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IDENTIDADE, REPRESENTAÇÃO E MEMÓRIA: A FESTA COMO SOCIABILIDADE NA CIDADE DE BORDA DA MATA –
MG
CLEYTON ANTONIO DA COSTA∗ ANDREA SILVA DOMINGUES∗
Este artigo tem como objetivo problematizar e discutir as maneiras de ver e fazer a
festa de Nossa Senhora do Carmo na cidade de Borda da Mata, localizada no Sul de Minas
Gerais, com seus diferentes significados que a ela são atribuídos pela população local. Assim,
buscamos entender como os homens e mulheres deste espaço social se agenciam com o
festejo religioso (por ser organizado pela Igreja) uma das práticas culturais e sociais
mais esperadas pela comunidade. É a partir desse recorte cultural que poderemos
compreender as diferentes memórias e sentidos relacionados à festa, e como os
trabalhos da cidade de diferentes gerações se agenciam nesta rede social.
Para se entender os diferentes significados que a festa possui se torna pertinente
discutir o festejar, ou seja, a categoria festa. Festejar, momento em que o sujeito social
rompe com sua rotina de trabalho e assim, parte para momento de lazer, de religiosidade
e de sociabilidade. Estes elementos norteiam este período festivo, possibilitando a
construção de um espaço repleto de manifestações, gestos somente realizados neste
ínterim, como, por exemplo, acompanhar a novena religiosa, adquirir produtos
comercias em estabelecimentos informais, as “barracas”, assistir a apresentações
musicais em praça pública, entre outros.
∗ Graduado em História pela Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) Pouso Alegre - MG. ∗ Coordenadora do Curso de História da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) Pouso Alegre - MG; Professora Dra. Pesquisadora do Mestrado em Ciências da Linguagem da Univás.
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Cria-se um universo que vai além do cotidiano, período aguardado pela
população com expectativa. Devido a esta alteração nos ares da pequena cidade de
Borda da Mata, como demonstra Guarinello:
[...] uma festa é uma produção social que pode gerar vários produtos, tanto materiais como comunicativos ou, simplesmente, significativos. O mais crucial e mais geral desses produtos é, precisamente, a produção de uma determinada identidade entre os participantes, ou, antes, a concretização efetivamente sensorial de uma determinada identidade que é dada pelo compartilhamento do símbolo que é comemorado e que, portanto, se inscreve na memória coletiva como um afeto coletivo, como a junção dos afetos e expectativas individuais, como um ponto em comum que define a unidade dos participantes. A festa é, num sentido bem amplo, produção de memória e, portanto, de identidade no tempo e nos espaços sociais (GUARINELLO, 2001: 972).
É, também, por meio das festividades que os sujeitos sociais reafirmam sua
identidade, sua concepção de mundo, os seus valores. A partir dos festejos a população
bordamatense, através do tempo, construiu um contexto para a Festa de Nossa Senhora
do Carmo e do Aniversário político-administrativo do município, duas festas em um
mesmo dia, quando suas práticas culturais são reforçadas e ou resignificadas. E com
isto, a identidade de homens e mulheres é assim reafirmada. Assim, memórias se fazem
presentes e são instrumentos de extrema importância para o efetivo conhecimento desta
identidade formada através do tempo, por meio das festas realizadas.
A festividade é marcada por um processo dicotômico, como podemos analisar na
seguinte fala da senhora Austerlina Cobra: “E foi sempre assim, um momento de oração, né?
Porque tinha as novenas, as... porque antigamente tinha... ao invés de ser missa a noite era reza.
Rezava o terço, rezava a ladainha e dava a benção ao santíssimo. Então a gente ali, depois ia na
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quermesse.”1 E com esta dinâmica presente-passado-presente, a narradora expõe como era pois
“foi sempre assim”, reafirmando com o uso do termo “antigamente”. Notamos um discurso
construído por uma ideologia expressada por dois âmbitos, o sagrado e o profano. Que são
marcados por práticas diferenciadas. Sendo dois contextos regidos por valores antagônicos e
contraditórios.
E descrevendo como se realizava as quermesses, a senhora Maria Ângela relembra:
Tinha uma barraca-bar, chamava barraca-bar, bem grande. As garçonetes, a gente ajudava a servir e tinha um microfone, um estúdio fica um locutor lá, geralmente era o Almir Ribeiro [...]. Fazia um correio elegante entre as... entre as... as moças e moços, então uma moça ia lá e escrevia: ofereço esta música pra fulano de tal e dizendo que “eu... é... estou de vestido vermelho” pro rapaz identificar, sabe? Aí o rapaz ia lá; “já entendi, já te vi e... mando um abraço e não sei o quê”, então era um... era muito gostoso, sabe? Aquele intercâmbio de... de recadinho, não escrevia, não mandava o bilhete, falava no microfone [...] . E eu sei que subia tudo mundo [enfática] pra aquele lado lá. Não ficava ninguém no jardim, ficava todo mundo lá em cima, perto da quermesse, música... só música boa mesmo no microfone, naquela época não existia bar, balada, não tinha... não tinha barraca, não tinha parque não tinha nada, era só ali mesmo... o miolinho da quermesse.2
Por meio desta fala, percebemos como a quermesse da festa proporcionava uma
significativa sociabilidade, em que ocorria aproximação dos jovens por meio do “correio
elegante” e a vivência de estar na quermesse. Na fala de Maria Ângela “era muito gostoso”,
afirmando a experiência dos festejos, constituindo um momento atípico, cujo os dias de festa
eram aguardados com ansiedade e alegria.
1 Entrevista realizada com Austerlina Cobra Dantas Moraes, 69 anos, em 21/09/2011. 2 Entrevista realizada com Maria Ângela Costa de Oliveira, 65 anos, em 29/03/2011.
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A festa de Nossa Senhora do Carmo era... aqui em Borda, o esperado era o Natal e festa de Nossa Senhora do Carmo. De todas as datas, a gente marcava no calendário pela festa de Nossa Senhora do Carmo e pelo Natal. Quando a gente tava trabalhando: Nossa! Já tá chegando a festa de Nossa Senhora do Carmo, férias.3
Percebe-se o quão significativa é a festa para a senhora Maria Ângela, a comparação
com as festividades natalinas. E também evidenciado a expectativa pela chegada da festa,
expressando o valor atribuído à festa, “a gente marcava no calendário pela festa de Nossa
Senhora do Carmo”. Sendo um evento anual, é tido como um referencial cronológico das
atividades cotidianas, devido sua realização, que redefinia os modos de viver da população de
Borda da Mata.
Um sociólogo francês sugeriu que os homens nas sociedades tradicionais vivem ‘da lembrança de uma festa e da expectativa da próxima’. Thomas Gray insistiu no mesmo ponto quando escreveu sobre Turim, em 1739: ‘Esse carnaval só dura do Natal até a Quaresma; metade do ano restante se passa lembrando o último Carnaval, a outra metade se esperando o Carnaval seguinte’. As pessoas contavam o tempo pelas grandes festas, como o de São Miguel (29 de setembro) ou o dia de São Martinho (11 de novembro) (BURKE, 2010: 244).
Reafirmar tal data, como faz à senhora Maria Ângela, é reforçar os significados que o
festejo proporciona, tendo como práticas como prestar votos a santa padroeira, ter o espaço da
quermesse para prestigiar e conviver com os familiares e amigos, pois a festa se realiza no mês
de julho, férias escolares.
Desta forma,
a memória nem poderia mesmo ser exposta, tal um quadro, exposto após ser pintado. Por ser viva, manter-se em constante processo de construção, ao
3 Entrevista realizada com Maria Ângela Costa de Oliveira, 65 anos, em 29/03/2011
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invés de ser revelada, exposta ou apresentada, ela é trabalhada em meio às conversas que se manteve com cada depoente. O processo de recordar é, portanto, uma ação e inclui uma multiplicidade de vivências. (DOMINGUES, 2011: 26)
Refletindo essas palavras, observarmos que a memória se faz e refaz a cada dia, por
meio das experiências que cada depoente vivencia. Assim, no depoimento da senhora Maria
Ângela ao relembrar da qualidade da música executada na quermesse, da presença e motivação
que tal cenário festivo constituía-se. E, também, nota-se a questão da vivacidade da festa ao
apontar que “era muito gostoso”. Aqui é perceptível que o apreciar e o entender a festa passa
por um processo dinâmico. Diante disso, “trabalhamos com memória dos sujeitos, procurando
valorizar, não somente o passado, mas sim, e, sobretudo todo o processo de mudança e
experiências vividas, tais como constituidoras da cultura, aqui entendida como um movimento
oriundo de vários pontos de tensão e portanto num constante processo de construção”
(DOMINGUES, 2007: 121).
A narradora Cilene Maria, vendedora em um comércio de calçados e moradora do
Bairro Nossa Senhora de Fátima, compartilha suas memórias sobre a festa partindo de uma
referência familiar:
Bom da infância e adolescência esta festa era a coisa mais importante do mundo, né? Porque a gente morava na roça e a gente fica o tempo inteirinho na expectativa do dia dezesseis. Ir na barraca, comprá as coisas. Comprá não! Olhá! Porque não tinha dinheiro pra comprá [risos]. Pra ir na igreja, vê a coroação. Então era um suspense, era uma coisa maravilhosa do mundo, quando era criança. E quando minha mãe era viva, ela cantava na festa, como eu ti falei que ela cantava, era melhor ainda porque ela incentiva a gente, gostava de tudo. Destes dias quando eu vou na festa, eu só consigo lembrá a presença ali... fico olhando ali e lembrando do tempo que minha mãe cantava no coro...4
4 Entrevista realizada com Cilene Maria de Oliveira, 44 anos, em 12/10/2011.
6
Apoiada pelas lembranças ao estar participando do festejo, Cilene aponta o
significado que este momento lhe representa, dando o status de “a coisa mais importante
do mundo”. Desta forma, entrelaça este aspecto perpassado pela sociabilidade
proporcionada pela festa, pois eram uns dos momentos que a família reunida ia à cidade.
Família humilde que restava a opção de admirar os produtos oferecidos pelas
“barracas”.
Tecendo seu olhar para com o passado festivo rememora a sua mãe, Conceição,
em que discute a presença e a atuação da mesma. E nesta perspectiva realiza uma
dialética sustentada pelo ir e vir da memória, em que ao estar junto com sua mãe que
possibilita este recordar quando participa, na atualidade, da festa. Nisto vemos, as
experiências sociais que marcam as vidas de pessoas e que através da prática da História
Oral, em que pela narrativa se torna possível “trazer o novo, o invisível, [...] que ás
vezes está tão próxima de nós e não a observamos, [...] que para muitos é banalidade do
cotidiano e se esquecem de que são estes rastros da vida que nos revelam histórias
ocultas e silenciadas” (DOMINGUES, 2011: 09).
Del Priore em seus estudos menciona que é uma
expressão teatral de uma organização social, a festa é também fato político, religioso ou simbólico. Os jogos, as danças e as musicas que a recheiam não só significam descanso, prazeres e alegria durante sua realização; eles tem simultaneamente importante função social: permitem as crianças, aos jovens, aos espectadores a atores da festa introjetar valores e normas da vida coletiva, partilhar sentimentos coletivos e conhecimentos comunitários (DEL PRIORE, 2000:10).
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Neste sentido, a festa se constitui como um teatro social que extrapola o ritmo rotineiro
do cotidiano, impulsionando aqueles que constroem uma função aos festejos, como sendo
momento de lazer, de distração, de religiosidade. Em que experienciam, também, valores e
gestos que se afloram nos dias da festa.
Igualmente vemos que a festa possui funções e objetivos diferenciados, que
também há agentes sociais que contribuem para a realização dos festejos. Um deles é o
festeiro. Indivíduo responsável pela organização da festa na parte religiosa e social, no
que tange a Igreja.
De acordo com o Diretório Pastoral e Sacramental da arquidiocese de Pouso
Alegre, que se adverte no artigo nº 175: “Sejam observados os seguintes critérios para
escolha do festeiro: a) Ser católico; b)Ser uma pessoa atuante na vida da comunidade
local. ”(COORDENAÇÃO ARQUIDIOCESANA DE PASTORAL, 2006:58).
Pautado nestas exigências eclesiásticas, nota-se que a tarefa exercida pelo
festeiro resume-se em ressonância com as normas da Igreja. Pois, aquele que é festeiro
estaria realizando uma atividade em nome da Igreja, ou seja, representando a mesma ao
estar organizando a festa.
Dona Maria Ângela, rememora:
Meu pai foi festeiro também desta... desta festa... e... minha mãe [...] fazia aqui... era tudo feito em casa, não pagava ninguém pra fazer nada. Hoje se paga tudo, né? Aqui assava as leitoas, frangos, fazia doces, mandava pros padres. Os padres vinham aqui tomá café, rosca, isso... a casa ficava lotada o dia inteiro, sabe? Que era festeiro, né?5
5 Entrevista realizada com Maria Ângela Costa de Oliveira, 65 anos, em 29/03/2011.
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Na festa de 1958, Centenário da Paróquia e Inauguração da Nova Matriz, o pai
de Maria Ângela foi o festeiro. E ao narrar à dinâmica deste momento, partilha com
satisfação que a maiorias dos produtos, como salgados, prendas, doces eram feitos na
casa de sua mãe.
Na sua fala expressa a responsabilidade pelo preparo dos “quitutes” para a festa
é um exercício, exclusivamente, feminino. Analisando esta prática cultural do preparo
dos alimentos que seriam consumidos na festa, proporciona, com efeito, um momento
de sociabilidade, em que experiências culinárias são partilhadas (DOMINGUES, 2007) .
Em que, o voluntariado era presente, segundo sua observação, “não pagava ninguém pra
fazer nada. Hoje se paga tudo, né?” E com este diálogo envergado no passado e no
presente, buscando uma confirmação, expressa que seu olhar mudou a respeito da
colaboração com a festa.
Também, em sua narrativa expõe a sociabilidade suscitada pela preparação dos
mantimentos para a festa, ao afirmar que, “a casa ficava lotada o dia inteiro”. Isto
propõe que a casa do festeiro não se restringia a atuação dos familiares, mas
possivelmente de amigos e dos sacerdotes que confiaram em seu pai à função de
festeiro.
Continuando Maria Ângela aponta:
O papel do festeiro, hoje eu não sei, mas sei, mais quando meu pai foi festeiro. Ele arrecadava e... tudo pra festa, mantimentos. A gente saia na rua pedindo pra fazê bolo, pastel, rosca, estas coisas, prendas pro leilão. Era tudo
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que o festeiro arrecadava, saia ficava dois, três meses, não dava tempo de fazer nada, só trabalhando pra igreja6.
Nesta narrativa, é pertinente o papel do festeiro, sendo aquele que,
antecipadamente, se organiza, junto com seus familiares, para que possam arrecadar
mantimentos, prendas, gado, leitoas. Sendo destinados para a realização dos leilões ou
bingos. Estando em sintonia com a pesquisa de Domingues, notamos que:
Os festeiros são as pessoas de maior evidência da festa. Devem coletar as ‘esmolas’, coordenar as ações para levantar fundos, como bingos e bailes durante o ano, administrar e organizar as atividades como a vinda dos ternos de congo, tratar da divulgação da festa e, principalmente, do oferecimento das refeições, ou seja, garantir o banquete aqueles que participam da festa (DOMINGUES, 2011).
A função maior do festeiro é organizar a festa, com isto, todo o material
necessário para a realização da festa fica sob sua responsabilidade. Constituindo-se uma
rede de relações, em que as pessoas contribuem, pois se trata do festeiro e ele está em
nome de evento especifico que a população aguarda e legitima a expectativa dos
festejos, colaborando.
Outro ponto em sua fala é que atualmente ela não sabe o que é realmente o papel
desempenhando pelo festeiro, porém comenta que sabe, “mais quando meu pai foi
festeiro”. Neste discurso nota-se que mudanças ocorreram que a forma de organizar a
festa modificou. Dando o exercício do festeiro um valor íntimo e familiar, pois se trata
6 Entrevista realizada com Maria Ângela Costa de Oliveira, 65 anos, no dia 29/03/2011.
10
do pai, e desta forma, pode ter contato com toda a dinâmica de realizar e contribuir,
efetivamente, com a festividade.
Lidar com o tempo nas narrativas é também lidar com a memória. A fala oral está sempre impregnada de memória. Nas conversas estamos em contato direto com modos como as pessoas costumam significar o passado, marcar e usar o tempo. Compreendê-lo e explicá-los requer mais do que uma atenção a diferentes temporalidades e as suas mútuas relações em processos históricos específicos; requer apreender maneiras como as pessoas, com quem falamos, dividem, significam e usam o tempo (KHOURY, 2004: 128).
E com este aporte teórico, cunhamos nosso olhar acerca do festejo de Nossa
Senhora do Carmo, utilizando a História Oral, metodologia esta que possibilita uma
contemplação da experiência social, que pode apresentar contradições, antagonismos,
construindo, desta maneira, um cenário rico em informações pautadas nas memórias dos
narradores.
E partilhando com os estudos de Portelli, entendemos que a “Historia Oral tende
a representar a realidade não tanto como um tabuleiro em que todos os quadrados são
iguais, mas como um mosaico ou colcha de retalhos, em que os pedaços são diferentes,
porém, formam um todo coerente depois de reunidos” (PORTELLI, 1997: 16).
João Bertolaccini conta que
depois que terminou a igreja. Em 74, eu fui festeiro da festa de Nossa Senhora do Carmo. O Monsenhor [Pedro Cintra] pego e em chamou e falou: ‘Quantos bezerros que você já tirou pra festa? Dá quantos?’ ‘Ah, Monsenhor, eu tirei 280 e tantos bezerros’. E aí o Monsenhor falou: ‘Tá muito bom, nossa’. Além, tinha fazendeiro que não dava tempo pra ocê ir na casa dele. porque as vezes não dá tempo, ocê passa não ta na casa dele. ocê não ta lá, então quem ta não tem ordem de dá um bezerro ou outra coisa. Então a gente
11
ficava de ir depois, mais não voltava porque já tinha passado lá no bairro. Falava pro padre: ‘Fulano passo lá e eu não tava lá, mais eu trouxe o bezerro!’ E era deste jeito [...]. e aí, em 74 , o Monsenhor me chamou e me falou: ‘Tá com tantos bezerros. Então o seguinte, você pode pegá o dinheiro e dar uma atração boa pro povo. Porque a igreja não ta precisando mais de dinheiro’ [...]. Daí, eu peguei e falei: ‘Monsenhor, vou traze o quê?’ ‘Não cê pode trazê, o povo gosta muito de... espetáculo pirotécnico’ [...]. Foi uma festa... foi um espetáculo pirotécnico muito bonito. O pessoal aqui nunca tinha visto. Puseram de cima da Igraja, uma cachoeira de fogos. Acoisa mais bonita do mundo. E... na noite da festa, né? Foi a única atração.7
Bertolaccini tece seu diálogo acerca se sua atividade com festeiro, que era,
também, arrecadar fundos para os festejos. Um modo devido ao fato que a economia do
município de Borda da Mata, era baseada na agropecuária. Muitos sitiantes ou
moradores da zona rural doavam bezerros para a realização dos leilões durante as
festividades.
Trabalhar como festeiro exige toda uma dedicação, como percorrer todo o
município para angariar as prendas e, do mesmo modo, divulgar a festa. Expondo que
ele é o responsável.
E com a expressiva arrecadação, segundo Bertolaccini, pode desta maneira
desenvolver uma atração para a população, pois antes todo o dinheiro arrecado com a
festa se destinava, exclusivamente, para com a construção da igreja matriz. Com sua
interlocução como sacerdote responsável da paróquia, Monsenhor Pedro Cintra, orienta
a contratar um espetáculo de fogos pirotécnicos.
7 Entrevista realizada com João Bertolaccini, 80 anos, no dia 24 /05/2011.
12
Sua busca de trazer uma atração diferenciada almeja em registrar a
grandiosidade da festa que realizara, expondo que “o povo gostou muito” sendo “a coisa
mais bonita do mundo”. Enfatizar a dimensão que atinge a festa que foi responsável e
todo o seu trabalho do debruçado em obter os “bezerros” para os leilões tem o intuito de
evidenciar que cumpriu sua responsabilidade de festeiro.
Além do leilão de gado, havia a quermesse, que segundo Ana Cabral se estrutura
da seguinte forma:
Tinha barraca-bar, serviço de alto-falante com oferecimento de músicas, barracas coloridas em que os jovens da Barraca Amarela competiam com os da Barraca Azul, Vermelha, Rosa, etc. para atrair os compradores de bijuterias, bibelôs, balas, doces e tudo que se podia imaginar; também tomavam conta do famoso Correio Elegante. Havia ainda barracas de jogos: a do tradicional coelhinho e de aviãozinho para a alegria e diversão da criançada. (SANTOS, 2005:06)
Pelo apresentado se nota a sociabilidade que a quermesse proporcionava a
população, sendo um momento em que se reuniam familiares para poderem prestigiar as
atrações que eram oferecidas.
Maria Ângela partilha
E[...] quermesse lá a noite, era sempre a noite. Tinha uma barraca-bar, chamava barraca-bar, bem grande. As garçonetes, a gente ajudava a servir e tinha um microfone, um estúdio fica um locutor lá, geralmente era o Almir Ribeiro [...] fazia um correio elegante.
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[...] Não ficava ninguém no jardim, ficava todo mundo lá em cima, perto da quermesse, música... só tinha música boa mesmo. Era só ali mesmo... o miolinho da quermesse.8
A quermesse como possibilidade de dinamização do festejo funciona “como
mecanismo de neutralização dos conflitos e diferenças, cria uma convivência ilusória de
que a sociedade é igualitária e solidária” (LUCENA, 2007:99).
Aqui, é compreensível que a quermesse é uma extensão das festividades ligadas
a Igreja, pois é por meio da realização que é possível se arrecadar fundos. Visto esta
oportunidade, pois como na fala de Maria Ângela era participativa, pelo fato que a
maioria escolhia estar interagindo junto à quermesse, do que em outros lugares.
Aponta Austerlina Cobra que
agora, o padre Ramom acabou com a parte da quermesse porque o pessoal dizia que não ia. Ele perguntava ‘porque você não faz a novena?’ ‘Ah, porque eu tenho que ficar aqui fritando, não faço porque tenho que fica aqui olhando’. Então, ele viu que o dízimo ta correspondendo. Então não tem necessidade de... então fico só a parte religiosa hoje. E a parte de atrações com o prefeito, né?9
Cada sacerdote que fica responsável pela paróquia, tem formas diferentes de
conduz às atividades da mesma. Isto é notório, com o atual pároco, Padre Ramom
Ferreira, que diante da concorrência dominante realizada pelas atrações organizadas
pela Prefeitura Municipal em praça pública, como os shows, praça de alimentação,
barracas de roupas, calçados, etc., decidiu não realizar mais a quermesse. Esta
8 Entrevista realizada com a senhora Maria Ângela Costa de Oliveira, no dia 29/03/2011. 9 Entrevista realizada com Austerlina Cobra Dantas Moraes, 69 anos, em 21/09/2011.
14
quermesse era realizada no Centro Comunitário São José, ao lado esquerdo da Igreja
Matriz.
E na fala de Austerlina Cobra propõe que cada festa tem sua função, em que a
da Igreja é só da parte religiosa e da Prefeitura Municipal, de proporcionar atrações a
população.
Destarte, compreendemos que a festa não se limita, apenas a mera aglomeração
de pessoas que gera socialibilidade, mas toda uma gama que perpassa por vários
ambitos que constroem diversas percepções para com o festejo. Culminando a festa, de
modo análogo, há uma colcha de retalho, uma totalidade repleta de diferentes valores,
gestos e dinâmicas.
Diante do término da construção da Igreja Matriz, em 1958, o montante
arrecado, com as atividades dos festeiros, possibilitou a inserção de shows de cantores
sob a responsabilidade da Igreja. Porém, em 1985, com a renúncia da Paróquia, pelo
então pároco, Monsenhor Pedro Cintra, fora transferido para Borda da Mata o padre
José Eugenio da Fonseca.
Padre José Eugenio chegou aqui. Quando chegou no primeiro ano da Festa de Nossa Senhora do Carmo [sob sua responsabilidade]. Ele já falou pro festeiro: ‘Dinheiro da festa não vai pra cantor, não viu. Dinheiro da festa vai só pra igreja. Nenhum tustão pra cantor. Não temo nada com cantor’ [...] Aí, o pessoal ficou sabendo. O pessoal, lá dos vereadores ficaram sabendo e ficaram enchendo o saco pra pôr na Lei Orgânica, compreendeu? [...] Sete de setembro de mil novecentos e vinte três, foi o governador, Doutor Raul Soares de Andrade assino e... o decreto emancipando Borda da Mata [...] Nunca houve. Esta comemoração partiu do seguinte na Lei Organica. O Ditinho e o Carlos narcy colocaram na cabeça dos vereadores, que o padre não ia ajudá mais fazé festa no dia dezesseis de julho. e que povo já tava
15
acostumado com o cantor, com isto, com a festinha, né? Então, porque não punha na Lei Orgânica. Assim, em vez de Borda ser emancipado em sete de setembro, a emancipação de Borda da Mata se deu no dia dezesseis de julho de mil novecentos e vinte e três ou vinte e quatro.10
De acordo com Bertolaccini, diante da postura do novo pároco, que fora
irredutivo, pessoas influentes da cidade juntamente com os vereadores se organizaram
para manter a realização de shows.
E permeado por este conflito entre poderes publico e religioso da cidade, se
buscou uma estratégia que é a transferência da comemoração da emancipação do
município. Segundo Bertolaccini, que “nunca houve”, decidiram incluir e assim
legitimar na Lei Orgânica do município de Borda da Mata, o seguinte parágrafo: “§ 4º -
É data cívica do Município o dia 16 de julho, em que se comemora a sua emancipação
político-administrativo, ocorrido em 1924” (BORDA DA MATA, 1991: 09).
E diante deste respaldo político, a Prefeitura Municipal se torna responsável pela
organização e realização da festa do aniversario político-administrativo no dia 16 de
julho.
Mediante jogo político organizado por interesses de manter a dinâmica da
festividade, porém sem apoio eclesiástico, a memória referente à cidade é alterada.
E ao mencionara dia 16 de julho como data cívica, na Lei Orgânica, propõe
estabelecer uma dinâmica comemorativa diversa da que a Igreja Católica realizara.
Constituindo-se contrapostos.
10 Entrevista realizada com João Bertolaccini, 80 anos, em 24/05/2011.
16
Nós, os bordamatenses, entendemos que não se pode indefinidamente comemorarmos erroneamente a data da Emancipação Político-Administrativa de nossa cidade. É uma aberração insistir na data de 16 de julho, que não tem absolutamente nada a ver com a data certa da Emancipação Político-Administrativa de nosso município (BERTOLACCINI, 2007: 01).
Na primeira página do Jornal “Galeria do Comércio”, João Bertolaccini redigi
um artigo partindo do principio de alertar aos bordamatenses acerca do erro em se
comemorar o aniversario da cidade na data de 16 de julho. Definindo com aberração,
expõe sua indignação que é pautada em conhecimentos históricos, pois sempre se
mostrou curioso sobre a história de Borda da Mata.
Esta festa social, aí com cantor, aquela coisa tudo. A prefeitura passou a pagar isto, em comemoração a emancipação política. Agora, o quê que você me diz? Então, aí, que eu depois de muito anos, que não é possível dá um estalo na cabeça do vereador, lá. E não falá: ‘que isto, não podemo ficá tapiando as gerações futuras, que a Borda’. Pode perguntá pro mocinho aí. ‘Quando a Borda emancipou? Dezesseis de julho’.[argumenta com voz infantil]. Ele vai falá pra você. Porque eles gritá no microfone, aí. No dia da... eles gritá: ‘Hoje é emancipação política da Borda e Festa de Nossa Senhora do Carmo! Que coincidência, né?’ Diz isto tudo junto, mais não é não. Então não podemo fica tapiando gerações futuras, com esta data errada deste jeito.11
Pautado na revolta, devido ao fato, de continuar a legitimação de uma data
errônea, no que tange a história da cidade de Borda da Mata, em que aponta, com certo
tom áspero, a continuação do que ele define como em estar “tapiando as gerações
futuras”.
Como vemos a memória do município se torna manipulável, pois afeta o
dinamismo festivo que resguarda um momento de evidências das obras e ações 11 Entrevista realizada com João Bertolaccini, 80 anos, no dia 24/05/2011.
17
realizadas pela Prefeitura Municipal. Pois entendemos que “a memória histórica
constitui uma das formas mais poderosas e sutis de dominação e de legitimação”
(ALMEIDA; FENELON, 2004: 06). E percebendo a memória que nas mãos daqueles que
detém o poder, se torna uma ferramenta passível diante de seus objetivos.
A memória é ativada visando, de alguma forma, ao controle do passado (e, portanto, do presente). Reformar o passado em função do presente via gestão das memórias significa, antes de mais nada, controlar a materialidade em que a memória se expressa (das relíquias, aos monumentos, aos arquivos, símbolos, rituais, datas, comemorações...). Noção de que a memória torna poderoso(s) aquele(s) que a gere(m) e controla(m). (SEIXAS, 2001, p. 42)
Neste contexto marcado pela atuação política com a memória, notamos que o
que realmente fora buscado com a transferência da festa do aniversario da cidade junto à
festa de Nossa Senhora do Carmo.
Não, pra... tê duas festas grandes na cidade, o município não tem dinheiro. Ficava difícil, porque o dia da cidade é dezesseis de novembro, parece, ou vinte e três. É em novembro. E passaram pra... junto pra fazer uma festa só e aproveitar que é férias pros bordamatenses ausentes poderem vir, né? 12
Memórias divergentes oscilam quando se discute a(s) festa(s) realizada(s) no dia
16 de julho. Como de Maria Ângela partindo de uma perspectiva financeira, em que o
município não possui possibilidades de realizadas duas festividades. E abarca a questão
da data ser 16 de julho ser férias escolares, que possibilita a vinda dos bordamatenses
que residem em outras cidades. Porém, a festa religiosa se formula com total
12
Entrevista realizada com Maria Ângela Costa de Oliveira,65 anos, no dia 29/03/2011.
18
responsabilidade da Igreja Católica, que por meio de uma rede de organização própria
angariam fundos usando o apelo religioso, para que assim executem os rituais festivos.
Analisando a Lei Orgânica do Município de Borda da Mata, deparamos com
uma definição atípica da festa:
“§ 5.º - A Semana em que recair o dia 16 de julho constituirá a SEMANA DO MUNICÍPIO, período em que o Executivo e o Legislativo, promoverão festas cívicas e encontros para estudo, análise e reflexão dos anseios e necessidades de seus habitantes e dos planos para o desenvolvimento harmônico do Município.” ( BORDA DA MATA. 1991: 09).
O que vemos então que os “planos para o desenvolvimentos harmônico do
Município” são resumidos em pagar dívidas de festa com capital de recursos de outras
áreas, como educação e saúde?
A narradora Cilene reinvidica:
Acho que fosse uma festa mais cultural, seria uma festa, além de Nossa Senhora do Carmo agradecia. Aí seria uma forma de... evangelizar, uma forma de ajudar melhor o conhecimento da população participa mais. Tem um dia com uma peça de teatro, um dia com cantor folclórico, um dia com... sabe pra pessoas terem conhecimento, aprende a conhecer a cultura e aprender uma vida melhor.13
Seu olhar parte discutindo que a festa deve ter um sentido cultural e pedagógico,
motivando a população a adquirir conhecimento e cultura, tendo como objetivo
“aprender uma vida melhor”. Cilene aponta tal perspectiva devido o grande gasto que é
13 Entrevista realizada com Cilene Maria de Oliveira, 44 anos, em 12/10/2011
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voltado para a realização de shows de artistas. E também elenca a festa da cidade com
um momento de valorizar os seus artistas.
Então, que valorize as pessoas da cidade. Tem uma época que eu morava em São Paulo, eu vim pra cá e eu achei legal, né? Porque abriram o espaço pro da cidade cantá. Se você vai pagá quarenta, cinqüenta mil pra um cantor qualquer, pega o cinqüenta mil e divide pro grupo da cidade. É uma época pra ganhar um pouquinho de dinheiro pra ele cantá e aparece também.14
´ Partindo do pressuposto que possibilitando o espaço para a apresentação dos
artistas locais estará os valorizando, pois mediante apresentação haverá o pagamento
pelo mesmo e assim a população bordamatenses conhecerá os talentos que residem
entre eles.
E ao partilhar suas evidencias e reinvidicações sobre a festa da cidade, temos
ciência que “a fonte oral é uma fonte viva, inacabada, e que, portanto a história que se
quer fazer é uma história inacabada; o entrevistado relata e ao mesmo tempo cria sua
história de vida através do tempo” (DOMINGUES, 2011:31).
Tecendo este trabalho de pesquisa apoiando se neste aporte teórico em que
valorizamos os mais diversos olhares em torno do festejo, notamos quão ricas o são.
Pois o (a) depoente com suas experiências e aspirações pincela um cenário que
possibilita uma maior circulação e pertencimento. Cilene ao questionar acerca da
possibilidade de espaço ao artista bordamatense, como já ocorreu segundo ela,
concretiza-se uma festividade que tem o objetivo de comemorar a santa padroeira e o
14 Idem.
20
aniversario da cidade com os habitantes desta localidade. Pois são estes que colaboram
na sua maneira na construção do município. E vendo um colega de trabalho e/ou
vizinho no palco, local de maior evidencia na festa, reflete em uma percepção de que
todos podem agir em varias áreas da cidade possibilitando assim, como a própria
depoente afirma “uma festa mais cultural”.
Eu acho que... ela... esconde a cidade, porque quem entra não vê a cidade, não vê a praça, não vê nada, porque... o povo... eu acho que atrapalha um pouco sim. Atrapalha, ela consome a luz do município quase tudo que as vezes chega na igreja apaga a luz e não acende mais, então... a parte mundana, brigas, e... tem briga feia que já aconteceu na festa de Nossa Senhora do Carmo. Eu acho que até morte mesmo já teve. E eu acho assim que esta festa de fora é...não tem nada haver com a igreja, nada haver tanto é que já aconteceram coisas... horríveis aí durante a festa, né? Porque eles ficam aí quinze dias, né? Bebedeiras demais, muito mundanismo, né? Eu não gosto da festa de fora não.15
Denominando a festa do Aniversario Político Administrativo do Município
como “festa de fora”, Maria Ângela reveste a festa religiosa como um espaço sagrado,
um local protegido do “mundanismo”. E por meio da estrutura física – como palco,
parque, barracas – construída para a “esta de fora”, ela aponta que esta festa “esconde a
cidade”. Com um olhar que restringe a cidade sendo, somente, o centro da mesma, em
que por meio das festividades a cidade anula ou altera seu cotidiano. Diante desta
interpelação, que cidade é esta? Com um olhar repleto de evidência religiosa, Maria
Ângela compõe sua fala que a Igreja é escondida, devido ao fato como ela mesma
15
Entrevista realizada com Maria Ângela Costa de Oliveira, 65 anos, no dia 29/03/2011.
21
partilha que “fica mais gente pra fora do que dentro da igreja”, pois a maior dinâmica
ocorre na rua sem nenhum respaldo religioso.
Trava-se um duelo entre o sagrado versus profano, em que a festa de fora
atrapalha os ritos religiosos como o consumo de energia elétrica excessivo causando
alguns apagões na cidade.
Este conflito também é marcado pelos usos dos espaços, como as praças
centrais.
Por exemplo, era uma coisa religiosa era da igreja, então a procissão, porque, altamente significativa pra quem é católica [...]. Ela tomava posse, vamos dizer, da cidade, porque ela saia, dava volta em vários lugares, entrava na praça, quer dizer a praça estava aberta para a imagem passar [...]. Então a gente caminhando pela praça e tal. Hoje não tem mais espaço pra fazer isto. Uma praça que entupiu de barracas, o comércio muito grande [...]. e aí uma procissão religiosa que vai ter que fazer, vai ter que ir por fora, né?16
O que é percebido que os valores são alterados mediante o passar do tempo,
devido ao processo de laicização, tornando se isento de influências religiosas. Se antes o
ato de participar da procissão evidenciava uma conotação de confirmação pública
acerca da crença religiosa, em que a cidade materializa pelo espaço da praça central que
“estava aberta para a imagem passar”. Atualmente, o que é notório pela narrativa oral,
que este processo teve que se alterar, pelo fato que o local de destaque agora é ocupado
por outros valores como o lazer, o entretenimento, o consumo de bebidas e comidas. O
que antes era o cerne da vida do bordamatense, agora se realiza pelas margens,
competindo com as estruturas físicas da “festa de fora”, como Maria Ângela a define.
16
Entrevista realizada com Adolfo Cabral Junior, 58 anos, realizada no dia 03 de março de 2012.
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O festejo retrata uma experiência social, que integra vários elementos, como o
lazer, a religiosidade, a ruptura do cotidiano, e constitui um campo repleto de valores e
sentimentos, em que se notam várias disputas sociais. Aonde espaços, gestos são
marcados e reafirmados. Com isto, são notórios os diversos olhares e significados para o
festejo de Nossa Senhora do Carmo e para o dia 16 de julho, que se comemora, também,
o aniversario de emancipação político-administrativo do município de Borda da Mata.
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
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histórias. São Paulo: Olho D’Água, 2004. BERTOLACCINI, João. A Emancipação político-administrativa de Borda da Mata. Jornal Galeria do Comércio, Agosto de 2007.
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Sacramental da Arquidiocese de Pouso Alegre, 2006. DEL PRIORE, Mary. Festas e Utopias no Brasil Colônia. São Paulo: Brasiliense, 2000.
23
DOMINGUES, Andrea Silva. “Rastros da vida” – revelando histórias ocultas e silenciadas não espaços da cidade. In: MELLO, Alessandra Mara Rosa. Ecos marcados
na rua: O cotidiano e as memórias na Rua Comendador José Garcia/Pouso Alegre – MG. Jundiaí: Paco Editorial, 2011. _________________________. A arte de falar: redescobrindo trajetórias e outras histórias da Colônia do Pulador Anastácio / MS. Jundiaí: Paco, 2011. ________________________. Cultura e Memória: o festejo de Nossa Senhora do
Rosário na cidade de Silvianópolis – MG (Tese de Doutorado em História Social). PUC – São Paulo: 2007. ________________________. Cultura e Memória: O significado da Festa do Rosário e do ser festeiro. Histórica – Revista Eletrônica do Arquivo Público do Estado de São Paulo, nº 49, ago.2011. GUARINELLO, Norberto Luiz. Festa, trabalho e cotidiano. In: JANCSÓ, I. & KANTOR, I (Orgs). Festa, Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa. V. II, São Paulo: Ed. Hucitec./Edusp, 2001. KHOURY, Yara Aun. Muitas memórias, outras histórias: Cultura e o sujeito na história. In: FENELON, Déa; MACIEL, Laura Antunes; ALMEIDA, Paulo Roberto de; KHOURY, Yara Aun (Org). Muitas memórias, outras histórias. São Paulo: Olho D’Água, 2004. LUCENA, Célia Toledo. A festa (re)visitada: (re)significações e sociabilidades. In: Anais do 34º Encontro Nacional do CERU, 2007. PORTELLI, Alessandro. Tentando aprender um pouquinho. Algumas reflexões sobre a ética na História Oral. In: Revista Projeto História. São Paulo: EDUC, n. 15, 1997. SANTOS, Ana Maria Cabral dos. Memórias... A construção. Jornal Folha Paroquial, Edição Especial, dezembro de 2005.