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ID Nº 85
Determinação de Surfactantes Aniônicos em amostras de água e efluentes pela técnica
da Microextração em tubo.
Autor: Júlio César Mato Grosso de Sousa. Co-Autora: Sandra Regina Novaes de Oliveira
Luz
1- Resumo
A determinação de Surfactantes Aniônicos é exigida pela Portaria nº 2914/2011 e pela
Resolução nº 357/2005, como parâmetro da qualidade das águas potáveis e
ambientais. A metodologia tradicional de extração líquido-líquido, prevista no
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW), possui
baixa produtividade e redunda na geração de grande volume de resíduos líquidos
perigosos e de difícil manejo, além de exigir uma marcha analítica complexa e
demorada. As metodologias alternativas disponíveis no mercado que utilizam Kits de
análises são dispendiosas. A técnica da Microextração em tubo foi desenvolvida no
Laboratório Central da EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A.) em
2007, aprovada pelos métodos de validação de técnicas analíticas previstos nos
Standard Methods e é aplicada nas rotinas laboratoriais da empresa há dez anos. A
Microextração em tubo é caracterizada pela simplicidade da marcha analítica, que
reduz a incidência de erros aleatórios e minimiza a emissão de resíduos líquidos
perigosos, por reduzir em 96% o uso do Clorofórmio na extração, em comparação com
a metodologia tradicional (Standard Methods 22th
Ed. 5540-C). Além destas
vantagens, a técnica é capaz de obter resultados analíticos de 25 amostras em 30
minutos, demonstrando grande produtividade. No ano de 2016, a EMBASA participou
do Programa de Ensaios de Proficiência em Análises Ambientais, promovido pela
Rede Metrológica do Rio Grande do Sul, utilizando a técnica da Microextração em
tubo. Dos 53 laboratórios públicos e privados que participaram da rodada, onde estava
incluída a análise de Surfactantes Aniônicos, a técnica obteve o 3º melhor resultado do
país, em termos de exatidão. Desta forma, o robusto conjunto de evidências internas e
externas apresentadas demonstram a eficiência metrológica da técnica desenvolvida.
Palavras chave: surfactantes, análise, metrologia
2- Introdução
Os surfactantes são compostos orgânicos cuja estrutura molecular apresenta
simultaneamente grupos hidrofóbicos, de baixa polaridade e grupos hidrofílicos com
polaridade relativamente elevada. A coexistência de forças opostas na mesma
molécula redunda em dois fenômenos: A agregação e a adsorção1. Moléculas de
surfactantes em meio aquoso irão migrar para as interfaces ar/água e partículas/água
orientadas de forma a minimizar o quanto possível o contato da porção hidrofóbica
com a água (adsorção). Este processo altera as propriedades da superfície, entre elas a
tensão superficial da água, agregando aos surfactantes suas propriedades tensoativas.
Outro mecanismo limitante do contato entre a porção hidrofóbica da molécula é a
agregação, que consiste na formação de arranjos tridimensionais polimoleculares,
onde a terminação hidrofílica orienta-se para a água e a porção apolar da molécula
permanece em seu interior, gerando estrutura de forma esférica, cilíndrica ou lamelar,
conforme a concentração do surfactante. Esta agregação é conhecida como
Micelização.
Existe uma grande variedade de grupos químicos com características hidrofílicas:
estruturas moleculares não iônicas, com características anfóteras e grupamentos com
cargas positivas ou cargas negativas. Quando a terminação hidrofílica da molécula é
negativa, a substância é conhecida como surfactante aniônico. Entre os grupamentos
hidrofílicos mais conhecidos presentes em surfactantes aniônicos estão os sulfatos,
sulfonatos, éter fosfatos e carboxilatos, ligados a cadeias longas, lineares ou
ramificadas, com ou sem grupamentos aromáticos.
Segundo a ACMITE MARKETING INTELLIGENCE (2013)2 a produção mundial de
Surfactantes foi de 14,63 milhões de toneladas em 2011. Com grande aplicação
prática, os surfactantes aniônicos são utilizados na produção de detergentes para uso
doméstico e industrial constituindo, portanto, uma parcela significativa da carga
orgânica dos efluentes lançados no solo, cursos de água e nos oceanos.
A ação ecotóxica dos Surfactantes aniônicos é vastamente descrita na literatura.
Helenius e Simons (1975)3
relatam o mecanismo da ação tóxica dos surfactantes em
microorganismos, atuando na ruptura da membrana celular através da interação com
seus compostos lipídicos bem como através da reação com enzimas essenciais ao
funcionamento das células. Venhuis e Mehrvar (2004)4 indicam que efeitos
prejudiciais do Linear Alquil Benzeno Sulfonato (LAS) à reprodução de invertebrados
e problemas com a biota em ambientes marginais lênticos e lóticos já ocorrem em
concentrações de 40 a 60 mg LAS/L. Os mesmos autores indicam que concentrações
abaixo de 1,0 mg LAS/L em ambiente aquático já induzem o excesso de excreção nas
guelras dos peixes, prejudicando seu funcionamento. Além disso, as propriedades
tensoativas dos surfactantes promovem a formação de espumas, que prejudicam o
processo de autodepuração dos rios. VERGE e MORENO (2000)5 indicam que a
toxicidade aguda do LAS varia de 1,7 mg/L a 27 mg/L.
A resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)6, de 17 de
março de 2005 dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes. Os limites máximos estabelecidos nesta Resolução para a
concentração de Substâncias tensoativas que reagem ao Azul de Metileno é de 0,5 mg
LAS/L em águas doces e 0,2 mg LAS/L para águas salinas e salobras, em suas
respectivas classes de enquadramento. Por outro lado, a Portaria nº 2914 do Ministério
da Saúde7 de 12 de dezembro de 2011, que dispõe sobre os procedimentos de controle
e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade, estabelece o limite de 0,5 mg LAS/L.
Os limites acima expostos exigem dos Laboratórios metodologias analíticas
suficientemente precisas e exatas, de forma que as concentrações de surfactantes
aniônicos mensuradas permitam a correta tomada de decisão sobre a operação dos
Sistemas de Abastecimento de água e a gestão dos Recursos Hídricos. Outra
dificuldade adicional à questão analítica dos surfactantes aniônicos é a variedade de
estruturas químicas do grupo de compostos que compõe o seu escopo e a forma como
o parâmetro está expresso na legislação. Ao reunir os surfactantes no grupo das
―substâncias tensoativas que reagem ao Azul de Metileno‖, cuja concentração está
expressa em miligrama de LAS por litro, a Resolução nº 357/2005 do CONAMA
exclui metodologias analíticas que determinem individualmente os surfactantes
aniônicos presentes na amostra, tais como os métodos cromatográficos. Desta forma, a
segurança jurídica e técnica da tomada de decisão só é possível se utilizarmos
metodologias analíticas baseadas no Azul de Metileno, cátion orgânico que reage com
surfactantes aniônicos, produzindo um par iônico de baixa polaridade e intensamente
colorido, passível de extração por solvente e mensuração espectrométrica.
O Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012)8, bem
como suas edições anteriores estabelece na seção 5540.C a metodologia padrão,
baseada na extração com o solvente Clorofórmio do par iônico obtido pela reação do
azul de metileno com os surfactantes aniônicos, através de três extrações sucessivas
com este solvente. A rigor, todas as substâncias ativas ao azul do metileno, inclusive
ânions inorgânicos com alta prevalência como o Cloreto, o Nitrato e o Sulfato podem
formar pares iônicos passíveis de extração, exigindo etapas sucessivas de
retrolavagens de forma a evitar erros positivos oriundos destes interferentes.
Não obstante ao fato da metodologia do Standard Methods... (2012) ser a técnica
padrão em nível mundial, sua marcha analítica é longa e trabalhosa, o que
compromete a produtividade dos laboratórios e precisão dos resultados, além de exigir
amplo espaço físico para sua execução e gerar grande quantidade Clorofórmio,
resíduo perigoso, de difícil manejo e destinação final.
Empresas como a Merck-Millipore9 oferecem Kits de análise para Surfactantes
aniônicos com melhor produtividade e reduzida geração de resíduos, porém com custo
unitário elevado.
Neste contexto, a metodologia de Microextração em tubo foi desenvolvida e validada
no Laboratório Central da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA),
oferecendo uma solução técnica rápida, exata, limpa e pouco custosa para a análise de
surfactantes aniônicos em amostras de águas e efluentes.
O presente trabalho apresenta as etapas da validação da nova metodologia analítica a
partir do ano de 2007, sob o contexto das diretrizes implantadas no Laboratório da
EMBASA à época: Aumento de produtividade, redução de custos e minimização de
resíduos perigosos. Após o crivo dos critérios de validação analítica impostas pelo
Standard Methods, a metodologia foi homologada e é utilizada de modo intensivo ao
longo dos últimos dez anos. Por fim, será apresentado o desempenho do método no
Programa de Ensaios de Proficiência em Análises Ambientais promovido pela Rede
Metrológica do Rio Grande do Sul, na etapa realizada no ano de 2016.
3- Objetivo
Apresentar a metodologia de determinação de Surfactantes Aniônicos pela técnica da
microextração em tudo, evidenciando sua aplicabilidade técnica e validade
metrológica.
4- Métodos e Materiais
O desenvolvimento da técnica da Microextração em Tubo partiu da premissa da
redução de escala dos métodos tradicionais, aproveitando os recursos materiais
disponíveis. Modelou-se a marcha analítica, verificando-se a estabilidade do par
iônico na fase orgânica e o efeito dos interferentes aniônicos mais importantes em
amostras de água. Após esta etapa, validou-se o método através dos protocolos do
SMEWW e, em seguida, apurou-se o aumento da produtividade e a redução da
emissão de resíduos.
4.1 Equipamentos, vidrarias e materiais
• Capela
• Espectrofotômetro 652 nm
• Refrigerador ± 4ºC
• Balão Volumétrico de 50 mL
• Béquer de 50 mL
• Pipeta volumétrica de 5 mL
• Tubos de Surfactantes.
• Micropipetas de 1 a 10 mL, de 100 a 1000 µL e respectivas ponteiras.
• Papel de pH
• Ácido Clorídrico 1 N
• Clorofórmio P.A.
• Hidróxido de sódio 1N
• Solução Stock de 100 mg LAS/L
• Solução de Condicionamento E1 e Solução Complexante E2
4.2 – Ensaio de estabilidade
Foram efetuadas análises em intervalos de tempo controlado, em uma amostra de água
tratada, fortificada com 0,1 e 0,2 mg LAS/L, com replicatas executadas por dez
analistas diferentes.
4.3 – Avaliação de Interferentes
Foram analisadas réplicas de um padrão de 0,1 mg LAS/L em 24 ensaios, fortificados
com concentrações crescentes de Cloreto, Nitrato e Sulfato.
4.4 - Procedimento para execução da análise
4.4.1 -Verificar se o pH da amostra está na faixa de 5 a 9 ajustando-o se for o caso.
4.4.2 - Identificar os tubos lavados e secos, os quais já contêm 4,0 mL de clorofórmio.
4.4.3 - Utilizando uma micropipeta, medir 5,0 mL de cada amostra previamente
agitada, inclusive as replicatas e amostras que serão usadas como matriz fortificada.
4.4.4 - Medir 5,0 mL de água destilada, como BRANCO e PADRÃO. (Fig. 1).
4.4.5 - Em todos os tubos, acrescentar três gotas do Reagente E1. NÃO AGITAR.
4.4.6 - Acrescentar três gotas do Reagente E2. NÃO AGITAR. (Fig. 2)
4.4.7 - Fechar os tubos firmemente.
4.4.8 - Agitar vigorosamente os tubos por exatos trinta segundos.
4.4.9- Deixar os tubos em repouso por 20 minutos.
4.4.10- Ler as concentrações no espectrofotômetro em 652 nm (Fig. 3).
Fig. 1 – Medida das amostras Fig. 2 – Introdução do Reagente
E2.
Fig. 3 – Leitura das amostras no
Espectrofotômetro.
4.5 - Procedimento para execução da curva de calibração analítica
4.5.1 - Medir 5,0 mL da Solução Stock de 100 mg LAS/L para um balão de 50,0 mL
utilizando uma pipeta volumétrica de 5 mL para a confecção do padrão de 10 mg
LAS/L
4.5.2 - Preparar padrões de 0,0; 0,05; 0,10; 0,15; 0,20; 0,30; 0,50; 0,80; 1,00; 1,50 e
2,00 a partir da solução padrão do item 4.5.1,
4.5.3 - Medir os volumes acima utilizando micropipetas diversas e transferir
diretamente para o tubo de análise (previamente acrescido com 4 mL de clorofórmio).
4.5.4 - Proceder a análise, conforme o procedimento, anotando as absorbâncias de
cada padrão.
4.5.5 - Introduzir a curva analítica na memória do espectrofotômetro.
4.6 - Procedimento para a validação do método.
Aplicou-se o procedimento de validação de métodos constante no Standard Methods
for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW) (6), seção 1040.B e testes
adicionais:
4.6.1 – Determinação do limite de detecção;
Foram realizados 30 ensaios com uma amostra de água tratada, fortificada com 0,1 mg
LAS/L
4.6.2 – Análises de amostras desconhecidas e Matrizes Fortificadas;
Foram analisadas duas amostras: água bruta e esgoto bruto, em dez replicatas in
natura e fortificadas com 0,2 e 1 mg LAS/L, respectivamente.
4.6.4 – Avaliação da Robustez do Método;
Foram realizados ensaios de robustez do método, que consistem em introduzir
pequenas variações na marcha analítica para apurar o seu efeito sobre o resultado final
da análise, através de uma matriz fatorial e utilizando as seguintes variáveis: Volume
de CHCl3 ( mL), volume da Amostra, volume do reagente E1 (gotas), volume do E2
(gotas) , tempo de agitação (segundos), temperatura de estocagem e tempo de espera
(minutos).
4.7 – Apuração do aumento da produtividade e redução na emissão de resíduos
Realizada a comparação entre o método padrão descrito no SMEWW Seção 5540 C e
a técnica de Microextração em tubo, em termos do tempo para execução das análises e
o volume de Clorofórmio utilizado para a execução de uma amostra.
5- Resultados e Discussão
5.1 – Ensaio de Estabilidade
A figura 4 ilustra os resultados do ensaio de estabilidade, onde se relaciona o tempo de
leitura e o valor médio dos dez resultados obtidos:
Fig. 4: Ensaio de Estabilidade.
Os resultados demonstram que em vinte minutos o par iônico apresenta-se no centro de
um patamar de estabilidade que se estende até trinta minutos, indicando que a leitura
executada após vinte minutos de repouso garante que as fases aquosas e orgânicas se
acomodam satisfatoriamente gerando estabilidade na leitura da concentração no
espectrofotômetro.
5.2 – Avaliação de Interferentes.
As Figuras 5, 6 e 7 demonstram os resultados dos ensaios de interferentes
Fig. 5: Interferência de Cloretos
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
mg L
AS/L
Tempo de Leitura (minutos)
Ensaio de Estabilidade
16338 + 0,1 mg LAS/l 16338 + 0,2 mg LAS/l
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0 200 400 600 800 1000 1200
Ab
sorb
ânci
a
Concentração de Cloreto no Padrão ( mg Cl/L)
Interferência de Cloretos
Fig. 6: Interferência de Nitratos
Fig. 7: Interferência de Sulfatos
Nota-se que a interferência do Cloreto e do Nitrato torna-se mais significativa acima de
500 mg Cl-/L e 10 mg NO3
—N/L. No que tange à interferência do Sulfato, os resultados
oscilaram em torno do média ao longo de toda faixa de concentração do teste, não sendo
identificada tendência significativa até 400 mg SO4-2
/l. Cabe salientar que esta
concentrações estão bem acima da média de valores encontrados em amostras de água da
analisadas pela EMBASA.
5.3 – Curva de Calibração
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 10 20 30 40 50 60
Ab
sorb
ânci
a
Concentração de Nitrato no Padrão ( mg NO3-N/L)
Interferência de Nitratos
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0 100 200 300 400 500
Ab
sorb
ânci
a
Concentração de Sulfato no Padrão ( mg SO4/L)
Interferência de Sulfatos
A Figura 8 demonstra a curva de calibração obtida no primeiro ensaio após o ajuste da
marcha analítica. Observa-se a grande faixa de linearidade e o coeficiente de regressão
linear próximo de 1.
Fig. 8: Curva de Calibração
5.4 – Determinação do limite de detecção.
Os trinta ensaios realizados em uma amostra de água tratada, fortificada com 0,1 mg
LAS/L, analisados em condições de reprodutibilidade renderam um desvio padrão de
0,0133 mg LAS/L, indicando o ―ruído‖ da análise. Caracterizando-se o Limite de
Detecção (LD) como a menor concentração estatisticamente distinguível do ruído, ou
seja, qualquer sinal três vezes maior que o ruído, estabeleceu-se o LD de 0,04 mg
LAS/L. Comparando-se o LD obtido com as concentrações máximas estabelecidas nas
Resolução CONAMA 357/2005 e Portaria nº 2914/2001 nota-se que este é inferior a
um décimo destas concentrações, permitindo a adequada tomada de decisão em função
dos resultados analíticos obtidos.
5.5 – Análises de amostras desconhecidas e Matrizes Fortificadas;
A tabela 1 abaixo indica os resultados das análises de água bruta e esgoto bruto, em
dez replicatas in natura e fortificadas com 0,2 e 1 mg LAS/L, respectivamente. As
matrizes fortificadas renderam recuperações compatíveis com a faixa aceitável,
demonstrando que o efeito matriz é desprezível na técnica de Microextração em tubo,
mesmo em matrizes complexas.
Amostra Replicatas Leitura da Adição Padrão 0,2 mg/L
Concentração Recuperada na
amostra
Desvio Padrão no Padrão de 0,5 mg/L (SD)
Média da Concentração Recuperada na Amostra(MR)
Faixa Requerida para a recuperação:
MR +/- 2SD
Água 0,1 0,3 0,2 0,04 0,18 0,12 A
y = 2,342x - 0,042R² = 0,999
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
mg
LAS/
L
Absorbância
Curva de Calibração
Bruta 0,1 0,28 0,18 0,28 0,1 0,28 0,18
0,1 0,28 0,18
0,1 0,27 0,17
0,1 0,29 0,19
0,11 0,27 0,16
0,1 0,28 0,18
0,1 0,3 0,2
0,11 0,27 0,16
Amostra Replicatas Leitura da Adição
Padrão 1 mg/L
Concentração Recuperada na
amostra
Desvio Padrão no Padrão de 0,5 mg/L (SD)
Média da Concentração Recuperada na Amostra(MR)
Faixa Requerida para a recuperação:
MR +/- 2SD
Esgoto Bruto
6,75 7,4 0,65
0,04 0,98 0,92 A 1,08
6,55 7,5 0,95
6,45 7,55 1,1
6,55 7,7 1,15
6,55 7,6 1,05
6,5 7,5 1
6,35 7,55 1,2
6,55 7,35 0,8
6,6 7,45 0,85
6,6 7,65 1,05
Tabela 1- Análise de amostras desconhecidas e Matrizes fortificadas
5.6 – Avaliação da Robustez do Método;
O ensaio de avaliação da robustez mensura estatisticamente quais os fatores da marcha
analítica influenciam de forma mais significativa na precisão do método. O resultado da
diferença entre os fatores estatísticos padrão e modificado indicam que as operações unitárias
que mais influenciam a precisão da técnica foram, nesta ordem, o volume de Clorofórmio, o
tempo de espera para a execução da leitura, o tempo de agitação e o volume da amostra. Estes
resultados coadunam com os princípios físico-químicos da extração líquido-líquido, já que os
volumes relativos das fases influenciam o coeficiente de distribuição do soluto entre as fases e
o tempo de agitação influencia a área da superfície de contato entre as fases, alterando a
cinética da transferência do par iônico da fase aquosa para a fase orgânica.
Fatores do Método CÓD CONDIÇÕES
Padrão (MAIÚSCULA) Modificada (minúscula)
Volume de CHCl3 ( mL) A ou a 4 4,2
Volume da Amostra B ou b 5 5,1
Volume do E1 (gotas) C ou c 3 4
Volume do E2 (gotas) D ou d 3 4
Tempo de agitação (segundos) E ou e 30 25
Temperatura de estocagem F ou f 20ºC Ambiente
Tempo de espera (min.) G ou g 20 60
Ensaio Leitura em mg/L Padrão (mg/L) COMBINAÇÃO 1 0,49 0,50 A B C D E F G
2 0,55 0,50 A B c D e f g
3 0,65 0,50 A b C d E f g
4 0,49 0,50 A b c d e F G
5 0,04 0,50 a B C d e F g
6 0,6 0,50 a B c d E f G
7 0,59 0,50 a b C D e f G
8 0,42 0,50 a b c D E F g
FATOR ESTATISTICO PADRÃO 0,545 0,42 0,4425 0,5125 0,54 0,36 0,5425
FATOR ESTATISTICO MODIFICADO 0,4125 0,5375 0,515 0,445 0,4175 0,375 0,415
DIFERENÇA 0,1325 -0,1175 -0,073 0,067 0,123 -0,015 0,128
Tabela 2 – Análise da robustez do método de micro extração em tubo.
5.7- Apuração do aumento da produtividade e redução na emissão de resíduos
Mensurou-se o tempo de cinco horas (medidas em hora-homem) para a execução de 25
amostras utilizando-se a metodologia clássica (SMEWW 5540.C). As mesmas 25
amostras foram analisadas em 30 minutos pela técnica de Microextração em tubo, o que
equivale em uma produtividade 10 vezes maior.
Por outro lado, a metodologia SMEWW 5540.C utiliza 100 mL de Clorofórmio por
amostra enquanto a técnica de Microextração em tubo utiliza 4 mL, representando uma
redução de 96% na emissão de resíduos perigosos.
5.8 – Participação no Programa Interlaboratorial.
A técnica de Microextração em tubo foi utilizada pela EMBASA no Programa de Ensaios
de Proficiência em Análises Ambientais promovida pela Rede Metrológica do Rio Grande
do Sul no ano de 2016, do qual participaram 53 Laboratórios públicos e privados do
Brasil. A Figura 9 abaixo demonstra que a técnica de Microextração em Tubo obteve o
terceiro menor Escore Z absoluto entre o Laboratórios participantes, indicando a terceira
melhor exatidão.
Fig. 9: Fator Escore Z Exatidão – Amostra Única.
6- Conclusões
A técnica de Microextração em tubo demonstrou ser aplicável em amostras de águas e
efluentes, com precisão, exatidão e robustez necessárias. Ressalva-se que elevadas
concentrações de Cloretos e Nitratos geram interferências de matriz, contornáveis
através do uso de técnicas de adição padrão na quantificação. De qualquer forma a sua
aplicabilidade é muito ampla, já que as concentrações de Cloreto e Nitrato que geram
efeitos de matriz significativos são raras em amostras de águas doces e efluentes. Ao
longo de dez anos de uso, a técnica de Microextração em tubo obteve ótimos
resultados nas ferramentas de garantia da qualidade analítica a ela aplicáveis, com
desempenho superior a 90 % de aprovação nas replicatas e acima de 95% em padrões
e matrizes fortificadas. A participação bem sucedida no Programa de Ensaio de
Proficiência em Análises Ambientais promovida pela Rede Metrológica do Rio
Grande do Sul corrobora estas conclusões, qualificando a técnica de Microextração em
Tubo como alternativa ao método SMEWW 5540.C e aos Kits de análise disponíveis
no mercado, nos que tange à consistência metrológica, baixa emissão de resíduos
perigosos, grande produtividade e custo módico relativo.
7- Reconhecimentos e Agradecimentos
Agradeço aos profissionais técnicos em Química que colaboraram na obtenção dos resultados,
à EMBASA pelo suporte e infraestrutura oferecidos para os ensaios e ao titular da Gerência
de Controle da Qualidade de Águas e Efluentes pelo apoio e reconhecimento
8- Referências Bibliográficas
(1) FARN, Richard J. (Ed.). Chemistry and technology of surfactants. John Wiley &
Sons, 2008.
(2) ACMITE MARKETING INTELLIGENCE, Global Surfactant Market: Markets,
Products, Applications, Innovations, Chances & Risks, Competition, Prospects to
2020.Volume 1. Ratingen, 2013. 245 p.
(3) HELENIUS A & SIMONS K. Solubilization of membranes by detergents. Biochim.
Biophys. Acta 415:29-79, 1975
(4) VENHUIS, S. H.; MEHRVAR, M. Health effects, environmental impacts, and
photochenical degradation of selected surfactants in water. International Journal
of photoenergy, v. 6,n. 3,p. 115-125, 2004.
(5) VERGE, C.; MORENO, A.; BRAVO,J.; BERNA, J.L. Influence of water hardness on
the bioavailability and toxicity of linear alkylbenzenesulphonate (LAS).
Chemosphere, v.44,n.8, p. 1749-1757, 2001.
(6) CONAMA, Resolução. 357, de 17 de Março de 2005. Conselho Nacional do Meio
Ambiente-CONAMA, v. 357, 2005.
(7) BRASIL, Portaria MS. no. 2914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os
procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo e seu
padrão de potabilidade, 2011
(8) APHA. American Public Health Association – Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater, New YorK: 2012, 22 ed
(9) https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Surfactants-%28anionic%29-
Cell-Test,MDA_CHEM-102552 acessado em 06/07/2017 às 08:29
.
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