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A N O V I I | N Ú M E R O 6 7 | M A R ç O / A b R I l 2 010
CONfEdER AçãO NACIONAl dOs TR AbAlhAdOREs NA AgRICulTuR A (CONTAg)
CONTAG
2º
Fe s t i v a l N a c i o n a l
da Juventude Rural - Julh
o 20
10
BRASIL
®
Trabalhadoras rurais participam da Marcha Mundial de Mulheres
Lula recebe pauta do Grito da Terra
Conversa de Pé de ouvidoO presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Wagner Gomes, cobra empenho do governo federal para implementar a reforma agrária e defende a unidade do campo e da cidade para fortalecer a classe trabalhadora.
Pág. 8
Plano de lutasConselho Deliberativo da Contag aprova resoluções sobre funcionamento das Regionais, sustentabilidade político-financeira e atuação do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no processo eleitoral.
Pág. 4
Pág. 4
Pág. 5
2 J o r n a l d a C o n t a g
Editorial
Jogar força na construção do GTB 2010
PElo Brasil afora
Conflito no Pará
A Contag e Fetagri/PA participaram de audiên-
cia pública, no final de março, em Brasília, para
cobrar da Procuradoria Nacional do Incra uma so-
lução urgente e definitiva para o conflito na reserva
indígena Apytereua, no sul do Pará. Cerca de 300
famílias ocupam a área desde 2004. A Funai fez o
procedimento legal e o processo de demarcação
logo após a identificação das terras como reserva
indígena. No entanto, o Incra ainda não encontrou
outra área para remanejar e reassentar os traba-
lhadores e trabalhadoras rurais. Nova reunião foi
agendada para o dia 19 de abril, em Marabá, para
resolver o problema.
Reajuste salarial
O piso salarial de três categorias profissionais
do meio rural no estado de São Paulo foi reajustado
em março. Os trabalhadores (as) agropecuários,
florestais e pescadores de São Paulo passaram de
R$ 505 para R$ 56. O menor salário para opera-
dores (as) de máquinas e implementos agrícolas
e florestais era de R$ 530 e agora será R$ 570.
Já o piso dos administradores (as) agropecuários
e florestais passará para R$ 580. Os reajustes fo-
ram estabelecidos pela Lei Estadual nº 12.640, que
também beneficia trabalhadores (as) urbanos (as)
e entrou em vigor no dia 1º de abril.
Trabalho escravo
A Fetaeg e o Sindicato dos Trabalhadores Ru-
rais de Nova Crixás flagraram 14 trabalhadores
rurais em situação degradante em uma carvoaria
do município goiano. O fato foi denunciado ao Mi-
nistério do Trabalho de Emprego e ao Ibama. As
vítimas trabalhavam sem equipamentos de segu-
rança, recebiam alimentação de péssima qualida-
de e possuíam carteira assinada. Os trabalhado-
res foram recrutados pelo proprietário da fazenda
Mata Preta, em Abaeté (MG).
Reeleição na Paraíba
Com 98,2% dos votos válidos, o atual pre-
sidente da Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag/PB),
Liberalino Ferreira de Lucena, foi reconduzido
ao cargo. As eleições foram realizadas no dia 24
de março. A chapa única recebeu 466 votos dos
473 delegados e delegadas que participaram do
pleito. A solenidade de posse da nova diretoria
eleita para o quadriênio 2010-1014 está marcada
para o dia 7 de maio, na sede da Fetag/PB, em
João Pessoa.
Crédito fundiário
Os coordenadores das Comissões de Jovens
e os secretários de Política Agrária da Fetaep,
da Fetaesc e da Fetag/RS cobraram do ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo, o aumento do
teto do Programa Nacional de Crédito Fundiário
e a liberação dos Grupos 2 e 3 do Programa Na-
cional de Habitação Rural (PNHR). A audiência
ocorreu em Brasília, no dia 24 de março. Os diri-
gentes reivindicaram o aumento de recurso para
contratação de unidades habitacionais na Re-
gião Sul. Eles também querem que o Conselho
Monetário Nacional baixe uma resolução para
liberar apresentação de propostas para os gru-
pos 2 e 3 do PNHR. O ministro assumiu o com-
promisso de colocar as propostas na pauta da
próoxima reunião do CMN, em abril.
Posse na Fetarn
A diretoria da Federação dos Trabalhadores
na Agricultura do Estado do Rio Grande do Nor-
te (Fetarn) foi empossada no dia 30 de março.
A nova direção foi eleita no 8º Congresso Esta-
dual da categoria, realizado nos dias 23 a 25
de fevereiro. O presidente empossado, Ambró-
sio Lins do Nascimento, disse que a expecta-
tiva é dar continuidade ao trabalho que vinha
sendo desenvolvido pelo ex-presidente Manoel
Cândido. A reunião para discutir e elaborar o
planejamento estratégico da Fetarn está marca-
do para a segunda semana de abril.
O Grito da Terra Brasil (GTB)
será a principal mobiliza-
ção de massa do movi-
mento sindical dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais (MSTTR) no pri-
meiro semestre deste ano. A nossa
expectativa é reunir mais de cinco
mil lideranças do MSTTR em Brasília
no dia 12 de maio.
Essa estimativa foi confirmada, na
terceira semana de março, pelo Con-
selho Deliberativo da Contag, que
também aprovou as reivindicações da
16º edição do GTB. As Fetags apre-
sentaram emendas à primeira versão
da pauta, que também foi submetida
às discussões dos Coletivos Temáti-
cos. Desse modo, podemos afirmar
que a proposta apresentada ao go-
verno federal é bastante qualificada
e foi construída de forma coletiva por
centenas de dirigentes do MSTTR.
A versão final da pauta foi entre-
gue ao presidente da República no
dia 24 de março por uma comitiva
formada por dirigentes da Contag
e das Fetags. As negociações do
Grito da Terra deste ano acontecem
às vésperas do início da campanha
eleitoral e no último ano do segundo
mandato do governo Lula.
Na audiência de entrega da
pauta do GTB 2010 fizemos ques-
tão de apontar essa particula-
ridade ao presidente Lula. Nós
também deixamos claro que espe-
ramos dar um salto de qualidade
nas negociações. O nosso objetivo
é reduzir a dívida social que o Es-
tado brasileiro tem com os traba-
lhadores e as trabalhadoras rurais,
sobretudo em relação ao acesso à
terra e à distribuição de renda e
de riqueza no campo.
Desse modo, não ficaremos satis-
feitos somente com o aumento dos
recursos para o Pronaf. Queremos
colocar em pauta medidas concretas
para atualizar os níveis de produtivi-
dade rural e aumentar a renda dos
agricultores e as agricultoras familia-
res. Vamos priorizar, então, a libera-
ção de recursos orçamentários para
a desapropriação e a aquisição de
terras, o fortalecimento das ações de
assistência técnica e a implementa-
ção de políticas de comercialização
da produção.
A pauta do GTB deste ano dá
ênfase especial para a educação
do campo e para a adequação da
legislação ambiental à realidade da
agricultura familiar. Vamos priorizar
também as reivindicações dos as-
salariados rurais, das mulheres e
da juventude.
A direção da Contag também
está apresentando a pauta do GTB
2010 ao parlamento brasileiro. Os
presidentes do Senado Federal, se-
nador José Sarney, e da Câmara dos
Deputados, deputado Michel Temer,
deverão receber as demandas espe-
cificas dos trabalhadores (as) rurais
para o Congresso Nacional. A pauta
será entregue ainda a entidades da
sociedade civil, como OAB, CNBB e
organizações não governamentais.
Mas esses movimentos serão inócu-
os se não apostarmos na mobilização
da categoria. É preciso que nos pró-
ximos dias as Fetags convoquem as
nossas lideranças em todo o País para
participar do processo de negociação
com o governo e realizar o maior Grito
da Terra dos últimos tempos.
Alberto Ercílio BrochPresidente da Contag
3J o r n a l d a C o n t a g
PElo Brasil afora
Em março, as Fetags do Ce-
ará (Fetraece), Mato Grosso
(Fetagri/MT), Pará (Fetag/PA) e
Ceará (Fetraece), com o apoio da
Contag, promoveram os Festivais Es-
taduais da Juventude. Os jovens dos
quatro estados discutiram temas im-
portantes, como sucessão rural, refor-
ma agrária, acesso às políticas públi-
cas e formação e organização sindical.
Os encontros fazem parte das
preparações para o 2º Festival Nacio-
nal da Juventude Rural, programado
para o mês, de junho, em Brasília.
A secretária de Jovens da Contag,
Ângela Maria, fala do espírito dos
participantes. “A juventude não quer
mais ficar parada, ela quer lutar por
seus direitos. O ano eleitoral cria as
condições adequadas para discu-
tirmos as políticas públicas voltadas
para os jovens do campo” afirma.
O governo do Espírito Santo
assumiu o compromisso de
construir 800 casas na zona
rural do estado e de aumentar o nú-
mero de profissionais de assistência
técnica e extensão rural para atender
à agricultura familiar. Essas conquis-
tas são resultados da quinta edição
do Grito Estadual da Terra capixaba,
que reuniu mais de três mil trabalha-
dores e trabalhadoras em Vitória, no
dia 9 de março.
A Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Espírito Santo (Fetaes)
também conquistou a ampliação das
áreas públicas para a reforma agrá-
ria e a melhoria na infraestrutura da
Câmara Técnica do Programa Nacio-
nal de Crédito Fundiário. Outro ponto
da pauta de reivindicações que será
Os 196 delegados e dele-
gadas que participaram
do V Congresso Estadual
dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais do Amazonas elegeram a nova
diretoria da Fetagri-AM. A chapa 2
Unidos para Vencer, encabeçada
pela atual presidente Izete Rodrigues
Rabelo, venceu a disputa pela dife-
rença de apenas um voto.
A chapa derrotada, Atuação na
Base foi liderada pela secretária de
Finanças e Administração, Maria
Lucinete Nicácio de Lima. O estado
tem tradição de disputas eleitorais
acirradas. As eleições anteriores já
registraram empate e resultado se-
melhante ao deste ano.
O V Congresso foi realizado no
período de 22 a 25 de março, em
Mariápolis, região metropolitana de
Manaus. Os participantes represen-
Festivais mobilizam juventude rural Eleição apertada para a direção da Fetagri/AM
Fetaes garante vitórias durante o Grito da Terra
No estado do Mato Grosso, os
participantes fizeram uma avaliação
dos programas de reforma agrária e
crédito fundiário. No Pará, o foco foi o
desenvolvimento sustentável e a par-
ticipação da juventude no processo
de conscientização das populações
do campo para a preservação da na-
tureza. Trabalho e renda, políticas pú-
blicas e educação foram alguns dos
temas discutidos no Ceará. Já os jo-
vens goianos debateram estratégias
para motivar a juventude do campo a
permanecer no meio rural.
Os quatro eventos reuniram cerca
de mil pessoas. As Fetags de Per-
nambuco (Fetape), Paraná (Fetaep),
Distrito Federal (Feta-DF) vão orga-
nizar seus respectivos festivais em
abril. Os estados de Minas Gerais e
Rio de Janeiro ainda não têm data de-
finida para reunir a juventude
taram 48 sindicatos de trabalhado-
res e trabalhadoras rurais (STTRs).
Esse foi o primeiro congresso que
contou com um documento-base
discutido e aprovado pelos delega-
dos e delegadas.
A presidente reeleita pretende dar
continuidade ao trabalho já inicia-
do. “Nós vamos construir a sede da
Fetagri/AM e ampliar as nossas ações
para todos os municípios do Amazo-
nas”, adianta Elizete.
As ações em favor da reforma
agrária, a implementação de políticas
públicas para escoar a produção da
agricultura familiar, a ampliação do
acesso ao crédito e a regularização
dos STTRs também constam do pro-
grama da nova diretoria da Fetagri/
AM. O V Congresso também aprovou
a criação das Secretarias de Mulhe-
res, Juventude e Terceira Idade.
atendido pelo governo estadual é o
aumento do número de policiais femi-
ninas para atender às mulheres víti-
mas de violência no interior do estado.
O presidente da Fetaes, Paulo
Caralo, avalia que os resultados das
negociações foram positivos: “A
pauta em boa parte foi atendida nas
reuniões de negociação que tivemos
com mais de 20 secretarias estaduais
e órgãos federais.”
O secretário de Terceira Idade da
Contag, Natalino Cassaro, também
comemorou o saldo do Grito da Terra
capixaba e alerta para a necessidade
de os compromissos serem de fato
efetivados. “Vamos continuar cobran-
do, porque o Grito não acaba quando
termina a caminhada na rua”, convo-
ca Natalino.
A pauta ambiental do MSTTR foi discutida pelas lideranças sindicais
jovens durante o Festival Estadual da Juventude no Pará
A chapa encabeçada pela presidente Izete Rodrigues venceu as elei-
ções para a direção da Fetagri/AM pela diferença de apenas um voto
A mobilização de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais nas ruas de
Vitória garantiu conquistas importantes para a categoria
Arquivo Fetagri/PA
Arquivo Fetagri/AM
Arquivo Fetaes
4 J o r n a l d a C o n t a g
Plano dE lutas
Grito da tErra Brasil
Conselho Deliberativo define eixos de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais
Contag entrega pauta do GTB 2010 ao presidente Lula
A primeira reunião do Conselho Deliberativo de 2010 reuniu
cerca de 250 sindicalistas do Sistema Contag, em Brasí-
lia, na terceira semana de março. Eles debateram a estra-
tégia de mobilização e a pauta de reivindicações do Grito da Terra
Brasil (GTB).
Os conselheiros (as) também conheceram os pontos princi-
pais do planejamento estratégico da Contag para os próximos
três anos e discutiram as propostas elaboradas pelos seminá-
rios sobre as finanças do movimento sindical dos trabalhado-
res e trabalhadoras rurais (MSTTR) e o funcionamento das Re-
gionais. “As resoluções que aprovamos constituem os pilares
fundamentais da nossa organização sindical. Essas questões
constavam da agenda do MSTTR desde o 7º Congresso”, expli-
ca Alberto Broch, presidente da Contag.
A intervenção nas eleições gerais de outubro foi outro tema de-
batido pelos membros do Conselho. A vice-presidente Alessandra
Lunas resume o resultado desse debate: “Nós aprovamos relação
dos candidatos a deputado estadual e federal do MSTTR e fize-
mos uma discussão profunda sobre as eleições majoritárias de
2010.” Os nomes dos candidatos a governador e presidente que
serão apoiados pela Contag serão anunciados em maio.
A reunião do Conselho Deliberativo foi concluída com a apro-
vação da prestação de contas do exercício 2009 e da proposta
orçamentária para este ano.
O presidente Lula recebeu a pauta de
reivindicações do Grito da Terra Brasil
(GTB) 2010 logo após o encerramento
da plenária de prestação de contas do Programa
Territórios da Cidadania, no dia 24 de maço, em
Brasília. O documento foi entregue por uma comis-
são de dirigentes da Contag e das Fetags.
A pauta contém 223 itens, com destaque para
a atualização dos índices de produtividade rural,
o aumento da renda dos (as) produtores (as) ru-
rais e a aprovação de uma legislação ambiental
específica para a agricultura familiar. O presidente
Lula designou os ministros Luis Dulci e Guilherme
Cassel, respectivamente da Secretaria Geral da
Presidência da República e do Desenvolvimento
Agrário, para coordenar as negociações. As pri-
meiras rodadas desse processo começam na se-
gunda quinzena de abril.
O MSTTR pretende mobilizar cinco mil trabalha-
dores e trabalhadoras rurais, que deverão participar
das manifestações do GTB 2010 organizadas pela
Contag e Fetags, em Brasília, no dia 12 de maio.
Dirigentes sindicais da Contag e das Fetags aprovam resoluções sobre sustentabilidade político-financeira, funciona-
mento das Regionais e participação do MSTTR no processo eleitoralCésar Ramos
César Ramos
O planejamento estratégico da Contag para os próximos três anos foi apresentado
aos membros do Conselho Deliberativo e às lideranças sindicais que participaram
das reuniões dos Coletivos Setoriais, em Brasília
Alberto Broch entregou a pauta de reivindicações do Grito da Terra Brasil 2010 ao presidente Lula
5J o r n a l d a C o n t a g
EsPEcial
Trabalhadoras rurais celebram Dia Internacional da Mulher em todo o País
Fetags promovem ações para marcar o 8 de Março
Carmen Foro participa de atividades da agenda feminista
As mulheres do campo mar-
charam 116 quilômetros com
cerca de três mil lideranças
do movimento feminista de todo o País
para reivindicar autonomia econômi-
ca, paz e desmilitarização, não violên-
cia contra a mulher e preservação dos
serviços públicos. A manifestação co-
meçou em Campinas (SP) no dia 8 de
março e terminou 10 dias depois com
um ato público no estádio do Pacaem-
bu, na cidade de São Paulo.
O movimento sindical dos tra-
balhadores e trabalhadoras rurais
(MSTTR) mobilizou cerca de 600 li-
deranças sindicais para participar da
Marcha Mundial das Mulheres, que
ocorreu simultaneamente em 51 pa-
íses do mundo. A secretária de Mu-
lheres da Contag, Carmem Foro, con-
sidera que o evento foi extremamente
importante. “Marchamos por motivos
A secretaria de Mulheres da
Contag participou de outras
atividades em março. Ela
representou as trabalhadoras rurais
e a sociedade civil na comemora-
ção do centenário do Dia Internacio-
nal da Mulher, no Rio de Janeiro. O
evento contou com a participação do
presidente Lula, das ministras Dilma
Rousseff e Nilcéa Freire e de outras au-
toridades do governo federal e estadual.
Carmen Foro também representou
a Contag no II Salão dos Territórios
Rurais, em Brasília. O debate sobre
questões de gênero contou com a
participação de representantes do
Conselho Nacional das Populações
Para celebrar o Dia Internacional da Mulher como uma data de luta
para o MSTTR, as trabalhadoras rurais da Contag organizaram vá-
rias atividades em todo o País.
A Fetape mobilizou cerca de 3 mil lideranças sindicais em Recife e en-
tregou uma pauta de reivindicações ao governador Eduardo Campos. A Co-
missão de Mulheres da Fetaep também reforçou uma marcha em Curitiba,
que reuniu várias organizações do movimento de mulheres. No Maranhão,
os sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais promoveram seminá-
rios em várias cidades.
A Fetaesp organizou uma caminhada e um ato público em defesa das
mulheres na cidade de Pontal do Paranapanema. Em Rondônia, as traba-
lhadoras rurais se mobilizaram e divulgaram as bandeiras de luta da Marcha
Mundial de Mulheres.
O centenário do Dia Internacional da Mulher foi comemorado também
na Bahia, no Rio Grande do Sul, no Pará, em Santa Catarina, no Mato
Grosso e em outros estados. “Nós estamos dando passos firmes para o
empoderamento das mulheres. Essa luta tem de estar presente nas ações
cotidianas”, avalia Carmen Foro.
muito justos e reafirmamos a força
que temos para conseguir o que que-
remos”, afirmou.
FORMAçãO – A dirigente da Con-
tag destaca que a Marcha também
foi um momento de formação: “Após
a caminhada diária, as mulheres se
reuniam para participar de debates
e palestras sobre as nossas ban-
deiras de luta.” A médica Aleida
Guevara, filha do comandante Che
Guevara, viajou ao Brasil para par-
ticipar da manifestação e falar sobre
paz e desmilitarização.
O presidente da Contag, Alberto
Broch, esteve presente no ato de en-
cerramento da Marcha. “Não pode-
ríamos deixar de apoiar essa mani-
festação, pois as bandeiras de luta
das mulheres são prioritárias para o
MSTTR”, afirmou Alberto.
Extrativistas, do Movimento Interesta-
dual de Quebradeiras de Coco Baba-
çu, do Centro Feminista 8 de Março e
da organização Sempre Viva Organi-
zação Feminista.
Além disso, a dirigente compa-
receu ao Grito da Terra do Espírito
Santo, que reuniu mais de 3 mil tra-
balhadores e trabalhadoras rurais. O
lema da manifestação foi “Pelo fim
da violência contra as mulheres”. Por
fim, Carmen Foro dialogou com tra-
balhadoras bancárias que participa-
ram da palestra A mulher no mundo
do trabalho: como se organizar para
consolidar direitos, promovida pela
direção da Caixa Econômica Federal.
César Ramos
César Ramos
Veronica Tozzi
6 J o r n a l d a C o n t a g
aGricultura familiar
mEio amBiEntE
Convênio com Banco Mundial apoia comercialização de
produtos da agricultura familiar
Contag cobra solução para o Código Florestal
Transporte gratuito para idosos continua valendo
A Contag assinou no dia 5 de
março, em Petrolina (PE),
convênios com 20 associa-
ções de produtores (as) rurais fami-
liares para financiar projetos piloto de
comercialização de produtos da agri-
cultura familiar. Os projetos vão bene-
ficiar diretamente cerca de 500 famí-
lias do Semi-Árido nordestino e são
apoiados com recursos da parceria
entre a entidade e o Banco Mundial.
O objetivo da parceria é apoiar ini-
ciativas que agreguem valor aos pro-
dutos da agricultura familiar e promo-
vam a venda direta ao consumido final,
aumentando a margem de ganhos do
agricultor. Os projetos selecionados
para receber recursos e assistência
técnica trabalham com agroecologia,
produção e comercialização de mel,
criação de caprinos e cultura de frutas
regionais como caju, umbu e murici.
A Contag pretende destravar
as discussões sobre a alte-
ração do Código Florestal
durante as negociações do Grito da
Terra Brasil 2010. As reuniões com
o Ministério do Meio Ambiente se
arrastam desde maio do ano pas-
sado. Apesar de alguns avanços,
ainda restam entraves, como o reco-
nhecimento do conceito de agricul-
tura familiar, conforme prevê a Lei
nº 11.326/06; e o estabelecimento
do cômputo (contagem) de 100%
da área de preservação permanen-
te (APP) no cálculo da reserva legal
para a agricultura familiar.
A adoção de procedimentos sim-
plificados para averbação da reser-
va legal também não foi resolvida
até o momento. A secretária de Meio
Ambiente da Contag, Rosicleia dos
Santos, defende a necessidade de
se alterar a legislação para adequá-
la à realidade da agricultura familiar.
Ela também critica a criminalização
dos (as) agricultores (as) familiares
O direito de gratuidade e do desconto de 50% da passagem do trans-
porte interestadual de passageiros idosos foi mantido pelo Superior
Tribunal Federal (STF). O plenário do STF confirmou a decisão do
ministro Gilmar Mendes de suspender os efeitos de um mandado de segu-
rança concedido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Essa medida judicial suspendia a gratuidade até que uma ação ajuizada
pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros
(Abrati) contra o artigo 40 do Estatuto do Idoso fosse julgada pela Justiça Federal.
O julgamento do STF foi comemorado pelo secretário de Terceira Idade,
Natalino Cassaro. “Essa é mais uma conquista importante para a terceira
idade e para o movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais,
pois a gratuidade no transporte interestadual para idosos é resultado das
negociações do Grito da Terra Brasil com o governo”, lembra Natalino.
A decisão não é terminativa, porque a Justiça Federal ainda vai julgar a
ação da Abrati. Diante dessa situação, o secretário da Terceira Idade da Con-
tag convoca a categoria para ficar vigilante e mobilizada. “Precisamos fazer
uma pressão mais forte para que essa lei seja aprovada de verdade”, alerta.
e apresenta propostas concretas. “É
preciso que sejam oferecidas alter-
nativas de geração de renda e apoio
técnico e financeiro para a regulariza-
ção dessas propriedades”, sustenta.
A dirigente lembra, ainda, que
essa adequação é necessária em
função de que o modelo de produ-
ção da agricultura familiar é diferen-
ciado, seja pelo uso de tecnologias
de produção adequadas à sua esca-
la produtiva seja devido ao emprego
do manejo sustentável. “A agricultura
familiar traz expressivas vantagens
em relação aos métodos mais con-
vencionais de produção”, justifica.
As reivindicações do GTB 2009
que ainda não foram atendidas pelo
governo federal vêm sendo objeto
de discussão nas reuniões do Con-
selho Nacional do Meio Ambiente
(Conama). “Vamos cobrar do Ministé-
rio do Meio Ambiente a solução para
nossas reivindicações durante as
negociações do Grito da Terra deste
ano”, adianta Rosy.
PAuTA AMBIEnTAL DA COnTAG
• Reconhecimento do conceito de agricultura familiar.
• Definição das atividades da agricultura familiar como de interesse social.
• Pagamento pelos serviços ambientais gerados pela agricultura familiar.
• Autorização das atividades agrícolas de forma sustentável em topos de morros, montes, montanhas, serras e encostas.
• Desconsideraração das regiões alagadas (áreas de várzea) que ultrapas-sem a metragem das matas ciliares definidas por lei como área de preser-vação permanente.
• Admissão, no caso dos imóveis da agricultura familiar, de até 100% (cem por cento) da área de preservação permanente para cálculo do percentual de reserva legal.
• Alocação de recursos financeiros e implementação do Programa Mais Ambiente de regularização ambiental dos imóveis rurais.
O presidente da Contag, Alberto
Broch, considera que o convênio com
o Banco Mundial é uma experiência
pioneira de extrema importância para
a agricultura familiar de todo o País.
“Os resultados dessa parceria podem
embasar outros projetos e alavancar
políticas publicas na área de comer-
cialização para os produtos da agri-
cultura familiar”, explica.
O Banco Mundial deve repassar
um total de R$1,5 milhão para a execu-
ção do Projeto nas quatro sub-regiões
do Semiárido. A Contag já promoveu
oficinas de capacitação dos benefici-
ários no ano passado e deverá orga-
nizar um seminário para avaliar os re-
sultados do projeto até o final do ano.
“A nossa expectativa é melhorar as
condições econômicas e fomentar a
organização social dos agricultores e
agricultoras familiares” aposta Alberto.
tErcEira idadE
Francisco Chaves
Arquivo Contag
A agenda ambiental do movimento sindical dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais será uma prioridades do Grito da Terra Brasil 2010
Os convênios com o Banco Mundial vão garantir recursos financeiros
para capacitar cerca de 500 famílias do Semiárido nordestino
7J o r n a l d a C o n t a g
Política aGrária
Fórum Nacional da Reforma Agrária prepara plebiscito sobre limite de propriedade da terra
Contag implementa programa de fomento à infraestrutura agrícola
A Secretaria de Agricultura Fami-liar (SAF) do Ministério do De-senvolvimento Agrário (MDA)
vai liberar recursos para a compra de equipamentos de infraestrutura para a agricultura familiar. Os cinco projetos negociados com a SAF fazem parte do Sistema Contag de Organização da Produção (Siscop) e de Assistência Técnica e Extensão Rural (Sisater).
Os projetos preveem a aquisição de carros, motocicletas, notebooks, GPS e kit veterinários para agriculto-res (as) familiares da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Além dos equipamentos, as famílias beneficiadas também vão receber assistência técnica.
O Sisater também está presente em Alagoas, Sergipe, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e está iniciando
A Campanha pelo Limite da
Propriedade da Terra foi in-
corporada pela Campanha
da Fraternidade protagonizada pelo
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
do Brasil (Conic). Neste ano, o tema
dessa tradicional agenda das igrejas
cristãs está centrado no debate so-
bre Economia e Vida. Essa decisão
do Conic estimulou o Fórum Nacional
pela Reforma Agrária a organizar um
plebiscito popular para consultar a
sociedade brasileira sobre a fixação
de um limite constitucional para o ta-
manho da terra.
O plebiscito popular será realizado
em setembro, durante a semana das
manifestações do Grito dos Excluídos.
O objetivo da consulta popular é levar
o debate do direito sobre a terra e da
função social da propriedade para a
população. Além de exercitar o voto
direto, o Fórum pela Reforma Agrária
também pretende coletar assinaturas
para subsidiar o processo de apre-
sentação de um projeto de iniciativa
popular, propondo uma emenda cons-
titucional que limite as propriedades
rurais em 35 módulos fiscais.
O secretário de Política Agrária da
Contag, Willian Clementino, conside-
ra que o plebiscito é um ato simbólico
importante para avançar a luta pela
reforma agrária. “Trata-se de uma
suas atividades no Maranhão. A Contag está trabalhando para que o sistema passe a funcionar, ainda em 2010, nas Regiões Norte e Centro-Oeste e se am-plie nas Regiões Nordeste e Sudeste.
AVAnçOS – Essa ampliação será fundamental para garantir a partici-pação nas chamadas públicas publi-cadas a partir do primeiro semestre desse ano. A vantagem será a dis-pensa da formalização de contratos de repasse e convênios.
O secretário de Política Agrícola da Contag, Antoninho Rovaris, anun-cia que o Sisater vai reduzir o proces-so burocrático. “Tudo será mais ágil. Desde a fase de formalização até a prestação de contas”, comemora.
Somente instituições com pelo menos cinco anos de existência legal
poderão concorrer às chamadas pú-blicas. Para aderir ao programa, elas deverão passar por novo processo de credenciamento nos Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS). No estado em que não houver a adesão, os (as)
agricultores (as) familiares poderão fazer o credenciamento diretamente no MDA.
A Lei de Ater entrou em vigor no dia 12 de fevereiro de 2010 e o decre-to para sua regulamentação está em fase de conclusão.
iniciativa legítima. Ele não obrigará
o Estado e o governo a seguirem as
decisões votadas, mas submeterá a
proposta a um julgamento ético e po-
lítico”, esclarece Willian.
O dirigente lembra também que a
campanha pelo limite da propriedade
da terra foi lançada há cerca de três
anos para sensibilizar a sociedade
sobre a realização da reforma agrá-
ria como medida fundamental para
a garantia da soberania alimentar e
territorial. “A terra é utilizada no Brasil
como espaço de especulação, mono-
cultura, exploração de mão de obra
ou degradação ambiental”, afirma.
REDE DE COMunICADORES – Um
grupo de 100 profissionais de comu-
nicação de todo o País criou, no dia 5
de março, no Sindicato dos Jornalis-
tas de São Paulo, a Rede de Comu-
nicadores pela Reforma Agrária. A
proposta é construir estratégias para
combater a ofensiva dos ruralistas
contra os movimentos sociais que lu-
tam pela reforma agrária.
A Rede de Comunicadores já lançou
um blog (www.reformaagraria.blog.br)
para divulgar conteúdos em defesa
da reforma agrária. Além de jorna-
listas, o espaço está aberto à par-
ticipação de radialistas, blogueiros
e comunicadores populares. A pro-
posta dos organizadores é expandir
a rede para outras cidades do País.
Ela será lançada no dia 27 de abril
em Brasília e também está sendo
criada no Ceará.
A Assessoria de Comunicação da
Contag está participando ativamente
da construção da Rede de Comunica-
dores. “Essa iniciativa é fundamental
para organizarmos uma contraofen-
siva para combater a criminalização
dos movimentos sociais e defender a
reforma agrária e a agricultura fami-
liar”, afirma Willian Clementino.
O secretário de Política Agrária da
Contag defende um caráter permanen-
te, plural e amplo para a Rede de Co-
municadores. “Não podemos ficar na
defensiva e focar somente na Comissão
Mista Parlamentar de Inquérito criada
pela bancada ruralista para criminalizar
os movimentos sociais. A Rede precisa
criar pautas positivas para mostrar a
importância da reforma agrária para a
sociedade”, propõe Willian.
Ubirajara Machado
César Ramos
A estratégia de organização do plebiscito sobre limite de propriedade
da terra foi definida durante a plenária do Fórum da Reforma Agrária
O Sistema de Assistência Técnia e Extensão Rural (Sisater) será implantado nas Regiões norte e Centro-Oeste, em 2010
O Manifesto de Apoio à criação da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária está disponível na página da Contag
(www.contag.org.br/Secretarias/Política Agrária/Documentos).
Política aGrícola
8 J o r n a l d a C o n t a g
convErsa dE Pé dE ouvido
Governo Lula não resolveu a questão do campo
Quais serão as principais bandei-
ras de luta da CTB em 2010?
Basicamente são três bandeiras
de luta: a redução da jornada de tra-
balho, a reforma agrária e o que a
gente está chamando de Conclat, o
Encontro Nacional da Classe Traba-
lhadora, que vai produzir um progra-
ma de governo para entregar ao can-
didato à Presidência da República.
Quais são as chances de o Con-
gresso nacional aprovar neste ano
o projeto de redução da jornada de
trabalho?
A dificuldade que estamos encon-
trando, já que é uma proposta feita
por todas as Centrais, é que o pre-
sidente do Congresso não coloca a
matéria em votação. Se o projeto for
colocado em votação, temos grande
possibilidade de ganhar. A jornada
de trabalho de 40 horas geraria ime-
diatamente cerca de 2,5 milhões de
empregos. Então, toda a nossa bata-
lha agora é que vá para votação essa
bandeira, que ajudaria muito a gerar
empregos e a distribuir renda.
Como o senhor avalia o Programa
nacional de Reforma Agrária no go-
verno Lula?
Acho que o governo Lula ficou de-
vendo na questão rural. É claro que
deu uma melhorada. Mas, pelo po-
tencial do campo brasileiro, pela ne-
cessidade do Brasil em produzir ali-
mentos, poderia fazer muito mais. O
programa que vamos apresentar para
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expediente
o próximo candidato ou candidata à
Presidência da República terá como
questão forte esse problema do cam-
po. Nós achamos que o Brasil tem de
investir mais no campo, investir mais
na reforma agrária, na agricultura fa-
miliar, quer dizer, nós temos aí muita
dívida com o trabalhador rural que
tem de ser paga.
Quais são as iniciativas concretas
da CTB em favor da reforma agrá-
ria? Qual é o grau de prioridade da
reforma agrária no plano de lutas
estratégicas da central?
Nós tratamos em pé de igualdade
tanto a questão da reforma agrária
quanto os problemas dos trabalhado-
res da cidade. Achamos que a refor-
ma agrária tem um papel importante
de gerar emprego no campo, de pro-
duzir alimentos para um país que já
está beirando mais de 200 milhões
de habitantes. Então, a ideia nossa é
jogar muito peso para que o gover-
no invista nessa área, coisa que nós
achamos que o governo Lula não fez
e a gente tem a expectativa que isso
ocorra agora.
Como vocês analisam a política
agrícola brasileira? Quais devem
ser as políticas estruturantes para
consolidar o desenvolvimento rural
sustentável?
Acho que a questão do campo
é uma das principais lacunas que o
governo Lula não conseguiu resolver.
Nós temos na base da CTB várias
federações rurais, inclusive a do Rio
Grande do Sul, com quem a gente
conversa muito. Então, essa questão
do campo é uma das prioridades que
vamos botar nesse programa porque,
infelizmente, nós não conseguimos
avançar muito nesse serviço.
O MSTTR vem desenvolvendo há
mais de dez anos o Projeto Alter-
nativo de Desenvolvimento Rural
Sustentável e Solidário (PADRSS).
Quais são as ações que a CTB po-
dem desencadear com os trabalha-
dores (as) rurais para fortalecer as
propostas do PADRSS?
A primeira coisa que temos que
trabalhar é a aproximação dos traba-
lhadores rurais com os urbanos para
que um saiba da dificuldade que
o outro tem. Então, uma coisa que
tem de ser investida para resolver a
questão do campo é a reforma agrá-
ria, é o financiamento para a agricul-
tura familiar, é o financiamento para
equipamentos e insumos. Quer dizer,
o campo brasileiro tem condições de
ser um instrumento importante de
geração de emprego e de renda, in-
clusive de exportação. Essas provi-
dências vão ajudar muito o Brasil por
meio dos que trabalham no campo
como um todo.
Como a CTB deve intervir no pro-
cesso eleitoral? A central sindical
deve apoiar um candidato único?
A nossa intenção é fazer uma pro-
posta de governo que tenha como
questão central o desenvolvimento
do Brasil, a valorização do trabalho
e a distribuição de renda. Depois
queremos fazer um debate e no dia
1º de junho deste ano vamos aprovar
essa proposta. Esse documento será
entregue ao candidato ou à candi-
data que tenha condições de imple-
mentar esse programa, que vai dar
continuidade, na nossa opinião, a
esse projeto que vem sendo desen-
volvido pelo governo Lula. Agora,
nós temos mais cinco centrais e não
sabemos se vamos ter acordo com
todas. A possibilidade é grande de
essa proposta ser entregue para só
uma candidata. Mas isso ainda não
está resolvido, nós temos de discutir
isso com as outras centrais.
Quais são as propostas da CTB
para ampliar e consolidar uma rela-
ção político-sindical com a Contag
em defesa dos interesses dos tra-
balhadores e trabalhadoras rurais?
A Contag é a principal confede-
ração de trabalhadores rurais do
mundo. Estamos, inclusive, fazendo
várias discussões para ver como a
gente junta, de forma mais eficaz, as
bandeiras dos trabalhadores da ci-
dade com as do campo. Com essa
dobradinha, a possibilidade da ques-
tão rural ganhar prioridade aumenta.
Isolados, os trabalhadores do campo
e da cidade não têm condições de
resolver os problemas. Achamos que
a junção é que vai ajudar a melhorar
a situação no Brasil.
Leia a íntegra desta entrevista no site www.contag.org.br/entrevistas.
César Ramos
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, avalia que
o presidente Lula não priorizou a reforma agrária. Ele também considera que o governo não explorou o
potencial de geração de emprego e renda do campo. A reforma agrária é uma das bandeiras prioritárias
da CTB, que também defende a realização de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora para
produzir uma proposta de programa de governo para o próximo presidente da República. A central só
vai definir quem vai apoiar em junho deste ano. O sindicalista defende, ainda, a unidade do campo e da
cidade para resolver os problemas da classe trabalhadora brasileira.