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    TEATRO POLTICO NO BRASIL

    In Camargo COSTA1

    RESUMO: Trata-se de uma caracterizao do teatro poltico no Brasil, a partirda histria do teatro poltico desde a Antigidade, passando pelo sculo XIX,

    pelo teatro americano e chegando ao teatro brasileiro dos anos 60.

    PALAVRAS-CHAVE: Teatro; poltica; teatro brasileiro.

    Como tratei deste tema por extenso em A hora do teatro pico noBrasil(1996) e agora estou trabalhando com o teatro que se fez por aquinos anos 40 e 50, vou apresentar uma digresso do que podemos chamaras razes polticas dos inimigos do teatro poltico no mundo inteiro.

    Por isso mesmo, bom comear esclarecendo de sada que, para a

    corrente de pensadores com a qual me identifico, o teatro poltico desdesempre muito mais poltico quando se declara apoltico ou contra o tea-tro poltico. Comeando por nossa matriz terica, Aristteles, de quemcostumamos ler s a Arte potica, passando pela segunda metade dosculoXIXna Frana momento emblemtico de um teatro poltico quese empenhava em combater a ferro e fogo o teatro poltico que nos inte-ressa , at chegar aos tempos da guerra fria, logo depois da SegundaGuerra Mundial, quando foram retomados os valores crticos do perodoacima. Os militantes do teatro poltico no Brasil tiveram que enfrentar nem sempre com muito sucesso as convices de tipo esteticista conso-lidadas ento.

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    1 Departamento de Teoria Literria e Literatura Comparada Faculdade de Filosofia, Letras eCincias Humanas Universidade de So Paulo USP 05508-900 SP Brasil.

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    Poltica teatral em AtenasEmbora a leitura da Poticade Aristteles seja indispensvel para a

    compreenso da tragdia grega,2 estou convencida de que s ela no suficiente. Alm daArte retrica,os interessados no teatro grego deve-riam ler tambmA constituio de Atenas. Aqui Aristteles d importn-cia ao teatro em sua dimenso poltica. A tal ponto reconhecida pelos ate-nienses que os legisladores definiram como responsabilidade daadministrao no s apenas garantir as realizaes dos festivais e con-cursos, como ainda assegurar os salrios dos artistas (cantores, msicos)e tcnicos, tudo em nome do Conselho de Atenas.

    Quanto relevncia poltica dos assuntos tratados nas tragdias,basta lembrar que Eurpedes caiu em desgraa quando escreveu e apre-

    sentouAs troianas um dos mais valiosos libelos pacifistas da histriado teatro ocidental. Foi um pronunciamento do poeta contraos planosgregos de guerra ento em andamento.

    Renascimento poltico do teatro

    Como se sabe, com o virtual desaparecimento das cidades na IdadeMdia, o teatro foi recolhido pelas igrejas e mosteiros e recebeu a tarefa,sempre poltica, de ilustrar as passagens mais relevantes da Bblia, compreferncia centrada no Novo Testamento (os catlicos tm muita difi-culdade de enfrentar o Antigo Testamento,talvez porque prefiram evitar

    a histria comum que partilham com os judeus). Sabe-se tambm queesse mesmo teatro, tratando dos assuntos definidos pela prpria Igreja,acabou sendo expulso do recinto sagrado porque os artistas, por umaespcie de impulso irrefrevel, comearam a introduzir nas peas cenasde dilogos consideradas grotescas e obscenas pelas autoridades.

    Expulso, o teatro ganhou as ruas (as cidades comearam a se desen-volver) e, mesmo tratando dos temas bblicos (mas agora com o direito deincluir as histrias do Antigo Testamento, desde o Gnesis), ganhouliberdade de neles incluir os temas profanos (grotescos, obscenos etc.) davida de todos. EmMistero Buffo, Dario Fo explica que por isso o teatro setornou desde ento ojornal faladodo povo.

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    2 A comdia ficou de fora e no acredito que tenha sido escrita: o filsofo, muito srio, no iria serebaixar a tratar dos gneros que tinham homens inferiores como personagens.

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    A poltica do esteticismo

    O teatroconvencional, de palco italiano, em prosa etc., que conhece-mos, de novo confinamento. Mas esse se deve ao aparecimento de novareligio a do mercado. A construo de edifcios prprios para os espe-tculos, com bilheteria na porta, corresponde a transformaes em mer-cadoria daquilo que tinha sido durante sculos uma atividade a que sededicavam todos os habitantes de uma cidade. No se pode ignorar, poroutro lado, que a essa apropriao privada de uma prtica socialcoletivacorresponderam enormes avanos de ordem tcnica e esttica bastapensar nos complicadssimos dos teatros do sculoXVIII.

    Embora desde fins do sculoXVIo teatro mais relevante tenha sidotransformado em mercadoria, num pas como a Frana a burguesia s

    conseguiu domin-lo do ponto de vista poltico, terico e esttico aps aRevoluo de 1789. Nos dez anos que se seguiram queda da Bastilha,nenhum teatro na Frana (das revistas nas feiras Comdie Franaise) sededicou a outro assunto que no fosse a poltica. No passava pela cabeade ningum que o teatro pudesse se interessar por qualquer outra coisa.H at relatos de que o espetculo acabou se transformando em assem-blia mesmo: os cidados da platia debatendo com os cidados no palcosobre os rumos da histria (Gaiffe, 1910).

    A cena francesa expressou de maneira quase mecnica os avanos eretrocessos da Revoluo. Assim, medida que a burguesia foi se acer-tando com a Igreja e com a aristocracia, o teatro foi abandonando as con-quistas de 1789, at mesmo a liberdade, para tratar abertamente das ques-tes polticas. Atalhando bastante essa histria, chegaremos ao momentoem que o esteticismo foi promovido a poltica de Estado.

    Na Frana, os trabalhadores e suas reivindicaes entraram em cenaem 1848, quando derrubaram a Monarquia de 1830 e foram logo emseguida massacrados pelo exrcito e demais foras militares a servio daordem. Pouco tempo depois desse massacre, um golpe de Estado funda oque conhecemos como Segundo Imprio, devidamente explicados, golpee forma de governo, em obra de leitura indispensvel:O dezoito brum-rio de Lus Bonaparte.

    Uma das estratgias de Lus Bonaparte, assumida com a mesma fe-rocidade com que executou, baniu e perseguiu seus inimigos (at mesmoVictor Hugo por ser contra a pena de morte), foi definida como trabalhoda supresso da memria. Isso impedia que os massacres promovidos

    desde 1848, assim como o motivo das lutas dos trabalhadores (misria,condies de vida e trabalho etc., o de sempre), fossem mencionados em

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    quaisquer circunstncias jornais, obras literrias e demais formas cul-turais. Para tanto, foi criada uma lei de censura rigorosssima, qual nadaescapava, como no escapou o jornal de Victor Hugo,Madame Bovary, deFlaubert,As flores do mal, de Baudelaire, para ficarmos s nesses exemplosmais conhecidos. Peas originais ou adaptaes de romances de EmileZola e dosirmos Goncirert ficaram anos e anos (em alguns casos, mais devinte) retidas no departamento de censura.

    A face propositiva desse programa consistiu em desenterrar as obrasde Racine e Molire, promovidas condio demodelospara o drama epara a comdia. Esse item da plataforma encontrou terreno frtil paraprosperar at mesmo na universidade e na Academia, que produziram asteorias teatrais com as quais estamos nos acertando at hoje (em seguidatrataremos de sugerir as razes polticas). Na imprensa, autorizada e

    financiada, prosperaram as verses popularizadas dessas convices naforma dacrtica teatral(em alguns casos, a mesma pessoa acumulava trsfunes: professor de literatura, acadmico e crtico teatral).

    J nos palcos, prosperouo que se chama teatro realista, sendo Ale-xandre Dumas Filho (Dama das Camlias) e Emile Augier os mais cele-brados dramaturgos. Novamente, temos aqui um caso ilustrativo dedupla militncia: o mesmo Emile Augier que, como artista, evitava as-suntos da esfera poltica e, como funcionrio pblico, trabalhava justa-mente como censor, se encarregava de vetar aquelas peas que no cor-respondiam a seus altos padres estticos.

    Resumindo bastante: sob a bandeira da autonomia da arte, na Frana, oesteticismo surgiu na segunda metade do sculo XIXcomo uma polticapara as artes que est nos antpodas da formulao kantiana: para Kant, a

    autonomia da arte sinnimo de liberdade (para tratar de qualquerassunto) enquanto o pressuposto do esteticismo francs a censura maisferoz.

    O Segundo Imprio, derrotado na guerra franco-prussiana e durantea revoluo conhecida como Comuna de Paris, foi devidamente massa-crado pelo exrcito prussiano a soldo da Repblica proclamada em Ver-salhes, tambm conhecida como Segunda Repblica. Em vista dessa ori-gem sangrenta, anloga do Segundo Imprio, no preciso muito paraentender por que a Terceira Repblica manteve intacta a lei de censura aoteatroelaborada pelo regime que a antecedeu. essa a causa institucionalda criao, por Artoine e amigos, do teatro livre: uma associao de tea-tro amador que, por isso mesmo, no estava sujeita s leis de censura, epor esse motivo estreou com uma pea em um ato chamada Jacques

    Damour, cujo protagonista um veterano da Comuna de Paris que voltado exlio e encontra sua famlia destruda.

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    Como j tratamos, em outro lugar, da histria dos teatros livres, va-mos fazer novo corte e tratar do episdio anlogo ao Segundo Imprionos Estados Unidos da guerra fria.

    A poltica da antipoltica norte-americana

    Embora no se tenha nenhum episdio compravel s revolues de1848 ou Comuna de Paris nos Estados Unidos, um fato histrico queesse pas teve atividades teatrais ligadas aos movimentos dos trabalhado-res (socialistas, anarquistas, comunistas) desde o sculo XIX. Essas tradi-es confluram para um grande movimento cultural nos anos 30 denomi-

    nado os anos vermelhos.3A cultura de esquerda dos anos 30 chegou mesmo a ser hegemnica

    e, segundo Michael Denning (1996), at hoje o que se produz de interes-sante, mesmo em Hollywood, tributrio dessa experincia. Digase depassagem que o mesmo processo se observou, por exemplo, na universi-dade, onde notrios militantes da arte pela arte se converteram aoengajamento, chegando a fazer declaraes publicas a favor da politiza-o das artes e da literatura, como foi o caso de um conhecido esteti-cista chamado Kenneth Burke.

    No possvel recontruir o processo que levou a grande maioria dosenvolvidos no frontcultural ao esforo de guerra, mas o fato quemuitos comunistas e esquerdistas das mais diversas faces se tornaramfuncionrios pblicos, trabalhando nas divises de informao e propa-ganda de guerra. No se deve esquecer de que os aliados na luta contraHitler contavam com a Unio Sovitica, cujo Exrcito Vermelho foi es-sencial para a derrota nazista no Leste Europeu.

    Pois muito bem, acabada a guerra em 1945, Churchill, j em 1946,proclamou, em discurso proferido nos Estados Unidos, o incio da guerrafria combate ao comunismo em todas as frentes. Em 1947, o governoTrumam decretou um programa delealdadeaos Estados Unidos, deter-minando a demisso de comunistas que trabalhavam em qualquer instn-cia governamental, nas escolas (da universidade ao ensino fundamental),nos meios de comunicao (rdio, televiso, cinema) e nas divises pbli-

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    3 The Cultural Front(London: Verso, 1996) de Michael Denning um livro que procura dar conta de

    todas as atividades, nas mais diversas modalidades culturais das histrias em quadrinhos msicade Billie Holiday, passando pelo teatro e pelo cinema.

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    cas (teatro e demais atividades conexas). O codinome dessa ampla caas bruxas macartismo, do qual s conhecemos os episdios de perse-guio a roteiristas e diretores de Hollywood, mas as sesses do Comitde Investigaes de Atividades Antiamericanas (HUAC) so apenas aponta doiceberg. Existem estudos mais amplos sobre a devastao pro-duzida na sociedade norte-americana por esse programa do governo Tru-man, criado em nome do combate ameaa vermelha.

    A verso poltica no campo que nos interessa o teatro, a crtica tea-tral, a histria e o ensino do teatro corresponde ressurreio dos prin-cpios donew criticismdos anos 20 e 30 e reabilitao, por meio dosespetculos da Broadway e da crtica de jornais, da pea bem-feita rela-tivamente modernizada.

    Por pea bem-feita relativamente modernizada entenda-se a receita

    formulada pelos franceses ainda nos anos 20 do sculoXXe explicitadapelo alemo Gustav Freytag nos anos 60. Essa receita, aps os abalosprovocados pela dramaturgia moderna as experincias do naturalismoe as inspiradas na psicanlise foi por assim dizer recauchutada nosmanuais de dramaturgia americanos que tm por ttulo ou subttulounderstanding drama. Eles so o equivalente dos mais bem apreciadosunderstanding poetry e understanding prose,eastrs understandings cor-respondem velha e boa teoria dos gneros literrios.

    At hoje prevalece no ensaiode dramaturgia a velha receita da peabem-feita reciclada pelos americanos. Por ela, fica combinado que otexto teatral no pode tratar de assuntos polticos, uma vez que esses ten-dem a tornar a pea muito arrastada, porque o dilogo, nesse caso, ficamuito pouco gil, uma vez que ele deixa de estar a servio da ao

    dramtica.Desde fins dos anos 40, a Broadway promove dramaturgos que,

    consciente ou inconscientemente, aderem a essa regra, que conseguiu seimpor aos longo dos anos 50. Mas j nos anos 60 esse panorama se alterasignificamente, episdio de que no trataremos agora.

    Teatro moderno para o bem do Brasil

    Os jovens que no Brasil assumiram a misso civilizatria de dotar oBrasil de um teatro moderno foram diretamente influenciados pelo pro-cesso norte-americano por razes polticas. O Departamento de Estado

    promoveu um amplo programa de formao de intelectuais brasileirosque deveriam atuar no frontteatral. Do Rio de Janeiro e de So Paulo

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    foram enviados jovens com bolsa de estudos para os Estados Unidos(Dcio de Almeida Prado inclusive). L eles assistiriam s peas e entra-riam em contato com crticos e professores de teatro, de modo que, navolta, poderiam, com conhecimento de causa, defender a bandeira daatualizao da cena brasileira por meio da dramaturgia americana. Comoj tnhamos uma tradio de dependncia do teatro francs, nossa cenados anos 50 se caracterizou por uma interessante acomodao da drama-turgia francesa e americana. A crtica seguiu mais ou menos o mesmocaminho, produzindo uma reflexo mais ou menos franco-americana.4

    Atalhando mais uma vez, os valores do teatro antipoltico, aindahoje defendidos por muitos entre ns, se sedimentaram nos anos daguerra fria.

    O teatro poltico que interessa

    Como na vida real as coisas nem sempre acontecem segundo osestrategistas de Washington, nos anos 50 o teatro brasileiro deu uma gui-nada esquerda que fugiu inteiramente dos planos esteticistas. Foi tudomuito rpido: em 1958, o Teatro de Arena de So Paulo encenou Elesno usam black tie,em 1960,Revoluo na Amrica do Sule, em 1962,Vianinha e companheiros fundaram o Centro Popular de Cultura (CPC)daUNE. NoCPCrealizaram-se as expericias mais radicais de teatro queat hoje no foram devidamente analisadas, entre outros motivos, porqueelas no correspondem s expectativas dos manuais franceses ou ameri-

    canos com que continuamos sendo alfabetizados. Os que se consideramdessas experincias tm muito a estudar e a fazer. Primeiro, descobrir eincorporar criticamente as experincias do naturalismo. Depois, conhe-cer a histria dos teatros livres (a verdadeira, no a escrita pelos inimi-gos). Em seguida, a extraordinria e riqussima histria do agit propdaRevoluo sovitica, sem a qual a obra de um Maiakovski fica incompre-ensvel. O captulo seguinte o alemo, que culmina em Brecht, o dra-maturgo e maior terico do teatro pico. Com essas informaes, ficarmais fcil enfrentar a tarefa de conhecer e dar a conhecer as experinciasdo teatro poltico no Brasil.

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    4 J tratei esquematicamente do fenmeno no ensaio A resistncia da crtica no teatro pico (1998).

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    Trata-se de tarefa urgente, porque tudo indica que ele comea a rea-parecer com muita vitalidade entre ns.

    COSTA, I. C. Political theater in Brazil.Trans/Form/Ao (So Paulo), v.24, p.113-120, 2001.

    ABSTRACT: This article consists in a characterization of Brazilian political

    theater, from the history of the political theater since antiquity, through the

    19th Century, the American theater to Brazilian theater of the 60s.

    KEYWORDS: Theater; politics; Brazilian theater.

    Referncias bibliogrficas

    COSTA, I. C.A hora do teatro pico no Brasil. So Paulo: Graal,1996.

    ______.Sinta o drama. Petrpolis: Vozes, 1998.

    DENNING, M.The Cultural Front. London: Verso, 1996.

    GAIFFE, F.Le drame en France au XVIIIme sicle. Paris:Armand Colin,1910.

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