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Império de Gaza
1. Contexto Internacional do Expansionismo no final do século XIX – Algumas
considerações:
Acordos entre Portugal e Inglaterra anteriores ao Congresso de Berlim O
governo inglês (primeiro ministro ou ministro das relações externas?) apoia
Portugal na luta em favor de seu domínio territorial na região que se tornaria o
Congo.
Portugal reivindica sua posse das terras, pois tinha, anteriormente do que as
outras nações imperialistas, se estabelecido nelas Parte do que se tornaria o
Congo Belga, Angola, Moçambique etc.
Congresso de Berlim Resolução do impasse pelo domínio da região da bacia
do Congo entre França e Portugal. Apoio inglês à Portugal começa a se fragilizar
diante da conjuntura imperialista que se formava, entrada da Alemanha na
corrida.
Resoluções do Congresso impõe limite para dominação territorial. Para
dominar uma região dentro da sua influência colonizadora, os Estados nação
europeus tinham que ter a capacidade bélica e financeira de administrá-la e
manter sob a sua zona de influência.
Aumento da pressão pela busca e dominação de territórios no continente
africano. Alemanha exibe seu interesse por possessões coloniais, a Bélgica e a
empreitada de Leopoldo II, Plano da ferrovia Cape-Cairo inglês, cortando
verticalmente todo o continente africano etc.
Cecil Rhodes e a ferrovia Cape to Cairo Railway x Pretensões coloniais
portuguesas do Mapa cor-de-rosa O plano de criar uma ferrovia que cortasse
o continente africano verticalmente, permeou todo o período de dominação
colonial inglesa. Idealizado por Cecil Rhodes e abraçado pelo imaginário
imperialista da sociedade inglesa, tornou-se uma premissa da dominação e da
demonstração de imponência inglesa diante da conjuntura da corrida colonial
dos Estados nação.
Contudo, este plano ambicioso passava por cima de interesses de outras
Potências Imperialistas, como a estratégia francesa de ligar suas possessões de
oeste a leste, cortando o continente africano, ligando o Senegal ao Djibuti. E,
principalmente, destroçando as pretensões portuguesas de concluir seu Mapa
cor-de-rosa, que ligaria Moçambique à Angola, traçando uma linha de influência
portuguesa diante de suas duas maiores zonas de influência.
Desfecho da disputa entre a Ferrovia Cape to Cairo Railway e o Mapa cor-de-
rosa O mapa cor-de-rosa entrou em colisão com o objetivo britânico de criar
uma faixa de território que ligasse o Cairo à Cidade do Cabo, que desencadeou
uma disputa com a Grã-Bretanha que culminou no ultimato britânico de 1890, a
que Portugal cedeu, causando sérios danos à imagem do governo monárquico
Português.
Diante deste contexto, para implementação da ferrovia que ligaria o Cairo ao
Cabo Verde, o colonialismo inglês demonstra seus interesses em anexar a região
ao sul de Moçambique, “um escoadouro natural de toda produção da África do
Sul”. Assim, enviaram representantes ao Reino de Gaza para negociar a novos
termos de dominação. É perante a esta conjuntura que Portugal se vê forçada a
defender seus interesses, mandando tropas militares para dominar o império de
Gaza, o único território remanescente ao colonialismo português no que se
tornaria o Estado de Moçambique.
2. O Império de Gaza e Portugal, as relações entre as duas instâncias e o desfecho
de Moçambique:
A autora divide a sua dissertação em dois momentos conclusivos, para que
compreendamos a relação entre Portugal e Reino de Gaza e seus desfechos O
primeiro é em 1821, que diante da migração nguni, ameaçando o presídio de
Lourenço Marques, os assentamentos coloniais nesta época eram poucos e
ficavam, em sua maioria, no litoral, o governador se vê acuado, tanto pela força
da migração, quanto diante das suas limitações bélicas, e faz um acordo com o
chefe nguni, o primeiro inkosi nguni, Manicusse, oferecendo-lhe gado em troca
da segurança de não ser atacado pelo movimento migracional.
O segundo momento marcado pela autora é 1897, quando os ingleses mandam
representantes para negociar com Gungunhana, levando um ataque Português
para sublevar o último Reino que não estava submetido ao imperialismo desta
nação. Com a captura de Gungunhana em 1895 e seu exílio, as lutas continuam
para ocupação efetiva do território do Reino de Gaza.
Dualidade da presença portuguesa no sul de Moçambique Em 1821, a
presença colonial nesta região é acuada diante do nascente Reino de Gaza,
contudo, em 1897 esta troca de lugar, tornando-se ofensiva na região.
Campanha militar de 1895 fora considerada uma batalha contra o africano
selvagem pelo processo civilizatório.
“O conflito de 1895 não deve ser interpretado como um símbolo máximo da
subjugação de um Reino, mas como um momento específico de uma relação que
se desenvolveu desde o início do século XIX, quando os nguni migravam pelo
sul de Moçambique, passando pelo reconhecimento de sua soberania e do poder
que exerceram nessa região”.
A partir das documentações, fontes compiladas pela autora dividiram-se as
relações entre o Reino de Gaza e Portugal de 1821 a 1897, em três momentos: o
primeiro de 1821 a 1858, da gênese e formação do Reino, iniciado pela
migração dos nguni da região próxima a colônia inglesa de Natal para a direção
do Sul de Moçambique. “Ao expandir-se do sul em direção ao vale do Zambeze,
os nguni que, sob a iniciativa de Manicusse, dominaram progressivamente a
população local, instituíram um sistema de controle e cobrança de tributos sobre
o território”, em contra partida à expansão da dominação nguni, a presença
portuguesa ficava restrita ao litoral, tornando a abertura da zona de influência
Gaza facilitada.
O segundo momento pautado é de 1858 a 1862, a data de 1858 é um divisor de
águas devido à morte de Marcusse e sucessória disputa do domínio poder entre
seus filhos: Mawewe e Muzila. Mawewe após a morte do pai assume o poder,
mas Muzila acredita que é herdeiro legitimo do trono, abrindo uma guerra no
Reino de Gaza, que só chegaria ao seu fim em 1862.
Muzila pede apoio aos portugueses na guerra contra o irmão. Diante das
restrições de acesso e tributárias que Mawewe impunha aos portugueses, estes
dão seu apoio à Muzila, que em 1862 depõe seu irmão, assumindo a regência do
Reino de Gaza.
“A principio a ajuda resultou na assinatura de um Tratado de Vassalagem com o
rei de Portugal em 1869. Pelo tratado Muzila comprometia-se a assegurar o livre
acesso dos portugueses à suas terras, instalação de postos militares, cobrança de
impostos e mesmo pagamento de um tributo ao rei de Portugal. Os deveres, no
entender português, no entanto não foram cumpridos e Muzila passou a ser
caracterizado como “traidor e ingrato”.
O terceiro momento começa em 1884, com Gungunhana sucedendo Muzila.
“Num contexto marcado pela Conferência de Berlim (1884-1885) e pelas
crescentes disputas envolvendo os territórios africanos, a dificuldade em impor
sua autoridade no sul de Moçambique em função do poder nguni tornou-se
incomodativa a Portugal, ameaçado pelo expansionismo britânico e por seu
projeto de ligar o Cairo à colônia do Cabo”.
Concomitantemente, Gunganhana que pouco se preocupava com os interesses de
Portugal, buscava garantir o livre acesso ao Porto de Lourenço Marques. Os
interesses portugueses e Moçambique se viram ameaçados pela não subjugação
do Reino de Gaza aos suas vontades, iniciando em 1895 uma ação militar contra
a autonomia de Gaza. Em 1895, ocorre a prisão e o exílio de Gungunhana, um
tsong, Maguiguana, assume a luta por Gaza que perduraria até 1897, com a
sublevação do reino.
3. Capítulo 1 – No Reino de Manicusse (1821-1858):