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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128
SENTENÇA
I - RELATÓRIO
O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra HÉLIO
GARCIA ORTIZ e mais 43 pessoas pela prática de crimes contra a
administração pública, contra o patrimônio e lavagem de dinheiro,
relacionados a fraudes em concursos públicos e vestibulares patrocinados
pelo CESPE/UnB, conforme especificado abaixo:
I - artigo 288 do Código Penal c/c Lei 9034/95:
HÉLIO GARCIA ORTIZ, MARCUS DA COSTA GUIMARÃES, JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, BONALDO BARBOSA DE SOUZA, CELSO DEOLINDO, VALDIR LUÍS DE FRANÇA. AÍRTON MARTINS DA COSTA, PEDRO AMÉRICO PANYAGUA COSTA, AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO, MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, CAROLINE GARCIA ORTIZ, EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ, BRUNO GARCIA ORTIZ, LÉCIO GARCIA ORTIZ, ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS, ANDRÉ ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA, RICARDO EMÍLIO ESPOSITO, MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA, GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON, DAVID FERNANDO DE SOUZA, JULIANO CARDOSO MOSCON, HIDELBRANDO PEREIRA DA ROCHA, CARLOS ARTUR CAMPOS, SIDCLEI LIMA DE SOUZA, CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO.
II - artigo 325, § 2º, c/c os artigos 29, 30 e 327, todos do Código Penal:________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128
FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e HÉLIO GARCIA ORTIZ.
III- artigo 1º, V e VII, da Lei 9.613/98:CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO
IV- artigo 171, § 3º, na forma do artigo 70, ambos do Código Penal:
HÉLIO GARCIA ORTIZ, EDINA GARCIA ORTIZ, CAROLINE GARCIA ORTIZ, BRUNO GARCIA ORTIZ, ALESSIO ALBERTO GOMES CAMPOS, JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, RICARDO EMÍLIO ESPOSITO, AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO, MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, BONALDO BARBOSA DE SOUSA e VALDIR LUIZ FRANÇA, bem como os candidatos recrutados, quais sejam: ALEXANDRA ESPÓSITO, BRUNO DE SOUZA LIMA, CLÁUDIA ALVES MARQUES, DIRCILENE DE OLIVEIRA CRUZ, ELIZABETH MELLO BARBOSA, FLÁVIO MAFRA RIBEIRO, JANAÍNA DE CASTRO FERRÃO, JANICE DE CASTRO FERRÃO, ISABEL COELHO DE PAES MENDES, LEILA LACERDA FREITAS, LEYVAN LEITE CÂNDIDO, LÚCIO MENDES DOS SANTOS, MANOEL DE SOUZA LIMA JÚNIOR, MÁRCIA FERREIRA DE ASSIS, MÁRCIO FERREIRA DE ASSIS, RODRIGO BRITO DA SILVA, RODRIGO MAFRA GONÇALVES RIBEIRO e TERESA CRISTINA RIVETTI CÉSAR.
Narra a denúncia que a associação criminosa liderada por HÉLIO
GARCIA ORTIZ existiu pelo menos desde o ano de 2002, tendo sido
detectada a sua atuação em fraudes ocorridas, tentadas ou planejadas nos
concursos públicos para agente penitenciário federal, agentes da Polícia Civil
________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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do Distrito Federal, fiscal de tributos do Estado de Mato Grosso, oficial de
justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Universidade Estadual do
Mato Grosso, Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Tocantins, Tribunal
Regional Eleitoral do Estado de Alagoas, Metrô do Distrito Federal, Banco
Regional de Brasília – BRB, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, Câmara dos Deputados e Polícia Rodoviária Federal.
O modus operandi passava pelo recrutamento de candidatos
interessados em se beneficiar das fraudes, bem como pelo aliciamento dos
servidores responsáveis pela guarda de informações sigilosas, tais como o
conteúdo das questões ou as suas respostas, as quais eram repassadas
previamente aos candidatos recrutados que, após a aprovação, efetuavam o
pagamento do valor previamente combinado já no exercício do cargo.
Especificamente em relação à violação de sigilo profissional e ao
delito de lavagem de dinheiro, o MPF relata que FERNANDO LEONARDO
OLIVEIRA ARAÚJO, persuadido por sua companheira CARLIMI ARGENTA
DE OLIVEIRA, repassou informações sigilosas sobre a prova do concurso
público promovido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios no
ano de 2003 a HELIO GARCIA ORTIZ, pela quantia de R$ 100.000,00 (cem
mil reais), e que os dois primeiros, de posse do dinheiro pago pelo último,
ocultaram e dissimularam a sua origem ao depositá-lo na conta corrente de ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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MARCEMI ALVES ARGENTE, mãe de CARLIMI.
A denúncia foi recebida em 18 de julho de 2005 (fls. 2092/2096).
Os réus foram citados e interrogados. Com exceção de Valdir Luiz
de França e Sidclei Lima de Sousa, todos apresentaram defesa prévia (fls.
4775/5641, 5690, 5697/5799, 5802/5808 e 5867/5868), nos termos do antigo
rito processual penal.
As preliminares arguidas pelas defesas e o pedido de perícia sobre
as vozes dos interlocutores de diálogos telefônicos foram indeferidos, tendo
sido deferidos tão somente os requerimentos relacionados ao acesso de
elementos probatórios produzidos nos autos (fls. 5874/5877).
Foram ouvidas as testemunhas Cícero Jairo de Vasconcelos
Monteiro (fls. 6723/6731), Fernando Cesar Costa (fls. 6732/6734), Luciene
Pereira de Souza (fls. 6746/6749), Susana de Fátima Veloso Arrelaro (fls.
6750/6754), Moisés Fernandes Domingos (fls. 6755/6758), Marcemi Alves
Argenta (fls. 6764/6766), Keyla Marques dos Santos Chamiço (fls.
6767/6770), Diogo Augusto de Andrade Arrelaro (fls. 6771/6775) e Andréa
Silva Andrade (fls. 6989/6990), arroladas pela acusação; e Pedro Fabrício de
Sousa (fl. 6994), Maria da Cruz Guimarães (fls. 6995/6996), Glayton Augusto
de Sousa (fls. 6997/6998), Helcio Luiz Ribeiro (fls. 6999/7000), Edvangem
________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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Evangelista Alves (fls. 7001/7002), Luiz Seganfredo (fls. 7003/7004), Samuel
Franco Dália Júnior (fls. 7099/7100), Antônio Henrique de Aquino Teixeira
(fls. 7102/7103), José Wilson de Souza Santos (fl. 7105/7106), Wilson
Oldenus de Pinho (fls. 7112/7113), Carlos Afonso da Silva (fls. 7146/7147),
José Batista de Oliveira (fls. 7148/7149), Kateriny Guedes Amorim Goulart
(fls. 7150/7151), Francisco Willame Lendengues de Carvalho (fls.
7152/7153), Leonardo José Inácio de Oliveira (fls. 7154/7155), Tomas
Cordeiro Neto (fls. 7156/7157), Miguel Souza Gomes (fls. 7158/7159), Mauro
Sérgio Batista de Araújo (fls. 7160/7161), Isacc da Costa Leal (fls.
7162/7163), Fernanda Magalhães de Araújo (fls. 7164/7165), Túlio Márcio
Cunha e Cruz Arantes (fls. 7284/7285), Welington Luiz Moraes (fls.
7286/7287), Carla de Almeida Lara Melo (fls. 7288/7289), Marcos Aurélio
Assis Ferreira (fls. 7290/7291), Marines Ribeiro de Souza Assis (fls.
7292/7293), Júlio Lopes Hott (fls. 7294/7295), Fábio Silva Piazzarollo (fls.
7296/7297), Márcia Domingos (fls. 7298/7299), Marcos Domiciano dos
Santos (fls. 7300/7301), Maria das Graças Maranha Silva (fls. 7302/7303),
Maria José Maranhão (fls. 7304/7305), Alcides da Silva Filho (fl. 7306),
Rôsylane Coelho de Sá Miranda (fl. 7307), Geórgia Fernandes do
Nascimento (fl. 7308), Ezequiel Florêncio Martins Barbosa (fls. 7309/7310),
Alexandre Nelson Rivettí César (fls. 7311/7312), Durval Machado de Lima (fl.
7390), Maria do Santo Costa Sousa (fls. 7437/7438), Paulo Fernando Melo
da Costa (fls. 7439/7440), Tarciano Zastur Araújo Pinheiro (fls. 7441/7442), ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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Divina da Costa Ramos (fls. 7500/7501), Jânio Evangelista Alves (fls.
7502/7503), Eudes Tarcísio de Aguiar (fl. 7535), Antonio Carlos Kersting
Roque (fls. 7594/7595), Patrícia da Silva Lara Castrillon (fls. 7596/7597),
Kelly Torales Boyaski (fls. 7598/7599), Antonio Henrique de Aquino Teixeira
(fls. 7600/7601), Delmare Ribeiro de Oliveira (fls. 7602/7603), Anderson
Garcia da Costa (fls. 7604/7605), Adriano Garcia da Costa (fls. 7606/7607),
Carlos Alnei Andretti Alves (fl. 7702), Luís José Cabral (fl. 8145), Luiz Otávio
de Macedo (fl. 8168), Mário Eduardo Panyagua (fls. 8200/8201), Marcos
Maurício de Sousa Lima (fl. 8389), Josias Ribeiro de Souza (fl.8390),
Leilamar Gonçalves Vilela (fls. 8422/8423), Abel Luciano Cândido
(fls.8459/8460), Leyvison Leite Cândido (fls. 8461/8462), Lyelsen Leite
Cândido (fls.8463/8464), Josehilda da Costa Guimarães (fl. 8524) e José
Carlos Loureiro da Silva (fl.8634), arroladas pelas defesas dos réus.
O Ministério Público Federal desistiu da oitiva de Fernando
César Costa (fl. 6740) e André Ulhôa Fonseca de Medeiros (fl. 6986). Houve,
ainda, a desistência da oitiva de Wilton Rodrigues Chaves (fl. 7120) e
Roberto Carlos Calheiros (fl. 7504), arroladas, respectivamente, pelas
defesas de HILDEBRANDO PEREIRA DA ROCHA e MARIA AUXILIADORA
ANTUNES MONTENEGRO.
Na fase do art. 499 do CPP, o Ministério Público Federal ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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requereu que fosse requisitado à DECO o envio da relação de todos os
laudos periciais produzidos sobre os bens apreendidos; a remessa de
eventuais laudos pendentes; e a produção e encaminhamento de um
relatório consolidado de todas as conversações monitoradas citadas na
denúncia, com arquivo de mídia anexo e hiperlinks (fls. 7550/7551), o que foi
deferido e cumprido (fls. 7564/7565 e 7948/8129).
Na mesma fase, apenas as defesas de Bruno de Souza Lima,
Manoel de Souza Lima Júnior, Sidclei Lima de Souza, Carlimi Argenta de
Oliveira, Fernando Leonardo de Oliveira Araújo, Marcus da Costa
Guimarães, Carlos Artur Campos, Helio Garcia Ortiz, Rodrigo Brito da Silva,
Caroline Garcia Ortiz, Aléssio Alberto Gomes Campos, David Fernando de
Souza, Bonaldo Barbosa de Sousa, Elizabeth Mello Barbosa e Teresa
Cristina Rivetti Cesar requereram diligências.
O Ministério Público Federal, às fls. 8150/8154, emitiu parecer
sobre os pedidos da defesa e requereu a expedição de ofício às operadores
de telefonia visando o fornecimento dos dados cadastrais dos assinantes das
linhas telefônicas que tiveram contato com os aparelhos celulares
apreendidos em poder dos réus (fls. 8150/8154).
Dos pedidos das defesas, foi deferido apenas o acesso às ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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gravações dos diálogos interceptados (fls. 8176/8177).
Quanto ao requerimento da acusação, foi determinada a
remessa dos autos ao MPF para indicar os números dos
telefones/operadoras dos celulares apreendidos com os acusados.
Atendendo o comando judicial, o MPF complementou o
pedido de fls. 8150/8154, bem como formulou novos requerimentos, os quais
foram acatados (fls. 8432/8434) e cumpridos.
Os pedidos de realização de novo interrogatório, em razão da
edição da Lei n. 11.719/2008, foram indeferidos, sob o fundamento de que a
instrução criminal se encerrou antes da vigência da aludida lei.
O Ministério Público Federal ofereceu suas alegações finais
às fls. 9510/9524-v, pugnando pelo reconhecimento da atipicidade das
condutas descritas no § 3º do art. 171 e no art. 288, ambos do Código Penal,
absolvendo-se os réus em relação a esses delitos, com fundamento no art.
386, III, do CPP. Quanto aos demais fatos narrados na denúncia, requereu a
condenação de HÉLIO GARCIA ORTIZ nas penas do art. 325, c/c os arts. 29
e 30, todos do Código Penal; CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA nas penas
do art. 325, c/c os arts. 29 e 30, todos do CP, e inciso V do artigo 1° da Lei n° ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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9.613/98; e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO nas penas do art.
325, c/c o art. 29, ambos do CP, e inciso V do artigo 1° da Lei n° 9.613/98.
As defesas dos acusados cujas imputações residem
unicamente nos crimes de estelionato e/ou quadrilha, quais sejam CLÁUDIA
ALVES MARQUES, LEILA LACERDA FREITAS, LÚCIO MENDES DOS
SANTOS, ISABEL COELHO DA PAZ MENDES, RODRIGO MAFRA
GONÇALVES RIBEIRO, FLÁVIO MAFRA RIBEIRO, SIDCLEI LIMA DE
SOUZA, DAVID FERNANDO DE SOUZA, ALÉSSIO ALBERTO GOMES
CAMPOS, DIRCILENE DE OLIVEIRA CRUZ, MÁRCIA FERREIRA DE
ASSIS, MÁRCIO FERREIRA DE ASSIS, BRUNO DE SOUZA LIMA,
MANOEL DE SOUZA LIMA JÚNIOR, CLÁUDIA ALVES MARQUES,
GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON, TERESA CRISTINA RIVETTI
CÉSAR, ELIZABETH MELLO BARBOSA, BONALDO BARBOSA DE
SOUSA, MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA, MARCUS DA COSTA
GUIMARÃES, RODRIGO BRITO DA SILVA, LEYVAN LEITE CANDIDO,
FRANCISCO PAULO DE AQUINO JUNIOR, CELSO DEOLINDO, ANDRÉ
ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA, BRUNO DE CASTRO GARCIA ORTIZ,
JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, LÉCIO GARCIA ORTIZ, HILDEBRANDO
PEREIRA DA ROCHA, JANICE DE CASTRO FERRÃO, JULIANO
CARDOSO MOSCON, CARLOS ARTUR CAMPOS, RICARDO EMÍLIO
ESPOSITO, ALEXANDRA ESPÓSITO, VALDIR LUIS DE FRANÇA, ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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CAROLINE GARCIA, ÉDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ, AZUWILSON
DANTAS MONTENEGRO, JANAÍNA DE CASTRO FERRÃO, MARIA
AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, PEDRO AMÉRICO PANYAGUA
e AIRTON MARTINS DA COSTA arguiram algumas preliminares e, no mérito,
postularam pela absolvição dos réus sob os mesmos fundamentos do MPF
e/ou por inexistência do fato, ausência/insuficiência de provas da
autoria/materialidade delitiva, ausência de vínculo associativo entre os
corréus para a prática de ações criminosas e por estar provado que o(a)
réu(ré) não concorreu para a prática da infração penal (fls. 9536, 9551/9553,
9554/9555, 9556/9564, 9565/9572, 9576/9578, 9579/9580, 9581/9582,
9583/9592, 9593/9613, 9614/9616, 9658/9664, 9665/9696, 9697/9701,
9702/9705, 9706/9710, 9711/9716, 9720/9744, 9782/9794, 9810/9822,
9840/9841, 9870/9887, 9901/9911, 9952/9953, 9955/9956, 9957/9959,
9960/9963, 9981/9982, 9983/9990, 10014/10015, 10102/10103,
10104/10111, 10112/10119, 10154/10166 e 10172-v).
As defesas de RODRIGO BRITTO DA SILVA, LEYVAN LEITE
CANDIDO e FRANCISCO PAULO DE AQUINO JUNIOR também pugnaram
pela expedição de ofício ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios, solicitando sua reintegração ao cargo público em caso de
absolvição com base no art. 386, inciso I ou IV, do CPP.
________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128
Em nova petição, a defesa de DAVID FERNANDO DE SOUZA
ainda postulou pela revogação da medida que bloqueou e tornou indisponível
a propriedade imóvel do réu e de sua esposa (fls. 10120/10121).
A defesa de CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO
LEONARDO ARAÚJO apresentou alegações finais às fls. 9617/9657,
pugnando pela absolvição dos réus em razão da atipicidade da conduta
referente ao artigo 288 do Código Penal, sob o mesmo fundamento exposto
pelo MPF em suas razões finais; atipicidade do delito de lavagem de
dinheiro, seja pela inexistência do crime antecedente de quadrilha ou
organização criminosa, seja porque o numerário recebido por CARLIMIN,
sem o conhecimento de FERNANDO, tratava-se de devolução de uma
quantia paga, juntamente com uma amiga, para a aprovação no concurso
público de policial rodoviário; bem como da insuficiência de provas no que se
refere ao delito de violação de sigilo funcional (art. 325 do Código Penal) e
irrelevância da conduta, aduzindo que a confissão extrajudicial de ambos não
foi corroborada por outros elementos colhidos em Juízo e que, se a conduta
fosse verdadeira, teria sido utilizada para a prática de fato atípico.
A defesa do réu HÉLIO GARCIA ORTIZ apresentou alegações
finais às fls. 9846/9869, onde requereu a absolvição do réu com base no
artigo 386, incisos II, IV, V e VII, do Código Penal. Alega, em síntese, que as ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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condutas de “cola eletrônica” e formação de quadrilha são atípicas, conforme
reconhecido pelo MPF; e que não há provas da participação do acusado no
crime de violação de sigilo funcional, o qual, inclusive, não poderia ser sujeito
ativo do aludido delito, por não ser, ao tempo da denúncia, funcionário
público ligado ao órgão examinador.
Em atendimento ao art. 71 do Estatuto do Idoso, foi dado
prioridade no julgamento do feito em relação a RICARDO EMÍLIO
ESPÓSITO, o qual restou ABSOLVIDO dos delitos lhe imputados na
denúncia (fls. 10192/10196).
É o relatório. Decido.
II - FUNDAMENTOS
DAS CONDUTAS CAPITULADAS NO ART. 171, §3º, E ART. 288, AMBOS DO CÓDIGO PENAL:
Assiste razão ao Ministério Público Federal quando afirma que,
apesar de extremamente reprováveis, as fraudes narradas na denúncia não
encontravam, no ordenamento jurídico brasileiro então vigente, tipo penal
que as incriminasse.________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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À época dos fatos não existia uma norma penal específica
incriminando tais condutas.
Além disso, deve-se ter em conta que a “cola eletrônica” em
concurso público não se enquadrava exatamente no tipo descrito no art. 171
do Código Penal (crime de estelionato) porque a conduta não era apta a
causar prejuízo de ordem patrimonial. Ocorrendo a aprovação de um
candidato em concurso público mediante fraude, os prejudicados
financeiramente seriam os demais candidatos ao cargo, uma vez que a
remuneração é devida pelo efetivo exercício da função, ou seja, uma
contraprestação pela mão de obra empregada, inexistindo prejuízo
patrimonial para a Administração Pública ou para a organizadora do certame.
Em face do ordenamento jurídico da época dos fatos, a aludida
conduta também não configura falsidade ideológica porque as respostas
dadas pelos candidatos, mesmo que tenham sido obtidas fraudulentamente,
correspondem à realidade.
Com efeito, em julgamento proferido no dia 19/12/2006 nos
autos do Inq. 1145, o STF entendeu que a prática descrita como “cola
eletrônica” era atípica e que não haveria nenhum tipo penal no direito ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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brasileiro incriminando esse procedimento.
Embora a Lei n. 12.550/2011 tenha acrescentado o Capítulo V
ao Título X do Código Penal, que trata dos “crimes contra a fé pública”,
passando a considerar criminosa a conduta daquele que utiliza ou divulga,
indevidamente, conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação ou exames
públicos, processo seletivo para ingresso no ensino superior, ou
exame/processo seletivo previstos em lei (art. 311-A do CP), equiparando a
essa figura a conduta de quem permite ou facilita, por qualquer meio, o
acesso de pessoas não autorizadas a essas informações, tal norma não
pode ser aplicada ao caso, em face dos princípios da anterioridade e da
irretroatividade da lei penal incriminadora.
Por conseguinte, tratando-se de condutas atípicas, também
inexiste delito de quadrilha ou bando, como bem frisaram o órgão de
acusação e as defesas dos réus, razão pelo qual impõe-se o decreto
absolutório em relação aos réus denunciados nesse tópico da peça
acusatória.
DA VIOLAÇÃO DO SIGILO FUNCIONAL
Prevê o art. 325, §2º, do Código Penal:________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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Violação de sigilo funcional
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
§2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
A materialidade e autoria delitivas restaram devidamente
demonstradas pelo conjunto probatório constante dos autos.
Não há qualquer dúvida de que FERNANDO LEONARDO
OLIVEIRA ARAÚJO, induzido e por intermédio de sua companheira CARLIMI
ARGENTA DE OLIVEIRA, repassou o conteúdo das provas do concurso
público para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003 a
HÉLIO GARCIA ORTIZ antecipadamente (informações sigilosas), mediante
pagamento.
Embora em sua primeira versão (fls. 860/864) tenha atribuído a
responsabilidade pela entrega antecipada das aludidas provas a MAURO
RABELLO, a corré CARLIMI ARGENTA retificou o seu depoimento
posteriormente (Termo de Reinquirição de fls. 912/914), ainda na Polícia, ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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apontando como real responsável por tal conduta o seu companheiro
FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, conforme se depreende dos
seguintes trechos de seu depoimento:
“QUE, a interroganda acusou injustamente MAURO RABELLO
com o único propósito de proteger o seu companheiro FERNANDO
LEONARDO OLIVEIRA ARAUJO, mas como a verdade sempre prevalece, a
interroganda está realmente arrependida por ter envolvido o nome de uma
pessoa inocente; (...) QUE, no ano de 2003, houve concurso para o Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e a interrogada manifestou interesse em se
inscrever e fazer o concurso para ter um emprego estável; QUE, pegou de
FERNANDO o caderno de provas e repassou a HELIO algumas questões da
prova, tendo feito isso de forma manuscrita, diferente dos procedimentos
anteriores, onde repassava o próprio caderno de provas (...)”.
A aludida ré narra, ainda, com riqueza de detalhes, a forma
como persuadiu FERNANDO a retirar das dependências do CESPE,
clandestina e antecipadamente, provas de concursos públicos, informando
que tal prática não se restringiu ao certame em comento.
Além disso, em todos os seus depoimentos (fls. 860/864,
912/914, 4579/4583), CARLIMI deixa claro que conheceu HÉLIO antes do ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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seu relacionamento com FERNANDO e que tinha conhecimento da atuação
do último em fraudes a concursos públicos, tanto que já havia tentado obter a
aprovação em um concurso da polícia militar do Distrito Federal com a ajuda
do mesmo (mediante fraude), tendo desistido do certame na fase do teste
físico.
Diante de tais declarações, resta evidente que ela realmente
intercedeu por HELIO ORTIZ junto a FERNANDO na obtenção de provas de
concursos públicos realizados pelo CESPE, dente eles o do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003, como descrito na denúncia.
O corréu FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, por
sua vez, assim como CARLIMI, retificou o seu primeiro depoimento,
confirmando a autoria delitiva às fls. 915/917 (Auto de Qualificação e
Interrogatório). Especificamente em relação ao concurso do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003, relatou que retirou o caderno
de provas de forma furtiva do interior do Núcleo Gráfico do CESPE e
repassou-o a CARLIMI, que o entregou a HELIO ORTIZ, tendo demonstrado
pleno conhecimento das fraudes perpetradas pelo último.
As declarações prestadas por FERNANDO às fls. 915/917
estão em perfeita consonância com as informações dadas por CARLIMI em ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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sua reinquirição e condizem com as demais provas constantes nos autos,
inclusive com a conjuntura na qual a conduta delituosa está inserida.
Não há que se perder de vista que o denunciado FERNANDO
LEONARD, além de companheiro de CARLIMI, à época dos fatos trabalhava
no Núcleo Gráfico do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da
Universidade de Brasília – CESPE/UNB e era o responsável pela impressão
de todas as provas referentes a concursos organizados por aquela
instituição, conforme afirmado pelo próprio réu em todos os seus
depoimentos (fls. 865/867, 915/917 e 4573/4578), o que dá respaldo às
declarações informadas acima e evidencia a relação causal entre o exercício
do cargo e o conhecimento do segredo, configurando o aspecto revelador da
infidelidade funcional.
Outrossim, as interceptações telefônicas demonstram que
HELIO ORTIZ iria obter as provas do concurso em comento com uma
pessoa do CESPE, mediante pagamento (fls.166/170), o que, de acordo com
o depoimento do próprio acusado HELIO GARCIA ORTIZ, consolidou-se com
o auxílio de CARLIMI, a quem afirma ter dado em pagamento, para tanto, a
elvada quantia em dinheiro – fls. 761/765.
Embora a denúncia fale que esse pagamento foi de R$ ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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100.000,00 (cem mil reais), com base no depoimento de HELIO ORTIZ, as
provas constantes nos autos não deixam dúvidas quanto ao pagamento de
ao menos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o que não altera a
responsabilidade dos réus pelos fatos que lhes são imputados, até porque o
tipo penal em comento não exige, para a sua configuração, a obtenção de
vantagem patrimonial.
As interceptações telefônicas realizadas também demonstram
que a entrega clandestina e antecipada do caderno de provas do concurso
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003 a HÉLIO
ORTIZ, por intermédio de CARLIMI, beneficiou diversas pessoas no certame,
que lograram obter a aprovação no concurso em tela em detrimento dos
demais candidatos, conforme relatado às fls. 165/174 pela Divisão Especial
de Repressão ao Crime Organizado - DECO da Polícia Civil do Distrito
Federal, fatos que caracterizam o crime de violação de sigilo funcional em
sua forma qualificada (§2º do art. 325 do Código Penal), na modalidade de
dano a outrem (candidatos prejudicados, preteridos em sua classificação no
concurso em questão).
As novas versões apresentadas por CARLIMI e FERNANDO
em Juízo, refutando a confissão realizada perante a autoridade policial, não
convencem, visto que desprovidas de qualquer elemento de prova e, em ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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certo ponto, contraditórias.
Nota-se que, num primeiro momento, FERNANDO informa que
o advogado JOEL BARBOSA DA SILVA somente compareceu para assinar o
termo que consta às fls. 915 e seguintes. Depois, informa que “o Dr. JOEL
não ficou todo o tempo no interrogatório do réu na delegacia”.
CARLIMI, por sua vez, relata que esteve acompanhada por
advogado, mas que os termos de seu depoimento na fase policial não são
verdadeiros, tendo sido colocadas palavras pela própria Polícia.
Ora, como bem salientou o MPF às fls. 9523, não é crível que o
advogado que os acompanhou, a fim de exercitar a nobre missão de
defendê-los e orientá-los, tenha aceitado que assinassem termos de
depoimento que não correspondem ao que haviam narrado ou que fizessem
qualquer tipo de negociação com a polícia, admitindo fatos que poderiam
prejudicá-los. Ademais, o direito ao silêncio foi garantido a ambos, assim
como aconteceu com os demais réus, ocasião em que parte deles deixou de
se pronunciar, fazendo uso desse direito constitucional.
Além disso, nos depoimentos de fls. 912/914 e 915/917
constam relatos pessoais que dificilmente seriam conhecidos pela autoridade ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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policial, evidenciando que tais termos não foram previamente “montados”.
A justificativa dada por CARLIMI acerca da origem do depósito
de R$ 50.000,00 na conta de sua mãe como sendo a devolução de um valor
dado a HELIO por ela e sua amiga não se sustenta. Isto porque a acusada
informa que não trabalhava à época dos fatos e não logrou comprovar como
conseguiu a elevada quantia de R$ 30.000,00 para a aprovação no concurso
da polícia rodoviária federal, tampouco prestou informações sobre a tal
amiga, que teria R$ 20.000,00 a receber de HÉLIO ORTIZ.
Diante do exposto, não há como dar credibilidade às
declarações dadas pelos acusados FERNANDO e CARLIMI em Juízo,
restando patente a tentativa dos réus em se furtarem à aplicação da lei penal
pela negativa em juízo.
Por todo o exposto, tenho que a materialidade do crime restou
devidamente comprovada, pois, para a configuração do delito de violação de
sigilo funcional, basta que a informação que deva ficar em segredo seja
divulgada a qualquer pessoa a quem não era permitido conhecê-lo.
Quanto à autoria, considero provado que FERNANDO praticou ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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o núcleo do tipo ao revelar, com vontade livre e consciente, valendo-se da
condição de funcionário público, informações que deveriam permanecer em
segredo, quais sejam as questões da prova do concurso público promovido
pelo TJDFT do ano de 2003. Em relação às condutas de HÉLIO ORTIZ e
CARLIMI, que receberam as informações, cientes de que eram sigilosas e
que provinham de servidor público, com o intuito de frustrar a
competitividade do certame, está claro que foram coautores do delito e que com isso causaram danoso prejuízo à Administração Pública e à lisura dos certames públicos, pois os utilizaram indevidamente, e cobraram por isso quantias elevadas. Tratando-se de crime próprio,
admite a coautoria e participação do particular se este tem ciência da
condição especial exigida do tipo, como é o caso dos autos, não merecendo
acolhida a tese da defesa de HÉLIO, de que não pode ser sujeito ativo do
delito por ser funcionário público à época dos fatos.
Há, portanto, prova suficiente e segura de que os denunciados
FERNANDO, CARLIMI e HÉLIO ORTIZ, este na total liderança das fraudes
em concursos públicos e quem mais se beneficiou da violação do sigilo
funcional, cometeram o crime tipificado no art. 325, §2º, do Código Penal.
Não se encontra tal conduta acobertada por nenhuma causa excludente de
antijuridicidade. Os réus são perfeitamente imputáveis, tinham real
consciência da ilicitude de seus atos, sendo-lhes totalmente exigível conduta ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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diversa, inexistindo qualquer causa que exclua sua culpabilidade.
DO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98)
A materialidade e autoria delitivas restaram igualmente
comprovadas.
As confissões realizadas por CARLIMI e FERNANDO às fls.
912/914 e 915/917, aliadas às declarações de HELIO ORTIZ no inquérito
policial (fls. 761/740), não deixam dúvidas de que a quantia depositada na
conta bancária Marcemi Alves Argenta (mãe de CARLIMI), no valor de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais), foi dada por HÉLIO ORTIZ como
contraprestação decorrente da obtenção de provas do concurso público do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003.
Também cumpre observar que, na Polícia (fls. 1029/1030), Marcemi
Alves Argenta confirma a existência de tal depósito, declara ter acreditado no
argumento da filha, de que se tratava apenas de "negócios" de seu
companheiro FERNANDO, e acresce que CARLIMI retirou a integralidade
dos valores depositados pouco tempo depois do depósito. Tais declarações
são, inclusive, confirmadas em Juízo, onde afirma não ter sofrido qualquer
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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128
“prensa” por parte da polícia ou de qualquer pessoa (fl. 6764).
Não é crível que FERNANDO não soubesse da existência de tal
valor, já que foi ele quem repassou as provas em comento, a serem
entregues a HELIO ORTIZ por CARLIMI, o que certamente não seria feito
gratuitamente. Ademais, de acordo com os depoimentos de CARLIMI e
HELIO ORTIZ, tal prática já havia sido realizada outras vezes, mediante
contraprestação do último, em elevadas quantias, que certamente não
passariam desapercebidas por FERNANDO, que vivia maritalmente com
CARLIMI.
Diante de tais considerações e dos argumentos expostos na análise
da conduta tipificada no art. 325, §2º, do Código Penal, não há dúvidas de
que o depósito feito na conta da mãe de CARLIMI visou, unicamente, ocultar
e dissimular a origem dos valores provenientes, diretamente, do crime de
violação de sigilo funcional.
Como dito acima, a nova versão dada por CARLIMI em Juízo
acerca da origem de tal depósito, como sendo a devolução de um valor dado
a HELIO por ela e sua amiga, não se sustenta, pois a acusada não
trabalhava à época dos fatos e não logrou comprovar como conseguiu a
elevada quantia de R$ 30.000,00 para a aprovação no concurso da polícia
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rodoviária federal, tampouco prestou informações sobre a tal amiga que teria
R$ 20.000,00 a receber de HÉLIO ORTIZ. Na verdade, ficou evidente que a
ré não falou a verdade em Juízo, até porque já havia confessado os fatos
perante a autoridade policial, tendo declarado, inclusive, que recebeu
quantias de igual valor de HELIO ORTIZ anteriormente como pagamento
pela entrega de provas/questões de outros concursos públicos realizados
pelo CESPE, depoimento este que restou corroborado pelas demais provas
constantes dos autos.
Por todo o exposto, restou suficientemente demonstrado que
FERNANDO e CARLIMI ocultaram e dissimularam a origem de valores provenientes diretamente de crime contra a Administração Pública (art.
325, §2º, do CP), incorrendo no delito de lavagem de dinheiro.
Tal conduta não se encontra acobertada por qualquer causa
excludente de ilicitude ou culpabilidade, sendo os réus imputáveis e
conscientes da ilicitude de seus atos.
III – DISPOSITIVO
Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a
pretensão punitiva estatal deduzida na DENÚNCIA para:
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I – ABSOLVER, da prática do crime previsto no art. 288 do Código Penal,
com fundamento no art. 386, III, do Código Penal, os seguintes réus:
1. HÉLIO GARCIA ORTIZ,
2. MARCUS DA COSTA GUIMARÃES,
3. JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA,
4. BONALDO BARBOSA DE SOUZA,
5. CELSO DEOLINDO,
6. VALDIR LUÍS DE FRANÇA,
7. AÍRTON MARTINS DA COSTA,
8. PEDRO AMÉRICO PANYAGUA COSTA,
9. AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO,
10. MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO,
11. CAROLINE GARCIA ORTIZ,
12. EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ,
13. BRUNO GARCIA ORTIZ,
14. LÉCIO GARCIA ORTIZ,
15. ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS,
16. ANDRÉ ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA,
17. MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA,
18. GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON,
19. DAVID FERNANDO DE SOUZA,
20. JULIANO CARDOSO MOSCON,________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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21. HIDELBRANDO PEREIRA DA ROCHA,
22. CARLOS ARTUR CAMPOS,
23. SIDCLEI LIMA DE SOUZA,
24. CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA,
25. FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO.
II – ABSOLVER, da prática dos delitos tipificados no art. 171, §3º, na forma
do art. 70, ambos do Código Penal¸ com fundamento no art. 386, III, do
Código Penal, os seguintes réus
1. HÉLIO GARCIA ORTIZ,
2. EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ,
3. CAROLINE GARCIA ORTIZ,
4. BRUNO GARCIA ORTIZ,
5. ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS,
6. JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA,
7. AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO,
8. MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO,
9. BONALDO BARBOSA DE SOUZA,
10. VALDIR LUÍS DE FRANÇA,
11. ALEXANDRA ESPÓSITO,
12. BRUNO DE SOUZA LIMA,
13. CLÁUDIA ALVES MARQUES,________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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14. DIRCILENE DE OLIVEIRA CRUZ,
15. ELIZABETH MELLO BARBOSA,
16. FLÁVIO MAFRA RIBEIRO,
17. JANAÍNA DE CASTRO FERRÃO,
18. JANICE DE CASTRO FERRÃO,
19. ISABEL COELHO DE PAES MENDES,
20. LEILA LACERDA FREITAS,
21. LEYVAN LEITE CÂNDIDO,
22. LÚCIO MENDES DOS SANTOS,
23. MANOEL DE SOUZA LIMA JÚNIOR,
24. MÁRCIA FERREIRA DE ASSIS,
25. MÁRCIO FERREIRA DE ASSIS,
26. RODRIGO BRITO DA SILVA,
27. RODRIGO MAFRA GONÇALVES RIBEIRO,
28. TERESA CRISTINA RIVETTI CÉSAR.
III – CONDENAR HÉLIO GARCIA ORTIZ pela prática do delito tipificado no
art. 325, §2º, c/c arts. 29, 30 e 327, todos do Código Penal;
IVI - CONDENAR FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO e CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA pela prática dos crimes previstos no art.
325, §2º, c/c os arts. 29, 30 e 327, todos do Código Penal; e no art. 1º, inciso ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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V, da Lei 9.613/98.
Atento às diretrizes dos artigos 59 e 68 do Código Penal, passo à
dosimetria das penas:
HÉLIO GARCIA ORTIZ
A conduta do réu possui um grau de reprovabilidade elevado, pois,
indiretamente, incentivou FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO a
praticar o núcleo do tipo, tendo por finalidade fraudar concurso público do
CESPE e era o mentor e líder dos demais. Sua folha de antecedentes
criminais atesta várias ocorrências (mais de dez), algumas já com denúncia
recebida, as quais não configuram antecedentes de acordo com o
entendimento do STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de má
personalidade. O motivo do crime vai além da espécie delitiva, pois o réu
buscou, com a violação do sigilo do qual participou, obter lucro fácil e
indevido com a obtenção das provas que seriam aplicadas no concurso
público do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003. As
consequências são altamente negativas, pois a conduta criminosa propiciou
a aprovação irregular de diversas pessoas no certame em comento, que não
estavam preparadas para o exercício do cargo, com o prejuízo à moralidade
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e à igualdade, causando assim um estrago e uma mácula em todo um
procedimento democrático que é o concurso público. Sua conduta social não
é boa, pois fez da reprovável prática da obtenção de sigilo de provas e
fraudes em concurso público seu estilo profissional e de vida, beneficiando a
sim próprio e a toda a família. O comportamento da vítima lhe é
desfavorável, pois apesar de todo o cuidado para a considerar.
Sopesadas tais circunstâncias que lhes são quase que totalmente
desfavoráveis, fixo a pena-base bem acima do mínimo legal, em 05 (cinco)
anos e 08 (oito) meses de reclusão; que diminuo em 03 (três) meses, em
razão da confissão espontânea (art. 65, III, alínea “d”, do CP) em inquérito
policial, não modificada em Juízo, perfazendo a pena definitiva de 05 (cinco) anos e 05 (cinco) meses de reclusão, a ser cumprida em regime semi-aberto, nos termos do art. 33, § 2º, “b”, e § 3º, do Código Penal.
Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 190 (cento e noventa) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à
época dos fatos, em face da gravidade da conduta e da razoável situação
financeira do sentenciado.
No caso, não é cabível a substituição da pena privativa de liberdade
imposta por restritivas de direitos, por força do disposto no art. 44, I, do
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Código Penal.
Decreto a perda de qualquer cargo ou função pública exercida por HÉLIO GARCIA ORTIZ, com fundamento no art. 92 do Código Penal.
CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA
- Crime de violação de sigilo funcional
A conduta da ré possui um grau de reprovabilidade elevado, pois foi
ela quem incentivou, diretamente, FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA
ARAÚJO a praticar o núcleo do tipo, sabendo que as provas seriam
utilizadas para fraudar o concurso público do CESPE. A folha de
antecedentes criminais atesta mais duas ocorrências, as quais não
configuram antecedentes de acordo com o entendimento do STJ, mas
devem ser consideradas como indicativos de personalidade inadequada
socialmente. O motivo do crime vai além da espécie delitiva, eis que a ré
buscou obter lucro fácil e indevido com a entrega das provas em comento a
HELIO ORTIZ mediante pagamento. As consequências são negativas, pois a
conduta criminosa propiciou a aprovação irregular de diversas pessoas no
certame em comento. Não há nos autos elementos para avaliar a sua
conduta social. Não há comportamento da vítima a considerar.________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo
legal, em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão.
Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar
a confissão realizada em sede policial como atenuante porque a ré negou os
fatos em Juízo. À míngua de causas de aumento e diminuição da pena,
torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão.
Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 100 (cem) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à época dos fatos.
No caso, não é cabível a substituição da pena privativa de
liberdade imposta por restritivas de direitos, a teor do disposto no art. 44, I,
do Código Penal.
- Crime de lavagem de dinheiro
A culpabilidade da condenada não recomenda a exasperação da
pena quanto a este delito. A folha de antecedentes criminais atesta mais
duas ocorrências, as quais não configuram antecedentes de acordo com o ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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entendimento do STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de
personalidade inadequada socialmente. Os motivos do crime, bem como as
circunstâncias em que foi cometido e as suas consequências não autorizam
a exasperação da pena. Não há nos autos elementos para avaliar a sua
conduta social. Não há comportamento da vítima a considerar.
Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo
legal, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.
Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar
a confissão realizada em sede policial como atenuante porque a ré negou os
fatos em Juízo. À míngua de causas de aumento e diminuição da pena,
torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.
Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 70 (setenta) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à época dos
fatos.
Considerando o concurso material, as penas privativas de liberdade
impostas à ré totalizam 08 (oito) anos e 07 (sete) meses de reclusão, a
serem cumpridas em regime inicialmente fechado, nos termos do art. 33,
§2º, “a”, e §3º, do Código Penal.________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO
- Crime de violação de sigilo funcional
A conduta do réu possui um grau de reprovabilidade elevado, pois
ele era o responsável pela impressão de todas as provas dos concursos
organizados pelo CESPE/UNB, tendo um alto grau de confiabilidade da
instituição. A folha de antecedentes criminais atesta mais duas ocorrências,
as quais não configuram antecedentes de acordo com o entendimento do
STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de personalidade
inadequada socialmente. O motivo do crime vai além da espécie delitiva,
visto que o réu buscou obter lucro fácil e indevido com a entrega das provas
em comento a HELIO ORTIZ, por intermédio de CARLIMI, mediante
pagamento. As consequências são negativas, pois a conduta criminosa
propiciou a aprovação irregular de diversas pessoas no certame em
comento. Não há nos autos elementos para avaliar a sua conduta social. Não
há comportamento da vítima a considerar.
Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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legal, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar
a confissão realizada em sede policial como atenuante porque o réu negou
os fatos em Juízo.
À míngua de causas de aumento e diminuição da pena, torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.
Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 130 (cento e trinta) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à
época dos fatos.
No caso, não é cabível a substituição da pena privativa de
liberdade imposta por restritivas de direitos, a teor do disposto no art. 44, I,
do Código Penal.
- Crime de lavagem de dinheiro
A culpabilidade do condenado não recomenda a exasperação da
pena quanto a este delito. A folha de antecedentes criminais atesta mais ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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duas ocorrências, as quais não configuram antecedentes de acordo com o
entendimento do STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de
personalidade inadequada socialmente. Os motivos do crime, bem como as
circunstâncias em que foi cometido e as suas consequências não autorizam
a exasperação da pena. Não há nos autos elementos para avaliar a sua
conduta social. Não há comportamento da vítima a considerar.
Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo
legal, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.
Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar
a confissão realizada em sede policial como atenuante porque o réu negou
os fatos em Juízo.
À míngua de causas de aumento e diminuição da pena, torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.
Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 70 (setenta) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à época dos
fatos.
Considerando o concurso material, as penas privativas de liberdade ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128
impostas a FERNANDO totalizam 08 (oito) anos e 10 (dez) meses de reclusão, a serem cumpridas em regime inicialmente fechado, nos termos
do art. 33, §2º, “a”, e §3º, do Código Penal.
Decreto a perda de qualquer cargo ou função pública exercida por FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, com fundamento no art. 92 do Código Penal.
Com o trânsito em julgado, lancem-se os nomes dos condenados no
rol dos culpados; expeça-se ofício ao TRE, para os fins do art. 15, III, da
Constituição Federal; e extraiam-se cartas de sentença, a serem remetidas à
Vara de Execuções Criminais do Distrito Federal.
Deixo de apreciar os pedidos de reintegração nos cargos feitos
pelas defesas dos réus Rodrigo Brito da Silva, Leyvan Leite Candido e
Francisco Paulo de Aquino Junior, considerando que a absolvição no juízo
criminal por atipicidade da conduta não repercute, necessariamente, na
esfera administrativa e cível. A inexistência de ilícito penal não significa que o
fato não seja irregular, ilícito em outras sedes jurídicas, ou contrário aos
princípios constitucionais da Administração Pública.
________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128
Asseguro aos réus o direito de apelar em liberdade.
Custas ex lege. Proceda a Secretaria às anotações cartorárias e
comunicações de estilo. P.R.I.
Brasília, 17 de julho de 2017
VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRAJuiz Federal
________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.
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