Ilse Scherer - Warren Ação Coletiva

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DAS AES COLETIVAS S REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS Ilse Scherer-Warren

A realidade dos movimentos sociais bastante dinmica e nem sempre as teorizaes tm acompanhado esse dinamismo. Com a globalizao e a informatizao da sociedade, os movimentos sociais, em muitos pases, inclusive no Brasil e em outros pases da Amrica Latina, tenderam a se diversificar e se complexificar. Por isso, muitas das explicaes paradigmticas ou hegemnicas nos estudos da segunda metade do sculo XX necessitam revises ou atualizaes face emergncia de novos sujeitos sociais, novas formas de organizao e articulao e cenrios polticos mais dinmicos, especialmente em sociedades em processo de democratizao. Este estudo busca, inicialmente, uma compreenso acerca da nova configurao da sociedade civil organizada, explicitando os mltiplos tipos de aes coletivas do novo milnio1.

Revisitando conceitos para a pesquisa das aes coletivas e movimentos sociais

Para avanar em relao a noes bastante utilizadas no campo dos atores coletivos e tambm no campo da pesquisa sociolgica, h que se distinguir as noes de aes coletivas e de movimentos sociais para precisar a perspectiva terica que se pretende seguir neste estudo. Aes coletivas tem sido geralmente utilizado, mesmo na academia, como um conceito emprico para se referir a toda e qualquer forma de ao reivindicativa ou de protesto realizada atravs de grupos sociais, tais como associaes civis, agrupamentos para a defesa de interesses civis ou pblicos comuns, organizaes de interesse pblico. Dessa forma, a noo de ao coletiva genrica e abrangente, referindo-se a diferentes nveis de atuao, dos mais localizados e restritos (uma ONG, por exemplo), aos de um alcance mais universal na esfera pblica (um movimento social propriamente dito, por exemplo, o Movimento dos Sem-Terra - MST). Mesmo na teoria social, a conceituao de ao coletiva tambm tem sido muito diversificada, dependendo da abordagem terica de cada autor. No pretendo aqui fazer esta recuperao das teorias. Portanto, vou me deter a uma abordagem que define ao coletiva de uma forma bastante inclusiva e que auxiliar na anlise dos movimentos sociais; refiro-me quela desenvolvida na mais completa obra de Melucci, Challenging Codes collective action in the information age (1996).1

Trazemos neste texto alguns resultados do Projeto As mltiplas faces da excluso social (Projeto AMFES), do Ncleo de Pesquisa em Movimentos Sociais da UFSC, financiado pelo CNPq e cuja pesquisa emprica foi realizada durante estgio enquanto pesquisadora visitante junto Universidade de Braslia (UNB), no perodo de setembro/04 a agosto/05. Partes deste captulo foram publicados em Scherer-Warren, 2006.

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No conjunto dessa obra, Melucci trata de uma teoria geral sobre aes coletivas. Essa teoria fornece uma significativa base para a anlise dos movimentos sociais. A noo de ao coletiva no se refere, nesta teorizao, a aes no estruturadas, que no obedecem alguma lgica de racionalidade, como os tumultos pblicos espontneos, por exemplo. Ela envolve uma estrutura articulada de relaes sociais, circuitos de interao e influncia, escolhas entre formas alternativas de comportamento (p. 18). Os movimentos sociais seriam uma das possibilidades dessas aes. Portanto, segundo Melucci (p.28)2, o movimento social, enquanto categoria analtica, reservado ao tipo de ao coletiva que: 1. envolve solidariedade; 2. manifesta um conflito; 3. excede os limites de compatibilidade do sistema em relao ao em pauta.

O autor acrescenta que nas sociedades contemporneas e da informao, devido ao grau de autorreflexividade dos sujeitos e das organizaes, h uma maior circulao de indivduos, de ideias e circuitos de solidariedade interorganizacional, flexibilizando os modelos organizacionais tradicionais, dando origem a aes sob a forma de redes sociais e coletivas (ibid., p. 113-17). A partir desse pressuposto, considero que, para se compreender a complexidade de formas de interao em rede, necessrio se distinguir conceitualmente trs nveis de relaes: redes sociais, coletivos em rede e rede de movimentos sociais3, as quais empiricamente interagem e se complementam, mas enquanto categorias analticas devem ser diferenciadas. Redes sociais, no sentido amplo, refere-se a uma comunidade de sentido, na qual os atores ou agentes sociais so considerados como os ns da rede, ligados entre si pelos laos dela, que se referem a tipos de interao com certa continuidade ou estruturao 4, tais como relaes ou laos que se estruturam em torno de afinidades/identificaes entre os membros ou objetivos comuns em torno de uma causa. Exemplos desses agrupamentos ou comunidades so as redes de parentesco, redes de amizade, redes comunitrias variadas (religiosas, recreativas, associativismo civil, etc.), contendo ou no uma organizao formal. J quando nos referimos s redes organizacionais de mobilizao da sociedade civil ou redes propositivas de polticas sociais ou pblicas, deve-se fazer a distino entre coletivos em rede e rede de movimentos sociais: Coletivos em rede refere-se a conexes entre organizaes empiricamente localizveis.2 3 4

Sobre abordagens semelhantes, vide a obra de Alain Touraine e Manuel Castells. Vide outros desdobramentos destes conceitos em SCHERER-WARREN, 2007a, 2007b. Vide uma descrio detalhada das vrias abordagens das redes sociais em PENNA et alli, Avaliao estrutural em redes sociotcnicas, In: Egler, 2007.

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Como exemplo, temos as articulaes entre ONGs de um mesmo eixo temtico, como educao popular, direitos humanos, questes de gnero, e outras, compondo os fruns setoriais ou intersetoriais da sociedade civil e outras articulaes em defesa da cidadania. Esses coletivos podem vir a ser segmentos (ns) de uma rede mais ampla de movimentos sociais, que se caracteriza por ser uma rede de redes. Por exemplo, podemos citar como campos polticos ou sub-redes do movimento ambientalista brasileiro diversos coletivos em rede, como o Frum Brasileiro ds ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento; a Rede de ONGs da Mata Atlntica; o Grupo de Trabalho Amaznico GTA; a Rede Cerrado. Entretanto, o movimento social, no caso o movimento ambientalista, deve ser definido como algo que vai alm de uma mera conexo de coletivos (SCHERER-WARREN, 2007b). Movimentos sociais, enfim, so redes sociais complexas, que transcendem organizaes empiricamente delimitadas e que conectam, de forma simblica, solidarstica e estratgica, sujeitos individuais e atores coletivos em torno de uma identidade ou identificaes comuns, de uma definio de um campo de conflito e de seus principais adversrios polticos ou sistmicos e de um projeto ou utopia de transformao social. As identidades e os contedos das lutas podem ser especficos (ambientalista, feminista, tnico etc.) ou transidentitrios (eco-feminismo, anti-racismo ambientalista, etc.). O emergente Movimento Quilombola um exemplo de um movimento com referenciais da subordinao histrica de um grupo social os quilombolas por sua condio originria de raa/etnia e de classe, conforme exemplo abaixo: a identificao tnica (negra) e de classe (camponeses pobres) a identidade coletiva; para combater um legado histrico de colonialismo, racismo e expropriao o adversrio comum; pelo direito terra comunitria herdada e ao reconhecimento de sua cultura o projeto de transformao.

Em sntese, movimentos sociais na sociedade contempornea podem ser mais amplamente explicados quando os atores sociais ou formas de coletividade que os compem forem tratados a partir de uma perspectiva de anlise de redes sociais e organizacionais. Portanto, quando elegemos como conceito terico a noo de rede de movimentos sociais referindo-nos sntese articulatria, amlgama ou s redes das redes do agir e pensar coletivo representadas atravs de diversos formatos organizacionais no estamos abandonando a tradio de anlise j clssica na literatura dos movimentos sociais, ou seja, a ideia de que um movimento social existe quando h:5

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Conforme teorias de Touraine (1997), Melucci (1996) e Castells (1996). Vide outros desdobramentos deste debate em Scherer-Warren (1999, 2000 e 2007a).

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um princpio de identidade construdo coletivamente ou de identificao em torno de interesses e valores comuns no campo da cidadania; a definio coletiva de um campo de conflitos e dos adversrios centrais nesse campo; a construo de projeto de transformao ou de utopias comuns de mudana social nos campos societrio, cultural ou sistmico.

Estamos, sim, ampliando a anlise dos movimentos sociais na medida em que consideramos a interao em redes como algo constitutivo dos movimentos sociais. Essa ideia j est presente em vrios autores, como nos trabalhos de Touraine, Melucci e Castells j mencionados, todavia distinta da tratada acima e que ser melhor explicitada no decorrer desta obra. A rede de movimentos sociais refere-se, pois, uma comunidade de sentido que visa a algum tipo de transformao social e que agrega atores coletivos diversificados, constitutivos do campo da sociedade civil organizada, conforme veremos a seguir. Sociedade civil um conceito clssico da sociologia poltica, mas na atualidade ele tende a ser utilizado num modelo de diviso tripartite da realidade: Estado, mercado e sociedade civil 6. Nessa perspectiva terica, a sociedade civil, embora configure um campo composto por foras sociais heterogneas, representando a multiplicidade e diversidade de segmentos sociais que compem a sociedade, est preferencialmente relacionada esfera da defesa da cidadania e suas respectivas formas de organizaes em torno de interesses pblicos e valores, incluindo-se o de gratuidade/altrusmo, distinguindo-se assim dos dois primeiros setores acima (Estado e mercado), que esto orientados, preferencialmente, pelas racionalidades do poder, da regulao e da economia. importante enfatizar, entretanto, que a sociedade civil nunca ser isenta de relaes e conflitos de poder, de disputas por hegemonia e de representaes sociais e polticas diversificadas e antagnicas. s vezes, tambm, a sociedade civil tratada como sinnimo de terceiro setor, mas isso no adequado e comporta certa ambiguidade. O termo terceiro setor tem sido empregado para denominar as organizaes formais sem fins lucrativos e no-governamentais com interesse pblico. A sociedade civil inclui esse setor, mas tambm se refere participao cidad num sentido mais amplo. Pode-se, portanto, concluir que a sociedade civil a representao de vrios nveis de como os interesses e os valores da cidadania se organiza em cada sociedade, para encaminhamento de suas aes em prol de polticas sociais e pblicas, protestos sociais, manifestaes simblicas e presses polticas. Esses nveis ora so expresso de interesses mais restritos, mais especficos, mais particularizados ou localizados, ora referem-se a articulaes de constelaes mais amplas, mais universais ou mais globalizadas. Em ambos os casos, podemos nos6

A sociologia contempornea tem privilegiado essa perspectiva analtica. Vide, dentre outros, o estudo j clssico de Cohen & Arato (1992).

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referir atuao da sociedade civil organizada. Nesse sentido, os nveis organizacionais mais frequentes e presentes na sociedade civil contempornea podem ser genericamente tipificados da seguinte maneira: Organizaes de base ou associativismo localizado: nesse nvel, podem ser includos ONGs, terceiro setor7, associaes civis/comunitrias, aes coletivas de base local (emprica e popularmente denominadas de movimentos populares) e grupos de cidados envolvidos com as causas sociais. Essas foras associativistas so expresses locais e/ou comunitrias da sociedade civil organizada. Para citar apenas alguns exemplos dessas organizaes localizadas: Ncleos, acampamentos ou assentamentos dos Movimentos Sem-Terra, Sem-Teto, empreendimentos solidrios, associaes de bairro, etc. Essas organizaes locais tambm vm buscando participar de redes nacionais e transnacionais de movimentos (Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra, Movimento dos Catadores de Lixo, Movimento Indgena, Movimento Negro, etc.) ou atravs de articulaes interorganizacionais, como os fruns da sociedade civil, sobre os quais trataremos a seguir. Entretanto, no nvel local, existem tambm coletivos informais, sem nenhuma ou pouca institucionalidade, que lutam por modos de vida alternativos, por reconhecimento ou so produtores de novas formas de expresso simblicas, como grupos de neoanarquistas e outras tribos urbanas. Organizaes de articulao e mediao poltica: nesse nvel, encontram-se os fruns de representantes das organizaes de base e de cidados engajados, associaes nacionais de ONGs e terceiro setor, redes interorganizacionais de interesse pblico e as redes de redes, que buscam se relacionar entre si para o empoderamento da sociedade civil, representando as organizaes e movimentos do associativismo localizado. atravs dessas formas de mediao que se d a interlocuo e as parcerias mais institucionalizadas entre a sociedade civil e o Estado. Essas articulaes tambm se tornaram possveis porque h meios tcnicos que as viabilizam: a internet e os e-mails so prticas cotidianas das redes do novo milnio8. Os encontros presenciais podem ser mais circunstanciais e espaados quando a comunicao cotidiana est garantida pelos meios virtuais. Consequentemente, tem se observado um crescimento expressivo de redes de ONGs e associaes, de Fruns e de redes de redes. Mas at agora destacamos formas organizacionais que possuem certa institucionalidade: algumas com registros legais e certificaes, outras apenas com normas ou procedimentos internos associao. Essas normas disciplinam o cotidiano de atuao do associativismo civil. Todavia, h formas de protestos sociais de maior abrangncia, por um lado, e mais conjunturais, por outro, compondo o terceiro nvel organizacional: so o que chamo de mobilizao na esfera pblica.7

H distines histricas sobre a origem dos termos ONG e terceiro setor e seu uso; nesse sentido, ver a obra coletiva, organizada por Haddad (2002). 8 Vide resultados de pesquisas sobre essa forma de interao em rede na sociedade contempornea em Egler (orga.) (2007).

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Mobilizaes na esfera pblica: diz respeito s marchas ou manifestaes, no espao pblico local, regional ou nacional (campanhas, semanas, etc.), de defesa da cidadania ou em prol de direitos humanos ameaados ou a serem conquistados. Essas mobilizaes so fruto da articulao de atores dos movimentos sociais localizados, das ONGs, dos fruns e redes de redes, mas buscam transcend-los atravs de grandes manifestaes na praa pblica, incluindo a participao de simpatizantes, com a finalidade de produzir visibilidade atravs da mdia e efeitos simblicos para os prprios manifestantes (no sentido poltico-pedaggico) e para a sociedade em geral, como uma forma de presso poltica das mais expressivas no espao pblico contemporneo. Alguns exemplos ilustram essa forma de organizao, incluindo vrios setores de participantes: a Marcha Nacional Pela Reforma Agrria, de Goinia a Braslia (maio/2005), foi organizada por articulaes de base como a Comisso Pastoral da Terra (CPT), o Grito dos Excludos e o prprio Movimento dos Sem-Terra (MST) e por outras transnacionais como a Via Campesina. Tambm se realizaram articulaes com universidades, comunidades, igrejas atravs do encaminhamento de debates prvios marcha. Nos anos posteriores, tm sido realizadas vrias marchas regionais pela reforma agraria, como a mais recente Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrria (agosto de 2009), que ocorreu simultaneamente em vrios estados brasileiros, inclusive em Braslia. A Parada do Orgulho Gay tem aumentado expressivamente a cada ano, desde seu incio em 1995 no Rio de Janeiro, fortalecendo-se atravs de redes nacionais, como a ABGLT, de grupos locais e simpatizantes9. A Marcha da Reforma Urbana, em Braslia (outubro/2005), resultou da articulao de organizaes de base urbana (Sem-Teto e outras), mas tambm de uma integrao mais ampla com a Plataforma Brasileira de Ao Global contra a Pobreza. A Marcha Mundial das Mulheres tem sido integrada por organizaes civis de todos os continentes. A Marcha vinculada III Cpula dos Povos, em Mar Del Plata (novembro/2005), foi convocada pela Aliana Social Continental, por estudantes, trabalhadores, artistas, lderes religiosos, representantes das populaes indgenas e das mulheres, juristas, defensores dos direitos humanos, parte desse movimento plural, que, pela terceira vez, celebra o encontro, aps os realizados em Santiago do Chile (1998) e Qubec (2001) (cf. Adital, 4/11/05). A Marcha Zumbi + 10 desmembrou-se em duas manifestaes em Braslia (uma em 16/11/05 e outra em 22/11/05), expressando a diversidade de posturas do movimento negro quanto autonomia em relao ao Estado. Portanto, vale destacar que essas organizaes em rede se abrem para a articulao da diversidade, mas com limites quanto capacidade de absoro de posturas ideolgicas ou polticas conflitivas, vindo a se cindir quando os conflitos tornam-se no-negociveis, como no caso acima. Resta lembrar que em relao a sustentabilidade para a realizao de atividades dos nveis9

Em So Paulo, a primeira Parada Gay em 1997 teve cerca de 2 mil pessoas e a nona em 2005, cerca de 2,5 milhes, cf. http://www.comunidadeglbt.com.br.

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mencionados at aqui, ou seja, a captao de recursos materiais para a sustentao organizacional, registram-se os apoios financeiros especialmente das agncias no-governamentais nacionais e internacionais e, frequentemente, governamentais. Mas h tambm contribuies individuais advindas do campo da solidariedade cidad. Rede de movimento social: refere-se articulao entre vrios atores ou organizaes que participam dos nveis organizacionais acima. Esta pressupe a identificao de sujeitos coletivos em torno de valores, objetivos ou projetos em comum, os quais definem os atores ou situaes sistmicas antagnicas que devem ser combatidas e transformadas10. Em outras palavras, o movimento social, definido enquanto uma rede de carter poltico, pressupe a construo de uma identidade coletiva ou identificao grupal, a definio de adversrios ou opositores e um projeto ou utopia 11, num contnuo processo de formao poltica, resultante das interaes das mltiplas articulaes acima mencionadas. Esse tende a ser o nvel mais complexo, mais politizado e orientado por um desejo de transformao do status quo de grupos sociais que se consideram em situao de excluso, desigualdade ou discriminao, ou mesmo que lutam por mudanas sistmicas mais amplas. A ideia de rede de movimento social , portanto, um conceito de referncia que busca apreender o porvir ou o rumo das aes de movimento, transcendendo, portanto, as experincias empricas, concretas, datadas, localizadas dos sujeitos/atores coletivos, conforme representado na figura abaixo. O movimento propriamente dito resulta, portanto, da dinmica articulatria entre diversos atores da sociedade civil em nome de um projeto ou utopia de mudana social.

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Vide outros desdobramentos sobre a noo de redes de movimentos sociais tambm em Scherer-Warren (1999, 2000, 2002 e 2005). 11 Cf. Touraine (1997), Melucci (1996), Castells (1996), dentre outros.

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Fonte: Scherer-Warren, 2006

Na sociedade das redes (para usar uma terminologia de Manuel Castells), o associativismo localizado (ONGs comunitrias e associaes locais) ou setorizado (ONGs feministas, ecologistas, tnicas e outras) ou, ainda, os movimentos sociais de base locais (de moradores, sem teto, sem terra, etc.) percebem cada vez mais a necessidade de se articularem com outros grupos com a mesma identidade social ou poltica, a fim de ganhar visibilidade, produzir impacto na esfera pblica e obter conquistas para a cidadania. Nesse processo articulatrio, atribuem, portanto, legitimidade s esferas de mediao (fruns e redes) entre os movimentos localizados e o Estado, por um lado, e buscam construir redes de movimento com relativa autonomia, por outro. Origina-se, a partir desse fato, uma tenso permanente, no seio do movimento social, entre participar com e atravs do Estado para a formulao e a implementao de polticas pblicas ou em ser um agente de presso autnoma da sociedade civil.

A articulao em torno de novas identidades polticas e de valores

Nas sociedades globalizadas, multiculturais e complexas, as identidades tendem a ser cada vez mais plurais e as lutas pela cidadania incluem, frequentemente, mltiplas dimenses do self: de gnero, tnica, de classe, regional; mas tambm dimenses de afinidades ou de opes polticas e de valores: pela igualdade, pela liberdade, pela paz, pelo ecologicamente correto, pela sustentabilidade social e ambiental, pelo respeito diversidade e s diferenas culturais etc. As redes, por serem multiformes, aproximam atores sociais diversificados, dos nveis locais aos mais globais, de diferentes tipos de organizaes e possibilitam o dilogo da diversidade de interesses e valores. Ainda que esse dilogo no seja isento de conflitos, o encontro e o confronto das reivindicaes e lutas referentes a diversos aspectos da cidadania, vm permitindo aos movimentos sociais passarem da defesa de um sujeito identitrio nico defesa de um sujeito plural. Por exemplo, a Articulao das Mulheres Brasileiras (AMB), rede tradicionalmente feminista, hoje

...carrega um sub-ttulo que diz Articulao de Mulheres Brasileiras - uma articulao feminista e anti-racista. Isso se definiu afirmando o feminino e tambm afirmando o anti-racismo como uma questo central. Isso tudo fruto das mulheres negras dentro da AMB...(Entrevista com Guacira, ex coordenadora da AMB,

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2005).12

A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) um caso emblemtico de luta transversal de direitos para a Amrica Latina e para a sociedade global. A MMM teve sua origem no movimento de mulheres e caracteriza-se por ser um projeto de mobilizao social no qual participam ONGs feministas, mas tambm comits e organismos mistos de mulheres e homens que se identificam com a causa do projeto. Essa causa parte do princpio da existncia de uma discriminao de gnero, mas se associa luta contra discriminaes e excluses sociais em outras dimenses, especialmente em relao igualdade, solidariedade, liberdade, justia e paz. Dessa forma, central em sua plataforma poltica: - o combate pobreza (demanda por terra, trabalho, direitos sociais); - o combate injustia (contra violncia em todas as esferas da vida social, que vai do trfico de mulheres, trabalho escravo at o cancelamento da dvida externa, como forma de explorao injusta).

Portanto, a MMM, como muitos movimentos sociais que se constituram luz dos movimentos alter-globalizao, uma rede interorganizacional, mas no momento de suas mobilizaes na praa pblica se amplia consideravelmente com a presena de muitos cidados (as) participantes, como ocorreu no lanamento da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, em oito de maro de 2005, em So Paulo, no qual foi estimada a presena de 30 mil mulheres de 16 Estados brasileiros e representantes de outros pases (Mujeres de las Amricas, 2005). A viagem da Carta atravs das Amricas permite no s uma ao integrada do movimento feminista latinoamericano, mas tambm alianas com o conjunto dos movimentos sociais, em torno de uma pauta multidimensional que foi se construindo atravs de sua passagem em vrios pases: por moradia, pela reforma agrria, por salrio justo, sade, direito ao aborto, pela paz, contra a violncia, o racismo, a guerra etc. Agenda essa que vai caracterizando uma face multi-identitria de um feminismo em movimento, latino-americano e mundial. A Carta chegou a Burkina Faso, na frica (no dia 17/10/05), ltimo porto dessa ampla rede mundial de solidariedade e de luta simblica por um outro mundo possvel, lema do FSM13. Outras oportunidades polticas e reflexivas para as articulaes em rede se encontram em fruns transnacionais, como o Frum Social Mundial (FSM) e Cpula dos Povos da Amrica. De fato, o FSM (ocorrido por quatro vezes em Porto Alegre (desde 2001), uma em Belm (2009), alm12

Dados do Projeto AMFES, op. cit. Nesse dia, chegou em Ouagadogou, Burkina Faso, a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade e a Colcha, que foi sendo costurada com os retalhos que expressam o mundo que querem as mulheres dos 53 pases por onde a Carta passou (http://www.marchamundialdasmulheres.org/news/2094).13

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de sua realizao em outros continentes) tem se constitudo em um momento central de mobilizao para as redes de movimentos na Amrica Latina. O FSM, enquanto espao de articulao da sociedade civil, tem servido de inspirao criao de vrios outros Fruns (por exemplo o Frum Brasileiro de Economia Solidria surgiu a partir do III FSM e o I Frum Mundial da Sade ocorreu imediatamente antes do V FSM, realizado em Porto Alegre, em 2005), alm de estimular o crescimento e o fortalecimento de outras redes, tais como a Via Campesina e a Marcha Mundial das Mulheres, j mencionadas.

A transversalidade de direitos na luta pela cidadania

O Frum Social Mundial (FSM) bem como outros fruns e redes transnacionais de organizaes tm sido espaos privilegiados para a articulao das lutas por direitos humanos em suas vrias dimenses sociais. Assim, atravs dessas articulaes em rede de movimento, observase o debate de temas transversais, relacionados a vrias faces da excluso social e demanda de novos direitos. A transversalidade dos direitos tem uma referncia organizada na Plataforma DhESCA (Direitos humanos econmicos, sociais, culturais e ambientais), a qual defende a indivisibilidade dos direitos. Essa referncia reflete o crescimento da presena de sujeitos e redes diversas no interior do Movimento Nacional de Direitos Humanos e no Frum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (FENDH), no Brasil, onde se associaram s Comisses de Direitos Humanos, fundadoras do movimento, s pastorais sociais, ONGs, entidades indgenas, de negro(as), de mulheres, ambientalistas e outras, trazendo para o Movimento a necessidade da ideia de indivisibilidade dos direitos humanos. A transversalidade das lutas sociais por direitos, atravs da atuao em redes, pode ser representada atravs do seguinte diagrama:

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Fonte: Ilse Scherer-Warren, 2005

Essa transversalidade na demanda por direitos implica o alargamento da concepo de direitos humanos e a ampliao da base das mobilizaes. Por exemplo, a MMM teve incio numa manifestao pblica feminista no Canad (em 1999), cujo lema, inspirado em uma simbologia feminina - po e rosas - expressava j a resistncia contra a pobreza e a violncia. Mantm-se at hoje esse primeiro mote, mas vem ampliando-se sua conotao, convocando o conjunto dos movimentos sociais para a luta por um outro mundo e por novos direitos humanos, nos quais sejam superados vrios legados histricos do patriarcalismo e do capitalismo, conforme foi registrado na Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade (2005, n. 6):Esses sistemas se reforam mutuamente. Eles se enrazam e se conjugam com o racismo, o sexismo, a misoginia, a xenofobia, a homofobia, o colonialismo, o imperialismo, o escravismo e o trabalho forado. Constituem a base dos fundamentalismos e integrismos que impedem s mulheres e aos homens serem livres. Geram pobreza, excluso, violam os direitos dos seres humanos, particularmente os das mulheres, e pem a humanidade e o planeta em perigo.

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Essa luta pela transversalidade dos direitos humanos, expressa na Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, possui cinco valores de referncia: igualdade, liberdade, solidariedade, justia e paz. Esses valores transformam-se em reivindicaes coletivas da Marcha, dentre as quais destacamos as contidas na sntese abaixo. Podem ser observados a os direitos humanos clssicos e os direitos humanos de uma nova gerao (das minorias e ambientais). Vale ressaltar que cada um desses direitos perpassado pela conotao de uma luta contra a excluso e a violncia que contemple as dimenses de gnero, tnica, etria, regional, de equidade e de qualidade de vida. Portanto, a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade (abaixo) poder ser lida a partir da Plataforma DhESCA, mencionada anteriormente, na medida em que contempla o conjuntos dos direitos humanos defendidos nessa plataforma, mas atravs do olhar e da leitura dessa rede transnacional de mulheres, conforme registro a seguir:

Compilao: Ilse Scherer-Warren, 2005

em torno dessa plataforma ampla que a MMM consegue se comunicar com o conjunto das tendncias do feminismo, dos movimentos de mulheres de base local, mas tambm com os mais globais, com movimentos sociais de outras especificidades, com simpatizantes com suas causas, formando redes de redes de movimentos, identidades plurais, radicalizando a democracia a partir dos nveis locais aos regionais, nacionais at os transnacionais na direo de uma cidadania 12

planetria.

Empoderamento das redes e sua participao em novas formas de governana

Preparar os sujeitos para se constiturem em atores de novas formas de governana requer a participao em diversos espaos: mobilizaes de base local na esfera pblica; empoderamento atravs dos fruns e redes da sociedade civil; participao nos conselhos setoriais, no oramento participativo e em outras parcerias entre sociedade civil e Estado; e, nos ltimos anos, a busca de uma representao ativa nas conferncias nacionais e globais de iniciativa governamental em parcerias com a sociedade civil organizada. A cidadania se fortalece e amadurece nesses espaos na medida em que as seguintes condies se fazem presentes: No espao das organizaes de base local e nas mobiliaes (locais e mais globais) onde se reafirmam e se consolidam: - as identidades coletivas, reforando o sentimento de pertencimento (o que ser, se sentir e atuar como um sem-terra, um quilombola, um afro-brasileiro, um neo-zapatista, uma feminista etc.); - os simbolismos/msticas das lutas, criando-se a ideia de unidade na diversidade e fora interior para prosseguir (atravs do culto a bandeiras dos movimentos, msicas, objetos culturais, ritos, etc.); - os projetos/utopias, que do longevidade e significao ao movimento (projetos da reforma agrria, territrio comunal, aes afirmativas e igualitarismo e reconhecimento das diferenas de gnero, tnicas, etc.). Portanto, nesse espao que o empoderamento poltico e simblico das organizaes de base local se constri e se reconstri de forma mais efetiva.

No espao de representao, como nos fruns da sociedade civil, onde vai se construindo de forma mais sistemtica as propostas para a transformao social e formas de negociao com o Estado e o mercado. Exemplifico, a seguir, com alguns temas das plataformas de fruns da sociedade civil que tem sido destaques na poltica de negociao com o Estado: - FDDI: garantir direitos originrios dos povos indgenas (especialmente a terra), conforme previsto na Constituio de 1988; - FENDH: participao no Plano Nacional de Direitos Humanos, com incluso da Plataforma DhESCA; - FBO: campanha sobre Supervit Primrio e pela democratizao da Lei de 13

Responsabilidade Social; - FNRA: limite da propriedade da Terra (Carta da Terra, que contempla tambm um modelo de sociedade); - FLC: erradicar lixes, retirar crianas do lixo; criar coletas seletivas e gerao de renda para os catadores. - AMB: integralidade e universalidade das polticas pblicas de atendimento a mulher, contra a violncia, contra o sexismo, contra o racismo, etc.

Nesse espao, as organizaes de base encontram um canal de representao (ainda que bastante informal) e de mediao poltica para as negociaes com o Estado e o mercado. Nas parcerias entre sociedade civil, Estado e mercado, h mltiplas formas de atuao, mas, em termos de participao para a elaborao de polticas pblicas, merecem destaque os conselhos e conferncias. Nos conselhos setoriais (popular e/ou paritrio) onde h, pelo menos teoricamente, um espao institucional para o encaminhamento de propostas da sociedade civil para uma nova governana junto esfera estatal. Alguns exemplos dessas parcerias podem ser citados: - A SEPPIR criou em 2003 o CNPIR (Conselho Nacional de Promoo da Igualdade Racial), com uma representao paritria entre sociedade civil e governo, tendo carter consultivo, para a interlocuo entre estas duas esferas. Por sua vez, os indgenas revindicam desde 2002 a criao de um conselho prprio. Mesmo assim, ainda em maio de 2009, atravs do Documento Final do VI Acampamento Terra Livre, realizado em Braslia, solicitava-se ao Legislativo a aprovao do Projeto de Lei para criao do Conselho Nacional de Poltica Indigenista (CNPI) e a criao de um novo Estatuto dos Povos Indgenas. Fazia-se tambm um apelo sociedade civil organizada para dar seu apoio e, assim, fortalecer em rede essa reivindicao:

Chamamos a todos os segmentos da sociedade civil brasileira a somar conosco nesta luta pelo respeito pleno aos nossos direitos, como parte da total democratizao do nosso pas, do qual nos orgulhamos de fazer parte, mas que lamentavelmente ainda nos discrimina e marginaliza, sob a presso e o domnio de uns poucos, que s almejam os seus lucros e bem-estar, ignorando a nossa contribuio fundamental preservao da Natureza, em benefcio do equilbrio global e do bem-estar de todos os brasileiros e da humanidade. Aos nossos povos, reafirmamos a nossa determinao de avanar na nossa organizao e luta, para garantir a vigncia dos nossos direitos, hoje, e para o bem das nossas geraes futuras. Braslia, 07 de maio de 2009,

(http://www.coiab.com.br).

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Os conselhos setoriais possibilitam tambm uma participao sistemtica e institucional da sociedade civil organizada nas conferncias nacionais e globais, como nas vrias Cpulas e/ou Conferncias Mundiais organizadas pela ONU e, no Brasil, nas Conferncias Nacionais dos Direitos Humanos, das Mulheres, da Promoo da Igualdade Racial, da Economia Solidria, da Juventude, organizadas a partir das Secretarias Especiais do Governo Federal. Dentre os conselhos setoriais estaduais e municipais (crianas e adolescentes, sade, segurana alimentar, educao, assistncia social e outros), h vrios com participao ativa das organizaes da sociedade civil, porm outros ainda so muito controlados pelo poder pblico. Frente a esse desafio, Raichelis (2005) acrescenta que:

Estudos e pesquisas tm destacado a importncia dos fruns, plenrias, audincias pblicas, mesas de concertao, redes e outras formas de articulao enquanto espaos polticos estratgicos para a ampliao da participao e democratizao da informao, bem como mecanismos de ativao e dinamizao dos prprios conselhos. No entanto, a dinmica de funcionamento e o desenho organizacional desses novos espaos pblicos precisam ser cuidadosamente pensados, pois condiciona, em larga medida, a capacidade de incluso de novos atores coletivos, especialmente aqueles excludos de outras arenas decisrias.

Enfim, a gesto das polticas pblicas poder ser mais ou menos cidad, ou seja, influenciada pela sociedade civil. Isso depender das relaes de fora ou das possibilidades de convergncia entre representantes das redes de movimentos, da esfera estatal e do mercado nos conselhos setoriais e nas conferncias de promoo de direitos da cidadania bem como das possibilidades e efetivo empoderamento e democratizao no interior das prprias redes de movimento, na direo do desenvolvimento de sujeitos com relativa autonomia na construo de seus destinos pessoais e coletivos.

Concluindo

A sociedade civil organizada do novo milnio tende a ser uma sociedade de redes organizacionais, de redes interorganizacionais e de redes de movimentos e de formao de parcerias entre as esferas pblicas, privadas e estatais, criando novos espaos de governana com o crescimento da participao cidad. As redes de movimentos sociais possibilitam, nesse contexto, a 15

transposio de fronteiras territoriais, articulando as aes locais s regionais, nacionais e transnacionais; fronteiras temporais, lutando pela indivisibilidade de direitos humanos, representados por diversas geraes histricas destes e de suas respectivas plataformas;fronteiras sociais, em seu sentido amplo, compreendendo o pluralismo de concepes de mundo dentro de determinados limites ticos, o respeito s diferenas e a radicalizao da democracia atravs do aprofundamento da autonomia relativa da sociedade civil organizada14. Esta a nova utopia do ativismo: mudanas com engajamento com as causas sociais dos excludos e discriminados e com defesa da democracia na diversidade.

Lista de Siglas de Fruns e Redes ABGLT Associao Brasileira de Gays, Lsbicas e Transgnero ABONG Associao Brasileira de ONGs AMB Articulao das Mulheres Brasileiras FBES Frum Brasileiro de Economia Solidria FBO - Frum Brasil do Oramento FDDI - Frum em Defesa dos Direitos Indgenas FENDH Frum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos FLC - Frum do Lixo e Cidadania FNMN Frum Nacional de Mulheres Negras FNRA Frum Nacional de Reforma Agrria Frum-PETI Frum Nacional de Preveno e Erradicao do Trabalho Infantil FSM Frum Social Mundial Inter-redes Direitos e Poltica MMM Marcha Mundial das Mulheres RBSES Rede Brasileira de Scioeconomia Solidria RMA Rede Mata Atlntica RITS Rede de Informao do Terceiro Setor

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