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Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer 0 Índice Pág. 1. - Sumário Executivo................................................................................................ 1 2. - A Rede Social no concelho de Alenquer.............................................................. 4 2.1.- O Plano de Desenvolvimento Social""""""""""""""".5 3. - Opções Metodológicas......................................................................................... 7 4. - Análise de Eixos de Intervenção.......................................................................... 10 Eixo I.- Deficiência........................................................................................... 11 Eixo II.- Educação, Formação e Emprego..................................................... 14 Eixo III.- Famílias em Risco............................................................................. 19 Eixo IV.- Idosos............................................................................................... 21 Eixo V.- Infância e Juventude.......................................................................... 24 Eixo VI.- Saúde"............................................................................................ 28 5. - Avaliação e monitorização"""""""""""""""""""""""..31 6. - Considerações Finais........................................................................................... 34 7. - Bibliografia............................................................................................................ 36 8. - Webgrafia"""""""""""""""""""""""""""""..".37

Índice · Com o PDS verifica-se a passagem de um nível de conhecimento para um nível de decisão, no qual são tomadas opções, definidos os objetivos e as estratégias de

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Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

0

Índice

Pág.

1. - Sumário Executivo................................................................................................ 1 2. - A Rede Social no concelho de Alenquer.............................................................. 4 2.1.- O Plano de Desenvolvimento Social""""""""""""""".5

3. - Opções Metodológicas......................................................................................... 7 4. - Análise de Eixos de Intervenção.......................................................................... 10

Eixo I.- Deficiência........................................................................................... 11

Eixo II.- Educação, Formação e Emprego..................................................... 14 Eixo III.- Famílias em Risco............................................................................. 19 Eixo IV.- Idosos............................................................................................... 21 Eixo V.- Infância e Juventude.......................................................................... 24 Eixo VI.- Saúde"............................................................................................ 28

5. - Avaliação e monitorização"""""""""""""""""""""""..31 6. - Considerações Finais........................................................................................... 34 7. - Bibliografia............................................................................................................ 36 8. - Webgrafia"""""""""""""""""""""""""""""..".37

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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1. Sumário Executivo

O presente documento consiste no Plano de Desenvolvimento Social do concelho e

surge na continuidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no que concerne

ao processo de implementação do Programa Rede Social em Alenquer, que teve início

em janeiro de 2005.

A Rede Social é uma medida de política social ativa, que visa a articulação das

entidades públicas ou privadas que desenvolvem atividade na área concelhia, com

vista à erradicação da pobreza e da exclusão social e à promoção do desenvolvimento

social local, tendo sido criada em novembro de 1997, pela resolução do conselho de

ministros n.º 197/97, e regida atualmente pelo decreto-lei n.º 115/2006 de 14 de junho.

Funciona através de uma lógica de articulação e de uma dinâmica de cooperação,

fundamentadas num conjunto de princípios, designadamente de subsidiariedade,

integração, articulação, participação e inovação, capazes de garantir a funcionalidade

e dar coerência às atuações desenvolvidas no âmbito do Programa.

Neste sentido foram desenvolvidas no concelho de Alenquer um conjunto de etapas

que se apresentarão de uma forma mais pormenorizada no capítulo 2, iniciando com a

elaboração do Pré-Diagnóstico Social em 2005, do Diagnóstico Social em 2006 e do

Plano de Desenvolvimento Social (PDS) em 2007, tendo-se seguido Planos de Ação

(PA) anuais.

Dadas as constantes alterações na realidade social, sentiu-se a necessidade de

proceder à atualização do Diagnóstico Social em 2012 e em 2016, surgindo agora a

fase de Plano de Desenvolvimento Social, que foi elaborado com vista à intervenção

sobre os problemas identificados no Diagnóstico Social. Este documento constitui-se

como um instrumento de estratégia de desenvolvimento social local assente em novas

dinâmicas de cooperação/parceria, tendo por base os contributos e informações

provenientes dos parceiros, pretendendo ser um documento orientador da estratégia a

seguir no planeamento da intervenção social no município.

Procura-se apresentar um cenário desejável para o concelho nos próximos cinco anos,

incluindo os objetivos que se consideraram concretizáveis no seu período de

abrangência (2018-2022).

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

2

Salientamos que este documento possui uma estreita ligação com os documentos de

planeamento estratégico anteriormente produzidos pela Rede Social de Alenquer, na

medida em que todos os documentos reúnem informações importantes sobre o

concelho e complementam-se.

O presente documento constitui um instrumento de definição conjunta e negociada

entre os parceiros, tendo sempre presente a realidade onde se insere. O seu conteúdo

encontra-se estruturado em seis partes distintas, nomeadamente:

- Sumário Executivo

- A Rede Social no concelho de Alenquer

- Opções Metodológicas

- Análise de Eixos de Intervenção

- Avaliação e monitorização

- Considerações Finais

Todo o trabalho desenvolvido ao nível da elaboração do documento resultou de um

processo participativo, onde estiveram envolvidas de forma efetiva e dinâmica as

entidades que integram o Conselho Local de Ação Social de Alenquer (CLASA), cujo

contributo e conhecimento da realidade concelhia constituíram uma mais-valia para a

elaboração do referido documento, conforme será possível verificar na análise do

capítulo “Opções Metodológicas”.

Efetivamente, tratando-se de um planeamento que se pretende integrado e

participado, foram realizadas várias sessões de trabalho, com a participação dos

parceiros sociais, onde se discutiram os objetivos e estratégias de atuação tendo em

conta as prioridades identificadas. O resultado dessas sessões foi sistematizado e

complementado em reunião de Núcleo Executivo, originando o documento que agora

se apresenta. Note-se que o presente documento procura transparecer um conjunto

de preocupações identificadas pelos parceiros no momento da sua elaboração, que

não esgotam as problemáticas merecedoras de intervenção no concelho.

Por fim seria importante justamente deixar uma nota de agradecimento a todas as

entidades que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram para a elaboração do

documento que aqui se apresenta e sem as quais não teria sido possível realizar este

trabalho.

O Núcleo Executivo da Rede Social de Alenquer

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2- A Rede Social no concelho de Alenquer

Tal como referido anteriormente, a Rede Social é uma medida de política social,

legislada pelo decreto-lei n.º 115/2006 de 14 de junho, que pressupõe um trabalho em

parceria alargada, incidindo na planificação estratégica da intervenção social local e

abarcando atores sociais de diferentes naturezas e áreas de intervenção.

Os principais objetivos desta medida são essencialmente promover o combate a

situações de pobreza e de exclusão social, através da convergência das intervenções

e dos projetos ao nível municipal, identificar soluções para os problemas das famílias e

dos indivíduos em situação de exclusão social e promover uma cobertura adequada

do município em serviços e equipamentos sociais. Pretende-se também conjugar as

políticas de diversos setores para possibilitar um planeamento integrado e uma

rentabilização dos recursos existentes.

É desejável que, em cada concelho, se criem novas formas de conjugação de

esforços, se definam em conjunto as prioridades e se planeie, de forma integrada,

ações coerentes de intervenção com vista ao desenvolvimento social local. A Rede

Social pretende, assim, construir um novo tipo de parceria entre entidades públicas e

privadas que, atuando na mesma comunidade, poderão consensualizar objetivos e

planear ações coordenadas e concertadas.

O concelho de Alenquer aderiu a este Programa no ano de 2005, sob coordenação da

Divisão do Potencial Humano (DPH) – Ação Social e Saúde da Câmara Municipal de

Alenquer, tendo sido constituído o Conselho Local de Ação Social de Alenquer em

sessão de plenário no dia 21 de março de 2005, que é composto atualmente por um

total de 51 entidades que intervêm no concelho e que procuram articular e conjugar

esforços, no sentido do cumprimento dos objetivos da medida. O programa pressupõe

ainda a constituição de um Núcleo Executivo, que consiste na modalidade restrita do

CLASA, cujas funções são essencialmente a dinamização da parceria e a realização

do trabalho técnico de suporte a todo o processo, onde estão representadas

atualmente 5 entidades.

O CLAS de Alenquer está também inserido na Plataforma Supraconcelhia do Oeste,

estrutura de articulação da Rede Social a nível supraconcelhio, que pretende garantir

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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a articulação e o planeamento a este nível. Integram esta plataforma os

representantes dos CLAS da região Oeste, os respetivos Centros Distritais da

Segurança Social, os dirigentes de entidades e serviços relevantes da administração

pública, e representantes das Instituições Particulares de Solidariedade Social,

Misericórdias, Organizações Não-Governamentais, Associações Empresariais e

Sindicais com delegações na zona Oeste.

No sentido da concretização dos objetivos que estão na sua origem, a Rede Social

deverá basear o seu trabalho em metodologias participativas de investigação-ação,

com vista a um planeamento estratégico criativo e participativo. Neste processo de

planeamento é possível identificar genericamente três etapas fundamentais: o

Diagnóstico da situação concelhia, a definição de Linhas Orientadoras de

intervenção e a operacionalização do Plano de Ação.

2.1. O Plano de Desenvolvimento Social

O planeamento no domínio social é uma metodologia de investigação-ação que

associa o conhecimento das especificidades dos problemas locais à intenção de

provocar uma mudança social. Para tal, será essencial articular a intervenção social

dos diferentes agentes locais e gerar um processo de planeamento social local,

mediante a conceção e desenvolvimento de projetos de ação articulados, potenciando

sinergias, competências e recursos, e definindo ações capazes de responder aos

problemas diagnosticados.

Neste sentido, o Plano de Desenvolvimento Social (PDS) 2018-2022 do concelho de

Alenquer pretende constituir-se como um documento de nível estratégico e

consensualizado, assumindo-se como um instrumento privilegiado ao nível da

intervenção local em matéria de políticas sociais, entendidas como o motor decisivo no

combate à pobreza e exclusão social.

Por Plano de Desenvolvimento Social entende-se a “definição de um plano estratégico

para 3/5 anos no qual se definem as estratégias de intervenção, bem como os

objetivos a alcançar. É um instrumento de definição conjunta e contratualizada de

objetivos prioritários, servindo de enquadramento às intervenções para a promoção do

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

5

desenvolvimento social local. O PDS enuncia uma estratégia para atingir uma situação

social desejável, mas realista, nos territórios sobre os quais incide.” 1

Como foi referido, ao servir de enquadramento a todas as intervenções para a

promoção do desenvolvimento social local, o PDS procura “vincular as iniciativas de

todos os agentes cujo âmbito de atuação tem repercussões no desenvolvimento social

dos concelhos” 2 mediante uma corresponsabilização dos parceiros na realização das

ações. Deixa, pois, de fazer sentido a concretização de intervenções isoladas, que

respondem a necessidades pontuais e que não concorrem no geral para nenhum

objetivo, não se enquadrando em nenhum processo de planeamento estratégico que

vise o desenvolvimento do concelho.

Deste modo, tem em vista a produção de efeitos corretivos, assim como de efeitos

preventivos, de modo a promover a melhoria generalizada das condições de vida das

populações.

Constitui uma fase do Programa em que, à semelhança do Diagnóstico Social, se

valoriza uma vez mais a participação e consensualização de todos os elementos

envolvidos no processo, por se considerar ser esta a forma mais eficaz de garantir

uma melhor apropriação do plano pelos parceiros e a mobilização destes para a sua

concretização. Por outro lado, são os parceiros, na sua intervenção regular e direta na

realidade concelhia, que detêm um conhecimento privilegiado relativamente à mesma,

assim como das dificuldades e problemas com que se deparam.

Com o PDS verifica-se a passagem de um nível de conhecimento para um nível de

decisão, no qual são tomadas opções, definidos os objetivos e as estratégias de

intervenção, partindo dos problemas e prioridades assinaladas no Diagnóstico Social.

Pretende-se que seja um documento operacional, materializado através da

implementação de Planos de Ação anuais, onde se encontram definidas as ações e

projetos a desenvolver, em função das necessidades expressas e dos recursos

existentes, para concretizar os objetivos e estratégias delineadas pelo PDS.

1 NÚCLEO DA REDE SOCIAL, Guião prático para a implementação da Rede Social, Lisboa, Instituto da

Segurança Social, I.P., 2004, p. 22

2 NÚCLEO DA REDE SOCIAL, Plano de Desenvolvimento Social, Instituto de Solidariedade e Segurança

Social, Lisboa, 2003, p. 15

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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3. Opções Metodológicas

À semelhança do que foi realizado no momento de trabalho anterior (Diagnóstico

Social), também o Plano de Desenvolvimento Social, sendo um instrumento de

definição conjunta e concertada dos objetivos e estratégias prioritárias para a

promoção do desenvolvimento social local, resulta de um processo de planeamento

estratégico participado, onde colaboraram as entidades parceiras do CLAS.

Estes dois instrumentos de trabalho encontram-se em estreita articulação, pois fazem

parte do mesmo processo, onde numa primeira etapa é necessário identificar de forma

clara quais os principais problemas existentes ao nível concelhio, bem como as

respetivas causas e consequências e os recursos locais a fomentar para fazer face a

esses mesmos problemas (Etapa de Diagnóstico Social), para numa fase posterior se

poder definir as estratégias a adotar para a resolução dos problemas previamente

identificados (Etapa de Plano de Desenvolvimento Social).

Foi utilizada na elaboração do PDS uma metodologia que passou pela realização de

sessões com os Grupos de Trabalho, organizados segundo as problemáticas definidas

na fase de Diagnóstico Social, tendo sido consensualizado que a intervenção para a

promoção do desenvolvimento social do concelho de Alenquer nos próximos 5 anos se

deveria desenvolver em torno de 6 grandes eixos:

- Deficiência

- Famílias em Risco

- Educação, Formação e Emprego

- Idosos

- Infância e Juventude

- Saúde

Tendo em conta o estabelecimento destes eixos de intervenção, foram realizadas

reuniões com os Grupos de Trabalho entre os meses de junho a outubro de 2017,

propondo-se a estratégia metodológica a seguir e delineando conjuntamente a

intervenção a desenvolver no concelho.

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Foram assim definidos os objetivos estratégicos, as estratégias e os objetivos

específicos correspondentes para o período compreendido entre os anos de 2018 a

2022, tendo sido tomada esta opção metodológica de um PDS a 5 anos pela primeira

vez desde a implementação da Rede Social no concelho, uma vez que terminado o

período de vigência do presente documento, julgamos se encontrarem já disponíveis

dados estatísticos de um novo Recenseamento Geral da População que permitirá

traçar um novo retrato da realidade a nível local com base nesta importante fonte

estatística. Por outro lado, os parceiros poderão assim trabalhar os objetivos

delineados num espaço temporal mais alargado, considerando que as múltiplas

solicitações que se colocam às instituições e aos seus técnicos constituem um dos

principais obstáculos à realização de uma intervenção interinstitucional integrada,

conforme será desejável acontecer no seio da rede social, e que surgirá em muitos

eixos de intervenção enquanto estratégia a adotar para a concretização dos objetivos

quer estratégicos quer específicos delineados.

Nas referidas reuniões de grupos de trabalho pretendeu-se reter todas as ideias

enunciadas pelos participantes de uma forma “não-técnica” (sem a formulação técnica

dos objetivos e estratégias) de modo a permitir a maior participação possível de

todos/as. Posteriormente, num segundo momento, o Núcleo Executivo da Rede Social

de Alenquer procedeu ao tratamento técnico da informação recolhida, com a

colaboração da empresa de consultadoria Logframe que se encontra a prestar apoio a

este projeto. A informação foi devolvida por via eletrónica aos/às parceiros/às para

validação do produto obtido após o tratamento técnico da informação.

De acordo com o trabalho desenvolvido pelos/as parceiros/as locais que acederam

participar no processo de definição do PDS do concelho de Alenquer, o mesmo será

apresentado de acordo com a seguinte estrutura:

� Eixos Estratégicos - correspondem às problemáticas identificadas no Diagnóstico

Social, podendo a designação coincidir com estas ou ser reformuladas numa

perspetiva do desenvolvimento desejado para o concelho.

� Objetivos Estratégicos - objetivos de nível superior, devidamente enquadrados

num determinado eixo, para o qual a intervenção contribui, mas que por si só

não consegue garantir. Trata-se de descrever a situação futura após a solução

dos problemas. Ao atingir os objetivos dos projetos que vierem a ser

implementados (inscritos no Plano de Acção) contribui-se de forma determinante

para alcançar o objetivo estratégico.

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� Estratégias - apresentação descritiva do caminho a seguir para alcançar o

objetivo estratégico, tendo em conta as alternativas possíveis.

� Objetivos Específicos - referem-se a resultados a obter, e não só a orientações.

Contribuem para a concretização dos objetivos estratégicos ainda que possam

não ser suficientes para tal, possuindo uma abrangência mais restrita do que os

anteriores. A diferença entre objetivos estratégicos e objetivos específicos

prende-se com a dimensão dos mesmos, na medida em que objetivo específico

contribui para a concretização de um objetivo estratégico, mas este tem sempre

uma abrangência mais lata do que o anterior, sendo que a intervenção garante o

cumprimento do primeiro e contribui para alcançar o segundo.

Foi possível constatar que as estratégias de desenvolvimento definidas e os objetivos

de intervenção traçados acabaram por deixar de parte alguns dos problemas

identificados na fase anterior, dada a impossibilidade de intervir em todos os

problemas em simultâneo. Assim, a intervenção delineada centrou-se por um lado nas

questões identificadas como sendo prioritárias, e por outro nos problemas para os

quais se considerou existirem recursos que permitam traçar uma intervenção

estruturada.

Será seguidamente apresentado o trabalho realizado em sede de grupos de trabalho

no âmbito da análise dos eixos de intervenção definidos.

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4. Análise de Eixos de Intervenção

Seguindo a tendência de clareza e utilidade dos documentos produzidos no âmbito da

Rede Social, optou-se pela apresentação deste Plano de uma forma simples e

acessível. Assim, após um pequeno texto explicativo das principais orientações dos

Grupos de Trabalho temáticos, onde foi retomada alguma informação estatística de

forma a compreender melhor a realidade em análise, será apresentada para cada eixo

uma grelha onde se definem os objetivos estratégicos, as estratégias a seguir e os

objetivos específicos a atingir, que constituem o Plano de Desenvolvimento Social.

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¤ Eixo I - Deficiência

Relativamente à área de intervenção que abrange a população deficiente, o Grupo de

Trabalho traçou como objetivo estratégico para os próximos anos aumentar os níveis

de inserção das pessoas com deficiência no concelho e promover uma melhoria da

qualidade de vida desta população, sendo que seria desejável promover um aumento

das respostas direcionadas para este grupo populacional, uma vez que, como foi

possível constatar no Diagnóstico Social, as respostas existentes se revelam

insuficientes para cobrir as necessidades nesta área. São elas o Centro de Atividades

Ocupacionais de Olhalvo (pertencente à CERCI Flor da Vida de Azambuja) e a

Associação de Apoio a Idosos e Jovens da Freguesia de Meca, que no total prestam

apoio a 43 utentes.

As entidades que constituem este Grupo de Trabalho depararam-se com a dificuldade

da inexistência de dados estatísticos atualizados que permitam compreender as

principais características da população com deficiência, uma vez que os dados oficiais

existentes que permitam retratar esta realidade especificamente ao nível concelhio

dizem respeito ao Recenseamento Geral da População de 20013 e apontam para a

existência de 1 905 residentes com algum tipo de deficiência, sendo que são os

indivíduos com deficiência motora que apresentam um peso mais elevado de

população com deficiência (28,2%), seguidos do grupo dos indivíduos com deficiência

visual (24,8%). O tipo de deficiência que apresenta um número mais reduzido é a

paralisia cerebral, com 46 casos.

De acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística, no

Recenseamento Geral da População de 2011, os dados disponíveis visam “retratar as

limitações das pessoas face a situações da vida real, que, de algum modo, afetem a

funcionalidade e a sua participação social. Substituiu-se, desta forma, a avaliação

baseada em diagnósticos de deficiências, para uma avaliação que privilegia a

funcionalidade e a incapacidade como o resultado de uma interação dinâmica entre a

pessoa e os fatores contextuais. Foram observados 6 domínios de funcionalidade

(Ver, ouvir, andar, memória/concentração, tomar banho/vestir-se sozinho e

compreender/fazer-se entender) através da avaliação do grau de dificuldade que a

3 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, XIV Recenseamento Geral da População, Lisboa, INE, 2001

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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pessoa sente (autoavaliação), diariamente, na realização de determinadas atividades

devido a problemas de saúde ou decorrentes da idade (envelhecimento).”

A análise dos dados recolhidos permite constatar que, do total de 40 976 residentes no

concelho com mais de 5 anos em 2011, 33 640 residentes não possuem dificuldades

nos níveis de funcionalidade referidos, enquanto que 7 336 pessoas possuem pelo

menos uma dificuldade. Em 2011, no concelho de Alenquer, existiam 600 pessoas que

não conseguiam tomar banho ou vestir-se sozinhas, 398 que não conseguiam andar

ou subir degraus, 433 que não conseguiam efetuar ações de memória ou

concentração, 267 não conseguiam compreender os outros ou fazer-se compreender,

119 que não viam e 105 que não ouviam.

Desta forma, a estratégia definida pelo grupo passa por articular

interinstitucionalmente de forma a permitir uma intervenção integrada na área da

deficiência, sendo que os objetivos específicos a desenvolver entre 2018 e 2022 são

possíveis de verificar no quadro infra, e passam essencialmente pela promoção da

informação e sensibilização junto da população com deficiência e da população em

geral, incluindo as entidades empregadoras, para as questões relacionadas com a

deficiência, seja no que concerne aos apoios existentes à contratação, como às

potencialidades desta população e aos direitos que possuem.

A questão das barreiras arquitetónicas tem sido identificada nos vários documentos

de planeamento estratégico produzidos no âmbito da rede social, e o grupo de

trabalho considerou que deverá permanecer em sede de Plano de Desenvolvimento

Social no sentido de se poder sensibilizar localmente para a sua eliminação,

considerando o importante papel que desempenham ao nível da mobilidade não só

da população com deficiência, como da população em geral que em algum momento

da vida se poderá deparar com uma incapacidade de mobilidade temporária.

A questão dos cuidadores informais foi igualmente alvo de preocupação por parte

dos elementos do grupo de trabalho, sendo que se definiu a importância da

identificação dos mesmos e de dotá-los de competências que permitam uma

melhoria na prestação de cuidados às pessoas com deficiência, considerando que

muitas não terão acesso a respostas especializadas na área, consoante o problema

prioritário identificado neste eixo.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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PROBLEMAS

OBJETIVO

ESTRATÉGICO

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Pessoas com deficiência sem acesso a respostas na área Dificuldades de integração profissional por parte da população com deficiência Existência de barreiras arquitetónicas que dificultam a mobilidade da população com deficiência

Existência de famílias/ cuidadores informais sem formação especializada na área da deficiência Existência de pessoas com deficiência que desconhecem os seus direitos

Aumentar os níveis de inserção das pessoas

com deficiência no concelho

Promover uma melhoria da qualidade de vida da população

com deficiência

Articular interinstitucionalmente

de forma a permitir uma intervenção integrada na área da deficiência

Divulgar os apoios existentes para a contratação de pessoas com deficiência Fomentar a responsabilidade social junto das entidades empregadoras locais (constituição de equipas técnicas para prestar o apoio às entidades empregadoras no âmbito da contratação de pessoas com deficiência) Sensibilizar as entidades locais para eliminação das barreiras arquitetónicas nos espaços públicos Sensibilizar a comunidade em geral para as potencialidades da população com deficiência Articular interinstitucionalmente de forma a identificar os cuidadores e a promover (in)formação adequada

Fomentar a criação de grupos de auto representantes com vista à promoção de informação referente à defesa dos direitos das pessoas com deficiência

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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¤ Eixo II – Educação, Formação e Emprego

Dado que as questões da Educação, Formação e Emprego se apresentam como

áreas de intervenção bastante importantes para o desenvolvimento local, torna-se

necessário contribuir para a redução do desemprego e fomentar não só a qualificação

profissional, mas também a promoção da formação ajustada às necessidades do

mercado de trabalho, passando por um aumento das competências da população e da

aprendizagem ao longo da vida, permitindo a melhoria no acesso ao mercado de

trabalho.

De acordo com a informação constante no Diagnóstico Social de 2016, o grau de

instrução da população do concelho situa-se na sua maioria ao nível do ensino básico

- 56% da população -, sendo que destes, 11 000 (25,4%) apenas completaram o

primeiro ciclo.

Ao nível do desemprego, os dados disponibilizados pelo Instituto de Emprego e

Formação Profissional apontam para a existência no concelho, em agosto de 2016, de

1291 residentes inscritos em situação de desemprego, sendo que o grupo de trabalho

demonstrou uma preocupação elevada, para além desta questão, relativamente à

existência de munícipes que se encontram empregados/as mas em situações

precárias de emprego.

Com a definição deste eixo, os/as parceiros/as identificaram a necessidade da

adequação entre a oferta formativa existente e as necessidades do mercado de

trabalho, que foi considerado o problema prioritário, procurando-se assim desenvolver

uma intervenção que possua como objetivos estratégicos a identificação das

necessidades de perfis profissionais e de necessidades de desenvolvimento

profissional junto das entidades empregadoras no sentido de poder vir a promover o

ajuste entre a oferta formativa e a realidade local, a promoção da aquisição de

competências e a aprendizagem ao longo da vida, permitindo a melhoria no acesso ao

mercado de trabalho e a promoção da capacitação e do empreendedorismo.

A estratégia de intervenção definida passa pela obtenção de um melhor conhecimento

da realidade local, quer no que concerne às necessidades de formação profissional

junto das entidades empregadoras, quer no que diz respeito às ofertas formativas e de

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

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emprego existentes para divulgação junto da comunidade em geral, mediante a

promoção de uma maior articulação interinstitucional.

Neste âmbito, refira-se que o grupo de trabalho definiu que as necessidades de

formação a nível local já se encontram identificadas, sendo que a autarquia, no âmbito

de um estudo de necessidades de qualificação intermédia realizado pela Comunidade

Intermunicipal do Oeste, auscultou o tecido empresarial do concelho no sentido de

recolher contributos que permitam enriquecer a análise das necessidades e do

processo de qualificação intermédia e de emprego jovem, no contexto regional e

local/municipal. Estas iniciativas revelam-se de toda a pertinência, na medida em que

a falta de conhecimento das necessidades do tecido empresarial impede um

relacionamento mais estreito por parte dos agentes sociais em geral, conduzindo a

perdas de eficácia e eficiência na formação, bem como a ofertas de formação menos

adequadas às necessidades do mercado e à falta de rentabilização dos recursos.

Por outro lado, ao nível da implementação do Contrato Local de Desenvolvimento

Social no concelho, existe também uma clara identificação das necessidades

apresentadas pelas entidades empregadoras no “alto concelho”. Assim sendo, os

elementos do grupo de trabalho referiram a importância da divulgação desta

informação junto da população em geral, e da população jovem em particular, e a

existência de uma sensibilização de forma a que possa existir uma definição do

percurso formativo de cada pessoa tendo em conta o conhecimento da realidade local

ao nível de necessidades apresentadas pelas entidades locais num determinado

período temporal, o que poderá também contribuir para a fixação populacional no

concelho.

No que concerne a objetivos específicos, a intervenção delineada centrou-se nos três

problemas identificados como prioritários neste eixo estratégico, numa lógica realista

conforme referido anteriormente, considerando que a resolução dos restantes dois

problemas identificados se concluiu situar-se num âmbito de atuação que ultrapassa

as competências da rede social. No caso do 4.º problema, será de referir que alguns

equipamentos escolares serão alvo de intervenção num breve período temporal, ao

abrigo de candidaturas apresentadas ao programa Portugal 2020, e o 5.º problema

tem a ver com orientações ao nível do Ministério da Educação, no âmbito das quais a

Rede Social não consegue intervir.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

15

Assim sendo, os elementos do grupo de trabalho identificaram a importância do

aumento das qualificações da população, delineando objetivos que se prendem com

uma maior divulgação da oferta formativa existente a nível local e nos concelhos da

região, considerando a impossibilidade de no concelho existir oferta formativa que

responda a todas as necessidades, e sendo neste sentido que se encontra a ser

desenvolvido um trabalho a nível intermunicipal no sentido da diversificação da oferta

formativa na região Oeste tendo em conta as características de cada local.

O grupo delineou ainda objetivos no âmbito da promoção de iniciativas que promovam

o aumento das qualificações e da adequação da oferta formativa às necessidades

identificadas, bem como o incentivo a atitudes proactivas na procura de novas

oportunidades de emprego.

No caso das dificuldades de conciliação entre vida familiar e profissional, o grupo de

trabalho definiu que se deveria intervir junto das entidades empregadoras, no sentido

de sensibilizar para a necessidade de conciliação destes dois aspetos através de

medidas como a flexibilização de horário por exemplo, mas também se deveria intervir

junto das famílias, no sentido da sensibilização para a partilha das responsabilidades

parentais, considerando o papel ainda muito enraizado na sociedade da mulher

enquanto prestadora de cuidados à família, nomeadamente aos/às descendentes, o

que se poderá traduzir numa elevada taxa de absentismo ao trabalho.

A promoção do empreendedorismo foi também uma questão referida no grupo de

trabalho e definida enquanto objetivo estratégico, passando o objetivo específico pela

promoção de ações de sensibilização e divulgação de práticas empreendedoras.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

16

PROBLEMAS

OBJETIVO

ESTRATÉGICO

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Desadequação entre

necessidades do mercado de

trabalho e a oferta formativa

oferecida no concelho

Existência de pessoas em

situação de emprego precário

Dificuldade de conciliação

entre vida profissional e

familiar

Existência de crianças que

frequentam equipamentos

escolares com falta de

condições

Existência de currículos

desadequados às

necessidades das

crianças/jovens

Identificação das

necessidades de perfis

profissionais e de

necessidades de

desenvolvimento

profissional junto das

entidades empregadoras

Promover a aquisição de

competências e a

aprendizagem ao longo

da vida, permitindo a

melhoria no acesso ao

mercado de trabalho

Promover a capacitação

e o empreendedorismo

Articular

institucionalmente

no sentido da

obtenção de um

melhor

conhecimento

referente à realidade

local

Promover a divulgação das necessidades de

formação/competências identificadas pelas entidades

empregadoras, junto da população

Adequar as ofertas formativas às necessidades

identificadas

Sensibilizar a população jovem para a definição de

um percurso formativo que se coadune com as

necessidades de emprego a nível local

Promover iniciativas que visem o aumento das

qualificações da população

Sensibilizar o tecido empresarial para as

necessidades de conciliação entre a vida pessoal e

familiar

Sensibilizar as famílias para a partilha das

responsabilidades parentais

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

17

PROBLEMAS

OBJETIVO

ESTRATÉGICO

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Incentivar atitudes pró-ativas na procura de novas

oportunidades de emprego

Promover uma maior divulgação das ofertas

formativas e de emprego existentes no concelho

Promover ações de sensibilização/divulgação de

práticas empreendedoras

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

18

¤ Eixo III – Famílias em Risco

No caso do terceiro eixo estratégico, referente às Famílias em Risco, considerando a

sua multidimensionalidade, e tendo por base o conjunto de recursos que foram

elencados de forma detalhada na fase de Diagnóstico Social, que desempenham um

importante trabalho regular com vista a minimizar as situações de pobreza e exclusão

social no concelho, a estratégia delineada pelos/as parceiros/as no âmbito do trabalho

a desenvolver nos próximos 5 anos passou pela promoção de uma melhor articulação

interinstitucional, no sentido da obtenção de ganhos de eficiência e eficácia no

combate a situações de risco, assim como pela prevenção e sensibilização das

diferentes situações de risco diagnosticadas no concelho.

Neste sentido, foram definidos objetivos estratégicos que consistem em contribuir para

a melhoria das condições de vida das famílias em situação de fragilidade social, bem

como na criação um plano estratégico de emergência social que vise dar resposta a

situações de grave carência a nível local.

No que concerne a objetivos específicos, pretende-se intervir no sentido de assegurar

recursos às famílias que não reúnam condições para a satisfação das suas

necessidades, visando igualmente contribuir para a inserção social e profissional de

agregados familiares em situação de fragilidade social. Para tal, o grupo de trabalho

considerou a importância do desenvolvimento de ações de sensibilização no sentido

do reforço de competências, bem como da criação de um núcleo técnico que permita

prestar um acompanhamento mais próximo a estas famílias, e que possa desenvolver

mecanismos de intervenção social mais eficientes e eficazes.

Refira-se que os elementos do grupo de trabalho consideraram também como

importante objetivo estratégico a desenvolver nos próximos anos a promoção de um

melhor conhecimento relativamente aos recursos existentes no concelho, permitindo

uma melhoria da articulação interinstitucional.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

19

PROBLEMAS

OBJETIVOS

ESTRATÉGICOS

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Existência de famílias que necessitam de acompanhamento ao nível da definição de projetos de apoio personalizados

Há instituições no concelho que não articulam o trabalho a desenvolver

Existência de famílias em situação de fragilidade social sem competências ao nível da gestão doméstica

Existência de famílias em situação de carência económica sem respostas imediatas

Há crianças que não têm acompanhamento/ enquadramento parental de que necessitam

Contribuir para a melhoria das condições de vida das

famílias em situação de fragilidade social

Criação de um plano estratégico de emergência

social

Melhorar a articulação institucional por forma a ter

ganhos de eficiência e eficácia no combate às

situações de risco

Investir na prevenção e sensibilização das

diferentes situações de risco diagnosticadas no

concelho

Melhorar a articulação interinstitucional através da promoção de um maior conhecimento relativamente aos recursos existentes no concelho Criar mecanismos de intervenção social e de monitorização Criar um núcleo técnico com vista a um acompanhamento de proximidade de famílias em risco Promover e avaliar ações de sensibilização com vista ao reforço de competências Assegurar recursos às famílias para a satisfação das suas necessidades básicas e contribuir para a sua inserção social e profissional.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

20

¤ Eixo IV – Idosos

Com a melhoria generalizada das condições de vida da população, tem-se assistido a

um aumento da esperança média de vida. Por consequência, o envelhecimento da

população tem vindo a acentuar-se, quer com a diminuição da população nos escalões

etários mais jovens, quer pelo incremento da população idosa, situação esta em

relação à qual o concelho de Alenquer não é exceção.

O número de idosos tem vindo a aumentar, em consonância com as transformações

demográficas ocorridas no País, o que coloca novos desafios/problemas sociais, para

os quais é necessário encontrar respostas eficazes. É neste sentido que a população

idosa surge como eixo estratégico no presente PDS, impondo-se a necessidade de

promover e garantir a qualidade de vida desta população.

Com efeito, o concelho verificou um aumento da população idosa desde 1960 até

2011 na ordem dos 164,5%, enquanto que a faixa etária dos 0 aos 14 anos registou

uma diminuição de 15,5% no mesmo período temporal. Este aumento da população

idosa faz com que cada vez mais seja necessária a criação de respostas de apoio

social, o que se torna preocupante aquando da análise do número de idosos que se

encontra em lista de espera para ingressar numa das estruturas residenciais para

pessoas idosas (erpi) existentes no concelho: 486 idosos em setembro de 2016.

O indicador “utentes em lista de espera” é possivelmente um dos mais importantes

quando se pretende analisar se os equipamentos existentes dão resposta aos

pedidos, constituindo assim um dado revelador da carência existente na área

concelhia, sendo certo que, em muitas situações, o mesmo utente encontra-se inscrito

em várias instituições, o que faz com que a lista de espera para a valência de ERPI

não espelhe a realidade existente neste âmbito.

Como objetivos estratégicos, foram definidos a promoção da melhoria das condições

de vida da população idosa, a promoção do envelhecimento ativo e apostar na

prevenção do isolamento e exclusão social das pessoas idosas.

A grande aposta para esta área nos próximos cinco anos definida pelo Grupo de

Trabalho passa pelo conhecimento da realidade económica e social das condições de

vida da população idosa, através da realização de um diagnóstico de necessidades

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

21

concelhio, o que constitui um enorme desafio às instituições, pois tal apenas será

possível de realizar através de uma boa articulação interinstitucional.

No âmbito do combate ao isolamento da população idosa, o grupo de trabalho definiu

o investimento num importante recurso identificado em sede de diagnóstico social, que

consiste no banco local de voluntariado da autarquia, enquanto plataforma que

congrega a disponibilidade dos voluntários inscritos com as necessidades identificadas

em sede de diagnóstico da população idosa.

A continuidade das reuniões de articulação interinstitucional revela-se fundamental

enquanto objetivo estratégico a desenvolver pelo grupo de trabalho, na medida em

que o desenvolvimento de uma intervenção integrada e articulada, que permita

rentabilizar os recursos existentes e evitar a duplicação de respostas, apresenta-se

como um caminho essencial a seguir no sentido de prestar um melhor

acompanhamento a famílias que dele necessitem.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

22

PROBLEMAS OBJETIVO

ESTRATÉGICO

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Existência de idosos/as sem

acesso a apoios sociais de

emergência

Existência de idosos/as em

situação de negligência e

abandono familiar

Existência de idosos/as com

problemas/ necessidades na

área da saúde mental

Os/as idosos/as têm

dificuldades de acesso a

bens e serviços

Existência de idosos/as com

escassos recursos

financeiros

Promover a melhoria das

condições de vida da

população idosa

Promover o envelhecimento

ativo

Prevenir o isolamento e

exclusão social das

pessoas idosas

Aumentar a articulação

interinstitucional

Conhecer a realidade social e

económica da população idosa

Realizar um diagnóstico concelhio

sobre a população idosa

Criar um grupo de voluntários no

âmbito do BLV para apoio e

acompanhamento à população idosa

Realizar reuniões de articulação

interinstitucional

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

23

¤ Eixo V – Infância e Juventude

O Grupo de Trabalho constituído para analisar as questões relacionadas com a

Infância e Juventude elegeu, em fase de Diagnóstico Social, como problema prioritário

nesta área, o facto de existir um número significativo de crianças e jovens sem

atividades de ocupação de tempos livres, seja em período letivo como em período não

letivo, tendo sido referido o facto de que efetivamente começa a ser promovida alguma

resposta a nível local nesta área, sobretudo através de programas desenvolvidos pela

autarquia em parceria com as instituições locais. Surge assim como objetivo

estratégico para dar resposta a esta questão, a promoção do alargamento e

adequação da oferta existente às novas necessidades das famílias e a promoção do

envolvimento das instituições locais para a dinamização de projetos de ocupação de

tempos livres, com recurso à estratégia de envolvimento de associações de pais e de

coletividades na procura de respostas de ocupação de tempos livres.

O inadequado acompanhamento familiar na educação de crianças e jovens foi outro

problema identificado que possui como causa a existência de famílias

desestruturadas, o pouco apoio social, a falta de responsabilização e a ausência de

objetivos para os filhos. No sentido de poder vir a contribuir para a eliminação deste

problema, o grupo de trabalho definiu no PDS a realização de ações de sensibilização

com vista à promoção de competências educativas e relacionais, utilizando-se como

estratégia de intervenção a promoção do envolvimento das associações de pais e

entidades locais na mobilização dos progenitores para a frequência das respetivas

ações.

A existência de jovens com dificuldades na definição de objetivos de vida foi também

um problema identificado no âmbito do eixo da infância e juventude, sendo que o

grupo de trabalho definiu como objetivo específico, no sentido de poder prestar ajuda

aos jovens do concelho, a criação de um espaço concelhio que permita proporcionar

aos jovens diversas experiências de vida, assim como o contacto com o mundo do

trabalho. Para tal, surge a necessidade de sensibilizar e mobilizar as entidades locais

para a criação e dinamização do referido espaço.

O quarto problema prioritário diz respeito à inexistência de resposta local para o

acolhimento residencial de crianças e jovens, considerando o encerramento do único

equipamento desta natureza existente no concelho, e considerando igualmente as

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

24

consequências da necessidade da existência desta resposta que conduz à colocação

das crianças em locais distantes das famílias, o que faz com que por vezes as famílias

não consigam manter um contacto regular com os/as filhos/as. Existe também uma

alteração ao nível do estabelecimento de ensino de referência das crianças,

verificando-se o enfraquecimento ou perda de vínculos com a família e amigos/as.

Verifica-se no âmbito da resolução deste problema a apresentação de uma

candidatura por parte da Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana à

resposta Casa de Acolhimento para Crianças e Jovens, que se encontra em fase de

análise pelas entidades competentes, tendo os elementos do grupo de trabalho

sentido a necessidade de manter esta sinalização nos documentos de planeamento

estratégico da Rede Social, no sentido de dar um maior ênfase a esta necessidade e à

pertinência da candidatura apresentada.

Por fim, foi identificado como problema neste eixo estratégico a existência de uma

fraca interação entre as famílias e as escolas, que apresenta consequências como a

desvalorização da instituição escolar, a desmotivação dos/as alunos/as e o surgimento

de problemas em contexto escolar em que urge intervir no sentido da sua

minimização/resolução.

Neste âmbito, o objetivo estratégico definido passa pela promoção do fortalecimento

das relações escola/família, adotando-se como estratégia um reforço da mobilização

dos pais para a participação na vida escolar, e como objetivos estratégicos a

sensibilização das instituições educativas para que possam realizar atividades que

envolvam os pais de uma forma ativa na respetiva organização e mobilização. O grupo

de trabalho referiu ainda como objetivo estratégico a importância de se poder realizar

uma sensibilização das entidades empregadoras relativamente às necessidades de

conciliação entre a vida profissional e pessoal, flexibilizando horários de forma a

permitir aos progenitores efetuar um acompanhamento mais próximo dos seus

educandos quer através de uma participação mais ativa em contexto escolar, como

através de um acompanhamento do percurso diário das crianças e jovens.

Ainda no que concerne ao presente eixo estratégico, e considerando os problemas

nele identificados, destaque-se como objetivo estratégico a desenvolver nos próximos

5 anos o projeto “Rede de Mediadores para o Sucesso Escolar”, promovido pela

Associação EPIS – Empresários Pela Inclusão Social, em parceria com o Ministério da

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

25

Educação no ano letivo 2007/2008 e implementado em 28 concelhos do Continente e

em 3 ilhas com vista à melhoraria dos resultados escolares de alunos.

O projeto será implementado no concelho de Alenquer, com vista ao desenvolvimento

de uma metodologia inédita em Portugal, que aposta na capacitação das

competências não-cognitivas de jovens do ensino básico em risco de

insucesso/abandono escolar, no sentido da obtenção do seu sucesso escolar, numa

“abordagem 360º” feita por mediadores profissionais, “fora da sala de aula”, que inclui

família, escola e envolvente territorial.

Assim, numa primeira fase, será realizado um questionário a todos os alunos do 7.º

ano (495 alunos) independentemente do seu aproveitamento, de forma a recolher a

informação que permita perceber a melhor forma de poder ajudá-los a promover o seu

sucesso escolar. Posteriormente, os alunos selecionados serão acompanhados

durante 3 anos letivos, individualmente ou em pequenos grupos, pelo mediador EPIS

da escola, em articulação com o Diretor de Turma, restantes professores e família.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

26

PROBLEMAS

OBJETIVOS

ESTRATÉGICOS

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Crianças e jovens sem atividades

de ocupação de tempos livres

(período letivo e não letivo)

Há crianças e jovens cujos/as

pais/mães possuem poucas

competências ao nível das

responsabilidades parentais

Existência de jovens com

dificuldades na definição de

objetivos de vida

Inexistência de resposta local

para acolhimento residencial de

crianças e jovens

Existência de fraca interação das

famílias / escolas

Alargar e adequar a oferta

existente às novas

necessidades das famílias

Promover o fortalecimento

das relações escola -

família

Prevenir os

comportamentos de risco

em crianças e jovens

Promover o envolvimento

das instituições locais na

dinamização de projetos

de ocupação de tempos

livres, sensibilizando para

a existência desta

necessidade

Envolvimento das

associações de pais e das

coletividades na procura

de respostas de ocupação

de tempos livres

Envolvimento das

associações de pais e

entidades locais na

mobilização dos

progenitores para a

frequência das ações a

realizar no âmbito da

promoção de

competências parentais

Reforço da Mobilização

(representante de turma)

/Intensificar a partilha de

informação entre as

instituições locais

Sensibilizar as entidades empregadoras relativamente à

necessidade de conciliação da vida profissional e

pessoal

Implementar o projeto “Rede de Mediadores para o

sucesso escolar”

Promover ações de sensibilização no âmbito do treino

de competências educativas e relacionais

Sensibilizar e mobilizar as entidades locais para a

criação de um espaço concelhio direcionado a jovens

que proporcione diversas experiências de vida e o

contacto com o mundo do trabalho

Apresentar uma candidatura por parte da SCM de

Aldeia Galega da Merceana à resposta de Casa de

Acolhimento para crianças e jovens

Sensibilizar as instituições educativas para a realização

de atividades que mobilizem os pais na respetiva

organização e dinamização

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

27

¤ Eixo VI – Saúde

Tendo em conta a importância das questões relacionadas com a saúde no sentido da

promoção da melhoria da qualidade de vida da população local, este eixo estratégico

revela-se fundamental e merecedor de uma atenção particular no seio da rede social.

Como objetivos estratégicos de intervenção para os próximos 5 anos, os elementos do

grupo de trabalho consideraram a importância da aposta na prevenção de problemas

de saúde mental e da promoção de hábitos de alimentação e de vida saudáveis.

Pretende-se ainda desenvolver uma intervenção direcionada no sentido de dotar a

população do concelho de conhecimentos básicos de primeiros socorros, bem como

promover a melhoria do acesso aos serviços de saúde.

Ao nível de estratégia de intervenção, surge uma vez mais a questão da articulação

interinstitucional e da estimulação do trabalho em rede no sentido de evitar a

duplicação de apoios e de rentabilizar recursos, diversificando as respostas existentes.

No que concerne a questões relacionadas com a saúde mental, os elementos do

grupo de trabalho definiram como objetivos estratégicos a realização de ações de

sensibilização sobre esta questão, bem como dotar os cuidadores informais de

pessoas com problemas de saúde do foro mental de competências que de alguma

forma possam permitir uma melhoria da qualidade do apoio prestado.

Considerada como a pandemia do século XXI, o crescimento da diabetes constitui um

desafio à sociedade e ao sistema de saúde ao qual urge dar resposta, considerando

os estilos de vida atuais caracterizados pelo sedentarismo, pela prática de uma

alimentação pouco saudável (terceiro problema prioritário identificado neste eixo

estratégico) e por elevados níveis de stress, na medida em que atinge cerca de um

milhão de portugueses e consiste na única doença cuja taxa de letalidade se encontra

em crescimento. Quanto à incidência desta doença no concelho, os dados disponíveis

referentes ao ano de 2014 apontam para a existência de 2 964 pessoas com doença

da diabetes, o que se traduz numa prevalência de 6,9% da população do concelho.

Desta forma, um dos objetivos específicos a desenvolver nos próximos 5 anos

consiste na implementação do programa “Não à Diabetes”, que resulta de um desafio

Gulbenkian apresentado no relatório “ Um futuro para a saúde”, e que possui como

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

28

objetivos evitar que 50 mil pessoas com risco acrescido desenvolvam diabetes no

prazo de 5 anos e identificar 50 mil pessoas com diabetes não diagnosticada. A

intervenção a desenvolver no âmbito deste programa baseia-se em torno de 3 eixos

estratégicos, que consistem na promoção de atividade física, na promoção de

atividades de prevenção/ divulgação sobre a doença da diabetes, e na estimulação de

iniciativas de promoção de hábitos de alimentação saudável junto da população em

geral, que constitui um outro objetivo específico delineado pelos parceiros do grupo de

trabalho.

Também para a implementação deste projeto a nível local se reveste de toda a

importância a estratégia referida de estimulação do trabalho em rede, referido o papel

que tem vindo a ser desempenhado na área da saúde por instituições do concelho

como as escolas, o município e a UCSP, que de forma isolada ou em parceria

desenvolvem regularmente iniciativas com vista à sensibilização da população para a

prática de hábitos alimentares saudáveis, como é exemplo o Plano Municipal para o

Combate à Doença da Diabetes que se realizou em 2016, ou a adesão a programas

nacionais como a iniciativa “Comer bem dá Saúde” da Liga Portuguesa Contra o

Cancro.

Em sede de Diagnóstico Social, os/as parceiros/as consideraram que existe uma

necessidade na área da saúde referente à falta de informação dos/as munícipes sobre

os procedimentos de primeiros socorros e suporte básico de vida (sbv) a prestar em

situações de emergência, que apresenta como consequência o facto de existirem

dificuldades ao nível da intervenção em tempo útil nas situações graves de socorro.

Neste âmbito, foi definido como objetivo específico a realização de um levantamento

de necessidades de formação em primeiros socorros/SBV e a promoção da

articulação com as entidades locais no sentido da implementação de um plano de

formação nesta área.

Por fim, refira-se que no âmbito da questão da existência de população sem acesso

aos serviços de saúde, e uma vez mais potenciando o trabalho em parceira com as

entidades locais, o grupo de trabalho propõe que possa ser efetuada uma articulação

com as juntas e uniões de freguesia do concelho no sentido de se poder efetuar o

transporte de munícipes com necessidades efetivas de deslocação para o centro de

saúde, no sentido da promoção da melhoria do acesso da população aos serviços de

saúde.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

29

PROBLEMAS

OBJETIVO

ESTRATÉGICO

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

População do concelho sem acesso aos cuidados de saúde especializados de que necessitam

Existência de munícipes sem respostas ao nível do tratamento de problemas de saúde mental

Existência de munícipes com hábitos alimentares desadequados

Existência de pessoas sem formação ao nível de 1.ºs socorros/suporte básico de vida População sem acesso aos serviços de saúde (meios de transporte)

Apostar na prevenção de problemas de

saúde mental

Promover hábitos de alimentação e de vida

saudável

Dotar a população do concelho de

conhecimentos básicos de primeiros

socorros

Promover a melhoria do acesso aos

serviços de saúde

Estimular o trabalho em rede no sentido de evitar a duplicação de apoios e rentabilizar recursos, diversificando as respostas

Promover a divulgação dos recursos existentes

Realizar ações de sensibilização no âmbito da prevenção da saúde mental

Desenvolver ações de formação/informação direcionadas a cuidadores de pessoas com problemas de saúde mental

Implementar o programa Não à diabetes

Estimular iniciativas de promoção de hábitos de alimentação saudável junto da população em geral

Realizar um levantamento de necessidades de formação em primeiros socorros /SBV e articulação com as entidades responsáveis no sentido da implementação de um plano de formação nesta área

Sensibilizar as juntas/uniões de freguesia para efetuar o transporte de munícipes com necessidades efetivas de deslocação para o centro de saúde

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

30

5. Avaliação e monitorização

Atualmente a avaliação surge como um dos momentos essenciais a considerar nas

novas concetualizações da investigação e implementação de projetos. A questão da

avaliação é bastante importante em processos de planeamento estratégico como o

que aqui se apresenta, resultado de um esforço conjunto das diversas entidades com

intervenção na área social do concelho de Alenquer.

É possível considerar que “a avaliação é “irmã gémea” do planeamento, porque

acompanha necessariamente todo o processo de elaboração do Plano de

Desenvolvimento Social, podendo ser entendida como um elemento de aprendizagem

para a parceria.”4 Será assim fundamental que a implementação deste instrumento

estratégico seja monitorizada e avaliada, permitindo verificar a eficiência e eficácia das

intervenções desenvolvidas e possibilitando a introdução de mecanismos corretivos ou

mesmo alterações de cariz mais profundo no sentido de alcançar os objetivos

propostos.

Assim, a elaboração de um PDS pressupõe que sejam definidos critérios de avaliação

que permitam acompanhar a execução das ações planeadas, analisando os efeitos

positivos, os constrangimentos, os impactos e os desvios. É através da avaliação que

o CLAS poderá obter informações para construir novos planos de ação anuais,

intensificando determinados projetos e atividades e corrigindo outros.

Propõe-se que o modelo de avaliação a aplicar na Rede Social de Alenquer passe

pela implementação de uma avaliação de acompanhamento (On Going), que como o

nome indica, acompanha o processo de execução do Plano de Desenvolvimento

Social, permitindo produzir informação necessária para a monitorização e gestão do

processo numa ótica de melhoria contínua, e por um momento de avaliação final (Ex-

Post), efetuada após a conclusão do PDS, produzindo informação sobre os seus

resultados e efeitos gerados pela intervenção.

4 Idem, p. 63

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

31

Para além destes dois sistemas de avaliação, propõe-se a implementação de um

processo de monitorização, que consiste num registo periódico e sistemático de

informações pertinentes que permitam conhecer a ação que se encontra a ser

desenvolvida pelos vários parceiros da Rede Social e introduzir mecanismos de

correção aos desvios identificados. Desta forma, em cada um destes momentos

deverão ser definidos os elementos de verificação que permitirão perceber o decorrer

das intervenções, que correspondem aos requisitos que se desejam ver cumpridos em

cada uma das etapas.

Caberá ao Núcleo Executivo, no âmbito das suas atribuições, a responsabilidade pela

implementação e acompanhamento do plano e, com regularidade, deverá efetuar um

ponto da situação em relação à forma como as ações, medidas e projetos previstos

estão ou não a ser executados. Nestes momentos de avaliação, deverá ser

apresentada a relação entre o planeado e o executado, salientando os desvios

verificados e as razões para que os mesmos aconteçam, bem como as alterações ao

planeamento inicial dos projetos ou ações.

Caberá ainda ao núcleo executivo a difusão de informação sobre a implementação do

plano no concelho, na medida em que através da devolução das informações aos

parceiros relativamente às ações que estão a decorrer e o estado em que se

encontram, se verifica um fortalecimento da parceria. No final do período a que este

Plano diz respeito, proceder-se-á a uma avaliação final, com vista a apurar do sucesso

e eficácia da ação desenvolvida, realimentando este processo de planeamento

assente numa metodologia de investigação para a ação.

O processo de avaliação a implementar deverá, assim, ser capaz de quantificar e

qualificar as respostas dadas, através da ação desenvolvida, aos problemas e

necessidades identificados, bem como fornecer indicações sobre novos problemas

entretanto surgidos ou que a intervenção revelou. Deverá, ainda, aprofundar o

conhecimento de todos os parceiros relativamente ao sistema de ação em presença,

melhorando e facilitando os processos de tomada de decisão que passam a assentar

em mais e melhor informação. Em suma, o processo de avaliação deverá contribuir

para desenvolver uma cultura de diálogo, que fomente a partilha de um conhecimento

integrado e prospetivo da realidade concelhia, um planeamento estratégico criativo e

participativo e uma co-responsabilização na ação, consolidando a parceria.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

32

Considera-se assim que a avaliação deve ser transversal a todo o processo de

planeamento, constituindo um momento de reflexão útil, ao permitir identificar pontos

de reorientação ou reforço das ações. Este instrumento afigura-se como fundamental

e imprescindível para conhecer os resultados e os efeitos da intervenção, bem como

para o planeamento das ações subsequentes.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

33

6. Considerações finais

O Plano de Desenvolvimento Social que aqui se apresenta constitui a proposta de

enquadramento, orientação estratégica e promoção da intervenção social local a

desenvolver nos próximos cinco anos no concelho. É importante referir que na

definição dos objetivos e estratégias deste documento, se teve em linha de conta

aquilo que está ao alcance da Rede Social de Alenquer, e que se enquadra no âmbito

dos recursos e capacidades disponíveis atualmente, sendo assim um plano realista.

O presente documento resulta de um contributo e de um envolvimento efetivo das

entidades com intervenção local que acederam colaborar no processo de elaboração

do Plano de Desenvolvimento Social, mediante a integração nos grupos de trabalho

temáticos constituídos para o efeito. Já por diversas vezes se mencionou o trabalho

em parceria enquanto uma mais-valia na resposta concertada e planificada às

problemáticas diagnosticadas, entendida como uma dinâmica de funcionamento e

intervenção, cooperativa e negociada, entre entidades públicas e privadas e outros

atores locais, com o objetivo de potenciar o desenvolvimento local. Esta metodologia

permite efetuar uma racionalização das intervenções, reduzindo custos e riscos e

promovendo trocas de experiências, de conhecimento e de saberes.

Considera-se que este é um trabalho que só faz sentido com a colaboração de

todos/as os/as parceiros/as e com o envolvimento dos/as mesmos/as em ações que

promovam o desenvolvimento social local, sendo que a experiência realizada até ao

momento no âmbito da Rede Social de Alenquer se pode considerar positiva neste

sentido, na medida em que desde a constituição no concelho de Alenquer da Rede

Social, até aos dias de hoje tem sido percorrido um caminho, no qual se vem

assumindo cada vez mais a pobreza e a exclusão social como um combate comum a

todos/as os/as interventores sociais, o que pressupõe a mobilização local e a

coresponsabilização de todos/as.

Tal é visível através do surgimento de respostas no concelho que permitam contribuir

para uma melhoria da qualidade de vida das população, como sendo respostas

especificamente promovidas neste âmbito por instituições locais (ex: programas de

ajuda alimentar desenvolvidos por instituições locais com resposta alimentar, lojas

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

34

sociais com a doação de bens de diversa ordem) ou a criação de respostas a nível

concelhio como o apoio da administração central como a Rede Local de Intervenção

Social ou o Contrato Local de Desenvolvimento Social.

Os problemas das pessoas que se encontram em situação de pobreza e exclusão

social são multidimensionais e transversais a todas as áreas e, por esta razão, se

afirma que a multicomplexidade do problema da pobreza leva à necessidade de

conceber a intervenção de uma forma multidimensional e multidisciplinar.

Cada vez mais se defende que para se atingirem resultados, as intervenções sociais

devem ser perspetivadas em parceria, centradas nos territórios e contemplando o

conjunto das áreas sectoriais, o que faz com que a intervenção em parceria e a

partilha de recursos seja o caminho a seguir numa lógica de intervenção integrada que

contribua para o desenvolvimento social local de um concelho onde todas as forças

vivas têm um papel decisivo nas opções estratégicas para o futuro.

Por fim, é importante referir que, à semelhança do Diagnóstico Social, quer o Plano de

Desenvolvimento Social quer os Planos de Ação não se apresentam como

instrumentos estanques, mas sim instrumentos estratégicos que poderão vir a sofrer

reformulações sempre que se justifique, devendo permitir a inclusão de novas

iniciativas, metodologias e parcerias, ou sempre que ocorram alterações no tecido

social e sejam identificadas outras problemáticas que exijam da parceria uma

intervenção a curto prazo. A presente fase não se encerra com a definição dos

objetivos e estratégias, passando também pela elaboração de planos de ação anuais,

onde serão elencados os projetos/atividades que visam a concretização das

estratégias e linhas orientadoras previamente definidas, tratando-se de documentos

mais operacionais e com um horizonte temporal mais reduzido.

Com a colaboração ativa de todos/as os/as parceiros/as envolvidos, espera-se assim

conseguir atingir a realização dos objetivos fundamentais da Rede Social e alcançar o

desenvolvimento proposto nestes instrumentos estratégicos e desejável para o

concelho de Alenquer.

Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Alenquer

35

7. Bibliografia

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