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Homicídio
Homicídio
Tipos
a) Doloso: Simples (art. 121 caput) Privilegiado (art. 121, § 1º) e Qualificado (art. 121, § 2º)
b) Culposo: Simples (art. 121, § 3º) e Qualficado (art. 121, § 4º, 1ª parte)
Homicídio Simples
• Conceito: Eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa.
O legislador considera o homicídio simples por exclusão, pois define quando é privilegiado ou qualificado.
• Objetividade jurídica: É a vida humana extrauterina.
• Meios de Execução: qualquer meio – disparos, fogo, facadas, asfixia.
Pode ser praticado por ação (comissivo) ou por omissão (omissivo)
No omissivo temos o crime comissivo-omissivo (dever jurídico do autor) e participação por omissão (dever jurídico de impedir o resultado causado por outrem)
Crime impossível: Ineficácia do meio ou do objeto (mandar fazer a pesquisa jurisprudencial)
• Sujeito Ativo: Qualquer pessoa – autor, coautor e partícipe.
Autoria imediata, mediata, colateral e incerta
• Sujeito Passivo: Qualquer ser humano vivo
Exceções:
a) Contra o Presidente da República, Senado, Câmara dos Deputados e STF (art. 29 da Lei nº 7170/83 - LSN)
b) Genocídio: grupo de pessoas étnica, racial ou religioso (art. 1º da Lei nº 2.889/56)
c) Militar contra militar (Código Penal Militar)
Crime Impossível
• Consumação: No momento da Morte. É a cessação da atividade encefálica (cerebral).
Lei 9.434/97 - Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento.
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
Prova material: Demonstrada pelo Exame Necroscópica em que o médico legista atesta a ocorrência da morte e suas causas (art. 162 CPP) ou por prova testemunhal (art. 167 CPP) quando não existir o corpo.
Tentativa: Não se consuma por circunstâncias alheias ao agente. Exige-se:
a) Exista prova inequívoca de que o agente deseja matar a vítima;
b) Tenha havido início de execução do homicídio (ato idôneo e inequívoco)
c) O resultado morte não tenha ocorrido por circunstâncias alheias à vontade do agente.
• Espécies de Tentativa:
a) Branca: quando a vítima não sofre qualquer tipo de lesão
b) Cruenta: a vítima sofre algum tipo de lesão.
• Pluralidade de tentativas em relação à mesma vítima: é possível em situações fáticas distintas.
• Tentativa e Consumado: é possível em situações fáticas distintas. Tenta matar mas não consegue e é socorrida. No hospital, consegue matá-la.
Hipóteses sobre a Tentativa
• Uma pessoa compra o veneno e prepara um bolo que estraga no forno – ato preparatório
• O bolo é entregue à vítima – ato executório
• A pessoa compra uma arma e fica aguardando uma emboscada, no entanto a vítima não passa pelo local – ato preparatório.
• Uma pessoa joga gasolina na vítima, mas é impedida de atear fogo – ato executório
• Vítima se esquiva dos disparos ou das facadas – ato executório
• Vítima jogada de um penhasco e fica presa em alguns galhos – ato executório
• Vítima toma um pequeno gole da bebida envenenado e vai embora antes de terminar de beber. – ato executório
• Vítima socorrida por terceiros e consegue se salvar em face do tratamento de emergência – ato executório.
Diferenças
• Tentativa e Desistência voluntária
Requisitos:
a) Tenha iniciado o ato executório
b) Desista voluntariamente (não necessita ser espontâneo). Há uma omissão do agente
• Tentativa e Arrependimento Eficaz
a) Cessado o ato executório
b) Pratica uma ação para impedir que a morte ocorra.
• Elemento Subjetivo: Pode ser: a) Direto Dolo (animus necandi ou occidendi). Não
precisa haver motivo. b) Eventual (assume o risco de produzir o resultado
morte) Homicídio e tentativa de lesão corporal seguida de
morte – elemento subjetivo. Progressão criminosa: inicia com lesão e depois
decide matar. Um só delito.
Classificação
• Simples: atinge um único bem jurídico – a vida.
• Dano: Exige-se a efetiva lesão de um bem jurídico.
• Ação livre: Admite-se qualquer meio de execução.
• Comum: qualquer pessoa pode praticar.
• Material: momento consumativo ocorre com o evento morte
• Instantâneo de efeitos permanentes: a duração do momento consumativo é instantâneo, mas por ser a morte irreversível, tem efeitos permanente.
Ação Penal
• Trata-se de ação penal pública incondicionada.
Promovida pelo MP ou pela vítima ou sucessores na inércia do MP (art. 29 CPP)
Competência
• Regra: Júri Popular – Federal ou Estadual, inclusive praticado por militar estadual contra civil (EC nº 45/2004)
• Exceções
Praticado por militar contra militar (Justiça Militar Estadual ou Federal)
Praticado por militar federal contra civil – Justiça Militar Federal
Curiosidades
• Um dos irmãos siameses (xipófagos) efetua um disparo em uma vítima, matando-a, sendo desconhecida a intenção do outro irmão.
• Uma pessoa é acusada de matar sua esposa e o corpo nunca foi encontrado. Após cumprir a pena a vítima aparece. Se o condenado matá-la efetivamente. Responde por outro homicídio ou não responde?
Pesquisa
• Uma pessoa está portando um simulacro, mas pensa estar com uma arma de fogo e efetua disparo contra uma pessoa. Houve crime?
• Uma pessoa está portando uma arma de fogo e desconhece que está desmuniciada e efetua disparo contra uma pessoa. Houve crime?
• Uma pessoa está portando uma arma de fogo e efetua disparo contra uma pessoa, mas o tiro falha, em face da munição velha. Houve crime?
• Uma pessoa está portando uma arma de fogo e efetua disparo contra uma pessoa, mas a arma falha. Houve crime?
• Uma pessoa está portando uma arma de fogo e efetua disparo, mas erra e não acerta a vítima. Houve crime?
• Uma pessoa efetua um disparo de arma de fogo e atinge a vítima em parte não vital e não prossegue com outros disparos por sua vontade. Como deve responder?
• O agente dispara um tiro na vítima e não consegue matá-la. Antes de efetuar o disparo de arma de fogo, ouve a sirene da polícia e foge. Como ele irá responder?
• O agente dispara um tiro na vítima e não consegue matá-la. A vítima pede clemência para não continuar atirando e ele acata. Como ele irá responder?
• O agente disputando “racha”, em alta velocidade, mata uma pessoa que estava transitando na via ou na calçada? Como irá responder.
• O agente embriagado mata com seu veículo em alta velocidade uma pessoa que estava transitando na via ou na calçada? Como irá responder.
Homicídio Privilegiado
• Natureza Jurídica: É uma causa especial de diminuição de pena
• Quantidade de redução: 1/6 a 1/3
• Redução obrigatória
• Condição de caráter pessoal não transferindo aos coautores e partícipes
Hipóteses
a) Motivo de relevante valor social: É uma valor importante para a vida em sociedade, tais como: patriotismo, lealdade, fidelidade, inviolabilidade da intimidade e de domicílio.
Não se leva em consideração interesses individuais, mas de ordem geral e coletiva. A morte da vítima estaria beneficiando a sociedade.
Ex: A morte de um traidor da pátria, a morte de um criminoso (Lindemberg).
Hipóteses
b) Motivo de relevante de valor moral: Diz respeito a sentimentos pessoais do agente aprovado pela moral média, como a piedade, compaixão.
Ex: Eutanásia
Diferenças
• Eutanásia: Abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente, reconhecidamente incurável, mas não está desenganado. É a morte suave, doce, fácil, sem dor.
• Ortotanásia: É o homicídio piedoso por omissão, ou seja, o médico deixa de ministrar remédios que prolonguem a vida de uma vítima portadora de uma doença incurável em estado terminal e irremediável. Está desenganado pela medicina.
• Distanásia: É a morte lenta e sofrida de uma pessoa, prolongada pelos recursos que a medicina oferece
Todos são casos de homicídio. Art 66 do Código de Ética Médica, aprovado pela Resolução 1.246/88 a ortotanásia é um procedimento ético, mas está suspensa em face de uma ação civil pública.
Justificativas
• Santidade da vida humana
• Poderia haver abusos de médicos e familiares por interesses escusos
• Há sempre a possibilidade de diagnóstico errôneo
• Há sempre a possibilidade de novos medicamentos
• Há sempre a possibilidade de reações orgânicas do paciente restabelecendo-o
Anteprojeto do CP
• Excludente da ilicitude – art. 121, § 4º
Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial se previamente atestada por dois médicos, a morte como iminente e inevitável e desde que haja o consentimento do paciente, ou na sua impossibilidade, de descendente, ascendente, cônjuge, companheiro ou irmão.
Hipóteses
c) Domínio da violenta emoção após injusta provocação da vítima
Exige-se:
- Fortíssima alteração no ânimo do agente
- Reação imediata, logo em seguida à injusta provocação
Distingue-se da atenuante em relação à proximidade da reação. Na atenuante exige-se influência.
Homicídio Qualificado
• Quanto aos motivos: torpe, mediante paga ou promessa de recompensa e fútil
• Quanto aos meios empregados: veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel que possa resultar em perigo comum
• Quanto ao modo de execução: traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
• Por conexão: Teleológica: assegurar a execução de outro crime e Consequencial: para assegurar a ocultação, impunidade e vantagem de outro crime.
Caráter das Qualificadoras
• Subjetivas: Motivos e Conexão
• Objetivas: Meios e modos
Qualificadoras
I – Paga ou promessa de recompensa: Homicídio mercenário.
Paga é previa ao crime e promessa de recompensa é após o delito praticado.
Precisa ser vantagem econômica.
Outro Motivo Torpe: é o motivo que mais vivamente ofende a moralidade média ou o sentimento ético-social. È um motivo repugnante, abjeto, vil, que cause repulsa excessiva à sociedade. Ex: preconceito, canibalismo, rituais macabros, motivação econômica, ocupar o cargo do outro
Qualificadoras
II - Fútil: É o motivo flagrantemente desproporcional ao resultado produzido. O motivo da morte é insignificante, sem qualquer respaldo social ou moral, veementemente condenável.
Qualificadoras
III – Meios empregados:
- Insidioso (enganoso)
- Cruel (exagera o sofrimento da vítima)
- Traz perigo comum
Veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
Asfixia
• Mecânica: a) Esganadura b) Estrangulamento c) Enforcamento d) Sufocação e) Afogamento f) Soterramento g) Sufocação indireta • Tóxica: a) Confinamento b) Uso de gás asfixiante
Tortura
• É o emprego de forma lenta, gradativa, até produzir o resultado morte., após grave sofrimento.
Há dolo na intenção de matar. Lei nº 9.455/93 prevê o dolo na tortura e a morte ocorre de forma culposa (preterdolo)
Qualificadoras
IV – Modo de execução - Traição: quebra de confiança depositada pela
vítima no agente. - Emboscada: o agente aguarda a vítima escondida
para alvejá-la com surpresa. - Dissimulação: aplica-se um meio fraudulento
para enganar a vítima. - Outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa da vítima: Ex; vítima embriagada, presa ou impossibilitada, superioridade numérica
Qualificadoras
V – Conexão do homicídio com outro delito
- Conexão teleológica: finalidade é assegurar a execução de outro crime. Mata primeiro para depois praticar outro delito.
Ex: matar o marido para estuprar a vítima, matar o carcereiro para que os demais presos fujam, matar o segurança para sequestrar o patrão.
Há concurso material de crimes.
- Conexão Consequencial: primeiro pratica um delito e depois o homicídio para garantir a impunidade, ocultação e a vantagem de outro crime.
a) Ocultação: o agente quer evitar que se descubra a existência de crime anterior.
b) Impunidade: a existência do crime é conhecida, mas o agente quer evitar a punição por esse crime.
c) Vantagem: Visa assegurar o produto, preço ou proveito de crime anterior.
Considerações finais
• Várias qualificadoras: é possível a sua existência. Basta uma para tornar o crime qualificado.
STF – Concorrendo várias qualificadoras em um mesmo tipo penal, só uma delas deve incidir como aumento. A outra, ou as demais, apenas devem servir como circunstância agravante. (HC 71.203-2/RJ – Rel Celso de Melo. RT 726/555)
• Coexistência da qualificadora e privilégio: É possível desde que os motivos da qualificadora estejam ausentes.
Para o STJ (REsp 180.164/PR – Rel. Felix Fischer) afasta a situação de crime hediondo, pois o texto da lei não levou em consideração tal hipótese, mas somente o qualificado, não podendo ser aplicada a lei por ferir o princípio da reserva legal.
• Comunicabilidade das qualificadoras entre os agentes.
a) Qualificadoras de caráter objetivo: se comunicam entre os autores
b) Qualificadora de caráter subjetivo: não se comunicam por não ser elementar
c) Para os partícipes: há a necessidade que tenha prévio conhecimento como irá executar o delito
Causa de aumento de pena
• se a vítima é menor de 14 anos ou maior de 60 anos (alteração em face do ECA e Estatuto do Idoso) – aumenta-se 1/3
Exemplos: vítima alvejada antes de completar a idade e morrer depois. Aplica a causa.
• se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Aumenta-se de 1/3 até a metade. (alteração pela Lei 12.720/12)
Homicídio Culposo
• Conceito de crime culposo: é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico não querido, mas previsível ou excepcionalmente previsto, de tal modo, com a devida atenção ser evitado. (Maggiore)
• Conceito de homicídio culposo: é um tipo aberto que necessita da interpretação do juiz para poder ser aplicado.
• Falta do cuidado objetivo derivou da imprudência (ação), negligência (omissão) ou imperícia (falta de aptidão)
• A culpa tem que ser provada e não presumida.
Causa de aumento de Pena
• Inobservância de regra técnica, de profissão, arte ou ofício
• Omissão de socorro
• Não procura diminuir as consequências do seu ato
• Foge para evitar a prisão em flagrante delito
Perdão Judicial
• Requisitos: a) Crime culposo b) Consequências graves percebidas pelo agente
(moral ou física) • Natureza jurídica • Momento da concessão • Efeitos da reincidência: art. 120 CP • Natureza jurídica da sentença: a) Condenatória (STF) b) Declaratória (STJ – Sumula 18