Upload
nguyennhi
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
INCENTIVOS ECONÔMICOS AO CONTROLE DO DESMATAMENTO:
O QUE E QUAIS SÃO?
JORGE MADEIRA NOGUEIRA PhD, Universidade de Londres
Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade de Brasília
LEONARDO HASENCLEVER BORGES Mestrando em Gestão Econômica do Meio Ambiente
Instituto Internacional de Educação do Brasil
Estrutura da Apresentação
1. Uma década de desinformação?
2. Algumas características essenciais dos incentivos econômicos
3. Brasil na última década: proliferação de incentivos positivos
4. Quão positivos são os incentivos brasileiros ao controle do desmatamento?
5. Considerações Finais
• Incentivos econômicos e incentivos financeiros na política ambiental
brasileira são amplamente mencionados há quase uma década.
• O discurso de posse da então Ministra do Meio Ambiente Marina
Silva, exaltando a necessidade do uso de instrumentos econômicos
foi um elemento-chave na difusão da crença na eficácia de
instrumentos econômicos em complementação aos usuais
instrumentos de comando e controle.
• A realidade do período de Marina Silva no Ministério de Meio
Ambiente, assim como a dos seus sucessores, sugere que há uma
evidente desinformação do que são e de quais são os chamados
“incentivos econômicos” de política ambiental.
• De duas, uma: ou a análise econômica ambiental omite diversos
instrumentos e está enganada em relação às suas características
desejáveis ou os implementadores de política ambiental brasileira
são conhecedores de incentivos econômicos que ainda não foram
submetidos a estudos científicos de profundidade por economistas ambientais.
• A nossa hipótese central deste texto é que há uma significativa e
preocupante imprecisão no uso – técnico ou profano – dos termos
“incentivos econômicos” entre praticantes de política ambiental no
Brasil de hoje.
• Impostos, taxas, tributos, pagamentos, subsídios, incentivos, etc.
são usados, na pior das hipóteses, como sinônimos, ou como
equivalentes, em uma hipótese mais otimista, por “analistas” e
gestores que passaram a maior parte de suas vidas desancando a
teoria econômica ambiental (mesmo sem conhecê-la).
• Essa imprecisão pode ser danosa a seres humanos que tomem
decisões de investir seus recursos e suas poupanças em
“alternativas” propostas por esses nessa “nova onda” da política
ambiental brasileira.
• Em especial, pode ser danosa para produtores rurais que são os
sempre citados “incentivados”, mas que precisam ter cautela na
avaliação da atratividade de certos incentivos econômicos.
• Um exemplo consequências nocivas de promessas pouco
fundamentadas é o chamado Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL).
• Indicado como uma “fonte inesgotável de ganhos financeiros e
econômicos”, tem apresentado uma face pouco atraente nos
últimos anos.
• São inúmeros os instrumentos de política ambiental denominados
incentivos econômicos.
• Em um recente livro Sterner e Coria (2012) mostram que as
variações em torno desses incentivos são tão numerosas, que eles
podem chegar a algumas dezenas.
• Não obstante, podemos grupá-los em quatro categorias
abrangentes: tributos ambientais, subsídios ambientais,
direitos/licenças negociáveis e sistema depósito-reembolso.
• Independentemente da classificação, todo e qualquer incentivo
econômico ambiental deve possuir algumas características
conceituais:
• buscar maior eficiência na política ambiental;
• estimular a mudança de comportamento do agente privado por
meio da redução de seus custos necessários para a obediência às
exigências ambientais;
• ser complementares aos usuais instrumentos de comando e
controle;
• dependendo, portanto, de estruturas institucionais para alcançar a
eficácia desejável; e
• serem instrumentos que gerem efeitos distributivos (equidade)
significativos.
• A quantidade e a aparente variedade de incentivos econômicos
atualmente existente na política ambiental brasileira impressiona em
um primeiro momento.
• Nós identificamos pouco mais de quatro dezenas, mas temos
certeza que esse número pode ser ainda maior, como as demais
apresentações irão evidenciar.
Incentivos Positivos ao Controle do Desmatamento, Conservação de Estoques Florestais, Manejo Florestal Sustentável e Incremento
de Estoques Florestais
Resumo Quantitativo dos Incentivos Positivos Identificados e Analisados
Nível de Gestão Absoluto (n) Relativo (%)
Público
Federal 21 47,0
Estadual 18 40,0
Municipal 02 4,3
Não Publico
Não governamental 02 4,3
Privado 02 4,3
Total 45 100
• Não obstante, chama atenção o envolvimento de governos
estaduais.
• Apesar de o governo federal ainda ser o principal agente de difusão
de incentivos econômicos na política ambiental brasileira, diversos
estados estão buscando a diversificação de suas políticas
ambientais.
• Um outro ponto a destacar é o pequeno envolvimento da iniciativa
privada diretamente no estímulo a esses incentivos, apesar de um
não desprezível envolvimento indireto.
• Um aspecto que se destaca no uso de incentivos econômicos e de
incentivos financeiros na política ambiental brasileira é a prevalência
do subsídio ambiental sob diversas formas:
• Subvenção (pagamento direto)
• Crédito subsidiado
• Incentivo fiscal
• Preços mínimos subsidiados.
• E como eles estão em termos de desempenho relativamente aos
aspectos conceituais básicos destacados anteriormente, que aqui se
transformam em critérios de avaliação?
• A eficiência dos incentivos mapeados pode estar comprometida
devido a falhas de concepção, funcionamento e de falta de apoio ou
estrutura institucional.
• Há incidência de custos e geração de benefícios em quase todos os
incentivos positivos analisados; mas não é possível avaliar a relação
entre eles devido à ausência dados quantitativos.
• A conclusão é que não se pode precisar se os incentivos
identificados estão ou não alterando o comportamento de
agentes sociais para o controle do desmatamento, a conservação
de estoques florestais, o manejo florestal sustentável e o incremento
de estoques florestais.
• No entanto, destacamos que:
• (i) há grande incerteza quanto à definição do ponto de referência
(temporal, espacial ou ambiental) e
• (ii) o cálculo dos valores dos mesmos parece ser muito aquém do
ideal; na verdade, muitos dos valores praticados não trazem
elemento algum de incentivo.
• Incentivos positivos devem ser entendidos como instrumentos
complementares aos instrumentos de comando e controle e não
como substitutos.
• Em alguns casos, ao invés de se complementarem, os incentivos
positivos e os instrumentos de comando e controle podem se
contrapor.
• Mais ainda, incentivos positivos em muitos casos são opostos às
decisões de investir em atividades que degradam o meio ambiente e
produzir bens econômicos.
• Quanto às estruturas institucionais, muitas das experiências com
incentivos positivos ocorrem onde é possível (de uma perspectiva da
legislação existente) e não onde é desejável (porque a inexistência
inviabiliza a sua adoção).
• Efeitos distributivos assumem um papel fundamental na avaliação
dos incentivos econômicos na política ambiental brasileira.
• Apesar de apresentados como eminentemente voltados para que
objetivos ambientais sejam alcançados, eles não têm sido usados
exclusivamente para alcançar objetivos ambientais.
• Políticas eficazes para a redução da degradação ao meio ambiente
podem ser muito pouco eficazes na redução da pobreza.
• Analogamente, políticas eficazes na redução de pobreza, podem ser
desastrosas de uma perspectiva de alcançar metas ambientais.
• Ignorar isso pode causar um duplo desastre: degradação ambiental
e ampliação da pobreza.
• A adoção de incentivos positivos como instrumentos de política
ambiental é, em princípio, recebida com otimismo pelos economistas
ambientais.
• Esses incentivos são componentes da política ambiental de Estados
Unidos, União Européia e Japão desde o final dos anos 1970.
• Já foram dados alguns passos na direção correta.
• É essencial ampliar a capacidade de utilização dos incentivos
econômicos na política ambiental brasileira.
• Eles podem ser elementos essenciais na busca da compatibilização
entre geração de renda/produção/emprego e conservação do capital
natural.