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Horizon Report > Edição Ensino Superior 2014

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Interessado nestes tópicos sobre tecnologias emergentes? Saiba mais sobre eles e outras visões de tecnologia educacional curtindo a página do NMC no Facebook em facebook.com/newmediaconsortium e nos seguindo no Twitter em twitter.com/nmcorg.

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Índice

Sumário Executivo 1

Principais Tendências na Aceleração da Adoção de Tecnologia no Ensino Superior 4 Tendências Rápidas: mudanças de direção no Ensino Superior entre um a dois anos > Crescente Ubiquidade das Redes Sociais 6 > Integração de Aprendizado Online, Híbrido e Colaborativo 8 Tendências de Médio Alcance: mudanças de direção no Ensino Superior entre três a cinco anos > Crescimento da Aprendizagem e Avaliação Baseada em Dados 10 > Mudança de Alunos como Consumidores para Alunos como Criadores 12 Tendências de Longo Alcance: mudanças de direção no Ensino Superior em cinco ou mais anos > Abordagens Ágeis para Mudança 14 > Evolução do Aprendizado Online 16

Desafios Significativos que Impedem a Adoção de Tecnologia no Ensino Superior 18 Desafios Solucionáveis: aqueles que nós entendemos e sabemos como resolver > Baixa Fluência Digital do Corpo Docente 20 > Relativa Falta de Incentivos para o Ensino 22 Desafios Difíceis: aqueles que entendemos, mas cujas soluções são difíceis de serem identificadas > Competição de Novos Modelos de Educação 24 > Desenvolvimento de Inovações Pedagógicas 26 Desafios Complexos: aqueles que são difíceis de definir e muito mais de solucionar > Ampliando o Acesso 28 > Mantendo a Educação Relevante 30

Avanços Importantes na Tecnologia Educacional para o Ensino Superior 32 Horizonte de Tempo para Adoção: Um Ano ou Menos > Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) 34 > Análise da Aprendizagem (Learning Analytics) 36 Horizonte de Tempo para Adoção: Dois a Três Anos > Impressão 3D 38 > Games e Gamificação 40 Horizonte de Tempo para Adoção: Quatro a Cinco Anos > Quantified Self 42 > Assistentes Virtuais 44

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NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 é uma colaboração entre The NEW MEDIA CONSORTIUM e EDUCAUSE Learning Initiative, um Programa EDUCAUSE.

A pesquisa por trás do NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 é realizada em parceria com o New Media Consortium (NMC) e a EDUCAUSE Learning Initiative (ELI), um Programa EDUCAUSE. A participação fundamental da ELI na produção deste relatório e seu forte apoio para o NMC Horizon Project é reconhecido neste agradecimento. Para saber mais sobre ELI, visite www.educause.edu/eli; para saber mais sobre NMC, visite www.nmc.org.

A tradução para o Português do Brasil deste relatório foi possível graças à Bandtec Faculdade de Tecnologia.

© 2014, The New Media Consortium

ISBN 978-0-9914828-1-8

A permissão é concedida sob uma licença Creative Commons de atribuição. Esta licença permite reproduzir, copiar, distribuir, transmitir ou adaptar este relatório fornecido livremente, contanto que seja citada a fonte de origem como ilustrado na citação abaixo.

Para ver uma cópia desta licença, visite creativecommons.org/licenses/by/3.0/ ou mande uma carta para Creative Commons, 559 Nathan Abbott Way, Stanford, California 94305, USA.

CitaçãoJohnson, L.; Adams Becker, S.; Estrada V.; e Freeman, A. (2014). NMC Horizon Report: 2014 Higher Education Edition. Austin, Texas, Estados Unidos: The New Media Consortium.

Foto de CapaO hackaton (maratona hacker) de Primavera de estudantes de 2013, hackNY, trouxe centenas de alunos à Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Fundação Fu da Universidade de Columbia para 24 horas de atividades hacker criativas e colaborativas para startups de Nova York. Foto feita por Matylda Czarnecka. www.flickr.com/photos/61623410@N08/8650384822.

Foto de Pós-Capa e Foto de ContracapaFoto feita por Marlboro College Graduate School. www.flickr.com/photos/mcgc/8190116423.

Design feito por emgusa.com

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Sumário Executivo

Ainternacionalmente reconhecida série NMC Horizon Report e regionais NMC Technology Outlooks fazem parte do NMC Horizon Project, um empreendimento de pesquisa abrangente, criado em 2002, que identifica e descreve as

tecnologias emergentes que possam ter um grande impacto nos próximos cinco anos na educação em todo o globo. Neste volume – NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 – as tecnologias emergentes são examinadas com relação ao seu potencial impacto e uso no ensino, na aprendizagem e na investigação criativa dentro do ambiente do Ensino Superior. Embora existam muitos fatores locais que afetam a prática da educação, há também as questões que transcendem as fronteiras regionais e aquelas comuns ao Ensino Superior. Foi com estas questões em mente que este relatório se originou. O NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 é o 11 º da série anual de relatórios de Ensino Superior e é produzido pelo NMC, em colaboração com EDUCAUSE Learning Initiative (ELI).

Cada uma das três edições globais do NMC Horizon Report – Ensino Superior, Educação Básica (K-12) e Educação para Museus – destaca seis tecnologias ou práticas que podem vir a ser utilizadas no dia a dia dentro de seus setores de foco nos próximos cinco anos; assim como expõe as principais tendências e desafios que vão afetar a prática corrente em relação ao mesmo período em discussão. Para o NMC Horizon Report: Edição 2014, um comitê de especialistas identificou 18 temas muito prováveis de impactar a tomada de decisão e planejamento de tecnologia: seis tendências principais, seis desafios significativos e seis importantes desenvolvimentos em tecnologia educacional. As discussões sobre as tendências e tecnologias têm sido organizadas em três categorias relacionadas com o tempo para adoção. Os desafios são discutidos dentro de uma estrutura de três partes semelhantes relacionadas com a dimensão do desafio.

Para criar o relatório, um organismo internacional de especialistas em educação, tecnologia e outras áreas foi convocado para constituir um comitê. Ao longo de três meses, no segundo semestre de 2013, o Comitê de Especialistas do Ensino Superior 2014 chegou a um consenso sobre os tópicos que aparecem aqui no NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014.Os exemplos e leituras abaixo de cada área de tópico são destinados a fornecer modelos práticos, bem como o acesso a informações mais detalhadas.

Uma vez identificado, o referencial do projeto Up-

Scalling Creative Classrooms (CCR) (go.nmc.org/scaleccr), desenvolvido pelo Instituto de Prospecção Tecnológica (IPT) da Comissão Europeia e retratado no gráfico da página 4, foi utilizado para apontar implicações para a política, liderança e práticas que estão relacionadas com cada uma das seis tendências e seis desafios detalhados nas duas primeiras seções do relatório. As seis tecnologias são descritas em detalhes na terceira seção do relatório, onde a discussão sobre o que a tecnologia é e por que ela é relevante para o ensino, a aprendizagem ou a investigação criativa também pode ser encontrada.

Ao longo da década da pesquisa do NMC Horizon Project, mais de 850 especialistas e praticantes

reconhecidos internacionalmente têm participado nos comitês.

Cada tópico se encerra com uma lista anotada de leituras sugeridas e exemplos adicionais que ampliam a discussão no relatório. Esses recursos, juntamente com uma vasta coleção de outros projetos e leituras úteis, podem ser encontrados no banco de dados de conteúdo aberto do projeto que é acessível através do aplicativo NMC Horizon EdTech Weekly, gratuito para iOS (go.nmc.org/ios) e dispositivos Android (go.nmc.org/android). Todos os materiais de apoio para o NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014, incluindo os dados da pesquisa, seleções preliminares, a pré-visualização de tópicos e esta publicação podem ser baixadas gratuitamente no iTunes U (go.nmc.org/itunes-u).

O processo usado para pesquisar e criar o NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 está enraizado nos métodos usados em todas as pesquisas realizadas no âmbito do NMC Horizon Project. Todas as edições do NMC Horizon Report são fundamentadas tanto por pesquisa primária quanto secundária. Dezenas de tendências significativas, desafios críticos e tecnologias emergentes são analisadas para possível inclusão no relatório de cada edição.

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2 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Avaliação

Práticas de Ensino

Prát

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de

Apre

ndiz

agem

Conteúdo e Currículo

Lideran

ça e Valores

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1 / Inteligência emocional

2 / Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade

3 / Recursos Educacionais Abertos

4 / Atividades significativas

5 / Formatos envolventes de avaliação

6 / Avaliação formativa

7 / Reconhecimento de aprendizagemformal e informal

8 / Aprendizagem através da exploração

9 / Aprendizagem através da criação

10 / Aprendizagem através de brincadeiras

11 / Aprendizagem autorregulada

12 / Aprenizagem personalizada

13 / Colaboração em pares

14 / Competências transversais

17 / Forças individuais

16 / Múltiplos estilos de aprendizagem

15 / Múltiplas formas de raciocínio

Serviços inovadores / 18

Cronogramas inovadores / 19

Monitoramento da qualidade / 20

Empreendedorismo social / 22

Inclusão e equidade social / 21

Gestão de inovação / 23

Redes Sociais / 25

Eventos de aprendizagem / 24

Relação com o mundo real / 26

Espaço físico / 27

Infraestrutura de TIC / 28

Cada relatório se baseia na experiência considerável de um comitê internacional de especialistas que primeiro considera um amplo conjunto de importantes tendências, desafios e tecnologias emergentes; e, em seguida, examina cada tópico com mais detalhes, reduzindo o conjunto até que a listagem final das tendências, desafios e tecnologias seja selecionada. Este processo ocorre online e é capturado na Wiki do NMC Horizon Project. A Wiki pretende ser uma janela completamente transparente para o trabalho do projeto, que não só fornece uma visão em tempo real do trabalho enquanto ele acontece, mas também contém todo o registro de pesquisa para cada uma das várias edições publicadas desde 2006. A Wiki usada para o NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 pode ser encontrada em horizon.wiki.nmc.org.

O comitê foi composto, neste ano, por 53 especialistas em tecnologia de 13 países em seis continentes; seus nomes e filiações estão listados no final deste relatório. Apesar da sua diversidade de origens e experiência, eles compartilham uma visão consensual de que cada uma das tecnologias analisadas vai ter um impacto significativo sobre a prática do Ensino Superior em todo o mundo ao longo dos próximos cinco anos. As principais tendências que conduzem interesse em sua adoção, e os significativos desafios que instituições de Ensino Superior terão de enfrentar se quiserem alcançar

seu potencial, também representam a sua perspectiva.

O procedimento para selecionar os temas do relatório é baseado em um processo modificado Delphi – agora aperfeiçoado ao longo dos atuais 12 anos de produção da série NMC Horizon Report – e começou com a organização do comitê. O comitê representa uma ampla gama de origens, nacionalidades e interesses, mas cada membro traz uma experiência relevante. Ao longo da década de pesquisa do NMC Horizon Project, mais de 850 profissionais e especialistas reconhecidos internacionalmente participaram nos comitês; em qualquer ano, um terço dos membros são novos, garantindo um fluxo de novas perspectivas a cada ano. Indicações para trabalhar no comitê de especialistas são encorajadas; veja go.nmc.org/horizon-nominate.

Uma vez que o comitê para uma edição especial é decido, seu trabalho começa com uma revisão sistemática da literatura — recortes de imprensa, relatórios, dissertações e outros materiais — que pertencem a tecnologias emergentes. Membros dispõem de um amplo conjunto de materiais de apoio quando o projeto começa e depois são convidados a comentá-los, identificar aqueles que parecem especialmente importantes e adicioná-los ao conjunto. O grupo discute as aplicações existentes de tecnologia emergente e faz brainstorming de novas aplicações. Um critério fundamental para a inclusão de um tema

Elementos do Modelo de Pesquisa das Salas de Aula Criativas

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nesta edição é o seu potencial relevante para o ensino, aprendizagem e investigação criativa no Ensino Superior. Um conjunto cuidadosamente selecionado de feeds RSS (Really Simple Sindication) de centenas de publicações relevantes assegura que os recursos usados para a pesquisa fiquem atualizados no decorrer do projeto. Eles são usados para informar o pensamento dos participantes.

Na sequência da revisão da literatura, o comitê de especialistas se envolve no foco central da pesquisa – as questões de pesquisa que estão no centro do NMC Horizon Project. Estas questões foram elaboradas para obter uma lista abrangente de tecnologias interessantes, desafios e tendências do comitê:

1Quais destas principais tecnologias catalogadas no NMC Horizon Project será mais importante para

o ensino, aprendizagem ou questões criativas nos próximos cinco anos?

2Que tecnologias-chave estão faltando em nossa lista? Considere estas perguntas relacionadas:

> O que você listaria entre as tecnologias estabelecidas que algumas instituições de ensino estão usando hoje e que, sem dúvida, todas as instituições deveriam usar amplamente para apoiar ou melhorar o ensino, a aprendizagem ou a investigação criativa?

> Quais são as tecnologias que têm uma base de usuários sólida em consumo, entretenimento ou outras indústrias as instituições de ensino deveriam estar ativamente à procura de maneiras de usá-las?

> Quais são as principais tecnologias emergentes que você vê se desenvolverem até o ponto que as instituições com foco no aprendizado deveriam começar a tomar conhecimento durante os próximos quatro a cinco anos?

3Que tendências você espera ter um impacto significativo sobre as formas com que as

instituições educacionais abordam nossas principais missões de ensino, aprendizagem e investigação criativa?

4O que você vê como os principais desafios relacionados ao ensino, aprendizagem ou

investigação criativa que instituições educacionais vão enfrentar durante os próximos cinco anos?

Na primeira etapa desta abordagem, as respostas às perguntas da pesquisa são sistematicamente classificadas e colocadas em patamares de adoção por cada membro do comitê de especialistas, utilizando um sistema multivoto que permite aos membros dar peso a suas seleções. A cada membro, pede-se para também identificar o intervalo de tempo no qual a tecnologia vai começar a ser amplamente usada – definido pelo propósito do projeto como algo sobre

20% de instituições que adotam a tecnologia no período discutido. (Esta figura é baseada na pesquisa de Geoffrey A. Moore e refere-se à massa crítica de adoções necessárias a uma tecnologia para ter uma chance de entrar em amplo uso.) Estes rankings são compilados em um conjunto coletivo de respostas e, inevitavelmente, aqueles em torno dos quais há mais consenso são rapidamente evidenciados.

Sumário Executivo

Um critério chave para a inclusão de um tópico nesta edição é a

relevância do seu potencial para o ensino, aprendizagem,

e investigação criativa no Ensino Superior.

A partir da lista detalhada de tendências, desafios e tecnologias originalmente consideradas por qualquer relatório, as 36 que surgem no topo do ranking do processo inicial – quatro por horizonte – são mais pesquisadas e ampliadas. Uma vez que estes resultados provisórios são identificados, o grupo explora as maneiras pelas quais esses tópicos impactam o ensino, a aprendizagem e investigação criativa no Ensino Superior. Uma quantidade significativa de tempo é gasta pesquisando aplicações reais e potenciais para cada um dos temas que seriam de interesse para os profissionais. Para cada edição, quando o trabalho é feito, cada um desses resultados provisórios é escrito no formato de relatório: o NMC Horizon Report. Com o benefício da visão completa de como o tema vai aparecer no relatório, os temas nos resultados provisórios são, então, classificados novamente, mas desta vez em sentido inverso. Os 18 melhores temas identificados são aqueles detalhados no NMC Horizon Report.

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4 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Principais Tendências na Aceleração da Adoção de Tecnologia no Ensino Superior

As seis tendências exibidas no NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 foram selecionadas por um comitê de especialistas do projeto em uma série de ciclos de votos com base em Delphi, cada um seguido por uma rodada

adicional de pesquisa secundária e discussões. Uma vez identificado, o referencial de aprimoramento das “Salas de Aulas Criativas” (CCR - Creative Classrooms), desenvolvido para a Comissão Europeia, foi utilizado para identificar implicações para a política, liderança e práticas que foram relacionadas a cada uma das seis tendências discutidas nesta seção. Estas tendências que, segundo os membros do comitê de especialistas, serão muito importantes para a tomada de decisão e desenvolvimento de tecnologias ao longo dos próximos cinco anos, são classificadas em três categorias cronológicas: tendências rápidas, cujo impacto será percebido de um a dois anos, e duas categorias de tendências mais lentas, que terão o seu impacto percebido dentro de três a cinco anos ou mais. Todas as tendências listadas aqui foram exploradas pelas suas implicações no Ensino Superior global em uma série de discussões que podem ser vistas em horizon.wiki.nmc.org/Trends.

O comitê de especialistas foi fornecido com um conjunto extenso de materiais de apoio quando o projeto começou, o qual identificou e documentou tendências existentes já conhecidas – o comitê também foi incentivado a considerar as novas tendências ou tendências mais lentas a tomarem forma.

Uma vez que foi identificada a lista semifinal de tendências, cada uma delas foi vista no quadro CCR representado no gráfico do sumário executivo, que serviu como uma lente para identificar implicações para a política, liderança e prática.

Política. Apesar de todas as tendências identificadas terem implicações políticas, duas tendências, em especial, devem ter um forte impacto sobre as decisões políticas nos próximos cinco anos. A aprendizagem e avaliação orientadas por dados, atualmente em ascensão em universidades do mundo desenvolvido, irão atingir o seu impacto máximo no Ensino Superior em cerca de dois a três anos, mas muitas instituições líderes estão se movendo consideravelmente rápido. Na Universidade de Wisconsin, por exemplo, o programa piloto conhecido como Sistema de Sucesso Estudantil foi iniciado no primeiro semestre de 2013 para identificar alunos com dificuldades e seus padrões de comportamento. Os resultados

mais recentes forneceram métodos para melhorar as políticas e incluem fazer mudanças de infraestrutura, documentando problemas e preocupações, e identificando áreas de melhoria para futura coleta de dados e análise em grande escala.

Da mesma forma, mais universidades estão trabalhando para tornar as suas instituições mais confortáveis com mudanças, através de abordagens ágeis para serem mais responsáveis, ligeiras e flexíveis. O comitê de especialistas colocou como pico final do impacto desta tendência, pelo menos, cinco anos, mas algumas universidades já estão colocando em prática políticas que farão suas instituições mais ágeis. A Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, por exemplo, foi um dos primeiros programas nos Estados Unidos a incorporar atividades empresariais em seus critérios de promoção e estabilidade para o corpo docente da mesma maneira em que startups de tecnologia recompensam os funcionários para inovar em novos projetos, produtos e ideias.

Líderes institucionais estão cada vez mais vendo seus alunos como

criadores ao invés de apenas consumidores.

Liderança. Ambora existam implicações de liderança em todas as tendências identificadas que são discutidas nas páginas seguintes, duas tendências se destacam como oportunidades únicas para visão e liderança. As mídias sociais, já muito bem estabelecidas nos setores de consumo e entretenimento, estão rapidamente se integrando em todos os aspectos da vida universitária; com o seu impacto máximo esperado para manifestar-se no próximo ano, existe considerável espaço para ideias criativas. Por exemplo, em Faculty Thought Leadership Series, desenvolvido pela Assembleia Profissional da Universidade do Havaí, professores em vários campi foram convocados a repensar o futuro da profissão docente no Ensino Superior, com as mídias sociais como um componente principal. As gravações das reuniões foram transmitidas no YouTube e qualquer um poderia participar das discussões em tempo real através do Twitter. Os exemplos abundam em que as

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mídias sociais estão sendo usadas pelos tomadores de decisão para se envolver com as partes interessadas de maneiras novas e altamente rentáveis.

Mais adiante, mas com uma tendência forte para os líderes, especialmente, está a ampla integração de processos criativos e aprendizagem com foco prático exemplificada pelo crescente interesse em makerspaces. Líderes institucionais estão cada vez mais vendo seus alunos como criadores em vez de consumidores; o comitê de especialistas espera que esta tendência atinja o auge dentro de três a cinco anos. Criar um clima organizacional em que os alunos são incentivados a desenvolver ideias grandes e pequenas, assim como levar ao mercado soluções criativas para os problemas do mundo real, exigirá líderes visionários, mas muitos campi já estão adiantados neste processo. Um estudante da Universidade de Cornell, por exemplo, está usando o Kickstarter para desenvolver Kicksat, um projeto destinado a lançar uma pequena nave espacial na baixa órbita da Terra.

Prática. Cada uma das seis tendências identificadas pelo comitê de especialistas tem diversas implicações para o ensino e a prática de aprendizagem, e exemplos atuais são fáceis de encontrar, mesmo na categoria de longo prazo. A integração da aprendizagem online, híbrida e colaborativa no ensino presencial, apontada como uma das duas tendências rápidas nas páginas a seguir, já está afetando a maneira como os cursos são estruturados na Universidade do Estado de Ohio, onde o corpo docente do Departamento de Estatística está criando um modelo de aprendizagem chamado “HyFlex”, que utiliza uma variedade de tecnologias online. Eles relataram que o uso de votação interativa, gravação e um canal de fundo para comunicação síncrona durante o horário de aula permitiu aos alunos se envolver com o material de maneira que se adeque para que aprendam melhor.

A aprendizagem online, em geral, está no meio de uma reinvenção de longo prazo, tendo se beneficiado muito com as recentes incursões de MOOCs (Massive Open Online Courses). Enquanto o foco no design instrucional em genuinamente atingir o nível de envolvimento dos alunos em cursos presenciais está crescendo, a aprendizagem online ainda está pelo menos cinco anos distante de gerar o maior impacto possível. Esforços da Pearson para integrar a aprendizagem adaptativa em cursos online são um atual bom exemplo do estado da arte. No verão de 2013, a Pearson fez uma parceria com a Knewton para oferecer a mais de 400 mil estudantes universitários, matriculados no primeiro ano de cursos de ciências e de negócios, acesso a serviços de tutoria personalizada e adaptativa que detectam padrões de sucessos e fracassos dos alunos com o material do curso e fornecer orientações conforme necessário.

As páginas a seguir fornecem uma discussão de cada uma das tendências destacadas pelo comitê de especialistas deste ano que inclui uma visão geral

Principais Tendências

da tendência, suas implicações e recomendações de leituras selecionadas sobre o assunto.

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6 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Crescente Ubiquidade das Redes SociaisTendência rápida: mudanças de direção no Ensino Superior entre um a dois anos

As redes sociais estão mudando a maneira como as pessoas interagem, apresentam ideias e informações, e avaliam a qualidade do conteúdo e contribuições. Mais de 1,2 bilhão de pessoas usam o Facebook regularmente,

de acordo com números divulgados em outubro de 2013; Um relatório recente da Business Insider informou que 2,7 bilhões de pessoas — quase 40% da população mundial — usam regularmente redes sociais. As 25 principais plataformas de redes sociais em todo o mundo compartilham 6.3 bilhões de contas entre elas. Educadores, alunos, ex-alunos e o público em geral usam rotineiramente as redes sociais para compartilhar notícias sobre os desenvolvimentos científicos e outros. O impacto dessas mudanças na comunicação acadêmica e sobre a credibilidade da informação continua a ser vista, mas é claro que as redes sociais têm encontrado uma adesão significativa em quase todos os setores da educação.

Visão GeralUsuários da Internet de hoje são prolíficos criadores de conteúdo e fazem upload de fotos, áudio e vídeos para a nuvem aos bilhões. Produzir, comentar e classificar estes meios se tornou tão importante quanto as tarefas mais passivas de pesquisar, ler, assistir e ouvir. Sites como o Facebook, Twitter, Pinterest, Flickr, YouTube, Tumblr, Instagram, e muitos outros facilitam o compartilhamento e a descoberta de histórias e conteúdos multimídia em geral. Além de interagir com o conteúdo, as redes sociais tornam mais fácil a interação entre amigos e instituições que produziram o conteúdo. Os relacionamentos são, em última análise, a alma das redes sociais como as pessoas compartilham informações sobre si mesmas, descobrem o que os seus pares e organizações favoritos pensam sobre temas de interesse e trocam mensagens. A sua experiência fortalece relacionamentos já estabelecidos, proporcionando espaços para as pessoas que estão separadas pela distância física ou por outras barreiras se conectarem umas com as outras. Isso ajuda as instituições a angariar um público maior enquanto se comunicam com os já existentes.

As redes sociais já proliferaram até o ponto onde abrangem todas as idades e demografias. Um estudo recente da Fast Company revelou que o grupo que mais cresce no Facebook e no Google+ é a faixa etária dos 45-54 anos; enquanto o Twitter está experimentando o maior crescimento com os usuários de idade entre 55-64 anos. Mais pessoas estão se voltando para as redes sociais para fins recreativos e educacionais do que a

televisão e outros meios populares. O YouTube, por exemplo, atinge mais adultos norte-americanos com idades entre 18-34 do que quaisquer redes de TV a cabo. Além disso, a Reuters informou que a visita a sites de redes sociais é a atividade mais comum que as pessoas se envolvem na web. Pessoas se conectam diariamente para acompanhar as notícias e compartilhar conteúdo, o que fez com que sites de redes sociais se tornassem grandes fontes de notícias, com mais e mais jornalistas e meios de comunicação publicando notícias de última hora neste veículo.

Para as instituições de ensino, as redes sociais permitem diálogos de duas vias entre os alunos, futuros alunos, educadores e instituições que são menos formais se comparadas com outros meios de comunicação. Como as redes sociais continuam a florescer, os educadores estão usando-as como comunidades profissionais de prática, comunidades de aprendizagem e como uma plataforma para compartilhar histórias interessantes sobre temas que estão estudando em sala de aula. A compreensão de como as redes sociais podem ser aproveitadas para a aprendizagem social é uma habilidade fundamental para os professores; e espera-se que, cada vez mais, nos programas de formação de professores esta habilidade seja incluída.

Os relacionamentos são essencialmente a vida da mídia

social.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaUm estudo realizado pela Universidade de Massachusetts Dartmouth descobriu que 100% das universidades e faculdades pesquisadas usam as redes sociais para algum propósito. A faculdade citou a inclusão de vídeos e blogs como uma das aplicações mais comuns de redes sociais para o ensino. Outra pesquisa realizada pelo Babson Research Group e a Pearson revelou que 70,3% dos professores usam as redes sociais em suas vidas pessoais, o que reflete o uso da população em geral, e 55% usam essas redes especificamente em contextos profissionais. No entanto, professores e administradores que estão envolvidos na formulação

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de políticas ainda nutrem preocupações sobre manter a privacidade, assim como querem que as salas de aula sejam percebidas como espaços seguros para a discussão aberta e para preservar a integridade de trabalhos de estudantes. Caberá aos formuladores de políticas durante o próximo ano criar diretrizes para a utilização eficaz e segura de redes sociais, incluindo a prevenção do cyberbullying e a formalização de sanções ao cometê-lo. Um relatório recente, “Cyber Bullying in Higher Education”, de pesquisadores da Universidade Walden revelou que até mesmo os instrutores têm sido sujeitos a esta forma virtual de ostracismo. O relatório afirma que alguns professores que participaram do estudo não relataram seus confrontos porque eles simplesmente não sabiam onde relatá-los.

Há espaço para a liderança entre as universidades e faculdades em documentar projetos criativos de redes sociais que demonstram os seus benefícios para a educação. Esforços como o canal do YouTube da Universidade Vanderbilt dão aos alunos, professores e ao público em geral um vislumbre de um trabalho importante acontecendo no campus, por exemplo; enquanto a Universidade do Estado do Texas aproveita o Facebook e o Twitter como fóruns formais e informais de discussão. Em última análise, as redes sociais estão promovendo oportunidades para milhares de estudantes colaborarem – mesmo entre as instituições. Um bom exemplo é a Universidade Murdoch, na Austrália, que, em parceria com a Universidade de Duke, criou um projeto de mapeamento social em que os alunos poderiam contribuir com as suas observações sobre os ecossistemas do noroeste da Austrália. Há também a dimensão convincente de que os especialistas de campo podem ser facilmente contatados nas redes sociais para trazer perspectivas do mundo real para o assunto, que pode complementar os conhecimentos adquiridos a partir de aulas formais.

O que também faz com que as redes sociais sejam de interesse para o Ensino Superior é o aspecto público inerente. Seja através de um vídeo postado, uma imagem ou um texto de resposta em uma conversa, qualquer um na rede social pode se envolver com o conteúdo. A Assembleia Professional da Universidade do Havaí lançou a Faculty Thought Leadership Series, em que convida professores em vários campi para repensar o futuro da profissão docente do Ensino Superior, com as redes sociais como um componente principal. As gravações de sessões presenciais foram transmitidas no YouTube e qualquer um poderia participar de discussões em tempo real, incentivadas e acompanhadas com uma hashtag (#) especial no Twitter. As redes sociais mudaram a natureza dessas conversas importantes para que elas não fiquem mais restritas a poucos, mas seja uma oportunidade para substancial reflexão e ação coletivas.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a crescente ubiquidade das redes sociais:

In Higher Education, Social Media Is Your Job go.nmc.org/hiedsoc(James Nolan, The Huffington Post, 16 de setembro de 2013.) O autor acredita que os acadêmicos não podem mais se dar ao luxo de ignorar as redes sociais – é um veículo cada vez mais importante para as instituições continuamente construírem relações democráticas.

Is it Time to Start Using Social Media to Promote Academic Projects?go.nmc.org/time(Annett Seifert, School of Advanced Study Blogs, 14 de agosto de 2013.) Esta publicação descreve como a Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres está usando canais de redes sociais para aumentar a conscientização e engajamento sobre o impacto dos projetos de pesquisa individuais.

Is Social Media Good for Education?go.nmc.org/medgoo(Vanessa Doctor, Hashtags.org, 31 de julho de 2013.) A autora discute os prós e contras do uso de redes sociais na educação. Ela enumera quatro pontos positivos e dois pontos negativos sobre a sua eficácia na educação — a facilidade de comunicação é citada como um benefício e a veracidade das fontes é identificada como um malefício.

Social Media for Teaching and Learninggo.nmc.org/socmed(Jeff Seaman e Hester Tinti-Kane, Babson Survey Research Group e Pearson Learning Solutions, outubro de 2013.) Uma série de relatórios lançados em 2009 e publicados anualmente mostrou que os professores estão adotando meios de comunicação social, mas preocupações com a privacidade devem ser abordadas de forma a acelerar a adoção do uso profissional.

Using Social Media in the Classroom: A Community College Perspective go.nmc.org/asa(Chad M. Gesser, notas de rodapé, janeiro de 2013) Um professor da Comunidade e Colégio Técnico de Owensboro descreve suas aplicações de redes sociais para organizar cursos e discutir complexos conceitos sociológicos.

Visitors and Residents: Students’ Attitudes to Academic Use of Social Mediago.nmc.org/visres(Science Daily, 29 de abril de 2013.) Um estudo recente mostra que alguns alunos, mais conhecidos como residentes, usam as redes sociais para compartilhar informações sobre seus estudos com os seus pares acadêmicos, de maneira semelhante que fariam ao conversar com amigos no Facebook.

Tendência rápida

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8 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Integração de Aprendizado Online, Híbrido e ColaborativoTendência rápida: mudanças de direção no Ensino Superior entre um a dois anos

Os paradigmas da educação estão mudando para incluir mais modelos de aprendizagem online, mista ou híbrida e colaborativa. Os estudantes já gastam muito do seu tempo livre na Internet, aprendendo e trocando novas

informações. As instituições que adotam o modelo presencial, online e outros modelos de aprendizagem híbrida têm potencial para alavancar as habilidades digitais que os alunos já desenvolveram de forma independente. Ambientes de aprendizagem online podem disponibilizar diferentes experiências dos tipos de campi físicos, incluindo oportunidades para uma maior colaboração enquanto equipam os alunos com mais ênfase em habilidades digitais. Os modelos híbridos, quando concebidos e implementados com sucesso, capacitam os alunos a viajar para o campus para algumas atividades e a usar a rede para outros, aproveitando o melhor de ambos os ambientes.

Visão GeralO grande interesse da imprensa acadêmica e popular em novas formas de aprendizagem online nos últimos anos também têm aumentado o uso de fóruns de discussão, vídeos embutidos e avaliações digitais em mais classes tradicionais, com a intenção de fazer uma melhor utilização do tempo de aula. Um número crescente de universidades estão incorporando ambientes online para os cursos de todos os tipos, o que está tornando o conteúdo mais dinâmico, flexível e acessível a um maior número de alunos. Estas definições de aprendizagem híbridas estão envolvendo alunos em atividades de aprendizagem criativas, que muitas vezes exigem mais colaboração entre os pares que os cursos tradicionais.

A aprendizagem online ampliou o potencial de colaboração, incorporando pontos de conexão que os alunos podem acessar fora da sala de aula para se reunirem e trocarem ideias sobre um assunto ou projeto. Em um comentário para o The Chronicle of Higher Education, David Helfand, um dos fundadores da Universidade Quest, no Canadá, propõe um cenário de mais colaboração no aprendizado do século XXI. Em uma época onde as ferramentas multitarefas são algo natural e os meios de comunicação estão se tornando mais eficientes, Helfand argumenta que é responsabilidade da universidade de incentivar habilidades de colaboração entre os alunos para que eles sejam melhor preparados para enfrentar os problemas do mundo globalizado. Muitos educadores estão descobrindo que plataformas online podem ser usadas para facilitar grupos de resolução de problemas

e construir habilidades de comunicação, enquanto avançam no conhecimento do assunto estudado.

A qualidade da comunidade e a interação estão se tornando discriminadores importantes entre os ambientes de aprendizagem híbridos, já que as ferramentas digitais emergentes tornam mais fácil para os alunos perguntarem e responderem uns aos outros e para os instrutores fornecerem feedback em tempo real. Na Universidade do Estado de Ohio, por exemplo, os educadores do Departamento de Estatística estão experimentando uma combinação de tecnologias para a criação de um modelo de aprendizagem chamado “HyFlex”, que incorpora votação online interativa, gravação de palestras e um canal aberto para a comunicação síncrona. De acordo com os instrutores, este esforço exploratório conseguiu criar um modelo que se adapte aos interesses e desejos dos alunos, que podem escolher como assistir a palestra — a partir do conforto da sua casa ou, de modo presencial, com os seus professores. Além disso, os resultados do estudo formal mostram que os alunos sentiram que a tecnologia instrucional tornou o assunto mais interessante, aumentando a sua compreensão, bem como incentivou a sua participação através do canal online.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaPara incentivar a colaboração e reforçar as competências do mundo real, as universidades estão fazendo experiências com as políticas que permitem mais liberdade nas interações entre os alunos ao trabalhar em projetos e avaliações. A experiência de Peter Nonacs, professor de Ecologia Comportamental na Universidade da Califórnia, é um forte exemplo de como uma situação inovadora de teste pode levar a uma compreensão mais profunda de um assunto. Para determinar o quão bem seus alunos compreenderam a teoria dos jogos, Nonacs preparou um exame desafiador para que seus alunos pudessem trabalhar em conjunto. Nonacs disse que eles poderiam usar quaisquer recursos para o teste. Este foi o cenário ideal para que vivessem a autêntica experiência da teoria dos jogos: criaram uma hipótese, debateram e formularam um sistema para encontrar as melhores respostas. Nonacs argumenta que não há prejuízo em permitir que o aluno use os recursos intelectuais de que precisa para responder a perguntas, pois as melhores avaliações vão além da memorização e, além disso, inspiram a pensar de forma criativa por meio da discussão, colaboração e pensamento crítico.

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9Tendência rápida

As universidades estão se mantendo à frente da curva com melhores práticas de ensino através da experimentação de ambientes de aprendizagem online e ferramentas que promovam a colaboração entre pares. Na Universidade de Indiana–Purdue Indianapolis IUPUI), nos Estados Unidos, estudantes pesquisadores estão trabalhando com especialistas em tecnologia educacional e professores para explorar como as plataformas de conferência web podem ser usadas como “Peer-Led Team Learning” (PLTL), um modelo de ensino utilizado nas ciências em que pequenos grupos de alunos resolvem problemas juntos nas oficinas dirigidas por líderes de grupos. A equipe testou plataformas comerciais e sem custo, e avaliaram o grau de eficácia que as ferramentas em ambientes baseados na web, como o Adobe Connect, Vyew, Blackboard Collaborate e Google Hangouts, permitem aos alunos trabalharem juntos. Depois de determinar a melhor solução, a PLTL foi implementada no primeiro semestre de cursos de química geral na IUPUI e cursos introdutórios de biologia da Universidade de Purdue e da Universidade Internacional da Flórida. Mais pesquisas abordarão como os modelos PLTL de tecnologia melhorada podem se expandir para outras disciplinas e passar a incorporar textos eletrônicos, laboratórios virtuais e mais recursos de vídeo para esses ambientes online.

Instrutores também podem aproveitar componentes de aprendizagem online para fazer aprendizagem personalizada escalável em muitas aulas introdutórias. Em comparação com o modelo tradicional de aprendizagem, em que o espaço é necessário para acomodar centenas de estudantes, a aprendizagem híbrida pode abordar o caminho de aprendizagem de cada aluno. A Universidade do Texas, por exemplo, lançou uma iniciativa em 2013 para incorporar novas tecnologias na divisão inferior de história, cálculo, estatística, política e literatura clássica, com o objetivo de estabelecer um modelo híbrido para melhorar o envolvimento de alunos da graduação. Com base em aumentos nas taxas de persistência entre calouros nos últimos três anos, bem como melhorias significativas em notas, frequência e taxas de aprovação, três anos de incentivos no valor de 50 mil dólares serão dados a cada departamento para apoiar o desenvolvimento de conteúdo online, como módulos de vídeo e ferramentas que promovem a discussão em sala de aula.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a integração do aprendizado online, híbrido e colaborativo:

After Setbacks, Online Courses are Rethought go.nmc.org/setb(Tamar Lewin, The New York Times, 11 de dezembro de 2013.) Embora os MOOCs por si só não provaram ser tão bem sucedidos quanto anunciados, a publicidade em torno deles tem impulsionado muitas universidades ao desenvolvimento de uma estratégia de Internet,

incorporando recursos online de qualidade com professores em todo o mundo para melhorar seu próprio programa de estudos.

Arizona State University Selects HapYak Interactive Video for eLearning Video Initiativesgo.nmc.org/hapyak(HapYak, 2 de dezembro de 2013.) A Universidade do Estado do Arizona usa uma plataforma de vídeo interativo “HapYak” em seus cursos híbridos para adicionar elementos interativos, como as perguntas do quiz, capítulos e links. O software também cria relatórios de engajamento que permitem aos professores e funcionários da universidade saberem quem está assistindo aos vídeos, quais segmentos são mais importantes e como eles podem melhorá-los.

Blended Learning: College Classrooms of the Futurego.nmc.org/colcla(The Huffington Post, 16 de julho de 2013.) Iniciativas de aprendizado híbrido da Universidade de Maryland levaram a mais tempo de esclarecimento, atividades práticas e discussões durante a aula ao invés de introdução de um novo material pela primeira vez.

Is Blended Learning the Best of Both Worlds?go.nmc.org/blen(Online Learning Insights, 17 de janeiro de 2013.) Este artigo explora a finalidade, definições e implicações do modelo de aprendizado híbrido no Ensino Superior, que é um equilíbrio de ensino baseado na web e a tradicional instrução presencial.

A New Way of Learning: The Impact of Hybrid Distance Education on Student Performance go.nmc.org/neww(Rosa Vivanco, George Mason University, acessado em 17 de dezembro de 2013.) Um estudo da Universidade George Mason mostrou que alunos que colaboraram com outras pessoas fora da sala de aula para os componentes online de um curso de gestão disseram ter gostado e aprendido mais.

Watering the Roots of Knowledge Through Collaborative Learninggo.nmc.org/roots(David J. Helfand, The Chronicle of Higher Education, 8 de julho de 2013.) O autor mostra como um sistema de aprendizagem colaborativa progressivo no Ensino Superior pode produzir graduados hábeis na comunicação, raciocínio quantitativo e trabalho em equipe.

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10 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Crescimento da Aprendizagem e Avaliação Baseada em DadosTendência de Médio Alcance: mudanças de direção no Ensino Superior entre três a cinco anos

Há um crescente interesse no uso de novas fontes de dados para personalizar a experiência de aprendizagem e de medição de desempenho. Ao participar de atividades online, os alunos deixam rastros cada vez mais claros de

análise de dados que podem ser extraídos para uma maior compreensão. Experiências e projetos de demonstração em análise da aprendizagem (Learning Analytics) estão atualmente analisando formas de utilizar esses dados para modificar estratégias e processos de aprendizado. Painéis de controle filtram essas informações para que o progresso do aluno possa ser monitorado em tempo real. Ao passo que o campo de análise da aprendizagem amadurece, espera-se que essa informação permita a melhoria contínua dos resultados da aprendizagem.

Visão GeralOs dados estão sendo medidos, coletados e analisados no setor de consumo desde o início da década de 1990 para informar às empresas sobre o comportamento do cliente e suas preferências. Uma tendência recente na educação tem procurado empregar análises semelhantes para melhorar o ensino e a aprendizagem nos cursos em um nível institucional. Como os alunos e educadores geram mais e mais dados, especialmente em ambientes online, há um interesse crescente no desenvolvimento de ferramentas e algoritmos para revelar padrões inerentes a esses dados e, em seguida, aplicá-los na melhoria dos sistemas de ensino. Enquanto o interesse é considerável, o Ensino Superior, em geral, ainda tem de abraçar plenamente esses tipos de processos. As questões de privacidade e ética estão apenas começando a ser abordadas, mas o potencial de utilização de dados para melhorar os serviços, a retenção dos alunos e o sucesso de cada um deles é evidente.

A ciência emergente da análise da aprendizagem, discutida em mais detalhes adiante neste relatório, está fornecendo as ferramentas estatísticas e de data mining (prospecção de dados) para reconhecer os desafios precoces, melhorar os resultados dos alunos e personalizar a experiência de aprendizagem. Com os recentes acontecimentos na aprendizagem online, em especial, os alunos estão gerando uma quantidade exponencial de dados que pode oferecer um olhar mais abrangente sobre a sua aprendizagem. Painéis de controle – uma característica de muitos sistemas de gerenciamento de aprendizagem que fornecem tanto a estudantes quanto a professores uma visão geral

desses dados – estão sendo usados por um número de universidades como forma de melhorar a retenção do aluno e personalizar a experiência de aprendizagem. Esses tipos de ferramentas podem proporcionar aos alunos os meios de compreender o seu progresso e ajudar os instrutores a identificar os alunos que estão em risco de falhar em uma classe, implementando os serviços de apoio adequados antes de um aluno desistir de uma matéria. Exemplos de painéis de controle disponíveis no mercado incluem: Course Signals da Ellucian, Retention Center da Blackboard e Student Success System da Desire2Learn.

À medida que os aprendizes participam de atividades online,

eles cada vez mais deixam um rastro claro de dados analíticos que

podem ser minados em busca de discernimentos.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaEm ambientes online, especialmente, alunos e professores estão gerando uma grande quantidade de dados relacionados com a aprendizagem que pode informar decisões no processo de aprendizagem, mas o trabalho continua na estruturação de políticas adequadas para proteger a privacidade dos alunos. Um número crescente de universidades está formalizando políticas relativas à coleta e uso de dados na tomada de decisões instrucionais. Essa mudança de atitude, documentada pelo Departamento de Educação dos EUA no relatório “Enhancing Teaching and Learning Through Educational Data Mining and Learning Analytics”, tem o potencial para melhorar os serviços em todo o panorama universitário.

A iniciativa de cinco anos na Eastern Connecticut State University está usando uma abordagem orientada a dados para aumentar o sucesso de alunos de baixa renda, minorias e estudantes de primeira geração universitária em suas famílias. Com coletas de dados

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realizadas a partir de fontes, tais como de bibliotecas, programas de tutoria e pesquisas, a universidade espera entender e prever por que alguns alunos são mais propensos a abandonar o curso do que outros. Na Universidade de Wisconsin, o programa piloto “Student Success System” (S3) –Sistema de Sucesso do Aluno – foi iniciado no primeiro semestre de 2013 para determinar os alunos em dificuldades e padrões de comportamento. Os primeiros resultados forneceram métodos para lidar com as mudanças de infraestrutura, documentando problemas e preocupações, e identificar áreas de melhoria para interações futuras.

Software de aprendizagem adaptativa é uma área relacionada, onde está ocorrendo considerável desenvolvimento, e muitos líderes educacionais e políticos veem como promissora a incorporação destas ferramentas em ofertas online, onde já estão sendo usados para medir a compreensão dos alunos em tempo real e ajustar conteúdos e estratégias conforme necessário. Outro uso do software de aprendizagem adaptativa é fornecer adicionais tutorias e práticas de oportunidades para os alunos de forma mais eficiente.

Para Ler MaisOs seguintes recursos são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre o aumento da popu-larização do aprendizado e avaliação orientada a dados:

How Can Educational Data Mining and Learning Analytics Improve and Personalize Education? go.nmc.org/datamin(EdTech Review, 18 de junho de 2013.) Esta publicação explora como o data mining educacional utiliza novas ferramentas e algoritmos para descobrir padrões e esclarece como a análise da aprendizagem pode aplicar essas ferramentas e técnicas para responder a perguntas sobre o progresso do aluno e suas notas.

How Data is Driving the Biggest Revolution in Education Since the Middle Agesgo.nmc.org/revo(Rebecca Grant, VentureBeat, 4 de dezembro de 2013.) Fundador do Udacity, Sebastian Thrun, defende que estudamos a aprendizagem como uma ciência de dados para fazer a engenharia reversa do cérebro humano de modo que o currículo possa ser projetado com base em evidências.

Mixed Signalsgo.nmc.org/mix(Carl Straumsheim, Inside Higher Ed, 6 de novembro de 2013.) Alegações de Purdue são de que, utilizando os sinais do sistema de alerta precoce, podemos melhorar as taxas de retenção de alunos que entraram recentemente, trazendo à tona a importância de se avaliar as tecnologias de análise da aprendizagem.

Smart Analytics in Educationgo.nmc.org/smarta(Jay Liebowitz, The Knowledge Exchange, 6 de junho de 2013.) Para garantir o sucesso dos estudantes,

professores e instituições educacionais, um maior número de universidades está aproveitando o poder do big data para a análise da aprendizagem.

Smart Education Meets ‘Moneyball’ (Part I) go.nmc.org/moneyb(John Baker, Wired, 9 de abril de 2013.) Universidades e faculdades estão começando a usar análise preditiva para transformar dados em inteligência ativa. Esta publicação examina onde os dados se originam e como eles podem ser mais eficazmente aplicados.

University Data Can Be a Force for Goodgo.nmc.org/forc(Ruth Drysdale, Guardian Professional, 27 de novembro de 2013.) Muitas instituições de Ensino Superior estão agora olhando para uma variedade de dados, além da assiduidade para determinar o envolvimento dos alunos e antecipar a sua retenção. Uma análise da Manchester Metropolitan University revelou uma correlação direta entre os dois.

Tendência de Médio Alcance

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12 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Mudança de Alunos como Consumidores para Alunos como CriadoresTendência de Médio Alcance: mudanças de direção no Ensino Superior entre três a cinco anos

Uma mudança está ocorrendo no foco da prática pedagógica nas universidades em todo o mundo enquanto estudantes, através de uma ampla variedade de disciplinas, estão aprendendo, fazendo e criando; ao invés do

simples consumo de conteúdo. A criatividade – como ilustra o crescimento de vídeos gerados por usuários, comunidades makers (criadoras), e os projetos de financiamento colaborativo (crowdfunded) nos últimos dois anos – está cada vez mais presente na forma de aprendizagem prática. Departamentos universitários em áreas que não têm, tradicionalmente, laboratórios ou componentes de trabalhos práticos estão mudando para incorporar experiências práticas de aprendizagem como parte integrante do currículo. Cursos e planos de graduação em todas as disciplinas nas instituições estão em processo de mudança, a fim de refletir sobre a importância da criação nos meios de comunicação, design e empreendedorismo.

Visão GeralHá uma tendência crescente nas universidades em os alunos fazerem mais criações de conteúdo multimídia e design em todo o espectro de disciplinas. Mais faculdades, universidades e bibliotecas estão desenvolvendo ambientes e facilitando oportunidades para aproveitar essa criatividade e construir espaços físicos onde os alunos possam aprender e criar juntos, integrando conteúdos e atividades centradas no produto como parte de sua instrução. Esta tendência está ganhando força e deve atingir o seu pleno impacto em cerca de três a cinco anos.

Makerspaces (também conhecidos como hackerspaces) começaram a aparecer em comunidades, por volta de 2005, como locais onde as pessoas podem experimentar usando uma gama de ferramentas para trabalhar, tais com metal, madeira, plásticos, eletrônicos e ferramentas que foram compradas e compartilhadas por membros do grupo através de uma série de estratégias – incluindo associações, horários compartilhados, estruturas de custos ou propriedade coletiva. Nos últimos anos, makerspaces acadêmicos e laboratórios de fabricação surgiram nos campi universitários em uma variedade de lugares, incluindo bibliotecas. Estes espaços dedicados estão equipados, não apenas com ferramentas artesanais tradicionais, mas também com equipamentos digitais; tais como cortadores de laser, microcontroladores e impressoras 3D. A escassa disponibilidade desses recursos caros transformou laboratórios maker em espaços comuns,

onde os alunos podem trabalhar em projetos acadêmicos e pessoais, além de participar na gestão e manutenção das instalações. Makerspaces universitários estão começando a demonstrar o valor destes locais para o ensino e a aprendizagem de novas maneiras interessantes. O laboratório maker da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de Victoria, no Canadá, por exemplo, está realizando a pesquisa Humanities Physical Computing – que traz materiais digitais e analógicos em diálogo com a construção de sistemas interativos. Esta pesquisa centrada em maker está ajudando a promover o crescimento da área de humanidades digitais.

Um fluxo contínuo de novos caminhos para ideias criativas serem financiadas e se tornarem realidade colocou os estudantes universitários, mais do que nunca, no controle do desenvolvimento de sua pesquisa. Através dos sites de financiamento colaborativo Kickstarter ou Indegogo, projetos liderados por estudantes que poderiam ter parado no estágio do conceito ou modelagem podem agora ser levados à realização. Um estudante da Universidade de Cornell, por exemplo, está usando o Kickstarter para desenvolver Kicksat, um projeto destinado a lançar uma pequena nave espacial na baixa órbita da Terra. Maior acesso a ferramentas de produção de meios de comunicação e pontos de venda também permitiram aos alunos mudarem de consumidores de vídeo para produtores de vídeo.

As bibliotecas dos campi, cada vez mais abrigam, não apenas makerspaces, mas também outros serviços que incentivam a criatividade e produção, tais como empréstimos de equipamentos de vídeo e estúdios, instalações de digitalização e serviços de publicação. Na Faculdade de Dartmouth, os pesquisadores estão explorando como os vídeos gerados pelos estudantes podem ser usados para promover a aprendizagem e avaliar o desempenho acadêmico de alunos, através da coleta de várias atribuições hospedadas na página de projetos de mídia do site da faculdade. Por exemplo, uma tarefa de arquitetura propõe que estudantes façam um vídeo do ambiente construído a partir de sua perspectiva pessoal para, depois, revelar a história e o caráter de um local específico.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaA nova iniciativa da National Science Foundation, denominada Cyberlearning: Transforming Education,

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13Tendência de Médio Alcance

está oferecendo incentivos financeiros para pesquisas sobre os benefícios educacionais de makerspaces e a transferência deste tipo de aprendizagem para melhoria de habilidades matemáticas e científicas. Os resultados destes projetos de pesquisa vão ajudar a estabelecer um Centro de Recursos CyberLearning que beneficiará educadores, especialistas em currículos e outros interessados em conhecer o impacto destas atividades. O projeto da Universidade de Indiana, Make-to-Learn Initiative, é um exemplo do Ensino Superior que reúne os fabricantes, educadores e pesquisadores para entender como a cultura DIY (Do-It-Yourself, em inglês, ou “faça você mesmo”) pode alavancar os resultados da aprendizagem, ser efetiva na integração das instituições de ensino e envolver diferentes estilos de aprendizagem.

A Universidade Vanderbilt está mudando ativamente a ênfase do ensino em seus campi para incluir mais oportunidades para a exploração criativa e aplicada de aprendizagem. Sua iniciativa Student as Producer cria oportunidades semestrais para os alunos em várias disciplinas e cursos para se envolverem em atividades de produção. No centro desta iniciativa, os estudantes trabalham em problemas ou questões que não foram totalmente respondidas, compartilhando seu trabalho com outras pessoas fora da sala de aula, buscando feedback e insights de especialistas e trabalhando em projetos de uma forma majoritariamente autodirigida. Atividades centradas no estudante incluem estudantes de biologia projetando suas próprias experiências; estudantes de engenharia criando podcasts sobre seus projetos; e alunos de inglês expressando suas ideias através de materiais multimídia em blogs do curso. A abordagem demonstra como os alunos podem colaborar ativamente com os professores na produção de conhecimento e dar significado a ela.

O Centro de Empreendedorismo da Universidade de Michigan e várias organizações lideradas por estudantes patrocinaram uma série de atividades de criação de conteúdo na primavera de 2013. MHacks foi um hackaton de 36 horas ininterruptas. OptiMize foi uma competição onde os alunos criaram projetos de inovação social centrados em torno dos temas de saúde, pobreza, meio ambiente ou educação. Como parte disso, os desenvolvedores de negócios com foco em alunos criaram uma loja na União dos Estudantes para vender seus produtos diretamente para outros estudantes. 1000 Pitches foi um concurso onde os alunos criaram vídeos curtos de negócios para apresentar suas ideias. O envolvimento da liderança estudantil foi fundamental para o sucesso desses eventos.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a mudança de alunos consumidores para alunos criadores:

The Case for a Campus Makerspace go.nmc.org/mspa(Audrey Watters, Hack Education, 6 de fevereiro de 2013.) O autor explica que a cultura maker tem o potencial de revigorar as instituições de Ensino Superior, incitando mais colaboração, baseando-se em projetos participativos e aprendizagem colaborativa.

Commandeering the Decks: Baltimore’s Digital Harbor Tech Centergo.nmc.org/timc(Tim Conneally, Forbes, 18 de janeiro de 2013.) Depois de não ter sido usado por décadas, o South Baltimore Rec Center foi reaberto como Digital Harbor Tech Center, uma comunidade Makerspace onde os alunos podem acessar as ferramentas para ajudá-los a projetar e criar objetos usando impressoras 3D e placas de circuito. Este artigo discute por que o crescente movimento maker é um exemplo de reconhecimento do valor da aprendizagem experiencial.

Creativist Manifesto: Consumer vs. Creatorgo.nmc.org/creama(Olivia Sprinkel, Rebelle Society, 9 de janeiro de 2013.) Ser um criador e não um consumidor exige uma mudança de atitude em termos de como a pessoa se envolve com o mundo ao seu redor; a tendência criacionista é mais ativa e informa as escolhas feitas em uma base diária.

Is Making Learning? Considerations as Education Embraces the Maker Movementgo.nmc.org/makelea(Rafi Santo, Empathetics: Integral Life, 12 de fevereiro de 2013.) O potencial para impactar a aprendizagem através da cultura maker tem rejuvenescido os educadores. De acordo com este artigo, o aspecto mais importante desta abordagem não está no produto, mas sim no processo criativo.

Stanford FabLearn Fellows Program go.nmc.org/fabl(Stanford University, acessado em 31 de outubro de 2013.) O laboratório Transformative Learning Technologies, da Universidade de Stanford, está liderando uma iniciativa para gerar um currículo de código aberto para makerspaces e Fab Labs em todo o mundo.

What Is the Maker Movement and Why Should You Care?go.nmc.org/mamove(Brit Morin, The Huffington Post, 2 de maio de 2013.) A essência por trás do movimento do-it-yourself (faça você mesmo), tradicionalmente relacionada a livros sobre como fazer algo, transformou-se em um movimento em que as pessoas em todas as indústrias estão criando novos produtos, artesanatos, alimentos e tecnologias.

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14 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Abordagens Ágeis para MudançaTendência de Longo Alcance: mudanças de direção no Ensino Superior em cinco ou mais anos

Há um consenso crescente entre os muitos líderes do pensamento de Ensino Superior de que a liderança institucional e currículos poderiam se beneficiar de modelos de startup ágeis. Os educadores estão trabalhando

para desenvolver novas abordagens e programas baseados nesses modelos, que estimulam a mudança de cima para baixo e podem ser implementados através de uma ampla gama de configurações institucionais. O movimento Lean Startup utiliza a tecnologia como um catalisador para a promoção de uma cultura de inovação de uma maneira mais ampla e eficiente financeiramente. Programas pilotos e outros programas experimentais estão sendo desenvolvidos para melhorar o ensino e a estrutura organizacional, a fim de fomentar mais eficazmente o empreendedorismo entre os alunos e professores.

Visão GeralAs instituições estão cada vez mais experimentando abordagens progressivas de ensino e aprendizagem que imitam startups de tecnologia. Em outubro de 2013, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos publicou um relatório intitulado The Innovative and Entrepreneurial University (A Universidade Inovadora e Empreendedora), que destacou as formas em que universidades de todo o país estão alimentando o empreendedorismo em suas práticas de infraestrutura e de ensino. A pesquisa revelou uma crescente ênfase em ambos os programas formais e informais que constroem os interesses dos alunos na resolução de problemas sociais e globais, criando produtos e contribuindo com conteúdo para ajudar as empresas existentes. Um exemplo notável é a Patent Clinic, da Universidade de Illinois, em que estudantes de direito trabalham com alunos inventores para elaborar pedidos de patentes reais.

Com a demanda dos empregadores por graduados que tenham experiência no mundo real antes de entrar no mercado de trabalho, mais instituições estão estruturando atividades de aprendizagem para gerar estas oportunidades mais cedo. A Universidade Rice, por exemplo, recentemente levantou mais de um milhão de dólares para lançar uma competição de planejamento de negócios, onde os alunos apresentaram estratégias para iniciar suas próprias empresas; o dinheiro também foi usado para financiar os planos do vencedor para conseguir decolar em seu projeto. Além disso, mais instituições estão desenvolvendo programas para orientar os alunos a cultivarem este espírito de inovação.

Instituições como a Universidade de Washington e da Universidade da Flórida estão trazendo profissionais de sucesso para orientar os alunos para que eles formulem ideias de negócio e produtos. Aproveitar o conhecimento de profissionais de empresas locais é uma forma de garantir que os alunos recebam os mais atuais insights sobre a força de trabalho. Os alunos da Universidade Chapman podem participar dos programas Entrepreneurs in Residence e Entrepreneur Mentor, que os colocam em contato com profissionais de sucesso que lhes fornecem orientação especializada. A Universidade George Washington fornece o mesmo serviço para professores que estão desenvolvendo suas próprias empresas iniciantes.

Historicamente, os escritórios de transferência e licenciamento de tecnologia da universidade têm ajudado inovadores no campus a comercializar seus produtos, mas o crescente foco em empreendedorismo expandiu suas funções para ajudar tanto o corpo docente quanto alunos a se conectarem com os investidores de tecnologia e líderes da indústria. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, isso está levando a mudanças de cultura institucional e até mesmo levou empresas a localizarem-se em comunidades universitárias. Um dos exemplos mais eficazes do crescente relacionamento que as universidades estão criando com a indústria é a da Universidade de Cornell, com seus programas de divulgação IP & Pizza e IP & Pasta, que orientam professores e alunos, não só para que compreendam melhor as questões de propriedade intelectual, mas, o mais importante, como sua pesquisa pode ser mais útil para a sociedade. Da mesma forma, a Escola de Engenharia da Universidade de Delaware e a Escola de Negócios da Faculdade Lerner lançaram a Spin In para ajudar os empresários locais que desenvolvem novas tecnologias que exigem mais revisões e interações.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaPor natureza, muitas startups estão equipadas para mudar rapidamente os processos e fluxos de trabalho; se as instituições de Ensino Superior adotam modelos de startup, isso poderia levar a uma utilização mais eficiente de novas práticas e pedagogias. Um bem conhecido modelo de baixo custo é One Button Studio da Universidade Estadual da Pensilvânia, que é uma instalação de gravação de vídeo que permite que os usuários sem experiência em produção possam criar vídeos de alta qualidade com apenas uma unidade flash e ao toque de um botão. Quando os educadores

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são capazes de experimentar novas tecnologias e abordagens antes de implementá-las em cursos, eles têm a oportunidade de avaliá-las e fazer melhorias para os modelos de ensino. Faculdades estão usando o One Button Studio para criar introduções a cursos online, juntamente com módulos de demonstração para melhor esclarecer conceitos complexos. Os alunos também são incentivados a utilizar o One Button Studio para gravação de tela e de apresentações de classe, alterando o escopo do que se espera deles. Outras instituições estão tomando nota e lançando estúdios semelhantes, incluindo a Universidade Cristã de Abilene.

A ênfase cada vez maior de programas universitários sobre empreendedorismo criou uma necessidade de políticas que apoiem de forma mais agressiva o corpo docente e discente em trabalhos inovadores. A Universidade do Sul da Califórnia, por exemplo, tem atraído a atenção por suas políticas de gratificação e financiamento em projetos criados pelo corpo docente, enquanto apenas alguns anos atrás, a Faculdade de Medicina da Universidade de Virginia iniciou um dos primeiros programas que incorporava atividades empresariais em sua promoção e critérios de posse. O programa Entrepreneur Residence, do Centro Médico da Universidade de Nebraska, apoia o desenvolvimento de novas empresas que se baseiam no trabalho e nas inovações de seus professores e funcionários pesquisadores.

Existem muitas oportunidades para as instituições de Ensino Superior se tornarem líderes na promoção da inovação através de seus campi. A Universidade Colorado, Denver, oferece uma experiência de empreendedorismo internacional para professores que desejam estudar no exterior e aprender sobre as pedagogias mais eficazes relacionados ao ensino de cursos de negócios com aplicações globais. Da mesma forma, a Escola de Administração de Rady, da Universidade da Califórnia em San Diego, incorpora treino e formação do corpo docente em seu Programa de Serviços de Desenvolvimento Empreendedor. Um número crescente de organizações externas, como a Fundação Coleman, também estão direcionando o desenvolvimento do corpo docente como um importante espaço para fomentar a inovação do campus. Eles oferecem na faculdade um programa de bolsas para melhorar as áreas, como aumentar a frequência e a qualidade do empreendedorismo interdisciplinar, enquanto muitos outros programas estão limitados a escolas de negócios.

Para Ler MaisOs seguintes recursos são recomendados para aqueles que querem aprender mais a respeito da aceleração rápida da tecnologia intuitiva:

Are Edutech Startups Plugging an Innovation Gap in Our Universities? go.nmc.org/gap(Claire Shaw, The Guardian Higher Education Network, 27 de março de 2013.) O CEO da Mendeley, uma

startup de tecnologia educacional sediada no Reino Unido incentiva as universidades a escolher pequenas empresas que oferecem serviços de tecnologia, ao invés dos líderes de mercado por oferecem soluções mais personalizadas para os problemas de uma instituição.

Change Is Cominggo.nmc.org/isco(Dan Greenstein, Inside Higher Ed, 16 de dezembro de 2013.) Este artigo argumenta que a inclusão de tecnologia é a única maneira de facilitar novos modelos de negócios que proporcionam aos alunos uma educação adaptada às suas necessidades, seus estilos de aprendizagem e seus objetivos, incluindo treinamento adequado e aconselhamento.

John Kolko on Finding Purpose Working at an Edtech Startup (Video)go.nmc.org/flag(Capture Your Flag, 30 de outubro de 2013.) O vice-presidente de Design de uma startup de tecnologia educacional, e fundador do Centro de Design de Austin, explica o que ele aprendeu em uma empresa de capital de risco onde trabalhava como designer de MyEdu, uma solução de software para unir estudantes aos seus futuros empregadores.

Rutgers President Barchi Calls for New Business Model in Higher Education to Focus on Public-Private Partnerships go.nmc.org/rut(Rutgers University, acessado em 16 de dezembro de 2013.) O presidente Robert Barchi, da Universidade de Rutgers quer estabelecer parcerias público-privadas para obter novas fontes de receita e de recursos, e ele acredita que um aspecto importante disto é a criação de colaborações de pesquisa.

Stanford University Is Going To Invest In Student Startups Like A VC Firm go.nmc.org/inves(Billy Gallagher, TechCrunch, 4 de setembro de 2013.) A Universidade de Stanford está trabalhando com StartX, uma aceleradora de startups sem fins lucrativos, para ajudar os alunos a fazerem suas empresas começarem a funcionar. Os hospitais e clínicas de Stanford investirão em empresas no Fundo Stanford- StartX.

U-M’s Ross School Student-Led Venture Invests in EdTech Startup go.nmc.org/ross(Greta Guest, UM News, 18 de abril de 2013.) O grupo de investimento “The Social Venture Fund”, dirigido por estudantes da Universidade de Michigan, proporcionou fundos para Mytonomy, uma empresa startup de Maryland que desenvolve um ambiente de aprendizagem social baseado em vídeos para os alunos de primeira geração universitária em suas famílias.

Tendência de Longo Alcance

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16 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Evolução do Aprendizado OnlineTendência de Longo Alcance: mudanças de direção no Ensino Superior em cinco ou mais anos

Ao longo dos últimos anos, tem havido uma mudança na percepção de aprendizagem online para o ponto em que é vista como uma alternativa viável para algumas formas de aprendizagem presencial. O valor que as

ofertas de aprendizagem online agora oferecem é bem compreendido, com flexibilidade, facilidade de acesso, bem como a integração de sofisticados recursos multimídia e tecnologias entre a lista de vantagens. Os desenvolvimentos recentes nos modelos de negócio estão aumentando as apostas de inovação nesses ambientes digitais, que são amplamente considerados maduros para novas ideias, serviços e produtos. Embora cresça progressivamente, esta tendência está ainda um número de anos distante de seu máximo impacto. O progresso na análise da aprendizagem, aprendizagem adaptativa e uma combinação de tecnologias e ferramentas assíncronas e síncronas continuarão a avançar o estado de aprendizagem online e a manterão atraente, embora muitas delas estejam ainda sujeitas às experiências e pesquisas por parte dos prestadores de serviços de aprendizagem online e instituições de Ensino Superior.

Visão GeralComo a aprendizagem online angaria cada vez mais interesse entre os alunos, as instituições de Ensino Superior estão desenvolvendo mais cursos online para substituírem ou completarem os cursos existentes. De acordo com um estudo realizado pelo Babson Research Group, publicado no início de 2013, mais de 6,7 milhões de alunos ou 32% do total das matrículas do Ensino Superior nos Estados Unidos, fizeram pelo menos um curso online no segundo semestre de 2011 — um aumento de mais de meio milhão de alunos em relação ao ano anterior. Como tal, o projeto dessas experiências online tornou-se primordial. Um artigo recente do The Chronicle of Higher Education sugere que, para cursos online envolverem os alunos do começo ao fim, devem abranger recursos interativos, além de promover uma comunidade robusta, que é apoiada por uma presença forte do instrutor.

As discussões entre os membros do Grupo de Especialistas do Ensino Superior 2014 indicam que, com o advento de ferramentas de voz e vídeo, não estão apenas aumentando o número de atividades interativas entre professores e alunos online, mas também melhorando significativamente a sua qualidade. Em uma sala de aula tradicional, a presença do instrutor é facilmente sentida por causa da natureza física de

alguém em pé na frente de uma sala. Ferramentas de áudio, como VoiceThread e SoundCloud, juntamente com as ferramentas de criação de vídeo como o iMovie e Dropcam, habilitam professores a capturar gestos humanos importantes, incluindo voz, contato visual e linguagem corporal, onde todos promovem uma ligação não verbal com os alunos.

Uma forma de envolver os alunos em profunda aprendizagem em ambientes online é a personalização da experiência. Esforços como da Pearson para integrar a aprendizagem adaptativa em cursos online estão comprovando essa afirmação. No verão de 2013, a Pearson levou a sua parceria com a tecnologia big data do provedor Knewton para um outro nível, oferecendo a mais de 400.000 estudantes universitários matriculados no primeiro ano dos cursos de ciência e de negócios acesso a serviços de tutoria adaptativos. A tecnologia detecta padrões de sucessos e fracassos dos alunos com o material do curso e oferece aulas personalizadas de acordo com cada aluno. Um piloto inicial com algumas centenas de alunos revelou melhor desempenho e atitude deles. Como os serviços de aprendizagem adaptativa ganham força em ambientes online em larga escala, é fácil imaginar que os cursos que realmente atendem a todos os estilos de aprendizagem sejam atraentes a mais alunos.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaO papel do professor como líder e guia é essencial e pode ser o maior influenciador de como efetivamente os alunos aprendem em ambientes online. De acordo com StudyMode, 65% da população é composta de aprendizes visuais. Quando professores compartilham vídeos gravados pessoalmente, demonstrando conceitos complexos em ação, como um processo químico ou circuito elétrico, a gravação atrai naturalmente a este público. Através de discussões síncronas, usando ferramentas como o Google Hangout e alavancadas por Clemson e pela Universidade de Minnesota, os alunos podem melhor detectar e interpretar as nuances inerentes à fala e os gestos do instrutor. Alguns dos sites mais populares de educação online, tais como a Khan Academy, fazem uso de vídeos para tornar a aprendizagem mais envolvente.

A Universidade de Stanford faz um uso extremamente eficaz do iTunes U, onde publica vídeos profissionais e outros materiais didáticos, produzidos por especialistas. Este modelo visa equalizar o acesso à

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17Tendência de Longo Alcance

educação e ensinar conceitos complexos através de multimídia. Enquanto instrutores individuais podem não ser capazes de replicar a qualidade do conteúdo publicado se comparados às coleções de Stanford, há uma expectativa crescente de que as universidades e faculdades sejam líderes na aprendizagem online; e, portanto, equipem o seu corpo docente e funcionários com as ferramentas e treinamentos necessários para criar recursos de primeira qualidade. A Universidade da Califórnia, em Irvine, por exemplo, lançou o Instituto Docente de Aprendizagem Online para melhor equipar professores com as habilidades necessárias para criar conteúdo mais eficaz para e-learning.

a gestão do conhecimento através de fluência digital e capacidades de aprendizagem sólida de experiências. Aprendizagem híbrida, uso de multimídia e aumento do controle do aprendiz são algumas das tendências que estão convergindo para criar novas pedagogias com foco no Ensino Superior online.

Online Code School Bloc Raises $2 Million For Its Web Development “Apprenticeship” Programgo.nmc.org/bloc(Sarah Perez, TechCrunch, 5 de dezembro de 2013.) Bloc é uma escola de desenvolvimento web online fundada pelos graduados da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, que usam um modelo de aprendizagem para se conectar aos alunos diretamente com um mentor experiente que atua como tutor e revisor de código do aluno.

The Online Education Revolution Drifts Off Coursego.nmc.org/drif(WFPL News, 1 de janeiro de 2014.) Os principais fornecedores de MOOC estão agora reconhecendo que uma estrutura de apoio centrado no ser humano, mais ampla, é vital para que os alunos retenham informações e concluam seus cursos.

Online Learning Gets More Interactive go.nmc.org/seme(The Wall Street Journal, 18 de novembro de 2013.) Uma organização chamada Semester Online oferece créditos para cursos online de faculdades e universidades de todo o mundo, utilizando conteúdo assíncrono e aulas ao vivo para que os alunos participem da interação em tempo real com os professores, reunindo uma vez por semana por 80 minutos em uma webcam para discutir o conteúdo.

Shindig CEO Speaks at Education Innovation Summit (Video)go.nmc.org/shindig(Steve Gottlieb, Shindig, 28 de agosto de 2013.) Steve Gottlieb apresenta Schindig, uma plataforma de ensino online que utiliza uma nova arquitetura de comunicação que permite a comunicação assíncrona e conversas privadas entre os membros da audiência ou estudantes.

Parte do engajamento dos alunos para a aprendizagem profunda

em ambientes virtuais é a personalização da experiência.

Algo importante para a discussão de aprendizagem online são as explorações das políticas necessárias para apoiar e incentivar os esforços e garantir a qualidade. Na política de privacidade do MITx, como um exemplo, há uma cláusula que sugere que diferentes alunos podem ver as diferentes variações do mesmo conteúdo, a fim de personalizar a experiência de aprendizagem. Este tipo de política dá aos designers de cursos e instrutores a flexibilidade necessária para adaptar as necessidades dos alunos a estratégias de ensino em tempo real, usando a inteligência da máquina, que é uma área em desenvolvimento considerável e que está se expandindo.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a evolução da aprendizagem online:

Creating Conceptual Capacity through Intelligent Tutoring go.nmc.org/macq(Thomas Kern et al., Macquarie University, acessado em 16 de dezembro de 2013.) A equipe da Universidade Macquarie, na Austrália, criou um Sistema Tutor Inteligente online para auxiliar no ensino de construção e análise de demonstração de fluxo de caixa dentro do currículo de contabilidade.

A New Pedagogy is Emerging…And Online Learning is a Key Contributing Factorgo.nmc.org/pedag(Contact North, acessado em 6 de janeiro de 2014.) Expectativas tecnológicas e estudantis estão impulsionando mudanças na pedagogia que favoreçam

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18 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Desafios Significativos que Impedem a Adoção de Tecnologia no Ensino Superior

Os seis desafios apresentados no NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 foram selecionados por um comitê de especialistas do projeto em uma série de ciclos de votos com base em Delphi, cada um seguido por uma

rodada adicional de pesquisa secundária e discussões. O referencial do projeto das “Salas de Aulas Criativas” (CCR – Creative Classrooms), desenvolvido para a Comissão Europeia, foi utilizado para identificar implicações para a política, liderança e práticas relacionadas a cada um dos seis desafios discutidos nesta seção. Estes desafios que, segundo os membros do comitê de especialistas, serão provavelmente empecilhos para a adoção da tecnologia ao longo dos próximos cinco anos, são classificados em três categorias definidas pela sua natureza: desafios solucionáveis – aqueles que nós entendemos e sabemos como resolver, mas aparentemente falta vontade; desafios difíceis – aqueles que entendemos, mas cujas soluções são difíceis de identificar; e os mais difíceis, os desafios complexos – difíceis de definir e, portanto, que necessitam de dados e insights adicionais antes mesmo de as soluções serem possíveis. Todos os desafios listados aqui foram explorados por suas implicações para o Ensino Superior global em uma série de discussões online que estão em horizon.wiki.nmc.org/Challenges.

O comitê de especialistas foi fornecido com um conjunto extenso de materiais de apoio quando o projeto começou. Foram identificados e documentados os desafios regionais conhecidos, mas o comitê também foi encorajado a considerar novos desafios, bem como aqueles que têm demorado para tomar forma.

Uma vez que foi identificada a lista semifinal de desafios, cada um foi visto no referencial CCR, representado no gráfico do sumário executivo, que serviu como uma lente para identificar implicações para a política, liderança e prática.

Política. Apesar de todos os desafios identificados terem tido implicações políticas, dois desafios específicos estão dirigindo as decisões em muitos campi no momento. O mais fácil para as universidades fazerem é rever as políticas que favorecem injustamente a pesquisa acadêmica sobre o ensino. Na Europa, os ministros da educação reconheceram este problema com a crença de que a cultura acadêmica deve ser alterada em conformidade. The Guardian elaborou o desafio em University Reputations: Will Teachers Pay the Price? (As Reputações das Universidades: Irão os Professores Pagar o Preço?), observando que as

universidades da UE estão competindo para ganhar financiamento no âmbito do Referencial de Excelência em Pesquisa (Research Excellence Framework – REF), uma iniciativa do governo do Reino Unido que irá fornecer fundos para instituições com notas excelentes. Por causa do REF, as universidades estão colocando maior pressão sobre os professores para publicarem pesquisas. Talvez, sem surpresa, o corpo docente sinta que o processo desvaloriza a sua parte da missão na universidade.

Competição vinda de lugares inesperados está desafiando

noções tradicionais do ensino superior, e especialmente os

modelos de negócios.

Uma área política desafiadora é aquela em que professores adotantes de novas pedagogias, muitas vezes, encontram ambientes que dificultam a implementação dessas inovações. Algumas instituições e programas já estão tomando medidas para obter uma melhor compreensão e resolver este desafio. Pesquisadores dos programas internacionais da Universidade de Londres e Universidade De Montfort, por exemplo, revisaram os cinco projetos dentro do programa de Planejamento e Estruturação de Currículos do Comitê de Sistemas de Informação Conjunta do Reino Unido (Joint Information Systems Committee –JISC). Todos os cinco têm como objetivo introduzir novos sistemas para facilitar o desenvolvimento profissional contínuo e a concepção de currículo interdisciplinar. Eles concluíram que as inovações pedagógicas mais eficazes podem ser aumentadas quando alavancadas em um processo participativo, com um método de colaboração com o desenvolvimento de políticas de cima para baixo.

Liderança. Mais uma vez, enquanto todos os desafios identificados têm implicações de liderança que são discutidas nas páginas seguintes, três representam obstáculos para empregar visão e liderança eficaz. Há uma necessidade urgente de combater a falta de fluência digital entre os professores. O desafio é amplamente

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reconhecido e algumas grandes organizações estão tomando medidas por conta própria. The Andrew W. Mellon Foundation, por exemplo, forneceu à Faculdade Davidson, uma doação de US$ 800.000 para criar um modelo curricular abrangente de estudos digitais para apoiar o desenvolvimento de competências digitais entre os professores. Os funcionários irão se encontrar semanalmente em institutos de ensino, workshops e seminários para explorar ferramentas emergentes e abordagens.

A competição de lugares inesperados desafia as noções tradicionais de Ensino Superior e, especialmente, os seus modelos de negócio. Instituições são cada vez mais esperadas para mesclar o tradicional presencial com o aprendizado de estratégias de aprendizagem online; mas recentes experimentos com alguns dos novos modelos online indicam que o apelo de aprendizagem online formal pode não estar totalmente difundido. No segundo semestre de 2012, o Campus Global da Universidade do Estado do Colorado tornou-se a primeira faculdade a oferecer aos alunos a oportunidade de reservar créditos da faculdade (com uma taxa extra) ao passarem por um MOOC. Um ano mais tarde, o colégio informou que não houve um único aluno que tivesse aproveitado o programa.

Algo que os programas online estão sendo relativamente bem-sucedidos, no entanto, é em ajudar a ampliar o acesso a materiais de aprendizagem, um fenômeno observado pelo presidente do MIT, L. Rafael Reif, em um artigo recente na revista Time. A diferença de acesso é particularmente sentida pelos países do terceiro mundo, onde se matricular em instituições com cursos presenciais não é uma opção viável para muitos. A Rainha Rania da Jordânia criou uma fundação que apoiará Edraak, uma parceria com o MIT e edX, da Universidade de Harvard, para desenvolver versões em árabe de cursos, abrindo a porta a estes materiais para dezenas de milhares de potenciais alunos. A Rainha acredita que esses MOOCs podem ajudar a democratizar a educação para as minorias em países árabes, aumentando e fortalecendo programas online. É claro que as questões de cobertura de acesso ou preços acessíveis à Internet ainda limitam a disponibilidade de cursos online em muitas regiões.

Prática. Cada um dos seis desafios identificados pelo comitê de especialistas apresenta inúmeros obstáculos para o avanço do ensino e da aprendizagem; mas, talvez, o desafio mais complexo relacionado a tais práticas seja manter a educação relevante. Os empregadores têm relatado a decepção com a falta de prontidão no mundo real que eles observam em recém-graduados, empregados potenciais ou atuais. Com a tecnologia e o valor das competências em rápida evolução, é difícil para as instituições ficarem à frente das necessidades da força de trabalho. A Universidade do Norte do Arizona espera superar este desafio com o seu Programa de Aprendizagem Personalizado (Personalized Learning

Desafios Significativos

Program), onde eles estão usando transcrições que mostram competências dos estudantes, em um esforço para acompanhar a aprendizagem de uma forma que pode ser mais valiosa para futuros empregadores.

As páginas a seguir fornecem uma discussão de cada um dos desafios destacados pelo comitê de especialistas deste ano, que inclui uma visão geral do desafio, suas implicações e recomendações da curadoria para ler mais sobre o assunto.

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20 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Baixa Fluência Digital do Corpo DocenteDesafios Solucionáveis: aqueles que nós entendemos e sabemos como resolver

Aformação do corpo docente ainda não reconhece o fato de que o letramento em mídias digitais continua a sua ascensão em importância como uma habilidade fundamental em cada disciplina e profissão.

Apesar do consenso generalizado sobre a importância da educação para as mídias digitais, treinamentos nas habilidades e técnicas de apoio são raras na formação e inexistentes na preparação de professores. Palestrantes e professores começam a perceber que eles estão limitando seus alunos por não ajudá-los a desenvolver e utilizar as competências de letramento digitais de mídia em todo o currículo. A falta de treinamento formal está sendo compensada por meio do desenvolvimento profissional ou aprendizagem informal, mas estamos longe de ver esse letramento como uma norma. Este desafio é agravado pelo fato de que o letramento digital é menos sobre ferramentas e muito mais sobre o raciocínio; portanto as habilidades e padrões baseados em ferramentas e plataformas têm provado serem um tanto efêmeras.

Visão GeralA American Library Association’s Digital Literacy Task Force define o letramento digital como a capacidade de usar a tecnologia da informação e comunicação para encontrar, avaliar, criar e comunicar informações. O letramento digital foi considerado criticamente importante para os alunos e instrutores no Ensino Superior, mas é amplamente reconhecido que há uma falta de treinamento eficaz para garantir que os professores desenvolvam as habilidades que necessitam para orientar os alunos. Uma grande parte do desafio é baseada no insuficiente desenvolvimento profissional, o que é resultado de uma série de questões que vão desde a falta de financiamento, o baixo apoio administrativo, a escassez de agendas formais de letramento digital ou ambiguidade em torno da definição de fluência digital. Outra faceta desse desafio está na mudança de atitude exigida dos professores; se eles estão relutantes em abraçar novas tecnologias e a promoção do letramento digital, os alunos não vão ver a importância dessas competências para ter sucesso no mercado de trabalho.

Atuais treinamentos em letramento digital para professores variam em eficácia e disponibilidade. Campos de treinamentos – tais como os realizados no verão de 2013 pela Universidade Xavier, dos Estados Unidos – ou workshops que fornecem introduções a novas ferramentas são a forma mais comum de desenvolvimento profissional; mas o que está faltando

é um engajamento intelectual e experiencial profundo com conceitos subjacentes. Enfrentar esse desafio requer uma mudança de mentalidade da implantação de treinamentos individuais para um processo contínuo de exploração e definição, especialmente por causa da rapidez com que as tecnologias evoluem. Além disso, para as universidades progredirem nesta área, é necessário que haja um maior apoio institucional e liderança a partir do nível presidencial até o nível departamental.

O Diretor de programas de formação de professores da Educação Básica da Faculdade de Mount Holyoke publicou um artigo que propõe ofertas de desenvolvimento profissional em que o letramento digital fosse oferecido por meio de parcerias, tutorias ou aprendizagem colaborativa – ao invés de uma conexão solta de vários treinamentos, como chave para superar este desafio. Emparelhar estudantes digitalmente experientes com professores, por exemplo, oferece insights valiosos sobre como os alunos atualmente utilizam a tecnologia. As redes sociais também envolvem os alunos em novas formas de aprendizagem através de seus contatos fora da classe. Os instrutores podem ter um papel mais ativo no aprendizado dos alunos, mostrando-lhes, por sua vez, como usar as mídias digitais para a aprendizagem. As bibliotecas também têm sido muito ativas nesta área, fornecendo recursos valiosos para o pessoal da universidade e professores que procuram ajuda com o letramento digital. Bibliotecários, tais como os da Universidade de Cincinnati, em parceria com associações universitárias, estão ajudando o corpo docente a eficientemente localizar, examinar e citar as fontes de informação para uso em sala de aula.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaA urgência em resolver o baixo letramento digital, tanto para professores quanto alunos, foi reconhecida e abordada por grandes financiadores como a Andrew W. Mellon Foundation. A agência ofereceu recentemente à Faculdade Davidson, uma doação de US$ 800.000 para criar um modelo curricular abrangente de estudos digitais que irão desenvolver familiaridade e fluência do corpo docente com ferramentas digitais. A concessão vai financiar o desenvolvimento e a expansão de estudos digitais em todo o currículo da faculdade, incluindo o apoio ao desenvolvimento profissional do corpo docente. Em vez de se concentrar apenas no desenvolvimento de ferramentas digitais e bases de dados para os professores, a abordagem de Davidson é difundir estudos digitais o mais amplamente possível em todo o

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currículo da instituição. Institutos de ensino, workshops e seminários serão reforçados com apoio contínuo na forma de comunidades de aprendizagem digital, onde professores e funcionários se encontram semanalmente para explorar ferramentas ou metodologias específicas.

Similarmente, JISC apoia o uso de tecnologias digitais na educação e pesquisa no Reino Unido, incluindo um programa que explora a fluência digital em vários campi universitários. O desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento do Letramento Digital (Developing Digital Literacy Program),-financiado pela JISC, promove o desenvolvimento de estratégias institucionais e abordagens organizacionais coerentes, inclusivas e holísticas para o desenvolvimento de letramentos digitais para todos os funcionários e estudantes no Reino Unido e além do Ensino Superior. Os resultados do projeto de três anos incluem o desenvolvimento de um conjunto de recomendações para apoiar o letramento digital de toda a instituição, exemplos de boas práticas, estudos de caso e oficinas gratuitas. O Projeto Digidol, um projeto financiado pelo JISC, na Universidade de Cardiff, abordou a importância da mudança de atitude em relação ao letramento digital em todas as áreas e níveis da universidade. Eles começaram a estabelecer um marco dos atuais níveis de competências de letramento digital e, em seguida, desenvolveram um modelo de organização, análise de lacunas e mudança na abordagem de gestão para a incorporação de letramento digital em todos os cursos de desenvolvimento de pessoal e programas acadêmicos.

Como líderes em letramento da informação e mídia digital, bibliotecas acadêmicas atualmente fornecem serviços que ajudam professores a se sentirem confiantes no aprendizado de novas ferramentas e processos. Na Biblioteca Henry Madden da Universidade Estadual de Fresno, professores e funcionários podem obter informações e recursos de letramento digital — bibliotecários ajudam com reestruturação curricular e tutoriais de letramento digital, bem como criação de objetos digitais, módulos e vídeos. Os bibliotecários da Universidade do Texas estão ajudando a integrar a informação e letramento digital no planejamento curricular, bem como através de colaborações com o corpo docente ao trabalharem juntos para criar atribuições de investigação eficazes e atividades que ajudem a reforçar os conceitos de letramento da informação, tanto para estudantes quanto para instrutores.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a baixa fluência digital do corpo docente:

5 Keys to Engaging Faculty With IT go.nmc.org/keys(Linda L. Briggs, Campus Technology, 6 de junho de 2013.) Este artigo destaca vários programas de tecnologia para o desenvolvimento de professores que foram bem sucedidos, explicando por que a análise, comunicação,

orientação mútua, colaboração e subsídios ou bolsas têm desempenhado papéis cruciais para as universidades na criação de programas de desenvolvimento que engajem seus participantes.

ASTI: The Formation of Academic Support, Technology and Innovation at Plymouth Universitygo.nmc.org/ply(Neil Witt et al., Plymouth University, 9 de julho de 2013.) Este relatório detalha como a equipe profissional da Universidade de Plymouth foi reorganizada em um novo departamento de Serviços Acadêmicos, Tecnologia e Inovação que desenvolve recursos e trabalha com a comunidade acadêmica, integrando com sucesso a tecnologia em suas pedagogias.

Digital Library Center Launches at Notre Damego.nmc.org/diglib(Inside Indiana Business, 18 de dezembro de 2013.) As Bibliotecas Hesburgh, da Universidade de Notre Dame, inauguraram o Centro para Bolsas de Estudos Digitais. Este é uma das instituições que transformaram sua biblioteca em um espaço de aprendizagem fértil e completo com ferramentas digitais, workshops e treinamento em tecnologia para professores e alunos.

Digital Literacy for Digital Natives and Their Professorsgo.nmc.org/native(Steven Berg, HASTAC, 22 de março de 2013.) Respondendo a um artigo sobre a aprendizagem dos alunos através de rede de discussões sociais informais, o autor concorda que os alunos estão assumindo o controle de sua aprendizagem, mas argumenta que eles precisam de orientação quando se trata de escolher tecnologias eficazes para atender seus objetivos acadêmicos.

Incentives and Traininggo.nmc.org/ince(Marian Stoltz-Loike, Inside Higher Ed, 18 de dezembro de 2013.) Apesar de muitas faculdades e universidades em todo o país estarem exigindo professores para ensinar, pelo menos, um curso online, em um esforço para cortar custos, muitas vezes, os instrutores não são providos das ferramentas necessárias para usar um formato online.

Why Universities Should Acquire — and Teach — Digital Literacygo.nmc.org/literacy(Fionnuala Duggan, The Guardian, 23 de abril de 2013.) O autor acredita que, quanto mais alunos de graduação usam a tecnologia, a formação em letramento digital deve ser implementada de modo que eles estejam cientes das melhores práticas de comunicação e colaboração online.

Desafios Solucionáveis

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22 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Relativa Falta de Incentivos para o EnsinoDesafios Solucionáveis: aqueles que nós entendemos e sabemos como resolver

Oensino é muitas vezes classificado como inferior à pesquisa no meio acadêmico. No mercado global de educação, o status de uma universidade é determinado em grande número pela quantidade e qualidade da sua

investigação. De acordo com a metodologia do Ranking Mundial de Universidades da Revista Times Higher Education, pesquisas e citações são responsáveis por 60% da pontuação da universidade, enquanto o ensino é apenas metade disso. Há um sentido abrangente no mundo acadêmico de que as credenciais de pesquisa são um ativo mais valioso do que o talento e habilidade de um instrutor. Devido a este modo de pensar, os esforços para implementar pedagogias eficazes são escassos. Professores adjuntos e alunos sentem o peso deste desafio, como contratos apenas de ensino são subestimados e mal pagos, os alunos devem aceitar os estilos de ensino ultrapassados dos principais pesquisadores da universidade. Para equilibrar prioridades concorrentes, grandes universidades estão experimentando alternar entre cargas de ensino suaves e intensas durante o ano letivo e contratando mais professores adjuntos.

Visão GeralOs professores enfrentam cada vez mais expectativas de universidades que tornam evidente que os esforços de pesquisa são recompensados com cargos de gestão, desconsiderando a amplitude da experiência do professor como instrutor. No entanto, a pesquisa mostra que os professores adjuntos podem ter grande ou ainda maior impacto sobre os alunos do que professores efetivos. Um estudo recente do National Bureau of Economic Research descobriu que os dados de oito grupos de alunos do primeiro ano da Northwestern University, que participaram de cursos introdutórios com professores adjuntos, foram significativamente mais propensos a se inscrever em um segundo curso no assunto do que os ensinados por professores efetivos. Além disso, os alunos de menor desempenho fizeram os maiores ganhos nos temas mais desafiadores quando ensinados por adjuntos.

Há também um corpo de trabalho que indica que os professores reconhecem que o ensino não é uma prioridade no Ensino Superior, mas muitos fazem esforços conscientes para melhorar seus métodos a cada nova turma de alunos, mesmo sem incentivos. A SUNY Press publicou um estudo qualitativo, em 2012, que pesquisou 55 membros do corpo docente de diversas disciplinas na Universidade de Washington sobre as maneiras pelas

quais eles adaptaram seus ensinamentos para melhorar os resultados de aprendizagem e comportamento dos alunos. O estudo revelou que quase todos os educadores haviam mudado exercícios e conteúdo e experimentado formas de envolver os alunos em cada semestre. Os resultados também demonstraram que houve alguns professores conceituados que relataram a falta de confiança no ensino de um curso que tinham lecionado, muitas vezes, no passado, sugerindo que pode haver uma necessidade de instrutores se atualizarem e praticarem suas metodologias de ensino de forma contínua. Professores geralmente querem melhorar suas pedagogias, mas não dispõem de recursos e incentivos por parte de suas instituições para fazê-lo.

Na Europa, este desafio tem sido articulado pelas principais partes interessadas que acreditam que a importância dada à pesquisa é uma faceta da cultura acadêmica que deve ser mudada. Um estudo recente de mais de 17.000 alunos de graduação no Reino Unido pelo site de informação do consumidor Which? mostraram uma diminuição na interação entre professores e alunos. Os alunos relataram que receberam menos feedback, em comparação com os alunos do Reino Unido em 1963. A tendência de queda nos padrões de qualidade de ensino também foi elaborada no relatório de 2013 para a Comissão Europeia sobre a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem nas instituições de Ensino Superior europeias. O relatório definiu três pontos principais de desafios: abordou a necessidade de priorizar o ensino e o aprendizado sobre a pesquisa, a importância dos membros do corpo docente de treinamento para ensinar em um padrão de primeira linha, e para os decisores políticos e líderes de pensamento para incentivar as instituições de Ensino Superior a reavaliarem as suas missões, levando-as a perceberem o ensino como pedra angular.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaHá uma necessidade de os governos desenvolverem estratégias baseadas em pesquisas atuais, com o objetivo final de promover uma cultura acadêmica que premia financeiramente a qualidade da interação em sala de aula. The Guardian explorou esse dilema em University Reputations: Will Teachers Pay the Price? (As Reputações das Universidades: Irão os Professores Pagar o Preço?). O autor observou que as universidades da EU (União Europeia) estão competindo para ganhar o financiamento do Referencial de Excelência em Pesquisa (Research Excellence Framework – REF), uma

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23Desafios Solucionáveis

iniciativa do governo do Reino Unido que irá fornecer fundos para instituições com classificações excelentes. Por causa do REF, as universidades estão exercendo pressão sobre os professores para publicar pesquisas, provocando reações negativas entre outros colegas do ensino que acreditam que estão sendo desvalorizados. Embora as qualidades da pesquisa e do ensino possam estar fortemente ligadas, algumas partes interessadas acham que deve haver iniciativas do governo para alocar fundos para o propósito expresso de melhorar o ensino e a aprendizagem.

Dirigentes universitários podem começar a exigir que estudantes de pós-graduação cumpram os requisitos de treinamentos, a fim de criar um impacto maior sobre os alunos. Enquanto há uma abundância de recursos dedicados à formação de professores de Educação Básica, há uma escassez de programas com o objetivo singular de formação de professores universitários. O ex-reitor da Universidade de Harvard e autor de Higher Education in America (Ensino Superior na América), Derek Bok, usou The Chronicle of Higher Education como um fórum para discutir a aparente falta de preparação que o corpo docente recebe antes de ingressar na faculdade. Bok observou que, apesar de mais centros surgirem para ajudar alunos de pós-graduação a aprenderem a ser professores assistentes, este tipo de treinamento é opcional, intermitente e superficial por natureza. Como a aprendizagem online desempenha um papel maior no Ensino Superior, este treinamento será essencial, pois os professores deverão estar familiarizados com técnicas de ensino que abordam a aprendizagem facilitada pela tecnologia.

Uma pesquisa realizada em 2013 pela Faculdade Focus entrevistou 1.247 profissionais de nível superior e descobriu que mais da metade acredita que seu trabalho é mais difícil hoje do que era há cinco anos. Entre as fontes de estresse estão o trabalho em ambientes de pesquisa intensiva altamente competitivos, onde o valor do ensino não é reconhecido. Segundo a Associação Nacional de Educação dos Estados Unidos, o número de professores que trabalham fora da função é cada vez maior, uma tendência que é desfavorável para os que têm um talento especial para o ensino; entretanto eles desejam segurança no trabalho e benefícios. Mesmo professores com doutorado estão acostumados a trabalhar em vários cargos docentes em tempo parcial para ganhar seu sustento, dando-lhes menos tempo para publicar pesquisas que irão aumentar as suas posições. Para abordar esta questão, as instituições precisam reavaliar suas missões de forma a manter a excelência no ensino como um princípio central, que irá transformar o processo rígido de ganhar renome.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a relativa falta de recompensas para o ensino:

The Adjunct Advantage go.nmc.org/tenure(Scott Jaschik, Inside Higher Ed, 9 de setembro de 2013.) Um estudo do National Bureau of Economic Research descobriu que alunos do primeiro ano em uma universidade aprendem mais com professores adjuntos do que com professores efetivos, incentivando as instituições a empregar mais professores que não têm obrigações de pesquisa.

Helping Professors Use Technology Is Top Concern in Computing Surveygo.nmc.org/help(Hannah Winston, The Chronicle of Higher Education, 17 de outubro de 2013.) Uma pesquisa anual do Campus Computing Project, realizada por administradores de tecnologia seniores, descobriram que ajudar professores a se aclimatar às novas tecnologias em classe, à medida que as aulas passam a migrar para as plataformas online, será a maior preocupação de TI ao longo dos próximos dois a três anos.

Teaching to Teachgo.nmc.org/tote(Carl Straumsheim e Doug Lederman, Insider Higher Ed, 22 de novembro de 2013.) A crescente popularidade da educação online leva mais professores a reconhecer as falhas de seus próprios métodos de ensino, mas os professores também têm dificuldade em romper com seus compromissos existentes para o treinamento.

Training the Facultygo.nmc.org/trai(Carl Straumsheim, Inside Higher Ed, 16 de outubro de 2013.) Na mais recente conferência anual EDUCAUSE, dois líderes de pensamento sobre TI na educação discutiram a importância de investir no desenvolvimento do corpo docente com o mesmo grau com que se investe em novos equipamentos.

Uni Teaching Underrated, Lecturer Says go.nmc.org/otago(John Lewis, Otago Daily Times, 10 de julho de 2013.) Durante seu discurso de aceitação para um prêmio de excelência em ensino, uma educadora de longa data compartilhou suas preocupações de que a qualidade do Ensino Superior está sofrendo por causa de universidades que recompensam largamente professores exclusivamente para pesquisa.

Universities Putting Research Before Teaching, Says Ministergo.nmc.org/minister (Peter Walker, The Guardian, 20 de outubro de 2013.) Um ministro do Ensino Superior discute uma pesquisa recente com alunos de graduação que mostrava que estudantes recebiam feedbacks insuficientes, apoiando assim o seu argumento de que deve haver uma mudança cultural para promover o ensino em detrimento da pesquisa.

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24 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Competição de Novos Modelos de EducaçãoDesafio Difícil: Aqueles que entendemos, mas cujas soluções são difíceis de serem identificadas

Novos modelos de educação estão trazendo uma concorrência sem precedentes para os modelos tradicionais de Ensino Superior. Em geral as instituições estão procurando maneiras de oferecer um serviço de alta qualidade e mais

oportunidades de aprendizagem. Cursos online massivos abertos estão na vanguarda das discussões, permitindo aos alunos completar a sua educação e experiências em instituições tradicionais, com ofertas online cada vez mais ricas e, muitas vezes, gratuitas. Ao mesmo tempo, questões surgiram relacionadas com as baixas taxas de conclusão de alguns MOOCs(Cursos Online Aberto Massivos). À medida que essas novas plataformas surgem, há uma crescente necessidade de se avaliar francamente os modelos e determinar a melhor forma de apoiar a colaboração, interação e avaliação em grande escala. Apenas aproveitar a nova tecnologia não é o bastante; os novos modelos devem usar essas ferramentas e serviços para envolver os alunos em um nível mais profundo.

Visão GeralCom o conteúdo de alta qualidade livre e acessível através da Internet, tanto o aprendizado online formal quanto o informal estão em ascensão; sendo que alguns temem que possa diminuir o apelo de instituições de Ensino Superior. MOOCs estão atualmente dominando as discussões sobre formas alternativas de educação. O termo curso online aberto massivo, cunhado em 2008 por Stephen Downes e George Siemens, entraram em uso amplo em 2012. Desde então, os MOOCs ganharam atenção pública com uma ferocidade não vista em tempo algum. Universidades de renome mundial, incluindo MIT e Universidade de Harvard (edX), assim como a Universidade de Stanford (Coursera) ou mesmo empresas inovadoras, como o Udacity, entraram no mercado com tudo, e têm recebido uma quantidade enorme de atenção e de imitação. A noção de dezenas de milhares de alunos participantes em um único curso, trabalhando em seu próprio ritmo, com base em seu próprio estilo de aprendizagem e sendo avaliados individualmente, mudou o cenário de aprendizagem online.

Uma série de líderes respeitados, no entanto, acredita que a manifestação atual de MOOCs se desviou da premissa inicial, esboçada por Downes e Siemens quando eles lançaram os primeiros cursos no Canadá. Eles imaginavam os MOOCs como ecossistemas do conectivismo – uma pedagogia em que o conhecimento não é um destino, mas uma atividade permanente, alimentada pelas relações que as pessoas constroem e as

discussões profundas são catalisadas dentro do MOOC. Esse modelo enfatiza a produção de conhecimento sobre o consumo, e novos conhecimentos que emergem do processo ajudam a manter e evoluir o ambiente do MOOC. Apesar de suas diferenças filosóficas, um aspecto que os MOOCs contemporâneos têm é que há pouco em comum com essa paisagem. Cada exemplo de MOOC coloca diante de seu próprio modelo como a aprendizagem online deve funcionar em larga escala.

Embora esta nova forma de aprendizagem seja uma imensa promessa, os especialistas estão preocupados com baixas taxas de conclusão dos MOOCs – em torno de 5-16% no total. No MOOC DAE Introdução à Programação, do Udacity, por exemplo, apenas 14% dos 160 mil alunos matriculados passaram no curso. O que torna esse desafio mais difícil é que, enquanto os MOOCs foram amplamente adotados em 2012, o ano de 2013 trouxe uma importante mudança radical de atitude. Após estas estatísticas iniciais terem sido publicadas, muitos se tornaram céticos sobre o quão capazes de engajar os alunos esses ambientes de aprendizagem realmente são. Os críticos advertem que há uma necessidade de examinar essas novas abordagens, através de uma lente crítica para garantir que eles são eficazes e evoluir além das pedagogias de estilo de aula tradicional. Somando-se ao desafio, muitas partes interessadas veem a concorrência como uma ameaça para a própria noção de universidades e faculdades públicas, o que dificulta a exploração de modelos e estratégias alternativas.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaO alcance dos prestadores de MOOC e as suas ofertas livres fez com que o valor de diplomas e certificados fossem questionados. Se alguém pode aprender de alguns dos melhores instrutores do mundo online e de graça, o que as instituições mais tradicionais oferecem para poder competir? De acordo com relatos recentes no The New York Times e CBS, há um número crescente de estudantes preocupados com o que eles estão realmente recebendo em troca dos enormes custos de sua educação. A mensalidade média da universidade já é alta (e está subindo), juntamente com os custos de moradia estudantil e as viagens para o campus físico; os MOOCs apresentam uma alternativa atraente, especialmente para os graduados que já estão no mercado de trabalho e à procura de oportunidades rápidas de desenvolvimento profissional. Um dos desafios políticos mais importantes é.

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25Desafio Difícil

Em um experimento notável, o Departamento de Música, Tecnologia e Artes da Universidade de Purdue e Universidade de Indiana–Purdue Indianapolis ofereceu um MOOC que poderia ser convertido em crédito. O curso de seis semanas cobriu a música da civilização ocidental a partir de 600 d.C. até o presente e foi entregue com ferramentas de tradução, conteúdo de mídia rica e ferramentas de redes sociais integradas. A maioria das instituições está agora investindo no desenvolvimento de cursos online semelhantes e produzindo conteúdo que vai atrair potenciais estudantes a se inscreverem para o crédito formal. No entanto, algumas das primeiras experiências para crédito demonstram que o recurso de aprendizagem online formal pode não ser tão amplo quanto se pensava inicialmente. No segundo semestres de 2012, o Campus Global da Universidade do Estado do Colorado tornou-se a primeira faculdade a oferecer crédito a estudantes que passassem por um MOOC, caso eles se registrassem e pagassem por uma taxa. Um ano depois, nem um único estudante tinha aproveitado a oferta. Além disso, em janeiro de 2013, a Universidade Estadual de San Jose fez uma parceria com o Udacity para desenvolverem um curso em que se ofereciam créditos, mas os resultados foram insatisfatórios e a iniciativa foi deixada de lado.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a concorrência de novos modelos de educação:

Can Virtual Classrooms Beat Face-to-Face Interaction? go.nmc.org/face(Libby Page, The Guardian, 13 de novembro de 2013.) A tendência para a aprendizagem online tem muitos questionamentos, tais como se a educação se tornaria uma experiência impessoal, deixando os alunos isolados. Neste artigo, uma série de educadores experientes compartilha seus insights.

The Disruptive Business Model for Higher Education is Open Sourcego.nmc.org/opso(Brian Reale, OpenSource, 15 de outubro de 2013.) Este artigo argumenta que, se os prestadores serviço no Ensino Superior se concentrarem no reconhecimento de talentos, a recompensa para as universidades não virá com a venda de cursos, mas sim ao encontrar e desenvolver o talento e receber retorno na forma de contribuições para o investimento.

Educational Model Change Rattles Teachersgo.nmc.org/rat(Chelsea Davis, The World, 16 de outubro de 2013.) A Universidade de Wisconsin está introduzindo uma educação alternativa, baseada na competência Flex; opção que custa apenas 2.250 dólares por três meses de acesso para “tudo o que você puder estudar” – com a possibilidade de terminar a licenciatura em três meses ou estudar em um ritmo mais lento, dependendo da preferência pessoal.

Employers Receptive to Hiring IT Job Candidates with MOOC Educationsgo.nmc.org/rece(Fred O’Connor, PCWorld, 9 de dezembro 2013.) Este artigo contém exemplos de estudantes incrementando sua educação através de MOOCs para ajudá-los a conseguir novos empregos ou mudar de direção em suas carreiras.

The Future Is Now: 15 Innovations to Watch Forgo.nmc.org/now(Steven Mintz, The Chronicle of Higher Education, 22 de julho de 2013.) Uma mudança na forma como os estudantes atendem o Ensino Superior está desafiando faculdades tradicionais a se tornarem mais dinâmicas e se focar no aluno.

Higher Education: New Models, New Rules go.nmc.org/mode(Louis Soares, Judith S. Eaton, Burck Smith, EDUCAUSE Review Online, 7 de outubro 2013.) Três ensaios discutem o que precisa mudar no sistema de ensino atual para permitir um modelo de educação que incorpora pedagogia orientada a resultados, acesso ubíquo e mensalidades mais baratas.

A simples capitalização em novas tecnologias não é suficiente; os

novos modelos devem usar estas ferramentas e serviços para

engajar os alunos em um nível mais profundo.

Um dos maiores desafios para as instituições é encontrar uma maneira de projetar o ganho de créditos em MOOCs que sejam tanto eficientes em custo-benefício para os estudantes quanto transcendam as práticas tradicionais de ensino. Muitos instrutores mediadores de cursos online estão descobrindo que o uso de mídias ricas e a incorporação de abundantes oportunidades para a interação são fundamentais. Um excelente exemplo de um curso online eficaz, que é organizado em torno do modelo conectivista original, é o curso de narração de histórias no meio digital, da Universidade de Mary Washington – que qualquer pessoa pode fazer e que foi adaptado para diversas outras instituições. Eles estão atualmente explorando como dar crédito para os novos alunos do Ensino Médio que completá-lo.

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26 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Desenvolvimento de Inovações PedagógicasDesafio Difícil: Aqueles que entendemos, mas cujas soluções são difíceis de serem identificadas

Nossas organizações não são adeptas do movimento inovador pedagógico para a prática no dia a dia. A inovação surge da liberdade para conectar ideias de novas maneiras. Nossas escolas e universidades

geralmente nos permitem conectar ideias apenas em formas pré-estabelecidas — às vezes, isso leva a novas descobertas, mas o mais provável é que elas levem à aprendizagem mecânica. As atuais estruturas de promoção organizacionais raramente recompensam a inovação e melhorias no ensino e na aprendizagem. A aversão profunda às mudanças limita a difusão de novas ideias e também, muitas vezes, desestimula a experimentação.

Visão GeralEm um relatório de 2013 sobre a inovação no Ensino Superior, dois estudiosos sobre políticas educacionais da American Enterprise Institution, Frederick M. Hess e Andrew P. Kelly, supuseram que o sistema de créditos tem ajudado a manter as práticas tradicionais de ensino nas universidades e desencorajado a consideração de novas ferramentas e abordagens. Hess e Kelly destacaram quatro princípios para guiar a mudança significativa no Ensino Superior enquanto enfrentam os desafios que impedem a absorção das melhores práticas. Suas recomendações para as universidades incluem a abordagem de novos operadores com mais abertura no mercado; perseguir a tendência da separação do Ensino Superior; e considerar a portabilidade ou a noção de os alunos serem capazes de escolher partes distintas de seu aprendizado a partir de vários fornecedores para compor suas titulações. Acima de tudo, eles enfatizam a necessidade de as universidades irem além de sua prática padrão de adaptação de suas instituições com as mais recentes tecnologias. A visão geral é um paradigma de Ensino Superior diversificado em que os prestadores competem por alunos que estão pagando por componentes distintos de um título em vez de o próprio título.

As universidades estão sendo cada vez mais pressionadas a examinar de perto as soluções tecnológicas de ponta e práticas de ensino, mas existem muitas barreiras que impedem as instituições de implementação de novas estratégias. Há um movimento nos EUA para facilitar o caminho à titulação, com defensores que propõem mais oportunidades para experimentar novos modelos de ensino que ofereçam preços mais baixos e reforcem a aprendizagem do aluno. Os defensores desta reforma argumentam que o potencial da tecnologia para

melhorar o aprendizado e aumentar a qualidade do ensino para grandes audiências já foi realizada, mas a burocracia que envolve o processo de titulação é um impedimento para as universidades expandirem suas instituições em territórios inexplorados. Ainda assim, responsáveis regionais por titulações defendem o seu status no ecossistema do Ensino Superior, considerando já terem começado a aprovação de mais caminhos com base na competência e aceleração de títulos, que não são baseados em créditos comuns. Os principais interessados questionam os motivos por trás de esforços para mudar o modo tradicional de titulação para um sistema em que os fundos sejam transferidos para empresas privadas que têm interesses especiais no assunto.

Mesmo que currículos mais inovadores estejam sendo desenvolvidos, as universidades enfrentam problemas de capacidade que limitam a profundidade e a velocidade da integração. Não há um núcleo de professores para fazer o trabalho que é necessário para a implementação significativa, argumenta Adrianna Kezar, vice-diretora do Centro Pullias para o Ensino Superior na Universidade do Sul da Califórnia. Isto é devido à forma como as universidades funcionam como empregadoras; o número de professores não efetivos e professores adjuntos em tempo parcial superam os que são efetivos e exclusivos. Esta disparidade contribui para a falta de impacto em tempo parcial que a faculdade tem na integração da inovação pedagógica. Sem o apoio e investimento de uma equipe, o potencial de práticas pedagógicas inovadoras não pode ir além dos métodos de pesquisa utilizados para desenvolvê-las. Kezar enfatiza a necessidade de as partes interessadas trabalharem juntas em uma visão para o futuro do corpo docente, e repensarem quais serão suas funções e responsabilidades com a inevitável evolução do Ensino Superior.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaAmbientes de aprendizagem online oferecem a promessa de estender as melhores práticas de ensino para educadores em todos os lugares. A WIDE World é um recurso online para professores do Ensino Fundamental ou Médio e professores de faculdades, formadores de professores e administradores que vêm promovendo o desenvolvimento de práticas pedagógicas construtivistas desde a sua criação em 2004. Desenvolvido pela Escola de Estudos Avançados em Educação da Universidade de Harvard, a WIDE World

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27Desafio Difícil

oferece cursos semestrais em que os participantes estudam novas pedagogias baseadas em pesquisas, aplicam as abordagens que aprenderam com os seus alunos, interagem regularmente com treinadores experientes e contribuem para o diálogo no curso com seus pares. Embora essa abordagem tenha como objetivo preencher a lacuna de conhecimento de ação com uma pesquisa ampla e forte de design instrucional, a escala continua limitada porque o seu sucesso depende da demanda demonstrada pelos cursos.

A Comissão Europeia demonstrou o impacto que uma visão fundamental pode ter em guiar a inovação nas práticas de ensino com a abertura da Iniciativa de Educação, que propõe ações em níveis nacionais. Fundada na ideia de que os recursos educacionais abertos podem ser aproveitados para proporcionar o desenvolvimento profissional de professores, o projeto irá financiar os esforços para desenvolver cursos online abertos e expandir as comunidades de professores de prática, tais como e-Twinning e SCIENTIX, existentes para fazer o treinamento em melhores práticas mais acessíveis a educadores europeus em todos os setores. O apoio à investigação por trás dessa iniciativa revelou que as estruturas de governança rígidas, orçamentos inflexíveis e falta de recompensa para os educadores inovadores são fatores que inibem a propagação das práticas pedagógicas emergentes entre os Estados-Membros.

Algumas instituições estão determinando quais características da cultura universitária tornam difícil escalar novas práticas de ensino de maneira significativa. Pesquisadores da Universidade De Montfort e da Universidade de Programas Internacionais de Londres, por exemplo, revisaram os métodos em que foram empregados cinco projetos de Programa de Planejamento e Elaboração de Currículo da JISC, a partir de uma perspectiva de gestão. Esses projetos introduzem novos sistemas técnicos para facilitar várias atividades, incluindo fornecimento de desenvolvimento profissional contínuo e concepção de currículos interdisciplinares. Cada estratégia dirigida à dinâmica e o comportamento dos funcionários estão trabalhando dentro de uma cultura onde a mudança acontece como resultado de influência, credibilidade pessoal e de táticas de subculturas e comitês decisórios. Os pesquisadores analisaram criticamente a abordagem “de cima para baixo” versus uma abordagem de “baixo para cima” para a implementação; e concluiu que as inovações são mais efetivamente escaladas usando um método colaborativo e participativo para identificar problemas e soluções, com a liderança distribuída entre as partes interessadas.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre o dimensionamento de inovações pedagógicas:

2014 is the Perfect Time to Reform Our Schools go.nmc.org/refor(Gene Budig and Alan Heaps, The News-Gazette, 5 de janeiro de 2014.) Este artigo discute os componentes do cenário educacional que fazem a reforma e inovação no ensino difíceis. O autor pede uma estratégia que seja apoiada nacionalmente com metas de longo prazo.

Beyond Retrofitting: Innovation in Higher Educationgo.nmc.org/huds(Andrew P. Kelly e Frederick M. Hess, Hudson Institute, junho de 2013.) Instituições de Ensino Superior existentes estão oferecendo cursos online, implementação de LMS e criando serviços aperfeiçoados para os estudantes de tecnologia, mas os autores acreditam que esses novos produtos não alteram as estruturas de custos ou preços existentes.

The Dean of Parsons: Design Education Must Changego.nmc.org/pars(Katherine Allen, ArchDaily, 10 de novembro de 2013.) A Parsons New School for Design é pioneira de um programa de design que usa métodos exploratórios de aprendizagem interdisciplinar e de base tecnológica, ensinando os alunos a aplicar design no mundo real.

Higher Education: A Canary in a Privatization Coalmine go.nmc.org/cana(Christina Gonzalez, University World News, 8 de novembro de 2013.) Universidades chilenas estão entre as mais caras do mundo, ficando difícil o aumento da ascensão no Chile, mas o sistema permanece basicamente inalterado, apesar da escalada de protestos estudantis.

Innovation — Doomed to Fail?go.nmc.org/doom(Adrianna Kezar, Inside Higher Education, 6 de dezembro de 2013.) Para inovar de forma eficaz, há problemas de capacidade subjacentes que devem ser abordados no mesmo ritmo em que as instituições incorporam novas tecnologias. O artigo revela que, infelizmente, muitas pedagogias atuais de alta tecnologia reforçam a memorização ou atendem a alunos altamente privilegiados.

Time to Change the Rules?go.nmc.org/rule(Paul Fain, Inside Higher Ed, 1 de novembro de 2013.) Durante uma audiência do Comitê do Senado em Saúde, Educação, Trabalho e Pensões dos EUA, os parlamentares discutiram a reforma da educação, o olhar para as opções de créditos com base em competências e as mudanças na política de ajuda financeira.

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28 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Ampliando o AcessoDesafios Complexos: Aqueles que são difíceis de definir e muito mais de solucionar

Oesforço global para aumentar o número de alunos que participam de cursos de graduação está colocando pressão em todo o sistema. A relação muito citada entre o potencial dos ingressos e o nível educacional, além do claro

impacto de uma sociedade formada a partir do crescimento da classe média, está pressionando os governos a incentivar cada vez mais estudantes a ingressar em universidades e faculdades. Em muitos países, no entanto, a população de alunos preparados para os cursos de graduação já está inscrita — ampliar o acesso significa estendê-lo para os alunos que podem não ter a formação acadêmica para serem bem sucedidos sem o apoio adicional. Muitos nas universidades acham que essas instituições não têm tempo e recursos suficientes para ajudar a este conjunto de alunos.

Visão GeralA mudança atual de economias orientadas para o trabalho para economias baseadas no conhecimento, composta por uma população global crescente, está exercendo pressão sobre os países em todo o mundo para expandir o acesso ao Ensino Superior. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 40% dos jovens estão desempregados no mundo; uma educação de nível superior está se tornando menos uma opção e mais um imperativo econômico. As Universidades, que antes eram bastiões da elite, agora precisam reexaminar sua trajetória frente a essas questões de acesso. Dessa forma, o conceito de um título baseado no crédito é questionável. Para complicar o desafio estão fatores de grande alcance, como as restrições financeiras, falta de capacitação, as prioridades nacionais e a baixa fluência digital, que fazem a dimensão deste problema muito difícil de entender. Opções tais como a construção de mais campi universitários, reforçar a aprendizagem online e remover barreiras para a aprendizagem permitem solucionar apenas uma parte deste desafio complexo.

Os números esperados de estudantes universitários globais são surpreendentes. Ao longo dos próximos 12 anos, o Banco Mundial estima um aumento de 25% no comparecimento mundial no Ensino Superior, ou seja, de 200 a 250 milhões. Só na África, o continente precisaria construir quatro universidades com capacidade de 30.000 pessoas a cada semana apenas para acomodar os alunos que chegarem à idade de matrícula em 2025. Com uma população de 234 milhões de pessoas entre as idades de 15 e 24, a

Índia também se depara com grandes decisões sobre a forma de educar de forma eficaz os alunos atuais e futuros. Países como Cingapura, Dubai e Qatar estão atualmente trabalhando para resolver este problema crescente, capaz de seduzir as principais universidades internacionais para estabelecer novos campi-satélites, fornecendo infraestrutura e instalações gratuitas. A Índia está seguindo o exemplo desses países através da aprovação do projeto Foreign Education Providers (Provedores de Educação Estrangeira), projetado para encorajar parcerias com qualidade em instituições de Ensino Superior no exterior.

A exclusão digital está agravando o desafio, já que encontrar oportunidades está cada vez mais relacionado com o acesso à tecnologia. Em países desenvolvidos e em desenvolvimento, essa diferença continua a aumentar e as soluções de base tecnológica para proporcionar maior acesso ao conhecimento, como MOOCs, têm pouca eficácia se a infraestrutura adequada ou a conectividade não estão prontamente disponíveis. Os grupos minoritários e pessoas com deficiência também, muitas vezes, encontram barreiras físicas e financeiras que precisam ser superadas para que possam ter sucesso no Ensino Superior. A empresa sem fins lucrativos Byte Back está trabalhando para resolver o problema local de residentes de baixa renda da área de Washington DC, fornecendo treinamento em informática e ensinando habilidades para o mercado de trabalho. Da mesma forma, no Oriente Médio, onde o acesso a computadores e banda larga é limitado em áreas remotas, o serviço de educação online Edraak é uma parceria com organizações comunitárias para fornecer plataformas de computador para aqueles que buscam a educação.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaDurante a próxima década, os trabalhos de mais rápido crescimento nos Estados Unidos exigirão grau de nível superior; e necessidade de preencher esses postos de trabalho de classe média estimulam a ação de uma política em nível federal. A Casa Branca informou que os Estados Unidos atualmente ocupam a 16ª posição no mundo em títulos e certificados emitidos para adultos com idades entre 25 a 34 anos. Além disso, pouco mais da metade dos estudantes de ensino médio dos Estados Unidos, das 25% de famílias mais pobres da nação, procuram a educação formal. Em resposta a estas estatísticas, a administração Obama estabeleceu um novo objetivo para os Estados Unidos terem a

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29Desafios Complexos

maior proporção de diplomados no mundo até 2020. Para abordar as questões de acesso e acessibilidade, o governo propõe políticas formais para ajudar as famílias a pagar faculdade, menores custos de aula, fortalecer as faculdades comunitárias e melhorar a transparência e a prestação de contas. Estes esforços são projetados para preencher a lacuna de oportunidades que existem atualmente entre os estudantes privilegiados e desprivilegiados.

disparidade de renda nos EUA atingiu níveis que não eram vistos desde a Grande Depressão, colocando o custo de uma educação universitária fora do alcance de muitos estudantes. As faculdades comunitárias são fundamentais para apoiar esses estudantes de baixa renda porque elas são mais baratas e o financiamento para elas é, atualmente, muito menor do que as universidades públicas e privadas.

Digital Divide Not Just About Hardware, But People (Video)go.nmc.org/peop(Kelley Ellsworth, The Washington Post, 6 de novembro de 2013.) Educar as pessoas não é apenas disponibilizar tecnologias, mas também promover um ambiente seguro que dê aos alunos a confiança na sua capacidade de aprender. Uma vez confortáveis, eles serão capazes de aprender por conta própria e se adaptar às novas tecnologias.

How is Technology Addressing the College Access Challenge?go.nmc.org/chall(Getting Smart, 5 de dezembro de 2013.) Um relatório divulgado pelo Get Schooled revela que os recursos online disponíveis para apoiar a preparação para a universidade são poucos e distantes entre si. A ampliação do acesso à universidade não pode ser alcançado sem o apoio e orientação desde a mais tenra idade até o momento da formatura. Além disso, a tecnologia é um fator importante na ampliação dos recursos de aconselhamento.

How Jordan’s Queen Plans to ‘Democratize Access’ to Education go.nmc.org/jord(Christina Farr, Venture Beat, 18 de novembro de 2013.) Na Jordânia, a Fundação Al Abdullah da Rainha Rania anunciou um novo serviço de educação online árabe chamado Edraak, formado com o edX, e que fará parceria com organizações comunitárias para oferecer um centro de computadores para pessoas que não têm acesso à Internet em casa.

Online Learning Could Provide Answergo.nmc.org/could(Nontobeko Mishali, iOL scitech, 12 de novembro de 2013.) Este artigo conclui que, se as instituições forem receber os alunos que atingem a idade de inscrição da universidade, entre agora e 2025, quatro universidades terão de ser construídas a cada semana com uma capacidade de 30.000 alunos. Além disso, para MOOCs serem bem sucedidos no mundo em desenvolvimento, todas as infraestruturas necessárias, atualmente inexistentes, incluindo hardware e conectividade, devem ser providenciadas.

Ao longo dos próximos 12 anos, o Banco Mundial estima um aumento de 25% na participação no ensino

superior, de 200 para 250 milhões.A aprendizagem online é vista como uma estratégia-chave para aumentar o acesso ao Ensino Superior. Embora a maioria dos novos fornecedores de educação online seja baseada nos Estados Unidos, suas ofertas são fornecidas em muitas línguas locais em reconhecimento ao mais de dois terços de estudantes que vivem no exterior. Em resposta às lacunas inerentes a diversas culturas, como mencionado anteriormente, a rainha Rania da Jordânia criou uma fundação que, como parte de uma parceria com o MIT e edX, da Universidade de Harvard, cria versões em árabe dos cursos oferecidos nessa plataforma. A Rainha acredita que os MOOCs têm o potencial de democratizar a educação, especialmente entre as mulheres jovens. Na África, os MOOCs são vistos como uma solução de baixo custo para fornecer educação superior a países com baixo grau de formação. A organização sem fins lucrativos Generation Rwanda está atualmente desenvolvendo uma universidade baseada inteiramente em MOOCs, com cursos de iniciação com apoio de tutores da Universidade de Harvard e da Universidade de Edimburgo.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a expansão do acesso:

Access to Higher Education Must Be a Global Priority go.nmc.org/prio(Aengus Ó Maoláin, University World News, 5 de novembro de 2013.) Duas grandes manifestações na Tailândia e no Canadá revelam um movimento estudantil que está defendendo o direito à educação como um bem público, uma responsabilidade pública e um direito humano inalienável.

Community Colleges are On the Front Lines of Battling Inequalitygo.nmc.org/commu(Eduardo J. Padron, Aljazeera America, 3 de dezembro de 2013.) Os últimos números mostram que a

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30 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Mantendo a Educação RelevanteDesafios Complexos: Aqueles que são difíceis de definir e muito mais de solucionar

Muitos especialistas temem que, se o Ensino Superior não se adaptar aos tempos modernos, outros modelos de aprendizagem (especialmente outros modelos de negócios) tomarão o seu lugar. Enquanto esta

preocupação tem alguns méritos, é improvável que as universidades como as conhecemos vão desaparecer. Partes do negócio universitário, no entanto, estão em risco, tais como educação contínua e avançada em campos altamente técnicos e de rápida evolução. À medida que a aprendizagem online e o conteúdo educacional livre tornam-se mais difundidos, as partes interessadas das instituições devem abordar a questão sobre o que as universidades podem oferecer que as outras abordagens não podem; e repensar o valor do Ensino Superior a partir da perspectiva de um aluno.

Visão GeralO setor de Ensino Superior chegou a um ponto crítico em que deve abordar as inovações que mudaram a forma como os seus alunos, e o resto da sociedade, buscam o conhecimento e se envolvem com ele. Os alunos estão se voltando para a Internet para obter informações e notícias; e estão gastando mais tempo lá do que em salas de aula. Fornecedores de livros didáticos foram os primeiros a reconhecer isso, incluindo material suplementar que pode ser acessado via CD. Hoje, muitos desses publicadores mudaram todo o seu conteúdo para o formato online, oferecendo modelos de assinatura para instituições ou para alunos. A transformação observada no Ensino Superior tem sido comparada ao da indústria de jornal, quando muitas empresas de longa data falharam porque ignoraram como a tecnologia estava influenciando seu público. Alguns líderes da educação acreditam que, se as universidades não se adaptarem com rapidez suficiente para mudar, elas vão sofrer o mesmo destino.

Ambientes abertos de aprendizagem online, especialmente na forma de MOOCs, estão na vanguarda das discussões em torno deste desafio. Desde a explosão de MOOCs em 2012, um número de universidades de primeira linha tem oferecido cursos gratuitos e de alta qualidade ministrados por seus melhores instrutores. De acordo com uma pesquisa recente do Consumer Financial Protection Bureau, a dívida total dos estudantes dos EUA é de mais de 1.2 trilhão de dólares, com 39 milhões de jovens devendo uma média de 24.803 dólares. Com receio crescente da dívida e um mercado de trabalho desfavorável à frente, alguns graduados do ensino médio estão

reconsiderando o valor de um diploma universitário tradicional. É geralmente aceito que o retorno sobre o investimento de frequentar uma instituição tradicional não é imediatamente garantido, especialmente para profissões na área de humanas, incluindo a Direito. Esta noção está forçando as autoridades universitárias a repensar o que a experiência de aprendizagem na instituição por meio de um provedor de educação formal vale, num momento em que há uma abundância de recursos livres para atingir habilidades empregáveis sem a necessidade de um diploma.

Partes interessadas do Ensino Superior estão enfrentando uma realidade difícil de digerir; o paradigma que elas têm trabalhado por mais de um século está, gradualmente, se tornando obsoleto e as universidades devem renovar — ou, em alguns casos, reconstruir — seus fundamentos, se quiserem permanecer relevantes. Alguns líderes acreditam que a maior parte dessa transformação vai acontecer quando o sistema de horas de crédito for revisto. Fundada em 1893, esta unidade básica de educação universitária tornou-se fundamental para muitas outras facetas da vida acadêmica. Com os custos de taxa de matrícula em constante aumento e uma falta documentada de trabalhadores qualificados no mercado global, muitos estão questionando se o tempo de aula pode ser equiparado à aprendizagem significativa. Estas preocupações e afins levaram muitos líderes universitários a propor programas mais centrados no aluno que incidem sobre a demonstração de resultados da aprendizagem. O Personal Learning Program, da Universidade do Norte do Arizona é uma dessas iniciativas baseadas em transcrições que mostram as competências dos estudantes em vez de créditos, em um esforço para acompanhar a aprendizagem de uma forma que pode ser aplicável a futuros empregadores.

Implicações para Política, Liderança ou PráticaA adaptação dos sistemas de Ensino Superior para as tendências tecnológicas atuais requer uma liderança progressista e a capacidade de imaginar como as instituições formais permanecerão relevantes em uma época em que os materiais de aprendizagem de qualidade são mais acessíveis do que nunca. O futuro do Ensino Superior está sendo moldado por aqueles que reconhecem como a aprendizagem online irá redefinir o valor de um título, e estão abertos a explorar meios alternativos de provar a aquisição de habilidades através de certificados, crachás e e-portfolios. Líderes

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31Desafios Complexos

institucionais devem levar estas opções a sério, já que eles precisam tomar decisões sobre a relevância da educação universitária em um momento em que se reconhece que um diploma universitário não garante um retorno direto do investimento. Determinar como desenvolver os cenários mais eficazes de aprendizagem online e integrá-los com a aprendizagem presencial é uma das considerações mais importantes relacionadas a esta questão.

Are You Competent? Prove It. go.nmc.org/compe(Anya Kamenetz, The New York Times, 29 de outubro de 2013.) Muitas universidades estão introduzindo programas com base em competências que permitem aos alunos ganhar crédito pelo que eles já sabem e para que possam concentrar seu tempo e dinheiro mais nas áreas em que eles precisam para expandir seus conhecimentos e habilidades.

Can Policy Keep Up with Technology?go.nmc.org/poli(Todd Bishop, GeekWire, 13 de setembro de 2013.) A Microsoft está doando US$ 1,7 milhão para a Universidade de Washington por seu Tech Policy Lab, que irá diminuir a distância entre política e tecnologia, estudando e testando novas tecnologias para informar e moldar as políticas nacionais.

Change: An Unstoppable Force of Nature – and Information Technologygo.nmc.org/uns(Greg Hunt, CIO New Zealand, 7 de novembro de 2013.) Este artigo explora a ideia de que a forma de abordar as mudanças nas organizações determina o seu sucesso a longo prazo; e estas abordagens podem ser adotadas para ajudar a responder de forma positiva às forças além de seu controle.

Tech Launching New STEM-Focused MBA Programgo.nmc.org/focu(Blake Ursch, A-J Media, 5 de dezembro de 2013.) O Rawls College of Business da Texas Tech está lançando um programa de MBA de um ano, especificamente, para estudantes com formação em educação STEM (em inglês, Ciências, Tecnologia, Engeharia e Matemática) para lhes proporcionar um conjunto maior de habilidades do que o oferecido em um entorno estritamente técnico, permitindo-lhes comercializar as suas ideias.

Vocational Education 2.0: Employers Hold the Key to Better Career Training go.nmc.org/voc(Tamar Jacoby, Insider Online, 25 de novembro de 2013.) Este relatório descreve como os empregadores devem reconhecer sua responsabilidade de ajudar a preparar a mão de obra de amanhã em parceria com educadores e governo, criando melhores opções de treinamento.

WISE – Can Universities Keep Up with the Future?go.nmc.org/keep(Yojana Sharma, University World News, 1 de novembro de 2013.) A Associação Internacional de Reitores de Universidades, em sua sessão na conferência WISE, em Doha, provocou um debate sobre como as universidades podem sobreviver por meio de avanços tecnológicos e da globalização.

O paradigma que tem funcionado por mais de um século está

gradualmente se tornando obsoleto.As partes interessadas das universidades precisam levar em conta o progresso feito por seus antecessores na concepção e implementação de novas abordagens. Isso exige uma pesquisa aprofundada das instituições que já tenham explorando formas criativas de demonstrar os resultados de aprendizagem. Há um número de universidades que têm oferecido programas de aprendizagem com base em competência e avaliação por anos. Outros programas de aprendizagem online concedem títulos baseando-se em testes, trabalhos e projetos, em vez de números de créditos concluídos, como os da College for America na Southern New Hampshire University. Os últimos desenvolvimentos baseados em competências no Ensino Superior estão em programas recém-conceituados “flex”, como aqueles que estão sendo desenvolvidos pela Wisconsin University; que são oferecidos em um período de duração de três meses e combina a aprendizagem online e a prática pessoal, juntamente com o acesso a mentores e instrutores acadêmicos.

Os instrutores são, frequentemente, confrontados com grandes incertezas que decorrem deste desafio, especialmente porque a tendência de aumento da aplicação de modelos híbridos define novas expectativas de professores de universidades. Alguns nos campi se questionam se estes tipos de cursos passarão a ser a norma, e o que isso significa para as cargas de trabalho do corpo docente, ressaltando que é impossível enfraquecer o valor de experiências e interações que os alunos compartilham com seus professores. Há necessidade considerável de modelos para que as plataformas de aprendizagem online alavanquem em alta qualidade, considerando o que os professores fazem de melhor — facilitando questionamentos, orientando os alunos a recursos e de transmitindo a sabedoria que vem com a experiência no campo.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre como manter a educação relevante:

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32 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Avanços Importantes na Tecnologia Educacional para o Ensino Superior

Os seis tópicos de tecnologia que foram listados no NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 foram selecionados por um comitê de especialistas do projeto em uma série de ciclos de votos com base em Delphi, cada um seguido

por uma rodada adicional de pesquisa secundária e discussões. Essas tecnologias, que segundo os membros do comitê de especialistas provavelmente serão a unidade de planejamento de tecnologia e de tomada de decisão ao longo dos próximos cinco anos, são classificadas em três categorias relacionadas com o tempo — tecnologias de curto prazo, que devem conseguir a adoção generalizada em um ano ou menos; tecnologias de médio prazo, de três a cinco anos para essa adoção; e tecnologias de longo prazo, que estão previstas para entrar no uso diário da educação dentro de quatro a cinco anos. A lista inicial de temas também foi organizada através de lentes especiais ou categorias que ilustram a origem primária e uso da tecnologia. Todas as tecnologias apresentadas aqui foram exploradas por suas implicações para o Ensino Superior global em uma série de discussões online que pode ser visto em horizon.wiki.nmc.org/Horizon+Topics.

TO comitê de especialistas foi fornecido com um conjunto extenso de materiais de apoio quando o projeto começou. Foram identificadas e documentadas tecnologias existentes, mas o comitê também foi incentivado a considerar as tecnologias emergentes, cujo impacto pode ainda estar distante. Um critério fundamental para a inclusão de uma nova tecnologia nesta edição é o seu potencial relevante para o ensino, aprendizagem e investigação criativa no Ensino Superior.

Na primeira rodada de votação, o grupo de especialistas selecionou 12 tecnologias, que foram pesquisadas em profundidade pela equipe NMC e escritos como resultados provisórios destinados a informar a rodada final da votação. As tecnologias que não fazem parte dos resultados intermediários ou do relatório final são ainda, muitas vezes, amplamente discutidas na Wiki do projeto em horizon.wiki.nmc.org. Às vezes, elas não são votadas porque o comitê de especialistas acredita que a tecnologia já está em uso ou, em muitos casos, eles acreditam que a tecnologia está há mais de cinco anos longe da adoção generalizada. Algumas tecnologias, ao mesmo tempo que são intrigantes, não têm exemplos de projetos credíveis suficientes para substanciá-los. As tecnologias rastreadas para o NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014 foram organizadas nas seguintes categorias de temas.

Atualmente existem sete categorias de tecnologias que o NMC monitora continuamente. Estas não são um conjunto fechado, mas são destinadas a fornecer uma maneira de ilustrar e organizar as tecnologias emergentes em vias de desenvolvimento que são ou podem ser relevantes para a aprendizagem e investigação criativa. As novas tecnologias são adicionadas a esta lista em quase todos os ciclos de pesquisa; outras são mescladas ou atualizadas. Coletivamente, as categorias servem como lentes para pensar em inovação; cada uma delas é definida abaixo.

> Tecnologias de consumo são ferramentas criadas para fins recreativos e profissionais e não foram projetados, pelo menos inicialmente, para uso educacional — embora possam servir bem como auxiliares de aprendizagem e serem bastante adaptáveis para uso nos campi. Estas tecnologias encontram seus caminhos em campi porque as pessoas estão usando-as, ao invés do contrário.

> Estratégias digitais não são tanto as tecnologias, mas formas de utilizar os dispositivos e software para enriquecer o ensino e a aprendizagem, seja dentro ou fora da sala de aula. Estratégias digitais eficazes podem ser utilizadas na aprendizagem formal e informal; o que as torna interessantes é que elas transcendem ideias convencionais e atividades de aprendizagem para criar algo que é novo e significativo no século XXI.

> Tecnologias facilitadoras são as tecnologias que, como reconhecimento de local, têm o potencial de transformar o que esperamos de nossos dispositivos e ferramentas. O vínculo para a aprendizagem nesta categoria é menos fácil de fazer, mas este grupo de tecnologias é o lugar onde a inovação tecnológica substantiva começa a ser visível. Tecnologias que permitam ampliar o alcance de nossas ferramentas,

A lista inicial de tópicos foi organizada através de lentes

particulares, ou categorias que ilustram a origem primária ou

o uso da tecnologia.

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torná-las mais capazes e úteis e, muitas vezes, mais fáceis de usar também.

> Tecnologias de Internet incluem técnicas e infraestruturas essenciais que ajudam a tornar as tecnologias subjacentes à forma mais transparentes, menos intrusivas e mais fáceis de usar ao interagirmos com a rede.

> Tecnologias de aprendizagem incluem tanto as ferramentas e recursos desenvolvidos especificamente para o sector da educação, bem como as vias de desenvolvimento que podem incluir ferramentas adaptadas de outros fins combinadas com estratégias para torná-las úteis para a aprendizagem. Estas incluem tecnologias que estão mudando a paisagem da aprendizagem formal ou informal, tornando-as mais acessíveis e personalizadas.

> Tecnologias de mídias sociais poderiam ter sido incluídas na categoria de tecnologias de consumo, mas elas tornaram-se tão onipresentes e tão amplamente utilizadas em todas as partes da sociedade que foram elevadas à sua própria categoria.Como bem estabelecida como a mídia social é, ela continua a evoluir a um ritmo acelerado, com novas ideias, ferramentas e desenvolvimentos sendo publicados online constantemente.

> Tecnologias de visualização executam uma gama de infográficos, desde simples a complexas formas de análise de dados visuais. O que elas têm em comum

Avanços Importantes na Tecnologia Educacional para o Ensino Superior

é que afetam a capacidade inerente do cérebro para processar rapidamente a informação visual, identificar padrões e organizar-se em situações complexas. Estas tecnologias são um grupo crescente de ferramentas e processos para a mineração de grandes conjuntos de dados, explorando processos dinâmicos e, geralmente, tornando simples o que é complexo.

As páginas seguintes apresentam uma discussão sobre as seis tecnologias destacadas pelo comitê de especialistas deste ano. Para cada uma delas, há uma visão geral da tecnologia; uma discussão sobre a sua relevância para o ensino, a aprendizagem ou a investigação criativa; e curadoria de exemplos de projetos e recomendações para leitura.

Tecnologias de Consumo> Vídeo 3D> Publicação Eletrônica> Aplicativos Móveis> Quantified Self> Computação em Tablet> Telepresença> Tecnologia Vestível

Estratégias Digitais> BYOD> Sala de Aula Invertida > Games e Gamificação> Inteligência de Localização> Makerspaces> Tecnologias de Preservação/

Conservação

Tecnologias de Internet> Computação em Nuvem> A Internet das Coisas> Tradução Automática em Tempo Real> Aplicações Semânticas> Acesso Único> Ferramentas de Distribuição

Tecnologias de Aprendizagem> Badges/Microcréditos> Análise da Aprendizagem> MOOC> Aprendizado Móvel> Aprendizado Online> Conteúdo Aberto> Licenciamento Aberto> Ambientes Imersivos de

Aprendizagem > Laboratórios Remotos e Virtuais

Tecnologias de Mídias Sociais> Ambientes Colaborativos> Inteligência Coletiva> Crowdfunding> Crowdsourcing> Identidade Digital> Redes Sociais> Inteligência Tácita

Tecnologias de Visualização> Impressão 3D/Prototipagem Rápida> Realidade Aumentada> Visualização de Informação> Análise de Dados Visuais> Telas Holográficas e Volumétricas

Tecnologias Facilitadoras> Computação Afetiva> Redes de Celulares> Eletrovibração> Telas Flexíveis> Geolocalização> Serviços Baseados em Localização> Aprendizado de Máquina> Banda Larga Móvel> Interfaces Naturais de Usuário> Comunicação Por Campo de

Proximidade> Baterias de Próxima Geração> Hardware Aberto> Tradução Automática de Voz> Tradução Automática Estatística > Assistentes Virtuais> Energia Sem Fio

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34 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)Horizonte de Tempo para Adoção: Um Ano ou Menos

ASala de Aula Invertida (Flipped Classroom) virou referência a um modelo de aprendizagem que reorganiza o tempo gasto dentro e fora da classe; transferindo o protagonismo, no processo de aprendizado, dos educadores

para os alunos. No modelo de Sala de Aula Invertida, o valioso tempo de aula é dedicado a uma aprendizagem mais ativa, com projetos baseados no aprendizado e nos quais os alunos trabalham em conjunto para resolver os desafios locais e globais — ou outras aplicações do mundo real —; obtendo uma compreensão mais profunda do assunto. Ao invés de o professor utilizar o tempo de aula para oferecer informações, esse trabalho é feito por cada aluno depois da aula – o qual pode assumir a forma de assistir a aulas em vídeo, ouvir podcasts, folhear conteúdo em e-books e colaborar com os colegas em comunidades online. Os alunos podem acessar a esta grande variedade de recursos em qualquer momento que precisarem. Os professores podem dedicar mais tempo a interagir com cada indivíduo. Após a aula, os alunos gerenciam o conteúdo que usam, o ritmo e estilo de aprendizagem e as formas com que eles demonstram seu conhecimento; o professor adapta as abordagens instrucionais e de colaboração para atender às suas necessidades de aprendizagem pessoais. O objetivo é que os alunos aprendam mais autenticamente fazendo.

Visão GeralO modelo de sala de aula invertida faz parte de um grande movimento pedagógico que se sobrepõe com a aprendizagem híbrida, aprendizagem baseada na investigação e outras abordagens de ensino e ferramentas que se destinam a serem flexíveis, ativas e mais atraentes para os alunos. O primeiro exemplo bem documentado de sala de aula invertida foi em 2007, quando dois professores de química em uma escola de ensino médio do Colorado, a Woodland Park High School, quiseram resolver o problema dos alunos que faltavam à aula quando eles estavam viajando devido a atividades escolares. Os estudantes estavam lutando para manter-se em dia com suas tarefas e afazeres. Os professores, Jonathan Bergmann e Aaron Sams, experimentaram o uso de software de captura de tela e PowerPoint para gravar aulas ao vivo e postá-las no YouTube. Eles imediatamente observaram uma mudança dramática na sala de aula: o foco mudou para aumentar as interações e promover ligações mais profundas entre eles e seus alunos, bem como entre os próprios alunos. Seus papéis mudaram de professores

para instrutores, orientando a aprendizagem dos alunos individualmente. Eles observaram os alunos realizarem tarefas em pequenos grupos, fizeram avaliações mais precisas sobre quem precisava de atenção extra e, depois, criaram vídeos curtos com aulas que atendiam a esses alunos.

Na mesma época dessa implementação, Salman Khan fundou a Khan Academy, sem fins lucrativos e com a missão de oferecer uma educação livre em nível mundial para qualquer pessoa, em qualquer lugar. Os apps de celular e website armazenam uma extensa biblioteca de palestras e vídeos profissionais, que vão da Ciência à Economia; Finanças a Humanas. Enquanto milhões de estudantes, muitas vezes, visitam a Khan Academy para complementar sua educação formal, os educadores também estão usando os vídeos como recursos para suas salas de aula invertidas. A Khan Academy tem inspirado uma série de empreendimentos similares, incluindo a Code Academy e a LearnersTV. Com uma vasta gama de recursos livres prontamente acessíveis, professores que estão lançando seus cursos, muitas vezes, não têm que criar todos os materiais a partir do zero; mas, em vez disso, podem se concentrar na curadoria do melhor conteúdo para o assunto.

Sete anos após a primeira interação de aprendizagem invertida e o lançamento da Khan Academy, educadores de todo o mundo adotaram com sucesso o modelo, justificando a posição do tema em um horizonte de curto prazo. Considerando que muitas tendências de tecnologia de aprendizagem decolam primeiro no Ensino Superior e, só depois, têm aplicações nos segmentos anteriores, a sala de aula invertida reflete uma trajetória oposta. Hoje, muitas universidades e faculdades adotaram essa abordagem, permitindo aos alunos passar um valioso tempo de aula imersos em atividades práticas que, muitas vezes, demonstram as aplicações do mundo real do assunto que estão aprendendo.

Relevância para o Ensino, Aprendizagem ou Investigação CriativaO modelo de Sala de Aula Invertida está se tornando cada vez mais popular em instituições de Ensino Superior por causa de como ele reorganiza a instrução presencial para professores e alunos – assim como a criação de uma utilização mais eficiente e enriquecedora do horário de aula. Para os professores, muitas vezes, isso supõe a criação ou a seleção cuidadosa de materiais para casa que são mais relevantes para uma lição em particular. Estes materiais podem assumir a

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35Horizonte de Tempo para Adoção: Um Ano ou Menos

forma de palestras com vídeos feitos de capturas do computador, uma seleção de links para orientação ou uma variedade de Recursos Educacionais Abertos (Open Educational Resources – OER). Jorum, da Universidade de Manchester, por exemplo, é um repositório de ensino online gratuito com milhares de recursos classificados por assunto, autor ou palavras-chave.

Sala de Aula Invertida na PráticaOs links a seguir fornecem exemplos de Sala de Aula Invertida em uso em ambientes de Ensino Superior:

Flipped Business Courses in India go.nmc.org/bschA Indian School of Business, em Mumbai, está usando software criacionista para gerenciar conteúdo, segurança e entrega – bem como para acompanhar as respostas e as atividades dos alunos para ajudar a facilitar o seu modelo de aprendizagem invertida.

Flipped Classroom for Literary Texts go.nmc.org/litO Departamento de Estudos em Língua Inglesa da Universidade de Queensland, na Austrália, está usando a Sala de Aula Invertida para incentivar a leitura efetiva de textos literários. Os alunos utilizam questionários e marcações online para garantir que estão preparados para discussões em grupo e debates em sala de aula.

Security and Forensics at UAlbany go.nmc.org/digfor Com o apoio da Fundação Nacional de Ciências, estudantes de computação forense da Universidade de Albany reveem palestras e trabalham em laboratórios virtuais fora da classe, enquanto trabalham com seus instrutores na resolução de problemas de segurança cibernética durante a aula.

Para Ler MaisOs seguintes artigos e recursos são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a Sala de Aula Invertida:

6 Expert Tips for Flipping the Classroom go.nmc.org/fliptips(Jennifer Demski, Campus Technology, 23 de janeiro de 2013.) Um professor da Universidade de Harvard, um diretor-assistente do departamento de Tecnologia da Educação da Universidade Estadual da Pensilvânia, e um professor de matemática da Universidade Estadual de Grand Valley fornecem estratégias para lançar um curso universitário.

Flipping Med Edgo.nmc.org/flip(Carl Straumsheim, Inside Higher Ed, 9 de setembro de 2013.) O reitor sênior do curso de Medicina da Universidade de Stanford e o fundador da Khan Academy acreditam que o modelo de Sala de Aula Invertida pode dar aos estudantes de medicina mais tempo de aprendizagem na prática.

A Review of Flipped Learninggo.nmc.org/fln(Flipped Learning Network, acessado em 6 de novembro de 2013.) A Flipped Learning Network lançou uma ampla revisão do modelo de aprendizagem invertida, concluindo que a pesquisa demonstra que a abordagem de aprendizagem invertida promove um ambiente de sala de aula mais centrado no aluno.

O ambiente de aprendizagem é transformado em um espaço mais

dinâmico e mais social onde alunos podem participar em críticas ou

trabalhar em problemas junto à equipes.

Além de assistir a palestras de vídeo gravadas, outras tecnologias, como leituras digitais com anotações colaborativas e software para discussão, habilitam professores para estar mais em sintonia com padrões de aprendizagem e necessidades de seus alunos. Ao analisar os comentários e perguntas que os alunos colocam online, os instrutores podem se preparar melhor para a classe e abordar ideias particularmente desafiadoras durante o tempo presencial. O ambiente de aprendizagem se transforma em um espaço dinâmico e mais social, onde os alunos podem participar de críticas ou trabalhar através de problemas em equipes. Um instrutor na Universidade Marshall observou que ele não precisava mais gastar tempo precioso em classe com um aluno que perdeu uma aula; ele poderia entregar a ele um tablet carregado com o conteúdo e continuar a trabalhar na prática de projetos entre todos da classe.

Um benefício adicional da Sala de Aula Invertida é que ela ajuda os alunos a desenvolver as habilidades necessárias para serem bem sucedidos no mercado de trabalho. O Sistema de Saúde americano está se voltando para equipes de profissionais colaboradores; o Instituto de Ciência Cerebral da Universidade de Duke usou a Sala de Aula Invertida como uma forma de desenvolver uma maior colaboração e as habilidades de raciocínio lógico em médicos iniciantes. Os estudos estão atualmente examinando como as Salas de Aula Invertidas impactam o aprendizado – e os resultados preliminares são muito encorajadores. Um estudo realizado em cursos básicos de Farmácia na Universidade da Carolina do Norte mostra que o ambiente da Sala de Aula Invertida aumentou os resultados dos testes em 5,1%. A Faculdade Harvey Mudd também está envolvida em um estudo sobre o impacto desta estratégia de aprendizagem em cursos STEM, e os pesquisadores estão avaliando os ganhos de aprendizagem, retenção e transferência para cursos secundários.

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36 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Análise da Aprendizagem (Learning Analytics)Horizonte de Tempo para Adoção: Um Ano ou Menos

Aanálise da aprendizagem (“Learning Analytics”) é uma aplicação educacional de “big data”, um ramo da análise estatística que foi originalmente desenvolvido para as empresas analisarem as atividades comerciais, identificar

tendências de gastos e prever o comportamento do consumidor. Como ferramentas de rastreamento da web se tornaram mais sofisticadas, muitas empresas construíram vastas reservas de informações para individualizar a experiência do consumidor. A educação está embarcando em uma busca semelhante de novas formas de aplicação para melhorar o envolvimento dos alunos, proporcionando-lhes uma experiência personalizada e de alta qualidade.

Visão GeralA pesquisa em análise da aprendizagem utiliza a análise de dados para informar as decisões tomadas em todos os níveis do sistema de ensino, aproveitando os dados dos alunos para chegar a uma aprendizagem personalizada, permitindo pedagogias e práticas adaptativas, além de identificar rapidamente problemas de aprendizagem. Outras esperanças são as de que a análise de dados relacionados com a educação esteja em uma escala maior do que nunca e possa fornecer aos políticos e administradores indicadores de progresso local, regional e nacional de educação, permitindo que programas e ideias sejam medidos e melhorados. Dados de aprendizagem adaptativa já estão fornecendo insights sobre as interações dos alunos com textos online e material didático. Um caminho para a criação do nível dos dados necessários para a análise da aprendizagem eficaz é a produção de dispositivos de estudantes que irão capturar dados sobre como, quando e em que contexto eles são usados; e, assim, começar a construir na escola, em um nível nacional ou internacional, conjuntos de dados que podem ser usados para analisar profundamente a aprendizagem do aluno, e de modo ideal, enquanto isso acontece.

Desde que o assunto apareceu, pela primeira vez, há três anos no horizonte de longo prazo do NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2011, a análise da aprendizagem tem, constantemente, capturado o interesse dos formuladores de políticas de educação, líderes e profissionais. O big data já está sendo utilizado para personalizar cada experiência que os usuários têm em sites comerciais; e em sistemas de ensino, as empresas e editoras veem um enorme potencial no uso de técnicas de mineração de dados semelhantes para melhorar os resultados de aprendizagem. A ideia é usar

os dados para adaptar o ensino às necessidades dos alunos individualmente e em tempo real – da mesma forma que a Amazon, Netflix e Google utilizam métricas para adequar as recomendações para os consumidores. Esse tipo de análise pode, potencialmente, ajudar a transformar a educação padrão e genérica em um sistema de estrutura ágil e flexível, criado para atender às necessidades e interesses acadêmicos dos alunos. Durante muitos anos, essas ideias têm sido um componente central do software adaptável, com programas que fazem ajustes cuidadosamente calculados para manter os alunos motivados enquanto dominam conceitos ou encontram obstáculos.

Novos tipos de visualizações e relatórios analíticos estão sendo desenvolvidos para orientar os órgãos administrativos e governar com a evidência empírica, ao passo que se focam em as áreas de melhoria, alocam recursos e avaliam a eficácia dos programas, escolas e sistemas escolares inteiros. Como os ambientes de aprendizagem online acomodam, cada vez mais, milhares de estudantes, os pesquisadores e as empresas estão olhando para dados muito granulares ao redor das interações desses alunos, com base nas ferramentas de análise da web. Pearson Learning Studio, por exemplo, fornece uma infraestrutura LMS que agrega dados de milhões de alunos que usam seus sistemas, com o objetivo de permitir que os dirigentes escolares e formuladores de políticas nacionais desenvolvam, de forma mais eficaz, caminhos de aprendizagem personalizados.

Da mesma forma, um grupo da Universidade de Stanford está analisando grandes conjuntos de dados gerados por ambientes de aprendizagem online. Estes esforços estão ocorrendo através do Stanford Lytic Lab, onde pesquisadores, educadores e especialistas visitantes estão construindo um painel de análise, o qual ajudará os instrutores online a acompanhar o envolvimento dos alunos, além de realizar um estudo de avaliação de pares em um MOOC com interação humano-computador, com base em 63.000 notas dadas pelos colegas de sala. Em abril de 2013, a Fundação Bill & Melinda Gates doou à Stanford mais de 200.000 dólares em financiamento para apoiar o Learning Analytics Summer Institute, o que proporcionou a formação profissional para os pesquisadores da área.

Relevância para o Ensino, Aprendizagem ou Investigação CriativaA análise da aprendizagem está se desenvolvendo

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rapidamente no Ensino Superior, onde o aprendizado ocorre em ambientes online e híbridos de modo crescente. Ela tem sido usada em larga escala no Ensino Superior nos últimos três anos. Ferramentas de monitoramento de rede já estão sendo usadas por instituições para capturar os comportamentos dos alunos em cursos online, registrando não apenas variáveis simples, como o tempo gasto em um tópico, mas também muito mais nuances e informações que podem fornecer evidências de raciocínio crítico, de síntese e a profundidade de retenção de conceitos ao longo do tempo. Conforme dados específicos do comportamento são adicionados a um repositório crescente de informações relacionadas com o estudante, a análise de dados educacional é cada vez mais complexa – e muitos estatísticos e pesquisadores estão trabalhando para desenvolver novos tipos de ferramentas analíticas para gerenciar essa complexidade.

O exemplo atual mais visível de um projeto de análise em larga escala no Ensino Superior é o Predictive Analytics Reporting Framework, que é supervisionado pela Comissão Interestadual do Ocidente para o Ensino Superior (Western Interstate Commission for Higher Education – WICHE) e, em grande parte, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. As 16 instituições participantes representam as esferas públicas, privadas, tradicionais e progressistas da educação. Segundo o site da WICHE, eles compilaram mais de 1.700.000 registros de alunos e 8.100.000 registros de nível de curso em um esforço para compreender melhor as perdas e ganhos dos alunos.

Empresas como a X-Ray Research estão conduzindo pesquisas em grupos de discussão online para determinar quais variáveis comportamentais são os melhores preditores de desempenho dos alunos. As ferramentas refletem o potencial de análise para desenvolver sistemas precoces de alerta com base em métricas que fazem previsões a partir de dados linguísticos, sociais e comportamentais. Da mesma forma, estudos em universidades estão provando que pedagogias informadas por análises podem melhorar a qualidade da interação que ocorre de modo online. Na Universidade Simon Fraser, no Canadá, pesquisadores analisaram como poderiam resolver uma questão com base em experimentos passados — fóruns de discussão de cursos online não apoiavam o engajamento produtivo ou de discussões. Eles desenvolveram um Fórum de Discussão Visual em que os alunos pudessem visualizar a estrutura e profundidade da discussão, com base no número de linhas que se estendem de seus posts. Os alunos, neste estudo, também foram capazes de detectar facilmente quais os temas necessitavam mais de sua atenção.

Análise da Aprendizagem na PráticaOs links a seguir fornecem exemplos de análises da aprendizagem em uso em contextos de Ensino Superior:

Big Data in Education go.nmc.org/bigdaProfessores da Universidade de Columbia oferecem um curso online para educadores através do Coursera para aprender sobre os pontos fortes e fracos dos vários métodos que os professores estão usando para minerar e modelar as crescentes quantidades de dados do aluno.

Competency Map go.nmc.org/capelO mapa de competências na Universidade de Capella ajuda os alunos a tomarem as rédeas do seu aprendizado, constantemente, mostrando-lhes onde estão em cada curso, o quanto falta para que terminem e onde eles precisam concentrar seus esforços para serem bem sucedidos.

Gradecraft go.nmc.org/gradeA Universidade de Michigan usa um sistema de gerenciamento de aprendizagem chamado Gradecraft, o qual incentiva a tomada de riscos e de múltiplos caminhos em direção à maestria, enquanto aprendizes progridem através do material do curso. As análises empregadas orientam os alunos durante todo o processo e informam os instrutores de seu progresso.

Para Ler MaisOs seguintes artigos e recursos são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre análise da aprendizagem:

Data Science: The Numbers of Our Lives go.nmc.org/datasci(Claire Cain Miller, The New York Times, 11 de abril de 2013.) De acordo com um relatório do McKinsey Global Institute, haverá quase meio milhão de empregos em ciência de dados em cinco anos. As instituições estão criando programas para treinar cientistas de computação/engenheiros de softwares híbridos.

Learning to Adapt: A Case for Accelerating Adaptive Learning in Higher Educationgo.nmc.org/case(Adam Newman, Peter Stokes, Gates Bryant, Education Growth Advisors, 13 de março de 2013). Um relatório financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates ilustra a adoção atual de tecnologias de aprendizagem adaptativas no Ensino Superior, os obstáculos relevantes e as soluções que estão sendo exploradas.

The Role of Learning Analytics in Improving Teaching and Learning (Video)go.nmc.org/lerana(George Siemens, Teaching and Learning with Technology Symposium, 16 de março de 2013.) Siemens revê uma série de estudos de caso para mostrar que as análises, quando são aplicadas à educação de forma semelhante à de como as empresas as usam, podem melhorar o ensino e a aprendizagem.

Horizonte de Tempo para Adoção: Um Ano ou Menos

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38 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Impressão 3DHorizonte de Tempo para Adoção: Dois a Três Anos

Conhecido nos círculos industriais como prototipagem rápida, a impressão 3D se refere a tecnologias que constroem objetos físicos a partir de três dimensões (3D) de conteúdo digital, como software de modelagem 3D,

ferramentas de design assistido por computador (computer-aided design – CAD), tomografia assistida por computador (computer-aided tomography – CAT) e cristalografia de raios X. Uma impressora 3D constrói um modelo tangível ou protótipo a partir do arquivo eletrônico, uma camada de cada vez, através de um processo de extrusão usando plásticos e outros materiais flexíveis ou um processo de jato de tinta como para pulverizar um agente de ligação em uma camada muito fina de pó fixável. Os depósitos criados pela máquina podem ser aplicados de forma muito precisa para construir um objeto de baixo para cima, camada por camada, com resoluções que, mesmo em máquinas menos caras, são mais do que suficientes para expressar uma grande quantidade de detalhes. O processo ainda acomoda peças móveis dentro do objeto. Utilizando os materiais e os agentes de ligação diferentes, a cor pode ser aplicada e as peças podem ser impressas em plástico, resina, metal, tecido e, até mesmo, alimento. Esta tecnologia é comumente usada na fabricação de construção de protótipos de quase qualquer objeto (redimensionada para caber na impressora, é claro) que pode ser transmitida em três dimensões.

Visão GeralOs primeiros exemplos conhecidos de impressão 3D foram vistos em meados de 1980 na Universidade do Texas, em Austin, onde a sinterização seletiva a laser foi desenvolvida, embora o equipamento fosse complexo e caro. O próprio termo Impressão 3D foi inventado uma década mais tarde no MIT, quando os estudantes de pós-graduação estavam experimentando substâncias não convencionais em impressoras com jato de tinta. Desde que a impressão 3D apareceu no primeiro NMC Horizon Report, em 2004, a tecnologia tem ajudado o Departamento de Defesa dos Estados Unidos a criar peças aeroespaciais baratas, arquitetos a criar modelos de edifícios, profissionais da área médica a desenvolver partes do corpo para transplantes, e muito mais. Nos últimos anos, tem havido uma série de experiências no espaço do consumidor — especialmente no âmbito da cultura Maker, uma comunidade mais experiente tecnologicamente, de “faça-você-mesmo”, dedicada ao avanço da ciência, engenharia e outras áreas através da exploração da impressão 3D e robótica.

Durante o processo de impressão 3D, o usuário começará pela concepção de um modelo do objeto desejado, usando software especializado como o CAD. Embora uma variedade de empresas produza software CAD, a Autodesk é a líder reconhecida no desenvolvimento de tais ferramentas. Uma vez que o cartão é enviado para a impressora, os materiais — quer sejam plásticos, metais ou uma variedade de outros materiais — são dispensados através de um bocal e, gradualmente, depositados para eventualmente formar todo o objeto. Tecnologias de fabricação de aditivos alteram a maneira como as camadas são depositadas, visto que alguns objetos podem ser suavizados ou fundidos. Calor seletivo e sinterização a laser, por exemplo, exigem termoplásticos; enquanto fusão por feixe de elétrons, para ligas de titânio. No caso da fabricação de objeto laminado, as camadas finas devem ser cortadas e, em seguida, juntar-se; a tecnologia só havia sido encontrada anteriormente em laboratórios especializados.

A adoção da impressão 3D também está sendo abastecida por aplicativos online, como Thingiverse e MeshLab, repositórios livres de projetos digitais para objetos físicos, onde os usuários podem baixar as informações de design digital e criar esse objeto pela impressora. A MakerBot é uma das várias marcas de impressoras desktop 3D que permitem aos usuários construir tudo, desde brinquedos de robôs, mobiliário doméstico e acessórios, até os modelos de esqueletos de dinossauros. Relativamente acessível a menos de 2.500 dólares, a MakerBot foi a primeira impressora 3D projetada para o uso do consumidor. Devido à capacidade inerente dos usuários de criar algo, seja original ou replicado, a impressão 3D é uma tecnologia especialmente atraente quando aplicada a aprendizagem ativa e baseada em projetos no Ensino Superior.

Relevância para o Ensino, Aprendizagem ou Investigação CriativaUm dos aspectos mais significativos da impressão 3D para a educação é que ela permite a exploração mais autêntica de objetos que podem não estar prontamente disponíveis para as universidades. Por exemplo, estudantes de antropologia na Universidade de Miami podem manipular e estudar réplicas de artefatos frágeis, como vasos antigos egípcios, que foram digitalizados e impressos no laboratório de impressão 3D da universidade. Da mesma forma, no GeoFabLab na Universidade Estadual de Iowa, estudantes de geologia e entusiastas amadores podem examinar exemplares

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39Horizonte de Tempo para Adoção: Dois a Três Anos

impressos 3D de fósseis raros, cristais e minerais, sem risco de danificar estes preciosos objetos.

Alguns dos progressos mais convincentes de impressão 3D no Ensino Superior vêm de instituições que estão inventando novos objetos. A equipe da Universidade de Harvard e da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, imprimiu, recentemente, microbaterias de íon-lítio que são do tamanho de um grão de areia e podem fornecer energia a dispositivos muito pequenos – como implantes médicos e câmeras em miniatura. No campo da pesquisa médica, a inovação em nível microscópico está vendo o crescimento cada vez maior. Pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, estão isolando bactérias em caixas impressas em 3D para aproximar ambientes biológicos reais para o estudo de infecções bacterianas. Cientistas da Universidade de Liverpool estão desenvolvendo pele sintética impressa em 3D que se assemelham à idade, gênero e etnia do indivíduo.

Enquanto a Impressão 3D ganha mais projeção no Ensino Superior, as universidades estão começando a criar espaços dedicados a estimular a criatividade e a investigação intelectual em torno desta tecnologia emergente. Exemplos incluem a Hunt Library Makerspace, da Universidade do Estado da Carolina do Norte; o 3DLab, na faculdade de Arte, Arquitetura e Engenharia da Universidade de Michigan; e do Maker Lab em Humanidades, da Universidade de Victoria, no Canadá. Estes espaços, equipados com os mais recentes scanners 3D, impressoras 3D, sensores de movimento 3D e cortadores a laser, não só permitem o acesso às ferramentas, mas também estimulam a colaboração dentro de uma comunidade de makers e hackers.

Impressão 3D na PráticaOs links a seguir fornecem exemplos de impressão 3D em uso que têm implicações diretas para as configurações de Ensino Superior:

3D Art go.nmc.org/3dartEstudantes de arte estão aprendendendo a história e as aplicações da arte impressa em 3D na Universidade de Aalto, na Finlândia. Eles recentemente colaboraram com um coletivo de artistas locais para criar esculturas para uma exposição na cidade de Hyrynsalmi.

3D Design Studio go.nmc.org/udeO Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Delaware abriu um estúdio de design com uma impressora 3D, repositório de materiais, oficina mecânica e um laboratório de colaboração para que os alunos possam ter ideias de design, do conceito ao protótipo.

Fab Lab go.nmc.org/fabFab Labs começou como um projeto de extensão do Center for Bits and Atoms do MIT para pesquisar

e experimentar com a fabricação digital. Eles já se materializaram em centros ao redor do mundo, provendo tecnologias, tais como impressoras 3D, cortadores a laser e ferramentas de programação para que os alunos possam usar em ambientes exploratórios.

Organ Creation at the University of Wollongong go.nmc.org/uw3dUsando um bio-plotter 3D, pesquisadores da Universidade de Wollongong, na Austrália, criaram uma tecnologia para imprimir células humanas vivas, tais como músculos, juntamente com uma tinta especial que transporta as células. A esperança é de que os materiais de impressão possam, eventualmente, ser usados em implantes específicos do paciente e, até mesmo, em transplantes de órgãos.

Para Ler MaisOs recursos a seguir são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre a impressão 3D:

4D Printing: The New Frontier go.nmc.org/4dp(Oliver Marks, ZDNet, 14 de março de 2013.) Os avanços na nanobiotecnologia estão levando a novos materiais que podem ser programados para mudar a sua forma ao longo do tempo. Isto poderia desencadear muitas inovações, incluindo calças que se autorreparam feitas a partir de materiais biológicos e objetos que montam e desmontam, dependendo da temperatura

10 Ways 3D Printers are Advancing Sciencego.nmc.org/10ways(Megan Treacy, Treehugger, 16 de abril de 2013.) As impressoras 3D estão avançando na ciência, ajudando os pesquisadores da NASA que estudam rochas lunares, pesquisadores médicos que trabalham com próteses impressas 3D e, até mesmo, as orelhas e outras partes do corpo. Impressoras especializadas em 3D estão sendo usadas em laboratórios para produzir uma variedade de peles e outros tecidos que são literalmente “impressas” em uma estrutura orgânica.

Lab Equipment Made with 3-D Printers Could Cut Costs by 97%go.nmc.org/reduc(Paul Basken, The Chronicle of Higher Education, 29 de março de 2013.) Um novo estudo da Universidade Tecnológica de Michigan mostra como impressoras 3D podem permitir uma melhoria acentuada na eficiência e capacidade dos laboratórios de pesquisa, reduzindo os custos em até 97%. Além disso, as peças impressas em 3D permitem mais personalização para atender às necessidades individuais.

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40 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Games e GamificaçãoHorizonte de Tempo para Adoção: Dois a Três Anos

Acultura de games tem crescido para incluir uma proporção substancial da população do mundo, com a idade de um jogador mediano aumentando a cada ano que passa. Como tablets e smartphones têm proliferado,

computadores desktops e laptops, televisores e consoles de games já não são a única maneira de se conectar com outros jogadores online, fazendo da jogablidade uma atividade portátil que pode acontecer em um diversificado leque de configurações. A jogabilidade há muito tempo deixou de ser apenas recreativa e encontrou impulso considerável nas forças armadas, empresas e indústrias; e, cada vez mais, tem sido percebida na educação como uma ferramenta de treinamento e motivação útil. Enquanto um número crescente de instituições e programas educacionais está experimentando com jogabilidade, também tem havido cada vez mais atenção ao redor da gamificação — uma integração de elementos de games, mecânica e estruturas em situações e cenários que não são próprios de games. As empresas adotaram a gamificação como uma forma de criar programas de incentivo que envolvem os funcionários através de recompensas, quadros de líderes e badges, muitas vezes, com um componente móvel. Embora mais incipiente do que em ambientes militares ou da indústria, a gamificação na educação está ganhando apoio entre os educadores que reconhecem que os games, efetivamente projetados, podem estimular grandes ganhos de produtividade e criatividade entre os alunos.

Visão GeralDe acordo com a Entertainment Software Association, a idade média dos jogadores de hoje em dia é 30 anos, com 68% dos jogadores com mais de 18 anos — em idade universitária. A popularidade dos jogos digitais levou ao rápido desenvolvimento da indústria de videogames na década passada, com avanços consideráveis, que ampliaram a definição de games e como eles são jogados. Quando a indústria de games começou a incorporar conectividade de rede em projetos de games, eles revolucionaram a jogabilidade, criando uma imensa arena virtual onde os usuários de todo o mundo podem se conectar, interagir e competir. A Internet oferece aos jogadores a oportunidade de juntar-se online (MMO) em jogos de role-player (RPG) multiplayer, como Minecraft, e para construir reputações online com base nas habilidades e realizações de seus avatares virtuais. Nos últimos anos, os games têm convergido com interfaces naturais para criar uma

experiência para os jogadores que imitam mais de perto a vida real. Usando consoles como o Microsoft Kinect ou Nintendo Wii, por exemplo, os jogadores interagem através de movimentos corporais e gestos com as mãos.

A gamificação, ou a noção de que os mecanismos de um game podem ser aplicados a atividades de rotina, tem sido empregado com sucesso por uma série de aplicativos móveis e empresas de mídia social. Uma das encarnações mais populares ao longo dos anos tem sido FourSquare, com um sistema de recompensa que encoraja as pessoas a se registrarem em locais para acumular recompensas — uma ideia que abriu o caminho para uma série de recursos que, semelhantemente, “gamificam” a vida cotidiana. Untappd and Tipsi, por exemplo, são aplicativos que permitem aos usuários documentar e receber emblemas para cada tipo diferente de cerveja e vinho que o usuário tiver experimentado, enquanto Simple.com é um serviço bancário gamificado que ajuda os usuários a dominar as suas finanças. Não é incomum agora para grandes empresas e organizações, incluindo o Banco Mundial e a IBM, consultarem-se com especialistas de games para informar o desenvolvimento e concepção de programas de grande escala que motivam os trabalhadores através de sistemas que incorporam os desafios, subidas de nível e recompensas.

Enquanto alguns líderes argumentam que o aumento do uso do design de games no local de trabalho é uma tendência de curta duração, que produz um pico de produtividade em um curto prazo, as empresas de todos os tamanhos em todos os setores estão descobrindo que os trabalhadores respondem positivamente aos processos gamificados. Para o Ensino Superior, esses ambientes parecidos com games transformam tarefas em desafios emocionantes, premiam os alunos pela sua dedicação e eficiência, e oferecem um espaço para que os líderes surjam naturalmente. Badges, por exemplo, estão sendo usadas cada vez mais como um sistema de recompensas para os alunos; permitindo-lhes, em muitos casos, apresentar publicamente o seu progresso, habilidades e maestria em perfis online.

Relevância para o Ensino, Aprendizagem ou Investigação CriativaA jogabilidade educacional provou ser capaz de fomentar o engajamento de pensamento crítico, resolução criativa de problemas e trabalho em equipe — habilidades que levam a soluções para os dilemas sociais e ambientais complexos. Esta ideia é a base

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41Horizonte de Tempo para Adoção: Dois a Três Anos

do trabalho de Jane McGonigal, designer de games reconhecido e pesquisador que está aumentando a consciência das pessoas sobre o poder que os games têm de mudar o mundo. McGonigal e outros pesquisadores do Instituto para o Futuro estão projetando jogos online que promovam a participação e novas formas de pensar sobre sistemas e sustentabilidade na educação, saúde e contextos urbanos. O objetivo é desenvolver plataformas envolventes que despertam curiosidade, incutam um senso de urgência e seriedade, enquanto recompensam os usuários de maneira significativa.

Simulações digitais são um outro método que está sendo amplamente utilizado para reforçar aplicações conceituais em cenários simulados do mundo real. Isto é especialmente evidente nas escolas de negócios. Na Escola de Negócios da Universidade Montclair, em New Jersey, os estudantes desempenham uma simulação de negócios online chamada GLO-BUS, onde eles administram uma empresa de câmera digital e brincam com concorrentes efetivos no mercado global. O ambiente simulado desafia os alunos a desenvolver e executar uma estratégia eficaz, com bastante tino comercial, e fornecer as ferramentas para lidar com a gama da linha de produtos, operações, terceirização, preços e responsabilidade social corporativa, entre outras considerações. Cenários como este demonstram o poder de games para simular cenas reais de produtividade, exigindo que os alunos exercitem o raciocínio executivo em situações difíceis em que suas decisões têm um impacto grave.

A gamificação também está aparecendo mais em ambientes de aprendizagem online. A Universidade Kaplan, por exemplo, gamificou o seu programa de graduação em TI após a execução de um piloto bem sucedido em seu curso de fundamentos de programação. As notas dos alunos melhoraram 9% e o número de alunos que não conseguiram concluir o curso diminuiu em 16%. A Kaplan está usando software gamificado que pode ser incorporado em LMS (Learning Management System) e outros aplicativos da web. A gamificação também pode incentivar o desenvolvimento profissional. A Deloitte desenvolveu a Academia de Liderança Deloitte, um programa de treinamento que aproveita gamificação para criar missões baseadas no currículo. Os alunos ganham emblemas por completar missões, que podem apresentar em seus perfis do LinkedIn. Enquanto a jogatina continua dominando as discussões entre os educadores, alguns acreditam que ela poderia desencantar estudantes se for mal executada. Para negar este desafio, mais universidades estão fazendo parcerias com empresas para conduzir a pesquisa que é relevante tanto para o currículo como para a vida dos alunos.

Games e Gamificação na PráticaOs links a seguir fornecem exemplos de games e gamificação em uso em ambientes de Ensino Superior:

The Denius-Sams Gaming Academy go.nmc.org/utgameA Universidade do Texas, em Austin, vai oferecer o primeiro programa de videogame da nação no segundo semestre de 2014. A Denius-Sams Gaming Academy será ministrada por líderes na indústria de videogames e o programa promete ser competitivo e orientado para a indústria.

Mentira go.nmc.org/mentMentira, um GPS móvel e game baseado em realidade aumentada, desenvolvido na Universidade do Novo México, desenvolve habilidades de língua espanhola ao passo que os aprendizes interagem com os personagens no cenário de Albuquerque, Novo México, e passam por vários obstáculos para resolver o mistério de um assassinato.

SICKO go.nmc.org/sickSICKO é um jogo de simulação baseada na web, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, no qual os alunos gerenciam três pacientes virtuais simultaneamente e devem tomar decisões críticas na sala de cirurgia.

Para Ler MaisOs seguintes artigos e recursos são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre games e gamificação:

The Awesome Power of Gamification in Higher Education go.nmc.org/awesome(Tara E. Buck, EdTech Magazine, 18 de outubro de 2013.) Em seu discurso na EDUCAUSE 2013, o desenvolvedor de games Jane McGonigal apresentou uma visão do futuro em que o trabalho e a vida diária das pessoas são transformados em cenários “gamificados” ou “ambientes de aprendizagem extremas”

Gamification Done Rightgo.nmc.org/doneright(Andre Behrens, The New York Times, 11 de junho de 2013.) O autor explora as diversas implicações que o termo gamificação carrega e discute os componentes que o tornam bem sucedidos. Ele aponta toSimple.com como um exemplo eficaz e criativo.

Video Game Courses Score Big on College Campusesgo.nmc.org/scorebig(annick Lejacq, NBC News, 12 de setembro de 2013.) Faculdades e universidades norte-americanas já estão oferecendo mais cursos de graduações dedicados ao estudo dos games como nunca antes, com 385 instituições agora oferecendo tanto cursos individuais quanto graduações em design de games.

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42 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Quantified SelfHorizonte de Tempo para Adoção: Quatro a Cinco Anos

Quantified Self descreve o fenômeno de os consumidores coletarem seus dados e informações pessoais para acompanhar de perto as informações mais relevantes para suas atividades diárias por meio do uso da

tecnologia. O surgimento de dispositivos portáteis no mercado, tais como relógios, pulseiras e colares que são projetados para coletar automaticamente dados estão ajudando as pessoas a gerir a sua aptidão, ciclos de sono e hábitos alimentares. Aplicativos móveis também compartilham um papel central nessa ideia, fornecendo painéis fáceis para o consumidor ler, ver e analisar suas métricas pessoais. Fortalecidas por essas ideias, muitas pessoas agora contam com essas tecnologias para melhorar seu estilo de vida e saúde. Aplicativos de hoje não só acompanham aonde uma pessoa vai, o que elas fazem e quanto tempo elas passam a fazê-lo, mas agora também quais são suas aspirações e quando elas podem ser realizadas. Novos dispositivos, como a Memoto, uma câmera ao redor do pescoço que é projetada para capturar uma imagem a cada meia hora permitem que as pessoas controlem suas vidas automaticamente. Quanto mais as pessoas confiam em seus dispositivos móveis para monitorar suas atividades diárias, mais os dados pessoais estão se tornando uma parte maior da vida cotidiana.

Visão GeralAs pessoas sempre demonstraram interesse em aprender sobre si mesmas, acompanhando e mensurando seus comportamentos e atividades. Os estudantes já gastam tempo em contextos formais de sala de aula, coletando dados sobre si mesmos ou tópicos de pesquisa. Tecnologias de Quantified Self aproveitam este interesse na forma de aplicativos móveis, dispositivos portáteis e serviços baseados em nuvem que tornam o processo de coleta de dados muito mais fácil.

Encarnações populares do movimento de Quantified Self se materializaram na forma de ferramentas de saúde, fitness e publicação online da vida. O Fitbit, por exemplo, é uma pequena pulseira que rastreia as atividades diárias dos portadores, incluindo padrões de sono, passos dados e as calorias queimadas. Através de sincronização sem fio e automática entre o Fitbit e smartphones, tablets e laptops, os usuários podem ver o progresso em tempo real em seus dispositivos. A pulseira Jawbone Up emprega funcionalidades semelhantes, permitindo aos usuários controlar o sono, movimento e informações dietéticas que são preenchidas automaticamente no aplicativo móvel UP

que o acompanha. A experiência pode facilmente se tornar social ao passo que as pessoas compartilham suas conquistas com outros usuários e se unem para acompanhar e atingir objetivos específicos. Outros dispositivos vestíveis que têm recebido atenção mundial possuem ferramentas de autorrastreamento, incluindo Google Glass e iWatch, mas os preços elevados — e, em alguns casos, a baixa disponibilidade — destes dispositivos, como temem alguns especialistas, podem permitir que a tecnologia de Quantified Self seja um luxo reservado à classe alta. Versões mais acessíveis desenvolvidas nos próximos quatro ou cinco anos poderiam acelerar essa tendência tecnológica em ambientes educacionais.

Encarnações populares do movimento de Quantified Self se materializaram na forma de

ferramentas de saúde, fitness e publicação online da vida.

Essas tecnologias oferecem aos indivíduos uma maior autoconsciência dos seus comportamentos através de autorrastreamento, bem como novas formas de pensar sobre como utilizar os dados coletados. Desde a introdução deste conceito, em 2007, as comunidades formadas em torno da ideia de usar a tecnologia para ajudar no autoaperfeiçoamento. Através de encontros presenciais e comunidades online, artistas, aqueles que buscam conteúdo de autoajuda e, até mesmo, os candidatos a pesquisadores universitários compartilham suas experiências com a esperança de se transformarem e o resto da sociedade por meio da análise dos dados que eles produzem e coletam. O Quantified Self Institute, por exemplo, é uma iniciativa da Universidade de Ciências Aplicadas Hanze, da Holanda, que traz os parceiros internacionais e regionais em conjunto para realizar pesquisas sobre diferentes métodos de autorrastreamento. Esta organização está bem posicionada para liderar o movimento de Quantified Self em instituições de Ensino Superior com recomendações sobre aplicações eficazes.

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43Horizonte de Tempo para Adoção: Quatro a Cinco Anos

Relevância para o Ensino, Aprendizagem ou Investigação CriativaCom o crescente uso de aplicativos móveis e tecnologia vestível, os indivíduos estão criando uma quantidade exponencialmente crescente de dados. O movimento de Quantified Self é inovador, integrando esses fluxos de dados de maneiras interessantes. Alguns aplicativos baseados em Quantified Self, por exemplo, podem criar planos de vida mais saudáveis após monitorar seu sono, exercício, dieta e outros padrões importantes. O novo aplicativo móvel Whistle ainda permite que as pessoas façam o mesmo para seus cães. É imaginável que, se os resultados dos testes e os hábitos de leitura recolhidos a partir de análise da aprendizagem pudessem ser combinados com outro rastreamento de informações sobre estilo de vida, esses grandes conjuntos de dados poderiam revelar como as mudanças ambientais melhoram os resultados de aprendizagem.

A tecnologia de Quantified Self também tem o potencial para moldar o futuro de algumas indústrias. Na área médica, por exemplo, os médicos estão usando não só a medicina tradicional, mas também dados que os indivíduos coletam de si mesmos, tais como frequência cardíaca, pressão arterial e níveis de açúcar. Avanços no campo podem habilitar computadores a procurar padrões e ajudar os médicos a diagnosticar com mais precisão ou antecipar problemas de saúde antes que os pacientes pisem no prédio. Educadores no momento só podem criar hipóteses sobre uma nova era acadêmica de Quantified Self, mas o interesse é forte e crescente.

Um dos obstáculos atuais para a adoção generalizada desta tecnologia gira em torno de preocupações com a privacidade. O movimento de Quantified Self é de pessoas que compartilham o que aprendem sobre si mesmas para o bem maior, mas existe uma vulnerabilidade de expor informações pessoais que precisam ser abordadas ao longo dos próximos quatro a cinco anos. Isto pode incluir uma análise de custo/benefício sobre quais dados devem ser coletados, os dados que devem ser compartilhados, quem deve ser responsável por tomar essas decisões, e como construir as comunidades online mais eficazes e seguras nesta prática.

Quantified Self na PráticaOs links a seguir fornecem exemplos de Quantified Self em uso que têm implicação direta em configurações do Ensino Superior:

Fitbit at the University of Tokyo go.nmc.org/tokyoPesquisadores da Universidade de Tóquio usaram dados do podômetro Fitbit para detectar e medir a força das relações de trabalho. Os resultados iniciais revelam que os dados gerados por esta tecnologia de Quantified Self pode favorecer a criação de um perfil exato da empresa.

Health Data Exploration Project go.nmc.org/hdexploreO Instituto de Telecomunicações e Tecnologia da Informação da Califórnia, com o apoio da Fundação Robert Wood Johnson, lançou uma pesquisa que está buscando indivíduos que adotem a prática de Quantified Self com foco na sua saúde e em exercícios físicos – em um esforço para determinar como seus dados podem ser usados para informar melhor a saúde pública.

The Russ-ome Project at The University of Texas go.nmc.org/brainstuUm neurocientista e diretor do Centro de Pesquisa de Imagem da Universidade do Texas, em Austin, está usando um monitor de cabeça, um monitor cardíaco e um aplicativo de pesquisa para rastrear e relatar seu sono e padrões de exercício para um estudo de um ano. A informação está sendo armazenada em um banco de dados que ele acabará usando para autoaperfeiçoamento.

Para Ler MaisOs seguintes artigos e recursos são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre Quantified Self:

Gaming the Quantified Self go.nmc.org/gthet(Jennifer R. Whitson, Universidade Queens, 2013) Este artigo explora como os jogos digitais inerentemente facilitam a fiscalização de atividades do usuário, promovendo a elaboração de estatísticas que podem ser usadas para monitorar indivíduos e emergir padrões de comportamento gerais em ambientes gamificados.

Quantified Self: The Tech-Based Route to a Better Life?go.nmc.org/bbcquant(Karen Weintraub, BBC Future, 3 de janeiro de 2013.) O Movimento de Quantified Self está enraizado na necessidade de registrar os detalhes da vida diária, e novas tecnologias como rastreadores vestíveis e aplicativos tornaram fácil para as pessoas documentar regularmente suas atividades.

Trackers, Measuring the Quantified Selfgo.nmc.org/track(Gopal Sathe, Live Mint, 7 de setembro de 2013.) Rastreadores vestíveis, incluindo Fitbit, Nike Fuel e Jawbone Up estão ajudando as pessoas a monitorarem seus dados pessoais, como o ciclo de sono e contagem de passos, e estão incentivando-as a considerar os dados pessoais como parte integrante de suas rotinas.

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44 NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014

Assistentes VirtuaisHorizonte de Tempo para Adoção: Quatro a Cinco Anos

Como reconhecimento de voz e tecnologias an-tecedentes baseadas em gestos avançam e, mais recentemente, convergem, estamos nos movendo rapidamente para longe da noção de interagir com os nossos dispositivos através

de um ponteiro e teclado. Os assistentes virtuais são uma extensão credível de trabalho que está sendo feito com interfaces naturais de usuário (NUIS - Nat-ural User Interfaces) e os primeiros exemplares já estão no mercado. O conceito baseia-se na evolução das interfaces de todo o espectro de engenharia, ciên-cia da computação e biometria. Siri (para iPhone) e Jelly Bean (para Android) são exemplos recentes em aparelhos móveis e permitem aos usuários controlar todas as funções do telefone, participar de conversas reais com o assistente virtual e muito mais. Uma nova classe de televisores inteligentes está entre os pri-meiros dispositivos a fazerem uso completo da ideia. Enquanto as versões limitadas de assistentes virtuais têm estado disponíveis já há algum tempo, ainda te-mos que alcançar o nível de interatividade visto no vídeo clássico da Apple, Knowledge Navigator. Os as-sistentes virtuais desse calibre e suas aplicações para a aprendizagem estão claramente no horizonte de longo prazo, mas o potencial da tecnologia para mel-horar esta lista de modos informais de aprendizagem é convincente.

Visão GeralOs assistentes virtuais empregam inteligência artificial e processamento de linguagem natural para proporcionar às pessoas suporte a uma ampla gama de atividades diárias, como discernir as melhores rotas rodoviárias, organizar roteiros de viagem e organizar as caixas de entrada de e-mail. Os mais recentes tablets e smartphones agora incluem assistentes virtuais — talvez os mais reconhecidos sejam o Siri (para iPhone), Jelly Bean (para Android) e o Google Now. Estes assistentes virtuais são integrados nas plataformas móveis, permitindo que os usuários interajam mais autenticamente com os seus dispositivos, aproveitando uma interface de conversação. Os usuários podem simplesmente fazer um pedido oralmente para o dispositivo, e o assistente virtual irá responder instantaneamente. As versões mais avançadas deste software realmente rastream as preferências e padrões do usuário para que eles possam se adaptar ao longo do tempo, sendo mais útil para o indivíduo. Neste sentido, os assistentes virtuais incentivam a conveniência e a produtividade, tornando-os particularmente atraentes para as suas potenciais aplicações em ambientes

acadêmicos, apesar de estarem de quatro a cinco anos longe de serem amplamente utilizados no Ensino Superior.

A funcionalidade de muitos assistentes virtuais contemporâneos é desencadeada por uma combinação de três tecnologias: interface de conversação, sensibilidade ao contexto pessoal e delegação de serviço. Interfaces de conversação contam com ferramentas de reconhecimento de voz que foram melhoradas com algoritmos especiais e aprendizado de máquina para decifrar o significado. Como cada pessoa tem sua própria maneira de falar, a sensibilidade ao contexto pessoal ajuda os assistentes virtuais a entenderem nuances específicas com base em palavras-chave e padrões de linguagem. Interfaces de conversação e sensibilidade ao contexto pessoal permitem aos assistentes virtuais se envolverem em conversas como se fossem humanos quando interagem com os usuários. Finalmente, a delegação de serviço permite que os assistentes virtuais móveis acessem e se comuniquem com uma coleção de aplicativos móveis dos usuários. Graças a este conceito, uma das características mais atraentes de assistentes virtuais é que eles, muitas vezes, são projetados para se integrar perfeitamente com outros programas, incluindo o mapeamento e serviços recreativos.

A mais recente iteração de assistentes virtuais podem ser encontrada em televisores inteligentes ligados a sistemas de processamento de dados que permitem aos usuários conectarem-se à Internet. Apple, Samsung e LG estão entre as primeiras no mercado com suas versões. Usuários podem transmitir vídeos ao vivo, diretamente para a Internet através de widgets da Web controlados por voz e aplicações de software. TVs inteligentes também rastreiam padrões de visualização dos usuários e preferências do programa para fazer recomendações personalizadas. Embora atualmente existem poucas aplicações concretas de TVs inteligentes ou assistentes virtuais usados no Ensino Superior, a perspectiva de ferramentas que se adaptam às necessidades de aprendizagem dos alunos e preferências tornam a tecnologia digna de se seguir de perto ao longo dos próximos cinco anos.

Relevância para o Ensino, Aprendizagem ou Investigação CriativaAs tecnologias que permitem que os assistentes virtuais estejam avançando a um ritmo acelerado, apresentam aos consumidores interfaces que reconhecem e

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interpretam a fala humana e emoções com precisão impressionante. Os alunos já estão usando assistentes virtuais em suas vidas pessoais, mas a maioria das instituições ainda tem de explorar potenciais ambientes de pesquisa fora desta tecnologia. A Universidade de Cambridge, por exemplo, em parceria com a Toshiba Cambridge Research, apresentou um protótipo de uma cabeça digital falante chamada Zoe, uma das primeiras tentativas de colocar um rosto parecido com o humano como um assistente virtual. A equipe de pesquisa contou com a ajuda de uma atriz britânica para gravar 7.000 frases e expressões faciais emotivas, que compõem o conjunto de dados usado para “treinar” o rosto de Zoe. O software possui poucos dados e tem o potencial de ser personalizado com vários rostos e vozes.

Os assistentes virtuais já estão fazendo uma aparição no setor da saúde. No final de 2014, a empresa de soluções inteligentes Nuance Communications lançará um assistente virtual inteligente chamado Florence, que entende a linguagem clínica e pode registrar as instruções de médicos, como eles receitam medicamentos, encomendam análises de laboratório e outros procedimentos diagnósticos. A tecnologia deverá reduzir a quantidade de tempo que um médico gasta no trabalho administrativo, que responde por 30% do seu dia de trabalho de acordo com uma pesquisa realizada pela Nuance. Ela também oferece um vislumbre de um futuro onde os médicos serão capazes de recuperar e fazer adições ao prontuário em tempo real usando o discurso natural, com a ajuda de tecnologias inteligentes.

Um maior desenvolvimento em tecnologias relacionadas com os assistentes virtuais – como os que ensinam os computadores a ver, ouvir e pensar como os seres humanos fazem – estão progredindo rapidamente e trazendo maior precisão para reconhecimento de padrões, uma capacidade que também está dirigindo tecnologias de tradução em tempo real. Recentemente, o cientista da Microsoft, Richard F. Rashid, demonstrou um programa de computador que exibia suas palavras enquanto ele falava. Nas pausas entre cada frase, traduzida do software em seu discurso escrito e depois falado em Mandarim, que foi ouvido em sua própria voz — uma língua que ele nunca pronunciou. Estes cenários apontam para um futuro em que os assistentes virtuais serão equipados com mais recursos avançados que ajudam as pessoas a navegar em um mundo onde a colaboração além das fronteiras e no exterior é cada vez mais a norma.

Assistentes Virtuais na PráticaOs links a seguir fornecem exemplos de assistentes virtuais em uso que têm implicações diretas para as configurações de Ensino Superior:

BlabDroid go.nmc.org/blabO MIT Media Lab planeja comercializar BlabDroid, um robô que oferece funcionalidade semelhante a outros

assistentes virtuais através da ligação a um smartphone ou à nuvem para que ele possa comunicar informações relevantes para os usuários, incluindo o tempo, e postar em uma rede social baseada em comandos de voz.

M*Modal go.nmc.org/mmodalO sistema de saúde da Universidade de Virginia está usando M*Modal, um motor de reconhecimento de voz baseado em nuvem, para facilitar a criação, gestão e partilha de registros médicos eletrônicos. O objetivo é que a equipe médica e profissionais de informática captem com rapidez e precisão narrativas clínicas para melhorar o faturamento, produtividade e atendimento ao paciente.

VAGUE go.nmc.org/sphinxA Universidade Carnegie Mellon criou um conjunto de ferramentas de código aberto para o reconhecimento de voz em dispositivos Kindle chamado VAGUE, que permite aos usuários navegar pelo leitor, carregar várias ferramentas e mais ações pontuais ao escrever um novo código.

Para Ler MaisOs seguintes artigos e recursos são recomendados para aqueles que desejam aprender mais sobre assistentes virtuais:

Beyond the GUI: It’s Time for a Conversational User Interface go.nmc.org/cuiwi(Ron Kaplan, WIRED, 21 de março de 2013.) Ron Kaplan — um linguista, matemático e tecnólogo — prevê o surgimento iminente da interface de conversação do usuário, que é baseado em tecnologias de reconhecimento de voz e de aprendizado de máquina.

New Virtual Assistant Anticipates Needs During Conversationgo.nmc.org/needs(Tyler Falk, Smart Planet, 18 de janeiro de 2013.) O autor desta publicação descreve o novo aplicativo para iPad chamado MindMeld que, em vez de responder às perguntas, analisa e compreende o conteúdo de conversas online, a fim de fornecer informações úteis.

Talk to the Phone: Google’s Moto X Virtual Assistant Raises Smartphone Bargo.nmc.org/talkto(Peter Nowak, CBS News, 13 de agosto de 2013.) O autor apresenta um relato pessoal de como o assistente virtual Google Now ajudou ele e sua esposa em uma viagem em todo o nordeste dos Estados Unido.

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Comitê de Especialistas do NMC Horizon Project: Edição Ensino Superior 2014

Larry JohnsonCo-Principal InvestigatorNew Media ConsortiumUnited States

Malcolm BrownCo-Principal InvestigatorEDUCAUSE Learning InitiativeUnited States

Samantha Adams BeckerLead Writer/ResearcherNew Media ConsortiumUnited States_______________________________

Bryan AlexanderBryan Alexander Consulting, LLCUnited States

Kumiko AokiOpen University of JapanJapan

Andrew BarrasFull Sail UniversityUnited States

Helga BechmannMultimedia Kontor Hamburg GmbHGermany

Michael BermanCSU Channel IslandsUnited States

Kyle BowenPurdue UniversityUnited States

Joseph CevetelloUniversity of Southern CaliforniaUnited States

Deborah CookeUniversity of OregonUnited States

Alisa CooperMaricopa Community CollegesUnited States

Crista CoppLoyola MarymountUnited States

Eva de LeraRaising the Floor, InternationalSpain

Veronica DiazEDUCAUSE Learning InitiativeUnited States

Kyle DicksonAbilene Christian UniversityUnited States

Barbara DieuLycée PasteurBrazil

Allan GyorkeUniversity of MiamiUnited States

Tom HaymesHouston Community CollegeUnited States

Don HendersonApple, Inc.United States

Richard HoletonStanford UniversityUnited States

Paul HollinsJISC CETISUnited Kingdom

Helen KeeganUniversity of SalfordUnited Kingdom

Jolie KennedyUniversity of MinnesotaUnited States

Lisa KosterConestoga College Instituteof Technology and AdvancedLearningCanada

Vijay KumarMassachusetts Institute of TechnologyUnited States

Michael LambertConcordia International Schoolof ShanghaiChina

Melissa LangdonUniversity of Notre DameAustraliaAustralia

Ole LauridsenAarhus UniversityDenmark

Deborah LeeMississippi State UniversityUnited States

Holly LudgateNew Media ConsortiumUnited States

Damian McDonaldUniversity of LeedsUnited Kingdom

Rudolf MumenthalerUniversity of Applied Sciences,HTW ChurSwitzerland

Andrea NixonCarleton CollegeUnited States

Michelle Pacansky-BrockMt. San Jacinto CollegeUnited States

Ruben PuenteduraHippasusUnited States

Dolors ReigOpen University of CataloniaSpain

Jaime ReinosoPontificia Universidad Javeriana,CaliColombia

Jochen RobesHQ Interaktive Mediensysteme/WeiterbildungsblogGermany

Jason RosenblumSt. Edward’s UniversityUnited States

Wendy ShapiroCase Western Reserve UniversityUnited States

Ramesh SharmaIndira Gandhi National OpenUniversityIndia

Bill ShewbridgeUniversity of Maryland, BaltimoreCountyUnited States

Paul SignorelliPaul Signorelli & AssociatesUnited States

Cynthia Sistek-ChandlerNational UniversityUnited States

Kathy SmartUniversity of North DakotaUnited States

David ThomasUniversity of Colorado DenverUnited States

David WedamanBrandeis UniversityUnited States

Neil WittUniversity of PlymouthUnited Kingdom

Alan WolfUniversity of WisconsinUnited States

Matthew WorwoodUniversity of ConnecticutUnited States

Jason ZagamiGriffith UniversityAustralia

Tiedao ZhangOpen University of BeijingChina

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Para o NMC Horizon Report: Edição Ensino Superior 2014, um comitê de especialistas identificou 18 tópicos com grande probabilidade de impactar o planejamento e tomada de decisão em relação ao uso da tecnologia: seis tendências chaves, seis desafios significativos, e seis desenvolvimentos importantes em tecnologia educacional.

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ISBN 978-0-9914828-1-8

T 512-445-4200F 512-445-4205E [email protected]

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