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Muito importante para profissionais que usam a voz diariamente
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UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESA
CENTRO REGIONAL DE BRAGA
FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS
Importncia da voz dos professores na transmisso da
informao
II Ciclo de Estudos em Cincias da Educao
Educao Especial
Maria Helena Arantes Teixeira
Orientador
Professora Doutora Filomena Ermida da Ponte
Braga, 2012
UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESA
CENTRO REGIONAL DE BRAGA
FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS
Importncia da voz dos professores na transmisso da
informao
II Ciclo de Estudos em Cincias da Educao
Educao Especial
Maria Helena Arantes Teixeira
Orientadora
Professora Doutora Filomena Ermida da Ponte
Braga, 2012
minha irm, que tenta lutar pela sua vida fora de casa e longe to longe de de mim
Aos meus pais, eternos conselheiros, que tanto me mimam e me fazem crescer
constantemente
Ao Prof. Doutor, Pe Jos Lima, o exemplo perfeito de ser-humano e orgulho de
paciente. A ele e a todos os meus pacientes, este trabalho para vocs!
AGRADECIMENTOS
Mulher, me, av, professora, coordenadora, orientadora, amiga, humana, dedicada, meiga,
preocupada, encantadora,
Exemplo de ser-humano com um grande corao, um carinho enorme pelos que a rodeiam, atenciosa,
exigente e altrusta por natureza
Sem ela no tinha chegado aqui.
Todas as suas palavras esto emolduradas e guardadas no meu corao.
Com ela tenho a certeza que cresci muito, pessoal e profissionalmente muito mais lhe deverei
Um obrigada do tamanho do mundo minha estimada orientadora
Professora Doutora Filomena Ermida da Ponte
Aos meus verdadeiros amigos, em especial Ju e Daniela por continuarem comigo em todo o meu
percurso pessoal e profissional; Li e Mary Jo por me suportarem todos os dias da semana - com
vocs fcil ir trabalhar!
A todos os outros que me ajudaram e tornaram esta faanha mais fcil e possvel.
minha querida madrinha Mila, padrinho Manel, Miguel e Nuno, so a minha famlia, a minha
inspirao o meu orgulho. Obrigada por todo o carinho.
A todos os professores/educadores, meus colegas de mestrado, em especial aos participantes deste
estudo que foram o alicerce deste trabalho, mais do que palavras, dirijo-lhes o pedido de uma eterna
amizade.
RESUMO
consensual, que a nossa voz espelha o nosso estado psicolgico e caracteriza
alguns traos da personalidade. A voz a ferramenta de excelncia para a comunicao
verbal.
Para os professores, a voz o seu principal instrumento de trabalho, uma vez
que lhes permite transmitir os conhecimentos, sendo assim de grande importncia no
processo ensino-aprendizagem.
Quando utilizada de forma inadequada, a voz, pode conduzir a grandes danos na
qualidade do trabalho e graves sequelas a nvel de sade. A importncia destes
problemas pode ser comprovada quando relacionadas com os cuidados de sade vocal
que os professores praticam e a prevalncia de abusos e maus usos vocais.
Este estudo teve como objectivo, detectar estes abusos e maus usos vocais nos
professores e ajudar a compreender a importncia da promoo de bons hbitos vocais,
a fim de prevenir problemas graves no contexto de aprendizagem.
Ponderamos um estudo quasi-experimental, com dois momentos, pr e ps teste,
com uma amostra no aleatria, sujeita a interveno (formao). Constituda por 30
participantes, sendo que a maioria das idades oscilam entre 31 e 40 anos, tendo como
profisso, professor/a do 1 Ciclo do Ensino Bsico. Estes profissionais tm cerca de 6 a
10 anos de servio.
Para a recolha de dados junto da amostra seleccionada foram utilizados os
seguintes instrumentos: Questionrio inicial dos cuidados e conhecimentos vocais e
Questionrio de reavaliao - Conhecimentos e hbitos vocais aps formao.
Conclui-se, que apesar de no haver patologia vocal na maioria dos
participantes, os professores apresentam constantes abusos e maus usos vocais. A
formao constitui uma ferramenta importante para estes profissionais, que deveria
existir na formao bases dos profissionais da voz.
Palavras-chave: voz, professores; mau uso vocal.
ABSTRACT
There was general consensus that our voice reflects our psychological state
characterized and some personality traits. The voice is the tool of excellence for verbal
communication.
For teachers, the voice is the main instrument of work, it allows them to transmit
knowledge, being of great importance in the teaching-learning process.
When used improperly, the voice can lead to major damage to the quality of work and
the level of serious health consequences.
The importance of these problems can be proven when related healthcare vocal
teachers practice and the prevalence of vocal abuse and misuse.
This study aimed, detect these abuses and misuses vocal teachers and help us nderstand
the importance of promoting good vocal habits in order to prevent serious problems in
the context of learning.
We ponder quasi-experimental study with two phases, pre and post test, with a
non-random sample, subject to intervention (training). Consisted of 30 participants,
with most ages range between 31 and 40 years, as a profession, teacher / the 1st Cycle
of Basic Education. These professionals have about 6 to 10 years of service.
To collect data from the sample were selected with the following tools:
Questionnaire initial care and knowledge and vocals Questionnaire revaluation -
Knowledge and vocal habits after training.
We conclude that although no pathology on most vocal participants, teachers
have constant vocal abuse and misuse. Training is an important tool for these
professionals, there should be training bases of voice professionals
Keywords: voice; teachers; vocal misuse
NDICE GERAL
INTRODUO ......................................................................................................... 12
CAPITULO I A VOZ DOS PROFESSORES ...................................................... 14
1. A VOZ E A PRODUO VOCAL ......................................................................... 14
1.1. A voz e a fala..15
2. A VOZ E OS PROFESSORES DE EDUCAO ESPECIAL ................................. 19
3. SADE VOCAL ..................................................................................................... 26
3.1. Medidas Preventivas.29
3.2. Estratgias promotoras de uma boa qualidade vocal41
CAPITULO II ENQUADRAMENTO DO ESTUDO ........................................... 48
1. MOTIVAO ........................................................................................................ 48
2. OBJECTIVOS ........................................................................................................ 49
3. HIPTESES ............................................................................................................ 50
CAPITULO III - MTODO ..................................................................................... 51
1. AMOSTRA.52 2. INSTRUMENTO....53
2.1. Questionrio inicial dos cuidados e conhecimentos vocais.............53
2.2. Formao bsica sobre promoo de sade vocal..........54
2.3. Questionrio de reavaliao Conhecimentos e hbitos vocais aps formao56
3. PROCEDIMENTOS.....57
CAPITULO IV APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS......59
CONCLUSES......82
REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS....85
ANEXOS.91
ANEXO 1: Consentimento Informado Directora Curso Educao Especial
ANEXO 2: Questionrio Inicial
ANEXO 3: Questionrio de reavaliao
NDICE DE SIGLAS E ABREVIATURAS
PEE Professores de Educao Especial
TF Terapeuta da Fala
NEE Necessidades Educativas Especiais
PPVV Pregas Vocais
NDICE DE FIGURAS
Figura 1. Pregas vocais em inspirao e fonao
Figura 2. rgos ressoadores
Figura 3. Ndulos e Plipos vocais
Figura 4. Respirao costo-diafragmtica
Figura 5. Edema pregas vocais, em comparao com pregas vocais normais
NDICE DE QUADROS
Quadro 1. Dados scio-demogrficos
Quadro 2. Hbitos vocais em contexto de trabalho
Quadro 3. Consumo de alimentos e bebidas
Quadro 4. Comportamentos vocais aps formao
NDICE DE GRFICOS
Grfico 1: rea da sala de aulas
Grfico 2: Aspectos do ambiente fsico do trabalho
Grfico 3: Frequncia em ambientes com poeira
Grfico 4: Frequncia de utilizao de giz
Grfico 5: Frequncia de ambientes ruidosos
Grfico 6: Frequncia de bares, cafs e discotecas
Grfico 7: Utilizao de ar condicionado
Grfico 8: Utilizao de produtos txicos sem proteco
Grfico 9: Ingesto mdia de cafena
Grfico 10: Consumo mdio de gua por dia
Grfico 11: Nmero de horas que fala por dia
Grfico 12: Nmero de horas que dorme por noite
Grfico 13: Realizao de passatempos/hobbies
Grfico 14: Preocupao relativa adopo de uma boa postura durante a fala.
Grfico 15: A respirao como interferente na qualidade da voz
Grfico 16: Frequncia de rouquido
Grfico 17: Gnero
Grfico 18: Profisso
Grfico 19: Rouquido
Grfico 20: Estratgias utilizadas aps formao
Grfico 21: Cuidados vocais aps formao
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 12
INTRODU-O
O vosso corpo a harpa de vossa alma:
A voz pretende tirar dele msica melodiosa ou rudos dissonantes Gibran Khall Gilbran
A voz a ferramenta de excelncia para a comunicao verbal. Caracteriza a
personalidade do falante e a ateno do ouvinte.
Toda a comunicao verbal oral necessita da voz pois esta representa grande
parte de toda a mensagem que se pretende transmitir.
Aliado ao grande grupo de profissionais que necessita da voz como principal
meio de trabalho, os professores fazem parte da maioria, mas tambm carecem de
cuidados vocais com este instrumento.
Para os professores a voz o seu principal instrumento de trabalho, uma vez que
ela que lhe permite transmitir os conhecimentos, sendo assim considerada muito
importante no processo ensino-aprendizagem
Pois, quando usada de forma inadequada, a voz, pode conduzir a prejuzos na
qualidade do trabalho e graves sequelas a nvel de sade. A importncia destes
problemas pode ser comprovada quando relacionadas com os cuidados de sade vocal
que os professores praticam e a prevalncia de recorrentes abusos e maus usos vocais
nos mesmos e suas possveis consequncias.
Verificou-se que uma parte deste grupo procura o apoio teraputico junto dos
Terapeutas da Fala (TF) quando j esto perante problemas vocais como as disfonias,
apresentando quadros vocais que os impossibilitam de continuar a exercer as suas
funes.
Destacamos aqui, o papel do TF para ajudar a compreender a importncia da
higiene e sade vocal, conduzindo o professor a cuidar da sua voz de forma preventiva,
evitando o aparecimento da patologia vocal.
O presente estudo tem como objectivo principal a sensibilizao dos professores
para a importncia da voz como meio privilegiado de comunicao.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 13
Consiste numa investigao, onde se pretende verificar a importncia e o quo
so imprescindveis os conhecimentos da voz e da sade vocal dos professores, para que
possam transmitir a sua mensagem plenamente, conquistando a ateno e motivao do
aluno.
Assim, iniciaremos este estudo com uma grande questo:
Estaro os professores sensibilizados para uma correcta utilizao da voz, sendo
esta o seu principal instrumento de trabalho?
De modo a enquadrar e fundamentar a questo levantada proceder-se- a uma
pesquisa bibliogrfica sobre a temtica em questo, a qual ser feita no primeiro
captulo, uma definio do mecanismo de produo vocal, a voz dos professores e
abordagem sade vocal.
Destaca-se o captulo seguinte, onde se proceder explicao da metodologia
utilizada e a anlise dos dados.
Para seleccionar a amostra recorreu-se a um processo denominado de
amostragem, probabilstica por convenincia (Hill & Hill, 2002).
O presente estudo revela-se pertinente, pretendendo verificar os conhecimentos
que os professores tm a nvel de sade vocal uma vez que os cuidados que tm com a
sua voz (ou a falta deles) podem constituir a base etiolgica das disfonias (comummente
designada de rouquido), que podero eventualmente surgir e assim impedir a execuo
das suas funes.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 14
CAPITULO I A VOZ DOS PROFESSORES
Num mundo de rudos e silncios, poesia e de encontros,
de expresso e desafios, de espelhos e reflexos,
de arte e de metforas
poupa a tua prpria voz
1. A VOZ E A PRODU-O VOCAL
Comunicar um processo interactivo, desenvolvido em contexto social,
requerendo um emissor que codifica ou formula a mensagem, a transmisso e a
descodificao atravs do receptor que a compreende. Implica respeito, partilha e
compreenso mtua. Para clarificar, reforar ou distorcer a mensagem, o sistema
lingustico linguagem, serve-se de mecanismos ou chaves de suporte - sistemas
extralingusticos. A estes sistemas designamos comummente de comunicao no-
verbal. Este tipo de comunicao representa a maior parte da nossa comunicao pois
dela fazem parte: i) a postura (aparncia, tipo de relacionamento); ii) a expresso facial
(contacto visual, expresso de sentimentos); iii) a linguagem corporal (e.g., gestos,
movimentos de cabea, apontar, pestenejar, bocejar, tocar); iv) as vocalizaes vrias
(riso, choro, grito) .
J o sistema paralingustico comunicao verbal, compreende emoes e
atitudes que, muitas vezes so determinantes no complemento da informao
lingustica. So eles: a fala; a voz e suas caractersticas (intensidade, qualidade,
entoao); a velocidade e ritmo do discurso; o tipo de linguagem; o estilo do discurso; o
ouvir e orientar; e o enfatizar.
Embora o termo linguagem seja aplicado em diversas situaes, importa referir
que ela um sistema convencional de smbolos arbitrrios e de regras de combinao
dos mesmos, representando ideias que se pretendem transmitir atravs do seu uso e de
um cdigo socialmente partilhado, a lngua (Sim-Sim, 1998).
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 15
Caracteriza-se por ser uma funo complexa que permite exprimir e perceber
estados afectivos, conceitos e ideias atravs de signos (e.g., acsticos, grficos, e
gestuais).
A linguagem divide-se quanto s suas componentes:
- Quanto forma: fonologia, morfologia, sintaxe - relacionam sons e smbolos
com o significado;
- Quanto ao contedo: semntica - referente ao significado;
- Quanto ao uso (funo): pragmtica - regras que governam a utilizao social
da linguagem.
A lngua um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de
convenes necessrias, adaptadas pelo corpo social para permitir aos indivduos o
exerccio desta faculdade (Sim-Sim, 1998)
a produo da linguagem na variante fnica, realizada atravs do processo de
articulao de som - fala.
A fala consiste no modo verbal-oral de transmitir mensagens e envolve uma
precisa coordenao de movimentos neuromusculares orais, a fim de produzir sons e
unidades lingusticas, realizada atravs do processo de articulao de sons. Isto
complementa-se obviamente com a voz, que ser melhor abordado de seguida.
1.1. A Fala e a Voz
Neste ponto, cruzam-se a fala e a voz, pois no domnio da fala existem os traos
supra-segmentares onde as caractersticas da voz so ressaltadas constituindo-se como
indicadores importantes para quem leciona. Alguns exemplos: i) falar com
expressividade; ii) tipo de voz (baixa, alta monocrdica, etc); iii) falar com ritmos
diferentes; iv) sobrearticular as palavras; v) utilizar diferentes tipos de entoao.
A produo da fala passa necessariamente pela produo de voz, que, tambm
controlada pelo sistema nervoso central, envolve trs etapas: respirao, fonao e
articulao. Numa perspectiva acstica, pode-se considerar que a respirao constitui a
fonte de energia para a fonao, constituindo esta, a fonte de som que ao passar pelo
tracto voclico assume diferentes caractersticas acsticas.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 16
O ar vindo dos pulmes e da laringe sofre alteraes e modelaes resultantes da
passagem pelas cavidades supra-glticas e articuladores, cujas variaes de
configurao originam diferentes tipos de articulao (fricativas, oclusivas, vibrantes,
etc.), com consequncias no tipo de som produzido (Ministrio da Educao, 2003).
Especificando, a voz caracteriza-se por um som primrio que expressa
circunstncias nicas, sejam elas fsicas ou emocionais. Resulta da inter-relao
complexa entre a presso e velocidade do fluxo de ar expiratrio (que influenciam
directamente o volume, ou seja, a intensidade), os diferentes padres de aduo e
abduo das pregas vocais1 (PPVV) (que influenciam directamente a sonoridade ou
registo) e as propriedades de reflexo e configurao das estruturas do tracto vocal (que
influenciam directamente a ressonncia). Neste sentido, a voz o som resultante das
actividades da laringe (Guimares, 2007).
Tanto para a inspirao quanto para a expirao vital, as pregas vocais
encontram-se afastadas para a passagem do ar, vindo dos pulmes, que se direcciona
laringe e cavidade nasal onde exteriorizado (figura 1). Na fonao (figura 1), o ar
expirado sai dos pulmes em direco aos brnquios e traqueia e quando chega
laringe, as PPVV aproximam-se, ou seja, entram em aduo este mecanismo deve-se
ao facto do acto de produo vocal ser voluntrio, ou seja, depende da prpria
deliberao do indivduo em execut-lo. Assim, ao simples sinal de alerta o sistema
nervoso central remete estmulos nervosos para a laringe atravs do nervo Vago. Estes
estmulos iro promover a contraco dos msculos envolvidos no mecanismo da
aproximao das mesmas, originando uma presso subgltica (abaixo das PPVV).
Figura 1: Pregas vocais em inspirao e fonao (Fonte: www.auladeanatomia.com)
1 Duas pregas msculo-membranosas que tem aspecto de um tringulo com pice inserido na parede anterior da cartilagem tireide.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
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A passagem do ar causa a vibrao das PPVV produzindo-se, assim, um som
fundamental de frequncia varivel individual como a impresso digital. Este som
provocado pela vibrao das PPVV, seria de altura inaudvel se no houvesse um corpo
de estruturas capazes de modificar e aumentar a sua intensidade, chamados rgos
ressoadores (altifalantes naturais). Estes rgos situam-se na regio supragltica (acima
das PPVV), isto , na laringe, faringe, cavidade oral (lngua, lbios, dentes e palato e
cavidade nasal (figura 2), convertendo-se em fala, como referido anteriormente.
Figura 2. rgos ressoadores (Fonte: www.momentoverdadeiro.com)
No meramente o produto deste processo de articulao destes rgos mas
tambm do corpo no seu todo, da postura que adoptamos, da forma como respiramos,
aspectos em que o estado psquico e emocional de cada indivduo tem um papel
preponderante a nvel de determinadas dimenses: Anatmica, Fisiolgica, Psicolgica,
Scio-relacional e outras, como especificado de seguida:
(i) Anatmica - Para que se produza a voz necessitamos de uma fonte de ar, os
pulmes que determinam: a Intensidade; a durao; o tom e o timbre.
(ii) Fisiolgica - A laringe cumpre funes primrias indispensveis
sobrevivncia. atravs da passagem do ar da laringe que respiramos.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 18
(iii) Psicolgica - Um dos aspectos em que comprovamos a relao da emoo
com a voz a respirao. Podemos verificar como a nossa respirao, se altera em
funo do nosso estado de esprito, e da nossa actividade mental e fsica. Acelera-se
ante um estmulo excitante, e limita-se ou inibe-se em momentos melanclicos,
deprimentes ou de tristeza. Assim, perante determinadas emoes, o msculo do
diafragma reage com tenso o que vai impedir que realize a sua principal funo na
fonao, a regulao da sada de ar e o apoio voz.
(iv) Scio-relacional- A voz o reflexo do que somos e o espelho de como
estamos. Permite-nos comunicar os nossos pensamentos, sentimentos, emoes, escutar,
vibrar, emocionar, seduzir, pedir, discutir, aclamar e gritar (Rensen, M. 2003; Zemach-
Bersin, D. (2007).
Mathieson (2000), citado por Guimares (2007) considera que a voz normal
deve ter uma vasta extenso audvel em variados parmetros acsticos, devendo ser
capaz de integrar todas as funes lingusticas e paralingusticas da pessoa sem que haja
desconforto ou dor associado fonao. Esta deve ter a capacidade de satisfazer as
necessidades dos requisitos profissionais e sociais.
A voz tem um papel fundamental na comunicao e no relacionamento humano,
sendo pois o instrumento de trabalho de aproximadamente 25% da populao
economicamente activa, ou seja, que dela depende o sucesso nas suas profisses. A voz
molda a transmisso da mensagem articulada, adicionando palavra o contedo
emocional, a entoao, a expressividade, identificando, assim, o indivduo. Do seu uso
satisfatrio depende o xito pessoal e profissional (Penteado, Teixeira & Pereira, 2006).
A importncia da voz consensualmente reconhecida, j que coadjuva no
processo de compreenso da mensagem do falante. Reflectindo a voz do professor,
especialmente do Professor de Educao Especial (PEE) e ponderando atentamente a
inteligibilidade da voz na docncia, conseguimos constatar a sua importncia na
comunicao em geral.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
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2. A VOZ E OS PROFESSORES DE EDUCA-O ESPECIAL
Behlau et al. (2005a, p.288) definem profissional da voz como o indivduo que
depende de uma certa produo e/ou qualidade vocal especfica para a sua
sobrevivncia. So todos os profissionais que utilizam a voz como o seu instrumento
de trabalho.
A adequao vocal assume maior importncia e evidncia no desempenho
profissional, podendo ser determinada pela necessidade de menor ou maior preciso
(como mecnico ou cantor lrico), diferentes nveis de sobrecarga de uso (como o
terapeuta da fala) e ainda pelo grau de impacto (como o actor).
A fim de categorizar a voz profissional, Koufman e Isaacson (1991), citados por
Guimares (2007) e por Behlau et al. (2005a), subdividiram em quatro nveis os
profissionais da voz, de acordo com os trs factores acima descritos (preciso,
sobrecarga e impacto). O primeiro nvel, refere-se aos profissionais de elite, tambm
conhecidos por atletas da voz, como por exemplo os cantores e actores.
Nestes casos qualquer alterao vocal, por mais pequena que seja, pode ter
consequncias profissionais graves, uma vez que o desempenho destes profissionais
est dependente do uso consistente de uma qualidade vocal excepcional a todos os
nveis.
No segundo nvel encontram-se os profissionais da voz, onde se enquadram os
professores, grupo que ser alvo de estudo no presente trabalho. Nestes, o exerccio
profissional depende de uma grande resistncia vocal devido ao uso prolongado da voz
e face a grandes grupos. Ficam limitados profissionalmente com um problema vocal
moderado.
O terceiro nvel pertence aos profissionais no vocais, nos quais a actividade
profissional fica limitada quando o problema vocal severo e pode ficar um pouco
afectada quando moderado. So exemplo deste nvel os mdicos.
O quarto, e ltimo nvel, refere-se aos no profissionais no vocais,
nomeadamente um mecnico, cuja actividade profissional em nada depende do uso da
voz.
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 20
de realar o facto, da voz, alm de veculo de transmisso de informao e de
comunicao, ser responsvel pelos primeiros vnculos e elos de ligao entre o
professor-criana, personagens principais no cenrio da nossa investigao.
Pode considerar-se a voz como uma caracterstica muito importante para a
comunicao humana, o que sugere que qualquer alterao da mesma pode afectar a
comunicao (Boone & McFarlane, 2003). Tendo em conta que o homem est sempre a
comunicar, e que a forma mais frequente e eficaz atravs da fala, uma limitao nesta
pode comprometer as relaes sociais e profissionais (Rolim, 2001).
No que se refere ao professor, a sua voz das maiores condicionantes da
performance didctica deste profissional: a intensidade vocal, as pausas, a respirao
adequada so essenciais para manter a ateno das crianas, principalmente as que tm
Necessidades Educativas Especiais2 (NEE), que requerem mais de cada professor,
para assim garantir a eficaz transmisso dos contedos, tarefa que faz com que cada
docente adopte diferentes estratgias de emisso vocal, criando uma identidade vocal
prpria.
Atravs da sua voz, o professor realiza actividades como corrigir exerccios,
realizar a chamada, ensinar e praticar leitura, ajudar na interpretao de textos, assistir
individualmente os alunos com NEE, utilizar reforos positivos ou negativos verbais,
controlar e estimular a participao dos alunos.
A voz natural requer um equilbrio constante entre os mecanismos bsicos de
respirao, fonao e ressonncia (Boone, 1996). Todos estes componentes tm de ser
rigorosamente articulados. Havendo algum problema a nvel do aparelho fonador, a voz
do indivduo deixar transparecer essa mesma alterao, ocasionando uma qualidade
vocal disfnica, rouca e spera, muitas das vezes sem sonoridade (Pinho, 2003),
comprometendo, assim, a fala e a comunicao (Boone, 1996).
Uma produo vocal alterada compromete o equilbrio funcional e, ou orgnico
de todo o aparelho fonador.
A esta interpretao que o receptor faz da mensagem depreendida da voz do
emissor, Behlau et al. (2005) chamaram psicodinmica vocal, que, de acordo com
2 So todas as crianas e jovens cujas necessidades envolvam deficincias ou dificuldades de aprendizagem (www.multideficiencia.com)
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 21
Defina-Iqueda (2006), depende de factores como: idade, sexo, personalidade, sade
fsica e emocional e condies sociais do falante.
Assim sendo, se em qualquer pessoa uma alterao na voz limita a sua vida,
principalmente social, num profissional da voz, esta limitao ocorre de uma forma
ainda mais grave.
Se considerarmos a definio de profissional da voz percebemos que so
indivduos gravemente afectados no seu emprego por uma afonia (perda total da voz) ou
disfonia, mesmo que em grau ligeiro.
De entre os profissionais da voz falada (sendo que os cantores so profissionais
da voz cantada), os professores so os profissionais com maior incidncia de disfonia3
(Behlau et al., 1999, citados por Rolim, 2001). Defina- Iqueda (2006) indica diversos
estudos, de vrios pases, unnimes no que respeita alta incidncia de disfonias em
professores, assim como, s suas causas e ao desconhecimento vocal destes
profissionais. Simes e Latorre (2006) reforam esta ideia, referindo estudos nos
Estados Unidos e no Brasil que comparam a elevada taxa de incidncia de disfonia nos
professores relativamente a outros profissionais.
Em Portugal, estudos apontam para prevalncia de problemas vocais em 20%
nos Professores do Ensino Secundrio (Guimares & Cruz, 1997, citados por
Guimares, 2010) e 10,2% em professores do Ensino bsico (Freitas, 2004 citado por
Guimares, 2010).
Dentro da classe dos professores os estudos indicam que o mais afectado o
sexo feminino (trs vezes mais que no sexo masculino), bem como, os indivduos de
idade mais avanada e com mais anos de actividade lectiva (Defina-Iqueda, 2006; Grillo
& Penteado, 2005).
Para Boone e Mcfarlane (1996), citados por Almeida (2000), de um modo geral
a origem destas disfonias funcional (em cerca de 24%) ou seja, estas devem-se,
frequentemente, a mau uso vocal, padro respiratrio desadequado, m tcnica vocal,
choques trmicos, tabaco, lcool e maus hbitos vocais.
Quando estas disfonias so persistentes e constantes, no caso destes
profissionais, agrava para a disfonia orgnico-funcional como a presena de ndulos 3 Entende-se por disfonia uma alterao vocal que decorre geralmente de mau uso ou abuso vocal de um aparelho fonador anatmica e fisiologicamente intacto (Pinho 2003: 75).
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
M Helena Arantes Teixeira 22
vocais (Figura 3), que se assemelham a calos. Os ndulos vocais so a patologia mais
comum nos professores, com cerca de 18%, para uma mdia de 12% nos plipos
(Figura 3), como a segunda patologia mais comum. (Guimares, 2007)
Figura 3: Ndulos e Plipos vocais (Fonte: www.fonoaudiologia.com)
Defina-Iqueda (2006) afirma que as disfonias nos professores advm da
combinao de diversos factores e no apenas de um nico. A mesma autora, assim
como Almeida (2000) e Behlau et al. (2005a), indicam alguns desses factores: uso
excessivo da voz, problemas de adaptao profissional, condies de trabalho adversas,
espao fsico desfavorvel (as salas apresentam uma acstica desadequada e,
geralmente, turmas numerosas), stress, o progressivo mau comportamento por parte dos
alunos (que leva o professor a recorrer diversas vezes ao grito e a falar continuamente
com alta intensidade), uso de qumicos, problemas gstricos (associados ao stress), p
do giz, ritmo de trabalho acelerado, padro respiratrio insuficiente e posturas
inadequadas de cabea e ombros (causando maior tenso na regio cervical).
Por outro lado, Rolim (2001), Fabron e Omote (2000), citados por Almeida
(2000), referem que as principais causas da alta incidncia de patologias vocais em
professores so o uso prolongado da voz adicionado falta de preparao e de
conhecimento acerca da produo vocal e cuidados adjacentes. Segundo Oliveira et al.
(1998), citados por Almeida (2000), esta situao conduz sobrecarrega do aparelho
fonador e aumenta a desidratao que leva irritao das PPVV. Estas irritaes
larngeas, segundo Penteado e Pereira (2006), so caractersticas destes profissionais,
pois necessitam, em determinadas circunstncias, de aumentar a intensidade da voz,
recorrendo a maus usos ou abusos vocais.
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Souza e Ferreira (1996), citados por Almeida (2000), realizaram um estudo,
concluindo que a carga horria proporcional aos sintomas de rouquido e ao
desenvolvimento de quadros disfnicos.
Contudo, Penteado e Pereira (2006) referem diversos estudos contraditrios,
pelo que alguns autores acreditam que a carga horria nada tem a ver com as alteraes
vocais. De acordo, com que j foi descrito, o uso prolongado da voz, principalmente se
for em ambientes ruidosos e sem tcnica vocal, favorece o aparecimento de disfonias.
Portanto, quanto maior a carga horria, mais prolongado o uso da voz.
Greene e Mathieson (2005) e Rolim (2001) afirmam at mesmo com
conhecimentos de tcnica vocal, alguns indivduos desenvolvem patologia da voz
devido sobrecarga, que ultrapassa os limites saudveis. J Behlau (2004), Pinto &
Furck (1997), citados por Almeida (2000), refutam dizendo que se for utilizada uma
tcnica vocal adequada no h qualquer risco de fatigar a musculatura vocal, pelo
contrrio, analogamente a um atleta que ao utilizar correctamente os seus msculos os
fortifica, tambm a musculatura fonoarticulatria fica fortificada com o seu uso
correcto.
O professor deve, por isso, apresentar uma boa capacidade e extenso vocal,
mantendo a modulao (Penteado & Pereira, 2006; Servilha, 2000, citada por Defina-
Iqueda, 2006; Behlau et al., 1999, citados por Rolim, 2001).
Cabe ao professor utilizar a voz de acordo com os objectivos que pretende
atingir, isto , provocando reaces nas crianas (Servilha, 2000, citada por Defina-
Iqueda, 2006). Assim, essencial que transmita autoridade e confiana. Para tal
necessrio utilizar a voz em alta intensidade e com uma boa projeco vocal (Vilkman,
2000, citado por Grillo & Penteado, 2005). Contudo, este comportamento, associado a
todos os factores de risco supramencionados a que esto sujeitos, pode fatigar a voz.
Torna-se, ento, essencial que estes profissionais tenham conhecimento do mecanismo
de produo vocal e cuidados adjacentes (Simes & Latorre, 2006; Souza & Ferreira,
2000b, citados por Defina-Iqueda, 2006; Segre & Naidich, 1987, citados por Rolim,
2001).
Defina-Iqueda (2006) citam diversos estudos que tentam perceber o
conhecimento que os professores possuem acerca do mecanismo de produo vocal.
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Alguns deles indicam que estes profissionais apresentam alguns conhecimentos bsicos,
mas no os suficientes para prevenir as frequentes disfonias.
Outros estudos revelam um grande desconhecimento relativamente aos cuidados
a ter com a voz. Penteado e Pereira (2006), Grillo e Penteado (2005) e Alves, Gasparini
e Behlau (2005), citados por Defina-Iqueda (2006), concluram nos seus estudos que os
professores no tm a real percepo da sua qualidade vocal, visto que o exame
teraputico no foi concordante com a auto-avaliao realizada pelos mesmos.
Investigaes epidemiolgicas (Calas et al, 1989, citado por Guimares, 2010)
numa populao de professores que no procura a clnica, demonstra que um em cada
dois professores que no pede ajuda especializada tm disfonia. Verifica-se igualmente
que os professores tm significativamente mais incidncias de problemas vocais (67%),
quando comparados com outros profissionais que apresentam 33% (Smith el al 1998
citado por Guimares, 2010). Curiosamente, os professores no parecem atribuir o
devido valor sua voz (Penteado & Pereira, 2006; Grillo & Penteado, 2005).
No estudo realizado por Grillo e Penteado (2005) a maioria dos professores
demonstrou sentir-se pouco limitado socialmente por uma alterao vocal. No entanto,
no que respeita ao trabalho no se pode dizer o mesmo, uma vez que a maioria se sente
bastante limitada profissionalmente na presena de um problema vocal.
No sentido de comprovar a importncia da voz, h diversos estudos que
relacionam a voz com a qualidade de vida dos professores e os resultados so vrias
vezes afirmativos (Guimares, 2007).
A Organizao Mundial de Sade, citada por Defina-Iqueda (2006, 16) define
qualidade de vida como a percepo do indivduo da sua posio na vida, no contexto
da cultura e sistemas de valores nos quais vive, em relao aos seus objectivos,
expectativas, padres e preocupaes.
Para compreender a relao entre qualidade de vida e sade vocal fundamental
compreender de que forma as alteraes vocais afectam a vida do indivduo. Contudo,
os professores no consideram que um problema vocal afecta a sua qualidade de vida, o
que pode demonstrar falta de informao sobre a importncia da voz na transmisso da
informao (Grillo & Penteado, 2005).
A literatura, de uma forma geral, afirma que nos professores a qualidade de vida
inerente sua qualidade vocal, visto que um problema de voz pode afectar no s a
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vida social, mas tambm a profissional, sobretudo porque a voz o seu instrumento de
trabalho (Guimares, 2007; Defina-Iqueda, 2006; Penteado & Pereira, 2006). Assim, a
voz um factor que contribui para a qualidade de ensino. Por um lado, um professor
com disfonia tem maior tendncia para faltar ao trabalho (Defina-Iqueda, 2006). Por
outro, a alterao vocal dificulta a compreenso da mensagem (Simes & Latorre,
2006).
Um estudo realizado por Rogerson e Dodd (2005), citados por Defina-Iqueda
(2006), confirma que a eufonia (qualidade vocal saudvel, sem problemas) num
professor melhora a aprendizagem das crianas, uma vez que ao assistirem a trs vdeos,
um de uma pessoa com disfonia severa, outro de uma pessoa com disfonia ligeira e
outro de uma pessoa com eufonia, as crianas que retiveram melhor a informao foram
as que visualizaram o vdeo da pessoa com eufonia.
Assim, esta relao estabelecida entre a qualidade de vida e a voz direcciona-nos
para uma funo essencial do TF: a preveno e a promoo da sade vocal, que
permitem um diagnstico precoce e assim um menor impacto da alterao vocal e
menos tempo de interveno (Penteado, 2005, citado por Defina-Iqueda, 2006; Simes
& Latorre, 2006).
Nos professores, assim como em todos os profissionais da voz, como forma de
prevenir os problemas vocais, fundamental o uso de tcnicas vocais adequadas e o
conhecimento e prtica de algumas normas de sade vocal, como veremos de seguida
(Behlau, 1988, citada por Rolim, 2001; Almeida, 2000).
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3. SADE VOCAL
Entende-se por sade vocal a juno de normas bsicas que ajudam a manter a
voz saudvel e previnem o desenvolvimento e incremento de alteraes vocais,
sobretudo em profissionais da voz (Behlau & Pontes, 1993, citados por Pedroso, 1997).
Isto implica uma boa coordenao pneumofnica e o uso da respirao costo-
diafragmtica (Figura 4), segundo Guimares (2007).
Figura 4. Respirao costo-diafragmtica (Retirada de www.alfa1.org)
Contudo, a melhor forma de conservar a sade vocal evitar os factores de
risco, o uso incorrecto da voz e o abuso vocal, constantes.
Muitas vezes, os problemas referidos esto relacionados com o abuso4 e mau
uso5 vocal, mas tambm, com o desconhecimento do profissional de como adequar o
seu potencial vocal sua actividade profissional (Guimares, 2007).
Entre os factores de risco mais comuns para os profissionais alvo deste estudo,
refere-se o uso excessivo da voz e com intensidade elevada, condies de trabalho
desfavorveis, como a competio sonora e acstica deficiente (e.g. salas com mau
isolamento que propiciam a entrada de barulhos externos, carpetes e ambientes escuros,
que dificultam a projeco vocal), a quantidade excessiva de crianas que coabitam o
mesmo espao, as dimenses desta rea, os factores ergonmicos inadequados como o
mobilirio, equipamentos auxiliares, materiais de trabalho (e.g., giz, a cola, tintas, etc.)
4 Abuso vocal: Uso da voz de forma violenta, ou uso continuado de comportamentos vocais bruscos e abusivos. 5 Mau uso vocal: M tcnica vocal; uso inapropriado, distoro da coordenao das componentes do sistema fonatrio.
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e a qualidade do ar (poeira e humidade), entre outros problemas fsicos. A localizao
de jardins-de-infncia prximos de instalaes desportivas e ruas movimentadas
provocam ainda mais rudo, agravando a competio sonora j existente no interior das
salas (Behlau, 2005; Azevedo & Behlau, 2004; Mitctell, et al., 1996; Menezes, et al.,
1996; Brasolotto, et al., 1998; Servilha., 1998).
Entre os factores individuais, tambm eles, factores que favorecem o
aparecimento de disfonias, podem nomear-se os seguintes: o sexo feminino (devido s
alteraes hormonais), idade mais avanada (associada ao maior nmero de anos de
profisso, a menopausa e consequente modificao da fonao, em funo do
consequente envelhecimento natural de todas as estruturas larngeas) e a maior carga
horria, assim como a postura inadequada, alteraes da constituio
anatomofuncional6, predisposio emocional, com tendncia a stress, provocando
tenso muscular, falta de preparao vocal (produo vocal tensa, presena de ataques
vocais bruscos7, falta de aquecimento vocal) e falta de informao acerca do
funcionamento do aparelho fonador. Existem, tambm, factores associados como as
alergias, alteraes respiratrias e a pouca quantidade de gua ingerida. Todos estes
factores podero prejudicar ou at mesmo impedir a actuao profissional.
A voz do professor vulnervel ao tempo (dependendo do tempo em exerccio
de funes) e ao uso inadequado da mesma. As condies de vida, rotinas do
quotidiano, e trabalho especfico com crianas com NEE, envolvem situaes de grande
stress e factores de risco para a sua sade vocal e geral (Penteado, Teixeira & Pereira,
2006).
Existem determinados sintomas fsicos, como a rouquido, pigarreio, dor e/ou
ardor na garganta, afonia, fadiga vocal (cerca de 80% dos casos estudados8), sinais de
resistncia vocal diminuda e garganta seca, que podero ser indicativos de problemas
vocais. Outros sintomas emocionais, como fadiga geral e tenso pela dificuldade em
falar, interferem no desempenho do professor. Auditivamente, uma alterao vocal
constata-se pela perda de qualidade vocal, perda de projeco e variaes da frequncia
habitual. Alm disso, cenestesicamente, o professor pode sentir desconforto localizado
6 Como a presena de fendas glticas, proporo gltica baixa, ngulo de abertura das PPVV diminuda, entre outros. 7 Ataque Vocal o encontro das PPVV quando se comea a produzir uma palavra ou frase. Se o ataque vocal for brusco, o atrito entre as PPVV ser muito forte, podendo causar edema e consequente disfonia. 8 Segundo Gotaas & Starr (1993), citado por Behlau (2005)
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como dor ao falar, sensao de corpo estranho, falhas na voz e acumulo de secrees na
laringe (Bacha, et al., 1998; Behlau, 2005).
Manter uma sade vocal de fundamental relevncia principalmente para
aqueles que desempenham uma actividade ligada utilizao da voz. O foco nesta
categoria justifica-se pela importncia e pelo impacto econmico que a voz pode ter
sendo ferramenta de trabalho, podendo afectar, por exemplo, a produtividade (no caso
de faltas a trabalho por problemas vocais), ou a afectividade no desempenho de uma
funo (um professor em estado de rouquido) e igualmente na passagem da mensagem
s crianas como foi referido anteriormente (Amato, 2010).
A voz caracteriza-se por ser um instrumento essencial no relacionamento
humano que permite a transmisso de mensagens de natureza variada, podendo reflectir
o estado de esprito de cada pessoa. Por ser um bem valioso, que reflecte a nossa sade
fsica e mental, a voz merece ateno e cuidados especiais.
3.1. Medidas Preventivas
necessrio conhecer e desenvolver medidas preventivas, mudando pequenos
hbitos e comportamentos no quotidiano e no apenas quando as primeiras alteraes
vocais aparecem (como a rouquido).
Abordaremos os principais tpicos a ter em conta que devem ser fruto de
reflexo, quer para evitar alteraes vocais, quer para promover a higiene e a sade
vocal (Guimares, 2007; Andrade & Silva, 2003 in Pinho, 2003; Behlau, 2001; Pinho,
1997; Boone, 1996; Behlau & Pontes, 1993).
Vesturio:
Estar vestido adequadamente essencial por vrios motivos: primeiro para
prevenir o desconforto trmico que se pode sentir, por muito frio ou muito calor, o que
pode desconcentrar a pessoa e prejudicar a sua emisso vocal. Em segundo lugar, vestir-
se adequadamente implica prevenir eventuais alergias, que prejudicam a emisso vocal
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
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e geram espirros, interrompendo a comunicao. Por isso, aconselhvel evitar tecidos
que possam causar reaces alrgicas (Amato, 2010).
As roupas que apertem a regio do pescoo e do abdmen, ou mesmo as roupas
muito justas devem ser evitadas, pois causam dificuldade no movimento respiratrio e
impedem a liberdade de movimentao muscular.
O calado tambm um factor essencial, pois o sapato de salto extremamente
alto pode gerar desequilbrio e ocasionar m postura corporal (enrijecida). Alm do
desconforto, isso pode implicar a m projeco da voz, sendo necessria uma fala num
volume mais elevado e, portanto, um maior desgaste (Guimares, 2007).
Alimentao:
Dentro dos elementos constituintes de uma boa alimentao os carbohidratos,
por exemplo, so a principal classe de substncias energticas essenciais para repor os
gastos de quem utiliza intensamente a voz. Estes so desdobrados na respirao celular
e, ento, fornecem energia para as funes vitais.
Outro exemplo a ter em ateno so os refrigerantes, alimentos fritos ou ricos
em gorduras, assim como as comidas muito condimentadas, atrasam a digesto,
produzem gases e refluxo gastroesofgico (causado pela subida de cido clordrico do
estmago em direco boca, o que leva a um inchao nas PPVV) prejudicando os
movimentos respiratrios, alm de lesar a mucosa. Dificultam tambm a movimentao
livre do diafragma.
Prope-se um maior consumo de cereais, massa, farinhas e pes, ricos em amido
e fibras; em seguida, devem-se ingerir frutas e verduras, ricas em minerais e vitaminas;
a seguir, os alimentos essencialmente proteicos (carnes, peixes, leite e derivados, soja,
ovos, feijo, ervilhas). Devem ser evitados os alimentos gordurosos, oleosos e
aucarados (Amato, 2010).
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Bebidas ou alimentos em temperaturas extremas:
As mudanas bruscas de temperatura, podem trazer uma srie de reaces
alrgicas, principalmente respiratrias. Esses contrastes trmicos podem ser externos
(no caso da sada ou entrada em ambientes aquecidos ou refrigerados artificialmente),
mas importante destacar que tambm podem ser internos pela ingesto de lquidos
ou alimentos muito quentes ou muito frios (Amato, 2010).
O evitamento da ingesto de bebidas e alimentos gelados (como os gelados)
consiste, talvez, numa das prticas mais difundidas como meio para evitar problemas
vocais como a rouquido causada pelo choque trmico que tambm torna o indivduo
mais propenso a irritaes e infeces das vias areas superiores (Couto, 2000).
O que ocorre quando ingerimos esses lquidos e comidas em temperaturas
extremas que o nosso organismo reage, libertando uma descarga de muco nas PPVV,
que tambm podero ser vtima de edema (Figura 5) (inchao por acumulao de
fluidos).
Figura 5. Edema das PPVV direita, em comparao com PPVV normais esquerda. (Retirado de: http://maroma.wordpress.com/2008/11/12/cuidado-com-a-sua-voz/)
Hidratao
A gua, substancia inorgnica, o principal componente do organismo humano,
exercendo o papel de termorregulao, transportando substncias no corpo, base para
que ocorram as reaces qumicas necessrias ao metabolismo humano.
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A prega vocal adulta formada por vrias camadas e a sua mucosa recoberta
por uma camada de muco produzido pelas glndulas larngeas, o qual imprescindvel
para a vibrao das PPVV (Barros, 2002). A viscosidade desse muco afecta a onda
mucosa e pode levar disfonia, pois o fluxo do muco da traqueia em direco s PPVV
ocorre at durante o sono e, quanto maior a viscosidade do fluido que recobre as PPVV,
menor a amplitude de vibrao das PPVV. As vrias condies fisiolgicas so
controladas pela hidratao.
Para a reduo da viscosidade da laringe e a manuteno da boa vibrao das
PPVV a hidratao oral indispensvel.
A pouca ingesto de gua bastante prejudicial para a produo vocal, pois
conduz desidratao dos tecidos larngeos. Uma boa hidratao permite uma boa
vibrao das PPVV (Behlau, 2001).
No se deve descurar a hidratao das vias areas superiores como a cavidade
nasal, principalmente para quem frequenta espaos poludos e para quem sofre de
problemas respiratrios, alergias.
Postura Corporal
A inclinao do rosto e a postura corporal so os factores determinantes. Muitas
vezes devido ao desconforto ou timidez perante uma plateia alguns
professores/educadores tendem a manter uma postura inadequada, com coluna
encurvada, cabea virada para baixo.
No caso de alguns PEE as posturas so igualmente desaconselhadas pois
trabalham muitas vezes de um para um colocando-se de lado da criana tendo que rodar
a coluna, interferindo assim, na dinmica fonatria. Estas posturas so barreiras
comunicao para alm da emisso vocal ser dificultada, tendo o interlocutor de realizar
um esforo desnecessrio de maior intensidade de emisso sonora.
A correcta postura corporal, alm de nos manter mais relaxados, essencial para
a boa projeco vocal.
A tomada de conscincia corporal aliada emisso vocal, seja falada seja
cantada, de extrema relevncia para os profissionais da voz. Reitera-se que os aspectos
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posturais tais como a inclinao da cabea, da tenso muscular cervical, o
posicionamento do queixo em relao ao peito, a inclinao dos ombros, a curvatura da
coluna vertebral no andar e no sentar devem ser alinhados e adequados para o acto
fonatrio (Amato, 2010).
Respirao oral:
Segundo Ribeiro et al. (2002), a respirao processo fisiolgico, no qual,
passando pela cavidade nasal, o ar inspirado filtrado, aquecido e humidificado, para
que chegue aos pulmes com boa qualidade e no implique danos s vias areas
inferiores, s cavidades paranasais e s cavidades auriculares. A respirao nasal
tambm possibilita um melhor crescimento e desenvolvimento craniofacial.
Aps inspirarmos o ar, o oxignio chega aos alvolos pulmonares, de onde
difundido para os vasos sanguneos, que irrigam as clulas, fornecendo-lhes
combustvel necessrio para a sua actividade (Amato, 2010).
Vrios factores podem fazer uma pessoa inspirar constantemente pela boca de
entre os quais: desvio do septo nasal (alterao na estrutura que divide o nariz em duas
narinas), hipertrofia dos cornetos (estruturas que se posicionam paralelamente ao septo
nasal), hipertrofia das adenides e/ou palatinas, rinite, sinusite, hipotonia (perda de
tnus) da musculatura oro-facial (Amato, 2010).
A respirao oral facto comum principalmente na infncia e pode causar
distrbios respiratrios que variam desde pequenos processos alrgicos, at quadros
mais graves, como a apneia do sono momentos em que se deixa de respirar durante o
sono.
Em relao voz, um dos principais problemas da respirao oral a menor
proteco de micro-organismos e poluentes, proporcionada pela oralidade, em
comparao respirao nasal. Ao contrrio da respirao nasal, em que os plos e o
muco da cavidade nasal retm esses detritos, evitando que entrem no organismo, a
oralidade no oferece essa proteco, pois a cavidade oral no tem essas ferramentas
eficientes de purificao do ar que inspiramos. Alm disso, a respirao oral tambm
leva a uma maior ressequimento das vias areas superiores (boca, faringe, laringe, etc.)
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e do tracto vocal, pois o ar inspirado de baixa humidade e a boca no tem poder de
humidifica-lo adequadamente (Pinho, 2007).
No entanto, se adoptada apenas algumas vezes, esta estrutura de respirao oral,
no constitui um grande problema.
Mudanas bruscas de temperatura:
Como o nome indica, alternar constantemente entre ambientes com temperaturas
extremas, causam uma mudana vascular que pode levar, momentaneamente a uma
diminuio dos mecanismos de defesa, pois pode afectar o tracto respiratrio,
favorecendo assim, as inflamaes respiratrias que impedem a livre funo vocal
(Simes, 2006).
Pastilhas e sprays:
Muitas vezes, encontramos este tipo de produtos em farmcias em que no
necessrio receita mdica e que alegam provocar rpida cura de qualquer problema
vocal.
Alm de serem contestveis os efeitos realmente curativos dessas substncias,
cabe ressaltar algumas das suas consequncias que podem ser especialmente lesivas
produo vocal de qualidade.
Algumas pastilhas e medicamentos produzem uma aco analgsica e anestsica
sobre as mucosas da boca e da faringe. Assim, mascaram eventuais irritaes no
aparelho fonador, fazendo a pessoa pensar que a sua voz est plenamente restabelecida,
mas levando a um uso extremo da voz, que potencialmente leva ao inchao das PPVV
(Amato, 2010).
Estes, s devem ser usados quando indicados por mdicos. Podero ser irritantes
e aliviarem, aparentemente a dor na garganta, mas, por outro lado, fazem com que o
indivduo abuse da sua voz tendo a sensao de estar tratado. A quantidade e a
viscosidade da saliva tambm sero alteradas com a utilizao das pastilhas.
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Auto-medicao:
A auto-medicao no deve fazer parte do repertrio dirio do indivduo, j que
vrios medicamentos, para doenas diversas, possuem efeitos colaterais sobre as PPVV,
como ressequimento ou hiperlubrificao, vasoconstrio ou vasodilatao ou seja,
podem afectar a circulao sangunea e a hidratao dos tecidos.
necessrio ter cuidado com os tratamentos ou dicas caseiras para o bem-
estar vocal pois, muitas delas alm de no funcionarem, apresentam ainda, uma aco
desconhecida para as PPVV, podendo em muitos casos, apresentar efeitos secundrios
prejudiciais para a voz e acabando por atrasar a procura de um tratamento mais
adequado - orientada por um profissional competente.
Alguns efeitos na auto-medicao na voz foram advertidos por Behlau e Pontes
(2001):
- O cido acetilsaliclico ocasiona sangramento e tende a provocar hemorragias
nas PPVV;
- Descongestionantes, anti-histamnicos e corticoides, usados no tratamento de
alergias e inflamaes, diminuem as secrees no tracto respiratrio, ressequindo o
nariz, boca e laringe, alm de provocar efeitos colaterais como insnia, irritabilidade,
irritao gstrica e tremor, sendo que este ltimo, pode afectar directamente a emisso
vocal.
- Medicamentos contra a tosse ocasionam a irritao das PPVV, causando o
ressequimento da mucosa, que tambm ocorre com o consumo de diurticos e vitamina
C em excesso.
Fumo:
A poluio, particularmente o fumo do tabaco, dos hbitos mais comummente
falados quando se trata de sade vocal.
Segundo a Organizao Mundial da Sade (WHO, 2007) o tabagismo aumenta
em muito a incidncia de doenas crnicas, incluindo o cancro, doenas
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cardiorrespiratrias e cardiovasculares. Segundo a mesma organizao h mais de um
bilio de fumadores no mundo quase um sexto da populao actual da Terra e no
geral o nmero cresce em pases economicamente menos desenvolvidos.
Quanto voz, o fumo tambm severamente nocivo. A fumaa quente
produzida agride todo o sistema respiratrio e fonador, afectando o muco que lubrifica
as paredes desses sistemas. O pulmo perde a sua elasticidade e adquire o aspecto de
uma esponja escura e rgida, o que certamente diminui drasticamente a capacidade
respiratria. A fumaa do tabaco afecta em especial as PPVV, causando irritao,
edema (inchao), tosse, alteraes no muco, aumento de secreo e infeces (Behlau &
Pontes, 1995). um dos principais desencadeadores do cancro da laringe e pulmo.
Os que no fumam directamente mas convivem com fumadores ou frequentam
espaos com fumo so chamados fumadores passivos. Estes, segundo estudos
(Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre, 2009, citado por Amato,
2010) obtm problemas vocais semelhantes aos dos que fumam.
Bebidas alcolicas:
Consumidas em ocasies sociais, para desinibio, ou para o alvio de stress, de
condies emocionais e psquicas agudas, as bebidas alcolicas produzem severas
consequncias ao nvel individual (psicolgico) e colectivo (familiar e social),
principalmente quando consumido de forma habitual alcoolismo.
A organizao mundial de sade (WHO, 2007, citado por Amato, 2010) estima
que o alcoolismo causa de 20 a 30% de cancros do esfago, epilepsia e acidentes de
automveis e mais de 60 tipos de doenas.
O consumo de bebidas alcolicas quer sejam destiladas (usque, vodka), quer
sejam fermentadas (cerveja, vinho) causa irritao do aparelho fonador. As bebidas
destiladas irritam a mucosa, alteram intensamente os tecidos, gerando uma estreita
associao entre consumo excessivo de lcool e cancro da laringe e do pulmo.
Muitos sentem uma sensao momentnea de melhora na emisso vocal quando
ingerem lcool. Essa sensao deve-se libertao do controle cortical cerebral, ou seja,
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a um impacto nas funes neurolgicas de uma regio do crebro, e tambm ao facto de
o lcool levar a uma leve anestesia da faringe.
Entretanto, a ingesto de bebidas alcolicas, ao provocar essa anestesia, faz com
que cometam, quase inconscientemente, certos abusos vocais, como gritar, cujas
consequncias somente so sentidas aps a passagem do efeito da bebida - como a voz
fraca, rouca e sensao de queimadura (Behlau & Pontes, 2001).
Tosse agressiva:
Agredir as PPVV e muitas vezes proveniente do acumulo de secrees na
garganta. um comportamento muito agressivo para as PPVV que se aproximam com
grande violncia, podendo originar leses.
Pigarrear:
muito comum encontrarmos pessoas que pigarreiam com muita frequncia.
Esse acto provoca um intenso atrito nas PPVV, chegando mesmo a feri-las. Entretanto,
o organismo reage a tal agresso, alterando a produo de muco (aumentando-a) para
proteger as PPVV. Cria-se, assim, um crculo vicioso, pois o muco produzido pode dar
uma nova sensao de presena de corpo fisiolgico estranho s PPVV e, para elimin-
lo, pigarreia-se novamente.
um vcio muito comum, e muitas vezes involuntrio, mesmo no havendo
necessidade efectiva de limpar a garganta, quando existe alguma secreo retida
(Amato, 2010).
Gritar:
Gritar consiste em emitir a voz falada em alta intensidade, ou seja, com um
volume sonoro acima do normal. Muitos tambm gritam de forma mais aguda do que
falam, isto , produzindo um som de maior altura (um som grave de menor altura e um
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som agudo de maior altura, independentemente da intensidade, que o que
vulgarmente chamamos de volume). Quando gritamos, a vibrao das PPVV torna-se
praticamente uma coliso, que sobrecarrega a musculatura da laringe, contraindo
excessivamente os msculos larngeos e stressando-os (Pinho, 1997).
uma das atitudes mais agressivas para as PPVV. Quando se grita, o ar passa
pelas PPVV a uma velocidade de aproximadamente 80 km/h e, tal como na tosse e
pigarreio, as PPVV aproximam-se de forma abrupta, podendo causar leses.
Competio sonora:
Lidamos diariamente com uma conturbada paisagem sonora. Ao contrrio dos
outros rgos dos sentidos, os ouvidos so expostos e vulnerveis no podendo reagir
em situaes de irritao, ao contrrio da irritao visual, (vento ou poeira) em que os
nossos olhos se fecham instantaneamente para proteco.
Costumamos ter um grande desconforto em ambientes de intensa poluio
sonora, onde para nos comunicarmos, temos que realizar um grande esforo vocal,
emitindo a voz em alta intensidade (volume sonoro), ou seja, praticamente gritando a
isso se chama competio vocal. Essa situao, gera o stress das nossas PPVV e de
toda a estrutura muscular da laringe, tornado a voz rouca isto , as PPVV passam a ter
dificuldade em vibrar.
Ar Condicionado:
A exposio constante ou habitual a ambientes com ar condicionado, deve ser
evitada, pois este aparelho leva desumidificao do ar, que ocorre tanto na descida da
temperatura provocada, como tambm em ambientes aquecidos artificialmente (Amato,
2010).
A desumidificao do ar acaba ressequindo a mucosa que recobre as vias areas
superiores, o que ocasiona tambm a falta de hidratao das PPVV e, por conseguinte, a
sua dificuldade de vibrao e produo dos sons. Ao afectar a mucosa da laringe, altera
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as caractersticas fsico-qumicas do fluido que recobre a sua parede, o que influencia
negativamente a performance gltica, isto , a emisso vocal, causando dificuldade na
vibrao das PPVV.
No caso da utilizao de ventiladores e, principalmente, dos aparelhos de ar
condicionado, muito importante mant-los limpos, para evitar acumulao de poeiras
que possam entrar no sistema respiratrio (Menezes, 1996). Se houver possibilidade de
substituir a refrigerao do ar condicionado pela refrigerao natural da sala de aula
(abrir as janelas), deve-se faz-lo;
Sono:
A quantidade de sono necessria para um adequado repouso e uma revitalizao
do metabolismo depende de pessoas para pessoas, no entanto este fundamental para
uma produo adequada da voz.
Uma noite de insnia, por exemplo, visvel pela qualidade matinal da voz. Para
se manter um bom sono deve-se ter em ateno no s o nmero de horas dormidas mas
tambm todos os aspectos a eles inerentes (e.g. tipo de almofada, do colcho, da posio
em que se dorme, pelo silncio do quarto e seu tipo de ventilao), que podero
favorecer um melhor relaxamento do indivduo e consequente melhor qualidade vocal
(Amato, 2010).
A falta de sono assim como o stress, diminui a memria e a capacidade de
assimilao de informao pelo nosso crebro, pois nessas situaes os neurnios
perdem muita eficincia. Dormir o suficiente aumenta a capacidade qumica do nosso
crebro para absorver informaes.
Convm considerar que para alm de afectar o processo cognitivo de indivduo,
o sono interfere de forma directa na voz. A qualidade vocal de um falante pode ser
optimizada por uma quantidade suficiente de sono, inclusive porque o sono um
momento de repouso vocal.
Um estudo (Guimares & Silva, 2007), com 100 pacientes com alteraes na
voz (disfonia), revelou que ambos percebem a sua prpria voz diferente quando tm
uma noite mal dormida. O estudo destaca igualmente que as mulheres disfnicas
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
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acreditam que necessitariam de mais horas de sono para recuperar a voz do que as que
normalmente tm.
A falta de repouso determina menos energia para o organismo e, sendo a
emisso vocal uma actividade de alto gasto energtico, o dfice de sono pode ocasionar
dificuldades, como voz cansada e alteraes de ritmo, do tom e na clareza da fala. Aps
dormir mal, a voz pode acordar mais rouca, fraca e soprosa.
Stress:
O stress fsico e mental resultado de um cansativo e angustiante quotidiano, de
actividades do trabalho, da casa, da escola e da famlia; advm de problemas reais e de
situaes de menor importncia transformadas psicologicamente em problemas graves.
Tudo isto causa uma sobrecarga nas condies emocionais e fsicas, que passam de um
limite de actividade saudvel para chegarem ao esgotamento do corpo e da mente.
Inicialmente, o stress provoca uma alta produo energtica no nosso organismo,
pois este tenta gerar as substncias estimulantes necessrias para cumprirmos essas
mltiplas funes de uma vida agitada. Porm, em actividades que provocaram o stress
fsico e psquico, como o estudo para uma prova ou concurso pblico e a preparao
para a apresentao de uma aula, palestra, muitas vezes chegamos ao momento
culminante dessa actividade e temos uma branca nas ideias; a nossa mente aps
atingir um pico de actividade e angstia, relaxa totalmente, e ns no conseguimos agir.
Apesar de o stress libertar, inicialmente, uma grande quantidade de energia, o
que necessrio para a produo vocal quando esta muito exigente, como numa
palestra ou numa aula ocorre que as situaes de grande ansiedade deprimem o nosso
sistema imunolgico e levam a estados emocionais propiciadores de abusos vocais,
como gritos e longas discusses. Aps esse pico de actividade, o nosso organismo, j na
exausto, no tem mais as energias necessrias para realizar as actividades que
queremos. Portanto, aps propiciar uma fase de alta produtividade e concentrao, em
que as foras fsicas e mentais esto em elevada performance, o stress gera uma segunda
fase, desta vez contraproducente (Amato, 2010).
IMPORTNCIA DA VOZ DOS PROFESSORES NA TRANSMISS2O DA INFORMA2O 2012
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Exerccio fsico:
Praticar exerccios fsicos e falar ao mesmo tempo no aconselhado, pois
durante o esforo fsico ocorre um progressivo aumento na fora do encerramento
gltico (aproximao das PPVV).
Por outro lado, a prtica de actividade fsica como hobbies, favorece o controlo
do peso, a presso arterial e a taxa de glicose no sangue, faz crescer a auto-estima e o
bem-estar, melhora a fora muscular e a qualidade do sono. Destacam-se ainda outros
factores benficos especialmente para os PEE (Boone, 2003):
- alivia o stress;
- melhora a qualidade do sono;
- ajuda a corrigir a postura corporal;
- melhora capacidade respiratria.
A voz deve ser sempre pensada em relao sade em geral do indivduo, em
relao ao seu corpo como um todo, ao seu estado de sade geral.
Existem diversas medidas preventivas e conselhos vocais que podem ajudar a
minimizar ou mesmo a prevenir o aparecimento de problemas vocais. O
reconhecimento, por parte dos professores, dos comportamentos vocais benficos e
prejudiciais para a sua sade vocal, proporcionar-lhes- uma melhoria significativa da
sua qualidade vocal e consequente qualidade da informao transmitida.
Estudos no Brasil (citado por Amato, 2010) referem a necessidade de orientao
vocal para os professores como um processo essencial para a sade vocal e que tem sido
objecto de leis que obrigam as escolas pblicas a oferecerem essa informao aos seus
docentes.
Apresentaremos, de seguida, algumas sugestes para evitar quadros disfnicos e
melhorar a qualidade vocal.
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M Helena Arantes Teixeira 41
3.2. Estratgias promotoras de uma boa qualidade vocal
Os professores e todos os profissionais que fazem uso profissional da voz
deveriam ter conscincia da importncia dos cuidados com a sua voz, como estratgia
preventiva de aparecimento de possveis problemas vocais.
Alguns cuidados bsicos devem ser considerados:
Utilizar roupas leves e folgadas que permitam a livre movimentao do corpo,
principalmente na regio do pescoo e cintura. As roupas de algodo so as mais
aconselhadas pois possibilitam uma fcil transpirao do corpo;
Usar sapatos de taco baixo, para promover maior estabilidade e menor
rigidez;
Utilizar um plano alimentar com refeies fraccionadas, no esquecendo a
boa mastigao (que iro propiciar um relaxamento da musculatura mandibular) e a
ingesto de bastantes legumes e frutas; A alimentao variada a ideal, pois permite
que o organismo se nutra de toda a gama de substncias necessria sua manuteno e
ao seu;
Consumir frequentemente mas, j que est fruta tem propriedades qumicas
que a permitem absorver o excesso de secrees e estimular a saliva. As frutas ctricas,
como a laranja e limo, tambm so benficas, mas se consumidas em excesso podem
ocasionar secura das vias respiratrias, dificultando a boa emisso vocal;
O peso do corpo deve estar distribudo de forma igual nas duas pernas, elevar
a cabea e posiciona-la para trs na linha da coluna vertebral, ombros, braos e mos
relaxados. Desta forma poder-se- emitir a voz com volume baixo e tem-se efeitos mais
saudveis do que se falssemos mais alto;
Desenvolver respirao costo-diafragmtica;
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Realizar exerccios de relaxamento (como bocejar e espreguiar)
regularmente, de aquecimento e desaquecimento vocal (como explicaremos mais a
frente);
Conhecer o mecanismo de produo vocal, em termos de respirao, fonao
e ressonncia;
Evitar tossir de forma agressiva ou pigarrear. Em vez disso recomendvel
que faa exerccios de vibrao de lngua (RRRRRRRRR) estes sons podem ser
surdos ou sonoros, isto , usando ou no a voz propriamente dita;
Para tornar a secreo menos viscosa e diminuir a vontade de pigarrear, deve-
se evitar derivados do leite (chocolate, queijo, etc), que tendem a espessar ainda mais as
secrees;
Explorar os recursos fnicos e corporais na tentativa de encontrar formas de
garantir a ateno das crianas, como o batimento das palmas;
Falar de frente, articular bem as palavras, permitindo uma maior
inteligibilidade, utilizando tambm os gestos corporais e, assim, captando a ateno dos
alunos;
Movimentar-se de forma harmoniosa enquanto fala e obter uma projeco da
voz adequada e bem direccionada;
Enquanto lecciona em grupo deve andar pela sala para que seja audvel sem
ser necessrio elevar a voz, quando leccionado a uma criana especfica com NEE deve
sentar-se de frente para esta com postura adequada e confortvel;
Antes de uma apresentao vocal, como longas aulas, altamente
desaconselhvel o uso de medicamentos calmantes. Apesar de serem teis, apenas em
situaes excepcionais, para controlar nveis altos de stress, provocam uma aco
negativa sobre o sistema nervoso central (Behlau & Pontes, 2001). Esse tipo de
substncias provoca dificuldade de articulao das palavras e uma falta de energia para
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emitir a voz em alto e bom tom. Assim, a emisso vocal fica arrastada e as palavras
ficam imprecisas para os ouvintes;
Evitar falar em locais barulhentos, de forma a no ter de competir com o
rudo atravs do aumento da intensidade da voz. Nessas situaes deve-se tentar
diminuir o barulho (fechando as janelas, baixando o som, etc.) e de seguida procurar
utilizar outro meio para chamar a ateno;
Utilizar intensidade, velocidade e altura tonal confortveis e adequados
situao;
Procurar falar ou cantar num tom de voz adequado para que no cause
esforo;
Evitar falar de longe. Procurar aproximar-se e falar prximo do (s) ouvinte (s),
por exemplo, quando for necessrio explicar uma actividade numa aula ao ar livre com
bastante rudo de fundo;
Quando necessitar de chamar ateno das crianas, sugere-se a utilizao de
um apito, por exemplo. Sendo necessrio recorrer ao grito, este que seja mais suave,
atravs da utilizao de um foco de ressonncia oral, uma altura tonal mais aguda e um
maior suporte respiratrio;
Evite sussurrar (falar em segredo). Quando sussurramos existe tambm um
stress ao nvel da musculatura. O que se deve procurar o volume ideal de conversao,
aquele em que a emisso vocal se d sem excessivo esforo;
Evitar falar durante muito tempo. Fazer repouso vocal extremamente
tonificante, potencializando a qualidade vocal e evitando o desgaste desnecessrio, ao
mesmo tempo que evidencia os atributos vocais referentes sonoridade, brilho, riqueza
harmnica e pureza, essenciais para uma boa performance vocal. A cada hora falada
deve fazer-se 10 minutos de repouso vocal e alternar perodos de explanao com outras
actividades;
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Procurar intercalar a exposio didctica da aula com perguntas aos alunos de
forma a poder ter uma pausa para descansar a voz e hidratar as PPVV;
Utilizar projeces ou audies de materiais sonoros ou audiovisuais de forma
a descansar a voz pois, em certa medida, tambm motivam os alunos e melhoram a sua
aprendizagem dos contedos programticos;
Evitar falar muito, gritar ou cantar quando estiver constipado ou gripado;
No tentar usar de forma profissional uma voz que no seja a sua, evitando
imitaes;
Beber bastante gua, cerca de dois a trs litros por dia (cerca 7/8 copos ao
dia), a fim de fluidificar o muco e compensar as perdas de liquido pelo organismo ao
longo do dia. A gua deve ser ingerida temperatura ambiente, pois a gua gelada ou
aquecida pois estas temperaturas extremas podem provocar choque trmico interno, que
ir secar as mucosas do sistema fonatrio e digestivo. A gua deve ser bebida nos
perodos em que estiver a falar, principalmente em ambientes com ar condicionado, de
preferncia em pequenos goles;
Bebidas gaseificadas devem ser evitadas, principalmente logo antes de uma
produo vocal de grande intensidade (como as aulas). Esta restrio prende-se com o
facto de estimularem o refluxo gastroesofgico;
Hidratar e higienizar as vias nasais, por exemplo com soro fisiolgico;
Hidratar a laringe de forma indirecta atravs da inalao de vapores de gua
pelo nariz e pela boca, proporcionando alivio rpido aos sintomas de muco pegajoso e
secura. Pode ser feito, por exemplo atravs do aquecimento de agua numa panela da
qual se aproxima o rosto para inspirar o vapor;
Dormir cerca de 8 horas por noite;
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Evitar desportos que causem muita tenso cervical, como o tnis, basquete,
vlei e levantamento de pesos. As actividades mais indicadas para os professores so a
natao, caminhadas, exerccios de alongamentos, ioga, entre outros;
Evitar falar enquanto faz exerccios fsicos ou outras actividades que exijam
mais esforo. Prefere-se que faa uma pausa na actividade para falar;
Tomando as duas ltimas propostas, tambm o exerccio fsico, como actividade
saudvel que , deve ser praticado pelos professores. Contudo, nem toda a actividade
fsica adequada. Desportos que causem muita tenso cervical, como o caso do tnis,
basquete, vlei e actividades como o levantamento de pesos no so indicadas para
docentes. Ao invs, a natao, caminhadas exerccios de alongamento e ioga
apresentam-se como os mais apropriados. Mas mais do que o tipo de exerccios, impe-
se que o professor evite a todo o custo, falar durante a realizao de actividade fsica ou
qualquer outra que exija mais esforo.
Por fim, e segundo investigadores na rea (Pinho, 2007; Knijnik, 2007;
Penteado, Teixeira & Pereira, 2006; Andrade & Silva, 2003 in Pinho, 2003; Behlau,
2001; Gonalves, 2000; Pinho, 1997; Boone, 1996; Behlau & Pontes, 1993), cuidar da
sade em geral, pois qualquer problema na sua sade poder influenciar a produo da
voz saudvel.
Para alm de todos estes conselhos vocais, necessrio que cada pessoa esteja
informada de como a sua voz e o que poder fazer para a aperfeioar, devendo
procurar, tambm, um acompanhamento especializado de profissionais habilitados (e.g.
mdico Otorrinolaringologista; terapeuta da fala).
Como j foi dito anteriormente, a melhor forma de prevenir alteraes vocais
cuidando bem da voz. Para tal, o respeito pelas normas de sade vocal e a utilizao das
estratgias apresentadas neste ponto assumem um papel crucial.
importante no esquecer, ainda, que como afirma Moran (2000), citado por
Rolim (2002, p.30), ensinar no s falar, mas comunicar-se com credibilidade, o
que sugere que podem ser realizados alguns intervalos na actividade vocal, recorrendo a
outros materiais didcticos/jogos (Oliveira et al., 1998, citados por Almeida, 2000).
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Analogamente linguagem escrita, na fala tambm possvel realizar pequenas
pausas, como as vrgulas e os pontos, sem que para isso se afecte a mensagem que se
pretende transmitir.
Finalmente, outra estratgia eficaz para preservar a sade vocal dos professores
aquecer e arrefecer a voz (Rolim, 2002), pois, assim como os atletas necessitam de
exerccios de aquecimento e desaquecimento dos seus msculos, tambm a musculatura
oral precisa de aquecimento e desaquecimento, a fim de evitar a fadiga vocal e obter
uma melhor performance.
Behlau et al. (2005a) e Pinho (2001) referem alguns objectivos essenciais do
aquecimento:
1) Aumentar a flexibilidade dos msculos envolvidos na produo vocal, durante
as variaes de frequncia;
2) Melhorar a coaptao gltica, beneficiando a projeco vocal;
3) Reduzir a fadiga vocal;
4) Aperfeioar a articulao verbal.
Sugere-se, ento, a prtica de alguns exerccios de aquecimento vocal, entre os
quais:
a) Relaxamento dos msculos da face e da regio cervical, a partir de massagem
(Sataloff, 1991; Prokop, 1995; Francato et al., 1996; Campiotto, 1997 e Costa & Silva,
1998, citados por Pinho, 2001);
b) Produo de escalas ascendentes, oscilando a altura tonal entre mdios e
extremos, finalizando em agudos (Baxter, 1990, Behlau & Rehder,
1997, Prokop, 1995, Francato et al., 1996 e Costa e Silva, 1998, citados por Pinho,
2001);
c) Controlar o loudness (intensidade da voz) sem alterar a frequncia;
d) Realizar treino articulatrio (Francato et al., 1996, citados por Pinho, 2001);
e) Executar exerccios de vibrao sonorizada em hiperagudos (Sataloff, 1991,
Francato et al., 1996 e Costa e Silva, 1998, citados por Pinho, 2001);
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f) Bocejar, favorecendo o relaxamento do tracto vocal e expandindo-o, para
auxiliar o foco de ressonncia oral (Boone, 1996).
No que diz respeito ao desaquecimento vocal sabe-se que permite ao professor o
restabelecimento da voz coloquial, evitando, assim, os abusos resultantes do uso
prolongado da voz (Behlau et al., 2005a; Baster, 1990, Francato et al., 1996, Behlau e
Rehder, 1997 e Costa e Silva, 1998, citados por Pinho, 2001). Baxter (1990), citado por
Pinho (2001), acrescenta, ainda, a importncia do desaquecimento para o relaxamento
muscular e reduo da fadiga.
Francato et al. (1991), citados por Pinho (2001), afirmam que os exerccios de
arrefecimento vocal so realizados por ordem inversa aos de aquecimento. Propem-se,
ento, os seguintes exerccios:
a) Manter-se em silncio durante 5 minutos, aps o uso prolongado da voz
(Costa & Silva, 1998, citados por Pinho, 2001);
b) Continuar a falar, mas reduzindo progressivamente a intensidade (Bezter,
1990, citado por Pinho, 2001);
c) Produzir escalas descendentes, com sons nasais e vibrao sonorizada
(Baxter, 1990 e Costa & Silva, 1998, citados por Pinho, 2001);
d) Relaxamento corporal, facial e cervical (Baxter, 1990, Francato et al., 1996,
Costa & Silva, 1998 e Campiotto, 1997, citados por Pinho, 2001);
e) Bocejar e realizar a rotao de cabea (Francato et al., 1996 e Costa & Silva,
1998, citados por Pinho, 2001).
Todos estes conselhos servem de base e ajuda para os professores/educadores,
mas em particular para o grupo de PEE estudados, que se reflectem de forma idntica
neste estudo realizado, como veremos no prximo captulo.
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CAPITULO II - ENQUADRAMENTO DO ESTUDO
1. MOTIVA-O
A partir do enquadramento anterior podemos compreender o mecanismo de
produo vocal, os cuidados a ter com a voz e algumas estratgias que auxiliam na
manuteno da qualidade vocal para os profissionais da voz. Estes, especificamente os
PEE, apresentam uma elevada incidncia de disfonias, revelando uma maior
necessidade de aquisio de tais conhecimentos.
Como referido no captulo anterior extremamente necessrio que estes PEE,
que utilizam a voz como principal instrumento de trabalho, obtenham uma boa higiene e
sade vocal. Estes esto diariamente expostos a uma srie de factores, quer pessoais
quer extrnsecos que so favorecedores de possveis problemas vocais no futuro.
Devem existir cuidados bsicos e estratgias comportamentais a adoptar por
cada professor relativamente exposio e uso da sua voz no ambiente de trabalho com
as crianas.
Est provado que professores com problemas vocais (disfonias) e sem hbitos de
sade vocal no actuam na sua profisso de forma saudvel e com qualidade.
O professor no tem s de definir estratgias externas para trabalhar com cada
criana, mas tambm aproveitar todos os traos da comunicao no-verbal e verbal
para cativar a criana. Dentro da comunicao verbal a voz desempenha um dos
principais meios receptores da mensagem, nomeadamente na sua intensidade e
qualidade, mas tambm no ritmo e velocidade do discurso.
Como Terapeuta da Fala e, ultimamente, como colega de turma de variados
professores e futuros PEE, deparo-me com esta realidade e o facto de os professores
negligenciarem a sua voz seu instrumento de trabalho e desconhecerem tcnicas
vocais eficazes para uma boa comunicao com as crianas e consecutivamente para a
sua sade vocal.
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2. OBJECTIVOS
Verificando-se que muitos destes profissionais apresentam frequentemente
quadros disfnicos e sobretudo desconhecimentos quanto sade vocal, surge o
interesse de:
(i) Analisar a existncia de possveis abusos e maus usos vocais (causadores
de disfonias)
(ii) Verificar o impacto da formao vocal nas mudanas de hbitos vocais
(iii) Consequncias e motivaes na transmisso da informao.
Este projecto surge em formato de sensibilizao aos PEE, dos cuidados que
devem ter com a sade vocal e concomitantemente, um apelo e consciencializao da
importncia da mesma nas suas profisses.
Pretende-se que este projecto funcione como uma estratgia de preveno, para
todos os professores que diariamente utilizam a voz como meio de comunicao com as
crianas, facultando-lhes alguns conhecimentos de sade e tcnica vocal.
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3. HIPTESES
A forma de estudar os fenmenos assegurada pelas hipteses. Estas
apresentam-se sob a forma de proposies de resposta s questes postas pelo
investigador. Constituem () respostas provisrias, fornecem investigao um fio
condutor particularmente eficaz e devem ser verificadas e refutveis (Quivy &
Campenh