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0 0 2 1 9 1 1 1 5 2 0 0 5 4 0 1 3 4 0 0 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERAL Nº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128 SENTENÇA I - RELATÓRIO O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra HÉLIO GARCIA ORTIZ e mais 43 pessoas pela prática de crimes contra a administração pública, contra o patrimônio e lavagem de dinheiro, relacionados a fraudes em concursos públicos e vestibulares patrocinados pelo CESPE/UnB, conforme especificado abaixo: I - artigo 288 do Código Penal c/c Lei 9034/95: HÉLIO GARCIA ORTIZ, MARCUS DA COSTA GUIMARÃES, JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, BONALDO BARBOSA DE SOUZA, CELSO DEOLINDO, VALDIR LUÍS DE FRANÇA. AÍRTON MARTINS DA COSTA, PEDRO AMÉRICO PANYAGUA COSTA, AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO, MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, CAROLINE GARCIA ORTIZ, EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ, BRUNO GARCIA ORTIZ, LÉCIO GARCIA ORTIZ, ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS, ANDRÉ ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA, RICARDO EMÍLIO ESPOSITO, MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA, GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON, DAVID FERNANDO DE SOUZA, JULIANO CARDOSO MOSCON, HIDELBRANDO PEREIRA DA ROCHA, CARLOS ARTUR CAMPOS, SIDCLEI LIMA DE SOUZA, CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO. II - artigo 325, § 2º, c/c os artigos 29, 30 e 327, todos do Código Penal: ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292. Pág. 1/38

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra HÉLIO

GARCIA ORTIZ e mais 43 pessoas pela prática de crimes contra a

administração pública, contra o patrimônio e lavagem de dinheiro,

relacionados a fraudes em concursos públicos e vestibulares patrocinados

pelo CESPE/UnB, conforme especificado abaixo:

I - artigo 288 do Código Penal c/c Lei 9034/95:

HÉLIO GARCIA ORTIZ, MARCUS DA COSTA GUIMARÃES, JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, BONALDO BARBOSA DE SOUZA, CELSO DEOLINDO, VALDIR LUÍS DE FRANÇA. AÍRTON MARTINS DA COSTA, PEDRO AMÉRICO PANYAGUA COSTA, AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO, MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, CAROLINE GARCIA ORTIZ, EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ, BRUNO GARCIA ORTIZ, LÉCIO GARCIA ORTIZ, ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS, ANDRÉ ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA, RICARDO EMÍLIO ESPOSITO, MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA, GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON, DAVID FERNANDO DE SOUZA, JULIANO CARDOSO MOSCON, HIDELBRANDO PEREIRA DA ROCHA, CARLOS ARTUR CAMPOS, SIDCLEI LIMA DE SOUZA, CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO.

II - artigo 325, § 2º, c/c os artigos 29, 30 e 327, todos do Código Penal:________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e HÉLIO GARCIA ORTIZ.

III- artigo 1º, V e VII, da Lei 9.613/98:CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO

IV- artigo 171, § 3º, na forma do artigo 70, ambos do Código Penal:

HÉLIO GARCIA ORTIZ, EDINA GARCIA ORTIZ, CAROLINE GARCIA ORTIZ, BRUNO GARCIA ORTIZ, ALESSIO ALBERTO GOMES CAMPOS, JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, RICARDO EMÍLIO ESPOSITO, AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO, MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, BONALDO BARBOSA DE SOUSA e VALDIR LUIZ FRANÇA, bem como os candidatos recrutados, quais sejam: ALEXANDRA ESPÓSITO, BRUNO DE SOUZA LIMA, CLÁUDIA ALVES MARQUES, DIRCILENE DE OLIVEIRA CRUZ, ELIZABETH MELLO BARBOSA, FLÁVIO MAFRA RIBEIRO, JANAÍNA DE CASTRO FERRÃO, JANICE DE CASTRO FERRÃO, ISABEL COELHO DE PAES MENDES, LEILA LACERDA FREITAS, LEYVAN LEITE CÂNDIDO, LÚCIO MENDES DOS SANTOS, MANOEL DE SOUZA LIMA JÚNIOR, MÁRCIA FERREIRA DE ASSIS, MÁRCIO FERREIRA DE ASSIS, RODRIGO BRITO DA SILVA, RODRIGO MAFRA GONÇALVES RIBEIRO e TERESA CRISTINA RIVETTI CÉSAR.

Narra a denúncia que a associação criminosa liderada por HÉLIO

GARCIA ORTIZ existiu pelo menos desde o ano de 2002, tendo sido

detectada a sua atuação em fraudes ocorridas, tentadas ou planejadas nos

concursos públicos para agente penitenciário federal, agentes da Polícia Civil

________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

do Distrito Federal, fiscal de tributos do Estado de Mato Grosso, oficial de

justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Universidade Estadual do

Mato Grosso, Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Tocantins, Tribunal

Regional Eleitoral do Estado de Alagoas, Metrô do Distrito Federal, Banco

Regional de Brasília – BRB, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais

Renováveis – IBAMA, Câmara dos Deputados e Polícia Rodoviária Federal.

O modus operandi passava pelo recrutamento de candidatos

interessados em se beneficiar das fraudes, bem como pelo aliciamento dos

servidores responsáveis pela guarda de informações sigilosas, tais como o

conteúdo das questões ou as suas respostas, as quais eram repassadas

previamente aos candidatos recrutados que, após a aprovação, efetuavam o

pagamento do valor previamente combinado já no exercício do cargo.

Especificamente em relação à violação de sigilo profissional e ao

delito de lavagem de dinheiro, o MPF relata que FERNANDO LEONARDO

OLIVEIRA ARAÚJO, persuadido por sua companheira CARLIMI ARGENTA

DE OLIVEIRA, repassou informações sigilosas sobre a prova do concurso

público promovido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios no

ano de 2003 a HELIO GARCIA ORTIZ, pela quantia de R$ 100.000,00 (cem

mil reais), e que os dois primeiros, de posse do dinheiro pago pelo último,

ocultaram e dissimularam a sua origem ao depositá-lo na conta corrente de ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

MARCEMI ALVES ARGENTE, mãe de CARLIMI.

A denúncia foi recebida em 18 de julho de 2005 (fls. 2092/2096).

Os réus foram citados e interrogados. Com exceção de Valdir Luiz

de França e Sidclei Lima de Sousa, todos apresentaram defesa prévia (fls.

4775/5641, 5690, 5697/5799, 5802/5808 e 5867/5868), nos termos do antigo

rito processual penal.

As preliminares arguidas pelas defesas e o pedido de perícia sobre

as vozes dos interlocutores de diálogos telefônicos foram indeferidos, tendo

sido deferidos tão somente os requerimentos relacionados ao acesso de

elementos probatórios produzidos nos autos (fls. 5874/5877).

Foram ouvidas as testemunhas Cícero Jairo de Vasconcelos

Monteiro (fls. 6723/6731), Fernando Cesar Costa (fls. 6732/6734), Luciene

Pereira de Souza (fls. 6746/6749), Susana de Fátima Veloso Arrelaro (fls.

6750/6754), Moisés Fernandes Domingos (fls. 6755/6758), Marcemi Alves

Argenta (fls. 6764/6766), Keyla Marques dos Santos Chamiço (fls.

6767/6770), Diogo Augusto de Andrade Arrelaro (fls. 6771/6775) e Andréa

Silva Andrade (fls. 6989/6990), arroladas pela acusação; e Pedro Fabrício de

Sousa (fl. 6994), Maria da Cruz Guimarães (fls. 6995/6996), Glayton Augusto

de Sousa (fls. 6997/6998), Helcio Luiz Ribeiro (fls. 6999/7000), Edvangem

________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

Evangelista Alves (fls. 7001/7002), Luiz Seganfredo (fls. 7003/7004), Samuel

Franco Dália Júnior (fls. 7099/7100), Antônio Henrique de Aquino Teixeira

(fls. 7102/7103), José Wilson de Souza Santos (fl. 7105/7106), Wilson

Oldenus de Pinho (fls. 7112/7113), Carlos Afonso da Silva (fls. 7146/7147),

José Batista de Oliveira (fls. 7148/7149), Kateriny Guedes Amorim Goulart

(fls. 7150/7151), Francisco Willame Lendengues de Carvalho (fls.

7152/7153), Leonardo José Inácio de Oliveira (fls. 7154/7155), Tomas

Cordeiro Neto (fls. 7156/7157), Miguel Souza Gomes (fls. 7158/7159), Mauro

Sérgio Batista de Araújo (fls. 7160/7161), Isacc da Costa Leal (fls.

7162/7163), Fernanda Magalhães de Araújo (fls. 7164/7165), Túlio Márcio

Cunha e Cruz Arantes (fls. 7284/7285), Welington Luiz Moraes (fls.

7286/7287), Carla de Almeida Lara Melo (fls. 7288/7289), Marcos Aurélio

Assis Ferreira (fls. 7290/7291), Marines Ribeiro de Souza Assis (fls.

7292/7293), Júlio Lopes Hott (fls. 7294/7295), Fábio Silva Piazzarollo (fls.

7296/7297), Márcia Domingos (fls. 7298/7299), Marcos Domiciano dos

Santos (fls. 7300/7301), Maria das Graças Maranha Silva (fls. 7302/7303),

Maria José Maranhão (fls. 7304/7305), Alcides da Silva Filho (fl. 7306),

Rôsylane Coelho de Sá Miranda (fl. 7307), Geórgia Fernandes do

Nascimento (fl. 7308), Ezequiel Florêncio Martins Barbosa (fls. 7309/7310),

Alexandre Nelson Rivettí César (fls. 7311/7312), Durval Machado de Lima (fl.

7390), Maria do Santo Costa Sousa (fls. 7437/7438), Paulo Fernando Melo

da Costa (fls. 7439/7440), Tarciano Zastur Araújo Pinheiro (fls. 7441/7442), ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

Divina da Costa Ramos (fls. 7500/7501), Jânio Evangelista Alves (fls.

7502/7503), Eudes Tarcísio de Aguiar (fl. 7535), Antonio Carlos Kersting

Roque (fls. 7594/7595), Patrícia da Silva Lara Castrillon (fls. 7596/7597),

Kelly Torales Boyaski (fls. 7598/7599), Antonio Henrique de Aquino Teixeira

(fls. 7600/7601), Delmare Ribeiro de Oliveira (fls. 7602/7603), Anderson

Garcia da Costa (fls. 7604/7605), Adriano Garcia da Costa (fls. 7606/7607),

Carlos Alnei Andretti Alves (fl. 7702), Luís José Cabral (fl. 8145), Luiz Otávio

de Macedo (fl. 8168), Mário Eduardo Panyagua (fls. 8200/8201), Marcos

Maurício de Sousa Lima (fl. 8389), Josias Ribeiro de Souza (fl.8390),

Leilamar Gonçalves Vilela (fls. 8422/8423), Abel Luciano Cândido

(fls.8459/8460), Leyvison Leite Cândido (fls. 8461/8462), Lyelsen Leite

Cândido (fls.8463/8464), Josehilda da Costa Guimarães (fl. 8524) e José

Carlos Loureiro da Silva (fl.8634), arroladas pelas defesas dos réus.

O Ministério Público Federal desistiu da oitiva de Fernando

César Costa (fl. 6740) e André Ulhôa Fonseca de Medeiros (fl. 6986). Houve,

ainda, a desistência da oitiva de Wilton Rodrigues Chaves (fl. 7120) e

Roberto Carlos Calheiros (fl. 7504), arroladas, respectivamente, pelas

defesas de HILDEBRANDO PEREIRA DA ROCHA e MARIA AUXILIADORA

ANTUNES MONTENEGRO.

Na fase do art. 499 do CPP, o Ministério Público Federal ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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requereu que fosse requisitado à DECO o envio da relação de todos os

laudos periciais produzidos sobre os bens apreendidos; a remessa de

eventuais laudos pendentes; e a produção e encaminhamento de um

relatório consolidado de todas as conversações monitoradas citadas na

denúncia, com arquivo de mídia anexo e hiperlinks (fls. 7550/7551), o que foi

deferido e cumprido (fls. 7564/7565 e 7948/8129).

Na mesma fase, apenas as defesas de Bruno de Souza Lima,

Manoel de Souza Lima Júnior, Sidclei Lima de Souza, Carlimi Argenta de

Oliveira, Fernando Leonardo de Oliveira Araújo, Marcus da Costa

Guimarães, Carlos Artur Campos, Helio Garcia Ortiz, Rodrigo Brito da Silva,

Caroline Garcia Ortiz, Aléssio Alberto Gomes Campos, David Fernando de

Souza, Bonaldo Barbosa de Sousa, Elizabeth Mello Barbosa e Teresa

Cristina Rivetti Cesar requereram diligências.

O Ministério Público Federal, às fls. 8150/8154, emitiu parecer

sobre os pedidos da defesa e requereu a expedição de ofício às operadores

de telefonia visando o fornecimento dos dados cadastrais dos assinantes das

linhas telefônicas que tiveram contato com os aparelhos celulares

apreendidos em poder dos réus (fls. 8150/8154).

Dos pedidos das defesas, foi deferido apenas o acesso às ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

gravações dos diálogos interceptados (fls. 8176/8177).

Quanto ao requerimento da acusação, foi determinada a

remessa dos autos ao MPF para indicar os números dos

telefones/operadoras dos celulares apreendidos com os acusados.

Atendendo o comando judicial, o MPF complementou o

pedido de fls. 8150/8154, bem como formulou novos requerimentos, os quais

foram acatados (fls. 8432/8434) e cumpridos.

Os pedidos de realização de novo interrogatório, em razão da

edição da Lei n. 11.719/2008, foram indeferidos, sob o fundamento de que a

instrução criminal se encerrou antes da vigência da aludida lei.

O Ministério Público Federal ofereceu suas alegações finais

às fls. 9510/9524-v, pugnando pelo reconhecimento da atipicidade das

condutas descritas no § 3º do art. 171 e no art. 288, ambos do Código Penal,

absolvendo-se os réus em relação a esses delitos, com fundamento no art.

386, III, do CPP. Quanto aos demais fatos narrados na denúncia, requereu a

condenação de HÉLIO GARCIA ORTIZ nas penas do art. 325, c/c os arts. 29

e 30, todos do Código Penal; CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA nas penas

do art. 325, c/c os arts. 29 e 30, todos do CP, e inciso V do artigo 1° da Lei n° ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

9.613/98; e FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO nas penas do art.

325, c/c o art. 29, ambos do CP, e inciso V do artigo 1° da Lei n° 9.613/98.

As defesas dos acusados cujas imputações residem

unicamente nos crimes de estelionato e/ou quadrilha, quais sejam CLÁUDIA

ALVES MARQUES, LEILA LACERDA FREITAS, LÚCIO MENDES DOS

SANTOS, ISABEL COELHO DA PAZ MENDES, RODRIGO MAFRA

GONÇALVES RIBEIRO, FLÁVIO MAFRA RIBEIRO, SIDCLEI LIMA DE

SOUZA, DAVID FERNANDO DE SOUZA, ALÉSSIO ALBERTO GOMES

CAMPOS, DIRCILENE DE OLIVEIRA CRUZ, MÁRCIA FERREIRA DE

ASSIS, MÁRCIO FERREIRA DE ASSIS, BRUNO DE SOUZA LIMA,

MANOEL DE SOUZA LIMA JÚNIOR, CLÁUDIA ALVES MARQUES,

GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON, TERESA CRISTINA RIVETTI

CÉSAR, ELIZABETH MELLO BARBOSA, BONALDO BARBOSA DE

SOUSA, MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA, MARCUS DA COSTA

GUIMARÃES, RODRIGO BRITO DA SILVA, LEYVAN LEITE CANDIDO,

FRANCISCO PAULO DE AQUINO JUNIOR, CELSO DEOLINDO, ANDRÉ

ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA, BRUNO DE CASTRO GARCIA ORTIZ,

JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA, LÉCIO GARCIA ORTIZ, HILDEBRANDO

PEREIRA DA ROCHA, JANICE DE CASTRO FERRÃO, JULIANO

CARDOSO MOSCON, CARLOS ARTUR CAMPOS, RICARDO EMÍLIO

ESPOSITO, ALEXANDRA ESPÓSITO, VALDIR LUIS DE FRANÇA, ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

CAROLINE GARCIA, ÉDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ, AZUWILSON

DANTAS MONTENEGRO, JANAÍNA DE CASTRO FERRÃO, MARIA

AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO, PEDRO AMÉRICO PANYAGUA

e AIRTON MARTINS DA COSTA arguiram algumas preliminares e, no mérito,

postularam pela absolvição dos réus sob os mesmos fundamentos do MPF

e/ou por inexistência do fato, ausência/insuficiência de provas da

autoria/materialidade delitiva, ausência de vínculo associativo entre os

corréus para a prática de ações criminosas e por estar provado que o(a)

réu(ré) não concorreu para a prática da infração penal (fls. 9536, 9551/9553,

9554/9555, 9556/9564, 9565/9572, 9576/9578, 9579/9580, 9581/9582,

9583/9592, 9593/9613, 9614/9616, 9658/9664, 9665/9696, 9697/9701,

9702/9705, 9706/9710, 9711/9716, 9720/9744, 9782/9794, 9810/9822,

9840/9841, 9870/9887, 9901/9911, 9952/9953, 9955/9956, 9957/9959,

9960/9963, 9981/9982, 9983/9990, 10014/10015, 10102/10103,

10104/10111, 10112/10119, 10154/10166 e 10172-v).

As defesas de RODRIGO BRITTO DA SILVA, LEYVAN LEITE

CANDIDO e FRANCISCO PAULO DE AQUINO JUNIOR também pugnaram

pela expedição de ofício ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e

Territórios, solicitando sua reintegração ao cargo público em caso de

absolvição com base no art. 386, inciso I ou IV, do CPP.

________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Em nova petição, a defesa de DAVID FERNANDO DE SOUZA

ainda postulou pela revogação da medida que bloqueou e tornou indisponível

a propriedade imóvel do réu e de sua esposa (fls. 10120/10121).

A defesa de CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA e FERNANDO

LEONARDO ARAÚJO apresentou alegações finais às fls. 9617/9657,

pugnando pela absolvição dos réus em razão da atipicidade da conduta

referente ao artigo 288 do Código Penal, sob o mesmo fundamento exposto

pelo MPF em suas razões finais; atipicidade do delito de lavagem de

dinheiro, seja pela inexistência do crime antecedente de quadrilha ou

organização criminosa, seja porque o numerário recebido por CARLIMIN,

sem o conhecimento de FERNANDO, tratava-se de devolução de uma

quantia paga, juntamente com uma amiga, para a aprovação no concurso

público de policial rodoviário; bem como da insuficiência de provas no que se

refere ao delito de violação de sigilo funcional (art. 325 do Código Penal) e

irrelevância da conduta, aduzindo que a confissão extrajudicial de ambos não

foi corroborada por outros elementos colhidos em Juízo e que, se a conduta

fosse verdadeira, teria sido utilizada para a prática de fato atípico.

A defesa do réu HÉLIO GARCIA ORTIZ apresentou alegações

finais às fls. 9846/9869, onde requereu a absolvição do réu com base no

artigo 386, incisos II, IV, V e VII, do Código Penal. Alega, em síntese, que as ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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condutas de “cola eletrônica” e formação de quadrilha são atípicas, conforme

reconhecido pelo MPF; e que não há provas da participação do acusado no

crime de violação de sigilo funcional, o qual, inclusive, não poderia ser sujeito

ativo do aludido delito, por não ser, ao tempo da denúncia, funcionário

público ligado ao órgão examinador.

Em atendimento ao art. 71 do Estatuto do Idoso, foi dado

prioridade no julgamento do feito em relação a RICARDO EMÍLIO

ESPÓSITO, o qual restou ABSOLVIDO dos delitos lhe imputados na

denúncia (fls. 10192/10196).

É o relatório. Decido.

II - FUNDAMENTOS

DAS CONDUTAS CAPITULADAS NO ART. 171, §3º, E ART. 288, AMBOS DO CÓDIGO PENAL:

Assiste razão ao Ministério Público Federal quando afirma que,

apesar de extremamente reprováveis, as fraudes narradas na denúncia não

encontravam, no ordenamento jurídico brasileiro então vigente, tipo penal

que as incriminasse.________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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À época dos fatos não existia uma norma penal específica

incriminando tais condutas.

Além disso, deve-se ter em conta que a “cola eletrônica” em

concurso público não se enquadrava exatamente no tipo descrito no art. 171

do Código Penal (crime de estelionato) porque a conduta não era apta a

causar prejuízo de ordem patrimonial. Ocorrendo a aprovação de um

candidato em concurso público mediante fraude, os prejudicados

financeiramente seriam os demais candidatos ao cargo, uma vez que a

remuneração é devida pelo efetivo exercício da função, ou seja, uma

contraprestação pela mão de obra empregada, inexistindo prejuízo

patrimonial para a Administração Pública ou para a organizadora do certame.

Em face do ordenamento jurídico da época dos fatos, a aludida

conduta também não configura falsidade ideológica porque as respostas

dadas pelos candidatos, mesmo que tenham sido obtidas fraudulentamente,

correspondem à realidade.

Com efeito, em julgamento proferido no dia 19/12/2006 nos

autos do Inq. 1145, o STF entendeu que a prática descrita como “cola

eletrônica” era atípica e que não haveria nenhum tipo penal no direito ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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brasileiro incriminando esse procedimento.

Embora a Lei n. 12.550/2011 tenha acrescentado o Capítulo V

ao Título X do Código Penal, que trata dos “crimes contra a fé pública”,

passando a considerar criminosa a conduta daquele que utiliza ou divulga,

indevidamente, conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação ou exames

públicos, processo seletivo para ingresso no ensino superior, ou

exame/processo seletivo previstos em lei (art. 311-A do CP), equiparando a

essa figura a conduta de quem permite ou facilita, por qualquer meio, o

acesso de pessoas não autorizadas a essas informações, tal norma não

pode ser aplicada ao caso, em face dos princípios da anterioridade e da

irretroatividade da lei penal incriminadora.

Por conseguinte, tratando-se de condutas atípicas, também

inexiste delito de quadrilha ou bando, como bem frisaram o órgão de

acusação e as defesas dos réus, razão pelo qual impõe-se o decreto

absolutório em relação aos réus denunciados nesse tópico da peça

acusatória.

DA VIOLAÇÃO DO SIGILO FUNCIONAL

Prevê o art. 325, §2º, do Código Penal:________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Violação de sigilo funcional

Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e

que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:

§2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração

Pública ou a outrem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

A materialidade e autoria delitivas restaram devidamente

demonstradas pelo conjunto probatório constante dos autos.

Não há qualquer dúvida de que FERNANDO LEONARDO

OLIVEIRA ARAÚJO, induzido e por intermédio de sua companheira CARLIMI

ARGENTA DE OLIVEIRA, repassou o conteúdo das provas do concurso

público para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003 a

HÉLIO GARCIA ORTIZ antecipadamente (informações sigilosas), mediante

pagamento.

Embora em sua primeira versão (fls. 860/864) tenha atribuído a

responsabilidade pela entrega antecipada das aludidas provas a MAURO

RABELLO, a corré CARLIMI ARGENTA retificou o seu depoimento

posteriormente (Termo de Reinquirição de fls. 912/914), ainda na Polícia, ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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apontando como real responsável por tal conduta o seu companheiro

FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, conforme se depreende dos

seguintes trechos de seu depoimento:

“QUE, a interroganda acusou injustamente MAURO RABELLO

com o único propósito de proteger o seu companheiro FERNANDO

LEONARDO OLIVEIRA ARAUJO, mas como a verdade sempre prevalece, a

interroganda está realmente arrependida por ter envolvido o nome de uma

pessoa inocente; (...) QUE, no ano de 2003, houve concurso para o Tribunal

de Justiça do Distrito Federal e a interrogada manifestou interesse em se

inscrever e fazer o concurso para ter um emprego estável; QUE, pegou de

FERNANDO o caderno de provas e repassou a HELIO algumas questões da

prova, tendo feito isso de forma manuscrita, diferente dos procedimentos

anteriores, onde repassava o próprio caderno de provas (...)”.

A aludida ré narra, ainda, com riqueza de detalhes, a forma

como persuadiu FERNANDO a retirar das dependências do CESPE,

clandestina e antecipadamente, provas de concursos públicos, informando

que tal prática não se restringiu ao certame em comento.

Além disso, em todos os seus depoimentos (fls. 860/864,

912/914, 4579/4583), CARLIMI deixa claro que conheceu HÉLIO antes do ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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seu relacionamento com FERNANDO e que tinha conhecimento da atuação

do último em fraudes a concursos públicos, tanto que já havia tentado obter a

aprovação em um concurso da polícia militar do Distrito Federal com a ajuda

do mesmo (mediante fraude), tendo desistido do certame na fase do teste

físico.

Diante de tais declarações, resta evidente que ela realmente

intercedeu por HELIO ORTIZ junto a FERNANDO na obtenção de provas de

concursos públicos realizados pelo CESPE, dente eles o do Tribunal de

Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003, como descrito na denúncia.

O corréu FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, por

sua vez, assim como CARLIMI, retificou o seu primeiro depoimento,

confirmando a autoria delitiva às fls. 915/917 (Auto de Qualificação e

Interrogatório). Especificamente em relação ao concurso do Tribunal de

Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003, relatou que retirou o caderno

de provas de forma furtiva do interior do Núcleo Gráfico do CESPE e

repassou-o a CARLIMI, que o entregou a HELIO ORTIZ, tendo demonstrado

pleno conhecimento das fraudes perpetradas pelo último.

As declarações prestadas por FERNANDO às fls. 915/917

estão em perfeita consonância com as informações dadas por CARLIMI em ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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sua reinquirição e condizem com as demais provas constantes nos autos,

inclusive com a conjuntura na qual a conduta delituosa está inserida.

Não há que se perder de vista que o denunciado FERNANDO

LEONARD, além de companheiro de CARLIMI, à época dos fatos trabalhava

no Núcleo Gráfico do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da

Universidade de Brasília – CESPE/UNB e era o responsável pela impressão

de todas as provas referentes a concursos organizados por aquela

instituição, conforme afirmado pelo próprio réu em todos os seus

depoimentos (fls. 865/867, 915/917 e 4573/4578), o que dá respaldo às

declarações informadas acima e evidencia a relação causal entre o exercício

do cargo e o conhecimento do segredo, configurando o aspecto revelador da

infidelidade funcional.

Outrossim, as interceptações telefônicas demonstram que

HELIO ORTIZ iria obter as provas do concurso em comento com uma

pessoa do CESPE, mediante pagamento (fls.166/170), o que, de acordo com

o depoimento do próprio acusado HELIO GARCIA ORTIZ, consolidou-se com

o auxílio de CARLIMI, a quem afirma ter dado em pagamento, para tanto, a

elvada quantia em dinheiro – fls. 761/765.

Embora a denúncia fale que esse pagamento foi de R$ ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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100.000,00 (cem mil reais), com base no depoimento de HELIO ORTIZ, as

provas constantes nos autos não deixam dúvidas quanto ao pagamento de

ao menos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o que não altera a

responsabilidade dos réus pelos fatos que lhes são imputados, até porque o

tipo penal em comento não exige, para a sua configuração, a obtenção de

vantagem patrimonial.

As interceptações telefônicas realizadas também demonstram

que a entrega clandestina e antecipada do caderno de provas do concurso

do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003 a HÉLIO

ORTIZ, por intermédio de CARLIMI, beneficiou diversas pessoas no certame,

que lograram obter a aprovação no concurso em tela em detrimento dos

demais candidatos, conforme relatado às fls. 165/174 pela Divisão Especial

de Repressão ao Crime Organizado - DECO da Polícia Civil do Distrito

Federal, fatos que caracterizam o crime de violação de sigilo funcional em

sua forma qualificada (§2º do art. 325 do Código Penal), na modalidade de

dano a outrem (candidatos prejudicados, preteridos em sua classificação no

concurso em questão).

As novas versões apresentadas por CARLIMI e FERNANDO

em Juízo, refutando a confissão realizada perante a autoridade policial, não

convencem, visto que desprovidas de qualquer elemento de prova e, em ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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certo ponto, contraditórias.

Nota-se que, num primeiro momento, FERNANDO informa que

o advogado JOEL BARBOSA DA SILVA somente compareceu para assinar o

termo que consta às fls. 915 e seguintes. Depois, informa que “o Dr. JOEL

não ficou todo o tempo no interrogatório do réu na delegacia”.

CARLIMI, por sua vez, relata que esteve acompanhada por

advogado, mas que os termos de seu depoimento na fase policial não são

verdadeiros, tendo sido colocadas palavras pela própria Polícia.

Ora, como bem salientou o MPF às fls. 9523, não é crível que o

advogado que os acompanhou, a fim de exercitar a nobre missão de

defendê-los e orientá-los, tenha aceitado que assinassem termos de

depoimento que não correspondem ao que haviam narrado ou que fizessem

qualquer tipo de negociação com a polícia, admitindo fatos que poderiam

prejudicá-los. Ademais, o direito ao silêncio foi garantido a ambos, assim

como aconteceu com os demais réus, ocasião em que parte deles deixou de

se pronunciar, fazendo uso desse direito constitucional.

Além disso, nos depoimentos de fls. 912/914 e 915/917

constam relatos pessoais que dificilmente seriam conhecidos pela autoridade ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

policial, evidenciando que tais termos não foram previamente “montados”.

A justificativa dada por CARLIMI acerca da origem do depósito

de R$ 50.000,00 na conta de sua mãe como sendo a devolução de um valor

dado a HELIO por ela e sua amiga não se sustenta. Isto porque a acusada

informa que não trabalhava à época dos fatos e não logrou comprovar como

conseguiu a elevada quantia de R$ 30.000,00 para a aprovação no concurso

da polícia rodoviária federal, tampouco prestou informações sobre a tal

amiga, que teria R$ 20.000,00 a receber de HÉLIO ORTIZ.

Diante do exposto, não há como dar credibilidade às

declarações dadas pelos acusados FERNANDO e CARLIMI em Juízo,

restando patente a tentativa dos réus em se furtarem à aplicação da lei penal

pela negativa em juízo.

Por todo o exposto, tenho que a materialidade do crime restou

devidamente comprovada, pois, para a configuração do delito de violação de

sigilo funcional, basta que a informação que deva ficar em segredo seja

divulgada a qualquer pessoa a quem não era permitido conhecê-lo.

Quanto à autoria, considero provado que FERNANDO praticou ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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o núcleo do tipo ao revelar, com vontade livre e consciente, valendo-se da

condição de funcionário público, informações que deveriam permanecer em

segredo, quais sejam as questões da prova do concurso público promovido

pelo TJDFT do ano de 2003. Em relação às condutas de HÉLIO ORTIZ e

CARLIMI, que receberam as informações, cientes de que eram sigilosas e

que provinham de servidor público, com o intuito de frustrar a

competitividade do certame, está claro que foram coautores do delito e que com isso causaram danoso prejuízo à Administração Pública e à lisura dos certames públicos, pois os utilizaram indevidamente, e cobraram por isso quantias elevadas. Tratando-se de crime próprio,

admite a coautoria e participação do particular se este tem ciência da

condição especial exigida do tipo, como é o caso dos autos, não merecendo

acolhida a tese da defesa de HÉLIO, de que não pode ser sujeito ativo do

delito por ser funcionário público à época dos fatos.

Há, portanto, prova suficiente e segura de que os denunciados

FERNANDO, CARLIMI e HÉLIO ORTIZ, este na total liderança das fraudes

em concursos públicos e quem mais se beneficiou da violação do sigilo

funcional, cometeram o crime tipificado no art. 325, §2º, do Código Penal.

Não se encontra tal conduta acobertada por nenhuma causa excludente de

antijuridicidade. Os réus são perfeitamente imputáveis, tinham real

consciência da ilicitude de seus atos, sendo-lhes totalmente exigível conduta ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

diversa, inexistindo qualquer causa que exclua sua culpabilidade.

DO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98)

A materialidade e autoria delitivas restaram igualmente

comprovadas.

As confissões realizadas por CARLIMI e FERNANDO às fls.

912/914 e 915/917, aliadas às declarações de HELIO ORTIZ no inquérito

policial (fls. 761/740), não deixam dúvidas de que a quantia depositada na

conta bancária Marcemi Alves Argenta (mãe de CARLIMI), no valor de R$

50.000,00 (cinquenta mil reais), foi dada por HÉLIO ORTIZ como

contraprestação decorrente da obtenção de provas do concurso público do

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003.

Também cumpre observar que, na Polícia (fls. 1029/1030), Marcemi

Alves Argenta confirma a existência de tal depósito, declara ter acreditado no

argumento da filha, de que se tratava apenas de "negócios" de seu

companheiro FERNANDO, e acresce que CARLIMI retirou a integralidade

dos valores depositados pouco tempo depois do depósito. Tais declarações

são, inclusive, confirmadas em Juízo, onde afirma não ter sofrido qualquer

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“prensa” por parte da polícia ou de qualquer pessoa (fl. 6764).

Não é crível que FERNANDO não soubesse da existência de tal

valor, já que foi ele quem repassou as provas em comento, a serem

entregues a HELIO ORTIZ por CARLIMI, o que certamente não seria feito

gratuitamente. Ademais, de acordo com os depoimentos de CARLIMI e

HELIO ORTIZ, tal prática já havia sido realizada outras vezes, mediante

contraprestação do último, em elevadas quantias, que certamente não

passariam desapercebidas por FERNANDO, que vivia maritalmente com

CARLIMI.

Diante de tais considerações e dos argumentos expostos na análise

da conduta tipificada no art. 325, §2º, do Código Penal, não há dúvidas de

que o depósito feito na conta da mãe de CARLIMI visou, unicamente, ocultar

e dissimular a origem dos valores provenientes, diretamente, do crime de

violação de sigilo funcional.

Como dito acima, a nova versão dada por CARLIMI em Juízo

acerca da origem de tal depósito, como sendo a devolução de um valor dado

a HELIO por ela e sua amiga, não se sustenta, pois a acusada não

trabalhava à época dos fatos e não logrou comprovar como conseguiu a

elevada quantia de R$ 30.000,00 para a aprovação no concurso da polícia

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rodoviária federal, tampouco prestou informações sobre a tal amiga que teria

R$ 20.000,00 a receber de HÉLIO ORTIZ. Na verdade, ficou evidente que a

ré não falou a verdade em Juízo, até porque já havia confessado os fatos

perante a autoridade policial, tendo declarado, inclusive, que recebeu

quantias de igual valor de HELIO ORTIZ anteriormente como pagamento

pela entrega de provas/questões de outros concursos públicos realizados

pelo CESPE, depoimento este que restou corroborado pelas demais provas

constantes dos autos.

Por todo o exposto, restou suficientemente demonstrado que

FERNANDO e CARLIMI ocultaram e dissimularam a origem de valores provenientes diretamente de crime contra a Administração Pública (art.

325, §2º, do CP), incorrendo no delito de lavagem de dinheiro.

Tal conduta não se encontra acobertada por qualquer causa

excludente de ilicitude ou culpabilidade, sendo os réus imputáveis e

conscientes da ilicitude de seus atos.

III – DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a

pretensão punitiva estatal deduzida na DENÚNCIA para:

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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

I – ABSOLVER, da prática do crime previsto no art. 288 do Código Penal,

com fundamento no art. 386, III, do Código Penal, os seguintes réus:

1. HÉLIO GARCIA ORTIZ,

2. MARCUS DA COSTA GUIMARÃES,

3. JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA,

4. BONALDO BARBOSA DE SOUZA,

5. CELSO DEOLINDO,

6. VALDIR LUÍS DE FRANÇA,

7. AÍRTON MARTINS DA COSTA,

8. PEDRO AMÉRICO PANYAGUA COSTA,

9. AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO,

10. MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO,

11. CAROLINE GARCIA ORTIZ,

12. EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ,

13. BRUNO GARCIA ORTIZ,

14. LÉCIO GARCIA ORTIZ,

15. ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS,

16. ANDRÉ ARTUR FERREIRA DE ALMEIDA,

17. MARCOS DIVINO TEIXEIRA DA SILVA,

18. GIANCARLO DA SILVA LARA CASTRILLON,

19. DAVID FERNANDO DE SOUZA,

20. JULIANO CARDOSO MOSCON,________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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21. HIDELBRANDO PEREIRA DA ROCHA,

22. CARLOS ARTUR CAMPOS,

23. SIDCLEI LIMA DE SOUZA,

24. CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA,

25. FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO.

II – ABSOLVER, da prática dos delitos tipificados no art. 171, §3º, na forma

do art. 70, ambos do Código Penal¸ com fundamento no art. 386, III, do

Código Penal, os seguintes réus

1. HÉLIO GARCIA ORTIZ,

2. EDINA DE CASTRO GARCIA ORTIZ,

3. CAROLINE GARCIA ORTIZ,

4. BRUNO GARCIA ORTIZ,

5. ALÉSSIO ALBERTO GOMES CAMPOS,

6. JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA,

7. AZUWILSON DANTAS MONTENEGRO,

8. MARIA AUXILIADORA ANTUNES MONTENEGRO,

9. BONALDO BARBOSA DE SOUZA,

10. VALDIR LUÍS DE FRANÇA,

11. ALEXANDRA ESPÓSITO,

12. BRUNO DE SOUZA LIMA,

13. CLÁUDIA ALVES MARQUES,________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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14. DIRCILENE DE OLIVEIRA CRUZ,

15. ELIZABETH MELLO BARBOSA,

16. FLÁVIO MAFRA RIBEIRO,

17. JANAÍNA DE CASTRO FERRÃO,

18. JANICE DE CASTRO FERRÃO,

19. ISABEL COELHO DE PAES MENDES,

20. LEILA LACERDA FREITAS,

21. LEYVAN LEITE CÂNDIDO,

22. LÚCIO MENDES DOS SANTOS,

23. MANOEL DE SOUZA LIMA JÚNIOR,

24. MÁRCIA FERREIRA DE ASSIS,

25. MÁRCIO FERREIRA DE ASSIS,

26. RODRIGO BRITO DA SILVA,

27. RODRIGO MAFRA GONÇALVES RIBEIRO,

28. TERESA CRISTINA RIVETTI CÉSAR.

III – CONDENAR HÉLIO GARCIA ORTIZ pela prática do delito tipificado no

art. 325, §2º, c/c arts. 29, 30 e 327, todos do Código Penal;

IVI - CONDENAR FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO e CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA pela prática dos crimes previstos no art.

325, §2º, c/c os arts. 29, 30 e 327, todos do Código Penal; e no art. 1º, inciso ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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V, da Lei 9.613/98.

Atento às diretrizes dos artigos 59 e 68 do Código Penal, passo à

dosimetria das penas:

HÉLIO GARCIA ORTIZ

A conduta do réu possui um grau de reprovabilidade elevado, pois,

indiretamente, incentivou FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO a

praticar o núcleo do tipo, tendo por finalidade fraudar concurso público do

CESPE e era o mentor e líder dos demais. Sua folha de antecedentes

criminais atesta várias ocorrências (mais de dez), algumas já com denúncia

recebida, as quais não configuram antecedentes de acordo com o

entendimento do STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de má

personalidade. O motivo do crime vai além da espécie delitiva, pois o réu

buscou, com a violação do sigilo do qual participou, obter lucro fácil e

indevido com a obtenção das provas que seriam aplicadas no concurso

público do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de 2003. As

consequências são altamente negativas, pois a conduta criminosa propiciou

a aprovação irregular de diversas pessoas no certame em comento, que não

estavam preparadas para o exercício do cargo, com o prejuízo à moralidade

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e à igualdade, causando assim um estrago e uma mácula em todo um

procedimento democrático que é o concurso público. Sua conduta social não

é boa, pois fez da reprovável prática da obtenção de sigilo de provas e

fraudes em concurso público seu estilo profissional e de vida, beneficiando a

sim próprio e a toda a família. O comportamento da vítima lhe é

desfavorável, pois apesar de todo o cuidado para a considerar.

Sopesadas tais circunstâncias que lhes são quase que totalmente

desfavoráveis, fixo a pena-base bem acima do mínimo legal, em 05 (cinco)

anos e 08 (oito) meses de reclusão; que diminuo em 03 (três) meses, em

razão da confissão espontânea (art. 65, III, alínea “d”, do CP) em inquérito

policial, não modificada em Juízo, perfazendo a pena definitiva de 05 (cinco) anos e 05 (cinco) meses de reclusão, a ser cumprida em regime semi-aberto, nos termos do art. 33, § 2º, “b”, e § 3º, do Código Penal.

Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 190 (cento e noventa) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à

época dos fatos, em face da gravidade da conduta e da razoável situação

financeira do sentenciado.

No caso, não é cabível a substituição da pena privativa de liberdade

imposta por restritivas de direitos, por força do disposto no art. 44, I, do

________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Código Penal.

Decreto a perda de qualquer cargo ou função pública exercida por HÉLIO GARCIA ORTIZ, com fundamento no art. 92 do Código Penal.

CARLIMI ARGENTA DE OLIVEIRA

- Crime de violação de sigilo funcional

A conduta da ré possui um grau de reprovabilidade elevado, pois foi

ela quem incentivou, diretamente, FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA

ARAÚJO a praticar o núcleo do tipo, sabendo que as provas seriam

utilizadas para fraudar o concurso público do CESPE. A folha de

antecedentes criminais atesta mais duas ocorrências, as quais não

configuram antecedentes de acordo com o entendimento do STJ, mas

devem ser consideradas como indicativos de personalidade inadequada

socialmente. O motivo do crime vai além da espécie delitiva, eis que a ré

buscou obter lucro fácil e indevido com a entrega das provas em comento a

HELIO ORTIZ mediante pagamento. As consequências são negativas, pois a

conduta criminosa propiciou a aprovação irregular de diversas pessoas no

certame em comento. Não há nos autos elementos para avaliar a sua

conduta social. Não há comportamento da vítima a considerar.________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo

legal, em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão.

Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar

a confissão realizada em sede policial como atenuante porque a ré negou os

fatos em Juízo. À míngua de causas de aumento e diminuição da pena,

torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão.

Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 100 (cem) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à época dos fatos.

No caso, não é cabível a substituição da pena privativa de

liberdade imposta por restritivas de direitos, a teor do disposto no art. 44, I,

do Código Penal.

- Crime de lavagem de dinheiro

A culpabilidade da condenada não recomenda a exasperação da

pena quanto a este delito. A folha de antecedentes criminais atesta mais

duas ocorrências, as quais não configuram antecedentes de acordo com o ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

entendimento do STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de

personalidade inadequada socialmente. Os motivos do crime, bem como as

circunstâncias em que foi cometido e as suas consequências não autorizam

a exasperação da pena. Não há nos autos elementos para avaliar a sua

conduta social. Não há comportamento da vítima a considerar.

Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo

legal, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.

Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar

a confissão realizada em sede policial como atenuante porque a ré negou os

fatos em Juízo. À míngua de causas de aumento e diminuição da pena,

torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.

Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 70 (setenta) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à época dos

fatos.

Considerando o concurso material, as penas privativas de liberdade

impostas à ré totalizam 08 (oito) anos e 07 (sete) meses de reclusão, a

serem cumpridas em regime inicialmente fechado, nos termos do art. 33,

§2º, “a”, e §3º, do Código Penal.________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

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FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO

- Crime de violação de sigilo funcional

A conduta do réu possui um grau de reprovabilidade elevado, pois

ele era o responsável pela impressão de todas as provas dos concursos

organizados pelo CESPE/UNB, tendo um alto grau de confiabilidade da

instituição. A folha de antecedentes criminais atesta mais duas ocorrências,

as quais não configuram antecedentes de acordo com o entendimento do

STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de personalidade

inadequada socialmente. O motivo do crime vai além da espécie delitiva,

visto que o réu buscou obter lucro fácil e indevido com a entrega das provas

em comento a HELIO ORTIZ, por intermédio de CARLIMI, mediante

pagamento. As consequências são negativas, pois a conduta criminosa

propiciou a aprovação irregular de diversas pessoas no certame em

comento. Não há nos autos elementos para avaliar a sua conduta social. Não

há comportamento da vítima a considerar.

Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

legal, em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.

Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar

a confissão realizada em sede policial como atenuante porque o réu negou

os fatos em Juízo.

À míngua de causas de aumento e diminuição da pena, torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de reclusão.

Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 130 (cento e trinta) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à

época dos fatos.

No caso, não é cabível a substituição da pena privativa de

liberdade imposta por restritivas de direitos, a teor do disposto no art. 44, I,

do Código Penal.

- Crime de lavagem de dinheiro

A culpabilidade do condenado não recomenda a exasperação da

pena quanto a este delito. A folha de antecedentes criminais atesta mais ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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duas ocorrências, as quais não configuram antecedentes de acordo com o

entendimento do STJ, mas devem ser consideradas como indicativos de

personalidade inadequada socialmente. Os motivos do crime, bem como as

circunstâncias em que foi cometido e as suas consequências não autorizam

a exasperação da pena. Não há nos autos elementos para avaliar a sua

conduta social. Não há comportamento da vítima a considerar.

Sopesadas tais circunstâncias, fixo a pena-base acima do mínimo

legal, em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.

Não há agravantes ou atenuantes a considerar. Deixo de considerar

a confissão realizada em sede policial como atenuante porque o réu negou

os fatos em Juízo.

À míngua de causas de aumento e diminuição da pena, torno a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão.

Em razão dos mesmos motivos, fixo a pena de multa em 70 (setenta) dias-multa, à base de 1 (um) salário mínimo vigente à época dos

fatos.

Considerando o concurso material, as penas privativas de liberdade ________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

impostas a FERNANDO totalizam 08 (oito) anos e 10 (dez) meses de reclusão, a serem cumpridas em regime inicialmente fechado, nos termos

do art. 33, §2º, “a”, e §3º, do Código Penal.

Decreto a perda de qualquer cargo ou função pública exercida por FERNANDO LEONARDO OLIVEIRA ARAÚJO, com fundamento no art. 92 do Código Penal.

Com o trânsito em julgado, lancem-se os nomes dos condenados no

rol dos culpados; expeça-se ofício ao TRE, para os fins do art. 15, III, da

Constituição Federal; e extraiam-se cartas de sentença, a serem remetidas à

Vara de Execuções Criminais do Distrito Federal.

Deixo de apreciar os pedidos de reintegração nos cargos feitos

pelas defesas dos réus Rodrigo Brito da Silva, Leyvan Leite Candido e

Francisco Paulo de Aquino Junior, considerando que a absolvição no juízo

criminal por atipicidade da conduta não repercute, necessariamente, na

esfera administrativa e cível. A inexistência de ilícito penal não significa que o

fato não seja irregular, ilícito em outras sedes jurídicas, ou contrário aos

princípios constitucionais da Administração Pública.

________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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Processo N° 0021911-15.2005.4.01.3400 (Número antigo: 2005.34.00.021962-5) - 10ª VARA FEDERALNº de registro e-CVD 00051.2017.00103400.1.00065/00128

Asseguro aos réus o direito de apelar em liberdade.

Custas ex lege. Proceda a Secretaria às anotações cartorárias e

comunicações de estilo. P.R.I.

Brasília, 17 de julho de 2017

VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRAJuiz Federal

________________________________________________________________________________________________________________________Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA em 17/07/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 71078733400292.

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