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ZHOU YONGKANG PERDIGÃO PERDEU A PENA CHINA PÁGINA 10 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 9 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3230 hojemacau CHUI SAI ON E SECRETÁRIOS DEFINEM EQUIPAS Chau Wai Kuong dirige PJ. Vasco Fong nos Dados Pessoais. Lau Sio Io no Centro de Ciência. Cheong U na Fundação Macau. E outras novidades. PUB PÁGINA 4 Aos seus lugares h Pessoa, a tradução e o mundo OUTONO EM PEQUIM O melhor de Macau JOGO Magnatas dos casinos querem mais diversificação PÁGINAS 2-3 PÁGINA 7 Maria João Belchior entrevista em Lisboa Richard Zenith, o escritor e tradutor que mais tem contribuído para a divulgação de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos no mundo anglófono. RICHARD ZENITH

Hoje Macau 9 DEZ 2014 #3230

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Hoje Macau N.º3230 de 9 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 9 DEZ 2014 #3230

ZHOU YONGKANG

PERDIGÃOPERDEUA PENA

CHINA PÁGINA 10

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 9 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 0

hojemacauCHUI SAI ON E SECRETÁRIOS DEFINEM EQUIPAS

Chau Wai Kuong dirige PJ. Vasco Fong nos Dados Pessoais. Lau Sio Io no Centro de Ciência. Cheong U na Fundação Macau.

E outras novidades.

PUB

PÁGINA 4

Aos seus lugaresh

Pessoa,a traduçãoe o mundo

OUTONO EM PEQUIMO melhor de Macau

JOGO Magnatas dos casinos querem mais diversificação

PÁGINAS 2-3

PÁGINA 7

Maria João Belchior entrevista em Lisboa Richard Zenith, o escritor e tradutorque mais tem contribuído para a divulgação de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos no mundo anglófono.

RICHARD ZENITH

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2 hoje macau terça-feira 9.12.2014OUTONOEMPEQUIM

EXPOSIÇÃO NA CAPITAL PARA MOSTRAR 15 ANOS DE UM “DESENVOLVIMENTO MUITO BEM SUCEDIDO”

UMA “MARAVILHA” CHAMADA MACAU

LEONOR SÁ MACHADOEM [email protected]

F OI no mais antigo salão de convenções e exposições de Pequim que se realizou a mostra de fotografia, instala-

ções e esculturas de comemoração dos 15 anos da transferência de soberania do território. A mostra, in-titulada “União de Esforços em Prol da Prosperidade”, estará patente no Centro de Exposições de Pequim até 28 de Dezembro, enchendo dois pavilhões de grande dimen-são. Custou cerca de 6,5 milhões de patacas aos cofres do Governo e tem como objectivo mostrar à mãe-pátria o desenvolvimento de Macau ao longo destes 15 anos.

No evento, estiveram presentes vários altos dirigentes do Governo

Dirigentes, deputados e empresários juntaram-se em Pequim para celebrar o que consideram ser um desenvolvimento muito bem sucedido do território. A confiança nos novos cargos do Governo foi um dos pontos que não pôde ficar de fora das conversas

de Macau, nomeadamente o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e os actuais e novos indigitados Se-cretários, bem como várias figuras públicas e do mundo empresarial do território, como Pansy Ho, Lawrence Ho, Ambrose So ou António José Freitas.

“Em primeiro lugar, devo realçar o ambiente aqui sentido. Acho que qualquer pessoa que aqui entra sente um sabor português e macaense e acho que a exposição está muito bem feita”, disse o deputado da Assembleia Legisla-tiva da RAEM, Gabriel Tong, aos jornalistas.

Também alguns dos voluntários presentes na mostra são residentes da RAEM a estudar na capital chi-nesa. A exposição conta com 2,5 quilómetros de extensão e o centro de exposições onde se encontra foi

construído em 1952, sendo a sua ar-quitectura claramente influenciada pela cultura soviética e onde cabem 12 diferentes salas de exposições.

Além de várias fotografias ilustrativas de momentos festivos de Macau – como as corridas dos barcos dragão –, encontram-se também expostas películas da zona dos casinos do Cotai e dos Rolling Stones, de formar a mostrar que também um território pequeno como a RAEM recebe grandes nomes da música internacional.

A directora-executiva do grupo MGM, Pansy Ho, disse mesmo que a exposição ilustra o “desen-volvimento muito bem sucedido” que o território teve nos últimos 15 anos, nomeadamente na área da economia. “Acho que a exposição é uma óptima forma de mostrar ao resto do país a maneira como as

políticas da China nos ajudaram e como Macau conseguiu crescer”, apontou a representante do MGM.

O QUE SERÁ, SERÁÉ com altas expectativas que as figuras presentes em Pequim vêem os cinco nomes apontados para Secretários da RAEM. Numa exposição que fala precisamente da governação chinesa durante 15 anos no território, os nomes dos novos cargos, que deverão tomar posse a 20 de Dezembro, são algo que não podem ficar de fora de uma conversa.

Pansy Ho é uma das pessoas com confiança nos nomes da próxima equipa governativa. “Os desafios são os mesmos de sempre, até porque a economia global está ainda a recuperar. Nestes 15 anos, Macau teve um crescimento tre-

Chui,o artistaQUANDO UMA cidade se expõe é natural que deseje mostrar o que tem de melhor, de singular, de mais avançado e relevante. Neste aspecto Macau não é excepção e a exposição que celebrou os 15 anos da RAEM em Pequim é um bom exemplo disso.A mensagem que se pretende passar é certamente edificante, politicamente correcta e optimista. Nem podia ser de outra maneira: os próprios destinatários da exposição, leia-se as autoridades e o povo de Pequim, gostam de ter orgulho no sucesso desta região especial.E assim, naturalmente, lá temos uma cidade que se não é ideal anda perto. Um local onde o crescimento económico bateu recordes atrás de recordes, onde o dinheiro fluiu abundantemente, a harmonia reina e os anjos cantam juntamente com os que atingiram o nirvana. Quando o residente de Macau se confronta com esta idealidade, ao contrário de outros, não se desfaz em riso ou se revolta contra a distância à realidade que ele quotidianamente experimenta. Não. O residente de Macau é dotado de um elevado nível de esperança e credulidade.E por isso acredita nestas imagens que o Governo passa para fora, acredita que vão mesmo tornar-se realidade e a cidade caminha na direcção certa, na via de um desenvolvimento equilibrado e de um acréscimo gigante da qualidade de vida.Estas exposições são, afinal, a visão nunca explanada de Chui Sai On. O nosso Chefe é uma espécie de artista que divulga a sua concepção do mundo e da cidade através de obras de arte e (porque não?) das performances que são as suas aparições públicas. Até hoje, o nosso dirigente máximo tem-se abstido de indicar o que pretende para Macau mas uma leitura mais detalhada e atenta destas produções governamentais mostrará que lhes subjaz uma intrincada e complexa visão do futuro.E, é claro, com a vantagem que toda a produção artística disfruta: prestar-se a leituras subjectivas e ser uma plataforma inquestionável de liberdade. Em Macau, a imaginação pode não estar no poder mas só através dela poderemos interpretá-lo.

édi toCARLOS MORAIS JOSÉ

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GCS

3 outono em pequimhoje macau terça-feira 9.12.2014

CECÍLIA L [email protected]

O Chefe do Executivo Chui Sai On deu uma entrevista ao jornal chinês Diário do Povo, onde admite que a sua capacidade é limitada

e que o resultado prático dos trabalhos dos últimos anos pertence “ao país e aos residentes de Macau”. Chui Sai On afirma ainda que “não conseguiu re-solver alguns assuntos de forma prática” durante os últimos cinco anos, mas promete que vai fazer melhor para “resolver as dificuldades do futuro”.

Questionado sobre como avalia o seu trabalho durante o seu primeiro mandato enquanto Chefe do Executivo de Macau e qual é seu o maior su-cesso e maior falha, Chui Sai On não respondeu directamente.

Contudo, o líder do Governo falou sobre o ba-lanço do desenvolvimento de Macau nos últimos 15 anos, frisando que Macau, “logo no primeiro ano da transição”, consegui parar a queda da economia

REGRESSO À SOBERANIA CHINESA PERMITIU “ESTABILIDADE CÉLERE”

Parabéns ao filho pródigo

EXPOSIÇÃO NA CAPITAL PARA MOSTRAR 15 ANOS DE UM “DESENVOLVIMENTO MUITO BEM SUCEDIDO”

UMA “MARAVILHA” CHAMADA MACAUCHUI SAI ON CONFESSA EM ENTREVISTA AO DIÁRIO DO POVO

“Não consegui resolver alguns assuntos”

O Chefe do Executivo afir-mou ontem em Pequim que o regresso da cidade

ao exercício da soberania chinesa, em Dezembro de 1999, permitiu o início de um período de “esta-bilidade de crescimento célere”.

Macau “enveredou por um novo e invulgar percurso de desenvolvimento acelerado, a situação de recessão económica que se mantinha há alguns anos foi rapidamente invertida, tendo passado gradualmente de uma fase de recuperação para um período de estabilidade e de cres-cimento célere”, disse Fernando Chui Sai On, citado numa nota oficial.

Para Chui Sai On, a socie-dade de Macau “vive um clima de harmonia e estabilidade, os benefícios sociais têm vindo a

melhorar constantemente, sendo igualmente notórios os avanços alcançados em diversos domí-nios, nomeadamente na cultura, educação e no desporto”.

Por outro lado, acrescentou, o “progresso e a estabilidade” de Macau “são indissociáveis do desenvolvimento da China”, do apoio do país à sua RAE e do modelo de funcionamento como “um país, dois sistemas” que permitiu à cidade manter o seu modo de vida, direitos, liberdades e garantias.

Chui Sai On, que a 20 de Dezembro inicia o seu segundo e último mandato à frente do Go-verno - depois de quase 10 anos como secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, cargo do qual se demitiu para concorrer a Chefe do Executivo - lembrou também

que o novo Governo terá novos desafios pela frente.

“Durante o processo de de-senvolvimento da diversificação adequada da economia, Macau irá enfrentar novos desafios”, afirmou, ao salientar que, numa perspectiva de futuro, o novo Executivo “irá, de certo, refor-çar o seu sentido visionário e a capacidade de antecipação de riscos”.

Para isso, Chui Sai On conta com o “forte apoio” da China con-tinental, que irá permitir à cidade “rentabilizar as oportunidades trazidas pelo seu desenvolvimen-to, unir os residentes de Macau e empenhar-se na melhoria da qualidade de vida da população e na promoção do progresso social, assegurando a prosperidade e a estabilidade” da cidade. - LUSA/HM

que existia antes da transição e “aumentar” o PIB, o salário mediano e as receitas públicas, que já “subiram várias vezes desde o ano 2000”.

Chui Sai On acredita que o rápido desenvolvi-mento económico “com certeza vai trazer” mais dificuldades e desafios. “Aqui existem também as questões históricas e as novas questões [que surgi-ram] durante o desenvolvimento. Não vamos evitar os problemas, vamos admitir e aceitar as falhas na Administração. O novo Governo da RAEM vai executar o programa político e promover a melhoria do ‘um país, dois sistemas’.”

DIVERSIFICAÇÃO E TALENTOSAo Diário do Povo, o Chefe do Executivo parece já ter traçado metas para a diversificação económica de Macau, que deverá acontecer, diz, no seu segundo mandato. A ideia, assegura, é criar um conselho apenas focado na discussão de Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer, a fim de promover os elementos não-jogo e de desenvolver o turismo.

Questionado sobre como se deve equilibrar o número de turistas e a capacidade de suporte de Macau, Chui respondeu que a capacidade de suporte não é flexível, que é um conceito complexo e que, acima de tudo, tem que se garantir que a qualidade de vida dos residentes locais não vai ser influenciada.

“O Governo da RAEM vai aumentar a qua-lidade do desenvolvimento de turismo, melhorar as instalações, expender as cooperações regiões e internacionais, criar um ambiente bom para que tanto turistas, como residentes consigam obter uma melhoria no turismo e na vida”, explicou.

Sobre a situação da formação de talentos locais, Chui Sai On admitiu que, desde 2003, que os talentos de Macau não são suficientes para o desenvolvimen-to rápido da economia e que, por isso, no futuro, o Governo vai esforçar-se mais na cooperação para a formação destes talentos.

mendo e há uma determinada altura em que será preciso consolidar algumas áreas”, disse Ho. Há que ter, para a directora-executiva do MGM, a sensibilidade de equilibrar a rapidez de desenvolvimento com as consequências disso mesmo.

Já Gabriel Tong aproveitou para referir que, embora Macau esteja no bom caminho, há ainda muito para resolver. “Temos um avanço, mas também temos problemas de vida e dos cidadãos (...) Tenho muitas expectativas e confiança [nos Secretários indigitados], mas o trabalho só vai poder ser visto no futuro”, disse o deputado, que prefere não fazer previsões.

Também Lawrence Ho con-gratulou o Governo da RAEM pela organização de “União de esforços em prol da prosperidade”, sublinhando a forma como esta destaca as “conquistas feitas por Macau” nos passados 15 anos. Houve, para o representante do grupo Melco Crown, um desen-volvimento brutal do território, especialmente no que diz respeito à indústria do Turismo. É que, na

verdade, essa é uma das vertentes mais sublinhada na exposição: Macau e o desenvolvimento que a cidade tem tido ao nível do Jogo e do Turismo.

O dia da inauguração não integrou apenas altos dirigentes, deputados e personalidades locais, tendo mesmo contado com a pre-sença de Zhang Deijang, Presiden-te da Assembleia Popular Nacional (APN) do Governo Central. Num encontro com o Chefe do Execu-tivo do território, que teve lugar momentos antes do corte da fita inaugural, Zhang fez um balanço dos últimos anos de governação e mostrou-se feliz com os resultados.

“Durante estes 15 anos e sob a liderança do Governo Central e forte apoio da China interior (...), Macau assiste a uma grande mu-dança que inclui a estabilidade da sociedade, prosperidade da econo-mia e melhoria da qualidade de vida da população”, disse o presidente da APN, ontem em Pequim.

DOS STONES AO DRAGÃOA entrada da exposição conta com um painel do Farol da Guia feito em cartão, seguindo-se uma passagem coberta que replica a calçada por-tuguesa e mostra várias fotografias de momentos no território, como são o concerto dos Rolling Stones ou a corrida dos barcos-dragão.

Dentro do pavilhão, encon-tram-se esculturas de terracota, fotografias da biblioteca chinesa da Rua do Campo e outros locais emblemáticos, bem como vídeos promocionais da região. A entidade organizadora espera juntar naquele espaço e até ao final do mês, cerca de 10 mil pessoas, pois embora a entrada seja gratuita, existe já uma estimativa.

É que aquela exposição serve precisamente para dar a mostrar aos cidadãos da capital chinesa e turistas aquilo de que Macau é feito. O or-çamento da exposição encontra-se dividido em várias partes, a maioria da despesa sendo feita nas áreas das luzes, equipamento, obras de preparação e do pessoal.

“Pretendemos, através desta exposição, reflectir a união de es-forços da população e a primeira parte fala sobre o posicionamento de Macau no desenvolvimento da China”, referiu mesmo Kang Wei, a chefe de Delegação da RAEM em Pequim. A representante aproveitou para explicar que a exposição está divida em três diferentes temáticas, incluindo “Centro e plataforma, promoção e diversificação” e “Sen-timentos da família-Pátria, Amar o País e a Macau”.

GCS

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TIAG

O AL

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ARA

HOJE

MAC

AU GCS

4 hoje macau terça-feira 9.12.2014POLÍTICA

CECÍLIA L IN*[email protected]

C HAU Wai Kuong, actual sub-director da Polícia Judiciária (PJ), será o novo director da auto-

ridade, disse fonte conhecedora do processo ao HM. Depois de Wong Sio Chak subir ao cargo de Secretário para a Segurança no dia 20 de Dezembro, Chau Wai Kuong tomará o seu lugar como director da PJ.

Outro dos sub-directores da Po-lícia Judiciária, Cheong Iok Kuan, também muda de cargo, passando a Chefe de Gabinete do Secretário para a Segurança. Cheong já tinha trabalhado com o novo Secretário indigitado, Wong Sio Chak, há mais de dez anos, como responsável por trabalhos administrativos. Além disso, Cheong foi ainda director da Escola da Polícia Judiciária.

CHAU WAI KUONG DIRIGE PJ. VASCO FONG NO GPDP. E LAU SI IO NO CENTRO DE CIÊNCIA

Foram cargos, foram prosasA dança das cadeiras continua no novo Governo, sendo que se abriu a portapara que Chau Wai Kuon, actual sub-director da PJ suba de posto. Lau Si Io deveráir para o Centro de Ciência e Vasco Fong, actual Comissário contra a Corrupção,passa a ser coordenador do Gabinete de Dados Pessoais

Mas estes não são os únicos nomes a surgir para ocupar lugares que vão, agora, ficar vagos no novo Governo. De acordo com a impren-sa chinesa, o actual Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, deverá ocupar o cargo de director do Centro de Ciência.

Apesar de, em Pequim, no domingo, Lau Si Io ter dito aos jornalistas que iria “continuar na sua área” – as obras públicas – e que não iria voltar ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), onde desempenhou as funções de presidente do Conselho do Administração, os média chine-ses avançam que o ainda Secretário vai para o Centro de Ciência.

Ontem, o jornal Ou Mun publi-cou também o nome dos Chefes de Gabinete de cada Secretário. Tinha já sido anteriormente anunciado pelo canal chinês da TDM – que cita uma fonte anónima –, que

o actual director dos Serviços de identificação (DSI), Lai Ieng Kit, poderá ser o próximo Chefe de Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Desta vez, a imprensa chinesa também confirmou a informação, avançando que a actual assessora do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais, Iao Man Leng, vai passar a Chefe do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça. Iao foi também assessora do Gabinete do Comissário Con-tra a Corrupção, tendo mais tarde acompanhado Cheong U, antigo Comissário e actual Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

De acordo com o jornal Ou Mun, Iao Man Leng foi “promovida” de assessora a Chefe de Gabinete e acredita que a sua experiência na área da justiça pode ajudar a Se-cretária indigitada, Sónia Chan, na reforma da Administração.

A actual Chefe de Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça, Cheong Chui Ling, vai pas-sar a exercer funções como Chefe de Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas.

O jornal apontou que a sua experiência de 15 anos na Adminis-tração e Justiça pode ajudar o novo Secretário, Raimundo do Rosário, que trabalha fora de Macau há já vários anos.

Segundo o website All About Macau, o Secretário Cheong U não atingiu ainda a idade da reforma, pelo que vai continuar a exercer funções no Governo. De acordo com o mesmo órgão de comunicação, o Secretário vai passar a exercer o cargo de vice-presidente do Conselho Executivo da Fundação Macau.

VASCO FONG PARA GPDPVasco Fong, o actual comissário Contra a Corrupção, passará a

ocupar o Gabinete para a Protec-ção de Dados Pessoais (GPDP), informação igualmente noticiada pelo All About Macau. A actual Chefe do GPDP, Sónia Chan vai ser a futura Secretária para a Administração e Justiça do VI Governo da RAEM.

O mesmo órgão de comuni-cação revelou ainda que o GPDP vai ser reorganizado para fazer jus às necessidades e convenções internacionais.

O actual procurador-geral do Ministério Público (MP), Ho Chio Meng, afirmou que vai manter-se no MP. Quanto ao procurador indigitado, Ip Son Sang – que tem a experiência semelhante à de Ho –, este acre-dita que pode vir a fazer um bom trabalho.

“Eu também fui presidente de um tribunal de recurso [no continente]. Antes disso fui juiz e comissário-adjunto [contra a Corrupção]. Depois fui nomeado procurador. O novo procurador tem uma experiência semelhante. Esteve no Ministério Público, depois foi juiz e agora [será] procurador geral. Em relação ao trabalho jurídico, espero que possa trabalhar connosco e fazer bem o trabalho”, apontou à TDM. O mesmo responsável agradeceu ainda aos dois Chefes do Exe-cutivo desde 1999 – Edmundo Ho e Chui Sai On – por ter sido nomeado três vezes. - * com Joana Freitas e Leonor Sá Machado

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5 políticahoje macau terça-feira 9.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

N OMEADA a equipa, é hora de deixar recados para as grandes tarefas que as tutelas do futuro

Governo terão de desempenhar. Três deputados da Assembleia Legislativa (AL) utilizaram o período antes da ordem do dia no plenário de sexta-feira para elogiar os novos Secretários, mas também para lhes lembrar que o futuro não se avizinha fácil.

“Trata-se de uma nova equipa relativamente jovem, com elevadas habilitações académicas e muita

Melinda Chan Professores universitários devem ser aumentados Orçamento 2013 Deputados questionam gastos

Ho Ion Sang, Kwan Tsui Hang e Song Pek Kei comentaram no hemiciclo as nomeações feitas por Chui Sai On para o novo Executivo e deixaram vários recados: este deve resolver os problemas do trânsito e da habitação, sem esquecer a criação de um regime de responsabilização e uma maior eficácia na Função Pública

DEPUTADOS DEIXAM ALERTAS AOS FUTUROS SECRETÁRIOS

O recado mora ao lado

O debate de sexta-feira na Assem-bleia Legislativa (AL) ficou

marcado pela discussão do relatório de análise à execução do orçamento de 2013, que esteve a cargo da 2.ª Comissão Permanente da AL. Mais uma vez os pedidos recaíram para uma maior fiscalização da AL nos gastos nas obras públicas. Contudo, Ng Kuok Cheong questionou os aumentos de despesas com funcioná-rios, muitos deles superiores a 100%.

“O Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais teve um aumento de 173% de despesas com o pessoal e a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) teve um aumento de 142% em 2013. Não estou a dizer que somos contra estes gastos, podem existir fundamentos para esse aumen-

to, mas isso deve ser debatido”, frisou novamente, depois de ter referido a questão na semana passada.

Já Mak Soi Kun falou da exis-tência de muitos litígios judiciais no seio das obras públicas. “A baixa execução do PIDDA não é apenas uma questão da sua tutela [da Econo-mia e Finanças] mas é também entre serviços. Não há critérios uniformes e isso tem levado a atrasos e mais despesas. É uma questão que não será apenas resolvida com uma nova Lei de Enquadramento Orçamental. Existem problemas com os procedi-mentos e o facto de existirem muitas obras públicas com atrasos e excesso de despesas traz prejuízos indirectos e directos para a sociedade”, apon-tou. - A.S.S.

A deputada Melinda Chan pediu ao Governo que

aumente as remunerações dos professores universitários, de modo a atrair os melhores do-centes, elevando o tecto salarial máximo actual, de quase 80 mil patacas. Numa intervenção na Assembleia Legislativa, a deputada eleita pela população sublinhou a importância de melhorar o ensino superior no território, considerando que o elemento chave é a atracção de professores de excelência.

No entanto, alertou, as regalias que o ensino público superior oferece não são tão competitivas como nas regiões vizinhas. “Ao compararmos as

remunerações que os profes-sores de categorias similares auferem em Macau e nas regiões vizinhas, verifica-se que as atribuídas em Macau (…) estão aquém das outras”, salientou.

Concretamente, a deputada lembrou que um professor da Universidade de Macau pode re-ceber, no máximo, 79 mil patacas, enquanto um docente da Univer-sidade de Hong Kong ganha, no máximo, 98.500 dólares de Hong Kong. Melinda Chan criticou ain-da a “falta de um mecanismo de garantia e de reforma dos docen-tes”, que prejudica a estabilidade dos profissionais e “dificulta que se atraiam académicos de classe mundial”.

experiência. Portanto, a sociedade espera novos pensamentos, novas ideias e espírito inovador na go-vernação, com vista a construir uma boa imagem do Governo, a dar resposta às solicitações da sociedade e a servir melhor os resi-dentes”, referiu o deputado directo Ho Ion Sang sobre os nomes de Sónia Chan Hoi Fan, Alexis Tam, Raimundo do Rosário, Wong Sio Chak e Lionel Leong.

Kwan Tsui Hang, deputada directa que representa a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), também lembrou que “os diversos sectores da socie-dade estarão atentos, para ver se a

renovação do Governo consegue trazer uma nova vitalidade e um novo rumo”.

Song Pek Kei, parceira po-lítica de Chan Meng Kam, lembrou que a implementação e aprofundamento da reforma da Administração Pública e a concretização do objectivo “boa governação”, consagrado nas Linhas de Acção Governativa (LAG), vai ser o tema “alvo da atenção da sociedade”.

OS “PROBLEMAS” DOS 15 ANOSOs deputados lembraram que, nos últimos 15 anos, o sector do Jogo trouxe um grande desenvolvimen-

to económico ao território, mas também resultou em consequên-cias negativas.

“É sabido que o desenvolvi-mento acarreta novos problemas e o novo Governo vai ter de enfrentar muitos, tais como a habitação, o trânsito, a saúde, os recursos hu-manos e os preços dos produtos”, defendeu Ho Ion Sang.

Para além disso, o novo Execu-tivo, dizem, “vai ter de encontrar, o quanto antes, soluções para várias situações, tais como as receitas do sector dominante que têm diminuído, os fracos resultados da diversificação da economia, o aceleramento da reforma jurídi-

ca, a concretização da reforma administrativa, a optimização da equipa de funcionários públicos e a concretização do regime de responsabilização dos dirigentes”, acrescentou.

Kwan Tsui Hang disse mesmo que “a economia de Macau e a sociedade estão num período de-cisivo de reconversão”, pelo que “o novo Governo deve adoptar medidas eficazes para responder às diversas expectativas da população e à reconversão económica”.

“O sector do Jogo tem-se de-senvolvido num ritmo rápido (…) mas ao mesmo tempo originou problemas com os preços elevados do imobiliário e dos produtos, a alta inflação, a distribuição desequili-brada dos recursos, um fosso cada vez maior entre ricos e pobres, e dificuldades na compra de habita-ção”, lembrou Kwan Tsui Hang.

SERVIÇOS PÚBLICOS PRECISAMDE REESTRUTURAÇÃOA deputada da FAOM deixou ainda mais uma sugestão. “Face à baixa eficiência administrativa e ao problema dos serviços públicos se limitarem a dar importância ao que é da sua competência, espero que o novo Governo possa reforçar a coordenação e criar uma equipa de trabalho competente”, para além de “criar, o quanto antes, o regime de responsabilização de dirigentes”.

Já Song Pek Kei deixou, na sua interpelação, três pontos que consi-dera essenciais. “Organizar melhor a estrutura dos organismos públi-cos e reestruturar as suas funções” é a primeira sugestão da deputada, que lembra que a Administração tem hoje 30 mil funcionários públicos, cinco secretarias e 30 directores, quando em Hong Kong existem apenas três secretarias e 12 directores. Song Pek Kei pede ainda que seja optimizado o regime de gestão dos funcionários públi-cos e “simplificar procedimentos, conferir competências e elevar a eficiência”.

TIAGO ALCÂNTARA

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HOJE MACAU

6 política hoje macau terça-feira 9.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

F ORAM aprovadas no plená-rio de sexta-feira as altera-ções ao Regime de Repara-ção dos Danos Emergentes

de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, que visam clarificar a protecção aos trabalhadores do sector privado em épocas de tufão sinal 8.

Apesar do diploma passar agora à análise à especialidade sem um único voto contra, a verdade é que os deputados levantaram muitas dú-vidas sobre a forma como o diploma irá funcionar na prática. Muitas das questões prenderam-se com a enti-dade que terá a responsabilidade de pagar a indemnização ao trabalhador em caso de doença profissional ou acidente. Os membros do hemiciclo temem que, em situações prolonga-das, ou do ponto de vista prático, patrões e seguradoras passem as responsabilidades entre si, fazendo com que o trabalhador não receba o dinheiro a que tem direito.

PAGAS TU OU PAGO EU?A deputada directa Song Pek Kei disse mesmo que “pode haver o jogo do empurra” entre segurado-ras e empregadores. “Muitas vezes as vítimas vão às seguradoras e de-pois é-lhes dito para perguntarem ao empregador. Não sei se isto não vai dar lugar a que seguradoras e empregadores empurrem entre si as responsabilidades. Queremos que esta proposta de lei seja exequível e que os direitos das vítimas sejam protegidos”, defendeu também o deputado directo Ho Ion Sang.

N UMA interpelação escrita apre-sentada no período antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa,

na sexta-feira, o deputado Chan Meng Kam pediu ao Governo para acabar com a isenção do imposto de circulação dos autocarros dos casinos. “Os shuttle-bus devem ser controlados e deve cancelar--se a política de isenção do imposto na compra destes veículos”, pode ler-se numa interpelação cheia de críticas à actual situação dos transportes em Macau.

Chan Meng Kam pede ainda que seja reforçada a gestão desses autocarros, “através de um mecanismo de coope-ração entre Guangdong e Macau, não permitindo que voltem para Macau sem passageiros, dando apenas uma volta na ‘zona de ninguém’, e impedir o seu esta-cionamento nas imediações da entrada do posto fronteiriço nas Portas do Cerco”.

O deputado considera que o pro-blema do trânsito e das infra-estruturas rodoviárias “não pode residir só em pa-lavras” e diz que tem de se actuar e ter efeitos, para que os residentes sintam a

Susana Chou Há dirigentes que não dominam a Lei Básica

SHUTTLE-BUS CHAN MENG KAM PEDE FIM DE ISENÇÃO DE IMPOSTOS

Um caos chamado trânsito

ACIDENTES DE TRABALHO DEPUTADOS PREOCUPADOSCOM “JOGO DO EMPURRA” ENTRE SEGURADORAS E PATRÕES

As eternas dúvidasAs alterações ao Regime de reparação dos danos emergentesde acidentes de trabalho e doenças profissionais foram aprovadas no hemiciclo por unanimidade, mas os deputados pediram maiores esclarecimentos sobre as futuras responsabilidades e sobreo pagamento de indemnizações ao trabalhador

“facilidade da primazia dos transportes públicos e não tenham dificuldade em apanhar autocarro”.

AUTOCARROS NA MIRAEm relação às três operadoras de auto-carros, Chan Meng Kam pede que sejam alteradas, “o quanto antes”, as “cláusulas contratuais dos serviços dos autocarros, por forma a introduzir “um mecanismo de uma real concorrência para evitar pagar na totalidade as despesas das con-cessionárias”. Em relação ao projecto do

metro ligeiro, o deputado considera que “deve ser dada mais importância à parte técnica da construção, em detrimento da questão política”.

A questão do trânsito marcou também a agenda dos deputados indirectos Kou Hoi In e Cheang Chi Keong, que defini-ram a situação actual como estando “cada vez pior”. “As filas dos autocarros nas principais vias parecem carruagens de comboio”, apontam.

Os dois deputados falam ainda na urgência de construir a quarta travessia entre Macau e Taipa. “Com a crescente intensidade e complexidade do trânsito entre Macau e Taipa, a capacidade das três pontes está quase esgotada, por-tanto as autoridades devem considerar a construção, o quanto antes, de uma quarta ligação, seja ela ponte ou túnel”. Cheang Chi Keong e Kou Hoi In dizem que, “caso contrário, o plano da rede rodoviária não consegue acompanhar o desenvolvimento urbano, afectando gravemente o quotidiano da população e a economia”. - A.S.S.

O deputado José Pereira Couti-nho, que aproveitou o debate para pedir maior protecção aos funcio-nários públicos nestes casos – eles que estão fora desta lei e o deputado queria que fossem abrangidos por um regime próprio –, referiu existirem casos de pessoas que nunca recebem o dinheiro a que têm direito.

“Recebemos muitas queixas. Quando se chega a um determinado valor [é difícil o pagamento]. Na realidade os casos são acumulados no tribunal e as pessoas têm de pa-gar a um advogado para verem os seus direito protegidos”, apontou. O deputado disse mesmo que “há que ver reforçadas as competências da Autoridade Monetária e Cam-bial (AMCM)”.

Já Au Kam San assegura que, em casos em que os danos corporais originem situações que durem mais do que dois ou três dias, “ninguém

A antiga presidente da Assembleia Le-

gislativa (AL), Susana Chou, escreveu no seu blogue que alguns diri-gentes do Governo da RAEM não dominam bem o espírito da Lei Básica e que, por isso, quando criam uma polí-tica cometem erros, fa-zendo com que esta não esteja em conformidade com a Lei Básica. A mesma responsável deu como exemplo o Insti-tuto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que acusa de ter sido criado sem base jurídica já que, defende, segundo a lei, não há base para a criação do IACM. Entre outras críticas que a ex-presi-dente da AL tece, está ainda reiterada a falta de uma Lei de Enqua-

dramento Orçamental, que Chou lamenta que ainda não tenha sido entregue pelo Governo. “Espero que o Chefe do Executivo possa ser responsável a executar a Lei Básica na RAEM, por isso, tem a respon-sabilidade de monito-rizar os departamentos do Governo para que todas as propostas da lei que beneficiem o funcionamento da Ad-ministração e Justiça sejam entregues.”

paga”. O deputado coloca dúvidas quanto à execução dos pagamentos em 15 dias, como diz a lei.

GOVERNO TRANQUILOUma representante da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) disse, contudo, não haver problemas. “Se dentro de 15 dias a entidade [patrão ou seguradora] não pagar, a DSAL, enquanto en-tidade competente, vai instituir um processo judicial”, disse.

Já António Félix Pontes, res-ponsável pelo departamento de seguros da AMCM, admitiu que a lei ainda tem espaço para melhoria em sede de especialidade.

“É uma lei que não é fácil de im-plementar, atendendo aos diferentes interesses em jogo. Não há nenhuma lei perfeita e há aspectos que foram aqui referidos que têm carácter de especialidade e que podem ser me-lhorados”, disse no hemiciclo.

Na área das indemnizações, António Félix Pontes referiu que talvez não seja a redacção perfeita, mas é a redacção que tem de ser defendida. “O objectivo é ir de encontro às preocupações anun-ciadas no Concelho Permanente de Concertação Social (CPCS) e re-solver situações em que as pessoas não recebiam nem do empregador nem da seguradora. A maior parte dos casos tem sido o empregador a pagar e depois pede o reembolso à seguradora. Estamos aqui a pedir um reforço adicional às segurado-ras. Cremos que na especialidade há matéria que se pode avançar”, disse ainda, frisando que a primeira responsabilidade cabe sempre ao patronato e depois às seguradoras.

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hoje macau terça-feira 9.12.2014

Os irmãos Ho e o responsável pelo grupo Galaxy, Francis Liu, assumem estar conscientes da necessidade de diversificar a economia, mas também apontam factores como a mão-de-obra para que isso aconteça

LEONOR SÁ MACHADO,EM [email protected]

T ANTO a directora-execu-tiva do MGM, Pansy Ho, como o seu irmão Lawren-ce Ho, director-executivo

do grupo Melco Crown, e Francis Liu, vice-presidente do grupo Galaxy, acreditam que a diversifi-cação da economia é o caminho a seguir para o desenvolvimento de Macau. “De modo a atrair mais pes-soas, não podemos oferecer apenas uma experiência uni-dimensional, porque precisam mais além disso”, destacou Pansy Ho.

Durante a inauguração da exposição “União de esforços em prol da prosperidade”, que teve lugar ontem na capital chinesa, Pansy Ho referiu que o próximo passo passa pela diversificação das actividades não relacionadas com o Jogo. Questionada sobre o decréscimo no valor das receitas desta indústria, Pansy Ho afirmou

U M estudo feito pelo professor Eric Chui, da

Universidade da Cidade de Hong Kong, encomendado pela Associação de Juven-tude Lar Salesiano Dom Bosco, mostra que os jovens de Macau são mais felizes do que os das regiões vizinhas, mas menos confiantes. O estudo incluiu 2100 entre-vistados entre os 10 e os 21 anos. Dentre estes jovens, a universidade adianta ainda que os jovens filhos de pais divorciados são os menos confiantes do grupo.

“A economia de Macau desenvolveu-se de forma muito rápida e muitos dos pais trabalham a tempo inteiro. Têm que suportar pressões a vários níveis e

O maior guia de via-gens do Mundo, o

Lonely Planet, publicou recentemente a lista dos melhores países, regiões e cidades para 2015, onde se encontra classificado Macau como a décima ‘Melhor Região do Mun-do’. A classificação torna o território como a única região classificada entre Hong Kong, Taiwan e o interior da China.

Na avaliação, a publica-ção apontou que o charme real de Macau não são os casinos, mas sim a mistura das culturas oriental e oci-dental. A gastronomia do território é também uma he-

JOGO CEOS DE OPERADORAS INSISTEM NA DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA

Uma jogada fundamental

que é necessário “equilibrar” o desenvolvimento da região e as repecurssões que esta situação pode ter. Neste momento, disse, o papel da indústria do Jogo passa por ajudar a população. “Sempre disse que é nossa honra e obriga-ção ajudar o desenvolvimento de Macau no futuro e não apenas em termos de criar novos negócios, mas sim de ajudar ao crescimento de toda a plataforma económica”, apontou a responsável.

A apoiar a opinião da magnata está Lawrence Ho, seu irmão e responsável pelo grupo Melco Crown, outro dos gigantes do Jogo.

O director-executivo mostrou-se preocupado com o decréscimo nas receitas das salas comuns e de apostas VIP, mas descarta pensa-mentos negativos.

“É claro que é um factor preo-cupante, mas acho que o facto do consumo – especialmente das classes alta e média – e do núcleo de mercado em Macau e na China e da economia chinesa não estarem nos seus melhores dias justificam isto. No entanto, acho que temos que viver a situação a curto prazo”, disse Lawrence Ho aos jornalistas.

Também o vice-presidente do grupo Galaxy, Francis Liu, referiu

a importância da diversificação económica, devido à quebra nas receitas. O responsável aproveitou ainda para referir que a exposição de Pequim sobre Macau, que foi inaugurada ontem na capital, serve para mostrar que Macau deixou de ser uma vila piscatória para se tornar numa “estrela mundial”.

Para Lawrence Ho, a mais-valia do território reside na qualidade dos resorts integrados e da existên-cia de uma plataforma que oferece várias actividades. “As instalações e os resorts integrados são, neste momento, a nossa mais-valia e acho que a segunda fase do Galaxy

– a abertura do Studio City – vai oferecer ainda mais regalias aos turistas”, disse.

FALTA DE MÃO-DE-OBRA É “DESAFIANTE”Na perspectiva da empresária Pansy Ho, a falta de mão-de-obra qualificada na RAEM é algo “desa-fiante” e que faz parte de qualquer negócio. “Agora, é preciso permitir aos nossos jovens que adquiram mais capacidades, para que possam descobrir aquilo que realmente querem fazer profissionalmente”, apontou a responsável. Por um lado, disse, a grande maioria tem empregos, mas que nem sempre fazem jus aos seus desejos e von-tades, uma vez que não há grande manobra de escolha.

Várias têm sido as vozes que se levantam em prol da falta de mercado para receber pessoas qualificadas, mas Pansy Ho não partilha desta opinião. “A China é actualmente o país que mais turistas estrangeiros tem e 75% destes vêm a Macau, a Hong Kong e outras regiões da Ásia. Isto só mostra que as pessoas procuram estes destinos”, acrescentou.

Antes de mais, e de acordo com a responsável pelo grupo MGM, a procura e integração de profissionais qualificados demora tempo. “Primeiro, temos que aca-bar projectos que, no meu caso, é a nova construção do MGM no Cotai. Sem novos projectos, ins-talações e possibilidade de trazer mais conteúdos, é impossível criar mais postos de trabalho”, disse Pansy Ho.

Estudo Adolescentes mais felizes mas menos confiantes Lonely Planet Macau considerado décimo melhor local do mundo para turismo

7SOCIEDADE

pode, por isso, imaginar-se os desafios a que estão sujeitos os pais divorciados”, argu-mentou Eric Chui à TDM. “A capacidade de olharem pelas

crianças é relativamente bai-xa quando comparada com os outros pais e a pressão com que têm de lidar quotidiana-mente é bem mais elevada”, defendeu.

O estudo serviu para avaliar o estado mental dos adolescentes. Relativamen-te aos divórcios, o estudo recomenda que, em caso de processo de divórcio, os pais devem ter o cuidado de preparar os seus filhos para facilmente se adaptarem à nova estrutura familiar. Recorde-se que, segundo os dados dos Censos, a taxa de divórcio em Macau tem registado um aumento cons-tante nos últimos anos. No ano passado mais de duas mil pessoas divorciaram-se.

rança da cultura portuguesa, combinada com elementos da Europa, África, Índia e China, que ajudaram à classificação. O guia apon-tou também os aspectos menos positivos, como a expansão “a um ritmo in-crível do terreno limitado de Macau”. A publicação exemplifica com o caso do Cotai Strip, que ocupou o espaço entre as ilhas, e fala ainda do aumento do preço dos imóveis e pressão con-tínua nas empresas locais para manter a arquitectura histórica de Macau como outros aspectos.

O presidente da Asso-ciação de Indústria Turís-

tica de Macau, Wu Keng Kuong, referiu ao Jornal Ou Mun estar surpreen-dido com a classificação, mas acredita que isso irá impulsionar o turismo de Macau, podendo assim atrair turistas de países diferentes. - F.F.

Pansy Ho Lawrence Ho Francis Liu

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8 sociedade hoje macau terça-feira 9.12.2014

O ensino do Português em Macau recebeu nota negativa do académico brasileiro

Roberval Teixeira e Silva, docente da Universidade de Macau (UM), que criticou a metodologia vigente por ser “extremamente tradicional e silenciadora”.

“O sistema de ensino, em ter-mos de conteúdo é muito pobre e é muito tradicional, o que impede que os alunos desenvolvam uma série de habilidades e competên-cias como a de analisar e criticar”, disse, à margem do IV congresso da Associação Internacional de Linguística do Português, que este ano se reuniu em Macau.

O professor, que antes de vir para o território trabalhou no Brasil sobre as questões do ensino do Português como língua estrangeira, destacou um “problema de meto-dologia e de postura em relação a novas possibilidades”.

RESISTÊNCIA À MUDANÇAEntre 2006 e 2011, Roberval Tei-xeira e Silva observou e registou

Venda de casas caiu mais de 30% O número de casas vendidas em Macau entre Janeiro e Outubro caiu 34,56% para 6325 unidades, mas o preço por metro quadrado subiu 24,26% para 100.995 patacas. Dados oficiais dos Serviços de Finanças apurados pelas declarações de liquidação do imposto de selo, indicam que nos primeiros dez meses deste ano foram vendidas 5043 casas na península de Macau (menos 35,3%) com o preço por metro quadrado a subir 21,5% para 98.001 patacas. Na ilha da Taipa venderam-se menos 21,8% casas para um total de 1002 unidades, mas o preço subiu 36,5% para 102.435 patacas, enquanto na ilha de Coloane, o preço subiu 23,26% para 127.481 patacas, mas as 280 unidades vendidas traduzem uma quebra de 52,38%. Tendo em consideração apenas o mêsde Outubro e numa comparação aomesmo mês de 2013, em 2014venderam-se menos 46,9% casaspara 421 unidades, mas o metroquadrado custa mais 32,2%,para 106.341 patacas.

Q UASE uma centena de empresas de Macau foram premiadas na primeira edição do Programa de

Avaliação de Serviços Turísticos de Qua-lidade, lançado em Abril pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Apesar dos resultados, a directora do organis-mo, Maria Helena de Senna Fernandes, reiterou que Macau deve dedicar-se ao aperfeiçoamento das suas instalações e produtos turísticos.

“Macau, enquanto cidade de turismo internacional, além do aperfeiçoamento contínuo das instalações e produtos tu-rísticos, também tem de elevar o nível dos serviços, especialmente porque a qualidade dos serviços influenciará a

experiência e a impressão dos visitantes sobre Macau”, afirmou.

Por isso mesmo, os prémios agora lançados. O programa, na sua primeira edição, esteve subordinado ao sector da restauração, sendo que foram premiadas 86 empresas com o prémio “Empresa de Qualidade” e quatro com o prémio “Equipa e Serviço de Qualidade”.

Em comunicado à imprensa, a DST ex-plica que o programa pretende “reconhecer o trabalho das empresas que disponibilizam serviços de excelência e que implementam uma gestão de serviços de qualidade”.

A selecção dos vencedores passou por uma avaliação a 99 empresas, pelo sistema de auditoria e cliente mistério.

As categorias estão divididas em quatro: Restaurante de Luxo, restaurante de 1ª classe, restaurante de 2ª classe e estabe-lecimento de comidas e bebidas.

As empresas premiadas irão receber um certificado de acreditação válido por três anos, “que os qualificará como Empresas de Qualidade”. Irão ainda marcar presença no ‘Guia de Restaurantes e Estabelecimentos de Comida – Prémio Empresa de Qualida-des’, que irá ser distribuído nos balcões de informações turísticas da DST.

A DST informou ainda que irá coo-perar com instituições de formação “para organizar diferentes tipos de formações à indústria turística e aos sectores rela-cionados”. - F.A.

TURISMO QUASE UMA CENTENA DE EMPRESAS PREMIADAS PELA QUALIDADE

Caminho para a internacionalização

Ensino do Português no território mantém--se demasiado preso a modelos tradicionais, alerta Roberval Teixeira e Silva, da UM. Para ele, o silêncio cultivado nas salas de aulas inibeos alunos de aprender melhor

LÍNGUA PORTUGUESA ENSINO EM MACAU É DEMASIADO TRADICIONAL, DIZ PROFESSOR

O silêncio dos discentes

aulas de Português em pratica-mente todas as escolas da cidade e entrevistou professores, alunos e funcionários, identificando esta “resistência muito forte à mudança”.

“As pessoas estão muito presas a modelos tradicionais de ensino que se focam na gramática, no vocabulário e na tradução. Não saindo dessa tríade, claramente

criticada e ineficaz, o trabalho não vai funcionar. Não adianta se o aluno esta exposto à Língua Portuguesa por uma hora ou por cinco horas por semana. A postu-ra é extremamente tradicional e silenciadora”, criticou.

Esta abordagem das escolas en-contra eco numa predisposição dos alunos chineses para o silêncio, um factor que frequentemente causa

estranheza entre os professores es-trangeiros habituados a audiências participativas.

O “SILÊNCIO CHINÊS”O “enorme silêncio” das turmas que encontrou na universidade acabou por motivar o docente a iniciar uma investigação sobre o tema em 2007 - além de tentar perceber junto dos seus próprios

alunos o que os inibia, o académico passou um ano a acompanhar as aulas de Português de crianças do 1º ano, com uma professora cuja língua materna era o cantonês.

Roberval Teixeira e Silva concluiu que o ‘silêncio chinês’ é algo cultivado desde a infância, “projectado pelos professores, pelos pais, pelos colegas”, já que “toda a gente assume que para se ser bom aluno é preciso ser assim”.

“Fui percebendo que se o aluno não for solicitado directamente para falar [e se o fizer] é interpretado como sendo uma pessoa que quer aparecer, que não respeita os co-legas e até o professor”, explicou.

Esta é uma diferença substan-cial em relação ao ensino ocidental, onde se espera e valoriza uma postura oposta. “Na minha cultura de sala de aula, o silêncio mostra desconexão e desinteresse porque estamos acostumamos a construir alunos que precisam de superar o professor, colocar as suas perspec-tivas”, lembrou.

No entanto, “o aluno chinês tem a ideia de que precisa de imitar o mestre, é uma forma de respeito e de atingir um patamar adequado e ideal para os seus objectivos”, esclareceu.

Segundo o professor, a situa-ção pode ser contornada através de estratégias na sala de aula, de modo a atribuir “papéis específi-cos” a cada aluno num contexto de debate. O académico considerou, no entanto, que não é preciso uma preparação especial para ensinar alunos chineses. “Se um professor estiver preparado para a diferença, não precisa de se preparar para o silêncio”, concluiu. - Lusa/HM

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9 sociedadehoje macau terça-feira 9.12.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

A partir de agora, Macau e os seus contribuintes de nacionalidade norte americana terão que res-

peitar os requisitos estabelecidos pelo “Foreign Account Tax Compliance Act” (FACTA). Tal como anterior-mente o HM noticiou, o FATCA deu origem a um regime jurídico, imposto pelos EUA, contra a evasão fiscal. Assim é possível “detectar os contribuintes desse país que utilizam contas em instituições financeiras não-americanas para ocultar rendi-mentos e activos da administração fiscal americana, a ‘Internal Revenue Service’ (IRS)”.

Num comunicado à imprensa, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) explica que Macau e os EUA “finalizaram as negociações quanto à celebração de um acor-do intergovernamental”, onde é imposto o cumprimento dos requi-sitos estabelecidos pela FATCA.

Assim, desde 30 de Novem-bro, as instituições financeiras de Macau devem reportar qualquer informação financeira dos contri-buintes americanos à IRS, tendo portanto acesso aos seus dados pessoais. “Pela FATCA exige-se que as instituições financeiras fora dos Estados Unidos reportem in-formação financeira das contas de contribuintes americanos à IRS”, explica o comunicado da AMCM.

Recorde-se que o acordo prevê a troca automática de dados pes-soais para evitar a fuga ao fisco de cidadãos norte-americanos que obtêm rendimentos fora dos EUA. De acordo com a imprensa por-tuguesa, que citava um relatório da empresa de consultoria Pcw, a intenção do Governo americano

A FINAL a estátua do Deus da Terra, Tou Tei, que estava no

Beco Central e que foi dada como roubada pelo Instituto Cultural (IC) no início do mês, foi retirada do local por dois proprietários de prédios antigos. De acordo com o jornal Macau Daily Times, que avançou na passada sexta--feira com a notícia, a estátua não foi roubada mas sim “tem-porariamente retirada do local, para que fosse protegida das obras de demolição” de dois edifícios situados em frente ao retábulo.

Morreu primeirafilha de Stanley HoA primeira filha de Stanley Ho e da primeira mulher do magnata, Clementina Angela Leitão, Jane Francis Ho morreu num hospital de Hong Kong com 67 anos. Jane estava internado há já algum tempo e faleceu na quinta-feira, depois de ter sofrido vários problemas com o divórcio do marido e a morte de um irmão em Lisboa. A mulher estava em constante depressão, tendo sido internada onde acabou por falecer. O funeral vai ser realizado esta quarta-feira em Hong Kong.

Sands Nova Chefede Operações da Cotai Water Jet é local

O grupo Sands China anunciou, em comunicado à imprensa, a promoção de Melina Leong a Chefe de Operações (COO – sigla inglesa) do Cotai Ferry Co. Ltd., que opera a Cotai Water Jet. “O desempenho de Melina Leong como relações públicas tem sido excepcional e, por ser um dos nossos membros locais de longa data, a empresa gostaria que a nossa colaboradora avançasse na carreira e assumisse novos desafios. Estamos confiantes do seu trabalho de liderança”, explicou o presidente do grupo em Macau, Edward Tracy. “Sempre foi um dos objectivos do grupo, promover e oferecer oportunidades aos nossos membros para evoluírem nas suas carreiras”, rematou.

DEUS DA TERRA PROPRIETÁRIOS RETIRAM ESTÁTUA DO BECO CENTRAL

Um divino caso de políciaO jornal cita um dos

proprietários e autor do de-saparecimento, que prefere manter-se no anonimato. “Sou residente e sigo a crença do Deus da Terra”, explicou, garantindo que os construtores não queriam “ofender ninguém”. “Depois de concluídos os prédios, vamos fazer uma cerimó-nia religiosa para colocar a

estátua de novo no local”, explicou.

Ao jornal, e acompanha-do por dois advogados, o construtor explicou que o altar foi transportado em Setembro, sem qualquer aviso às devidas autorida-des, justificando que para além de não ter conheci-mento do seu valor histó-rico, muitos construtores

fazem este tipo de mudança temporária para não danifi-car os altares.

“É um procedimento normal, quando eles [os construtores] levam a cabo este tipo de obras, normal-mente eles tiram as pedras – porque é algo que é possível de transporte – e depois voltam a colocar no mesmo sítio”, explicou ao Macau

Daily Times Manuela Antó-nio, uma das defensoras dos construtores. “Foi exacta-mente o que aconteceu neste caso”, garantiu, argumen-tando ainda que neste caso as pedras do altar estavam em mau estado e por isso o construtor não percebeu a necessidade de declarar o mudança temporária.

Num comunicado à im-

prensa, o IC esclarece que re-cebeu a carta dos advogados dos proprietários do edifício em obras e que depois de se reunirem a mesma carta foi entregue à Polícia Judiciária. “Neste momento, o caso está na fase de investigação e o Instituto cooperará activa-mente com as autoridades policiais”, avança. No mes-mo documento, o IC reforça a necessidade de valorizar os recursos culturais de Ma-cau, “não realizando actos inadequados, como mover, desmontar, estragar até furtar esses recursos”. - F.A.

ACORDO AMERICANOS EM MACAU JÁ TÊM DE PRESTAR INFORMAÇÕES

FACTA e o queijo na mãoJá está em vigor o acordo que vai permitir aos EUA reunir informações pessoais dos seus cidadãos ou empresas em Macau

é travar a perda de receita fiscal provocada por rendimentos não declarados, que se estima rondar os 345 mil milhões de dólares.

Tal como avançado anterior-mente e segundo a Comissão Nacional de Protecção de Dados Portuguesa (CNPD), na troca de dados poderá estar a identificação dos nomes de titulares de contas bancárias, o número de conta ou os saldos, uma informação que deve-

ria estar sujeita a sigilo. Mais ainda, segundo a Comissão, “o acordo é omisso quanto à forma como os donos das contas bancárias podem rectificar ou aceder aos dados, nem define limites temporais para a conservação dessa informação”.

O comunicado da AMCM indica que as instituições financeiras a ope-rarem em Macau já efectuaram o seu registo na IRS e celebraram acordos individuais com essa entidade, onde

TURISMO QUASE UMA CENTENA DE EMPRESAS PREMIADAS PELA QUALIDADE

Caminho para a internacionalização

está incluído o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que já enviou, inclusive, cartas aos clientes. “Ao abrigo deste acordo, essas institui-ções procurarão obter o consenti-mento dos seus titulares de contas que sejam contribuintes americanos para efeitos de reporte anual à IRS da informação sobre as suas contas detidas nas referidas instituições”, pode ler-se no comunicado.

“Os requisitos de diligência devida incidem apenas em determi-nados contribuintes americanos, ou seja, cidadãos dos Estados Unidos ou aí residentes, ou certas entidades estabelecidas nesse país ou contro-ladas por cidadãos americanos”, sublinha a autoridade.

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10 CHINA hoje macau terça-feira 9.12.2014

É a prisão do mais alto oficial do Partido Comunista Chinês desde os anos 70. A campanha de Xi Jinpingsoma e segue

A S autoridades da China prenderam Zhou Yon-gkang, ex membro da cúpula do Partido Co-

munista e antigo ministro da Segu-rança Pública do país, acusado de corrupção, adultério e divulgação de segredos de Estado. A acção, revelada no sábado passado, abre caminho para o julgamento de um dos oficiais mais altos a ser atingido pela campanha anticor-rupção liderada pelo presidente Xi Jinping.

Zhou, de 72 anos e rosto fe-chado, é a autoridade mais alta a ser levada a julgamento desde que a esposa de Mao Zedong, Jiang Qing, foi acusada de deslealdade,

A China quer resolver o quanto antes o proble-ma de Taiwan e “não

exclui” o recurso à força, afirmou um general chinês depois da derrota eleitoral do partido taiwanês no poder, fa-vorável a uma aproximação a Pequim. “A questão de Taiwan não vai ficar muito tempo sem solução”, disse o general Liu Jingsong, segundo declarações publicadas no sábado pelo jor-nal Global Times na sua página de Internet em chinês.

“Não vamos renunciar ab-solutamente ao uso da força, ao recurso legítimo a meios militares quando necessário, essa é uma opção”, acrescentou o general Liu, antigo chefe do Instituto chinês das ciências militares. “Esta situação em-baraçosa não pode continuar”, apontou.

As suas declarações sur-gem menos de uma semana depois da derrota do partido Kuomintang (KMT), no poder em Taiwan, nas eleições locais

Oito condenados à morte por terrorismoUm tribunal chinês condenou anteontem oito pessoas à pena de morte, pela autoria de dois “ataques terroristas” na região de maioria muçulmana de Xinjiang, comunicou a imprensa ligada ao Estado. Cinco outras pessoas foram condenadas a pena de prisão perpétua e quatro outras a diversas condenações em cárcere. Os ataques terroristas, que provocaram quatro dezenas de mortos, ocorreram numa estação de comboios, em Abril, e numa rua de comércio de Urumqi, a capital de Xinjiang.

Taiwan Um milhão de programadores num anoO departamento de Educação de Taipé, o Centro de Inovação Americano e a empresa norte-americana Microsoft anunciaram hoje um programa de formação de um milhão de programadores informáticos em Taiwan num prazo de um ano. O programa prevê que dentro de uma semana tenham início aulas com 1.400 turmas para um total de 43.200 estudantes em Taipé que irão sendo renovadas e ampliadas até atingirem um milhão de programadores, disse o representante da Microsoft na campanha, Larry Nelson, em comunicado.

CORRUPÇÃO EX-CHEFE DE INTELIGÊNCIA PRESO E EXPULSO DO PARTIDO

Os poderosos também se abatem

PEQUIM QUER SOLUÇÃO PARA TAIWAN O QUANTO ANTES E “NÃO EXCLUI” A FORÇA

Uma situação “embaraçosa”realizadas no fim de semana passado na Formosa.

O partido do Presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, obteve apenas 40,7% dos votos contra 47,5% da formação da oposição, o Partido Democrático Progres-sista (DPP), tradicionalmente céptico em relação a Pequim. Nas 22 autarquias em disputa, o KMT, favorável ao diálogo com o Pequim, conquistou apenas seis e o DPP, partidário da independência, treze.

As relações Pequim-Tai-wan agudizaram-se entre 2000-

2008, quando o DPP governou a ilha, mas após o regresso ao poder do KMT, há seis anos, entrou num período de desa-nuviamento sem precedentes. Pela primeira vez desde o final da guerra civil chinesa foram restauradas as ligações aéreas diretas entre o continente e a ilha.

O general advertiu ainda no Global Times que a China “não deve ter medo da turbulência”. Para Liu “pouco importa qual é o poder político em Taiwan, só há um caminho possível (para

a ilha): trabalhar no desenvol-vimento das relações pacíficas (com a China) e finalmente concretizar a reunificação”.

Pequim defende a “reuni-ficação pacífica” com Taiwan segundo a mesma formula adoptada em Macau e Hong Kong (“um país, dois sis-temas”), mas admite “usar a força” se a ilha declarar a independência.

Ao contrário do DDP, o KMT reconhece que “só há uma China” no mundo e ofi-cialmente Taiwan continua a identificar-se como “República da China” (sem o adjectivo “Popular”, usado pelo governo de Pequim).

Uma boa parte da opinião pública de Taiwan está preocu-pada com a crescente influência da China sobre a ilha. Em Março deste ano, a ratificação de um acordo de livre comércio com a China provocou grandes manifestações e a ocupação do Parlamento de Taipé pelos estudantes.

em 1981. Zhopu estava a ser inves-tigado desde Julho por “violações severas de disciplina”. É possível que tenha sido preso há uns meses atrás, mas o caso só foi revelado agora, após o Partido Comunista confirmar a sua expulsão, na sexta feira. Zhou não aparecia em público desde Outubro de 2013.

VOCÊ ABUSOU“Ele abusou dos seus poderes para ajudar parentes, amantes e amigos

a terem lucros enormes nas suas empresas, resultando em sérias perdas para os activos estatais”, disse a agência oficial de notícias Xinhua, acrescentando que Zhou violou as regras de confidenciali-dade do Partido Comunista. “Ele divulgou segredos do Partido e do Estado”, afirmou a agência, sem dar mais detalhes. Como na China os julgamentos de altas autorida-des geralmente têm os resultados combinados entre as lideranças do

partido, é bastante provável que Zhou seja condenado.

Muitos observadores e espe-cialistas políticos dizem que Zhou provavelmente foi um grande rival do presidente Xi, que com a prisão dá uma clara demons-tração de força. Ex membros do Politburo do Partido Comunista são considerados intocáveis, numa regra informal que visaria manter a unidade do partido, mas Xi prometeu punir autoridades de

todos os escalões na sua campanha contra a corrupção.

Como chefe de segurança da China, Zhou fiscalizava as agências domésticas de espionagem, uma posição que lhe conferia acesso a informações de outros políticos im-portantes que poderiam ameaçá lo. A sua rede de influências era enor-me, especialmente na província de Sichuan, no sudoeste do país, onde chefiou a secção regional do Parti-do Comunista e controlou o sector petrolífero, a polícia e a Justiça.

DISTÂNCIA PRUDENTEEntretanto, líderes da China Na-tional Petroleum CNPC, maior produtora de petróleo e gás do país e no passado uma base de poder político de Zhou Yongkang, apoiaram neste sábado a decisão de prendê lo por corrupção.

A decisão do Partido Comu-nista para exonerar Zhou, na sexta feira, foi “sábia, correcta e decisiva”, disse um comunicado no site da CNPC, após reunião de membros do partido da empresa.

Zhou subiu na hierarquia da empresa estatal CNPC a partir de 1996 98, quando actuou como ge-rente geral da empresa, cultivando uma rede que as autoridades anti-corrupção têm perseguido.

No final de Novembro, o jor-nal Diário do Povo, porta voz do partido, disse que as autoridades estavam a investigar cinco redes em conjunto com Zhou, incluindo colegas na CNPC.

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11 chinahoje macau terça-feira 9.12.2014

A China vai impulsionar a aprendizagem da língua e cultura chinesas no es-trangeiro com a formação

de 30.000 professores no exterior para 2017, a criação de 100 escolas e ajudas financeiras para outras 200, revelaram fontes oficiais. “O ensino da língua e cultura chinesas devem ser melhorados para poderem jogar um papel mais importante na promoção da cultura chinesa e a amizade entre o povo chinês e outros países”, referiu o conselheiro de Estado Yang Jiechi na terceira conferência internacional sobre cultura e língua chinesa e citado pela agência Xinhua.

A melhoria do currículo dos professores, livros de textos mais modernos e exames idênticos para todos os estudantes de mandarim são outros dos pontos estabelecidos na agenda educativa do Governo, expli-cou o director de Assuntos Externos do gabinete do Conselho de Estado, Qiu Yuanping.

Desta forma, o Governo pretende abordar dois dos grandes proble-mas que afectam inúmeras escolas

A S importações da China encolheram de

forma inesperada em No-vembro e o crescimento das exportações desacelerou, alimentando preocupações de que a segunda maior economia do mundo pode estar a enfrentar uma de-saceleração mais forte e amplia a pressão para que as autoridades aumentem as medidas de estímulo.

As exportações subiram 4,7 por cento, enquanto as importações caíram 6,7 por cento, a maior queda desde Março, de acordo com dados divulgados nesta segunda--feira pela Administração Geral de Alfândegas.

Os números deixaram o país com superávit co-mercial recorde de 54,5 mil milhões de dólares, o que segundo analistas pode aumentar a pressão sobre o yuan mesmo que os expor-tadores estejam a enfrentar dificuldades.

Economistas consultados pela Reuters esperavam uma alta de 8,2 por cento nas ex-portações, uma subida de 3,9

por cento nas importações e superávit comercial de 43,5 mil milhões de dólares.

As exportações têm sido o único ponto de destaque da economia chinesa nos últimos meses, ajudando a compensar a fraca procura doméstica, mas tem havido dúvidas sobre a precisão dos números oficiais diante de sinais de ressurgência de fluxos cambiais especula-tivos através de operações de comércio inflacionadas.

Dariusz Kowalczyk, do Crédit Agricole CIB, afirmou que esse cenário pode ter sido contido em Novembro, o que contribuiu para uma leitura mais fraca. Mas acrescentou que a contracção das impor-tações foi “chocante”. “Isso significa que vai aumentar a pressão sobre o governo para fazer mais e estimular o crescimento”, disse.

Após referir durante meses que a China não pre-cisava de nenhum grande es-tímulo económico, o banco central do país surpreendeu ao cortar os juros em 21 de Novembro.

U MA antiga empregada doméstica indonésia con-tou ontem em tribunal,

pela primeira vez, como foi obrigada a passar fome, agre-dida e humilhada pelos seus patrões, em Hong Kong, num caso que motivou indignação internacional.

Erwiana Sulistyaningsih descreveu como, durante meses, se alimentou apenas de pão e arroz, dormiu quatro horas por dia e foi regularmente agredida

A China está a planear enviar uma missão a Marte “por volta de 2020”, pela primeira vez,

revelou no fim de semana um respon-sável do programa espacial chinês. “O estudo de viabilidade está concluído e o objectivo, agora, é enviar uma sonda e um veículo robotizado para Marte”, disse agência noticiosa Xinhua citan-do o presidente da China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC), Lei Fanpei.

Ainda não foi oficialmente anun-ciada a data da missão a marte, mas Lei Fanpei espera que ocorra “por volta do ano 2020”, a partir de uma nova base de lançamentos, na ilha de Hainan, sul da China.

O lançamento será assegurado por um novo foguetão, o Longa Marcha-5, que está ainda a ser de-senvolvido.

Depois da suave aterragem na lua, em Dezembro passado, os cientistas espaciais chineses têm os olhos postos no planeta vermelho, disse Lei Fanpei.

A entrevista com Lei Fanpei foi feita no domingo depois de o satélite sino-brasileiro CBERS-4 ter sido colocado em orbita. Foi o 200.º lançamento espacial da China, numa proeza que apenas conseguida pela Rússia e os Estados Unidos.

CHINA VAI IMPULSIONAR ENSINO DA LÍNGUA NO ESTRANGEIRO

Mandarim para o mundo

EMPREGADA DOMÉSTICA APRESENTA RELATOS DE TORTURA

Terror em Hong KongMARTE MISSÃO POR VOLTA DE 2020

A próxima fronteira

pela sua antiga empregadora, Law Wan-tung.

“Fui torturada”, disse em tri-bunal a jovem de 23 anos, com a ajuda de um tradutor. “Ela batia--me com frequência. Às vezes atingia-me atrás, outras vezes à frente. Fui agredida tantas vezes que me causava dores de cabeça. Bateu-me na boca, por isso tinha dificuldade em respirar”, relatou.

Sulistyaningsih descreveu um episódio em que lhe retiraram toda a roupa, a molharam e fizeram

com que ficasse em frente a uma ventoinha, em pleno inverno.

Law Wan-tung enfrenta 21 acusações - também relaciona-das com outras duas empregadas - incluindo atentado à integrida-de física, intimidação e falha no pagamento de salários.

A acusação disse ainda que a empregadora, de 44 anos, usou uma esfregona, um aspirador e um cabide como “armas” du-rante os oito meses de abusos contra Sulistyaningsih.

“Punha o aspirador na minha boca e rodava-o à volta dos meus lábios. Eu sangrava e era muito doloroso”, contou a jovem, acrescentando que Law também a empurrava dos escadotes.

As fotografias da antiga empregada doméstica, que foi internada num hospital na In-donésia em Janeiro, em estado crítico, geraram uma onda de indignação em vários países.

Em Maio, multidões junta-ram-se nas ruas de Hong Kong para pedir melhores condições de trabalho para as empregadas domésticas. Actualmente vivem em Hong Kong cerca de 300.000 empregadas, a maioria da Indo-nésia e das Filipinas.

A China já tinha tentado alcançar Marte em 2011, através de um fo-guetão chinês, mas a missão falhou. Paralelamente, a China continua a desenvolver a sua primeira Estação Espacial permanente, que deverá estar concluída em 2022.

Importações Queda inesperada

de mandarim – mais de 20.000 em todo o mundo -: a falta de recursos económicos e de um guia educativo de aprendizagem adequada para os alunos.

Cada vez mais estrangeiros que, conscientes da trajectória da China como segunda economia mundial, decidem aprendem mandarim, uma oportunidade para se diferenciarem competências no mercado laboral, tanto no ocidente como no oriente.

Segundo um comunicado publi-cado pela sede oficial do Instituto Confúcio na China, cerca de 100 mi-

lhões de pessoas estudam mandarim, um número quatro vezes superior ao apurado há 10 anos.

Actualmente a China possui 475 institutos Confúcio – instituição sem fins lucrativos que pretende promover a cultura e a língua chinesa no es-trangeiro – em 126 países e regiões e onde passaram mais de 3,45 milhões de estudantes.

Na última década, cerca de 100.000 professores participaram nas actividades destes centros que forma-ram mais de 200.000 professores em 100 cidades diferentes.

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12 publicidade hoje macau terça-feira 9.12.2014

• Com perseverança tudo se alcança. Lei Kin, era de família pobre e devi-do à situação económica da família, não conseguia ir à escola secundária e tinha de fazer trabalhos de tornei-ro numa garagem. No entanto, com base numa vontade indomável e na determinação em prosseguir os seus estudos, ele escreveu uma vida lendá-ria e extraordinária. Dez anos depois de estudar, a tempo parcial na escola nocturna, terminou os cursos de en-sinos secundário e superior, e mais tarde prosseguiu os seus estudos de mestrado e doutoramento na quali-dade de estudante a tempo integral. Posteriormente, começou a trabalhar na área da investigação científica.

Voltou a estudar e começouem simultâneo uma Vida

de estudo e trabalho

• Lei Kin nasceu numa família de classe média-baixa em Pequim, de-pois de acabar o ensino primário, emigrou para Macau, acompanhan-

do a irmã, o irmão gémeo e os pais. Tendo em conta as dificuldades finan-ceiras da família, tinha que trabalhar, embora na altura tivesse apenas treze anos. Quando era aprendiz de manu-tenção na garagem, todos os manuais dos carros importados eram escritos em inglês, estimulando a sua deter-minação de voltar a estudar. Portan-to, inscreveu-se na Escola Seong Fan para aproveitar o tempo livre durante a noite.Aos vinte anos, tornou-se então aluno do primeiro ano do ensino secundário geral. Saía do serviço às seis da tarde, ia rápido para casa de motocicleta, jantava qualquer coisa e saía logo, para chegar à escola às sete horas. Regressava a casa, já depois da meia--noite. Nem toda a gente conseguia viver assim. Ao fim de seis anos de estudo, apenas seis colegas da turma receberam o diploma de graduação, mas segundo os seus cálculos apro-ximados, foram quinhentos ou seis-

centos os estudantes com quem tinha estudado. O seu esforço trouxe-lhe, entre outros, o Prémio Governador de Macau, a Bolsa de Ma Man Kei e a Bolsa da Associação dos Antigos Alunos da Escola Seong Fan.

encontrou o seu orientadore entrou na área

da inVestigação científica

• Foi o único, dos seis que receberam o diploma de graduação do ensino secundário complementar, que esco-lheu fazer o doutoramento e entrar na área da investigação científica. Em-bora estivesse determinado a estudar, as dificuldades financeiras da família, de novo, o impediam. A única saída para ele era “trabalhar para estudar”. Em 2002, tornou-se estudante do 2.º curso nocturno da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e fre-quentou o curso de Informação Elec-trónica. Obteve notas excelentes na universidade e foram-lhe atribuídos várias vezes o “Prémio de Estudan-

te Excelente da Facul-dade” e uma bolsa de estudo. Entretanto, o mais importante e pre-cioso para ele não fo-ram os prémios nem a fama obtidos, durante os quatro anos de li-cenciatura, mas o ter conhecido o professor Qi Dongxu que, pos-teriormente, se tor-nou seu orientador no mestrado. “Foi ele que estimulou o meu forte interesse pela Ciência,

e este foi o começo do meu entusias-mo na busca do conhecimento”, disse Lei Kin.

concentrou-seem estudar e alcançou

o sucesso

• Para aproveitar o tempo e a energia para lutar pelos seus ideais académi-cos, saiu da garagem, onde tinha tra-balhado durante catorze anos. Embo-ra tivesse passado no exame para fun-cionário público, no período da licen-ciatura, desistiu do trabalho e tornou--se estudante a tempo integral. Com intenção de incentivar o seu estudo e trabalho de investigação científica, a Universidade de Ciência e Tecnolo-gia de Macau atribuiu-lhe uma bolsa de estudo e reduziu para metade a sua propina do curso de doutoramen-to. Com o incentivo de professores e colegas, Lei Kin investigou durante muitos anos, no laboratório, fosse

Inverno ou Verão, os algoritmos ma-temáticos para analisar os dados e re-solver problemas. Nos últimos anos, tem colaborado com outros co-au-

tores para publicar, como primeiro autor, mais de dez artigos científicos, e tem cooperado com o seu orienta-dor para concluir uma monografia de Matemática. Além disso, com o novo método eficiente para o proces-samento de dados em massa, ganhou, em 2012, o 1.º Prémio de Investiga-ção Científica e Desenvolvimento Tecnológico para Pós-Graduados de Macau e com outras quatro pessoas da equipa, o terceiro lugar do Prémio de Ciências da Natureza dos Prémios de Ciência e Tecnologia.

explorou o seu própriocaminho de desenVolVimento

• Agora, Lei Kin já recebeu o seu diploma de doutoramento. Há três anos, tornou-se membro do progra-ma “Lua Digital” subsidiado pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, e era res-ponsável pela computação inteligen-te e processamento automatizado dos dados recolhidos pela “Chang’e 1”, usando o método mais rápido e efi-ciente, para dar aos cientistas dados mais confiáveis para uma investiga-ção mais aprofundada.

de técnico a inVestigadorcientífico, seguiu com

perseVerância o seu caminho

• De técnico a investigador científi-co, os outros acham que foi uma mu-dança radical para ele, mas Lei Kin não concorda: “Eu faço sempre o que gosto e esforço-me sem reservas.” Ele sugeriu aos jovens que tracem os seus objectivos de vida a curto e mé-dio prazo, não percam tempo quando trabalham e um dia conseguirão ex-plorar os seus próprios caminhos.

NÃO TER MEDO DAS DIFICULDADESE PERSISTIR NO CAMINHO DOS ESTUDOS

Li Jian – De mecânico de automóveis a investigador científico

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13EVENTOShoje macau terça-feira 9.12.2014

• A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) conseguiu recolher 4,58 milhões de patacas no leilão de caridade que leva a cabo anualmente. Na sexta-feira, mais de uma centena de convidados juntou-se no Grand Lisboa para participar no evento, sendo que foram colocadas a leilão peças como uma aguarela do Porto Interior por Alexander Rattray, datada de 1857, que foi vendida por 1,6 milhões de patacas. Todo o dinheiro angariado seguiu para uma dezena de organizações de Macau, onde se destaca a Associação de Benefência Tung Sin Tong, a Associação de Caridade do Hospital Kiang Wu, a Obra das Mães, a Macau Special Olympics e a Cáritas de Macau.

• Uma das melhores orquestras de jazz do mundo esteve em Macau, no domingo, para uma actuação no Venetian Theatre. Com um estilo único, a orquestra formada por William James “Count” Basie in 1935, celebra 80 anos no próximo ano e deixou já a mensagem de querer regressar ao território. “Adorámos actuar para as pessoas de Macau e a sua resposta fantástica à nossa música fez-nos sentir em casa. Esperamos poder regressar muito brevemente”, disse Scotty Barnhart, o regente da orquestra, duas vezes galardoado com Grammy. O espectáculo em Macau contou com a poderosa voz de Carmen Bradford, veterana do jazz, mas também com Alexander Stewart, um vocalista de 26 anos, que se estreeou em Macau.

FIL IPA ARAÚ[email protected]

O Chef macaense Tertualiano de Senna Fernan-des recebeu a

medalha de ouro no concurso Ásia Culinária 2014, que de-correu no final do mês passado no centro de Convenções e Exibições do Venetian. No concurso participaram 50 chefs provenientes de várias regiões vizinhas: Hong Kong, China, Tailândia, Malásia, Singapura, Japão, Indonésia, Taiwan e Macau estiveram em competição naquele que

O macaense Tertuliano de Senna Fernandes venceu uma competição asiática com um prato de fígado de vaca e mirtilos

SJM LEILOA PARA CARIDADE

COUNT BASIE ORCHESTRA ACTUA NO VENETIAN

CULINÁRIA TERTULIANO DE SENNA FERNANDES RECEBE MEDALHA DE OURO

A vitória do prato da casa

é considerado um dos mais importantes concursos de culinária da Ásia. Tertuliano de Senna Fernandes foi o “único convidado macaense para o concurso de culinária Ocidental”, conforme explica o comunicado de imprensa da organização.

O Chef diz “sentir-se muito feliz e honrado com o desfecho deste concur-so”, dado ter sido o único macaense convidado para o certame. Tertualiano de Sen-na Fernandes diz ainda “ter sido sempre uma honra levar Macau a outros destinos onde os seus dotes culinários não passaram despercebidos”, pode ler-se no documento.

Todos os chefs foram ava-liados através da confecção de um prato, à sua escolha, com os ingredientes que tinham à disposição. “Os participantes tiveram que lutar contra o relógio para, em 45 minutos usarem da sua perícia e cria-tividade, submetendo os seus trabalhos à avaliação de um

grupo de jurados de reconhe-cido mérito”, pode ler-se no comunicado.

Tertuliano de Senna Fer-nandes conquistou o júri com um prato de “excepcional apresentação”, confeccio-nado com fígado de vaca e molho à base de mirtilos.

Apesar de ser o primeiro prémio do Chef em Macau, Tertuliano de Senna Fernandes já conquistou vários prémios, tendo já angariado o título de “China Cooking Master” e de “Chef de Cordon Bleu”.

Presidente da Associação de Gastronomia Internacional de Macau, Tertualiano de Senna Fernandes é docente na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, na área da doçaria, e foi ainda convidado “para consultor e representante de vários hotéis e restaurantes, bem como embaixador de algumas das marcas representadas no evento”.

Venetian Lançado concurso de fotografia para o Cotai WinterEstá aberto o concurso de fotografia do Cotai Winter, no Venetian, que acontece pela terceira vez em Macau. Os interessados em concorrer poderão participar enviando as suas fotos e concorrendo ao prémio final de dez mil patacas. A inspiração terá que estar subordinada ao programa “Inverno do Venetian”, o Winter In Cotai, que decorre até 4 de Janeiro de 2015. As fotografias terão que ser submetidas a apreciação entre 22 de Dezembro e 10 de Janeiro e não poderão sofrer qualquer edição ou manipulação. Os participantes terão que enviar as fotografias em formato JPEG, com o seu nome, contacto e título da fotografia.

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hoje macau terça-feira 9.12.201414 publicidade

Request for Proposal – Provision of the “Ground Handling”, “Aircraft Maintenance” and “Cargo & Mail” Subconcession Activities at

Macau International Airport

1. Company: Macau International Airport Company Limited (CAM)2. Method: Open Request for Proposal (RFP)3. Objective: To select ONE operator to provide the “Ground Handling”, “Aircraft Maintenance”

and “Cargo & Mail” Subconcession Activities at Macau International Airport. 4. Validity of the Proponents’ proposals: The validity period of the Proponents’ proposals shall be

270 days counting from the deadline for submission of proposals.5. Minimum qualification: For details, please refer to Page 11 of the Request for Proposal6. Request for Proposal documents:

Request for Proposal Documents and other pertinent information are available on www.macau-airport.com until the deadline for submission of proposal. Please always check the website for additional information, clarifications or modifications of the Request for Proposal documents that may be published from time to time.

7. Location and time for submission of Proponents’ proposals:Macau International Airport Company Limited (CAM)4th Floor, CAM Office Building, Avenida Wai Long, Taipa, Macau S.A.R.Monday to Friday (except public holidays) 9:00a.m-1:00p.m and 2:30p.m to 5:30p.m (Macau Local Time)

8. Deadline for submission of Proponents’ proposals:12:00 noon of 18 March 2015 (Macau Local Time).

9. Proposal evaluation criteria: Company Profile 240 pointsFinancial Proposal and Pro-Forma Statement 200 pointsBusiness Plan 560 points------------------------------------------------------------------------------------------------Total 1,000 points

10. CAM reserves the right to reject any proposal in full or in part without stating any reasons.

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15 eventoshoje macau terça-feira 9.12.2014

Para o Prémio Nobel, a China tem uma literatura de nível mundial e os seus escritores não devem procurar ser simples para facilitar as traduções para línguas estrangeiras

O Nobel da Literatura chinês, Mo Yan, con-sidera que a estabili-dade política e mate-

rial que se vive no Ocidente retirou à sua literatura o “brilho” que teve no passado e que hoje emana mais intensamente da China. “Acho que temos uma posição brilhante. Julgo que a literatura moderna ocidental já não tem esse brilho. [O Ocidente] é estável, as pessoas vivem bem. [Os escritores] acabam por se focar mais em problemas emocionais porque estão bem alimentados”, disse Mo Yan, no sábado, perante a audiência que encheu o princi-pal auditório da Universidade de Macau (UM).

Para o Nobel da Literatura de 2012, o único conquistado por um autor chinês, os escritores ociden-tais já não se debruçam sobre o impacto dos movimentos sociais. Por outro lado, a literatura chinesa - que durante a Revolução Cultural se tornou “estreita” e “limitada” - fez emergir uma nova geração e

O japonês Ren Ito trabalhou no ate-liê de Siza Vieira

e apontou tudo o que o mestro fazia enquanto aprendia português. O re-sultado foi agora editado em livro.

Ren Ito, arquitecto japonês recém-chegado a Portugal para colaborar com Siza Vieira, tinha como trabalho de casa das aulas de português escrever tudo o que era dito pelo mestre durante uma visita à obra na Quinta do Bom Sucesso, em Óbidos. Esse diário de bordo, “Álvaro Siza Design Process | Quinta do Bom Sucesso Hou-sing Project”, foi agora editado.

A Universidade de São José (USJ) apresenta amanhã uma palestra

sobre protecção ambiental. Das 18h30 às 20h00, serão apresentados resultados de um inquérito sobre a consciência ambiental dos cidadãos de Macau, sendo que os resulta-dos vão ser comparados com a região do Delta do Rio das Pérolas.

Com entrada livre, o even-to tem como objectivo dar a conhecer a avaliação feita pela própria universidade a todo o território sobre a consciência ambiental do público em geral. A USJ realizou uma pesquisa, patrocinada pela Fundação Macau, com o objectivo de avaliar o conhecimento actual dos residentes sobre o ambien-te e também o seu compor-

MO YAN LITERATURA CHINESA “TEM LUGAR” CATIVO NA ERA MODERNA, DIZ NOBEL

“O escritor é como um ladrão que rouba tudo o que vê”

“Se pensarmos que estamos a escrever para estrangeiros, vamos achar que a linguagem é muito complicada para o tradutor e vamos simplificá-la e retirar-lhe originalidade”MO YAN

JAPONÊS ESCREVE DIÁRIO COM SIZA VIEIRA

Trabalho de casaUSJ PALESTRA SOBRE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL AMANHÃ

O que sabemos?

ganhou “um lugar no mundo da literatura moderna”.

“Com base no que li, os outros [autores] não são muito melhores que os escritores chineses. Nos últimos 30 anos, a nossa literatura conseguiu muito e não é, de forma alguma, inferior à literatura mun-dial”, disse Mo Yan, que no sábado recebeu da UM o doutoramento ‘honoris causa’.

O Nobel participou num debate, com outros três académicos, sobre “As conquistas da Literatura Chine-sa e o seu Futuro”, em que defendeu a importância de se estar “aberto ao mundo” e aprender com “a vida das pessoas comuns”, salientando que os chineses, com toda a sua diver-sidade linguística, étnica, religiosa e cultural, têm “um mundo interior muito complicado”.

Mo Yan falou ainda da impor-tância da sua cidade-natal, Gaomi, para o trabalho literário. “Quando fui para a universidade li muita literatura ocidental e aprendi que existe algo chamado ‘cidade-natal literária’”, uma entidade que, ainda que ficcional, é sempre alimentada pelos espaços e pessoas da infância. “O escritor é como um ladrão que rouba tudo o que vê e leva para a sua cidade”, explicou.

Quanto ao futuro da literatu-ra chinesa, está dependente da qualidade dos tradutores e do progressivo aumento dos falantes de chinês no mundo, disse. Mo Yan sublinhou, no entanto, que é preciso não simplificar a escrita para facilitar a vida a quem traduz.

“Se pensarmos que estamos a escrever para estrangeiros,

vamos achar que a linguagem é muito complicada para o tradutor e vamos simplificá-la e retirar-lhe originalidade”, comentou.

Mo Yan mostrou-se bem dis-posto e entusiasmado com a sua estadia em Macau, onde, no dia anterior, ganhou 540 patacas com uma aposta de cem patacas num casino. “Se todos os dias ganhasse

500 patacas ficava em Macau para o resto da vida”, brincou.

Respondendo a uma questão do público, o escritor revelou ainda a inspiração para o seu livro “Republic of Wine”, que conta a história de uma cidade totalmente dominada pelo consumo e produ-ção de vinho.

Segundo Mo Yan, o romance foi motivado pelos desafios que a bebida lhe colocava. “Todas as pessoas na minha cidade queriam embebedar-me”, queixou-se.

Ao mesmo tempo, o escritor conheceu um homem com uma enorme resistência à bebida. “Descobriu que tinha muito talento para beber e nunca se embriagava. Tornou-se uma pessoa cuja pro-fissão era beber com os outros. Foi assim que surgiu o romance”, revelou.

Em 2012, a atribuição do Nobel da Literatura a Mo Yan suscitou duras críticas devido à sua ligação ao Governo - é vice-presidente da Associação de Escritores da China, membro do Partido Comunista e chegou a escrever uma autocrítica ao romance “Peito grande, ancas largas”, mal aceite por ter algum conteúdo sexual. - Lusa/HM

As primeiras impres-sões foram registadas em 2007 e nas páginas do livro surgem lado a lado com os 74 esquissos do mais premiado arquitecto português.

O conjunto de notas é o diário de uma obra, o que o levou Ren Ito a querer publicar o livro - começa no momento em que o arquitecto faz a primeira

visita ao local, em 2004, e termina nos acabamentos, em 2009. Nas primeiras páginas, o japonês escreve os cinco passos de Siza no desenvolvimento de um projecto e os seis aspectos a que dá mais atenção na construção. “Nunca temos oportunidade de ver como o arquitecto ou o artista trabalham”, diz Ito.

tamento face a uma melhor protecção do ambiente.

“As questões ambientais tornaram-se onipresentes nas nossas vidas diárias e tem havido um aumento da preocupação pública sobre a degradação do meio ambien-te nas últimas décadas. Os oradores vão apresentar os principais resultados da sua análise aos dados e, uma vez que a mesma pesquisa já foi realizada em Hong Kong, a conversa também vai incluir perspectivas comparativas entre as duas regiões e ofe-recer tanto recomendações gerais, como específicas para o caminho a seguir no reforço às políticas públicas e estraté-gias educativas na protecção do meio ambiente”, avança a organização.

A palestra e apresentação dos resultados conta com o professor Eric Tsang, que é ac-tualmente director associado da UNESCO UNEVOC HK.

“Tem mais de vinte anos de experiência em pesquisas relacionadas com os estudos ambientais e estudos de sus-tentabilidade. (…) É também membro do Conselho Consulti-vo para o Ambiente da RAEHK. Internacionalmente, é um membro das Nações Unidas.”

Também a professora Emi-lie Tran, de Estudos Governa-mentais, estará presente.

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16 hoje macau terça-feira 9.12.2014

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IDEI

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Maria João Belchior

T RADUZIR poesia pode ser tão ou mais difícil que escrevê-la. Richard Zenith, Prémio Pessoa em 2012,

norte-americano com cidadania por-tuguesa, dedica-se há cerca de três décadas ao estudo e à tradução de autores portugueses. São séculos de História contados pela arte de tra-duzir para língua inglesa a poesia e a prosa portuguesas, desde as medievais cantigas trovadorescas até aos poemas de Sophia de Mello Breyner. A contar há também décadas a compreender e a traduzir a obra de Fernando Pessoa, poeta que leu primeiramente nos Es-

ONDE ESTÁ A POESIARichard Zenith, Prémio Pessoa em 2012, fala sobre a obra de Fernando Pessoa,

a língua portuguesa e o ofício de tradutor, qual Embaixador da literatura

tados Unidos e de quem comprou os primeiros livros em edições no Brasil. O encanto ficou desde essa leitura mas Richard Zenith, agora com anos de distância, admite que, de início, a tradução de Pessoa não era uma “am-bição”.

A Portugal chegou em 1987, com uma bolsa da fundação Guggenheim para o estudo das cantigas trovado-rescas. Daqui resultou a primeira de várias antologias poéticas disponíveis a um público de leitores no mundo an-glófono. Passaram quase trinta anos e a lista de autores portugueses, ou que escreveram em língua portuguesa, que

Richard Zenith traduziu , é vasta e plural. Um universo de conceitos, de ideias e de formas de pensar contadas numa outra língua.

PRIMEIRO O DESASSOSEGO

João Cabral de Melo Neto foi a primei-ra tradução de poesia, começada ainda no Brasil, antes da imersão num espólio que viria a ocupar as próximas décadas, o de Fernando Pessoa.

Camões, António Lobo Antunes, Carlos Drummond de Andrade, Sophia de Melo Breyner, Antero de Quental, Nuno Júdice, Luandino Vieira, uma lis-

ta longa e com muitas edições disper-sas. Para breve sairá mais uma antolo-gia bilingue de 28 poetas portugueses a serem publicados por uma editora irlandesa.

Pessoa foi uma escolha sua, co-meçando pelo Livro do Desassossego que se propôs a traduzir quando ain-da os estudos sobre a obra davam os primeiros passos. A primeira edição em português saiu em 1982, 47 anos depois da morte de Pessoa. Desde en-tão já se encontraram e reuniram mais de cem textos inéditos. Em 1998 saía a primeira edição da obra de Bernardo Soares pela editora Assírio & Alvim que

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17 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 9.12.2014

convidou Richard Zenith para a com-pilação e apresentação da obra. Um livro que continua a ter novas edições, actualmente na 11ª edição publicada este ano. O investigador norte-ameri-cano chama-lhe o “livro-sonho, o livro--desespero, o anti-livro.” Reunido por Pessoa numa certa desordem, deixou muitas dúvidas a que os estudiosos ten-taram responder. Escrito inicialmente entre 1913 e 1920, teve um interregno de oito anos, parado, sem escrita, só voltando à vida em 1929.

Mais do que entender a caligrafia ou as notas, para quem se dedica ao espó-lio de Pessoa, há que compreender os poemas e os heterónimos que tinham “paralelismos nos seus hábitos”, como diz Zenith. O Livro do Desassossego foi uma obra em que Pessoa trabalhou até ao fim da vida acrescentando tex-tos, fragmentos, ou ideias com interro-gações pendentes sobre se pertenceria “àquele” livro. São vinte anos de escrita de um livro que o poeta sabia que esta-ria sempre por terminar.

O EU E O OUTRO

As centenas de horas a percorrer os textos assinados por Pessoa e os seus heterónimos só se podem entender por uma paixão. Richard Zenith divide--se entre traduções, ensaios, críticas literárias e investigação. Os trabalhos entrecruzam-se pela própria necessida-de de contextualizar. “Uma coisa puxa a outra” conta o escritor que agora di-vide a vida entre Lisboa e o Algarve. O mar, sempre o mar, dos poemas e da realidade de um país costeiro.

“Como tradutor, muitas vezes acabo por ser um Embaixador da literatura”, diz Richard Zenith.

Quantos Pessoa há num só poema? A dúvida mais comum, mas sem uma resposta única, da heteronímia de um poeta que se multiplicou em identidades distintas. Richard Zenith explica que o trio “Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Ál-varo de Campos, são bastante diferen-tes, cada um com as suas preocupações e com o seu estilo em termos formais.” O desafio de distinguir as várias vozes é grande, mas Richard Zenith acrescenta, “algo que o próprio Pessoa nem sempre faz”. O Barão de Teive, heterónimo sui-cidário, que surgiu em 1928, escrevia em prosa e num estilo e temática muito semelhantes ao de Bernardo Soares que, depois do interregno na escrita, só volta ao Livro do Desassosego em 1929.

Apesar das várias patologias que ao longo dos anos têm surgido como tentativa de resposta às diferentes per-sonalidades, Richard Zenith conta que “Pessoa tinha aparentemente medo de enlouquecer porque tinha uma avó pa-terna que enlouquecera na velhice”. Mas o próprio terá estudado o assunto e a relação entre o génio e a loucura. “Para Pessoa o facto de ter loucura na famí-lia era uma indicação de que ele mesmo poderia ter o gene”. Só que para além do medo, e de por vezes sugerir ele mes-mo algum desequilíbrio, Richard Zenith

LIVRO DO DESASSOSSEGO - O INVESTIGADOR NORTE- -AMERICANO CHAMA-LHEO “LIVRO-SONHO, O LIVRO- -DESESPERO, O ANTI-LIVRO”

relativiza “um fundo de loucura sob um controle muito forte.” A capacidade de abstrair-se, ajudava-o “a manipular e a domar todo aquele turbilhão de pensa-mentos e não vejo a variedade dos he-terónimos como expressão de loucura .”

PARA LÁ DA RIMA

Num poema, as imagens são funda-mentais, cinco sentidos alerta entre as palavras e os seus silêncios. A tradução cria um processo que empresta uma língua diferente a um mesmo conceito. “Em cada poema, o tradutor tem de ver onde está a poesia”, diz Richard Zeni-th. “A rima pode ser mais - ou menos - importante, caso haja rima”.

Na tradução das cantigas trovado-rescas, Richard Zenith realça a impor-tância de replicar os jogos formais, para dar valor ao ritmo e à métrica. Todas as alterações necessárias são explicadas em

notas finais. “Pequenos pecados” como lhe chama o crítico e tradutor que cria a diferença entre a forma e o sentido. “Ca-mões é conceptual e a rima é uma par-te importante, mas em inglês não pode haver a mesma rima perfeita.” Salien-tando a métrica e o aspecto conceptual que por vezes exige que seja uma “rima impura” e que pode alterar o sentido de “onde está a poesia”. Para lá da rima, há que sentir a música de quem escreveu e oferecê-la a quem a lê.

A cada poesia e poeta o seu sentido e um soneto é uma canção. “Por exem-plo Carlos Drummond de Andrade es-creveu muitos sonetos que não rimam,” conta Richard Zenith.

Há uma exigência de ser fiel entre tantos detalhes técnicos. “Por mais que o tradutor queira desaparecer, identifi-cando-se com o autor totalmente, aca-ba sempre por existir.”

Reconhecido o seu trabalho de ex-celência em mais do que um prémio, o Prémio Pessoa chegou em 2012. Ri-chard Zenith recebeu-o com surpresa, quase como se uma outra pessoa o rece-besse, a figura do estudioso, do investi-gador e tradutor que há anos se dedica a compreender o Português, na figura da sua língua. “Achei bonito o reconheci-mento”, confessa a pessoa que escolheu Portugal como casa. Hoje mais dedica-

do à investigação, Richard Zenith con-tinua com vários projectos em mãos, sobretudo de tradução de poesia.

Há vários anos o Espólio de Pessoa foi vendido pela família ao Estado por-tuguês estando na Biblioteca Nacional que já tinha, antes da venda, inventaria-do o material. Para além desses manus-critos, ficaram alguns textos nas mãos da família. “Ao longo dos anos, os in-vestigadores consultavam esses papéis e alguns foram sendo publicados.” Mas sabendo que há material ainda com os familiares, Richard Zenith afirma que não se pode considerar que há inéditos de peso por publicar.

Tantos anos de contacto entre o tra-dutor e a obra original, no caso de Fer-nando Pessoa coloca a questão de nun-ca ter “conhecido” o autor para lá da sua palavra escrita, única forma de o enten-der. Se Pessoa aparecesse hoje aqui, ha-via alguma dúvida para colocar-lhe? Ri-chard Zenith sorri e admite – “há algum tempo fizeram-me a mesma pergunta”. E remata, “possivelmente aquilo que gostaria de perguntar a Pessoa, talvez nem o próprio soubesse responder-me.”

NADA É INTRADUZÍVEL (OU TUDO É)Richard Zenith afasta-se de ideias de haver palavras sem tradução. Sempre a saudade. “Posso dizer que saudade não é traduzível como posso dizer que copo não é traduzível”. Exemplificando Richard Zenith pega em palavras objectivas como copo e conta que “mesmo em inglês – glass – tem outro som que também significa vidro e que pode evocar outras ideias como transparência associada ao copo”. E acrescenta “qualquer palavra é intraduzível porque não há uma igual mas em cada situação há uma forma de a traduzir”.

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18 hoje macau terça-feira 9.12.2014h

H UMBERTO aborrecera--se um pouco com as burocracias da morte. Felizmente, um paren-

te próximo, modelo de organização e sentido prático, prestara-se a ajudar. Gostou da cerimónia, a morta estava bonita, a agência fizera um bom traba-lho. Lá fora dir-se-ia o primeiro dia de Outono, bonito e brando, e Humberto sentiu-se bem e orgulhoso de pertencer àquela paz. A um canto, em pé, uns tios do norte falavam em voz velada sobre problemas de negócios e outros faleci-mentos de família, e quando mudavam o peso do corpo de uma perna para ou-tra o chão de madeira rangia sombrio mas suave.

O velório, em casa do tio Verga, de-correu com a serenidade com que a tia se havia finado: uma calma tarde de fim de Verão, um último chá ao ar livre, e Amélia Fortes passara-se quase com um sorriso nos lábios, confortavelmente sentada na sua velha cadeira de palha.

Ao lembrar-me do Humberto penso que somos dos últimos a ter visto um mundo antigo, em que a cidade era ain-da provinciana. Acho que nós já nem fazemos parte desse mundo. Mas ainda o vimos. Os mais novos e os que vie-rem depois de nós já não vão perceber nada, e ainda bem, que aquela calma era apodrecenta e triste. As pessoas es-tão sempre a dizer mal mas o mundo agora é mais alegre, não achas? As tias velhas em terceiros andares das Aveni-das, aquelas mesas redondas com um candeeiro, toalhas e fotografias de ve-lhos fardados com um ar muito sério de bigode. Chiça. E diziam chiça, algumas dessas tias enterradas em memórias e xailes. Uma ou outra dizia porra. Di-zia e dizem, que algumas delas, não sei bem como, ainda estão vivas.

Lembras-te dos tios? Aqueles ho-mens que pareciam estar sempre a vol-tar do café, ou do escritório, a cheirar a tabaco. Homens de camisas brancas e gravatas sem cor. Tu não sei, mas a ideia que eu tenho deles é a de que es-tavam sempre a voltar de algum lado, só os consigo ver com nitidez a entrar em casa e a pendurar o sobretudo e o chapéu no bengaleiro da entrada, a olhar para o espelho e a ajeitar o cabelo com um ar vago, perdidos num tempo que não desvendavam, antes de entrar na sala.

Humberto arranjou a gola da tia com cuidados de extremoso sobrinho e dirigiu-lhe um último sorriso acom-panhado de uma espécie de respeitosa

AMÉLIAe imperceptível genuflexão. Não mos-trava emoção mas sentia que a perda da tia iria trazer, para além das suas triste-zas, os seus incómodos. Morta há tão pouco tempo e já só pensava em aspec-tos práticos.

-Quando eu já cá não estiver não te arranjas sozinho.

-A tia não diga essas coisas - dizia Humberto num sopro de inquietação e curiosidade. Amélia Fortes sorria, rata cheia de conhecer as consequências de uma morte que não temia mas que tam-bém não perseguia.

Agora, pela primeira vez sozinho, sentia até talvez com mais intensidade a presença da falecida, da sua vida sim-ples mas sólida. Reparava com agrado no desenvolvimento feliz das plantas que a tia tratava com tanto aprumo, com uma dedicação de tia, por vezes severa. A tia gostava de animais mas nunca os quisera em casa. Nem um pássaro piava ali. Tal como as crianças, gostava deles a uma certa distância, e ficara-se pelas plantas.

O peso daquela sala parecia agora olhá-lo desconfiado. Nunca reparara no ar grave dos reposteiros e dos ta-petes, na reluzência das pratas, quase vivas, reprovadoras. O relógio atirava--lhe uns tiquetaques sisudos. Ao lado do relógio, o silêncio da sala parecia esperar dele uma resposta.

- O menino precisa de alguma coisa? - Não ouvira a Jacinta entrar e

olhou-a sobressaltado, como se tivesse surgido do tempo em que a tia era viva. Agora que tinha ido a enterrar é que es-tava mesmo morta, teria de ser ele a dar as ordens, a tratar das coisas da casa, talvez mesmo a pagar a renda.

Nutria pela pequena Jacinta um afecto profundo mas, ao mesmo tem-po, pareceu-lhe de súbito cansativo tratar directamente com ela. Há quan-to tempo trabalharia a Jacinta lá para casa? Quanto é que ela receberia? Seria ao mês, ou à semana?

Sentiu apoderar-se dele um cansaço enorme. Pediu à velha empregada que voltasse no dia seguinte e deixou-se cair no cadeirão que fora do tio faleci-do há 20 anos.

Nestas famílias daquele tempo ha-via segredos que nunca chegavam a ser revelados. Segredos de amor, heranças, desentendimentos antigos fechados a muitas chaves. Alguma vez alguém te disse alguma coisa? Também não te sei dizer do que se tratava mas por vezes pareceu-me que afloravam nos olhares e nas vozes histórias de quando éramos pequenos, tragédias antigas ou mesmo recentes. Nomes simples ganhavam ressonâncias cavas e o tinir subitamen-te frio dos talheres enchia o jantar de medos e de memórias. Poderá ser só a minha imaginação?

Lembras-te do padrinho? Nunca ti-nha pensado muito nisso mas porque é que ele nunca escreveu, porque é que

nunca mais ninguém falou nele? Será que foi mesmo para Macau? Uma vez pareceu-me vê-lo. Ia a atravessar o jar-dim ao pé de casa e vi um sujeito magro enfiado num sobretudo a dar comida aos patos. Podia muito bem não ser ele mas apercebi-me de um pequeno re-conhecimento na indiferença daquele homem cansado. Não acredito que não tenha havido ali caso nenhum.

E a gravidez da Luisinha? Só me foi revelada tinha eu quase trinta anos. Soube-o sentado à mesa da cozinha em conversa críptica com a prima Gui-da numa noite de insónia, os dois de roupão e copos de leite morno, bran-cos como neve. Ela ficou feliz por eu pertencer a um tempo mais tolerante. Eu fiquei triste por ela não o ter vivido mais nova.

Naquela altura, que foi há tão pouco tempo, até era difícil chegar à varanda, protegida pelos cortinados, os pesadões de cores escuras e depois aqueles bran-cos transparentes e depois as portas de grandes vidraças que emperravam em cima ou em baixo, impossíveis de abrir sem ruídos numa noite de segredos. As varandas cheias de vasos. As pessoas ti-nham medo da rua e as coisas e as pró-prias pessoas ficavam longe.

Humberto acordou já a tarde ia avançada. Começava a sentir as horas de vigília, a canseira daqueles dias in-tensos, o desfile das condolências da família e dos conhecidos.

Acordou com os olhos nas fotogra-fias e percorreu com a visão a sala, da esquerda para a direita, a mesa, a janela alta, a escrivaninha de mogno da tia.

Levantou-se, dirigiu-se à pequena cadeira da escrivaninha, um pouco de-sengonçada, e abriu o tampo devagar.

Por baixo dos pequenos compar-timentos cheios de papéis e peque-nos objectos descobriu cinco gavetas. Abriu-as uma a uma com excepção da do centro, a maior, que estava fechada à chave. Onde guardaria a tia a chave? Experimentou a chave do tampo mas era diferente. Devia estar naquele mo-lho grande. Como é que uma mulher com uma vida tão simples tinha tantas chaves?

Deve ser esta a chave - pensou Humberto. Experimentou-a e abriu a gaveta grande, a do meio, cheia de car-tas e outros papéis. Abriu uma que lhe despertou mais atenção, endereçada à tia, com data de décadas, e leu:

“Amélia só minha,Se soubesses em que estado te es-

crevo estas linhas . . .

a revolta do emir Pedro Lystmann

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GCS

19DESPORTOhoje macau terça-feira 9.12.2014

Veloso gostava de voltar ao SportingA dar tudo pelo Dínamo de Kiev, na Ucrânia, mas com o coração dividido entre Portugal e Itália, Miguel Veloso imagina-se outra vez de leão ao peito “para retribuir”, mas talvez um pouco lá mais à frente, apesar de William Carvalho, trinco como Veloso, ser um dos jogadores do Sporting com mais mercado. “Gostava de voltar a jogar no meu país e pelo Sporting, sem qualquer dúvida. É o meu clube, aquele que tanto por mim fez enquanto homem e atleta. E não se trata apenas de um desejo de carreira”, afirma o ex-jogador dos leões numa entrevista ao jornal O JOGO

Aguero Um mês paradoSergio Aguero, avançado do Manchester City, vai ficar sem competir durante um mês, em consequência da lesão sofrida durante o jogo com o Everton. Avança a imprensa inglesa que a lesão nos ligamentos do joelho, apesar de não ser tão grave como se chegou a temer, deverá manter o argentino longe dos relvados até ao fim do ano. A confirmar-se o prognóstico, Aguero desfalcará os citizens num total de seis jogos, falhando os confrontos com Roma, Leicester, Crystal Palace, West Bromwich, Burnley e Sunderland, este último agendado para o primeiro dia do ano.

Van Gaal Falcao só pode jogar 20 minutosLouis van Gaal explicou o porquê de Radamel Falcao ter iniciado os dois últimos jogos do Manchester United no banco de suplentes. «Decidi convocá-lo apesar de ele só poder jogar durante 20 minutos. Ele precisa de ritmo de jogo», disse o holandês. «Seria melhor se ele tivesse jogado pela segunda equipa, mas não o pude fazer porque na terça-feira defrontávamos o Stoke e Wayne Rooney estava lesionado», acrescentou Van Gaal.

Livro de Rodrigo apresentado no Estádio da Luz“Inesquecível”. Este o título do livro da autoria de Rodrigo Moreno, antigo avançado do Benfica, em conjunto com o jornalista Luís Miguel Pereira, que vai ser apresentado esta segunda-feira, pelas 21 horas, na megastore do Estádio da Luz. Dedicada à época 2013/2014 dos encarnados, coroada com a conquista do Campeonato Nacional, da Taça de Portugal e da Taça da Liga, a obra conta com prefácio de Luís Filipe Vieira e com as participações especiais de Luisão, Gaitán, Salvio, Lima, Artur Moraes e Siqueira.

O queniano Ju-lius Kiplimo Maisei venceu pela segunda

vez consecutiva a Maratona Internacional de Macau, com o tempo de 02:14.45 horas, numa prova em que os atletas do Quénia conquistaram os oito primeiros lugares.

Com os quenianos mui-to fortes, Dominic Kangor Kimwetich cortou a meta a dois segundos do vencedor e o pódio ficou completo com Duncan Cheruiyot Koech, que demorou mais três se-gundos do que Maisei para percorrer os 42 quilómetros do percurso.

Na competição femi-nina, a queniana Flomena Chepchirchir Chumba, com 02:33.24 horas, venceu a cor-rida, deixando a sua compa-triota Hellen Wanjiku Mugo a 11 segundos e a chinesa Li Hua Gong, que ocupou o terceiro lugar do pódio, a 17 segundos.

Já a meia-maratona teve um sabor mais lusófono com o português Daniel Pinheiro e o cabo-verdiano Ruben Sanca a conquistarem os dois primeiros lugares da prova com, respectivamente, o tempo de 01:07.43 horas e 01:08.19 horas.

O terceiro lugar do pódio da meia-maratona foi con-quistado por Kun Wang, da China, com 01:09.36 horas.

Gil Quintas, de São Tomé e Príncipe, com 01:13.10 horas, Kuna Un Iao, de Macau, com 01:13.42 horas, Ribeiro Carvalho, de Timor--Leste, com 01:13.53 horas, Alexandre Djata , da Guiné--Bissau, com 01:16.59 horas e Francisco Clemente, da Índia, com 01:18.45 horas, fecha-ram o ‘top 8’ da prova onde participaram como atletas convidados pelos seus paí-ses ou territórios integrarem a Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP).

“Atendendo às condições atmosféricas e correr a esta hora, muito cedo, diria que foi uma corrida bem disputada, uma vez que o atleta segundo classificado andou comigo até cerca dos 18,5 quilómetros e só depois consegui impor um ritmo um pouco mais forte e ganhar alguma vantagem sufi-ciente para vencer”, explicou Daniel Pinheiro.

MARATONA INTERNACIONAL QUENIANOS LIDERAM. MAISEI REPETE VITÓRIA

A imparável onda africana

“A maratona tem uma tradição desportiva internacional já relevantee serve de atractivo à participaçãoda população a outros eventos comoa mini-maratona”JOSÉ TAVARES Presidente do ID

Apesar da diferença horária - mais oito horas do que em Portugal - Daniel Pinheiro garante estar a “adorar” a estada em Macau e promete, se for convidado, voltar ao território em 2015.

Na competição feminina da meia-maratona, a quenia-na Edinah Koech venceu com 01:20.50 horas, seguida da portuguesa Cláudia Pe-reira com 01:22.49 horas e da cabo-verdiana Crisolita Silva com 01:26.15 horas.

Já a timorense Natércia

Maia ficou no quinto lugar com o tempo de 01:34.33 horas, atrás de Yangyang Wu, de Macau, que cortou a meta com 01:33.35 horas.

No final da prova, o presidente do Instituto do Desporto de Macau, José Tavares, fez um balanço positivo de mais uma edi-ção da Maratona de Macau, destacando a “excelente participação” dos atletas da ACOLOP.

“Fizeram uma excelente prova e com esta participação

demos mais um passo para reforçar os laços que nos unem ao nível desportivo e isso é sempre positivo para todos aqueles que integram esta associação”, disse José Tavares.

O mesmo responsável lamentou não ter sido possí-vel, tal como no ano passado, Julius Kiplimo Maisei bater um novo recorde da marato-na, facto que também poderá estar relacionado com altera-ções ao percurso devido às obras que decorrem na ilha da Taipa para a construção do metro ligeiro.

“Não foi possível, mas o balanço continua a ser positivo porque a maratona tem uma tradição desportiva internacional já relevante e serve de atractivo à partici-pação da população a outros eventos como a mini-mara-tona”, explicou. - Lusa/HM

CONVITE

O INSTITUTO INTERNACIONAL DE MACAU (IIM)

tem o prazer de convidar para o lançamento do livro “A ÚLTIMA PÉROLA - MACAU”,

uma História de Macau em verso,de José Maria Bártolo

que terá lugar no dia 12 de Dezembro, sexta-feira, pelas 18h30, no Auditório do IIM.

Local: Rua de Berlim, Edf. Venus Court, 240 2.º andar, (NAPE) Telefone: 2875-1727 E-mail: [email protected] Fax: 2875-1797

1. Faço sabe que, o prazo de concessão por arrendamen-to dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º10/2013 << Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, con-jugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu ter-mo, pelo que devem os interessados proceder ao paga-mento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos- Avenida do Coronel Mesquita, n.ºs 3B a 5D e

Rua de Silva Mendes, n.ºs 38 a 38G, em Macau, (Edifício Jade Garden).

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias

subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Nú-cleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés--do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo esti-pulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos , 17 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória da Conceição

AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

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20 publicidade hoje macau terça-feira 9.12.2014

Atribuição de subsídio a pilotos locais participantesnas corridas no exterior em 2015

Os interessados podem apresentar o requerimento, a partir do dia 9 de Dezembro de 2014 até ao dia 15 de Janeiro de 2015, na Comissão do Grande Prémio de Macau.

I. Requisitos do pedido e critérios de atribuição do subsídio que se passam a citar: 1. O requerente, ao abrigo do n.o 1 do artigo 34.o do Decreto-Lei n.o 67/93/M, de 20 de Dezembro, deve satisfazer uma das seguintes condições: 1) Ser natural da Região Administrativa Especial de Macau (R.A.E.M); 2) Ser de nacionalidade portuguesa ou chinesa e ter na R.A.E.M. a sua residência há mais de 1 ano; 3) Residir na R.A.E.M. há, pelo menos, 3 anos.2. O requerente deve, ainda:

a) Ser sócio da Associação Geral de Automóvel de Macau, China (AAMC), e ser portador de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior, bem como obter a representividade da AAMC;

b) TerterminadoeobtidoclassificaçãooficialnascorridasdoGrandePrémiodeMacau (GPM) realizado no ano de 2014.

3. A atribuição de subsídio em 2015 será limitada à participação em corridas homologadas pela Fédération Internationale de Motocyclisme (FIM) ou pela Fédération Internationale de l’Automobile (FIA), devendo estas competições no exterior ser do mesmo tipo e de nível equivalente ao da efectivamente participada pelo piloto requerente no GPM em 2014 (motos, carros de turismo ou fórmula 3). A atribuição está sujeita aos seguintes padrões de avaliação:

1) ClassificaçãogeralnumadascorridasdoGrandePrémiodeMacaurealizadonoanode 2014 (em comparação com o resultado dos primeiros 3 classificados na mesmacorrida), analisando o nível de competição do requerente nestas corridas;

2) Classificaçãogeraldorequerentenascorridasrealizadasnoexterior(emcomparaçãocomoresultadodosprimeiros3classificadosdamesmacorrida),analisando-seonívelde competição do requerente nestas corridas;

3) Potencialidade de desenvolvimento do requerente no desporto motorizado (incluindo idade, etc.);

4) Importância e popularidade da corrida em que irá participar, analisando-se o nível de competição do requerente em diferentes tipos de corridas, internacionais ou regionais;

5) Efeito promocional e divulgação de Macau.4. A atribuição será calculada com base na percentagem correspondente à participação efectiva

nas corridas declaradas pelo piloto no pedido de atribuição de subsídio no ano de 2014.

II. Documentos a apresentar com o formulário especial para a atribuição de subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior: 1) Carta de pedido, indicando obrigatoriamente o valor do subsídio requerido; 2) Plano de actividades (incluíndo a designação, datas, locais e os nos. das corridas no exterior da RAEM e respectivas mangas); 3) Mapa pormenorizado das despesas previstas; 4) Curriculum vitae do requerente; 5) Cópia do B.I.R. do requerente; 6) Cópia do cartão de sócio na Associação Geral de Automóvel de Macau, China; 7) Cópia de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior da RAEM; 8) Documento comprovativo da obtenção de representatividade da Associação Geral de Automóvel de Macau, China; 9) Prova de participação obrigatória e obtenção de resultados oficiaisdascorridasdo Grande Prémio de Macau no ano de 2014; 10)Provadaclassificaçãofinaleoficialdorequerenteobtidaemcorridasrealizadasno exterior da RAEM no ano de 2014.

III. Qualquer alteração às informações apresentadas deve ser comunicada dentro do prazo de 30 dias a contar da apresentação do pedido de subsídio, com declaração expressa do motivojustificativo,findooqual,salvocomprovadassituaçõesdecancelamentoporparteda organização do evento ou motivos de força maior, o piloto terá necessariamente que concretizar as restantes corridas que no pedido de atribuição de subsídio declarou ter a intenção de participar, para lhe ser reconhecido o direito à sua percepção.

Atribuição dos subsídios em 2015 seja concedida na seguinte forma:• Apósaanálisedopedido,serconcedido50%dosubsídioautorizadosendoosrestantes50% concedidos após a conclusão da participação na corrida declarada (com partidaefectuada) e apresentação do respectivo relatório. (O subsídio será calculado de acordo com a participação efectiva em cada evento)

• Caso se venha a confirmar que a corrida participada não foi a corrida declarada nopedido,osrestantes50%dosubsídionãoserãoatribuídoseomontantejárecebido,deveserreembolsado.

Endereço da Comissão do Grande Prémio de Macau: N.o 207, Av da Amizade, Edif. do Grande Prémio de Macau. Telefone: (853) 87962200 ou 87962204.

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hoje macau terça-feira 9.12.2014 (F)UTILIDADES 21

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 15 MAX 19 HUM 55-85% • EURO 9 .8 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

ACONTECEU HOJE 9 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

U M D I S C O H O J E

João Corvofonte da inveja

É a visão da espiral que nos conduz ao espasmo infinito.

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2RISE OF THE LEGEND [C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin Yeung

Com: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy14.15, 21.30

THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James MarshCom: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox16.45, 19.15

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 16.45, 19.15, 21.30

EXODUS: GODS AND KINGS

• AmanhãPALESTRA SOBRE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL EM MACAU

Universidade de São José, 18h00

Entrada livre

• Quinta-feiraPALESTRA “A BORDERLESS VILLAGE: BINDING/

BOUNDING SPIRITUAL TIES AMONG PHLONG MIGRANTS

IN GREATER BANGKOK”, COM INDRĖ BALČAITĖInstituto Ricci, 18h30

Entrada livre

• Sexta-feiraEXPOSIÇÃO “113º 55 ‘E 21º

11’ N”, DE SOFIA AREAL

Fundação Oriente, Casa Garden,

18h30

Entrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”

DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)

Signum Living Store, Rua Almirante Sérgio

Entrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,

DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12)

Consulado-geral de Portugal em Macau

Entrada livre

WORKSHOP DE LANTERNAS TRADICIONAIS

(ATÉ DIA 13/12)

Albergue SCM, das 19h00 às 21h00

Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU

Museu de Arte de Macau

Entrada livre

“THE VERY BEST OF FRANK SINATRA”(FRANK SINATRA, 1997)

Ele não precisa de apresentações, nem de cli-chés como estes que dizem que Frank Sinatra “dispensa apresentações”. É Frank Sinatra, com o melhor que já fez compilado em dois álbuns. “The Very Best Of Frank Sinatra” traz-nos delícias como ‘Fly me to the Moon’, ‘Something Stupid’, ‘They Can’t Take that way

from Me’ e a indispensável ‘I Won’t Dance’. Um clássico que todos devíamos ter em casa. - Joana Freitas

Morre Almeida Garrett, símbolo do romantismo português• Hoje é dia de recordar Almeida Garrett, escritor e dramaturgo, considerado uma das maiores figuras do romantismo portu-guês. Garrett morreu a 9 de Dezembro de 1854, em Lisboa.Nascido no Porto a 4 de fevereiro de 1799 e criado em Gaia, Almeida Garrett foi escritor e dramaturgo, orador, ministro e secretário de estado honorário português.Por altura das lutas liberais, esteve exilado em Inglaterra, país onde tomou contacto com o movimento romântico. Já em França, cria as primeiras obras da literatura romântica portuguesa.Regressa a Portugal em 1826, dedicando-se ao jornalismo. Funda e dirige o diário ‘O Português’, o semanário ‘O Cronista’ e, mais tarde – depois de sair do país por época por absolu-tismo de D. Miguel –, funda também o jornal ‘Regeneração’.Garrett fica com o nome gravado na história por ser também um grande impulsionador do teatro em Portugal, propondo a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.Morre a 9 de Dezembro de 1854, em sua casa, na actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique.Nasceram a 9 de Dezembro Pietro Alessandro Guglielmi, compositor italiano (1728), José Rodrigues Miguéis, escritor português (1901), Elisabeth Schwarzkopf, soprano alemã (1915), Kirk Douglas, actor norte-americano (1916), Henry Way Kendall, físico norte-americano (1926), John Cassavetes, actor e realizador norte-americano (1929), e Ashleigh Brilliant, cartoonista inglês (1933).Morreram neste dia André de Resende, arqueólogo português (1573), Van Dyck, pintor belga (1641), D. Pedro II, rei de Portugal (1706), D. João V, rei de Portugal (1750), Ralph Johnson Bunche, Nobel da Paz (1971), e James Neilson, cineasta norte-americano (1980).

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22 OPINIÃO hoje macau terça-feira 9.12.2014

“Sustainable development and equity provide a basis for assessing climate policies. Limiting the effects of climate change is necessary to achieve sustainable development and equity, including poverty eradication. The design of climate policy is influenced by how individuals and organizations perceive risks and uncertainties and take them into account. Methods of valuation from economic, social and ethical analysis are available to assist decision making”.

Climate Change 2014: Impacts, adaptation and Vulnerability – Summary for Policymakers – Fifth

Assessment Report of the IPCC – Geneva, 01.11.2014

A “Cimeira sobre o Cli-ma” que se realizou, a 23 de Setembro de 2014, em Nova Iorque, apresentou a “Decla-ração de Nova Iorque sobre os Bosques”, que começou no Brasil por ser um compromisso entre as empresas que

comercializam produtos agrícolas cul-tivados em antigas terras resultantes da desflorestação da floresta amazónica, de reduzir em 50 por cento o desfloresta-mento líquido no período de 2020 a 2030.

A “Declaração” estabelece objectivos de grande alcance para fazer face ao des-florestamento e desenvolver a repovoação, e contará com o apoio de países, empresas, povos indígenas e organizações da sociedade civil. A “Declaração” estará aberta à assi-natura dos países que desejem aderir, até à

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

Os poluentes e as mudanças climáticasrealização da “Conferência das Partes (COP 21) ”, como órgão supremo da “Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla inglesa)”, a realizar, entre 1 e 15 de Dezembro de 2015, em Paris, onde se prevê a assinatura do “Acordo Universal sobre o Clima”.

A “Declaração”, foi assinada por vinte e sete países, como os Estados Unidos, Japão, Noruega, México, Peru, Chile, Costa Rica, Colômbia e Guiana Francesa e apoiada por por cento e trinta organizações não governa-mentais, empresas multinacionais e grupos de indígenas. A “Declaração” contará com um “Programa de Acção” complementar que especificará as diferentes medidas que os países, empresas, povos indígenas e a sociedade civil podem adoptar de forma voluntária para conseguirem realizar os objectivos da iniciativa.

A “Declaração” é acompanhada do anúncio de uma série de compromissos significativos, reais e tangíveis em matéria de execução, assumidos por países, insti-tuições multilaterais, empresas, instituições financeiras, organizações da sociedade civil e parceiros internacionais. Os quatro anteriores relatórios do “Painel Intergover-namental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC na sigla inglesa)”, têm advertido que o combate contra as mudanças climáticas tem como um dos seus pilares a proibição do desflorestamento..

A solução dos problemas resultantes da

destruição que o homem cria à natureza, passa pela conservação, recuperação e proibição da desflorestação. Os líderes de muitos países estão empenhados em que a desflorestação se reduza a zero até 2030, e que sejam reconstituídos mais de trezentos e cinquenta milhões de hectares de florestas e campos cultivados.

É impossível em termos de destruição da natureza e dos danos causados ao ambiente pelo ser humano, que são a grande causa das mudanças climáticas que vivemos, repor a situação ao “status quo ante”, pese a boa in-tenção e esforços de todos os intervenientes. Adentro dessa comprovada premissa cientí-fica e num pensamento racional e mediano de bom senso, contraditada politicamente, é impossível trazer ao estado original, uma área florestal que têm a superfície da Índia.

A “Declaração” é um acordo político, não juridicamente vinculativo, sendo im-pensável que, dentro dos pressupostos que a constituem, tenha a capacidade de salvar as florestas e o ambiente, apesar do Secretário--geral da ONU, ter afirmado que as florestas não são só são uma fracção essencial para a resolução das mudanças climáticas, mas que também, são portadoras de variados benefícios para o ser humano que ao longo dos séculos as tem ignorado.

Se o sonho utópico de recuperar tre-zentos e cinquenta milhões de hectares de florestas nos próximos quinze anos se realizasse, seria uma conquista única para

o planeta e para os seus habitantes, pois reduziria entre cinco a nove mil milhões de toneladas de dióxido de carbono lançado para a atmosfera, correspondentes à redu-ção das emissões de dióxido de carbono produzidas por mil milhões de veículos automóveis no período de um ano.

O cultivo de quatro bens, como a soja, óleo de palma, carne e algodão, são respon-sáveis, por aproximadamente, 50 por cento da desflorestação a nível global. O Peru e a Libéria, comprometeram-se a diminuir a desflorestação em 80 por cento, propondo novas políticas florestais. A República De-mocrática do Congo, Guatemala, Etiópia e Uganda, comprometeram-se a recuperar trin-ta milhões de hectares de terras degradadas.

O Reino Unido e a Noruega comprome-teram-se a fazerem um massivo investimento no combate ao desflorestamento. O Reino Unido, ainda, se comprometeu a investir cerca de cem milhões de dólares destinados a incentivar as empresas a comprarem pro-dutos agrícolas oriundos de florestas geridas de forma sustentável, e cento e trinta e sete milhões de dólares para pôr fim à exploração ilegal da madeira.

A Noruega, por sua vez, comprometeu-se a cooperar com a Libéria e a fornecer-lhe cento e cinquenta milhões de dólares até 2020. É urgente uma intervenção rápida que faça parar a desflorestação, enquanto se discute o futuro do planeta. A Amazónia tem sido a maior sofredora por décadas de

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23 opiniãohoje macau terça-feira 9.12.2014

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cartoonpor Stephff

desflorestação, tendo essa actividade cres-cida 30 por cento, em 2013. As florestas são uma das soluções para atenuar as mudanças climáticas.

As actividades destinadas à conservação, gestão e recuperação de forma sustentável das florestas, são um grande contributo ao crescimento económico, diminuição da pobreza, garantia da segurança alimentar, resistência às mudanças climáticas e conser-vação da biodiversidade. Os países devem fazer cumprir as suas leis de ordenamento e gestão florestal de forma a combater todo o tipo de actividades ilícitas, tendo em vista, a conservação das florestas naturais, pois 2030 pode ser demasiado tarde.

O Brasil não aderiu à “Declaração” por não ter sido ouvido e não fazer parte da comissão redactora do documento. É im-possível considerar a “Declaração” como instrumento jurídico internacional e vincu-lativo no futuro, sem a floresta amazónica que é maior floresta tropical do mundo e 60 por cento da sua superfície se encontra no Brasil.

A produção e emissão de “Poluentes Climáticos de Vida Curta (PCVC) ” têm como efeito o aumento da temperatura a nível mundial. Tais poluentes, cuja reduzi-da vida, em termos relativos na atmosfera, oscila entre alguns dias e algumas décadas, são responsáveis por uma percentagem considerável do aquecimento global, em particular, nas zonas urbanas e nas regiões do mundo ecologicamente mais vulneráveis, como o Árctico. Os PCVC são prejudiciais à saúde, agricultura e ecossistemas. Os principais PCVC são o metano, carbono e o ozónio troposférico, incluindo também, alguns hidrofluorocarbonos (HFC) e outras substâncias.

Os países, empresas e organizações da sociedade civil estão a desenvolver diversas iniciativas para reduzir a emissão dos PCVC, em sectores como a produção de petróleo e gás, transporte de mercadorias, resíduos só-lidos municipais e sistemas de refrigeração.

A “Aliança Iniciativa Petróleo e Gás Metano” foi criada pela “Coligação Clima e Ar Limpo (CCAC na sigla inglesa) ”, que engloba todos os países, a ONU e o Banco Mundial para reduzir os PCVC. O seu ob-jectivo é constituir um marco que permita identificar e reduzir as emissões de metano dos produtores de petróleo e gás. As empre-sas envolvidas comprometem-se a prestar informação relativa aos seus progressos de forma transparente e credível.

O “Plano de Acção para o Transporte Verde de Mercadorias”, tem como objectivo melhorar a eficiência energética e o desem-penho ambiental das operações de transporte a nível mundial. As empresas e os países, comprometem-se a alargar e harmonizar os programas de transporte verde que reduzem as emissões de carbono negro e dióxido de carbono nos diferentes meios de transporte e deslocação de mercadorias, bem como trabalharão para melhorar a eficiência dos combustíveis e a segurança energética, e

incentivar a inovação nos serviços de for-necimento de transporte de mercadorias a nível internacional.

“O Instrumento de Leilões Experimen-tais para Mitigação dos Efeitos do Clima e do Metano” é uma iniciativa que tem por ob-jectivo criar um meio para desenhar um novo mecanismo de financiamento climático, destinado a proporcionar maior segurança sobre a tarifação do carbono e, em última instância, reduzir a produção de metano e outros poluentes climáticos, reflectindo o uso que fazem os mercados financeiros dos leilões e submetendo as opções ao controlo de preços.

A “Iniciativa sobre Hidrofluorocarbonos (HFC) ” tem por objectivo vincular os no-vos compromissos dos países, aquando do desenvolvimento de alternativas seguras de baixo custo para os HFC, com a iniciativa da CCAC, para promover normas e tecnologias alternativas aos HFC. A iniciativa da coli-gação pretende apoiar o desenvolvimento e uso de tecnologias e alternativas de alto rendimento energético e inofensivas para o clima, minimizar as fugas de HFC, através de uma gestão responsável e encorajar a recuperação, reciclagem, regeneração e destruição posterior dos HFC.

A “Redução de PCVC Originados pelos Resíduos Sólidos Urbanos” é uma iniciativa em coligação de cidades que trabalha para reduzir as emissões originadas a partir dos resíduos sólidos urbanos, que se quadru-plicará e se converterá numa rede global

composta por mais de cem cidades, governos e entidades do sector privado. O objectivo é incluir mil cidades até 2020.

A coligação, com o apoio dos governos nacionais e locais, pretende desenvolver e executar programas quantificáveis para a re-dução dos PCVC provenientes dos resíduos sólidos urbanos, e serão criadas alianças público privadas com o propósito de mo-

bilizar fundos e intercâmbio tecnológico, e pôr em curso medidas para redução imediata das emissões de PCVC. As reduções que se consigam, bem como os efeitos positivos para a saúde pública e desenvolvimento sustentável, serão medidos e partilhados entre os membros da coligação.

A COP-20 iniciou os seus trabalhos a 1 de Dezembro de 2014, em Lima. A “Confe-rência” tem a participação de mais de dez mil delegados de 195 países. A “Conferência”, terá de chegar a um consenso acerca dos objectivos e compromissos sobre a redu-ção de emissões de gases de efeito estufa, para combater as mudanças climáticas e os fenómenos meteorológicos extremos. A “Conferência”, terá até 12 de Dezembro de 2014 de preparar o novo “Acordo Universal sobre o Clima” que será assinado na COP 21, em Paris, e que substituirá o “Protocolo de Quioto”, a partir de 2020.

A “Conferência” terá um trabalho extre-mamente difícil de conseguir um compro-misso geral, pois segundo adverte o IPCC, o impedimento do aumento da temperatura global em mais de 2.ºC, implica que as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas entre 40 por cento e 70 por cento até 2050 e eliminadas na sua quase totalidade em 2100. A “Conferência” prevê que os novos compromissos da União Europeia, China e Estados Unidos para reduzir as suas emissões de gases de efeito de estufa, tragam um grande incentivo político às negociações e tenham um efeito positivo nos demais países.

O Brasil não aderiu à “Declaração” por não ter sido ouvido e não fazer parte da comissão redactora do documento. É impossível considerar a “Declaração” como instrumento jurídico internacional e vinculativo no futuro, sem a floresta amazónica que émaior floresta tropicaldo mundo e 60 porcento da sua superfíciese encontra no Brasil

ATAQUE AÉREO ISRAELITA NA SÍRIA

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