuis, grandes e pequenos,voavam, formando duas filas atrs do pequeno barco;zumbiam os mosquitos e os besouros voavam comgrande rudo. Todos queriam acompanhar Marcelo ecada um deles tinha uma estria para contar.

    Foi um passeio muito agradvel. s vezes ele passa-va na frente de bosques espessos e escuros ou avis-tava jardins cheios de sol e flores; e dentro deleshavia castelos de cristal e mrmore.

    Algumas princesas apareciam nas janelas e aconteciaque todas eram meninas e conhecidas de Marcelo,meninas com quem ele costumava brincar.

  • 11

    Estendiam as mos e todas tinham na mo direita umveadinho de acar, o mais lindo com que se podiasonhar.

    Marcelo apanhava, ao passar, um pedao do veadinhode acar e a princesa o segurava pelo outro lado, demodo que cada um ficava com a sua parte, sendo quea maior correspondia a Marcelo.

    Na frente de cada castelo montavam guarda peque-nos prncipes, que cumprimentavam com suas espa-das de ouro e lhe atiravam ameixas confeitadas esoldadinhos de chumbo. No se podia duvidar de quefossem verdadeiros prncipes.

    Continuando com o passeio, atravessava s vezes umbosque, outras vezes um prado, outras vezes vriassalas ou um povoado; passou por um onde vivia suaama, a que cuidava dele quando era muito pequeninoe gostava dele ao extremo.

    A boa mulher o saudou agitando a mo que levavauma canozinha de que era a autora e que enviou aMarcelo:

    Com voc sonho quase sempre,Marcelo, meu menino querido.Quantas vezes o acariciei,Meu querido, amado menino!Seus primeiros balbuciosSoaram junto ao meu ouvido.Queira Deus que ainda se lembreDe meus braos que eram seu ninho!

  • 12

    Os pssaros cantavam tambm, as flores danavamnos caules e as velhas rvores se inclinavam, do mes-mo modo como se o velho Ol Lukoie lhes contassealgumas estrias.

    QUARTA-FEIRA

    Como chovia l fora! Mesmo em sonhos Marcelo ouviao barulho da chuva e quando Ol Lukoie abriu a jane-la, pde ver que a gua chegava at o parapeito.Estava tudo convertido em um lago e a pouca distn-cia da casa havia um barco.

    - Voc quer navegar comigo, pequeno Marcelo? - per-guntou Ol Lukoie. - Se for do seu agrado, voc pode-r ir esta noite a longnquos pases e voltar pela ma-nh.

    Imediatamente Marcelo se viu trajado com a suamelhor roupa de domingo e a bordo do formoso barco;e navegando, eles percorreram vrias ruas, passaramna frente da igreja, e, finalmente, chegaram ao alto-mar.

    E se afastaram tanto, que perderam a terra de vista.Admiraram um bando de cegonhas que empreendiama sua viagem para os pases mais quentes. Voavamem fila, uma atrs da outra.

    Percorreram uma grande distncia. Uma das cegonhas

  • 13

    estava to cansada, que suas asas apenas a podiamlevar um pouco mais longe; era a que fechava o corte-jo.

    E logo foi ficando para trs, at que caiu com as asasabertas; foi descendo, descendo, tentou voar nova-mente, at que se chocou contra as enxrcias do bar-co e deslizou ao longo de uma vela, at chegar aoconvs.

    Um grumete recolheu-a e colocou-a no galinheiro, emcompanhia das galinhas, dos patos e perus; a pobrecegonha ficou entre eles e, segundo tudo indicava,estava muito deprimida.

    - Vejam que bicho esquisito! - exclamaram as gali-nhas. 0 peru arrepiou as penas para adquirir um as-pecto mais majestoso e perguntou-lhe quem era. E ospatos retrocediam, ao mesmo tempo em que grasna-vam: Quc, Quc!

    Imediatamente a cegonha comeou a falar-lhes sobreo sol da `frica, sobre as Pirmides e sobre os avestru-zes que corriam pelos areais como um cavalo selva-gem; mas os patos no entenderam e, dando empur-res uns nos outros, disseram:

    - No acham que ela mesmo uma tola?

    - E mesmo, - respondeu o peru.

    Ento a cegonha silenciou, concentrando seus pensa-mentos na sua amada `frica.

  • 14

    - Bonitas pernas voc tem! - exclamou o peru. - Aquanto vende o metro?

    - Quc, quc, quc! - exclamaram os patos a rir.

    Mas a cegonha parecia no escutar.

    - Voc tem a minha permisso para rir disse o peru. -Foi uma observao muito engraada, embora um tantoelevada para voc. No possui grandes qualidades -acrescentou, dirigindo-se aos outros, - mas servirpara nos divertir.

    Ento as galinhas comearam a cacarejar e os patos agrasnar. E no h dvida de que se divertiam bastan-te.Marcelo foi at o galinheiro, abriu a porta e chamou acegonha. Esta saiu com um pulo do galinheiro e seaproximou do menino. j descansara, e, ao chegarjunto dele, inclinou a cabea para Marcelo, a fim deagradecer-lhe.

    A seguir abriu suas asas e alou o seu vo para ospases clidos. E as galinhas cacarejaram, os patosgrasnaram e a crista do peru ficou vermelha comobrasa.

    - Amanh faremos uma sopa de voc! - disse Marcelo-Ento acordou e se viu estendido em sua prpria cama.Na verdade, Ol Lukoie o levara para uma viagemextraordinria.

  • 15

    QUINTA-FEIRA

    - Vou dizer-lhe uma coisa - avisou Ol Lukoie. - Nose assuste e eu lhe mostrarei um ratinho. - Realmen-te, abriu a mo e na palma da mesma apareceu umrato pequeno. - Ele veio convid-lo para um casamen-to. Esta noite dois ratos vo se casar. Vivem embaixodo solo da despensa de sua mame e dizem que uma residncia deliciosa.

    - Mas como poderei entrar pelo buraco do cho que dpara a cova dos ratos? perguntou Marcelo.

    - Deixe isso por minha conta - respondeu Ol Lukoie.- Vou faz-lo ficar bem pequenino.

    Tocou em Marcelo com a sua varinha mgica e o me-nino foi diminuindo de tamanho at ficar do tamanhodo dedo mnimo.

    - Agora melhor que pea emprestado o uniforme dosoldadinho de chumbo. Creio que lhe assentar muitobem e voc sabe que quando se vai fazer uma visita,deve-se estar vestido de uniforme. Isso muito ele-gante alm de ser necessrio.

    - Tem razo - replicou Marcelo, que dali a pouco esta-va trajado como o mais elegante soldadinho de chum-bo.

    - Agora faa o favor de entrar no dedal de sua mame- disse o rato - e eu terei a honra de arrast-lo.

  • 16

    - Por que vai ter esse trabalho? perguntou Marcelocom muita galanteria.

    Mas o rato insistiu e da a pouco eles se dirigiam paraa casa dos ratos, a fim de assistirem cerimnia.

    Primeiramente penetraram num local que estava de-baixo do solo, seguiram por um comprido corredor,cuja altura era apenas suficiente para dar-lhes passa-gem. 0 corredor estava muito bem iluminado com is-cas.

    - Reparou com o ambiente est perfumado? - pergun-tou o rato que o arrastava, - 0 assoalho todo foi unta-do com toucinho. No se podia imaginar nada melhor.

    Chegaram sala nupcial, onde todas as senhoritasratazanas se encontravam direita, falando em vozbaixa ou rindo, como se estivessem se divertindo uma custa da outra.

    A esquerda estavam todos os cavalheiros, que, comas patas dianteiras, alisavam os bigodes. Os noivosocupavam o centro da sala, num pedao de queijo,beijando-se com a maior energia na frente dos convi-dados, porm, como iam casar-se, ningum dava gran-de importncia ao assunto.

    Entraram novas visitas, de maneira que os ratos esta-vam de tal modo comprimidos um contra o outro, que,afinal, o casal de noivos foi para junto da porta, a fimde que mais ningum pudesse sair ou entrar.

  • 17

    A sala, assim como o corredor, estava toda untada detoucinho; no havia refrigerantes, porm, como so-bremesa apanharam uma folha de ervilha, na qual afamlia gravou com dentadas o nome dos noivos, isto, as iniciais de cada um, o que j era uma coisa bemextraordinria.

    Todos os ratos disseram ter sido um casamento mag-nfico e a conversao sumamente agradvel.

    Ento Marcelo regressou sua casa; encontrara-seem meio a uma companhia distinta, mas, para chegarat l, precisara ficar muito pequenino, o que lhe per-mitira vestir o uniforme do soldadinho de chumbo.

    SEXTA-FEIRA

    - E assombroso verificar quantas pessoas adultasquiseram apoderar-se de mim! - exclamou Ol Lukoie.- Especialmente aquelas que no possuem a consci-ncia tranqila. Bondoso e velho Ol, me dizem.

    No podemos fechar os olhos e somos obrigados apassar a noite inteira com a lembrana de nossas msaes. So semelhantes a Elfos malvados; chegampara perto de nossas camas, sentam-se nelas e jo-gam gua quente em nossos olhos. Quer vir expuls-los, para que possamos dormir?

    E suspiram profundamente. Pagaremos muito bem,Ol, boa noite. Voc encontrar o dinheiro no peitorilda janela. Mas eu no trabalho por dinheiro - excla-mou Ol Lukoie.

  • 18

    - Que vamos fazer esta noite? - perguntou Marcelo.

    - No sei se gostaria de assistir a outro casamento,embora seja diferente do que voc assistiu ontem. Aboneca mais velha de sua irm, aquela que est ves-tida de homem e que se chama Augusto, vai casar-secom Berta. Alm disso, seu aniversrio, de formaque os presentes sero numerosos - Sim, j ouvi falarnisso. Quando as bonecas precisam de roupa nova,minha irm diz que seu aniversrio ou que vo secasar. Isto j aconteceu centenas de vezes.

    - Sim, mas esta noite o casamento nmero cento eum e o centsimo e o primeiro so o fim de todas ascoisas. Por esse motivo, a cerimnia ser esplndida.Veja!

    Marcelo olhou para a mesa; ali estava a casinhola depapelo com luzes nas janelas e na parte externa,todos os soldadinhos de chumbo apresentavam ar-mas. Os noivos estavam sentados no cho, com ascostas apoiadas no p da mesa; pareciam muito pen-sativos e tinham razes de sobra para isso.

    Ol Lukoie, vestido com a roupa preta da vov, casou-os; uma vez terminada a cerimnia, todos os mveisdo aposento entoaram a seguinte cano, que o lpisescrevera. A msica era de uma outra cano muitopopular. Dizia assim:

    Como o vento oscilar nosso canto,

  • 19

    At que os noivos morram de velhos.Vo custar muito a morrer,Pois seu corpo de madeira.Vivam os noivos! Vivam felizes por mil anos!

    Logo chegaram os presentes, mas os noivos se recu-saram a receber comestveis. Para eles o amor eramais do que suficiente e no precisavam de nada mais.- Iremos viajar pelo pas ou pelo estrangeiro?

    Consultaram a andorinha, que viajara muito e pergun-taram tambm velha galinha, que chegara a criarcinco ou seis ninhadas. A primeira contou-lhes tudo oque sabia sobre os pases clidos, onde cresciam asuvas e o ar era to suave como o das montanhas, eigual no se podia ver em outra parte.

    - Mas no, possuem as nossas couves verdes - objetoua galinha. - Passei um vero no campo, junto commeus franguinhos. Havia um monte de terra queescarvvamos todos os dias e depois tivemos permis-so para entrar numa horta, onde cresciam as couves.Que verdes eram! No posso imaginar nada to lindo!

    - Mas uma couve se parece exatamente com outraqualquer - observou a andorinha - e, por outro lado,aqui faz muito mau tempo.

    - J estamos acostumados - replicou a galinha.

    Mas faz muito frio e neva.

  • 20

    Isso benfico para as couves - exclamou a galinha;- alm do mais, as vezes faz muito calor. H quatroanos, durante cinco semanas, tivemos um vero comum calor tremendo, de tal modo que apenas poda-mos respirar.

    Por outro lado, aqui no temos animais venenosos,que so prprios dos pases estrangeiros e tampoucoexistem ladres. Quem pensar que o nosso no sejao melhor pas do mundo, no est bom da cabea. Eno merece viver aqui.

    - A galinha comeou a chorar e, tentando acalmar-seum pouco, acrescentou: - Eu tambm viajei, por dozemilhas, metida num barril e asseguro-lhes que as vi-agens no do prazer algum.

    - A galinha uma mulher ajuizada - observou Berta, anoiva. - Tambm no gosto muito de viajar pelasmontanhas, porque primeiro preciso subir, para de-pois descer. No, ser melhor fazermos uma pequenaexcurso pelos arredores do monte de terra e depoisvisitarmos a horta das couves.E assim terminou a discusso.

    SABADO

    - Esta noite no iremos a lugar algum? perguntouMarcelo, quando Ol Lukoie o obrigou a meter-se nacama.

    - No temos tempo - respondeu Ol, enquanto abriaseu guarda-chuva mais lindo. - Olhe para estes chine-

  • 21

    ses. - 0 guarda-chuva inteiro tinha o aspecto de umconto chins, rodeado de rvores azuis, muito gran-des, pontes arqueadas e nelas umas tantas pessoasque inclinavam a cabea. - Para amanh todomundo deve estar bem limpo - disse Ol. - Lembre-sede que domingo. Subirei at o alto do igreja, a fimde ver se os anezinhos encarregados da limpezacuidaram bem dos sinos, a fim de que soem bem.

    Terei de ir aos campos, para verificar se os ventosvarreram bem o p da grama e das folhas. Mas otrabalho mais pesado baixar as estrelas, para limp-las; coloco-os em meu avental, mas preciso numer-las, para poder recoloc-las em seus devidos lugares,pois, do contrrio, no poderia prend-las corretamentee a haveria muitas estrelas errantes, pois uma cairiaatrs da outra.

    - Oua, Sr. Lukoie - disse um dos antigos retratos, queestavam pendurados na parede. - Sou o bisav deMarcelo e estou muito agradecido ao senhor pelasestrias que conta, mas convm que no diga dispa-rates. As estrelas so planetas como a nossa prpriaTerra, e portanto, no h mais o que dizer e chega dedisparates.

    - Muito obrigado, senhor bisav - respondeu Ol Lukoie.- Aceite, pois, a minha maior gratido; o senhor ochefe da famlia, uma antigidade, mas eu sou muitomais velho que o senhor. Sou um velho deus pago;os gregos e os romanos me chamavam Morfeu, ou odeus dos sonhos. Tenho entrada nas melhores casasdo mundo inteiro e tanto os grandes como os peque-

  • 22

    nos chamam por mim. E j que no est de acordocomigo, conte o senhor as estrias que quiser para oseu bisneto.

    Dizendo isto, Ol Lukoie foi embora, carregando oguarda-chuva.

    - Melhor seria que no tivesse dado a minha opinio!- exclamou o retrato antigo. depois acordou Marcelo.

    DOMINGO

    - Boa noite - disse Ol Lukoie.

    Marcelo respondeu, inclinando a cabea. Logo ficouem p de um salto e voltou o rosto do bisav para aparede, a fim de que no pudesse falar como na noiteanterior.

    - Agora seria bom que me contasse algumas estriasa respeito das Cinco ervilhas verdes que viviam emsua vagem e tambm a do Galo que foi cumprimen-tar a senhora Galinha ou ento a Agulha de cerzirque era to fina que parecia ser uma agulha corrente.

    Nunca se deve abusar do que bom disse o velho OlLukoie. - Prefiro mostrar-lhe uma coisa que voc jconhece. Vou lev-lo at meu irmo; tambm se cha-ma Ol Lukoie, mas nunca faz mais do que uma visita.

    E ento o leva a visit-lo, monta-o em seu cavalo elhe conta uma estria. S sabe duas; uma to linda

  • 23

    que ningum na Terra poderia imaginar algo parecidoe a outra, horrvel at mais no poder.

    Ento Ol levantou Marcelo at a janela e acrescen-tou:

    - Veja meu irmo, o outro Ol Lukoie. Tambm cha-mado pelo nome de Morte. Voc pode ver que no temum aspecto to feio como s vezes apresentado nosdesenhos, nem formado de ossos e ligaduras. No,em torno de seu casaco leva uma tira bordada deprata. Veste um belo uniforme de oficial russo e usauma capa de veludo, a qual se estende pela garupa deseu cavalo. Veja como galopa.

    Marcelo viu, realmente, como cavalgava o outro OlLukoie, levando velhos e moos, depois de mont-losna garupa de seu cavalo. Tinha um sua frente eoutros mais atrs, mas antes sempre lhes pergunta-va:

    - Que nota voc tem em seu boletim?Todos respondiam que era boa, mas ele obrigava-os amostr-la. Os que tinham nota Muito boa ou Exce-lente ele montava na parte dianteira do cavalo e lhescontava aquela estria maravilhosa e bela, sobre todaa ponderao. Mas os que s tinham a nota Regularou M, eram obrigados a montar na garupa e ouvir aestria horrvel. Estremeciam de medo, choravam efaziam esforos para apear, mas no podiam, porqueestavam firmemente presos ao cavalo.

    - Vejo que a Morte formosa, Ol Lukoie, - disse

  • 24

    Marcelo. - No me d medo algum.

    - Voc no tem que temer meu irmo - replicou OlLukoie, - contanto que sempre tenha nota boa em seuboletim.

    - Acho isso timo - resmungou o retrato do bisav. -Afinal, sempre bom dar a minha opinio.

    E sorriu muito contente.

    E assim termina a estria de Ol Lukoie. E muitoprovvel que esta noite ele mesmo possa contar-lhesmuito mais a seu respeito. Esperem por ele.

    FIM

    Copyright ' 2000, virtualbooks.com.brTodos os direitos reservados a Editora Virtual BooksOnline M&M Editores Ltda. proibida a reproduo docontedo desta pgina em qualquer meio de comunica-o, eletrnico ou impresso, sem autorizao escrita daEditora.

  • Este libro fue distribuido por cortesa de:

    Para obtener tu propio acceso a lecturas y libros electrnicos ilimitados GRATIS hoy mismo, visita:

    http://espanol.Free-eBooks.net

    Comparte este libro con todos y cada uno de tus amigos de forma automtica, mediante la seleccin de cualquiera de las opciones de abajo:

    Para mostrar tu agradecimiento al autor y ayudar a otros para tener agradables experiencias de lectura y encontrar informacin valiosa,

    estaremos muy agradecidos si"publicas un comentario para este libro aqu".

    INFORMACIN DE LOS DERECHOS DEL AUTORFree-eBooks.net respeta la propiedad intelectual de otros. Cuando los propietarios de los derechos de un libro envan su trabajo a Free-eBooks.net, nos estn dando permiso para distribuir dicho

    material. A menos que se indique lo contrario en este libro, este permiso no se transmite a los dems. Por lo tanto, la redistribucin de este libro sn el permiso del propietario de los derechos, puede constituir una infraccin a las leyes de propiedad intelectual. Si usted cree que su trabajo se ha utilizado de una manera que constituya una violacin a los derechos de autor, por favor, siga nuestras

    Recomendaciones y Procedimiento de Reclamos de Violacin a Derechos de Autor como se ve en nuestras Condiciones de Servicio aqu:

    http://espanol.free-ebooks.net/tos.html