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DIOGO WIESE IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS NO SETOR DE USINAGEM EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE PEÇAS AUTOMOBILÍSTICAS JOINVILLE – SC 2007

IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TROCA RÁPIDA DE … · Sistemas da Universidade do Estado de Santa ... Layout da célula de usinagem de ... para uma empresa fabricante de Motocicletas

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DIOGO WIESE

IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TROCA RÁPIDA DE

FERRAMENTAS NO SETOR DE USINAGEM EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE PEÇAS AUTOMOBILÍSTICAS

JOINVILLE – SC 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TÉCNOLÓGICAS - CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

DIOGO WIESE

IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS NO SETOR DE USINAGEM EM UMA EMPRESA

PRODUTORA DE PEÇAS AUTOMOBILÍSTICAS

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Profº. MSc. Nilson Campos

JOINVILLE – SC 2007

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DIOGO WIESE

IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS NO SETOR DE USINAGEM EM UMA EMPRESA

PRODUTORA DE PEÇAS AUTOMOBILÍSTICAS

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas.

Banca Examinadora Professor: _________________________________________________________

Nilson Campos

Professor: _________________________________________________________

Régis Kovacs Scalice

Professor: _________________________________________________________

Ricardo Kirchhof Unfer

Joinville, 15/05/2007

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"Para implementar o Sistema Toyota de Produção em

nosso próprio negócio, deve haver uma total

compreensão de perdas. A menos que todas as fontes de

perdas sejam detectadas e eliminadas o sucesso irá

sempre tornar-se apenas um sonho".

(OHNO, 1997)

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RESUMO

A busca cada vez mais acirrada pela redução dos custos internos de fabricação faz com que as empresas produtoras de insumos desenvolvam cada vez mais tecnologias e métodos otimizados nos processos produtivos internos. Estas metodologias e inovações acarretam diretamente no valor do preço a ser cobrado do cliente, que por sua vez, busca um preço menor pelos produtos que por eles são adquiridos sem perda de qualidade. No entanto, todas estas melhorias não podem ser desenvolvidas sem antes terem sido feitos diversos estudos, para se tornar viável a implantação das mesmas no chão de fábrica. O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma melhoria para redução no tempo de setup na usinagem de camisas de cilindro. Este trabalho surgiu com a necessidade do aumento do tempo efetivo de máquina em produção no setor referido, devido a um aumento significativo de demanda do cliente. Com auxílio de pessoas que trabalham no setor e também de literaturas que relatam o tema, foram feitas diversas propostas de melhorias para o processo em questão. Todas estas melhorias foram implantadas para conseguir atender o aumento de demanda, sem aquisição de novas máquinas para estas operações e assim, cada vez mais atender as necessidades do cliente.

PALAVRAS-CHAVE: Redução de setup. Otimizações de processo.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Torneamento Cilíndrico Externo......................................................... 19

Figura 02 – Torneamento Cilíndrico Interno.......................................................... 19

Figura 03 – Sangramento Axial............................................................................. 19

Figura 04 – Torneamento Cônico Externo............................................................. 19

Figura 05 – Torneamento Cônico Interno.............................................................. 20

Figura 06 – Torneamento de Faceamento............................................................ 20

Figura 07 – Sangramento Radial........................................................................... 20

Figura 08 – Perfilamento Radial............................................................................ 20

Figura 09 – Perfilamento Axial............................................................................... 20

Figura 10 – Torneamento Curvilíneo..................................................................... 20

Figura 11 – Itens necessários para redução de estoque....................................... 24

Figura 12 – Layout da célula de usinagem de camisas de cilindro....................... 42

Figura 13 – Foto de um modelo de camisa........................................................... 42

Figura 14 – Placa com três castanhas.................................................................. 49

Figura 15 – Placa com duas castanhas................................................................. 49

Figura 16 – Relatório da ovalização em uma placa com três castanhas.............. 50

Figura 17 – Fixação da camisa com parte fixa o móvel (regulagem).................... 50

Figura 18 – Projeto da Castanha para todas as peças......................................... 51

Figura 19 – Regiões usinadas nas peças.............................................................. 52

Figura 20 – Ferramenta usinar face superior e diâmetro externo......................... 53

Figura 21 – Ferramenta usinar face inferior.......................................................... 53

Figura 22 – Ferramenta usinar diâmetro interno................................................... 53

Figura 23 – Ferramenta usinar face superior e diâmetro externo......................... 54

Figura 24 – Ferramenta usinar face inferior e diâmetro interno............................ 54

Figura 25 – Dispositivos de controle atuais (máquina).......................................... 55

Figura 26 – Máquina tridimensional utilizada para a medição da peça ................ 55

Figura 27 – Projeto do dispositivo de controle para medição da concentricidade. 56

Figura 28 – Seqüência de usinagem antes das melhorias.................................... 59

Figura 29 – Seqüência de usinagem depois das melhorias.................................. 60

Figura 30 – Dispositivo de medição da concentricidade....................................... 62

7

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Esquema gráfico representado no SMED......................................... 26

Gráfico 02 – Bases para a implementação do SMED........................................... 29

Gráfico 03 – Quantidade de Setups Mensais (Célula).......................................... 39

Gráfico 04 – Faturamento por Célula.................................................................... 40

Gráfico 05 – Quantidade de Peças Mensais (Atual).............................................. 41

Gráfico 06 – Quantidade de Peças Mensais (Aumento do Cliente)...................... 41

Gráfico 07 – Quantidade de Preparações Mensais............................................... 44

Gráfico 08 – Tempo Médio de Cada Preparação.................................................. 44

Gráfico 09 – Tarefas mais Demoradas na Preparação......................................... 48

Gráfico 10 – Comparativo entre os tempo de troca de dispositivo antes e depois

das melhorias........................................................................................................

58

Gráfico 11 – Tempo das tarefas relacionadas à troca de ferramentas, antes e

depois das melhorias.............................................................................................

60

Gráfico 12 – Tempo relacionado à medição das peças, antes e depois das

melhorias...............................................................................................................

62

Gráfico 13 – Tempo das preparações após as melhorias..................................... 63

Gráfico 14 – Quantidade de minutos com a máquina parada para realização

das preparações....................................................................................................

64

Gráfico 15 – Valor gasto com máquina parada..................................................... 64

Gráfico 16 – Anexo 01........................................................................................... 71

Gráfico 17 – Anexo 02........................................................................................... 72

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Ferramentas para se tornar uma empresa Lean............................... 22

Tabela 02 – Interfaces em comum entre o JIT e o TQC....................................... 23

Tabela 03 – Seqüência de uma setup tanto na manufatura quanto na prestação

de serviços.............................................................................................................

30

Tabela 04 – Comparativo entre os autores mencionados na revisão

bibliográfica............................................................................................................

34

Tabela 05 – Comparativo da quantidade de máquinas necessárias atualmente

e com o aumento proposto pelo cliente.................................................................

43

Tabela 06 – Cronograma de implantação das melhorias...................................... 57

Tabela 07 – Tabela comparativa entre a quantidade de máquinas necessárias

para à produção das peças antes e depois das melhorias...................................

66

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

CNC – Comando numérico computadorizado

JIT – Just-in-Time

M.O. – Mão de obra

MPT – Manutenção produtiva total

RAP – Registro de acompanhamento de processo

SMED - Single Minute Exchange of Dies

STP – Sistema Toyota de Produção

TPE – Tempo de preparação externo

TPI – Tempo de preparação interno

TQC – Controle de qualidade total

TRF – Troca rápida de ferramenta

WIP – Estoque em processo

3D – Máquina de medição por coordenadas (tridimensional)

10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 12

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA......................................................................... 12

1.2 OBJETIVO GERAL.......................................................................................... 13

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 13

1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 13

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.......................................................................... 14

1.6 METODOLOGIA.............................................................................................. 14

1.7 ESTRUTURA DE TRABALHO........................................................................ 15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................ 16

2.1 USINAGEM...................................................................................................... 16

2.2 TORNEAMENTO............................................................................................. 18

2.3 MANUFATURA ENXUTA................................................................................ 20

2.4 O SISTEMA JUST INTIME……………………………………………………….. 22

2.5 TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS (TRF)................................................. 25

2.5.1 Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia SHINGO............ 27

2.5.2 Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia MONDEM (1984)....................................................................................................................

30

2.5.3 Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia HAY (1992)........ 31

2.5.4 Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia KANNENBERG (1994)....................................................................................................................

32

2.5.5 Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia BLACK (1998)... 32

3. METODOLOGIA................................................................................................ 35

4. PESQUISA-AÇÃO........................................................................................... 38

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA................................................................... 38

4.2 FASE DO DIAGNÓSTICO............................................................................... 39

4.3 FASE DE PESQUISA APROFUNDADA......................................................... 47

4.3.1 Melhoria no dispositivo de fixação das camisas (Grupo 01)........................ 48

11

4.3.2 Melhoria nas ferramentas de usinagem das camisas (Grupo 02)................ 52

4.3.3 Melhoria no processo de medição das camisas (Grupo 03)........................ 54

4.4 FASE DA AÇÃO.............................................................................................. 57

4.4.1 Implantação do dispositivo único para as camisas....................................... 57

4.4.2 Implantação de ferramentas em comum para as camisas de cilindro.......... 58

4.4.3 Implantação do dispositivo de controle de concentricidade......................... 61

4.5 FASE DE AVALIAÇÃO.................................................................................... 63

CONCLUSÃO........................................................................................................ 67

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 69

ANEXOS................................................................................................................ 71

12

1. INTRODUÇÃO

Na atual realidade, em que todo setor de manufatura industrial sofre efeitos

da globalização dos mercados consumidores, está ocorrendo uma forte concorrência

para a redução dos preços de venda dos produtos produzidos por todos os tipos de

indústrias de transformação. Com esta acirrada competitividade, estudos para

redução de custos internos de fabricação são realizados.

O mercado atual exige baixos preços e também um prazo de entrega cada

vez menor dos produtos e as empresas buscam cada vez mais tornar estas

exigências de seus clientes uma realidade nas empresas para conseguirem um

diferencial competitivo perante suas concorrentes.

Para conseguir um preço mais baixo e um tempo para entrega dos produtos

menor, as empresas precisam investir em técnicas para redução do custo de

fabricação destas peças em diversas frentes para atender os requisitos

especificados pelos clientes, desde simples melhorias produtivas até grandes

transformações em estruturas produtivas.

Atender as necessidades dos clientes é essencial para a manutenção da

empresa no mercado competitivo. Além de atender esta expectativa, o fornecedor

que supera esta barreira esperada pelo cliente, tem uma vantagem muito grande

perante seus concorrentes diretos.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema deste trabalho de conclusão de curso é a redução do tempo de setup

(troca rápida de ferramentas) através de diversas melhorias de processos e também

de métodos de trabalho em uma célula de usinagem (torneamento). A redução deste

tempo de setup de máquinas é essencial para a empresa ser competitiva na

produção de seus produtos, por tratarem-se de comodities (produtos com baixo valor

agregado).

13

1.2 OBJETIVO GERAL

Otimizar o tempo de preparação de ferramentas no processo de torneamento

de camisas de cilindros (célula dedicada para 5 modelos de peças), através de

diversas melhorias realizadas no ambiente produtivo, objetivando reduzir o tempo de

máquina parada entre a troca destes produtos nas máquinas estudadas.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho são apresentados a seguir:

• Desenvolver uma metodologia de Troca Rápida de Ferramentas (TRF)

baseada nas literaturas lidas;

• Melhorar o tempo de máquina parada para a troca de ferramentas;

• Estudar e avaliar melhorias a serem implantadas durante todo o processo

de setup (gráficos);

• Desenvolver propostas viáveis e em comum acordo com todos os

membros da equipe responsável pelo trabalho;

• Criar uma equipe para futuros trabalhos.

1.4 JUSTIFICATIVA

Existem diversos obstáculos que precisam ser superados dentro de uma

empresa para que a redução na troca de ferramentas seja por completo executada.

Um exemplo prático é a do setup externo, que nada mais é do que a antecipação de

uma atividade ou mais, enquanto a máquina está em produção e somente parar a

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produção das peças quando estiver tudo feito externamente, com o intuito da

redução do tempo efetivo de máquina parada para a troca de modelos de peça.

Este trabalho, através das diversas melhorias listadas no tópico acima, vai

mostrar a redução de custos de fabricação e também o aumento de produtividade

que são atingidas com a implantação desta filosofia através de uma metodologia

proposta.

Os principais aspectos avaliados para este trabalho acontecer foram: muito

tempo gasto com preparação, máquinas muito caras envolvidas neste processo e

crescente aumento de demanda de todas as peças.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo das melhorias propostas neste trabalho são direcionadas para uma

célula composta por três tornos horizontais com comando numérico

computadorizado (CNC), destinados à usinar camisas de cilindros de diversos

modelos (05 modelos) e tamanhos, fundidas com ferro fundido cinzento e produzidas

para uma empresa fabricante de Motocicletas localizada no Brasil e líder nacional do

segmento.

Nesta célula serão realizadas diversas melhorias para a redução no tempo de

preparação (setup) nas mesmas, visando absorver um aumento de demanda

significativo imposto pelo cliente, sem que haja a necessidade de adquirir novas

máquinas para a produção destes itens, proposta no início levantada pela gerência

da empresa.

1.6 METODOLOGIA

Na empresa onde este trabalho foi realizado, existe a consciência pela

constante otimização de processos tanto na parte tecnológica quanto na área de

qualidade, pois todos sabem que estas melhorias otimizam muito o resultado

15

financeiro da empresa devido a reduções significativas no custo de fabricação

interno.

Por buscar solucionar um problema através de técnicas e conceitos já

estudados, este relatório é tido como uma pesquisa-ação, pois o pesquisador

participa efetivamente do processo de construção de melhorias a serem implantadas

na fábrica. Possui etapas bem claras de desenvolvimento:

• Fase exploratória;

• Fase de pesquisa aprofundada;

• Fase de ação;

• Fase de avaliação.

1.7 ESTRUTURA DE TRABALHO

No primeiro capítulo do trabalho de conclusão de curso são apresentados os

objetivos gerais do trabalho, objetivos específicos, a justificativa da escolha deste

tema, a delimitação do trabalho além dos procedimentos metodológicos aplicados.

O segundo capÍtulo apresenta a revisão da literatura de assuntos referentes

ao tema geral do trabalho como: produção enxuta, troca rápida de ferramentas,

conceitos sobre usinagem e torneamento, padronização e também outros pontos

necessários para um bom entendimento sobre o assunto abordado no trabalho.

O terceiro capítulo relata todas as fases da pesquisa relacionada com o tema

base do trabalho de conclusão do curso. O quarto capítulo relata brevemente a

empresa, local onde ocorreu o estudo, e também todos os passos das melhorias

implantadas relatando todos as dificuldades e sucessos obtidos.

Os demais capítulos apresentam as considerações finais, sugestões para

trabalhos futuros e as referências utilizadas neste trabalho.

16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentados conceitos básicos sobre alguns pontos

relevantes do trabalho como: usinagem (ênfase em torneamento), manufatura

enxuta (lean manufacturing), troca rápida de ferramentas e sobre just-in-time.

2.1 USINAGEM

Peças produzidas pelos processos de fundição, conformação ou até mesmo

por soldagem, podem ser produzidas com o dimensional próximo as medidas finais,

porém necessitam de operações complementares para alcançar o dimensional

especificado para suas devidas aplicações. Estas operações de acabamento na

peça para alcançar baixas tolerâncias dimensionais de produtos através de remoção

de excesso de material causado pelos processos de formação do produto chamam-

se operações de usinagem. (DINIZ et al., 2003).

Estes processos de usinagem são divididos em três categorias de acordo com

STEMMER (1992):

• Processos de usinagem por corte da qual as mais usuais são o torneamento e

o fresamento;

• Processos de usinagem por abrasão da qual são utilizados materiais

abrasivos para a retirada de materiais. Ex. retificação e lapidação;

• Processos de usinagem não convencionais. Ex: processo elétrico, químico,

térmico, hidrodinâmico e laser.

As vantagens dos processos de usinagem são:

• Mais precisos que processos de conformação e fundição;

• Podem ser trabalhados para correções posteriores a tratamento térmico;

• Podem gerar superfícies com geometrias especiais;

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• Para lotes pequenos é mais fácil a produção do lote por usinagem.

E suas desvantagens são:

• Um gasto maior de matéria-prima, energia e tempo de fabricação;

• Não altera a estrutura mecânica da peça e também suas propriedades.

Desde a introdução das primeiras máquinas de usinagem em 1700, estes

processos são indispensáveis para a produção de produtos variados. Segundo

DINIZ et al. (2003), nos dias atuais, máquinas com comandos computadorizados de

altíssimas velocidades de remoção de cavaco já são produzidas e industrializadas

no mundo inteiro.

Um processo de usinagem é basicamente composto pelos seguintes

sistemas: ferramenta, máquina e a peça a ser usinada. O conhecimento profundo de

cada um desses sistemas e o conhecimento da interação entre os mesmos, podem

otimizar muito o tempo envolvido e o dinheiro gasto com a usinagem de um produto

qualquer. O processo mais utilizado de usinagem é o CNC.

O comando numérico - CNC - é hoje, segundo MACHADO (2006):

o processo mais dinâmico de fabricação e o que trouxe maior impacto para a industrial mecânica no século XX, constituindo o maior desenvolvimento para a automatização de máquinas operatrizes de usinagem, além de infinitas outras aplicações possíveis em outras áreas da fabricação e outros processos.

Essa tecnologia começou a ser desenvolvida em 1945 pelo empresário

americano Dr. John T. Parson. Na necessidade de produzir hélices de helicópteros

com maior rapidez e qualidade, Parson desenvolveu um método de posicionamento

para fazer o contorno de difícil geometria das hélices, utilizando o conceito numérico

de coordenadas em fresamento.

Para aprimorar o conceito de comando numérico, foi criado um departamento

de pesquisa e desenvolvimento que, de acordo com MACHADO (2006), foi um dos

primeiros a utilizar as máquinas de cartões perfurados para realizar cálculos de

engenharia aplicada.

Devido ao sucesso da pesquisa, em 1948 o MIT (Massachusetts Institute of

Technology), começou a desenvolver o conceito para aplicação em máquinas

18

operatrizes. Esses novos conceitos tinham como objetivo proporcionar maior

agilidade de produção, possibilidade de usinar peças com alto grau de complexidade

a um baixo custo de fabricação.

Assim, em 1952 surge o primeiro centro de usinagem derivado de uma

fresadora de três eixos (X, Y e Z) conhecida como Hydrotel.

2.2. TORNEAMENTO

O processo de torneamento gera formas cilíndricas em uma peça, com o

auxílio de uma ferramenta de corte usinando com uma única aresta e na maioria dos

casos, a ferramenta é estacionária e a peça que sofre a rotação.

Segundo a norma NBR 206175, os conceitos básicos de torneamento são

descritos abaixo:

Torneamento é um processo mecânico de usinagem destinado a obter superfícies através de rotações com a ajuda de uma ou mais ferramentas monocortantes. Para isso a peça rotaciona em torno do eixo principal de rotação da máquina e a ferramenta se desloca simultaneamente segundo uma trajetória coplanar com o referido eixo. Pode ser dividido em retilíneo ou curvilíneo.

O torneamento retilíneo é um processo de torneamento no qual a ferramenta

se desloca segundo uma trajetória retilínea, podendo ser: cilíndrico, cônico, radial e

perfilamento. O processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo

uma trajetória paralela ao eixo principal de rotação da máquina, chama-se

torneamento cilíndrico, podendo ser externo (Figura 01) ou interno (Figura 02).

Quando o torneamento cilíndrico visa à obtenção de um entalhe circular na face

perpendicular ao eixo principal de rotação da máquina, o torneamento é denominado

sangramento axial (Figura 03) conforme DINIZ et al. (2003).

Entende-se que o torneamento cônico é o processo de torneamento no qual a

ferramenta se desloca segundo uma trajetória retilínea, inclinada em relação ao eixo

principal de rotação da máquina e também pode ser externo (Figura 04) ou interno

(Figura 05).

19

No processo de torneamento radial a ferramenta se desloca segundo uma

trajetória retilínea, perpendicular ao eixo principal de rotação da máquina. Quando o

torneamento radial visa à obtenção de uma superfície plana é denominado

faceamento (Figura 06). Quando o torneamento radial visa à obtenção de um

entalhe circular é denominado sangramento radial (Figura 07) conforme DINIZ et al.

(2003).

O perfilamento é um processo de torneamento no qual a ferramenta se

desloca segundo uma trajetória retilínea radial (Figura 08) ou axial (Figura 09),

visando à obtenção de uma forma definida, determinada pelo perfil de uma

ferramenta.

Em relação ao torneamento curvilíneo (Figura 10), entende-se que é o

processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo uma trajetória

curvilínea.

Quanto à finalidade, as operações de torneamento também podem ser

divididas em torneamento de desbaste e acabamento. DINIZ et al. (2003).

Em relação aos tipos de torneamento, as figuras abaixo ilustram os mesmos.

Figura 01 – Torneamento Cilíndrico Externo Figura 02 – Torneamento Cilíndrico Interno

Figura 03 – Sangramento Axial Figura 04 – Torneamento Cônico Externo

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Figura 05 – Torneamento Cônico Interno Figura 06 – Torneamento de Faceamento

Figura 07 – Sangramento Radial Figura 08 – Perfilamento Radial

Figura 09 – Perfilamento Axial Figura 10 – Torneamento Curvilíneo

2.3. MANUFATURA ENXUTA

A manufatura enxuta se fortaleceu Na falta de recursos naturais do Japão

(período pós segunda guerra mundial). Neste período o custo de mão de obra era

elevadíssimo (cerca de 5 vezes maiores que o valor da hora-máquina) e fez com que

os japoneses começassem a estudar o assunto em questão com bastante ênfase.

(SHINGO,1996).

Com todos estes problemas encontrados no Japão, principalmente a

escassez de recursos, muitos estudos foram implantados em indústrias japonesas,

21

sendo que a principal figura foi Taiichi Ohno, que elaborou estudos referentes à

movimentação de um funcionário durante seu expediente de trabalho. Isto teve uma

grande repercussão, pois trouxe grandes melhorias no custo de produção da Toyota

Motors, rompendo diversos paradigmas que circundavam este assunto no mundo

inteiro.

As origens literárias do Sistema Toyota de Produção (STP) encontram-se

calcadas em livros escritos por Shingeo Shingo e Taiichi Ohno. Estas obras relatam

de forma prática a implantação de diversos estudos que, com o passar do tempo,

tornaram-se referência para toda a indústria automobilística mundial. (ANTUNES,

1998)

Para o mais perfeito entendimento do Sistema Toyota de Produção é

necessário à compreensão do funcionamento da produção, que é definida por

SHINGO (1996) como uma rede de processos e operações. O percurso que sofre a

matéria-prima até virar estique intermediário e destes até se tornarem produtos

acabados são definidos como processos, e a ação de fabricação destes produtos

realizados pelo ser humano é denominado operação.

Com este conceito fundamentado é possível fazer o estudo de melhoria de

duas frentes: o processo e as operações. Segundo ANTUNES (1993) este

entendimento permite:

• Compreender a lógica do sistema Toyota de produção;

• Esclarecer um método que possibilita a construção de outros sistemas

complementares ao STP;

• Uma análise dos conceitos de perdas, propostas por Taylor, Ford, Ohno e

Shingo.

Segundo WOMACK & JONES (1996), há cinco pilares principais da

manufatura enxuta. São eles:

• Especificar o valor;

• Identificar a cadeia de valor dos produtos e remover as etapas que geram

desperdícios;

• Fazer com que as etapas que criam valor fluam;

22

• Fazer com que a produção seja “puxada” pela demanda;

• Gerenciar para se buscar a perfeição.

Conforme MIYAKE (1998) expõe na Tabela 01 para se tornar lean uma

empresa precisa melhorar e implantar diversas ferramentas para atingir o efeito

esperado por todos os colaboradores:

Tabela 01 – Ferramentas para se tornar uma empresa Lean

2.4. O SISTEMA JUST-IN- TIME

Para KLIPPEL (2007), OHNO (1997), AMATO (1998) e VOKURKA (2000), o

just-in-time (JIT) se apresenta como principal idéia para produzir somente o que é

necessário, no momento necessário e na quantia exata.

AMATO (1998) relata que: “esta filosofia de produção cerne do sucesso do

modelo japonês de gestão industrial, têm como idéia básica produzir somente o que

for necessário, na quantidade e no momento certo”.

Segundo DAVIS (2001), “o JIT é um conjunto de atividades projetado para

atingir a produção em alto volume, utilizando estoques mínimos de matérias-primas,

estoques intermediários e produtos acabados”.

23

TUBINO (2000) comenta que “alguns autores costumam apresentar

separadamente os conceitos de JIT e TQC”. Segundo o autor citado, o JIT seria uma

filosofia voltada para otimização de processos e produtos e o TQC voltado para

qualidade, porém o TQC e o JIT possuem algumas interfaces em comum conforme

quadro mostrado na Tabela 02:

Tabela 02 – Interfaces em comum entre o JIT e o TQC

SLACK (1999) comenta que:

O JIT requer idealmente alto desempenho em todos os objetivos de desempenho da produção. a) a qualidade deve ser alta porque distúrbios na produção devidos a erros de qualidade irão reduzir o fluxo de materiais, reduzir a confiabilidade interna de fornecimento, além de gerar o aparecimento de estoques, caso os erros reduzam a taxa de produção em algum ponto de operação. b) a velocidade, em termos de rápido fluxo de materiais, é essencial, caso se pretenda atender à demanda dos clientes diretamente com a produção, ao invés de através dos estoques. c) a confiabilidade é um pré-requisito para um fluxo rápido, ou, olhando por outro lado, é muito difícil atingir fluxo rápido se o fornecimento de componentes ou os equipamentos não são confiáveis. d) a flexibilidade é especialmente importante para que se consiga produzir em lotes pequenos, atigindo-se fluxo rápido e lead time curtos. Esta referência faz-se às flexibilidades de mix e de volumes.

PEINADO (1999) relata que “apenas a implantação, do sistema Kanban está

longe de ser suficiente, pois ele não reduz estoques, apenas limita seu nível

24

máximo”. O autor sugere que além da implantação do sistema, há outros itens que

precisam ser analisados para redução dos estoques, conforme é possível visualizar

na Figura 11.

Figura 11 – Itens necessários para redução de estoque

MARTIL (2006) considera o JIT uma filosofia de aplicação no mundo inteiro e

é comumente associado à: produção sem estoques, sem desperdício, melhorias

contínuas de processo e os principais objetivos são:

• Redução do nível de inventário;

• Redução nos tempos de preparação (setup);

• Redução ao tamanho mínimo de lote;

• Liberação para a produção através do conceito de puxar estoques;

• Flexibilidade de manufatura pela redução dos tamanhos de lotes.

MINADEO (2007) comenta que:

O objetivo fundamental do JIT é a manutenção contínua do processo de produção, a

redução dos estoques, e trazer à tona os diversos problemas camuflados pela

existência dos estoques, cujos principais problemas são:a) qualidade; b) quebra de

máquinas; c) preparação de máquinas: quando uma máquina é utilizada para processar

mais de um item, torna-se necessário preparar a máquina para cada mudança. Esta

preparação representa custos referentes ao período inoperante do equipamento, à mão

de obra empregada, à perda de material no início das operações. Custos maiores

exigem rateamento por uma quantidade maior de peças e necessidade de lotes

grandes

25

MINADEO (2007) também escreve que o JIT que é um sistema que objetiva a

contínua busca pela otimização de processos, reduzindo desperdícios, e que todas

as operações que não agregam valor sejam eliminadas, algumas metas que

relacionadas no estudo do JIT estão listadas abaixo:

• Zero de estoques;

• Zero de lead times;

• Zero de tempo de setups;

2.5. TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS (TRF)

O sistema de troca rápida de ferramentas (TRF) foi desenvolvido no início da

década de 50, onde Shingeo Shingo elaborou um trabalho para otimização de

prensas de estampagem de corpo na empresa Mazda da Toyou Kogyo em

Hiroshima, operação gargalo anteriormente ao estudo. Shingo foi encarregado do

estudo visando à melhoria do processo para melhorar a eficiência das máquinas.

Logo no primeiro dia de estudos do grupo foi verificado por Shingo, no

momento da troca das matrizes da prensa, a falta de um último parafuso para

prender a matriz na máquina. Este parafuso foi localizado pela equipe de preparação

de máquinas quase uma hora mais tarde. Posteriormente, Shingo buscou soluções

para que este problema não ocorresse mais.

Segundo SHINGO (2000), “estabelecemos um processo de seleção

cuidadosa e colocamos os parafusos necessários em caixas específicas. Também

melhoramos o procedimento geral ao realizar todas as atividades possíveis em

setups externos”

Depois deste acontecimento, foi claramente visto que setups precisam ser

divididos em externos e internos e a partir deste caso foi começado a dar mais

importância para o tempo perdido em uma máquina entre o término de produção de

um produto e o início de produção de um outro produto (redução de setup).

Entende-se por setup interno, todas as operações que podem somente ser

realizadas quando a máquina está parada e por setup externo aquelas operações

que podem ser realizadas quando a máquina está em operação.

26

A segunda experiência relacionada a TRF ocorreu na Mitsubishi Heavy

Industries, quando Shingo sugeriu a redução de tempo de setup onde

posteriormente as melhorias, foi alcançado 40% de aumento de produtividade e a

primeira conversão de setup interno em externo conforme relatado por SHINGO

(2000).

O terceiro estudo foi realizado em 1969, numa fábrica de carrocerias da

Toyota Motor Company, onde Shingo e sua equipe separaram o setup em interno e

externo e com isso conseguiu reduzir o tempo de preparação de 4 horas para 90

minutos, em seis meses de trabalhos. Não satisfeita, a direção da empresa colocou

como meta a redução de setup para apenas 3 minutos.

Conforme SHINGO (2000), foi relatada uma proposta para redução da

preparação e o autor citado comentou que “Por um instante fiquei pasmo com o que

foi exigido, com isso pensou: Por que não converter tempo de preparação interno

(TPI) em tempo de preparação externo (TPE)”. Após mais um trimestre a redução foi

conseguida para três minutos.

Depois destas experiências foi criado o conceito SMED (Single Minute

Exchange of Dies), que nada mais é do que o tempo decorrido entre a saída do

último produto A da máquina, até a saída do primeiro produto B com qualidade

conforme mostrado no Gráfico 01.

Gráfico 01 – Esquema gráfico representado no SMED

27

A grande idéia da TRF (troca rápida de ferramentas) é a redução e otimização

dos setups. Na prática, a redução de setups é dividida em estratégias e técnicas

práticas de implantação. Esta divisão parte da proposta de SHINGO (1996, 2000),

designada SMED, comparando-a a idéia de outros autores: MONDEM (1983), HAY

(1992), KANNENBERG (1994) e BLACK (1998).

2.5.1. Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia SHINGO.

SHINGO (1996, 2000) define a TRF como, primeiramente, algo estratégico

em uma instituição, posteriormente técnicas práticas de implantação destes

conceitos além de técnicas para análise e apoio as melhorias. Dois grupos de

estratégias são levantados para redução no tempo de troca de ferramentas:

• Estratégias envolvendo habilidades – onde as pessoas que detêm o

conhecimento empírico no processo de preparação da máquina (operador ou

preparador);

• Estratégias envolvendo tamanho do lote – devido aos tempos altos de setup,

empresas preferem fazerem muitas peças em cada preparação (estoque). A

TRF permite a redução dos custos de setups.

Conforme SHINGO (2000) o processo de melhoria de setup é dividido em

quatro etapas:

• Estágio Preliminar – é analisar e estudar toda a operação de setup atual nos

mínimos detalhes com o auxílio dos operadores. Nesta tarefa, algumas

maneiras para abordar esta questão podem ser a cronoanálise da operação,

entrevistas ou até mesmo a filmagem da operação.

• Estágio 1 – são divididas as operações de setup entre internos e externos,

onde o autor menciona a possibilidade de, já neste estágio, o ganho de 30 a

50% de tempo na preparação;

28

• Estágio 2 – são feitas analises para transformar setups internos em externos;

• Estágio 3 – após feitas as divisões de setups externos e internos, são

realizados estudos para otimizar estes tempos de preparação.

Estes estágios mostram que TRF são compostas por duas ações principais:

análise e implantação. Para implantação destas melhorias são utilizadas oito

técnicas:

• Separar operações externas e internas;

• Transformar setup interno em externo;

• Padronizar as operações do setup;

• Utilizar fixadores funcionais ou não usar nenhum fixador;

• Utilizar dispositivos intermediários para eliminar ajustes;

• Utilizar operações paralelas;

• Otimizar operações;

• Mecanizar as operações.

SHINGO (1996) afirma que se o método just-in-time, ponto chave do sistema

Toyota de produção, não teria sido desenvolvido se o TRF não existisse. Para o

autor, o TRF começa primeiramente no ambiente estratégico, e somente depois

entram em cena o desenvolvimento e aplicações dos conceitos com o intuito de

implantar seus conceitos e técnicas. Resumidamente para SHINGO as bases para a

implantação do SMED são mostradas com detalhes no Gráfico 02:

29

Gráfico 02 – Bases para a implementação do SMED

Ainda SHINGO (1996), comenta que o SMED se baseia no fato de que os

setups internos e externos ainda não estejam implantados, e então a primeira etapa

seria analisar o setup e todos os pontos de possíveis ganhos de tempo (esta

operação é muito importante que seja realizada com os operadores e preparadores

envolvidos com o equipamento).

Com este passo feito é separado todos os pontos que podem ser divididos em

setup interno e externo. O próximo ponto é a transformação de todas as etapas

possíveis em setups externos e também a eliminação do maior número possível de

ajustes. Por fim cada operação definida como interna e externa é treinada para ser

com mais facilidade executada.

Ao atingir tais objetivos, consegue-se minimizar o estoque e flexibilizar a

produção a ponto de permitir ajustes de acordo com a modificação da demanda,

fazendo com que seja possível à produção em pequenos lotes.

Na Tabela 03 SHINGO (1996) mostra esquematicamente a seqüência de um

setup tanto na manufatura de produtos quanto na prestação de serviços.

30

Tabela 03 – Seqüência de uma setup tanto na manufatura quanto na prestação de serviços

2.5.2. Proposta metodológica de redução de setup segundo MONDEM (1983).

O modelo proposto pelo autor MODEM (1983), segue o mesmo princípio

abordado por SHINGO, diferenciando as estratégias e técnicas de implantação.

MODEM (1983) define o TRF em três estratégias e seis técnicas.

O autor considera a diferenciação entre preparação interna e externa como o

conceito mais importante para a realização do TRF. Posteriormente a eliminação dos

ajustes, que consomem em média 60% do tempo total do setup interno. Nestes

ajustes, segundo o autor, já deve ser observado nas etapas de projeto. O terceiro

31

passo seria a busca pela padronização das ferramentas (posição diferenciada em

relação a SHINGO), buscando a intercambialidade de ferramentas.

Quanto às técnicas, o autor cita seis como as principais para realização das

melhorias:

• A padronização de função e conversão de setup interno em externo;

• Padronização das peças necessárias do equipamento;

• Utilização de fixadores rápidos;

• Utilização de ferramenta de fixação suplementar;

• Operações paralelas;

• Mecanização.

2.5.3. Proposta metodológica de redução de setup segundo HAY (1992).

O modelo proposto pelo autor HAY (1992) segue técnicas diferenciadas dos

autores citados anteriormente, sendo mais abrangente, iniciando com o

compromisso da alta administração da empresa junto ao projeto o que pelo autor é

considerado um fator crítico para o sucesso da implantação da TRF.

A segunda etapa é a escolha do processo a ser melhorado, sendo nestas

proposta considerada o melhor retorno frente ao impacto potencial da melhoria a ser

atingida. O terceiro passo é a definição da equipe multidisciplinar a ser responsável

pela melhoria a ser desenvolvida.

O quarto passo será a capacitação da equipe com treinamentos sobre

conceitos em TRF, e também todos os objetivos da melhoria que será realizada no

processo. As demais etapas definidas pelo autor são bastante parecidas com as dos

demais autores já mencionados no trabalho, sendo que os principais são: separação

de setup em interno e externo, conversão de setup interno para externo, a

eliminação dos ajustes.

A última etapa é garantir a fluência das operações de setup eliminando os

problemas encontrados na realização das atividades, tais como a falta de

ferramentas, dispositivos ou elementos de fixação.

32

2.5.4. Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia KANNENBERG

(1994).

KANNENBERG (1994), da mesma maneira que HAY (1992), propõe um

modelo de implantação da TRF bastante semelhante conforme os pontos listados. O

primeiro passo é a criação de um ambiente favorável para implantação da técnica

começando pelo convencimento da alta direção da empresa. O autor divide seus

métodos nos níveis estratégico, tático e operacional.

No nível estratégico, o autor vê a necessidade de observar a aderência do

método ao sistema produzido em visão em longo prazo. Os três passos propostos

são: a obtenção do comprometimento da alta direção, promover a formação de uma

equipe responsável pelo planejamento e controle da implantação e por fim uma

avaliação do processo produtivo quanto à visão do futuro e crescimento.

No nível tático, é necessário, segundo o autor, a difusão das políticas da

empresa a médio e longo prazo, em especial quanto a investimentos, projetos de

produtos, definição de metas e treinamento.

O nível operacional não difere das técnicas já propostas por SHINGO (1996,

2000) e MONDEM (1983).

2.5.5. Proposta metodológica de redução de setup – A filosofia BLACK (1998).

A abordagem proposta por BLACK (1998), consiste no estudo de tempos e

movimentos aplicados ao problema de redução do tempo de setup. O autor divide

sua metodologia de implantação em sete etapas, destacando os seguintes passos:

1. Diagnosticar a situação vigente (através de estudos de tempos e

movimentos);

2. Separação do setup interno do externo;

3. Migração de atividades para o setup externo

4. Racionalização das atividades internas;

33

5. Análise dos métodos utilizados;

6. Padronização e eliminação de ajustes;

7. Eliminação do setup quando possível.

Assim como os outros autores, BLACK (1998) sugere diversas técnicas

específicas a serem aplicadas para a implementação da redução de setup. Para a

análise do método existente o autor propõe a elaboração de um check-list

objetivando a racionalização da análise. Outras propostas são a utilização de

filmagens, para cálculo de tempos de movimentos.

Na tabela 04 há um comparativo do trabalho desenvolvido por todos os

autores mencionados nesta revisão bibliográfica.

34

Fonte – O autor

Tabela 04 – Comparativo entre os autores mencionados na revisão bibliográfica

35

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia da pesquisa que será utilizada neste trabalho é a pesquisa-

ação, que se trata de uma pesquisa com base empírica e é realizada em estreita

associação com uma ação ou até mesmo uma resolução de algum problema em

comum, onde o pesquisador e os membros participantes da situação estão

envolvidos de modo a cooperar ou participar das decisões tomadas. (THIOLLENT ,

1997.)

Segundo GIL (2007) seu planejamento tem algumas diferenças básicas em

relação às outras pesquisas existentes, não somente como sua flexibilidade, mas

sobretudo, porque além de todos os aspectos referentes à pesquisa, este modelo

também envolve a ação do pesquisador e dos grupos interessados.

O pesquisador funcionário da empresa na qual foi realizado o trabalho, atua

no setor de engenharia de processos, desenvolvendo atividades no que se diz

respeito a otimizações de processos produtivos em produção e também na

implantação de novos processos produtivos de usinagem de ferro fundido. Durante

toda a elaboração do trabalho o pesquisador coordenou a equipe designada para a

melhoria do tempo de setup nos tornos horizontais CNC, auxiliando na busca pelas

soluções mais viáveis a serem implantadas.

Nas literaturas não há um modelo rígido para os passos a serem seguidos em

uma pesquisa-ação, porém THIOLLENT (1997) relata que existem pelo menos

quatro grandes fases na pesquisa-ação, que podem ser observados e tidos como

um método contínuo. São elas:

• Fase Exploratória – os participantes da pesquisa-ação, começam a desvendar

todos os problemas e determinar possíveis ações futuras;

• Fase de Pesquisa Aprofundada – no qual os problemas são estudados de

uma forma mais intensa com o auxílio de coleta de dados, para a solução

posterior dos mesmos;

• Fase de Ação – é a definição dos objetivos, através de ações práticas

(concretas), aprovadas por todas as partes envolvidas no processo;

36

• Fase de Avaliação – na qual os principais objetivos são: redirecionar os

passos e compilar todos os conhecimentos adquiridos durante todo o

processo da pesquisa-ação.

GIL (2007) considera nove as principais etapas de uma pesquisa ação:

• Fase exploratória;

• Formulação do problema;

• Construção de hipóteses;

• Realização do seminário;

• Seleção da amostra;

• Coleta de dados;

• Análise e interpretação dos dados;

• Elaboração do plano de ação;

• Divulgação dos resultados.

O presente estudo contemplou os seguintes passos, seguindo a metodologia

de THIOLLENT (1997):

• Diagnóstico (Fase Exploratória):

Nesta etapa será determinado as peças que mais influenciam no

faturamento do setor, para saber quais são as máquinas que deverão ser

utilizadas no trabalho. Também são analisadas a quantidade do número de

setups realizados em cada célula e são estudados e levantados todos os

passos para a realização de um setup atualmente na máquina escolhida,

onde os membros da equipe já mencionam possíveis pontos para serem mais

aprofundados no próximo passo (possíveis melhorias). Após estes

levantamentos são feitos estudos mais detalhados para a realização das

melhorias nos pontos com possíveis potenciais de ganho.

• Definição das melhorias e priorização da implantação (Fase de pesquisa

aprofundada):

37

Após o levantamento dos possíveis pontos de melhorias estes são

listados e discutidos, sendo que estas melhorias deverão ser sempre

relacionadas, levantando-se a possibilidade de transformação do setup

interno em um setup externo. São feitas as distinções de melhorias em

imediatas e das que necessitam de algum tempo para a implantação.

Também serão agrupados nas etapas que mais influenciam no tempo total de

preparação da máquina, para que sejam focadas as melhorias.

• Implantação das melhorias definidas (Fase de Ação):

As melhorias são efetivamente colocadas em prática, mostrando todos

os ganhos que estas estarão influenciando no futuro. Nesta fase também

serão feitos todos os treinamentos necessários para que estas otimizações

sejam implantadas com sucesso e utilizadas por todos os colaboradores

envolvidos.

• Avaliação dos resultados (Fase de Avaliação):

Tem como objetivo quantificar e evidenciar os ganhos obtidos com

todas as melhorias implantadas, sendo mostrado de várias formas a

viabilidade das melhorias como: entrevista com os envolvidos, quantificação

em tempo e dinheiro de quanto foi ganho com estas melhorias, isto tudo de

forma bastante clara para que a direção da empresa possa ver um possível

retorno destas melhorias.

38

4. PESQUISA-AÇÃO 4.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa foco da pesquisa-ação é uma indústria metalúrgica, presente na

cidade de Joinville há 59 anos. Hoje é considerada a terceira maior fundição de ferro

fundido do mundo com capacidade produtiva para produzir cerca de 500 mil

toneladas de ferro por ano.

Grande parte da produção da empresa é constituída de componentes

desenvolvidos sob encomenda para o setor automotivo, que engloba caminhões,

ônibus, utilitários, automóveis, tratores e outras máquinas agrícolas. São peças para

sistemas de propulsão, freio, transmissão e direção, e eixo e suspensão, que

suportam e absorvem todos os esforços mecânicos ao longo da vida de um veículo.

A empresa em questão também produz e comercializa conexões de ferro

maleável, granalhas de ferro e aço e perfis contínuos de ferro, produtos que

atendem à indústria da construção civil, a de mármores e granitos e de segmentos

diversos da engenharia industrial, entre outros.

A Usinagem, processo de beneficiamento mecânico, é um setor da empresa

em questão, que compreende, entre outros, operações de torneamento, fresamento,

mandrilamento, furação, rosqueamento e brunimento.

A usinagem, da empresa, está preparada para produzir peças automotivas

usinadas, especialmente blocos e cabeçotes de motor e peças automobilísticas

especiais, sendo assim fornece produtos diretamente à linha de montagem de seus

clientes. Para isso, dispõe de equipamentos modulares de controle numérico, que

funcionam em conceito de células flexíveis e linhas de usinagem.

Atualmente a usinagem da empresa usina apenas cerca de um terço do que é

fundido na mesma. Porém, existe uma grande tendência do mercado das indústrias

automobilísticas em comprar produtos acabados de seus clientes, o que pode fazer

com que a área de usinagem da empresa se torne em um setor com grandes

perspectivas futuras.

39

4.2. FASE DE DIAGNÓSTICO

O setor onde foi realizada a melhoria de redução do tempo de preparação de

máquinas foi na Unidade de Usinagem de Peças, local onde o pesquisador exerce

uma função técnica e também por se tratar do único local na empresa (Usinagem)

onde existam preparações constantes. Nas demais unidades da Usinagem são

produzidos cabeçotes e blocos de motores que trabalham sob o conceito de linha de

produção com a quantidade de setups bastante reduzidos.

O setor estudado possui cerca de 50 máquinas de usinagem onde são

produzidos cerca de 90 modelos diferentes de peças (conceitos de células flexíveis).

Para analisar a célula onde deveria se concentrar o esforço para a redução do

tempo de setup, o pesquisador realizou dois levantamentos para a escolha do

conjunto de máquinas, conforme Gráficos 03 e 04.

Quantidade de Setups Mensais (Célula)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Camisas Volantes Cubos deRoda

Coletores Munhões Suportes

Célula

Qua

ntid

ade

Gráfico 03 – Quantidade de Setups Mensais (Célula)

Conforme o Gráfico 03, a célula de usinagem de camisas de cilindro é a que

possui o maior número de setups por mês (média), chegando a meses onde o

número de preparações chegou a 21 mudanças de produto.

40

Faturamento por Célula

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

Camisas Volantes Munhões Cubos de Roda Coletores Suportes

Células

Fatu

ram

ento

(R$)

Gráfico 04 – Faturamento por Célula

No Gráfico 04 é possível observar, também, que o faturamento mensal da

Unidade é mais influenciado pela célula de Camisas de Cilindro, chegando na casa

dos R$520.000,00 mensais perante valores menores das demais células do setor.

Após estes dois levantamentos terem sido feitos, ainda houve uma outra

indicação de que a célula de usinagem de camisas de cilindro fosse a célula onde a

pesquisa-ação deveria ocorrer. O cliente solicitou um aumento significativo de peças

para início de produção na metade de 2007.

Conforme observa-se nos Gráficos 05 e 06, todos os modelos de peça

sofreram um pedido de aumento do cliente, que tornaram a célula uma restrição

produtiva do setor, pois antes do aumento a produção era realizada no regime de

quatro turnos de trabalho, e após o aumento de demanda, esta célula necessitará de

diversas melhorias para a fabricação destes produtos ou senão precisará da

aquisição de mais um equipamento para a usinagem destes itens e horas extras dos

funcionários.

41

Quantidade de Peças Mensais (Atual)

30000

500

12000

45000

10000

05000

100001500020000250003000035000400004500050000

90.40.002 90.40.011 90.40.016 90.40.022 90.40.023

Código da Peça

Qua

ntid

ade

Gráfico 05 – Quantidade de Peças Mensais (Atual)

Quantidade de Peças Mensais (Aumento do Cliente)

35000

1000

13500

47000

12500

05000

100001500020000250003000035000400004500050000

90.40.002 90.40.011 90.40.016 90.40.022 90.40.023

Código da Peça

Qua

ntid

ade

Gráfico 06 – Quantidade de Peças Mensais (Aumento do Cliente)

Com todos estes indícios a célula camisas de cilindro foi à escolhida para ser

desenvolvido o trabalho de redução do tempo de setup na Usinagem.

A célula de camisas de cilindro é composta por três tornos horizontais CNC,

onde trabalham três operadores por turno e o layout atual da célula pode ser

percebido na figura 12. Nesta célula são produzidos cinco tipos de camisas de

42

cilindro para motocicletas. Na Figura 13 é observado um dos modelos de peça que

são usinadas as faces superiores, inferiores bem como diâmetro externo e interno.

Figura 12 - Layout da célula de usinagem de camisas de cilindro

Figura 13 – Foto de um modelo de camisa

A Tabela 05 mostra a situação em que a célula de usinagem se encontraria

caso não fosse feito nenhuma melhoria na célula, ou seja com três máquinas

43

dedicadas à produção de camisas, consideranda uma eficiência de produção de

85% (consideradas perdas de manutenção e produção). A necessidade da compra

de mais um torno para está operação, não era descartada pela gerência da

empresa.

Situação Atual Código das Peças Quantidade de Peça/ Mês Padrão de Peças/ Hora Horas/ Mês

90.40.002 30000 47 638 90.40.011 500 45 11 90.40.016 12000 40 300 90.40.022 45000 60 750 90.40.023 10000 55 182

Horas Necessárias 1881 Horas de Preparação 45

Horas Disponíveis por Máquina 720 Quantidade de Máquinas 2,68

Situação Após Aumento de Demanda

Código das Peças Quantidade de Peça/ Mês Padrão de Peças/ Hora Horas/ Mês90.40.002 35000 47 745 90.40.011 1000 45 22 90.40.016 13500 40 338 90.40.022 47000 60 783 90.40.023 12500 55 227

Horas Necessárias 2115 Horas de Preparação 45

Horas Disponíveis por Máquina 720 Quantidade de Máquinas 3,00

Tabela 05 – Comparativo da quantidade de máquinas necessárias atualmente e

com o aumento proposto pelo cliente

O primeiro passo para a execução deste trabalho foi a escolha de uma equipe

multidisciplinar para a realização desta tarefa. Esta equipe foi formada pelo

pesquisador (técnico de processos), um preparador de máquinas, um operador de

máquinas, um técnico de qualidade, um mecânico de manutenção e um líder de

atividade.

Esta equipe se reuniu uma vez por semana, durante três meses realizando

toda a análise da situação e como primeira atividade realizou-se um levantamento

da quantidade de preparações que eram realizadas mensalmente nestas três

máquinas. Estes resultados estão mostrados no Gráfico 07.

44

Quantidade de Preparações Mensais

10

12

14

16

18

20

22

jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 Média

Mês

Qua

ntid

ade

Gráfico 07 – Quantidade de Preparações Mensais

Após chegar a uma média de quase 18 preparações mensais, foram

analisados os tempos médios gastos pelos preparadores para realizarem estas

tarefas no mesmo período de tempo estudado, ou seja, o tempo de máquina parada

entre a última peça “boa” de um modelo até a primeira peça “boa” do outro modelo

preparado. O Gráfico 08 mostra estes tempos.

Tempo Médio de Cada Preparação

1 2

22

38

54

21

5

0

10

20

30

40

50

60

0:30 à 1:00 1:00 à 1:30 1:30 à 2:00 2:00 à 2:30 2:30 à 3:00 3:00 à 3:30 3:30 à 4:00

Tempo (Horas)

Qua

ntid

ade

de P

repr

açõe

s

Gráfico 08 – Tempo Médio de Cada Preparação

45

Juntamente com este gráfico a equipe também listou as operações realizadas

durante um setup e foi relacionado o tempo médio que foi gasto com cada operação

neste período de tempo (ver Anexo 01).

Após este levantamento realizado, foram feitas reuniões com a equipe para

apontar possíveis melhorias, operação por operação, para que possam ser feitas

otimizações (se possíveis) em cada um dos itens conforme listado abaixo:

Limpar Máquina – trata-se de uma operação necessária, pois após a

usinagem do lote de peças a máquina fica numa condição bastante ruim para o

trabalho da pessoa que vai realizar a preparação, além de que o dispositivo que vai

fixo à máquina para a usinagem da peça não pode conter nenhuma sujeira (cavaco).

Retirar e Guardar Dispositivo e Ferramentas de Corte – estas operações

são necessárias, pois cada um dos cinco modelos de peça possui diferentes

ferramentas e dispositivos. Esta operação trata de retirar este dispositivo e

ferramentas da máquina (com auxílio de instrumentos), colocando sobre um carro de

movimentação e levando-os para as salas onde são guardados estes itens. A

equipe, durante reunião, listou três possíveis melhorias para estas operações:

• Criar um armário próximo à máquina para facilitar o tempo de troca;

• Implantar uma talha sobre as máquinas para agilizar o processo de troca;

• Unificar os dispositivos de fixação.

Buscar e Colocar Dispositivo e Ferramentas de Corte na Máquina - estas

operações consistem em buscar o dispositivo novo que já está montado na sala de

preparações, onde são guardados todos os dispositivos de fixação e ferramentas de

corte que não estão sendo utilizados nas máquinas. Em seguida, o preparador se

desloca até o torno para colocar este dispositivo na máquina através do auxílio de

ferramentas específicas. As propostas de melhorias dadas pela equipe na operação

anterior são as mesmas para estas operações.

Procurar o Programa CNC na Máquina e Presetar as Ferramentas de Corte – estas operações são consideradas pela equipe como essenciais e a

possibilidade de melhorias é bastante restrita. Trata-se de operações onde o

46

preparador busca na memória da máquina o programa CNC correspondente à peça.

Posteriormente, o mesmo seleciona as ferramentas que são utilizadas (três na

maioria das peças) e aproxima das peças para presetar (ajustar à altura) as mesmas

para evitar colisões e erros de usinagem futuros. As melhorias propostas pelos

membros são as seguintes.

• Unificar os programas CNC das peças;

• Unificar as ferramentas de corte para reduzir o tempo do preset das

ferramentas.

Usinar a primeira peça – esta operação é a usinagem da primeira peça do

novo produto que começará a ser fabricado. Esta peça é usinada com cuidado para

que não haja problemas maiores durante a usinagem (colisão ou falta de alguma

usinagem). Esta peça sempre é usinada com o potenciômetro (controle de avanço

da máquina) da máquina com a porcentagem de avanço bastante reduzida para

evitar problemas.

Medir a Peça na Máquina e na Tridimensional – estas peças, por serem de

usinagem simples, possuem diversos calibradores funcionais na própria máquina

para a verificação das medidas especificadas pelo cliente. Estes calibradores são

utilizados durante a produção de peças pelo operador e também na preparação da

máquina pelo preparador, para a regulagem da peça. Porém, existe uma cota que é

a concentricidade (centro do diâmetro interno em relação ao externo) que não possui

instrumento de medição, por este motivo à medição desta característica é controlada

na tridimensional. O grupo, em reunião, apontou as seguintes melhorias para estes

pontos:

• Trazer a sala da tridimensional para próximo da produção;

• Criar um instrumento de medição para controlar a concentricidade na própria

máquina;

• Criar sistema para a medição das peças de preparação com preferência na

tridimensional.

47

Fazer Correções – esta operação é onde o preparador analisa as medições

da peça e corrige a máquina através do comando CNC da máquina. Eles são

corrigidos em dois eixos: o transversal e o longitudinal.

Liberar a Máquina para Produção – esta operação é somente a assinatura

do responsável pela preparação da máquina para comprovar que esta preparação

foi realizada de acordo com todas as características que o produto requisita. Além do

preparador, o auditor da qualidade também assina o RAP (Registro de

Acompanhamento do Processo).

4.3. FASE DE PESQUISA APROFUNDADA

Posteriormente à equipe ter feito todos os levantamentos para ter chegado à

conclusão que a célula das camisas de cilindro é a que possuía os maiores números

de setups mensais, ter sido feito o levantamento dos tempos gastos para cada

operação e finalmente listadas possíveis melhorias que poderiam ser estudadas

para posterior implantação das mesmas, foram listadas as sub-operações mais

significativas quanto à perca de tempo no processo de preparação

Com base no Gráfico 09 foram criados três grandes potenciais de ganho

(grupos de sub-operações) para serem analisados com mais detalhes. Junto estes

grupos são responsáveis por 80% do tempo de preparação.

48

Tarefas mais Demoradas na Preparação

0

5

10

15

20

25

Retirar

Disp

ositiv

o

Guarda

r Disp

ositiv

o

Busca

r N

Tem

po (m

in)

3

G

A partir deste po

irá propor as melhor

melhorados). Foram d

mostrado no gráfico ac

4.3.1. – Melhoria no dis

Os preparadores

antes que a máquina

periódicas mostrou o i

mais este movimento d

Grupo 01

ovo D

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itivo

Retirar

Ferram

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Busca

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Sub-Operaç

ráfico 09 – Tarefas mais Demorada

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ias em cada grupo de ati

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ima.

positivo de fixação das camisa

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estivesse parada, porém,

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e retirar e guardar dispositivos

Grupo 02

Ferram

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s (Grupo 01)

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a equipe em suas

ituação para que não

.

Grupo 0

a equipe

a serem

conforme

up externo

reuniões

existisse

49

Durante o processo atual de usinagem das camisas cada um dos cinco

produtos que são produzidos utilizam um meio de fixação (dispositivo) diferente. A

fixação destas peças são compreendidas da seguinte maneira:

• Uma placa de fixação hidráulica para torno que pode ser de alojamento

para duas ou três castanhas;

• Um jogo de castanhas para fixação da peça com arraste no eixo

longitudinal, também podendo ser de duas ou três castanhas;

Não é possível trabalhar em uma placa de três alojamentos com apenas duas

castanhas e vice-versa. Na Figura 14 é mostrada uma placa hidráulica com

alojamento para três castanhas, já na Figura 15 é mostrada uma placa hidráulica

com alojamento para apenas duas castanhas.

Figura 14 – Placa com três castanhas Figura 15 – Placa com duas castanhas

Dos cinco produtos que são produzidos, dois são fixados em placas com duas

castanhas e três em placas com três castanhas. Esta diferença é porque os últimos

dois modelos que a empresa começou a usinar possuíam a espessura de parede

mais fina e assim a placa de três castanhas consegue atender a especificação de

circularidade do diâmetro interno com mais facilidade. Esta tolerância de

circularidade é de 0,1mm para todas as camisas. (Figura 16).

50

Figura 16 – Relatório da ovalização em uma placa com três castanhas

Outra dificuldade que tornava o processo muito inflexível era que castanhas

de todas as peças eram fixas e assim não existia a possibilidade de regulagem das

mesmas para outros modelos conforme a figura abaixo existe a castanha fixa e a

castanha móvel conforme mostrado na Figura 17.

Parte Móvel

Parte Fixa

Figura 17 – Fixação da camisa com parte fixa o móvel (regulagem)

51

A proposta do grupo em uma reunião foi de implantar uma placa de duas

castanhas em todas as peças usinadas. Um outro desafio era criar uma castanha

que fosse a mais parecida para todas as peças, pois possuem diâmetros externos

diferentes para a fixação das peças o que dificulta uma única castanha.

A equipe chegou a um jogo de castanhas (figura 18) que com certeza

facilitaria e reduziria o tempo de preparação da máquina. A castanha utilizada para a

confecção foi com fixação em apenas dois pontos pois teve um melhor resultado

quanto à circularidade em relação à castanha com trás pontos de apoio.

Figura 18 – Projeto da Castanha para todas as peças

Esta castanha é a mesma para todas as peças e a única preparação que

acontecerá é a troca dos prismas (itens 04 e 05 da Figura 18) para todas as peças

para compensar a diferença no diâmetro externo da peça e nas ranhuras externas.

52

Após ser feita uma reunião com todo o grupo e decidido pela confecção da

castanha a mesma seria colocada na máquina para a redução deste tempo de setup

e também da melhoria significativa na qualidade do produto a ser fabricado.

4.3.2. – Melhoria nas ferramentas de usinagem das camisas (Grupo 02)

Para a usinagem das camisas as ferramentas de corte utilizadas também são

únicas para cada peça. Ou seja, utilizam-se ferramentas para cada camisa de

cilindro.

Existem quatro peças, que são usinadas a face superior, o diâmetro externo

(metade da peça), o diâmetro interno da peça por inteiro e a face inferior. E em

apenas um modelo é usinado a face superior e inferior e também o diâmetro interno

da peça, não precisando ser usinado o diâmetro externo da peça. A figura 19 mostra

com detalhes todas as regiões com são usinadas nas camisas de cilindro.

Diâmetro Externo

Região Bruta

Face Superior

Diâmetro Interno Face Inferior

Figura 19 – Regiões usinadas nas peças

53

As ferramentas utilizadas são:

• Uma ferramenta única para todas as peças, para a usinagem da face superior

e também do diâmetro externo (nas peças que precisam); (Figura 20)

• Uma ferramenta única para a usinagem da face inferior da peça; (Figura 21)

• Uma ferramenta para cada peça com o diâmetro de 3mm à menos que o

diâmetro interno da peça para a usinagem do diâmetro de alojamento do

cilindro. (Figura 22)

Figura 20 – Ferramenta usinar face superior Figura 21 – Ferramenta usinar face inferior

e diâmetro externo

Figura 22 – Ferramenta usinar diâmetro interno

Nas reuniões realizadas pelo grupo multidisciplinar, foram dadas diversas

idéias, porém teve uma cuja aceitação foi unânime, pois nesta proposta as três

máquinas que usinam as camisas de cilindro ficariam com ferramentas iguais e

ainda por cima todas as peças utilizariam as mesmas ferramentas. Esta melhoria

tornaria o tempo de preparação das ferramentas muito baixo (praticamente zero)

54

As ferramentas foram estudadas e apresentadas à equipe, no final das

discussões e melhorias as ferramentas que seriam confeccionadas para inserção no

processo produtivo seriam apenas duas que usinariam todas as operações de todas

as peças. As ferramentas são:

• Uma ferramenta única para todas as peças, para a usinagem da face superior

e também do diâmetro externo (nas peças que precisam). Esta ferramenta se

manteve a mesma, pois já era uma ferramenta única para todas as peças

(Figura 23);

• Uma ferramenta com o diâmetro de 3mm menor que o menor diâmetro de

peça, sendo que na mesma ferramenta ainda foi feito um alojamento para

mais um inserto que usina a face inferior de todas as peças (Figura 24).

Alojamento

Figura 23 – Ferramenta usinar face superior Figura 24 – Ferramenta usinar face inferior

e diâmetro externo e diâmetro interno

4.3.3. – Melhoria no processo de medição das camisas (Grupo 03)

Todas as camisas usinadas possuem diversos calibradores funcionais (Figura

25) onde o operador faz o controle conforme freqüência estabelecida em plano de

controle. Estes calibradores também são muito importantes na preparação de

máquina, pois os preparadores conseguem verificar se todas as medidas estão de

acordo.

Porém existe uma medida muito importante que é a concentricidade do

diâmetro interno com o externo (diferença de centro de dois diâmetros) com a

tolerância de 0,6mm que não possui nenhum meio de medição a não ser na

55

tridimensional (3D) que está mostrada na Figura 26. Esta medida é importante, pois

já foi motivo de reclamação pelo nosso cliente.

Controle do Diâmetro Interno

Controle da Altura

Controle do Diâmetro Externo

Controle do Chanfro

Figura 25 – Dispositivos de controle atuais (máquina)

Figura 26 – Máquina tridimensional utilizada para a medição da peça

56

A peça ao ser enviada para a tridimensional durante a preparação é um

tempo muito demorado, que durante as reuniões foram buscadas várias alternativas

e a mais bem aceita por todos foi de confeccionar um dispositivo com relógio

comparador para a medição desta característica na própria máquina (Figura 27)

fazendo com que o preparador não precise mais ir até à 3D medir esta característica

(deixando a máquina de medição por coordenadas apenas para medir a freqüência

que é pedida conforme plano de controle durante a produção).

Após projeto deste meio de controle ser feito e aprovado por todos do grupo,

foi confeccionado o mesmo para implantação na célula de usinagem. Este

dispositivo tem o seguinte princípio: ele possui dois alojamentos de forma cônica (um

superior e outro inferior) onde a peça é centrada pelo diâmetro interno e com isso é

avançada uma roldana que é adaptada a um relógio comparador onde no

movimento de giro da peça é visto o maior e menor ponto para a leitura da medida

da peça.

Figura 27 – Projeto do dispositivo de controle para medição da concentricidade

57

Com todas estas melhorias propostas foi elaborado um plano de ação para o

acompanhamento da confecção de todas estas otimizações conforme Tabela 06.

2007 Semana 05 Semana 06 Semana 07 Semana 08 Semana 09 Projeto da castanha Confecção da castanha Aprovação e tryout da castanha Projeto da ferramenta Confecção da ferramenta Aprovação e tryout da ferramenta Projeto do dispositivo de concentricidade Confecção do dispositivo de concentricidade Aprovação e tryout do dispositivo de concentricidade Treinamento dos preparadores

Tabela 06 – Cronograma de implantação das melhorias

4.4. FASE DE AÇÃO

O próximo passo que a equipe realizou foi à implantação prática destas

melhorias nas máquinas, para verificar a real eficácia das mesmas.

4.4.1. Implantação do dispositivo único para as camisas

Conforme descrito estes três dispositivos foram confeccionados (um para

cada torno), e foram preparados na máquina pelos membros da equipe. Após esta

preparação, todos os preparadores envolvidos com a célula (todos os turnos de

produção) receberam um treinamento de como funcionaria o novo sistema de

fixação da peça. Este treinamento foi ministrado na própria máquina.

O funcionamento deste dispositivo permitiu que mais nenhum preparador

precisasse retirar o dispositivo de fixação da máquina, gerando uma rapidez muito

maior no processo de preparação da máquina. No atual ferramental o preparador

58

apenas troca os dois prismas de fixação de cada peça, pois assim a compensação

do diâmetro externo é feita com apenas à retirada de dois parafusos.

Estes prismas das peças que não estão sendo produzidas ficam localizados

sobre uma bancada localizada ao lado da célula produtiva que permite uma

movimentação muito menor do responsável pelo setup.

Depois de implantado e aprovado por todos, foi feito levantamento de tempo

de preparação da troca do dispositivo de um modelo para o outro, conforme Gráfico

10 (período de março à abril de 2007).

Tempo das tarefas relacionadas à troca do dispositivo

2,3 0,5 0,5 1,8

1510

5

20

0,05,0

10,015,020,025,0

RetirarDispositivo

GuardarDispositivo

Buscar NovoDispositivo

Colocar NovoDispositivo na

Máquina

Tarefas

Tem

po (m

in.)

AtualAnterior

Gráfico 10 – Comparativo entre os tempo de troca de dispositivo antes e depois das melhorias

O tempo de preparação conforme mostra o gráfico acima nas operações

relacionadas ao dispositivo de fixação foram na média de 5 minutos durante o

período acompanhado (março e abril de 2007).

4.4.2. Implantação de ferramentas em comum para as camisas de cilindro

No que se diz respeito às ferramentas de corte, foram confeccionadas os

suportes que serão utilizados para a usinagem do diâmetro interno e da face inferior

da peça, sendo que as mesmas foram preparadas nas máquinas para a aprovação

da equipe. Antes da melhorias a seqüência de usinagem está descrita na Figura 28.

59

Depois de aprovadas e testadas, foi realizado o treinamento com todos os

preparadores para explicar o funcionamento deste novo conceito de ferramenta de

corte, e então o processo de torneamento ficou da seguinte forma (Figura 29):

Antes das melhorias.

• Ferramenta 01 – Tornear diâmetro externo e face superior da peça;

• Ferramenta 02 – Tornear diâmetro interno da peça;

• Ferramenta 03 – Tornear face inferior da peça.

Ferramenta 01

Ferramenta 03 Ferramenta 02

Figura 28 – Seqüência de usinagem antes das melhorias

Depois das melhorias

• Ferramenta 01 – Tornear diâmetro externo e face superior da peça;

• Ferramenta 02 – Tornear diâmetro interno e face inferior da peça;

60

Ferramenta 01

Ferramenta 02

Figura 29 – Seqüência de usinagem depois das melhorias

Com esta melhoria implantada foi realizado o estudo do tempo das

preparações realizadas a partir deste ponto. A média dos tempos está mostrada no

Gráfico 11.

Tempo das tarefas relacionadas à troca de ferramentas de corte

0 0 0 0

10 10

5

10

02468

1012

RetirarFerramenta de

Corte

GuardarFerramenta

Buscar NovasFerramentas

Colocar NovasFerramentasna Máquina

Tarefas

Tem

po (m

in.)

AtualAnterior

Gráfico 11 – Tempo das tarefas relacionadas à troca de ferramentas, antes e depois das melhorias.

Conforme mostrado no gráfico acima é clara a redução de tempo que foi

alcançado com esta melhoria. Na verdade, as operações relacionadas com

61

ferramentas de corte foram eliminadas das tarefas de preparação, pois não existe

regulagem alguma pelo preparador durante a realização do setup sendo que ao

buscar na memória da máquina o programa da peça a ser usinada, as ferramentas

já estão no magazine de ferramentas da máquina.

4.4.3. Implantação do dispositivo de controle de concentricidade

Da mesma forma que as outras melhorias foram implantadas, o dispositivo de

controle para medição de concentricidade (Figura 30) foi aprovado no fornecedor

que confeccionou o mesmo. Após a aprovação, foi trazido para o setor de metrologia

da empresa onde foram feitas as aferições necessárias para o funcionamento

correto do mesmo.

Depois de aferido, foi instalado na máquina e feito um teste de correlação

com a tridimensional para verificá-la se as medidas encontradas no dispositivo eram

as mesmas das encontradas na tridimensional. Este teste foi aprovado segundo a

metrologia da empresa e assim o dispositivo de controle foi liberado para a

produção.

Antes da utilização dele ainda foi realizado um treinamento com todos os

preparadores e operadores de máquinas para entender o funcionamento do mesmo

e saber a característica que este instrumento está medindo.

62

Figura 30 – Dispositivo de medição da concentricidade

Depois de instalado e aprovado, foi feito durante os dois últimos meses a

verificação do tempo que foi alcançado durante um setup com a implantação desta

melhoria, conforme Gráfico 12.

Tempo relacionado à medição das peças (Concentricidade)

2,2 2,2

20 20

0

5

10

15

20

25

Medir na 3D (1ª Amostra) Medir na 3D (2ª Amostra)

Tarefas

Tem

po (m

in.)

AtualAnterior

Gráfico 12 – Tempo relacionado à medição das peças, antes e depois das melhorias

63

No gráfico acima é possível perceber a melhoria significativa que ocorreu com

a implantação do dispositivo de controle de concentricidade durante o setup de

máquina.

No próximo capítulo é mostrado com detalhes todos os ganhos que este

trabalho apresentou desde o tempo de setup até o valor alcançado com a redução

do tempo de máquina parada.

4.5. FASE DE AVALIAÇÃO

Após a implantação de todas as melhorias propostas, o grupo se reuniu

novamente para o levantamento de todos os ganhos obtidos com esta série de

otimizações no processo de preparação da máquina.

Realizaram-se os estudos de tempo de todas as preparações ocorridas neste

período de tempo. Foram realizadas nestes últimos dois meses um total de trinta e

sete preparações, das quais os tempos gastos estão listados no Gráfico 13.

Tempo das preparações após melhorias

2

1618

10

5

10

15

20

0:15 à 0:30 0:30 à 0:45 0:45 à 1:00 1:00 à 1:15

Tempo (min.)

Qua

ntid

ade

Gráfico 13 – Tempo das preparações após as melhorias

O tempo médio das preparações reduziu na média de duas horas e meia

(cento e cinqüenta minutos) por setup para média de quarenta e cinco minutos. Uma

64

redução de 70%. No Anexo 02 há um gráfico que demonstra as melhorias

alcançadas em todas as operações do setup.

Considerando uma quantidade de dezoito setups mensais em um ano de

produção o setor teria a redução de 23112 minutos de máquina parada para

preparação (cerca de 385 horas). Ver Gráfico 14.

Gráfico 14 – Quantidade de minutos com a máquina parada para realização das preparações

O valor hora cobrado por estas máquinas gira na faixa de R$ 85,00 o que

gera uma redução de aproximadamente R$ 33.000,00, conforme mostrado no

Gráfico 15.

Gráfico 15 – Valor gasto com máquina parada

65

Além das melhorias mostradas acima existe uma outra significativa

otimização, que é relacionada com o aumento de demanda proposto pelo cliente,

pois antes do trabalho realizado na preparação das peças tínhamos uma quantidade

de máquinas exatamente igual ao número de máquinas que as peças pedidas pelo

cliente ocupariam (três máquinas).

Após as melhorias no setup o tempo mensal de máquina parada foi reduzido

de 45 horas mensais para apenas 13 horas. Além desta melhoria uma outra redução

foi constatada após a implantação da ferramenta conjugada que usina o diâmetro

interno e a face inferior das camisas de cilindro.

Esta redução foi do tempo de ciclo de usinagem de cada peça pois com a

redução de três ferramentas para apenas duas (uma para usinar a face superior e o

diâmetro externo e a outra para usinar o diâmetro interno e a face inferior), o tempo

de ciclo reduziu em 5%, o que ocasionou um aumento de produção. (Ver Tabela 07).

A quantidade de máquinas que era de 3 máquinas antes do início dos

trabalhos reduziu para 2,82 máquinas o que mostra uma certa ociosidade necessária

para problemas eventuais que possam ocorrer na célula. Com esta melhoria feita, a

idéia da direção de adquirir mais uma máquina para execução desta usinagem foi

desconsiderada.

O valor de um torno horizontal CNC igual aos já utilizados giram na faixa de

R$270.000,00. E com a economia deste valor a empresa pode investir em outros

setores mais necessitados.

66

Tabela 07 – Tabela comparativa entre a quantidade de máquinas necessárias para a produção das

peças antes e depois das melhorias

67

5. COMENTÁRIOS FINAIS BLACK (1998) relata que a implantação do sistema de troca rápida de

ferramentas é um dos alicerces para a implantação e conversão do sistema de

manufatura convencional para um sistema enxuto de produção. O sistema TRF

deixa o sistema mais flexível e mostra os resultados, porém é um programa com

alcance dos seus resultados em médio prazo. A melhoria contínua é promovida

através da participação da ativa do nível operacional, sendo as melhorias

efetivamente implantadas no chão-de-fábrica.

SHINGO (1996, 2000), em sua metodologia mostra a redução do tempo de

setup para valores de um único dígito de tempo. E mostra que todas os conceitos

mostrados devem ser implantados e entendidos de forma bastante clara para

alcançar os objetivos do trabalho.

5.1. CONCLUSÃO

Com implantação de todas as melhorias propostas, a redução do tempo de

preparação foi reduzido drasticamente (70%), porém ainda existem diversas

melhorias que serão listadas no próximo capitulo. Esta pesquisa-ação foi muito

importante para a empresa na qual foi implantada este projeto pois teve diversas

vantagens como:

• Melhoria do tempo de máquina ociosa;

• Melhoria no tempo de ciclo de máquina;

• Utilização das técnicas listadas nas bibliografias utilizadas;

• Facilidade para os preparadores realizarem esta operação;

Este trabalho trouxe diversas facilidades (conforme listadas acima) e, além de

tudo foi conseguido a redução do número de tornos necessários para a usinagem

destas peças o que possibilitou a não aquisição de mais uma máquina para à

usinagem de um adicional pedido pelo cliente.

68

5.2. PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS

Existem diversas melhorias que ainda precisam ser implantadas e algumas

propostas para outros trabalhos de redução de tempo de preparação estão listados

abaixo:

• Fazer um estudo para a implantação do conceito de troca rápida de

ferramentas na segunda célula com maior número de setups (linha de

volantes de motor);

• Fazer um estudo para a redução dos maiores tempos de preparação após as

melhorias já efetuadas como, por exemplo, a diminuição do tempo para

presetar as ferramentas;

69

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70

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71

ANEXO 01

72

ANEXO 02