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LEI DE TERRAS Deputada defende fim das concessões de longo prazo PÁGINA 3 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 11 DE ABRIL DE 2013 ANO XII Nº 2828 PUB PUB APOIOS FINANCEIROS Novo Macau quer prestação de contas publicamente PÁGINA 2 PLANEAMENTO URBANO Interesse público pode suspender todos os planos PÁGINA 4 VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) Ter para ler O relatório é da OCDE. A RAEM é a região do globo com a maior taxa de reprovação dos alunos menores de 15 anos: 43,7%. Não há, de acordo com os 39 países e cidades auditados pela Organização, nada pior. Os deputados já discutiram, por diversas vezes, o tema educação na Assembleia Legislativa e defendem a necessidade de criar critérios de avaliação semelhantes em todas as escolas, mas até agora o que se viu foi um grande nada. Más notícias também para Portugal que se situa no sexto lugar. PÁGINA 6 MOP$10 PERÍODOS DE CHUVA MIN 16 MAX 19 HUM 75-95% EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 PUB CRISE NAS COREIAS NORTE CONTINUA AMEAÇAS PÁGINAS 8 E 9 PENA DE MORTE CHINA CONTINUA A LIDERAR EXECUÇÕES ÚLTIMA ENSINO Macau lidera o primeiro lugar mundial na lista de insucesso escolar Chumbo monumental

Hoje Macau 11 ABR 2013 #2827

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2827 de 11 de Abril de 2013

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Page 1: Hoje Macau 11 ABR 2013  #2827

Lei de terras

Deputada defende fim das concessões de longo prazo

Página 3

AgênciA comerciAl Pico • 28721006 D irector carlos morais josé • quinta-feira 11 de abril de 2013 • Ano Xii • nº 2828

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aPoios financeiros

Novo Macau quer prestação de contas publicamente

Página 2

PLaneamento urbano

Interesse público pode suspender todos os planos

Página 4

Venham mais cinco (séculos)

Ter para ler

O relatório é da OCDE. A RAEM é a região do globo com a maior taxa de reprovação dos alunos menores de 15 anos: 43,7%. Não há, de acordo com os 39 países e cidades auditados pela Organização, nada pior. Os deputados já discutiram, por diversas vezes, o tema educação na Assembleia Legislativa e defendem a necessidade de criar critérios de avaliação semelhantes em todas as escolas, mas até agora o que se viu foi um grande nada. Más notícias também para Portugal que se situa no sexto lugar. Página 6

mop$10

Períodos de chuva min 16 max 19 hum 75-95% • euro 10.2 baht 0.2 yuan 1.2

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crise nas coreias

norte continuaameaças

Páginas 8 e 9

Pena de morte china continua a Liderar execuções ÚLtima

ensino macau lidera o primeiro lugar mundial na lista de insucesso escolar

chumbo monumental

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quinta-feira 11.4.2013política2 www.hojemacau.com.mo

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei n.º 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos:- Avenida de Venceslau de Morais, n.ºs 190 a 216 e Rua do Padre Eugénio Taverna, n.ºs 161 a 327, em Macau, (Edifício Pak Tat Sun Chuen).

2. Agradecemososcontribuintesque,noprazode30diassubsequentesàdatadanotificação,sedirijamaoNúcleodaContribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento da Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Nafaltadepagamentodacontribuiçãonoprazoestipulado,proceder-se-áàcobrançacoercivadadívida,deacordocomo disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 22 de Março de 2013.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória Conceição

Cecília [email protected]

Joana [email protected]

A Associação Novo Macau (ANM) quer que o Go-verno comece a

obrigar as associações que recebem mais apoios fi-nanceiros a mostrar as suas contas ao público. Jason Chao, presidente da associa-ção, manifestou ontem este desejo, numa conferência de imprensa que serviu para mostrar o top 10 das associações e organizações que mais beneficiam de subsídios quer da Fundação Macau, quer dos serviços públicos. “O total dos sub-sídios dados às associações pelo Governo, está sempre escondido do público, todos os anos”, atira Jason Chao.

Está na lei, diz Jason Chao, que as associações que recebam subsídios têm de mostrar as suas contas publicamente. Contudo, “o Governo permite” que as organizações contornem a lei, não dando a conhecer à população quanto ganham em apoios financeiros. A Novo Macau quer que isso mude

Apoios Financeiros Novo Macau quer que Governo obrigue associações a mostrar contas publicamente

Tudo detalhadinho

O responsável acusa o Executivo de permitir que as associações contornem a lei, ao não serem obrigadas a publicar as contas. Isto, assegura Chao, está supos-tamente previsto na lei que

regula o funcionamento das associações e que diz que “todas que beneficiem de subsídios ou de quaisquer outros contributos de natu-reza financeira de entidades públicas, em montante su-

perior ao valor fixado pelo Governador, publicam anu-almente as suas contas” e que a “publicação é efectuada num dos jornais registados no território”. A ANM insta o Governo a fazer valer de imediato esta lei.

PúbLiCo de oLhoMas não é apenas isto que pede a associação. Jason Chao quer ainda que o público tenha capacidade de aprovar a atribuição de subsídios. “O Governo tem de ser aberto e lançar uma consulta pública sobre o cri-tério utilizado pelos corpos públicos, Fundação Macau em particular, para aprovar, desaprovar e determinar a quantia dos apoios.”

A ANM pretende mais. Quer que o Executivo per-mita que o público tenha acesso aos relatórios de gastos e actividades das associações beneficiadas, algo que apenas é publicado

em Boletim Oficial (BO) ao nível trimestral, sem que haja um relatório total.

Recorde-se, por exem-plo, que o ano passado foi benéfico para a Universida-de de Ciência e Tecnologia (MUST), a Associação Ge-ral dos Operários de Macau (AGOM) e a União Geral das Associações dos Mora-dores de Macau (UGAM), em termos de subsídios. As três instituições ocupam os três primeiros lugares no top 10 das que mais receberam apoios financeiros, de acor-do com contas feitas pela Associação Novo Macau. Só no ano de 2012 – e de acordo com dados recolhi-dos pelo Hoje Macau -, a Fundação Macau sozinha doou mais de 190 milhões de patacas à MUST. Diz a ANM que outros serviços públicos apoiaram a mesma universidade em mais de 28 milhões de patacas.

A UGAM, da qual faz

parte o deputado Ho Ion Sang, consta da lista ela-borada pela ANM, tendo recebido mais de 90 milhões em subsídios durante o ano passado, logo seguida pela AGOM, da qual é membro a deputada Kwan Tsui Hang, e que recebeu em 2012 mais de 80 milhões.

Fundação MaCau“seM regras” Segundo Jason Chao, a ideia de organizar uma conferência serviu para dar a conhecer ao público os financiamentos de 2012 a diversas organizações. “O Governo nunca vai publi-car estes números, nem as associações beneficiadas”, reiterou Chao. Por isso mes-mo, a ANM pôs mãos à obra e publicou a sua própria lista. “Se as associações conside-rarem que as nossas contas não estão correctas, podem publicar por si próprias para o público saber.”

Mas não é apenas o facto destas associações receberem subsídios que preocupa Chao. A UGAM e a Associação Geral das Mu-lheres de Macau (AGMM) já deram conta de quererem continuar a ter deputados na Assembleia Legislativa, o que, diz a ANM, pode fazer com que o financiamento seja utilizado para outros fins. Nem a Cáritas Macau escapou. “O seu responsá-vel, Paul Pun, já afirmou que tinha vontade de ser candidato, o Governo tem que dar mais atenção ao uso do financiamento.”

Os subsídios atribuídos pela Fundação Macau são os que deixam a ANM mais insatisfeita. “É uma fun-dação menos transparente, sem regras e tem afinidades diferentes às associações.”

A MUST, por exemplo, tem estado em constante escrutínio dos deputados da Assembleia Legislativa (AL) que consideram que a instituição é favorecida devido a grande parte dos dirigentes pertencerem tam-bém ao Conselho de Cura-dores da Fundação Macau. Os membros do hemiciclo insistem que há uma dife-rença notória quando toca a dar dinheiro à MUST mas Wu Zhiliang, responsável da Fundação, assegura que não há qualquer favoritismo e que a instituição favorece a sociedade.

As receitas da Fundação Macau provêm de dotações no valor de 1,6% dos lucros do jogo e de outras atribuídas pelo Governo.

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3políticaquinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

A proposta de lei para rever a actual Lei de Terras quer apertar o cerco

aos terrenos concedidos a mãos privadas e que per-manecem décadas sem ter qualquer aproveitamento prático.

O Governo apresentou ontem novas regras de fis-calização, onde está prevista a recuperação de um terreno por parte do Governo ao fim de cinco meses de conces-são, incluindo o pagamento de uma multa. “A multa da proposta de lei é de 0,1% do prémio, paga por cada dia de atraso, até 150 dias. Só depois disso é declarada a caducidade da concessão, e isso implica a retoma do terreno”, garantiu a deputada Kwan Tsui Hang. Tal será feito “no sentido de prevenir situações em que o terreno não é aproveitado”, para “maximizar os recursos dos solos de Macau”.

Já os prazos serão mais apertados. “Para além de ter um prazo de conces-são, há também pequenos prazos que precisam de ser cumpridos”. Kwan Tsui Hang deu como exemplos datas para cumprir na entrega dos projectos de arquitectura ou de espe-cialidade.

Apesar dos prazos aper-tados, o proprietário será avisado pelo Executivo. “No passado parece que a fiscalização não foi perfeita e o Governo vai agora intro-duzir alguns procedimentos,

Nova descoberta jesuíta gera satisfação Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), garantiu estar muito satisfeito pela descoberta de um antigo complexo jesuíta na zona das Ruínas de São Paulo, notícia avançada pelo Jornal Tribuna de Macau. “O Governo da RAEM não vai parar de descobrir novos patrimónios culturais. Os pontos do património cultural são como o ADN da cidade histórica, por isso ficámos muito excitados quando fizemos esta descoberta.”

As terras cedidas a privados sem aproveitamento vão ter novas regras: para além do prazo de concessão há outros prazos para a entrega de projectos que têm de ser cumpridos. Caso contrário, haverá uma multa diária durante 150 dias. “Só depois é declarada a caducidade de concessão e isso implica a retoma do terreno”, aponta Kwan Tsui Hang

Terras Deputada quer fim de concessões de longo prazo

Governo pode recuperarterrenos após cinco meses

e se não forem cumpridos estes prazos o Governo emite notificações para o concessionário. Se mesmo depois das advertências a situação se mantiver será

aplicado o regime sanciona-tório”, explicou a deputada.

Todos estes procedimen-tos de fiscalização serão da responsabilidade das Obras Públicas. Segundo Kwan

Tsui Hang, “a proposta de lei está melhor do que a lei vigente, mas será suficiente? É dificil dizer. Quanto às multas, estão mais elevadas face à actual lei”.

Património Deputados não querem edifícios perto da herança incluídos na lei

Uma decisão por unanimidadeOS edifícios que se encontram

junto ao património classifi-cado nas zonas de protecção não devem estar abrangidos pela nova lei da salvaguarda do património cultural. É esta a opinião apre-sentada “por unanimidade” pelos deputados que compõem a 3ª co-missão permanente da Assembleia Legislativa (AL), que consideram que essa inclusão pode gerar “muitos problemas e obstáculos para a continuação da discussão” do diploma.

Mas segundo o deputado Cheang Chi Keong os entraves não se ficam por aí. “A comissão pediu ao Governo para reconsi-derar a situação e concentrar a sua aplicação apenas aos itens classificados. Receamos que o seu alargamento pode levantar preocupações, porque se os edifícios forem integrados os seus proprietários têm o dever de efectuar obras periódicas de

reparação e de conservação.” Segundo a proposta de lei, os donos dos imóveis classificados são obrigados, por lei, a fazer obras, pagas pelo Executivo.

Para já Executivo e deputados não chegaram ainda a nenhuma conclusão, estando prevista uma decisão final para amanhã. Contudo, “a comissão está empe-nhada em convencer o Governo

em retirar os imóveis da lista”, para “evitar que a proposta de lei cause inconvenientes aos residen-tes e interessados”. “A questão dos imóveis circundantes é um problema complexo, porque por exemplo uma área com três metros pode ter muitos imóveis e é algo que temos de aprofundar. Pode ter implicações em milhares de famílias.”

Questionado sobre a possibi-lidade de virem a existir prédios degradados ao lado de um patri-mónio preservado, o deputado garantiu que “existe um meca-nismo na proposta de lei para os proteger”. “Se o proprietário não efectuar obras, o Governo pode reclamar. Não é ele que vai pagar os custos e o dono tem de assumir essa responsabilidade”, garantiu o deputado.

Actualmente são 128 os bens imóveis que estão classificados como sendo alvo de protecção. Cheang Chi Keong garantiu que “a intenção do Governo é manter os imóveis e não tem intenção de alargar (a lista), por enquan-to”. – A.S.S.

Questionada sobre os terrenos de Coloane, sem aproveitamento há cerca de 20 anos, a deputada foi parca em palavras. “Quando legis-lamos temos o objecto futuro,

e está a colocar uma questão que pode ser uma coisa pas-sada quando for aprovada a legislação. O que posso responder é que tudo tem de seguir o que está na lei.”

Kwan Tsui Hang deseja ainda que as concessões deixem de ser feitas a lon-go prazo. “Há um prazo de concessão e um de desenvol-vimento, e é impossível ser de 25 anos. Só pode ser de três ou cinco anos.”

“FlexibiliDADe”nA trocA De terrenoSOutro ponto discutido na reunião de ontem entre de-putados da 1ª comissão per-manente e o Executivo foi a situação de troca de terrenos, pedido que pode ser feito pelo proprietário ou pelo próprio Governo, caso o terreno em questão seja importante para projectos de “interesse públi-co”. Nesta situação “o terreno (de troca) vai ter de ser um pouco maior, e o promotor tem que pagar a diferença. Segundo Kwan Tsui Hang, trata-se de um panorama que permite “flexibilidade” para se chegar a um acordo.

Apesar disso os deputa-dos apresentaram dúvidas e que entendem que “ainda não conseguem satisfazer as solicitações da popula-ção. Na troca de terrenos, arranjar um terreno maior será viável? E como se con-segue que a população saiba disso? Teme-se o excessivo poder discricionário por parte dos dirigentes do Governo, porque o pedido de troca pelo Governo tem de ser a favor do interesse público.”

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4 política quinta-feira 11.4.2013www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

Em dia de discussão na 2.ª Comissão Permanente

da Assembleia Legislativa (AL) sobre o planeamento urbanístico, os deputados parecem encalhados no arti-go 2.º. Por isso, levantam-se novas problemáticas alguns passos à frente no diploma. Desta feita, referentes à re-visão, alteração e suspensão dos planos urbanísticos. Por exemplo, o Governo tem autoridade para alterá-los através de um regime pro-cedimental simplificado de acordo com a “prossecução de interesse público de rele-vante importância, designa-damente de modo a evitar a ocorrência de calamidades naturais”, explica a proposta de lei no seu artigo 24º.

mas o que é o regime procedimental simplificado? Chan Chak mo, presidente da 2ª Comissão, explicou ontem aos jornalistas. “Não há lugar a auscultação pública e elaboração de relatórios. (...) mas o Governo disse que as alterações são publicadas no Boletim Oficial e na Internet.”

E a que casos mais está

Lei do Planeamento Urbanístico Governo pode rever, alterar e suspender planos pelo interesse público

Calamidades dão autonomia ao Executivo

sujeito, além de catástrofes naturais? “Por exemplo, sa-bendo que uma zona pode so-frer inundações. Para evitar a ocorrência o Governo cria um sistema”, explica o deputado.

E também em alterações ao centro histórico de macau já a ser alinhavado no outro diploma que está também a ser analisado em sede de comissão. “A Lei de Salva-guarda do Património está a ser discutida e, por exemplo, não sei se se aplicará mas, imaginemos, aquelas vias ao lado das ruínas não poderão ter edifícios elevados então nesta lei de planeamento já só é necessário utilizar um procedimento simplificado porque já houve do outro lado auscultação feita.”

SUSPenSão PoRPRaGa de GafanhotoS?Outra questão levantada prende-se com a suspensão dos planos urbanísticos em “casos excepcionais” e, mais uma vez, “quando esteja em causa a prossecu-ção de interesse público de relevante importância”, ex-plica o artigo 25.º, o mesmo que, no ponto um, anuncia a suspensão em casos de

“guerra, ataques terroris-tas, calamidades naturais, grandes epidemias” mas também em “outros casos de força maior”. “A assessoria levantou outra questão, após a suspensão dos planos será que o Governo pode intervir sem qualquer controlo? Perante calamidade natural também há um mecanismo próprio e eu creio que a resposta está correcta.”

Porquê? “Segundo a explicação do Governo, não se pode elencar todas as situações (...) Acredita-mos que o Governo só faz coisas depois de muito bem pensar nelas, não vai enga-nar a população. É de facto difícil especificar todas as situações de calamidades. Por exemplo, se houver uma praga de gafanhotos, como é que vamos detalhar este tipo de coisas?”

As dúvidas levantadas rapidamente se dissiparam. Os deputados e assessores jurídicos ficaram satisfei-tos e esclarecidos com as respostas. Assim, amanhã, a segunda comissão, diz Chan Chak mo, vai avançar para o artigo 3.º da proposta de planeamento urbanístico.

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5políticaquinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo

O Banco de Desenvolvi-mento da China já está a aceitar a inscrição de projectos de países lusó-

fonos que se queiram candidatar ao fundo de 1.000 milhões de dólares (764,6 milhões de euros), disse ontem o secretário-geral do Fórum Macau.

A medida foi anunciada em No-vembro de 2010, na 3.ª conferência ministerial do Fórum Macau, pelo primeiro-ministro chinês de então, Wen Jiabao - a par da concessão de créditos de 1.600 milhões de yuan para os países lusófonos de África e Ásia - com o objectivo de aprofundar a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa. “O fundo já foi aprovado pelo Governo da China e o Banco de Desenvolvimento já está a fazer o procedimento de inscrição de empresas, por isso, os países de língua portuguesa podem agora apresentar projectos para se candidatarem ao fundo”, disse o secretário-geral do Fórum Macau, Chang Hexi, à

Rita Marques [email protected]

CriADA em Março de 2011 pelo Chefe do Executivo,

a composição da Comissão de Patrocínio Judiciário para o Exer-cício de Funções Públicas foi reno-vada ontem por meio de despacho publicado em Boletim Oficial. O antigo deputado nomeado Sam Chan io foi novamente escolhido para presidir àquela comissão que analisa e emite pareceres sobre os pedidos de concessão de apoio judiciário na modalidade de pa-gamento de patrocínio judiciário.

Mas o ex-deputado do tempo de Edmund Ho não foi o úni-co que mereceu novo voto de confiança. Os restantes quatro membros transitam do anterior “mandato”. Neles incluem-se Chan Kam Meng, presidente da Federação dos Operários de Macau (FAOM), José Chu, director dos Serviços de Ad-ministração e Função Pública (SAFP), Chong Seng Meng, director substituto da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) e Chan Hio Wan, auditor da

Comissão. Todas estas “per-sonalidades de reconhecida idoneidade cívica” embarcaram novamente nas funções a 7 de Abril, passado domingo, por novo período de dois anos.

O apoio técnico e adminis-trativo à Comissão é assegurado pelos SAFP mas, de acordo com o despacho de criação da comissão bem como o da sua composição, não lhes é atribuído qualquer valor remuneratório, sendo os encargos do seu funcionamento exclusivamente suportados pelos SAFP.

Esta comissão foi criada pela lei de Dezembro de 2010 - Apoio judiciário em virtude do exercício de funções públicas - visando a “concessão de apoio judiciário nos processos judiciais em que sejam demandados por actos ou factos ocorridos em virtude do exercício de funções públicas os trabalhadores dos serviços pú-blicos, incluindo os contratados no regime de direito privado”. No entanto, o ano passado foi também criado o regime Geral de Apoio Judiciário ao qual preside André Cheong.

A coordenadora da Delegação Económica e Cultural de

Macau (DECM) em Taiwan, Nadia Leong, teve ontem um encontro com 20 elementos da Macau Catholic Joint Colleges Student Association of Taiwan, Federation of Hong Kong and Macao Students in Taiwan e Association of Macau College Student in Taiwan para trocar opiniões sobre o plano de tra-balhos da Delegação relativos aos estudantes de Macau em Taiwan no âmbito do segundo semestre do corrente ano lectivo. O encontro serviu ainda para pensar sobre a realização de diversas actividades através da colaboração com as três associações estudantis, por forma a reforçar os contactos com os estudantes de Macau em Taiwan.

No encontro, os representantes das três associações apresentaram os planos de actividades para o segundo semestre do ano lectivo, nomeadamente os problemas encontrados na vida quotidiana, manifestando, igualmente, o desejo de que a DECM em Taiwan possa continuar, como sempre, a apoiar a organização de actividades das associações com o objectivo de unir os estudantes de Macau em Taiwan.

A coordenadora referiu que se encontram actualmente mais de 4500 estudantes de Macau a estudar em Taiwan, e desejou que os membros das três associações possam contribuir para divulgar as actividades da Delegação e, através dos seus websites, manter contacto

com os estudantes de Macau em Taiwan.

Nádia Leong e os represen-tantes das associações definiram, em conjunto, algumas actividades para o segundo semestre deste ano lectivo, incluindo encontros e festividades dos estudantes. Ficou agendado, ainda, um encontro com os estudantes de Macau que se encontram a estudar no centro e sul de Taiwan.

A convite da Federation of Hong Kong and Macao Students in Taiwan, a coordenadora da De-legação Económica e Cultural de Macau em Taiwan irá participar na cerimónia de abertura das compe-tições desportivas dos estudantes de Hong Kong e Macau em Taiwan na Feng Chia University.

FAOM faz “queixinhas” a Chui Sai OnA Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) visitou ontem o Chefe do Executivo. Na reunião, Ho Sut Heng, presidente da FAOM, fez saber a Fernando Chui Sai On que Wong Chi Hong, director da DSAL, tinha indicado que a legislação do salário mínimo é “impossível” de sair este ano. Porém, a resposta do Chui Sai On foi de que “ainda não existem certezas”. A representante dos trabalhadores insta a Administração a traçar um calendário. Além disso, Ho Sut Heng recomendou que o período de revisão do salário mínimo passe a três anos. A FAOM pediu também a atenção do Governo sobre as condições de saúde dos funcionários dos casinos. - C.L.

Patrocínio Judiciário Comissãofoi renovada com os mesmos membros

Sam Chan io continua presidente

Taiwan Delegação Económica e Culturalde Macau reforça contactos com associações estudantis

Estar perto dos nossos

Fórum Macau China já aceita propostas para fundo de mil milhões de dólares

Candidaturas abertas à lusofoniamargem de uma reunião ordinária do Secretariado Permanente do organismo.

O responsável explicou que esta é a primeira fase para que o fundo entre em funcionamento, o que “não deverá demorar muito tempo”.

O Banco de Desenvolvimento da China e o Governo de Macau são os financiadores do fundo, cuja gestão está a cargo do primeiro.

Da dotação global do fundo, 200 milhões de dólares destinam--se a fundos de capital, enquanto os restantes 800 milhões são para em-préstimos e financiamento de pro-jectos lusófonos relacionados com a construção de infra-estruturas, transportes, comunicações, energia, agricultura e recursos naturais.

Macau vai incitar inicialmente 374,2 milhões de patacas, havendo a possibilidade de participação de instituições financeiras e de gran-des empresas dos países lusófonos.

Questionado sobre a nomeação

de um novo delegado de Portugal no Fórum Macau, Chang Hexi dis-se apenas que só recebeu recente-mente a “informação da embaixada portuguesa de que será apontado um novo delegado o mais rápido possível”, mas que desconhece as razões desta decisão.

Vitório Cardoso, actualmente assessor de imprensa da Comu-nidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), será o novo representante de Portugal, em subs-tituição do delegado da Agência para o investimento e Comércio Externo de Portugal (AiCEP)

em Macau, segundo disse fonte do Governo português à agência Lusa, informação que o próprio se escusou a comentar.

A 4.ª conferência ministerial do Fórum terá lugar este ano, quando se assinalam os 10 anos sobre o estabelecimento desta plataforma, possivelmente em Novembro, re-feriu o secretário-geral, ao indicar que as datas concretas ainda terão de ser definidas.

Segundo um despacho hoje publicado em Boletim Oficial, a Universidade de Macau vai desenvolver um estudo sobre a “Actualidade e o Futuro do Desenvolvimento Económico e Comercial da China e dos Países de Língua Portuguesa: o Papel de Macau como a Plataforma”.

Ao comentar a importância deste estudo, Chang Hexi salien-tou que o “Fórum Macau já tem uma história de dez anos e que é necessário fazer um balanço e ter um plano para o futuro”. “Nesse processo, temos de ponderar sobre como se poderá explorar mais as potencialidades da cooperação entre a China e os países de língua portuguesa, por isso temos de fazer esse estudo”, disse. - Lusa

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Cecília [email protected]

Macau conti-nua a liderar pelas piores razões . De

acordo com o relatório mais recente da Organização para a cooperação e Desenvolvi-mento Económico (OcDE), a taxa de reprovação dos alunos menores de 15 anos em Macau é de 43,7%, ou seja, a maior do mundo. a taxa média mundial está apenas nos 13%.

comparando com os 39 países e cidades que são membros da OcDE, Hong Kong está em 19º lugar e Xangai em 23º. Más notícias para Portugal – que se situa em sexto na lista com a mais alta taxa de reprovação, 35%, e para o Brasil, que está em segundo lugar com 40% dos alunos a reprova-rem. Noruega, coreia do Sul e Japão têm uma taxa de reprovação de 0%.

AvALiAções diferentes Macau tem um sistema gra-tuito no ensino primário e secundário, que, juntamente com os anos de infantário, permite um total de 15 anos de ensino grátis. Mas nem por isso as taxas de chumbo são pequenas, principalmen-

rita Marques ramos* [email protected]

Macau tem um limite máximo de bombeiros

a operar. De acordo com a lei - um regulamento admi-nistrativo de 2007 -, o limite de profissionais a operar em casos de emergência não pode ser superior a 1173. Mas se até 2007 havia 874 bombeiros, em 2013 já se somam 1065 trabalhadores deste sector. Por essa razão, é preciso acaute-lar as necessidades futuras. “Vamos avaliar e pensar num número a propor ao Governo, de modo a alterar a legislação vigente há seis anos, porque a cidade está a desenvolver--se a um ritmo acelerado. É necessário providenciar mais serviços para o novo campus da universidade de Macau, na Ilha da Montanha, mas também para o centro da ci-dade que vai acolhendo mais

Four Seasons Queixas de trabalhadores presos no elevadorUm dia depois do caso dos funcionários que ficaram presos no elevador do hotel Four Seasons, os mesmos queixaram-se à Sands China, através do Facebook, numa página reservada aos direitos dos funcionários. O problema não é novo. Aliás, os funcionários do Sands Cotai Central já anteriormente, por diversas vezes, ficaram presos nos elevadores só que desta vez o sucedido tornou-se do conhecimento do público em geral. Há quem assegure que o elevador tem uma carga máxima de 22 pessoas mas que, neste caso, levava 34 pessoas. Por outro lado, alguns dos funcionários afectados consideram que a administração do estabelecimento hoteleiro quer fugir às responsabilidade. - C.L.

Ensino Macau ocupa novamente primeiro lugar na lista de reprovações

O melhor no pior

Bombeiros Profissionais querem alterar legislaçãosobre número máximo de contingente permitido no território

Sem condições para socorrer

actual chefe dos bombeiros vence processo de “repressão”O Tribunal Administrativo apurou que o antigo vice-director do Corpo dos Bombeiros, Lei Pun Chi, que entende que foi alvo de “repressão” não ofereceu provas suficientes. Por essa razão, o actual comandante do Corpo e Bombeiros, Ma Io Weng, venceu o processo. O juiz afirmou ontem que os registos de consulta aos psiquiatras em Hong Kong e o grande montante de trabalho da acusação não é prova suficiente de que Ma Io Weng reprimiu Lei Pun Chi. Contudo, o juiz considera que o processo mostra a má gestão interna no Corpo dos Bombeiros, tendo o caso enfraquecido a confiança do Governo da RAEM. Além de Ma Io Weng, o Governo também se sentava no banco dos réus. - C.L.

escolas tentaram ensinar os alunos de acordo com este método de ensino.”

Outra das justificações dadas é a barreira da língua. antes da transferência, Ma-cau tinha escolas de língua portuguesa, de língua chine-sa, mistas e de língua inglês. após a passagem da RaEM para a china, o Governo co-meçou a promover o ensino do mandarim. alunos do Ins-tituto Salesiano Wong Kin Long contaram à publicação de Hong Kong, por exemplo, que na escola primária a sua língua de ensino é o chinês, mas quando mudaram para a escola secundária os ma-teriais eram todos em inglês.

O assistente social na escola, conhecido como Mike, também apontou que o desenvolvimento econó-mico ajudou no aumento da taxa de reprovação. “Por exemplo, um estudante [sem diploma] pode arranjar um trabalho como estagiário no banco com um salário de cerca de dez mil patacas, mas um croupier pode ganhar 15 mil patacas quando começa a trabalhar, podendo ser au-mentado até 20 mil patacas. assim, os alunos não vão esforçar-se nos estudos.”

Esta é a terceira vez que Macau fica em primeiro na taxa de mais alta reprovação.

te se tivermos em conta que 30% da população de Macau são jovens estudantes com menos de 15 anos.

O reitor da Escola Pui Tou, Lei Pou Tim, que falou

com a publicação de Hong Kong Eastweek, lembra que Macau tem cerca de 80 esco-las e aponta que 90% delas são privadas. Esta, pode ser uma justificação para tantos

chumbos, já que cada escola utiliza diferentes formas de avaliação. Os deputados da assembleia Legislativa já discutiram esse assunto no plenário, sobre a ne-

cessidade de criar critérios de avaliação semelhantes em todas as instituições de ensino.

O deputado Paul chan Wai chi é um dos apoiantes desta questão, que diz que as escolas precisam de mudar os padrões da avaliação. “apesar dos exames, tem que se dar mais atenção às actividades após as aulas, às actividades voluntárias, dando cerca de dez mil patacas ao Fundo de Desen-volvimento de Ensino, para apoiar as escolas e aumentar as aulas para alunos com as notas mais baixas. agora, os Serviços para a Educação e Juventude também estão a discutir com as escolas para chegar a um acordo sobre os padrões, previsto para lançar a meio deste ano”, afirmou o deputado e professor numa escola secundária.

fOrMAs de ensinOalém disso, e de acordo com Lei Pou Tim, cada escola tem a sua forma de ensino, utilizando, normalmente, métodos do continente, de Taiwan, de Hong Kong e dos Estados unidos. “antes os alunos precisavam de tirar cursos universitários noutras cidades, porque antigamente Macau não tinha nenhuma universidade. assim, as

próximo dia 15 de Maio. Wong Kin confirmou o objectivo da nova infra-estrutura. “Irá ser feita uma nova cave com espaço para o estacionamento de 26 veículos, além de novas salas de reunião e espaço para arrumar documentos e equipa-mentos por forma a melhorar o trabalho dos profissionais aqui”, começou por dizer.

“Este alargamento da infra--estrutura já estava previsto desde 2010 - porque o espaço não é suficiente já que outros serviços de administração trabalham aqui - mas só agora o Governo deu autorização.”

De resto, nos últimos tem-pos, este sector tem sido alvo de algumas mudanças. O posto da areia Preta foi também alvo de expansão e está previsto um novo quartel de bombeiros para o novo campus da uMac na Ilha da Montanha e outro no cotai junto ao campo de golfe. - *com Cecília Lin

pessoas e mais acidentes. E depois há a questão dos novos aterros. Estamos a estimar um número de recursos humanos para propor ao Governo em breve”, explica Wong Kin, do departamento técnico do corpo de Bombeiros (cB).

Por outro lado, entendem ainda estes profissionais, é preciso mais veículos. Segundo dados facultados pelo cB, em três anos houve um aumento de

17 veículos (carros de bombei-ros e administrativos). Ou seja, há hoje 172 veículos a operar em Macau.

POstO de sAi vAn ALArgAdOa informação é avançada de-pois de ontem ter sido publica-da, em Boletim Oficial (BO), a abertura de um concurso público para o alargamento das instalações do posto ope-racional do “Lago Sai Van” no

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quinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo 7nacional

Maria João BelchiorEm Pequim

A fábrica do mundo es-tará para fechar? Até quando é que o modelo do produto barato pode

sustentar um dos mais rápidos cres-cimentos económicos do mundo? Mitali Das e Papa N’Diaye, dois economistas do FMI, publicaram em Janeiro um relatório sobre a sustentabilidade do modelo de crescimento económico da China. E a análise aponta para mais uma década em que vai ser possível continuar. Depois urge-se uma mudança.

DeMografiacoMo força DoMinantePessoas, participação na força laboral e produtividade, três con-ceitos que os dois autores considera fundamentais para a análise do padrão de crescimento da China.

O excesso de mão-de-obra no campo e a procura de trabalho nas cidades pautou várias décadas de desenvolvimento no país. Mas a era do trabalho barato parece poder chegar a um ponto de viragem. Chamado o ponto de viragem Lewis, resultado da investigação de Sir Arthur Lewis, Nobel da Economia em 1979, segundo o qual depois de algum tempo de exces-siva mão-de-obra não qualificada a ser absorvida pelas indústrias e uma acumulação de capital, há um aumento de salários que diminui os lucros da própria empresa. Uma teoria que começou a ser aplicada ao modelo chinês nos últimos anos foi agora adoptada pelos dois economistas do FMI que a este juntaram outros factores. O aumen-to do valor do salário mínimo na China, uma medida que também serve para estimular o consumo interno, tem vindo gradualmente a diminuir os lucros. E há menos gente para trabalhar.

Em 2004 verificou-se pela primeira vez uma falta de mão--de-obra nas zonas industriais na costa. O custo de vida nas cidades é um factor que afasta muitos dos trabalhadores migrantes. E a dificuldade de estabelecer-se nas cidades quando têm um hukou rural é outro factor.

Economia Especialistas do FMI fazem previsões para o futuro

fim do produto barato “made in china”

Para fazer frente à crise em 2008 foram criados estímulos a quem investisse no interior em áreas economicamente mais depri-midas o que favoreceu uma maior localização dos trabalhadores mi-grantes nessas áreas. Mas apesar do trabalho ser ainda um factor de produção relativamente barato, para os dois economistas é possível que a escassez de mão-de-obra venha a caracterizar a China num futuro não muito longínquo.

iMpério Dos filhos únicosA população em idade activa entre os 20 e os 39 anos está a diminuir desde 2010. Segundo o estudo de Mitali Das e Papa N’Diaye, a tendência de descida vai continuar à qual se junta o envelhecimento gradual da população. A política do

filho único diminuiu os números da população activa e as previsões para o futuro é que continuem a descer. Dados da ONU mostram que em 2020 a população em idade activa vai ser menor que o número de reformados. A baixa natalidade e a uma mais longa esperança média de vida, levam a que a população dependente, crianças até aos 14 anos e pessoas com mais de 64 anos, possa superar os 50% em 2035.

Os salários de subsistência, normalmente associados ao sec-tor primário como a agricultura, foram gradualmente substituídos pelas melhores condições que os trabalhadores migrantes en-contravam nas fábricas. Mas o ciclo pode mudar pela falta de trabalhadores e pela subida dos

salários se tornar insuficiente, tanto para cativar mais trabalha-dores como para se reflectir no mesmo lucro que as empresas tinham antigamente.

Para mudar, consideram os dois economistas, seria necessária uma alteração à política do filho único. Algo que já aconteceu em algumas cidades, mas que não se apresenta como suficiente para alterar a tendência que agora se verifica. O tempo necessário para que uma nova geração de crianças consiga substituir a queda que se regista na natalidade, é pelo menos de uma geração. E apenas se essas crianças, quando adultas, vierem a ter mais do que um filho.

Perante estas condições parece difícil a China conseguir sustentar a actual taxa de crescimento. Fica

a dúvida sobre em que momento chegará eventualmente o ponto de viragem Lewis. O investimento em inovação e com trabalhos mais especializados pode vir a aumentar o valor acrescentado do produto “made in China”. Em uma ou duas décadas, o formato do crescimento económico vai obrigatoriamente ser outro. A mu-dança será gradual e vai exigir vá-rios passos. Mais dinheiro e mais riqueza podem vir a reflectir-se em menos capacidade de trabalho. O modelo que há três décadas con-tribuiu para um impressionante crescimento parece ter prazo de validade. Pequim reconhece-o também e procura à sustentabi-lidade juntar a inovação como a receita escolhida para continuar na linha da frente.

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8 nacional quinta-feira 11.4.2013www.hojemacau.com.mo

A maior fronteira ter-restre a China e a Coreia do Norte foi fechada a grupos

de turistas, revelou ontem um responsável chinês, em plena escalada das tensões nuclea-res, mas o turismo de negócios continuava a ser autorizado. “As agências de viagens não são autorizadas a levar grupos de turistas para lá, uma vez que o governo da Coreia do Norte está a pedir aos estrangeiros para saírem”, disse à AFP o oficial no posto da fronteira de Dandong. “Tanto quanto sei, os empresários podem continuar a entrar e a sair livremente da Coreia do Norte”, acrescentou o responsável sob anonimato, e sem clarificar qual dos países tinha dado a ordem.

A China é o maior aliado da Coreia do Norte e o forne-cedor da grande maioria do seu comércio e ajuda, com a maior parte do negócio a passar por Dandong.

Uma mulher com apelido Wu disse à AFP numa agência de viagens local que as autori-dades municipais informaram, na terça-feira, que por causa das tensões em Pyongyang as agên-cias de viagens de Dandong deixavam de poder organizar excursões para a Coreia do Norte a partir de ontem. “Foi (uma decisão) absolutamente tomada pela Coreia do Norte, porque o departamento de turis-mo disse-nos que “a Coreia do Norte não está mais a autorizar a entrada de grupos de turistas”, disse Wu.

Um fotógrafo da AFP na fronteira viu vários veículos, incluindo carros, autocarros e camiões, a passar a ponte do rio Yalu, que marca a fronteira, em ambas as direcções.

O antigo ministro chinês dos Caminhos de Ferro,

Liu Zhijun, vai ser julgado em Pequim por corrupção e abuso de poder, anunciou ontem a agência noticiosa oficial chi-nesa Xinhua

Liu Zhijun, que já foi formalmente acusado de ter aceitado subornos e abusado do poder, será julgado pelo

Tribunal de 1ª Instância nº2 de Pequim, indicou a Xinhua, sem precisar datas. “O tribunal aceitou o caso e irá marcar uma data para o julgamento”, referiu a agência chinesa.

Ex-membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês, nascido em 1953, Liu Zhijun foi afastado há cerca de dois anos, num dos

maiores casos de corrupção revelados no país.

Na altura, um jornal oficial disse que Liu Zhijin “embolsou” cerca de 900,5 milhões de pata-cas de companhias desejosas de ganhar contratos no trepidante sector ferroviário, incluindo de “muitas empresas estatais”.

O antigo ministro, descrito anteriormente como um dos

principais impulsionadores da rede chinesa de alta velocidade, foi também associado a “um estilo de vida decadente”, com “pelo menos dez amantes, entre as quais algumas actrizes”.

Em Março passado, o po-deroso ministério chinês dos Caminhos-de-ferro foi extinto e integrado no ministério dos Transportes.

H7N9 Número de mortos devidoao vírus da gripe das aves sobe para noveO número de pessoas mortas pela nova estirpe do vírus da gripe aviaria H7N9 aumentou para nove, enquanto a de infectadas subiu para 28, informou ontem a Comissão Nacional de Saúde e Planeamento Familiar através da agência Xinhua. Segundo o organismo, nas últimas 25 horas, morreram dois pacientes diagnosticados com o vírus nas províncias de Anhui e Jiangsu, tendo sido detectados mais quatro casos de contágio. Os casos de contágio da nova estirpe da gripe aviaria H7N9 concentram-se no leste do país: Xangai (13), nas províncias de Jiangsu (oito), Zhejiang (cinco) e Anhui (dois). Na terça-feira, a vice-primeira-ministra da China, Liu Yandong, apelou às autoridades de saúde para reforçarem os esforços de forma a conter a propagação do vírus H7N9, o qual obrigou já outras regiões, como Hong Kong, a colocarem em marcha apertadas medidas de vigilância.

Crise nas Coreias Fronteira entre a China e a Coreia do Norte encerrada a turistas

Só passam para negócios

Corrupção Antigo ministro chinês vai ser julgado por abuso de poder

Estilo decadente

O jornalista constatou igualmente que um comboio com três carruagens de pas-sageiros seguiu da China para a Coreia do Norte, enquanto barcos norte-coreanos patru-lhavam o rio e um helicóptero sobrevoou a região, antes de regressar para a Coreia do Norte.

O comércio da China com a Coreia do Norte foi em cerca de 10 mil milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, cerca de 7,2 % menos do que em igual período do ano passado, informaram ontem os serviços de alfândegas.

A maioria dos viajantes que atravessa a fronteira corresponde a empresários chineses ou norte-coreanos que trabalham ou têm negó-cios na China, enquanto os cidadãos chineses que vivem em Dandong nasceram na Coreia.

O tráfego de turistas na fronteira é sobretudo limitado a grupos chineses, com a maioria dos visitantes internacionais a voar directamente para Pyon-gyang.

Nicholas Bonner, que dirige a Koryo Tours em Pequim, disse que a sua agência não recebeu qualquer notificação de restrições. “Continuamos a organizar excursões”, disse à AFP, acrescentando que a próxima estava planeada para sábado.

A Coreia do Sul aumentou ontem a vigilância militar perante a “ameaça vital”, antecipando um lançamen-to esperado de um míssil norte-coreano, enquanto o secretário-geral da ONU, Ban ki-moon advertiu que a península coreana pode estar a sair fora do controlo.

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quinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo 9região

O comando con-junto das forças da Coreia do Sul e dos Estados

Unidos na península coreana elevou ontem em um nível o seu sistema de alerta perante indícios que apontam para testes de mísseis balísticos da Coreia do Norte.

As tropas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos elevaram o seu estado de vigilância de “Watchcon 3” para “Watchcon 2”, um nível só activado quando existe uma ameaça importante, ex-plicaram fontes do comando conjunto contactadas pela agência Yonhap.

O exército da Coreia do Sul também colocou em marcha um grupo de traba-lho encarregado de supervi-sionar e analisar os últimos avanços nos preparativos norte-coreanos.

Segundo imagens obti-das por satélite nos últimos dias, os especialistas acre-ditam que Pyongyang trans-portou mísseis balísticos de médio alcance ‘Musudan’ para a sua costa leste e os colocou em plataformas de lançamento.

A Coreia do Norte amea-çou ontem transformar

o Japão num “campo de batalha”, com possíveis ataques às suas principais cidades, incluindo Tóquio, Osaka e Quioto, caso os ja-poneses encetem movimen-tos que provoquem o início de um conflito armado.

Num editorial publicado ontem no jornal do Partido dos Trabalhadores da Co-reia do Norte, o Rodong Sinmun, o regime ameaça também causar “a destrui-ção” do Japão, caso Tóquio actue politicamente contra

O ministro sul-coreano dos Negócios Estran-

geiros, Yun Byung-se, disse ontem ter pedido a mediação da China e da Rússia para convencer a Coreia do Norte a terminar as provocações militares num momento de alta tensão na península. “Através de uma estreita colaboração com a Rússia e China, o Governo sul--coreano continua a encetar esforços para persuadir a Coreia do Norte a mudar a sua atitude”, explicou o go-vernante durante uma reunião parlamentar em declarações citadas pela agência Yonhap.

O mesmo responsável acrescentou que a comunida-de internacional está unida de “forma coerente e decidida” perante as “ameaças e provo-cações, ensaios nucleares e o lançamento de mísseis” por parte de Pyongyang.

A Coreia do Norte, cujo isolamento é cada vez mais pronunciado, conta com a Rússia e com a China como únicos aliados, sobretudo no aspecto económico,

Coreias Sul e EUA elevam nívelde alerta perante movimentos do Norte

Ameaça importanteOs projecteis, que apa-

rentemente nunca terão sido testados pelo regime terão um raio de alcance entre os 3.000 e os 4.000

quilómetros o que, em teoria, poderiam alcançar objectivos no Japão ou nas bases norte-americanas nas ilhas Guam no Pacifico.

Coreia do Norte ameaça atacarprincipais cidades japonesas em caso de conflito

Corda continua a esticarCoreia do Sul apela à China

e Rússia para travarem provocações

Juntos para parar o Norte

Representantes do go-verno sul-coreano e peritos que acompanham a situação norte-coreana acreditam que o regime poderá levar a cabo

um ou vários lançamentos de teste esta semana, ou na próxima, integrados na co-memoração, a 15 de Abril, do fundado do país, Kim Il-sung, avô do actual líder Kim Jong-un.

As imagens de satélite também revelam a insta-lação na costa oriental de mais plataformas de lan-çamento, aparentemente destinadas a mísseis com menor raio de alcance que os ‘Musudan’ o que

segundo o serviço de in-formações de Seul aponta que Pyongyang poderá re-alizar vários lançamentos simultâneos.

Perante a avaliação da si-tuação a Coreia do Sul já co-locou navios com sistemas de intercepção de mísseis Aegis na sua costa do Mar Amarelo e do Mar do Este, além de sistemas de radar de defesa, enquanto que o Japão instalou sistemas antimíssil em Tóquio.

o seu país, num momento em que se assiste a uma ele-vada tensão na península coreana, face às contínuas ameaças bélicas norte--coreanas. “O Japão está perto do nosso território, portanto, não poderá fugir aos nossos ataques”, refere o editorial, que cita cinco cidades, as quais abarcam um terço da população do Japão, que ronda os 127 milhões, como potencial alvo militar.

No editorial, a Coreia do Norte diz que o Japão refor-çou a sua presença militar na

costa em frente ao país, pelo que, se houver guerra, “todo o território do arquipélago japonês transformar-se-á num campo de batalha”.

Pyongyang renovou ainda no editorial, citado pela agência Efe, a sua ameaça contra as bases militares dos Estados Uni-dos situadas no Japão: “O exército da Coreia do Norte é absolutamente capaz de fazer ‘ir pelos ares’ as bases militares, não apenas no Japão, mas também em outras áreas da região Ásia-Pacífico”. “O actual regime japonês tem vindo a optar pelo risco militar, in-tensificando a política hostil contra a Coreia do Norte em linha com a política dura dos Estados Unidos de reprimir a força das armas”, assinala o editorial.

Deste modo, refere o texto publicado no Rodong Sinmun, “os movimentos hostis por parte do Japão contra a Coreia do Norte só poderão resultar na sua autodestruição”.

apesar de se desconhecer a capacidade de ambas as po-tências para travar qualquer objectivo do regime de Kim Jong-un.

Fontes militares acredi-tam que a Coreia do Norte pode realizar a qualquer momento um teste de mísseis de alcance intermédio o que fez elevar o estado de alerta

do comando conjunto entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos na região, além de que o Japão já instalou sis-temas antimíssil na capital.

O alerta norte-americano e sul-coreano não estará, também, alheio à programa-da visita a Seul do Secretário de Estado norte-americano John Kerry.

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quinta-feira 11.4.201310 crianças

É um 15.º lugar numa lista de 29 países com econo-mias consideradas fortes. É esta a posição assumida

por Portugal face ao bem-estar das suas crianças, de acordo com a mais recente edição do “Report Card 11”, da responsabilidade da UNICEF, instituição da Organização das Na-ções Unidas (ONU). Esta lista tem como objectivo medir o bem-estar infantil na primeira década do século e foi ontem apresentada em Dublin, na Irlanda.

Trata-se de uma comparação dos indicadores alcançados entre as 29 economias mais avançadas do mundo em termos de medidas tomadas para garantir o bem-estar das crianças, tendo em conta cinco factores: bem-estar material, saúde e segurança, educação, comporta-mentos e riscos, habitação e meio ambiente.

China, Hong Kong ou Macau não constam neste relatório, tendo outros países ficado pelo caminho. “Devido à ausência de dados sobre uma série de indicadores, não foi pos-sível incluir na tabela classificativa o bem-estar infantil dos seguintes países membros da OCDE ou da União Europeia: Austrália, Bulgária, Chile, Chipre, Israel, Japão, Malta, México, Nova Zelândia, República da Coreia e Turquia”, pode ler-se no rodapé do relatório.

O estudo coloca Portugal no 15.º lugar entre os 29 países analisados, numa lista liderada pela Holanda e encerrada pela Roménia, e a pior classificação que obtém diz respeito à dimensão material do bem-estar das crianças, na qual se posiciona na 21.ª posição. O lugar de Portugal está no mesmo patamar de Espanha (19.º), Itália (22.º) e Grécia (25.º), países igualmente em processos de ajustamento financeiro e alvo de medidas de forte austeridade.

No entanto, ressalva a UNICEF, por dificuldade em obter dados ac-tualizados, o estudo compara dados referentes a 2010, ou seja, reportam--se a um período anterior à fase

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11quinta-feira 11.4.2013 criançaswww.hojemacau.com.mo

Relatório da UNICEF não inclui China, Hong Kong ou Macau

Um olhar sobre o bem-estar infantil sem crise económicaFoi ontem lançado o “Report Card 11”, relatório da UNICEF que analisa o estado do bem-estar infantil entre 2000 e 2010, o que põe de fora as consequências das mais recentes medidas de austeridade impostas em países europeus. Foram analisados 29 países considerados ricos, e Portugal ficou a meio da tabela. O coordenador do relatório fala da necessidade dos politicas pensarem nas consequências das suas medidas junto dos mais novos

mais dura da crise financeira inter-nacional, o que leva a organização a ressalvar que “não estão reflectidas neste estudo as consequências da austeridades que, especialmente no sul da Europa, como Portugal, têm marcado fortemente os últimos três anos”.

Ainda assim, a organização frisa que os dados reflectem tendências resultantes de investimentos a longo prazo, e que “é pouco provável” que essas mesmas tendências “mudem de forma significativa a curto prazo” por influência da recessão.

Para tentar compreender melhor o impacto da crise nas crianças portuguesas, a delegação lusa da UNICEF está a promover um estudo, que deverá ser divulgado no início do Outono e que está a ser realiza-do por um grupo de inves-tiga-do-

res do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Em análise estão indicadores relativos à situação das crianças na sociedade portuguesa, as políticas públicas e o seu impacto nos mais novos e nas famílias com filhos. Há ainda espaço para a opinião das crianças, recolhida através de entrevistas a crianças e adolescentes de todo o país.

As conclUsões Na análise aos pa-íses mais ricos, uma das con-clusões do estudo é a de que a pro-tecção

do bem-estar das crianças não é directamente proporcional ao PIB (Produto Interno Bruto) ‘per capita’, dando-se como exemplo que Portu-gal ocupa uma posição mais cimeira do que os Estados Unidos (26.º), e que a Eslovénia (12.º) está mais bem classificada do que o Canadá (17º).

A UNICEF refere também uma “melhoria generalizada” em alguns indicadores concretos, destacando

que se reduziu “a mortalidade infantil e a percentagem

de famílias com baixo poder de compra, ao

mesmo tempo que a taxa de matrí-cula em graus de ensino se-

cundário aumentou”. A agência da ONU destaca também algumas “boas notícias” no que se refere a “comportamentos e riscos” entre os mais jovens.

“Por exemplo, entre as crian-ças de 11 a 15 anos nos 29 países abrangidos pelo estudo, apenas 8% declaram fumar cigarros pelo menos uma vez por semana, 15% confessam ter-se embriagado pelo menos duas vezes na vida, 99% das raparigas não engravidam durante adolescência, e cerca de dois terços das crianças não foram vítimas de ‘bullying’ escolar nem participaram em brigas”, lê-se no comunicado do relatório. Pela negativa, a UNICEF destaca que apenas nos Estados Unidos e na Irlanda mais de 25% das crianças praticam exercício físico pelo menos uma hora por dia.

Governos devem olhAr criAnçAs, diz coordenAdor O relatório da UNICEF conclui ainda que, se metade dos países revelam uma tendência de aumento face à satisfação geral das crianças, a outra metade mostra uma quebra.

“De qualquer forma, as mudanças registadas foram pequenas”. Nos Países Baixos, os níveis são eleva-dos tanto no inicio da década como em 2010, enquanto que na Noruega, Portugal e Reino Unido houve um maior aumento percentual na satis-fação vital.

Na Áustria, Canadá e Grécia registaram-se as maiores quebras, aponta o documento, embora tenha sido abaixo dos três pontos per-centuais. “Dos países nórdicos, a Dinamarca e a Finlândia também experimentaram uma pequena des-cida da satisfação geral das crianças em relação à sua vida.”

Gordon Alexander, director do gabinete de pesquisa da UNICEF, avisa que os Governos têm que olhar cada vez mais para os seus cidadãos menores de idade. “Num tempo de crise económica, ou mesmo em melhores períodos de situação financeira, a UNICEF considera que tanto os governos como os parceiros sociais devem colocar as crianças e os jovens no centro dos seus pro-cessos de decisão”, pode ler-se no comunicado de imprensa.

“Para cada nova medida politica a considerar ou mesmo a ser introdu-zida, os governos devem explorar de forma explicita o impacto e efeitos que essa acção terá nas crianças, famílias com filhos, adolescentes e outros jovens. Estes grupos não têm voz nos processos políticos, ou as suas vozes raramente são ouvidas”, acrescenta.

Gordon Alexander aponta ainda ser necessário “conhecer mais sobre como as crianças olham e analisam os seus próprios modos de vida, o que os preocupa, e de forma cada vez mais sistemática”. “As vozes das crianças, mesmo em idades muito precoces, são vitais. Eles reiteram a mensagem deste e de outros relatórios mais antigos: os governos necessitam de politicas que promovam a protecção a longo prazo das suas crianças e das economias. Tal nunca foi tão urgente como nos dias de hoje.”

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quinta-feira 11.4.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

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quinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo 13www.hojemacau.com.mo vida

O número de infectados pela Febre de Dengue é cerca de três vezes superior às estimativas

da Organização Mundial de Saúde (OMS), atingindo os 390 milhões de pessoas por ano, avança um es-tudo publicado na revista Nature.

A Febre de Dengue é provo-cada por um vírus transmitido por vários mosquitos do género Aedes. Causa Febres altas e dores em todo o corpo, e pode ser mor-tal. Ainda não foi desenvolvida uma vacina contra o vírus.

A doença existe nos trópicos, afectando principalmente o conti-nente asiático, mas a globalização tem ajudado à sua dispersão para novos locais. Nos últimos meses de 2012, Macau teve um total de 22 casos conhecidos e, em Portu-gal, cerca de 2000 pessoas foram infectadas na ilha da Madeira.

Uma equipa da Universi-dade de Oxford, liderada pelo investigador Simon Hay, juntou os últimos dados de incidência da doença nos países aos mais recentes modelos matemáticos

Dengue Mapa mundial mostra que Macau é área de risco

Doença infecta três vezes maiscobrimos que o clima e as migra-ções populacionais são factores importantes para prever o risco da Dengue no mundo. Com a globalização e o avanço constan-te da urbanização, antecipamos que possam existir mudanças dramáticas na distribuição da doença no futuro: o vírus pode ser introduzido em regiões que antes não estavam sob risco e as regiões que hoje são afectadas pela doença podem ter um au-mento do número de infecções”, diz por sua vez Simon Hay.

Os resultados mostram que 70% dos casos sintomáticos acontecem na Ásia, sendo a Índia o país com maior número de novos casos. Em África há 16 milhões de infecções, tantas como na América, um dado que mostra que o continente africano é muito mais afectado do que o que se pensava.

A Dengue também já teve surtos na Europa, o último foi o da Madeira. O surto só foi dado como controlado pela Direcção--Geral da Saúde em Março último. Ao todo, foram infectadas 2168 pessoas pelas picadas do Aedes aegyptie, um dos mosquitos que pode transmitir a doença, que terá sido introduzido na ilha em 2004. Os especialistas não põem de lado o cenário da chegada do mosquito a Portugal continental.

para chegar ao novo número. “O nosso objectivo foi recolher todos os dados que existem actualmente sobre a distribuição da Dengue a nível mundial e combiná-los com as técnicas mais recentes de mapeamento e modelos matemáticos, para produzir o mapa mais actualizado de risco da Dengue e as suas estimativas de incidência. Esperamos agora

que este conhecimento ajude a prever a incidência da doença”, diz Samir Bhatt, responsável pela produção de modelos do estudo.

Os cientistas estimaram que existem anualmente 390 milhões de casos novos de Dengue em todo o mundo. Os números mais actuais da OMS referem-se a 50 a 100 milhões de casos. A equipa de Hay diz ainda que 96 dos 390

milhões de casos têm problemas clínicos. A maioria dos casos são assintomáticos, mas este número mostra que o reservatório do vírus é muito maior do que o que se estimava.

Os investigadores confirmam que a doença está dispersa pelos trópicos e tem uma variação local influenciada pela chuva, temperatura e urbanização. “Des-

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quinta-feira 11.4.2013www.hojemacau.com.mocultura14

Tiago [email protected]

“Eulogy – In M e m o r y o f Hans van Dijk” de Tang Song

é uma exposição de grande densidade – física e imaterial, de estimulos e efeitos – e está patente ao público até ao dia 20 de Abril, em Pequim, na Boers-li gallery. Ao evitar-mos, por instantes, o signi-ficado emotivo e histórico destas obras (a primeira obra exposta é uma dupla fotografia de Tang Song a ser puxado para fora do Museu nacional, em 1989), as suas qualidades tangíveis levitam.

Muito concretamente, existem, nesta exposição, dois tipos de trabalho. No primeiro, a tinta azul e preta marca de forma irremediável a tela esfregada e macerada, vincada e marcada com tinta que, a espaços, surge salpicada com uma textura que lembra a densidade quase asfixiante do alcatrão. As linhas dispostas fazem reverberar a arquitectu-ra na vertical, mas também em sentidos cruzados e diagonais que se sobrepõem, lembrando a inscrição de velhos fantas-mas embrulhados no campo da tela. “Fig leaf” (2012) é um excelente exemplo, no qual uma pirâmide fantasma-górica aparece, entre linhas diagonais azuis que percorrem um caminho descendente à procura de uma perspectiva de fuga. Sobre o pavimento,

Cinema Hong Kong-San Francisco International Ocean Film FestivalCriaturas míticas marinhas, como o Net Man, de três metros de altura – feito de antigas redes de pesca de Aberdeen - invadiram Stanley. Todos eles fazem parte do “art walk”, programa paralelo ao festival de cinema anual que procura celebrar as riquezas marinhas e oceânicas. O Festival iniciou-se em São Francisco, na Califórnia, há uma década, com vista à sensibilização para uma maior consciência da conservação marinha e chegou a Hong Kong, pela primeira vez, no ano passado. O programa paralelo, que teve ontem início, apresenta obras de artistas locais e internacionais que procuraram integrar nas suas obras objectos encontrados no mar e nas praias, como velhas redes de pesca, garrafas de plástico e paletes de madeira. “Muitas vezes as pessoas vêm para Stanley para fazer compras, mas esta é uma óptima maneira de tomarem consciência de algo tão importante e fundamental nas nossas vidas, o mar”, disse Doug Woodring, organizador do evento e fundador da associação sem fins lucrativos, Ocean Recovery Alliance. O festival terá lugar em vários locais de Hong Kong e Kowloon, e decorrerá entre os dias 10 e 17 de Abril. Para mais informações consultar http://www.oceanrecov.org/hong-kong-san-francisco-ocean-film-festival/info.html. - T.Q.

Pintura Zao Wou-Kimorre aos 93 anos de idadeO pintor chinês Zao Wou-Ki morreu ontem aos 93 anos de idade. Zao, que foi durante muito tempo o artista chinês mais vendido, vivia e trabalhava em França desde 1948, residindo na Suíça desde o ano passado. Um advogado do filho de Zao, que iniciou uma batalha legal com a esposa do artista, com vista à obtenção dos direitos sobre o espólio de Zao, afirmou que o artista sofria de Alzheimer, e que tinha sido internado no hospital duas vezes desde o final de Março. No início desta semana, o díptico de Zao 10.03.83 foi vendido, num leilão em Hong Kong, por 37 milhões de dólares de Hong Kong. Proveniente de Pequim, Zao aprendeu a apreciar arte com o seu avô, que tinha uma enorme paixão pela caligrafia. Ao decidir tornar-se pintor, Zao ingressou na escola de Belas Artes de Hangzhou, onde estudou entre 1941 e 1947. Muito influenciado pelas obras de Picasso e Matisse, mudou-se para Paris em 1948 onde se fixou em pleno bairro de Montparnasse. Na década de 60, o seu trabalho torna-se mais abstracto e a sua reputação cresce consideravelmente, tendo realizado exposições em Nova Iorque e em Pequim. Em 1981 e 2003 realizaram-se, em Paris, grandes retrospectivas de Zao. A propósito da sua obra, Zao Wou-Ki afirmou uma vez: “o que para vocês é abstracto, é para mim real.” - T.Q.

Património Planode Jackie Chan gera polémicaUm plano anunciado pela estrela de cinema de Hong Kong, Jackie Chan, para recolocar edifícios chineses antigos em Singapura está a provocar polémica. Chan planeia oferecer a uma universidade de Singapura, um conjunto de 10 edifícios, de estilo Hui, que o actor terá comprado há 20 anos. A este propósito, Chan refere no seu site: “Acho que é um desperdício, os edifícios não estarem disponíveis para serem apreciados”. Ainda segundo Chan, a decisão agora anunciada foi tomada depois do Governo de Hong Kong e ele próprio não terem conseguido encontrar um terreno para implantar o conjunto edificado, e da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura ter demonstrado um enorme entusiasmo em receber o conjunto arquitectónico. Contudo, a Xinhua citou responsáveis chineses que confirmaram que as estruturas devem permanecer na China, em Anhui, província de onde é originário o estilo arquitectónico. No seu último filme, Chinese Zodiac (2012), Chan interpreta um personagem que rouba um conjunto de estátuas de bronze em França, para depois transportá-las para a China. - T.Q.

Pintura “Eulogy – In Memory of Hans van Dijk”

Tang Song em Pequim

surgem, depositadas, duas grandes estruturas circulares de madeira que delimitam a monumental tela de 25 metros de comprimento – uma “pintu-ra de acção”, poder-se-ia dizer, que será desenrolada no final da exposição. na parede está a respectiva maqueta - uma tela de menor comprimento atravessada por uma linha escura. o seu padrão sísmico, não muito diferente das mar-cações que nos circundam, lembram a medida ou a escala, lembram o som ou a vibração. O segundo tipo de trabalho é branco, com manchas de cor laranja, e aparentemente fric-cionado com faixas verticais e espessas de tinta. o resultado do processo revela vislumbres de riscos ou arranhões ainda

frescos de tão suaves que nos parecem. Há nestes trabalhos uma abstracção, intrincada mas comedida, que partilha a densidade fantasmagórica dos seus interlocutores mais escuros das paredes vizinhas, como por exemplo acontece em “Bridge 10” (2012).

Há um único trabalho onde se antevê a sugestão de um retrato - “ Bridge 1”. É a cabeça de Hans van Dijk, o historiador de arte e curador, cuja influência sobre artistas como Tang Song, nos anos 80 e 90, foi imensa. o texto da exposição de Tang Song, atribui a van Dijk, o prin-cípio de que a arte deve ser “real” e directa, em vez de algo baseado na representa-ção. A fotografia, que abre a

exposição, procura recuperar a importância daquilo que van Dijk afirma - Tang Song é detido em 1989, no dia da abertura da infame exposição “China avant-garde”, por dis-parar tiros sobre o trabalho da sua namorada Xiao lu, apesar de, na verdade, ter sido ela a autora dos disparos. Van Dijk morreu em 2002, e esta expo-sição é uma homenagem que Tang Song lhe presta.

E este sentido está pre-sente em toda a exposição – as obras agora apresentadas foram realizadas ao longo de cinco anos e representam a investigação e reflexão que Tang produziu a propósito da importância de van Dijk no seu percurso artístico. o manto vai sendo descoberto, e com ele toda a abstracção emocional e reminiscente. Há uma força de acção que está presente em todas as telas, num sentido que se perpetua, inquieta com o acumular do tempo. O humor está também em diálogo, em considera-ção estética, em 1989, no momento infame no qual o artista era parte integrante. A luz - ou a sombra - as obras assumem uma sensação vi-sualmente onomatopeica; podem imaginar-se as linhas gravadas e estruturas internas como registos de afecto e de concentração; a impetu-osidade das linhas que vão, constantemente, evocando densidades e evasões. um dos trabalhos que revela este sentido – da distância simul-tânea e da proximidade da história – é a série chamada “Bridge”, na qual Tang Song sugere um cruzar de divisões entre as ordens do tempo e do conhecimento. “Eulogy – In Memory of Hans van Dijk” de Tang Song é uma viagem que nos convida ao universo abstraccionista do minimalis-mo e das linhas acumuladas.

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quinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo 15cultura

O arquitecto pai-sagista Gonçalo Ribeiro Telles, de 90 anos, foi

distinguido com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, consi-derado o “Nobel” da Arqui-tectura Paisagista, atribuído pela federação internacional da profissão.

De acordo com a Asso-ciação Portuguesa dos Arqui-tectos Paisagistas (APAP), o galardão foi anunciado esta quarta-feira, durante um congresso da Federação In-ternacional dos Arquitectos Paisagistas, em Auckland, na Nova Zelândia.

O prémio pretende “reco-nhecer um arquitecto paisa-gista cuja obra e contribuições ao longo da vida tenham tido

A banda portuguesa de ‘covers’ 80&tal, com

membros do Tributo aos Bea-tles e Bianca Adrião, finalista do programa de televisão “A Voz de Portugal”, foi escolhi-da para actuar durante três meses no “Hard Rock Cafe” de Macau.

Os cinco músicos - Bian-ca Adrião, 23 anos, Luís Bento, 38 anos, Felipe Fon-tenelle, 36 anos, Miguel No-ronha de Andrade, 34 anos, e Tomás Ramos de Deus, 30 anos - chegaram esta semana a Macau, na sequência de um convite do “Hard Rock Cafe” para serem a banda residente do espaço até ao final de Junho.

A actuação frequente no “Hard Rock Cafe Lisboa” abriu-lhes as portas do espaço homólogo de Macau, inse-rido no hotel “Hard Rock”, que faz parte do complexo turístico e de jogo “City of Dreams”, onde os músicos vão ter a sua primeira expe-riência internacional.

Depois de percorrerem o circuito dos bares e festas privadas de Portugal ao longo dos últimos cinco anos, os 80&tal chegaram à capital mundial do jogo para “cumprir o sonho de qualquer músico, que é viajar, conhe-cer o mundo” e actuar além--fronteiras, disse Luís Bento à agência Lusa, durante uma entrevista com a banda.

Felipe Fontenelle (voz e baixo) e Miguel Noronha de Andrade (voz e guitarra)

Fotografia Exposição em Macau mostra mundo captado por invisuaisA Universidade de São José (USJ) inaugura, na sexta-feira, “Touch Me”, uma exposição de fotografias tiradas por invisuais, no âmbito de uma experiência inédita em Macau, com a mensagem de que “o essencial é invisível aos olhos”. A iniciativa resulta de um ‘workshop’, realizado em Março, sob orientação da fotógrafa francesa Jenny Feray, professora da Universidade Católica Portuguesa, cujo percurso se cruzou cedo com o mundo de quem “não tem vista, mas tem visão”. Com idades entre 20 e 50 anos, os ‘alunos’, do Centro de Reabilitação de Cegos e da Escola S. João de Brito, enveredaram na aventura de capturar momentos sinalizados pelo som e toque e demais sensações, numa “experiência humana acima de tudo”, a qual “nada tem a ver com uma coisa social”, mas com uma “troca de sensações”, disse Jenny Feray à agência Lusa.

Prémio Sir Geoffrey Jellicoe Gonçalo Ribeiro Telles distinguido

O “Nobel” da Arquitectura Paisagista

Música Banda portuguesa vai atuarno “Hard Rock Cafe” de Macau durante três meses

80&tal e as suas ‘covers’

dade política, criou as zonas protegidas da Reserva Agrí-cola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e lançou as bases do Plano Director Municipal de Lisboa.

Viria a criar o Movimen-to Alfacinha, para se candi-datar à Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido eleito vereador, e fundou mais tar-de o Movimento O Partido da Terra, ao qual preside de forma honorária desde 2007.

Foi galardoado com a Grã-Cruz da Ordem de Cris-to, em 1994, pelo Presidente da República Mário Soares.

um impacto incomparável e duradoiro no bem estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão”.

Miguel Braula Reis, presidente da APAP, recebe o prémio em representação de Gonçalo Ribeiro Telles.

São da autoria de Ribeiro Telles, entre outros projec-tos, o Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa.

Gonçalo Ribeiro Telles também assina com António Viana Barreto os jardins da sede da Fundação Gul-benkian, e os projectos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, entre outros.

Nascido em Lisboa, a 25

de Maio de 1922, Gonçalo Pe-reira Ribeiro Telles licenciou--se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitectura Paisagista no Instituto Su-perior de Agronomia, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral.

Foi professor catedrático convidado da Universidade de Évora, criando as licen-ciaturas em Arquitectura Paisagista e em Engenharia Biofísica, e destacou-se na intervenção pública contra a ditadura salazarista, nas sessões do Centro Nacional de Cultura.

Ainda na política, fundou, em 1957, com Francisco Sou-sa Tavares, o Movimento dos Monárquicos Independentes

e, depois, o Movimento dos Monárquicos Populares, apoiando, um ano mais tarde, a candidatura presidencial de Humberto Delgado.

Em 1971 ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica e, após o 25 de Abril de 1974, fundou o Par-

tido Popular Monárquico, a cujo directório presidiu. Em 1979, integrou a Aliança Democrática, liderada por Francisco de Sá Carneiro.

Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisó-rios, e secretário de Estado com a mesma tutela no I Governo Constitucional, foi deputado na Assembleia da República, na década de 1980, e integrou o VIII Governo Constitucional, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida.

Paralelamente à activi-

tocam juntos há cerca de 20 anos, Luís Bento (bateria) juntou-se a estes há cerca de 14 anos e Tomás Ramos de Deus (voz e guitarra) comple-tou o quarteto há cerca de seis anos. “Os 80&tal surgiram porque gostamos de tocar e por necessidade financeira”, explicou Luís Bento, ao sa-lientar que as actuações com base em versões de temas de outros músicos, a par das aulas de música privadas que dão, garantem um rendimento para viabilizar projectos de originais.

Luís Bento e Felipe Fon-tenelle eram membros da banda do programa da RTP1 “Voz de Portugal”, onde conheceram Bianca Adrião, que convidaram depois para juntar a sua voz aos 80&tal.

“Depois do programa não tive nenhum convite de traba-lho, por incrível que pareça, porque, se calhar, nos outros países, um concorrente na semifinal já recebe convites para gravar, mas acho que isto também é reflexo da crise que se vive em Portugal”, disse aquela que foi a única mulher finalista de “A Voz de Portugal”.

Com o programa de televisão, Bianca ganhou “algum reconhecimento e a oportunidade para se mostrar a alguns músicos” e no último ano actuou em bares e festas privadas. “Depois aceitei este convite [para se juntar aos 80&tal], porque acho que, acima de tudo, um músico, principalmente jovem como eu, tem que ter esta sede de

aprender, viver, e o palco é o melhor sítio para aprender”, constatou.

A festa de lançamento dos 80&tal no “Hard Rock Cafe” de Macau, com entrada gratuita, está agendada para sábado e vai dar oportunidade a uma estudante de 12 anos da Escola Portuguesa de Macau (EPM) de se juntar à banda no palco.

O espaço aproveitará a presença musical lusa para começar a vender cerveja de Portugal com a promoção “duas por uma”, uma forma de atrair mais clientes da co-munidade portuguesa local.

A banda vai actuar todas as noites no “Hard Rock Cafe”, à excepção de quarta--feira, até ao final de Junho, prometendo êxitos de rock dos anos 60 até à actualidade.

Durante a estada na Região Administrativa Es-pecial chinesa, os músicos portugueses pretendem tam-bém realizar espectáculos de Tributo aos Beatles, que já levaram duas vezes ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e durante os quais surgem em palco vestidos como o quarteto de Liver-pool e com réplicas dos seus instrumentos. - Lusa

Governo da Região Administrativa Especial de MacauServiços de Saúde

Aviso

Para a comemoração do Dia Internacional do Enfermeiro, a Comissão Organizadora dos Serviços de Saúde da RAEM, tem a honra de convidar todos os enfermeiros, alunos de enfermagem e enfermeiros reformados do território para o jantar de comemoração que se realizará no dia 10 de Maio, pelas 19:00H, no Restaurante “Plaza”. Contamos com a vossa presença.

Local: Restaurante “Plaza”Data: 10/05/2013 (6a Feira)Hora: 19:00 (a partir das 15 horas a sala estará disponível para convívio).Programa: Jantar, sorteio, espectáculo de variedades, atribuição de prémio para os enfermeiros com 20 e 30 anos de serviço em prol do território Prazo de inscrição: até o dia 30/04/2013 (A validade da inscrição esgota-se com o preenchimento dos lugares disponíveis)Contactos e Inscrição: Centro de SaúdeNTROS DE SAÚD Tel: 28920024 (Hoi Pong), Fax No: 28923196 (Hoi Pong) Cristina Boyol Tel: 66893054

Serviços de SaúdeComissão Organizadora do Dia Internacional do Enfermeiro

Macau, 11 de Abril de 2013

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quinta-feira 11.4.2013desporto16 www.hojemacau.com.mo

Mourinho iguala registo de FergusonJosé Mourinho tornou-se o primeiro treinador a igualar Alex Ferguson com sete presenças nas meias-finais da Liga dos Campeões. Sem saber o que é ser eliminado nos quartos-de-final da Champions, o treinador português estreou-se na derradeira etapa antes da final em 2004, então ao serviço do FC Porto, conduzindo os azuis e brancos à conquista do troféu. Seguiram-se as presenças com Chelsea, em 2005 e 2007, Inter Milão, equipa com a qual se sagrou campeão em 2010, e já no Real Madrid, em 2011, 2012 e 2013. José Mourinho iguala, assim, o registo de Alex Ferguson na mais importante prova de clubes da UEFA. O português, porém, logrou o feito aos 50 anos de idade, enquanto o escocês só aos 69 anos carimbou a sétima meia-final da carreira ao serviço do Manchester United.

UEFA fechará estádios em casos de racismoA UEFA resolveu travar a escalada do racismo que tem assolado o futebol europeu. No Fórum da Soccerex, em Manchester, Gianni Infantino, secretário-geral do organismo deu a conhecer as propostas de punição para este tipo de comportamento. “Temos que ter sanções que terminem com este problema. Se um jogador ou responsável por uma equipa tiver atitudes racistas, será banido por dez jogos pelo menos”, confessou Infantino. As sanções irão também actuar sobre os adeptos. “Se os adeptos de um clube forem considerados culpados em determinado caso, o estádio será parcialmente fechado nos jogos oficiais. Quando acontecer uma segunda ofensa, o estádio será totalmente fechado e aplicaremos uma multa de pelo menos 500 mil patacas.”

Marco [email protected]

O Organismo Au-tónomo Despor-tivo da Casa de Portugal em Ma-

cau deu ontem, no relvado do Campo da Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST), um passo atrás na luta pela manutenção no segundo escalão do futebol do território. A formação orientada pelo luso-são to-mense Pelé não conseguiu evitar uma constrangedora derrota por duas bolas a uma frente à Selecção de Sub-18 da Associação de Futebol de Macau e vê a luta pela per-manência no Campeonato da II Divisão complicar-se.

Frente ao lanterna-ver-melha da competição, a Casa

Futebol Pupilos de Pelé com vida difícil

Casa de Portugal perdecom lanterna vermelha

de Portugal pode queixar--se apenas de si própria. O emblema de matriz portu-guesa apresentou-se quase na máxima força (suspenso pela Associação de Futebol de Macau a título indetermi-nado, José Dinis era a única ausência de vulto), mas nem o facto de contar com o veloz Leonel Fernandes na frente de ataque catapultou a Casa

de Portugal para um jogo tranquilo.

Afastado do banco por decisão do organismo que tutela o futebol na RAEM, Pelé assistiu ao desafio a partir das bancadas e viu o grupo de trabalho pelo qual é responsável manter o equilíbrio no placard até ao intervalo. Na segunda parte, a selecção jovem da Asso-

ciação de Futebol de Macau foi mais forte e mais eficaz, construindo uma vantagem de dois golos numa questão de minutos. Com Ricardo Santos no lugar consignado a Pelé, o Organismo Autó-nomo Desportivo da Casa de Portugal em Macau limitou--se a aligeirar a derrota, numa iniciativa concluída pelo veterano Costa.

Com o desaire, o em-blema de matriz portugue-sa afunda-se na cauda da tabela. Com apenas seis pontos em nove jornadas disputadas, a Casa de Por-tugal ocupa o penúltimo lugar da classificação com três pontos de vantagem sobre a Selecção de Sub-18, lanterna-vermelha da prova, e com quem acabou por perder ontem.

FONTES do Millen-nium BCP e do Banco

Espírito Santo (BES), com os quais o Sporting está a negociar a sua reestrutura-ção financeira, confirma-ram ao Jornal de Negócios que o novo presidente ‘leonino’, Bruno de Car-valho, ameaçou demitir--se, caso as instituições bancárias não alterem a sua proposta.

A edição online do Negócios refere que fontes próximas do Sporting con-firmaram que, na semana passada, a demissão do

recém-eleito presidente foi posta em cima da mesa e a restante direcção assegurou que também se demitiria em solidariedade com Bruno de Carvalho.

Recorde-se que para o final da tarde de ontem (18h00, hora de Lisboa, e impossível de obter essa informação devido à di-ferença horária) ocorreu conferência de imprensa de Bruno de Carvalho, sendo possível a convocatória de uma Assembleia Geral, com vista a que os sócios se manifestem sobre a con-

tinuidade da nova direcção e a aceitação da proposta da banca ou, caso tal não se verifique, a adopção de outras medidas, refere o Jornal de Negócios.

Os representantes de Millenium BCP e BES conhecem bem a actual situação dos ‘leões’ e não abdicam de alguns pres-supostos, como o de fazer uma auditoria de gestão aos últimos 20 anos do clube ou o da colocação de homens de confiança na administração da SAD do Sporting.

Sporting Bruno de Carvalho ameaça demitir-se

Nas mãos da banca

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17quinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo futilidades

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

Aqui há gato

[Tele]visão

Pu Yi

OS limiTeS dO bOm SenSOApresentar uma candidatura a umas eleições legislativas pode ser considerado um dos mais nobres actos de cidadania, se a política fosse feita segundo a ideologia que lhe deu vida, nos idos tempos da Grécia Antiga. mas aqui em macau tenho a ligeira sensação que não é bem assim. Tirando algumas e possíveis excepções, há interesses económicos de quem se candidata, com o conluio do Governo. estamos numa terra pequena, e isso diz muito do seu sistema politico. Somos, afinal, 500 mil pessoas, e não sete milhões.Ontem os Serviços de Administração e Função Pública organizaram uma sessão de esclarecimento sobre os procedimentos burocráticos a fazer numa candidatura. estavam lá deputados e Jason Chao. mas na hora das perguntas, houve outras que se destacaram, e que revelam aquilo que as pessoas são capazes. Se quisermos, podemos ainda dizer que são sinais relevadores da ignorância politica que reina em algumas pessoas. Passo a citar. “O Governo permite-nos fazer reuniões para angariar pessoas para nos apoiar, e essas despesas entram? nas últimas eleições foram feitas reuniões privadas, isso já é campanha eleitoral? Podem ser servidas refeições?”Houve ainda um senhor, já com uma certa idade, que questionou José Chu se as suas despesas com uma campanha poderiam ser reembolsadas pelo Governo, caso perdesse as eleições. mas não há limites do bom senso? ninguém tem vergonha de fazer estas perguntas, numa região que se diz democrática? Vejam os exemplos de outros países, já que o executivo gosta muito de fazer isso. Quando é que teremos eleições ditas comuns, ditas limpas, sem jantares, almoços ou pagamentos?

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360º Diferido14:40 RTPi DIRECTO19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle Sr.422:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Resumo Liga dos Campeões23:45 Herman 201300:45 Telejornal (Repetição)01:15 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Ler +, Ler Melhor14:45 UMA LULIK15:35 AntiCrise16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal Aqui Tão Perto17:50 O Teu Olhar (Telenovela)18:40 Recantos18:50 Grandes Quadros Portugueses19:10 Maternidade 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:05 Salvador22:30 Surftotal23:00 Portugal no Coração

30 - FOX Sports13:00 Masters Official Films 201214:00 AFC Champions League 2013 Buriram United vs. Jiangsu Sainty16:00 Global Football 2012/1316:30 (Delay) Baseball Tonight International 201317:30 Masters Tournament 201319:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 ABL Crossover 201320:30 Masters Tournament 2013 Primetime Preview21:00 Masters Official Films 2012

22:00 FOX SPORTS Central22:30 Thursday Fight Night With UFC23:00 UFC Ton/ Primetime Tape

31 - STAR Sports13:00 Mobil 1 The Grid 201313:30 Inside WTCC14:00 HSBC FEI Classics 2012/201315:00 Sports Max 2012/1316:00 V8 Supercars Championship Series 2013 - Highlights18:00 Russian Premier Liga 2012/1319:30 MotoGP World Championship 2013 - Main Races Grand Prix of Qatar21:00 2 Wheels21:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Inside Grand Prix 201322:30 2 Wheels23:00 FIA World Touring Car Championship 2013 - Highlights23:30 HSBC Sevens World Series 2012/13-Highlights

40 - FOX Movies12:10 Men In Black13:50 Men In Black Ii15:20 The Next Three Days17:35 The Recruit19:30 Cloudy With A Chance Of Meatballs21:00 Chronicle22:25 Transporter: The Series23:10 Wild Things: Foursome00:40 The Walking Dead

41 - HBO13:00 Tinker Tailor Soldier Spy15:15 Mrs. Winterbourne17:00 It Could Happen To You19:00 The Lord Of The Rings

42 - Cinemax12:30 Carnivale 14:30 Manticore16:00 The Vengeance Of She18:00 Star Trek Generations20:00 Carnivale22:00 Conan The Destroyer23:45 Star Trek First Contact

SoluçõeS do problema

HORIZONTAIS: 1-INTEGRA. COM. 2-AIA. AU. PACA. 3-MACAS. RAPAI. 4-LONICERA.O. 5-G. SIFILIZAR. 6-RA. DO. ID. CA. 7-ATARRACAR. L. 8-S. LIMPIDEZ. SAUDE. TECEM. 10-AIDO. BA. ALA. 11-ROI. ABRASAR.VERTICAIS: 1-IAM. GRASSAR. 2-NIAL. AT. AIO. 3-TACOS. ALUDI. 4-E. ANIDRIDO. 5-GASIFORME. A. 6-RU. CI. AP. BB. 7-A. RELICITAR. 8-PARIDADE. A. 9-CAPAZ. RECAS. 10-OCA. AC. ZELA. 11-MAIORAL. MAR.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-Contexto completo. Comando (abrev.). 2-Camareira. Outo (s.q.). Árvore da antiga India Portuguesa. 3-Camas de lona. Desgastai cortando. 4-Género da família das Caprifoliáceas (Bot.). 5-Transmitir sífilis. 6-Regimento de Artilharia (abrev.). Pesar 499 (Rom.). Nesta terra. 7-Apertar com perguntas, atrapalhar. 8-Qualidade do que é límpido. 9-Bom estado do invidíduo, cujas funções orgâncias, físicas e mentais se acham em situação normal. Entrelaçam. 10-O m. q. eido. Bário (s.q.). Flanco. 11-Corroi. Queimar.

VERTICAIS: 1-Andavam. Espalhar-se. 2-Ninho (Prov.). Átomo (abrev.). Precepctor nas casas nobres. 3-Bocados, buchas. Referi-me indirecta ou vagamente. 4-Que não contém água. 5-O m. q. gaseiforme. 6-Ruténio (s.q.). 101-(Rom.). Apartamento (abrev.). Consoantes iguais. 7-Licitar de novo. 8-Analogia. 9-Que tem competência. O m. q. porcas (Prov.). 10-Sem miolo, vã. Antes-de-Cirsto (abrev.). Trata com zelo. 11-Chefe de aldeia em Ceilão. Grande extensão de água salgada.

OBLIVION

Sala 1oblivion [b]Um filme de: Joseph KosinskiCom: Tom Cruise, Morgan Freeman, Olga Kurylenko14.30, 16.45, 19.15, 21.30

will you Still love me tomorrow? [b](FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINêS E INGLêS)Um filme de: Arvin ChenCom: Richie Jen, Mavis Fan, Stone, Kimi Hsia14.30, 16.30, 21.30

Sala 2 the croodS [3d] [a](FALADO EM CANTONêS)Um filme de: Chris Sanders, Kirk De Micco19.30

Sala 3i give it a year [c]Um filme de: Dan MazerCom: Rose Byrne, Rafe Spall, Anna Faris, Simon Baker14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

À VENDA NA LIVRARIA PORTuGuESAO LEITOR DE CADáVERES • Antonio Garridona antiga China, só os juízes mais sagazes atingiam o cobiçado título de «leitores de cadáveres», uma elite de legistas encarregados de punir todos os crimes, por mais irresolúveis que parecessem. Cí Song foi o primeiro. inspirado numa personagem real, “O leitor de Cadáveres” conta a história fascinante de um jovem de origem humilde que, com paixão e determinação, passa de coveiro nos Campos da morte de lin’an a discípulo da prestigiada Academia ming. Aí, invejado pelos seus métodos pioneiros e perseguido pela justiça, desperta a curiosidade do próprio imperador, que o convoca para investigar os crimes atrozes que ameaçam aniquilar a corte imperial. Um thriller histórico absorvente, minuciosamente documentado, onde a ambição e o ódio andam de mãos dadas com o amor e a morte, na exótica e faustosa China medieval.

CARTAS DE CASANOVA • António Mega FerreiraNo verão de 1757, o aventureiro Giacomo Casanova, que se evadira pouco antes da prisão dos Piombi, em Veneza, desembarca em lisboa. O espectáculo das ruínas provocadas pelo terramoto ultrapassa tudo aquilo que ele podia imaginar. durante seis semanas, Casanova faz os possíveis por entender os portugueses: como é possível que a vida dos habitantes da cidade se tenha acomodado a uma tal desorganização? Conhece o comerciante Ratton e o conde de S. lourenço, o livreiro Reycend e o marquês de Alegrete, o poeta Correia Garção e a condessa de Pombeiro. E até se encontra com o misterioso marquês de X. Chega finalmente à fala com Sebastião José de Carvalho e melo, ainda não Oeiras, ainda não Pombal, a quem tenta vender o projeto de uma lotaria real. exaspera-se e diverte-se, seduz e perde ao jogo, e encontra tempo para escrever seis cartas a cinco personagens importantes da sua vida. «Rien ne pourra faire que je ne me sois amusé» é a divisa que o guia. mesmo em lisboa. mesmo depois do Grande Terramoto.

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quinta-feira 11.4.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

Fernando SantoSin Jornal de Notícias

intadas a vermelho retinto, como endireitar as contas do Estado português? só há duas fórmulas: aumentar as receitas ou diminuir as despesas. O segredo do êxito está no balanceamento

correcto das duas colunas, de modo a que o doente não morra da doença, mas também não morra da cura. E para todas as circuns-tâncias é imperioso cumprir um código de conduta do qual vela o tribunal Constitu-cional, um órgão idealmente composto por gente considerada bacteriologicamente pura, ou não se desse o caso de até ter direito a reformar-se aos 40 anos de idade, com 10 de serviço.

sendo as regras para o exercício do equilíbrio orçamental tão primárias, o im-pressionante é verificar a dificuldade de es-colha de um trilho, ao ponto de os dirigentes partidários não encontrarem um mínimo de consenso. O país está teso como um carapau, exaurido, mas parece ainda dispor de forças para braços de ferro; embora espúrios.

Passos Coelho e antónio José seguro são exemplos acabados de teimosia e in-genuidade.

O primeiro-ministro não é de modas: teima, teima, teima no receituário e não tenta sequer pedir ao fornecedor de medicamentos (a troika) uma qualquer mudança molecular. Constituído por todos os portugueses, o do-ente vai de mal a pior e a cada agravamento dá-se o reforço da dose - até agora, mais e mais impostos, mais e mais recessão, mais e mais desemprego. O combate à queda a pique da economia faz-se sempre num plano mais inclinado. neste escorregão, vão-se criando novas “feridas”, deitando fora princípios de dignidade humana e de direitos legitimamente adquiridos - o que leva a cortes no Estado social. as alternativas são zero. Por um lado, o tribunal Constitucional não deixa e por outro a cegueira ideológica tolda o espírito de Passos Coelho e seus ajudantes de governo.

O caso do líder da Oposição é também enternecedor - e preocupante. antónio José seguro aproveitou o facto de o Governo não lhe passar cartão e, acossado pelos socrá-ticos responsáveis pela entrada do país em bancarrota, usa acordes entre o infantil e o celestial. sempre e quando demora a reagir a um acontecimento fica a expectativa de que vai ter uma qualquer medicação prag-mática. Mas não. agenda do crescimento, renegociação da dívida, blá-blá, o secretário-

Passos Coelho e António José Seguro são exemplos acabados de teimosia e ingenuidade

Um país entregue à bicharada

P

-geral do Ps não descola nas sondagens. Pudera!, como podia ser de outro modo se a renegociação da dívida não depende da sua vontade e o crescimento passa pelo dinheirinho que não há?

Em bom português: estamos entregues à bicharada.

Psd e Ps, Passos Coelho e antónio José seguro, são as duas faces de uma mesma moeda. Convergentes num ponto: são in-

capazes de referir ou impor novas regras para as parcerias público-privadas (15,256 mil milhões de euros em rodoviárias, só este ano) ou para o cartel de negociatas da Energia ou das telecomunicações. É mais fácil cortar pensões ou prometer negociar juros da dívida do que pôr na ordem inte-resses instalados, do investimento chinês à Banca e às construtoras sanguessugas de rendas fixas com margens de lucro escan-dalosas - em alguns casos muito superiores a 10%. Rasgam-se tantos contratos com os cidadãos simplórios...

dever-se-iam dispensar governantes e candidatos assim. são fortes com os fracos, fracos com os fortes e demasiado “jongleurs”.

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19opiniãoquinta-feira 11.4.2013 www.hojemacau.com.mo

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bairro do or ienteLeocardo

lguns dos recentes casos pas-sados nos meandros da máquina administrativa do território deixam a entender que a RAEM atravessa actualmente uma es-pécie de crise da adolescência.

Quase treze anos e meio depois da seu nascimento, a região que surgiu como um exemplo acabado da compatibilidade de um segundo sistema no seio da grande China socialista sofre com os desequilíbrios hor-monais. Começa a aparecer-lhe algum acne, o corpo sofre mudanças que o assustam, muda de forma, e tudo isto sem que lhe tenham ensinado muito bem como reagir. Faltou educação sexual a este adolescente, se me permitem a analogia e o atrevimento.

A população deste território que depende das receitas do jogo e ainda o mês passado bateu mais um recorde de receitas neste particular, preocupa-se com o futuro do fedelho. Teme que não esteja a ser orien-tada no caminho do bem, que lhe faltem valências que a recomendem quando for um jovem adulto daqui a poucos anos. Os pais, tios, padrinhos e restantes familiares que contribuíram para a educação deste jovem temem que se esteja a descurar a sua educação, e que lhe venha a faltar rectidão, honestidade e fibra. Já não se exige e muito que se reja pelos valores da moral. Esses já não constavam do currículo inicial.

não é bom sinal que num território tão pequeno aconteçam tantos equívocos, in-terpretações dúbias das regras, cidadãos de primeira e de segunda, alguns para quem “a lei é dura mas é a lei”, enquanto outros são “inocentes até prova em contrário”. Zonas

É preocupante quando os imigrantes começam a deixar de procurar o território para trabalhar, porque deixou de valer a pena. Se não vale a pena para eles, que podem sempre optar por outro destino que lhes ofereça a oportunidade de tornar melhor as suas vidas e a dos seus, o que dizer de nós, que aqui nascemos, crescemos e ajudámos a contribuir para o desenvolvimento desta terra a que chamamos casa?

As dores de crescimentocinzentas e lacunas legais são aproveitadas por poucos, à luz de decisões feitas muitas vezes sem fundamentação legal que a su-porte, dando origem a situações bizarras, sem que se saiba muito bem o que pensa quem tem o dever de garantir a legalidade, a justiça e a harmonia social. Chegamos ao ponto em que muitas injustiças ficam por denunciar ou questionar, com receio que o sistema as branqueie, e que o feitiço se vire contra o feiticeiro. Vamos tolerando os abusos de todo o tipo, as incompatibilidades gritantes e todo o resto, preocupados apenas com a nossa vida, com receio de acabar picados pelas vespas deste ninho que não nos atrevemos a tocar.

Quem se lembra do nascimento desta RAEM, da sua génese e das promessas de um futuro brilhante vai sorrindo com a imagem deste rapaz com 13 anos, esbelto e corpulento, mas o sorriso é amarelo, e as dúvidas são muitas quanto ao seu futuro. um dia vai tirar um curso superior, e teme--se pela qualidade do sua formação. Depois vai querer um emprego, e as opções não vão além dos casinos. Quando quiser sair da casa dos pais, vai ter dificuldade em comprar

Ahabitação própria, e na perspectiva de poder adquirir apenas um mísero T1, dificilmente pensará em formar família. Muitos dos pais da RAEM nunca serão avós. Se ficar doente, não tem acesso a um sistema de saúde gra-tuito e com qualidade, como lhe chegou a ser prometido. se por esse motivo se quiser manter saudável, vão-lhe faltar os espaços verdes e de lazer. O concreto é tudo o que lhe resta de concreto.

É triste para todos e embaraçoso para os arquitectos deste grande projecto que é o Macau do segundo sistema que se oiça cada vez dizer que “antes estávamos me-lhor”. Quando se especula com tudo e mais alguma coisa, desde a habitação às couves no mercado, visando apenas o lucro fácil e imediato, qualquer coisa correu mal. Alguém se esqueceu de preservar a matriz do território, onde a vida era tranquila e barata, fazia-se o dia com pouco dinheiro e havia lugar para todos. se o investimento e o crescimento da economia são factores importantes e sem os quais seria irrealista concretizar o projecto do crescimento e da saúde financeira do território, era importante também preservar o modo de vida simples dos seus residentes da classe média. O erro foi deixá-los na mão de especuladores, empresários sem escrúpulos e outros parasitas, tantos deles forasteiros, que se vão aproveitando da ingenuidade deste jovem tenrinho e imberbe, comprometendo--lhe o futuro próximo.

É preocupante quando os imigrantes começam a deixar de procurar o território para trabalhar, porque deixou de valer a pena. se não vale a pena para eles, que podem sempre optar por outro destino que lhes ofereça a oportunidade de tornar melhor as suas vidas e a dos seus, o que dizer de nós, que aqui nascemos, crescemos e ajudámos a contribuir para o desenvolvimento desta terra a que chamamos casa? Todos queremos partilhar da prosperidade, e não nos passa pela cabeça questionar este sistema liberal que permite que todos tenham uma oportuni-dade de enriquecer. Mas estaremos a deixar o futuro do nosso menino em boas mãos? Meditar, reflectir e repensar é urgente. E que lugar melhor para isso que aqui, no Oriente?

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quinta-feira 11.4.2013www.hojemacau.com.mo

car toon por Steff

Pena de morte China lidera sem números certos

O tempo volta para trás

Portugal terá cerca de 40 mil crianças sobredotadasEspecialistas portugueses estimam que devem existir no País cerca de 40 mil crianças até aos 12 anos de idade que são sobredotadas. Segundo o Instituto de Inteligência, existem vários tipos de crianças que são sobredotadas, mas poucos especialistas que detectem essas situações. Para os especialistas, era importante que professores e psicólogos tivessem noção dessas diferenças entre os tipos de sobredotados de modo a encaminhá-los da forma mais correcta.

Vítor Gaspar tenta regressar aos mercadosO ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que esta ontem partiu para a Irlanda, disse que foi para Dublin procurar apoio oficial para o regresso pleno de Portugal ao mercado de dívida pública, tendo para isso o apoio do Banco de Portugal. Vítor Gaspar vai participar nas reuniões do Eurogrupo e do Ecofin amanhã e sábado, e espera usar contactos. “Procurarei mobilizar apoio oficial para o regresso pleno ao mercado de obrigações por parte da República Portuguesa. Em tudo isto beneficiarei do apoio do senhor governador do Banco de Portugal”, afirmou Vítor Gaspar na abertura de uma conferência em Lisboa. Foi conhecido que Portugal e Irlanda poderão vir a ter um prolongamento de sete anos para poderem pagar os empréstimos concedidos no âmbito dos resgates financeiros e poderem regressar aos mercados.

Camelo oferecido a Hollande foi comidoAs autoridades do Mali vão ter de arranjar um novo camelo para oferecer ao presidente francês. Tudo porque a família a quem ficou entregue a primeira oferenda comeu o animal. O Mali tinha decidido oferecer um camelo a François Hollande como forma de agradecimento pelo apoio do Governo francês, que contribuiu para o afastamento dos rebeldes islamitas depois de ter enviado tropas para o território. Uma família maliana ficou responsável pelo camelo até o animal ser enviado para França, mas não resistiu e comeu-o. “Mal soubemos do sucedido, rapidamente substituímos por um animal maior e com melhor aspecto”, disse fonte das autoridades malianas, sob anonimato. “O novo camelo vai ser enviado para Paris. Estamos envergonhados com o que aconteceu ao camelo. Era um presente que não merecia ter tido este fim.”

Violência sexualem zonas de conflitoA organização não governamental (ONG) Save the Children alertou para os casos de violência sexual registados em zonas de conflito, dizendo que as principais vítimas são crianças. A conclusão baseou-se em dados e testemunhos de países afectados por guerras nas últimas décadas, entre eles a República Democrática do Congo, a Libéria e a Colômbia. Segundo a organização, assiste-se à ausência de incentivos a programas que travem esse tipo de violência e que apoiem as crianças afectadas.

Irão 37 mortos após sismoO sismo de 6.1 na escala de Richter que atingiu a província de Busher, no sul do Irão, na terça-feira, provocou pelo menos 37 mortos. O número foi actualizado esta quarta-feira pelas autoridades iranianas. Segundo a agência oficial IRNA, a maioria das vítimas mortais foi registada na nas localidades de Kaki, onde se situou o epicentro do sismo, e em Tasuch e Shanbe. Na sequência dos sismo, mais de 850 pessoas ficaram feridas.

Oprah publica foto com “hot Jesus” O papel de Diogo Morgado na mini-série “A Bíblia”, na qual interpreta Jesus Cristo, não tem passado despercebido e até já lhe valeu um entrevista com Oprah, que parece ter ficado rendida aos encantos do actor português e não apenas com os artísticos. No final da entrevista, que foi gravada esta segunda-feira e será transmitida nos Estados Unidos no dia 14 de Abril, a emblemática apresentadora e Diogo Morgado comeram cachorros e Oprah decidiu partilhar o momento no Instagram. “A partilhar um cachorro quente com o “hot Jesus” (Jesus sensual, em português) Diogo Morgado. A vida é deliciosa”, escreveu a apresentadora como legenda de uma das fotografias onde surge a comer um cachorro quente com o actor português. No Twitter, o actor publicou também algumas fotografias e deixou elogios à apresentadora. “É definitivamente uma sensação especial como se nos conhecêssemos há anos. Eu sempre fui um fã dela e agora estou apaixonado”, apontou Diogo Morgado.

teSte de míSSeiS

Joana [email protected]

A tendência mundial inclina-se para o fim da pena de morte, mas o continente chinês

continua a liderar na aplicação da sentença capital. esta é a grande conclusão da Amnistia internacional (Ai), que ontem divulgou o relatório sobre estas sentenças. 2012 viu, pelo menos, 682 pessoas serem executadas em todo o mundo, mais duas do que no ano anterior. Números que, contudo, não contabilizam as mortes na China continental. “A China, mais uma vez, execu-tou mais pessoas do que o resto do mundo junto, mas devido ao secretismo em redor da utilização da pena de morte, não é possível obter números concretos”, pode ler-se no relatório da Ai, enviado ao Hoje macau.

No total, o ano passado, 21 países realizaram execuções. Os mesmos que em 2011, mas menos 28 do que há dez anos. Houve, pelo menos, mais de 1700 novos condenados à morte.

AndAr pArA trásPaíses que já não utilizavam a pena de morte há algum tem-po voltaram a praticar a pena capital. índia, Japão, Paquistão e Gâmbia, bem como “um alar-mante aumento de execuções no iraque” voltaram atrás no que à decisão de acabar com as penas de morte diz respeito. Na índia, não havia a sentença capital desde 2004, no Paquistão, desde 2007, o Gâmbia estava há quase três décadas sem execuções e no Japão, a punição não era aplicada há 20 meses. “O retrocesso que vimos em alguns países este ano foi decepcionante, mas não afecta a tendência global contra o

uso da pena de morte. em várias partes do mundo as execuções estão a transformar-se num acto do passado”, explicou o secretário-geral da Amnistia internacional, Salil Shetty.

Os cinco países que mais execuções fizeram continuam a ser, por ordem de importância quantitativa, a China, o irão, o iraque, a Arábia Saudita e os estados Unidos. Salil Shetty deixa, por isso, uma mensagem. “Apenas um em cada dez países leva a cabo execuções. Os seus líderes deviam perguntar-se por-que continuam a aplicar uma pena cruel e inumana, que o resto do mundo já está a deixar para trás.”

entre as causas para a pena de morte estão crimes não--violentos relacionados com droga e dinheiro, blasfémia e adultério. enforcamento, tiro, injecção letal e crucificação são alguns dos métodos utilizados.