Indicadores de Consumo de Energia Eletrica Como Ferramenta

7/21/2019 Indicadores de Consumo de Energia Eletrica Como Ferramenta

1/114

CLAYTON MORALES

INDICADORES DE CONSUMO DE ENERGIA ELTRICA

COMO FERRAMENTAS DE APOIO GESTO:

CLASSIFICAO POR PRIORIDADES DE ATUAO NA

UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Dissertao apresentada Escola

Politcnica da Universidade de SoPaulo para obteno do ttulo deMestre em Engenharia.

rea de Concentrao:

Sistemas de Potncia

Orientador:

Prof. Dr. Marco Antonio Saidel

So Paulo2007


2/114

ii

FICHA CATALOGRFICA

Morales, ClaytonIndicadores de consumo de energia eltrica como ferramen-

ta de apoio gesto: Classificao por prioridades de atuaona Univers idade de So Paulo / C. Morales. -- So Paulo, 2007.

101 p.

Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidadede So Paulo. Departamento de Engenharia de Energia e Auto-mao Eltricas.

1.Consumo de energia eltrica (Indicadores; Gerenciamen-to) I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departa-mento de Engenharia de Energia e Automao Eltricas II.t.

Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica doautor e com a anuncia de seu orientador.

So Paulo, 09 de Outubro de 2007.

___________________________Autor: Clayton Morales

___________________________Orientador: Marco Antonio Saidel


3/114

iii

CLAYTON MORALES

INDICADORES DE CONSUMO DE ENERGIA ELTRICA

COMO FERRAMENTAS DE APOIO GESTO:

CLASSIFICAO POR PRIORIDADES DE ATUAO NA

UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Dissertao apresentada EscolaPolitcnica da Universidade de SoPaulo para obteno do ttulo deMestre em Engenharia.

So Paulo2007


4/114

iv

DEDICATRIA

Aos meus Pais, Bernardo e Albeli pelo Amor, apoio

e incentivo durante toda a vida.

Aos meus amigos que sempre participaram de

minha formao pessoal.

Adriana, minha amiga, companheira e amante

pela compreenso e dedicao.


5/114

v

AGRADECIMENTOS

Agradeo a Deus e a seus anjos pela vida e as oportunidades dadas.

Aos meus pais pelo grande amor dedicado, apoio e incentivo durante toda

minha vida.

Aos meus amigos que sempre participaram direta ou indiretamente em minha

formao pessoal, ajudando a me tornar uma pessoa feliz.

Adriana, minha grande amiga, companheira e amante pela dedicao desde

que estamos juntos, pelo amor e compreenso nas fases mais complicadas.

CAPES, Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior,

pela bolsa de mestrado concedida.

Ao Prof. Saidel pela orientao durante este trabalho e pela confiana e

oportunidade em uma fase muito importante de minha vida.

Aos amigos do PEA pelo companheirismo, discusses e pelas conversas de

boteco.

Aos amigos do GEPEA pela amizade e auxlio no desenvolvimento deste

trabalho.

Enfim, agradeo a todos que participaram direta e indiretamente na preparao

desta dissertao.


6/114

vi

RESUMO

MORALES, C. Indicadores de consumo de energia eltrica como

ferramentas de apoio gesto: A classificao por prioridades de atuao na

Universidade de So Paulo. 2007. 100 p. Dissertao de Mestrado Escola

Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2007.

Este trabalho utiliza indicadores de energia para caracterizar unidades

consumidoras da Universidade de So Paulo pelo comportamento no uso da

eletricidade e estabelecer prioridades de atuao para gesto dos recursos e aes de

eficincia energtica. Os indicadores foram aplicados na base de dados de consumo

de energia extrados da ferramenta de gesto da USP, o SISGEN, juntamente com as

informaes fsicas, de ocupao, principais usos finais e custos de utilizao da

energia, em 48 unidades da Cidade Universitria Armando de Sales Oliveira. Os

resultados foram utilizados para elaborar listas de prioridades de atuao para cada

um dos indicadores e, a partir da anlise desses resultados foi possvel identificar

tendncias e semelhanas de comportamento no uso da energia eltrica no campus.

Visando auxiliar na anlise dos resultados, utilizou-se de uma classificao prvia por

especialidades de ensino ou atividades desenvolvidas e, dois perodos distintos, cujo

comportamento tende a sofrer alteraes, ou seja, letivo e frias escolares. De posse

de todas as informaes e resultados elaborou-se uma classificao final no intuito de

auxiliar os gestores na priorizao das aes de gesto dos recursos e eficincia

energtica.

Palavras-chave: Gesto de Energia, Eficincia Energtica, Indicadores de

Consumo de Energia, Comportamento no Uso da Energia, Ferramentas de Gesto.


7/114

vii

ABSTRACT

MORALES, C. Electric Energy consumption indicators as a management

support tool: Action priority classification at Universidade de So Paulo. 2007.

100 p. Dissertao de Mestrado Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So

Paulo, 2007.

The work here presented uses indicators to classify energy consumption units at

Universidade de So Paulo by consumption behavior and also to prioritize actions on

resources management and establish energy efficiency actions. Such indicators have

been applied to the energy consumption data base from the USP management tool,

called SISGEN, together with current information on: occupation; main final uses and

energy use costs gathered from 48 consumption units at Cidade Universitria Armando

de Sales Oliveira. The results have been used to elaborate action priority lists to each

one of the mentioned indicators. Besides, based on the analysis of these results, it has

been possible to identify tendencies and similarities on the electric energy use at the

campus. In order to support the results analysis, units have been previously classified

in education specialties or activity developed, and also in two different periods of the

year, when their behavior tend to vary: school vacation and teaching period. With all

results and necessary information in hands a final classification has been established

which goal was to support managers on prioritizing manage resources and establish

energy efficiency actions.

Key-words: Electric Energy Management, Energy Efficiency, Energy

Consumption Indicators, Behavior in the use of the Energy electric energy, Tools of

Management.


8/114

viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1:FLUXOGRAMA DE APLICAO DA METODOLOGIA PROPOSTA ....................................... 26

FIGURA 2:PARTICIPAO DOS CAMPI NO DISPNDIO COM ELETRICIDADE,2004(SAIDEL,2005) . 43

FIGURA 3TELA DE INCLUSO DAS INFORMAES DAS FATURAS DE ENERGIA (A4CONVENCIONAL). ................................................................................................................. 45

FIGURA 4GRFICO DA CURVA DE CARGA DIRIA DE UMA UNIDADE CONSUMIDORA. ................ 47

FIGURA 5:CONSUMO DESAGREGADO CUASO,1996(SAIDEL,2005) .......................................... 48

FIGURA 6:TECNOLOGIA DE ILUMINAO UTILIZADA (SAIDEL,2005) .......................................... 48

FIGURA 7:ESTRATIFICAO DA TECNOLOGIA DE ILUMINAO FLUORESCENTE (SAIDEL,2005) .. 49

FIGURA 8:CONSUMO X TEMPERATURAFEVEREIRO 2004(SAIDELET.AL.,2006)................... 51

FIGURA 9:EVOLUO DE CONSUMO CUASOJAN/05ANOV/06 .............................................. 54

FIGURA 10:CURVA DE CARGA MDIA MENSALOUTUBRO 2006 .............................................. 57

FIGURA 11:CONSUMO TOTAL X MONITORAMENTO SISGENOUTUBRO 2006 .......................... 57

FIGURA 12:CURVA DE CARGA MDIADIAS TEISOUTUBRO 2006....................................... 58

FIGURA 13:CURVA DE CARGA MDIADIASNO TEISOUTUBRO 2006............................... 58


9/114

ix

LISTA DE TABELAS

TABELA 1:POTENCIAL DE CONSERVAO DE ENERGIA ELTRICA EM EQUIPAMENTOS DE

ESCRITRIO (ALVAREZ,1998) ........................................................................................... 37

TABELA 2:ECONOMIA DE ENERGIA EM COMPUTADORES COM O ENERGY SAVER ACIONADO(SANTOS,2004) ................................................................................................................. 38

TABELA 3:DISTRIBUIO DE FATURAS POR CIDADE/CAMPUS (SAIDEL,2005) ............................. 42

TABELA 4:MONITORAMENTO DO SISGENNA CUASONOVEMBRO 2006. .............................. 52

TABELA 5:UNIDADES MONITORADAS CONSIDERADAS NO ESTUDO DE CASO................................ 53

TABELA 6:CLASSIFICAO PRVIA POR ESPECIALIDADE DE ENSINO OU ATIVIDADE .................... 56

TABELA 7:CLASSIFICAO POR FATOR DE POTNCIA.................................................................. 60

TABELA 8:CLASSIFICAO POR FATOR DE CARGA ...................................................................... 62

TABELA 9:FATOR DE CARGA POR ESPECIALIDADE/ATIVIDADE .................................................... 63

TABELA 10:CLASSIFICAO POR HORRIOS DE UTILIZAO ...................................................... 65

TABELA 11:HORRIOS DE UTILIZAO POR ESPECIALIDADE/ATIVIDADE .................................... 66

TABELA 12:CLASSIFICAO POR USURIOS DA ENERGIA -GERAL .............................................. 67

TABELA 13:CLASSIFICAO POR USURIOS DA ENERGIA -ESPECIALIDADE/ATIVIDADE .............. 68

TABELA 14:CLASSIFICAO POR REA EDIFICADA -GERAL........................................................ 68

TABELA 15:CLASSIFICAO POR REA EDIFICADA -ESPECIALIDADE/ATIVIDADE........................ 69

TABELA 16:CLASSIFICAO POR USO FINAL:AR CONDICIONADO E REFRIGERAO.................. 71

TABELA 17:CLASSIFICAO POR USO FINAL:AR CONDICIONADO E REFRIGERAOREAEDIFICADA............................................................................................................................ 71

TABELA 18:CLASSIFICAO POR USO FINAL:AR CONDICIONADO E REFRIGERAOUSURIOS............................................................................................................................................. 71

TABELA 19:CLASSIFICAO POR USO FINAL:ILUMINAO ........................................................ 72

TABELA 20:CLASSIFICAO POR USO FINAL:EQUIPAMENTOS DE INFORMTICAUSURIOSGERAL .................................................................................................................................. 73


10/114

x

TABELA 21:CLASSIFICAO POR USO FINAL:EQUIPAMENTOS DE INFORMTICAUSURIOS PORESPECIALIDADE/ATIVIDADE .................................................................................................. 74

TABELA 22:INDICADORES FINANCEIROS:CUSTOS ENERGIA ELTRICA NA CUASOUSURIOS EREA EDIFICADA.................................................................................................................. 76

TABELA 23:INDICADORES FINANCEIROS:CUSTOS PERCENTUAIS POR UNIDADEUSURIOS PORPERODO LETIVO E FRIAS ..................................................................................................... 76

TABELA 24:INDICADORES FINANCEIROS:CUSTOS PERCENTUAIS POR UNIDADEREA EDIFICADAPOR PERODO LETIVO E FRIAS .............................................................................................. 77

TABELA 25:LISTA DE PRIORIDADES FINALINCIDNCIA DE INDICADORES ................................ 94

TABELA 26:LISTA DE PRIORIDADES FINALINCIDNCIA DE INDICADORES POR ESPECIALIDADE 94


11/114

xi

ABREVIATURAS UTILIZADAS

CUASO CIDADE UNIVERSITARIA ARMANDO DE SALES OLIVEIRA

ANEEL AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA

CCEE CMARA DE COMERCIALIZAO DE ENERGIA ELTRICA

USP UNIVERSIDADE DE SO PAULO

PUREUSP PROGRAMA PARA O USO EFICIENTE DE ENERGIA NA USP

GEPEA GRUPO DE ENERGIA DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIADE ENERGIA E AUTOMAO ELTRICAS DA ESCOLAPOLITCNICA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

UC UNIDADE CONSUMIDORA

PROCEL PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAO DE ENERGIAELTRICA

COESF COORDENADORIA DO ESPAO FSICO DA USP

ONS OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA


12/114

xii

SUMRIO

1. INTRODUO 1

1.1. MOTIVAES 81.2. OBJETIVOS 81.3. ESTRUTURA 9

2. A GESTO DA ENERGIA E A UTILIZAO DE INDICADORES 11

2.1. GESTO DE ENERGIA VISO GERAL 122.2. CONCEITUAO E UTILIZAO DOS INDICADORES ENERGTICOS 132.3. INDICADORES GLOBAIS 15

2.3.1. FATOR DE CARGA 152.3.2. FATOR DE POTNCIA 162.3.3. INDICADOR DE USO DA ENERGIA POR HORRIOS DE UTILIZAO 172.4. INDICADORES ESPECFICOS 182.4.1. INDICADOR POR USURIO DA ENERGIA 192.4.2. INDICADOR POR REA EDIFICADA 212.4.3. INDICADORES POR USO FINAL DA ENERGIA 222.5. INDICADORES FINANCEIROS 23

3. METODOLOGIA DE UTILIZAO DE INDICADORES DE CONSUMO COMOREFERNCIA DE AES DE EFICINCIA ENERGTICA. 25

3.1. CARACTERIZAO DAS UNIDADES POR INDICADORES GLOBAIS 263.2. CARACTERIZAO DE UNIDADES POR INDICADORES ESPECFICOS 293.2.1. INDICADOR POR USO DA ILUMINAO 303.2.2. INDICADOR POR USO DE SISTEMAS DE AR-CONDICIONADO E REFRIGERAO 323.2.3. INDICADOR POR USO DE EQUIPAMENTOS DE INFORMTICA 363.2.4. INDICADOR POR UTILIZAO DE OUTROS EQUIPAMENTOS 393.3. AVALIAO E ATUAO COM BASE NA LISTA DE PRIORIDADES 39

4. O EXEMPLO DE GESTO NA UNIVERSIDADE DE SO PAULO 41

4.1. OCONSUMO DE ENERGIA NA USP 41

4.2. AGESTO DA ENERGIA NA USP 434.3. FERRAMENTAS UTILIZADAS 444.3.1. CONTALUZ WEB 444.3.2. SISGEN 464.4. PRINCIPAIS USOS FINAIS 474.4.1. ILUMINAO 484.4.2. AR-CONDICIONADO 494.4.3. OUTROS EQUIPAMENTOS 51

5. APLICAO DA METODOLOGIA NA CIDADE UNIVERSITRIA ARMANDO DESALES OLIVEIRA - CUASO. 52


13/114

xiii

5.1. PERFIL DE MONITORAMENTO CUASO. 565.2. CLASSIFICAO POR FATOR DE POTNCIA 595.3. CLASSIFICAO POR FATOR DE CARGA 61

5.4. CLASSIFICAO POR HORRIOS DE UTILIZAO 645.5. CLASSIFICAO INDICADOR POR USURIOS DA ENERGIA 675.6. CLASSIFICAO INDICADOR POR REA EDIFICADA 685.7. CLASSIFICAO INDICADOR POR USO FINAL SISTEMAS DE REFRIGERAO E ARCONDICIONADO 695.8. CLASSIFICAO INDICADOR POR USO FINAL SISTEMAS DE ILUMINAO 725.9. CLASSIFICAO INDICADOR POR USO FINAL EQUIPAMENTOS DE INFORMTICA 725.10. CLASSIFICAO POR INDICADOR FINANCEIRO 74

6. ANLISE DOS RESULTADOS 78

6.1. INDICADORES GLOBAIS 796.1.1. FATOR DE POTNCIA 796.1.2. FATOR DE CARGA 806.1.3. CONSUMO POR HORRIOS DE UTILIZAO 816.2. INDICADORES ESPECFICOS 826.2.1. CONSUMO POR USURIOS DA ENERGIA 826.2.2. CONSUMO POR REA EDIFICADA 846.2.3. CONSUMO POR USO FINALSISTEMAS DE REFRIGERAO E AR CONDICIONADO 846.2.4. CONSUMO POR USO FINALSISTEMAS DE ILUMINAO 866.2.5. CONSUMO POR USO FINALEQUIPAMENTOS DE INFORMTICA 866.2.6. CUSTOS COM ENERGIA ELTRICA 87

7. CONCLUSES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS 89

7.1. SUGESTO PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS 95

8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 96


14/114

1

1. INTRODUO

Na maior parte das atividades de desenvolver, produzir, criar, ensinar e em

outras, a eletricidade esta presente em diversas etapas, iluminando, movimentando,

processando, ou seja, permitindo, facilitando e proporcionando conforto aos usurios

da energia, por ela produzida. Atualmente uma das fontes de energia secundria

mais utilizada em todo o mundo, o que a torna muito importante para a economia e

manuteno de diversos setores, na maioria dos pases.

Nos casos em que a energia eltrica utilizada nos processos, essa passa a

ser parte dos custos, de qualquer que seja o produto ou servio realizado com sua

contribuio. Sendo assim, controlar os gastos com energia eltrica se torna

importante em todas as instalaes que faam seu uso, melhorando a competitividade

diante ao mercado, reduzindo seus custos na produo ou prestao de servios.

Alm de diminuir os gastos com energia, este controle contribui tambm com a

preservao do meio ambiente, no que diz respeito expanso dos sistemas de

gerao, transmisso e distribuio da energia eltrica.

As aes que visam a minimizao dos custos com esse insumo, geralmente,

no so simples e requerem estudos e anlises de informaes fsicas e dos usos

finais de energia, nas unidades. Em muitos casos, as aes provenientes dos estudos

voltados aos equipamentos e estruturas fsicas dos locais que utilizam energia eltrica

no so atrativas economicamente, por no reduzirem significativamente os gastos, a

ponto de justificar a implantao de novas tecnologias e programas que visam a

eficincia energtica, devido ao tempo de retorno do investimento inicial. No entanto,


15/114

2

outros parmetros podem ser considerados para viabilizar as aes de eficincia,

dependendo da poltica e objetivos das instituies, como por exemplo, s questes

de preservao do meio ambiente, melhoria das condies de trabalho e outras.

Desta forma, por envolver diversas reas de atuao, o que exige uma equipe

qualificada, ferramentas de apoio e uma direo administrativa comprometida com tais

questes, algumas instituies cometem o equvoco de simplesmente ignorar os

potenciais de economia que possuem, transferindo assim os custos com o uso da

eletricidade para seus produtos e servios. No entanto, alguns exemplos de sucesso

demonstram que a unio de equipes bem qualificadas, com o apoio e orientao

administrativa necessrios, podem proporcionar grandes resultados no que diz

respeito a evitar gastos desnecessrios com a utilizao da eletricidade.

Baseados nos casos bem sucedidos de atuao em eficincia energtica

encontram-se vrios termos utilizados para controle de gastos com energia eltrica.

A eficincia energtica apresenta atualmente uma diversidade de

conceitos, estando geralmente associadas dicotomia medidas

implementadas/resultados alcanados na reduo do crescimento da

procura de energia, ou seja, de uma melhor utilizao final da energia.

Conceitos como conservao de energia, utilizao racional de

energia, gesto de energia, gesto da procura de energia, esto

associados eficincia energtica (Ferreira, 1995, p. 3).

Embora seja de grande importncia, a eficincia energtica ainda um assunto

recente para muitos pases, instituies e consumidores de energia. Algumas


16/114

3

referncias apontam que, as aes de racionalizao de energia foram impulsionadas

a partir das primeiras crises do petrleo na dcada de 70, ... que teve como

conseqncia, dentre outras, lembrar que a energia um bem esgotvel, escasso e

com preos altamente instveis (Ferreira e Ferreira, 1994, p. 11). A partir desse

momento, diversos pases tomaram conscincia da dimenso da fragilidade da

economia, em relao aos meios de energia utilizados em diversos setores.

Isso evidencia que, seja qual for a energia utilizada, esta deve ser encarada

como um bem a ser preservado e utilizado de forma consciente:

A energia, como instrumento que permite dar satisfao s

necessidades criadas pelo desenvolvimento socioeconmico,

desempenha um papel fundamental nas economias e por isso deve ser

encarada como um bem a ser utilizado de forma eficiente e racional,

integrando-se na perspectiva abrangente da utilizao racional dos

recursos (Ferreira e Ferreira, 1994, p. 11).

As adversidades encontradas nas pocas de crises iniciaram um processo de

busca a alternativas, que diminussem a fragilidade dos setores da economia perante

as crises dos insumos energticos. Nesta busca, houve a evoluo da tecnologia de

equipamentos, na explorao e distribuio dos recursos naturais, usos finais e fontes

alternativas para gerao de energia.

Muito se avanou nos aspectos tecnolgicos, porm, as alternativas so, em

muitos casos, de custo elevado, o que no viabiliza a implementao em curto e

mdio prazo e, sendo assim, as aes de conscientizao para o uso racional se


17/114

4

tornam o meio de menor custo, que pode gerar benefcios em curto, mdio e longo

prazo.

Alguns exemplos internacionais podem ser citados como referncias de aes

de combate ao desperdcio de energia. O trabalho realizado por FARINHA, et. al,

(1988), alm de apresentar de forma organizada a dependncia de diversos setores

da economia portuguesa, em relao s fontes de energia, traa um plano com vrias

diretrizes, mais voltadas s pequenas e mdias empresas, estimando os potenciais de

economia e qual o percentual de participao da energia no preo final do produto. Em

AEBISCHER, et. al. (2003) realizado um estudo em restaurantes, em diversos

pases, comparando o consumo e criando indicadores para o setor, baseados nas

informaes fsicas e comportamentais, com o objetivo de subsidiar as aes de

eficincia no uso da energia.

Outros estudos so realizados no sentido de classificar os setores em relao

ao consumo de energia, voltados s questes do meio ambiente, como por exemplo,

(SCHIPPER, et. al. 2001; WORLD ENERGY COUNCIL, 2001; UYTERLINDE, 2000).

Em alguns casos, so apresentadas oportunidades de reduo do uso da energia,

com a utilizao de tecnologias mais avanadas, que vo desde a gerao at os usos

finais, com o intuito de reduzir a emisso de gases de efeito estufa e garantir o

desenvolvimento sustentvel.

No caso especfico do Brasil, a conscincia de racionalizao comeou a ser

difundida na dcada de 80, com estudos e aes pontuais de eficincia energtica e,

em dezembro de 1985, pelo Ministrio de Minas e Energia e da Indstria e Comrcio,


18/114

5

criou-se o PROCEL, Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica,

inicialmente gerido por uma Secretaria Executiva subordinada Eletrobrs.

Criado com o objetivo de promover a racionalizao da produo e do

consumo de energia eltrica, para que se elimine o desperdcio e se reduzam os

custos e os investimentos setoriais. (PROCEL1, 2006), o PROCEL atua em diversos

setores, desde a educao e conscientizao sobre o uso da energia eltrica at o

combate s perdas nos sistemas de gerao, transmisso e distribuio de energia,

passando por iniciativas de classificar equipamentos em escalas de eficincia

(etiquetagem), orientando os consumidores no momento da aquisio.

No processo de evoluo do programa, algumas preocupaes foram o foco

das aes, assim houve o interesse nas pesquisas e desenvolvimentos tecnolgicos, a

incorporao de novas tecnologias ao acervo cientfico e tecnolgico, a promoo de

assistncia tecnolgica ao segmento industrial, da conservao de energia eltrica

atravs da normalizao, padronizao e certificao de equipamentos. Assim,

atravs da anlise destas questes, percebeu-se que o PROCEL apresentava um

razovel potencial no combate ao desperdcio de energia eltrica, apesar de seu

carter setorial e, aps a fase inicial de implantao e identificao de potenciais, foi

transformado em programa de governo.

Em 18 de julho de 1991, por Decreto Presidencial, o PROCEL deixou

de ser um programa setorial e foi transformado em Programa de

Governo, tendo sua abrangncia e responsabilidades ampliadas, com

1 http://www.eletrobras.gov.br/procel - Acesso: 04/2006


19/114

6

interaes e repercusses diretas na sociedade como um todo. O

Programa passou a no se restringir apenas ao setor eltrico,

articulando-se, a partir de ento, com todos os segmentos da

sociedade direta ou indiretamente ligados produo e ao uso da

energia eltrica (ANEEL/ANP, 1999).

Embora as iniciativas de eficincia energtica no Brasil, atravs do PROCEL,

tenham sido iniciadas na dcada de 80, este tema no atingiu todos os potenciais de

economia de energia que o pas possua e, um acontecimento importante, no ano de

2001, foi que o colocou em destaque. Nos anos de 2001 e 2002 o pas sofreu o

racionamento de energia, na maioria das regies do pas. Este racionamento seja por

falta de investimentos no setor, por falta de planejamento ou a falta de eficincia no

uso da energia, marcou, profundamente, o histrico do consumo de energia no pas,

sendo que, metas de reduo do consumo foram impostas pelo governo, que obrigou

os consumidores a mudanas radicais em seus hbitos, com a pena de cobrana de

penalidades pelo no cumprimento de tais metas.

A partir deste episdio, muito se mudou no consumo de energia eltrica no pas,

seja na indstria, comrcio ou nas residncias. Embora a reduo tenha sido imposta

pelo governo federal, esta mudana, evidenciou a existncia de grandes potenciais de

reduo no consumo em diversos setores. No entanto, quanto mais distante fica a

lembrana deste acontecimento, mais os hbitos de utilizao racional se depreciam,

sugerindo que as aes de eficincia energtica devem ser constantes em um

processo de atualizao. Esta tendncia mostra que uma Gesto efetiva pode manter

os bons hbitos e promover, cada vez mais, as aes de combate ao desperdcio.


20/114

7

Seja qual for o ramo de atividade, no processo de gesto da energia eltrica,

vrios aspectos devem ser levados em considerao para apoiar as decises e aes,

no que diz respeito ao uso eficiente. Sendo assim, necessrio conhecer bem as

instalaes e os processos que utilizam a energia eltrica. Este conhecimento prvio

vai desde os equipamentos at os contratos firmados com as concessionrias,

permissionrias ou comercializadoras de energia.

Algumas ferramentas de apoio so necessrias para que os gestores das

unidades conheam o comportamento e hbitos de uso da energia. Dentre as

ferramentas podem-se citar as ferramentas de gesto de faturas e monitoramento do

consumo, que criam um histrico das unidades e fundamentam as decises e

estimativas dos responsveis pela gesto. Outra ferramenta importante so os

indicadores de consumo, que podem ser estabelecidos atravs de dados histricos ou

a partir da classificao da unidade e seus usos finais.

Os indicadores baseados no consumo da energia eltrica nas unidades

consumidoras ainda no so amplamente utilizados nos processos de gesto dos

recursos destinados a energia. No entanto, diversos trabalhos foram realizados no

intuito de encontrar os indicadores que auxiliassem no controle e acompanhamento do

consumo, porm, devido dificuldade no levantamento das informaes necessrias,

a quantidade de equipamentos utilizados em uma nica unidade e as particularidades

da utilizao, geralmente os indicadores figuram em segundo plano nos processos de

gesto da energia.


21/114

8

1.1. Motivaes

A motivao para este trabalho deve-se as ferramentas de monitoramento de

consumo e gesto de faturas na USP, que geram uma quantidade expressiva de

informaes de diversas unidades consumidoras com atividades semelhantes, mas

com particularidades devido s especificidades das unidades e hbitos de utilizao

da energia eltrica. As informaes provenientes destas ferramentas servem de base

para o processo de gesto da energia nos campi da universidade, realizadas pelo

pureusp(Programa para o Uso Eficiente de Energia na USP). Exemplo de sucesso na

gesto dos recursos destinados energia eltrica, o pureusp desenvolve diversas

atividades como palestras para conscientizao dos usurios, gesto de contratos

celebrados com as concessionrias, aplicao de projetos de eficincia energtica nas

unidades e outras.

Aps uma classificao prvia das unidades, a grande quantidade de dados

oriunda das ferramentas de apoio possibilita a gerao de indicadores, que podem

auxiliar os gestores nas aes de eficientizao do uso da energia nas instalaes da

USP e em outras com caractersticas semelhantes.

1.2. Objetivos

O objetivo deste trabalho elaborar uma classificao de unidades

consumidoras utilizando indicadores de consumo, com base nos dados histricos de

consumo de energia eltrica.

A partir das informaes de consumo de energia eltrica, extradas da

ferramenta de gesto de consumo da USP e das informaes fsicas, de ocupao e


22/114

9

utilizao das unidades, extradas do anurio da universidade o objetivo utilizar

indicadores que abordem os principais usos finais das instalaes, caracteriz-las por

suas especificidades e semelhanas na utilizao da energia, e assim, auxiliar na

priorizao das aes de gesto e eficincia energtica.

O estudo de caso na Cidade Universitria Armando de Sales Oliveira - CUASO,

que possui monitoramento de grande parte de seu consumo de energia eltrica,

possibilitar a comparao entre unidades e validar a proposta.

1.3. Estrutura

A Metodologia proposta foi desenvolvida a partir de estudos e pesquisas

realizadas no GEPEA2 e utilizao das ferramentas de gesto utilizadas nos

processos do pureusp.

Inicialmente, no captulo 2, so apresentadas noes e definies de gesto da

energia eltrica, assim como os principais indicadores energticos. O objetivo dessa

exposio fornecer informaes bsicas dos conceitos de gesto e descrever os

indicadores utilizados.

A metodologia de utilizao de indicadores energticos, como referncia de

aes de eficincia energtica, apresentada no captulo 3. Esta metodologia tem

como objetivo auxiliar os gestores ou equipes de gesto a caracterizar unidades

consumidoras, por suas especialidades, ramos de atuao, informaes fsicas,

2Grupo de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automao Eltricas da Escola

Politcnica da Universidade de So Paulo.


23/114

10

demogrficas, usos finais e pelos hbitos no uso da energia eltrica, atravs de

aplicao de indicadores energticos. Esta caracterizao auxiliar na elaborao de

uma lista de prioridades de atuao, visando o auxilio da gesto e aes de eficincia

na utilizao da energia eltrica.

Exemplo de Gesto bem sucedido, no captulo 4 se tem um resumo das aes

adotadas no combate ao desperdcio de energia eltrica e as principais caractersticas

da Universidade de So Paulo. Em (SAIDEL, 2005) detalhada a utilizao de energia

eltrica em todos os campi da USP e as experincias com a gesto deste insumo.

Nesta exposio, so citadas as ferramentas utilizadas pelos gestores, que so base

de estudos e auxiliam no processo de controle dos gastos com energia eltrica.

No capitulo 5, os indicadores so aplicados s informaes da CUASO e criada

uma lista de prioridades de atuao para cada um dos indicadores utilizados.

A anlise dos resultados obtidos com a aplicao dos indicadores realizada

no capitulo 6 para facilitar as concluses e comentrios descritos no captulo 7.


24/114

11

2. A GESTO DA ENERGIA E A UTILIZAO DE INDICADORES

O termo gesto definido com o ato de gerir, ou seja, gerenciar e administrar e,

vem sendo utilizado em vrios seguimentos de ramos de atividade diferenciados,

como sendo a forma ou metodologia para melhorar processos e organizar

procedimentos de maneira a obter o menor custo e a melhor qualidade de produtos e

servios. So associadas a este termo, vrias tcnicas e ferramentas para auxiliar as

decises dos responsveis pela gesto.

Na rea de utilizao de energia eltrica, a definio da gesto est diretamente

ligada ao uso eficiente e, geralmente, as ferramentas utilizadas no processo de busca

e manutenes da eficincia no uso da energia so aquelas que fornecem

informaes essenciais para fundamentar as decises dos gestores, como por

exemplo, as de gerenciamento de consumo, que criam o histrico de consumo de

energia da unidade em relao a utilizao e os usos finais da eletricidade, gerando

relatrios e grficos, utilizados para o acompanhamento e verificao da eficincia das

iniciativas aplicadas s unidades monitoradas e identificao de comportamentos de

uso. Outra ferramenta importante a de gesto das faturas, emitidas pela

concessionria, permissionria ou comercializadora de energia, que alm de criar o

histrico de consumo da unidade com as informaes dos perodos de faturamento,

so importantes para a gesto financeira, evitando multas por atrasos nos pagamentos

e eventualmente corrigindo falhas de cobrana.

As informaes provenientes das ferramentas de apoio ou a partir de

levantamentos nas unidades podem ser utilizadas para gerar indicadores que em


25/114

12

diversos ramos de atividade so utilizados como referncia, para auxiliar na

identificao de potenciais de economia e tendncias de mudana no comportamento.

Podem-se citar vrios exemplos de utilizao de indicadores, como na economia de

um pas, crescimento populacional, custo por produo e vrios outros. Com a energia

eltrica acontece de forma semelhante, vrios indicadores energticos so utilizados

para verificar e controlar os gastos com este insumo, visando a eficincia.

SCHIPPER et. al. (2001), em um trabalho de comparao de vrios

seguimentos de uso da energia em vrios pases, com relao emisso de CO 2,

define que os indicadores da energia descrevem as ligaes entre o uso da energia e

a atividade humana em uma estrutura desagregada. So essencialmente medidas do

consumo de energia e dos fatores subjacentes que dirigem esse consumo. Cita ainda

que as relaes de energia consumida por unidade de uma dada atividade so

utilizadas a fim de detectar as mudanas na eficincia da energia e que o clculo das

intensidades da energia desagregada requer dados detalhados da atividade realizada.

2.1. Gesto de Energia Viso Geral

Embora o termo gesto seja largamente utilizado, nem sempre aplicada de

maneira coerente e, em inmeras oportunidades, este termo definido somente como

sendo parte de processos cotidianos e em algumas vezes at associado a membros

ou lderes de equipes e administradores. Algumas definies podem ser encontradas

para o tema, como em FERREIRA e FERREIRA (1994), que define que gerir energia

consiste em conhecer os consumos energticos (por que, como, onde e quando se

consome energia), contabilizar e seguir a evoluo dos consumos de energia, dispor


26/114

13

de dados para a tomada de deciso, agir para otimizar e controlar o resultado das

aes e investimentos realizados. Em SAIDEL (2005), a gesto conceituada da

seguinte forma:

A gesto de energia pode ser conceituada como um conjunto de

fundamentos, tcnicas e ferramentas de ordenamento e conservao

de energia, visando seu aproveitamento timo em bases sustentveis,

viabilizando estratgias de soluo de problemas scio-ambientais

presentes e futuros, minimizando a ocorrncia de conflitos e

sustentabilizando as atividades econmicas, conservando

simultaneamente os ecossistemas envolvidos.

Sendo assim, a gesto pode ser definida de inmeras maneiras, levando em

considerao os objetivos a alcanar. No entanto, pode-se, de forma geral, apresent-

la como sendo o conjunto de informaes e experincias extradas de processos,

ferramentas, participao pessoal em atividades correlatas (experincia profissional),

com contribuies de intuio e criatividade, que indicam ou subsidiam determinada

equipe, departamento ou instituio a agir visando o benefcio global, seja ele

institucional, financeiro ou social.

2.2. Conceituao e Utilizao dos Indicadores Energticos

Os indicadores de consumo ou indicadores energticos so os resultados do

cruzamento de informaes fsicas ou administrativas, com as grandezas eltricas

medidas/registradas ou custos/gastos da energia de determinado pas, regio, ramo

de atividade, unidade ou usos finais.


27/114

14

Os indicadores podem ser definidos e classificados de vrias formas, como

ANEEL/ANP (1999, P.246), que define os indicadores, baseados em alguns critrios,

como sendo ... instrumentos de comunicao de informaes quantitativas sobre a

sustentabilidade de sistemas energticos para tomadores de decises e o grande

pblico....

Em FERREIRA e FERREIRA (1994), os indicadores so estabelecidos atravs

de relaes e de variveis que podem ser usadas ao nvel macro e micro com o

objetivo de monitorar as variaes e desvios na eficincia energtica dos sistemas e,

classifica-os como macroindicadores, nos casos em que so utilizados dados de um

pas, regio, ramo de atividade ou uso final e microindicadores, nos casos de

aplicaes em edifcios, indstrias ou residncias. Neste mesmo trabalho, os

indicadores so separados ainda em dois grandes grupos, sendo os descritivos, que

caracterizam a situao de eficincia energtica sem procurar a justificativa para as

suas alteraes ou desvios e os explicativos, que explicam as razes pelas quais se

deram variaes ou desvios nos indicadores descritivos.

De forma geral, os indicadores podem ser classificados em dois grandes

grupos, de indicadores globais e especficos, levando em considerao as

informaes fsicas das unidades ou setores a serem caracterizados, porm, h

tambm os indicadores financeiros, que podem ser associados aos globais e

especficos, demonstrando os custos de acordo com a utilizao da energia eltrica.

Alguns indicadores mais simples podem ser extrados das faturas de energia ou

de uma medio paralela, especialmente nos casos de atendimento em tenso de


28/114

15

distribuio secundaria (Grupo B3), pois so submetidos a tarifao do tipo monmia

em que so se obtm apenas os valores de consumo. Outros podem ser encontrados

em estudos e trabalhos realizados, como em FAVATO (2005) e ALVAREZ (1998).

2.3. Indicadores Globais

Os indicadores classificados como globais caracterizam a instalao ou unidade

a partir das questes tcnicas, apontando a eficincia do uso da energia eltrica de

uma forma geral. Alguns indicadores globais so utilizados na fase inicial de

caracterizao, identificando problemas nas instalaes, do ponto de vista tcnico ou

comportamental.

2.3.1. Fator de Carga

O Fator de Carga, obtido atravs das faturas de energia ou medies paralelas,

mostra como a energia eltrica utilizada em uma determinada instalao, no que diz

respeito demanda de potncia, e pode ser calculado, para um determinado intervalo

de tempo:

maxmax Dt

E

D

DFC med

==

(1)Em que:

maxD , o mximo valor da demanda de potncia no intervalo de tempo t;

3 Grupo B: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tenso inferior a

2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tenso superior a 2,3 kV e faturadas neste Grupo nos termos

definidos nos arts. 79 a 81, caracterizado pela estruturao tarifria monmia e subdividido nos

seguintes subgrupos... (ANEEL, 2000)


29/114

16

medD , o valor mdio da demanda de potncia no mesmo intervalo de

tempo; e E, corresponde energia consumida neste intervalo.

Quanto mais prximo da unidade, o fator de carga indica que a energia

consumida com valores mdios de potncia prximos dos valores mximos, no

intervalo de tempo considerado e, quanto mais prximo de zero indica que a energia

consumida com os valores mximos de potncia, distantes dos valores mdios, comexceo de casos especficos, durante maior parte do intervalo.

Desta forma, para os consumidores enquadrados na estrutura tarifria do Grupo

A4, levando em considerao os valores de contratao de demanda, perante a

concessionria, pode-se dizer que quanto mais prximo da unidade for o Fator de

Carga, menor ser o custo unitrio da energia consumida.

2.3.2. Fator de Potnc ia

O fator de potncia de uma unidade ou instalao deve ser considerado como

um indicador energtico importante, pois pode auxiliar na avaliao do

dimensionamento dos equipamentos alimentadores, do ponto de vista de sobrecarga.

Nos casos de verificao de valores abaixo do mnimo especificado em norma,

acarreta em penalidades aplicadas pela concessionria de energia.

4 Grupo A: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tenso igual ou

superior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tenso inferior a 2,3 kV a partir de sistema subterrneo de

distribuio e faturadas neste Grupo nos termos definidos no art. 82, caracterizado pela estruturao

tarifria binmia e subdividido nos seguintes subgrupos...(ANEEL, 2000)


30/114

17

A correo do fator de potncia, nos casos em que houver a identificao de

valores abaixo do especificado ou quando necessria em expanses da unidade, do

ponto de vista do uso da eletricidade, importante para evitar perdas nos

equipamentos de alimentao e penalidades por baixos valores.

O valor mdio de fator de potncia, nos casos de consumidores do Grupo A,

pode ser obtido com as informaes provenientes das faturas de energia eltrica

emitidas pela concessionria. Porm, para realizar a correo, quando necessria,

geralmente necessria uma medio que registre os valores de energia ativa e

reativa nos intervalos de integrao de 1 (uma) hora (ANEEL, 2000), podendo ser

obtido atravs da razo entre a energia eltrica ativa e a raiz quadrada da soma dos

quadrados das energias eltricas ativa e reativa:

22 ErEa

Ea

FP += (2)

Em que:

Ea , Energia ativa consumida no intervalo de tempo, em kWh;

Er, Energia reativa consumida no mesmo intervalo de tempo, em kVAr.

2.3.3. Indicador de uso da energia por horrios de util izao

A caracterizao pelo horrio de utilizao da energia, leva em considerao a

sazonalidade de consumo e a baixa atividade em determinados horrios. Este tipo de

indicador destaca a parcela de consumo nos horrios de baixa atividade, em

comparao com os de maior atividade, auxiliando na identificao do tipo de

equipamentos mais utilizados nos perodos.


31/114

18

FAVATO (2005), um trabalho que aplica diversos indicadores globais em

unidades de ensino superior, classifica a utilizao por horrio como PCR (ndice

Percentual de Consumo Noturno verificado no Perodo de Faturamento Reservado) e

tem por objetivo caracterizar qual o impacto do consumo noturno, observado durante

o Perodo Reservado de uma Unidade Consumidora (UC), no Consumo Total:

)(

)(

kWhinstalaodatotalEnergia

kWhreservadoperiodonoEnergiaPCR= (3)

Este indicador pode ser aplicado nos horrios de ponta e fora de ponta, ou em

perodos determinados, no entanto, necessrio que as informaes de consumo

sejam separadas nos horrios de interesse. Algumas destas informaes podem ser

obtidas das faturas de energia ou atravs de uma ferramenta de apoio que requisite as

informaes de potncia ao longo do dia.

Ainda em FAVATO (2005), outros indicadores so utilizados para comparar a

demanda mxima dos perodos verificados, em que, aliados s informaes de

ocupao e funcionamento das unidades, auxilia na avaliao dos contratos e futuros

projetos de novas instalaes.

2.4. Indicadores especficos

Os indicadores especficos tm a finalidade de avaliar o comportamento de uso

da energia eltrica de determinada instalao, levando em considerao as

informaes fsicas, de ocupao e os usos finais. Geralmente, os resultados so

utilizados para comparaes em instalaes semelhantes e para conscientizao e

orientao dos usurios.


32/114

19

O acompanhamento e atualizao dos indicadores especficos pode identificar

tendncias de mudanas no comportamento, podendo assim auxiliar na renovao

contratual das unidades e na avaliao da eficcia das aes de reduo de consumo

aplicadas nas instalaes.

2.4.1. Indicador por usurio da energia

O indicador por usurio da energia pode ser calculado dividindo-se o consumo

em um determinado perodo pelo nmero de usurios da unidade. Levando em

considerao a ocupao total, com os horrios de funcionamento e o consumo total

em determinado perodo, se obtm o consumo mdio por usurio. Este tipo de

indicador, na maioria dos casos, no aponta qual o real comportamento de uso da

energia eltrica na unidade, no entanto, a segregao dos usurios em setores,

cargos e horrios de funcionamento, pode auxiliar na identificao dos reais potenciais

e quais os focos das aes de eficincia energtica.

Os usurios podem ser separados por rea, setor, departamento, cargo e

outros, desde que se obtenha a parcela de consumo do grupo de usurios, como em

ALVAREZ (1998), em que so apresentados alguns indicadores levando em

considerao grupos de usurios separados em docentes e alunos, como por

exemplo, o indicador Docente Equivalente (DE) e Aluno Equivalente (AE).

O nmero de Docente e Aluno equivalente leva em considerao o tempo de

permanncia dos usurios nas dependncias da unidade:


33/114

20

== n

i

hiNiDE

1 40

*(4)

Em que:

Ni , o nmero de docentes no regime de trabalho i ;

hi , o nmero de horas do regime de trabalho i ; e

n , nmero de regimes de trabalho diferentes.

== n

i

hiNiAE

1 40

*(5)

Em que:

Ni , o nmero de alunos no regime de estudo i ;

hi , o nmero de horas do regime de estudo i ; e

n , nmero de regimes de estudo diferentes.

ALVAREZ (1998) utiliza as informaes de Aluno e Docente equivalente no

clculo do indicador energtico mensal por usurios. De maneira mais abrangente

pode-se apresentar o indicador por usurio:

tUs

EnIue

.= (6)

Em que:

En, a energia consumida no intervalo de tempo t, expresso em kWh;

Us, o nmero total ou grupo de usurios que utilizam a energia; e

t, corresponde ao perodo analisado.


34/114

21

Estes indicadores podem ser utilizados para analisar o perfil de consumo dos

usurios da energia, e tomando-se como referncia um valor padro, de acordo com o

tempo de utilizao e o estilo do consumo de cada tipo de usurio, possvel

identificar potenciais de reduo aliados aos hbitos de uso da energia.

2.4.2. Indicador por rea edificada

O indicador por rea edificada obtido da razo do consumo de energia em um

determinado perodo, pelo produto da rea til e o intervalo de tempo verificado:

tA

EnIar

.= (7)

Em que:

En, a energia consumida no intervalo de tempo t, expresso em kWh;

A, a rea til da unidade ou ambiente que utiliza a energia expresso em

m2; e


Este indicador pode ser utilizado na comparao de instalaes que tenham

atividades semelhantes. Assim, podem-se obter nmeros (baseados em unidades

modelos ou metas a atingir) de uma unidade padro ou referncia e, comparando os

nmeros obtidos em outras unidades, verificar a eficincia do uso da energia e seus

potenciais de economia.


35/114

22

2.4.3. Indicadores por uso final da energia

De maneira anloga, possvel utilizar indicadores por uso final utilizado na

instalao verificada. Este tipo de indicador requer um levantamento prvio, com o

intuito de desagregar o consumo em seus usos finais. Vrias tcnicas podem ser

aplicadas para o levantamento e desagregao de consumo, que no so levadas em

considerao neste tpico.

O indicador por uso final pode ser obtido a partir da razo da energia consumida

no uso final especfico (iluminao, climatizao de ambientes e outros) em um

determinado perodo, pelo produto de uma varivel especfica (rea til, usurios,

produo e outros) e o perodo analisado.

tVe

EufIuf

*= (8)

Em que:

Euf, a energia consumida no uso final especfico, no intervalo de tempo

t, expresso em kWh;

Ve, varivel especfica utilizada no indicador; e


De maneira anloga ao indicador por rea edificada, os indicadores por uso

final auxiliam a estabelecer padres e referncias de consumo. Desta forma, estes

indicadores podem auxiliar na escolha de tecnologia na aquisio de equipamentos,

verificao da eficincia dos equipamentos em funcionamento e comparao com


36/114

23

outras unidades para verificar a eficincia e os potenciais de economia na utilizao da

energia eltrica.

2.5. Indicadores Financeiros

Os indicadores financeiros, tratando-se de energia eltrica, podem mostrar

como os recursos so distribudos dentro de uma determinada unidade consumidora.

Aplicados ao longo do tempo, os resultados obtidos de ordem crescentes no indicam

com certeza que houve aumento no consumo ou falta de eficincia no uso.

Na linguagem coloquial, muitas vezes, a referncia ao termo

Conservao de Energia ou Economia de Energia ocorre com o

sentido de economia de recursos. Essa conotao precisa ser

discutida: o custo da energia, em particular da eltrica, cresceu acima

da inflao acumulada nos ltimos dez anos e deve permanecer nesta

tendncia em funo das regras de reajustes tarifrios e regras de

tributao do setor (SAIDEL, 2005).

(SAIDEL, 2005) alerta para o crescimento constante dos custos no uso da

energia eltrica, sendo assim, o aumento dos custos ao longo do tempo poder ser

verificado com a aplicao de indicador financeiro, comparando a proporo dos

recursos destinados parte, em relao ao total da unidade, no uso da energia

eltrica, levando em considerao as informaes de rea edificada, usos finais e

usurios da energia.


37/114

24

tVe

ENT

EnCT

Ifin

*

*

= (9)

Em que:

CT o custo total com energia eltrica;

En a parcela do total da energia consumida, da parte verificada, no

intervalo de tempo t, expresso em kWh;

ENT a energia total do ambiente verificado;

Ve, varivel especfica (usurios, rea e etc); e


Os resultados obtidos com os indicadores financeiros auxiliam na verificao

das evolues nos custos com energia eltrica e a parcela de contribuio das

unidades, usos finais, usurios e outros, nas evolues.


38/114

25

3. METODOLOGIA DE UTILIZAO DE INDICADORES DE

CONSUMO COMO REFERNCIA DE AES DE EFICINCIA

ENERGTICA.

A metodologia descrita a seguir tem o intuito de caracterizar unidades

consumidoras, a partir de seu histrico de consumo e aplicao dos principais

indicadores energticos. Tem o intuito de auxiliar na gesto do consumo de energia

eltrica, priorizando as aes de eficincia e combate ao desperdcio nas unidades

com maiores potenciais de economia de energia eltrica. No entanto, a aplicao

desta metodologia no extinguir um diagnstico energtico aprofundado nas

unidades, no entanto, possibilitar aos gestores, o conhecimento prvio dos potenciais

de reduo e quais as aes necessrias para atingir os objetivos desejados.

A caracterizao inicial das unidades pode ser realizada atravs das

informaes fsicas (rea de utilizao), finalidades da utilizao (produtos, prestao

de servios e outros), equipamentos utilizados, quantidade de usurios e tempo de

utilizao, pois esto diretamente associadas aos hbitos de uso da energia.

Alm de essenciais na caracterizao inicial da unidade, essas informaes so

importantes para elaborar indicadores e planos de ao que visam tornar as

instalaes mais eficientes, do ponto de vista do uso da eletricidade.

A metodologia consiste na identificao das unidades a serem classificadas por

ordem de prioridade, o levantamento das informaes fsicas, de ocupao e as

informaes de consumo das unidades, com a aplicao dos indicadores energticos,


39/114

26

gerando uma lista de prioridade para cada indicador utilizado e, de posse das listas,

gerar a classificao geral por prioridades com uma lista final.

FIGURA 1:FLUXOGRAMA DE APLICAO DA METODOLOGIA PROPOSTA

3.1. Caracterizao das Unidades por Indicadores Globais

O conhecimento das informaes iniciais que caracterizam as unidades por

suas atividades aliadas aplicao dos indicadores globais no histrico de consumo,

poder identificar eventuais problemas nas instalaes e os perodos de maior

consumo, levando em considerao a sazonalidade dos perodos.

Definio das unidadesconsumidoras

Classificao GeralLista final de prioridades

Elaborao da listade prioridades n

Elaborao da listade prioridades 2

Elaborao da listade prioridades 1

Aplicao doIndicador 2

Aplicao doIndicador 1

Aplicao doIndicador n

Levantamento das informaesfsicas e de ocupao

Caracterizao Prvia dasunidades consumidoras

Levantamento das

informaes de consumodas unidades


40/114

27

Os nmeros obtidos com a aplicao dos indicadores sero base para

correes de fator de potncia, ajustamento de contratos e atuao interna, para

desagregar o consumo em seus usos finais e detectar quais equipamentos so

utilizados em cada perodo.

A verificao do indicador Fator de Potncia nos perodos analisados, evitar

gastos desnecessrios com penalidades nas faturas de energia eltrica por

ultrapassagens de energia reativa, pois ser base de estudo para correo deste fator

(quando for o caso).

A anlise do indicador Fator de Carga nos perodos analisados, poder servir

de base para caracterizar o comportamento no uso da energia, possibilitar estudos

para aes de conscientizao e modificaes nos hbitos de utilizao dos usurios,

alm de fornecer subsdios para o ajustamento dos contratos de energia, levando em

considerao as demandas contratadas e eventualmente, solicitando as vantagens de

unidade com caractersticas de sazonalidade previstas em resoluo do rgo

regulador (ANEEL, 2000).

O indicador PCR caracteriza a unidade por seu consumo no Perodo

Reservado5, em relao ao consumo total da unidade. Os nmeros obtidos com a

aplicao deste indicador classificam as unidades com prioridades de atuao, no

5 ... perodo de 6 horas consecutivas, compreendido, a critrio da concessionria, entre 23 h e 30 min e

06h e 30 min, apenas os fatores de potncia ft inferiores a 0,92 capacitivo, verificados em cada

intervalo de 1 (uma) hora... (ANEEL, 2000).


41/114

28

intuito de identificar equipamentos que permanecem em funcionamento nos perodos

de baixa atividade nas instalaes. Podem ser utilizados na comparao de unidades

com caractersticas semelhantes e na orientao dos usurios, com relao a

mudanas nos hbitos de consumo de energia, visando a eficincia energtica.

Com a aplicao dos indicadores globais as prioridades de atuao so

definidas de acordo com as necessidades, seguindo os seguintes critrios:

Correo de Fator de Potncia: As unidades que apresentarem valores

abaixo do mnimo exigido, de acordo com as resolues do rgo

regulador, devero ter maior prioridade, pois a correo deste fator evitar

gastos desnecessrios no uso da eletricidade. Neste caso, a classificao

dever ser em ordem decrescente, iniciando com as unidades de maior

consumo no perodo.

PCR: Aps a classificao por fator de potncia, a prioridade de atuao

dever ser por aquelas unidades que apresentarem os maiores valores de

consumo no perodo reservado, pois com aes simples de verificao

das instalaes, pode-se evitar o consumo desnecessrio nos perodos

de baixa atividade humana nas instalaes.

Fator de Carga: A atuao pelo Fator de Carga exige uma anlise mais

detalhada dos perodos em verificao, exigindo, em alguns casos, uma

quantidade maior de perodos para caracterizao, com relao a

sazonalidade.


42/114

29

Esta classificao das unidades, por prioridade de atuao, importante para

orientar a equipe de gesto e administrao, nos casos de investimentos, visando a

melhor relao entre custo e benefcio e ser utilizada na caracterizao por

indicadores especficos.

3.2. Caracterizao de Unidades por Indicadores Especficos

Para caracterizar as unidades a partir dos indicadores especficos, as

informaes iniciais de caractersticas fsicas, de ocupao, horrios de funcionamento

e principais usos finais, so essenciais. Assim como os indicadores globais, os

especficos consideram as particularidades de cada unidade e os resultados sero

prximos da realidade, tanto quanto forem detalhadas as informaes iniciais.

Inicialmente, pode-se caracterizar a unidade utilizando os indicadores por rea

de utilizao, com as informaes de consumo e rea edificada, ou seja, os nmeros

mostraro o consumo por m2, que so utilizados para priorizar as atuaes e comparar

unidades com caractersticas semelhantes, de acordo com o questionrio de cadastro.

Este indicador poder ser detalhado por rea especifica, como por exemplo,

departamentos, setores, regies e outros, desde que se conhea a parcela de

consumo e a rea das instalaes.

O indicador por usurio da energia pode proporcionar grandes resultados, no

que diz respeito caracterizao do comportamento no uso da energia, no entanto,

existe uma grande dificuldade de estimar a permanncia dos usurios nas

dependncias de determinadas instalaes, na maioria das unidades, ou seja, a

variao constante dos usurios pode ocultar informaes importantes para a gesto


43/114

30

da energia. Porm, para efeito de comparao de unidades com usurios com

caractersticas semelhantes, este indicador pode ser referncia para o controle, e

assim, deve ser levado em considerao na classificao das prioridades de atuao.

A anlise dos usos finais utilizados de grande importncia para avaliar o

desempenho e a eficincia das tecnologias utilizadas nos equipamentos. A

comparao dos equipamentos utilizados com os de tecnologias mais recentes,

subsidia os projetos de substituio e manuteno corretiva, prevendo a melhora na

eficincia energtica. No entanto, para obter nmeros coerentes, que auxiliem as

aes de eficientizao, as informaes sobre os usos finais devem ser detalhadas no

questionrio de cadastro. A seguir, alguns dos principais usos finais so considerados

na classificao de unidades por prioridades de atuao.

3.2.1. Indicador por uso da iluminao

A iluminao com uso da energia eltrica est presente em praticamente todas

as unidades consumidoras. responsvel por, aproximadamente, 23% do consumo

de energia eltrica no setor residencial, 44% no setor comercial e servios pblicos e

1% no setor industrial., (ELETROBRS/PROCEL, 2001, p. 167).

Sendo um dos principais usos finais nas residncias, comrcio e servios

pblicos e, responsvel por uma parcela considervel do consumo de energia eltrica

no Pas, a iluminao e seus equipamentos merecem ateno especial e devem ser

utilizados de maneira eficiente para evitar desperdcios. Este uso final, em muitas

unidades consumidoras, possui um potencial de economia de energia eltrica

considervel, pois equipamentos com tecnologias consideradas no eficientes ainda


44/114

31

so muito utilizados, os hbitos no uso no so eficientes e os procedimentos de

manuteno no consideram a manuteno preventiva e substituio por

equipamentos adequados.

Embora possua grandes potenciais de economia de energia, estimar o consumo

do uso final com iluminao, desagregando do consumo dos demais utilizados em

uma instalao, no simples e, por isso, tais potenciais no so amplamente

explorados. Alguns mtodos so utilizados para desagregar o consumo em sistemas

de iluminao e, na maioria dos casos, existe a necessidade de realizar levantamento

nas unidades, verificando a quantidade e tipo de iluminao utilizada. Com o resultado

do levantamento, possvel estimar o consumo associando com os horrios de

funcionamento dos ambientes e a potncia nominal dos equipamentos.

A estimativa de consumo desagregado pode carregar uma parcela de erro

considervel, na maior parte das unidades. Para obter valores muito prximos dos

reais, seria necessria uma medio nos principais pontos de consumo, para verificar

o comportamento dos usurios com relao iluminao e assim projetar nas demais

dependncias, ou ainda, uma medio em cada ponto de alimentao dos sistemas, o

que praticamente impossvel, do ponto de vista fsico e econmico.

Sendo assim, geralmente opta-se por utilizar as metodologias que consideram

um determinado erro na estimativa, como por exemplo, a de realizar levantamento da

quantidade e tipo de iluminao.

Aps desagregar o consumo possvel utilizar-se do indicador por uso final,

item 2.4.3, para verificar a eficincia do sistema, comparando-se com unidades


45/114

32

semelhantes com equipamentos e hbitos de uso mais eficientes. Sendo assim,

podem-se relacionar o consumo de energia nos sistemas de iluminao a qualquer

outra varivel possvel, tomando como exemplo, a rea edificada, nmero de usurios,

produo e outros. A escolha da melhor varivel depender das caractersticas da

unidade e os critrios para priorizar as aes de eficincia, devero ser estabelecidos

pelo gestor ou equipe de gesto da energia.

Uma alternativa para estabelecer prioridades por este uso final comparar a

eficincia da tecnologia utilizada, com as de tecnologias mais recentes. Esta

comparao identificar possveis potenciais de reduo com a substituio ou

manuteno do sistema atual.

Para estimar o consumo da nova tecnologia dos sistemas de iluminao,

necessita-se de aplicar a metodologia de consumo desagregado e, as unidades

devero ser priorizadas de forma decrescente, de acordo com o potencial apresentado

na comparao das tecnologias.

3.2.2. Indicador por uso de sistemas de Ar-Condicionado erefrigerao

Ar Condicionado, segundo a definio tcnica de aplicao, o processo de

tratamento de ar destinado a controlar simultaneamente a temperatura, a umidade, a

pureza e a distribuio de ar de um meio ambiente (ELETROBRS/PROCEL, 2001, p.

274).

Estes ambientes podem ser destinados tanto ao conforto humano ou animal,

neste caso os sistemas aplicados so vulgarmente chamados de ar condicionado de


46/114

33

conforto, ou em ambientes destinados ao desenvolvimento de determinados

processos industriais ou laboratoriais, e neste caso, o sistema passa a ser chamado

por sistema de ar condicionado de processo.

Segundo diferentes levantamentos estatsticos, o consumo de energia

no Brasil envolve um consumo de energia eltrica distribudo da

seguinte forma: 46.9% pela indstria, 22.3% pelo setor residencial,

14,1% pelo setor comercial e 8,69% pelo setor pblico. Dentro do setor

residencial o maior vilo de energia eltrica so aparelhos de

refrigerao e ar condicionado, que representam 33% do consumo

desse setor. Uma reduo de apenas 1% do consumo dos

equipamentos de refrigerao residenciais, representaria uma

economia de cerca de 30 GWh/ano. J no setor comercial, 20% do

consumo de energia eltrica se devem aos aparelhos de ar

condicionado (central e de janela). Apenas atravs desses dois setores

pode ser visto que 10,17% do consumo de energia eltrica total do pas

se deve a aplicaes de ar condicionado e refrigerao nas quais o

componente mais importante, do ponto de vista da converso de

energia em um ciclo de refrigerao, o compressor (LaAR6, 2006).

Por representar grande parte do consumo de energia eltrica, os equipamentosde refrigerao e ar condicionado so importantes no processo de gesto da energia

eltrica.

6 Laboratorio de Ar-condicionado e Refrigerao - Universidade de Braslia - Faculdade de Tecnologia

Departamento de Engenharia Mecnica http://www.laar.unb.br/saibamais_compressores.htm -

Acesso 05/2006.


47/114

34

Para explorar os potenciais de economia de energia eltrica nos sistemas de

refrigerao e ar condicionado e, verificar a eficincia dos sistemas utilizando-se dos

indicadores de consumo necessrio desagregar o consumo desses equipamentos

dos demais utilizados nas unidades.

Os equipamentos de refrigerao utilizados em processos industriais, e os

equipamentos utilizados para a climatizao de ambientes, para proporcionar conforto

trmico, possuem caractersticas especficas e, uma das alternativas para desagregar

o consumo destes equipamentos, utiliza-se das informaes de potncia em TR7 e

seus coeficientes de eficincia (EER8) e performance (COP9). Alm das informaes

tcnicas, outros parmetros como as caractersticas arquitetnicas, a carga trmica, a

temperatura ambiente e a rea climatizada, que influenciam diretamente no consumo

dos equipamentos, so essenciais.

As caractersticas de arquitetura influenciam o consumo, pois o tipo de paredes,

forro, janelas e orientao solar, sofrem influncia das variaes de temperatura,

aumentando assim a carga trmica e conseqentemente o consumo de energia

eltrica no condicionamento do ambiente. Outras caractersticas podem influenciar no

aumento da carga trmica, como por exemplo, o tipo de iluminao utilizada.

7TR = Tonelada de Refrigerao

8EER = Energy Efficiency Rate (Razo de Eficiencia Energtica) expresso em BTU/h / Watts (PROCEL,

2002).

9COP = Coefficient of Performance: Medido em Watts de capacidade de refrigerao por Watt eltrico

consumido (Lee, A. S.; et. al., 2001).


48/114

35

Vrios estudos foram realizados com o intuito de estimar o consumo e demanda

de equipamentos de refrigerao e condicionamento de ambientes, como em BEN-

NAKHI e MAHMOUD (2004), que utilizaram redes neurais nesta estimativa, a partir da

caracterizao dos ambientes estudados e informaes de temperatura ambiente e,

WESTPHAL e LAMBERTS (2003) que utilizam parmetros climticos, como

temperatura mnima e mxima em um perodo, para analisar o comportamento da

carga trmica de ambientes climatizados.

A variao de eficincia energtica dentre os tipos de tecnologias existentes

outra questo que deve ser levada em considerao no momento da escolha e

aquisio, tanto para projetos novos, quanto para retrofit do sistema. Esta variao

considerada em LEE et. al. (2001), que utiliza uma ferramenta computacional para

auxiliar na simulao de comparao de conceitos de eficincia energtica aplicados

em 2 (dois) novos edifcios, com as demais unidades. Neste trabalho realizado um

levantamento de potncias dos equipamentos de ar condicionado e, com este

levantamento estimou-se o consumo para a posterior comparao com as demais

tecnologias.

Outros tipos de ferramentas que auxiliam no processo de desagregar o

consumo de energia eltrica com este tipo de sistema so aquelas que comparam as

informaes de temperatura ambiente, com o histrico de consumo das unidades.

SAIDEL et. al. (2006) descreve uma metodologia, aplicada em uma ferramenta

computacional, que utiliza as informaes histricas da curva de carga de uma

determinada unidade para prever a demanda nos perodos para os prximos dias. Os

resultados obtidos, na relao da temperatura mdia diria com o consumo dirio,


49/114

36

mostraram que existe uma variao grande no consumo e demanda da unidade a

partir de uma determinada temperatura e que pode ser associado ao consumo de

energia eltrica nos sistema de refrigerao e ar condicionado.

De forma anloga iluminao, aps desagregar o consumo possvel utilizar-

se do indicador por uso final, item 2.4.3, para verificar a eficincia do sistema,

relacionando o consumo de energia eltrica, a qualquer outra varivel possvel,

tomando como exemplo, a rea edificada, usurios, produo e outros. Da mesma

forma, a escolha da melhor varivel depender das caractersticas da unidade e, os

critrios para priorizar as aes de eficincia, devero ser estabelecidos pelo gestor ou

equipe de gesto da energia.

A comparao do sistema atualmente utilizado com outros de tecnologia mais

eficiente poder ser uma alternativa para estabelecer prioridades no plano de aes

de eficincia energtica.

3.2.3. Indicador por uso de equipamentos de Informtica

O uso de computadores e perifricos (impressoras, digitalizadores e outros)

cresceu muito nas ultimas dcadas. Este crescimento fez com que a parcela de

consumo de energia eltrica com estes equipamentos aumentasse significativamente.

Impulsionados pelo acesso cada vez maior das pessoas internet e

pela informatizao das empresas e escritrios, o seguimento dos

equipamentos de informtica traz consigo um aumento significativo no

consumo de energia eltrica, seja pelo nmero de microcomputadores

instalados e dos perifricos a eles associados, seja pelo aumento


50/114

37

gerado no consumo dessas mquinas, causado por sua maior

capacidade de processamento (SANTOS et. al., 2004)

Sendo assim, as aes de eficincia energtica neste tipo de uso final devem

ser consideradas nos processos de gesto do uso e hbitos de consumo dos usurios.

Aes simples podem proporcionar grandes resultados, como por exemplo, a

utilizao do programa Energy Saver, que reduz automaticamente a energia

consumida pelos equipamentos de escritrio que, apesar de ligados, ficam inativos

quando em ociosidade. A tabela 1 mostra o potencial de conservao nos diversos

equipamentos de escritrio.

TABELA 1:POTENCIAL DE CONSERVAO DE ENERGIA ELTRICA EM EQUIPAMENTOS DE ESCRITRIO (ALVAREZ,1998)

Equipamentos Potencial de conservao (%)

Microcomputador 80

Impressora 65

Fotocopiadora 60Fax 50

O processo para desagregar o consumo dos equipamentos de escritrio dos

demais utilizados nas unidades, conta com o levantamento da quantidade de

equipamentos e horrios de utilizao.

A quantidade de equipamentos existentes pode ser facilmente obtida nosdepartamentos de controle de patrimnio das instituies e o levantamento dos

horrios de funcionamento e utilizao podem ser obtidos atravs de entrevistas com

os usurios ou responsveis pelas unidades.


51/114

38

Com a potncia mdia dos equipamentos e informaes de uso, possvel

estimar o consumo com estes usos finais. A tabela 2 contm a potncia de alguns

equipamentos e a estimativa de economia com a utilizao do programa Energy

Saver.

TABELA 2:ECONOMIA DE ENERGIA EM COMPUTADORES COM O ENERGY SAVER ACIONADO (SANTOS,2004)

ModeloOperaoNormal

[W]

Energy SaverAcionado10

[W]

Economia deEnergia [%]

Pentium III 866Monitor 17 123 71 42,2

AMD 450Monitor 15

108 51 52,7




Aps estimar o consumo dos equipamentos de informtica possvel verificar a

eficincia na utilizao com esses equipamentos atravs do indicador por uso final,

item 2.4.3, relacionando com a quantidade de usurios dos equipamentos. Este

indicador alm de fazer parte do critrio de priorizao das aes de eficincia, poder

ser parmetro para avaliao do aumento ou substituio de mquinas. Esta avaliao

dever ser realizada pela administrao e as questes de prioridade na caracterizaodas unidades, pelo gestor ou equipe de gesto.

10Apenas com o desligamento do monitor.


52/114

39

3.2.4. Indicador por util izao de outros equipamentos

A aplicao dos indicadores energticos nos demais usos finais depender das

caractersticas de utilizao das unidades. Dentre os equipamentos mais utilizados,

podem-se citar os motores eltricos, que tm grande influncia no consumo nos

setores industriais, equipamentos de aquecimento de gua, muito utilizados em

hospitais, residncias e escolas, aquecimento de ambientes, utilizados em algumas

regies e pases com temperaturas baixas e em criadouros de animais.

Todos os conceitos de aplicao dos indicadores e processos para desagregar

o consumo podero ser aplicados aos demais usos finais, considerados importantes

no processo de gesto da energia eltrica.

3.3. Avaliao e Atuao com Base na Lista de Prior idades

As aes para tornar as instalaes mais eficientes do ponto de vista do uso da

eletricidade devero ser baseadas na caracterizao elaborada a partir dos resultados

da aplicao dos indicadores. Para cada um dos indicadores aplicados, dever ser

elaborada uma lista classificando as unidades por ordem de prioridade baseando-se

nos nmeros obtidos.

Baseando-se nas listas de prioridades de todos os indicadores, devero ser

identificadas as unidades com maior incidncia, sendo assim, as cinco primeiras

unidades de cada uma das listas devem ser relacionadas, criando a lista de

prioridades final geral.


53/114

40

Aps a elaborao da lista final, estudos devero ser realizados para detectar

as aes de retorno imediato e baixo custo de implantao e, as aes de

conscientizao e orientao do uso eficiente da energia eltrica devero ser

priorizadas e iniciadas com a maior brevidade, em todas as unidades, iniciando por

aquelas com maiores potenciais.

As aes de retrofit dos sistemas de iluminao, refrigerao e ar condicionado,

devero passar por um estudo mais detalhado, com o intuito de levantar custos e

analisar o retorno dos investimentos aplicados.

A avaliao dos gestores ou equipe de gesto essencial e poder alterar a

ordem da lista, de acordo com as avaliaes de retorno financeiro, as urgncias das

unidades verificadas e a experincia dos gestores.

Todo o processo de utilizao dos indicadores de consumo no auxlio gesto

de energia dever ser constantemente atualizado pelos gestores, pois a manuteno e

boa avaliao dos nmeros obtidos evitaro os erros na distribuio dos recursos e

possivelmente, proporcionar bons resultados.


54/114

41

4. O EXEMPLO DE GESTO NA UNIVERSIDADE DE SO

PAULO

Criada em 1934, a Universidade de So Paulo possui instalaes que se

estendem por 20 municpios do Estado de So Paulo. Suas maiores instalaes esto

na Capital, So Carlos, Ribeiro Preto, Piracicaba, Pirassununga e Bauru. Alm

destas, a USP mantm instalaes em mais 14 cidades distribudas no litoral e interior

de So Paulo.

Com uma rea de aproximadamente 76,5 milhes de metros quadrados, possui

um total de rea construda de 1.601,2 mil m2. Fizeram uso destas instalaes 84.158

alunos, 5.222 docentes e 15.289 funcionrios, segundo informaes de 2005 (USP,

2006).

A energia eltrica faz parte de todas as atividades desenvolvidas nestas

instalaes e constitui infra-estrutura imprescindvel em muitas delas.

4.1. O Consumo de energia na USP

A Universidade de So Paulo possui mais de 300 faturas de energia,

distribudas na capital, litoral e interior de So Paulo, conforme tabela 3.


55/114

42

TABELA 3:DISTRIBUIO DE FATURAS POR CIDADE/CAMPUS (SAIDEL,2005)

Campus Nmero de Unidades Consumidoras

Grupo A Grupo BSo Paulo 13 14

Ribeiro Preto 30 75

Piracicaba 38 118

So Carlos 5 4

Bauru 2 5

Pirassununga 1 0

outras cidades 6 15

Total 95 231

Todas essas unidades alcanaram em 2004 um consumo de 110GWh, com

uma demanda mxima de potncia de cerca de 31,7 MW, com custos mensais

superiores a R$ 2.000.000,00 (SAIDEL, 2005).

A partir dos nmeros ligados utilizao da eletricidade na USP, fica evidente a

importncia de uma boa gesto do uso da energia. Devido dimenso das instalaes

e a grande diversidade de atividades realizadas, as aes de eficincia, do ponto de

vista tecnolgico e orientao de usurios para que utilizem a energia eltrica de

forma consciente, possuem custo muito elevado e exigem a atuao constante de

profissionais especializados na rea.

Dentre todas as unidades, a CUASO (Cidade Universitria Armando de Sales

Oliveira), localizada na capital, a maior do ponto de vista de consumo de energia,

contribuindo com aproximadamente 58% do consumo total da USP, com demanda

mxima superior a 16 MW e um total de mais de 55% dos custos com a energia,

conforme grfico da figura 1.


56/114

43

55,3%

8,5%

8,1%

12,0%

2,4%

10,0%2,8% 0,8% CUASO

SP-CUASO

So Carlos

Ribeiro Preto

Pirassununga

Piracicaba

Bauru

Outros

FIGURA 2:PARTICIPAO DOS CAMPI NO DISPNDIO COM ELETRICIDADE,2004(SAIDEL,2005)

Atendida em tenso de sub-transmisso no sub-grupo A211, possui uma nica

fatura, com a distribuio para suas diversas unidades alocadas na CUASO, realizada

por rede de atendimento prpria. Neste caso, a dificuldade da gesto se torna ainda

maior, pois as informaes das faturas de energia, posicionam os gestores sobre as

condies da unidade. Sendo assim, para realizar a gesto individual das unidades,

necessria uma ferramenta que fornea informaes semelhantes s da

concessionria.

4.2. A gesto da energia na USP

Um bom exemplo de gesto a Universidade de So Paulo, que possui um

programa de gesto de energia denominado pureusp (Programa para o Uso Eficiente

de Energia na USP), ligado COESF (Coordenadoria do Espao Fsico da USP).

Desde 1997, o pureusp tem promovido aes para alcanar a eficincia nas

11Sub-grupo A2: Consumidores atendidos em tenses entre 88 kV e 138 kV.


57/114

44

instalaes da Universidade, estas aes vo desde elaborao de projetos para

substituio de equipamentos obsoletos, com baixa eficincia, orientao dos

usurios de como utilizar a energia eltrica eficientemente.

A descrio detalhada de toda a histria, aes e resultados da experincia da

USP com a gesto da energia so apresentados em (SAIDEL, 2005).

4.3. Ferramentas Util izadas

No intuito de conhecer suas instalaes e como utilizada a energia eltrica, a

Universidade de So Paulo desenvolveu ferramentas que registram as informaes de

perfil de consumo das unidades e das faturas de energia eltrica, para fornecer

subsdios para a criao dos planos de ao, no que diz respeito eficincia

energtica em suas instalaes. As principais so o Contaluz Web, sistema de gesto

de faturas e o SISGEN, sistema de gerenciamento de consumo de energia eltrica.

4.3.1. Contaluz web

O CONTALUZ Web um sistema de gerenciamento de faturas de energia

eltrica que armazena as informaes das faturas emitidas pelas concessionrias,

permissionrias ou comercializadoras de energia, elaborando relatrios, grficos e

outros recursos. Seu objetivo a reduo de custos das unidades cadastradas nosistema, atravs do controle de prazos de pagamento, multas e eventuais cobranas

indevidas.

O sistema visa o bom conhecimento das principais informaes de contratos e

faturas de energia, que essencial para realizar uma boa gesto energtica. Desta


58/114

45

maneira, o CONTALUZ rene em banco de dados, com interface via Web, todas as

informaes de faturas de energia eltrica. Destinado gesto corporativa de faturas

de energia, o CONTALUZ encontra-se implantado na Universidade de So Paulo

desde 1998, armazenando as informaes de todas as 326 unidades consumidoras

dos diversos campi.

A operao do sistema conta com a participao dos responsveis dos

departamentos e unidades dos diversos campi da Universidade, os quais todos os

meses incluem as informaes das faturas de energia, das quais so responsveis,

enviando uma cpia aos gestores do PURE USP. A figura 2 apresenta um exemplo de

tela para a insero das informaes da fatura de energia no sistema.

FIGURA 3TELA DE INCLUSO DAS INFORMAES DAS FATURAS DE ENERGIA (A4CONVENCIONAL).

Aps a incluso das informaes, os gestores do PURE realizam a validao

das faturas e utilizam as informaes atravs de relatrios, para atuar de forma

corretiva e preventiva em todas as unidades consumidoras.


59/114

46

4.3.2. Sisgen

O SISGEN um sistema de informao autnomo para suporte gesto de

energia e de contratos de fornecimento, voltado para empresas e instituies

interessadas em conhecer melhor o seu perfil de consumo de energia e atuar de forma

a racionalizar esse consumo e reduzir despesas, atendendo as expectativas dos

consumidores cativos de mdio e grande porte, consumidores livres e concessionrias

de energia.

Trata-se de um sistema que visa a gesto corporativa da energia eltrica, na

medida em que permite o monitoramento remoto de mltiplas unidades de consumo e

independe dos usurios para a realizao de suas principais funes, como a coleta e

armazenamento de dados, acompanhamento das grandezas eltricas envolvidas,

emisso de alarmes e relatrios.

O SISGEN conta com um programa de monitorao que permite o

acompanhamento e tratamento, em terminal remoto, de diversas grandezas (energia

ativa e reativa, demanda, fator de potncia, tenso e corrente), que caracterizam o uso

da energia eltrica. Adicionalmente, conta com programas responsveis pela

aquisio automtica de dados e acompanhamento das grandezas medidas.

A figura 3 apresenta uma tela do SISGEN, expressando uma curva diria de

uma unidade consumidora.


60/114

47

FIGURA 4GRFICO DA CURVA DE CARGA DIRIA DE UMA UNIDADE CONSUMIDORA.

4.4. Principais Usos Finais

Um estudo realizado em 1996 na CUASO, descrito com detalhes em SAIDEL,

2005, apresentou o consumo desagregado conforme a figura 4.

Os valores obtidos mostraram-se coerentes com a expectativa, a

anlise qualitativa e as pesquisas de hbito e uso apontavam a forte

participao dos usos finais iluminao e ar condicionado no consumo

de energia do tipo de edificao e atividade presente na CUASO. A

parcela correspondente iluminao pblica est considerada na

parcela equipamentos, e foi estimada em 7%. Estudos posteriores

permitiram avaliar que 2% do consumo correspondiam a

microcomputadores, restando aos diversos equipamentos, de uso

variado nas instalaes, 42% (SAIDEL, 2005).


61/114

48

32%

17%

51%

Iluminao

Ar-condicionado

Equipamento emicrocomputadores

FIGURA 5:CONSUMO DESAGREGADO CUASO,1996(SAIDEL,2005)

4.4.1. Iluminao

O sistema de iluminao um dos principais consumos da universidade,

representando cerca de 32% do consumo total da CUASO. Desta maneira, foi

realizado um levantamento para verificar quais as tecnologias utilizadas nos sistemas

de iluminao. As informaes foram extradas do Projeto CONSERVUSP, detalhadas

em SAIDEL, 2005.

85%

2%3%

9% 1%

Fluorescente

IncandescenteMista

Vapor Metlico

Vapor d

Documents

Indicadores de Consumo de Energia Eletrica Como Ferramenta