2
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PITANGA VARA CÍVEL DE PITANGA - PROJUDI R. Manoel Ribas, 411 - Centro - Pitanga/PR - CEP: 85.200-000 - Fone: (42) 3646-1272 Autos nº. 0003298-42.2012.8.16.0136 No que se refere à preliminar, não merece guarida a pretensão do réu. 1. Conforme assente na doutrina e jurisprudência, o inquérito civil prescinde da realização do contraditório e da ampla defesa, sendo somente uma peça investigatória. É no presente processo de Ação Civil Pública que os réus terão a prerrogativa de contestar os pedidos e produzir provas, de modo que não há que se falar em prejuízo. O artigo 17, § 8º, Lei nº 8.429/92, com a redação dada pela MP nº 2. 2.225-45/2001, determina que o Magistrado profira juízo de admissibilidade negativo da inicial nos casos de improcedência da ação, inexistência do ato de improbidade administrativa ou inadequação da via eleita, o que não ocorre na hipótese dos autos. Diante da narrativa fática e dos documentos acostados, não é possível, ao menos nesse momento, afirmar que não ocorreu ato de improbidade administrativa ou que a ação é improcedente. Além disso, deve-se observar que a via eleita é a correta, eis que se utilizou da Ação Civil Pública, com observância das regras previstas na Lei de Improbidade Administrativa. Destarte, deve ser recebida a petição inicial, principalmente diante da plausibilidade das alegações deduzidas na inicial, do fato de que os réus, em suas defesas preliminares, não apresentaram documentos ou justificações que pudessem ilidir o pedido e por não haver neste momento convencimento sobre a inexistência do ato de improbidade administrativa. Sobre o tema lecionam Ermerson Garcia e Rogério Pacheco Alves: “Ao aludir o § 8º à “rejeição da ação” pelo juiz quando convencido da “inexistência do ato de improbidade”, instituiu-se hipótese de julgamento antecipado da lide (julgamento de mérito), o que, a nosso juízo, até pelas razões acima expostas, só deve ocorrer quando cabalmente demonstrada, pela resposta do notificado, a inexistência do fato ou a sua não-concorrência para o dano ao patrimônio público. Do contrário, se terá ferido o direito à prova do alegado no curso do processo (art. 5º, XXXV) e impondo-se a absolvição liminar sem processo. Relembre-se, mais uma vez, que o momento preambular, antecedente ao recebimento da inicial, não se volta a um exame aprofundado da ‘causa petendi’ exposta pelo autor em sua vestibular, servindo precipuamente, como já dito, como instrumento de defesa da própria Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em http://portal.tjpr.jus.br/projudi - Identificador: PJL3N A3LQD CN3QY TXK3R PROJUDI - Processo: 0003298-42.2012.8.16.0136 - Ref. mov. 18.1 - Assinado digitalmente por Eduardo Lourenco Bana:12896 14/12/2012: PROFERIDO DESPACHO DE MERO EXPEDIENTE. Arq: Despacho

Improbidade

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Improbidade

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁCOMARCA DE PITANGA

VARA CÍVEL DE PITANGA - PROJUDIR. Manoel Ribas, 411 - Centro - Pitanga/PR - CEP: 85.200-000 - Fone: (42) 3646-1272

Autos nº. 0003298-42.2012.8.16.0136

     No que se refere à preliminar, não merece guarida a pretensão do réu.1.

Conforme assente na doutrina e jurisprudência, o inquérito civil prescinde da

realização do contraditório e da ampla defesa, sendo somente uma peça investigatória. É nopresente processo de Ação Civil Pública que os réus terão a prerrogativa de contestar ospedidos e produzir provas, de modo que não há que se falar em prejuízo.

      O artigo 17, § 8º, Lei nº 8.429/92, com a redação dada pela MP nº2.2.225-45/2001, determina que o Magistrado profira juízo de admissibilidade negativo da inicialnos casos de improcedência da ação, inexistência do ato de improbidade administrativa ouinadequação da via eleita, o que não ocorre na hipótese dos autos.

Diante da narrativa fática e dos documentos acostados, não é possível, ao

menos nesse momento, afirmar que não ocorreu ato de improbidade administrativa ou que aação é improcedente. Além disso, deve-se observar que a via eleita é a correta, eis que seutilizou da Ação Civil Pública, com observância das regras previstas na Lei de ImprobidadeAdministrativa.

Destarte, deve ser recebida a petição inicial, principalmente diante da

plausibilidade das alegações deduzidas na inicial, do fato de que os réus, em suas defesaspreliminares, não apresentaram documentos ou justificações que pudessem ilidir o pedido e pornão haver neste momento convencimento sobre a inexistência do ato de improbidadeadministrativa.

Sobre o tema lecionam Ermerson Garcia e Rogério Pacheco Alves:

“Ao aludir o § 8º à “rejeição da ação” pelo juiz quando convencido da

“inexistência do ato de improbidade”, instituiu-se hipótese de julgamento antecipado da lide

(julgamento de mérito), o que, a nosso juízo, até pelas razões acima expostas, só deve ocorrer

quando cabalmente demonstrada, pela resposta do notificado, a inexistência do fato ou a sua

não-concorrência para o dano ao patrimônio público. Do contrário, se terá ferido o direito à

prova do alegado no curso do processo (art. 5º, XXXV) e impondo-se a absolvição liminar sem

processo. Relembre-se, mais uma vez, que o momento preambular, antecedente ao recebimento

da inicial, não se volta a um exame aprofundado da ‘causa petendi’ exposta pelo autor em sua

vestibular, servindo precipuamente, como já dito, como instrumento de defesa da própria

Doc

umen

to a

ssin

ado

digi

talm

ente

, con

form

e M

P n

º 2.

200-

2/20

01, L

ei n

º 11

.419

/200

6, r

esol

ução

do

Pro

judi

, do

TJP

R/O

EV

alid

ação

des

te e

m h

ttp://

port

al.tj

pr.ju

s.br

/pro

judi

- Id

entif

icad

or: P

JL3N

A3L

QD

CN

3QY

TX

K3R

PROJUDI - Processo: 0003298-42.2012.8.16.0136 - Ref. mov. 18.1 - Assinado digitalmente por Eduardo Lourenco Bana:12896

14/12/2012: PROFERIDO DESPACHO DE MERO EXPEDIENTE. Arq: Despacho

Page 2: Improbidade

jurisdição, evitando lides temerárias. Poderíamos afirmar, sem medo, que, tal como se verifica

na seara processual penal, deve o Magistrado, neste momento, servir-se do princípio in dúbio

pro societate, não se coartando, de forma perigosa, a possibilidade de êxito do autor em

comprovar, durante o processo, o alegado na inicial”. (Improbidade Administrativa, 3ª edição,

Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 724/725). 

No mesmo sentido, é o entendimento jurisprudencial:

              “AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -

RECEBIMENTO DE PETIÇÃO INICIAL.

Revela-se correta a decisão que em ação civil pública por ato de improbidade

administrativa recebe a petição inicial e determina o prosseguimento do feito

quando reconhecida a existência de indícios dos atos de improbidade

administrativa narrados na proemial, não sendo de se exigir, nesta fase

preliminar, um maior aprofundamento dos fatos discutidos, nem tampouco

extensa fundamentação”. (Agravo nº 1.0474.04.009462-2/001, 7ª Câmara

Cível do TJMG, Paraopeba, Rel. Edivaldo George dos Santos. j. 22.02.2005,unânime, Publ. 19.05.2005).

Desta forma, presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, o

recebimento da inicial é medida que se impõe.

3.     Isto posto, nos termos do artigo 17, § 9º, Lei nº 8.429/92, com a redação

dada pela MP nº 2.225-45/2001, recebo a petição inicial.

4.Citem-se os réus para, querendo, apresentarem contestação, no prazo de 15

dias.

5.Intimem-se. Diligências necessárias.

Pitanga, 14 de Dezembro de 2012.

 Eduardo Lourenço Bana

Magistrado 

 

Doc

umen

to a

ssin

ado

digi

talm

ente

, con

form

e M

P n

º 2.

200-

2/20

01, L

ei n

º 11

.419

/200

6, r

esol

ução

do

Pro

judi

, do

TJP

R/O

EV

alid

ação

des

te e

m h

ttp://

port

al.tj

pr.ju

s.br

/pro

judi

- Id

entif

icad

or: P

JL3N

A3L

QD

CN

3QY

TX

K3R

PROJUDI - Processo: 0003298-42.2012.8.16.0136 - Ref. mov. 18.1 - Assinado digitalmente por Eduardo Lourenco Bana:12896

14/12/2012: PROFERIDO DESPACHO DE MERO EXPEDIENTE. Arq: Despacho