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Andandona
Verdade3 João 4
O que o cego viu . . . . . . . . . . . . . 1
ì A Serviço do ReiVocê é santificado? . . . . . . . . . . . . . 4
Amizades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Um mundo cansativo . . . . . . . . . . . . 7
Olhando para o céu . . . . . . . . . . . . 8
í A FamíliaLições para pais jovens . . . . . . . . . . 9
Provocando os filhos . . . . . . . . . . . 11
î Na Casa de DeusLutando pela união . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Educação espiritual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
A parábola dos baldes de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Filhos de Deus mediante a fé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
ï Escrito para o Nosso EnsinoO propósito do Velho Testamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Acabe, rei de Israel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
ð O Poder de Deus para a SalvaçãoCoisas escritas para nosso exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Um tolo e seu dinheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Rico para com Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Você é salvo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
ñ Desafios e DúvidasEntendendo o bom livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Por trás da Reforma Protestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
O desejo de agradar a Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
O modo do batismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Bíblia apologética: Avaliação de livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Como para o Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Casais do Antigo Testamento (respostas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Distribuição Gratuita — Venda Proibida
Ano 6 • Número 1 Janeiro - Março 2004
DiscernimentoDeus descreveu as crianças de Nínive como pessoas que “não sabem
discernir entre a mão direita e a mão esquerda” (Jonas 4:11). O
discernimento é uma característica de maturidade. Crianças não têm a
mesma capacidade de distinguir que os adultos têm.
Espiritualmente, também, o discernimento é uma característica de
maturidade. Adultos na fé são “aqueles que, pela prática, têm as
suas faculdades exercitadas para dicernir não somente o bem,
mas também o mal” (Hebreus 5:14). Atitudes carnais impedem o
crescimento e impossibilitam o discernimento espiritual (1 Coríntios 3:1).
O discernimento que vem pelo estudo e pela aplicação prática da
palavra nos capacita para escolher bem. Escolhemos entre alvos
celestiais e prazeres terrestres. Escolhemos entre a santidade e a
imundícia. Decidimos obedecer e amar, ao invés de sermos rebeldes e
teimosos. Buscamos entendimento da vontade de Deus, e fazemos
questão de praticar o que o Senhor pede. Por isso, doutrinas e práticas
que vêm dos homens não
servem. Insistimos na pureza da
palavra de Deus.
Os artigos nas páginas desta
revista desafiam cada um de
nós a compreender e a aplicar
bem a vontade de Deus,
distinguindo entre a verdade do
Senhor e as noções falsas dos
homens.
Vamos estudar com maturidade,
amor e discernimento.
Andando na Verdade é publicada
trimestralmente e distribuída gratuita-
mente a pessoas interessadas no
estudo da palavra de Deus. Alguns
dos artigos foram traduzidos por
Arthur Nogueira Campos, Heather
Allan da Silva e Megan Allan e usados
com permissão de seus autores e
redatores. Os autores retêm os
direitos ao próprio trabalho.
Redator: Dennis Allan, C.P. 60804,
São Paulo, SP, 05786-990.
E-mail: [email protected]
Estudos Bíblicos na Internet:
www.estudosdabiblia.net
Andando na Verdade 1
O que o cego viu
Nos últimos meses antes da crucificação de Jesus, os conflitos entre o Filho
de Deus e as autoridades religiosas judaicas aumentavam. Os
ensinamentos de Jesus cativavam a atenção das multidões, e a presença
dele em Jerusalém durante três festas religiosas nos últimos seis meses
(veja João 7:2,10; 10:22-23; 12:1,12) deu oportunidades amplas para os conflitos
entre o verdadeiro Mestre e os arrogantes líderes do povo. Em um desses conflitos,
uma cura impressionante levou à discussão entre os judeus e uma família,
culminando na censura dos líderes por Jesus. O relato se encontra no nono
capítulo do evangelho segundo João. Observemos a história e, especialmente, os
comentários de um cego que viu a Jesus.
O homem nasceu cego. Os discípulos de Jesus imaginavam que o sofrimento dele
fosse devido ao pecado de alguém – ou do homem ou dos seus pais. Sofrimento
nesta vida pode ser conseqüência de pecado próprio, mas nem sempre vem por
este motivo. Homens fiéis como Jó, Daniel, Paulo e o próprio Jesus sofriam.
Pessoas fiéis sofrem, até por causa da sua fé (2 Timóteo 3:12; 1 Pedro 2:19-21).
O ponto principal, para Jesus, não foi a causa do sofrimento, e sim o benefício ou
propósito dele. Ele viu a oportunidade de demonstrar o poder de Deus e de se
mostrar como a luz do mundo (9:3-5). Ele curou o homem (9:6-7). Talvez não teria
arrumado confusão com os judeus só pela cura, mas Jesus realizou este milagre
no sábado, violando as tradições deles (9:14,16).
Ao longo das discussões relatadas neste capítulo, o homem curado fala dez vezes,
respondendo às dúvidas e perguntas do povo, dos líderes religiosos e, por último,
respondendo ao próprio Jesus. Nas afirmações deste homem, percebemos uma
sinceridade e honestidade que todos nós precisamos, e que os líderes em
Jerusalém nem tinham, nem compreendiam. Por suas palavras, podemos
entender o que o homem, outrora cego, chegou a ver.
Ele falou com os vizinhos e conhecidos
Logo após a cura, as pessoas que conheciam o cego ficaram perplexas e
discutiram entre si. Será que é o mesmo que era cego? O mendigo
conhecido?
ì Sou eu (9:9). Ele sabia a verdade e respondeu à dúvida dos vizinhos. Não tinha
motivo para negar a sua identidade nem o seu passado como o mendigo cego.
Sua resposta levou a outras perguntas. O que aconteceu? Como foi curado?
2 2004:1
í Jesus fez lodo e mandou-me lavar. Fiz o que mandou, e fui curado
(9:11). Jesus o curou. Ele fez apenas o que Jesus mandou. Esta resposta
aumentou a curiosidade, e queriam ver Jesus. Onde está?
î Não sei (9:12). A mesma sinceridade deste homem se transparece nesta
resposta. Ele não sabia para onde Jesus fora, e falou a verdade. Recebeu a bênção,
mas ainda não sabia como guiar outros a Jesus.
Ele falou com os fariseus
Ocaso chegou rapidamente ao conhecimento dos líderes judeus, e
começaram a interrogar o homem. Queriam saber o que aconteceu.
ï Jesus aplicou lodo aos meus olhos, lavei-me e fui curado (9:15).
A mesma pergunta traz a mesma resposta. O homem honesto não oferece versões
distintas de sua história para pessoas diferentes. Falando com o povo comum, ou
com os líderes religiosos, a resposta é a mesma.
ð Ele é profeta (9:17). Esta afirmação é um dos comentários mais interessantes
do homem curado. Ele ainda não sabia tudo sobre Jesus, mas já entendeu o
significado dos sinais milagrosos. Moisés realizou milagres para confirmar a sua
mensagem profética. Elias e Eliseu fizeram sinais para provar que as suas
pregações vinham de Deus. No Novo Testamento, também, os sinais realizados
pelos apóstolos serviam para confirmar a palavra falada (Marcos 16:20; 2 Coríntios
12:12; Hebreus 2:3-4).
ñ Não sei se Jesus é pecador, mas sei que ele me curou (9:25). O homem
se mostra aberto para ouvir e compreender o significado do que aconteceu, mas
ele não nega o fato básico que já confessou. Neste momento, ele está
processando os dados e ouvindo os argumentos. Ainda chegará a sua convicção
sobre o Cristo.
ò Já expliquei o que aconteceu; por que perguntaram de novo? Querem
ser seus discípulos, também? (9:27). Por que perguntam? Este homem
simples faz perguntas importantes. Perguntam por qual propósito? Estão realmente
buscando a verdade, ou simplesmente procurando uma saída, uma maneira de
negar os fatos? Nem todas as perguntas são honestas e boas, e nem todas
merecem respostas (2 Timóteo 2:23-26; Tito 3:9). A outra pergunta aqui abre uma
porta de oportunidade aos fariseus. O homem sugere o melhor motivo possível.
Vocês, também, são pessoas honestas? Querem seguir esse profeta? Mas a
mesma pergunta deu-lhes, também, uma saída. Poderiam continuar negando as
evidências e usar as palavras do homem para condená-lo. Foi exatamente isso que
decidiram fazer.
Andando na Verdade 3
ó Vocês são os líderes religiosos, e não sabem de onde vem Jesus? Que
estranho! Ele, obviamente, é de Deus! (9:30-33). A desonestidade dos
fariseus, diante dos fatos apresentados, ficou bem evidente ao homem curado. As
explicações deles não foram adequadas. Alguns alegaram que ele não fosse o
mesmo homem cego de nascença, mas os próprios pais os desmentiram. Outros
concluíram que Jesus não fosse de Deus, porque violou as regras dos fariseus
sobre o sábado. Mas o homem curado viu a prova e decidiu ser discípulo do
profeta chamado Jesus. A sua honestidade lhe custou caro. Ele foi expulso da
sinagoga.
Ele falou com Jesus
Asua aceitação da pessoa que o curou levou este homem a ser rejeitado pelos
homens. Mas Jesus não o abandonou. O Senhor o encontrou com o
propósito de realizar uma obra maior ainda – abrir os seus olhos espirituais.
Jesus abordou o assunto com uma pergunta simples mas profunda: “Crês tu no
Filho do Homem?” (9:35).
ô Quem é o Filho do Homem, para que eu possa crer nele? (9:36). O
milagre provou que Jesus era profeta, mas o homem ainda desconhecia a sua
mensagem. Ele estava pronto para ouvir, ansioso para conhecer o Filho do
Homem.
õ Creio, Senhor (9:38). Jesus se revelou, e o homem compreendeu o significado
de tudo que havia acontecido. Jesus era profeta, mas mais ainda, era o esperado
Messias. O homem que fez lodo foi o próprio Deus! Foi firmada a sua fé na
divindade de Jesus, o “Eu Sou” que, há pouco, fora rejeitado pelos homens e
quase apedrejado no templo (8:24,56-59), O homem fez o que todos os homens
devem fazer diante de Jesus Cristo. Adorou-o. E Jesus, sabendo perfeitamente que
a adoração pertence somente a Deus (Mateus 4:10), aceitou o louvor deste
homem. Pelas suas ações, ele confirmou a conclusão do homem. Jesus é o eterno
Deus.
O cego viu o que os líderes religiosos recusaram enxergar. Ele viu Jesus, o Ungido
de Deus, o único verdadeiro Salvador.
Nós – todos nós – precisamos ver o que o cego viu. Precisamos chegar até Jesus,
a nossa única esperança da vida eterna. Ele merece a nossa obediência e a nossa
adoração. –Dennis Allan
São Paulo, SP
4 2004:1
Você é santificado?
Você é santificado? A santificação é ensinada na Bíblia, tanto no Velho
Testamento quanto no Novo. Também é uma doutrina popular de muitos
grupos religiosos.
No entanto, a santificação que muitas pessoas religiosas afirmam não é a
santificação que é ensinada na Bíblia. Muitas pessoas alegam ser santificadas,
alegam receber “santidade instantânea” pela virtude da operação direta do
Espírito Santo que, de acordo com suas alegações, remove até a capacidade e
vontade de pecar. O Novo Testamento ensina a santificação, mas não ensina
nada dessas operações especiais de Deus para santificar as pessoas.
O que é a santificação?
Santificar é separar ou chamar. O termo é usado para referir-se a várias
coisas diferentes no Novo Testamento. Comida pode ser santificada (1
Timóteo 4:5). Um homem pode ser santificado para um propósito
específico (2 Timóteo 2:21). Até Deus será santificado pelo homem, num sentido
(1 Pedro 3:15). Marido e esposa são santificados, num sentido especial, a fim de
agradar a Deus. Muitas pessoas, na Bíblia, foram santificadas para Deus.
Como os homens se tornam santificados?
Como os homens e mulheres se tornam santificados? A Bíblia diz que Deus
santifica as pessoas: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago,
aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”
(Judas 1). A Bíblia também diz que o Espírito Santo santifica as pessoas:
“...Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela
santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Tessalonicenses 2:13).
Romanos 15:16 diz que os gentios foram santificados pelo Espírito. Assim, Deus
Î A Serviço do Rei Vivendo como Seguidores de CristoS !
Andando na Verdade 5
e o Espírito santificam homens e mulheres. Mas, como? O Espírito age de
maneiras misteriosas e miraculosas mudando todo o caráter e os desejos das
pessoas instantaneamente? Não! O Espírito santifica homens e mulheres da
mesma forma que converte homens e mulheres e guia homens e mulheres por
meio da palavra que entregou. Conseqüentemente, a Bíblia fala sobre a palavra
santificar as pessoas. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”
(João 17:17). Hebreus 10:10 passa a mesma mensagem. Conforme as pessoas
acreditam na mensagem dada pelo Espírito e a obedecem, elas são mudadas e
chamadas, ou seja, santificadas. Os homens são lavados, santificados e
justificados (1 Coríntios 6:11).
Quem são os santificados?
No Novo Testamento, as pessoas que eram santificadas eram as mesmas
que obedeciam o evangelho e se tornaram cristãos. Observe Atos 18:8:
“...também muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram
batizados”. Estas eram as pessoas que, mais tarde, seriam chamadas de
santificados (1 Coríntios 6:11). Como esses eram santificados, foram chamados
pelo termo. Eram chamados de santos (1 Coríntios 1:2). Todo o povo de Deus
hoje é um povo santificado.
Nem sempre sem pecado
É significante observar que, na Bíblia, as pessoas santificadas nem sempre
eram sem pecado. Esses que foram santificados às vezes eram
contenciosos (1 Coríntios 1:11). Também foi dito que eram carnais, apesar
de serem santificados (1 Coríntios 3:1-6). Pelo menos uma pessoa santificada era
culpada de cometer fornicação (1 Coríntios 5:1). Muitos desses santificados
profanaram a Ceia do Senhor e agiram com desordem na adoração (1 Coríntios
11:20-30). Faltavam muito para serem perfeitos e sem pecado. É claro que isso
é uma das diferenças entre uma pessoa santificada na Bíblia e uma pessoa
santificada em alguns grupos religiosos hoje em dia.
Todos os cristãos são santificados
Todos os cristãos devem ser santos e sempre buscar fazer o que é certo. No
entanto, todos os cristãos pecam e não chegam à perfeição. “Se, porém,
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns
com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo
pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos
nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os
6 2004:1
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido
pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João
1:7-10).–por Curtis E. Flatt
Amizades
Que tipo de amigo você é ... de verdade? Você é o tipo de amigo que
influencia seus amigos na direção certa – um que toma a frente em fazer
o certo e o bom? Ou você é o tipo de amigo que influencia na direção
errada – um que toma a frente em fazer o que é errado? Qual destes dois tipos
de amigo você é, de verdade? Ou talvez você
é o tipo de amigo que é um seguidor – um que
segue na direção errada ou que si permite a
ser levado na direção errada. Ou talvez (e isso,
na verdade, não é muito melhor) você apenas
segue na direção certa se tiver alguém para te
levar na direção certa? Você não é forte o
suficiente para escolher para si próprio o que
é certo; você tem que ter alguém para te levar,
senão você não vai. Esse é o tipo de amigo
que você é?
E o que você procura num amigo? Você
procura um amigo que te ajudará a fazer o que
é certo, ou um que deixa você fazer o errado?
Ou talvez você procura qualquer um –
qualquer um que será seu amigo – sem
considerar seus padrões éticos ou morais?
Uma vez o apóstolo Paulo avisou: “Não vos enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15:33). Você acredita que esta
afirmação foi inspirada por Deus? Se acredita, então você já considerou que tipo
de amigo você deve procurar? E você já pensou em que tipo de amigo você é?
–por Rick Liggin
Andando na Verdade 7
Um mundo cansativo“Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os
olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir”
(Eclesiastes 1:8).
Para os seres feitos para a comunhão com Deus, o mundo de coisas
temporais, por si, nunca poderá ser inteiramente satisfatório. O que
encontramos é que o mundo, mesmo nos seus melhores momentos, nos deixa
exaustos e desejando Algo Mais. “Ó Deus! Ó Deus! Quão cansativos, insípidos,
passados e sem lucros me parecem todas as utilidades deste mundo” (Shakespeare).
É um trabalho frustrante e decepcionante tentar guardar para sempre coisas que
são essencialmente impermanentes. Podemos passar muitos dos anos de nossas
vidas tentando agarrar o vento, mas em alguma hora a maioria de nós percebe
que as coisas temporais simplesmente não podem cumprir desejos eternos.
Quando o tentamos fazer acontecer, colocamos nas coisas deste mundo um
fardo maior do que elas possam suportar. “Será também como o faminto
que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como
o sequioso que sonha que está a beber, mas, acordando, sente-se
desfalecido e sedento” (Isaías 29:8).
Tiraríamos mais alegria verdadeira do mundo se prestássemos mais atenção ao
mundo que está por vir. Nosso problema não é pedir demais ao mundo, mas sim
pedir de menos a Deus. C. S. Lewis disse: “Nosso Senhor encontra nossos
desejos não muito fortes, mas muito fracos. Somos criaturas sem muita coragem
. . . nos agradamos muito facilmente”. Buscar as coisas maiores de Deus é tirar
mais do mundo, não menos. “Peca contra essa vida aquele que diminui a
próxima” (Edward Young).
A canseira da vida temporal em si deve ser uma prova de que fomos feitos para
algo mais. Há muitas coisas boas aqui para apreciarmos, mas se fingimos que
o mundo é tudo de que precisamos, nós nos enganamos. Nós nos
“satisfazemos” com tão pouco, quando os nossos corações foram feitos para
uma alegria muito maior. Mesmo assim, Deus continua nos atraindo para que
sejamos verdadeiramente refrescados!
Pois quando nós nos chegamos a Deus e procuramos viver de acordo com
o seu propósito, ele sabe e nós sabemos de onde viemos: da inquietação do
mundo, da tribulação dos eventos humanos, do sentimento de
desencorajamento, da falta de fé, da falha em ouvir a mensagem, do
anoitecer de exaustão espiritual e moral.
(Paul Ciholas)
–por Gary Henry
8 2004:1
Olhandopara o céu“Não acumuleis para vós outros
tesouros sobre a terra...Mas
ajuntais para vós outros tesouros
no céu” (Mateus 6:19-21)
Jesus trata aqui da atitude que
devemos tomar em relação ao uso
dos nossos bens mater ia is .
Também adverte os cristãos a nunca
terem o sentimento de egoísmo e avareza, e a nunca olharem para as coisas que
são aqui da terra.
Em seguida ele compara os tesouros aqui da terra com as maravilhas lá do céu,
onde devemos depositar nosso coração. Ele nos diz que devemos lutar pelas
coisas santas e puras, assim chamando nossa atenção para que olhemos
somente para o céu.
“Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males...” (1 Timóteo 6:8-
10).
Paulo exorta-nos que aprendamos a dar mais valor as coisas do céu e a
entregar nosso coração as coisas que pertencem ao nosso Pai Celeste.
O amor pelas coisas do mundo acaba sendo nosso maior problema e, muitas
vezes, nos tornamos cegos e ingratos. O homem se torna um enamorado do
dinheiro e das coisas do mundo “as quais afogam os homens na ruína e
perdição” e acaba se desviando da fé. Tomemos cuidado para que os males do
mundo não tomem o lugar de Deus no nosso coração.
Satanás, com a permissão de Deus, feriu a Jó, tirando tudo quanto ele possuía.
Mesmo assim Jó continuou sendo um servo fiel a Deus. Não é a quantia do que
temos que nos fará servos fiéis, mas a vontade de trabalhar no reino do nosso
Senhor.
É nosso dever usar nossas posses, sejam elas poucas ou muitas, para louvar ao
Senhor. Nunca devemos usar as bênçãos que Deus nos deu para desonrar seu
nome. Mas primeiramente devemos reconhecer que tudo que temos foi ele quem
nos concedeu, para termos assim condições de dar honras e glórias ao seu santo
nome. –por Joel Oliveira Pinto
Andando na Verdade 9
Lições para pais jovens
As aplicações dos princípios da verdade em situações diferentes são
testemunho à sabedoria de Deus. Por exemplo, todos nós conhecemos o
mandamento “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Agora isso se
aplica numa variedade de circunstâncias. Aplica-se ao seu próximo que é o
vizinho do lado e aplica-se ao seu próximo que mora do outro lado do oceano
ou da fronteira. Aplica-se aos seus próximos que gostam de vocês e aos que não
gostam. Aplica-se àqueles que nem mesmo merecem sua atenção.
Os Provérbios de Salomão são princípios gerais, como este, e podem ser
aplicados em várias situações diferentes com importância igual. Quero pegar
alguns provérbios do capítulo 4 (versículos 23-27) e aplicá-los aos pais jovens.
Com certeza, esse ensinamento aplica-se à educação dos filhos.
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele
procedem as fontes da vida.” Ironicamente, educar filhos começa com seu
próprio coração estar correto. Familiarizar seu coração com os princípios altos
da justiça e da santidade não é apenas um bom lugar para começar, é o único
lugar para começar. O que procede das fontes da vida – o que acontece com a
sua família – tem mais chances de ter bons resultados se for baseado nas
verdades reveladas na palavra de Deus. Isso significa que pais jovens têm que ser
diligentes em continuar nas regras da justiça. Afinal, você não pode ensinar o que
você mesmo não conhece.
“Desvia de ti a falsidade da boca e afasta de ti a perversidade dos
lábios.” É assustador quanta influência nós temos sobre nossas famílias através
do falar. Na verdade, é o instrumento básico da comunicação. A língua é o
professor. Se os pais aprenderem bons hábitos de fala, não apenas ensinamos
boas informações, também ilustramos. As vidas de muitas crianças têm sido
afetadas adversamente pela falta de controle de um pai sobre a sua língua. E
Ï A FamíliaServindo a Cristo no Lar
10 2004:1
muitos filhos bons saíram de uma família onde a boa fala foi praticada. A NTLH
traduz este versículo bem: “Nunca fale mentiras, nem diga palavras
perversas”. Tenham certeza, pais, a fala dos seus filhos será muito parecida
com a sua. É assim que você quer?
“Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras, diretamente diante
de ti.” Satchel Paige, um grande jogador de beisebol da Liga Negra e do Hall da
Fama disse bem. “Nunca olhe para trás,” ele disse, “algo pode estar se
aproximando”. Os planos de muitas famílias falharam porque os pais estavam
olhando para trás. Uma família sem visão é como uma nação sem visão –
provavelmente irá perecer. Um olhar fixo para frente provavelmente produzirá
bons resultados. Olhos que olham para frente estão focalizados, verão para onde
a família está indo, estarão cientes do que vêm pela frente – buracos, desvios,
curvas. Estão concentrados em chegar lá, também. Boa liderança espiritual vem
de bons pais com as mentes voltadas às coisas espirituais que têm seus olhos
fixos em coisas melhores.
“Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos.”
“Ponderar” é meditar. Isso significa que o bom pai irá pensar sobre onde ele está
levando sua família. O pai sábio usa um tempo para pensar na sua família: as
coisas que vêem, as coisas que ouvem, as coisas nas quais é permitido que
participem, até em quem são seus amigos. E pais sábios conversam um com o
outro. Muito. Eles usam um tempo para discutir perigos potenciais, para
investigar certas tendências na conduta dos seus filhos, para planejar correções
e para encorajar conforme cada coisa é precisa. Meditação leva tempo, mas o pai
sábio irá tomar um tempo para isso.
“Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé
do mal.” Este provérbio fala do assunto de convicção, compromisso e
constância. Diz que a verdade tem que continuar para frente, que a energia pela
justiça e o entusiasmo pela santidade não devem diminuir. Não desvia para
algum caminho inferior, deixando aquele que você saber ser o certo – esta é a
mensagem aqui. Uma versão diz “não se desvie nem um só passo do caminho
certo.” Isso significa que o caminho reto é o caminho certo e, uma vez que você
está nele, deve ficar nele. Você tem que ensinar para sua família a correr do mal,
a abominá-lo, a vê-lo como um perigo potencial. Você deve ensinar aos seus
filhos a não paquerarem com o mal, a não brincarem com fogo, a não
confraternizarem com o mundo. E você não deve apenas ensiná-los, você deve
ilustrar isso, se mantendo fora do caminho do mal.
Uma vez eu disse que se soubesse o quanto era difícil educar filhos talvez não
teria tido filhos. Isso não é verdade, mas é difícil, eu sei. Mas faça bem e torna-se
Andando na Verdade 11
o esforço singular que mais satisfaz que a vida tem a oferecer. Faça bem e trará
uma recompensa bem melhor do que possa imaginar. Faça bem e um dia um
netinho, com os olhos cheios de amor e respeito, esticará os braços e dirá, “Eu
te amo, Vovô!”–por Dee Bowman
Provocando os filhos
Efésios 6:4 diz: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas
criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” Considere
algumas maneiras que os pais podem provocar seus filhos à ira:
� Críticos severos. Ridicularização e comparações negativas não devem ser
permitidas para ninguém. O espírito de uma criança pode ser quebrado por uma
crítica injusta.
� Resmungar constantemente. Isso cansa a pessoa. Logo as crianças
aprenderão a não dar ouvidos a resmungos e se tornarão amargos de coração.
� Castigo que está fora da proporção do erro cometido. Isso acontece
muitas vezes quando o pai está bravo. Há uma linha entre castigo e abuso. Esta
linha pode ser atravessada quando a ira é nosso motivo. Castigo é uma forma de
aprendizagem. A estima ou o espírito de uma criança não devem ser destruídos
pelo castigo que ela recebe.
� Ignorar perguntas sinceras. As crianças gostam de fazer perguntas.
Algumas perguntas são bem bobas e simples. Outras sondam o significado
profundo da vida. Uma pergunta honesta merece uma resposta honesta. A
resposta: “Vai perguntar para sua mãe”, não é resposta alguma. Guarde o jornal,
desligue a TV e responda a pergunta do seu filho.
� Quebrar promessas. As crianças lembram o que você fala. Quando um pai
promete fazer alguma coisa, mas quebra aquela promessa, uma criança é ferida.
Às vezes, as circunstâncias obrigam os pais a adiarem aquilo que prometeram,
mas constantemente fazer promessas que você não tem nenhuma intenção de
cumprir destrói a credibilidade dos pais e leva a criança a não confiar nos pais.
É difícil fazer a criança ser honesta, quando os pais não são honestos em guardar
suas promessas.
� Não permitir que a criança manifeste sua opinião. Há uma diferença
entre deixar a criança fazer do seu jeito e deixar a criança dar uma opinião.
Recusar a ouvir a criança ou a permitir que ela manifeste sua opinião provoca a
ira.
12 2004:1
� Falta de disciplina. Foram realizadas muitas pesquisas sobre adolescentes
e o que eles querem dos seus pais. Por incrível que pareça, cada pesquisa revela
que os adolescentes querem regras e estrutura. A falta de disciplina é uma das
maiores formas de negligência. Todos são responsáveis. Uma falta de disciplina
manda uma mensagem que deixa os filhos frustrados e os provoca.
–por Roger Shouse
Edições anteriores de A ndando na VerdadeAinda temos alguns exemplares de todas as edições anteriores desta
revista trimestral, exceto as primeiras duas edições (Ano 1, Número 1 –
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Andando na Verdade 13
Lutando pela uniãoA
oração do Senhor (João 17) é muito citada – em parte – para enfatizar a
necessidade de união entre o povo de Deus. Eu te desafio a estudar
cuidadosamente o capitulo a procura dos meios de obter e manter aquela
união.
Há três partes a serem consideradas: a oração de Cristo em favor de si mesmo,
em favor dos apóstolos, e em favor daqueles que “vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra”. Na oração de Cristo para si (versículos 1-5) ele
diz que veio à terra para dar a vida eterna, e ele identifica isso como “conhecer”
o Pai e Filho. Seu trabalho na terra glorificou o Pai e quando terminasse (na
crucificação) ele pediria para voltar à sua glória original com o Pai.
Assim como o Pai foi glorificado no Filho, Cristo é glorificado nos seus apóstolos
(versículo 10). Também, na segunda parte de sua oração, Cristo diz que ele
manifestou o nome de Deus (versículo 6) e havia lhes dado a palavra do Pai
(versículos 6,8 e 14) a fim de “conhecerem” Deus (receber, acreditar e guardar
a palavra – versículos 6 e 8; veja 1 João 2:3-5). Sendo tão “guardados” os
apóstolos são “um, assim como nós” (versículo 11). São separados,
santificados, através da verdade (versículos 17-19).
Finalmente, Cristo ora por todos aqueles a quem os apóstolos ensinariam. A
“glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu
neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”
(versículos 22-23). Esses também “conheceram” Deus (versículo 25), como
resultado de terem recebido a verdade declarada.
É pedir demais esperar que um leitor discernente observe certos pensamentos
recorrentes? Primeiro, há glória divina, na qual o Pai e Filho são um . Depois há
uma declaração daquela glória (através da manifestação e ensinamento da
palavra de Deus); e compartilhar naquela glória, conforme os ensinados
Ð Na Casa de DeusA Igreja no Plano do Senhor
14 2004:1
venham a conhecer Deus. Foi através disso que aqueles que não são divinos
venham a ser UM com a divindade.
A igualdade dos crentes pelos quais Jesus orou era a qualidade comum a ser
encontrada entre todos que fazem parte da imagem divina. A união existe porque
eles são um . O plano divino não é um molde de uma organização ou de uma
crença que força pessoas heterogêneas a ficarem na mesma sociedade. O plano
do Senhor muda as pessoas, na essência que diz respeito à sua vida espiritual,
assim se tornam homogêneas e por isso são um . “Eu neles, e tu em mim, a
fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”. O ideal (e com certeza é um
ideal) é um povo semelhante a Deus; que tem a mente de Cristo (Filipenses 2:5),
em palavra e nas ações fazendo tudo em seu nome (Colossenses 3:17)
transformado da glória à glória de sua imagem (2 Coríntios 3:18), e tudo isso
para a glória de Deus (1 Pedro 4:11).
A natureza ideal desta unidade não é diferente de ser santo como Deus é santo
(1 Pedro 1:16), puro como ele é puro (1 João 3:3), etc. Isso não é obtido no
sentido absoluto, mas seus princípios são aceitos; é a nossa meta constante, a
marca para qual estamos indo. Se falharmos em reconhecer o aspecto ideal
desta união, podemos considerar o nível de nossa obtenção como o padrão e
começarmos a nos medir em comparação aos outros. Isso pode derrotar a união
pela qual Cristo orou e promover nossa marca de sectarismo.
–por Robert F. Turner
Educação espiritualH
á algo bem agradável sobre uma pessoa simples —
e com “simples” não quero dizer burra; quero dizer,
sem complicações. É principalmente agradável ver
um homem de fé simples (sem complicações). Um
homem de fé simples não é ignorante. Sua fé é baseada
em evidência sólida e acreditável. Mas ele não discute com Deus, e ele não
discute sobre o óbvio. Quando a evidência está na sua frente para ver, ele
simplesmente crê – sem duvidar.
Todos os verdadeiros crentes em Jesus devem ser pessoas de fé simples. Para
tais pessoas, todas as suas perguntas já são potencialmente respondidas; tudo
que precisam fazer é aprender o que Jesus pensa sobre a pergunta, e aí sabem
o que eles devem pensar ... e acreditam. Isso é fé simples!
Andando na Verdade 15
Mas, às vezes, as pessoas interpretam mal o que queremos dizer quando falamos
sobre fé simples. Elas pensam que estamos elogiando a falta de educação ou de
capacidade. E pior, parece que acreditam que, entre cristãos, é de alguma
maneira elogiável ser iletrado e faltar capacidade – afinal, falaram que até os
apóstolos eram “iletrados e incultos”! (Atos 4:13).
Mas, por favor, não se confunda com isso: os apóstolos não eram homens
ignorantes! É claro que eles não tinham muita educação formal — no modo de
ver dos líderes judaicos. Eles não freqüentaram nenhuma escola religiosa, nem
sentaram aos pés de algum rabino judeu popular. Mas não eram ignorantes
sobre as coisas religiosas, e com certeza não eram incultos em assuntos
espirituais. Para dizer a verdade, eles foram treinados pelo maior professor que
já viveu; eles foram treinados por Jesus Cristo, e foram guiados (até inspirados)
pelo Espírito Santo de Deus.
“Então, qual é o seu ponto?” Meu ponto é: precisamos ver que não há uma
virtude especial em ser simples – não se com isso queremos dizer alguém que
é ignorante e iletrado. Não é “tudo bem” ser ignorante ou iletrado na Vontade de
Deus! Claro, a pessoa não precisa de muita educação formal, se é que precisa
de alguma, para ser um discípulo fiel de Jesus. Mas isso não significa que
podemos ser ignorantes da vontade de Deus e iletrado na sua palavra.
Faremos bem se lembramos que são os “indoutos e inconstantes” (RC), ou
os “ignorantes e os fracos na fé” (NTLH), que “deturpam” as Escrituras
“para a própria destruição deles” (2 Pedro 3:16). Pode ter bons irmãos em
Cristo que são verdadeiramente limitados no seu conhecimento das Escrituras,
e eles podem até ser limitados na sua capacidade de aprender o que a Bíblia diz.
Mas nenhum de nós pode se contentar com nossa falta de educação na Palavra
de Deus. Temo que alguns de nós usamos “simples” para disfarçar nossa própria
preguiça.
Deus não pede a ninguém para fazer mais do que tem capacidade. Mas quando
temos a capacidade de melhorar – de nos educarmos mais na palavra de Deus
– temos que fazer isso (2 Timóteo 2:15; 2 Pedro 3:18)! Se queremos que a igreja
do Senhor cresça nos anos que vêm, então teremos que nos desafiar a nos
esticarmos. Temos que nos exercitar – se não a igreja de amanhã será ainda
mais fraca do que a igreja de hoje. Visão do futuro requer que nós nos
esforçermos a uma educação espiritual maior!–por Rick Liggin
16 2004:1
A parábola dos baldes de água
Uma certa vez, um príncipe chamou alguns servos e explicou-lhes suas
responsabilidades: “Serão responsáveis por levar água para mim,” ele disse.
“Carregarão água até o topo da colina em baldes de madeira.
Entenderam?”
Todos os servos responderam que haviam entendido e começaram a carregar
água.
No começo, todos estavam contentes em usar os baldes de madeira como o
príncipe havia mandado. Mas, logo alguns sugeriram que os baldes de madeira
eram “antiquados” e muitos começaram
a usar outros tipos de baldes. Alguns
fizeram baldes de ferro para si enquanto
outros começaram a usar baldes de
bronze. Alguns raciocinaram que, como
estavam no serviço do grande príncipe,
deviam procurar honrá-lo corretamente.
Então fizeram baldes de ouro decorados
com jóias.
Após m uito tem po a lguns dos
carregadores de água mais pensativos
começaram a rever as instruções do
príncipe. “Nosso príncipe não nos disse
que devíamos usar baldes de madeira?”, perguntaram-se. Então resolveram
voltar às instruções originais e fazer as coisas exatamente como seu príncipe
havia mandado. Imediatamente foram ridicularizados e até perseguidos por aqueles que, há muito
tempo, haviam abandonado a idéia de baldes de madeira, mas eles se
mantiveram firmes e fizeram tudo que podiam para convencer todos os outros
a seguirem seu exemplo. Era com grande alegria que eles carregavam água para
o grande príncipe da maneira que foram instruídos.
Em questão de dias era possível ver “o povo dos baldes de madeira” se reunindo
para suas “reuniões de baldes de madeira”. Eles passavam o dia inteiro falando,
pensando e cantando sobre baldes de madeira, mas sua maior alegria era citar
as instruções do grande príncipe sobre baldes de madeira.
Andando na Verdade 17
Finalmente, após muitos anos, chegou o dia em que os servos tiveram que
prestar contas ao grande príncipe pelos seus serviços. Um por um, aqueles que
falharam em obedecer às instruções de levar água em baldes de madeira foram
condenados pela sua falta de obediência. Por fim chegou a vez do “povo dos
baldes de madeira” orgulhosamente exibindo seus baldes de madeira. Você
consegue imaginar a surpresa que foi quando o príncipe lhes disse: “Vocês não
entenderam nada. Não estou interessado em baldes, seja de madeira, seja de
qualquer outro material. Eu instruí-vos a trazerem água em baldes de madeira.
Há muitos anos vocês nem me trazem mais água”? Caro leitor, qual castigo é justo para aqueles que não levaram nenhuma água?
As aplicações são evidentes. Para aqueles que servem ao Senhor Jesus Cristo
hoje em dia é absolutamente crucial que obedeçamos cuidadosamente todos os
mandamentos de Deus, até os detalhes.
Os apóstolos mandaram aos discípulos do primeiro século a aprenderem a não
ultrapassarem o que está escrito (1 Coríntios 4:6), a falarem de “acordo com
os oráculos de Deus” (1 Pedro 4:11) e a terem certeza de que “todo aquele
que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem
Deus” (2 João 9). No entanto, o príncipe na parábola não estava interessado
apenas em baldes de madeira em si, era a água dentro do balde que ele queria!
E é assim com o Senhor Jesus Cristo; o que ele mais quer são os nossos
corações. E apenas um certo tipo de coração irá agradá-lo – um coração
compungido e contrito (Salmo 51:16-17), submisso (1 Samuel 15:22-23) e puro
e reto (Miquéias 6:6-8). Então se você é uma pessoa com um balde de madeira,
deve usá-lo. Mas se você quer a aceitação do Senhor – por favor, não esqueça
de trazer a água.–por Mike Bozeman
Estudos Bíblicos
na Internet
www.estudosdabiblia.net
18 2004:1
Filhos de Deus mediante a fé“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo
nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em
Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de
Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:26-29).
Os seres humanos não têm privilégio maior que se tornarem filhos de Deus.
Este ponto não é disputado por aqueles que professam afeição por Jesus
como o Cristo. Aqueles que acreditam na Bíblia como a palavra inspirada
por Deus concordam em relação à necessidade de serem “filhos de Deus
mediante a fé”. Sabemos que os filhos de Deus são “co-herdeiros com
Cristo” (Romanos 8:12-17). Os filhos de Deus têm o direito de clamar “Aba,
Pai” (Romanos 8:15; Gálatas 4:6). Estes filhos devem receber a “glória a ser
revelada” (Romanos 8:18-19). Graças a Deus que podemos ser seus filhos!
Muitos de nós concordamos com a necessidade de sermos filhos de Deus, mas
nem sempre concordamos em relação a quem são os filhos de Deus. Um
estudo detalhado do nosso texto deve esclarecer um pouco este assunto. Se
repararmos expressões equivalentes a “vós sois filhos de Deus mediante a
fé” podemos entender melhor o que envolve ser filhos de Deus.
“Se sois de Cristo”
Para os filhos de Deus, Paulo disse, “se sois de Cristo” (v. 29). Se torna filho
de Deus por causa de uma compra, assim é de Cristo. Ele foi comprado com
o sangue redentor de Jesus (1 Timóteo 2:6; Mateus 26:28; Atos 20:28).
Aqueles que foram comprados (redimidos) “pelo precioso sangue...de Cristo”
(1 Pedro 1:18-19) são os mesmos que purificaram as suas almas, “pela
obediência à verdade” (1 Pedro 1:22) e que foram “regenerados... mediante
a palavra de Deus” (1 Pedro 1:23). Aquele que pertence a Cristo é obrigado a
se submeter continuamente à sua autoridade (1 Coríntios 6:19-20; Gálatas 2:20).
“Também sois descendentes de Abraão”
Paulo também escreveu aos filhos de Deus, “também sois descendentes de
Abraão” (v. 29). Quem é filho de Deus hoje goza este privilégio por causa da
promessa que Deus fez a Abraão há muito tempo (Gênesis 12:3). Os fiéis são
herdeiros desta promessa. São filhos (herdeiros) por causa das suas ligações
espirituais com Abraão e não por causa de ligações carnais. Aqueles ainda
envolvidos na tradição judaica (que se orgulhava das suas ligações carnais com
Abraão) acharam difícil aceitar isso – muitas vezes, depois de terem aceitado a
Andando na Verdade 19
Cristo. É o objetivo de Paulo em Gálatas 3 mostrar a tais pessoas que é possível
alguém ser um filho de Deus, um herdeiro, e um descendente de Abraão sem fazer
parte da sua descendência carnal e separado da sua lei nacional, a lei de Moisés.
Ele mostra que a promessa de Deus a Abraão incluía mais do que seus herdeiros
carnais – incluía “todos os povos”, os gentios (Gálatas 3:8-9). Cristo era a semente
através da qual as nações do mundo seriam abençoadas (Gálatas 3:16). Assim,
aqueles em Cristo são descendentes de Abraão. Esta bênção veio através de uma
promessa dada muito antes da lei de Moisés (Gálatas 3:17-18), assim mostrando
que se é filho de Deus pela fé em Cristo, de acordo com a promessa, e não de
acordo com a lei. Então, qualquer pessoa, seja judeu ou grego, pode pela fé ser
recipiente da bênção prometida à descendência de Abraão sem ser descendente
pela carne ou estar sujeito à lei dada aos seus descendentes carnais. Esta lei desde
então serviu o seu propósito (Gálatas 3:23-27).
“Todos vós sois um em Cristo Jesus”
Além disso, Paulo disse, “todos vós sois um em Cristo Jesus” (v. 28). Um
filho de Deus é unido com todos os outros que são filhos de Deus mediante
a fé. Em Cristo há UM corpo ou uma igreja (Efésios 1:22-23; 4:4). Aqueles
que estavam longes são reconciliados em UM corpo (Efésios 2:13,16). A Bíblia
não conta nada de filhos de Deus estando em Cristo e estando em corpos ou
igrejas diferentes. A união está “em Cristo” e não numa união fabricada pregada
em conferências humanas. É o resultado natural de todas as pessoas serem
reconciliadas com Deus.
“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo”
Paulo continuou escrevendo a estas pessoas, “porque todos quantos
fostes batizados em Cristo...”. A palavra “porque”, que inicia o versículo
27 mostra que o autor está dando uma razão por serem filhos de Deus
mediante a fé. O motivo exato por serem filhos de Deus é que foram batizados
em Cristo. Assim, ninguém pode ser um filho de Deus sem que tenha sido
batizado em Cristo. Aquele que ensina a doutrina de “somente fé” encontraria
pouco conforto no versículo 26 se se preocupasse com o versículo 27. A
passagem inteira mostra que o ensinamento da Bíblia de salvação pela fé envolve
muito mais do que dar um assentimento mental à verdade que é Jesus o Cristo.
Um filho de Deus é um cuja fé o levou a obedecer ao Senhor através do batismo
(cf. Marcos 16:16; Atos 2:38,41,47; 1 Pedro 3:21; Atos 22:16).
Amigo, ser um filho “de Deus mediante a fé” é ser “de Cristo”; é ser
“descendente de Abraão”; é ser “um em Cristo”; é ser “batizado em
Cristo”. São expressões equivalentes para as mesmas pessoas dadas no mesmo
contexto. Você não deseja se tornar um filho de Deus hoje?
–por Edward O. Bragwell
20 2004:1
O propósitodo Velho Testamento
ABíblia é dividida em duas partes principais. A primeira parte é chamada de
o Velho Testamento e contém 39 livros escritos durante um período de
aproximadamente 1.000 anos. O primeiro livro, Gênesis, começa com a
criação do mundo por Deus e traça a história do homem através dos tempos de
Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José. O resto do Velho Testamento descreve,
principalmente, a história do povo israelita e os esforços de Deus para os guiar
através da sua Lei e dos seus profetas.
Hoje, é esperado que usemos o Velho Testamento para aprender mais sobre a
natureza de Deus e a necessidade de servi-lo. “Pois tudo quanto, outrora, foi
escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e
pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Romanos 15:4).
Ao estudar a história israelita, podemos aprender da sua fé e as bênçãos que
Deus lhes deu quando eram obedientes. Da mesma forma, podemos aprender
da sua desobediência e das conseqüências que Deus pôs sobre eles quando
eram indiferentes, transigentes ou rebeldes. É esperado que façamos aplicações
espirituais positivas nas nossas vidas dos princípios encontrados aqui. “Estas
coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para
advertência nossa...” (1 Coríntios 10:11).
No Velho Testamento, Deus deu um conjunto especial de leis à nação de Israel.
Esta Lei geralmente era chamada de “a Lei de Moisés”, já que Moisés recebeu de
Deus e entregou aos israelitas. A Lei mandava que eles fizessem certas coisas no
Ñ Para o Nosso EnsinoLições Valiosas do Antigo Testamento
Andando na Verdade 21
seu serviço público e pessoal a Deus. Podemos aprender muitas coisas da Lei de
Moisés, mas há duas coisas principais que a Lei foi feita para ensinar:
ì Quando o homem desobedece a Deus é pecado. “Qual, pois, a razão
de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões...” (Gálatas
3:19). “...em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do
pecado” (Romanos 3:20). Estes versículos explicam que a Lei de Moisés foi dada
para mostrar ao homem o quanto ele realmente é pecador. Em outras palavras,
Deus havia dito aos israelitas “faça” e “não faça” a respeito de muitas coisas, mas
eles freqüentemente desobedeciam e transgrediam sua Lei, não atingindo o
padrão de Deus. Sob a Lei, sacrifícios de animais foram oferecidos
continuamente a Deus como expiação pelo pecado, no entanto o sangue de
animais nunca foi um sacrifício adequado e permanente pelos pecados da alma
do homem. Assim, o mundo podia ver que algo mais era necessário para libertar
o povo dos seus pecados — um Salvador.
í O Cristo viria para sofrer pelos nossos pecados. Durante a época do
Velho Testamento, Deus revelou que o Messias nasceria no mundo e morreria
como sacrifício pelos pecados da humanidade. Deus disse a Abraão: “nela
serão benditas todas as nações da terra....” (Gênesis 22:18). Em outras
palavras, um dos descendentes de Abraão faria algo para abençoar o mundo
inteiro. Aquele descendente é identificado no Novo Testamento como Jesus
Cristo (Gálatas 3:16). Muitas profecias do Velho Testamento apontam para Cristo
como vindo para ser um sacrifício para nossos pecados. “Mas ele foi
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5). “E cumpriu-se a Escritura que
diz: Com malfeitores foi contado” (Marcos 15:28).
Assim o Velho Testamento apontou os israelitas para Jesus de Nazaré,
fornecendo provas de que ele é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. O apóstolo
Paulo disse: “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir
a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a
fé, já não permanecemos subordinados ao aio” (Gálatas 3:24-25). Este
versículo explica que, quando Cristo e sua nova Lei de Fé vieram, nós não
permanecemos subordinados à Lei de Moisés que, na profecia e no paralelo,
apontaram para Cristo. A Velha Lei havia servido seu propósito. Agora devemos
seguir os mandamentos dados a nós no Novo Testamento pelo nosso Salvador
Jesus Cristo e seus apóstolos inspirados.–por Tom Rainwater
22 2004:1
Politicamente forte, moralmente corrupto
Acabe, rei de Israel
Acabe foi um rei politicamente forte e muito poderoso, mas muito fraco na
moralidade pessoal. Ele fez alianças com Fenícia, Judá e Síria e levantou
Israel como uma nação. No entanto, ele permitiu que sua esposa e rainha,
Jezabel, uma mulher estranha para Israel, tanto na nacionalidade quanto na
prática religiosa, promovesse idolatria em Israel. Isso provocou a ira de Deus e
levou à queda de Acabe. Ele juntou-se a sua rainha na prática de idolatria, no
entanto se humilhou diante de Deus ocasionalmente. Ele morreu em batalha em
853 a.C.
Israel invadido pelos siros
Podemos ler sobre como aconteceu a guerra entre Israel e a Síria, também
chamada de “Arã” (1 Reis 20:1-21). Ben-Hadade, o rei da Síria, fez uma
proposta, esperando que Acabe recusasse. Essencialmente, Síria exigiu que
Acabe pagasse tributo à Síria que consistia de tudo de valor em Israel. Acabe
teria que recusar isso, e seria o pretexto da Síria para guerra.
Pode ser que Ben-Hadade estava com medo que Israel estivesse ficando forte
demais, assim obrigando Acabe a lutar. Acabe deu sua resposta famosa: “Dizei
ao rei, meu senhor: Tudo o que primeiro demandaste do teu servo farei,
porém isto, agora, não posso consentir. E se foram os mensageiros e
deram esta resposta. Ben-Hadade tornou a enviar mensageiros,
dizendo: Façam-me os deuses como lhes aprouver, se o pó de Samaria
bastar para encher as mãos de todo o povo que me segue. Porém o rei
de Israel respondeu e disse: Dizei-lhe: Não se gabe quem se cinge como
aquele que vitorioso se descinge” (1 Reis 20:9-11). Isso foi uma resposta
corajosa, mas arrogante. Acabe avisou ao Ben-Hadade que não agisse como se
já houvesse ganho. Mas a arrogância de Acabe é vista no fato que ele não
buscou a ajuda de Deus.
Com a batalha marcada para começar, Deus interveio para que Israel soubesse
“que eu sou o Senhor” (1 Reis 20:13). Acabe fez como o profeta o instruiu, e
a Síria foi derrotada. Mas os siros tiveram uma idéia. Teria uma segunda batalha
(1 Reis 20:22-43). Os siros atribuíram corretamente a vitória de Israel ao seu
Deus. Julgando-o como o Deus apenas dos montes, eles decidiram atacar Israel
Andando na Verdade 23
nas planícies (1 Reis 20:23,28). Novamente Acabe se preparou para a batalha
sem buscar a ajuda de Deus. Novamente Deus interveio, não por causa de
Acabe, mas porque os siros pensaram que ele era apenas “um deus dos
montes”. Os siros foram derrotados com grandes perdas. Acabe, confiando na
seu próprio juízo político, poupou Ben-Hadade e fez uma aliança com ele (1 Reis
20:32-34).
O Senhor ficou irado com Acabe por ter poupado Ben-Hadade. Deus predisse
que na próxima batalha, Ben-Hadade venceria e Acabe morreria. Acabe ficou
“desgosto e indignado” com a repreensão de Deus (1 Reis 20:42-43).
Há muito para aprendermos, hoje em dia, desta história. Algumas coisas para
você pensar a respeito:
Primeiro, Deus deve receber a glória que ele merece. Ele não é um Deus
apenas dos montes, mas do universo que ele mesmo criou. Os siros não tiveram
respeito suficiente pelo poder de Deus, e muitos hoje em dia também não têm!
Temo por aqueles que não reconhecem Deus e não lhe dão a glória correta na
suas vidas (1 Coríntios 1:24-25; Mateus 19:26; 22:29; Romanos 4:20-22).
Segundo, as coisas destinadas a destruição devem ser destruídas. Há
coisas que o cristão deve destruir em relação aos seus pecados, suas atitudes e
características perversas (Romanos 6:6; Gálatas 2:20; 5:24).
A vinha de Nabote
Acabe desejava a vinha de Nabote em Jezreel para usar como horta, e fez
uma oferta para trocar terrenos. Nabote recusou a oferta de Acabe, e o rei
ficou “desgostoso e indignado” (1 Reis 21:1-4). Jezabel planejou matar
Nabote e seus filhos (1 Reis 21:7; 2 Reis 9:26), acusando-o com falsa acusações
feitas por “homens malignos” que ela subornou. Nabote foi morto por crimes
pelos quais ele foi acusado falsamente, e com a sua morte, Acabe tomou posse
da sua vinha.
Deus mandou Elias para profetizar contra Acabe pela sua maldade. As
oportunidades de Acabe para se tornar uma pessoa melhor haviam acabado (1
Reis 21:17-24). A profecia consistia de três partes principais:
ì O sangue de Acabe seria derramado no mesmo lugar.
í A casa de Acabe seria destruída.
î Cães comeriam Jezabel.
24 2004:1
Acabe arrependeu-se e Deus adiou a destruição de sua casa até após a sua
morte (1 Reis 21:27-29). Novamente podemos ver algumas lições importantes
neste episódio da vida de Acabe:
Primeiro, não devemos ser tão fracos moralmente (como Acabe foi) que
se torna fácil para os injustos nos manipularem (como Jezabel fez) (1
Reis 21:25-26). Dá para entender que Acabe nunca ficou confortável com as
concessões que fez mas não estava disposto a tomar uma posição moral
corajosa (Mateus 6:24).
Segundo, Deus irá retribuir mal por mal. No final das contas, nenhum mal
fica sem pagar. Para homens e mulheres de fé, o preço foi pago por Jesus e aceito
por nós através da nossa obediência fiel. O preço foi o sangue de Cristo. Para os
sem fé, o preço será cobrado no julgamento final (Romanos 12:17,19; 2:5-6).
Israel e Judá invadem o território siro
Acabe pediu que o Rei Josafá de Judá os ajudasse em recapturar Ramote-
Gileade. Josafá concordou em ajudar Acabe mas pediu orientação profética
de Deus. Quatrocentos falsos profetas profetizaram sucesso. Micaías, um
verdadeiro profeta de Deus, predisse derrota e foi preso (1 Reis 22:5-8,27-28).
Na batalha resultante, os siros foram vitoriosos. Apesar de estar disfarçado,
Acabe foi morto por uma flecha perdida (1 Reis 22:34-37). Acabe morreu
corajosamente na batalha. Os cães lamberam o sangue de sua carruagem no
poço de Samaria, assim cumprindo uma parte da profecia de Elias (versículo 38).
A profecia inteira seria cumprida em breve.
Novamente, estamos lembrados de algumas coisas importantes para nós
também. A palavra de Deus é verdadeira e deve ser obedecida. Assim como
Acabe escolheu não acreditar em Micaías o profeta, podemos fingir que a Bíblia
não diz o que diz, preferindo alguma outra coisa, mas isso não muda a verdade
(João 8:31-32,44-45; 14:6; 17:17; 18:37).
De certas maneiras Acabe teve muito êxito. Ele ganhou algumas batalhas. Sua
nação prosperou durante seu reinado; ele é conhecido por construir cidades em
Samaria. Mas sua vida acabou tragicamente, e ele entrou na eternidade afastado
de Deus. Ele ouviu Jezabel demais e não ouviu Deus o suficiente. Ele foi um
rebelde orgulhoso em vida, mas agora o orgulho se foi. É um sucesso vazio nesta
vida que é seguido por derrota eterna! Deus foi paciente com Acabe. Não
precisava acabar daquele jeito. Não tem que acabar daquele jeito com nenhum
de nós!–por Jon W. Quinn
Andando na Verdade 25
1 Coríntios 10:1-13; Hebreus 3:7-19
Coisas escritas para nosso exemplo
Ahistória do Velho Testamento claramente exibe que Deus sempre é fiel às
suas promessas. Também identifica os princípios da justiça que ele requer
de nós em Cristo. Com Abraão vemos a vida de fé, um que “Pela fé...
obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e
partiu sem saber aonde ia” (Hebreus 11:8). Com José ficamos sabendo
sobre a providência de Deus (Gênesis 45:5-8; 50:20). Com Elias aprendemos o
significado de coragem quando ele desafiou os profetas de Baal no Monte
Carmelo (1 Reis 18). Tais estudos fazem uma contribuição rica para o
entendimento da fidelidade na vida de um cristão. Vamos imitar a fidelidade
destas e outras pessoas notáveis do Velho Testamento (Hebreus 11).
O apóstolo Paulo usou a história do Velho Testamento para ensinar aos coríntios
a importância da fidelidade a Deus (1 Coríntios 10:1-13). Nos versículos 11 e 12
ele disse: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não
caia.” Verdadeiramente “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso
ensino foi escrito” (Romanos 15:4). Vamos aprender estas lições da história.
Os cristãos podem ser rejeitados da mesma maneira que os israelitas, que
haviam recebido tantas bênçãos de Deus, foram rejeitados quando tornaram-se
infiéis. A abundância de bênçãos especiais não garantiram a aceitação
incondicional deste povo por Deus. O povo de Deus hoje são os receptores das
“suas preciosas e mui grandes promessas” (2 Pedro 1:4), mas isso não é
Ò O Poder de DeusEstudos no Novo Testamento
26 2004:1
uma garantia de salvação incondicional. Através do exemplo de Israel, os
coríntios foram avisados que a mesma coisa poderia acontecer com eles.
O contexto de 1 Coríntios 10 é crucial. A palavra “ora” (versículo 1) exige uma
conexão próxima com os dois capítulos anteriores. Capítulo 8 avisa-os a respeito
de exercitarem sem cuidado suas liberdades em Cristo. Capítulo 9 reforça isso
com o exemplo da auto-negação e abstenção do próprio Paulo. Ele reconheceu
a necessidade pela auto-disciplina “para que, tendo pregado a outros, não
venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9:27).
Considere a abundância das bênçãos de Deus sobre Israel. Ele libertou-os da
escravidão egípcia com sua mão poderosa. Paulo não quer que os coríntios,
muitos dos quais eram de descendência gentia, sejam ignorantes a respeito das
grandes lições da história de Israel. Os israelitas todos foram privilegiados para
serem “todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a
Moisés”. A palavra “todos” é repetida quatro vezes nos primeiros três versículos
de 1 Coríntios 10. Isso enfatiza que todo o povo judeu desfrutava do privilégio
grande do relacionamento de aliança com Deus. Este “batismo com respeito
a Moisés” colocou-os sob a obrigação de reconhecer sua comissão divina e
submeter-se à sua autoridade. Este ato voluntário sugere a disposição de
submeter-se a Moisés como o líder escolhido de Deus. De fato, ser um discípulo
de Moisés era considerado uma grande honra (veja João 9:28). Todos eles foram
privilegiados em receberem comida e bebida miraculosamente durante a viagem
longa pelo deserto, indo à terra prometida (Êxodo 16; 17; Números 20).
“Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que
ficaram prostrados no deserto” (1 Coríntios 10:5). Devemos ficar
impressionados com o contraste enfatizado aqui. Toda esta grande nação (talvez
até três milhões de pessoas) começou no mesmo nível de favor divino. Todos
começaram a viagem em direção a Canaã, a terra que manava leite e mel, com
a mesma libertação miraculosa. Todos comiam a mesma comida e bebiam a
mesma água, ambas de origem divina. Todos dividiam a mesma expectativa de
chegar a Canaã. No entanto, “Deus não se agradou da maioria deles”.
Todos, exceto dois, Josué e Calebe (Números 14:30), acima de vinte anos,
esqueceram a bondade de Deus e abandonaram Moisés e os mandamentos de
Deus. Todos, exceto dois desta enorme multidão, pereceram no deserto e não
receberam a recompensa da terra prometida. Um povo que fora o receptor das
bênçãos mais ricas de Deus agora estava espalhado no deserto pelo pecado.
Paulo cita um dos fracassos maiores e mais trágicos de uma geração inteira
Andando na Verdade 27
como aviso aos coríntios, e aos cristãos de todas as gerações depois, das
conseqüências horríveis da desobediência.
Apesar das bênçãos de Deus, Israel pecou e provou que era infiel. O que fizeram?
Ao aprender por que muitos de Israel falharam em entrar no descanso de Deus,
podemos evitar seus erros. Paulo mencionou algumas coisas específicas: ì Eles
desejavam coisas ruins (Números 11:4-35; Salmo 106:7,21). Seu conceito de
que Deus havia lhes preparado bênçãos nunca pareceu passar além do físico.
Cansaram do maná e queriam carne, melões, alhos silvestres e cebolas do Egito.
í Cometeram idolatria (Êxodo 32). Em vez de olhar para Deus em Canaã,
olharam de volta para o Egito (Atos 7:39) quando construiram um bezerro de
ouro e o adoraram. Deus ficou extremamente descontente e três mil foram
mortos. î Eles cometeram fornicação (Números 25:1-9), quando se prostituíram
com as mulheres de Moabe e adoraram seus idólos. Vinte e quatro mil morreram
numa praga. ï Tentaram o Senhor (Números 21:4-9). Eles tentaram a paciência
de Deus quando sairam do Monte Hor passando pelo caminho do Mar Vermelho.
Eles não queriam dar a volta por Edom e reclamaram, “a nossa alma tem
fastio deste pão vil”. Deus mandou serpentes abrasadoras para morderem as
pessoas e muitos morreram. ð Eles murmuram continuamente. Como resultado
do pecado, numa ocasião catorze mil e setecentos morreram (Números 16:41-
50). Isso foi logo após a morte dos duzentos e cinquenta que seguiram Corá
(Números 16:31-35). Uma geração que saiu do Egito com grande esperança
morreu durante quarenta anos de peregrinação no deserto, com exceção de Josué
e Calebe e aqueles que tinham menos de vinte anos. Por quê? Eles não podiam
entrar na terra prometida “por causa da incredulidade” (Hebreus 3:19).
Este exemplo da falha de Israel torna-se num aviso familiar aos Hebreus. “Hoje,
se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na
provocação, no dia da tentação no deserto” (Hebreus 3:7-19). Deus disse:
“Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso” (veja
Números 14:20-35). O escritor de Hebreus avisa: “Tende cuidado, irmãos,
jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de
incredulidade que vos afaste do Deus vivo”. O perigo da apostasia era tão
real a estes cristãos hebraicos quanto fora para seus antepassados no deserto.
Esse perigo surge de um “perverso coração de incredulidade”. Mas é uma
tragédia desnecessária e evitável; pode ser evitada por todo cristão se manter o
coração com toda a diligência (Provérbios 4:23).
O perigo da apostasia é tão real hoje quanto era para os hebreus e os coríntios.
Deus tem abençoado tão ricamente seus filhos. Ele libertou-nos da escravidão
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do pecado (Romanos 6:16-23; Colossenses 1:13). Quão mais vil é esta
escravidão do que a escravidão de Israel no Egito! Ele permitiu que fôssemos
batizados em Cristo (Gálatas 3:27; Romanos 6:3-7). Ser unido com Cristo é a
maior honra. Deus, pela sua graça, nos guia através da sua palavra enquanto
caminhamos em direção a Canaã celestial onde nos é prometido “descanso”.
“Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no
descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado”
(Hebreus 4:1). Só porque desfrutamos ricas bênçãos em Cristo não garante que
receberemos o “descanso” reservado aos fiéis.
Infelizmente, cristãos ignoram as lições do passado e cometem os mesmos
pecados hoje, apesar das bênçãos de Deus. Nós tentamos fazer uma concessão
nos nossos esforços ao tentarmos andar junto com o mundo e aprovarmos as
coisas que são aceitáveis socialmente. Fornicação e adultério são, com muita
freqüência, descobertos e tolerados na igreja (veja 1 Coríntios 5:4-13; Gálatas
5:19). Nós tentamos Deus quando colocamos em questão a necessidade de
aderir a “doutrina de Cristo” (veja 2 João 9-11). Tentamos torná-lo num deus
que aceita tudo e não condena nada, que ajunta-se com todo tipo de crença e
aqueles que a ensinam. Nós murmuramos e reclamamos quando sofremos,
assim falhando em dar lugar à disciplina de Deus (veja Hebreus 12:4-13;
Apocalipse 3:19). Pensamos que a única maneira de adorar a um ídolo é
colocando uma imagem de pedra ou metal precioso e nos inclinar diante dele.
Mas na verdade, idolatria é colocar outras coisas antes de Deus (veja Mateus
6:33). Como são os pensamentos de um homem tolo (Isaías 55:8-9) quando ele
procura justificar sua idolatria (veja 2 Crônicas 25:15; 28:22-23).
Nós não temos que cair. Paulo escreveu aos coríntios: “Aquele, pois, que
pensa estar em pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação que
não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados
além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Coríntios
10:12-13).
Nossas tentações sempre têm uma saída. Fidelidade é necessária e é possível.
“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às
verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (Hebreus 2:1).
Vamos nos esforçar para não cair como Israel, mas pela graça de Deus e pela
força de Cristo, vamos aprender que disciplina e domínio próprio podem ser
usados para superar, com sucesso, o mundo.–por Mickey Galloway
Andando na Verdade 29
Um tolo e seu dinheiro“Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe falou:
Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus
lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?
Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e
qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na
abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:13-15).
Em algum lugar, muito provavelmente na Judéia, no outono do ano anterior
a sua morte, Jesus estava rodeado por uma agitada multidão de milhares
de pessoas que estavam pisoteando umas outras (Lucas 12:1). Com um
sentido de urgência, ele buscava preparar seus discípulos para os então
inimagináveis dias negros quando a única defesa deles contra uma perseguição
brutal seria temer somente a Deus e confiar nele para todas as coisas.
Este momento intenso, cheio de sinceras exortações sobre as coisas celestiais,
foi subitamente interrompido por uma solicitação que agitou bastante o ar no
qual se introduziu. Algum homem da multidão estava pedindo a Jesus que
interviesse numa disputa sobre uma herança. Pode-se imaginar que o silêncio
pairou pesadamente no ar durante algum tempo. Quando o Senhor respondeu,
foi uma forte repreensão.
O interrogador, evidentemente, não tinha ouvido nada do que o Senhor estava
dizendo. Seu coração estava totalmente preocupado com dinheiro para ter
qualquer interesse em coisas eternas. O que ele queria eram os serviços deste
influente mestre para cumprir sua agenda material. Seu erro não estava em
buscar o que não era seu por direito (ele não é acusado de injustiça), nem em
querer a ajuda de algum homem sábio e piedoso para julgar uma disputa familiar
(1 Coríntios 6:5). Seu problema repousava numa obsessão tão grande por coisas
materiais que ele poderia ficar em pé e ouvir as transcendentes palavras do Filho
de Deus e não ver nele nada mais do que um instrumento para suas próprias
ambições. Ele queria “usar” Jesus, e não segui-lo. Ele o viu, não como o
Salvador dos homens, mas como um juiz banal.
O Senhor não o apaziguou, e ele não nos apaziguará. Muitos de nós queremos
Jesus para resolver nossos problemas, e não para mudar nossos corações. Ele
não estava mais interessado no trabalho mundano que este homem tinha em
mente para ele do que estava em ser o rei do pão para alguns galileus carnais
(João 6:15). Ele tinha vindo para salvar os homens perdidos da destruição eterna
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(Lucas 19:10) e não tinha intenção de ajudar este homem a avançar na estrada
da ruína abaixo.
O homem que fez este pedido inconveniente devia ser lastimado. Ele pensava
que suas dificuldades terminariam se apenas pudesse pegar sua herança. Ele
estava convencido de que o problema era a avareza de seu irmão, quando era o
seu próprio amor às coisas que o estava matando. Mas Jesus o advertiu, e a
multidão ao redor, que ele era uma vítima dessa perversa filosofia (cupidez) que
diz que a vida de um homem consiste na “abundância de coisas que ele
possui”. Em resumo, o que se tem é o que se é. Esta idéia deles é perniciosa
pois quanto mais se busca engrandecimento pela acumulação de bens mais a
alma é faminta e mesquinha. Quanto maior a riqueza, maior o vazio espiritual.
A palavra que Jesus usa para “vida” aqui [em grego] é zoe, vida essencial, e não
bios, meio de vida (Marcos 12:44). Vivemos num mundo material e temos
necessidades materiais, a falta das quais pode ameaçar nossas vidas físicas; elas,
porém, não podem negar nem prover a verdadeira vida (Lucas 12:4-5). Jesus
nunca condenou a riqueza, nem de sua humilde circunstância jamais a invejou,
mas advertiu contra suas tentações sedutoras (Lucas 18:24-25; 16:13). Ele
preveniu contra confiar nela como a essência da vida. Isso, ele disse, os matará.
Paulo repetiu a advertência do seu Mestre em termos fortes: “Ora, os que
querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas
concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens
na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os
males...” (1 Timóteo 6:9-10). A cobiça é aquela doença espiritual que faz com
que um homem seja mais preocupado com o tempo do que com a eternidade,
e a ansiedade por esta vida afoga todo o interesse na vida futura.
Conforme George Buttrick observou, este é ensinamento revolucionário, e
mesmo quando repetimos fielmente a advertência do Senhor não cremos nele
muito profundamente. Ainda encontramos identidade e significado em nossas
posses materiais e nos sentimos despidos de importância quando elas são
reduzidas. Muitos de nós somos como este triste homem que se encontrou na
própria presença de Jesus sem uma indicação sobre o que era a vida. Passamos
nossos dias em reuniões de igrejas e aprendemos somente a servir a nós
mesmos. O homem de nosso texto necessitava, como freqüentemente
precisamos, ver-se como o cego simplório que ele era. Então, o Senhor mostrou-
lhe o espelho em sua Parábola do Rico Tolo (Lucas 12:16-21).
–por Paul Earnhart
Andando na Verdade 31
Rico para com Deus“E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem
rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo:
Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei
isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí
recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à
minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa,
come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te
pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é
o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lucas
12:16-21).
Assim falou Jesus à multidão reunida que tinha acabado de ouvi-lo reprovar
um homem que não tinha visto nele mais do que um árbitro para uma
contenda por dinheiro familiar. “Cuidado com a cobiça,” ele disse; e então
contou a parábola acima para explicar o motivo. A Parábola do Rico Tolo é um
espelho para a alma.
O agricultor desta parábola não era algum homem pobre que conseguiu riqueza
subitamente. Ele já era rico quando uma grande colheita fez os seus já grandes
celeiros parecerem pequenos. Não há indicação de que nenhuma das riquezas
do agricultor tivesse sido mal ganha. Por tudo o que sabemos, ele ganhou cada
pedaço dela com trabalho duro e gerenciamento prudente. Esta história não é
sobre fraude. É sobre tolice. O agricultor, que tinha sido tão hábil gerindo sua
propriedade, tornou-se um simplório ao gerir a vida. Ele cometeu algumas tolices
muito óbvias.
Primeiro de tudo, ele cometeu o engano de pensar que era o proprietário de sua
riqueza. “Minhas colheitas”, “meus bens”, “meus celeiros” e até “minha alma”, ele
disse. Que arrogância! Que ingratidão! Como se ele, e somente ele, tivesse
conseguido tudo isso. Não há nenhuma palavra pronunciada de agradecimento
ao grande Deus que nos dá “do céu chuva e estações frutíferas, enchendo
os vossos corações de fartura e de alegria” (Atos 14:17), para não falar de
“vida, respiração e tudo o mais” (Atos 17:25). Em qualquer tempo em que
pensarmos que merecemos as coisas que estamos usando, far-nos-ia bem verificar
a relação da terra ou da casa em que estamos. Somos todos inquilinos aqui.
A segunda tolice foi pensar consigo mesmo sobre que disposição ele deveria dar
a suas bênçãos inesperadas (12:17). Ele deveria ter consultado Deus porque o
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mundo e toda a sua plenitude são dele (Salmo 50:12). Mas isso nunca lhe
passou pela cabeça. Nem ele pensou nos celeiros vazios das pessoas pobres e
lutadoras para quem suas sobras teriam significado livramento. Ele só pensou
em si mesmo.
Sua terceira tolice está em supor que o que ele pudesse colocar num celeiro
fosse tudo o que ele precisava. Olhando sobre toda sua abundância, ele disse
consigo mesmo: “Consegui fazer!” Ele pensava que estas coisas significavam
conforto assegurado, felicidade e segurança. Admiramo-nos sobre em que
mundo ele vivia. Como agricultor, praga, seca, inundação e roubo não lhe eram
estranhos. É preciso cegueira incomum para imaginar que haja qualquer
segurança em coisas materiais (Mateus 6:19). Mas é preciso estupidez ainda
maior para imaginar que espíritos formados à imagem do Eterno possam jamais
ficar satisfeitos e realizados com a mera matéria, mesmo que ela fosse eterna
(Eclesiastes 5:10-11; 6:7). Fomos feitos para “o Deus vivo” (Salmo 42:2; Atos
17:26-28) e a vida provém do coração, não do banco (Provérbios 4:23).
Finalmente, nosso agricultor “bem sucedido” esqueceu-se do tempo e da morte.
Ele estava pensando em muitos anos, mas Deus disse que não seria nem mais
um dia. Sua riqueza foi para um lado e ele foi para outro. Não há bolso numa
mortalha. Salomão fala freqüentemente desta verdade em Eclesiastes.
“Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo
do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois
de mim. E quem pode dizer se será sábio ou estúpido?” (Eclesiastes 2:18-
19). Não há tolice imperdoável maior do que planejar a vida sem considerar a
morte, e construir a vida sobre coisas que a morte certamente tirará. A evidência
de nossa mortalidade e incerteza da vida não é apenas premente, é irresistível.
Nenhuma verdade sobre nós mesmos é tão evidente como o fato de que vamos
morrer, e morrer em algum tempo imprevisível. E a única coisa que sobreviverá
à morte é uma relação segura com Deus. Deveremos, portanto, derramar todas
as nossas vidas e tesouros para ele, amontoados, comprimidos, transbordando.
Diz-se que Alexandre o Grande pediu para ser enterrado com suas mãos
colocadas de tal modo que todos poderiam ver que elas estavam vazias. É
também relatado que, quando a cripta do Imperador Carlos Magno foi aberta,
ele foi encontrado sentado em seu trono, uma figura agora só ossos, apontando
para um texto em uma Bíblia aberta: “Que aproveita ao homem, ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:36). É uma pergunta muito
boa.–por Paul Earnhart
Andando na Verdade 33
Momentos na vida de Cristo
Você é salvo?J
esus pregava de vila em vila, quando um homem lhe perguntou: “Senhor,
são poucos os que são salvos?” (Lucas 13:23). Essa é uma pergunta
interessante. Muitos perguntam quantas pessoas serão salvas. Em outras
ocasiões, Jesus disse que haveria apenas poucas (Mateus 7:13-14). Mas desta
vez, ele não responde à pergunta. Jesus revê a questão em vez de dizer quantos
serão salvos. Jesus diz: “Esforçai-vos por entrar” (Lucas 13:24). Na verdade,
não importa muito quantos serão salvos. O importante é se sou salvo ou não. Se
99% do mundo fosse salvo, mas eu não, eu não estaria lucrando com isso. E se
somente 5 pessoas fossem salvas e eu fosse uma delas, o dia do juízo seria de
grande alegria para mim. Assim, Jesus insistiu que o homem se esforçasse por
entrar. A palavra esforçar significa aplicar intenso esforço. Era a palavra usada
em referência ao esforço do atleta para ganhar. O céu não é algo que devemos
buscar com desânimo; é algo para ser buscado com vigor.
Jesus apresenta quatro motivos, em Lucas 13:23-30, por que devemos nos
esforçar para ser salvos.
ì Muitos tentarão e não conseguirão. Nem todos que desejam ir para o céu
ou mesmo tentam chegar lá conseguirão. Esse é o príncipio que explica o grande
esforço do atleta. Nem todos ganham a corrida.
í Jesus avisou que existe um prazo. Após se fechar a porta da salvação, ela
jamais será reaberta.
î Alguns pensam estar salvos sem verdadeiramente estarem . Essa
possibilidade aterradora deveria motivar-me a me certificar cuidadosamente da
minha salvação.
ï As conseqüências são espantosas. Ou seremos lançados em horrenda
agonia, ou desfrutaremos a mesa do jantar no céu. “Esforçai-vos por entrar...”
–por Gary Fisher
Na Internet, você encontrará (grátis):
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www.estudosdabiblia.net34 2004:1
Entendendo o bom livro
Vou começar sugerindo três afirmações com as quais acredito que a maioria
das pessoas que acreditam que a Bíblia é a palavra de Deus concordarão,
pelo menos até certo ponto.
ì Deus nos deu um livro que podemos entender (Efésios 3:4; 5:17). Se não
podemos, então por que ele nos mandou entendê-lo? Por que ele nos diria que
podemos entendê-lo se não podemos?
í Temos que ter entendimento deste livro para sermos agradáveis a
Deus (Mateus 24:39). Jesus ilustrou o destino daqueles que falham em entender
hoje usando aqueles que falharam em entender na época de Noé.
î Muitos não entendem. Jesus descreveu isso como estar no caminho
largo (Mateus 7:13-14). Se as pessoas podem entender a Bíblia, mas não
entendem, então a culpa é delas.
Aceitando o desafio paraconhecer melhor a palavra de Deus
Devemos desejar conhecer a Bíblia. Por que isso é uma coisa boa para
conhecer?
Primeiro, a pessoa deve conhecer a vontade de Deus para poder aplicá-la na sua
vida. Isso é verdade bem no começo da nossa jornada na fé (Romanos 10:13-17;
1 Pedro 2:1-3). Isso também é verdade durante a vida de um discípulo (João
8:31-32). Talvez não conhecemos (nem podemos conhecer) todos os caminhos
e a mente de Deus, mas podemos conhecer sua vontade para nossas vidas e
regozijarmos (Romanos 11:33-36; 1 João 3:18-19).
Também, nossa salvação depende do nosso conhecimento das Escrituras. Isso
Ó Desafios e DúvidasCrescendo em Conhecimento e Fé?
Andando na Verdade 35
sempre foi verdade (Oséias 4:6). Mesmo aqueles que tem zelo para Deus ainda
precisam de conhecimento (Romanos 10:1-3; Atos 17:30-31).
Além disso, nós podemos fazer mais para Jesus se conhecermos a Bíblia melhor.
Ele fez tanto por nós (2 Coríntios 8:9). A falta de conhecimento irá prejudicar
nosso relacionamento com o Senhor assim como nossa capacidade de trabalhar
com ele e chegar às sua metas. Por causa da ignorância, alguns que procuravam
servir a Deus acabaram pecando contra ele! (2 Coríntios 2:8-11; 1 Timóteo 1:13).
Então, nós precisamos determinar nos nossos corações que iremos procurar
conhecer melhor o caminho de Deus. Isso requer comprometimento. Como o
salmista disse: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais
ele fará” (Salmos 37:5). Tal dedicação será recompensada nesta vida e na
próxima (2 Timóteo 2:12-13).
Dedicar um tempo
Passar tempo com a palavra de Deus é necessário para conhecê-la e crescer
nela. Lembre-se de Efésios 3:4 – “pelo que, quando ledes, podeis
compreender o meu discernimento do mistério de Cristo....” Qual
freqüência é o suficiente para passar tempo com a palavra? Não sei se posso dar
uma resposta definitiva, mas eu sei disso: discípulos, nobres na mente e nas
metas, prontos para conhecerem o caminho de Deus no primeiro século
responderiam a pergunta falando: “Nós achamos que é bom passar tempo com
as Escrituras todos os dias” (cf. Atos 17:11). Também sei que Deus apreciou seus
esforços, e os recompensou de acordo. Ele nos recompensará também.
Não deixe sua armadura espiritual ter fendas (Efésios 6:13,15). Use um tempo
para conhecer e fazer como a perfeita lei da liberdade nos aconselha (Tiago 1:21-
23).
“Eu não tenho tempo” não será satisfatório. Nunca foi. Isso foi uma coisa que
Marta precisava aprender, e Jesus deixou este ponto bem claro. Não se distraia
tanto a ponto de falhar em dedicar o tempo necessário ao seu crescimento na
palavra e acabar perdendo a alma! (Lucas 10:38-42).
A necessidade de ver
Podemos nos permitir a ficarmos cegos à verdade. Às vezes, o problema não
a falta de estudo, mas a atitude. Jesus disse: “Por isso, lhes falo por
parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem
entendem. De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis
com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e
de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está
endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os
olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os
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ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim
curados” (Mateus 13:13-15; veja João 5:39-40). Essas pessoas foram dedicadas
às Escrituras, mas não ao Messias do qual falavam. Foram cegadas pelos seus
próprios preconceitos e opiniões (João 8:43).
Líderes religiosos, teólogos e estudiosos não são a resposta. Não há como
substituir a investigação pessoal por uma alma cheia de vontade de conhecer a
vontade de Deus e agradá-lo. A quantidade de tempo dedicada ao estudo da
palavra não importa se o coração não estiver certo (Mateus 15:14; João 16:2).
Há conseqüências tristes em permitir a nós mesmos que sejamos cegados (2
Coríntios 4:3-4). Também temos que lembrar que as pessoas não precisam
permanecer na escuridão. Após explicar porque alguns continuariam “cegos”
devido às suas próprias atitudes péssimas, Jesus disse aos que procuravam
honestamente, “Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque vêem;
e os vossos ouvidos, porque ouvem” (Mateus 13:16).
O Novo Testamento diz: “De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a
luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário,
terá a luz da vida” (João 8:12). Viver na escuridão é continuar perdido. Chegar
à luz é receber a vida eterna (João 3:19-21).
Entender a palavra de Deus é possível para aqueles que desejam fazer isso e que
estão dispostos a se esforçarem e a deixarem de lado as desculpas. Essa é a
única maneira de conseguir chegar à glória do trono de Deus na eternidade,
partindo de onde você está agora. É muito fácil ficarmos tão cativados pelo
mundo que negligenciamos esse aspecto muito importante das nossas vidas.
As Escrituras de Deus nos falam de Jesus como nosso Salvador, do seu sacrifício
pelos nossos pecados, do seu amor por nós e do seu retorno para levar seu povo
para casa. Também nos contam o que é necessário para alcançarmos a vitória.
Nós somos capazes de entender “o Bom Livro” e de ver que ele realmente é
bom, como é boa a recompensa que Deus tem para aqueles que si dedicarem
a aprender e viver pelas suas palavras.–por Jon W. Quinn
Por trás da Reforma Protestante
AReforma Protestante começou em 1517, quando Martinho Lutero divulgou
suas 95 Teses em Wittenberg, Alemanha. O que levou ao movimento é mais
complexo. O movimento foi condicionado pelos fatores políticos, sociais,
Andando na Verdade 37
econômicos, morais e intelectuais. Mas, acima de tudo, foi um movimento
religioso liderado por homens interessados em uma reforma verdadeira do
cristianismo.
O declínio do poder papal
Osurgimento de monarquias nacionais nos séculos XIII a XV veio às custas
do poder do papado. Este fato é ilustrado pela luta do Papa Bonifácio VIII
com o rei da França, que resultou na humilhação e morte precoce do papa
em 1303. O papado subseqüentemente estava localizado em Avinhão, França
durante um período de aproximadamente 75 anos, conhecido na história como
o Papado de Avinhão ou o Cativeiro Babilônico da igreja (1303-1377). Durante
aquele tempo o papa foi dominado pela monarquia francesa. Esforços de
restaurar o papado para Roma apenas provocaram, inicialmente, uma divisão,
conhecida como o Grande Cisma. Papas rivais alegaram legitimidade até a
situação finalmente se resolver em 1417.
Acontecimentos tão escandalosos na alta liderança da Igreja Católica Romana
levaram ao aumento de corrupção e à perda de confiança na igreja. Muitos
questionaram a autoridade absoluta reivindicada pelo papa. Outros clamavam
cada vez mais por uma reforma da igreja nos “líderes e membros”.
Corrupção moral na liderança da igreja
Os anos antes da Reforma Protestante também foram marcados pela
corrupção moral e o abuso de posição na igreja Católica Romana. O
sacerdócio era culpado de vários abusos de privilégios e responsabilidades,
inclusive simonia (usar as próprias riquezas ou influência para comprar uma
posição eclesiástica), pluralismo (ocupar vários cargos simultaneamente) e
absentismo (a falha em residir na paróquia onde deviam administrar). A prática
do celibato que foi imposta pela igreja no sacerdócio muitas vezes era abusada
ou ignorada, levando a conduta imoral por parte do clero. Padres ignorantes com
mentes mundanas corromperam suas posições pela negligência e abuso de
poder.
Durante o século XV, o mundanismo e a corrupção na igreja chegou ao pior. O
problema da corrupção chegou até o papado.
Entre aqueles que pediam uma reforma da igreja estava o domiciano Giralamo
Savonarola (1452-1498) de Florença, Itália. Este pregador impetuoso falou
contra os morais corruptos dos líderes da cidade e dos abusos do papado. O
povo foi ganho pela causa de Savonarola em Florença, mas devido a rivalidades
religiosas e circunstâncias políticas, o movimento durou pouco. Savonarola foi
enforcado e queimado por heresia em 1498.
38 2004:1
Primeiros movimentos religiosos da Reforma
Durante o final da Idade Média surgiram vários movimentos que desafiaram
algumas das doutrinas básicas da Igreja Católica Romana. Muitos destes
movimentos foram oficialmente condenados pela igreja como heresias e
foram severamente oprimidos.
Os Albigensianos surgiram no sul da França no final do século XII e início do
século XIII. Os Albigensianos (também chamados de Catari) seguiam um
dualismo rigoroso semelhante ao antigo gnosticismo. Eles defendiam o Novo
Testamento como o único padrão de autoridade — um desafio à autoridade
alegada pelo papa. A seita tornou-se o objeto de uma campanha terrível de
perseguição quando o Papa Inocêncio III lançou uma cruzada contra eles em
1204.
Um movimento conhecido como os Waldensianos provavelmente foi fundado no
século XI por Pedro Waldo. Pregadores viajantes conhecidos como os Homens
Pobres de Lyons enfatizaram o estudo e a pregação da Bíblia. Traduziram o Novo
Testamento para a língua comum do povo, rejeitaram as doutrinas católicas do
sacerdócio e purgatório, e defenderam à volta às Escrituras como a única
autoridade na religião.
Na Inglaterra, João Wiclif (1324-1384), um professor bem-conhecido da Oxford,
também desafiou a autoridade do papado. Durante o Papado de Avinhão, ele
argumentou que todo o domínio legítimo vem de Deus e é caracterizado pela
autoridade exercida por Cristo na terra – não de ser servido mas sim, de servir.
Durante o Grande Cisma, Wiclif ensinou que a verdadeira igreja de Cristo, em vez
de consistir em um papa e hierarquia da igreja, é um corpo invisível dos eleitos.
Ele promoveu o estudo das Escrituras sobre a tradição da igreja. E ensinou que
as Escrituras devem ser colocadas nas mãos dos eleitos, e na sua própria língua.
Assim Wiclif fez uma tradução inglesa em aproximadamente 1384.
No fim, Wiclif foi condenado por heresia, mas sua influência continuou. Seus
seguidores, chamados de lolardos espalharam seus ensinamentos como um
movimento oculto na Inglaterra. Rejeitaram a doutrina da transubstanciação, a
veneração de imagens, o celibato do clero e outras doutrinas católicas como
abominações. Foram uma influência importante na Inglaterra na véspera da
Reforma Protestante.
Uma outra voz precoce clamando pela reforma foi a de João Hus (1369-1415),
um pregador e estudioso boêmio. Influenciado pelos escritos de Wiclif, Hus
argumentou que a verdadeira igreja não era a instituição como definida pelo
catolicismo, mas o corpo dos eleitos sob a liderança de Cristo. Ele insistiu que
a Bíblia é a autoridade final pela qual o papa e qualquer cristão será julgado. Hus
foi queimado por heresia em 1415, aproximadamente um século antes da
Andando na Verdade 39
resistência de Lutero em Wittenberg. O movimento Husita continuou a crescer
depois da morte do seu líder, preparando o caminho para a Reforma Protestante.
Religião, movimentos místicos e pietistas
No final da Idade Média uma forma de misticismo religioso surgiu na
Alemanha. Muitos dos místicos, como Meister Eckhart, enfatizaram temer
o divino através da contemplação mística, em vez de através de uma
abordagem racional à religião.
Outros, como Gerhard Groote, ensinaram uma abordagem mais prática ao
cristianismo. Groote fundou os Irmãos da Vida Comum como um esforço de
chamar seguidores a uma devoção e santidade renovadas. Seguiram a devotio
moderna, uma vida de devoção disciplinada centralizada em meditar na vida de
Cristo e seguir a mesma. A obra de mais influência desta escola de pensamento
foi A Imitação de Cristo, escrita por Thomas à Kempis. Quando não se
opuseram à igreja católica ou à hierarquia, o movimento criticava a corrupção
da igreja. Seu ênfase no relacionamento pessoal com Deus parecia minimizar o
papel da função sacramental da igreja. Escolas fundadas pelos Irmãos
enfatizavam escolaridade e devoção e tornaram-se centros para a reforma.
Muitos dos líderes da Reforma Protestante foram influenciados pelos seus
ensinamentos.
O Renascimento
ORenascimento (ou Renascença) foi um movimento que constituiu a
transição do mundo medieval para o mundo moderno. Começou no
século XIV na Itália como resultado de um interesse renovado na cultura
clássica ou humanística da Grécia e Roma. Estudiosos do Renascimento
estudaram antigos manuscritos recuperados de um mundo que era
decididamente mais secular e individualístico do que religioso e unido. Os artistas
do período enfatizaram a beleza da natureza e do homem. A religião no
Renascimento tornou-se menos importante conforme os homens voltaram sua
atenção ao prazer do aqui e agora.
O Renascimento afetou os papas do período. Muitos dos “Papas do
Renascimento”, como Júlio II (1441-1513), eram humanistas mais interessados
na cultura clássica e arte do que em assuntos espirituais. Alguns, como
Alexandre VI (1431-1503), viveram vidas notoriamente malvadas e escandalosas.
Leão X (1475-1521), o filho de Lorenzo de’Medici e papa quando Martinho
Lutero afixou as 95 Teses, uma vez disse que Deus lhe deu o papado, então ele
ia “aproveitar”.
O Renascimento contribuiu para a Reforma de outras maneiras mais positivas.
A invenção da prensa de impressão móvel por Johann Gutenberg, em
40 2004:1
aproximadamente 1456, forneceu um meio para a divulgação de idéias.
Estudiosos do Renascimento ao norte dos Alpes dividiram muitos dos mesmos
interesses – uma paixão pelas fontes antigas, uma ênfase no ser humano como
indivíduo e uma fé nas capacidades racionais da mente humana. No entanto,
esses “cristãos humanistas do norte” estavam menos interessados no passado
clássico do que no passado cristão. Eles aplicaram as técnicas e os métodos do
humanismo do Renascimento no estudo das Escrituras nas suas línguas
originais, assim como o estudo dos “pais da igreja” como Augustinho. Sua
preocupação principal com os seres humanos era pelas suas almas. Sua ênfase
era étnica e religiosa em vez de estética e secular.
O resultado desta ênfase era um interesse num retorno às Escrituras e a
restauração do cristianismo primitivo. Os humanistas bíblicos apontaram os
maus na igreja da sua época e pediram uma reforma interna. Talvez quem teve
mais influência foi Disidério Erasmo (aproximadamente 1466-1536). Conhecido
como o “príncipe dos humanistas”, Erasmo usou sua ampla escolaridade para
desenvolver um texto do Novo Testamento em grego, baseado em quatro
manuscritos gregos que estavam disponíveis para ele. Como a ajuda da prensa
de impressão, Erasmo publicou o texto grego do Novo Testamento em 1516. A
capacidade de estudar a Bíblia na sua língua original encorajou uma comparação
mais precisa da igreja dos seus dias com a igreja do Novo Testamento. Martinho
Lutero, por exemplo, usou imediatamente o texto grego de Erasmo. Ele logo
percebeu que a interpretação da Vulgata Latina em Mateus 4:17 de “pagar
penitência” mais precisamente seria “arrepender-se”. Tal conhecimento
contribuiu para uma percepção crescente de que o sistema sacramental não era
apoiado pelas Escrituras.
Assuntos doutrinárias e autoridade religiosa
Oassunto imediato que levou Lutero a afixar suas 95 propostas para debate
em 1517 foi o abuso do sistema católico romano de indulgências. A
doutrina de indulgências, inicialmente formulada no século XIII, era
associada com o sacramento de penitência e a doutrina do purgatório. Enquanto
acreditava-se que o sacramento fornecia perdão dos pecado e do castigo eterno,
acreditava-se que havia uma satisfação temporal que o pecador arrependido teria
que cumprir nesta vida ou no purgatório. A indulgência era um documento que
a pessoa podia comprar por uma certa quantia de dinheiro que a livraria da
punição temporal do pecado. Acreditava-se que os méritos excedentes de Cristo
e dos santos seriam guardados numa “tesouraria de mérito” celestial da qual o
papa podia tirar méritos para o benefício dos vivos. Em 1517 o dominicano
Johann Tetzel estava vendendo uma indulgência plena especial (prometendo o
perdão completo dos pecados) para conseguir dinheiro para a igreja. Metade do
dinheiro seria dada ao Arcebispo Alberto, a quem o papa havia dado uma
Andando na Verdade 41
dispensa especial para ocupar dois cargos. O resto ajudaria a financiar o término
do catedral de São Pedro em Roma. O protesto de Lutero inicialmente era contra
o que via como o abuso do sistema de indulgências. Também era um desafio à
autoridade papal que tornava tais abusos possíveis.
Depois de um tempo Lutero rejeitou todo o sistema sacramental católico
romano. Mais do que qualquer outro fator, suas conclusões surgiram de seu
estudo intensivo da Bíblia. A partir de aproximadamente 1513 até 1519 Lutero
discursou sobre as Escrituras na Universidade de Wittenberg. Ele estava convicto
de que a Bíblia era a única autoridade verdadeira na religião (sola scriptura), em
oposição ao papa ou um conselho geral da igreja. Através do seu estudo ele
percebeu que muitos dos aspectos do sistema teológico da Igreja Romana não
eram baseados nas Escrituras. Lutero acreditava que havia resgatado a
verdadeira essência do cristianismo nos seus ensinamentos de que a salvação é
pela graça através da fé em Cristo (sola fide), e não através de um sistema de
obras como manifestado no sistema sacramental católico. Ele desafiou o
conceito católico do sacerdócio com a declaração de que o Novo Testamento
ensinava o sacerdócio de crentes.
Enquanto muitos outros fatores se combinaram para tornar a Reforma
Protestante possível, acima de tudo era a crença dos reformadores em voltar
à autoridade única da Bíblia que definiu o movimento. A que ponto
conseguiram em fazer uma verdadeira reforma pode ser julgado pelo quanto
aderiram a esse princípio.–por Dan Petty
O desejo de agradar a DeusN
ossa época é uma de análise e descoberta. Os homens não se contentam
em saber que alguma coisa acontece. Eles têm que saber por quê.
Por isso, muitos dos nossos problemas sociais estão recebendo explicações
psicológicas. Conseqüentemente dizem que ficar bêbado, roubar e matar são
doenças psicológicas. É apenas natural que o comportamento religioso também
seja explicado com base sociológica e psicológica. Por isso, pode ser mostrado
que os desvios na maioria dos períodos de inovação vêm das classes de pessoas
mais ricas. A tendência é virem das classes superiores. A tentação é dizer que os
ricos são maus e os pobres são bons. No entanto, uma suposição dessas seria
altamente injustificada. Então o que estamos dizendo é que devemos tomar
muito cuidado com a maneira que empregamos a psicologia e a sociologia na
religião.
42 2004:1
A fidelidade de Jó
Antropólogos sempre buscaram colocar o comportamento religioso
exclusivamente em aspecto de necessidades sociológicas. Há uma
necessidade psicológica e sociológica para a religião; no entanto estas
explicações, ou apenas estas necessidades, não explicam comportamento
religioso. Há muitas exceções às explicações sociológicas comuns para a
religião. Por exemplo, como poderíamos justificar a piedade de Jó numa base
sociológica ou psicológica? Ele não era justo porque era pobre visto que também
era justo quando era rico. Sua posição social não fez nenhuma diferença na sua
justiça. Pense sobre sua situação psicológica. Lá ele esteve, com tudo. Aí, de
uma vez, tudo foi tirado dele. Psicologicamente Jó foi colocado numa situação
muito difícil. Todas as explicações psicológicas para o comportamento de Jó e
para sua confiança em Deus foram tiradas. Jó admitiu que ele não sabia porque
Deus havia trazido tal infortúnio sobre ele. Mas ele permaneceu fiel a Deus. Por
quê? Por que havia tantas personagens religiosas na Bíblia que eram fiéis a
Deus? Porque amavam a Deus e desejavam servi-lo.
Razões para a justiça
Agora quando olhamos as divisões religiosas sobre o uso de música
instrumental ou o sustento de instituições humanas pela igreja, vemos que
muitas pessoas de classes mais altas e mais ricas se afastam e pessoas de
classes mais baixas tendem a permanecer fiéis, Assim, pensarmos que seu
comportamento respectivo era meramente devido a posições financeiras e
sociais e deixamos de fora a parte mais importante – a justiça diante do Senhor:
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Havia
pessoas ricas que se opuseram aos instrumentos e outras inovações. Não
muitas, mas algumas sim. Por quê? Porque amavam Deus e desejavam guardar
seus mandamentos. Sem dúvida era mais fácil para a classe mais baixa, as
pessoas mais pobres, resistir a estas inovações, simplesmente porque não
tinham o dinheiro para adotá-las; e seus gostos costumavam ser mais simples,
mais conservadores e mais rígidos. Mas justificar sua oposição deixaria de fora
a parte mais importante da justiça: “Se me amais, guardareis os meus
mandamentos”. É por isso que Abraão rico, Lázaro pobre, Jó rico, Jó pobre,
Davi rico, Elias pobre, José de Arimatéia rico e João Batista pobre serviram a
Deus. Eles tinham quase nada em comum sociológica ou psicologicamente, mas
tinham uma coisa em comum – eles amavam Deus e desejavam servi-lo. Então
é óbvio qual influência é a maior – o desejo de servir a Deus ultrapassa as
barreiras sociológicas e psicológicas.
Andando na Verdade 43
Necessidade pela religião
Isso nos leva a uma outra pergunta: E a necessidade pela religião? “Algumas
pessoas precisam e outras não.” Esta afirmação deixa muito a desejar. Uma
outra afirmação quase certa da idéia seria que algumas pessoas sentem a
necessidade pela religião e outras não; mas todos os homens precisam da
religião. Os homens, reconhecendo ou não, precisam da Bíblia; e, reconhecendo
ou não, precisam tomar muito cuidado para obedecerem a Deus. Devemos
lembrar que, muitas vezes, há uma grande diferença entre o que precisamos e
o que achamos que precisamos.
“Pregue o evangelho a toda criatura”
Éverdade que as pessoas têm tipos diferentes de mentes. Estas diferenças
são devidas à herança e ao ambiente. Estas mentes desejam tipos
diferentes de religiões, tipos diferentes de atividades mentais. Dizem que
não é a missão do evangelista atormentar aqueles de mentes e necessidades
diferentes a aceitarem algo que não querem. Isso é verdade. Já aconteceu antes,
e o resultado tem sido membros meio-convertidos. No entanto, há uma
tendência de levar esta idéia longe demais e usarmos como uma desculpa para
não tentarmos converter interessados improváveis. Em outras palavras, apenas
converter as almas que “caem do céu”. Mas lembre-se que em Mateus 13 havia
tipos diferentes de corações (mentes) e apenas um tipo de mente deu frutos
verdadeiros. Apesar disso, a semente foi semeada para todos os corações. O
coração que precisava e sabia que precisava da palavra e que a aceitou era o
coração que deu frutos. Os outros corações, no fim, foram rejeitados.
Esta é a maneira que devemos proclamar o evangelho hoje. “E disse-lhes: Ide
por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos
16:15-16). Também vamos tomar cuidado em falar sobre o tipo de mente que
precisa da religião bíblica para não deixarmos a impressão de que não tem
problema se precisarmos dela, assim como não tem problema se não
precisarmos dela. Não devemos dar a impressão de que, se a pessoa, por acaso,
não tenha a herança e o ambiente certo para criar o tipo certo de disposição
mental, então a conversão é impossível. Atitudes podem mudar. Afinal, não é
disso que a conversão trata?–por Bob Waldron
44 2004:1
Do céu ou dos homens?
O Modo do BatismoNa Bíblia Nas Igrejas Atuais
Imersão
Significado da palavra
grega: imergir, mergulhar
Exemplos no N.T. (Mc 1:9-
10; Jo 3:23; At 8:38-39)
Obs.: História nos primeiros
séculos d.C. – “O
Batismo, que
originalmente era uma
imersão do corpo do fiel
na água, foi substituído
durante o século XIV na
Igreja Romana por
aspersão” (George
Mastrantonis da
Igreja Ortodoxa Grega)
Obs.: Linguagem de
sepultamento
(Rm 6:4; Cl 2:12)
Muitas praticam a imersão.
Outras praticam a aspersão
ou efusão:
“Pessoas adultas e os pais ou
tutores de cada criança a ser
batizada, têm escolha entre o
batismo por imersão, aspersão
ou afusão” (Manual, Igreja
Metodista Livre)
“Não é necessário imergir na
água o candidato, mas o
batismo é devidamente
administrado por efusão ou
aspersão. At. 2:41, e 10:46-
47, e 16:33; I Cor. 10:2”
(Confissão de Fé, Igreja
Presbiteriana do Brasil)
“Em nossa Igreja há liberdade
para celebrá-lo por aspersão
ou por imersão, de acordo com
os usos e costumes de cada
paróquia” (Igreja Anglicana)
– por Dennis Allan
Andando na Verdade 45
Avaliação de livro
Bíblia ApologéticaTítulo: Bíblia Apologética
Editora: ICP (Instituto Cristão de Pesquisas) Editora
ABíblia Apologética é uma extensão do trabalho do Instituto Cristão de
Pesquisas, uma organização que se dedica à defesa das doutrinas geralmente
aceitas pelas igrejas protestantes. Além de artigos históricos e analíticos de
grupos descritos como seitas, esta Bíblia traz comentários de rodapé refutando
diversos argumentos feitos por grupos que não seguem a tradicional linha
protestante. Responde a pontos doutrinários do mormonismo, Testemunhas de
Jeová, catolicismo, judaísmo, islamismo, maçonaria, espiritismo, adventismo, etc.
Sem dúvida, muitos dos comentários feitos nesta Bíblia esclarecem questões
polêmicas e oferecem algumas dicas boas para responder às falsas doutrinas de
vários grupos religiosos. Defendem a divindade de Jesus, a inspiração das
Escrituras, a ressurreição corporal, a realidade do castigo eterno, a personalidade
do Espírito Santo, etc. Ensinam contra as práticas de poligamia e homos-
sexualismo, e doutrinas da reencarnação, da virgindade perpétua de Maria, etc.
Ao mesmo tempo, fiquei decepcionado com esta Bíblia por vários motivos. Entre
suas falhas:
ì A tradição protestante acima da Bíblia. Os comentaristas valorizam demais
a posição histórica “da Igreja” (que quer dizer, as doutrinas geralmente aceitas
pelos herdeiros da tradição da Reforma Protestante).
í Cuidado de não ofender os leitores “evangélicos”. Embora existam
diferenças importantes entre presbiterianos, batistas, luteranos, metodistas, as
principais igrejas pentecostais, etc., os comentaristas não ousam entrar nestas
questões. Se o propósito é defender a verdade, por que fugir de controvérsias
sobre dons do Espírito Santo, batismo de recém-nascidos, etc.? Por que não
criticar as igrejas que desrespeitam as qualificações de pastores, permitem que
as mulheres tomem posições de autoridade sobre homens ou profiram doutrinas
humanas sobre o reino milenar terrestre? É válido condenar quem está fora da
corrente protestante enquanto olha com vistas grossas os divergentes
ensinamentos das grandes igrejas evangélicas?
î Quando forçados a escolher entre a Bíblia e a tradição protestante, os
redatores dessa Bíblia seguem os homens. Observando suas manobras
impressionantes para negar a necessidade do batismo para a salvação,
contradizendo as palavras de Jesus (Marcos 16:16), Pedro (Atos 2:38), Ananias
(Atos 22:16) e Paulo (Gálatas 3:27), percebemos que há lealdade maior à tradição
46 2004:1
da Reforma Protestante do que à palavra de Deus. Quando decidem não
comentar nada sobre textos freqüentemente distorcidos para defender o batismo
de crianças pequenas ou para exigir os dízimos dos fiéis, mostram mais
preocupação com as opiniões de líderes religiosos atuais do que com a
autoridade absoluta do Mestre de todos.
Se as minhas críticas da Bíblia Apologética chegarem até os responsáveis pela
redação dela, é bem provável que eu, também, receba o rótulo de herético ou de
defensor de seitas. Mas não devemos nos preocupar com tais táticas de homens,
mesmo de líderes religiosos. “Antes, importa obedecer a Deus do que aos
homens” (Atos 5:29). Adotemos a mesma atitude de Paulo: “Porventura,
procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro
agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de
Cristo” (Gálatas 1:10).
A Bíblia Apologética, como qualquer Bíblia com notas de rodapé, deve ser usada
com bastante cautela. Ela contém notas que ajudam a responder aos
ensinamentos errados de alguns grupos religiosos, mas nem todos os seus
argumentos vêm da palavra de Deus. As notas dessa ou qualquer outra Bíblia
devem ser analisadas da mesma maneira que o discípulo cuidadoso examina este
artigo ou ouve qualquer sermão ou palestra. Com o mesmo espírito demonstrado
na Beréia, deve examinar cada dia nas Escrituras para ver se as coisas realmente
são assim (Atos 17:11). As instruções de Paulo valem hoje: “...julgai todas as
coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (1
Tessalonicenses 5:21-22).
Ao invés de agradar à maioria religiosa, ou ganhar a aprovação de líderes de
igrejas, devemos avaliar qualquer prática ou doutrina pelo critério proposto por
Jesus quando ele enfrentou os chefes em Jerusalém: Donde vem esta doutrina,
“do céu ou dos homens?” Porque no final de contas, não seremos julgados
pela Torre de Vigia, nem pelo Vaticano, nem pelo Instituto Cristão de Pesquisas.
A palavra proferida por Jesus nos julgará no último dia (João 12:48). Sejamos fiéis
à verdade que ele revelou!Spor Dennis Allan
Os desafios na vida do novo cristão (19)
Como para o Senhor“T
udo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração como para o
Senhor e não para homens” (Colossenses 3:23). A base de todos os
relacionamentos dos cristãos deve ser o Senhor. Tudo o que fazemos
deve ser para a sua glória, para exaltar o seu nome e para o crescimento do seu
Andando na Verdade 47
reino. Isso inclui a responsabilidade do cristão para com os empregadores
(senhores, Colossenses 3:22).
Como mensageiros de Deus, passamos muito tempo ao redor dos perdidos. Se
levamos a sério viver e andar como Deus deseja, devemos tratar o nosso ambiente
de trabalho como um lugar para influenciar a vida daqueles com os quais temos
contato.
Devemos ter o cuidado de não sermos presunçosos, achando que os colegas de
trabalho, os vendedores, supervisores, etc. não se interessam por assuntos
espirituais. Vivemos numa época em que as pessoas têm problemas tremendos.
Ouvimos gritos de socorro daqueles que nos cercam. Quantas vezes não
ouvimos as pessoas dizer: “Parece que falta algo em minha vida”? O povo de
Deus tem a resposta. Podemos preencher o vazio!
O tema da carta escrita à igreja de Colossos é a plenitude em Cristo Jesus.
“Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado
e potestade” (Colossenses 2:9-10). Assim, devemos olhar para o exemplo de
Cristo em tudo o que dizemos ou fazemos. O apóstolo nos manda, no texto que
citei no início deste artigo, trabalhar “de todo o coração”. Poderíamos dizer:
“Entregue tudo o que tem” ou “Dê o seu melhor”. O rei Salomão disse: “Tudo
quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”
(Eclesiastes 9:10).
Ao fazermos esse esforço de darmos ao nosso empregador tudo o que temos,
devemos entender as cláusulas do contrato de trabalho. É importante sabermos
quando e onde devemos trabalhar; quais os horários que os nossos
empregadores querem que estejamos trabalhando. Será que essas horas
coincidem com outros compromissos que assumimos (por exemplo: momentos
importantes em reunião com a igreja ou com a família)? Será que esse emprego
nos afastará da família de tal modo que nos prejudique (p. ex.: muitas viagens ou
horas extras demais)? Quanto esse emprego paga? Será que é suficiente para
sustentar a minha família? Será que a compensação é bastante justa para o
esforço empreendido? Todas essas são perguntas importantes que devemos
fazer antes de aceitar um emprego. Muitas vezes essas questões passam
despercebidas até o primeiro pagamento ou a primeira viagem de negócios. Isso
faz com que alguns negligenciem o trabalho que receberam.
Deus nos abençoou ricamente com um governo que nos permite trabalhar
arduamente, dar o nosso melhor e ser recompensados pelo esforço que
empreendemos em nossa determinada linha de trabalho. Como cristãos,
tenhamos certeza de que estamos nos esforçando em nosso ambiente de
trabalho. Como funcionários cristãos, devemos ser os melhores!
48 2004:1
O rei Ezequias propôs-se a agradar ao seu Senhor. A Bíblia diz que ele “fez o
que era bom, reto e verdadeiro perante o Senhor, seu Deus, em toda a
obra que começou no serviço da Casa do Senhor, na lei e nos
mandamentos, para buscar a seu Deus, de todo o coração o fez e
prosperou” (2 Crônicas 31:20-21).
Entendemos que servir com fidelidade aos nossos empregadores é agradável ao
Senhor. Deus nos disse: “Servos, obedecei a vosso senhor segundo a
carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a
Cristo, não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como
servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; servindo de
boa vontade, como ao Senhor e não como a homens, certos de que cada
um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer
seja servo, quer livre” (Efésios 6:5-8).
Como os funcionários se esforçam para fazer a vida de modo honesto, vamos
buscar “as coisas lá do alto” e pensar “nas coisas lá do alto” (Colossenses
3:1-2). O nosso Senhor está sempre com os seus filhos e sempre podemos
depender de sua ajuda em qualquer momento de nossa vida.
Lembre-se das palavras do rei Davi, quando incentivou seu filho Salomão a
construir o templo do Senhor: “Sê forte e corajoso e faze a obra; não
temas, nem te desanimes, porque o SENHOR Deus, meu Deus, há de ser
contigo; não te deixará, nem te desamparará, até que acabes todas as
obras para o serviço da Casa do SENHOR” (1 Crônicas 28:20).–por James L. Johnson
Casaisdo Antigo
Testamento
C on fira a s su a s
respostas às palavras
cruzadas da última
edição.
S J O Q U E B E D E
A R U T E É
R Z G B
A T A L I A Ô E O
S B M V R
E R E B E C A A
N L R Z
A N Í
T O P
J E O S A B E A T E O
M R
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� C8. Autoridade: Qual o fundamento que usamos paradescobrir a vontade de Deus? (8 páginas, por Gary Fisher).
� D10. O Modelo de Jesus para Sua Igreja (4 páginas, por GaryFisher)
� D27. Libertação Espiritual (4 páginas, por Gary Fisher).
� D44. Filhos que Dão Prazer ao Senhor (4 páginas, por AllenDvorak).
� D61. Um Dia de Decisão (4 páginas, por Dennis Allan).
� D78. A Glória do Senhor na Face do Discípulo (4 páginas,por Gary Fisher).
� D95. Lições da Vida de Gideão (4 páginas, por Dennis Allan).
� D112. A Parábola do Administrador Astuto (4 páginas, porGary Fisher).
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