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12 | Quarta-feira, 25 de setembro de 2013 | Opinião Adelino Venturi A catástrofe ambiental O Estado do Paraná está sofrendo a ação funesta das catástro- fes ambientais de uma maneira inédita. A cada ano, essa situação se agrava. Além das chuvas e do frio acima do normal, agora os paranaenses enfrentam tornados, que arrasam as cidades do interior. As enchentes - que tradicionalmente castigam o Estado de San- ta Catarina, em particular a bela região do Vale do Itajaí - agora alcançam as cidades paranaenses. Os supersticiosos dizem: é sinal dos tempos. Todavia, não é superstição. É sinal dos tempos sim, sinal de degradação ambiental, de exaustão da natureza diante de tanta agressão; sinal dos tempos de subdesenvolvimento, descaso, com aumento do número de políticos desonestos, que só governam seus interesses e nada fazem pelo interesse de todos. É primário, mas é sempre bom repetir, à exaustão, que limpeza é sinal de saúde e, consequentemente, de qualidade de vida. A população brasileira precisa ser abrangida por ações públicas e privadas que contemplem essa premissa de saúde com qualidade de vida. Basta um olhar mais crítico sobre a degradação ambiental nos centros urbanos: caos no trânsito, níveis elevados de poluição que agridem a saúde. As campanhas educativas são formais, mal pensa- das e mal elaboradas. A população em geral ainda não se alimenta de maneira mais saudável. A força do mercantilismo impõe goela abaixo dos consu- midores produtos de péssima qualidade, Não há em nível nacional um sistema de campanhas e ações visando orientar as pessoas para o consumo de produtos saudáveis. O Ministério da Agricultura e do Abastecimento preocupa-se prioritariamente com a economia em larga escala do agronegócio. É lamentável, mas as pessoas aceitam a inversão de valores na referência e na nomenclatura dos venenos que são lançados sobre as lavouras. Ao invés de agrotóxicos, são chamados de defensivos agrícolas. Os produtos agrícolas orgâ- nicos ainda são raridade e, por isso, de custo elevado para o consumidor. É responsabilidade governamental inverter essa lógica perversa. Para tanto, terá de reconhecer a prevalência da lógica perversa dos venenos. A autoridade da área de saú- de coloca em plano inferior o caráter preventivo e se preocupa mais com o curativo. Uma popu- lação submetida a um regime assim não pode viver de maneira saudável. Os hospitais estão cada vez mais lotados. A situação global é crítica. A consultoria da Master Ambiental informa que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Cli- máticas (IPCC), grupo dos mais reconhecidos especialistas de todo o mundo no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), concluiu que o aumento a partir de 2°C na temperatura média do planeta já ocasionaria mudanças significativas no clima global. Efeitos como o degelo nas áreas polares e o aumento do nível dos oceanos, até a maior frequência e gravidade de eventos climá- ticos extremos e por consequência refugiados ambientais, seriam então sentidos - principalmente pelos países e pessoas mais po- bres, sem recursos para prevenir e remediar tais problemas. Ainda de acordo com a consultoria, a recorrência de fenôme- nos como furacões, ciclones, tornados e secas provavelmente evi- denciará a urgência na definição de medidas de controle e redução das emissões, tais como protocolos de segurança e alertas meteorológicos. No Brasil, imagine quantos prejuízos não causa- ria a alteração do regime de chuvas. Todas as ações demandam o bom senso, que deve abranger a todos, desde os governantes, judiciários e legisladores, até os orga- nismos ativos da sociedade civil, ás áreas culturais e sociais. A catás- trofe ambiental é uma cruel realidade. Não pode mais ser ignorada. Adelino Venturi é professor, empresário e membro do Conse- lho Deliberativo da Associação Comercial, Industrial, Agríco- la e de Prestação de Serviço (Aciap),de São José dos Pinhais

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12 | Quarta-feira, 25 de setembro de 2013 |

Opinião Adelino Venturi

A catástrofe ambientalO Estado do Paraná está sofrendo a ação funesta das catástro-

fes ambientais de uma maneira inédita. A cada ano, essa situação seagrava. Além das chuvas e do frio acima do normal, agora osparanaenses enfrentam tornados, que arrasam as cidades do interior.

As enchentes - que tradicionalmente castigam o Estado de San-ta Catarina, em particular a bela região do Vale do Itajaí - agoraalcançam as cidades paranaenses.

Os supersticiosos dizem: é sinal dos tempos.Todavia, não é superstição. É sinal dos tempos sim, sinal de

degradação ambiental, de exaustão da natureza diante de tantaagressão; sinal dos tempos de subdesenvolvimento, descaso, comaumento do número de políticos desonestos, que só governamseus interesses e nada fazem pelo interesse de todos.

É primário, mas é sempre bom repetir, à exaustão, que limpezaé sinal de saúde e, consequentemente, de qualidade de vida.

A população brasileira precisa ser abrangida por ações públicas

e privadas que contemplem essa premissa de saúde com qualidadede vida.

Basta um olhar mais crítico sobre a degradação ambiental noscentros urbanos: caos no trânsito, níveis elevados de poluição queagridem a saúde. As campanhas educativas são formais, mal pensa-das e mal elaboradas.

A população em geral ainda não se alimenta de maneira maissaudável. A força do mercantilismo impõe goela abaixo dos consu-midores produtos de péssima qualidade, Não há em nível nacionalum sistema de campanhas e ações visando orientar as pessoas parao consumo de produtos saudáveis.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento preocupa-seprioritariamente com a economia em larga escala do agronegócio.É lamentável, mas as pessoas aceitam a inversão de valores nareferência e na nomenclatura dos venenos que são lançados sobreas lavouras. Ao invés de agrotóxicos, são chamados de defensivos

agrícolas.Os produtos agrícolas orgâ-

nicos ainda são raridade e, porisso, de custo elevado para oconsumidor. É responsabilidadegovernamental inverter essalógica perversa. Para tanto, teráde reconhecer a prevalência dalógica perversa dos venenos.

A autoridade da área de saú-de coloca em plano inferior o

caráter preventivo e se preocupa mais com o curativo. Uma popu-lação submetida a um regime assim não pode viver de maneirasaudável. Os hospitais estão cada vez mais lotados.

A situação global é crítica. A consultoria da Master Ambientalinforma que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Cli-máticas (IPCC), grupo dos mais reconhecidos especialistas de todoo mundo no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU),concluiu que o aumento a partir de 2°C na temperatura média doplaneta já ocasionaria mudanças significativas no clima global.

Efeitos como o degelo nas áreas polares e o aumento do níveldos oceanos, até a maior frequência e gravidade de eventos climá-ticos extremos e por consequência refugiados ambientais, seriamentão sentidos - principalmente pelos países e pessoas mais po-bres, sem recursos para prevenir e remediar tais problemas.

Ainda de acordo com a consultoria, a recorrência de fenôme-nos como furacões, ciclones, tornados e secas provavelmente evi-denciará a urgência na definição de medidas de controle e reduçãodas emissões, tais como protocolos de segurança e alertasmeteorológicos. No Brasil, imagine quantos prejuízos não causa-ria a alteração do regime de chuvas.

Todas as ações demandam o bom senso, que deve abranger atodos, desde os governantes, judiciários e legisladores, até os orga-nismos ativos da sociedade civil, ás áreas culturais e sociais. A catás-trofe ambiental é uma cruel realidade. Não pode mais ser ignorada.Adelino Venturi é professor, empresário e membro do Conse-

lho Deliberativo da Associação Comercial, Industrial, Agríco-la e de Prestação de Serviço (Aciap),de São José dos Pinhais