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ANO VII | NÚMERO 67 | MARÇO/ABRIL 2010 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) CONTAG 2 º F e s t i v a l N a c i o n a l d a J u v e n t u d e R u r a l - J u l h o 2 0 1 0 Trabalhadoras rurais participam da Marcha Mundial de Mulheres Lula recebe pauta do Grito da Terra CONVERSA DE PÉ DE OUVIDO O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil,Wagner Gomes, cobra empenho do governo federal para implementar a reforma agrária e defende a unidade do campo e da cidade para fortalecer a classe trabalhadora. Pág. 8 PLANO DE LUTAS Conselho Deliberativo da Contag aprova resoluções sobre funcionamento das Regionais, sustentabilidade político-financeira e atuação do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no processo eleitoral. Pág. 4 Pág. 4 Pág. 5

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A N O V I I | N Ú M E R O 6 7 | M A R ç O / A b R I l 2 010

CONfEdER AçãO NACIONAl dOs TR AbAlhAdOREs NA AgRICulTuR A (CONTAg)

CONTAG

Fe s t i v a l N a c i o n a l

da Juventude Rural - Julh

o 20

10

BRASIL

®

Trabalhadoras rurais participam da Marcha Mundial de Mulheres

Lula recebe pauta do Grito da Terra

Conversa de Pé de ouvidoO presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Wagner Gomes, cobra empenho do governo federal para implementar a reforma agrária e defende a unidade do campo e da cidade para fortalecer a classe trabalhadora.

Pág. 8

Plano de lutasConselho Deliberativo da Contag aprova resoluções sobre funcionamento das Regionais, sustentabilidade político-financeira e atuação do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no processo eleitoral.

Pág. 4

Pág. 4

Pág. 5

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2 J o r n a l d a C o n t a g

Editorial

Jogar força na construção do GTB 2010

PElo Brasil afora

Conflito no Pará

A Contag e Fetagri/PA participaram de audiên-

cia pública, no final de março, em Brasília, para

cobrar da Procuradoria Nacional do Incra uma so-

lução urgente e definitiva para o conflito na reserva

indígena Apytereua, no sul do Pará. Cerca de 300

famílias ocupam a área desde 2004. A Funai fez o

procedimento legal e o processo de demarcação

logo após a identificação das terras como reserva

indígena. No entanto, o Incra ainda não encontrou

outra área para remanejar e reassentar os traba-

lhadores e trabalhadoras rurais. Nova reunião foi

agendada para o dia 19 de abril, em Marabá, para

resolver o problema.

Reajuste salarial

O piso salarial de três categorias profissionais

do meio rural no estado de São Paulo foi reajustado

em março. Os trabalhadores (as) agropecuários,

florestais e pescadores de São Paulo passaram de

R$ 505 para R$ 56. O menor salário para opera-

dores (as) de máquinas e implementos agrícolas

e florestais era de R$ 530 e agora será R$ 570.

Já o piso dos administradores (as) agropecuários

e florestais passará para R$ 580. Os reajustes fo-

ram estabelecidos pela Lei Estadual nº 12.640, que

também beneficia trabalhadores (as) urbanos (as)

e entrou em vigor no dia 1º de abril.

Trabalho escravo

A Fetaeg e o Sindicato dos Trabalhadores Ru-

rais de Nova Crixás flagraram 14 trabalhadores

rurais em situação degradante em uma carvoaria

do município goiano. O fato foi denunciado ao Mi-

nistério do Trabalho de Emprego e ao Ibama. As

vítimas trabalhavam sem equipamentos de segu-

rança, recebiam alimentação de péssima qualida-

de e possuíam carteira assinada. Os trabalhado-

res foram recrutados pelo proprietário da fazenda

Mata Preta, em Abaeté (MG).

Reeleição na Paraíba

Com 98,2% dos votos válidos, o atual pre-

sidente da Federação dos Trabalhadores na

Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag/PB),

Liberalino Ferreira de Lucena, foi reconduzido

ao cargo. As eleições foram realizadas no dia 24

de março. A chapa única recebeu 466 votos dos

473 delegados e delegadas que participaram do

pleito. A solenidade de posse da nova diretoria

eleita para o quadriênio 2010-1014 está marcada

para o dia 7 de maio, na sede da Fetag/PB, em

João Pessoa.

Crédito fundiário

Os coordenadores das Comissões de Jovens

e os secretários de Política Agrária da Fetaep,

da Fetaesc e da Fetag/RS cobraram do ministro

do Planejamento, Paulo Bernardo, o aumento do

teto do Programa Nacional de Crédito Fundiário

e a liberação dos Grupos 2 e 3 do Programa Na-

cional de Habitação Rural (PNHR). A audiência

ocorreu em Brasília, no dia 24 de março. Os diri-

gentes reivindicaram o aumento de recurso para

contratação de unidades habitacionais na Re-

gião Sul. Eles também querem que o Conselho

Monetário Nacional baixe uma resolução para

liberar apresentação de propostas para os gru-

pos 2 e 3 do PNHR. O ministro assumiu o com-

promisso de colocar as propostas na pauta da

próoxima reunião do CMN, em abril.

Posse na Fetarn

A diretoria da Federação dos Trabalhadores

na Agricultura do Estado do Rio Grande do Nor-

te (Fetarn) foi empossada no dia 30 de março.

A nova direção foi eleita no 8º Congresso Esta-

dual da categoria, realizado nos dias 23 a 25

de fevereiro. O presidente empossado, Ambró-

sio Lins do Nascimento, disse que a expecta-

tiva é dar continuidade ao trabalho que vinha

sendo desenvolvido pelo ex-presidente Manoel

Cândido. A reunião para discutir e elaborar o

planejamento estratégico da Fetarn está marca-

do para a segunda semana de abril.

O Grito da Terra Brasil (GTB)

será a principal mobiliza-

ção de massa do movi-

mento sindical dos trabalhadores e

trabalhadoras rurais (MSTTR) no pri-

meiro semestre deste ano. A nossa

expectativa é reunir mais de cinco

mil lideranças do MSTTR em Brasília

no dia 12 de maio.

Essa estimativa foi confirmada, na

terceira semana de março, pelo Con-

selho Deliberativo da Contag, que

também aprovou as reivindicações da

16º edição do GTB. As Fetags apre-

sentaram emendas à primeira versão

da pauta, que também foi submetida

às discussões dos Coletivos Temáti-

cos. Desse modo, podemos afirmar

que a proposta apresentada ao go-

verno federal é bastante qualificada

e foi construída de forma coletiva por

centenas de dirigentes do MSTTR.

A versão final da pauta foi entre-

gue ao presidente da República no

dia 24 de março por uma comitiva

formada por dirigentes da Contag

e das Fetags. As negociações do

Grito da Terra deste ano acontecem

às vésperas do início da campanha

eleitoral e no último ano do segundo

mandato do governo Lula.

Na audiência de entrega da

pauta do GTB 2010 fizemos ques-

tão de apontar essa particula-

ridade ao presidente Lula. Nós

também deixamos claro que espe-

ramos dar um salto de qualidade

nas negociações. O nosso objetivo

é reduzir a dívida social que o Es-

tado brasileiro tem com os traba-

lhadores e as trabalhadoras rurais,

sobretudo em relação ao acesso à

terra e à distribuição de renda e

de riqueza no campo.

Desse modo, não ficaremos satis-

feitos somente com o aumento dos

recursos para o Pronaf. Queremos

colocar em pauta medidas concretas

para atualizar os níveis de produtivi-

dade rural e aumentar a renda dos

agricultores e as agricultoras familia-

res. Vamos priorizar, então, a libera-

ção de recursos orçamentários para

a desapropriação e a aquisição de

terras, o fortalecimento das ações de

assistência técnica e a implementa-

ção de políticas de comercialização

da produção.

A pauta do GTB deste ano dá

ênfase especial para a educação

do campo e para a adequação da

legislação ambiental à realidade da

agricultura familiar. Vamos priorizar

também as reivindicações dos as-

salariados rurais, das mulheres e

da juventude.

A direção da Contag também

está apresentando a pauta do GTB

2010 ao parlamento brasileiro. Os

presidentes do Senado Federal, se-

nador José Sarney, e da Câmara dos

Deputados, deputado Michel Temer,

deverão receber as demandas espe-

cificas dos trabalhadores (as) rurais

para o Congresso Nacional. A pauta

será entregue ainda a entidades da

sociedade civil, como OAB, CNBB e

organizações não governamentais.

Mas esses movimentos serão inócu-

os se não apostarmos na mobilização

da categoria. É preciso que nos pró-

ximos dias as Fetags convoquem as

nossas lideranças em todo o País para

participar do processo de negociação

com o governo e realizar o maior Grito

da Terra dos últimos tempos.

Alberto Ercílio BrochPresidente da Contag

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3J o r n a l d a C o n t a g

PElo Brasil afora

Em março, as Fetags do Ce-

ará (Fetraece), Mato Grosso

(Fetagri/MT), Pará (Fetag/PA) e

Ceará (Fetraece), com o apoio da

Contag, promoveram os Festivais Es-

taduais da Juventude. Os jovens dos

quatro estados discutiram temas im-

portantes, como sucessão rural, refor-

ma agrária, acesso às políticas públi-

cas e formação e organização sindical.

Os encontros fazem parte das

preparações para o 2º Festival Nacio-

nal da Juventude Rural, programado

para o mês, de junho, em Brasília.

A secretária de Jovens da Contag,

Ângela Maria, fala do espírito dos

participantes. “A juventude não quer

mais ficar parada, ela quer lutar por

seus direitos. O ano eleitoral cria as

condições adequadas para discu-

tirmos as políticas públicas voltadas

para os jovens do campo” afirma.

O governo do Espírito Santo

assumiu o compromisso de

construir 800 casas na zona

rural do estado e de aumentar o nú-

mero de profissionais de assistência

técnica e extensão rural para atender

à agricultura familiar. Essas conquis-

tas são resultados da quinta edição

do Grito Estadual da Terra capixaba,

que reuniu mais de três mil trabalha-

dores e trabalhadoras em Vitória, no

dia 9 de março.

A Federação dos Trabalhadores na

Agricultura do Espírito Santo (Fetaes)

também conquistou a ampliação das

áreas públicas para a reforma agrá-

ria e a melhoria na infraestrutura da

Câmara Técnica do Programa Nacio-

nal de Crédito Fundiário. Outro ponto

da pauta de reivindicações que será

Os 196 delegados e dele-

gadas que participaram

do V Congresso Estadual

dos Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais do Amazonas elegeram a nova

diretoria da Fetagri-AM. A chapa 2

Unidos para Vencer, encabeçada

pela atual presidente Izete Rodrigues

Rabelo, venceu a disputa pela dife-

rença de apenas um voto.

A chapa derrotada, Atuação na

Base foi liderada pela secretária de

Finanças e Administração, Maria

Lucinete Nicácio de Lima. O estado

tem tradição de disputas eleitorais

acirradas. As eleições anteriores já

registraram empate e resultado se-

melhante ao deste ano.

O V Congresso foi realizado no

período de 22 a 25 de março, em

Mariápolis, região metropolitana de

Manaus. Os participantes represen-

Festivais mobilizam juventude rural Eleição apertada para a direção da Fetagri/AM

Fetaes garante vitórias durante o Grito da Terra

No estado do Mato Grosso, os

participantes fizeram uma avaliação

dos programas de reforma agrária e

crédito fundiário. No Pará, o foco foi o

desenvolvimento sustentável e a par-

ticipação da juventude no processo

de conscientização das populações

do campo para a preservação da na-

tureza. Trabalho e renda, políticas pú-

blicas e educação foram alguns dos

temas discutidos no Ceará. Já os jo-

vens goianos debateram estratégias

para motivar a juventude do campo a

permanecer no meio rural.

Os quatro eventos reuniram cerca

de mil pessoas. As Fetags de Per-

nambuco (Fetape), Paraná (Fetaep),

Distrito Federal (Feta-DF) vão orga-

nizar seus respectivos festivais em

abril. Os estados de Minas Gerais e

Rio de Janeiro ainda não têm data de-

finida para reunir a juventude

taram 48 sindicatos de trabalhado-

res e trabalhadoras rurais (STTRs).

Esse foi o primeiro congresso que

contou com um documento-base

discutido e aprovado pelos delega-

dos e delegadas.

A presidente reeleita pretende dar

continuidade ao trabalho já inicia-

do. “Nós vamos construir a sede da

Fetagri/AM e ampliar as nossas ações

para todos os municípios do Amazo-

nas”, adianta Elizete.

As ações em favor da reforma

agrária, a implementação de políticas

públicas para escoar a produção da

agricultura familiar, a ampliação do

acesso ao crédito e a regularização

dos STTRs também constam do pro-

grama da nova diretoria da Fetagri/

AM. O V Congresso também aprovou

a criação das Secretarias de Mulhe-

res, Juventude e Terceira Idade.

atendido pelo governo estadual é o

aumento do número de policiais femi-

ninas para atender às mulheres víti-

mas de violência no interior do estado.

O presidente da Fetaes, Paulo

Caralo, avalia que os resultados das

negociações foram positivos: “A

pauta em boa parte foi atendida nas

reuniões de negociação que tivemos

com mais de 20 secretarias estaduais

e órgãos federais.”

O secretário de Terceira Idade da

Contag, Natalino Cassaro, também

comemorou o saldo do Grito da Terra

capixaba e alerta para a necessidade

de os compromissos serem de fato

efetivados. “Vamos continuar cobran-

do, porque o Grito não acaba quando

termina a caminhada na rua”, convo-

ca Natalino.

A pauta ambiental do MSTTR foi discutida pelas lideranças sindicais

jovens durante o Festival Estadual da Juventude no Pará

A chapa encabeçada pela presidente Izete Rodrigues venceu as elei-

ções para a direção da Fetagri/AM pela diferença de apenas um voto

A mobilização de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais nas ruas de

Vitória garantiu conquistas importantes para a categoria

Arquivo Fetagri/PA

Arquivo Fetagri/AM

Arquivo Fetaes

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4 J o r n a l d a C o n t a g

Plano dE lutas

Grito da tErra Brasil

Conselho Deliberativo define eixos de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais

Contag entrega pauta do GTB 2010 ao presidente Lula

A primeira reunião do Conselho Deliberativo de 2010 reuniu

cerca de 250 sindicalistas do Sistema Contag, em Brasí-

lia, na terceira semana de março. Eles debateram a estra-

tégia de mobilização e a pauta de reivindicações do Grito da Terra

Brasil (GTB).

Os conselheiros (as) também conheceram os pontos princi-

pais do planejamento estratégico da Contag para os próximos

três anos e discutiram as propostas elaboradas pelos seminá-

rios sobre as finanças do movimento sindical dos trabalhado-

res e trabalhadoras rurais (MSTTR) e o funcionamento das Re-

gionais. “As resoluções que aprovamos constituem os pilares

fundamentais da nossa organização sindical. Essas questões

constavam da agenda do MSTTR desde o 7º Congresso”, expli-

ca Alberto Broch, presidente da Contag.

A intervenção nas eleições gerais de outubro foi outro tema de-

batido pelos membros do Conselho. A vice-presidente Alessandra

Lunas resume o resultado desse debate: “Nós aprovamos relação

dos candidatos a deputado estadual e federal do MSTTR e fize-

mos uma discussão profunda sobre as eleições majoritárias de

2010.” Os nomes dos candidatos a governador e presidente que

serão apoiados pela Contag serão anunciados em maio.

A reunião do Conselho Deliberativo foi concluída com a apro-

vação da prestação de contas do exercício 2009 e da proposta

orçamentária para este ano.

O presidente Lula recebeu a pauta de

reivindicações do Grito da Terra Brasil

(GTB) 2010 logo após o encerramento

da plenária de prestação de contas do Programa

Territórios da Cidadania, no dia 24 de maço, em

Brasília. O documento foi entregue por uma comis-

são de dirigentes da Contag e das Fetags.

A pauta contém 223 itens, com destaque para

a atualização dos índices de produtividade rural,

o aumento da renda dos (as) produtores (as) ru-

rais e a aprovação de uma legislação ambiental

específica para a agricultura familiar. O presidente

Lula designou os ministros Luis Dulci e Guilherme

Cassel, respectivamente da Secretaria Geral da

Presidência da República e do Desenvolvimento

Agrário, para coordenar as negociações. As pri-

meiras rodadas desse processo começam na se-

gunda quinzena de abril.

O MSTTR pretende mobilizar cinco mil trabalha-

dores e trabalhadoras rurais, que deverão participar

das manifestações do GTB 2010 organizadas pela

Contag e Fetags, em Brasília, no dia 12 de maio.

Dirigentes sindicais da Contag e das Fetags aprovam resoluções sobre sustentabilidade político-financeira, funciona-

mento das Regionais e participação do MSTTR no processo eleitoralCésar Ramos

César Ramos

O planejamento estratégico da Contag para os próximos três anos foi apresentado

aos membros do Conselho Deliberativo e às lideranças sindicais que participaram

das reuniões dos Coletivos Setoriais, em Brasília

Alberto Broch entregou a pauta de reivindicações do Grito da Terra Brasil 2010 ao presidente Lula

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5J o r n a l d a C o n t a g

EsPEcial

Trabalhadoras rurais celebram Dia Internacional da Mulher em todo o País

Fetags promovem ações para marcar o 8 de Março

Carmen Foro participa de atividades da agenda feminista

As mulheres do campo mar-

charam 116 quilômetros com

cerca de três mil lideranças

do movimento feminista de todo o País

para reivindicar autonomia econômi-

ca, paz e desmilitarização, não violên-

cia contra a mulher e preservação dos

serviços públicos. A manifestação co-

meçou em Campinas (SP) no dia 8 de

março e terminou 10 dias depois com

um ato público no estádio do Pacaem-

bu, na cidade de São Paulo.

O movimento sindical dos tra-

balhadores e trabalhadoras rurais

(MSTTR) mobilizou cerca de 600 li-

deranças sindicais para participar da

Marcha Mundial das Mulheres, que

ocorreu simultaneamente em 51 pa-

íses do mundo. A secretária de Mu-

lheres da Contag, Carmem Foro, con-

sidera que o evento foi extremamente

importante. “Marchamos por motivos

A secretaria de Mulheres da

Contag participou de outras

atividades em março. Ela

representou as trabalhadoras rurais

e a sociedade civil na comemora-

ção do centenário do Dia Internacio-

nal da Mulher, no Rio de Janeiro. O

evento contou com a participação do

presidente Lula, das ministras Dilma

Rousseff e Nilcéa Freire e de outras au-

toridades do governo federal e estadual.

Carmen Foro também representou

a Contag no II Salão dos Territórios

Rurais, em Brasília. O debate sobre

questões de gênero contou com a

participação de representantes do

Conselho Nacional das Populações

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher como uma data de luta

para o MSTTR, as trabalhadoras rurais da Contag organizaram vá-

rias atividades em todo o País.

A Fetape mobilizou cerca de 3 mil lideranças sindicais em Recife e en-

tregou uma pauta de reivindicações ao governador Eduardo Campos. A Co-

missão de Mulheres da Fetaep também reforçou uma marcha em Curitiba,

que reuniu várias organizações do movimento de mulheres. No Maranhão,

os sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais promoveram seminá-

rios em várias cidades.

A Fetaesp organizou uma caminhada e um ato público em defesa das

mulheres na cidade de Pontal do Paranapanema. Em Rondônia, as traba-

lhadoras rurais se mobilizaram e divulgaram as bandeiras de luta da Marcha

Mundial de Mulheres.

O centenário do Dia Internacional da Mulher foi comemorado também

na Bahia, no Rio Grande do Sul, no Pará, em Santa Catarina, no Mato

Grosso e em outros estados. “Nós estamos dando passos firmes para o

empoderamento das mulheres. Essa luta tem de estar presente nas ações

cotidianas”, avalia Carmen Foro.

muito justos e reafirmamos a força

que temos para conseguir o que que-

remos”, afirmou.

FORMAçãO – A dirigente da Con-

tag destaca que a Marcha também

foi um momento de formação: “Após

a caminhada diária, as mulheres se

reuniam para participar de debates

e palestras sobre as nossas ban-

deiras de luta.” A médica Aleida

Guevara, filha do comandante Che

Guevara, viajou ao Brasil para par-

ticipar da manifestação e falar sobre

paz e desmilitarização.

O presidente da Contag, Alberto

Broch, esteve presente no ato de en-

cerramento da Marcha. “Não pode-

ríamos deixar de apoiar essa mani-

festação, pois as bandeiras de luta

das mulheres são prioritárias para o

MSTTR”, afirmou Alberto.

Extrativistas, do Movimento Interesta-

dual de Quebradeiras de Coco Baba-

çu, do Centro Feminista 8 de Março e

da organização Sempre Viva Organi-

zação Feminista.

Além disso, a dirigente compa-

receu ao Grito da Terra do Espírito

Santo, que reuniu mais de 3 mil tra-

balhadores e trabalhadoras rurais. O

lema da manifestação foi “Pelo fim

da violência contra as mulheres”. Por

fim, Carmen Foro dialogou com tra-

balhadoras bancárias que participa-

ram da palestra A mulher no mundo

do trabalho: como se organizar para

consolidar direitos, promovida pela

direção da Caixa Econômica Federal.

César Ramos

César Ramos

Veronica Tozzi

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6 J o r n a l d a C o n t a g

aGricultura familiar

mEio amBiEntE

Convênio com Banco Mundial apoia comercialização de

produtos da agricultura familiar

Contag cobra solução para o Código Florestal

Transporte gratuito para idosos continua valendo

A Contag assinou no dia 5 de

março, em Petrolina (PE),

convênios com 20 associa-

ções de produtores (as) rurais fami-

liares para financiar projetos piloto de

comercialização de produtos da agri-

cultura familiar. Os projetos vão bene-

ficiar diretamente cerca de 500 famí-

lias do Semi-Árido nordestino e são

apoiados com recursos da parceria

entre a entidade e o Banco Mundial.

O objetivo da parceria é apoiar ini-

ciativas que agreguem valor aos pro-

dutos da agricultura familiar e promo-

vam a venda direta ao consumido final,

aumentando a margem de ganhos do

agricultor. Os projetos selecionados

para receber recursos e assistência

técnica trabalham com agroecologia,

produção e comercialização de mel,

criação de caprinos e cultura de frutas

regionais como caju, umbu e murici.

A Contag pretende destravar

as discussões sobre a alte-

ração do Código Florestal

durante as negociações do Grito da

Terra Brasil 2010. As reuniões com

o Ministério do Meio Ambiente se

arrastam desde maio do ano pas-

sado. Apesar de alguns avanços,

ainda restam entraves, como o reco-

nhecimento do conceito de agricul-

tura familiar, conforme prevê a Lei

nº 11.326/06; e o estabelecimento

do cômputo (contagem) de 100%

da área de preservação permanen-

te (APP) no cálculo da reserva legal

para a agricultura familiar.

A adoção de procedimentos sim-

plificados para averbação da reser-

va legal também não foi resolvida

até o momento. A secretária de Meio

Ambiente da Contag, Rosicleia dos

Santos, defende a necessidade de

se alterar a legislação para adequá-

la à realidade da agricultura familiar.

Ela também critica a criminalização

dos (as) agricultores (as) familiares

O direito de gratuidade e do desconto de 50% da passagem do trans-

porte interestadual de passageiros idosos foi mantido pelo Superior

Tribunal Federal (STF). O plenário do STF confirmou a decisão do

ministro Gilmar Mendes de suspender os efeitos de um mandado de segu-

rança concedido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Essa medida judicial suspendia a gratuidade até que uma ação ajuizada

pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros

(Abrati) contra o artigo 40 do Estatuto do Idoso fosse julgada pela Justiça Federal.

O julgamento do STF foi comemorado pelo secretário de Terceira Idade,

Natalino Cassaro. “Essa é mais uma conquista importante para a terceira

idade e para o movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais,

pois a gratuidade no transporte interestadual para idosos é resultado das

negociações do Grito da Terra Brasil com o governo”, lembra Natalino.

A decisão não é terminativa, porque a Justiça Federal ainda vai julgar a

ação da Abrati. Diante dessa situação, o secretário da Terceira Idade da Con-

tag convoca a categoria para ficar vigilante e mobilizada. “Precisamos fazer

uma pressão mais forte para que essa lei seja aprovada de verdade”, alerta.

e apresenta propostas concretas. “É

preciso que sejam oferecidas alter-

nativas de geração de renda e apoio

técnico e financeiro para a regulariza-

ção dessas propriedades”, sustenta.

A dirigente lembra, ainda, que

essa adequação é necessária em

função de que o modelo de produ-

ção da agricultura familiar é diferen-

ciado, seja pelo uso de tecnologias

de produção adequadas à sua esca-

la produtiva seja devido ao emprego

do manejo sustentável. “A agricultura

familiar traz expressivas vantagens

em relação aos métodos mais con-

vencionais de produção”, justifica.

As reivindicações do GTB 2009

que ainda não foram atendidas pelo

governo federal vêm sendo objeto

de discussão nas reuniões do Con-

selho Nacional do Meio Ambiente

(Conama). “Vamos cobrar do Ministé-

rio do Meio Ambiente a solução para

nossas reivindicações durante as

negociações do Grito da Terra deste

ano”, adianta Rosy.

PAuTA AMBIEnTAL DA COnTAG

• Reconhecimento do conceito de agricultura familiar.

• Definição das atividades da agricultura familiar como de interesse social.

• Pagamento pelos serviços ambientais gerados pela agricultura familiar.

• Autorização das atividades agrícolas de forma sustentável em topos de morros, montes, montanhas, serras e encostas.

• Desconsideraração das regiões alagadas (áreas de várzea) que ultrapas-sem a metragem das matas ciliares definidas por lei como área de preser-vação permanente.

• Admissão, no caso dos imóveis da agricultura familiar, de até 100% (cem por cento) da área de preservação permanente para cálculo do percentual de reserva legal.

• Alocação de recursos financeiros e implementação do Programa Mais Ambiente de regularização ambiental dos imóveis rurais.

O presidente da Contag, Alberto

Broch, considera que o convênio com

o Banco Mundial é uma experiência

pioneira de extrema importância para

a agricultura familiar de todo o País.

“Os resultados dessa parceria podem

embasar outros projetos e alavancar

políticas publicas na área de comer-

cialização para os produtos da agri-

cultura familiar”, explica.

O Banco Mundial deve repassar

um total de R$1,5 milhão para a execu-

ção do Projeto nas quatro sub-regiões

do Semiárido. A Contag já promoveu

oficinas de capacitação dos benefici-

ários no ano passado e deverá orga-

nizar um seminário para avaliar os re-

sultados do projeto até o final do ano.

“A nossa expectativa é melhorar as

condições econômicas e fomentar a

organização social dos agricultores e

agricultoras familiares” aposta Alberto.

tErcEira idadE

Francisco Chaves

Arquivo Contag

A agenda ambiental do movimento sindical dos trabalhadores e

trabalhadoras rurais será uma prioridades do Grito da Terra Brasil 2010

Os convênios com o Banco Mundial vão garantir recursos financeiros

para capacitar cerca de 500 famílias do Semiárido nordestino

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7J o r n a l d a C o n t a g

Política aGrária

Fórum Nacional da Reforma Agrária prepara plebiscito sobre limite de propriedade da terra

Contag implementa programa de fomento à infraestrutura agrícola

A Secretaria de Agricultura Fami-liar (SAF) do Ministério do De-senvolvimento Agrário (MDA)

vai liberar recursos para a compra de equipamentos de infraestrutura para a agricultura familiar. Os cinco projetos negociados com a SAF fazem parte do Sistema Contag de Organização da Produção (Siscop) e de Assistência Técnica e Extensão Rural (Sisater).

Os projetos preveem a aquisição de carros, motocicletas, notebooks, GPS e kit veterinários para agriculto-res (as) familiares da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Além dos equipamentos, as famílias beneficiadas também vão receber assistência técnica.

O Sisater também está presente em Alagoas, Sergipe, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e está iniciando

A Campanha pelo Limite da

Propriedade da Terra foi in-

corporada pela Campanha

da Fraternidade protagonizada pelo

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs

do Brasil (Conic). Neste ano, o tema

dessa tradicional agenda das igrejas

cristãs está centrado no debate so-

bre Economia e Vida. Essa decisão

do Conic estimulou o Fórum Nacional

pela Reforma Agrária a organizar um

plebiscito popular para consultar a

sociedade brasileira sobre a fixação

de um limite constitucional para o ta-

manho da terra.

O plebiscito popular será realizado

em setembro, durante a semana das

manifestações do Grito dos Excluídos.

O objetivo da consulta popular é levar

o debate do direito sobre a terra e da

função social da propriedade para a

população. Além de exercitar o voto

direto, o Fórum pela Reforma Agrária

também pretende coletar assinaturas

para subsidiar o processo de apre-

sentação de um projeto de iniciativa

popular, propondo uma emenda cons-

titucional que limite as propriedades

rurais em 35 módulos fiscais.

O secretário de Política Agrária da

Contag, Willian Clementino, conside-

ra que o plebiscito é um ato simbólico

importante para avançar a luta pela

reforma agrária. “Trata-se de uma

suas atividades no Maranhão. A Contag está trabalhando para que o sistema passe a funcionar, ainda em 2010, nas Regiões Norte e Centro-Oeste e se am-plie nas Regiões Nordeste e Sudeste.

AVAnçOS – Essa ampliação será fundamental para garantir a partici-pação nas chamadas públicas publi-cadas a partir do primeiro semestre desse ano. A vantagem será a dis-pensa da formalização de contratos de repasse e convênios.

O secretário de Política Agrícola da Contag, Antoninho Rovaris, anun-cia que o Sisater vai reduzir o proces-so burocrático. “Tudo será mais ágil. Desde a fase de formalização até a prestação de contas”, comemora.

Somente instituições com pelo menos cinco anos de existência legal

poderão concorrer às chamadas pú-blicas. Para aderir ao programa, elas deverão passar por novo processo de credenciamento nos Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS). No estado em que não houver a adesão, os (as)

agricultores (as) familiares poderão fazer o credenciamento diretamente no MDA.

A Lei de Ater entrou em vigor no dia 12 de fevereiro de 2010 e o decre-to para sua regulamentação está em fase de conclusão.

iniciativa legítima. Ele não obrigará

o Estado e o governo a seguirem as

decisões votadas, mas submeterá a

proposta a um julgamento ético e po-

lítico”, esclarece Willian.

O dirigente lembra também que a

campanha pelo limite da propriedade

da terra foi lançada há cerca de três

anos para sensibilizar a sociedade

sobre a realização da reforma agrá-

ria como medida fundamental para

a garantia da soberania alimentar e

territorial. “A terra é utilizada no Brasil

como espaço de especulação, mono-

cultura, exploração de mão de obra

ou degradação ambiental”, afirma.

REDE DE COMunICADORES – Um

grupo de 100 profissionais de comu-

nicação de todo o País criou, no dia 5

de março, no Sindicato dos Jornalis-

tas de São Paulo, a Rede de Comu-

nicadores pela Reforma Agrária. A

proposta é construir estratégias para

combater a ofensiva dos ruralistas

contra os movimentos sociais que lu-

tam pela reforma agrária.

A Rede de Comunicadores já lançou

um blog (www.reformaagraria.blog.br)

para divulgar conteúdos em defesa

da reforma agrária. Além de jorna-

listas, o espaço está aberto à par-

ticipação de radialistas, blogueiros

e comunicadores populares. A pro-

posta dos organizadores é expandir

a rede para outras cidades do País.

Ela será lançada no dia 27 de abril

em Brasília e também está sendo

criada no Ceará.

A Assessoria de Comunicação da

Contag está participando ativamente

da construção da Rede de Comunica-

dores. “Essa iniciativa é fundamental

para organizarmos uma contraofen-

siva para combater a criminalização

dos movimentos sociais e defender a

reforma agrária e a agricultura fami-

liar”, afirma Willian Clementino.

O secretário de Política Agrária da

Contag defende um caráter permanen-

te, plural e amplo para a Rede de Co-

municadores. “Não podemos ficar na

defensiva e focar somente na Comissão

Mista Parlamentar de Inquérito criada

pela bancada ruralista para criminalizar

os movimentos sociais. A Rede precisa

criar pautas positivas para mostrar a

importância da reforma agrária para a

sociedade”, propõe Willian.

Ubirajara Machado

César Ramos

A estratégia de organização do plebiscito sobre limite de propriedade

da terra foi definida durante a plenária do Fórum da Reforma Agrária

O Sistema de Assistência Técnia e Extensão Rural (Sisater) será implantado nas Regiões norte e Centro-Oeste, em 2010

O Manifesto de Apoio à criação da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária está disponível na página da Contag

(www.contag.org.br/Secretarias/Política Agrária/Documentos).

Política aGrícola

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8 J o r n a l d a C o n t a g

convErsa dE Pé dE ouvido

Governo Lula não resolveu a questão do campo

Quais serão as principais bandei-

ras de luta da CTB em 2010?

Basicamente são três bandeiras

de luta: a redução da jornada de tra-

balho, a reforma agrária e o que a

gente está chamando de Conclat, o

Encontro Nacional da Classe Traba-

lhadora, que vai produzir um progra-

ma de governo para entregar ao can-

didato à Presidência da República.

Quais são as chances de o Con-

gresso nacional aprovar neste ano

o projeto de redução da jornada de

trabalho?

A dificuldade que estamos encon-

trando, já que é uma proposta feita

por todas as Centrais, é que o pre-

sidente do Congresso não coloca a

matéria em votação. Se o projeto for

colocado em votação, temos grande

possibilidade de ganhar. A jornada

de trabalho de 40 horas geraria ime-

diatamente cerca de 2,5 milhões de

empregos. Então, toda a nossa bata-

lha agora é que vá para votação essa

bandeira, que ajudaria muito a gerar

empregos e a distribuir renda.

Como o senhor avalia o Programa

nacional de Reforma Agrária no go-

verno Lula?

Acho que o governo Lula ficou de-

vendo na questão rural. É claro que

deu uma melhorada. Mas, pelo po-

tencial do campo brasileiro, pela ne-

cessidade do Brasil em produzir ali-

mentos, poderia fazer muito mais. O

programa que vamos apresentar para

Jornal da Contag - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretária de Relações Internacionais Alessandra da Costa Lunas | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Antonio Lucas Filho | Finanças e Administração Manoel José dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto |Secretário Geral David Wylkerson Rodrigues de Souza | Jovens Trabalhadores Rurais Maria Elenice Anastácio | Meio Ambiente Rosicléia dos Santos |Mulheres Trabalhadoras Rurais Carmen Helena Ferreira Foro | Política Agrária Willian Clementino da Silva Matias | Política Agrícola Antoninho Rovaris | Políticas Sociais José Wilson Gonçalves | Terceira Idade Natalino Cassaro | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Assessoria de Comunicação Jacumã - Soluções Criativas em Comunicação Ltda. | Edição Ronaldo de Moura | Reportagem Adriana Mendes, Gil Maranhão, Iara Balduíno, Maíra Lima, Suzana Campos, Verônica Tozzi | Projeto Gráfico Wagner Ulisses e Fabrício Martins | Diagramação Fabrício Martins | Revisão Joira Coelho | Impressão Dupligráfica

expediente

o próximo candidato ou candidata à

Presidência da República terá como

questão forte esse problema do cam-

po. Nós achamos que o Brasil tem de

investir mais no campo, investir mais

na reforma agrária, na agricultura fa-

miliar, quer dizer, nós temos aí muita

dívida com o trabalhador rural que

tem de ser paga.

Quais são as iniciativas concretas

da CTB em favor da reforma agrá-

ria? Qual é o grau de prioridade da

reforma agrária no plano de lutas

estratégicas da central?

Nós tratamos em pé de igualdade

tanto a questão da reforma agrária

quanto os problemas dos trabalhado-

res da cidade. Achamos que a refor-

ma agrária tem um papel importante

de gerar emprego no campo, de pro-

duzir alimentos para um país que já

está beirando mais de 200 milhões

de habitantes. Então, a ideia nossa é

jogar muito peso para que o gover-

no invista nessa área, coisa que nós

achamos que o governo Lula não fez

e a gente tem a expectativa que isso

ocorra agora.

Como vocês analisam a política

agrícola brasileira? Quais devem

ser as políticas estruturantes para

consolidar o desenvolvimento rural

sustentável?

Acho que a questão do campo

é uma das principais lacunas que o

governo Lula não conseguiu resolver.

Nós temos na base da CTB várias

federações rurais, inclusive a do Rio

Grande do Sul, com quem a gente

conversa muito. Então, essa questão

do campo é uma das prioridades que

vamos botar nesse programa porque,

infelizmente, nós não conseguimos

avançar muito nesse serviço.

O MSTTR vem desenvolvendo há

mais de dez anos o Projeto Alter-

nativo de Desenvolvimento Rural

Sustentável e Solidário (PADRSS).

Quais são as ações que a CTB po-

dem desencadear com os trabalha-

dores (as) rurais para fortalecer as

propostas do PADRSS?

A primeira coisa que temos que

trabalhar é a aproximação dos traba-

lhadores rurais com os urbanos para

que um saiba da dificuldade que

o outro tem. Então, uma coisa que

tem de ser investida para resolver a

questão do campo é a reforma agrá-

ria, é o financiamento para a agricul-

tura familiar, é o financiamento para

equipamentos e insumos. Quer dizer,

o campo brasileiro tem condições de

ser um instrumento importante de

geração de emprego e de renda, in-

clusive de exportação. Essas provi-

dências vão ajudar muito o Brasil por

meio dos que trabalham no campo

como um todo.

Como a CTB deve intervir no pro-

cesso eleitoral? A central sindical

deve apoiar um candidato único?

A nossa intenção é fazer uma pro-

posta de governo que tenha como

questão central o desenvolvimento

do Brasil, a valorização do trabalho

e a distribuição de renda. Depois

queremos fazer um debate e no dia

1º de junho deste ano vamos aprovar

essa proposta. Esse documento será

entregue ao candidato ou à candi-

data que tenha condições de imple-

mentar esse programa, que vai dar

continuidade, na nossa opinião, a

esse projeto que vem sendo desen-

volvido pelo governo Lula. Agora,

nós temos mais cinco centrais e não

sabemos se vamos ter acordo com

todas. A possibilidade é grande de

essa proposta ser entregue para só

uma candidata. Mas isso ainda não

está resolvido, nós temos de discutir

isso com as outras centrais.

Quais são as propostas da CTB

para ampliar e consolidar uma rela-

ção político-sindical com a Contag

em defesa dos interesses dos tra-

balhadores e trabalhadoras rurais?

A Contag é a principal confede-

ração de trabalhadores rurais do

mundo. Estamos, inclusive, fazendo

várias discussões para ver como a

gente junta, de forma mais eficaz, as

bandeiras dos trabalhadores da ci-

dade com as do campo. Com essa

dobradinha, a possibilidade da ques-

tão rural ganhar prioridade aumenta.

Isolados, os trabalhadores do campo

e da cidade não têm condições de

resolver os problemas. Achamos que

a junção é que vai ajudar a melhorar

a situação no Brasil.

Leia a íntegra desta entrevista no site www.contag.org.br/entrevistas.

César Ramos

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, avalia que

o presidente Lula não priorizou a reforma agrária. Ele também considera que o governo não explorou o

potencial de geração de emprego e renda do campo. A reforma agrária é uma das bandeiras prioritárias

da CTB, que também defende a realização de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora para

produzir uma proposta de programa de governo para o próximo presidente da República. A central só

vai definir quem vai apoiar em junho deste ano. O sindicalista defende, ainda, a unidade do campo e da

cidade para resolver os problemas da classe trabalhadora brasileira.