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IDENTIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DINÂMICOS NA ESTRUTURA PRODUTIVA DO ESTADO DO PARÁ NO ANO DE 2007 Isaias de Oliveira Barbosa júnior (Unama) [email protected] heriberto wagner amanajas pena (Uepa) [email protected] Este artigo tem por objetivo a construção e análise de alguns indicadores, que indiquem as classificações sobre a dinâmica econômica da estrutura produtiva dos municípios do Estado do Pará e com isto poder identificar quais os Municípios quue se apresentam Dinâmicos em relação às atividades Dinâmicas no Estado do Pará. Para isso, utiliza-se de indicadores apresentados por Santana (2004) como Quociente Locacional (QL), o índice de concentração de Hirschman- Herfindahl (IHH) e o índice de Participação Relativa (PR), empregando para cada um todas as atividades formais existentes no Estado e tendo como variável o número de empregos formais de cada atividade naquele município no período analisado que será em 2007. Estes três índices podem ser cruzados e classificar aquela atividade quanto ao seu Dinamismo na estrutura Produtiva. Como os resultados deste estudo obteve-se um mapa do Estado identificando seus municípios Dinâmicos. Palavras-chaves: Dinâmica Econômica, Atividades Formais, Indicadores Estatísticos. XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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IDENTIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

DINÂMICOS NA ESTRUTURA

PRODUTIVA DO ESTADO DO PARÁ NO

ANO DE 2007

Isaias de Oliveira Barbosa júnior (Unama)

[email protected]

heriberto wagner amanajas pena (Uepa)

[email protected]

Este artigo tem por objetivo a construção e análise de alguns

indicadores, que indiquem as classificações sobre a dinâmica

econômica da estrutura produtiva dos municípios do Estado do Pará e

com isto poder identificar quais os Municípios quue se apresentam

Dinâmicos em relação às atividades Dinâmicas no Estado do Pará.

Para isso, utiliza-se de indicadores apresentados por Santana (2004)

como Quociente Locacional (QL), o índice de concentração de

Hirschman- Herfindahl (IHH) e o índice de Participação Relativa

(PR), empregando para cada um todas as atividades formais existentes

no Estado e tendo como variável o número de empregos formais de

cada atividade naquele município no período analisado que será em

2007. Estes três índices podem ser cruzados e classificar aquela

atividade quanto ao seu Dinamismo na estrutura Produtiva. Como os

resultados deste estudo obteve-se um mapa do Estado identificando

seus municípios Dinâmicos.

Palavras-chaves: Dinâmica Econômica, Atividades Formais,

Indicadores Estatísticos.

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

A população do Pará já ultrapassou 6,6 milhões de habitantes. O

Estado possui 1.248.042 quilômetros quadrados, que representam

16,66% do território brasileiro e 26% da Amazônia. Cortado pela

linha do Equador, no seu extremo norte, é dividido em 143

municípios, sendo Altamira, conhecido como o maior município do

mundo, em termos de extensão. O artesanato paraense é rico e

diversificado, com raízes na cultura dos grupos indígenas. As

cerâmicas marajoara e tapajônica são, indiscutivelmente, a

manifestação mais forte, sendo reproduzidas até hoje pelos artesãos

(SIPAN, 2006).

Com este território muito extenso há grandes diferenças continentais e não há como os

municípios se desenvolverem de igual maneira, sendo assim tem-se as regiões mais dinâmicas

do estado do Pará. O estado do Pará é um pólo atrativo de mão-de-obra, principalmente

especializada. Devido à grande massa de sua população ter baixo nível de estudos ocorre uma

intensa migração de pessoas de outros estados para a região. A taxa de analfabetismo –

população de 15 anos ou mais não alfabetizada (IBGE/PNAD 2001): 11,15 %. A região

sudeste do Pará foi se desenvolvendo com a chegada de grandes indústrias de extração e

também com o aumentando agropecuária aumentando sua renda média muito mais do que a

região sudoeste do estado, gerando assim grandes disparidades entre as regiões quanto ao

número de empregos formais do estado.

O Pará é um estado com grandes riquezas naturais e tem um potencial enorme de minérios,

hoje ocupa 1º lugar de extração do minério de ferro no Brasil. No município de Barcarena

ocorre uma transformação para a produção de Alumínio e este é responsável por uma grande

parte das exportações do estado.

Sua economia se baseia no extrativismo mineral (ferro, bauxita, manganês, calcário, ouro e

estanho) e vegetal (madeira), na agricultura, na pecuária e nas criações, na indústria e no

turismo (Pará... 2000). O Estado do Pará apresenta um baixo nível de desenvolvimento

econômico visto que seus grandes pólos industriais ainda estão na área de extração de minério

e depois é exportado sem muito valor agregado, pois não tecnologia para verticalizar a

produção e em contra partida compra de volta um bem muito mais caro devido sua

industrialização.

Segundo a Embrapa (2006), o Estado do Pará possui do 5º maior rebanho bovino do País,

com 17 milhões de cabeças e em crescimento acelerado, apresenta uma pecuária de corte

baseada em pastagens cultivadas de boa produtividade, principalmente

nas Regiões Sul e Sudeste. Mantido o crescimento relativo atual, o Pará deverá

ser detentor do maior rebanho bovino do País, até o ano 2010

Pode-se dizer que a economia regional brasileira é bastante

heterogênea, ou mesmo fragmentada, existindo áreas de grande

dinamismo convivendo com numerosas regiões caracterizadas pela

pobreza, estagnação e retrocesso (Araújo,1997 apud QUEIROZ e

CEZAR,2000).

O estado do Pará também se encontra nesta realidade de grandes diferenciações entre seus

municípios. Hoje tem-se municípios com um grande potencial de desenvolvimento mas tem

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uns que estão basicamente parados no tempo e sua fonte de emprego formais resume-se aos

serviços públicos do estado e do município.

2. Referencial Teórico

Nesta etapa serão abordados os principais conceitos que servirão como base para a aplicação

desta pesquisa, justificando as ferramentas e pensamentos empregados.

2.1 Economia Regional

Para HADDAD & ANDRADE (1989, p. 207):

A teoria econômica regional fornece os elementos analíticos básicos

que servem para orientar a linha de raciocínio a ser seguida nos

estudos, cuja preocupação são questões atinentes ao processo de

crescimento e desenvolvimento das regiões. Entretanto , a análise

teórica do relacionamento das variáveis relevante não é o bastante. Há

necessidade de passar ao trabalho empírico para, não só testar os

diversos modelos alternativos existentes no campo teórico e verificar

qual deles melhor se aproxima na explicação de uma dada realidade

observada, como também para fazer uso da maior riqueza de detalhes

analíticos existentes nos modelos empíricos.

Os modelos analíticos que são fundamentados em inúmeras teorias buscam uma melhor

solução de como se estudar possíveis mudanças para o melhor desenvolvimento das regiões,

mas tem-se que levar em consideração todas as causas aleatórias que podem surgir ou até

mesmo devido ao fato de todas as regiões terem suas características e peculiaridades

diferentes uma das outras, por isto é interessante fazer um estudo empírico para cada região e

observar qual melhor se adequou a realidade.

2.2 Dinâmica espacial do emprego e renda no Brasil

A dinâmica espacial e setorial do emprego no Brasil pode ser explicada

a partir de três fatores principais: políticas públicas de incentivos

fiscais, de investimentos produtivos e de infra-estrutura; difusão de

novas tecnologias eletrônicas e a conseqüente reestruturação dos

processos produtivos; e mudanças na composição da oferta de produtos

regionais decorrentes de variações ocorridas no lado da demanda.

(FOCHEZATTO, p.3.)

Estes três fatores citados acima são de fundamental importância para o crescimento do índice

de emprego no Brasil como um todo e em suas regiões, pois quando o governo age

maciçamente na área de investimentos consegue aumentar os números de empregados formais

do seu território, um exemplo disto é a política do “Meu primeiro emprego”, onde o governo

oferece algumas vantagens fiscais para aquelas empresas que aderem a este projeto de dar

condições de um jovem conseguir seu emprego mesmo sem experiência. Quando há o

surgimento de novas tecnologias o processo produtivo de determinadas empresas irão se

adequar e gerar novas necessidades de contratações e o que pode acontecer também é de se

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perceber uma possível demanda que tem um potencial e implementá-la de forma a gerar

novos empregos nesta nova área de produção.

Fochezatto (2004, p.4) explica que:

Os dados recentes do produto e do emprego regional mostram que a

localização da produção no Brasil, embora ainda seja bastante

concentrada, está gradualmente se dispersando no espaço nacional. A

estrutura produtiva, embora ainda relativamente diversificada, está-se

tornando cada vez mais especializada.

Uma tendência nacional que também se ajusta a realidade do Pará é a desconcentração da

população em busca de novos postos de trabalhos mais especializados, diferentemente de

como acontecia na década de 70 onde as pessoas se deslocavam em direção as industrias, hoje

as buscam-se melhores condições de trabalho e com melhores salários, ou seja esta cada vez

mais se intensificando a busca por uma melhor competitividade para poder se incluir na

dinâmica global. Quanto à isto Harvey (1992,p.266) entende:

A produção ativa de lugares dotados de qualidades especiais se torna

um trunfo na competição espacial entre as localidades, cidades,

regiões e nações (...)criando uma atmosfera de lugar de tradição que

aja como atrativo para o capital como para pessoas „do tipo certo‟(

isto é, abastadas e influentes).

Seguindo esta linha de raciocínio as regiões dinâmicas absorvem os migrantes qualificados

para se tornarem cada vez mais especializadas. Estudos apontam que a migração provoca um

aumento das rendas médias das regiões, estados e do País. A nível do estado do Pará podemos

citar Parauapebas que devido sua industrialização especializada se tornou um ponto de atração

de mão de obra e com isto aumentou sua renda média do município e do estado.

Para Santos e Ferreira (2006), os movimentos de migração de mão-de-obra migram para onde

a renda é maior, contudo a região expulsora de tem um aumento na produtividade de trabalho,

devido à maior escassez de fator trabalho e obtendo uma elevação na renda. Já para a região

receptora ocorrerá um inchaço de trabalhadores e a renda média pode baixar. Com isto pode-

se observar que a migração provoca convergência de renda entre as regiões.

De acordo com o passado histórico os rendimentos da população brasileira ainda sofrem

alguns preconceitos de que o homem ganha mais que a mulher, os brancos ganham mais que

negros e indígenas, trabalhador da zona rural ganha menos que uma da zona urbana. Isto se

verificará nos estudos dos coeficientes de renda dos municípios do Pará (SANTOS e

FERREIRA, 2006).

3. Metodologia

3.1 Fontes de dados empregados

Para analisar a dinâmica da estrutura produtiva dos municípios do Estado do Pará, este estudo

terá como base os dados do Registro Anual de Informação Social (RAIS), instituída pelo

decreto nº 76900 de 23/12/1975 como gestão governamental do setor do trabalho produzido

pela Secretaria de Emprego e Salário, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego Fundamentalmente, a RAIS é um

Registro Administrativo, de âmbito nacional, com periodicidade anual, obrigatório para todos

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os estabelecimentos, inclusive aqueles sem ocorrência de vínculos empregatícios no exercício,

tendo esse tipo de declaração a denominação de RAIS Negativa.

Esta pesquisa se utilizará de tais informações, que se tornam então fontes secundárias para

esta pesquisa, porém oficiais da escala do Governo Federal e aqui representativas da dinâmica

da estrutura produtiva do estado pelo grau de abrangência assim como da característica de

periodicidade anual da coleta de informações.

3.2. Área de estudo

A área de estudo a ser abordado por este estudo serão de acordo com a classificação do MDA

(Ministério Desenvolvimento Agrário) para o estado do Pará onde foram contemplados 4

Territórios de Integração: Ilha do Marajó; Baixo Amazonas; Nordeste Paraense e Sudeste

Paraense. Além dos Municípios enquadrados nestes territórios serão também analisados os

município da região Metropolitana como: Belém; Ananindeua e Marituba. Com a figura1

pode-se observar a área referida que abrange um total de 51 municípios.

Região de Integração

Afuá

Alenquer

Anajás

Ananindeua

Aurora do Pará

Bagre

Belém

Belterra

Breves

Cachoeira do Arari

Cachoeira do Piriá

Capitão Poço

Chaves

Curralinho

Curuá

Dom Eliseu

Eldorado dos Carajás

Faro

Garrafão do Norte

Gurupá

Ipixuna do Pará

Irituia

Itupiranga

Juruti

ÁREA DE ESTUDO SELECIONADA: TERRITÓRIO DE INTEGRAÇÃO -

Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA

Mãe do Rio

Marabá

Marituba

Melgaço

Monte Alegre

Muaná

Nova Esperança do Piriá

Nova Ipixuna

Óbidos

Oriximiná

Ourém

Paragominas

Parauapebas

Ponta de Pedras

Prainha

Salvaterra

Santa Cruz do Arari

Santa Luzia do Pará

Santarém

São Domingos do Araguaia

São Domingos do Capim

São Geraldo do Araguaia

São Miguel do Guamá

São Sebastião da Boa Vista

Soure

Terra Santa

Ulianópolis

LEGENDA

Estudo da Dinâmica da Estrutura Produtiva do Estado do Pará: 1995 - 2007

Fonte: IBGE; MTE (2009)

Elaboração: Pena, Heriberto; Barbosa, Isaias; Helfer, Carlos

Fonte: IBGE, MTE (2009)

Elaboração: Autores (2009)

Fig. 1: Área de Estudo empregada

3.3. Indicadores Estatísticos

A metodologia para delimitar geograficamente os municípios classificados quanto ao

dinamismo de sua estrutura produtiva, e com isto alcançar os objetivos desta pesquisa, foi a

utilização daqueles indicadores, levando em conta três características principais:

a) A especificidade de uma atividade dentro de uma região (Município).

b) O piso da atividade ou setor em relação à estrutura da região (Município).

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c) A importância da atividade ou setor no Pará com um todo.

De acordo com Santana (2004, p.21), o índice de Quociente Locacional (QL) é:

Esse índice serve para determinar se o município em particular possui

especialização em dada atividade ou setor específico e é calculado

com base na razão entre duas estruturas econômicas. No numerador

tem-se a economia em estudo, referente a um dado município do Pará

que se ponha em tela, e no denominador plota-se a economia de

referência, em que constam todos os municípios do Pará.

Sua apresentação algébrica e descrita da seguinte forma:

onde,

= é o emprego da atividade ou setor no município;

= é o emprego referente a todas as atividades que constam no município;

= é o emprego da atividade ou setor no Pará;

= é o emprego de todas as atividades ou setores i no Pará.

Para Santana (2004), existiria especialização na atividade ou setor no município, caso seu QL

seja superior a 1 (um). Se menor que 1 (um), o QL indicaria que a especialização do

município na atividade ou setor é inferior a especialização do Pará no referido setor.

O QL é um índice muito simples, por isso às vezes pode vir a cair em um erro como, por

exemplo: apresentar um valor elevado dando a entender que aquele município é especializado

naquela atividade, mas se esta atividade for à única no município ela estará apenas dando uma

falsa impressão de especialidade. Em decorrência disto calcular-se-á o Índice de Hirschman-

Herfindahl (IHH) que irá fornecer o real peso da atividade em relação ao Pará.

Este índice apresenta a seguinte definição:

Santana (2004, p.22), define IHH como sendo:

O índice IHH permite comparar o peso da atividade ou setor do

município no setor do Pará ao peso da estrutura produtiva do

município na estrutura do Pará como um todo. Um valor positivo

indica que a atividade em um município do Pará está, ali, mais

concentrada e portanto, com maior poder de atração econômica, dada

sua especialização em tal atividade.

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O terceiro e último indicador proposto pela metodologia para análise da dinâmica da estrutura

produtiva é a participação relativa da atividade em relação ao total de atividades no Pará. Este

índice é definido pela seguinte expressão:

onde,

Este indicador apresenta como leitura uma variação de 0 à 1, e quanto mais próximo de um,

mais importância determinada atividade terá em relação ao estado.

Os três indicadores estatísticos apresentados acima contemplam a etapa de ajuste e tratamento

dos dados para o seguinte estudo.

3.4. Metodologia de análise

3.4.1. Análise Consolidada

A metodologia apresenta como primeiro critério, uma análise agregada das atividades

buscando identificar tendências de longo prazo destacando os pormenores de cada um dos

índices estimados.

Os indicadores propostos nesta metodologia iram compor, de acordo com suas variantes,

instancias de classificação combinando a composição de quatro quadrantes de acordo com as

variáveis: especialização local, atratividade econômica e significativa participação relativa.

A análise consolidada avalia de forma agregada o que as mudanças na composição das

estruturas produtivas das atividades econômicas têm a dizer em relação em relação à

combinação das três variáveis acima citadas. O Quociente Locacional, esta relacionado com o

grau de especialização municipal numa determinada atividade, caso haja especialização seu

QL é superior a unidade (recebe tratamento positivo).

O índice de concentração Hirschman-Herfindahl quando apresenta um valor positivo (recebe

tratamento positivo) indica algum tipo de concentração e assim de atratividade econômica. O

terceiro indicador é a participação relativa da atividade e quanto mais próxima de um, maior a

importância daquela atividade do município para o estado do Pará (recebe tratamento

positivo).

3.4.1.1- Matriz agregada da estrutura produtiva

Definido a área de estudo que neste caso serão os 51 municípios, a etapa seguinte é a de

classificação matricial apresentada nesta seção, o que permite uma análise agregada das

informações e uma visualização de cada atividade do Município e possibilitando uma

caracterização deste quanto ao seu Dinamismo Econômico com base no número de empregos

Formais.

A seguir é descrito em resumo como serão classificados os prováveis resultados dos

indicadores a serem estimados na pesquisa. A leitura faz-se da esquerda para a direita,

observando sempre na coluna da direita qual o tratamento recebido de acordo com os

resultados esperados dos indicadores (Quadro-1)

Indicadores Resultado Tratamento Resultado Tratamento Variável

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Estatísticos Esperado-1 Recebido-1 Esperado-2 Recebido-2 Resultado

QL > 1 Positivo < 1 Negativo Especialização

Local

IHH Valor

Positivo Positivo

Valor

Negativo Negativo

Grau de

Concentração/

Atratividade

PR Acima de

0,1 Positivo

0,09 ou

Abaixo Negativo

Importância

da Atividade

Fonte: Autor (2009)

Quadro-1 Metodologia de Ajuste e Critérios para Classificação Matricial

O quadro-1 já revela uma aproximação das atividades econômicas do Estado. A característica

de analise da dinâmica da estrutura produtiva está em oferecer um referencial quantitativo,

que seja capaz de consolidar as informações e promover sua espacialização.

Os possíveis resultados levam a um ajuste quantitativo e este por sua vez obedece a uma

lógica teórica de correlação entre as variáveis que definem a dinâmica das estruturas

produtivas do Estado. Na combinação entre os prováveis resultados, estabeleceram-se quatro

setores ou quadrantes matriciais, que teoricamente justificam as variações nas dinâmicas

econômicas dos municípios, entre eles temos;

a) Setor Dinâmico: caracterizado pelo alto grau de especialização local, com alguma

concentração estabelecida no setor que impulsiona atratividade e com a presença de

atividades importantes ou participação relativa maior que 10%.

b) Setor Estagnado: apresenta ausência de especialização local da atividade, com

ausência de concentração e reduzida atividade do setor, combinado com baixa

participação relativa no estado do Pará;

c) Setor em Expansão: apresenta alto grau de especialização das atividades locais no

município, com concentração já estabelecida e com forte atratividade, mas ainda não

se consolidou enquanto pólo de dominância, ou seja, baixa participação relativa;

d) Setor em Declínio: apresenta acentuada participação relativa, mas não é especializado

no setor e não oferece atratividade e nenhum estimulo pela ausência de concentração

produtiva.

e) Assim os indicadores estatísticos, depois dos ajustes e tratamentos, consolidam a

matriz da seguinte forma de acordo com a figura 2:

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Elaboração: Autores (2009)

Figura-2 A Matriz da Dinâmica da Estrutura Produtiva

Esta matriz sintetiza a análise agregada ou consolidada para os resultados e corresponde a

uma possibilidade de modelagem representativa da estrutura produtiva dos municípios em

diferentes momentos, podendo inclusive, ainda que em termos agregados, identificar as

tendências sobre o processo de aglomeração produtiva, do nível de remuneração do setor e do

numero de estabelecimentos.

As mudanças de quadrantes indicam algumas medidas de variação nas atividades produtivas.

A análise horizontal revela o grau de especialização e o poder de atratividade local das

atividades, o que significa que quanto mais à direita do eixo as atividades se posicionarem,

mais especializadas estarão e bem mais próxima da situação desejada (setores dinâmicos).

A matriz também revela que as atividades econômicas podem transitar de um quadrante a

outro, o que depende das condições de mercado, de políticas públicas a determinados setores,

dos investimentos privados, entre outros. Na análise vertical, é possível relacionar a dinâmica

da estrutura produtiva das atividades econômicas com a participação relativa, ou seja, o peso

representativo da atividade em relação ao estado do Pará.

A análise vertical também relaciona a evolução entre períodos das atividades econômicas do

município, com os ganhos de mercado, ou seja, setores nos quais um município ou região

aumenta sua participação na parcela de mercado classificam-se como competitivos. Na

medida em que os dados irão sendo plotados na matriz é possível identificar, se os setores que

apresentam maior concentração de estabelecimentos são também os que mais remuneram ou

admitem empregados formalmente.

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4. Resultados

Foram realizados os cálculos dos referentes Indicadores Estatísticos para todos os 51

municípios e as atividades apresentadas por estes. Após estes cálculos classificou-se suas

atividades em Dinâmicas, Expansão, Declínio e Estagnadas. Com esta base de estudo

consolidada obteve-se uma caracterização do município e observou-se se ele oferecia

Atividades Dinâmicas em relação ao Estado do Pará. Do total dos 51 municípios apenas 23

apresentaram atividades Dinâmicas. Na figura 3 encontram-se os Municípios que

apresentaram estas atividades.

Elaboração: Autores (2009)

Figura 3 – Identificação dos Municípios Dinâmicos do Pará

No total foram identificadas 734 atividades classificadas como Dinâmicas e a Tabela 1 a

seguir trata das percentagens de localização destas atividades.

Municípios % Municípios %

ANANINDEUA 18,53 JURUTI 0,14

200 0 200 400 Miles

S

N

EW

IDENTIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS QUE APRESENTAM ATIVIDADES DINÃMICAS -

AREA DE ESTUDO SELECIONADA

LEGENDA

Bélem;

Ananinedeua,

Oriximiná;

Elderado dos Carajás;

Marituba; Muaná;

Ulianópolis; Breves;

Chaves; Ponta de Pedras;

São Sebastião da Boa Vista;

Óbidos; Juruti; Paragominas;

Santarém; Capitão Poço;

Dom Eliseu; Ipixuna do Pará;

Ourém; São Domingos do Capim;

São Miguel do Guamá; Marabá;

São João do Araguaia

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BELÉM 38,42 ORIXIMINÁ 0,68

ELDORADO DOS CARAJÁS 0,14 SANTARÉM 8,17

MARITUBA 18,66 CAPITÃO POÇO 0,27

MUANÁ 0,14 DOM ELISEU 0,54

ULIANÓPOLIS 0,41 IPIXUNA DO PARÁ 0,14

BREVES 0,41 OURÉM 0,14

CHAVES 0,14 PARAGOMINAS 3,00

PONTA DE PEDRAS 0,14 SÃO DOMINGOS DO CAPIM 0,14

SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA 0,14 SÃO MIGUEL DO GUAMÁ 0,41

ÓBIDOS 0,27 MARABÁ 8,86

SÃO JOÃO DO ARAGUAIA 0,14 TOTAL 100

Tabela 1- Municípios Dinâmicos e seu Percentual de concentração de atividades.

De acordo com esta tabela pode-se notar que os municípios que apresentam percentual maior

destas atividades são: Belém; Ananindeua; Marituba;Santarém; Marabá e Paragominas. É

importante ressaltar que os três primeiro encontra-se na região Metropolitana e o restante na

região do Baixo Amazonas, Sudeste e Nordeste Paraense respectivamente.

Conclusão

O presente estudo identificou aqueles Municípios que são considerados “chaves” para a

estrutura produtiva do Estado do Pará através desta metodologia. É de conhecimento dos

autores que precisam ser levantadas outras questões para embasar melhor esta classificação

adotando como variáveis por exemplo: o número de estabelecimentos que geram estes

empregos, em relação a renda média de cada atividade e também pode adotar de acordo com o

número de empregos informais. Mas o objetivo deste estudo foi começar a traçar este perfil

do Pará e pode ser aprofundado com estas outras informações. Uma fonte muito importante

para complementar este estudo seria em pegar as atividades uma a uma e compor mapas

identificando onde estão localizadas e assim se teria um mapa por exemplo dos lugares onde

a Criação de Bovinos se destaca.

Verificou-se que as atividades Dinâmicas só apareceram em 23 municípios o que caracteriza

que o Estado ainda tem que investir muito para o fortalecimento do restante que não

conseguem ter ao menos uma atividade considerada Dinâmica. Já que 38% das atividades

Dinâmicas se encontram na Capital do Estado. Na grande maioria dos municípios analisados

observou-se grande dependência na Atividade de Administração Pública, pois é nela que está

a maior parte dos empregados formais.

Referências Bibliográficas

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