Homens de Caminho (2)

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  • 5/25/2018 Homens de Caminho (2)

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    HOMENS DE CAMINHO: TRNSITO,COMRCIO E CORES NOS SERTES

    DA AMRICA PORTUGUESA-

    SCULO XVIII

    ISNARA PEREIRA IVOUNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

    UESBDISCENTES: KALLY NOTRAN, THAYSE SOUSA, YASMINPAIXO

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    AUTORA:

    Isnara Pereira Ivo

    Professora doutora da UESB

    O estudo sobre a questo chave do texto surgiu

    ainda durante o curso de mestrado. O referido livro foi aprovado pela banca

    examinadora composta por seis professores.

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    CAPTULO1 SERTOLONGOQUENOTEMPORTAS: MOVIMENTOSECONEXES

    Trata-se basicamente da analise datrajetria de trs homens, com o objetivo demostrar como as aes destes conectaram

    os sertes com o mundo atlnticoportugus.

    O serto do tamanho do mundo-Guimares Rosa. Grande serto: Veredas

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    Pedro Leolino, Joo da Silva e Joo Gonalves

    foram trs europeus que organizaram entradas,partindo do serto de Minas Novas do Araua,norte de Minas Gerais, rumo aos sertes da Bahia.(P.18)

    Foram protagonista e agentes da interiorizaoportuguesa nos sertes de Minas Gerais e daBahia.

    Em nome do rei, adentraram matas e rios em

    busca de riquezas. (p.19)

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    1.1 UMPROJETOPARAOSSERTESEOOURODEBOAPINTA

    Trata-se da descoberta de novos horizontes aosquais possuam ouro de boa qualidade e emabundante quantidade

    Relata o escoamento do ouro baiano de formaclandestina.

    A importncia das pessoas que representam o reiobterem o mesmo objetivo, e no nadar emdirees opostas.

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    1.2 MOVIMENTOSIMPULSIONADOSPELASESMERALDASEPELAPRATA

    Haviam jogos de interesses dentro do contexto,esse modificavam-se a partir dos prpriosinteresses por conquistas.

    As pessoas prestavam seus servios eaventuravam-se pelos sertes em busca deriquezas em troca de promessas de honras, o queservia para hierarquizar a sociedade.

    As trocas de favores e as doaes de prstimos

    revelam a dependncia da monarquia portuguesas famlias instaladas nas Minas (P.49)

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    As lendas sobre a existncia de grandesquantidades de ouro, prata e pedras preciosasforam um dos principais agentes impulsionadoresda interiorizao dos sertes(p.53)

    Os impasses para os aventureiros do sertoapontados por Guimares eram: os ndios e anatureza.

    Para suprir os custos das entradas, os sertanistas

    se envolviam, noutras atividades enquantoadentravam as matas. (p.56)

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    GUIMARES:

    Tem-se uma imagem de um homem destemido ecomprometido com a causa real (p.57)

    Tentava enaltecer suas entradas

    Possua a imagem de vassalo fiel ao rei, que eradestruda pelo seu adversrio Souto Mayor.

    Apesar de seus esforos as suas conquistas noproduziram o efeito desejado pelo governador epelo rei.

    Foi o responsvel pela conquista dos sertes dasMinas, e no recebeu os devidos crditos

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    Nesse mesmo capitulo notamos a comparaofeita com locais conhecidos para o europeu:

    O mestre-do-campo comparou aspectos daarquitetura local com as cidades romanas, damesma maneira que relacionou o rio caudalosoencontrado com a abundncia do Nilo e osacidentes geogrficos com os Alpes e Pirineus(p.65)

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    1.3BABILNIACONFUSA: MOVIMENTOS EMDIREO AO MUNDO DO ATLNTICO

    Capitulo sobre Pedro Leolino Mariz, e as suasconquistas.

    Tornou-se o brao direito dos oficiais rgios nocombate aos amotinados do norte em MinasGerais, e o responsvel pela construo da estradapara escoamento do salitre ( que interligou ossertes da Bahia e Minas Gerais ao espao

    Atlntico).

    Para evitar os descaminhos do ouro tentou-seadministrar os conflitos de jurisdio.

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    A Babilnia Confusa o Brasil, que tem seusproblemas do descaminho do ouro oriundos daindefinio da jurisdio dos sertes em MinasNovas.

    1720 o conde de Assumar entendeu que era precisodefinir o problema de jurisdio dos sertes.

    1757 o rei decidiu por fim aos litgios entre asautoridades da Bahia e Minas Gerais, informandoque decidira separar Minas Novas do fanado dogoverno da Bahia p.73 ficando subordinada aBahia apenas de forma religiosa

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    1.4 NEGROCONQUISTADOR: MOVIMENTOSDECONQUISTAEPOSSE

    Capitulo referente as aes de Joo Gonalves daCosta, negro forro, que aps vencer os ndiostornou-se proprietrio das terras do Serto daRessaca, estendendo seu domnios pelo Alto

    Serto da Bahia e pelo serto do rio So Francisco. Foi o responsvel pela conduo da primeira tropa

    de gado encaminhada para o Serto da Ressaca.Conquistou com suas tropas o Arraial da

    Conquista, firmando sua famlia no local.

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    No limitou-se as terras j conquistadas,permaneceu fazendo dos quilombos e das terrasindigenas locais a serem conquistados.

    Apesar da imensa aceitabilidade que tinha, algunscolonizadores no o aceitavam to bem assim pelofato de no ser um sangue puro.

    Uma coisa certa os sertanistas estavamcondicionados a permeabilidade e impermeabilidadedas fronteiras culturais. Por isso a expresso tolonge, to perto adquire aqui o perfeito sentido, porsi tratar de diferentes personagens vindos das

    diversas localidades do mundo.

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    CAPTULO3 AS PEDRAS DOS CAMINHOS: OSCONTROLES E O COTIDIANO DOSTRNSITOS

    Objetivos:

    Apresentar os registros fiscais do serto com acriao de medidas administrativas, de rgosregionalizados e controle do ouro.

    Descrever o processo de criao das casas defundio de ouro e moeda e as influncias depessoas e prticas de diversas partes do mundonesse processo.

    Expor a dinmica das transaes comerciais entreos sertes de Minas Gerais e da Bahia.

    Descrever os homens de caminhos.

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    3.1 OS REGISTROS FISCAIS DOS SERTES O desenvolvimento das atividades mineradoras e

    comerciais foi acompanhado de uma srie demedidas administrativas que visaram oestabelecimento de rgos regionalizados quepropiciassem a arrecadao e a fiscalizao das

    atividades de minerao e de comrcio. (pg.,191). Por volta de 1700 surgiram os registros de

    fronteira, verdadeiras alfndegas internas [...] Nosregistros fiscais se cobravam os direitos de

    entrada, os impostos que incidiam sobre asmercadorias importadas e o subsdio voluntrio [...](pg. 191).

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    Prosseguindo com a poltica de controle

    sobre a circulao de ouro em p egarantia da arrecadao dos quintosreais, o governador Dom Luis DiogoLobo da Silva (1763-1768) decidiu que,

    mensalmente, fossem prestadas contasdo movimento de pessoas e produtosque passassem pelos postos fiscais [...]

    (pg. 192).

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    A responsabilidade de instalao dos

    registros cabia aos administradores queeram auxiliados por uma fora policialdisponibilizada pelo governo da capitania[...] Em funo das distncias entre osregistros fiscais e a possibilidades deassaltos, o contratador e administradordas entradas recorriam fora policial

    para percorrer os registros (pg. 193)

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    Durante o sculo XVIII, os registros daCapitania de Minas Gerais foram os seguintes:Paraba (limite com o Rio de Janeiro); P doMorro; Rebelo; Galheiro; Inhacica; Simo Vieira eJequitinhonha (ligados intendncia de Sabar);

    Abboras, Jaguara, Zabel, Ona, Pitangui,Nazar e Olhos Dgua (comarca de Sabar).

    Alm destes, havia outros postos fiscais

    espalhados pela capitania. (pg. 194).

    A escolha da instalao do registro obedecia acritrios estratgicos de segurana e de controledo ir e vir daqueles que se dirigiam s regiesmineradoras e conduziam os produtosdirecionados ao comrcio. (pg. 197).

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    O conjunto da correspondncia entre asautoridades coloniais unnime emexpor que a grande evaso fiscal edescaminho do ouro tem os currais doserto da Bahia como a via que alimenta

    os prejuzos reais [...] Acreditava ogovernador de Minas Gerais quetamanha desobedincia e descaminhodo ouro em p, h muito verificado,

    devia-se no observncia da lei de1719 [...] (pg. 198).

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    Desde o incio do sculo XVIII, a forma

    de se arrecadar o quinto real foimodificada vrias vezes, mas o tributocorrespondente a 20% e incidente sobreo valor dos produtos como ouro,diamantes e couro, era fundamentado noprincpio dos direitos reais e j em 1557,pelo alvar de nmero 17, determinou-seque todos os metais que se tiraremdepois de fundidos e apurados, pagaro

    o quinto a Sua Alteza salvo de todas ascustas. (pg. 201).

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    O quinto do ouro em p passou a sertributado em 1700 e at 1710, apenas erapermitida sua sada da Capitania de Minas

    Gerais desde que se apresentasse a guiado imposto pago. De 1710 a 1713 vigorou oquinto por bateia, tributado em 12 oitavasde ouro por escravo utilizado naminerao. (pg. 202).

    Entre os anos de 1714 e 1718, a Coroaaplicou o sistema de finta, pelo qual se

    remetia 30 arrobas anuais de ouro, desdeque fosse garantida s cmaras a rendados registros de entradas. (pg. 202).

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    3.2 AS CASAS DE FUNDIO DE OURO EMOEDA DOS SERTES

    A criao das casas de fundio completou ocontrole sobre o descaminho do ouro [...] A leide 11 de fevereiro de 1719 determinou ainstalao das casas de fundio e moedas

    que durou at 1735, quando foi adotado osistema de Capitao e Censo de Indstria,aplicado at o retorno da novssima lei derecriao das casas de fundio, em 1750.

    (pg. 203).

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    A instalao das casas de fundio dasMinas Novas do Araua e das minas do rio

    das Contas, em 1729, foi realizada sob acoordenao de Pedro Leolino Mariz,superintendente da comarca do Serro doFrio.596 As vilas do ouro da Bahia(Jacobina e Vila do Rio de Contas), polosestratgicos para os trnsitos comerciaiscom a Capitania de Minas Gerais, foramcriadas para auxiliar no controle dosdescaminhos do ouro nos sertes e

    orientadas pelo regimento de 1702,elaborado para a esta capitania. (pg.205).

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    O regimento de 1702 foi inspirado nacarta rgia de 1603*, no qual sepercebem orientaes quedirecionaram grande parte do conjunto

    dos bandos, provises, portarias edecretos durante o Setecentos dasMinas. (pg. 206).

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    Corpo administrativo das casas de fundio

    e moeda no Brasil: [...] o juiz de fora dacomarca que era o inspetor da casa defundio, um tesoureiro, um escrivo dareceita e da despesa, um conferente, um

    escrivo de fundio, um ensaiador,ajudante de ensaiador, primeiro e segundofundidores, um meirinho, um escrevente,um fiscal, um terceiro fundidor e um mestregravador. (pg. 208).

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    A atividade mineradora no Novo Mundo, duranteos sculos XVII e XVIII, abrigou conhecimentos eknow-how dos quatro continentes. A comunicao

    estabelecida possibilitou que tcnicas,instrumentos e mquinas migrassem de uma aoutra parte do mundo [...] (pg. 211).

    No trabalho no Novo Mundo, seja nas atividadesde minerao ou de comrcio, a presena africana

    foi uma constante. O novo continente proporcionou,em grande medida, a conexo entre os mundos etransformou-se em espao privilegiado para ostrnsitos cultural e material. Nos sertes, astcnicas, instrumentos de trabalho, saberesindgenas e europeus de diferentes lugares e

    costumes, agregaram-se s experincias vindas devrias partes da frica e da sia e formaram aliinfinitos espaos mestios. (pg. 222).

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    Tcnicos portugueses e de outros

    pases, com experincia nos mtodospraticados na Europa, foram trazidospara auxiliarem na explorao e

    beneficiamento de metais. Os saberesalemes j presentes no processo deexplorao do salitre tambm se fizerampresentes na explorao em Minas

    Gerais dos primeiros anos do sculoXVIII (pg. 224).

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    A capacidade indgena de memorizaogeogrfica e vivacidade dos sentidos foi muito

    utilizada pelos sertanistas nos deslocamentospelas matas densas e pelos cursos dos rios, embusca das descobertas minerais. Os ndios eramvalorizados no apenas como guias, suas forasde trabalho faziam-se presentes no s nas reasde minerao, mas tambm nas lavouras e

    engenhos. Ademais, os instrumentos indgenas,tais como tambets, carumbs e mundes soindcios da presena indgenas nas prticasmineradoras. (pg. 225).

    No que concerne aos negros, sua presena foi

    constante nas lavras. Desde os processos deextrao at a fase final da apurao, o trabalhoescravo estava presente e tornou-se indispensvelao ofcio na minerao [...] (pg. 225).

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    As crenas e prticas africanas aplicadas

    na busca, na explorao e na fundio demetais, nos sertes, transitaram no universocultural das Minas, interligandoconhecimento de minerao e metalurgia

    indispensveis ao desenvolvimento dotrabalho mestio que agregou no apenasnegros, mas tambm indgenas, europeus esertanistas da Bahia e de So Paulo. (pg.232).

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    3.3 A VIDA NOS CAMINHOS DE TERRA E DEGUA

    Dinmica das transaes comerciais entre ossertes de Minas Gerais e da Bahia.O olhar ampliado sobre o conceito de comrcio oude mercado interno permite analisar que, nossertes, as dinmicas das trocas de produtos e de

    coisas envolveram, tambm, trocas culturaisoriundas de encontros e da diversidade presenteentre os agentes envolvidos nas atividades decompra e venda, de minerao, de agricultura, deconstruo de canais para explorao mineral e

    nas de abertura de caminhos e picadas. Essasatividades envolveram agentes nascidos naAmrica, na sia, na Europa e na frica. (pg.233).

    O *

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    O movimento destes* que se embreavam nasmatas de forma destemida assemelha-se s aesdos homens de caminho que iam e vinham de um aoutro lado dos sertes durante o sculo XVIII,

    conduzindo todo o tipo de mercadorias,arrematando contratos, conduzindo ouro e fazendocircular os mais diversos tipos de prticas numespao j h muito pigmentado por misturas. (pg.234).

    *bandeirantes e sertanistas. Os movimentos de pessoas e produtos [...]

    representaram deslocamentos no s fsicos,sociais e econmicos, mas tambm culturais [...] Asatividades comerciais neste universo multifacetadoe dinmico dilatam-se para vivncias de

    circulaes mltiplas de produtos e pessoas dasmais distintas origens, com os mais diversosgostos, cores, crenas e costumes. (pg. 235).

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    Talvez o problema maior dos homensde caminho no fosse a constantevigilncia a qual estavam submetidos,mas o cotidiano das viagens pelos rios ematas eram, sem dvida, a principal

    dificuldade que enfrentavam [...] oscaminhos para a comarca do Serro doFrio eram os mais imprevisveis einseguros. (pg. 237).

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    Os tons multicores daqueles queexerceram atividades comerciais nossertes remonta a tempos anteriores.

    Desde os primeiros processos de entradase conquistas do interior, as trocas culturaisestiveram presentes entre os participantes[...] Viajantes e aventureiros do universo

    colonial sertanejo no s superaram ochoque cultural exercitando trocas eaprendendo a conviver com a diferena,mas obrigados a confrontar com o distinto,

    optaram por aprender e se adaptar aossaberes e prticas do Novo Mundo. (pg.240-241).

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    Comboieiros, tropeiros, viandantes epassadores so algumas das nomenclaturasusadas na documentao para designaremestas pessoas que, ao conduzirem suas vidasnos caminhos, transportavam tambmalimentos, animais e objetos consumidos pelosmoradores dos sertes. Comumente chamados

    de homens de caminho pelos oficiais dosregistros fiscais, estes agentes integralizadoresso tambm atores de descaminhos eresponsveis pelas aberturas dos caminhosproibidos, que se tornaram artrias docomrcio ilegal e da aplicao das aes deconfisco pelas autoridades. (pg. 247).

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    HOMENS DE CAMINHO: TRNSITOS DECORES E FORMAS

    No decorrer do sculo XVIII, foram analisados ospostos fiscais de Minas Novas, na comarca doSerro do Frio; Galheiro e Inhacica, instalados aonorte da Capitania de Minas Gerais e que

    mantiveram constante vnculo comercial com ocentro-sul da Bahia, especialmente o Serto daRessaca, algumas localidades do Alto Serto edeterminadas vilas do recncavo baiano.

    Os postos fiscais de Pitangui e Rio Grande tambm

    foram analisados em funo do constante vnculocom o norte de Minas Gerais. No perodo, o nmero de passagens dos homens

    de caminho totalizou 3.999 declaraes referentesaos trnsitos de 2.731comerciantes.

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    Em 1716 e 1717, o escrivo do registro fiscal de Rio Grandeanotou, alm das mercadorias conduzidas pelos homens decaminho, as caractersticas fsicas de todos aqueles que por

    l passaram com seus produtos. Referiam-se aos vrios tons de pele, s vrias origens e aos

    diferentes fentipos da populao, aparece termos comobrancos, pretos, negros, crioulos, pardos, mulatos, cabras,mamelucos, curibocas, caboclos, etc...

    Os oficiais do registro do Rio Grande fizeram umadeclarao mais detalhada do perfil fsico das 323 pessoasque por l passaram naquele perodo. Descrevendo estatura, tipo de rosto, cor dos olhos, tonalidade e tipo de

    cabelos e resulta de um olhar que, por razesexclusivamente prticas, embora desconhecidas, optou poranotar as caractersticas fsicas daqueles que por lpassaram sem, contudo, informar a cor da pele.

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    Impossvel tambm estabelecer critrios objetivospara classificar, em termos raciais, a populao

    colonial das Amricas portuguesa e espanhola. Correlacionar a cor da pele condio social, difcil,

    j que os parmetros de identificao so imprecisosou caracterizados por critrios que se desconhece.

    Em sua maioria, segundo os olhos do escrivo queefetuou a anotao, os homens de caminho eram deestatura mdia e baixa e suas faces foram descritascomo cara comprida ou redonda, j a existncia ouno de barba era anotada com o suplementoinformativo que diferenciava a barba loira da ruiva

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    As descries dos cabelos dos homens de caminhoauxiliam nas possibilidades de caracterizao destes

    personagens, homens mestios com ascendnciaafricana ou indgena.

    O critrio do tipo de cabelo crespo, carapina ou lisono permite afirmar tratar-se de pessoas comascendncia somente africana. ( preto-fula)

    O mesmo argumento pode ser aplicado no s a corda pele, mas tambm aos demais detalhes da face,como narizes, lbios e olhos.

    No que concerne ao cabelo loiro, Freyre afirmava que

    o povo brasileiro, assim como o portugus, , porexcelncia, o povo do louro transitrio ou do meiolouro

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    Datam do medievo as primeiras designaes

    atribudas aos habitantes da frica. Consideradosdescendentes de C.

    Thornton afirmou que j no sculo XVII, osportugueses reconheciam a diversidade tnica dos

    africanos, tal como os especialistas modernos. J para Fredrik Barth, os grupos tnicos, so

    categorias de atribuio e edificao realizadas pelosprprios autores e, assim, tm a caracterstica deorganizar a interao entre as pessoas, distintamenteda ideia de nao que agrega grupos africanos apartir de um olhar externo: do olhar do colonizador.

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    CAMINHOS DE MOBILIDADE: MULHERES DE

    CAMINHO, ESCRAVOS E FORROS

    A historiografia tem mostrado a constante presena demulheres no comrcio ambulante - as chamadasnegras de tabuleiroe na propriedade de vendas.

    As mulheres de caminho, ao contrrio, conduziam

    toneladas de mercadorias em surres, concorrendocom os homens que viviam dessa atividade.

    As imagens de acomodao das mulheres socomplementadas por vises de subordinao

    amparadas em abordagens essencialmentesexualizadas que foram construdas por viajanteseuropeus.

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    A significativa presena feminina transitando nos caminhosde terras e de guas, levando e trazendo, por exemplo,toneladas de peixe ou dezenas de surres de sal para os

    sertes, nos conduz reflexo sobre o grau de mobilidadeespacial e social alcanado por elas. Contudo o principal alvo das frequentes aes de

    fiscalizao dos oficiais dos registros foram os comboieirose no as mulheres de caminho.

    Dentre os registros fiscais analisados, o de Itacambira oque possua o maior nmero de mulheres.

    A diversidade econmica dos sertes, o comrcio e suanatureza de movimento permitiram que estas mulheres

    circulassem pelos caminhos e picadas, levando valores,ouro em p ou produtos e construindo alternativas sformas de aquisio da liberdade e s formas de inserosocial no mundo dos livres brancos.

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    Assim como Barbara Gomes de Abreu e FranciscaPoderoza foram mulheres que se sustentavam deatividades comerciais e conseguiram construir seusdestinos, outras mulheres de caminho, muitas delas

    forras, transitaram entre rotas de terra e de gua,comercializando em grande escala, conduzindo no ssurres de alimentos, mas, acima de tudo, umatrajetria de vida num espao considerado pouco

    propcio presena feminina.

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    CAMINHOS DE DESCAMINHOS E DE

    TRNSITOS

    As aes diante dos desvios dos postos fiscais,envolvendo os homens de caminho, foram constantesno decorrer do sculo XVIII. A correspondncia entre asautoridades destaca os comboieiros como os principais

    responsveis pelos descaminhos. Os roceiros permitiam que os homens de caminho, com

    suas cargas de negros e de fazendas secas emolhadas, atravessassem suas propriedades sem

    riscos de serem apanhados pelos soldados quetentavam, inutilmente, combater os descaminhos.

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    As preocupaes com os desvios de ouro e com asfraudes fiscais eram no apenas da Coroa econtratadores dos caminhos, mas, principalmente, dos

    governadores das capitanias envolvidas, pois aarrecadao fiscal regular garantia a parte que cabia acada um na transao.

    As mediaes e atalhos existentes nas proximidades do

    rio So Francisco foram os principais alvos do olhardaqueles interessados em manter a arrecadao fiscalde forma satisfatria.

    Os dilatados sertes, tambem abrigavam veredas que as

    prprias autoridades desconheciam e, talvez, por issomesmo, tentavam ampliar medidas de combate evasofiscal que pudessem amenizar os prejuzos.

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    AS COISAS E OS GOSTOS CONDUZIDOSPELOS HOMENS DE CAMINHO

    Estas pessoas deram vida aos caminhos e picadassendo responsveis no apenas pela conduo dealimentos, mas de preferncias, gostos e saberes,fizeram destes circuitos os fios da engrenagem quetonificaram e demarcaram o universo cultural dossertes no sculo XVIII.

    Os apontamentos encontrados nos registros fiscaisque administravam a circulao de produtos entre ossertes no nos permitem avaliar se houve, ou no,

    incremento das atividades comerciais entre os sertescom a crise mineradora, mas demonstram o volume ea diversidade do que era conduzido pelos homens decaminho e que alimentavam os moradores dossertes.

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    O registro fiscal de Galheiro foi o mais movimentado emdeclaraes de passagens pelos sertes. Os apontamentosdos oficiais foram os mais completos dentre os encontrados.

    Neles, foram registrados o local de origem das mercadoriasconduzidas, os destinos dos produtos e o nome doscondutores com indicao do local de moradia de muitosdeles.

    A pluralidade de medida usada e o desconhecimento do peso

    de determinadas cargas dificultam a possibilidade de soma dovolume de alguns alimentos conduzidos. Como peixe e acarne seca, eram declarados em arrobas, em barris, e emcargas sem peso identificado.

    Os homens de caminho comercializavam, na maioria dasvezes, gado, fazendas secas e molhadas, o sal que saa doserto da Bahia com direo s Minas sempre estevepresente nas cargas daqueles que conduziram alimentos eanimais.

  • 5/25/2018 Homens de Caminho (2)

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    Os impostos eram cobrados em ris e em oitavas deouro, na maioria das vezes; Logo, as estimativas de

    contabilizao do recolhimento fiscal pelosapontamentos dos registros fiscais tero carter apenasestimativo.

    Pode-se concluir que parte da populao feminina e

    masculina formada por mestios livres, forros eescravos, ainda por ser mais bem estudada, compsuma parcela considervel de comerciantes queconduziram animais, produtos e alimentos entre ossertes do norte da Capitania de Minas Gerais e daCapitania da Bahia.