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IMPACTOS DO TURISMO NO TERRITÓRIO◙
Introdução
No atual contexto da economia globalizada vem se atribuindo ao turismo um papel
relevante na busca do desenvolvimento sócio-espacial. Governos nacionais, regionais e locais,
administradores e gestores públicos, enfim, todos aqueles que formulam as chamadas políticas de
desenvolvimento econômico, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países em
desenvolvimento, passaram a ver o turismo como uma poderosa ferramenta para alavancar o
desenvolvimento regional.
Esse interesse pelo turismo cresce na medida em que se conhece a sua grande capacidade
em gerar benefícios para a economia das regiões, tal como criar empregos, ser fonte de renda para
as populações residentes, gerar tributos e divisas para os governos, atrair investimentos privados,
enfim, contribuir para o dinamismo econômico do território.
Entretanto, é preciso atentar para o fato de que o turismo não é portador só de benefícios
e vantagens. Isto é verdadeiro apenas em parte, pois diversos estudos demonstram que o turismo
também pode provocar uma série de danos às regiões receptoras, ou seja, o seu desenvolvimento
pode não ser completamente positivo, visto que implica, muitas vezes, em conseqüências sócio-
culturais e ambientais adversas. Como assinala Ioannides:
Em vários cenários, desde lugares remotos em países menos desenvolvidos, às áreas
metropolitanas em regiões mais adiantadas, administradores políticos perseguem de
modo entusiástico o desenvolvimento do turismo e, por meio de incentivos à implantação
de infraestruturas básicas (Ex.: aeroportos, estradas, centros de convenção, centros
esportivos, complexos hoteleiros, marinas, etc) têm a esperança de atrair investimentos
estrangeiros e, assim, gerar crescimento econômico, criar postos de trabalho e,
finalmente, diversificar a economia. Igualmente, não obstante as críticas ao turismo
terem crescido nos anos mais recentes devido aos custos ambientais e sócio-culturais
que ele impõe às sociedades anfitriãs e, à constatação de que não é uma indústria tão
“limpa” como se pensava, a atitude de um número cada vez maior de administradores
políticos para com este setor têm permanecido completamente favorável (1997: 03).
Essa crença acrítica no turismo enquanto um instrumento de estímulo ao crescimento
costuma ser muito comum, particularmente, nos países em desenvolvimento. Nestes países, os
responsáveis pela formulação das políticas de turismo têm frequentemente se concentrado nos
benefícios econômicos que a atividade turística pode trazer consigo, ignorando as demais questões.
◙ Texto baseado em: SILVEIRA, Marcos A. T. da. Turismo, políticas de ordenamento territorial e
desenvolvimento: um foco no Estado do Paraná no contexto regional. 279 f, 279 f. Tese de Doutorado
em Geografia Humana (Programa de Pós-Graduação em Geografia) – Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2002.
.
É claro que a contribuição do turismo para a economia de muitos países em desenvolvimento tem
sido significativa, conforme apontam vários exemplos, como é caso de países como o México,
Rússia, Brasil, e outros. Em alguns países o turismo constitui, até mesmo, a principal fonte de
receitas e divisas, assim como, a mais importante fonte de empregos1.
Porém, a literatura sobre o tema também inclui muitos estudos que são críticos ao
turismo, chamando a atenção para as conseqüências negativas que ele pode trazer para as
sociedades, para o meio ambiente e, até mesmo, para a própria economia dos espaços de destino.
Autores como Cazes (1989) falam de miragem ou engodo, como referência ao caráter ilusório que
pode ter o turismo para os países em desenvolvimento. Isto tem suscitado dúvidas sobre esta
atividade constituir uma estratégia segura para se buscar o desenvolvimento territorial.
Desta perspectiva, tornou-se recorrente na literatura especializada abordar a temática dos
impactos2 do turismo nos espaços de destino. Tema que tem alimentado importantes reflexões e
provocado muita polêmica entre os estudiosos. Isso por conta da dicotomia que, como veremos,
parece ser intrínseca ao turismo, segundo a qual, por um lado, ele pode ser benéfico para o
desenvolvimento territorial. Mas, por outro lado, esta atividade pode provocar o aparecimento de
sérios problemas nas regiões receptoras.
De início, é preciso assinalar que os impactos do turismo, não são iguais em todos os
lugares, pois diversos fatores determinam a expansão desta atividade em um dado momento e
espaço, tais como: volume e perfil da demanda turística, características da oferta, acessibilidade,
infraestrutura utilizada (tipo de transporte e meios de hospedagem, etc), localização e distribuição
espacial dos equipamentos turísticos (hotéis, marinas, parques temáticos, etc). E, a própria
organização do território em si (recursos naturais e culturais disponíveis, nível de desenvolvimento
econômico, estrutura social e política, etc). Ou seja, processos de desenvolvimento turístico similar
podem dar origem a impactos diferenciados. Nas palavras de Vera et al:
Seja em que escala for, está claro que os efeitos espaciais da atividade turística são em
função da amplitude, da intensidade, do ritmo e do tempo de ocorrência do fenômeno. A
1 Para alguns países o turismo tem assumido uma importância vital e, para outros, é fator de crescimento incontestável.
Cazes que é um tanto crítico em relação aos benefícios trazidos pelo turismo reconhece que, “visto pelo lado dos países
em desenvolvimento, a oportunidade turística é menos frequentemente ocultada nas estratégias de desenvolvimento,
sobretudo porque ela representa, geralmente, uma alternativa decisiva, o último recurso perante as desilusões
encontradas nos outros setores econômicos. No plano geral, as receitas turísticas internacionais brutas do mundo
subdesenvolvido são avaliadas em mais de uma centena de bilhões de dólares, representando mais que o montante anual
da ajuda ao desenvolvimento e mais que os aportes privados totais. Um estudo detalhado das destinações do sul
demonstra também que em numerosas ilhas e micro-Estados (situados nas Antilhas, Pacífico, Oceano Indico,
Mediterrâneo), o turismo se tornou não apenas a primeira (e até mesmo a única) fonte econômica, mas também o setor
mais dinâmico, impondo-se sobre os outros setores, ou substituindo-os por completo” (1996: 80). 2 O termo impacto é empregado pelos estudiosos como equivalente aos termos efeito e/ou consequência. E, no centro da
discussão dos impactos negativos e positivos de turismo, está o conceito da capacidade de carga. A capacidade de
carga visa estabelecer o limite de utilização de um espaço de destino com base na infraestrutura turística que este dispõe
ou poderia dispor, considerando a preservação/conservação do meio sócio-cultural e natural. Atualmente a capacidade
de carga é uma das ferramentas usadas para definir parâmetros de sustentabilidade para a atividade turística.
natureza e a organização do espaço, seu grau de integração funcional com a estrutura
produtiva de recepção e com a modalidade turística da qual se tratar são, fatores
condicionantes fundamentais no momento de dimensionar os impactos do turismo (1997:
249).
Impactos econômicos
Do ponto de vista econômico, os impactos mais salientados dizem respeito aos efeitos
benéficos que o turismo produz e que podem contribuir para o desenvolvimento de um determinado
território. Dentre esses efeitos destacam-se sua contribuição no crescimento do Produto Interno
Bruto Regional, na criação de empregos, no incremento da renda da população residente, no
balanço de pagamentos, no tipo de câmbio, na geração de divisas e receitas, no estímulo à
implantação de infraestruturas e na expansão de outras atividades produtivas.
Essa importância econômica do turismo provém das suas potencialidades integrativas e
de sua capacidade de contribuição para o conjunto da economia de um país, região ou localidade.
Neste ponto, deve-se ressaltar o papel exercido pelo chamado “efeito multiplicador do turismo”3,
considerado um dos fatores que mais contribuem para a dinamização da economia regional e
nacional.
Voltando aos aportes econômicos do turismo, entre os que mais despertam interesses
estão a geração de empregos e o incremento da renda dos habitantes das regiões receptoras. Tanto
nos espaços em que a atividade turística é predominante, quanto nos espaços de economia
diversificada, é consenso que o turismo é um poderoso instrumento para gerar empregos e renda
para as populações residentes. Há, até mesmo, ocasiões em que o desenvolvimento da atividade
turística aparece como a única alternativa diante de momentos de recessão econômica nos outros
setores produtivos.
Em termos de empregos, os efeitos do turismo nos espaços de destino são medidos pela
quantidade e variedade de postos de trabalho gerados. Quando se desenvolve, a atividade turística
permite a configuração de um amplo e diversificado mercado de trabalho onde, além dos empregos
diretos, estão incluídos os indiretos, os induzidos e, no caso de regiões menos desenvolvidas, os
empregos gerados no mercado de trabalho informal também chamado de “economia subterrânea”.
No que se refere aos empregos diretos gerados pelo turismo, eles estão relacionados ao
trabalho em hotéis, campings, restaurantes, agências de viagens e excursões, empresas de
3 Muito utilizado nas análises econométricas do turismo o efeito multiplicador visa medir a relação entre a injeção de
gasto turístico em uma economia e a quantidade de atividade econômica criada por este gasto (RABAHY, 1990). A
elaboração do multiplicador turístico baseia-se no reconhecimento de que todos os setores de uma economia são
interdependentes e, assim, uma mudança no nível do gasto em um determinado setor pode gerar efeitos no restante.
O cálculo do multiplicador turístico tem como principal objetivo quantificar o impacto em termos de vendas,
produção, ingressos e ocupação no setor de turismo, uma vez estimado os efeitos diretos, indiretos e induzidos do
gasto turístico. Numa linguagem mais corrente, o efeito multiplicador também denominado “efeito cascata” do
turismo, consiste num conjunto de ganhos decorrentes da distribuição da renda gerada pela atividade turística nos
diferentes setores da economia de um país ou região (BARRETO, 1996).
transportes, lojas de artesanatos, e outros. Já os empregos indiretos e induzidos, são criados em
outros setores, diferentes do setor turístico, ou seja, em setores indiretamente envolvidos na
produção e no fornecimento de bens e serviços para a atividade turística, tais como agricultura,
pesca, construção civil, arquitetura, indústrias associadas aos serviços turísticos (artesanal,
alimentos e bebidas, mobiliário, transportes, têxteis, e outras), lojas no varejo, casas de câmbio,
museus, teatros, centros de eventos, parques de lazer, segurança e comércio em geral.
Ainda no tocante à criação de empregos, cabe ressaltar aqui o papel do efeito
multiplicador do turismo que, no caso dos empregos indiretos, vai apresentar um coeficiente
multiplicador mais elevado do que as outras atividades, sendo da ordem de dois a três empregos
indiretos e, algumas vezes até mais, por cada emprego direto gerado. Esta significativa participação
do turismo no mercado de trabalho implica, por sua vez, em consideráveis efeitos no que se refere à
redistribuição espacial da população em função da especialização, da modificação sócio-
profissional e de outros aspectos da dinâmica demográfica de um território. Como assinala Vera et
al:
O aspecto mais aparente e, talvez, menos discutível de todas as transformações que gera
o desenvolvimento do turismo é que ele constitui uma fonte de dinamismo demográfico.
Em qualquer escala que se considere, o desenvolvimento do turismo está associado à
importantes níveis de crescimento demográfico, coisa que significa, em certas ocasiões,
a interrupção de dinâmicas demográficas regressivas. A principal razão deste
crescimento é o fornecimento de trabalhadores ativos atraídos pelos empregos reais e
potenciais que se acredita que a atividade turística pode gerar e, nos casos em que o
turismo está diretamente associado à implantação de novos equipamentos e serviços, na
geração de postos de trabalho no setor da construção, por exemplo. Em suma, o turismo
está associado, desde a perspectiva de sua capacidade de gerar trabalho, à complexos
movimentos migratórios, pois além dos “commuters” deve-se considerar os migrantes
sazonais ou temporários, os funcionais e os permanentes que, sem dúvida, re-dinamizam
também o movimento natural da população (1997: 251).
Outra importante contribuição econômica do turismo se dá no nível local, aonde este
setor pode fomentar a capacidade de iniciativa, tanto de empreendedores nativos, quanto de fora,
que se instalam no espaço de destino para explorar atividades turísticas diversas. Esta exploração do
turismo com base local tende, por sua vez, a incrementar o dinamismo econômico do território
como um todo ao repercutir sobre outras atividades produtivas.
Evidentemente que o turismo também assume um significativo papel no nível nacional,
por conta da entrada de moeda estrangeira e da geração de receita fiscal e, especialmente, no nível
regional onde promove, entre outras coisas, a transferência de renda do exterior para dentro da
região receptora através dos gastos com bens e serviços turísticos e do estímulo aos investimentos
diretos em infraestruturas turísticas. Ao lado disso tudo, o turismo gera rendas adicionais aos
governos de todos os níveis, na medida em que contribui para aumentar a arrecadação de impostos
das administrações públicas.
A essas contribuições econômicas do turismo deve-se somar, ainda, os investimentos em
infraestruturas urbanas nas escalas local e regional4 (implantação de equipamentos urbanos
diversos, planejamento de cidades, renovação de espaços urbanos, etc), em infraestruturas de
transportes (estradas, aeroportos, portos, etc), em infraestruturas sanitárias, energéticas e de
telecomunicações (água e esgoto, luz elétrica, telefone, etc). Tudo isto é necessário para o
incremento do turismo e pode ser, também, utilizado pelas populações residentes.
Em suma, o desenvolvimento do turismo tem rebatimentos variados no território, pois
além de contribuir para dinamizar a economia de países, regiões e localidades, notadamente através
do seu efeito multiplicador, esta atividade pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida das
populações locais ao facilitar a implantação de infraestruturas e de equipamentos coletivos, tais
como infraestruturas de transportes, saneamento básico, parques urbanos, áreas de lazer, etc.
No entanto, portador de muitos impactos econômicos positivos, o turismo pode também
ser um fator negativo em relação à economia de um país, região ou localidade. Os efeitos negativos
do desenvolvimento do turismo já são bem conhecidos, pelo menos em alguns países que estão num
avançado processo de turistificação. As implicações econômicas indesejáveis podem ser muitas.
Uma delas é a excessiva dependência da atividade turística que os espaços de destino podem
adquirir. Isso significa que, se houver queda da demanda e do consumo dos bens e serviços ligados
ao turismo, os efeitos podem ser desastrosos para a economia nacional, regional ou local.
A sazonalidade da demanda turística também constitui um fator de risco para os espaços
de destino, pois faz com que, por exemplo, a maior parte dos empregos criados seja de caráter
temporário, instável, de baixa remuneração, ou sem nenhum amparo legal, como é o caso do
trabalho no mercado informal. A implantação de infraestruturas de suporte, necessárias ao
desenvolvimento do turismo, também, pode trazer implicações não desejadas, à medida que ela gera
custos e penaliza os governos com elevados gastos e endividamentos públicos.
Outros problemas que o turismo pode trazer são os efeitos inflacionários sobre a
economia regional ou local, a especulação imobiliária e a sobrevalorização do solo urbano e rural.
E, há ainda que se destacar os efeitos negativos sobre as atividades industriais e agrícolas
preexistentes que podem sofrer com a competição territorial ou perder importância para setores
4 O chamado turismo urbano e metropolitano (VERA et al, 1997; VALENZUELA, 1992), por exemplo, se tornou o
centro da disputa entre governos regionais e locais, particularmente, no que se refere à atração de novas demandas para
o consumo urbano, tal como é o caso do turismo de negócios, turismo de eventos, turismo cultural, turismo religioso,
turismo de esportes. Esses governos querem os benefícios econômicos do turismo e, também, buscam aproveitar as
oportunidades que esta atividade pode proporcionar às cidades em termos de investimentos em infraestruturas e
equipamentos – construção de hotéis, centros de eventos, parques temáticos, centros comerciais, etc. Neste contexto, um
número cada vez maior de cidades no mundo todo busca se tornar destino turístico, inclusive no Brasil, onde podemos
citar como exemplo as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília, que para atrair turistas investem no
chamado “city marketing” ou marketing do lugar.
mais dedicados ao turismo como o setor de comércio e serviços, na atração de capitais e de mão-de-
obra. O caso da agricultura é o mais grave, pois em muitos lugares a produção agrícola é substituída
em favor da implantação de equipamentos turísticos, atraindo populações do campo em busca de
trabalho no setor do turismo.
Assim sendo, embora o turismo seja uma atividade que muito contribui para o
crescimento econômico de países e regiões em todo o mundo, os problemas por vezes gerados
podem frustrar as expectativas, particularmente, naqueles países que buscam o desenvolvimento
territorial com base somente no turismo, e que terminam por criar uma monocultura turística
geradora de dependência e dominação econômicas. A esse respeito Urry nota que:
Muitas vezes os benefícios econômicos proporcionados pelo turismo não correspondem
às expectativas. Boa parte do investimento no turismo, no mundo em desenvolvimento,
foi iniciativa de companhias de grande porte, baseadas na América do Norte ou na
Europa ocidental, e a maioria dos gastos com o turismo ficam em poder das companhias
multinacionais, apenas de 22% a 25% do que se gasta no varejo permanece no país
visitado. (...) Em 1978, por exemplo, apenas dezesseis grupos hoteleiros eram
proprietários de uma terça parte de todos os hotéis existentes nos países em
desenvolvimento. Outro problema ocorre onde o turismo é responsável por uma
proporção realmente grande da renda do país. Isto quer dizer que, se algo servir para
solapar a demanda do turismo, o resultado será uma enorme perda de renda nacional.
Eis que surge uma pergunta a fazer: desenvolvimento para quem? (1996: 94).
Em muitos casos o desenvolvimento do turismo tem beneficiado muito pouco, ou quase
nada, as populações locais. Nos países em desenvolvimento, por exemplo, grande parcela da
riqueza gerada pelo turismo é distribuída de maneira extremamente desigual. Isso faz com que esta
atividade seja muito criticada por alguns autores (BRITTON, 1992, URRY, 1996; CAZES, 1996;
BROHMAN, 1996; RODRIGUES, 1997; entre outros).
Impactos Ambientais
Os impactos ambientais5 do turismo – por serem os mais evidentes e bastante
preocupantes – têm monopolizado muito a atenção dos estudiosos do assunto nas duas últimas
décadas. A partir da década de 1980, a questão ambiental conquistou adeptos por todo o lado e em
todo o mundo, e o turismo, por sua vez, que atingiu uma dimensão mais complexa por conta de sua
evolução e massificação, passou a ser criticado devido aos impactos negativos que pode provocar
5 Impacto ambiental e considerado aqui como todo e qualquer efeito causado por alterações de natureza física, biológica
ou social. Impactos de natureza física são causados sobre o ar, a água, o solo; impactos biológicos são causados
sobre a flora e a fauna; impactos sociais, são causados sobre as populações e seu meio socioeconômico e cultural.
Como definição oficial têm-se a do CONAMA, conforme resolução no 0001, de 23.01.86, que considera impacto
ambiental como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: (I) a
saúde, a segurança e o bem estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais” (MMA, 2001).
no meio ambiente6.
Na verdade, a relação entre turismo e meio ambiente é, em grande medida, contraditória,
é uma relação biunívoca. Apesar de ser considerada uma “indústria sem chaminés”, porque não
polui o meio ambiente da mesma maneira que a indústria tradicional, o turismo acabou por se tornar
uma faca de dois gumes. Ou seja, se de um lado, é uma atividade que pode trazer muitos benefícios
econômicos para países e regiões, de outro, pode acarretar sérios danos ambientais.
Enquanto fenômeno que movimenta pessoas, o turismo é suportado pela existência
específica de um determinado ambiente físico, natural ou construído, cujo caráter único e/ou
diferenciado é o que atrai, quer em relação aos países de origem, quer em relação aos destinos
concorrentes. Ou seja, o meio ambiente é recurso, é estímulo, é a mola que aciona o fenômeno, é o
verdadeiro “push factor”, o fator que desperta o interesse e atrai os turistas. O meio ambiente é a
“matéria-prima” do turismo para usar a expressão de alguns estudiosos (LOZATO-GIOTART,
1985; RUSCHMANN, 1997)
Entretanto, o desenvolvimento da atividade turística, sobretudo quando ocorre num
contexto alheio a políticas de planejamento e gestão, pode gerar impactos negativos no meio
ambiente de intensidades diretamente proporcionais ao número de pessoas que movimenta e à falta
de infraestruturas de apoio. E assim, o meio ambiente, que antes era responsável pela geração de
fluxos positivos, pode se tornar um fator inibidor desses fluxos. Com efeito, estudos comprovam
que, em muitos casos, a deterioração ambiental resultante do crescimento excessivo e mal planejado
da atividade turística tem causado a perda da atratividade de lugares turísticos. Aqui cabe citar
Krippendorf (1977), que há mais de vinte anos já se perguntava: “Será que o turismo deve destruir
os lugares que são a razão de sua própria existência?”.
Esta pergunta cabe muito bem diante da pressão que o turismo pode exercer sobre o meio
ambiente, especialmente sobre os ecossistemas naturais e, que pode acabar destruindo os atrativos
turísticos de uma região. Assim, neste conflito que marca a relação entre turismo e meio ambiente,
quem acaba por sair perdendo é o próprio turismo.
Em suma, se um lado a relação turismo-meio ambiente é marcada pelo antagonismo e
pelo conflito, de outro, é uma relação simbiótica. As diferenças entre estas situações dependem
muitas vezes da região e do tipo de ambiente em análise. Sendo que depende ainda do grau de
desenvolvimento turístico em questão. Neste sentido, para uma apreciação mais completa e válida e
para que seja possível uma visão mais correta, deve-se tentar identificar os potencias impactos
ambientais, positivos ou negativos. Afinal, só com o conhecimento da ocorrência e intensidade
6 A expressão meio ambiente é usada aqui como referência ao ambiente natural (físico e biológico), ao ambiente
construído (o espaço produzido pelo homem) e ao ambiente sócio-cultural, econômico e político (a sociedade). Para
nós, o meio ambiente inclui todas as relações entre os elementos físico-naturais e a sociedade humana que tem
ocorrência no espaço geográfico. Consideramos o meio ambiente em sua totalidade, natural e construída,
tecnológica e social, entendendo que o mesmo possui uma dimensão cultural, econômica e política.
desses impactos é possível a definição de estratégias e políticas de desenvolvimento que busquem
conciliar a maximização econômica com a minimização das alterações no meio ambiente.
Dentre os múltiplos impactos negativos que o uso turístico excessivo e não planejado
pode provocar no meio ambiente, está a poluição atmosférica. Em locais de maior afluência turística
pode ocorrer contaminação atmosférica devido, sobretudo, ao congestionamento provocado pelo
tráfego de veículos. Em alguns casos, os veículos utilizados exclusivamente para o transporte
turístico poderão ser a principal fonte de poluição atmosférica de um destino.
Inskeep (1991) afirma que o turismo pode ainda contribuir para a contaminação
atmosférica através de poeiras geradas pela expansão de infraestruturas e equipamentos, sobretudo,
quando não planejada devidamente. Trata-se dos impactos ambientais diretos. Há também os
impactos ambientais indiretos. Fletcher (1993), argumenta que ao se verificarem impactos
ambientais resultantes do aumento da indústria da construção civil, bem como do aumento das
explorações de pedreiras e de meios de transportes associados desde que, motivado por solicitações
do setor turístico, tais impactos deverão ser imputados ao turismo.
O turismo pode afetar também a água no que se refere à quantidade e qualidade da
mesma. Alterações ao nível da quantidade de água subterrânea, por exemplo, podem resultar de
vários fatores, especificamente em relação ao consumo turístico. O turismo exerce grande pressão
em termos de consumo de água (uso em piscinas, meios de hospedagem, centros esportivos,
consumo em geral). Em lugares de grande concentração turística, o consumo de água chega a mais
do que triplicar em comparação com o que é consumido pela população residente. Este impacto
afeta também as águas de superfície quando estas são fonte de abastecimento doméstico.
Assim como, sempre que o turismo implicar na expansão da urbanização e de
infraestruturas associadas, estará contribuindo para o aumento das áreas impermeabilizadas de solo,
o que por sua vez poderá ter implicações nas recargas dos aquíferos. Trata-se de um impacto que
gera problemas, particularmente, quando ocorre em zonas de importante recarga.
As alterações da qualidade da água poderão incluir águas subterrâneas e águas de
superfície. No que concerne às águas subterrâneas, as alterações no nível de quantidade poderão
prejudicar a qualidade, como ocorre, por exemplo, nas zonas costeiras através da intrusão salina
(processo de salinização de aquíferos). Nestas zonas, a superexploração do aquífero de água doce
faz diminuir a pressão permitindo infiltrações de água salgada. O processo de recuperação é lento, o
que acentua a gravidade do problema. Para além do turismo, outras atividades econômicas, bem
como a qualidade de vida da população residente pode ser gravemente afetada por este processo de
degradação ambiental.
Outras formas de contaminação da água são provocadas pelo aumento dos resíduos
sólidos e líquidos. É necessário ter em conta que não existe uma relação direta de causa e efeito
entre o aumento de resíduos e contaminação. Fatores como capacidade de carga das infraestruturas
receptivas, adequação dos sistemas de coleta e tratamento de esgoto e, a própria localização, terão
de ser considerados (um aterro sanitário que pressupõe a realização de estudos de impacto
ambiental dará muito mais garantias que uma lixeira localizada em zonas de recarga de aquíferos).
O turismo pode contribuir ainda para o aumento de resíduos sólidos com o aumento do número de
pessoas e com o acréscimo de produção e consumo per capta, implicando no descarte de detritos
diversos e de material não-biodegradável.
A atividade turística pode também provocar alterações na qualidade das águas de
superfície através da ação poluidora dos barcos de passeio que afetam, em particular, as águas dos
rios, lagos e marinas. De acordo com estudos efetuados pela Agência de Proteção ambiental dos
EUA, os barcos a motor de dois tempos são altamente poluidores uma vez que vertem cerca de um
terço do combustível que consomem (HILCHEY, 1994). Os resíduos dos barcos provocam também
problemas adicionais nas marinas.
Para Pearce (1989), um fator de grande pressão no ambiente resulta da produção ou
aumento de águas residuais. O problema mais generalizado é a poluição devido às descargas de
efluentes tratados inadequadamente, como o esgoto por exemplo. Em situações extremas pode
ajudar a acelerar o fenômeno de eutrofização com incidência em lagoas, lagos, rios, represas. O
autor cita alguns exemplos, como o caso do lago Millstatter na Aústria, dos lagos Nal e Nagin em
Kasmir e da Lagoa das Sete Cidades, nos Açores.
Já a poluição das águas dos mares depende das descargas e das condições de eliminação
da poluição. O problema é mais grave em mares como o Mediterrâneo7, por exemplo, cuja
renovação das águas é efetuada através do Estreito de Gibraltar. A poluição da água do mar afeta
não só a saúde pública como a fauna e flora marinha. Com base em Pearce (1989) convém salientar,
mais uma vez, que o problema é decorrente de falta de planejamento e gestão e da implantação de
infraestruturas inadequadas.
Outro impacto negativo sobre o meio natural é a destruição da vegetação, um importante
atrativo dos fluxos turísticos e uma das principais vítimas devido ao desenvolvimento descontrolado
do turismo, que pode alterar e destruir habitats naturais devido à ação de colecionadores (coleta de
7 O litoral mediterrâneo é o principal destino turístico do mundo. Nessa região, países como França, Espanha, Grécia,
Portugal, Itália, Marrocos, se veem às voltas com os problemas derivados da excessiva turistificação. Recentemente
vem se tentando de diversas formas reverter o quadro de degradação em que muitos lugares se encontram. A execução
do chamado “Plan Bleu”, um amplo e ambicioso programa de reordenamento do litoral mediterrâneo, é uma das ações
nesta direção (LANQUAR: 1995; CAZES: 1999). No Brasil, a situação não é muito diferente, a ocupação desenfreada e
especulativa do solo, a urbanização excessiva, a concentração espacial dos equipamentos turísticos, a degradação da
paisagem, a perda de biodiversidade, a poluição ambiental, são os principais problemas do mau desenvolvimento do
turismo em nosso litoral conforme apontam diversos estudiosos (RODRIGUES, 1988, 1997a; BECKER, 1995;
SILVEIRA, 1999; e outros).
flores, plantas, etc.), ao descuido na utilização de fogo em parques provocando incêndios, à
derrubada de árvores (para construção de estacionamentos, de acessos aos atrativos turísticos, e de
equipamentos turísticos diversos), devido ao acúmulo de lixo que provoca alteração no solo, devido
ao tráfego de pedestres e veículos diretamente sobre a vegetação, e à prática do campismo quando
implica na remoção de vegetação.
Com relação à fauna, os principais danos podem ser nos habitats da vida selvagem. O
turismo pode afetar a fauna através das alterações dos ecossistemas de flora, que são seus habitats
de alimentação e de reprodução. A reação das espécies ao impacto do turismo depende de vários
fatores, que varia de espécie para espécie e de região para região. Os efeitos diretos da atividade
turística na vida animal selvagem dependem da intensidade do desenvolvimento turístico, do grau
de resistência das espécies e da sua capacidade de adaptação (Mathieson and Wall, 1988).
Por fim, cabe referência às alterações provocadas nos padrões de comportamento animal,
especificamente, no diz respeito à alimentação, reprodução e migração. Estas alterações podem ter
impacto na quantidade e mesmo na subsistência das espécies. A presença dos turistas (por exemplo,
observadores de aves) pode inclusive alterar as relações entre presa e predador.
O uso turístico impróprio pode também gerar destruição nos ambientes formados por
cavernas, grutas, sítios arqueológicos, e outras formações geológicas peculiares. No que se refere
especificamente às paisagens, merece destaque o problema provocado pela urbanização turística, ou
pela implantação de equipamentos e instalações mal planejados (arquitetura em desarmonia com o
ambiente local, construções impróprias, paisagismo inadequado), excesso de material de
propaganda (cartazes, placas, sinalização).
A urbanização desenfreada e excessiva dos espaços de destino, também, se constitui em
uma agressão às paisagens como bem salienta Rodrigues (1997). E, por fim, a paisagem natural ou
construída sofre ainda danos causados pelo vandalismo (destruição de sítios arqueológicos,
depredação de monumentos históricos, estragos em edificações antigas, etc).
Alguns ambientes, tais como zonas costeiras, áreas de praia, montanhas e desertos, por
serem espaços ecologicamente vulneráveis à ocupação humana, podem sofrer estragos irreversíveis
com o mau uso turístico. Nas zonas costeiras, por exemplo, a ocupação excessiva do solo pelo
turismo, ou o seu uso turístico descontrolado, pode fazer aumentar os processos de erosão e
sedimentação das praias alterando, assim, a cconfiguração da linha de costa, que é resultado de um
processo dinâmico. Certas zonas são afetadas por processos erosivos enquanto, em compensação,
outras são alvo de processos de sedimentação. A ação humana e o mau uso dos ambientes costeiros
e marinhos e de ecossistemas frágeis, particularmente vulneráveis a desenvolvimentos impróprios,
intensificam e aceleram esses processos.
Um dos impactos mais frequentes na paisagem diz respeito à construção de complexos
turísticos. O turismo está, em via de regra, associado a um crescimento rápido de construções na
forma de hotéis, assentamentos e estradas que, além de alterarem a paisagem num curto espaço de
tempo, funcionam como importantes aceleradores dos processos de erosão sobretudo em zonas
instáveis, tal como é o caso das áreas de falésias e dunas. Também o designe inapropriado e a
localização inadequada de edifícios e estruturas similares, podem alterar ou, acelerar, os processos
de erosão e deposição de sedimentos. As marinas, por exemplo, que são um tipo particular de
construção, também podem originar impactos negativos nas zonas costeiras.
Um outro problema decorrente da expansão da atividade turística é o ruído. Neste caso, o
turismo pode contribuir com várias fontes de ruído, como aqueles resultantes da exploração de
equipamentos turísticos. A exploração de discotecas, parques de diversão, bares e restaurantes é
fonte de freqüentes reclamações de residentes e turistas. A música, por exemplo, é causa frequente
de reclamação.
O turismo é também responsável pela geração de ruído em consequência do aumento do
tráfego e do uso de veículos (carros, motos, lanchas, jetsky, aeroplanos, buggies, etc). O ruído
provocado por estes veículos é resultado da concentração de turistas e pode atingir desconforto e
irritação para residentes e outros turistas. O aumento de tráfego aéreo devido ao movimento
turístico acentua o impacto ambiental afetando residentes (particularmente os que vivem próximo
dos aeroportos). É também particularmente problemático quando os aviões sobrevoam zonas de
lazer e descanso como é o caso das praias.
Como apontamos antes, o turismo tem uma forte ação urbanizadora. As atrações naturais
são insuficientes para satisfazer o turista pelo que têm que ser complementadas com outras
facilidades turísticas e infraestruturas de suporte (MATHIESON AND WALL, 1988). O
desenvolvimento turístico acelerado e sem o enquadramento em linhas de orientação e
planejamento levam frequentemente àquilo que é designado na literatura como poluição visual ou
arquitetônica (PEARCE, 1988). Para este autor, o conceito traduz o resultado da justaposição de
edifícios com diferentes estilos arquitetônicos e a falha na integração das infraestruturas com as
diferentes características do ambiente local.
O recurso à materiais de construção pouco adequados nas superfícies externas, é outro
fator que contribui para a poluição visual devendo ser privilegiado o uso de materiais locais. O uso
de publicidade desenquadrada, bem como a proliferação de cabos de eletricidade e linhas
telefônicas aéreas, antenas (elementos pouco atrativos), bem como o recurso a uma sinalização
inadequada, representam outros tantos fatores de poluição visual. Inskeep (1991), defende que
devem ser incorporados no design urbano todos os elementos de design local e que se deve
promover a urbanização mantendo as características do ambiente local. Deve ainda ser privilegiada
uma arquitetura paisagística apropriada para assentamentos turísticos do tipo resort, sem
negligenciar a o aspecto funcional.
De modo a garantir uma integração arquitetônica equilibrada Inskeep (1991) defende
também que devem ser definidos e respeitados alguns critérios, como:
- distância mínima requerida entre edifícios (importante sentido de abertura e espaço
suficiente para observação da paisagem, privacidade e questões de
segurança). O não respeito deste critério provoca a obstrução da vista cênica
ou o chamado “ribbon development”;
- distância mínima requerida em relação à linha de costa de 30 a 50 metros podendo ser
superior a 50 metros em função das circunstâncias;
- critérios de densidade das construções, os quais não deverão exceder determinados
limites sob pena de prejudicar a harmonia do local;
-limite da altura dos edifícios. Aspecto particularmente importante que influencia o
caráter do destino turístico, pois pode alterar a visibilidade, atrapalhar a
exposição à luz solar frustrando expectativas dos turistas, que pretendem
uma mudança ambiental relativamente aos seus lugares de origem que, em
geral, são as grandes cidades.
O não cumprimento destes critérios leva, em última análise, à perda do caráter único do
território. A urbanização turística reflete-se também nos edifícios abandonados ou inacabados, o
que pode introduzir ou acentuar problemas estéticos, além de gerar conflito econômico e de uso do
solo.
Por outro lado, o turismo é considerado uma atividade que pode promover a
(re)valorização do meio ambiente ao contribuir, por exemplo, para a recuperação de paisagens
degradadas e/ou para a proteção do patrimônio natural e cultural dos espaços de destino. Nas
palavras de Vera et al:
A complexa relação que se estabeleceu entre turismo e território tem modificado a
percepção que se tem sobre esta atividade, devido à sua capacidade de gerar novos
entornos com qualidade ambiental. Tanto isso é verdade que, o turismo está se
convertendo em um elemento chave para a melhoria da qualidade de espaços
degradados, incluindo mesmo os lugares que foram depreciados por conta do mau
desenvolvimento turístico. Assim ocorre, por exemplo, no caso dos projetos de
regeneração de certos centros históricos e, assim, também acontece em relação aos
processos de reestruturação urbana de estações turísticas tradicionais que, atualmente
fazem importantes reformas ambientais para melhorar sua imagem e, assim, atrair novos
investimentos e novos fluxos de turismo. Nesta perspectiva, o turismo deve ser visto como
um fator de valorização do patrimônio natural e cultural (1997: 258).
Portanto, em muitos casos, o desenvolvimento do turismo ou o uso turístico dos recursos
ambientais, pode trazer benefícios ao meio ambiente. Dentro do rol de efeitos positivos, podemos
destacar a contribuição do turismo na conservação/preservação de importantes espaços naturais
(reservas florestais, parques naturais, estações ecológicas, refúgios da vida selvagem, sítios
arqueológicos, e outros), incluindo os ambientes marinhos.
Todos esses espaços têm recursos naturais que interessam aos promotores do turismo,
tanto públicos, como privados, pois servem como atração aos fluxos turísticos. Neste caso, a
exploração turística constitui um modo de, não apenas justificar, mas também manter tais espaços
preservados, à medida que o turismo gera rendas e ganhos econômicos que podem ser investidos na
preservação dos mesmos. O desenvolvimento do chamado ecoturismo vem a ser um bom exemplo
disso 8.
Outra face positiva atribuída ao turismo é que ele pode ajudar a melhorar, ou a manter, a
qualidade ambiental dos espaços de destino, considerando aqui a tendência de, cada vez mais, os
turistas preferirem visitar lugares que, além de serem atraentes, sejam limpos, sem poluição, bem
cuidados. Isso revela um outro lado positivo do turismo, que é o de contribuir para reforçar a
conscientização ambiental das populações locais. Tais populações passam a compreender a
importância de se preservar o meio ambiente, pois, entre outras coisas, é ele que representa o
principal motivo de atração dos turistas.
Por sua vez, os próprios turistas acabam se tornando mais conscientes da necessidade de
preservar os lugares que visitam através da participação em campanhas e programas de educação
ambiental, que também se estendem às populações residentes. Em suma, se o turismo é
adequadamente planejado e se desenvolve de modo ordenado, ele pode gerar impactos positivos em
uma determinada região ou lugar ao valorizar e revitalizar paisagens, ao estimular a conservação
dos recursos naturais ali existentes, e ao contribuir para a formação de uma consciência
ambientalista.
Enfim, apesar de o turismo ser uma atividade de serviços e, como tal, sem uma base
transformadora do espaço natural como é o caso da agricultura e da indústria, esta característica não
lhe confere um estatuto menos lesivo para o ambiente, natural ou construído. O turismo não deixa
de provocar alterações e mesmo danificar, muitas vezes irremediavelmente, um ambiente que é na
maioria dos casos o seu principal recurso e atrativo.
8 O ecoturismo tem sido objeto de análise de diversos estudiosos (BOO: 1990; WHELAN: 1991; CATER: 1994;
WESTERN: 1995: RUSHMANN: 1997; e outros). É consenso entre esses estudiosos que o ecoturismo possui
algumas especificidades quando comparado ao turismo de massa. É um novo tipo de turismo que se caracteriza pelo
deslocamento de grupos pequenos de visitantes aos espaços naturais de relevância ecológica e de beleza cênica. Tem
uma forte dependência da qualidade ambiental dos espaços de destino. Pode ter como finalidade o simples contato
com a natureza e com a cultura local, ou o estudo científico do meio ambiente. Tem como missão promover a
conservação dos espaços de destino através da educação ambiental e do uso controlado dos recursos naturais e
culturais. Deve ser planejado em todas as etapas de seu desenvolvimento e ter como princípio básico a participação
das populações locais no processo de planejamento e gestão. Assim como, seu incremento, além de ter que reverter
em benefícios financeiros para a conservação do meio ambiente, o ecoturismo deve favorecer econômica e
socialmente as populações locais. Em suma, o ecoturismo é uma ferramenta que pode ser empregada
simultaneamente na conservação ambiental e no desenvolvimento econômico.
Impactos socioculturais
Ao lado dos impactos econômicos e dos impactos no ambiente físico-natural, não se pode
deixar de mencionar os impactos provocados no ambiente sociocultural. Isto é, além das
consequências sobre a economia e sobre o meio ambiente, importa também considerar os efeitos do
desenvolvimento turístico sobre as sociedades que habitam um determinado território, pois tais
efeitos envolvem processos de mudanças culturais e significativas transformações sociopolíticas.
A maior parte dos estudos que tratam dos impactos socioculturais do turismo dá mais
ênfase aos efeitos negativos derivados do desenvolvimento desta atividade. Tal propensão a realçar
os efeitos deletérios do turismo nas sociedades dos lugares visitados, tem como fundamento a ideia,
segundo a qual, esta atividade exporta os modelos da sociedade moderna (modelos estandardizados
e vazios de conteúdo, típicos da sociedade ocidental), para as sociedades receptoras que teriam
valores sociais e culturais próprios.
Segundo as análises, a atividade turística implica, na maioria vezes, em transtornos para
as populações dos espaços de destino. Esses transtornos se referem, principalmente, à utilização das
infraestruturas locais (a grande concentração de turistas implica na superlotação das infraestruturas
e equipamentos de uso coletivo como estradas, aeroportos, sistemas de água esgoto, redes elétricas
e telefonia, etc.), no aumento de práticas indesejáveis tais como violência, prostituição, alcoolismo,
tráfico de drogas, jogos de azar, etc., e à perda da integridade cultural por conta das influências nos
costumes locais, na língua e na cultura.
Há, também, referência aos efeitos morais e psicológicos negativos resultantes da atitude
servil e passiva com que muitas populações são inseridas no processo de desenvolvimento do
turismo, como é caso de projetos turísticos que são impostos por governos para atender seus
próprios interesses, ou os interesses de grupos privados externos e de elites regionais e locais. A
esse respeito Cazes faz a seguinte consideração:
Em uma dicotomia cujo simplismo é justamente criticado pelos pesquisadores, os
responsáveis pelas políticas de turismo opõem, amiúde, as incidências econômicas
consideradas globalmente como positivas, aos efeitos sociais derivados, julgados
geralmente negativos e, deste modo, fortemente temidos. (...) De um lado, o
desenvolvimento incontrolado de certas práticas turísticas pode ter efeitos sociais muito
temidos como, por exemplo, as novas extensões do turismo sexual localizadas nos países
em desenvolvimento; de outro lado, a abertura turística deve ser vista somente como um
fator de aculturação e, portanto, de corrupção dos valores tradicionais e, entre os
diversos efeitos, os que sem dúvida são bem marcantes se encontram a influência das
grandes mídias e os processos migratórios de população para o estrangeiro (1996: 81).
Jurdao (1979) chegou até mesmo a falar em turismo etnocida para se referir ao turismo
enquanto um exterminador de culturas tradicionais. Sem ser tão catastrófico, a verdade é que podem
surgir muitos conflitos entre residentes e turistas, por conta das diferenças econômicas, sociais e
culturais. Um exemplo disso é o chamado "efeito demonstração", que estimula um tipo de
comportamento através do qual a sociedade local, especialmente as pessoas jovens, tentam imitar
formas de falar, de vestir, ou procuram se adaptar aos modelos de comportamento dos turistas. O
"efeito demonstração" pode gerar problemas sociais e a perda da identidade cultural, pois além de
gerar a transformação dos costumes, da língua e da religião, provoca modificações nos tradicionais
padrões de consumo das sociedades visitadas, impondo às regiões receptoras normas de
comportamento estandardizadas e ocidentalizadas, não praticadas antes da chegada do turismo.
Em outras palavras, todas essas conseqüências negativas acabam por reforçar a tese
oposta àquela de que o turismo é um instrumento promotor do conhecimento, entendimento e
compreensão entre povos de diferentes nações e culturas. Para alguns estudiosos como Krippendorf
(1996), acontece justamente o contrário, do modo como vem sendo praticado até agora o turismo
não tem ajudado em nada a aproximação entre viajantes e viajados.
Com efeito, em muitas regiões se verifica que a atual expansão do turismo vem sendo
marcada pela separação física e social entre populações hospedeiras e visitantes, onde estes últimos
usufruem certos padrões de acomodação e serviços que os isola em lugares predeterminados, os
quais aparecem explicitados nos conceitos de “gueto turístico” e de “destino exótico”. Ao abordar
os impactos do chamado turismo de massa, bem como de outras formas de turismo, nos países da
América Latina Gormsen coloca o seguinte:
O impacto do turismo sobre o cultural, o social, o econômico e, sobre as condições de
comportamento da população, pode ser completamente diferente no caso de uma antiga
e estabelecida comunidade rural, com modos de vida de longa existência e, mais ou
menos inalterados, se comparado ao caso de imigrantes recentemente vindos de áreas
rurais e que têm cortadas, ao menos parcialmente, suas tradições étnicas e seus laços
sociais. Todavia, nesta relação, uma questão permanece não resolvida, isto é, qual dos
diferentes tipos de turismo provoca mais dano às manifestações socioculturais dos
nativos? O turismo de massa, que funciona em guetos extra-territoriais do tipo "Club
Med", ou o assim chamado turista alternativo que pretende passar a impressão de que
gosta das populações locais em suas, mais ou menos inalteradas, formas sociais
indígenas?(GORMSEN, 1988: 75).
O que o autor denomina como “guetos extraterritoriais do tipo Club Méd”, têm sido um
dos alvos da crítica contumaz feita por estudiosos que analisam a expansão do turismo nos países da
periferia do sistema turístico mundial. A esse respeito, um dos exemplos mais atuais é a
implantação dos chamados resorts. Os resorts são a expressão maior do turismo globalizado e
constituem destinos chamados de “não lugares”, que são espaços criados exclusivamente para fins
turísticos (RODRIGUES, 1994, 1997). São empreendimentos construídos com uma infraestrutura
física em formato de módulos, concentrando atrativos, instalações, equipamentos e serviços
turísticos, e materializam o surgimento de enclaves, paisagens turísticas estranhas ao território onde
estão localizadas, assumindo explicitamente uma estética do tipo caribenho (modelo Cancun, por
exemplo).
Por fim, devemos acrescentar aos efeitos negativos do turismo, os processos resultantes
da urbanização e da difusão da mídia, especialmente da televisão, que pode se converter em um
poderoso vetor de mudanças sociais e culturais particularmente nas regiões e lugares menos
desenvolvidos. O turista, que vem de um mundo dominado pela sociedade de consumo, torna-se um
dos principais portadores de impactos culturais. O turismo pode ainda promover a banalização e a
economização de práticas tradicionais como, por exemplo, a arte que passa a dar lugar a produção
em massa de objetos artísticos (souvenires, produtos artesanais, etc.) elaborados de forma a atender
o consumo dos turistas.
É justamente essa norma de conduta de cunho comercial e consumista que guia os
organizadores das viagens e do turismo (operadoras de turismo, agência de viagens, redes de hotéis,
e outros). Estes, na maioria das vezes, reduzem a cultura dos lugares visitados a um monte de
estereótipos nos quais o folclore, as tradições, as festas populares e os costumes, são transformados
em mercadorias a serem comercializadas. Também, o próprio turista vê o espaço de destino com
superficialidade9, com distanciamento, como algo exótico, em suma, como um objeto a ser
apreciado pelo “olhar turístico” (URRY, 1996).
O interessante é que a comercialização e a espetacularização dos lugares pela indústria do
turismo, não afeta apenas os países em desenvolvimento, mas também os países desenvolvidos,
colocando em cheque um dos valores maiores atribuídos ao turismo e às viagens de lazer, segundo
o qual, estes constituem verdadeiros instrumentos de promoção cultural, de aproximação entre
sociedades e de educação das pessoas. Esse, aliás, é um dos argumentos favoráveis ao turismo
muito utilizado por aqueles que procuram apontar seus efeitos positivos nas regiões de destino.
De fato, contrária à visão negativa, há autores que veem o turismo como um instrumento
privilegiado de aproximação entre pessoas e culturas, devido ao encontro de turistas com
populações locais. Para esses autores, o turismo tem, por exemplo, um importante papel na
modernização das sociedades receptoras, repassando conceitos e valores ocidentais como a
igualdade sexual, a emancipação dos jovens, enfim, a modernização dos costumes. E,
principalmente, a atividade turística pode representar um estímulo à conservação ou resgate da
herança cultural de uma região ou localidade. Herança cultural esta que pode ser representada pela
9 A observação de Cohen, ao falar sobre a ausência de “realidade” na viagem turística e sobre os pseudo-acontecimentos
que marcam a experiência do turista moderno, é pertinente a esse respeito. Para este autor “a principal característica
do turismo contemporâneo é a massificação. A viagem ou a excursão é vendida em forma de pacote, estandardizada
e produzida em massa. O transporte, os lugares a visitar, os locais para comer e dormir são fixados previamente. O
estabelecimento turístico fica completamente à disposição do turista do princípio ao fim. Mas a viagem em pacote,
que é vendida pelo estabelecimento turístico, tenta oferecer ao comprador a experiência da novidade e o raro. O
problema do sistema, então, é permitir que o turista em massa ‘conheça’ a novidade do país visitado sem
experimentar nenhum incomodo físico ou, mais exatamente, observar sim experimentar realmente” (apud
MACINTOSH, 1999: 264).
dança, música, teatro, ofícios, artes, vestimentas, costumes e tradições, cerimônias, etc., e que corre
o risco de se perder face à massificação que caracteriza a sociedade contemporânea. Mas, se for
preservada se torna, com frequência, um importante atrativo de fluxos turísticos.
Dentro desta perspectiva, o incremento do turismo fornece uma justificativa e, ao mesmo
tempo, constitui uma fonte de captação de investimentos que podem ser aplicados na conservação
da história e da cultura de uma população. Neste ponto, é comum se observar o desenvolvimento
turístico financiar a manutenção de museus, centros de tradição, teatros, e outras instalações e
atividades culturais, que são utilizadas, tanto pelos turistas, como pelas populações residentes.
O turismo pode contribuir ainda para renovar o orgulho das populações residentes no
concerne a sua cultura, quando elas observam que os turistas mostram interesse e tem desejo de
aprender sobre a mesma. Assim, o cruzamento cultural entre turista e residente, representa uma
troca em que um aprende a cultura do outro. E isto pode conduzir à compreensão mútua, à aceitação
do outro e à relacionamentos pacíficos entre pessoas de diferentes vivências culturais.
Uma outra face positiva que se atribui ao turismo, é o seu papel na revitalização,
preservação e valorização do patrimônio cultural e arquitetônico, notadamente nas cidades em que
este patrimônio é expressivo. Os espaços urbanos onde se localizam igrejas, monumentos
históricos, edificações e construções de época, que representam a história, a religião, a tradição ou o
estilo arquitetônico de sociedades que viveram no passado possuem, de fato, um caráter
extremamente atraente para o turismo e, em virtude disso, podem ser preservados e protegidos da
degradação e, em muitos casos, da destruição total. Vera et al destaca o efeito positivo do turismo
sobre a preservação de locais urbanos considerados patrimônio cultural e histórico, quando afirma:
O turismo se converteu em uma atividade privilegiada no caso das cidades com
patrimônio. Se intervier em defesa do patrimônio histórico-cultural e monumental é uma
necessidade, se se deseja evitar abandonos e substituições e promover melhorias e
recuperações, o turismo está permitindo não só a proteção do patrimônio, mas também
sua revitalização através da geração de usos diversos (1997: 175).
O desenvolvimento do turismo também pode representar uma excelente oportunidade
para a reestruturação dos espaços urbanos e para a revalorização do meio rural. Em relação ao
espaço urbano, o turismo pode assumir um importante papel não só na dinamização econômica
como já apontamos, mas também na renovação das cidades em termos qualitativos – benfeitorias
em infraestruturas e equipamentos coletivos, criação de áreas verdes, implantação de parques de
lazer e recreação, construção de centros de cultura, esportes, entretenimento, eventos, etc. – que
vem contribuir para a melhora da qualidade de vida da população residente.
Quanto ao meio rural, além dos benefícios econômicos que é capaz de proporcionar10, o
10 A expansão dos chamados “turismos de interior” (VALENZUELA, 1997), que constituem formas alternativas ao
turismo de sol e praia, é uma realidade em diversas regiões no mundo todo. E, neste cenário, apesar de sempre terem
turismo pode gerar a revalorização das atividades e costumes, e de outras características das
paisagens rurais (VERA et al, 1997). Dentre os efeitos positivos mais notáveis do desenvolvimento
turístico no meio rural estão: o impulso à reabilitação e preservação do patrimônio artístico e
cultural, os intercâmbios culturais entre visitantes e visitados, a manutenção de costumes e tradições
locais, o aumento do interesse da comunidade local por atividades culturais, e o estímulo aos
empreendimentos locais a partir de iniciativas vindas da própria população local.
Finalizando, é importante ressaltar, entretanto, que ao lado das oportunidades de
preservação e/ou de valorização dos elementos socioculturais, o turismo pode comportar riscos não
só para a própria cultura, mas também para o meio ambiente e para a economia de uma região.
Portanto, se o desenvolvimento da atividade turística não for precedido de um planejamento
territorial bem concebido e corretamente executado ou, melhor dizendo, de uma gestão territorial
adequada, o turismo pode trazer mais problemas do que aqueles que pode vir ajudar a resolver.
Além disso, como vimos, os desgastes ambientais diminuem a atratividade das regiões de destino e
neutralizam, no médio e longo prazo, a contribuição do turismo para o desenvolvimento territorial.
Atualmente, muitos estudiosos e pesquisadores defendem que, na elaboração e
implementação das políticas de turismo, se passe a promover um outro modelo de desenvolvimento
turístico, que leve em conta não apenas a dimensão econômica, mas também as questões sociais e a
preservação/conservação do meio ambiente. É neste contexto que o paradigma do desenvolvimento
sustentável tem ganhado importância.
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