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MELINDA CHAN QUER ENSINO DO PORTUGUÊS REFORÇADO • CANÍDROMO Meio século comemorado com muitos problemas PÁGINA 7 • SAÚDE PÚBLICA Casos de doenças de declaração obrigatória sobem PÁGINA 6 O recém-empossado, por mais cinco anos, vice- -reitor da Universidade de Macau falou do pro- cesso de transição do estabelecimento de ensino superior da Taipa para a Ilha da Montanha e ga- rantiu que no segundo semestre deste ano lectivo tudo estará resolvido. Rui Martins assume como previsível o atraso de sete meses na entrega do campus à UMAC e explica as especificidades e complexidades no novo espaço. Uma palavra também para a campanha eleitoral a decorrer: “São tantas as listas que é difícil ver as diferen- ças.” PÁGINAS 2 E 3 PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 PUB Ter para ler ILHAS SELVAGENS DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUARTA-FEIRA 4 DE SETEMBRO DE 2013 • ANO XII • Nº 2929 Aos pinguinhos POLÉMICA TERRITORIAL ENTRE PORTUGAL E ESPANHA VOLTA À BAILA CENTRAIS ENTREVISTA Rui Martins garante UMAC na Ilha da Montanha até ao segundo semestre ANGELA LEONG CRITICADA POR NÃO TER APARECIDO EM DEBATE NA TDM PÁGINAS 4 E 5

Hoje Macau 4 SET 2013 #2929

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2929 de 4 de Setembro de 2013.

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MELINDA CHAN QUER ENSINO DO PORTUGUÊS REFORÇADO

• CANÍDROMO

Meio século comemorado com muitos problemas

PÁGINA 7

• SAÚDE PÚBLICA

Casos de doenças de declaração obrigatória sobem

PÁGINA 6O recém-empossado, por mais cinco anos, vice--reitor da Universidade de Macau falou do pro-cesso de transição do estabelecimento de ensino superior da Taipa para a Ilha da Montanha e ga-rantiu que no segundo semestre deste ano lectivo tudo estará resolvido. Rui Martins assume como previsível o atraso de sete meses na entrega do

campus à UMAC e explica as especificidades e complexidades no novo espaço. Uma palavra também para a campanha eleitoral a decorrer:

“São tantas as listas que é difícil ver as diferen-ças.” PÁGINAS 2 E 3

PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

PUB

Ter para ler

ILHAS SELVAGENS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUARTA-FE IRA 4 DE SETEMBRO DE 2013 • ANO XI I • Nº 2929

Aos pinguinhos

POLÉMICA TERRITORIAL ENTRE PORTUGAL E ESPANHA VOLTA À BAILA CENTRAIS

ENTREVISTA Rui Martins garante UMAC na Ilhada Montanha até ao segundo semestre

ANGELA LEONG CRITICADA POR NÃO TER APARECIDOEM DEBATE NA TDM

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HOJE

MAC

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2 hoje macau quarta-feira 4.9.2013ENTREVISTA

RITA MARQUES [email protected]

A abraçar mais cinco anos à frente da UMAC como vice-reitor na área da investigação, Rui Mar-

tins mostra-se optimista com as perspectivas de funcionamento do novo campus na Ilha da Montanha, cujas instalações estão a ser dadas à universidade faseadamente até 2014. Sobretudo porque há em-presas que vão brotar das várias linhas de investigação, por meio de patentes, em microeletrónica e biomédica. Na área de biologia e medicina chinesa está em vista uma colaboração com uma empresa portuguesa. O apoio financeiro do Governo ainda está a ser negociado, mas deverá ser renovado para os próximos três anos, com um orça-mento acrescido. Sobre o ensino superior, o vice-reitor espera que a lei saia o quanto antes e acredita que Macau se poderá tornar competitivo no prazo de 20 anos

Um dos desafios neste novo man-dato é o novo campus. Quando é que vão funcionar as aulas em pleno na Ilha da Montanha?O primeiro semestre deste ano lectivo 2013/2014 vai começar com aulas no dia 16 de Setembro e essas aulas vão começar aqui neste campus [na Taipa]. Poderá haver uma ou outra aula lá no novo campus mas a maioria vão decorrer aqui, os laboratórios ainda aqui estão, por isso, o primeiro semestre ainda decorre aqui.

Mas haverá alguma faculdade em funcionamento no novo cam-pus no início do ano?Não estamos a falar de nenhuma fa-culdade em especial mas de algumas disciplinas em que não seja preciso laboratórios e que os professores achem que podem lá dar as aulas. Mas isso não está muito definido. O campus vai funcionar essencial-mente aqui. Um dos problemas que aqui temos é o alojamento dos alunos porque temos só um edifício e depois muitos alunos têm de viver em apartamentos à volta do campus. E aí é que conseguimos já que dois edifícios no novo campus fossem entregues à UMAC e cerca de mil a dois mil alunos vão mudar-se entre esta semana e a próxima para lá. Vão viver lá e vão comutar entre o novo campus e o velho para terem as aulas.

Quer dizer que não entrarão já em funcionamento os 12 colégios residenciais construídos no novo campus? Começámos aqui com o projecto-

ANO LECTIVO DA UMAC VAI ARRANCAR NA TAIPA MAS INSTALAÇÕES SERÃO ENTREGUES NO SEGUNDO SEMESTRE, GARANTE RUI MARTINS

“Campus colocado operacional de forma faseada no tempo”-piloto de dois colégios resi-denciais há dois anos, que vão continuar a funcionar para já neste campus. Não vão já estar os doze a funcionar. Quando forem muda-dos no segundo semestre ficam a funcionar quatro no novo campus e sucessivamente vão ser colocados nos restantes, vão sendo abertos de forma faseada ao longo de 2014.

A ideia é poderem viver em regime de “internato” com ex-pectativa de aumentar a taxa de sucesso dos alunos?Não é bem um esquema de “interna-to” que será mais a nível de liceus. Os alunos estão misturados dentro dos colégios e a ideia é interagirem entre eles, entre as diversas áreas. Por outro lado, têm lá restaurantes e têm os “masters of colleges”, num conceito um pouco americano, e outros “residencial fellows” que vão viver lá juntamente com os alunos. A ideia principal é que os alunos locais, que têm muitos trabalhos a tempo parcial para se auto-financiarem. Por isso, é tentar atrair os alunos ao máximo para o campus, tentar evitar essa comutação e como o campus é muito grande, permitir que haja mais trabalhos dentro de portas. Vão haver muitas funções devido à grande dimensão do novo campus e se os alunos precisarem terão muitas oportunidades de trabalho relaciona-das com a actividade da universidade.

Mas a transição para o novo campus será seguramente feita este ano lectivo?Vamos ao longo deste semestre continuar a aceitar edifícios através do Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) porque o campus agora está dividido em três partes. Uma parte é aberta, já há autocarros a ir deste campus para o outro (37U) mas vão haver mais a partir de Macau. Depois temos uma outra parte que circundam as zonas dos colégios residenciais, que já foi entregue pela empresa Nam Yue ao GDI, que entregou à UMAC. Depois há uma outra parte que ainda está sob a responsabilidade da empresa Nam Yue porque ainda estão a fazer alguns trabalhos de equipamento e esses edifícios ainda não foram en-tregues à UMAC. Agora, no primeiro semestre recebemos os diferentes edifícios para equipá-los porque estamos a receber as mobílias e todo o equipamento, e no fim de semestre vamos fazer mudanças daqui para lá. Está previsto começarmos o segundo semestre já todo lá no novo campus.

Este atraso do segundo semestre trouxe algum transtorno?Há algum tempo que andamos a

prever esta situação porque houve um certo atraso na construção e no túnel mas acho que são normais até porque estamos a falar de uma cida-de que se está a pôr completamente de pé. Daí o campus ter sido entre-gue a 20 de Julho em vez de a 20 de Dezembro e agora a ser colocado operacional de forma faseada no tempo. Isso é mais do que natural. Não vejo nada de surpreendente nisso, tendo em consideração a complexidade daquele projecto.

Não irá então afectar o decurso das aulas e os alunos?

Não porque o semestre vai fun-cionar aqui perfeitamente, sem problema nenhum. Os alunos eram alojados em apartamentos à volta da Taipa, alguns até em Macau, e agora estão mais concentrados num colégio residencial e têm transporte, portanto não prevejo que vá haver grande problema du-rante este primeiro semestre. Entre este e o próximo esperamos que a mudança seja feita ou, se houver algum atraso, durante o decorrer do segundo semestre. Mas dentro deste ano lectivo estará tudo resolvido.

Houve um acréscimo grande de alunos para este ano lectivo devido à dimensão e às novas faculdades criadas? O aumento de alunos não foi mui-to grande, acho que um pequeno acréscimo de cerca de 5%. No total, devemos ter mais de oito mil e foram admitidos cerca de 1300 estudantes.

O laboratório de microelectró-nica e de medicina chinesa, de Referência do Estado Chinês, vão ter finalmente as dimensões (3000 metros quadrados) exi-gidas. Que espaço de manobra é que isto dá para a indústria?

No novo campus vamos ter uma área chamada de “Open Research Base”, que tem quatro edifícios e 80 mil metros quadrados, o que em termos de tamanho é dez vezes superior ao centro de investigação que existe. Um é ligado à área de biologia e medicina chinesa, um para electrónica e tecnologias de informação, e outro para engenha-ria ambiental e energia. Há ainda um outro que ainda não está atri-buído mas é aí que poderão haver empresas “spin-off”, a surgir quer da actividade dos laboratórios de referência, quer de actividades ligadas à relação da universidade com a sociedade de Macau. No laboratório de electrónica vão estar instaladas quatro linhas de investigação, que neste momento, estavam dispersas.

Quais os projectos em curso? Há manobra para uma evolução? Já temos área para três mas há dois ou três projectos que estão a decorrer e temos algumas patentes que foram atribuídas nos Estados Unidos recentemente e que esta-mos a prever que possam surgir algumas dessas empresas à volta dessas patentes para comercializa-ção. A nossa especialização é num

[Acerca do campus da Taipa], o único feedback que temos é que o Governo só vai tomar a decisão sobre isso depois de a UMAC estar no novo campus. Não deixamos qualquer recomendação

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 4.9.2013

Parece-me que muitas delas [listas candidatas às eleições para a AL] defendem mais ou menos as mesmas coisas, o que é um bocado difícil para nós, e eu que sou português, ver as diferenças. Mas acho que é importante ver o pluralismo e propaganda que existe. Reflecte os diversos sectores da sociedade. Devo votar mas ainda tenho de estudar porque são tantas listas.

ANO LECTIVO DA UMAC VAI ARRANCAR NA TAIPA MAS INSTALAÇÕES SERÃO ENTREGUES NO SEGUNDO SEMESTRE, GARANTE RUI MARTINS

“Campus colocado operacional de forma faseada no tempo”projecto de chips, que no nosso laboratório, são desenvolvidos para equipamentos do dia-a-dia como telemóveis. E uma das áreas que trabalhamos é na lógica de conversores analógicos e digitais para tudo o que é telefone móvel que usa vídeo e áudio. Essa é uma das linhas de investigação e quatro das patentes são nessa área onde, a nível mundial, estamos muito bem classificados. Existem alguns acordos de cooperação com duas empresas - uma em Macau e outra em Shenzhen - para o desenvolvi-mento desses conversores.

Há então já uma aplicação co-mercial?Sim, andamos a aplicar alguns produtos em projectos de cola-boração com estas empresas mas poderá surgir também uma peque-na empresa ligada a isso dentro do campus. Temos outra linha de investigação na área de radiofre-quência ligada a telemóveis em que também surgiram várias patentes aptas a serem comercializadas. Existe uma colaboração com uma empresa de Hong Kong e podemos começar uma pequena empresa que envolve alunos que agora acabaram o mestrado e estão a pensar nisso. Podemos dar apoio para começarem.

Mas já há projectos apresentados à faculdade de criação dessas empresas?Não, os projectos estão a decorrer. Temos as patentes e agora com o espaço no novo campus é que podemos começar a explorar isso. Existe uma outra área de enge-nharia biomédica, em que há um projecto em que colaborámos com um instituto da Chinese Academy of Science no qual desenvolvemos um chip para manipulação de mi-crofluidos. Estamos a desenvolver um chip ainda mais avançado em colaboração com um laboratório de Estado chinês da Universidade de Sun-Yat Sen e aí a ideia é manipular fluidos orgânicos que podem ser aplicados para estudos e detecção de ADN. Nessa área poderá surgir uma pequenina empresa ligada ao projecto.

Quantas pessoas têm a trabalhar convosco?Os docentes da universidade, e alguns já treinados aqui, com mais alguns alunos de doutoramento devemos ter à volta de umas 60 pessoas. Mas creio que nos próxi-mos três anos a nossa ideia é chegar perto dos 100. Porque de alunos de doutoramento devemos ter uns 30. E temos, desde que foi criado

este laboratório, muita procura. Há muitos alunos que não aceitamos nas candidaturas porque são mais do que a gente tem capacidade para orientar mas há muito interesse da China e outros países da Ásia, nomeadamente, na Índia.

Quantas patentes já foram re-gistadas nos dois laboratórios?Temos cerca de sete ou oito com-pletamente aprovadas e mais umas cinco ou seis em fase de candi-

datura, isto nos Estados Unidos e a nível de electrónica. Mas em medicina chinesa temos várias patentes também na China e tam-bém estão a começar a ter várias patentes nos Estados Unidos com a possibilidade de cooperação com uma empresa portuguesa nesta área da Biologia e Medicina Chinesa. Ainda estão a haver negociações pelo que é melhor não adiantar o nome. Em décadas anteriores, havia muito interesse dos alunos locais seguirem esta área mas agora com a mudança da economia, os casinos são mais apelativos e há muita diversificação. Há mais candidatos oriundos da China.

Os laboratórios de microelectró-nica e medicina chinesa recebe-ram um apoio pelo Fundo para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FDCT) de 30 e 32 milhões de patacas, respectiva-mente, para três anos. O apoio acaba este ano. Como será daqui para a frente? Fizemos uma proposta para os pró-ximos três anos para ser financiado 50% pelo FDCT e a outra metade pela UMAC. Não lhe posso dizer qual o orçamento previsto mas vai haver um aumento importante relacionado com o que foi feito anteriormente. Mas ainda está em avaliação, ainda não foi decidido. A Universidade financia a parte de instalações e recursos huma-nos. O FDCT financia a parte de equipamento e fabricação de cir-cuitos integrados, fabricados em fundições na Europa e Taiwan, e

aquisição de produtos no caso da medicina chinesa. Cada chip pode custar à volta de 500 mil patacas e, no ano passado, por exemplo, fizemos cerca de doze. Este ano devemos ter uns quinze.

Do Governo Central não vem qualquer apoio?Financeiro não. Isto é um modelo interessante porque os laboratórios de Estado na China são cerca de 200 ou mais e têm apoio financeiro do

Governo, se bem que não é total, que depois os investigadores têm de se candidatar a projectos financiados pela National Science Foundation. Aqui em Macau é diferente, é também aprovado pelo ministério e peritos, a primeira avaliação vai ser feita agora em Novembro, mas o financiamento é todo feito por Macau através da FDCT.

A nível de últimas propostas curriculares, nomeadamente, a faculdade de ciências da saúde, que também terá laboratórios de ponta a funcionar? Poderá fazer face a uma procura de mercado de enfermeiros, por exemplo?Não de enfermeiros porque a área não é medicina. É mais ligada à biologia. E temos para começar dois centros. Um para estudos do cancro e outro para estudos de en-velhecimento. Há investigadores que estão a ser recrutados. Fora isso, há também um edifício para uma nova faculdade que será a Faculdade de Design, mas ainda não há nenhum programa estabe-lecido, e estamos a pensar que em 2014 iremos fazer a proposta dos programas para começar em 2015.

Quais as últimas conversações com o Governo sobre o antigo campus?Essa fase já não cabe à UMAC sobre o que irá aparecer aqui no futuro. Fizemos apenas um pedido ao Go-verno para termos um edifício para termos um pólo em Macau e fize-mos várias propostas e o Governo. A actual biblioteca vai servir para

esse centro de estudos de Macau porque é um edifício integrado e vai ser remodelado. Servirá aulas de cursos de pós-graduação, mes-trados, nocturnos ou para o centro de educação contínua. O que temos ouvido, é que continuará ligado à área de ensino superior e cultural. O único feedback que temos é que o Governo só vai tomar a decisão sobre isso depois de a UMAC estar no novo campus. Não deixamos qualquer recomendação.

Quais as expectativas com a nova lei do ensino superior, nomea-damente, a nível de avaliação e acreditação? O mais importante na lei de ensino superior é que ela saia porque a actual lei é de 1991 e, portanto, já vamos com 14 anos de RAEM e já se anda a falar que essa lei vai sair mas não sai. O mais importante é que haja lei para sabermos as linhas com que cosemos. Se irá aplicar a acreditação das instituições aca-démicas, a UMAC já no passado teve os programas certificados até 2011 - antes das reformas das licenciaturas - pelo Ministério da Educação em Portugal, que eram também reconhecidos na União Europeia. O de Direito e de Língua Portuguesa ainda não são reconhecidos em Portugal. Temos a decorrer uma acreditação para a Faculdade de Gestão de Empresas da AACSP, agência dos EUA, e uma em Hong Kong, HIE, com vista a certificação dos nossos pro-gramas também nos EUA. Temos experiências e, dependendo da lei, o que for preciso fazer, faremos.

O que falta para Macau ser re-conhecido internacionalmente através do ensino superior e de se tornar mais competitivo nesta área?Agora fala-se muito nos rankings e

Macau é um território muito peque-no e tem uma certa dificuldade de afirmação. As instituições de ensino superior também são jovens. A mu-dança para o novo campus dá-nos uma dimensão diferente. Em termos científicos, temos vindo a crescer muito significativamente nos últi-mos anos mas praticamente desde o zero. Há 21 anos, quando vim para cá, não havia nada. Acho que só daqui a dez a vinte anos é que po-deremos assumir alguma dimensão. Mas se considerarmos as universi-dades portuguesas, agora somos a 7.ª ou 8.ª comparativamente com Portugal. Dentro das universidades da Grande China, em milhares de universidades estamos entre o lugar 60 e 70. A nível mundial, entre 13 a 14 mil instituições, estamos nas mil universidades de topo. Portanto, a nossa evolução tem sido consistente ao longo do tempo mas vai levar-nos tempo a afirmarmo-nos dentro das melhores do mundo.

Qual a sua opinião sobre a actual campanha eleitoral: o que acha do facto de haver mais presenças no hemiciclo por via directa e indirecta? A meu ver é normal esta abertura mas acho que há muitas listas. Parece-me que muitas delas de-fendem mais ou menos as mesmas coisas, o que é um bocado difícil para nós, e eu que sou português, ver as diferenças. Mas acho que é importante ver o pluralismo e propaganda que existe. Reflecte os diversos sectores da sociedade. Devo votar mas ainda tenho de estudar porque são tantas listas.

Acredita na ideia de sufrágio universal (escolha de deputados e Chefe do Executivo) em Macau?Tem de se ver que Macau está in-tegrado na China, bem como Hong Kong, isso é uma coisa que ainda tem de ser discutida e analisada com calma. Não prevejo que possa acontecer muito rapidamente. Mas creio que ao longo do tempo haverá alguma abertura, primeiro eventu-almente em Hong Kong e Macau poderá seguir. Mas estabelecer um calendário é um bocado prematuro.

Muitas listas defendem algum proteccionismo de que os estu-dantes estrangeiros venham a integrar o mercado de trabalho, com medo de que venham a obter residência.O que acontece é que Macau está a evoluir muito rapidamente e o que se nota é que há muitas áreas em que há uma certa falta de pro-fissionais. Acho que poderá haver alguma abertura mas tem de ser regulada e em áreas específicas em que haja essa necessidade. Primeiro privilegiar os locais, que é já o que o Governo faz, mas haver uma certa abertura para permitir que as pessoas que foram aqui formadas tenham possibilidades de aqui trabalhar.

O mais importante na lei de ensino superior é que ela saia porque a actual lei é de 1991 e, portanto, já vamos com 14 anos de RAEM e já se anda a falar que essa lei vai sair mas não sai

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4 hoje macau quarta-feira 4.9.2013ELEIÇÕES2013

CECÍLIA L [email protected]

N A segunda-feira, no primeiro de-bate da TDM, tanto na rádio

como na televisão, sobre as eleições legislativas, com a presença de quatro deputados pela via directa, a ausência mais notada foi a de Angela Leong, número um da lista Nova União para Desenvol-vimento de Macau (NUDM). A lista fez-se representar pelo seu número quatro e cinco nos debates. Contudo, à noite, a número um da SJM participou num jantar com os seus empregados e, no dia anterior, também participou na final da Miss Hong Kong.

O número dois da lista de Jason Chao, Scott Chiang, questionou no próprio de-bate porque razão a taxa de participação da deputada na Assembleia Legislativa (AL) é a mais baixa e porque não

A GNES Lam, a número um da lista Observatório Cívi-co, e o número um da lista

União de Macau-Guangdong, Mak Soi Kun, querem um regulamento para os veículos a ser utilizados na campanha dos candidatos à Assem-bleia Legislativa (AL) e que, ulti-mamente, estão a passar nas ruas durante o dia. A Direcção para os Serviços da Protecção Ambiental (DSPA) afirmou ao jornal Ou Mun que, até segunda-feira, ainda não recebeu qualquer queixa sobre o barulho causado pelos automóveis, mas os candidatos não estão satis-

FAOM publicou carta aberta à CAEAL para defender-se

A Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM)

entregou uma carta aberta à Co-missão de Assuntos Eleitorais de Assembleia Legislativa (CAEAL), acusando a lista da Aliança da Democracia de Sociedade (ADS) de difamações quando estes apre-sentaram o seu programa político na rádio.

O caso começou quando a ADS afirmou que as clínicas da FAOM “não aceitavam os vales de saúde do Governo”. A FAOM veio defender-se dizendo que “todas as instalações que recebem um apoio prévio de financiamento do Governo não podem aceitar os vales”. Mas a ADS não aceita as justificações, e vai mais longe: “Aliás, a FAOM também é contra os cheques pecuniários que o Exe-cutivo dá aos residentes.”

A FAOM já desmentiu que essa seja a sua posição e refere que os candidatos da ADS “mancharam o bom nome” da associação. Lei Man Chao e Ng Sek Io, número um e dois, respectivamente, da lista 17, já vieram a público defender a sua associação e continuam a dizer que tudo o que afirmaram no seu tempo de antena “é verdade”. - C.L.

CANDIDATA PELA NOVA UNIÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MACAU NÃO PARTICIPOU NO FÓRUM DA TDM

Angela Leong no centro das atenções

MAK SOI KUN E AGNES LAM QUEREM REGRAS PARA OS CARROS DE CAMPANHA

DSPA sem queixas do barulho

MAK SOI KUN E O HINO DA ALEGRIAO carro da lista 8, do deputado Mak Soi Kun, é um dos mais populares nos últimos dias, porque a sua campanha é acompanhada com o conhecido Hino da Alegria. As letras das músicas são adaptadas em chinês, para servir a campanha do deputado.

feitos. “É muito mau que não haja uma regra para controlar o volume dos sons utilizados nas campanhas, porque influencia muito os resi-dentes que precisam de trabalhar à noite e dormem durante o dia”, atacou Mak Soi Kun.

O deputado apontou que a Co-missão para os Assuntos Eleitorais à AL deveria “fazer um guia mais claro, a fim de evitar” que o barulho permitido seja ultrapassado.

Agnes Lam juntou-se ao deputado e diz que, com mais

listas de candidatura, mais carros aparecem na rua. A deputada, que tem também carros, pede ao Governo para rever o controlo do volume dos veículos e altere o horário de circulação das dez da manhã às seis da tarde.

A DSPA assegura que, segun-do o regulamento da Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental e da Lei Eleitoral, ainda não há re-gras para controlar o volume dos carros de campanha, mantendo apenas o horário já instaurado, das onze da manhã às nove da noite. - C.L.

veio responder às questões pessoalmente. O número quatro da lista, Hetzer Siu, justificou as acusações com o facto de que Leong não é apenas deputada mas também empresária. “Considero que cada profissão tem as suas exigências, deve-se respeitar as actividades profissionais de cada um. Se o público pensa que a NUDM apenas está relacionada com o sector do jogo, a minha presença mostra que também damos atenção aos assuntos sociais”, expli-cou Hetzer Siu, presidente do Macau Special Olympics.

O número um da lista Associação de Activismo para a Democracia (AAPD), Lei Kin Ion, perguntou a Siu se a candidata também apoia o direito à negociação colectiva, o direito à greve e de união, uma vez que Angela Leong é uma líder de empresa do jogo. Hetzer respondeu que em Hong Kong o assunto também está a ser discutido, por isso,

Macau precisa de considerar se é ajustado e como fazer as leis com o devido tempo, frisou.

O número quatro de Angela Leong também foi questionado porque razão a empresária não lidera uma luta, na prática e não só na teoria, a favor da proibição total de fumo nos casinos. Siu respondeu que se a operadora da candidata não permitir que os clientes fumem, os jogado-res vão passar para os que per-mitem e os funcionários dos casinos vão sofrer mais com o fumo passivo. “Enquanto em-presa com responsabilidade social, se tiver uma perda dos clientes por causa de proibição total do fumo pode também isso resultar na diminuição de funcionários e de salários”, enfatizou Heter Siu.

Os debates na TDM continuam até sexta-feira, com quatros listas a partici-parem diariamente na rádio e na televisão, sempre pela ordem do número da lista.

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TEMPO DE DESCANSO PARA UNS, DE BARULHO PARA OUTROS

5 eleiçõeshoje macau quarta-feira 4.9.2013

CECÍLIA L [email protected]

E M dia de apresenta-ção do seu programa político, Melinda Chan soube cativar

bem a audiência chinesa. A grande mensagem passada ontem pela deputada e can-didata pela lista Aliança Pr’a Mudança, dá elevada atenção ao ensino do português. Chan, vai mais longe, e considera mesmo que nos últimos quatro anos Macau não desempe-nhou o seu papel como uma plataforma de cooperação económica com os países de língua portuguesa. “Falta agentes bilingues, e esta é uma das minhas apostas, vou esforçar-me para melhorar o espaço da língua portuguesa se for reeleita”, enfatizou, sem esquecer a luta por um

Invisuais queixam-se sobre processo de votaçãoA Associação de Promoção dos Deficientes Visuais de Macau (APDVM) testou um dos simuladores de voto no Centro de Actividades de São Domingos. O procedimento demorou menos de um minuto mas uma deficiente visual acusa o funcionário de não ajudar correctamente os deficientes a deslocarem-se até ao ponto de votação. Aliás, o trabalhador perguntou se a senhora queria, de facto, votar na lista definida para confirmar a sua vontade de votação, não conseguindo ter autonomia. Por isso, a deficiente espera que Hong Kong sirva de referência para o Governo da RAEM e que sejam colocados no boletim de voto orifícios nos quadrados de cada lista para facilitar o seu voto independentemente. A associação disse que agora Macau tem mais de mil deficientes visuais. A CAEAL tem vindo a ser acusada de não dar atenção aos direitos deste grupo.

Na Taipa, depois da hora de almoço é tempo de sesta para o condutor desta carrinha. Enquanto o

senhor dormia, a campanha de Agnes Lam repetia-se por uma hora.

MELINDA CHAN, CANDIDATA PELA ALIANÇA PR’A MUDANÇA, QUER O ENSINO DO PORTUGUÊS REFORÇADO

Língua de Camões abre portas ao futuro

Falta agentes bilingues, e esta é uma das minhas apostas, vou esforçar-me para melhorar o espaço da língua portuguesa se for reeleitaMELINDA CHAN

ensino do português comple-to. “O ensino superior está longe de ser satisfatório para a formação de bilingues e, no ensino primário e secun-dário, os alunos ainda não conseguem escolher uma língua estrangeira correcta porque não sabem se estu-

dar português vai ser útil no futuro. Contudo, neste caso, o Governo precisa de incentivar os pais a ajudar os alunos na escolha de um curso de língua estrangeira que beneficie o seu futuro.”

A deputada entende que o Governo precisa de dar direcções aos residentes de Macau sobre a importância de aprenderem a língua portuguesa para alcança-rem um futuro próspero. “O Governo da RAEM tem obrigação de incenti-var o ensino do português em Macau”, acrescentou. “Deve encorajar a aprendi-zagem do português junto dos pais e mostrar-lhes que há futuro para os alunos que estudam português. Depois do secundário são os próprios alunos que escolhem a disciplina e

quatro anos é insuficiente para se compreender uma outra língua.”

ASSISTENTES SOCIAIS E DEFICIENTES NO APOIOMelinda Chan entende que é preciso dar mais espaço no ensino superior à área de acção social. “Macau tem apenas 700 assistentes sociais, um número que é

É no reforço do ensino da língua portuguesa e do bilinguismo que Melinda Chan aposta para captar o eleitorado português. Mas no seu programa eleitoral, as atenções voltam-se para a necessidade de mais assistentes sociais e mais apoio para os portadores de deficiência e idosos

reduzido mas o ensino su-perior também não oferece mais vagas para quem queira aprender. É necessário haver mais cursos e mais vagas dos cursos correspondentes para adaptar o desenvolvi-mento social de Macau”, sublinhou Melinda Chan. É preciso, no seu entender, que o Governo crie um sistema de certificação nesta área,

apontando que a RAEM está sempre mais atrasado do que as regiões vizinhas.

Outras das áreas em foco na sua campanha é o ensino especial. A candidata tem vindo a dar atenção aos grupos vulneráveis e, nesse sentido, sublinhou que esta é uma questão presente nas Li-nhas das Acção Governativa (LAG) e à qual tem de se dar mais atenção. “Os deficientes não querem apenas obter dinheiro do Governo mas também formar-se e ter uma maior participação na socie-dade para demonstrar as suas capacidades”, ressalvou.

Na conferência de im-prensa, a deputada Melinda Chan foi questionada sobre a diferença nas suas pro-postas face às das restantes listas nas áreas de habitação, saúde, pensões, direito dos operários, industria criativa e cultural bem como a vio-lência doméstica. A candida-ta explica que já teve quatro anos para mostrar trabalho e pode ser reconhecida por isso. “Todos os eleitores têm as suas considerações sobre o que fazem os candidatos. Sou deputada a tempo inter-no, nos últimos anos realizei todas as promessas da minha anterior campanha. Se for reeleita, vou dar importância ao melhoramento dos servi-ços para idosos e aumentar a qualidade do serviço de saúde”, concluiu, dizendo--se confiante na eleição.

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6 hoje macau quarta-feira 4.9.2013SOCIEDADE

JOANA [email protected]

E M sete meses, os Serviços de Saúde (SS) já receberam quase três mil notificações sobre doenças de declara-

ção obrigatória pelos residentes de Macau. A culpa é principalmente da infecção por enterovírus que, de Janeiro a Julho, contabilizou sozinha 1406 casos.

Dados analisados pelo HM – e disponibilizados no site dos SS – mostram que os casos notificados têm aumentado face às médias dos últimos cinco anos. As doenças de declaração obrigatória já chegaram às 2853 até ao final de Julho, o que representa 36,7% do total das do-enças declaradas no ano passado.

DOENÇAS CASOS DE DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA ASCENDEM A 37% DO TOTAL DE 2012

Enterovírus bate o recorde nos registos

CORONAVÍRUS NÃO APARECE NA LISTAEste ano, a existência de diversas ocorrências de infecção por coronavírus veio obrigar o Executivo de Macau a rever a Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis. O Executivo relembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta mundial da ocorrência de casos de infecção respiratória severa que tiveram por agente causador um novo tipo de coronavírus, diferente do agente causador da epidemia ocorrida em 2003, no ano passado e recorda ainda que, desde aí até 31 de Maio houve um total de 50 casos. Todos com o mesmo tipo de infecção e o mesmo agente causador, em oito países diferentes. Cerca de 30 dos pacientes acabaram por morrer, o que indica uma taxa de mortalidade superior a 60%. O coronavírus foi, então, aditado à lista das doenças de declaração obrigatória, mas, na lista analisada pelo HM, não consta qualquer caso deste tipo de infecção.

D AVID Sisk, número dois da Sands Macau, despediu-se ontem do

seu cargo na operadora. De acordo com o Wall Street Journal e o blogue Las Vegas Nevada, “foi pedido a Sisk que se demitisse”, mas não se conhecem as razões. “David Sisk demitiu-se e não está mais com a empresa”, disse um porta-voz ao Wall Street Journal. O número dois não está sequer a viver nos apar-tamentos da empresa.

Antes de se juntar à Sands, Sisk era director-fi-

SANDS MACAU PERDE MAIS UM ALTO CARGO, QUE SE DIZ TER SIDO ACONSELHADO A SAIR

Cair que nem dominósnanceiro da Wynn Resorts e trabalhou também para a Caesars Entertainment. Em Agosto de 2010, em conjun-

to com Edward Tracy, Sisk foi contratado pela Sands China, após o despedimento polémico de Steve Jacobs.

terite pelo agente de Norwalk (30 casos) e intoxicações alimentares bacterianas (12 casos) foram as outras doenças declaradas pelos residentes de Macau aos SS.

O ano de 2012 foi alvo de uma subida em flecha de doenças como a gripe, infecções e a tuberculose, mas este ano parece apresentar mais casos de doenças como a sífilis congénita, as infecções por salmonelas e a tuberculose pulmo-nar, entre outras.

As doenças de declaração obrigatória – que têm de ser dadas a conhecer no prazo de 48 horas - permitem que as autoridades de saúde consigam aperceber-se do estado de saúde da população, implementado até medidas para travar novas infecções.

As doenças de declaração obrigatória em Macau - que devem ser comunicadas às autoridades de saúde dentro de um período não superior a 48 horas pela sua gravidade – ascendem a 2853 casos em sete meses. A infecção por enterovírus é a doença mais declarada

2.853foram as doenças de declaração

obrigatória comunicadas aos

Serviços de Saúde

outras cerca de 80. Nos últimos 25 anos, o território viu os casos de tuberculose ascenderem a uma média de 210 casos.

As infecções por enterovírus – que afectam o sistema nervoso

central, pâncreas e fígado -, e que chegaram aos 2042 casos no ano passado, estão já em 1406 casos em apenas sete meses. Nos últi-mos cinco anos, houve uma média de 812 casos desta doença.

Mas, a lista das doenças a decla-rar obrigatoriamente é longa. Nas estatísticas, encontram-se ainda reportados 117 casos de enterite por rotavírus, uma doença carac-terística por atacar especialmente bebés e crianças, provocando diarreias fortes. Os SS mostram ainda 39 casos de infecção por salmonelas – dez deles só em Julho. Em todo o ano de 2012, os casos reportados deste tipo de infecção ascendeu aos 57.

Sífilis congénita (35 casos), escarlatina (33 casos), gastroen-

OKADA PODE MESMO TER SUBORNADOAs autoridades filipinas asseguram ter testemunhas que poderão provar que Kazuo Okada subornou oficiais no país para conseguir obter uma licença de jogo. As alegações, que serviram de motivo para que Steve Wynn despedisse o nipónico da operadora, acrescentam agora o nome de Efraim Genuino, ex-director da Philippine Amusement and Gaming Corporation (PAGCOR), de acordo com a secretária para a justiça das Filipinas, Leila de Lima, citada pelo Manila Standard Today e reproduzido pela revista Macau Business.

A tuberculose pulmonar – característica por aparecer em locais com más condições de higiene ou ambientais – é uma das doenças de declaração obrigatória em Macau, a par de

Em sete meses, as doenças com mais incidências de casos – além do enterovírus – são a “in-fluenza” [gripe], que contou 611 situações. Os casos de tuberculo-se pulmonar, e à semelhança do ano passado, ultrapassam a média de casos desta doença nos últimos 25 anos. Segundo os dados dos SS, foram declarados 228 casos desta doença, 32 apenas em Julho, sendo este um número superior do que a média de 194 casos, registada nos últimos cinco anos.

O jornal, que cita uma fonte conhecedora do pro-cesso, especula que havia tensão entre Tracy e Sisk, já que ambos queriam ser director-executivo da ope-radora. Tracy foi nomeado para o cargo em Julho de 2011. “A empresa não faz comentários sobre o movi-mento de pessoal”, frisou um porta-voz da Sands China.

Esta é a segunda resigna-ção no espaço de uma semana. Hugh Fraser, que era vice--presidente de operações dos casinos em quatro proprieda-des da Sands em Macau, saiu da operadora para ir ocupar o cargo de director-geral de operações de jogo no The Star, em Sidney. Outros dois altos cargos abandonaram a operadora este ano. David Sisk

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TIAG

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CÂNT

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7 sociedadehoje macau quarta-feira 4.9.2013

No mês em que o Canídromo de Macau faz 50 anos de existência, as atenções estão mais viradas para a polémica com os galgos do que propriamente para a celebração

JOANA [email protected]

E M apenas sete dias, 95 galgos foram dados como feridos pelo Companhia Yat Yuen do Canídromo.

Dois morreram, sete foram perma-nentemente retirados das corridas. Os dados recolhidos pelo HM são apresentados no site da companhia e mostram ainda que, no mês em que o Canídromo celebra 50 anos de existência, 47 animais tiveram lesões – dois deles permanentes.

O encerramento do Canídromo tem sido um dos pedidos mais

CANÍDROMO SETEMBRO MARCA 50.º ANIVERSÁRIO DA YAT YUEN, MAS POLÉMICA COM GALGOS VOLTA

Pista já não é o que erafeitos, nos últimos anos, pelas asso-ciações de protecção aos animais. Os problemas? As más condições dadas aos animais, as mortes de galgos ainda jovens e a falta de uma política de adopção para os animais.

A Grey2K USA é uma das as-sociações internacionais que tem lutado contra a continuidade das corridas de galgos no território, a par da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais. Em comunicado, o ano passado, a organização dizia-se esperançada com as recentes estatísticas das corridas em Macau, cada vez mais baixas, e com a proximidade do ano 2015 – altura em que a licença do Canídromo expira – para ver a pista fechar portas.

MENOS DINHEIRO Ontem, o HM analisou os mais recentes números sobre as recei-tas da companhia. A Yat Yuen, a

operar no Fai Chi Kei, tem vindo a perder dinheiro desde 2010. Nesse ano, o Canídromo conseguiu 340 milhões de patacas em receitas, passando a acumular 297 milhões de patacas no ano seguinte e apenas 205 milhões em 2012. Este ano, em dois trimestres, a companhia conseguiu 91 milhões de patacas. O ano passado, a Companhia do Canídromo teve uma quebra de 31% nas receitas e os dados mostram ainda que a Yat Yuen está a perder apostadores no que às corridas de galgos diz respeito – o montante apostado em galgos tem vindo a descer desde 2010, de 1659 milhões de patacas para 985 milhões em 2012 e 437 milhões nos dois primeiros trimestres deste ano.

Enquanto a Grey2K analisa estes dados como uma prova de que a população “está a virar-se contra a pista”. Prova disso, pode ser por exemplo, as poucas dúzias de pessoas que assistem às corridas.

Por duas vezes, o HM esteve no Canídromo e viu poucos assisten-tes na bancada – entre 40 a 50 – e, ontem, o South China Morning Post citava que a multidão é cons-tituída por entre 50 a 60 pessoas durante toda a noite. “São, na sua maioria, turistas, facilmente iden-tificados pelos sacos de biscoitos e cosméticos”, frisa o jornal. “Um jovem casal de Guangzhou está lá porque a pista é famosa e, na região onde moram, não existe nenhuma.” Outros turistas, citados pelo jornal, e estes provenientes de Singapu-ra, dizem “não ter uma pista” na cidade-estado. “Provavelmente, não deixariam.”

NÚMEROS Os animais que correm na pista do Fai Chi Kei, segundo relatos, enfrentam a pena de morte caso percam cinco corridas seguidas. Segundo a imprensa chinesa, uma mulher que detém dez cães foi

obrigada a pagar para que eles se mantivessem vivos.

Em diversos artigos do HM já foi dado a conhecer que os cães sofrem graves fracturas nas pernas, rasgões musculares e infecções nas patas e cotovelos, entre ou-tros problemas, sendo que alguns sofrem mais do que uma lesão no espaço de dias.

A ANIMA já disse mais do que uma vez que a informação disponi-bilizada no site do Canídromo não é fidedigna. Anteriormente, uma in-formação considerada confidencial foi divulgada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), assegurando que cerca de 30 cães eram abatidos por mês. A companhia, que pertence à Socie-dade de Jogos de Macau (SJM), tem autorização para importar 360 animais por ano.

Com a celebração dos 50 anos da Yat Yuen, a polémica relaciona-da com os galgos não ficou de fora do seio das organizações pro-ani-mais. O HM tentou contactar o Ca-nídromo, mas, como é hábito, não foi possível. A intenção de fechar portas não tem sido manifestada pela SJM, sendo que a número um da empresa, Angela Leong, disse mesmo ao jornal Macau Business Daily que as infra-estruturas do Canídromo iriam ser melhoradas.

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8 hoje macau quarta-feira 4.9.2013CHINA

A China pediu que os EUA evitem uma acção mili-tar contra a Síria,

alegando que os norte-ame-ricanos devem esperar pela conclusão da investigação da Organização das Na-ções Unidas no país. Uma equipa da ONU estava na Síria numa operação para verificar o suposto uso de armas químicas na guerra civil local.

Segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hong Lei, o governo dos EUA tinha informado Pequim sobre a sua análise do ataque ocorrido no mês passado. Sem citar os EUA, Hong reiterou a oposição da China em relação à intervenção militar. “Estamos profun-damente preocupados que alguns países possam tomar acções militares de forma unilateral”, disse Hong aos jornalistas numa conferên-cia de imprensa. O porta-voz chinês disse que “a comu-

O director da Administra-ção e Supervisão das Empresas Estatais chi-

nesas (SASAC), Jiang Jiemin, foi afastado por suspeita de corrupção, anunciou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Jiang Jiemin foi afastado

Xi Jinping iniciouviagem oficial a quatro países da Ásia CentralO presidente chinês, Xi Jinping partiu ontem de Pequim para o início de uma viagem oficial que o levará a quatro países da Ásia central. O líder chinês irá visitar o Turquemenistão, Cazaquistão, Uzbequistão e Quirguistão, onde participará na 13.ª reunião do Conselho dos Chefes dos Países Membros da Organização de Cooperação de Xangai, em Bisqueque, capital do país. Xi irá ainda participar na 8.ª Cimeira de Líderes do G20 em São Petersburgo, na Rússia. Esta é a terceira vez que Xi Jinping visita o estrangeiro depois de tomar posse como presidente. Entre a comitiva que se desloca com o presidente chinês, encontra-se o membro do Politburo do Comité Central do Partido Comunista da China (CCPCCh), Wang Huning, o vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado, Wang Yang, o secretário do Secretariado do CCPCCh, Li Zhanshu, o conselheiro do Estado, Yang Jiechi e o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan.

“Apple da China” tem utilizadores duas vezes mais activos do que os rivaisA chinesa Xiaomi, empresa considerada a Apple do Oriente, tem utilizadores duas vezes mais activos, em matéria de download de aplicativos, do que os concorrentes como a Apple e o Google. Segundo o TechCrunch, que cita dados do Tech-Thoughts, os donos de smartphones da gigante asiática instalam novas apps a uma taxa duas vezes maior do que os proprietários de aparelhos com sistemas operacionais iOS e Android. Os dados, atribuídos à Sameer Singh, usam números disponibilizados pela Xiaomi, pela Apple e pelo Google sobre o número de downloads de aplicativos. A chinesa afirma que já chegou à marca de mil milhões de downloads na MIUI em pouco mais de um ano de operação da loja online de apps. A empresa diz ainda que tem em média cinco milhões de downloads por dia.

PEQUIM PEDE QUE EUA EVITEM ACÇÃO MILITAR NA SÍRIA

À espera de relatório da ONUnidade internacional deve respeitar os princípios da Carta das Nações Unidas”, deixando a entender que Pequim quer que qualquer retaliação obtenha antes a aprovação do Conselho de Segurança.

No Conselho de Segu-rança, a China está ao lado da Rússia, o defensor mais activo da Síria durante o conflito, no bloqueio de uma resposta que poderia derrubar o presidente sírio, Bashar Assad.

Hong disse que, antes de mais, a equipa de inves-tigação da ONU precisa de determinar se, de facto, as armas químicas foram usadas na Síria. “A comu-nidade internacional deve tomar medidas com base no resultado da investiga-ção, inclusive se as armas químicas foram usadas e quem as usou. Este deve ser o pré-requisito e o pres-suposto para a comunidade internacional tomar medidas no futuro”, disse Hong.

ALTO FUNCIONÁRIO AFASTADO POR SUSPEITA DE CORRUPÇÃO

A era da tolerância zerodaquele cargo por “suspeita de graves violações da disciplina”, disse a Xinhua citando o departa-mento de Organização do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC).

A SASAC, organismo de nível ministerial directamente

tutelado pelo executivo do gover-no chinês, controla mais de uma centena de grandes empresas estatais da China.

Jiang Jiemin é o primeiro membro do actual Comité Cen-tral do PCC afastado por suspeita de corrupção.

Notícias sobre uma investiga-ção a Jiang Jiemin começaram a circular no fim de semana, sendo apresentadas pela imprensa ofi-cial como “um exemplo da de-terminação da nova liderança do PCC no combate à corrupção”.

Quatro executivos de uma grande petrolífera estatal ante-riormente dirigida por Jiang Jie-min, a China National Petroleum Corporation (CNPC), foram entretanto afastados pelo mesmo motivo: “graves violações da disciplina”.

A actual liderança chinesa, encabeçada pelo novo secretário--geral do PCC e Presidente da República, Xi Jinping ascendeu ao poder em Novembro passado.

Desde então, um antigo mi-nistro dos caminhos-de-ferro, Liu Zhijun, foi condenado à morte com pena suspensa por dois anos e o ex-líder do PCC em Chongqing, Bo Xilai, foi julgado também por corrupção e abuso de poder.

A lista de quadros dirigentes suspeitos de “graves violações da disciplina” que estão a ser investigados inclui ainda um an-tigo vice-ministro da Comissão Estatal de Desenvolvimento e Reforma, Liu Tienan, e um ex-1.º secretário provincial do PCC, Li Chuncheng.

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9 chinahoje macau quarta-feira 4.9.2013

O sector industrial da China deu ontem si-nais de crescimento mais forte, enquanto

os fracos dados económicos re-gistados em vários outros países asiáticos põem em evidência o im-pacto da recente venda massiva de activos de mercados emergentes.

A saída de capital destes países, reflexo da expectativa dos investi-dores de que os juros nos Estados Unidos vão aumentar, tem afectado economias como a da Índia e da Indonésia, altamente dependentes de investimentos estrangeiros.

A China tem-se saído melhor, em grande parte, por causa das restrições aos fluxos de capital que têm protegido o yuan. “Não há dúvida alguma de que há uma dicotomia nos dados entre a China e as outras economias da Ásia”, diz Vishnu Varathan, economista do banco Mizuho Corporate.

O índice de gerentes de com-pras do banco britânico HSBC, divulgado esta segunda-feira, fechou Agosto com 50,1 pontos, comparado com 47,7 em Julho, novamente acima do nível de 50 pontos que separa a expansão da contracção. Os dados seguem o anúncio feito pelo governo chinês no domingo de que o seu índice oficial de gerente de compras atingiu em Agosto o nível mais alto em 16 meses, com 51 pontos.

Estes números, e uma série de dados que mostram um desem-penho melhor do que o esperado na economia chinesa em Julho, incluindo exportações, produção industrial e investimentos em activos fixos, estão a confundir os que esperavam que o crescimento do país abrandasse no segundo semestre.

O produto interno bruto da Chi-na cresceu a uma taxa anualizada de 7,6 % no primeiro semestre, o ritmo mais lento em anos, e alguns economistas estimam um desempenho ainda pior para o resto de 2013.

O índice HSBC de gerente de compras mostrou uma melhoria modesta nas mais diversas áreas, incluindo um maior número de encomendas e stocks mais baixos de produtos acabados, sinal de que as linhas de produção estão a voltar a operar próximas da sua capacidade máxima.

Mas o baixo volume de en-comendas para exportação foi decepcionante, numa altura em que parece que as economias da Europa e dos EUA podem final-mente estar a recuperar. “O sector industrial da China tem assistido a uma recuperação”, informou a Capital Economics, empresa de pesquisa de macroeconomia. “No entanto, a recuperação ainda parece ser alimentada pelo crédito e por investimentos, o que suscita dúvidas sobre quanto tempo é que vai durar.”

O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou esta se-

gunda-feira que as relações sino-russas estão a passar pelo melhor momento da história dos dois países. A declaração foi feita durante a cerimónia inau-gural do ano lectivo da

Universidade Nacional das Relações Internacionais de Moscovo.

Lavrov disse que a Rús-sia e a China mantêm uma boa relação política, com a expansão da cooperação comercial e económica. A China é o maior parcei-ro comercial da Rússia,

afirmou Lavrov. Os dois países ainda têm vindo a aprofundar o intercâmbio humanitário, realizando com sucesso as activida-des do “Ano Cultural” e “Ano das Línguas”, disse Lavrov, relembrando ainda que a Rússia convidou crianças chinesas da zona

afectada pelo terramoto para irem ao país rece-ber tratamento físico e psicológico. Esta acção demonstra a amizade entre os dois povos, sublinhou o chanceler russo.

Ainda segundo Sergei Lavrov, a Rússia e a China são forças essenciais na

salvaguarda das normas internacionais. Os dois países tomaram acções conjuntas em importantes questões globais, como a crise da Síria, de forma a dissolver as disputas internacionais e a defen-der a autoridade da ONU, concluiu o chanceler russo.

NUMA ÁSIA ENFRAQUECIDA, A INDÚSTRIA CHINESA CRESCE

Acima das expectativasJá os dados do resto da Ásia

foram fracos. A Indonésia regis-tou seu maior deficit comercial da história, ampliando o saldo negativo de 847 milhões de dó-lares norte-americanos em Junho para 2,31 mil milhões em Julho, valor muito superior à estimativa dos economistas, que era de 350 milhões.

Os mercados emergentes com grandes deficits comerciais —

como a Indonésia, Índia, Turquia e Brasil — têm ficado mais expostos durante a onda de fortes vendas de activos nos mercados emergentes, já que dependem de fluxos de capitais para a compra de acções e de títulos com que financiam esses deficits.

A economia da Indonésia tam-bém enfrenta ventos contrários. O crescimento económico do país caiu abaixo de 6%, o ritmo mais

lento em três anos. A inflação con-tinua a ser um problema devido à fraqueza da moeda, a rupia, que este ano se desvalorizou 13% em relação ao dólar o que forçou o banco central do país a elevar os juros em 0,5 pontos percentuais, para 7%.

Dados da inflação divulgados segunda-feira revelaram que os preços em Julho subiram 8,79% no ano e 1,12% desde Junho, o

ritmo mais rápido de crescimento em mais de quatro anos.

O índice de gerentes de compra do HSBC para a Índia caiu de 50,1 pontos em Julho para 48,5 pontos em Agosto, a primeira contracção desde Março de 2009. A Índia também enfrenta um enorme dese-quilíbrio comercial, desaceleração do crescimento e ameaça de subida da inflação, o que provocou uma grande desvalorização da sua moeda.

O economista do HSBC Leif Eskesen diz que o pior ainda está para vir na Índia, que cresceu 4,4% de Abril a Junho, o ritmo mais lento em quatro anos e meio. “Os números de Agosto foram cruéis”, disse.

RÚSSIA DIZ QUE RELAÇÕES COM A CHINA ESTÃO NO MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA

De mãos dadas pela salvaguardadas normas internacionais

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SELVAGENS, CRONOLOGIA DE UM CONFLITO

10 hoje macau quarta-feira 4.9.2013ILHAS SELVAGENS

JOANA [email protected]

U M documento en-viado de Espanha às Nações Unidas, a 5 de Julho deste ano,

reclamava oficialmente que as Ilhas Selvagens “são apenas rochas” e não poderiam entrar na delimitação de uma zona económica exclusiva de Por-tugal. Este gesto reacendeu um conflito que se arrasta desde 1911 e que, agora, tem estado novamente na boca do mundo.

Para Portugal não há dú-vidas: desde 1938 que as Sel-vagens estão sob a soberania portuguesa, o que surge após o governo espanhol ter pensa-do incorporar o arquipélago das Canárias nestas ilhas. Na altura, Portugal ripostou e, pelo bem das soluções amigáveis, Espanha ficou--se por ali. Foi a Comissão Permanente de Direito Ma-rítimo Internacional que, em

CONFLITO ENTRE PORTUGAL E ESPANHA VOLTA A AQUECER. TERRITÓRIO MARÍTIMO EM CAUSA

Ilhas para nós, rochas para eles

1911, SETEMBRO - Governo espanhol envia

uma nota ao governo português comunicando

que deliberara incorporar as Selvagens no

arquipélago das Canárias. A administração

portuguesa protestou e foi acordado não

praticar quaisquer actos que pudessem

comprometer uma solução amigável da questão.

1938 - A Comissão Permanente de Direito

Marítimo Internacional confirma a soberania

portuguesa das ilhas

1971 - O Estado português adquire o sub-

arquipélago ao banqueiro madeirense Rocha

Machado, instituindo, nesse mesmo ano, a

Reserva Natural das Ilhas Selvagens

1972 - No ano seguinte são apreendidas, nas

ilhas, duas embarcações de pesca espanhola

1975 - Aproveitando a turbulência política em

Portugal, espanhóis das Canárias desembarcam

na Selvagem Grande e hasteiam uma bandeira

espanhola, embora a título absolutamente

privado e sem qualquer apoio do governo

espanhol

1976 - É apreendida a embarcação espanhola

“Ecce Homo Divino” e, dois anos depois, são

apresados, também por pesca ilegal, outros

barcos de frota espanhola. São efectuados voos

por aviões espanhóis sobre a reserva natural

abaixo da altitude permitida

1991, SETEMBRO - Mário Soares é o primeiro

Presidente da Republica a visitar as Selvagens,

em missão de reafirmação da soberania

nacional, uma visita considerada “indesejada”

por Alberto João Jardim

1996 - Após alguns voos por caças da Força

Aérea Espanhola, um helicóptero Puma AS-330

simula uma aterragem na Selvagem Grande,

levando a queixas formais por parte do governo

português e pedidos de desculpa por parte da

Espanha.

1997 - Novos voos a baixa altitude de aviões

militares espanhóis têm como consequência a

chamada do embaixador espanhol ao Ministério

dos Negócios Estrangeiros português

Portugal mantém intactos os seus direitos sobre

estas ilhas, com a ratificação da Convenção das

Nações Unidas sobre Direito do Mar, pelo Governo

e Assembleia da República (AR). Nesta resolução

reafirma-se, para efeitos de delimitação do Mar

Territorial, da Plataforma Continental e da Zona

Económica Exclusiva, os direitos decorrentes da

legislação interna portuguesa no que respeita ao

território continental e aos arquipélagos e ilhas

que os integram.

2002 - As Selvagens aparecem “anexadas” às

ilhas Canárias, no sítio da Comissão Europeia.

Portugal apresenta protesto.

2003, ABRIL - O Presidente da República,

Jorge Sampaio confirma soberania portuguesa

com a sua presença nas selvagens

2005, JUNHO - Quatro barcos de pesca

espanhóis são detidos a 28 milhas náuticas ao

sul das ilhas. Poucos dias depois, na Selvagem

Grande, um biólogo e um dos guardas da

reserva são ameaçados com faca e arpões

por pescadores espanhóis. Uma unidade da

marinha Portuguesa é colocada na ilha, durante

um mês, para pôr fim à caça ilegal de espécies

protegidas.

2007, JUNHO - Uma pesquisa espanhola e

de resgate de avião sobrevoa as ilhas a baixa

altitude, levando o Ministério português do

Ambiente a pedir esclarecimentos ao seu

homólogo espanhol sobre o assunto.

2009, MAIO - O presidente da Assembleia da

Republica, Jaime Gama, visita as Selvagens,

acompanhado de deputados da comissão de

Defesa Nacional

2013, 5 DE JULHO - A Espanha envia carta

reclamando oficialmente à Nações Unidas que as

ilhas Selvagens são apenas “rochas”.

2013, 18 DE JULHO - Cavaco Silva visita

este extremo sul do território nacional,

tornando-se o primeiro Presidente da

República a pernoitar na mais antiga reserva

natural de Portugal.

1938, confirmou a soberania portuguesa das ilhas.

As Selvagens pertenciam a uma importante família madeirense, tendo sido de-pois doadas a João Cabral de Noronha e, posteriormente, vendidas à família do ban-queiro português Rocha Ma-chado. O Estado português adquiriu-as em 1971, depois de atentados contra a nature-za, como a caça furtiva dos cagarras (pássaros) e a pesca

ilegal. Nesse ano, é instituída a Reserva Natural das Ilhas Selvagens.

É aqui que começam os primeiros conflitos com Es-panha. Nos anos seguintes, embarcações de pesca espa-nholas são apreendidas nas ilhas, bandeiras espanholas são hasteadas no território português – ainda que a titulo individual – e são efectuados voos por aviões espanhóis sobre a reserva

Os portugueses não têm dúvidas: as Selvagens são ilhas e são nossas. Basta abrir o Facebook, os jornais lusos ou blogues na Internet para perceber que não há incertezas no que a isso diz respeito. Mas, se Espanha também não quer as ilhas, quais as razões, então, para que o conflito sobre as Selvagens tenha reacendido?

Em Julho, numa carta enviada às Nações Unidas, Espanha recusa totalmente que Portugal possa ter nas Selvagens uma Zona Económica Exclusiva. O documento revela que o governo de Mariano Rajoy “não aceita que as ilhas Selvagens venham a gerar, de alguma maneira, uma Zona Económica Exclusiva”, o que daria a Portugal a jurisdição sobre um perímetro de mar mais longo do que o actual

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11 ilhas selvagenshoje macau quarta-feira 4.9.2013

CONFLITO ENTRE PORTUGAL E ESPANHA VOLTA A AQUECER. TERRITÓRIO MARÍTIMO EM CAUSA

Ilhas para nós, rochas para eles

natural abaixo da altitude permitida.

CAVACO VAI À ILHASem mostrar realmente in-teresse nas ilhas, que chama inclusivamente de ‘rochedos’, Espanha está a dificultar a vida aos portugueses. O interesse luso em aumentar o território marítimo – das actuais 200 milhas para 350 milhas a partir da costa – é a pedra no sapato do governo espanhol.

Em Julho, numa carta enviada às Nações Unidas, Espanha recusa totalmente que Portugal possa ter nas Sel-vagens uma Zona Económica Exclusiva. O documento revela que o governo de Mariano Rajoy “não aceita que as ilhas Selvagens venham a gerar, de alguma maneira, uma Zona Económica Exclusiva”, o que daria a Portugal a jurisdição sobre um perímetro de mar mais longo do que o actual. Espanha aceita que a zona seja declarada “mar territorial”, apenas e só. Mas isso, alertam os espe-cialistas, obrigaria Portugal a diminuir a sua zona exclusiva das actuais 200 milhas para apenas 12 milhas.

A visita do presidente por-tuguês Aníbal Cavaco Silva às ilhas deixou muitas dúvidas no ar. O que faria um líder do Executivo português chegar a bordo de um barco de bor-racha, acariciar passarinhos e pernoitar – pela primeira vez – nas ilhas selvagens? E ainda, à semelhança dos antecessores Mário Soares e Jorge Sampaio, reiterar a

soberania portuguesa sobre as ilhas?

O mistério parece desven-dar-se agora, alguns meses depois. É que a carta espa-nhola foi enviada quase duas semanas antes de Cavaco Silva visitar as Selvagens. Espanha dizia “não aceitar que a ilhas Selvagens façam a gestão da Zona Económica Exclusiva” e rejeitava o facto de serem consideradas ilha. São, dizem ‘nuestros herma-nos’, “rochedos” apenas com direito a mar territorial.

Se o pedido de Portugal

fosse aceite, a jurisdição por-tuguesa total, de acordo com o Diário de Notícias, passaria dos actuais 370 quilómetros para 678 quilómetros. Ape-sar de a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar prever a possibilidade de Portugal e Espanha requererem a exten-são da sua fronteira marítima para lá das 200 milhas, o Governo espanhol coloca em causa a vontade de Portugal em relação à sua Zona Econó-mica Exclusiva em redor das Selvagens, tendo em conta o estatuto das ilhas. Estatuto

que, para Espanha, significa que as ilhas não são, portanto, mais do que “rochas”, o que implica uma diminuição sig-nificativa da Zona Económica Exclusiva de Portugal.

Para Rui Machete, minis-tro dos Negócios Estrangeiros português, a questão não passa de uma forma diferente de interpretar o que são, afinal, as Selvagens. “Não é de todo uma discussão bilateral entre os dois países, mas mais uma interpretação que cada um está a fazer”, diz, citado pelo Público.

No documento enviado às Nações Unidas, os espanhóis não colocam em causa a sobe-rania de Portugal em relação às ilhas, mas ao defenderem que as Selvagens eram rochas, limitavam Portugal a mar territorial, reduzindo assim, em muito, a Zona Económi-ca Exclusiva de Portugal e aumentando a de Espanha.

ESPECULAÇÕES A disputa sobre as ilhas Sel-vagens – apesar de não estar directamente ligada às ilhas, mas sim à expansão territorial marítima – tem levado a espe-culações da parte de bloguers espanhóis, analisados pelo HM. Num deles, por exemplo, é especulado o que estará por trás deste conflito: a explora-ção de petróleo ao longo da costa das Ilhas de Lanzarote e Fuerteventura, localizadas mais a norte do arquipélago das Canárias. “A prospecção destas jazidas de petróleo e gás natural, prevista para o segundo semestre de 2014, seria uma revolução para o

modelo energético espanhol, diminuindo a excessiva de-pendência energética em 10%, estimando 5,2 milhões de toneladas por ano de ma-téria prima, basicamente 140 mil barris diários durante 20 anos”, pode ler-se.

Os rumores de testes de ex-ploração de petróleo existem, bem como os de que existem vários barcos em expedições científicas no mar em redor das Selvagens. Mas, para os cidadãos portugueses – bas-tante activos nas redes sociais e internet sobre o assunto -, essa parece não ser a pre-ocupação principal. “Estas ilhas não são uma colónia, são sim território português e são uma importante reserva natural, onde nidificam várias espécies e subespécies endé-micas, com grande valor para nós enquanto portugueses que somos.”

Os portugueses não têm dúvidas: as Selvagens são ilhas e são nossas. Basta abrir o Facebook, os jornais lusos ou blogues na Internet para perceber que não há incertezas no que a isso diz respeito. Mas, se Espanha também não quer as ilhas, quais as razões, então, para que o conflito sobre as Selvagens tenha reacendido?

Em Julho, numa carta enviada às Nações Unidas, Espanha recusa totalmente que Portugal possa ter nas Selvagens uma Zona Económica Exclusiva. O documento revela que o governo de Mariano Rajoy “não aceita que as ilhas Selvagens venham a gerar, de alguma maneira, uma Zona Económica Exclusiva”, o que daria a Portugal a jurisdição sobre um perímetro de mar mais longo do que o actual

É especulado o que estará por trás deste conflito: a exploração de petróleo ao longo da costa das Ilhas de Lanzarote e Fuerteventura, localizadas mais a norte do arquipélago das Canárias

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12 hoje macau quarta-feira 4.9.2013VIDA

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M UITO antes de ser tornar po-pularizada pelo movimento ro-

mântico no século XIX, a tuberculose já era uma praga antiga. Hoje, apesar de todos os avanços na medicina, há determinadas estirpes da My-cobaterium tuberculosis que se tornaram resistentes a muitos antibióticos. Três artigos publicados ontem na Nature Genetics, onde se mapeiam as mutações genéticas que conferem resistência ao ba-cilo e onde se mostra que a progressão desta resistência se dá passo a passo, trazem novas ferramentas para uma luta mais eficaz. Uma quarta investigação, na mesma re-vista, coloca a origem desta doença há 70.000 anos, em África.

Anualmente, continuam a morrer entre um e dois milhões de pessoas com tuberculose. Esta doença costuma demorar seis meses a ser curada. As pessoas que apanham uma bactéria adaptada aos antibióticos podem só conseguir livrar--se dela ao fim de três anos e algumas tomam antibióticos até ao fim da vida.

Há estirpes com diferen-tes níveis de resistência. A tuberculose multi-resistente não reage aos dois principais antibióticos de primeira linha - isoniazida e rifam-picina -, mas é susceptível aos antibióticos de segunda linha, mais tóxicos e menos eficazes. A tuberculose extensivamente resistente, como é designada, além

TUBERCULOSE RESISTÊNCIAS DA BACTÉRIA AOS ANTIBIÓTICOS É UM NOVO CAPÍTULO DESTA HISTÓRIA

Uma relação com 70 mil anos longe do fim

daqueles dois, não reage a um dos três antibióticos de segunda linha.

A equipa liderada por Megan Murray, da Escola Médica de Harvard, em Boston, nos EUA, é res-ponsável por um dos dois artigos sobre as regiões dos genomas onde se dão adapta-ções aos antibióticos. Estes cientistas analisaram novas

mutações no ADN de mais de 120 estirpes da bactéria, provenientes de todo o mundo, e que têm diferentes tipos de resistência. A equipa descobriu alterações em 39 genes novos associados a uma elevada resistência aos fármacos. “Muitos destes genes estão ligados à re-gulação da parede celular das bactérias, já que muitas

classes de fármacos atacam essa parede. As mudanças desta estrutura ou alterações no seu metabolismo poderão conferir resistência a uma grande variedade de quími-cos”, sugere Maha Farhat, outra autora do artigo.

MUTAÇÕESNO TERCEIRO ESTUDOUm terceiro estudo observou a sequência de mutações sofridas pela Mycobaterium tuberculosis até se tornar resistente ao etambutol, outro antibiótico contra a tu-berculose. “O nosso estudo contradiz a crença comum de que as resistências aos fármacos são causadas por uma mutação num único passo”, escreve a equipa de David Alland, da Escola Médica de New Jersey, nos EUA.

“Nunca olhámos para o genoma total de tantas estirpes da bactéria da tuber-culose”, frisa o investigador Miguel Viveiros, especialis-ta em tuberculose do Insti-tuto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa. Para o cientista, esta é a grande

mais-valia destes trabalhos, que possibilitarão, no futuro, um diagnóstico mais acerta-do das estirpes de bactérias dos doentes de tuberculose. “Com uma análise genética, podemos estudar o bacilo [de um doente] e ver qual o seu perfil de resistência para aplicar o tratamento mais acertado, em vez de ser por tentativa e erro”, avança o

cientista, que não esteve envolvido nos estudos na Nature Genetics.

Apesar de os dados se-rem provisórios, os casos de tuberculose para 2012 em Portugal - 21,6 por 100.000 habitantes - aproximam-nos dos países com baixa preva-lência (abaixo dos 20 casos por 100.000 habitantes). Mas o combate duro que se enceta desde a década de 1980 contra esta doença ajudou ao aparecimento de formas resistentes.

Para Miguel Viveiros, esta nova vaga de resis-tências é o mais recente capítulo de uma história que agora se provou ser muito mais antiga, como conclui o quarto artigo, de Iñaki Comas, do Centro de Investigação de Saúde Pública em Valência, Es-panha. A equipa analisou a genética de 259 estirpes do bacilo, depois comparou---as com a história da espé-cie humana, e concluiu que o Homo sapiens transporta o bacilo há 70.000 anos, ainda antes da sua saída de África para se espalhar pelo planeta.

Ao longo do tempo, a bactéria adaptou-se quer a uma densidade popula-cional baixa, quer a um contexto de mais gente. “Grandes aglomerados humanos com poucas condições de higiene, má nutrição e mau arejamen-to” das casas são sempre uma receita para a bactéria se tornar mais letal, remata Miguel Viveiros.

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13 vidahoje macau quarta-feira 4.9.2013

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Concurso PúblicoPrestação de serviços de manutenção e reparação do sistema de protecção contra incêndio

das instalações desportivas afectas ao Instituto do DesportoNos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 26 de Agosto de 2013, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a prestação de serviços de manutenção e reparação do sistema de protecção contra incêndio das seguintes instalações desportivas afectas ao Instituto do Desporto durante o período de 1 de Novembro de 2013 a 31 de Outubro de 2015:

Localização Designação das instalações desportiva

Zona do Cotai

1 Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental de Macau2 Centro Internacional de Tiro3 Centro de Bowling4 Academia de Ténis5 Centro Náutico de Cheoc-Van6 Centro Náutico de Hác-Sá

Zona da Taipa

7 Centro Desportivo Olímpico8 Campo de futebol/atletismo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau9 Centro de Formação10 Centro Desportivo Olímpico - Piscina11 Piscinas do Carmo12 Centro de Medicina Desportiva

Zona de Macau

13 Pavilhão Polidesportivo Tap Seac14 Centro Náutico da Praia Grande15 Centro Desportivo da Vitória16 Centro Desportivo Tamagnini Barbosa17 Centro Desportivo do Colégio D. Bosco18 Centro Desportivo de Lin Fong

A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, s/n, Fórum de Macau, Bloco 1, 4.o andar, no horário de expediente, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, para consulta do processo do concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento da importância de $ 1 000,00 (mil) patacas.Os interessados deverão comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para tomar conhecimento dos eventuais esclarecimentos adicionais.O prazo para a apresentação das propostas termina às 12,00 horas do dia 25 de Setembro de 2013, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $ 60 000,00 (sessente mil) patacas. Caso o concorrente optar pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na RAEM e à ordem do Fundo de Desenvolvimento Desportivo ou efectuar um depósito em numerário ou em cheque na mesma quantia, na Divisão Administrativa e Financeira na sede do Instituto do Desporto.O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 26 de Setembro de 2013, pelas 9,30 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, s/n, Fórum de Macau, Bloco 1, 4.o andar.As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data do acto da sua abertura.Instituto do Desporto, aos 4 de Setembro de 2013. O Presidente substituto do Instituto, José Tavares.

É uma subversão: células que deviam proteger o corpo dos invasores acabam por ser usadas pelo parasita

da leishmaniose para manter a infecção num estado crónico no hospedeiro - em nós próprios ou nos cães, o principal reservatório do parasita. O papel de um tipo específico de células imunitárias - as dendríticas - na persistência da infecção da leishmaniose foi agora desvendado pela equipa de Ricardo Silvestre, do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto.

As células dendríticas estão na segunda linha das nossas de-fesas, entrando em acção quando as barreiras da imunidade inata são derrubadas pelos invasores. A descoberta destas células e do seu papel na chamada “imunidade adaptativa”, em 1973, valeram a Ralph Steinman (1943-2011), da Universidade Rockefeller, nos EUA, o Nobel da Medicina de 2011.

As células dendríticas dirigem-

LEISHMANIOSE CÉLULAS PROTECTORAS DO CORPO ACABAM POR SER USADAS PARA MANTER A INFECÇÃO

O parasita que nos torna cúmplices

-se até ao agressor, seja um vírus, uma bactéria, uma célula cancero-sa, para o engolir. Além disso, reco-lhem informações concretas, com base em substâncias presentes no agressor, e apresentam-nas a outras células imunitárias, os linfócitos

T, para que a reacção imunitária destes seja especificamente dirigi-da contra esse agressor. São assim capazes de “educar” os linfócitos T, que nunca entraram em contacto com um invasor, estimulando-os, para que o ataquem. Em suma, as

células dendríticas são peças es-senciais na construção da memória imunitária contra muitas substân-cias, permitindo uma resposta mais rápida da próxima vez que o mesmo microrganismo atacar.

Inúmeras investigações, in-cluindo ensaios em seres humanos, têm explorado essas capacidades, procurando terapias à base de célu-las dendríticas para várias doenças, como cancros. Ultimamente, em Portugal, as células dendríticas têm sido bastante faladas: surgiram vá-rios pedidos de doentes a quererem ir à Alemanha fazer tratamentos considerados ainda experimentais.

No caso da equipa de Ricardo

Silvestre, estudou-se, em ratinhos, a interacção entre o parasita da leishmaniose e as células dendrí-ticas. Estas células até não são as mais infectadas pelo parasita, diz o farmacêutico português que coor-denou o estudo - esse lugar cabe aos macrófagos, células imunitárias com a função de limpar o corpo de partículas e microrganismos estranhos, digerindo-os.

As primeiras referências de células dendríticas infectadas pe-los parasitas da leishmaniose (do género Leishmania) remontam ao final da década de 1980. Mas só no início do século XXI começou a dar-se atenção ao impacto destas células nesta doença.

Agora a equipa portuguesa identificou, entre as células den-dríticas, aquelas que impedem a destruição do parasita e mantêm a infecção em curso: são as den-dríticas maduras. “Se o parasita fosse facilmente eliminado ou se o hospedeiro morresse rapidamente, estaríamos perante um parasita suicida”, diz o cientista.

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14 hoje macau quarta-feira 4.9.2013CULTURA

U M missionário jesuíta português conhecido na an-tiga corte impe-

rial chinesa como músico, astrónomo, matemático e diplomata desempenhou papel importante nas nego-ciações do primeiro acordo fronteiriço entre a China e a Rússia, no final do século XVII.

O invulgar protagonis-mo do padre Tomás Pereira (1645-1708) no Tratado de Nerchinsk foi evocado na segunda-feira na capital chinesa pelo investigador Jin Guoping, numa homena-gem promovida pelo Centro Nacional de Cultura (CNC), a Embaixada de Portugal na China e o Planetário de Pequim.

Tomás Pereira e um padre francês, J.F. Ger-billon, foram escolhidos pelo imperador Kangxi para participarem nas referidas negociações e, segundo Jin Guoping, o missionário português “desempenhou bem o papel de intérprete--tradutor e de conselheiro de direito internacional”. “O que mais impressionou o imperador Kangxi foi o facto de as contendas sino-russas terem sido resolvidas com um tratado internacional”, enquanto antes “esta paz só se conseguia com a guer-ra”, afirmou o investigador chinês.

Kangxi, um dos mais importantes imperadores da última dinastia e que governou a China durante 61 anos, até 1722, consi-derava Tomás Pereira “um companheiro exímio” e “sempre leal”.

Nomeado mandarim, com um estatuto equiparado a vice-ministro, Tomás Pe-reira é também considerado

O realizador Vicente Alves do Ó e a actriz Dalila Carmo vão

marcar presença na inaugu-ração da PORTUGAL Film Week #9, uma iniciativa apoiada pelo Camões, IP, que a partir do próximo dia 7 de Setembro apresentará o cinema português ao público israelita, em Haifa, Telavive e Jerusalém.

Trata-se da 9ª edição da PORTUGAL Film Week, que se realiza desde 2004,

cujo objectivo é “propor-cionar ao público local uma exposição regular a uma grande variedade de obras do cinema contemporâneo, produzidas e realizadas em Portugal”, de acordo com a organização.

O evento concentra a atenção em algumas produ-toras independentes portu-guesas e respectivos filmes, assinados por alunos da Escola Superior de Teatro e Cinema. Assim, será exi-

bido “O Que Há de Novo no Amor” (2011), obra colectiva de seis jovens re-alizadores, que já passou por diversos festivais de cinema em Portugal e no estrangeiro.

O programa inclui tam-bém filmes dirigidos por rea-lizadores consagrados, como “E o Tempo Passa” (2011), de Alberto Seixas Santos, “Sangue do Meu Sangue” (2011), de João Canijo, “Este Lado da Ressurreição” (2011), de Joaquim Sapinho,

“Morrer como um Homem” (2009), de João Pedro Rodri-gues e “4 Copas” (2009), de Manuel Mozos.”

O realizador Vicente Alves do Ó e a actriz Dalila Carmo estarão presentes na inauguração da PORTUGAL Film Week #9 , em Haifa, no dia 7 de Setembro, para apresentar o filme “Florbela” (2012). As sessões inaugu-rais em Telavive e Jerusalém terão lugar a 8 e 9 de Setem-bro, respectivamente.

PADRE PORTUGUÊS IMPORTANTE NO PRIMEIRO TRATADO ENTRE CHINA E RÚSSIA

O leal companheiro de Kangxi

ISRAEL SEMANA DE CINEMA PORTUGUÊS EM HAIFA, TELAVIVE E JERUSALÉM

Independentes e consagrados

‘homem dos sete instrumen-tos’”, disse o diplomata.

Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Cen-tro Nacional de Cultura, qua-lificou Tomás Pereira como “um premonitório exemplo de cooperação cultural e científica”.

O director do Plane-tário de Pequim, Zhu Jin, chamou-lhe “um grande amigo português”. “Este evento reveste-se de im-portante significado para o aprofundamento da nossa amizade secular e da nossa futura cooperação”, afirmou Zhu Jin.

A homenagem a Tomás Pereira decorreu no antigo Observatório Astronómico de Pequim, situado na zona oriental da principal avenida da capital chinesa, e onde o padre português trabalhou até morrer.

Entre os participantes figuravam uma dezena de académicos chineses, o presidente do Centro de Es-tudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Por-tuguesa, Roberto Carneiro, e cerca de três dezenas de só-cios do CNC que iniciaram no domingo uma viagem de duas semanas à China intitulada “Os portugueses ao encontro da sua História”.

A viagem, que terminará em Macau, é conduzida pelo professor e escritor António Graça de Abreu, um dos raros portugueses que vi-veu em Pequim no final da década de 1970.

“o introdutor da música europeia na China”.

Aquele padre português “foi responsável pela cria-ção dos nomes chineses para os termos musicais do Ocidente, muitos dos quais usados ainda hoje” e “um exímio executor musical e construtor de instrumentos musicais”, disse Jin Guo-ping, destacando o órgão da Igreja católica do Sul (Nantang), em Pequim.

O embaixador de Portu-gal na China, Jorge Torres--Pereira, salientou que Tomás Pereira constitui “um caso invulgaríssimo de relacio-namento de um ocidental com o imperador da China” e “extremamente relevante no processo de reconheci-mento mútuo entre a cultura ocidental e a chinesa”.

Tomás Pereira é “uma figura fascinante, possui-dor de um largo espectro de talentos, um verdadeiro

Retrato do Imperador Kangxi

Escultura do padre Tomás Pereira

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15 culturahoje macau quarta-feira 4.9.2013

1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Ponte G. Nobre de

Carvalho.4. Objecto da Empreitada: Manutenção e Reparação da

Ponte G. Nobre de Carvalho.5. Prazo máximo de execução: 365 dias (Trezentos e

sessenta e cinco dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade

das propostas é de noventa dias, a contar da data do Acto Público do Concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.

7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. 8. Caução provisória: $540 000,00 (Quinhentas e

quarenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais.

9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).

10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como

concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 27 de Setembro de 2013 (sexta- feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público:Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de

D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau;Dia e hora: dia 30 de Setembro de 2013 (segunda-

feira), pelas 9:30 horas.Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público de abertura das propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Infra-estruturas da DSSOPT,

sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau;

Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)

Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $780,00 (setecentas e oitenta patacas).

15. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

16. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infra-estruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau, a partir de 12 de Setembro de 2013 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Macau, aos 30 de Agosto de 2013.

O Director dos ServiçosJaime Roberto Carion

1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Auto-Silo da ETAR, R/C4. Objecto da Empreitada: Construção do Centro de

Inspecção de Motociclo em Macau.5. Prazo máximo de execução: 180 dias (cento e oitenta

dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade

das propostas é de noventa dias, a contar da data do Acto Público do Concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.

7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços.8. Caução provisória: $230 000,00 (duzentas e trinta mil

patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais.

9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).

10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como

concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 26 de Setembro de 2013 (Quinta- feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público:Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau;

Dia e hora: dia 27 de Setembro de 2013 (Sexta-feira), pelas 9:30 horas.

Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público de abertura das propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Edificações Públicas da

DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, Macau;

Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)

Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $630,00 (seiscentas e trinta patacas).

15. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

16. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33,17º andar, Macau, a partir de 12 de Setembro de 2013 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Macau, aos 29 de Agosto de 2013.

O Director dos ServiçosJaime Roberto Carion

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA

“EMPREITADA DE MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DA PONTE G. NOBRE DE CARVALHO”

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA

“EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO DO CENTRO DE INSPECÇÃO DE MOTOCICLO EM MACAU”

O Instituto Internacional de Macau (IIM) apresenta nos próximos dias 9 e

10 de Setembro o II Encontro de Poetas Chineses e Lusófonos, que reúne algumas das figuras poéticas contemporâneas mais relevantes, de um e de outro país, assim como compositores literários de Macau, informa o comunicado de impren-sa do Instituto Internacional que organiza o evento em conjunto

com o Centro Nacional de Cultura de Portugal.

O itinerário deste ano pro-põe uma visita, para além dos lugares que a história impõe, às instituições de ensino que se associaram à oportunidade de divulgar os “cirurgiões das palavras”, acrescenta a nota de imprensa da organização. Serão assim privilegiados os contactos com a comunidade estudantil,

levando os convidados até aos palcos de diversas instituições de ensino superior em Macau.

O II Encontro de Poetas Chi-neses e Lusófonos conta ainda com a co-organização da Funda-ção Jorge Álvares e o Albergue da Santa Casa da Misericórdia e tem como coordenador, pela segunda vez, o poeta e Vice--Presidente do Instituto Cultural da RAEM, Yao Jingming. - J.C.M.

O jovem clarinetista Tiago Bento, de 21 anos, ganhou o “Young Artist Com-

petition”, em Assis, Itália. Para participar no concurso, o músico de Albergaria-a-Velha teve de pedir dinheiro emprestado ao presidente da associação onde dá aulas. O clarinete com que Tiago Bento ganhou o Young Artist Compe-tition - um concurso inserido no ClarinetFest 2013, organizado pela Associação Internacional de Clarinete, em Assis, Itália - não foi uma paixão assumida desde o início mas, agora, é inques-tionável.

Ao vencer o primeiro prémio do concurso, o jovem de 21 anos, residente em Busturenga, Ribeira de Fráguas, Albergaria-a-Velha, provou ser melhor do que 25 mú-sicos dos Estados Unidos, China, Espanha, Hungria e Bielorússia, interpretando o repertório com-posto por “Concertino”, de F. Busoni; “Sonata op. 128”, de M.

Castelnuovo-Tedesco; e “Three Studies for Clarinet Solo”, de K. Husa.

FORMOU-SE COM 20 VALORES“Já tinha ganho pequenos prémios em Portugal, mas o reconhecimen-to no estrangeiro foi diferente. Portugal tem muitos valores nesta área e este foi mais um passo im-portante para mim e para o país. Acho que me abriu portas para poder fazer carreira internacional a tocar clarinete”, diz, confiante. Em breve espera voltar a fazer as malas e conhecer a Venezuela, onde participará no Festival de Clarinetes.

Os louros que Tiago Bento agora colhe são fruto de muito suor. Em pequeno, depois de testar o clarinete do irmão mais velho, pediu um trompete para si. Mas os parcos recursos fi-nanceiros dos pais ditaram que aprendesse e usasse o mesmo instrumento do irmão.

IIM APRESENTA II ENCONTRO DE POETAS CHINESES E LUSÓFONOS

Lugar à comunidade estudantil

MÚSICO PORTUGUÊS GANHOU CONCURSO MUNDIAL COM DINHEIRO EMPRESTADO

Jovem clarinetista triunfa em Itália

Page 16: Hoje Macau 4 SET 2013 #2929

16 hoje macau quarta-feira 4.9.2013DESPORTO

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ESCOLA PORTUGUESA DE MACAUAVISO

Avisam-se os Pais e Encarregados de Educação dos alunos da Escola Portuguesa de Macau de que as aulas do ano lectivo 2013/2014 terão início no dia 9 do corrente mês com uma receção aos alunos.

• Das9:30horasàs13:00horas–1ºCiclo(1ºano).• Das9:00horasàs13:00horas–1ºCiclo(2º,3ºe4ºanos)• Das9:00horasàs11:00horas–2ºCicloe3ºCiclo(5ºao9ºanos).• 11:00horas–EnsinoSecundário(10º,11ºe12ºanos).

AvisoFaz-sepúblicoque,deharmoniacomodespachodoEx.moSenhorSecretárioparaaSegurança,

de26deAgostode2013,seachaabertooconcursocomum,deingressoexterno,deprestaçãode provas, para o preenchimento de três lugares de técnico de 2.ª classe, 1.° escalão, áreaadministrativaefinanceira,doquadrodepessoaldosServiçosdePolíciaUnitários(SPU).Paramaisinformações,queiraconsultarorespectivoavisopublicadonoBoletim Oficial da

RegiãoAdministrativaEspecialdeMacaun.º36,IISérie,de04deSetembrode2013,tambémdisponível no sítio www.spu.gov.mo,oudirigir-seaoDepartamentodeGestãodeRecursosdosSPU,sitonaAvenidadaPraiaGrande,n.os730a804,Edf.ChinaPlaza,16.ºandar,duranteashorasnormaisdeserviço.ServiçosdePolíciaUnitários,aos29deAgostode2013.

CoordenadordoGabinetedoComandante-geralChioUMan

MARCO [email protected]

A S cores da Regi- ão Administra-tiva Especial de Macau vão estar

pela primeira vez repre-sentadas a título oficial no Campeonato do Mundo de Sub-20. A prova realiza-se entre 6 e 12 de Outubro em Cartagena, na Colômbia e pauta a estreia da maior parte das jovens esperanças do hóquei patinado do território em grandes competições internacionais.

Bruno Pereira é uma excepção. O jovem hoquis-ta esteve com a formação sénior de Macau no último mundial B da modalidade, disputado no Uruguai e acredita que a selecção júnior do território pode assinar uma surpresa nos ringues colombianos. “Não digo que vamos ganhar o Campeonato porque na prova participam equipas como Portugal e Espanha, que são fortíssimas. Vamos participar mais para ganhar experiência”, assume o jovem internacional do território.

“Ainda assim, acredito que temos possibilidades de ficar em segundo ou ter-ceiro do grupo se tivermos a sorte de integrar um grupo equilibrado. Se ficarmos em segundo acho que passamos e se conseguirmos ficar em segundo no grupo acho que será já uma razão de grande orgulho”, sustenta Bruno Pereira.

A antiga estrela da NBA Dennis Rod-man disse hoje aos

jornalistas no aeroporto da capital chinesa que ia des-locar-se a Pyongyang para ver o seu “amigo”, o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Rodman recusou-se a comentar se iria procurar regressar da Coreia do Norte com um cidadão norte-ame-ricano detido nesse país.

O norte-americano de ascendência coreana Ken-neth Bae, de 44 anos, está detido na Coreia do Norte desde Novembro e Rodman disse na semana passada que poderia procurar conseguir a sua libertação. “Vou ape-nas encontrar-me com o meu amigo Kim para iniciar uma nova liga de basquete-bol, estou só a tentar manter a comunicação”, declarou hoje Rodman aos jornalistas no aeroporto de Pequim ao sublinhar que “não [lhe] foi prometido nada” sobre Bae.

Numa visita que reali-zou há seis meses a Pyon-gyang, Rodman declarou-se como “amigo para a vida” do líder norte-coreano.

HÓQUEI EM PATINS MACAU DISPUTA MUNDIAL DE SUB-20 EM OUTUBRO

Na Colômbia, com ambição

ANTIGA ESTRELA DA NBA DENNIS RODMAN VOLTA À COREIA DO NORTE

Visita de amigosKim Jong-un é alega-

damente um grande fã de basquetebol e dos Chicago Bulls, equipa com a qual Rodman venceu três títu-los da NBA com Michael Jordan nos anos 90.

Bae, um operador tu-rístico, foi detido em Novembro do ano pas-sado ao chegar à cidade norte-coreana de Rason por alegadamente tentar entrar na Coreia do Norte com material religioso e foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados no início deste ano ao ser acusado de tentar derrubar o regime.

Em Maio, Rodman afirmou, em declarações ao portal de notícias sobre celebridades TMZ, que tentaria ir à Coreia do Norte para procurar libertar este homem.

O portal de notícias NK News, sedeado em Washington, reportou que Bae foi detido por procurar utilizar a sua empresa de viagens para levar mis-sionários cristãos para a Coreia do Norte.

Depois de ter estado inicialmente prevista para a cidade alemã de Iserlohn, a sexta edição do Campeo-nato do Mundo de Sub-20 deverá ser disputada por pelo menos dezasseis for-mações. Entre os eventuais adversários de Macau na competição poderão estar selecções como Portugal, Espanha, a Argentina, Itá-lia, França ou Angola. A falta de experiência ao mais alto nível poderá ser um obstáculo para os jovens do território e os responsáveis pelo fomento da modali-

dade na RAEM acreditam que a participação na prova deverá servir sobretudo para aprender.

Com ou sem brilharete, as novas coqueluches do hóquei em patins de Macau serão sempre bem recebi-das, garante Hélder Ricar-do, pentacampeão asiático com a camisola da selecção do Lótus. “Vamos ficar a tor-cer por um brilharete, mas sobretudo acredito que eles vão dignificar a camisola, dar o máximo. Tendo em conta o que têm feito nos treinos, é isso que esperá-

mos deles. Os que ficam por cá vão esperar que corra tudo bem. Se ganharem um jogo, será óptimo. Se não ganharem, estaremos cá para os receber à mesma”, garante o prolífico avançado dos campeões asiáticos.

A participação de uma selecção de Sub-20 de Ma-cau no Mundial da categoria poderá não garantir às cores do território uma prestação brilhante a curto prazo, mas deverá constituir um pri-meiro passo desassombrado para que a renovação no seio da principal selecção de hó-quei em patins do território seja assegurada. O seleccio-nador de Macau, Alberto Lisboa, acredita que muitos dos jovens jogadores que vão estar presentes em Cartagena têm qualidade para lutar, já nos próximos anos, por um lugar no seio do grupo de trabalho da se-lecção principal. “É lógico que estes miúdos vão já no próximo ano bater o pé aos jogadores de Macau que já têm muitos Mundiais e muitos Asiáticos nas pernas. O objectivo é mesmo esse: preparar estes miúdos para que isso aconteça”, revela Alberto Lisboa.

A cidade colombiana de Cartagena das Índias acolhe a estreia oficial de Macau no Campeonato do Mundo de Sub-20, mas as cores do território já tinham estado presentes de forma oficiosa num mundial júnior, numa prova também organizada pela Federação de Patina-gem da Colômbia.

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SALA 2 THE CONJURING [C]Um filme de: James WanCom: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston, Lili Taylor14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3THE INTERNSHIP [B]Um filme de: Roland EmmerichCom: Channing Tatum, Jamie Foxx, Maggie Gyllenhaal, Jason Clarke14.30, 16.45, 19.15, 21.30

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Campanha Eleitoral para a Assembleia Legislativa13:40 Telejornal + 360º (Diferido)14:40 RTPi DIRECTO18:40 Caminho das Índias (Repetição) 19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 Campanha Eleitoral para a Assembleia Legislativa21:20 Memória Chinesa22:00 Caminho das Índias22:30 Retrospectivas22:40 Retrospectivas 23:00 TDM News23:30 Resumo Liga dos Campeões23:45 A Guerra00:45 Telejornal (Repetição)01:15 RTPi DIRECTO

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Biosfera15:00 Portugal Tal & Qual15:30 Conversas do Triângulo16:00 Bom Dia Portugal17:00 Recantos17:15 Verão Cá Dentro18:15 O Teu Olhar (Telenovela)19:00 O Canto A Vozes20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:00 Alta Pressão22:30 Verão Total

30 - FOX Sports13:00 Liga Bbva 2013/14 Real Sociedad vs. Atletico de Madrid14:30 Liga Bbva 2013/14 Sevilla FC vs. Malaga CF16:00 Reebok Crossfit Games 201317:00 Vachery Festival Triathlon17:30 Deutsche Bank Championship18:30 Dutch Eredivisie 2013/14 Highlights19:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 The Football Review 2012-201320:30 Liga Bbva 2013/14 Highlights21:00 Deutsche Bank Championship22:00 FOX SPORTS Central22:30 The Football Review 2012-201323:00 Liga Bbva 2013/14 Highlights23:30 Dutch Eredivisie 2013/14 Highlights

31 - STAR Sports13:00 The Football Review 2012-201313:30 Golf Focus 201314:00 Sydney Darts Masters 201316:00 Max Power 201317:00 The Football Review 2012-201317:30 Golf Focus 201318:00 Liga Bbva 2013/14 Real Madrid CF vs. Athletic Club de Bilbao19:30 Achilles Formula Drift Malaysia 201321:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Mobil 1 The Grid 201322:30 FIM Mx1 & Mx2 World Championship 2013 - Highlights Grand Prix of Great Britain23:00 Muaythai Warriors

40 - FOX Movies13:00 The Avengers15:25 Brave17:00 Bait18:35 The Three Stooges20:10 True Justice21:00 Salt22:40 Wreck-It Ralph00:20 The Chronicles Of Riddick

41 - HBO13:00 Honey, I Shrunk The Kids14:30 Snake Eyes16:10 The Swan Princess Iii And The Mystery Of The Enchanted Treasure17:25 Scooby-Doo18:50 The Matrix Reloaded21:00 Savages23:10 Gossip00:45 Hunted

42 - Cinemax11:45 Midway14:00 Seeking Justice16:00 Lost Command18:15 The Finest Hour20:00 John Carpenter’S Ghosts Of Mars22:00 Mad Max Beyond Thunderdome23:45 John Carpenter Presents Vampires

THE CONJURING

Não sei se é por ser um sítio pequeno ou por vivermos em competição permanente, mas Macau é intenso. Torna as pessoas mais amargas e mais conflituosas, fazendo com que o coração esteja sempre no lugar errado: a boca. As palavras saem sem análise e sempre de forma crítica, independentemente de existir, ou não, uma razão para as proferir. Eu, que sou gato, sinto isso diariamente. Como uma espada constantemente desembainhada, lá vem a torrente de insultos, a maioria das vezes sem nexo ou sentido, sem estarem polidos pela inteligência e pela lógica. Eu percebo, é complicado para alguns perceber que nunca existiriam, se seguíssemos Descartes. Mas pensem comigo: as piadas são feitas para rir, mesmo que algumas sejam muito más. As notícias são feitas para informar, mesmo que não concordem com algumas. Nem todos os portugueses são feios e gordos e nem todos os chineses se comportam de forma incivilizada. Nem sempre os apontares de dedo servem para gozar, humilhar, denegrir ou atingir o que quer seja. Às vezes servem apenas para nos divertir-mos. Mas, por aqui, as críticas são a arma mais fácil, mais gratuita e mais à mão. Com a tecnologia, mais anónima. Com o amargo que alguns sentem, o que mais depressa vem à cabeça. Nem todas as críticas são más. Mas são tipo pipocas... quando são demais, enjoam. Quando não sabem a nada, não se comem. Macau não é um sítio fácil, mas acreditem que torná-lo feio com constantes armas apontadas à cabeça de tudo e de todos não vai resultar em nada de bom. Infelizmente, Macau também habitua-nos à comodidade, aos facilitismos. E, por aqui, a crítica está sempre presente na boca do povo. Porque é mais fácil.

M A C A U [ S Ã ] A S S A D OÉ PÁ, ALGUÉM BEBEU MUITA GASOLINA Foto: Facebook

• Socorrb, isto é um omergencia. Por favor chamem os bchbeoress através do telefdne. Ora aí está um léxico que não se entende. Quer dizer, quem domina o português entende, quanto mais não seja no contexto da coisa. Seja como for, fica a noção que alguém andou a beber gasosa a mais...

ANA MOURA • Para Além da SaudadeNeste trabalho, os fados tradicionais convivem com outros em formato canção e é nas letras que a fadista nos reserva algumas (boas) surpresas, como no tema “E Viemos Nasci-dos do Mar” que conta com um poema de Fausto; Amélia Muge que lhe escreveu “O Fado da Procura”; ou na sua escolha de um poema de Fernando Pessoa em “Vaga, no Azul Amplo Solta”, do qual sai o título do disco. Este últi-mo tema foi musicado pelo lendário músico espanhol Patxi Andión, cantando-o também, em dueto e em castelhano, com Ana. Destaque ainda para a participação de Tim Ries, o saxofonista dos Rolling Stones, que compôs a música de “Velho Anjo” e toca saxofone no tema “A Sós Com a Noite”.

CRISTINA BRANCO • Live Gravado no maravilhoso teatro de Leiden (Leische Shou-wburg Theater), na Holanda, o programa deste concerto mistura algum repertório mais recente (Navio Triste, Sete Pedaços de Vento...) com fados mais clássicos como os celebérrimos “Ai Maria”, “Barco Negro” ou “Maria Lis-boa”. A lembrança de Amália é constante nestas canções porventura míticas, o que não acontece por acaso: quando Cristina era adolescente e estudante, amante do jazz e da bossa nova, o fado foi-lhe revelado no dia em que o avô lhe ofereceu um disco de Amália. E foi Amália que afinal deu a volta ao destino de uma jovem que se destinava então a ser jornalista.

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18 hoje macau quarta-feira 4.9.2013OPINIÃO

Alberto CAstroin Jornal de Notícias

A partir do momento em que o diploma sobre a denomina-da requalificação dos fun-cionários públicos suscitou reticências a um cuidadoso presidente da República, o seu destino estava traçado.

Para um Governo que considera a Constituição e, sobretudo, a leitura que

dela faz a maioria dos juízes do Tribunal Constitucional (TC) um obstáculo à reforma do Estado, a proposta que apresentou foi incompetente e mal fundamentada. Começa por faltar o enquadramento que lhe daria sentido, a tal reforma do Estado, anunciada ainda os partidos do poder eram oposição, e que o tempo vem confirmando se limita a alguns ajustamentos pontuais e sectoriais e a cortes, mais ou menos cegos, e despedi-mentos mal justificados. Se PSD e CDS não querem eternizar a guerrilha com o TC, a única forma de o “entalar” seria através de um quadro de fundo, lógico e coerente, que desse sentido estratégico às suas iniciativas. Mais não seja pelos impostos que vão pa-gando, quase todos já perceberam que, para o nosso nível de desenvolvimento, os custos decorrentes da actuação do Estado, tal como está configurado, são demasiados. Vai ser precisa uma cura de emagrecimento que o adeqúe à fase actual e uma reconfiguração que lhe dê flexibilidade para se ir ajustando às novas etapas que forem percorridas e metas que sejam alcançadas. Ora, do somatório das medidas que têm vindo a ser tomadas e/ou anunciadas, não resulta um edifício com esses atributos. Se os cortes o desarticularem e esvaírem dos mais competentes, tornando--o disfuncional e inútil, o Estado será pior: com menos custos e ainda menos benefícios.

Na ausência deste pano de fundo, cada proposta deve, por maioria de razão, ser rigo-rosa no seu articulado e fundamentação. Não era o caso, alertou o presidente, subsistindo ambiguidades que poderiam dar azo a arbi-trariedades no processo de despedimentos. A não ser que o Governo esperasse que os juízes de turno fossem, maioritariamente, sensíveis à sua iniciativa - como só são precisos quatro, o que é ridículo, até nisso terão sido incompetentes - o diploma tinha tudo para ser chumbado. Poiares Maduro terá razão: a interpretação da Constituição deve ser contextualizada. É um tema interessante para um debate académico. No jogo político em que decidiu entrar, revelou-se demasiado ingénuo, imaturo. Comparem-se as suas declarações com as de Marcelo Rebelo de Sousa e vê-se bem a diferença. Por que é que esta gente não se aconselha, ao menos, com os seus?

A não se encontrar uma alternativa que permita a poupança prevista, a reforma do IRC arrisca-se a ser uma vítima colateral deste chumbo, o que é mau. No imediato, as

O Estado tem o poder discricionário de lançar impostos, o que, em certa medida, o liberta da restrição de limitar a despesa à receita. Esse poder tem limites práticos, mais não seja o confisco. E tem, ou deve ter, um limite moral: não foi instituído para alimentar e manter uma classe imune às contingências que se abatem sobre o resto da sociedade, incluindo os funcionários públicos com contrato individual de trabalho. E nada disso tem a ver com as tais conquistas civilizacionais, bem pelo contrário

Sem remédio

medidas sugeridas em sede de IRC implicam uma perda de receitas não despicienda. Se já numa situação normal seria necessário convencer a troika de que a bondade dos efeitos a médio prazo justificava alguma derrogação dos objectivos, essa diligência complica-se muito quando misturada com incumprimentos de outras metas propostas.

Por mais voltas que se lhe dê, a nossa Constituição configura um modelo de eco-nomia e sociedade à vista do qual até os modelos ditos neoliberais parecem realis-tas. Não é politicamente correcto dizê-lo, mas é assim. Uma revisão constitucional que salvaguarde aquilo que são conquistas civilizacionais, mas não as confunda com a estatização da sociedade, nem tome desejos por realidades, seria um enorme avanço. O

Estado tem o poder discricionário de lançar impostos, o que, em certa medida, o liberta da restrição de limitar a despesa à receita. Esse poder tem limites práticos, mais não seja o confisco. E tem, ou deve ter, um limite moral: não foi instituído para alimentar e manter uma classe imune às contingências que se abatem sobre o resto da sociedade, incluindo os funcionários públicos com con-trato individual de trabalho. E nada disso tem a ver com as tais conquistas civilizacionais, bem pelo contrário.

No meio disto tudo, qual a posição do PS? Embalado no oportunismo eleitoralista, diz-nos que, quando for poder, fará o con-trário do que PSD/CDS têm vindo a fazer. Como se fosse possível! Não estranha que a reputação dos políticos seja a que é.

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Page 19: Hoje Macau 4 SET 2013 #2929

19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

Retrato dum falhado: o melhor do mundo.

disse-me um passarinho...

hoje macau quarta-feira 4.9.2013

N ÃO somos todos os não nados em Macau que po-demos votar, é certo. Mas muitos de nós somos resi-dentes permanentes e isso cria-nos responsabilidade, não apenas regalias. Em causa está a afirmação do nosso estatuto de cidadãos de Macau e essa é uma

actividade diária mas quando chegam as eleições torna-se ainda mais evidente.

Apenas o facto de existir a figura do resi-dente permanente que nos permite participar na actividade politica e social de Macau de corpo inteiro é por si só uma benesse que não deve ser menosprezada. Uma regalia que deve ser valorizada e assumida especial-mente por nós da comunidade portuguesa.

Participar nestas eleições, independen-temente de sermos candidatos ou apenas eleitores, é mais do que um dever é uma obrigação. Todos sabemos que a comunidade portuguesa tem aumentado bastante nos últimos anos em Macau, muito por via da crise que o nosso pais atravessa mas tam-bém porque Macau nos tem sabido acolher. Ademais, existe uma responsabilidade extra relacionada com a nossa presença secular no território. É certo que muitos se queixam de tratamento desigual, é certo que muita coisa não é perfeita por aqui mas também... onde é? Em Portugal? No Paraguai?... Para além da nossa presença histórica em Macau, e para a necessidade que todos nós temos que as coisas corram o melhor possível por aqui, existem pelo menos dois outros factores que não devem ser olvidados nesta altura: por um lado o facto de Macau ter sido a primeira democracia parlamentar da Ásia e isso não é um facto de somenos, por outro o caso de estarmos na República Popular da China um país que tem dado passos largos e seguros no sentido da modernidade e da integração plena na comunidade internacional, um país que sempre tem sido nosso amigo e que, com certeza, estará a olhar com atenção para o processo eleitoral em Macau, e em Hong Kong naturalmente. Não será por isso descabido dizer que tanto nós como os vizinhos do lado somos bancos de ensaio para umas futuras eleições na República.

Os candidatos são uns fantoches, dir-se--á, e até consigo concordar na maioria dos

chá muito verde义來 FERNANDO ELOY

Os candidatos são uns fantoches, dir-se-á, e até consigo concordar na maioria dos casos. Mas nem todos, e há sempre o voto em branco, também ele uma afirmação de cidadania. Para além de tudo isto, existe outro factor para o qual julgo muitos serem sensíveis, ou seja, o de muitos terem filhos nascidos no território sendo para os quais Macau, e a China, muito mais casa do que Portugal. A maioria deles está, ou esteve, a aprender chinês na escola e muitos são os que acabam a secundária e pensam fixar-se por estes lados e aqui criarem as suas famílias. Se mais não houvesse essa é uma responsabilidade que nós, os que podemos votar, não devemos alienar

Eu voto

casos. Mas nem todos, e há sempre o voto em branco, também ele uma afirmação de cidadania. Para além de tudo isto, existe outro factor para o qual julgo muitos serem sensíveis, ou seja, o de muitos terem filhos nascidos no território sendo para os quais Macau, e a China, muito mais casa do que Portugal. A maioria deles está, ou esteve, a aprender chinês na escola e muitos são os

que acabam a secundária e pensam fixar--se por estes lados e aqui criarem as suas famílias. Se mais não houvesse essa é uma responsabilidade que nós, os que podemos votar, não devemos alienar.

A assembleia legislativa terá tanto mais força e capacidade quanto mais formos aqueles que participarmos no processo eleitoral. Não vale a pena queixarmo-nos se nos recusarmos

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a participar. Não participar é recusar o estatu-to de cidadania que ostentamos e pelo qual devemos lutar quando falamos de igualdade de oportunidades, de tratamento, quando nos preocupamos com a manutenção e a vivacidade da língua portuguesa como idioma oficial da Região Administrativa Especial de Macau. Na realidade, temos um estatuto especial e devemos honrá-lo. Por tudo isto eu vou votar.

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SJM RELATIVIZA AMEAÇA À LIDERANÇA DA QUOTA DE MERCADO

É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma

hoje macau quarta-feira 4.9.2013

Portugal destacado como paraíso fiscal para reformados«Portugal, a Florida da Europa»: é este o nome do artigo publicado ontem pelo jornal belga «Le Soir», que destaca o território português como um paraíso fiscal para reformados estrangeiros. A reportagem tem destaque na primeira página: «Portugal, paraíso dos reformados». O diário belga sublinha as vantagens fiscais criadas por Lisboa para atrair os pensionistas estrangeiros do sector privado, afirmando que estes beneficiam também das quebras no sector imobiliário no país. «Um casal de reformados alemães instalado em Portugal gasta facilmente entre 1.500 e 2.000 euros por mês, o que compensa a falta de receitas para o fisco português», afirmou o vice-presidente da Associação dos Proprietários Estrangeiros em Portugal, Erwin Mohr, residente em Portimão. «No Algarve, é possível conseguir um crédito de 120.000 euros a uma taxa de 1,5 por cento por duas assoalhadas a 100 metros da praia e que pode ser arrendado para gerar receitas», disse o agente imobiliário da Formula Prime.

Jacob Zuma diz que Mandela mostra progressosO presidente sul-africano Jacob Zuma congratulou-se com o regresso a casa de Nelson Mandela, no passado domingo, depois de quase três meses internado num hospital de Pretória. «O facto de ele ter deixado o hospital mostra que há progressos», afirmou Zuma em conversa com os jornalistas, mas o chefe de estado continua a afirmar que o líder histórico continua em «estado crítico, mas estável.»

Filipinas Balançode naufrágio apontapara 108 mortosAs autoridades filipinas elevaram para 108 o número de mortos na sequência do naufrágio de um ferry a 16 de Agosto junto à costa de Cebu, na região central do arquipélago, informou a imprensa local. O ferry, com 754 passageiros e 118 tripulantes a bordo, colidiu com um cargueiro junto à costa de Cebu, tendo depois naufragado. Há ainda 29 desaparecidos da embarcação que está submersa a 30 metros de profundidade, segundo o diário «The Inquirer». No total foram resgatadas com vida 738 pessoas.

Detectados mísseisno MediterrâneoA Rússia disse ter detectado na manhã de ontem o movimento de dois mísseis no Mar Mediterrâneo. Numa altura em que a situação na Síria está quente, pairou no ar que poderia ser já um ataque a Damasco, mas Israel reclamou entretanto a autoria de um teste. O ministro da Defesa israelita confirmou ao final da manhã que o exército realizou um exercício com mísseis no mar. Mais cedo, o Ministério da Defesa da Rússia informara que os seus radares tinham detectado o lançamento de dois «objectos balísticos», no Mediterrâneo, em direcção à região oriental, precisamente onde se encontra a Síria. O lançamento dos objectos foi detectado às 10h16 horas locais pelos radares situados no litoral russo do Mar Negro: «A trajectória de voo destes objectos balísticos partiu do Mediterrâneo central em direcção à parte oriental do litoral», confirmou um porta-voz do ministério.

Maduro já tem conta em português no TwitterO presidente venezuelano revelou que abriu contas em várias línguas no Twitter, incluindo português, para que as suas mensagens sejam reveladas noutros idiomas além do castelhano. «Os meus `tweets´ estão agora disponíveis em inglês, francês, português e árabe, para dizer ao mundo a verdade da pátria de Bolívar e Chávez», líderes políticos venezuelanos, disse Nicolás Maduro, numa mensagem escrita na língua de Camões. Eis «as contas: @maduro_en, @maduro_fr, @maduro_pt, @maduro_ar. E, em breve, estarão também disponíveis em chinês e russo», anunciou o chefe de Estado.

Nokia vendeunidade de telemóveis à MicrosoftA Microsoft vai adquirir a unidade de telemóveis da Nokia por 5,44 mil milhões de euros, numa operação que foi anunciada pelos finlandeses. A empresa, que foi número um mundial de telemóveis, vai concentrar a sua actividade em redes e serviços.

Portugal e Macau reforçam cooperação bilateral em Lisboa no final do mês

O presidente executivo da Sociedade de Jo-gos de Macau (SJM),

fundada pelo magnata Stanley Ho, relativizou ontem o facto de a Sands China, do norte--americano Sheldon Adelson, estar a ameaçar a sua liderança na quota de mercado.

Em declarações aos jorna-listas à margem do 2.º Fórum Internacional para as Energias Limpas (IFCE, na sigla em in-glês), Ambrose So disse que a SJM não olha a quota de mercado como um indicador chave, apesar de reconhecer que a insuficiência de quartos de hotel tem tido influ-ência no seu mercado de massas.

Os casinos de Macau fecha-ram o mês de Agosto com as receitas brutas a subirem 17,6% em termos anuais para 30.737 milhões de patacas sendo que, de acordo com dados compilados pela agência Lusa, as empresas de Stanley Ho e de Sheldon Adelson estavam separadas apenas por pouco mais de um ponto percentual.

Agosto foi o segundo melhor mês de sempre dos casinos de Macau, a seguir a Março, mês em que se registaram receitas

brutas recorde de 31.336 milhões de patacas, mas o ‘bolo’ das re-ceitas encontra-se cada vez mais partilhado e a luta pela liderança cada vez mais acesa entre a SJM e a Sands China.

Apesar de a SJM continuar a liderar com cerca de 24% de quota de mercado, conta apenas com um pouco mais de que um

ponto percentual de vantagem em relação à Sands China, que detém uma fatia acima dos 22,5%. No terceiro lugar, longe dos dois primeiros, figura a Ga-laxy, ligada a interesses de Hong Kong, com uma quota de cerca de 17%. “Claro que tentamos desenvolver, ao mesmo tempo, o nosso mercado de massas e o VIP [segmento de grandes apostas]. Mas, neste momento, estamos li-mitados pelo facto de não termos quartos de hotel suficientes para prestar serviços complementares aos nossos clientes”, afirmou Ambrose So.

Apesar de admitir ser “um pouco difícil” nesta fase fazer crescer o mercado de massas, o presidente executivo da SJM recordou que a empresa prepara--se para entrar no Cotai - zona de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane -, pelo que espera que, dentro de dois a três anos, a SJM seja capaz de competir melhor nesse segmento. “Este é um dos factores que leva ao cres-cimento do mercado de massas: todos sabem que o mercado VIP é movido pelo crédito e que o de massas depende da oferta de quartos”, rematou. - Lusa

Portugal e Macau vão reforçar a cooperação através de vários protocolos a serem assinados no âmbito da reunião da Comissão Mista, a realizar no final do mês, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte oficial. Vários protocolos e/ou memorandos de entendimento vão ser celebrados entre as partes, designadamente nas áreas da educação e ensino superior, ambiente e cooperação ao nível do consumidor, indicou a mesma fonte, adiantando que a delegação de Macau vai ser chefiada pelo chefe de gabinete do chefe do executivo e porta-voz do Governo, Alexis Tam. A primeira reunião da Comissão Mista Portugal/Região Administrativa Especial de Macau - constituída no âmbito do “Acordo-

Quadro de Cooperação entre Portugal e Macau”, assinado em 2001, - decorreu no território, em Abril de 2011, realizando-se no seguimento da visita do chefe do executivo de Macau, Chui Sai On, a Portugal, em Junho de 2010. Em Setembro de 2012, as delegações de Macau e de Portugal voltaram a encontrar-se, desta feita, na capital portuguesa, para uma reunião intercalar da Comissão Mista a qual visou precisamente preparar a reunião formal - a segunda - que decorre agora no final do mês. Portugal e Macau acordaram em realizar uma reunião da Comissão Mista de dois em dois anos e instituíram reuniões intercalares anuais para a avaliação da execução dos projectos de cooperação. - Lusa

cartoonpor Stephff

JOVEM CONDENADA EM DELI

Ambrose So