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I Antologia Elos d´África · Todos os textos que compõem este livro são propriedades intelectuais única e exclusivamente de seus respectivos autores, sendo também dos mesmos

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I Antologia Elos d´África

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Nossos Versos

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1ª Antologia Elos d`Africa

Nossos

Versos

Angola

Brasil

Guiné-Bissau

Moçambique

Organização

CASO

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I Antologia Elos d´África

4

© copyright autores diversos, 2017.

All rigths reserved.

Todos os direitos desta edição reservados ao autor.

Edição, capa e projeto gráfico: Cláudia Santos Oliveira.

Revisão final: Cláudia Santos Oliveira

Imagens: Site Pixabay – www.pixabay.com

Todos os textos que compõem este livro são propriedades

intelectuais única e exclusivamente de seus respectivos autores,

sendo também dos mesmos a responsabilidade pela revisão

ortográfica.

Nossos Versos: I Antologia Elos d´África /

Organização Cláudia Aparecida Santos Oliveira. – Juiz de Fora

(MG): (s.n.), 2017.

144 p. : il. ; 14 x 21 cm

ISBN 978-85-919182-2-5

1. Literatura – Poesia. I. Título.

Conforme a Lei 9.640/98 é proibida a reprodução total e parcial ou

divulgações comerciais sem a autorização prévia do autor, por

escrito, sob a pena de constituir violação de copyright (Lei 5.988)

CASO Edições

[email protected]

+55 32 98853 3149

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Nossos Versos

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APRESENTAÇÃO

A ideia da Antologia surgiu em um grupo do Messenger “O

Saber de Todos” e conta com a participação de poetas de 4

países – Angola/ Brasil / Guiné-Bissau/ Moçambique, como

forma de promoção da arte que nos une.

“Nossos Versos “ é a primeira de muitas Antologias que virão

do projeto “Elos D´Africa”, que tem como objetivo a

promoção, divulgação e disseminação da literatura e arte

africana e afrodescendente em todas as suas vertentes.

A Antologia está organizada em 18 temas – Trabalho / Deus /

Vida / Amizade / Futuro / Pessoas / Liberdade / Perdão /

Felicidade / Amor / Família / Natureza / Sabedoria / Motivação

/ Morte / Ódio / Paz / Artes, onde cada poeta, dentro do tema

escolhido, pode versejar livremente suas inspirações e

aspirações, sendo o resultado final esse belíssimo trabalho.

São 24 poetas – 13 angolanos / 2 brasileiros / 1 guineense / 8

moçambicanos que se reuniram nesse projeto, com a

finalidade única de levar adiante a poesia - nossa arte, nosso

estilo, nossa comunicação - como forma de contribuirmos para

um mundo melhor.

Murilo Mendes escreveu que “a poesia não pode nem deve ser um

luxo para alguns iniciados: é o pão cotidiano de todos, uma aventura

simples e grandiosa do espírito. ” Comungando do mesmo

pensamento, nasceu essa Antologia, escrita por NÓS, feita

para TODOS.

Cláudia Aparecida Santos Oliveira

Juiz de Fora/MG

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I Antologia Elos d´África

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É mentira! Saiba para que não vos enganem:

Ninguém nasce poeta!

A vida é a mais vasta sala onde todos nós podemos formar

e nos tornarmos poetas.

Você pode poetar tudo.

Absolutamente tudo é um motivo para poesia neste mundo:

As lagrimas que caem,

as folhas que voam,

os homens que caem,

(ou os homens que traem)

o beijo que fugiu dos teus lábios,

o amor que com um ato de amor tatuou sua vida,

as dores incuráveis,

as alegrias memoráveis,

os proibidos amores (esses são os maiores!)

Com ou sem rimas, métricas, ou sei lá,

a poesia é mais do que isso: Ela atinge patamares que sei lá!

Se alguém disser que você nasceu poeta,

você já pode gritar:

- É mentira! Ninguém nasce poeta.

(In: Analogia – Antologia Poética. Ukwakusima Jonas – poeta e

escritor angolano)

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Nossos Versos

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Sumário

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 5

BIOGRAFIAS ........................................................................................................................... 9

TRABALHO........................................................................................................................... 35

ALEGRIA DAS LÁGRIMAS .......................................................................................... 36

BALALAICAS CANSADAS .......................................................................................... 38

NOVAS FLORES, NOVAS PRIMAVERAS. ................................................................. 39

TRABALHO EM EQUIPA .............................................................................................. 40

DEUS ...................................................................................................................................... 41

DEUS DOS DEUSES ........................................................................................................ 42

TUA LUZ .......................................................................................................................... 44

RENASCIMENTO ........................................................................................................... 45

TERRA PROMETIDA ..................................................................................................... 46

VIDA....................................................................................................................................... 47

VIVE A VIDA ................................................................................................................... 48

UMA CARTA PARA MINHA MÃE ............................................................................. 50

O QUE É A VIDA? .......................................................................................................... 51

VIDA (TAUTOINDRISO) ............................................................................................... 52

AMIZADE .............................................................................................................................. 53

MEU ANJO, MEU AMIGO ............................................................................................ 54

TERRÁQUEOS. ............................................................................................................... 56

A VOCE MEU AMIGO ................................................................................................... 57

O QUE EU QUIS QUERER ............................................................................................. 58

FUTURO ................................................................................................................................ 59

SEM PRESSA.................................................................................................................... 60

VERDADES EQUIDISTANTES ..................................................................................... 62

COMO SERA A NOSSA HISTORIA? ........................................................................... 63

REJUVENESCENDO DOS VERSOS ............................................................................. 64

PESSOAS ................................................................................................................................ 65

PEDAÇOS DE VOCÊ ...................................................................................................... 66

GERAÇÃO DA UTOPIA. ............................................................................................... 68

SAUDADES DAS PESSOAS .......................................................................................... 69

TODOS NOS SOMOS PESSOAS ................................................................................... 70

LIBERDADE .......................................................................................................................... 71

O ROSTO HERMÉTICO. ................................................................................................ 72

O QUE PRECISA O POETA? ......................................................................................... 74

LIBERDADE É MEU VERSO ......................................................................................... 75

ESTRANHA LIBERDADE PRESA ................................................................................ 76

PERDÃO ................................................................................................................................ 77

PERDOA-ME ................................................................................................................... 78

PERDÃO, EU QUIS DIZER ............................................................................................ 80

TEM CHEIRO DE PERFUME ........................................................................................ 81

TAUTOINDRISO AO PERDÃO .................................................................................... 82

FELICIDADE ......................................................................................................................... 83

QUANDO EU ESCREVO ............................................................................................... 84

SER FELIZ, ACHO QUE MEREÇO. .............................................................................. 86

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I Antologia Elos d´África

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PARA SER FELIZ ............................................................................................................ 87

SER FELIZ ........................................................................................................................ 88

AMOR .................................................................................................................................... 89

UMA VIDA AO TEU LADO .......................................................................................... 90

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA............................................................................... 92

GOTAS DA SAUDADE .................................................................................................. 93

AMOR ............................................................................................................................... 94

FAMILIA ................................................................................................................................ 95

MEU NOVO LAR ............................................................................................................ 96

DO VIRTUAL A UNIÃO - UMA NOVA FAMÍLIA ................................................... 99

ESTIRPE NATURAL ....................................................................................................... 98

ODEIO A MINHA EXISTENCIA ................................................................................ 100

NATUREZA ........................................................................................................................ 101

NATUREZA ................................................................................................................... 103

O DESPERTAR DA ROSA ........................................................................................... 104

PROCURO… .................................................................................................................. 105

PARAISOS INVERTIDOS ............................................................................................ 106

SABEDORIA ........................................................................................................................ 107

AINDA NÃO ME CONQUISTEI ................................................................................ 108

SABEDORIA .................................................................................................................. 110

SABEDORIA POÉTICA ................................................................................................ 111

SUPREMA SABEDORIA .............................................................................................. 112

MOTIVAÇÃO ..................................................................................................................... 113

MOTIVAÇÃO ................................................................................................................ 114

A MOTIVAÇAO DOS MEUS POEMAS ..................................................................... 116

TUDO E TODOS ............................................................................................................ 117

INTUITO ........................................................................................................................ 118

MORTE................................................................................................................................. 119

ACHO QUE MORRI ..................................................................................................... 120

FARRAPOS DO MEU FALECIDO POEMA .............................................................. 122

MORTE, A DOCE VIAGEM. ....................................................................................... 123

SILÊNCIO MORTÍFERO .............................................................................................. 124

ODIO .................................................................................................................................... 125

RELATO DAS LÁGRIMAS .......................................................................................... 126

ABOMINAÇAO ............................................................................................................ 128

ASSOBIAR DAS LOMBRIGAS .................................................................................... 129

ODIO POLITICO ........................................................................................................... 129

PAZ ....................................................................................................................................... 131

GRITO D'ALMA ............................................................................................................ 133

ENCONTREI PAZ NOS BRAÇOS DE OUTRA ......................................................... 134

DESEJO PROFUNDO ................................................................................................... 135

PAZ ................................................................................................................................. 136

ARTES .................................................................................................................................. 137

DIÁLOGO COM DEUS ................................................................................................ 138

ARTES ............................................................................................................................. 140

MISTÉRIO ...................................................................................................................... 141

LITERATURA ................................................................................................................ 142

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BIOGRAFIAS

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Cris P. Poetisa é pseudônimo literário de Cristina Ferreira.

Nascida aos 23 de abril de 1975, a poetisa tem a idade da

independência do seu país. É natural de Cabinda / Angola da

tribo dos Mu Uóyo.

Esteticista de profissão, descobriu em si a paixão pelos escritos

e abraçou a arte poética. Todavia a poesia não é o seu cais

pretendendo navegar em outros gêneros ou estilos da

literatura. Sonha um dia ser lembrada como escritora no seu

país e no mundo e tem investido para que este sonho seja uma

realidade.

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Nossos Versos

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Lady Adelina Domingos Rosa, nascida aos 28 de julho de 1981,

funcionária do Ministério da Comunicação Social, licenciada

em Relações Internacionais e em Direito, é activista social na

luta contra violência doméstica, cancro da mama, HIV/SIDA,

delinquência, drogas e alcoolismo.

Amante da arte de escrever e de declamar, enraizou-se ao

mundo da poesia e literatura aos 20 anos, onde nasceu o

fascínio pelas letras. A necessidade de transpor os seus

sentimentos e de dar vida as letras em papel branco suscitou a

vontade de transcrever os mais variados sentidos e

sentimentos da alma em forma de poesia e a partir de 2007

começa a escrever maduramente.

Conhecida nas fainas artísticas como a “poetisa dos pés

descalços”, encena desde a arte de declamar nos palcos dos

espaços Bahia, Kings Club, Chapa Quente, nos centros

culturais Chá de Cachinde, Recreativo Roseira e Car do Céu,

em atividades de carácter cristão e eventos por convite.

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Fênix Ukwakusima

pseudónimo de

António Bento da

Silva, nasceu aos 04 de

abril de 1989, no

município da

Maianga, província de

Luanda/ Angola. Filho

de Silva Manuel

Francisco, e Lourença

Manuel Bento.

Teve o seu primeiro

contacto com os livros

no Colégio Redentor

(Prenda), sendo hoje

licenciado em Direito.

Com os olhos fixos no além, pensa em dar sequência na busca

que na verdade é incessante: o saber. A mesma só foi possível

por ser um Ukwakusima (nome oriundo da língua Bantu

materna Umbundo que significa: O PENSADOR ANILSON).

Apesar de ser também cantor e compositor do estilo Hip Hop,

é docente, formado pela Escola de Professor do Futuro (EPF).

Desde cedo teve como mentor: Francisco José Dos Santos,

Paulo Viera (wanguenonguena), Ukwakusima Jonas (Pedro M.

Araújo) e seu amado avô Pedro Barroso. Família como Wilson

Oumuto e EL Miore Ukwakusima muito têm feito para que

não pare de escrever.

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Nossos Versos

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Marcelino Kambuale Kassinda Figueiredo é o nome que lhe foi

atribuído depois do seu nascimento em 1994.

Actualmente é Secretário do Movimento Litterágris.

Participação em duas revistas literárias sendo uma

internacional (Revista OMNIRA).

Coautor da Antologia Poética “O Canteiro Poético”.

Conhecido pelo pseudónimo literário “Pequeno

Ukwakusima”, dedica parte do seu tempo a escrever suas

obras intituladas de “Grito das Almas” e a “Preguiça de

Deus”.

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Euclides Da Flora nascido em 28 de maio de 1995 em Maputo/

Moçambique, teve sua primeira interacção com o mundo das

palavras através de influências do seu melhor amigo quando

tinha 12 anos.

Actualmente é Escritor, Poeta, Cronista e Articulista e têm

publicado os seus artigos em jornais, blogues e sites.

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Carla Amélia Ó da Silva pseudónimo Osilva, de nacionalidade

Moçambicana, natural de Nampula é residente em Angola-

Luanda desde 2008. Licenciada em Administração pela AIEC-

Associação Internacional de Ensino Continuado.

Membro da Lev´arte, no qual incentiva jovens a ganharem

o gosto pela literatura elaborando palestras em diversos locais.

Membro fundadora da SOCULTURA - Sociedade Cultural e

Social desde 2016 que tem como objectivo incluir a arte e

cultura nas comunidades criando atendimento diversos nas

áreas sociais, psicológicas e outras.

Tem o prazer de participar em diversas atividades solidárias.

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Natalino Caetano Domingos (Mavu Keyambata) nasceu aos 25

de dezembro de 1978 em Luanda-Angola. É estudante e

trabalhador.

Membro da brigada jovem de Literatura no Huambo, do

movimento Lev`Arte Huambo e da UNAC-SA. Huambo,

Mavu Keyambata, começou a escrever em 2011.

Coautor na Antologia “O Canteiro Poético” publicada em 2015

em Luanda e na Antologia “Quatro Estações” publicada em

2016 no Brasil.

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Nossos Versos

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Emanuel Lima, nasceu na

Gamek, na província de

Luanda/ Angola há 15 de

julho de 1996.

Técnico médio em Ciências

Económicas e Jurídicas,

participou de várias

antologias e foi com o

pseudónimo Abstracionismo

Lírico que deu início a sua

carreia de escritor.

Leitor compulsivo e ávido

praticante em causas sociais,

apoia activamente diversas

instituições de beneficência. É também cantor, e actor. Cristão

devoto e activista social.

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I Antologia Elos d´África

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Emansoul é o pseudônimo literário de Manuel Neto, angolano,

nascido em Luanda e com uma infância vivida em diversas

zonas da referida Província.

A sua obra se vê reflectida em seu quotidiano, com

experiências próprias e observações feitas, mas que não o

proíbe de usar da imaginação quando a situação favorece.

Participou na antologia “O CANTEIRO POÉTICO” e está a

escrever “A QUÍMICA DA POESIA ” e “UM EU EM VÁRIAS

ALMAS”.

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Nossos Versos

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Lourenço Mussango, nascido aos 12 de agosto de 1987, na

cidade de Luanda, em Angola. É finalista do Curso de

Comunicação Social pela Faculdade de Ciência Sociais da

Universidade Agostinho Neto.

Amante das letras e do conhecimento, é Assistente Editorial e

membro do Conselho de Leitura da renomada Mayamba

Editora. É também redactor da revista angolana Jovens da

Banda e do portal de notícias Bateu Bwé.

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I Antologia Elos d´África

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Demair de Lourdes Cavalcante De Oliveira (Luca Oliver)

nasceu em Alterosa, entre as montanhas de Minas Gerais.

Trabalha há 25 anos na área da Educação. Curso superior em

Pedagogia.

Participou com seus escritos nas Antologias Lusófona e Terra

Brasil.

Apaixonada por África e sua gente, tem amor incondicional

por poemas e poesias.

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Nossos Versos

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Mauro José da Silva é um jovem moçambicano, que vive na

cidade de Maputo (outrora Lourenço Marques), nascido em 06

de abril de 1995. Estudante de Letras na Escola Particular Isaac

Newton, 12 Classe (finalista). Amante da literatura, começou a

escrever os seus primeiros textos nos finais de abril de 2015.

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I Antologia Elos d´África

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Leonel LMB é nome

artístico do escritor

Leonel Marinha

Bassunga, angolano,

nascido em Luanda.

A sua obra se vê

reflectida em seu

universo imaginário,

com influência do

cinema e observações

feitas no quotidiano

quando a situação

favorece. Apaixonado

por contos está a escrever o seu livro “O Diário Proibido".

Actualmente está mais focado no estudo e no seu livro de

contos. Seus trabalhos têm tido uma boa aceitação junto ao

público juvenil através do seu modo de escrita um pouco

exagerado sobre a realidade.

Seus trabalhos se encontram na página "Lar do Saber"

https://www.facebook.com/Lardosaber1/?fref=ts

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Nossos Versos

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Mahiriri Ossuka, é M’makhua de Nampula (Moçambique),

contador de estórias oral e visual. Membro do Bar de

Escritores (BDE) – Brasil, Combatemos com Arte (ComArte) –

Moçambique, Organização Literária de Escritores e Princípios

Artísticos (OLEPA) – Moçambique.

Publicou em 3 Antologias desde 2012, em revistas, páginas e

blogs online. Em paralelo, desde 2015 reside e trabalha em

Maputo na área de cooperação para o desenvolvimento.

Pode conhecê-lo em www.facebook.com/mahiriri.ossuka

e www.ossuka.blogspot.com

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Daúde Nossi Amade é seu nome completo, nascido em 23 de

setembro de

1994, Maputo

cidade capital de

Moçambique.

Tem como

repartição de si

em “sis” os

seguintes

pseudónimos:

poeta Diurno, com quem assinava seus textos nas redes sociais

até 2014 e actualmente assina, também, como Jorge Apolo “um

poeta erótico” e Apollo de Belvedere “uma emanação

poeticamente clássica ao estilo moderno’’. É poeta, mas

aventura-se, por vezes, na escrita de artigos de opinião e

científicos. Estudante de Filosofia na Universidade Pedagógica

- Maputo, é membro da Associação Fénix como poeta, co-líder

e entrevistador de novos integrantes.

Participa afincadamente na produção e divulgação de uma

nova forma de fazer poesia, o Tautoindriso criado pelo escritor

e poeta moçambicano Norek Red.

Participou da antologia poética portuguesa denominada

“Liberdade Individual” coordenada por António Leite de

Magalhães no ano de 2013, e, ainda, participou da antologia

poética, também portuguesa organizada pelas Edições Hórus

denominada O Sonho em Poesia - vol. 1, lançada no final do

ano de 2015.

www.recantodasletras.com.br/autores/daudeamade

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Nossos Versos

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Keli Dee Correia,

guineense atualmente

vivendo na Guine -

Bissau, um jovem

cheio de talento com

muito amor e paixão

que gosta de

desenvolver a sua

comunicação através

da escrita.

Natural de Bissau,

cresceu num dos

famosos bairros de Bissau, Bandim 2. Muito cedo gostou de

trabalhar. Como escritor, fazendo trabalhos de jornalismo,

começou a participar com pequenos escritos no Jornal Diário

Bissau. Participou no FESNAC como sendo um dos mais

novos artistas plásticos.

Em 2003 com muita energia foi para Dakar - capital do Senegal

onde se formou em Informática. Depois de muitos anos de

experiência hoje pretende fazer o que gosta, trabalhar para a

sua comunidade, onde quando sentiu o que a Guiné-Bissau já

estava estável, apresentou em janeiro 2015 o seu primeiro

programa “Guia Do Sucesso”.

Neste país pequeno, lindo e com um povo humilde, ainda

existem muitos jovens assim, o que se deve fazer é valorizar.

Para ele, considera como um sonho realizado ter um projecto

como o “Guia Do Sucesso” e deseja ainda fazer mais para a

Guiné-Bissau, sendo o Guia Do Sucesso o primeiro passo.

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I Antologia Elos d´África

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Arnaldo Tembe de nome

completo Arnaldo Augusto

Tembe, é um aspirante a

poeta e escritor.

Moçambicano e apaixonado

pela arte escrita, começou a

sua viagem literária em 2012.

Membro de dois grupos

literários nomeadamente:

MOLEKA (Movimento Literário e Ensaísta Kamubukwana) e

o Movimento Artístico a Fênix, ambos sediados em Maputo

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Nossos Versos

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Félix Cossa é natural e residente em Maputo, capital de

Moçambique. É Professor em exercício nas Escolas de Maputo

e Marracuene. Actualmente é finalista no curso de Ensino de

Inglês e Português na FCLCA da Universidade Pedagógica.

O bicho de escrever lhe mordeu ainda no primário, mas

somente no ano de 2015 passou a tornar os seus textos

públicos através das redes sociais.

Participou de Antologias em Portugal e Brasil e tem sido

agraciado por prêmios encorajadores de alguns grupos de

Lusofonia tais como o Prestigiado Grupo Brasileiro "Poetas

que Choram e Amam". Foi convidado pelo Blog Brasileiro ”E

Daí” e no mesmo publica. Assina os seus textos com o

pseudónimo de Minyentani Waka Khossa.

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I Antologia Elos d´África

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Norek Red – Kheron-Hapuch de Esperança Nhabomba nasceu

a 09 de dezembro de 1996 na cidade de Maputo/Moçambique.

Cativou-se pela literatura aos 12 anos de idade.

Em 2015, lançou sua obra de estreia na embrionária e artesanal

Editora Vonakalissa.

Licenciando-se em Sociologia na Universidade Pedagógica

(UP), pacifista, activista cultural, apaixonado por Filosofia e

fascinado pelo espírito criativo, este é também o criador da

modalidade poética TAUTOINDRISO, inspirado nos Indrisos

e Tautogramas no qual se dedica actualmente com vista a

aprimorá-lo e expandi-lo.

Contacto: [email protected]

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Nossos Versos

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Veloso Cacunga

Buto, conhecido

pelo pseudónimo

literário de Puto da

Poesia nascido em

Luanda, 12 de

Dezembro, filho de

angolanos (Miguel

Buto e Inês

Cacunga), teve sua

infância no

Cazenga.

Sua vida acadêmica teve inicio no Cazenga na escola 723

situada no Cazenga bairro Tala-hady. Em 2008: frequentou a

Escola Posoca onde fez o seu ensino secundário; 2013: cursou

Ensino Médio – Electrônica e Telecomunicações no Instituto

Médio Privado de Tecnologias.

Entrou para o mundo das letras em 2012 como poeta e

declamador, influenciado por seu amigo Viegas dos Santos,

escritor rodeado de escritores consagrados. Tem dado passos

firmes para o crescimento nesta arte maravilhosa que é a

poesia.

Seus escritos reflectem a angolanidade e suas verdades são

sublinhadas em seus versos. No mundo da literatura

mergulha em contos, crônicas e poesias, admitindo que a sua

praia é mesmo a poesia.

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I Antologia Elos d´África

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Dya Chamavo de nome próprio Germano de Carvalho Bom

Despacho, nasceu aos 10 de agosto de 1987, no Município de

Lobito, Província de Benguela e foi criado em Luanda.

Escritor, poeta, modelo, é estudante universitário da

Universidade José Eduardo dos Santos (UJES).

Membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola-Huambo

(BJL)

Membro do Movimento Lev´Arte-Huambo.

Membro e colaborador da União Nacional dos Artistas e

Compositores do Huambo-UNAC,

Membro da Associação Provincial da luta contra as Drogas.

Vencedor do I Concurso Literário de Noémia de Sousa 2016,

com poesia intitulada “Se Quiseres Me Conhecer”.

Autor do livro “Reflexão da Vida - Poesia” lançado em 2016

pela Editora do Carmo/Brasil.

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Nossos Versos

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Armindo Viegas dos

Santos, filho de Reis dos

Santos e de Lucrécia Daniel

Viegas, nascido aos 06 de

janeiro de 1992 em

Luanda/Angola, município

do Cazenga.

Concluiu o ensino médio

no Colégio Famon no curso

de Ciências Económicas e

Jurídicas no ano de 2010.

Em 2012 ingressou para a

Universidade Técnica de

Angola onde se licenciou em Relações Internacionais.

Contabilista de profissão onde acarreta algumas formações

profissionais neste ramo como Contabilidade Sénior pela

Escola Técnica de Auditoria e contabilidade (ETAC),

Operações Bancárias Gerais pelo Instituto de Formação

Bancárias de Angola (IFBA), Operações Bancárias de

Estrangeiro e Atendimento ao Público pelo mesmo instituto.

Viegas dos Santos é pai de filhos gémeos e escreve há cinco

anos, mas como poeta faz apenas três.

Participou da Antologia Poética “O Canteiro Poético” obra

lançada na União dos Escritores Angolanos.

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Hélder Oliveira nasceu em Luanda/Angola em 1980.

Apaixonado por cinema e música, tem no rock o seu estilo

preferido.

Começou a escrever por influência do seu amigo e irmão

Hélder Winbo Jonas e de lá para cá não parou mais. Através

do Facebook conheceu poetas que passou a admirar e a

acompanhar o trabalho e a partir de grupos voltados para a

poesia viu seus escritos conquistarem novos leitores e amigos

e a ganhar o mundo.

Era poesia. Virou amor e esse amor o trouxe ao Brasil para se

unir em matrimônio com Cláudia Santos Oliveira, sua esposa,

mãe, amiga, irmã e acima de tudo sua grande admiradora.

Juntos escreveram o livro “Quero Dizer o Que Sinto”, que será

lançado em breve.

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Nossos Versos

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Nascida em Juiz de Fora/MG em 1981, formada em Ciências

Contábeis, Cláudia Santos Oliveira assina também com o

heterônimo no universo da poesia romântica e sensual como

Anabella Valentine.

Aventurou-se no mundo das escritas em meados de 2014,

quando a partir da criação de uma fanpage e publicação em

grupos no Facebook correrem o mundo até chegar em Angola,

onde conquistou grandes amigos e o seu amor, Hélder

Oliveira com quem divide não só esse livro, mas a vida.

Autora dos livros “Poesia Suja na Rua do Amor” e “Mãos com

Alma – Há Poesia em Mim”, organizadora e editora das obras

“Quero dizer o que sinto” de Hélder Oliveira e “Analogia –

Antologia poética” de Ukwakusima Jonas.

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“A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação

capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária

por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior.

A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento

maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal.

Inspiração, respiração, exercício muscular. [...]Voz do povo, língua

dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e

maldita, popular c minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida,

falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem

afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o

vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana! ”

(In: O arco e a lira. Octávio Paz, poeta e ensaísta mexicano)

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TRABALHO

Pequeno Ukwakusima

Mahiriri Ossuka

Luca Oliver

Viegas dos Santos

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“Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem

um dia na tua vida.” (Confúcio)

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ALEGRIA DAS LÁGRIMAS

Emprestei aos ventos

alguns versos de poesia.

Embora dispersos,

neles vê-se a magia transcender a flor do belo

pintadas de pensamentos esotéricos,

correandam nos buracos

deixando secar lágrimas no tempo.

Assim filosofalam os homens,

tentando limpar a dor com trapos usados.

Eu pinto presentes nas vésperas de cacimbo1.

Viver faz-se com passos outrora vividos.

Tal como Deus, o futuro não se vê!

Acostumei a colher verso por verso,

a roubar dos prantos seres caídos,

sinceros risos

e novos olhares deste partido mundo.

Quadros palhaços vertem alegria,

cantalegram no nascer do sol

e no morrer da lua entre as nuvens.

Pequeno Ukwakusima

1 Cacimbo: é um dialeto utilizado para se referir a parte fria do ano. Tempo de frio

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BALALAICAS2 CANSADAS

Eles devem reconhecer-me ainda hoje.

A partir do meu estilo velho e do traje,

verão que cheguei e sou o mais grande

de todos aqueles de que eu mando.

Eu sou o chefe destas pedras velhas.

Todas ficam de pé quando passo entre elas.

De costas avolumadas e bem lentas,

aos grãos de areia de fora, lá vou eu

aos discursos velhacos da boca que comeu

e em seguida a boca limpou e disse que não.

Nem sequer a migalha da castanha viu,

nem tão pouco do camarão algo saiu

que justificasse a exploração que nunca foi em vão!

Mahiriri Ossuka

2 Balalaicas: Modelo de Camisa executiva de algodão ou linho com três bolsos. Geralmente usada por gente de alta classe e que ocupa cargos de chefia.

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NOVAS FLORES, NOVAS PRIMAVERAS.

A aurora ainda não surgiu

Manhã coberta pela neblina

Meu corpo ainda cansado sabe que é hora de levantar.

Lavo meu rosto nas cristalinas águas do riacho.

Um café magro irei tomar.

No embornal de pano, a matula, a água, pão e um café frio.

Velhas botinas calçam meus pés.

Caminho por entre arvores, flores e verdes campos.

Trago na alma a esperança de um dia vencer.

No horizonte o sol aos poucos ilumina os campos dourados

cobertos de trigo.

Meus ombros já nem sentem o peso da enxada.

Minhas mãos calejadas ainda sentem a suavidade das flores

silvestres.

Canto canções aprendidas de meu avô acompanhada pelo

canto dos pássaros que se alegram por mais um amanhecer.

Sinto-me feliz ao ver o trigo como um tapete por sobre a terra,

fruto do trabalho de minhas mãos.

No peito a certeza de que o sol se levanta a cada dia fazendo

desabrochar novas flores, novas primaveras.

Luca Oliver

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TRABALHO EM EQUIPA

Os seres humanos egoístas

vivem como lobos solitários.

Isolados nas suas ideias e convicções,

ignorando a importância da equipa,

são competidores uns dos outros.

Condicionadores do desenvolvimento,

guerrilham em prol dos seus territórios

enquanto a aldeia global vive ao relento.

E se a vossa ambição individual

não absorvesse o bem comum,

talvez se baixaria a bandeira do capital

e se ergueria a bandeira da humanidade,

trabalharíamos em prol da paz no mundo.

Católicos e protestantes, cristãos e muçulmanos,

negros e brancos, capitalistas e socialistas.

No trabalho o melhor resultado obtido

é quando cada um faz o que é melhor

para si e para o grupo.

Viegas dos Santos

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DEUS

Félix Cossa

Veloso Buto

Arnaldo Tembe

Cláudia Santos Oliveira

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- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é

um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!

- Você é louco?

- Não, sou poeta.

(Mario Quintana)

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DEUS DOS DEUSES

Outrora o Deus Africano

era louvado debaixo das frondosas arvores

onde jorravam muito sangue

de animais sacrificados em nome dos nossos Xicuembos3

com aguardente e Mbangue4

A mistura temperando o ritual.

Eis o europeu, que em nome da salvação,

dos valores e da moral,

incutiu-nos a civilização

matando o ego do nosso eu,

lavando-nos a mente e usurpando-nos a terra,

usando a Bíblia como escudo para saquear nossa terra,

atiçar entre irmãos a guerra para lhes dar como prêmio a

escravidão.

Deus nosso, Deus dos Deuses,

nós somos filhos seus.

Louvado seja o Senhor, Nosso Criador

e das nossas almas o protector.

Somos diferentes iguais aos dedos das mãos

e porque por nós morreste na cruz, rogamos a vossa luz.

Que entre nós não haja filhos e enteados, mas sim muita paz,

harmonia e amor.

Amém!

Félix Cossa

3 Xicuembos: Deus 4 Mbangue: cannabis sativa

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TUA LUZ

Lágrimas banham os olhos

Coração mutilado e descuidado

Boca seca pela ausência das palavras

que deixam esse ser imaculado.

.

Estou amargurado e impuro

Rosto abatido de solidão

Sem o meu Deus sinto-me inseguro

Tu és a minha Luz. Tira-me da escuridão.

.

Preciso da Sua bendita Luz

Sou um mau condutor

Senhor me conduz!

.

Tenho temor da Sua presença

Sinto-me morto na Tua ausência

Derrama sobre mim a Sua Essência.

.

Veloso Buto

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RENASCIMENTO

Já estive nessas terras amparando guerreiros derrotados.

Também sou um deles resgatado pelas Mãos Divinas.

Já morri nesta vida acordando em sonhos que alegraram os

pensamentos dos outros discípulos.

Ressuscitei em Cristo.

Nessas terras já estive amparando olhos solitários, carregando

palavras cheias de bênçãos.

Arnaldo Tembe

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TERRA PROMETIDA

A Ti meu Deus elevo a minha voz,

minha alma, meu ser e todo meu clamor.

Só em Ti está o alívio para a dor.

Na Tua Presença luz que brilha sobre nós.

A Ti devoto toda a minha existência.

Em Tua Palavra a vida ganha novo valor.

Triste daqueles que vivem longe do Teu amor,

e iludidos se perdem na vã experiência.

Questiona-se os males, as guerras, as mortes.

É tanto sofrimento que a raça humana padece!

A fé não nos falta, estamos entregues a sorte?

Tua misericórdia é o que esse mundo carece.

Seja providente, Senhor, eternamente o suporte

dessa nação que sofre, mas com Teu amor se fortalece.

Cláudia Santos Oliveira

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VIDA

Emanuel Lima

Adelina Rosa

Germano de Carvalho

Mauro José da Silva

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“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a

pena ter nascido.” (Fernando Pessoa)

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VIVE A VIDA

Às vezes, sobrevivemos ao invés de viver, fartando-nos de

queixas. De repente a vida dá uma chapada e nos lembra que

o amanhã não é certo e que só temos uma vida para viver.

Com o coração sangrando, mãos cheias do vazio, aspiramos

desistir dessa caminhada. Nada é certo e o amanhã pode não

chegar. Tão fácil falar, o que é difícil é fazer e quando as coisas

não estão bem ainda assim podem piorar.

Os dias cinzas invadem nossa vida e deixam-nos sem saber o

que dizer. Inspirados pelo nada, a solidão é nossa humilde

companheira. Ás vezes a vida é tão madrasta que nos arranca

a alegria sem maneira e obriga-nos a sorrir ao ver e viver com

prato vazio e da fome cheia.

Sopra-nos como vento para lá da nossa mente-residência.

Subjugados não pelo que somos mas pelo que temos.

Vida morta, só os que têm merecem um olhar com modéstia.

Cadáver andante, sem trajeto, como se não vivêssemos.

Cansado das bassulas5, paro e penso: - Um dia darei um tiro

na minha própria cabeça. A um passo da aniquilação, uma voz

berra baixinho. É a voz da minha consciência: - Ei, vive a vida,

tira proveito até o fim da corrida. Põe-te de pé e grite bem alto:

- Eu estou vivo e vou viver a vida, pois ela é bela... é linda.

Independente de sofrer uma e outra vez, nada tira a

exuberância de caminhar em harmonia.

Emanuel Lima

5 Bassulas: quedas

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UMA CARTA PARA MINHA MÃE

Nos sonhos que deixei esvoaçados

estão os cantos doidos da minha dor.

Minha negra e gritante alma

navega no silêncio da minha calma.

Ergo os olhos para encontrar-te.

Percorro os caminhos que a vi descrever.

Pensei sem medo que podia outros rumos reescrever em um

incansável combate que ias sem querer travar.

- Onde estas? Luto fugaz para ouvir a sua voz.

O silêncio que se apossa do meu corpo torna-o dormente,

precipitadamente dormente e deprimente.

Nos dias cansados de lágrimas, dobram-se as noites

carregadas de histórias e lições que se perdem na memória.

Palavra lúcida e penetrante a desvendar o passado que não

pude ler...E tu partiste!

Lembro-me de que cantavas melodias. No entardecer, cobrias

as melancolias de quem aturavas as travessuras e brincadeiras

e nunca se importou se o carinho que eu pedia era demais.

Por tamanho amor e dedicação tua, hoje eu sigo forte em

minha vida.

Talvez... não tão feliz quanto você queria.

Talvez… não tão boa quanto você merecia.

Talvez…não tão vitoriosa quanto você sonhou,

mas ainda assim lutando bastante como você me ensinou.

Adelina Rosa

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O QUE É A VIDA?

A vida ...

É um livro branco e aberto

que com o tempo é escrito e fechado

e por vezes é cuidado ou estragado.

A vida ...

É um mar de rosas brancas

que se transformam em rosas pretas

sem ao menos ter atingido a meta.

A vida ...

É um jogo com ou sem regras

que em pouco tempo é quebrada

e por outro lado é exagerada.

A vida ...

É tão doce quando se tem posse

e tão amarga quando não se tem posse.

Mas as coisas vão e vêm!

A vida ...

É um pensamento alargado e bloqueado.

Mesmo quando tem alguém ao seu lado.

A direita o criador, a esquerda o destruidor,

por cima o salvador, por baixo o pecador.

A vida ...

É um rio enorme

onde a água corrente leva os bons momentos vividos

que jamais serão esquecidos.

Germano de Carvalho

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I Antologia Elos d´África

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VIDA (Tautoindriso)

Vi vida!

Vislumbrar vidas.

Vozeara vivam!

Vivam vós, vozes volúpia.

Viva voz, virgem vida.

Violada, vulgarizada,

Varões viadutos

Vitimando vidas.

Mauro José da Silva (Águia do Verso)

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AMIZADE

Adelina Rosa

Leonel LMB

Hélder Oliveira

Fênix Ukwakusima

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“A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres

igualmente ciosos da felicidade um do outro.” (Platão)

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Nossos Versos

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MEU ANJO, MEU AMIGO

Entre sombras caminhas comigo.

Sem te importares tornaste meu abrigo.

És a sombra benigna, meu melhor amigo.

Sou na distância a tua bela saudade.

Em mim te sinto e o transformei em vaidade.

Ainda que ande em soslaio serás sempre minha sobriedade.

Nos cacos da vida te tenho como liberdade.

Sou tua e tu és o meu doce castigo.

Sei que queres bem ao longe ficar comigo.

És a cama que faço os sonhos, és meu berço

Minha canção sem trecho, meu eterno terço.

És meu fiel amigo, meu ombro confidente.

Sinto os traços de nós ainda que estejas ausente.

Mesmo não sendo poeta de mim sempre escreveste.

No teu colo amigo meu anjo te tornaste.

Meu perfume e minha eterna essência.

Chama que me aquece no chegar do inverno.

Abrigo seguro nas caídas deste meu inferno.

Meu acervo de ternura e minha casa,

meu jardim coberto de fragrância,

meu anjo sem asa,

meu sol nocturno,

meu choro que calo

e nestas linhas ainda que não te chame

é de ti que eu falo.

Adelina Rosa

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I Antologia Elos d´África

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TERRÁQUEOS

Durante uma conversa dos deuses Apolo diz:

- Humanos! Eles se conhecem, se juntam e aí os

problemas surgem. Por vezes brigam, por vezes não se falam,

mas depois de um tempo voltam a se falar. Que

comportamento patético! Mas o que é que se passa na cabeça

desses terráqueos?

Afrodite responde: - Isso é a amizade!

E Apolo volta a perguntar:

- O que é a amizade?

A amizade é o maior sentimento que existe. Ela vem

acompanhada de irmandade, por isso não se separam; de

companheirismo motivo de estarem sempre juntos; de

cumplicidade partilhando o suor ao fazerem algo. Nem

sempre há fidelidade e alguns rompem a amizade. A lealdade

sempre há. Sendo um sentimento forte ela precisa de pilares,

pilares estes que são fortificados com a verdade.

A amizade quando bem cuidada é um tesouro,

proporcionando aquele abraço que não se compra, palavras

que confortam, motivam, que nos dão forças para

atravessarmos o mar bravo.

A amizade é um elo de ligação visível que forma um

cordão umbilical invisível.

É um sentimento divino.

É um tesouro.

É uma virtude.

É uma honra poder ter amigos...

Poder ser amigo.

Leonel LMB

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A VOCÊ MEU AMIGO

Foram as promessas feitas a você amigo.

Foi mais que um belo sorriso em nossos rostos

Quantos segredos e juras dos nossos propósitos.

Foram os sonhos que tive enquanto estava contigo.

Partilhamos risos e nossas vozes de amizade.

Entre lágrimas, a despedida nós percorremos.

Em um abraço guardamos os versos da saudade,

o que juntos conquistamos no peito guardaremos.

Muito mais que um amigo, um pai, um irmão.

Conselheiro incansável, incentivador, admito.

Amizade eternizada em meu coração.

Mesmo hoje distante, permanecerá infinito

o amor que lhe tenho, o respeito e a admiração.

Quando penso em ti, a emoção, eu não evito.

Hélder Oliveira

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O QUE EU QUIS QUERER

Assomar o filantrópico desejo

e tornar verdadeira a amizade.

Esperar entre os montes o ensejo

para fazer um amigo de verdade.

Amizade prolixa nos caminhos do tempo,

capaz de resistir as pedras no caminho.

Não se abala nem pelo mais forte vento

que esteja junto nas rosas e no espinho.

Olha, sempre foi isto que eu quis querer

e neste querer sei que não estou sozinho.

Céus e montanhas moveremos para obter

deste enorme desejo apenas um pouquinho.

Que una as turbas com filantrópicos grilhões.

Que bane os amigos totalmente a falsidade.

Una eternamente os seres e seus corações.

O que eu quis querer é uma amizade de verdade.

Fênix Ukwakusima

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FUTURO

Caetano Domingos

Norek Red

Cláudia Santos Oliveira

Veloso Buto

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“O futuro tem muitos nomes.

Para os fracos é o inalcançável.

Para os temerosos, o desconhecido.

Para os valentes é a oportunidade.” (Victor Hugo)

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SEM PRESSA

Com a minha garina6 espero envelhecer

Mas se isso não puder vir a acontecer?

Se não concretizarmos o que planejamos?

Me contentarei com o quanto nos amamos.

Livrai-me de viver planificando o futuro!

“O amor que tens me dado é bom e tem me bastado”

O passado e o presente todo lindo ao seu lado

e o que virá será melhor, por isso espero.

Pois o Sol brilha hoje, mas dorme na incerteza

se amanhã nos dará a graça da sua beleza

e a Lua com certeza na tristeza se ofusca

deixando mais vistosa a estrela que pisca.

Sem pressa e sem descompassar o pulso,

nascerá, viverá, crescerá e morrerá em campo

tudo a seu ritmo e no seu devido tempo,

pois o relógio não dá nenhum passo em falso.

Caetano Domingos

6 Garina: namorada, dama, mulher

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VERDADES EQUIDISTANTES

E se bailássemos nas nuvens,

andássemos nas águas

e escutássemos os mares?

Não seriam estás as utopias

equidistantes a imaginação?

E se cultivássemos ventos

e podassem-se os desejos?

Não seriam sonhos,

não seria a perversidade do mundo

uma lenda e alucinação?

Mas e se sonhos fossem

pomares de frutos colhidos

para o mundo em que vivemos?

Não seria porventura este pomar sonhado

devastado pela ambição desgovernada que temos?

Seriam os sonhos nessas verdades equidistantes

recursos renováveis do tempo?

Norek Red

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Nossos Versos

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COMO SERA A NOSSA HISTORIA?

Quantas incertezas moram em ti, ó futuro!

Toda a sua base é construída no agora.

Se plantado em terra fértil os ideais de outrora,

tornarão pilares fortes onde estaremos seguros?

Não sei como será amanhã a nossa história.

Se hoje nada temos além das expectativas

e por mais que a esperança no hoje se cultiva,

existe a incerteza se obteremos a vitória.

Para que se preocupar. O tempo? Não o detemos!

O ontem já se foi, só é vivo na memória

o agora, esse instante, esse sim, é o que temos.

O futuro é mistério não nos competindo a glória

de saber o que virá, de prever nos abstemos,

independentemente do que seja, a Deus misericórdia.

Cláudia Santos Oliveira

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REJUVENESCENDO DOS VERSOS

Sou um sonhador que renasce

em cada verso profundo,

em cada dia que o sol nasce

para clarear esse mundo.

Que as manhãs nas noites dormem

enquanto os pássaros emitem

melodia que acorda os motivos que

nos ensinam a ser homens,

condecorando nossos dias de alegria.

Coração recheado de motivação

Palavras casadas com as atitudes

Por intermédio da paixão

Que vive no peito do homem de

virtude.

Em cada verso torto renasci

Em cada estrofe me liberto

Em cada poema me conheci

Enquanto dialogava com vento

Veloso Buto

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Nossos Versos

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PESSOAS

Adelina Rosa

Leonel LMB

Euclides da Flora

Kelly Dee Correia

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“Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se

sentir melhor e mais feliz.” (Madre Teresa de Calcutá)

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PEDAÇOS DE VOCÊ

Cantam as andorinhas a melodia do anoitecer

e no tactear da saudade soltam os sons do entardecer.

Trazem no vento pedaços doces de um amor antigo,

desses que sem querer se tornam bem eternos.

São pedaços de você em mim,

seu cheiro com gosto a jasmim

que me permite viajar sem fim

em um amor que nunca quis assim.

Vejo a humanidade pela janela e lá fora

É inútil partir sem seu olhar... sair agora.

O que farei com os sonhos da alvora?

Sinto as pegadas em meu colo,

o teu gosto que tentei sem forças esconder,

nesta luta frenética deste coração atordoado.

Mas este teu olhar que a todo instante

invade por dentro sempre que me refaço de ti

e esquenta a curva da melancólica do poente.

É você em mim neste fim.

Esta querença embriagada pelo teu adeus.

Suplico em orações a este Deus que te arranque de mim.

Então procuro aniquilar a nefasta influência que teus pedaços

dominam dos meus nervos cansados, mas por fim reconheço

que amar-te é minha sina.

Adelina Rosa

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GERAÇÃO DA UTOPIA

Eu vim de um jardim aonde tinha cravos e rosas,

plantas com espinhos e flores.

Conheci pessoas doces e amargas.

Hoje cresci, nem anjo nem demônio.

Aprendi a compreender a diferença entre dar e entregar,

entre ser e fingir,

entre correr e seguir.

Aprendi a navegar nessas diversidades porque na verdade são

as diferenças que fazem de nós o que somos.

Nós somos o petróleo bruto dessa diversidade,

somos frutos de erros e acertos de outros,

somos a classificação dessa visão mais cega.

Somos personalidades perfeitas com o grau de imperfeição,

somos pessoas incompletas procurando diversão,

somos o que somos mesmo sabendo que uns não sabem quem

são.

Somos essa geração que a geração passada chama da “geração

perdida” ou “geração da utopia”.

Leonel LMB

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Nossos Versos

69

SAUDADES DAS PESSOAS

A vida é uma partida

com corações partidos.

Será que a vida tem partido

despedindo-se da vida na ida?

Pessoas querem mais vida.

Jamais querem inexistência.

Mas a morte é essência.

Compreender – lá é ciência.

A razão da existência

inexiste nas pessoas

procurando o “Fernando”

quando pereceu em “Pessoa”.

Saudades das pessoas.

Outrora grandes seres.

Partiram as pessoas,

regressou o vazio.

Pessoas formam o mundo

tal como os submundos

residiam nos segundos

Qqando a vida ampulheta.

A vida foi outrora

pousando a aurora.

Depois veio a outra

finalmente a hora.

Euclides da Flora

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70

TODOS NÓS SOMOS PESSOAS

Eu era criança quando me chamaram para conhecer

" pessoas". Nem sabia que existiam outras línguas. Estava tão

escuro que precisava de ajuda. De longe ouvia gritos: - Alguém

me acuda...alguém me acuda. Corri para casa e informei a minha

avó que calmamente me disse não ser algo novo.

Todos nós somos pessoas. Pessoas vão, pessoas vem, pessoas

ajudam, pessoas prejudicam, pessoas criam, pessoas destroem, pessoas

apoiam, pessoas bloqueiam...

Eu era criança quando me chamaram para conhecer

" pessoas". Nem sabia que existiam outras línguas. O homem

latino estava à procura de "persona". Procurava loucamente

porque todos possuíam uma máscara na fila do corredor do

teatro da vida. Todos tinham uma figura, uma personagem no

palco.

Todos nós somos pessoas. Pessoas criticam, pessoas aplaudem,

pessoas apoiam, pessoas ignoram, pessoas gastam, pessoas humilham,

pessoas dramatizam, pessoas sofrem...

Eu era criança quando me chamaram para conhecer

"pessoas". Nem sabia que existiam outras línguas. O homem

inglês estava à procura do " people". Afinal ele é um religioso, um

cristão procurando Adão e Eva. Gritava muito, assim: - Que esta

onda de leva... que esta onda me leva.

Todos nós somos pessoas. Pessoas participam, pessoas

comemoram, pessoas incomodam, pessoas falham, pessoas prometam,

pessoas tentam, pessoas morrem, pessoas nascem...

Quando eu nasci, as pessoas foram mãe e pai.

Quando cresci, as pessoas foram irmãos e irmãs.

Quando brinquei, as pessoas foram tias, primos e primas

Quando estudei, pessoas foram colegas e professores

Quando formei, pessoas foram parceiros

Enquanto vivemos todos somos pessoas.

Somos pessoas...

Kelly Dee Correia

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Nossos Versos

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LIBERDADE

Emanuel Lima

Emansoul

Euclides da Flora

Mauro José da Silva

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72

“Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do

homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento

exterior mas também de acordo com uma necessidade interior.”

(Albert Einstein)

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Nossos Versos

73

O ROSTO HERMÉTICO

Hoje estou livre porque alguém lutou por mim.

Lutas vencidas que eu nunca tive

e que estão na memória, dentro de mim.

Por isso afirmo: Liberdade é fluir,

ter ousadia para amar, regando este rebento novo

onde andarão os monames7 que hão de vir.

Há quem pensa que ser livre é estar isento de culpas e falhas;

mas liberdade é muito mais do que isso:

é termos capacidade de fazer novas escolhas,

é nunca darmos o braço a torcer e na felicidade investir.

Viver a vida sem fronteiras

Levantar as brancas bandeiras

Mesmo com mil motivos para desistir.

Nove são as letras mas carregam muito significado.

Ser livre é uma questão de consciência.

É deixar o ruim no passado.

É lançar sobre a terra seca uma semente,

Ter fé que na estação própria irá florescer.

É escrever um livro como herança para os descendentes

É ser como fonte de saber para a alma que vier a renascer.

Ah! Liberdade.

Liberdade é simplesmente viver…

Emanuel Lima

7 Monames: Filhos

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74

O QUE PRECISA O POETA?

O poeta precisa apenas...

De uma palavra que traz uma frase

De uma imagem que pari uma ideia

De um aroma que agrada inalar

Ou uma ação que agrada contemplar

O poeta precisa apenas...

De uma tela para com palavras pintar

De um pedaço de papel para rabiscar

De um rabisco que marque a alma

Ou uma alma que várias vidas vivem.

O poeta precisa apenas...

De uma inspiração pura e divina

De um toque íntimo de incertezas

De quebrar as regras conhecidas

Ou uma loucura loucamente louca.

O poeta precisa apenas...

De uma alma cheia de liberdade criativa

De um ser nada inibido a vaidade social

De uma rotina com uma vaidade mística

Ou apenas precisa ser mesmo poeta.

Emansoul

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Nossos Versos

75

LIBERDADE É MEU VERSO

Liberdade é o meu verso

Rimas…meu encanto

Estrofes é canto

Sem poesia? Controverso!

Liberdade é o ideal

para escrever os meus versos

e como ninguém é igual,

dito meu próprio universo.

Tenho escrito o universo

em cada linha deste verso.

Caneta e papel, meu destino.

Poeta declama o percurso,

a inspiração, o caminho, é que traça

seu destino pelo mundo

quando a mágoa ou saudade o abraça.

Euclides da Flora

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I Antologia Elos d´África

76

ESTRANHA LIBERDADE PRESA

Quis tanto viver essa vaidade,

que nos aparta da dependência

sem saber que se depende mais na independência,

sem saber o quão a minha mãe ganso

voava na estranha liberdade presa,

no desejo de trazer ao ninho, minhocas.

Confesso que até eram poucas, porém,

estávamos isentos de voar nessa gaiola.

Mauro José da Silva (Águia do Verso)

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Nossos Versos

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PERDÃO

Germano de Carvalho

Fênix Ukwakusima

Caetano Domingos

Norek Red

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78

“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma

nova partida, para um reinício.” (Martin Luther King)

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Nossos Versos

79

PERDOA-ME

Se não te fiz mulher,

se não te dei prazer

se não te amei de coração

e se casei contigo sem paixão.

Por cada lágrima derramada por mim.

Se o nosso amor chegou ao fim,

perdoa-me!

Perdoa-me por cada ofensa

e sempre que tive pressa.

Perdoa-me em cada segredo,

por todas as vezes que tive medo

e não te disse nada.

Perdoa-me em cada beijo sem sabor,

por todas as noites sem amor

e em cada prazer sem desejo.

Perdoa o meu olhar desprezível,

perdoa o meu jeito insensível

mesmo quando não quero ser.

Germano de Carvalho

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PERDÃO, EU QUIS DIZER

Me acento entre o interstício

do saber e a ignorância do ser.

Jogar a mentira em um precipício

de que perdoar implica esquecer.

O perdão desafia a humanidade

Perdoar é coisa de ser superior

Só consegue perdoar de verdade

quem brada pelo auxílio do amor.

Perdão. São seis letras que engrandecem

todos aqueles que na dor ousam perdoar

e não é porque das feridas se esquecem

sangrando por dentro decidem perdoar.

Muito se engana quem falsamente acredita

que o maior benefício está em quem recebe.

É o contrário, embora há quem não acredite,

ganha quem dá o perdão e não quem o recebe.

Fênix Ukwakusima

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Nossos Versos

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TEM CHEIRO DE PERFUME

Há uma carta no correio, presa algures;

Temo que ela possa não chegar.

Ou, chegar e não te encontrar

no endereço que me destes:

Ilha dos Amores.

As vezes, me pego reflectindo

e dou-me, então arrependido

por todos os erros cometidos.

E aceito o severo castigo!

Não quero, não mereço um perdão terreno.

Ou perdoar não compete ao ser humano?

-Desculpa-me! Mas já não sou o mesmo;

Embora trago comigo ínfimas vivencias do passado,

eu creio que o amor é eterno

e o perdão sempre será sublime.

Como a carta que chega ao destino,

porém, atrasada no tempo,

mas com o cheiro do perfume.

Caetano Domingos

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82

TAUTOINDRISO AO PERDÃO

Por poderes

Perdido pequei

Purezas profanei.

Porém peço perdão

Peço purificação

Peço ponderação.

Por prazeres, poderes, princípios profanei.

Porquanto pedi perdão paraísos perambulei.

Norek Red

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Nossos Versos

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FELICIDADE

Leonel LMB

Euclides da Flora

Kelly Dee Correia

Fênix Ukwakusima

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“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”

(Carlos Drummond de Andrade)

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Nossos Versos

85

QUANDO EU ESCREVO

Que sensação boa essa:

poder acordar perfumado,

poder se sentir amado,

por esta nação da imaginação.

Quando eu escrevo eu venço.

Quando eu escrevo eu penso.

Escrevendo o necessário.

sem passar por um otário.

Embarquei nesta maré das palavras,

neste país da imaginação,

escrevendo minhas emoções,

mas protegendo certos corações.

Eu amo o que faço

do modo como faço

me sentindo feliz e completo,

quando escrevo o que penso.

Leonel LMB

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I Antologia Elos d´África

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SER FELIZ, ACHO QUE MEREÇO.

Procuro-te felicidade,

mas não sei aonde achá-la.

Apenas quero beijá-la.

Meus pensamentos por ti estão a latejar.

Sofrer... é minha culpa?

Já não há mais desculpas, diz a vida:

- Apenas suporta!

Infelicidade para, por favor, eu te peço!

Felicidade tem preço?

Onde localizo o teu endereço?

Ser feliz, acho que mereço!

Teu lindo sorriso é o que me importa.

Seguirei com a poesia pela vida afora

Inspiração! Sinto o gosto da felicidade agora,

o sorriso em meu rosto proclama essa hora.

Lágrimas derramadas em pleno divórcio.

Se hoje a infelicidade é meu único consórcio,

amanhã, serei feliz, pois é na vida o melhor negócio.

Euclides da Flora

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Nossos Versos

87

PARA SER FELIZ

Andei quilómetros para ser feliz

Bebi litros de agua para ser feliz

Plantei arvores para ser feliz

Mergulhei no mar para ser feliz.

Aceitei convites para ser feliz

Trabalhei para ser feliz

Toquei e cantei para ser feliz

Tirei desculpas só para ser feliz

Até chorei para ser feliz.

Agora eu quero ir, porque já sei o que é a felicidade.

Adicionei alguém na minha lista para ser feliz

Eliminei alguém na minha lista para ser feliz

Ainda pergunto, onde posso encontrar a felicidade?

Da cor escolhi o amarelo para ser feliz e não sou

Da fruta escolhi o mango para ser feliz e não sou

Da cidade escolhi Bissau ainda não sou feliz

Da vida escolhi a poesia, ainda não sou feliz.

Muito esforço eu fiz e hoje aprendi que eu sou a

felicidade. Ela não precisa de satisfação considerada em um

estado durável da plenitude. Ela demanda uma acção sem

intenção. A felicidade desperta a atenção, o sorriso dos felizes é

transmissível.

Na minha mente habita a minha felicidade e importa

pouco a minha idade, não preocupo onde habito e com quem

vivo. Limito a ser feliz e confirmo eu sou feliz porque a minha

mente é aberta. A percepção me deixa cada vez mais atento.

Nem precisava de tanto adaptar, mas já estou a conseguir

controlar as novas situações. Não procuro muito no mundo,

deixo o mundo me encontrar. Os meus amigos e familiares são as

minhas opções. Por isso continuarei feliz.

Kelly Dee Correia

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I Antologia Elos d´África

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SER FELIZ

Não há definição que defina.

Ser feliz é muito mais que ser

E corrente nenhuma confina

quem a felicidade buscar ter.

Buscam os homens no álcool.

De facto uma felicidade postiça.

Mas está longe de estar no álcool

como está longe do mundo a justiça.

Talvez se esconda entre as turbas

em pequenos detalhes desta vida,

ou provavelmente esteja nas curvas,

em cada triste adeus, na despedida.

Ela cobre-se com mantos aberrantes

É de sua constância fugir dos padrões

Por vezes foge a lugares muito distantes

vai além dos horizontes da $ de cifrões.

Fenix Ukwakusima

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Nossos Versos

89

AMOR

Emanuel Lima

Emansoul

Hélder Oliveira

Cris P. Poetisa

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I Antologia Elos d´África

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“Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um

pouco de razão na loucura.” (Friedrich Nietzsche)

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Nossos Versos

91

UMA VIDA AO TEU LADO

Por mais doloroso que seja,

por mais que doa e me faça sangrar,

por mais que por agora não vejas,

eu jamais desistirei de tentar.

Por mais que seja um caminho com pedregais onde o sol remata

em toda sua força e o mar me arraste com suas ondas,

ainda assim vou insistir nesse amor eterno.

Por mais que o mundo esteja contra mim

e todos me chamem de louco, não me importarei.

Mesmo que seja alta as montanhas, esse caminho trilharei.

Por esse desejo inexplicável de te ter, chegarei até o fim.

Por mais que me custe a vida me acobardar e desfalecer,

prefiro morrer por amor, pois sei que no final só ele irá vencer.

Não há como não amar! Para isso é preciso morrer.

Amar é nada mais do que a arte de viver.

E por ela? Por ela e por seu doce amor enfrento tudo e a todos,

até demônios, para sentir seus lábios nos meus, para degustar de

seu afeiçoado abraço e construir uma vida ao seu lado.

Por mais que doa e as vezes machuque, o amor é como uma

aventura: Não há recompensa sem luta

e quando já não restarem mais forças, a inventarei.

“Prefiro viver na mentira do que aceitar a verdade

e perder” o amor e com ele essa beldade.

Entre viver sem amor, escolho morrer

pois amar é nada mais do que a arte de viver.

Emanuel Lima

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I Antologia Elos d´África

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AMOR EM TEMPOS DE GUERRA

Eu fui arrancado da minha terra natal

Meu paraíso, meu mundo, meu planalto central.

Tudo porque o meu país cantava ao som de balas,

balas que penetravam os corpos, deixando sem alegrias,

cheios de tristezas e com lágrimas pelos corpos sem vida.

Mas em tempos de guerra a conheci.

A vi pela primeira vez enquanto banhava no rio.

A vi chegar, bela mulher, toda fubulada8 de areia,

mas cheia de encantos aos meus olhos,

nos seus trajes a pano e aquela carapinha dura.

Nem era tão alta como Murro do Moco9,

mas admito que em suas curvas a Leba10 morro

encantado pelo brilho da camanga11 das Lundas12.

Que seu olhar amedrontado refletia ao ver o soldado

e de um jeito tímido esboçou um sorriso.

Gesto simples que traduziu o quanto combinávamos

E nem com a batalha da baixa de cassange13

Parei de pensar naquela que meu coração atinge,

por ser tão somente meu amor em tempos de paz,

conquistado em tempos de guerra que ficou para trás.

Hoje, sei que valeu apenas deixar a Nova Lisboa.

Hoje, é uma felicidade acordar ao pé de ti, minha mboa14.

Em tempos de guerra, não sabia o que era amar,

mas em tempos de paz, vivo esse rico amor

obtido tão somente em tempos de guerra.

Emansoul

8 Fubulada: Suja de areia. 9 Murro do Moco: Morro mais alto de Angola. 10 Serra da Leba: Estrada cheia de curvas em Angola. 11 Camanga: Diamante. 12 Lundas: Províncias em Angola onde se encontra muitos diamantes. 13 Cassange: Localidades, zonas de Angola. 14 Mboa: mulher.

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Nossos Versos

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GOTAS DA SAUDADE

Está no brilho do meu entristecido olhar,

lágrimas quentes, semente da minha solidão.

Eu queria ser poeta para invadir o teu coração.

Chorei, fiz-me triste, e perdido por te amar.

Meus gritos chegaram aos ouvidos do silêncio:

Sem seus toques, sem flores e nem mesmo beijos.

Desencantados sussurros em teus lábios desejos

Lembrei da primeira noite. No meu peito o vazio.

Deitei naquela cama e permaneci acordado,

imaginando os nossos corpos em um abraço apertado.

Fiz das gotas da saudade essa triste poesia.

Hoje eu queria despertar em teus abraços

Vestes já rasgadas, envolvê-la em meus braços.

O vento levará esse amor e o gosto doce da fantasia.

Hélder Oliveira

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I Antologia Elos d´África

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AMOR

O sol ainda brilha, a gente é que deixou de ver.

A chuva ainda cai, a gente preferiu se abrigar.

Trocamos a admiração por um constante brigar.

Ainda sou a mesma pessoa que sempre desejou ter.

De baixo dos imóveis há nossos erros também,

nossas culpas, nossas falhas, as faltas de perdão,

mutilamos o amor, deixamos em exangues o coração.

Mil anos de costas viradas não nos conhecíamos bem.

Em nossos lábios, secaram-se as palavras de amor.

Nós morremos procurando defeitos um no outro,

trucidamos o nosso agora, ambos desejamos outro.

Enquanto formos egoístas para nós, não haverá amor.

Estou olhando ao longe os caminhos que sozinha trilhei.

Os meus olhos desejam contemplar um se encontrar

Onde tu e eu, como dantes, nos voltemos a abraçar

e em teus ombros eu contar-te o quanto por ti chorei

.

Cris P. Poetisa

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Nossos Versos

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FAMILIA

Emansoul

Carla Ó da Silva

Hélder Oliveira

Félix Cossa

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I Antologia Elos d´África

96

“A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da

família.” (Leon Tolstoi)

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Nossos Versos

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MEU NOVO LAR

Quando me perco,

quando não me encontro

é lá no meu novo lar que

torna-se fácil saber quem sou.

Quando sou julgado,

quando sou condenado

é lá no meu novo lar

que se torna aceitável enfrentar tudo.

Quando me menosprezam,

quando falam sem ver meu valor

é lá no meu novo lar

que se torna mais fácil saber que não vivo de bocas.

É lá no meu novo lar

que se torna mais fácil saber o valor da paz

que uma família que amamos traz.

E é por minha família, meu lar

que insisto em saber

que a vida é vivida melhor

compartilhando vivências.

Emansoul

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ESTIRPE NATURAL

Espírito de sangue

Unidos pelo adultério

Entre as alegrias,

comunhão de ideias

Simpatia, um quase mistério.

Trazido para o inferno

Inocente gaiato

Cria asas, ama e voa

Fonte de prosperidade

Vício da sociedade

Carregada de bênção

Sai da prisão

Empatia consentida

Suporta nossa queda e subida

Desafia a genética

Parecendo laços de sangue

Carla Ó da Silva

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Nossos Versos

99

DO VIRTUAL A UNIÃO - Uma Nova Família

Por tanto tempo amarguei a solidão

Na casa só o silêncio era companhia

Já havia partido minha maior alegria

Meu filho distante...vazio no coração.

Eis que por sorte, acaso... creio que não!

No computador um olhar naquele dia

Um sorriso bonito...e tão bela poesia

De mim cativaram muito mais que atenção.

Daquele dia em diante tudo mudaria

No meu peito uma nova luz se acendia

A chama do amor ardeu-me de paixão.

Por esse amor lutei, pois, jamais o perderia

O que era virtual, virou real, hoje é família

O vazio só da saudade do meu filho e irmão.

Hélder Oliveira

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I Antologia Elos d´África

100

ODEIO A MINHA EXISTENCIA

Eu sou um acidente de percurso

de dois adolescentes

apaixonados e inconsequentes.

O tal diploma do então romântico curso.

Eu sou uma criança sem esperança.

Sou rival da minha mãe e da minha madrasta.

Eu sou a tal que nos braços do pai aprendeu a ser mulher.

Sou a tal que pelo padrasto foi assediada e usada como talher.

Eu sou a tal ambulante

de duas casas e nenhum lar.

Do maravilhoso “lar doce lar” eu só ouço falar.

Eu sou a inconsequência destes antigos amantes

que são progenitores meus.

Enfim, eu sou a criança museu.

Félix Cossa

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Nossos Versos

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NATUREZA

Cris P. Poetisa

Caetano Domingos

Arnaldo Tembe

Norek Red

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I Antologia Elos d´África

102

“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se

cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no

mundo e ninguém morreria de fome.” (Mahatma Gandhi)

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Nossos Versos

103

NATUREZA

O vento venta, e eu vejo arvores a dançar.

Vejo-as dançar uma alegria que não tenho.

Uma alegria que estico os braços para alcançar,

de tanto me esticar sem alcançar me detenho

Vejo os pássaros cantar o louvor da natureza.

Vivendo deprimida só lhes posso contemplar.

Eu que vivo sofrida como irei louvar a beleza,

se vivo perdida no amor e me esqueci de amar

Mas claro! Não são os meus olhos que dão beleza

a mãe natureza, os pássaros vão continuar a piar,

o rio na sua fragilidade vai mostrar sua fortaleza,

as andorinhas na sua agilidade os céus vão rasgar.

A própria vida desse material é totalmente feita

Uns se apaixonam outros deixam de se apaixonar

Mas a natureza continua linda esbelta e perfeita

Ninguém impede a chuva de cair nem o sol de brilhar.

Cris P. Poetisa

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I Antologia Elos d´África

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O DESPERTAR DA ROSA

Ao compor este corpo adicionei minha sina:

Álcool, letra e melodia. Dever que fascina.

Turvamente, deixei o vital inglório a deriva.

Não sonhei! Eu beijei árvores de doce seiva.

Fiquei demoradamente acariciando a murcha terra.

Vi o Sol chorando de orgulho

Quando o Mar deliberadamente solicitou uma esfera,

o arco-íris caiu no barulho.

O meu corpo abriu a janela, deixou entrar a beleza

sendo oxigénio e a luz do dia

libertei o visível pensamento, viajei pela natureza

tentando alcançar a alegria.

O meu mundo era jovem e de seguida envelheceu

neste serpentear da vida e em fortes alegrias;

preso e na profundidade das minhas mágoas

a natureza em correnteza enfim rejuvenesceu.

Caetano Domingos

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Nossos Versos

105

PROCURO…

Fragmentos naturais

O céu chora lágrimas azedas,

a terra fica tão solitária,

a seca namora espaços férteis.

Procuro caminhos para respirar a

liberdade tão desejada pelo homem.

Caiem folhas da árvore ocultando

páginas esquecidas pelos olhos do

mundo.

Procuro o luar que embala corações

apaixonados; o leito do mar que

liberta as almas dos escravos que

dormem nos oceanos.

Procuro as tempestades que sopram

azares, os ciclones que convocam

tsunamis.

Procuro a natureza que carrega a

tristeza dos olhos meus.

Sinto amor pela mãe natureza que

aos poucos perde a sua beleza,

convertendo sorrisos em tristeza.

Procuro a existência da mãe

natureza perdida nos olhos do

mundo.

Arnaldo Tembe

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I Antologia Elos d´África

106

PARAISOS INVERTIDOS

Quero acreditar que um dia o mundo foi um paraíso.

E que o céu era mar e o mar era céu.

E o céu era um mar azul.

E as ondas, as nuvens; ah nuvens!

As nuvens eram ondas brancas desenhadas pelo vento.

E que nessas ondas os pássaros eram peixes;

Que nadavam num mar sem aguas,

pois as águas eram ventos.

Pois o céu era mar e o mar era céu.

E o céu tinha nuvens,

mas as nuvens não eram nuvens.

As nuvens eram ondas orquestradas pelo vento.

Mas o vento não era vento.

O vento eram águas, que voavam os peixes

naquelas ondas impermeáveis.

Quero acreditar que no firmamento da terra

o mar não era mar, o mar era céu

e as ondas eram nuvens.

E nessas ondas nuvens os peixes eram pássaros

que voavam por entre as nuvens.

Quero acreditar que um dia o mar caiu

e o céu emergiu às alturas

e que o céu volta a ser mar

quando retorna em forma de chuva.

Norek Red

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Nossos Versos

107

SABEDORIA

Daúde Amade

Luca Oliver

Lourenço Mussango

Cláudia Santos Oliveira

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108

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se

aprende é com a vida e com os humildes.” (Cora Coralina)

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Nossos Versos

109

AINDA NÃO ME CONQUISTEI

Amo-me, mas não me conquisto

De todas as vezes que me converso

vejo no rosto que não me convenço.

Tento há tanto tempo e insisto,

Mas, até então neguei me enamorar.

Será difícil conquistar a mim mesmo?

Então, vou já me odiar

pois sinto que sou inimigo de mim mesmo.

Nunca antes vi ninguém que tenha negado a si,

pois se nego a mim, como irão outros me aceitar?

Ah!... Que lástima me reside de mim

que hei de morrer sem me aceitar.

Esperanço me enamorar

pois não conheço ninguém

que possa a si negar e rejeitar.

Posso ser reduzido a nada por outrem,

mas não pela pessoa que carrego,

pois não tenho como dizer também,

senão estaria a dizer para ninguém.

Daúde Amade

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I Antologia Elos d´África

110

SABEDORIA

Neste lugar, tudo acontece:

O sol entra pela janela

Flores tímidas desabrocham

Crianças cantam cirandas

Sonhos se transformam em esperanças

Risos soam como cantos

Abraços descritos em poesias

Sinta a paz

Seja um semeador

Semeie amor e alegrias

Plante a felicidade a cada dia

Cante canções ainda que todos se calem

Seja humilde, alegre-se com o que você tem

Assim encontrara neste lugar chamado “Hoje”

a verdadeira sabedoria.

Luca Oliver

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Nossos Versos

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SABEDORIA POÉTICA

Sou a poesia nos lábios proféticos dos Bantu15

Que cantam poemas que embriagam os tempos

Trago em mim a alegria dos poetas doutos16

Que no silêncio entoam cânticos a Kianda17

Trago em mim a iluminada sinfonia da dikanza18

Cuja melodia exala a identidade dos axiluandas.19

Trago em mim os mujimbos20 dos griots21 eruditos

Que nos kimbos22 preservam os mitos dos povos

Falam da nossa história nos ritos de iniciação

Sob a canção apaixonante vindas dos reco-recos

Trago em mim os chocalhos, as marimbas23 e as puítas24

Trago a sabedoria poética eternizada na dialéctica africana.

Lourenço Mussango

15 Bantu: um povo constituído por nove etnias que habitam Angola e algumas zonas da África austral. 16 Doutos: sábios, conhecedores, sabedores, eruditos… 17 Kianda: é um nome de origem Kimbundu, significa deusa dos mares. Uma Sereia que habita no mar... 18 Dikanza: é um instrumento musical típico de Angola feito de cana de Bordão ou cana de Bambum. 19 Axiluandas: Homem do mar que habita na parte costeira da capital de Angola, Luanda. Ou seja, axiluanda é o cidadão nativo da Ilha de Luanda. 20 Mujimbos: termo de origem Bantu que significa boatos. (no contexto do poema é “conversas”) 21 Griots: é um mestre que conserva e transmite a cultura de um povo por meio da oralidade... 22 Kimbos: casas rústicas, vilarejos, bairro modesto, mussaque 23 Marimbas: é um instrumento musical. Uma espécie de xilofone cultivado e executado com maior incidência na comunidade histórica Kimbundu, cujo centro de difusão se encontra em Malanje entre os Yambangala, Mbondo e os Ngola Jinga. 24 Puítas: é uma espécie de instrumento musical dos negros, feito de um tronco oco, tapado na parte mais larga por uma pele

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I Antologia Elos d´África

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SUPREMA SABEDORIA

Na juventude por vezes a sensatez

e o discernimento é ausente nas decisões

Com isso acumula-se frustrações;

ir de encontro a felicidade perde-se a vez.

As coisas fáceis, acessíveis, são sedutoras

aos olhos tímidos, pueris, acendem paixões;

Mas levianas; trazem consigo decepções.

Más influências podem ser destruidoras.

A sabedoria está atrelada ao conhecimento

que se adquire, dia a dia, a cada momento

enquanto se vive, o saber está em formação.

É preciso se abrir a todo o ensinamento

“Ouvir mais e falar menos”, exercitar o pensamento

Deus Suprema Sabedoria, buscai Nele inspiração.

Cláudia Santos Oliveira

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MOTIVAÇÃO

Cris P. Poetisa

Viegas dos Santos

Félix Cossa

Carla Ó da Silva

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I Antologia Elos d´África

114

“Jamais desista das pessoas que ama. Jamais desista de ser feliz. Lute

sempre pelos seus sonhos. Seja profundamente apaixonado pela vida.

Pois a vida é um espetáculo imperdível.” (Augusto Cury)

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Nossos Versos

115

MOTIVAÇÃO

Mais do que arte é uma forma de viver

Aquele viver monótono me enfadou

Estendi os braços e a poesia me alcançou

Hoje creio que viver sem poesia é quase morrer

Encontrei na poesia motivação para lutar

Eu que de dor quis jogar a toalha ao tapete

Passei momentos comigo e entendi que sou gente

E que tenho ainda no cesto muita vida para amar.

Em verdes prados, parágrafos amaram minhas curvas

Louvaram a hirteza dos meus pseudo-seios caídos

Eu vi nas reticências poetas como eu… Seres feridos

Poetas que inventaram uma vida sem medo das chuvas

Por trás dos sorrisos há sempre lembranças de dor

Cicatrizes amargas momentos que são para esquecer

A poesia me motivou me presenteou com um amanhecer

Me valorou, me honrou e dum enorme jardim me fez flor.

Cris P. Poetisa

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I Antologia Elos d´África

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A MOTIVAÇAO DOS MEUS POEMAS

Está além do inimaginável.

Na minha dedicação incansável.

Nas noites que escrevo, enquanto a cidade dorme.

No silêncio dos seres que fazem do mundo pior.

Nas minhas celebres conversas com os anjos

e nos meus inversos horários.

Enquanto a cidade degusta do sono,

construo no papel um mundo, quiçá utópico

onde descredibilizo fabricantes de armas

e aplaudo quem uma árvore planta;

Onde as pessoas nunca ouviram falar sobre racismo,

escravagismo, colonialismo, imperialismo

e tantos outros (ismos);

Um mundo em que o ser humano vale mais que as economias,

onde existam exércitos de flores e culturas.

Escrevo sobre o quão bom é ajudar e poder ser ajudado,

sobre a súplica do perdão pelos nossos pecados.

Escrevo sobre felicidade mesmo afogado num mar de

tristezas.

Essa é a verdadeira motivação dos meus poemas:

Preencher minhas estrofes com amor

para fazer deste mundo melhor.

Viegas Dos Santos

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Nossos Versos

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TUDO E TODOS

O maravilhoso universo com o qual o arquitecto dos

arquitectos brindou-nos,

é a minha maior motivação.

O espetáculo da genuína e maravilhosa mãe natureza

é minha inesgotável Inspiração.

O esplendor divinal é luz que ilumina o meu quotidiano

e nas vicissitudes da vida me ajuda a suportar a minha cruz.

Enfim,

tudo e todos

os que me rodeiam

são a minha

eterna e motivadora motivação.

Félix Cossa

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I Antologia Elos d´África

118

INTUITO

Oiço com sensibilidade

propósitos confundidos, imediatismos,

reconhecimentos desprezíveis.

Falsa aparência da sua presença verídica

torna-a mais forte que o mentor

golpeado com todo seu vigor.

Génio seria se olhasse sem esforço

conceitos para o nosso ser

irracionalidades passadas

terminadas em ideias

Carla Ó da Silva

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Nossos Versos

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MORTE

Pequeno Ukwakusima

Mahiriri Ossuka

Luca Oliver

Lourenço Mussango

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I Antologia Elos d´África

120

“Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem

corajoso experimenta a morte apenas uma vez.”

(William Shakespeare)

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Nossos Versos

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ACHO QUE MORRI

Nas noites que te perdi quando as ondas pararam de rosnar

Quando as aves abraçaram a terra…deixaram de voar

Quando os céus esconderam de mim o luar

Quando pedi que me ouvissem e ninguém me quis escutar.

Eu acho que morri, mas ninguém me quis contar

Sozinho o caminho é longo. Não saberei caminhar.

Por isso pense…. Oh poesia antes de me abandonar!

Tive a sensação que morri nas noites em que não ri

arrumei bem os meus beijos. Não os guardei…eu os comi!

Quero ficar aqui

onde ninguém me condena

onde ninguém me julga

onde ninguém pede amor

porque ninguém tem para dar.

Aqui onde ninguém sorri

e nem há porque chorar.

Parem com essa palhaçada!

Alguém me diz se morri, pois eu acho que morri, sem antes

poder notar e se porventura morri:

- Quantos me estão a chorar?

- Quando se ama, porque se magoa?

Ah! Como os poetas pensam atoa

Mas eu acho que morri e os aplausos que vós mó dás

são provas vivas que eu nunca existi.

Pequeno Ukwakusima

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I Antologia Elos d´África

122

FARRAPOS DO MEU FALECIDO POEMA

O meu poema, oh meu poema,

falecido entre as mulheres da banda,

choramingando a fome e sede deles,

os seus maridos vivos na morte viva,

os amigos do meu poema fornicado,

entre os grunhos, grossos, grandes e arcaicos!

(…)

Meu falecido poema, naquele silêncio forçado,

de vozes rocas de gritos mudos e ainda destemidas,

pelas grandezas e por medo dos peixes grandes,

que vivem naquela mata fechada de esconderijos,

e segredos populares de fama, criada por águas,

turvas e sujas de toda aquela poeira picante!

(…)

Meu falecido poema, oh meu poema,

escavado pela dor das viúvas sofridas,

deixadas ao sol e privadas de sombra,

o meu falecido poema que chorava sangrento,

por aquelas silenciadas aves que já não cantam,

porque a língua delas segura o meu poema!

(…)

Não era o meu poema falecido e solitário,

que trazia aquelas matanças categóricas,

de queimadas baralhadas do teu lume.

Nunca foi o meu poema, aquele falecido,

poema das vinganças e glórias em vencidas,

batalhas implacáveis do sermão político!

(…)

O meu poema, quem o fez falecido,

sabe o quanto alegre está onde for que esteja,

o meu poema escrito de letras tontas

em linhas e cores mascaradas de paz e de guerra

como quem desconhece o olhar dos teus olhos

estes olhos cegos que só se abrirão à morte!

Mahiriri Ossuka

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Nossos Versos

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MORTE, A DOCE VIAGEM

Folhas caem pelo chão

num voo sem volta.

O outono abraça a terra.

Uma suave neblina

cobre os campos ainda verdes.

A palidez descolore meu rosto.

Em meus olhos apaga-se o brilho.

Dos meus lábios sedutores

a cor se desvanece.

Meu corpo frágil

outrora tão ágil

no leito adormece.

Ela chega de mansinho,

leve como o algodão

envolve-me com seu fino véu.

Docemente me leva pela mão.

Voarei livre da dor e solidão

por sobre colinas e montanhas,

irei ao encontro do desconhecido,

outros mundos, outros sois,

nesta serena viagem

rumo ao infinito...

Luca Oliver

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I Antologia Elos d´África

124

SILÊNCIO MORTÍFERO

Céu nublado

Alma abandonada

Coração dilacerado

Vida marginalizada

Amor renegado

História apagada

Olhar piedoso e penitente

Suplica a ajuda da Tríade omnipotente

Dentes serrados e convalescentes

Clamam por entre silêncios estridentes

Silêncio!

Na ida sem regresso,

A púrpura alma se esvai

Entre soluços e lamentos

Deus, sem dó, dá vida a morte

Na vida do convalescente devoto

Pranto e luto

Tingem de morte o coração absorto.

Lourenço Mussango

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Nossos Versos

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ÓDIO

Veloso Buto

Carla Ó da Silva

Pequeno Ukwakusima

Mahiriri Ossuka

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I Antologia Elos d´África

126

“Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte

de você. O que não faz parte de nós não nos perturba.”

(Hermann Hesse)

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Nossos Versos

127

RELATO DAS LÁGRIMAS

Sinto esgotar a tinta da caneta.

Palavras fugiram do alfabeto

para acordar o meu ser poeta

analfabeto que o ódio deixou incompleto.

Versos transmitem as lágrimas

Estrofes realçam o valor das palavras

Coração ferido não por facadas

Tanta dor no peito que lembram as chibatadas.

Folhas testemunham o meu rancor

Tanto ódio nas minhas entranhas

Que o coração se reveste de sofrimento

carregando lágrimas com força de mover montanhas.

.

Ódio de um amanhecer violento

onde muitos morrem e acabam no total e astuto esquecimento

Minha boca continuará fechada

mas deixarei voar as minhas palavras.

.

Veloso Buto

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I Antologia Elos d´África

128

ABOMINAÇÃO

Livrai-nos do pecado

De objecto cobiçado

Raiz do amargurar

Difícil de arrancar

Livrai-nos da iniquidade e dos ganhos ilícitos

Não pereça em seu pecado

Denigrindo sabedoria

Momentos de emendada

Distante, diferente, que cresça

Cuidando um do outro

Diminuindo a malquerença

Para que a iniquidade não seja contaminada.

Carla Ó da silva

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Nossos Versos

129

ASSOBIAR DAS LOMBRIGAS

Relógios parados

Minutos passam as escondidas

Horas perdem-se no tempo

Vidas voltadas ao som dos grilos

Risos dançando nos lábios do mendigo.

A melodia da moleta fez passos humanos

Houve-se do lá o assobiar das lombrigas

O dia vende-se por alguns goles de Kissangua25

Num pestanejar, mais um sol se vai as escondidas

A noite se entrega como uma meretriz

nos braços dum dia qualquer.

- E eu?

Apenas espelho,

um forasteiro mendicante

nas senzalas do meu variado “eus”

Durmo sonos emprestados dos ventos

Muitas vezes, pedi a morte um abrigo

mas a vida não me quer deixar …

Pequeno Ukwakusima

ÓDIO POLÍTICO

Uma das razões que me levam

25 Kissangua: é uma bebida caseira mais usual na tradição do povo Ovimbundu no sul de Angola.

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I Antologia Elos d´África

130

a ser guerreiro, a ser caçador

e a manter as linhas de ódio,

é a arrogância política,

a insensibilidade humana

sobre quem lhe atribui o poder

de torcer os sonhos e contos.

É essa remitência,

essa impaciência,

contra “alfabetizados”

sábios da minha antiguidade!

É a violência consistente

à minha inteligência

atacada por repetições

de discursos com arrogância política!

É essa insatisfação

sobre a expectativa

de resultados das promessas

antes da minha confiança traída.

É a remitência,

é a impaciência

contra “alfabetizados”

sábios da minha antiguidade.

É a violência, é a enganação

da minha inteligência

forjada por repetições

de fragmentos de história política.

Mahiriri Ossuka

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Nossos Versos

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PAZ

Arnaldo Tembe

Viegas dos Santos

Daúde Amade

Kelly Dee Correia

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132

“Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete

comido com ansiedade.” (Esopo)

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Nossos Versos

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GRITO D'ALMA

Não mais quero ouvir a voz ensurdecedora

das armas que emudece os meus tímpanos.

Quero respirar a liberdade,

a meiguice da paz,

convencer o povo meu que o sofrimento

faz parte do nosso passado longínquo.

Namorar a imensidão do céu e

na beleza do azul procurar os sonhos hipotecados

pelas lágrimas da guerra.

Quero acompanhar os pássaros em suas viagens,

contemplar as paisagens que a guerra não afetou e

no verde das plantas ressuscitar um Homem novo, amante da paz!

Arnaldo Tembe

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I Antologia Elos d´África

134

ENCONTREI PAZ NOS BRAÇOS DE OUTRA

Não me julgues com tanta dureza.

Antes, porém, compreenda

que não foram os meus instintos carnais

mas sim a necessidade de viver a paz.

Há muito me vejo nas trincheiras do lar

que ambos construímos.

Nota-se o quanto já não me respeitas

pela forma que me tratas em frente ao nosso filho.

Com ela me sinto mais que valorizado

como um doente sob cuidados sanitários.

É assim que em seus braços me sinto:

um mendigo acolhido num abrigo.

Não significa que nunca te amei

apenas não tenho mais a mulher com quem me casei.

Talvez este seja o fim da nossa história

porque encontrei a paz nos braços de outra agora.

Viegas dos Santos

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Nossos Versos

135

DESEJO PROFUNDO

Oh! Paz,

Quem te demora?

Quem faz-te ausente em nós?

Por que passas de tão longe

enquanto ansiamos ter-te aqui?

Por que terras andas,

que nem por sombras cá te vejo?

Tão prometida, tão desejada,

és a filha esperada dessa pátria amada,

que hoje vive amargurada.

Volta! Pois o bom filho sempre volta a casa!

Porque negas esse princípio

e contrarias esse adágio?

Que nos é crença, um Deus,

um sonho e é tudo em nós.

Oh Senhor nosso Deus!

O que te adormece

quando balas e bombas gritam,

quando suas criaturas se aniquilam?

Dê-nos paz, meu Senhor!

Ponha um fim a esse episódio.

Traga-nos de volta a humanidade,

Não bastas que nos instrumentalizam

fazendo de nós armas de dissipar ódio,

angústia e egoísmo no outro.

A paz, eis o que te peço Senhor!

Quando em terra adormeço,

pois que temo não ver alumiar,

nessas terras viciosas,

o sol nascente do meu belo Índico.

Daúde Amade

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I Antologia Elos d´África

136

PAZ

As definições nos distanciam.

Literalmente sinto medo.

Eu te quero perto ó PAZ!

Te procurei numa loja, te procurei ó Paz.

Adeus e bem haja. Aliás, nós temos de ir juntos.

Nós, os dois, somos um elemento de vários conjuntos.

Pessoas falam de ti no mundo inteiro.

No Globo estas escondidas, poucos sentem o teu cheiro.

Nos rios te procurei. Te procurei ó Paz.

Crianças nos seus brinquedos te procuram,

mães nas dores de parto te clamam,

pais na força da vida te buscam.

Afinal todos falam de você.

Ainda te procuro ó Paz, seja interno ou externo.

Sem desconfiança e nem desespero eu te procuro.

Homens usam forças para procurar tesouros

e eu as usarei para te encontrar e ser teu herdeiro.

Bata a minha porta. Eu quero te implementar.

Cheio de amor eu quero te distribuir em diferentes partes da

mesma forma que usarei dessa poesia para propagar a arte.

A forma de dar, diferente dos que não sabem te tratar, eu vou

te negociar e viveremos para sempre cheios de Paz, Amor e

harmonia...

Fica Paz....

Kelly Dee Correia

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Nossos Versos

137

ARTES

Lourenço Mussango

Mauro Silva

Daúde Amade

Germano de Carvalho

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I Antologia Elos d´África

138

“Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de

ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes

vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira,

porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas,

contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas

visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida

humana.

Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma

história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem

narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em

linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.”

(Fernando Pessoa)

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Nossos Versos

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DIÁLOGO COM DEUS

Quem sou eu, Deus?

Simples mortal, uma miragem...

Estalido da folhagem ao vento

Ou apenas lânguida pregadora de convento!?

Não sei.

Em mim reina o cálix profano,

que desumanizou o Homem.

Reina a heresia que Te alimenta, ó Eterno!

Em mim reina o elixir do Nazareno,

que sustenta o servilismo perpétuo.

No mastro da clausura endeusada,

ouvem-se salmos e liturgias penitentes.

Nas esquinas, por entre jogos de sombras,

vislumbram-se sexos santos cuspindo sémenes

sobre as bocas de inocentes adolescentes.

Pecado consentido por ti ou por mim?

Não sei.

Somos divinos siameses!

Deus! Cansei de Ti, de mim e de nós

Cansei de vender ruelas de ouro por meio da fé

Não mais quero comercializar embuste em latim

Quero antes o Gadareno que me alimenta o frenesi.

Lourenço Mussango

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I Antologia Elos d´África

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ARTES

São caminhos poliglotas,

que anseio saber falar

todas as vezes que namorar

essas línguas expressadas em notas.

Notas essas, tocadas pelos pássaros

recombinadas ao som das ondas do mar.

Mas! Me parece injusto apenas escutar.

quando posso pintar o céu e o mar com o olhar.

Apagando a linha do horizonte,

para que as artes venham a ser uno.

A dança, a música, a pintura e demais.

Venham parir aqui,

dentro de mim, todo talento e ofício,

para que venha colorir almas obscuras,

como o fogo-de-artifício.

Mauro José da Silva (Águia do Verso)

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Nossos Versos

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MISTÉRIO

Sou daqui, sou da terra

Desconhecem-me os homens

Os mesmos, o que consomem…

Reles viventes dessa esfera.

Mistério há que não haver,

mas falta de interesse há,

nesse interesse em não saber

de que mistério que há.

Seja sua génese, ele mesmo.

Mistério que não é, mistério que é,

basta que se diga que há… talvez é,

como crença do descrer mesmo,

ou de crer em Deus de Tales; a água

quiçá seja Deus na minha rasa tábua.

Daúde Amade

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I Antologia Elos d´África

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LITERATURA

É a arte de escrever

a liberdade de pensar.

É a liberdade de eu ser apenas eu

quando não quero ser.

É a liberdade de ser alguém

quando quero ser ninguém.

É a liberdade de ter alguma coisa

quando não quero ter nada.

Literatura é ser uma ave sem asa para voar,

sem saber por onde voar

nesta província, país, continente, e ao mundo fora

ou talvez na mente e na boca

daquele que bebeu das palavras

embriagando-se em cada sílaba.

Lida sem saber,

mesmo sem ver o que sequer.

Literatura é a arte ampla de elogiar

e descrever a beleza de uma mulher

de querer sem ver, de falar sem saber,

de sonhar sem nunca realizar.

É viajar na imaginação,

mais além, sem limites de pensamentos

mesmo quando o vazio é sentimental,

literatura é a arte da livre interpretação.

Germano de Carvalho

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Nossos Versos

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I Antologia Elos d´África

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1ª Antologia Elos D´Africa – Nossos Versos

Angola – Brasil – Guiné Bissau - Moçambique

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© 2017

1ª Edição