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III Congresso Consad de Gestão Pública FORMAÇÃO DE CONSÓRCIOS PÚBLICOS EM REGIÕES METROPOLITANAS: O CASO DO PROJETO NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA GOVERNANÇA METROPOLITANA Patrícia Laczynski

III Congresso Consad de Gestão Pública CONSAD/paineis... · Fica evidente que, embora regiões metropolitanas e consórcios no Brasil sejam mecanismos de cooperação intermunicipal,

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III Congresso Consad de Gestão Pública

FORMAÇÃO DE CONSÓRCIOS PÚBLICOS EM

REGIÕES METROPOLITANAS: O CASO DO PROJETO

NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA

GOVERNANÇA METROPOLITANA

Patrícia Laczynski

Painel 01/003 Articulação de governos municipais: áreas metropolitanas e consórcios públicos

FORMAÇÃO DE CONSÓRCIOS PÚBLICOS EM REGIÕES METROPOLITANAS: O CASO

DO PROJETO NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA GOVERNANÇA

METROPOLITANA

Patrícia Laczynski

RESUMO Fica evidente que, embora regiões metropolitanas e consórcios no Brasil sejam mecanismos de cooperação intermunicipal, eles apresentam diferenças no seu formato (como são criados), em seu desenho institucional, e em seus resultados. Pensar e pesquisar a gestão de regiões metropolitanas a partir de consórcios públicos nasceu com o acompanhamento do projeto Novos Consórcios Públicos para Governança Metropolitana (NCP), uma parceria entre o Ministério das Cidades e a Universidade de British Columbia (Canadá), financiada pela Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA), para acompanhar a constituição de consórcios públicos em regiões metropolitanas brasileiras: Belo Horizonte, São Paulo (Snato André), Fortaleza e Recife, assim como a região de Santarém (embora a região de Santarém não se constitua em uma região metropolitana, os representantes do Ministério das Cidades e da Universidade de British Columbia entenderam que esta é uma área com características interessantes para a implantação de um projeto como este). O projeto foi iniciado em abril de 2006. A sua proposta era a formação de consórcios públicos nessas regiões com metas de redução de pobreza. Segundo o documento oficial do projeto, “Graças a uma nova lei brasileira (abril de 2005) que autoriza os governos em todos os níveis a formarem consórcios interjurisdicionais inovadores que sirvam ao interesse público, e às relações Brasil-Canadá construídas através do apoio prévio da CIDA, surge agora uma oportunidade de realizar uma iniciativa KEEP de longo prazo com forte potencial para melhorar as condições nas periferias metropolitanas do Brasil.” A Lei 11.107, de 6 de abril de 2005 e regulamentada no início de 2007, forneceu as bases jurídicas para a formação de consórcios públicos no país. Eles podem ser formados pelos entes federativos – União, Estados e Municípios – e sua finalidade é realizar objetivos de interesse comum. Ao lado de outras pessoas de direito público interno, como as autarquias e as fundações de direito público, o consórcio público é um ente que compõe a administração indireta de cada um dos consorciados e segue o regime de direito público. A nova legislação dispõe ainda sobre a possibilidade desse novo ente realizar gestão associada de serviços públicos. Das cinco regiões de atuação do projeto NCP, apenas uma delas – encabeçada por Belo Horizonte – constituiu um consórcio público até o presente momento. Em face das condições encontradas na maioria das regiões envolvidas no projeto, em 2008 o Plano de Implementação do Projeto (PIP) foi revisto pelo Ministério das Cidades e pela Universidade de British Columbia. O objetivo inicial do projeto, entretanto, de “reduzir a pobreza nas periferias das áreas metropolitanas do Brasil, contribuindo para o desenvolvimento ‘de baixo para cima’ de mecanismos inter-jurisdicionais que lidem com assuntos relativos a assentamentos precários informais e exclusão social e

espacial, dentro do arcabouço legal criado pela Lei dos Consórcios Públicos de abril de 2005” (UBC e MC, 2005; UBC e MC, 2008) foi mantido. As suas diretrizes também foram mantidas. São elas: Apoiar o desenvolvimento de novos consórcios públicos para gerir o uso do solo e as infra-estruturas sociais, estimulando as economias locais, a satisfação das necessidades básicas e, melhorar as condições de vida nas periferias das cinco áreas metropolitanas centradas em Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Santarém e Santo André; Testar e desenvolver estes novos mecanismos, aplicando-os à concepção e implementação colaborativa de projetos-piloto em favelas e outros assentamentos precários; Formular, com base na experiência de aprendizagem nas cinco áreas metropolitanas, diretrizes nacionais para organizar consórcios que tratem de assuntos relacionados aos assentamentos informais e à exclusão social nas periferias metropolitanas; Reforçar a capacidade dos municípios e associações de municípios, bem como os movimentos sociais, para contribuir com a divulgação e aplicação das diretrizes nacionais de formação de novos consórcios públicos. (UBC e MC, 2005; UBC e MC, 2008). Dentro desse resultado, especial ênfase foi dada à formação de gestores públicos e da sociedade civil durante os dois últimos anos do projeto. Segundo a UBC e o MC (2008), “a experiência do Projeto na região de Belo Horizonte indica que a formação de consórcios é possível e útil na promoção da inclusão social a nível regional. Ao mesmo tempo, a experiência nessa região, assim como nas outras quatro regiões, indica que a formação de consórcios públicos enfrenta muitos obstáculos, exige tempo considerável, e requer um profundo entendimento tanto dos processos formais e informais que levam ao consorciamento, quanto da Lei dos Consórcios Públicos de 2005 e suas implicações operacionais”. Neste sentido a capacitação é uma ferramenta para o reforço de conhecimento, habilidades e atitudes relevantes ao consorciamento (UBC e MC, 2008). O objetivo deste artigo é estabelecer um diálogo entre o Projeto NCP com a literatura sobre políticas públicas para tentar levantar algumas causas que levaram à formação de apenas um consórcio, quando se esperava a constituição de outros consórcios nas demais regiões. Serão utilizados conceitos desenvolvidos por Celina Souza, Enrique Saravia, John Kingdon, Luis F. Aguilar Villanueva, Marta Arretche, Veronika Paulics e Marta Farah.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 04

O PROJETO NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA GOVERNANÇA METROPOLITANA..................................................................................................... 05

SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................ 08

REGIÕES METROPOLITANAS NO BRASIL.............................................................10

COMO NASCEU O PROJETO NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA GOVERNANÇA METROPOLITANA?........................................................................ 12

A DISTÂNCIA ENTRE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO.................................. 15

MULHERES DAS GERAIS (REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE)............................................................................................ 18

TRABALHO DECENTE (SANTO ANDRÉ, DIADEMA E OSASCO).......................... 21

DISSEMINAÇÃO........................................................................................................ 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 28

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 30

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INTRODUÇÃO

A discussão sobre a gestão em regiões metropolitanas ficou por muito

tempo esquecida, tanto por parte dos acadêmicos, quanto por parte dos gestores

públicos. Percebe-se que nos últimos anos, o tema tem voltado a ocupar novamente

um espaço na agenda de centros de pesquisas, universidades, governo federal e

governos estaduais e municipais.

O Ministério das Cidades e a Universidade de British Columbia (no

Canadá) elaboraram em 2004 um projeto – Novos Consórcios Públicos para

Governança Metropolitana (NCP) – com o objetivo de se criar consórcios públicos

em cinco regiões metropolitanas brasileiras, pensando na gestão dessas regiões,

em formas cooperadas de ação e de combate à pobreza.

No entanto, das cinco regiões, apenas uma criou um consórcio público.

Por que ainda as regiões metropolitanas apresentam resistências para cooperarem?

Quais os possíveis fatores que não permitiram o sucesso do projeto?

Este trabalho tem o objetivo de levantar algumas razões possíveis para a

não constituição de consórcios, a partir da aplicação da teoria sobre políticas

públicas. Além desta introdução e das considerações finais, o trabalho tem oito

seções. A primeira apresenta o projeto NCP; a segunda levanta algumas definições

sobre políticas públicas; a terceira apresenta a realidade das regiões metropolitanas

brasileiras; a quarta fala da origem do projeto NCP; a quinta fala sobre formulação e

implementação de políticas públicas; a sexta fala do caso de Belo Horizonte; a

sétima fala do caso de Santo André; e a última seção apresenta idéias sobre

disseminação de políticas públicas.

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O PROJETO NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA GOVERNANÇA

METROPOLITANA

O projeto NCP é uma parceria entre o Ministério das Cidades e a

Universidade de British Columbia (Canadá), financiada pela Agência Canadense de

Desenvolvimento Internacional (CIDA), para acompanhar a constituição de

consórcios públicos em regiões metropolitanas brasileiras: Belo Horizonte, São

Paulo (Santo André), Fortaleza e Recife, assim como a região de Santarém.1

O projeto foi iniciado em abril de 2006. A sua proposta era a formação de

consórcios públicos nessas regiões com metas de redução de pobreza. Segundo o

documento oficial do projeto, “Graças a uma nova lei brasileira (abril de 2005) que

autoriza os governos em todos os níveis a formarem consórcios inter-jurisdicionais

inovadores que sirvam ao interesse público, e às relações Brasil-Canadá

construídas através do apoio prévio da CIDA2, surge agora uma oportunidade de

realizar uma iniciativa KEEP3 de longo prazo com forte potencial para melhorar as

condições nas periferias metropolitanas do Brasil.” (UBC e MC, 2005)

A nova lei brasileira é a Lei 11.107, de 6 de abril de 2005 –

regulamentada no início de 2007 – que fornece as bases jurídicas para a formação

de consórcios públicos no país. Eles podem ser formados pelos entes federativos –

União, Estados e Municípios – e sua finalidade é realizar objetivos de interesse

comum. Ao lado de outras pessoas de direito público interno, como as autarquias e

as fundações de direito público, o consórcio público é um ente que compõe a

administração indireta de cada um dos consorciados e segue o regime de direito

público. A nova legislação dispõe ainda sobre a possibilidade desse novo ente

realizar gestão associada de serviços públicos.

1 Embora a região de Santarém não se constitua em uma região metropolitana, os representantes do Ministério das Cidades e da Universidade de British Columbia entenderam que esta é uma área com carcterísticas interessantes para a implantação de um projeto como este. 2 Canadian International Development Agency (Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional). Trata-se da principal agência canadense de suporte ao desenvolvimento internacional. Seu mandato é promover o desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento para redução de pobreza e para contribuir para um mundo mais seguro, igualitário e próspero. 3 Programa Brasil-Canadá para Troca de Conhecimentos para Promoção de Equidade (KEEP em inglês, PIPE em português)

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Das cinco regiões de atuação do projeto NCP, apenas uma delas –

encabeçada por Belo Horizonte – constituiu um consórcio público até o presente

momento. Em face das condições encontradas na maioria das regiões envolvidas no

projeto, em 2008 o Plano de Implementação do Projeto (PIP) foi revisto pelo Ministério

das Cidades e pela Universidade de British Columbia. O objetivo inicial do projeto,

entretanto, de “reduzir a pobreza nas periferias das áreas metropolitanas do Brasil,

contribuindo para o desenvolvimento ‘de baixo para cima’ de mecanismos inter-

jurisdicionais que lidem com assuntos relativos a assentamentos precários informais e

exclusão social e espacial, dentro do arcabouço legal criado pela Lei dos Consórcios

Públicos de abril de 2005” (UBC e MC, 2005; UBC e MC, 2008) foi mantido.

As suas diretrizes também foram mantidas. São elas:

1. Apoiar o desenvolvimento de novos consórcios públicos para gerir o

uso do solo e as infra-estruturas sociais, estimulando as economias

locais, a satisfação das necessidades básicas e, melhorar as condições

de vida nas periferias das cinco áreas metropolitanas centradas em

Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Santarém e Santo André.

2. Testar e desenvolver estes novos mecanismos, aplicando-os à

concepção e implementação colaborativa de projetos-piloto em favelas

e outros assentamentos precários.

3. Formular, com base na experiência de aprendizagem nas cinco áreas

metropolitanas, diretrizes nacionais para organizar consórcios que

tratem de assuntos relacionados aos assentamentos informais e à

exclusão social nas periferias metropolitanas.

4. Reforçar a capacidade dos municípios e associações de municípios,

bem como os movimentos sociais, para contribuir com a divulgação e

aplicação das diretrizes nacionais de formação de novos consórcios

públicos. (UBC e MC, 2005; UBC e MC, 2008)

Entre as mudanças apontadas no documento de 2008, está enfatizado

como resultado crítico o reforço à capacidade institucional nas cinco regiões em

relação a conhecimentos relacionados à promoção da colaboração interinstitucional.

O projeto já não contempla mais a constituição de consórcios públicos nas cinco

regiões, “devido a fatores locais relacionados com culturas políticas e prioridades”

(UBC e MC, 2008).

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Dentro desse redesenho, especial ênfase foi dada à formação de

gestores públicos e da sociedade civil durante os dois últimos anos do projeto (2008

a 2010). Segundo a UBC e o MC (2008), “a experiência do Projeto na região de Belo

Horizonte indica que a formação de consórcios é possível e útil na promoção da

inclusão social em nível regional. Ao mesmo tempo, a experiência nessa região,

assim como nas outras quatro regiões, indica que a formação de consórcios públicos

enfrenta muitos obstáculos, exige tempo considerável, e requer um profundo

entendimento tanto dos processos formais e informais que levam ao

consorciamento, quanto da Lei dos Consórcios Públicos de 2005 e suas implicações

operacionais” (UBC e MC, 2008).

Pretende-se levantar neste trabalho, senão as causas, pelo menos alguns

motivos que levaram à formação de apenas um consórcio, quando se esperava a

constituição de outros quatro consórcios nas demais regiões. Esta análise tomará

como base a literatura que discute políticas públicas e duas das cinco experiências

de implantação do projeto NCP: Belo Horizonte (caso de sucesso) e Santo André

(caso de fracasso).

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SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS

Políticas públicas não têm uma única e uma melhor definição (Souza,

2006). De acordo com a literatura, pode-se afirmar que política pública é um curso

de ações do governo, que visa melhorar a vida das pessoas. Estas ações têm que

ser intencionais, não precisam estar relacionadas apenas com o governo e a

burocracia estatal, embora sejam de responsabilidade do Estado, e podem envolver

outros atores da sociedade civil e de outros níveis de governo (Souza, 2006;

Saravia, 2006; Villanueva, 2006).

Souza (2006) faz uma revisão da literatura sobre políticas públicas e traz

vários conceitos desenvolvidos ao longo do século XX, como por exemplo: um

conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos (Lynn, 1980); a

soma das atividades dos governos que agem diretamente ou por meio de delegação

e que influenciam a vida dos cidadãos (Peters, 1986); o que o governo escolhe fazer

ou não fazer (Dye, 1984).

Para Saravia (2006), políticas públicas são um “sistema de decisões

públicas que visa a ações ou omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a

manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio de

definição de objetivos e estratégias de atuação e da alocação dos recursos

necessários para atingir os objetivos estabelecidos”.

Para fins de estudos e como esquematização teórica, muitos autores

dividiram as políticas em etapas. Segundo Saravia (2006), por exemplo, são sete as

fases de uma política pública: agenda, formulação, elaboração, implementação,

execução, acompanhamento e avaliação.

Para o autor, a etapa da agenda, ou seja, a inclusão de determinado

pleito ou necessidade social na lista de prioridades do poder público, corresponde ao

momento que o tema se torna problema público.

A elaboração refere-se à identificação e delimitação de um problema atual

ou potencial, à determinação de possíveis alternativas para sua solução ou

satisfação, à avaliação dos custos e efeitos de cada uma delas e ao estabelecimento

de prioridades. Ou seja, a elaboração é o planejamento da formulação, que, por sua

vez, diz respeito às escolhas das alternativas mais convenientes de ação, à

declaração da decisão adotada e à definição de seus objetivos e seu marco jurídico,

administrativo e financeiro.

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A implementação é o momento que, dado o problema que se quer

solucionar e as alternativas de ação, os gestores se preparam para colocar em

prática a política pública, ou seja, elaboram os planos, programas e projetos que

permitirão executá-la, planejam e organizam o aparelho administrativo e decidem

quais recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos serão necessários. É

a fase de planejamento da execução, que corresponde à operação e realização de

fato da política pública. É neste momento, inclusive, que é permitido o estudo dos

obstáculos, que normalmente se opõem à transformação de enunciados em

resultados.

O acompanhamento da política pública é o processo sistemático de

supervisão da execução de uma atividade para introduzir eventuais correções a fim

de assegurar a consecução dos objetivos estabelecidos, enquanto a avaliação é

mensuração e análise, a posteriori, dos efeitos produzidos na sociedade pelas

políticas públicas, especialmente em relação às realizações e às consequências

previstas e não previstas (Saravia, 2006).

Embora o Projeto NCP não seja uma política pública, adotaremos este

marco conceitual para análise, uma vez que consideramos pertinente aplicar a teoria

de políticas públicas para análise de programas e projetos. Segundo Draibe (2001),

a diferença existente entre políticas públicas, programas e projetos é apenas o seu

recorte programático. Ou seja, o nível de abrangência é maior para a política

pública, em comparação a um programa. Este, por sua vez, tem um nível de

abrangência maior do que um projeto (DRAIBE, 2001).

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REGIÕES METROPOLITANAS NO BRASIL

As regiões metropolitanas brasileiras (RMs) destacam-se pelo seu

gigantismo, com alto índice de população urbana, industrialização, comércio e

também de violência, pobreza e desemprego. Segundo Maricato, em entrevista

concedida ao jornal Em Questão, em 13 de agosto de 2004, “Por RM entende-se

uma ocupação urbana contínua, que ultrapassa os limites físicos dos municípios”.

No entanto, as instituições criadas para gerir as regiões metropolitanas não foram

capazes de resolver os problemas dessas áreas.

As primeiras regiões metropolitanas no Brasil foram criadas durante o

regime militar, por meio da Lei Complementar no14/73. Municípios localizados no

entorno de oito capitais de Estado passaram compulsoriamente a fazer parte de

regiões metropolitanas. Em 1974, foi criada a Região Metropolitana do Rio de

Janeiro (Lei Complementar no 20/74).

As atribuições legais das regiões metropolitanas estão diretamente

relacionadas com os problemas existentes e potenciais das referidas regiões, dentre

os quais: planejamento integrado do desenvolvimento econômico e social;

saneamento básico; uso do solo metropolitano; transporte e sistema viário; produção

e distribuição de gás combustível canalizado; aproveitamento dos recursos hídricos

e controle da poluição ambiental; e outros serviços definidos por lei federal.

Com a Constituição federal de 1988, os estados passaram a assumir a

competência da institucionalização de suas unidades regionais. Além das regiões

metropolitanas, admitiu-se a formação de aglomerações urbanas e microrregiões,

como categorias de organização regional.

“Essa faculdade, além de abrir a possibilidade de alteração dos limites

das Regiões Metropolitanas existentes, incluindo ou mesmo excluindo municípios,

desencadeou um contínuo ciclo de institucionalizações de novas unidades regionais,

quase sempre classificadas como metropolitanas.” (Moura, 2004).

Hoje, são 26 as regiões metropolitanas, sendo nove delas instituídas por

lei federal, e 17 instituídas por leis estaduais (criadas entre 1995 e 2003).

A questão crucial do debate sobre as regiões metropolitanas é justamente

a criação de mecanismos de cooperação entre os seus municípios. Souza (2003)

explicita bem a falta de cooperação entre entes governamentais no Brasil e o porquê

das regiões metropolitanas não terem revertido este quadro nos últimos anos.

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Segundo a autora, a constituição federal brasileira de 1988 e a maioria das

constituições estaduais não abordaram o arranjo jurídico e administrativo de

territórios que vão além dos limites territoriais dos municípios. Alguns fatores

explicam essa distância do tema. Em primeiro lugar, as regiões metropolitanas foram

criadas oficialmente durante a vigência do governo militar, e suas instâncias formais

herdaram um caráter centralizador e autoritário de gestão, sem nenhum incentivo

para a cooperação entre o estado e os municípios ou entre os municípios.

Em segundo lugar, em resposta a um passado onde os municípios

deviam se subordinar ao governo federal, os municípios, na década de 80,

priorizaram a conquista à sua autonomia decisória e financeira, sem se incomodar

com a cooperação entre as diferentes esferas de governo.

A competição eleitoral, com a volta das eleições diretas, intensificou

ainda mais a competição por recursos, indo na contramão da cooperação e da

partilha desses. E, finalmente, a Constituição federal de 1988, ao delegar, em

termos relativos, mais recursos para os municípios do que para os estados,

estimulou os estados a não se preocuparem com a gestão das regiões

metropolitanas (Souza, 2003).

Spink (2005) observa que o cenário metropolitano nacional não é

resultado apenas de ações dos últimos 30 anos – que levaram a conseqüências

mais definidas – mas é também resultado de uma história mais antiga quanto ao uso

da palavra metrópole ou metropolitano, que sempre esteve associada a poder e

hierarquia. A noção vem do grego de cidade mãe (metra-womb-polis) adaptado para

o latim como capital da província. Essa busca histórica lembra que metrópole era

Portugal, enquanto o Brasil era a colônia. Nota-se também que a própria Igreja

Católica continua usando este conceito em referência à cidade de São Paulo,

chamada de cúria metropolitana da Igreja em relação ao Estado de São Paulo.

O autor enfatiza essa relação de poder nas regiões metropolitanas, o

que poderia ser considerado como uma das causas da pouca ação coletiva. A

diferença no tamanho populacional e na economia dos municípios pertencentes à

mesma RM é, na maioria da vezes, muito grande. Os nomes das RMs brasileiras,

na maioria das vezes, é do município maior e de mais destaque (muitas vezes a

capital do Estado), o que já consolida um município como o líder, sede ou mesmo

como o mais importante.

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COMO NASCEU O PROJETO NOVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS PARA

GOVERNANÇA METROPOLITANA?

A Universidade de British Columbia, por meio de seu Centro de

Assentamentos Humanos, coordenou o Projeto de Gerenciamento Participativo de

Mananciais (GEPAM), em Santo André, no período de 1998 a 2004. Tal projeto tinha

como objetivo melhorar a proteção e reabilitação de mananciais afetados por

assentamentos humanos na região metropolitana de São Paulo. Uma das suas

conclusões foi que um município, sozinho, pode resolver de forma parcial os

problemas relacionados a assentamentos informais, mas que é necessário a

cooperação intergovernamental para promover a equidade e a sustentabilidade

urbana em áreas metropolitanas (http://www.chs.ubc.ca/consortia/backgroundP.html).

Em 2004, foram convidados representantes do Governo Federal do Brasil

para aprofundarem a discussão com os representantes canadenses da Universidade

de British Columbia. Sob a coordenação do Ministério das Cidades pelo lado do

governo brasileiro, e em conjunto com a Universidade canadense, foi elaborada uma

proposta de ação baseada na Lei dos Consórcios Públicos de 2005 para o

fortalecimento da governança metropolitana com o objetivo de promover a equidade

por meio da melhoria das condições de vida de moradores vulneráveis das cidades.

Importante registrar que os consórcios não apareceram durante as

primeiras discussões sobre a governança metropolitana, em 2004. A legislação

aprovada em 2005 foi um estímulo para pensar neste arranjo intergovernamental

como fio condutor para o projeto em suas regiões de implementação.

A primeira reflexão que se pode fazer sobre o projeto NCP é se ele

realmente entrou na agenda governamental. Segundo Kingdon, agenda é a “lista de

temas ou problemas que são alvo em determinado momento de séria atenção, tanto

da parte de autoridades governamentais como de pessoas fora do governo, mas

estreitamente associadas às autoridades” (Kingdon, 2007. p. 222). Ele ainda

distingue duas agendas: a governamental e a decisória. A agenda governamental é

a lista de temas que as autoridades governamentais e seus assessores têm como

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centro das suas atenções, enquanto a agenda decisória é a lista de assuntos dentro

da agenda governamental encaminhada para deliberação.

Para o autor, o estabelecimento da agenda governamental só se dá a

partir do reconhecimento de três elementos: os problemas, a política e os

participantes “visíveis”. Em primeiro lugar, Kingdon afirma que um problema só é

problema quando há uma crença de que determinada situação tem que ser alterada.

Em segundo lugar, o autor explica que os eventos da política têm suas dinâmicas e

regras próprias, independente do reconhecimento de um problema. Por exemplo,

mudança de governo e de prioridades de ação a partir de novas eleições. E, em

terceiro lugar, ele explica que os participantes “visíveis” são os que recebem atenção

da imprensa e do público, ou seja, o presidente, os seus assessores de alto escalão,

os membros importantes do Congresso, a mídia, os partidos políticos. A agenda

governamental pode ser estabelecida, segundo Kingdon, exclusivamente por atores

“visíveis”, tendo em vista somente a dinâmica dos problemas ou da política.

Segundo Kingdon, por outro lado, os atores “invisíveis”, ou seja, os

acadêmicos, pesquisadores, consultores, burocratas de carreira, funcionários do

Congresso e analistas que trabalham para grupos de interesses, são os que têm

mais poder para definir a agenda de decisões. Ela é construída a partir do que o

autor chama de um único pacote que envolve problemas, políticas públicas e

política. Os atores “invisíveis“ pensam e formulam propostas. Se estas propostas

são trazidas para a solução de determinado problema levantado pelos atores

“visíveis” e em um momento político favorável, tem-se o que Kingdon chama de

“janela de oportunidade”. Ou seja, em um momento onde o problema, a política

pública e a política se encontram, é que os atores “invisíveis“ conseguem trazer as

soluções que eles defendem e estabelecer a agenda de decisões (Kingdon, 2007).

No caso do projeto NCP, a discussão sobre a cooperação

intergovernamental para combater a pobreza e promoção da equidade em áreas

metropolitanas brasileiras teve sua origem no interior do Centro de Assentamentos

Humanos da Universidade de British Columbia. No entanto, representantes do

governo federal brasileiro foram convidados e a secretária executiva do Ministério

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das Cidades, à época, se envolveu com toda a discussão do projeto e assumiu a

sua coordenação.

É importante verificar, então, que o tema e o problema entraram na

agenda governamental naquele momento. No entanto, em julho de 2005, tanto o

Ministro das Cidades, como a sua secretária executiva saíram do Ministério e seus

sucessores não assumiram tal projeto como prioridade de sua gestão. Pode-se

afirmar que a agenda mudou e o Projeto NCP saiu de pauta, embora os técnicos de

terceiro escalão do Ministério tenham levado adiante a sua implementação (mesmo

porque o projeto tornara-se um compromisso formalizado entre o Ministério das

Cidades e a Universidade de British Columbia).

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A DISTÂNCIA ENTRE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

A elaboração e formulação do Projeto NCP também tiveram participação

do Ministério das Cidades, mas foi muito mais fruto do trabalho do Centro de

Assentamentos Humanos da Universidade de British Columbia. O projeto foi

desenhado e, quando pronto, levado para conhecimento das cidades selecionadas.

O processo de implementação iniciou-se de fato, nos municípios, no início de 2006.

Foram quase dois anos de construção da agenda, elaboração e formulação da

proposta, segundo as definições de Saravia (2006).

Os prefeitos dos municípios selecionados pelo Ministério das Cidades

para liderarem o projeto em suas regiões receberam a proposta escrita (o projeto) no

início de 2006 e se comprometeram a constituir um grupo gestor em seus governos

municipais. O primeiro passo foi a escolha de um tema que seria a base do

consórcio e dos municípios que comporiam este consórcio.

O então coordenador do Projeto por parte do Ministério das Cidades

(depois da mudança do Ministro) e um representante do Centro de Assentamentos

Humanos da Universidade de British Columbia visitaram os cinco municípios em

fevereiro de 2006, conversaram com cada prefeito e com cada equipe de gestão.

Foi neste momento que os governos municipais decidiram sobre os temas de

trabalho. Em relação aos casos analisados neste trabalho, ou seja, Belo Horizonte

e Santo André, os temas foram igualdade de gêneros e redução da violência contra

a mulher para a capital de Minas Gerais, e promoção do trabalho decente, segundo

conceito desenvolvido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), para o

município paulista4.

Em junho de 2006, houve um encontro em Vancouver, Canadá, entre

representantes dos governos municipais, governo federal (Ministério das Cidades) e

Universidade de British Columbia, inaugurando oficialmente o projeto. A partir daí,

houveram vários encontros entre os representantes municipais, os técnicos do

governo federal e da universidade canadense com o objetivo de capacitação,

inclusive sobre a nova Lei dos Consórcios Públicos, e de discussão do andamento

dos projetos locais.

4 No caso dos outros municípios envolvidos no Projeto, os temas selecionados foram: revitalização da

Bacia Urbana do Rio Maranguapinho; em Fortaleza; combate à violência urbana, em Recife; e saneamento ambiental, em Santarém.

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No final de 2006, início de 2007, os municípios líderes chamaram outros

municípios para participarem do projeto. Belo Horizonte convidou Betim, Contagem

e Sabará para serem os seus parceiros, enquanto Santo André convidou Osasco,

Diadema e Guarulhos. Guarulhos acabou não se inserindo.

Entre 2006 e 2007, o coordenador do Projeto pelo Ministério das Cidades

mudou novamente e a Secretária de Habitação do Ministério assumiu a

responsabilidade pela sua condução no nível nacional.

Em 2007, os municípios parceiros selecionaram uma área de

assentamento precário para desenvolverem projetos pilotos com o tema específico

que cada região identificou como relevante. O objetivo era que estas atividades e os

seus resultados ajudassem a produzir conhecimento para resolução de problemas

relacionados com assentamentos informais.

Apesar de todos os municípios envolvidos em todas as cinco regiões

terem desenvolvido seus projetos piloto em total parceria com a Universidade de

British Columbia, em 2008, já era sabido que apenas Belo Horizonte, Betim,

Contagem e Sabará formariam um consórcio público.

Uma das discussões que se pode fazer a partir da experiência vivida pelo

projeto é a distância que houve entre a formulação e a implementação. O modelo

top-down recomenda uma clara distinção entre a formulação e a implementação de

políticas. Ele tem suas raízes no modelo de estágios, segundo o qual as políticas

públicas seguem um ciclo de vida que se inicia nos processos pré-decisórios de

formação de uma agenda, passando em seguida pelo processo decisório e pela

formulação da política. Ocorre então a implementação, e finalmente a avaliação.

(Pressmann e Wildavski, 1984).

A alternativa que se coloca ao modelo top-down é o modelo de baixo para

cima, bottom-up. Esse modelo parte da observação e da análise do indivíduo e das

escolhas organizacionais. As políticas públicas são elaboradas para responderem a

algum problema específico; em seguida, são formatadas regras, procedimentos e

estruturas e são verificados os instrumentos de políticas disponíveis e politicamente

viáveis (Pressmann e Wildavski, 1984).

Arretche (2001) destacou, em seu trabalho sobre avaliação de políticas

públicas, a distância entre a formulação e implementação, em especial nos casos

dos formuladores serem de um nível de governo enquanto os implementadores, de

17

outro. Portanto, segundo a autora, ao avaliar uma política pública, o avaliador deve

levar em consideração o grau de conhecimento que o(s) implementador(es) têm do

desenho daquela política.

Nos casos top-down, Arretche defende que as instâncias superiores de

governos devem criar incentivos que “convençam” os níveis inferiores de governo a

implementarem determinada política. Para a autora, são três perguntas que o

avaliador deve fazer para os executores das políticas públicas: (a) eles conhecem os

objetivos da política?; se sim, (b) eles concordam com os objetivos?; se sim, (c) eles

têm condições institucionais para implementarem a política pública em questão?

Cada não respondido significa uma grande distância entre formulação da política e

sua implementação (Arretche, 2001).

Interessante notar que Spink (2005) contrapõe às regiões

metropolitanas,entendidas como instituições top-down, ou seja, criadas a partir de

uma lei federal ou estadual (de cima para baixo), a figura dos consórcios,

associações horizontais e voluntárias de municípios.

O projeto NCP é, no entanto, um projeto de criação de consórcios cujo

desenho é top-down, uma vez que nasce na instância federal de governo em

entidades internacionais e é implementado (ou se pretendia ser) nas instâncias

locais de governo. No caso do Consórcio Mulheres das Gerais, embora o estímulo

inicial tenha sido de cima para baixo, os dirigentes municipais e suas equipes

técnicas se envolveram com o projeto e assumiram o projeto regional (e local) dentro

de uma temática por eles escolhida.

18

MULHERES DAS GERAIS (REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE)

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o “Consórcio Regional de

Promoção da Cidadania: Mulheres das Gerais”, entre os municípios de Belo

Horizonte, Betim, Contagem e Sabará tem como objetivo o enfrentamento da

violência contra a mulher a partir do planejamento, fomento e implementação de

ações e programas consorciados e compartilhados, que tenham caráter

emancipatório e inclusivo, de forma colaborativa e sustentável, para prevenção e

enfrentamento a todas as formas de violência contra a mulher, zelando pela plena

aplicação da Lei 11.340/06 – a Lei Maria da Penha.

Os quatro municípios que compõem o consórcio têm, conjuntamente, uma

população de aproximadamente 3,6 milhões de habitantes (ver Tabela 1). A

população dos quatro municípios, somada, corresponde a cerca de 71,7% de toda a

população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).5

Tabela 1: População dos municípios participantes do “Consórcio Regional de Promoção da Cidadania: Mulheres das Gerais”

Município População % pop municípios

consorciados

% pop municípios da RM

de BH

Belo Horizonte 2.434.642 67,5% 48,39%

Betim 429.507 11,9% 8,54%

Contagem 617.749 17,1% 12,28%

Sabará 125.285 3,5% 2,49%

Total 3.607.183 100,0% 71,69%

Fonte: Estimativas da população para 1º de julho de 2008 (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de agosto de 2008). Página visitada em 5 de março de 2009.

O Consórcio Mulheres das Gerais foi criado em 29 de março de 2008.

Entretanto, o processo de sua constituição começou em 2006. Após a inauguração

oficial do projeto NCP, em Vancouver, Canadá, em junho de 2006, houve uma

Oficina de Capacitação sobre a Lei Federal 11.107/05, e o planejamento estratégico

com a equipe canadense para elaboração do Plano de Ações para 2007, ambos em

Belo Horizonte, entre outubro e dezembro de 2006.

5 Os dados utilizados foram obtidos a partir do documento ‘Estimativas da população para 1º de julho de 2008’ (pdf), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de agosto de 2008), http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2008/POP2008_DOU.pdf. Página visitada em 5 de março de 2009.

19

Entre fevereiro e abril de 2007, os quatro prefeitos assinaram cartas de

pactuação, nomeando o Grupo Gestor, Grupo Técnico e Grupo Jurídico do projeto,

de acordo com a orientação da equipe do projeto. A metodologia de consorciamento

elaborada pelos quatro municípios foi apresentada em Recife, durante o Primeiro

Simpósio Nacional (abril de 2007), às demais equipes ligadas ao projeto: governo

federal e prefeituras das outras regiões participantes do projeto.

Alguns dos eventos que precederam a criação do Consórcio Mulheres

das Gerais foram, em junho de 2007, a Oficina Técnica sobre a Lei Federal

11.107/05, com o Grupo Gestor, Grupo Técnico, Grupo Jurídico e convidados, em

Belo Horizonte e, em agosto do mesmo ano, a Oficina de Capacitação para

Construção de Consenso, em Belo Horizonte.

Em 10 de outubro de 2007, o Protocolo de Intenções foi assinado pelos

municipios consorciantes. O Protocolo foi aprovado pelas Câmaras de Vereadores

de Contagem e Sabará em novembro e enviado para Câmara de Belo Horizonte

para audiência pública, em dezembro.

A assinatura do Protocolo de Intenções pelos municípios de Belo Horizonte, Betim, Contagem e Sabará constituiu um ato de vontade política dos chefes de governo dos municípios que, após ratificação mediante lei pelos respectivos órgãos legislativos, converter-se-á no Contrato de Consórcio Público. De um lado, a natureza contratual do consórcio garante o cumprimento de responsabilidades administrativas, técnicas e orçamentárias de cada município consorciado. Por outro lado, a natureza jurídica do consórcio permite ganhos de escala na prestação de serviços, racionaliza a aplicação de recursos públicos e facilita a captação de recursos por transferências intergovernamentais e outras fontes não governamentais” (Documento oficial do Consórcio Regional de Promoção da Cidadania: Mulheres das Gerais).

Segundo documento oficial do Consórcio, a justificativa para a

colaboração entre os quatro municípios em questão se dá por dois motivos: todos os

quatro municípios já haviam assinado o Pacto Nacional de Políticas para as

Mulheres, do Governo Federal, que norteia o Plano de Trabalho do Consórcio

Regional Proposto; e todos os quatro municípios já davam um tratamento

institucional à temática de gênero, ou seja, nesses municípios já existiam órgãos ou

instituições vinculadas às políticas de gênero, assim como equipamentos destinados

a atender ao público alvo dessas políticas (Documento oficial do Consórcio Mulheres

das Gerais, 2008. p. 6).

A atuação do consórcio é delineada em dois eixos programáticos. O

primeiro refere-se à prevenção, por meio de campanhas educativas e não sexistas,

construção de banco de dados sobre violência doméstica em nível metropolitano e

ações comunitárias junto a jovens e mulheres. O segundo eixo foca o atendimento a

20

mulheres em situação de violência doméstica, por meio da Casa de Abrigo Regional

e da Casa de Passagem.

A regulamentação do Consórcio é suficientemente flexível para permitir a

adesão de novos entes federativos, ampliando assim a possibilidade de incorporar

novas parcerias e ações no território de atuação do Consórcio Regional.

É importante destacar que, com as eleições municipais de 2008, apenas

em Contagem, dos quatro municípios, a prefeita foi reeleita (ver quadro 1). No entanto,

em Belo Horizonte e em Sabará, os prefeitos eleitos eram os candidatos dos prefeitos

anteriores, o que confirmou o apoio ao processo de consolidação do Consórcio

Regional de Promoção da Cidadania: Mulheres das Gerais. Em Betim, o prefeito eleito

teve o apoio do ex-prefeito de Belo Horizonte, o que também permite a inexistência de

resistência por parte desse município em relação à sua participação no Consórcio.

Em novembro de 2008, logo após as eleições, cada grupo gestor municipal

do Consórcio discutiu com as equipes de transição municipais o funcionamento do

Consórcio. Em janeiro e fevereiro de 2009, foram feitas novas reuniões com os novos

prefeitos, com a participação de técnicos e gestores dos quatro municípios, com o

objetivo de apresentar a trajetória do projeto, esclarecer a sua importância e

desdobrar os próximos passos, garantindo a continuidade de sua implementação.

Município Prefeito: criação do Consórcio (2005-2008)

Prefeito atual (2009-2012) Observação

Belo Horizonte

Fernando Pimentel (PT) Márcio Lacerda (PSB)

Márcio Lacerda foi o canditado a prefeito com apoio do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT) e do Gov. Aécio Neves (PSDB).

Betim Carlaile Pedrosa (PSDB)

Maria do Carmo Lara Perpétuo (PT)

A prefeita eleita teve o apoio do ex-prefeito de Belo Horizonte. O candidato do PSDB perdeu a despeito do apoioa do prefeito anterior e do Gov. Aécio Neves.

Contagem Marilia Aparecida Campos (PT)

Marilia Aparecida Campos (PT)

Única mulher que se candidatou em Contagem. No primeiro turno ganhou sem nenhuma coligação de grande porte. No segundo turno ganhou com mais de 60% de votos.

Sabará Sergio Freitas (PSB)

William Lúcio Goddard Borges (PV)

O atual prefeito, mesmo sendo de outro partido, foi o candidato do ex-prefeito Sergio Freitas.

Quadro 1: Prefeitos participantes do Consórcio na gestão passada (2005 a 2008) e na atual gestão (2009-2012)

21

TRABALHO DECENTE (SANTO ANDRÉ, DIADEMA E OSASCO)

Diferentemente das outras regiões do Projeto, a região de Santo André já

possui um consórcio multitemático, criado em 1990: o Consórcio Intermunicipal do

Grande ABC, formado por Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do

Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

A Região do Grande ABC nasceu com a Vila de Santo André da Borda do

Campo, fundada em 1553. Já no século XIX, a ocupação da área cobria

praticamente toda a Região do ABC de hoje. No século XX, os municípios foram se

desmembrando e a Região do Grande ABC foi se consolidando6. Com um total de

2.350.065 habitantes, a Região do Grande ABC representa o centro econômico mais

dinâmico da Região Metropolitana de São Paulo (formada por 39 municípios).

Uma das alternativas pensadas pela equipe de gestão do projeto NCP do

município de Santo André, assim que tomou conhecimento do projeto, em 2006, foi

a de convidar os municípios participantes do Consórcio Intermunicipal do Grande

ABC para darem início ao processo de transformação do Consórcio do ABC em

consórcio público. No entanto, pela composição política (a maioria dos municípios do

ABC não tinha identificação político-partidária com o governo de Santo André – ver

Quadro 2) e pela resistência já apresentada por alguns municípios, os gestores

municipais acreditaram que uma outra alternativa fosse mais viável.

Município Prefeito gestão passada (2005-

2008) Prefeito atual (2009-2012)

Santo André João Avamileno (PT) Aidan Ravin (PTB)

São Bernardo do Campo William Dib (PSB) Luiz Marinho (PT)

São Caetano do Sul José Auricchio Júnior (PTB) José Auricchio Júnior (PTB)

6 A Vila de Santo André da Borda do Campo mudou de nome em 1812, passando a chamar Freguesia de São Bernardo (que se transformou em Município de São Bernardo em 1889). Em 1938, seu nome passou a ser Santo André (e sua sede passou da Vila de São Bernardo para o Distrito de Santo André). O distrito de São Bernardo (que compreendia também Diadema) se emancipou em 1944; São Caetano do Sul, em 1948; Mauá e Ribeirão Pires, em 1953; e Rio Grande da Serra, em 1958.

22

Diadema José de Filipe (PT) Mário Reali (PT)

Mauá Leonel Damo (PV) Oswaldo Dias (PT)

Ribeirão Pires Clovis Volpi (PV) Clovis Volpi (PV)

Rio Grande da Serra Adler Alfredo Jardim Teixeira

(PSDB)

Adler Alfredo Jardim Teixeira

(PSDB)

Quadro 2: Prefeitos participantes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC na gestão passada (2005 a 2008) e na atual gestão (2009-2012)

Como a municipalização do Sistema Público de Emprego, Trabalho e

Renda era um processo recente e alguns municípios da região metropolitana de São

Paulo tinham assumido a responsabilidade de gerir este sistema em seus

municípios, a equipe de governo de Santo André imaginou que este projeto poderia

fortalecer a cooperação entre estes municípios para pensarem em propostas que

fossem além do que o Ministério do Trabalho e Emprego propunha e que

permitissem pensar em uma agenda local/regional de promoção do trabalho

decente.

Assim, nasceu uma parceria entre Santo André, Osasco e Diadema (ver

Tabela 2 e Quadro 3) em uma estrutura de trabalho inter-municipal colaborativa para

determinar metodologias e implementar políticas públicas regionais que pudessem

fomentar o trabalho decente. Foco específico foi dado para os trabalhadores

autônomos do segmento da construção civil (principalmente os residentes de

assentamentos informais). A estrutura de trabalho do projeto foi delineada ao longo

de dois eixos:

� Reforço da capacidade institucional: criação de um banco de dados de

trabalhadores autônomos com os Centros Públicos de Emprego de

cada município, com o objetivo de ajudar a solidificar um conjunto de

políticas sociais para um segmento da força de trabalho autônoma;

� Ação Comunitária e Divulgação Externa: motivação da indústria da

construção civil para integrar políticas de trabalho decente por meio de

uma série de iniciativas de educação comunitária.

23

Tabela 2 – População dos municípios participantes do projeto NCP para a promoção do trabalho decente

Município População % da população dos municípios parceiros

% da população dos municípios da RM de SP

Santo André 673.396 37,62% 3,39%

Diadema 397.738 22,22% 2,00%

Osasco 718.646 40,15% 3,61%

Total 1.784.608 100,00% 9,00%

Fonte: Estimativas da população para 1º de julho de 2009 (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009). Página visitada em 15 de novembro de 2009.

Encontros foram feitos nos três municípios para definir o escopo,

determinar o grupo de projeto, identificar a melhor abordagem, delinear a

metodologia e capacitar as secretarias sobre o projeto. Em 2007, os projetos

pilotos foram implementados nos municípios. No entanto, os prefeitos e os grupos

gestores concordavam que não seria necessário a constituição de um consórcio

público entre estes municípios e que bastava a formalização da cooperação por

meio de um convênio.

No segundo semestre deste ano, a partir de disputas internas ao partido

político que se encontrava no poder público municipal de Santo André, houve um

desentendimento entre o prefeito e sua equipe de governo, o que desencadeou na

saída, em dezembro de 2007, dos secretários de governo (com exceção de dois

deles) e de boa parte dos secretários adjuntos e diretores do governo. Como o grupo

gestor do projeto em Santo André era formado por pessoas que deixaram a

prefeitura, o prefeito teve que formar um novo grupo gestor.

Além disso, com as disputas políticas e as eleições municipais se

aproximando, o prefeito de Santo André não priorizou a continuidade do projeto,

assim como os outros prefeitos. A minuta do convênio foi elaborada, mas nem

sequer foi firmada.

Com a mudança do prefeito de Santo André, em 2009 (veja Quadro 3), o

projeto não foi mais retomado.

24

Município Prefeito gestão passada (2005-2008) Prefeito atual (2009-2012)

Santo André João Avamileno (PT) Aidan Ravin (PTB)

Diadema José de Filipe (PT) Mário Reali (PT)

Osasco Emídio Pereira de Souza (PT) Emídio Pereira de Souza (PT)

Quadro 3:Prefeitos participantes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC na gestão passada

(2005 a 2008) e na atual gestão (2009-2012)

Para uma análise mais profunda do caso de Santo André, Diadema e

Osasco, utilizarei a referência teórica sobre disseminação utilizada por Paulics

(2004) e Farah (2008).

25

DISSEMINAÇÃO

Em estudos sobre a disseminação de políticas públicas e programas

inovadores, Paulics (2004) e Farah (2008) consideram este processo segundo o

qual uma inovação é reproduzida por outras localidades ou quando um município se

inspira em iniciativas desenvolvidas anteriormente em outros locais.

Paulics (2004) utiliza o modelo de translação proposto por Bruno Latour,

que defende a teoria de que as inovações são construídas e disseminadas

coletivamente. Segundo este modelo, o processo de disseminação começa quando

alguém faz uma afirmação, cujo objetivo é o de estabelecer um diálogo com pessoas

que considerem a afirmação indiscutível.

Se a disseminação é ignorada, o processo de disseminação é abortado.

Mas ela pode ser aceita e incorporada em outras afirmações que são construídas.

Ou ainda a afirmação pode ser levada em consideração, mas questionada. Por isso,

Latour afirma que as inovações, ao se disseminarem, ao serem “pegas na mão”,

também são alteradas por quem as pega (Paulics, 2004).

Segundo Paulics (2004), Latour apresenta duas maneiras de se realizar a

disseminação. Aquele que faz a afirmação pode dar margem para negociação sem

se preocupar se vão transformá-la e adaptá-la às novas realidades (processo mais

fácil de disseminação) ou pode não aceitar que se alterem o conteúdo da inovação

(processo mais difícil de disseminação).

No caso do Projeto NCP em Santo André, Diadema e Osasco, não

houveram dificuldades para que as equipes da Universidade de British Columbia e

do Ministério das Cidades aceitassem que os municípios não implementassem o

programa do modo como foi inicialmente pensado.

Segundo Farah, o contexto do município (do local) é tão importante

quanto a própria política pública. Assim, sob a sua perspectiva de análise, os

municípios adotantes têm participação ativa e fundamental no processo de

adoção de uma política pública ou um programa (e mesmo na sua “recriação”)

(Farah, 2008).

A autora levanta alguns fatores que devem ser considerados na análise

do processo de disseminação de políticas e programas. Em primeiro lugar, o

programa deve ser capaz “de dar uma resposta efetiva a problemas e desafios

26

enfrentados por uma administração ou governo”; em segundo lugar, o problema a

que se trata esta política pública ou programa deve ser comum a outras localidades;

em terceiro lugar, os atores sociais e políticos locais devem considerar este

problema como relevante; em quarto lugar, o problema tratado pela política pública

ou programa e a agenda de políticas públicas de diferentes localidades devem ser

convergentes (Farah, 2008. p. 114 a 116).

Este conjunto de fatores não contemplou o caso de Santo André. Ficou

claro que a constituição de um novo consórcio nem entrou na agenda local. O

problema tratado pelo projeto, a questão da pobreza e da urbanização precária, era

vista pelas prefeituras e pelos governos de Santo André, Diadema e Osasco. Mas

naquele momento, este problema não foi colocado como prioridade no sentido de se

pensar em uma nova estratégia regional e não seria um novo consórcio a sua

solução.

Segundo Farah,

É importante reconhecer a influência da agenda local no processo de disseminação para evitar a perspectiva que ignora o contexto das localidades adotantes. Se, nessas localidades, a agenda local não enfatiza determinados temas, as características intrínsecas da inovação tornam-se, no limite, irrelevantes: a municipalidade não quer a inovação, pois ela não diz respeito a uma questão social e política relevante naquele contexto específico, ou, ainda, a sua adoção não é considerada prioritária no quadro mais abrangente de ação governamental, tendo em vista um balanço entre recursos mobilizados e resultados a serem obtidos. Assim, embora o tema possa integrar a agenda sistêmica (Kingdon, 1995), isto é, embora seja reconhecido localmente, por atores sociais e políticos locais, como um problema social, ele pode não ter um status suficiente para integrar a agenda de governo e, sobretudo, a de decisão, isto é, a que inclui as questões que serão objeto de ação governamental efetiva. (Farah, 2008. p. 117).

Retomando o modelo de Latour apresentado em Paulics (2004), fica a

pergunta: será que, de uma maneira ou outra, a afirmação neste caso não foi

ignorada? Não em um primeiro momento. Mas com o passar do tempo, com a

decisão de não constituição do consórcio, com a mudança da equipe técnica, com

as preocupações políticas ocupando lugar de destaque e com a ruptura de governo

em Santo André, o projeto tornou-se cada vez menos importante para aquelas

localidades.

Já a experiência de Belo Horizonte ocorreu em outro sentido. O prefeito

da capital mineira convenceu os atores municipais e os governos de cidades

vizinhas e conseguiu, com sua equipe de governo, implementar o Consórcio

27

Mulheres das Gerais. Para os governantes municipais desta região, fazia todo o

sentido naquele momento, pensar na criação e consolidação de um projeto de

cooperação metropolitana intermunicipal. Além do mais, o próprio Governo do

Estado está interessado em melhorar a gestão de toda a Região Metropolitana de

Belo Horizonte e incorporou este eixo de atuação em seu planejamento estadual.

28

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se aplicássemos as três questões de Arretche (2001) para os casos de

Belo Horizonte e de Santo André, perguntando para os prefeitos e os grupos

gestores: (a) se eles conheciam os objetivos do projeto; (b) se eles concordavam

com os objetivos; e (c) se eles tinham condições institucionais para implementarem o

projeto NCP, teríamos provavelmente as seguintes respostas:

Perguntas Belo Horizonte Santo André

1. Conheciam os objetivos da política? Sim Sim

2. Concordavam com os objetivos? Sim Não

3. Tinham condições institucionais para implementarem? Sim

Como cada não respondido significa uma distância entre formulação da

política e sua implementação (Arretche, 2001), é possível perceber porque no caso

de Santo André o projeto foi totalmente redesenhado e seu grande objetivo não foi

alcançado.

Este caso é interessante, pois ele permite levantar algumas questões

para reflexão do porque o projeto não alcançou o resultado que se pretendia7. Em

primeiro lugar, o tema não entrou na agenda local. Como o projeto não fazia parte

mais da agenda do governo federal, mesmo com todo o esforço da equipe da

Universidade de British Columbia, não houveram incentivos suficientes por parte do

governo federal, em especial do Ministério das Cidades, para que as

municipalidades no entorno de Santo André assumissem o projeto. Segundo

Arretche, para que os governos subnacionais adotem e sigam os objetivos e o

desenho do programa nacional, a autoridade central deve ser capaz de desenvolver

uma bem-sucedida estratégia de incentivos, que podem ser explícitos ou implícitos

(Arretche, 2001).

O próprio Ministério das Cidades, no momento da formulação, tinha se

comprometido com boa parte do financiamento do projeto. No entanto, durante a

7 Para estudos futuros, seria interessante fazer uma análise similar a esta para os outros casos (Fortaleza, Recife e Santarém).

29

implementação (dois anos depois), o Ministério disponibilizou apenas os recursos

financeiros destinados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)8 como

sua contrapartida ao projeto, uma vez que impôs aos municípios que os projetos-

piloto fossem em áreas de intervenção do PAC. Ou seja, independente do projeto

NCP, os municípios participantes receberiam do Governo federal o mesmo montante

de recursos financeiros.

Por outro lado, não podemos esquecer que trata-se de um projeto de

cooperação regional e que demanda muito esforço dos governante de Santo André

(município líder) e de sua equipe de governo para convencerem os parceiros dos

municípios vizinhos (além da necessidade de se fazer uma articulação local com

atores da sociedade civil e com o legislativo municipal). Diante da situação e do

contexto político regional daquela região, com a já existência de um consórcio

consolidado e com as disputas políticas municipal e regional, o prefeito de Santo

André não enxergou o projeto como importante para a região naquele momento.

Segundo as palavras de Latour, ignorou a afirmação.

Para finalizar, devemos lembrar que o projeto canadense também

considerou, inicialmente, a constituição de outros três consórcios públicos, o que

também não aconteceu. Estudar mais profundamente os outros casos pode ampliar

o entendimento do projeto e suas dificuldades.

8 “O Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), lançado em 28 de janeiro de 2007, é um programa do Governo Federal brasileiro que engloba um conjunto de políticas econômicas, planejadas para os próximos quatro anos, e que tem como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, prevendo investimentos totais de 503 bilhões de reais até 2010, sendo uma de suas prioridades a infra-estrutura, como portos e rodovias.” (fonte: http://www.coladaweb.com/geografia/pac.htm)

30

REFERÊNCIAS

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31

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32

Documentos analisados

Consórcio Regional de Promoção da Cidadania: Mulheres das Gerais. Minas Gerais, 2008. http://www.chs.ubc.ca/consortia/outputs3/BH-booklet-Jan2008-POR.pdf. UNIVERSIDADE DE BRITISH COLUMBIA e MINISTÉRIO DAS CIDADES. Novos Consórcios Públicos para Governança Metropolitana – Proposta para uma Iniciativa de Longo Prazo. 10 de agosto de 2005. http://www.chs.ubc.ca/consortia/outputs3/NPC_Project_Proposal-POR.pdf UNIVERSIDADE DE BRITISH COLUMBIA e MINISTÉRIO DAS CIDADES. Novos Consórcios Públicos para Governança Metropolitana – Plano de Implementação do Projeto Revisado. 23 de maio de 2008. http://www.chs.ubc.ca/consortia/outputs3/NPC_Project_Implementation_Plan-Revised-final-POR.pdf

33

___________________________________________________________________

AUTORIA

Patrícia Laczynski – Doutoranda e mestre em Administração Pública e Governo pela Fundação Getulio Vargas. Instituição: EAESP-FGV

Endereço eletrônico: [email protected]